Nos últimos anos… ou melhor, nas últimas décadas, o Oscar tem se tornado uma premiação cada vez mais previsível, tanto nas indicações, quanto nos vencedores. Hoje existem até regrinhas que facilitam nas previsões dos vencedores para ganhar aquele bolão ou aquela promoção do site do Cinemark! Sob a perspectiva otimista, o Oscar se tornou aquele reconhecimento final da temporada, aquele que fecha com chave de ouro. Já pela perspectiva pessimista, o Oscar tem sido atropelado pelos demais prêmios, perdendo por completo aquele frescor. Lembro que em 2004, ano que O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei levou tudo, foi uma das edições mais fracas e previsíveis que já vi.
Há alguns anos, os membros da Academia queriam mudar esse cenário a fim de valorizar mais a estatueta dourada. Além de terem aumentado o número de indicados para Melhor Filme a partir de 2010, a primeira grande investida nesse sentido foi a evolução no sistema de votação. Até o ano passado, os votantes ainda recebiam envelopes pelo correio! A partir de 2013, se nenhum hacker estiver desocupado, os votos serão computados online. Esse movimento teria duas grandes vantagens: 1) Ecologicamente sustentável (evitando o desperdício óbvio de papel e tinta) e 2) A agilidade no processo de votação.
Para fechar essa estratégia para um Oscar menos previsível, a Academia acaba de anunciar que as indicações serão divulgadas no dia 10 de janeiro, 3 dias antes da cerimônia do Globo de Ouro. Concordo que as indicações do Globo de Ouro, que serão anunciadas no dia 13 de dezembro deste ano, ainda servirão como termômetro para o Oscar, mas só o fato de não depender tanto dos vencedores do prêmio da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood já dá uma bela embaralhada para confundir os gurus que prevêem os resultados.

Os vencedores nas categorias de atuação no Globo de Ouro: (da esq para direita) George Clooney, Michelle Williams, Meryl Streep e Jean Dujardin. Os dois últimos levaram o Oscar.
Apesar da notícia afetar diretamente o Globo de Ouro, essa alteração no calendário certamente acarretará em modificações nos demais prêmios da temporada. SAG Awards (sindicato de atores), DGA (diretores), PGA (produtores), WGA (roteiristas) e o BAFTA (prêmio da Academia Britânica). Ninguém quer ficar por último nessa corrida, porque depois que o Oscar revela os vencedores, nenhum outro prêmio importaria.
Em tais circunstâncias, o maior receio ficaria por conta do prazo para se analisar se um filme está apto a receber uma indicação. Como a maioria das produções destinadas ao Oscar estréiam em dezembro, quase na virada do ano, muitos votantes e cinéfilos passam a se preocupar se haverá tempo hábil para conferir todos os candidatos.
A Universal Studios é o primeiro grande estúdio de Hollywood que já se pronunciou sobre essa alteração, já que sua melhor aposta, a adaptação musical Les Miserables, pode ter sua estréia adiada para o dia 25 de dezembro porque não estaria 100% pronta. Esta seria a última data dentro do prazo estipulado pela Academia para concorrer em 2013. Além dessa preocupação, o filme de Tom Hooper pode não participar da disputa pelo Globo de Ouro e pelo New York Film Critics Circle (NYFCC) Awards.
Enfim, vai ser um baita congestionamento nas últimas semanas de dezembro: teremos Zero Dark Thirty, de Kathryn Bigelow; o drama do tsunami The Impossible, de Juan Antonio Bayona; e o western Django Livre, de Quentin Tarantino. Será que isso acelera as coisas aqui no Brasil também ou até isso vai chegar atrasado por aqui?