
Pôster do Oscar 2016 com o host da noite, Chris Rock (art by oscar.go)
TRÊS TÍTULOS DISPUTAM O COBIÇADO PRÊMIO DA ACADEMIA EM ANO BEM ATÍPICO
OK! It’s Oscar time! Quem você quer que ganhe o Oscar? Ah é? Esqueça, que não vai acontecer! haha Talvez Leonardo DiCaprio, o rei dos memes, seja a aposta mais certa do ano! Quem diria! Num ano repleto de incertezas como não vejo há muito tempo, prever um vencedor se tornou uma tarefa bastante ingrata, principalmente a categoria de Melhor Filme, que praticamente se divide entre A Grande Aposta, O Regresso e Spotlight. Existe gente ainda na internet já dizendo que O Quarto de Jack teria boas chances por haver essa indecisão.
Acredito que pode haver terceiros beneficiados em uma ou outra categoria, porque muitos votos estão indecisos, mesmo naquelas categorias em que há um favorito, como na de Ator Coadjuvante. Sylvester Stallone definitivamente corre na frente pelos votos mais guiados pela emoção, mas vale lembrar que ele não concorreu no BAFTA e no SAG Awards, vencidos por Mark Rylance e Idris Elba, respectivamente.
Falando em Idris Elba, espere muuuuuitas piadas do host Chris Rock envolvendo a tal “falta de diversidade” do Oscar branco. Depois do anúncio dos 20 atores brancos indicados nas 4 categorias, houve boicotes declarados pelo diretor Spike Lee (que deveria comparecer à cerimônia, já que foi homenageado pelo Governos Awards em novembro), e pelos atores Jada Pinkett Smith e Will Smith. Particularmente, acho que a Academia não deveria nunca mais indicar esses boicotadores, já que não é obrigada a reconhecer ninguém, muito menos por cor, raça, religião ou opção sexual.
Há poucos dias, o primeiro transsexual indicado ao Oscar (sim, ele existe!), o compositor Antony Hegarty (conhecido como Anohni), decidiu não comparecer ao evento. Mas no caso dele, não se trata de uma baboseira de protesto racial, mas por que a canção pelo qual foi indicado “Manta Ray” do documentário Racing Extinction não será apresentada no palco. A Academia errou feio ao convidar apenas os “famosos” para cantar no palco: Sam Smith, Lady Gaga e o The Weeknd. A outra exclusão ficou por conta da canção “Simple Song # 3” de Juventude. Curiosamente, não é a primeira vez que a Academia comete essa gafe. Em 2013, quando a canção “Skyfall” de Adele venceu, dois indicados sequer se apresentaram porque não foram convidados. Aí eu concordo plenamente em boicote, e sem qualquer punição! Se não for pra apresentar, pra que indicar?

Antony Hegart (Anohni) não vai ao Oscar 2016 por sua canção “Manta Ray” de Racing Extinction (photo by musictimes.com)
Vendo a lista de apresentadores, estou vendo que a Academia está preocupada em abafar o caso da polêmica racial. Convidou artistas diversificados como Chadwick Boseman, Abraham Attah, Michael B. Jordan (atores negros), Priyanka Chopra (indiana), Byung-hun Lee (sul-coreano) e Sofía Vergara (colombiana), então acredito que pode haver vencedores influenciados por essa controvérsia. Acho bastante desagradável essa coisa imposta por uma polêmica que não existe, pois prejudica aqueles que estão indicados e os próximos atores negros indicados, pois levantará a seguinte questão: “Será que foi indicado por merecimento ou por cota racial?”.
Em relação ao indicados, temos bons filmes presentes nas categorias como Mad Max: Estrada da Fúria, que deve competir diretamente com O Regresso pelos prêmios mais técnicos. Dentre os indicados a Melhor Filme, tenho admiração por Brooklyn e Ponte dos Espiões. Não são filmes inovadores, mas são tão bem feitos que é impossível não se encantar.
Sim, tenho torcida pessoal por alguns indicados esta noite como as atrizes Charlotte Rampling (mesmo depois de seu comentário mal interpretado), Saoirse Ronan, Alicia Vikander (quero me casar com a personagem dela), Eddie Redmayne, George Miller, Roger Deakins (sempre perde, mas sempre estou torcendo por ele!), Anomalisa e Shaun: O Carneiro. Como sempre faço, coloquei meus votos na seção “Deveria Ganhar”, então sem mais delongas, vamos às categorias:
MELHOR FILME
* A Grande Aposta (The Big Short)
* Ponte dos Espiões (Bridge of Spies)
* Brooklyn (Brooklyn)
* Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road)
* Perdido em Marte (The Martian)
* O Regresso (The Revenant)
* O Quarto de Jack (Room)
* Spotlight – Segredos Revelados (Spotlight)
DEVE GANHAR: A Grande Aposta ou O Regresso ou Spotlight
DEVERIA GANHAR: Ponte dos Espiões
ZEBRA: Brooklyn
ESNOBADO: 45 Anos
Existia uma teoria de que este ano poderíamos ter 5 ou 10 indicados, pois o sistema de votação exige que o filme deve ter pelo menos 5% de votos de 1º lugar do ano. E já que tivemos muitas boas produções, havia essa disputa que poderia proporcionar esse cenário. No final, oito filmes foram indicados a Melhor Filme. Alguns críticos, incluindo eu, levantaram a questão: Por que não preencher as demais 2 vagas?
Desde 2010, a Academia passou a oferecer 10 vagas na principal categoria, basicamente porque Batman – O Cavaleiro das Trevas foi excluído em 2009, ou seja, eles queriam indicar mais filmes de outros gêneros justamente para trazer o público mais jovem à frente da tv no dia da cerimônia. Este ano, Mad Max parece suprir essa demanda, mas seguindo essa lógica, por que não indicar também Star Wars: O Despertar da Força? Particularmente não gosto tanto do novo filme dos jedis, mas ei! É a maior bilheteria dos últimos tempos.
Enfim… Oito filmes. O que mais tem cara de Melhor Filme é Spotlight. Um drama jornalístico que cutuca a Igreja Católica por abusos de seus padres em Boston. Possui uma história verídica por trás, o que lhe confere maior credibilidade como Melhor Filme do ano, e que lembra um pouco outro filme sobre jornalistas: Todos os Homens do Presidente. É claro que o filme de Alan J. Pakula é superior ao de Tom McCarthy, mas muitos críticos levantaram essa comparação. Considero Spotlight um bom filme para conferirmos a engenharia da notícia, mas como filme (parece telefilme) e como crítica à Igreja, ficou aquém de suas pretensões.
O Regresso parece ter as maiores chances como Melhor Filme por ter praticamente garantido o Oscar de Ator para DiCaprio e Fotografia. Ao contrário da maioria dos indicados, é um filme de enormes proporções e pretensões, mas com roteiro simples. Se ganhar, será o primeiro filme a levar Melhor Filme sem ter sido indicado a Roteiro desde Titanic (1997), e o primeiríssimo a ganhar Melhor Filme do mesmo diretor (Alejandro G. Iñárritu) consecutivamente.
E A Grande Aposta é um filme que tem a leveza a seu favor mesmo abordando um assunto extremamente sério e chato: a crise econômica que assolou o mundo em 2008. Como tem grandes chances de levar Roteiro Adaptado e possivelmente Montagem, o filme de Adam McKay pode surpreender nesta categoria, ainda mais depois que levou o PGA Awards, que costuma acertar no Oscar com uma frequência assustadora.
MELHOR DIRETOR
* Adam McKay (A Grande Aposta)
* Alejandro González Iñárritu (O Regresso)
* George Miller (Mad Max: Estrada da Fúria)
* Lenny Abrahamson (O Quarto de Jack)
* Tom McCarthy (Spotlight – Segredos Revelados)

George Miller ao lado de Tom Hardy em set de Mad Max: Estrada da Fúria (photo by collider.com)
DEVE GANHAR: Alejandro G. Iñárritu (O Regresso)
DEVERIA GANHAR: George Miller (Mad Max: Estrada da Fúria)
ZEBRA: Lenny Abrahamson (O Quarto de Jack)
ESNOBADO: Steven Spielberg (Ponte dos Espiões)
Três questões podem tirar o Oscar de George Miller: 1) O lançamento de Mad Max: Estrada da Fúria em maio. Como muitos sabem, os votantes têm memória curta, por isso os candidatos ao Oscar costumam ficar entre outubro e dezembro. 2) Com a repercussão da polêmica de “falta de diversidade” de Spike Lee e Jada Pinkett Smith, a Academia pode se sentir obrigada a compensar a falta de atores negros competindo com a premiação de um latino (Alejandro G. Iñárritu). E 3) O próprio Alejandro ganhou o DGA award, que costuma ter alta porcentagem de acerto no Oscar.
É uma pena que Alejandro G. Iñárritu entrou no caminho de George Miller. Seria uma premiação bastante louvada por todos. Tirando o diretor australiano de Mad Max, o diretor mexicano Iñárritu não tem uma competição tão forte assim, o que reforça o pensamento dos votantes de não haver problemas de eleger o mesmo diretor duas vezes seguidas. Além disso, vamos convir de que seu trabalho em O Regresso tem inúmeras qualidades, especialmente nesse âmbito mais sensorial, que lembra os filmes de Terrence Malick.
Sim, pode acontecer aqui a divisão de votos e beneficiar Tom McCarthy, Adam McKay ou mesmo Lenny Abrahamson, mas acho pouco provável.
MELHOR ATOR
* Bryan Cranston (Trumbo – Lista Negra)
* Matt Damon (Perdido em Marte)
* Leonardo DiCaprio (O Regresso)
* Michael Fassbender (Steve Jobs)
* Eddie Redmayne (A Garota Dinamarquesa)

Leonardo DiCaprio em O Regresso (photo by telegraph.co.uk)
DEVE GANHAR: Leonardo DiCaprio (O Regresso)
DEVERIA GANHAR: Eddie Redmayne (A Garota Dinamarquesa)
ZEBRA: Matt Damon (Perdido em Marte)
ESNOBADO:
Se Peter O’Toole e Richard Burton pudessem ter contado com o apoio dos fãs da internet como o DiCaprio com seus trocentos memes, quem sabe eles teriam vencido em suas épocas? Leo tem incontáveis fãs ao redor do mundo, que reconhecem seu esforço para ganhar essa estatueta. Este ano, foi até visitar o Papa Francisco! Particularmente, acho que ele merecia mais pela performance em O Lobo de Wall Street, mas acredito que o ator está progredindo nessa parte do exagero que mais critico a seu respeito. O papel de Hugh Glass também ajuda, já que seu personagem é de poucas palavras.
Honestamente falando, não vi nenhum ator este ano que eu defendesse ferrenhamente. Mas acredito que o que mais se aproximou disso foi Eddie Redmayne. E não me refiro apenas à sua transformação para transsexual em A Garota Dinamarquesa, uma vez que ele também já havia impressionado em A Teoria de Tudo, mas pela atuação mesmo. Ele consegue demonstrar de forma sensível o quanto Lili está perdida, indecisa e dividida entre sua mulher e quem realmente é. Nas mãos de um ator menos qualificado, provavelmente teríamos uma performance mais caricata, pois o papel permite muito isso, mas com Redmayne, o filme ganha força e motivação do início ao fim sem soar piegas.
Em segundo lugar, ficaria com Bryan Cranston em Trumbo – Lista Negra. Ele incorpora o roteirista Dalton Trumbo ao peitar o sistema hollywoodiano que caça os comunistas. Trata-se de um grande papel para um grande ator. E com essa interpretação, Cranston consegue comprovar que é muito mais do que Walter White de Breaking Bad.
MELHOR ATRIZ
* Cate Blanchett (Carol)
* Brie Larson (O Quarto de Jack)
* Jennifer Lawrence (Joy: O Nome do Sucesso)
* Charlotte Rampling (45 Anos)
* Saoirse Ronan (Brooklyn)

Charlotte Rampling em 45 Anos (photo by outnow.ch)
DEVE GANHAR: Brie Larson (O Quarto de Jack)
DEVERIA GANHAR: Charlotte Rampling (45 Anos) ou Saoirse Ronan (Brooklyn)
ZEBRA: Jennifer Lawrence (Joy: O Nome do Sucesso)
É difícil ir contra a maioria dos prêmios quando eles focam na mesma atriz. Globo de Ouro, Critics’ Choice, SAG e o Independent Spirit Awards reconheceram Brie Larson, praticamente uma unanimidade. Contudo, não considero sua atuação a melhor do ano. Larson é uma atriz empenhada, sim, mas seu papel é secundário na trama e poderia ser bem mais tridimensional, concedendo momentos mais profundos para a personagem Ma. Se ganhar, será uma forma de premiar o filme como um todo, ainda mais que o pequeno Jacob Tremblay, a jóia do filme, sequer foi indicado.
Charlotte Rampling e Saoirse Ronan nitidamente são as melhores da categoria. Aliás, se não houvesse as manobras marqueteiras, e Alicia Vikander e Rooney Mara estivessem concorrendo como Melhor Atriz (e não Coadjuvante), teríamos a melhor disputa de Atriz em décadas! Infelizmente, já existem justificativas para Rampling e Ronan perderem: a primeira teve suas chances reduzidas drasticamente depois que declarou numa rádio que o “boicote ao Oscar é racismo contra os brancos”. Sua interpretação dos fatos não é errada, mas veio em momento errado. E isso não deve passar desapercebido pelos votantes da Academia… uma pena! E quanto a Ronan, bem… aposto que muitas pensaram: “Ela é nova demais para ganhar um prêmio desses”. Ela tem 21 anos de idade, mas em Brooklyn, ela provou que tem talento de veterana! Ela foi previamente indicada como Coadjuvante por Desejo em Reparação em 2008, então, poderiam lhe conceder o Oscar nesta segunda indicação… Caso não vença, anotem o que digo: Ela ainda vai ganhar sua estatueta.
MELHOR ATOR COADJUVANTE
* Christian Bale (A Grande Aposta)
* Tom Hardy (O Regresso)
* Mark Ruffalo (Spotlight – Segredos Revelados)
* Mark Rylance (Ponte dos Espiões)
* Sylvester Stallone (Creed: Nascido Para Lutar)

Sylvester Stallone em Creed: Nascido Para Lutar (photo by cinemagia.ro)
DEVE GANHAR: Sylvester Stallone (Creed: Nascido Para Lutar)
DEVERIA GANHAR: Tom Hardy (O Regresso)
ZEBRA: Christian Bale (A Grande Aposta)
ESNOBADO: Jacob Tremblay (O Quarto de Jack)
É difícil não premiar um ator que concorreu pelo mesmo papel há 40 anos e agora retorna como Ator Coadjuvante. A Academia reconhece essa trajetória como a de um vencedor. Além disso, o nome de Sylvester Stallone foi o mais ovacionado no Globo e Ouro e no anúncio dos indicados ao Oscar, o que é garantia de voto popular. Aí você vai pensar: “Quando vão ter outra oportunidade de premiar Stallone com um Oscar? Nunca mais!”
Sou fã de Stallone desde criança, principalmente depois das três conchas do banheiro de O Demolidor, mas acho que a melhor performance este ano é de Tom Hardy. Só o olhar de psico dele bate muitas performances, e seu personagem ganancioso Fitzgerald que faz o filme ir pra frente.
Alguns estão apostando em Mark Ruffalo como válvula de escape caso Spotlight venha a ganhar Melhor Filme, mas sua atuação destoa dos demais. E eu, particularmente, estava aguardando uma revelação dele no final, dizendo que teria sido vítima de abuso quando criança, o que não aconteceu.
E quanto à ausência de Jacob Tremblay, muitos profissionais e críticos elogiaram a Academia por não indicar sua performance, porque tiraria o peso da responsabilidade das costas do menino. Alan Arkin fez o mesmo comentário sobre a derrota de Abigail Breslin em 2007 por Pequena Miss Sunshine. Todos temem que haja novos Macaulay Culkins ou Hayley Joel Osments.
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
* Jennifer Jason Leigh (Os 8 Odiados)
* Rooney Mara (Carol)
* Rachel McAdams (Spotlight – Segredos Revelados)
* Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa)
* Kate Winslet (Steve Jobs)

Alicia Vikander em A Garota Dinamarquesa (photo by cine.gr)
DEVE GANHAR: Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa)
DEVERIA GANHAR: Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa)
ZEBRA: Rachel McAdams (Spotlight – Segredos Revelados)
ESNOBADAS: Kristen Stewart (Acima das Nuvens) e Marion Cotillard (Macbeth)
Não existe personagem mais adorável do que Alicia Vikander este ano em A Garota Dinamarquesa. Ok, talvez Saoirse Ronan em Brooklyn. Sua Gerda Wegener é tão compreensiva diante da transformação e perda de seu marido que leva qualquer um às lágrimas. Infelizmente, por ser um rosto novo em Hollywood (ela veio da Suécia), rebaixaram-na para a categoria de coadjuvante, sendo que seu personagem claramente é principal. Mas os fãs mais ardorosos como eu, até que não se incomodaram tanto pelo fato de ela ter maiores chances de vitória como Coadjuvante.
Em segundo lugar, ficaria com Rooney Mara (outro caso de manobra para outra categoria) e Jennifer Jason Leigh. As duas conseguem extrair o melhor das personagens com detalhes e pequenos gestos como um olhar.
E a indicação de Rachel McAdams pra mim foi a mais preguiçosa do ano, do tipo “vamos inclui-la para agradar Spotlight“. Acho que Kristen Stewart e Marion Cotillard poderiam ficar com essa vaga para haver maior competitividade na categoria, pois são trabalhos infinitamente mais consistentes.
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
* Matt Charman, Ethan Coen, Joel Coen (Ponte dos Espiões)
* Alex Garland (Ex-Machina: Instinto Artificial)
* Pete Docter, Meg LeFauve, Josh Cooley, Ronnie Del Carmen (Divertida Mente)
* Josh Singer, Tom McCarthy (Spotlight – Segredos Revelados)
* Andrea Berloff, Jonathan Herman, S. Leigh Savidge, Alan Wenkus (Straight Outta Compton: A História do N.W.A.)

Elenco de Spotlight – Segredos Revelados (photo by Open Road)
DEVE GANHAR: Spotlight – Segredos Revelados ou Straight Outta Compton: A História do N.W.A.
DEVERIA GANHAR: Ponte dos Espiões
ZEBRA: Divertida Mente
ESNOBADO: Joel Edgerton (O Presente) e Woody Allen (O Homem Irracional)
De todas as vezes que os roteiros da Pixar foram indicados na categoria (Procurando Nemo, Os Incríveis, Ratatouille e Toy Story 3), todos ganharam o Oscar de Animação, mas sempre perderam Roteiro, por isso Divertida Mente se torna a zebra aqui. Além disso, perdoem-me fãs da Pixar, considero a história fraca para sustentar um longa-metragem, assim como foi em Monstros S.A.
Embora todos elogiem bastante o roteiro de Spotlight – Segredos Revelados, vejo o possível Oscar como uma forma de reconhecer a coragem dos jornalistas por trás das denúncias de abusos sexuais, e não como qualidade de trama, construção de personagens e diálogos. De qualquer forma, é um jeito de premiar o diretor Tom McCarthy caso ele perca na categoria de Direção, já que é um co-roteirista ao lado de Josh Singer.
Votei como o melhor roteiro aqui o de Ponte dos Espiões. Além da reconstrução de uma época extremamente paranóica da Guerra Fria, ele apresenta bons diálogos entre o advogado (Tom Hanks), líderes como o juiz e os comunistas, e o espião (Mark Rylance) que se torna seu cliente. Mas acima de tudo, a característica que mais se destaca nesse roteiro é a capacidade de refletir o momento atual xenófobo numa história que se passa nos anos 50/60, passando-nos a mensagem de que pouca coisa mudou de lá pra cá, mas que a Constituição deve ser nossa base para uma sociedade melhor.
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
* Charles Randolph, Adam McKay (A Grande Aposta)
* Nick Hornby (Brooklyn)
* Phyllis Nagy (Carol)
* Drew Goddard (Perdido em Marte)
* Emma Donoghue (O Quarto de Jack)

Cena de A Grande Aposta (photo by cinemagia.ro)
DEVE GANHAR: A Grande Aposta
DEVERIA GANHAR: A Grande Aposta
ZEBRA: Brooklyn
ESNOBADO: Andrew Haigh (45 Anos), Aaron Sorkin (Steve Jobs) e Charlie Kaufman (Anomalisa)
Qual o grande mérito de um bom roteiro que se baseia num livro ou peça existentes? Fazer funcionar no filme. Manter a essência da história original e saber moldá-la no formato de cinema é basicamente a melhor qualidade para eleger o melhor desta categoria. E, na minha opinião, nenhum trabalho foi melhor do que o da dupla Charles Randolph e Adam McKay em A Grande Aposta. Além do mérito de adaptar, eles souberam “traduzir” a chatice de um livro sobre economia num filme divertido para uma grande massa. Apesar de ter seu lado didático com as inserções de celebridades explicando termos técnicos, o filme procura não subestimar a inteligência do espectador.
Embora Brooklyn tenha recebido uma indicação de Melhor Filme, a grande base do filme é a atuação de Saoirse Ronan, e em segunda instância, seu roteiro. Por mais que seja a segunda indicação do célebre escritor Nick Hornby (a primeira foi em 2010 por Educação), ainda não deve ser a vez dele no Oscar.
Não sou fã dos mais calorosos do roteiro de Aaron Sorkin, mas certamente ele tem suas qualidades e é a grande base do filme Steve Jobs ao lado de seus atores.
MELHOR FOTOGRAFIA
* Ed Lachman (Carol)
* Robert Richardson (Os 8 Odiados)
* John Seale (Mad Max: Estrada da Fúria)
* Emmanuel Lubezki (O Regresso)
* Roger Deakins (Sicario: Terra de Ninguém)

Fotografia de Emmanuel Lubezki (O Regresso)
photo by Twentieth Century Fox Film Corporation/Regency Entertainment/ Inc. and Monarchy Enterprises S.a.r.l.
DEVE GANHAR: Emmanuel Lubezki (O Regresso)
DEVERIA GANHAR: Emmanuel Lubezki (O Regresso)
ZEBRA: Ed Lachamn (Carol)
ESNOBADO: Janusz Kaminski (Ponte dos Espiões)
Definitivamente, a categoria mais nivelada desta edição, tanto que é impossível dizer qual não tem chances de ganhar. Elegi Ed Lachamn, porque se trata de sua segunda indicação, e ele concorre com monstros como Lubezki e Deakins, e porque Carol sofreu um “rebaixamento” depois que não foi indicado a Melhor Filme e Diretor. Mas certamente é um belíssimo trabalho de fotografia em 16mm que visa destacar o lado poético do romance das protagonistas, e que adoraria ver premiado.
A fotografia de O Regresso foi uma das mais comentadas pelo preciosismo. Dois motivos, ou melhor, duas maluquices: 1) a fotografia não utiliza luzes artificiais, usufruindo apenas a luz natural. 2) aí você vai pensar: “Então vamos para um lugar onde tenha muita luz do sol!” – Não. A equipe se deslocou para lugares exóticos em que a luz era extremamente escassa. Há boatos de que havia dias em que a luz durava uma hora e meia! Se o mexicano Emmanuel Lubezki ganhar, esta será sua terceira vitória consecutiva depois de Gravidade e Birdman. É possível? Sim. Já aconteceu antes 3 vitórias consecutivas? NUNCA!
Como fã assíduo do conjunto da obra de Roger Deakins, sempre torço por ele. Acho que ele já merecia o Oscar em pelo menos 3 ocasiões: Fargo, O Homem que Não Estava Lá e 007: Operação Skyfall. O homem já tem 13 indicações sem nenhuma vitória. Até quando teremos que esperar, Academia? Place your bets.
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
* Adam Stockhausen, Rena DeAngelo, Bernhard Henrich (Ponte dos Espiões)
* Colin Gibson, Katie Sharrock, Lisa Thompson (Mad Max: Estrada da Fúria)
* Arthur Max, Celia Bobak, Zoltán Horváth (Perdido em Marte)
* Jack Fisk, Hamish Purdy (O Regresso)
* Eve Stewart, Michael Standish (A Garota Dinamarquesa)

Direção de arte de Colin Gibson de Mad Max: Estrada da Fúria (photo by elfilm.com)
DEVE GANHAR: Mad Max
DEVERIA GANHAR: Mad Max
ZEBRA: A Garota Dinamarquesa
ESNOBADO: Thomas E. Sanders (A Colina Escarlate)
Primeiro, deixe eu fazer um comentário nessa categoria. Onde está a direção de arte de O Regresso? Claro, tem um forte que aparece pouco e um barquinho, mas concorrer ao Oscar? Não me levem a mal, gosto do trabalho de Jack Fisk em Sangue Negro, mas acho que aqui ele preencheu uma cota, que poderia ter ido para o caprichado cenário de A Colina Escarlate, de Guillermo del Toro. Só aquelas mansões já poderiam render o Oscar da categoria.
Os trabalhos de Ponte dos Espiões e A Garota Dinamarquesa são bons, mas são de recriações das décadas de 50 e 20, respectivamente. Ambos merecem suas indicações. Contudo, não existe melhor trabalho de design de produção do que de Mad Max: Estrada da Fúria. Ok, a maioria do filme se passa no deserto, mas todos aqueles carros e caminhões já mereciam um prêmio. A cidade desértica do vilão Immortan Joe apresenta características importantes desse universo pós-apocalíptico como as gaiolas de prisioneiros, o cativeiro das grávidas e a queda d’água que abastece a população sedenta. Se esse Oscar não for para Colin Gibson, aí eu não entendo mais nada de Oscar.
MELHOR MONTAGEM
* Hank Corwin (A Grande Aposta)
* Margaret Sixel (Mad Max: Estrada da Fúria)
* Stephen Mirrione (O Regresso)
* Tom McArdle (Spotlight – Segredos Revelados)
* MaryAnn Brandon, Mary Jo Markey (Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força)

Cena de Mad Max: Estrada da Fúria (photo by cine.gr)
DEVE GANHAR: Mad Max: Estrada da Fúria
DEVERIA GANHAR: A Grande Aposta
ZEBRA: Star Wars: O Despertar da Força
ESNOBADO: Joe Walker (Sicario: Terra de Ninguém)
Normalmente, os vencedores desta categoria tem uma montagem rápida, típica dos filmes de ação como Bullitt, Rocky – Um Lutador e mais recentemente, O Ultimato Bourne, então é garantido dizer que a montagem de Mad Max corre na frente. Vale lembrar que a montadora é ninguém menos do que Margaret Sixel, esposa do diretor George Miller. Então, caso ele não ganhe, pode servir também como bom prêmio de consolação. O mesmo já ocorreu em 2002, quando Baz Luhrmann ficou sentado a cerimônia inteira, enquanto sua esposa Catherine Martin levou dois Oscars por Moulin Rouge – Amor em Vermelho.
É claro que o caminho de Mad Max nesta categoria não está tão fácil assim. Se existe algo de destaque no outro grande favorito ao Oscar, A Grande Aposta, que não seja seu roteiro, é a montagem. Além da estrutura não-linear, aquelas inserções de celebridades explicando os termos econômicos para o espectador são dignas de um Oscar.
A montagem de Stephen Mirrione em O Regresso fica em terceiro, podendo sobrar votos em caso de divisão. E gostaria que a montagem de Joe Walker fosse reconhecida com uma indicação por Sicario: Terra de Ninguém. Só aquelas sequência final nos túneis subterrâneos já considero bem melhor do que Star Wars ou mesmo Spotlight.
MELHOR FIGURINO
* Sandy Powell (Carol)
* Sandy Powell (Cinderela)
* Paco Delgado (A Garota Dinamarquesa)
* Jenny Beavan (Mad Max: Estrada da Fúria)
* Jacqueline West (O Regresso)

Cena de Carol com figurino de Sandy Powell (photo by cinemagia.ro)
DEVE GANHAR: Mad Max: Estrada da Fúria
DEVERIA GANHAR: Carol
ZEBRA: Cinderela
ESNOBADO: Kate Hawley (A Colina Escarlate)
Embora Sandy Powell seja uma das melhores figurinistas da atualidade, sua dupla indicação reduz suas chances de vitória (com a divisão de votos) e ainda tira a oportunidade de reconhecer o trabalho de outra talentosa figurinista: Kate Hawley de A Colina Escarlate, que baseou seus figurinos em pinturas. Enfim, em sua ausência, prefiro o trabalho de Powell em Carol.
Premiado pelo sindicato de figurinistas, o trabalho de Jenny Beavan por Mad Max pode ser coroado aqui. Esta é sua 10ª indicação como figurinista e pode ser seu segundo Oscar depois de vencer por Uma Janela Para o Amor em 1987. Gosto daquela espécie de armadura de Immortan Joe, mas os demais personagens apresentam figurinos mais fracos como as grávidas, que usam uns trapos.
MELHOR MAQUIAGEM E CABELO
* Mad Max: Estrada da Fúria
* The 100 Year-Old Man Who Climbed Out a Window and Disappeared
* O Regresso

Personagens maquiados de Mad Max: Estrada da Fúria (photo by cinemagia.ro)
DEVE GANHAR: Mad Max: Estrada da Fúria
DEVERIA GANHAR: Mad Max: Estrada da Fúria
ZEBRA: The 100 Year-Old Man Who Climbed Out a Window and Disappeared
ESNOBADO: Sr. Sherlock Holmes
Como se trata de uma explosão visual, é complicado enxergarmos onde necessariamente termina o trabalho de direção de arte, onde começa os figurinos e a maquiagem de Mad Max. Existem personagens como os lacaios de Immortan Joe que têm a maquiagem em seus corpos como figurinos. Mas certamente é o melhor trabalho de maquiagem e cabelo do ano.
Acho bacana que a Academia resolveu indicar este pequeno filme da Suécia: The 100 Year-Old Man Who Climbed Out a Window and Disappeared. E engana-se aquele que pensa que a maquiagem de envelhecimento é a única razão de estar concorrendo ao Oscar. O personagem é uma espécie de Forrest Gump velhinho, que passou por grandes momentos da História, conhecendo figuras emblemáticas como Stalin e Gorbachev, ou seja, existe maquiagem para recriar essas figuras na tela.
MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
* Thomas Newman (Ponte dos Espiões)
* Carter Burwell (Carol)
* Jóhann Jóhannsson (Sicario: Terra de Ninguém)
* Ennio Morricone (Os 8 Odiados)
* John Williams (Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força)

Kurt Russell e Samuel L. Jackson em cena de Os 8 Odiados (photo by cine.gr)
DEVE GANHAR: Ennio Morricone (Os 8 Odiados)
DEVERIA GANHAR: Jóhann Jóhannsson (Sicario: Terra de Ninguém)
ZEBRA: Thomas Newman (Ponte dos Espiões)
ESNOBADO: Alexandre Desplat (A Garota Dinamarquesa) e Ryuichi Sakamoto (O Regresso)
Até alguns anos atrás, Ennio Morricone estava naquela temida lista de artistas que foram indicados ao Oscar e nunca ganharam na vida. É uma lista que a Academia vem tentando reduzir. Infelizmente, eles não podem ressuscitar Alfred Hitchcock, Stanley Kubrick ou Orson Welles, então Morricone está aqui, em sua sexta indicação. Ele concorreu com obras-primas como a trilha de A Missão e Os Intocáveis, mas nada de Oscar. Em 2007, foi agraciado com um Oscar Honorário concedido por Clint Eastwood, mas como todos sabem, não é a meeeesma coisa. Sua trilha em Os Oito Odiados teria sido uma das trilhas descartadas por John Carpenter para o clássico O Enigma do Outro Mundo (1982), mas que caiu como uma luva neste novo filme de Quentin Tarantino. É uma música-tema que levanta um ar de mistério, perfeita para o clima do western.
Os demais trabalhos são bons, especialmente o de Jóhann Jóhannsson em Sicario: Terra de Ninguém, mas acredito que ninguém bate Morricone. Thomas Newman está em sua 13ª indicação sem vitórias e deve se manter assim por pelo menos mais um ano. E o mestre John Williams, com sua trilha clássica de Star Wars, pode sequer comparecer ao evento já que já está com seus 84 aninhos.
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
* “Earned It”, de Abel Tesfaye, Ahmad Balshe, Jason Daheala Quenneville, Stephan Moccio (Cinquenta Tons de Cinza)
* “Manta Ray”, de J. Ralph, Antony Hegarty (Racing Extinction)
* “Simple Song #3”, de David Lang (Juventude)
* “Til it Happens to You”, de Diane Warren, Lady Gaga (The Hunting Ground)
* “Writing’s on the Wall”, de Jimmy Napes e Sam Smith (007 Contra Spectre)

Stephanie Sigman e Daniel Craig em cena inicial de 007 Contra Spectre (photo by cinemagia.ro)
DEVE GANHAR: “Writing’s on the Wall” ou “Til it Happens to You”
DEVERIA GANHAR: “Manta Ray”
ZEBRA: “Manta Ray”
ESNOBADO: “See You Again” (Velozes & Furiosos 7) e “Love me Like You do” (Cinquenta Tons de Cinza)
A categoria de Canção Original tem se tornado uma das mais difíceis de se prever o resultado, principalmente depois daquele ano de 2006, quando aquele funk horroroso “It’s Hard Out Here for a Pimp”, de Ritmo de um Sonho, levou o Oscar. Antigamente, bastava ter um artista famoso como Celine Dion ou ser da Disney, que já era favorito ao Oscar. Este ano, a categoria sofreu duas quedas inesperadas com a ausência de “Love me Like You” e “See You Again”, que vinham competindo em todas as listas. Mas no Globo de Ouro, a canção-tema de 007 Contra Spectre acabou ganhando. Sua concorrência mais forte vem do documentário The Hunting Ground, sobre estudantes universitárias vítimas de abuso sexual nos campus. A canção “Til it Happens to You” tem o pedigree de Lady Gaga e da grande compositora Diane Warren.
Acho que o prêmio deveria ir para “Manta Ray”. O protesto de seu compositor, Antony Hegarty, faz todo o sentido e deveria ser compensado pela injustiça de ficar de fora das apresentações.
MELHOR SOM
* Ponte dos Espiões
* Mad Max
* Perdido em Marte
* O Regresso
* Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força

Stormtroopers em ação em Star Wars: O Despertar da Força (photo by cinemagia.ro)
DEVE GANHAR: Mad Max
DEVERIA GANHAR: Mad Max
ZEBRA: Ponte dos Espiões
Provavelmente um técnico de som saberia avaliar melhor o som dos filmes. São tantas minúcias que muitas vezes nem percebemos o bom trabalho de captação e edição desses sons. Normalmente, como a cartilha leiga diz, o filme mais barulhento costuma levar o Oscar. Este ano, acho que não houve filme que balançasse mais as caixas de som do que Mad Max, com aquele monte de carros se batendo, tiros e explosões. Em seguida, viria O Regresso, com tiros, cavalos trotando e flechadas.
MELHORES EFEITOS SONOROS
* Perdido em Marte
* Mad Max: Estrada da Fúria
* O Regresso
* Sicario: Terra de Ninguém
* Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força

Tempestade no início de Perdido em Marte (photo by cinemagia.ro)
DEVE GANHAR: O Regresso
DEVERIA GANHAR: Mad Max: Estrada da Fúria
ZEBRA: Sicario: Terra de Ninguém
Aqui o prêmio vai para o som feito nos estúdios, como a tempestade de areia em Perdido em Marte (foto) e em Mad Max. Se o Oscar for para um desses filmes ou O Regresso, será um prêmio merecido.
MELHORES EFEITOS VISUAIS
* Ex-Machina: Instinto Artificial
* Mad Max: Estrada da Fúria
* Perdido em Marte
* O Regresso
* Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força

Cena de Ex-Machina: Instinto Artificial (photo by cinemagia.ro)
DEVE GANHAR: Star Wars: O Despertar da Força
DEVERIA GANHAR: Mad Max: Estrada da Fúria
ZEBRA: Perdido em Marte
O novo filme de Star Wars não apresenta nenhum efeito inovador. Sabres de luz, espaçonaves e personagens feitos em computação gráfica, tudo o que já vimos na trilogia anterior. Mas o filme tem a seu favor a maior bilheteria de todos os tempos. E isso a Academia deve reconhecer com pelo menos uma estatueta. Das 5 categorias em que o filme de J.J. Abrams concorre, esta parece ser a mais viável para uma vitória. Será?
Caso não aconteça o Oscar compensatório para Star Wars, ele deve ir para Mad Max. No campo da computação gráfica, o maior feito é a tempestade de areia, mas sua grande qualidade são os efeitos práticos no set de filmagem, incluindo o trabalho árduo de dublês.
MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
* O Abraço da Serpente, de Ciro Guerra (COLÔMBIA)
* Cinco Graças, de Deniz GamzeErgüven (FRANÇA)
* Filho de Saul, de László Nemes (HUNGRIA)
* O Lobo do Deserto, de Naji Abu Nowar (JORDÂNIA)
* A War, de Tobias Lindholm (DINAMARCA)

Cena de Filho de Saul (photo by cine.gr)
DEVE GANHAR: Filho de Saul
DEVERIA GANHAR: O Lobo do Deserto
ZEBRA: O Lobo do Deserto
ESNOBADO: A Assassina, de Hou Hsiao-Hsien (TAIWAN)
Esse prêmio é a maior mamata deste ano ao lado de Melhor Animação. O filme húngaro Filho de Saul levou todos os prêmios possíveis como Filme em Língua Estrangeira. Além disso, tem a seu favor, a grande comunidade judia votante no Oscar. Como estou saturadíssimo de filmes de temática do Holocausto, considero um filme regular, com destaque para a câmera colada no protagonista, que parece mais uma solução para driblar o baixo orçamento do que uma opção estética.
MELHOR ANIMAÇÃO
* Anomalisa (Anomalisa)
* Divertida Mente (Inside Out)
* Shaun: O Carneiro (Shaun the Sheep Movie)
* Quando Estou com Marnie (Omoide no Mânî)
* O Menino e o Mundo

Cena de Shaun: O Carneiro, de Mike Burton e Richard Starzak (photo by cine.gr)
DEVE GANHAR: Divertida Mente
DEVERIA GANHAR: Anomalisa ou Shaun: O Carneiro
ZEBRA: O Menino e o Mundo
ESNOBADO: Hotel Transilvânia 2
Por sua qualidade e forte personalidade visual, jamais a animação brasileira O Menino e o Mundo seria a zebra, mas por se tratar do menor concorrente aqui, ele tem as menores chances. As técnicas de desenho aplicadas lembram um pouco o belíssimo trabalho manual de O Conto da Princesa Kaguya, que disputou o mesmo Oscar ano passado, porém o diretor Alê Abreu se utiliza de colagens também, já que critica com veemência a publicidade e a sociedade consumista. A indicação para esta pequena gema da animação pode não lhe render o prêmio, mas já proporciona acréscimo de público nas salas, maior atenção do governo em relação às animações nacionais e, principalmente, gerar inspiração para futuros animadores brasileiros.
Apesar de todo o hype em volta do filme da Pixar, sendo até elogiado como um dos melhores trabalhos do estúdio, considero sua trama mais específica para um média ou curta-metragem. Alguns roteiros da Pixar têm uma criatividade incrível para bolar tramas e universos, mas peca pelo desenvolvimento da história.
Felizmente, consegui conferir todos os trabalhos indicados aqui e posso afirmar que ficaria tremendamente feliz se o Oscar fosse para Anomalisa ou Shaun: O Carneiro. O primeiro possui uma trama bastante adulta e o segundo, mais infantil, porém ambos universais. Mas o que me chama a atenção nesses dois trabalhos é a atenção minuciosa nos detalhes da própria animação. Em Anomalisa, a cena de Lisa cantando “Girls Just Wanna Have Fun” e a cena de sexo são tão excepcionais que se tornam sublimes. Em Shaun: O Carneiro, a dupla de diretores demonstra controle absoluto na expressividade de todos os personagens sem precisar de um diálogo sequer, e no caso do fazendeiro, nem mesmo olhos! Aliás, ele lembra o personagem francês de Jacques Tati, Monsieur Hulot.
MELHOR DOCUMENTÁRIO
* Amy
* Cartel Land
* O Peso do Silêncio
* What Happened, Miss Simone?
* Winter on Fire: Ukraine’s Fight for Freedom
DEVE GANHAR: Amy
DEVERIA GANHAR: O Peso do Silêncio
ZEBRA: Winter on Fire
ESNOBADO: Going Clear: Scientology and the Prison of Belief

Cena do documentário sobre a cantora Amy Winehouse, morta em 2011. (photo by cine.gr)
O documentário Amy se deu bem em todos esses prêmios de cerimônia como o Critics’ Choice Awards e o BAFTA, enquanto O Peso do Silêncio foi o preferido dos críticos. Acho Amy um bom documentário convencional, e a popularidade da cantora falecida Amy Winehouse não deve prevalecer aqui como uma vantagem. Por O Peso do Silêncio, Joshua Oppenheimer, pode conquistar o prêmio, mas seu tema do genocídio na Indonésia não ajuda muito. Talvez o documentário da Netflix, What Happened Miss Simone? seja uma alternativa provável, ainda mais no #OscarSoWhite.
MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA
* Body Team 12
* Claude Lanzmann: Spectres of the Shoah
* A Girl in the River: The Price of Forgiveness
* War Within the Walls
* Last Day of Freedom
MELHOR CURTA-METRAGEM
* Ave Maria
* Day One
* Everything Will be OK (Alles Wird Gut)
* Shok
* Stutterer
MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
* Bear Story
* We Can’t Live Without Cosmos
* Prologue
* Sanjay’s Super Team
* World of Tomorrow
Esses curtas-metragens são muitas vezes inacessíveis para o grande público. Os curtas de animação da Pixar ainda passam antes do longa nos cinemas pelo menos. Acho que a Academia poderia impôr a exibição dos indicados no YouTube por um mês.
A 88ª cerimônia do Oscar acontece hoje, dia 28 de fevereiro, e será transmitida pelo canal pago TNT. Por favor, não dêem audiência para a Globo, que prefere passar aquele lixo de Big Brother.
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