
Um dos vários cartazes da 90ª edição do Oscar com o host Jimmy Kimmel
AINDA SE RECUPERANDO DO #OSCARSSOWHITE, ACADEMIA TENTA LIDAR COM A QUESTÃO DO FEMINISMO E DOS ASSÉDIOS SEXUAIS NESTA 90ª EDIÇÃO
“It’s a wonderful night for Oscar! Oscar! Oscar! Who will win?” – É assim que Billy Crystal sempre abria seus monólogos do Oscar. Que filme vai ganhar? Este ano, o mistério está ainda maior depois da surpresa de Moonlight no ano passado. Afinal, que mensagem a Academia quer passar este ano? Ou seria apenas uma questão de sistema de votação?
Pra quem acompanhou as notícias de Hollywood em 2017, as denúncias de assédio e abuso predominaram as manchetes, causando um enorme rebuliço e até a expulsão do produtor e lobbista do Oscar, Harvey Weinstein. Com isso, todas as mulheres que trabalham na indústria reagiram ferozmente e levantaram a bandeira do movimento Time’s Up por uma indústria mais segura e igualitária para o sexo feminino. Há poucos dias, foi anunciado que a cerimônia do Oscar dedicará um momento para o movimento tamanha sua repercussão.
Pra ser bem sincero, estou com receio de que se Lady Bird, único representante entre os nove indicados a Melhor Filme dirigido por uma mulher, não levar nenhum prêmio, as ativistas subam ao palco e causem destruição em massa! Mas, brincadeiras à parte, o Oscar deste ano está bastante dividido, especialmente entre quatro filmes: Três Anúncios Para um Crime, A Forma da Água, Corra! e Lady Bird, algo muito raro em anos recentes do evento. Com isso, espera-se que novamente o anúncio de Melhor Filme seja o mais esperado da noite, que curiosamente, contará novamente com a dupla de atores Warren Beatty e Faye Dunaway, que protagonizaram a gafe do envelope.

Volta tudo: Faye Dunaway e Warren Beatty querem se redimir da gafe do envelope errado (pic US Weekly)
Falando em apresentadores, a Academia anunciou listas dos encarregados da tarefa. Assim como o momento pede, são nomes bem diversos que vão dos mais famosos como Viola Davis e Emma Stone até desconhecidos do grande público como Kumail Nanjiani, Eiza González e Eugenio Derbez. De estrelas de outras épocas como Jane Fonda, Rita Moreno e Eva Marie Saint até as recentes como Gal Gadot, Ansel Elgort e Oscar Isaac.
HOST PELA SEGUNDA VEZ: JIMMY KIMMEL
Assim que confirmaram que Jimmy Kimmel seria host novamente, tive a impressão de que estavam tentando compensá-lo pela lambança do envelope do ano passado, afinal, ser host quando tudo corre bem é uma coisa, agora ser host quando rola uma gafe enorme dessas, precisa ter muita calma e sangue frio para contornar a situação.
Mas deixando essa lambança de lado, Kimmel fez um bom trabalho como host, desde seu monólogo de abertura, apontando críticas políticas a Trump, até sua interação com algumas celebridades na platéia, com direito a doces jogados com mini-pára-quedas. Porém pecou com seu quadro de “pegadinha” com os turistas, que adentraram o Dolby Theater ao vivo e interagiram eternamente com alguns atores na primeira fileira. Aquilo custou um tempo precioso e não funcionou.
E continuo com a minha campanha para a volta de Jon Stewart como host em 2019, ou a estréia de Jim Carrey. Seria fantástico! Mas até lá, vou torcer para que Jimmy faça uma ótima apresentação e eleve a audiência em decadência do Oscar.
A 90ª EDIÇÃO DO OSCAR: O QUE PODE ACONTECER
Nesta edição especial de 90 anos do Oscar, podemos presenciar momentos históricos como o primeiro Oscar para Roger Deakins após 14 indicações. Outros momentos podem acontecer sobre o palco e que podem fazer história: primeira vitória de um diretor negro (se Jordan Peele levar por Corra!), primeira vitória de uma pessoa transgênero (se Yance Ford levar Melhor Documentário por Strong Island), primeira mulher negra a ganhar o Oscar de Roteiro Adaptado (se Dee Rees levar por Mudbound), primeira mulher a vencer Melhor Fotografia (se Rachel Morrison ganhar por Mudbound), a vencedora mais velha a ganhar o Oscar (se Agnès Varda conquistar Melhor Documentário por Visages, Villages aos 89 anos), o vencedor mais velho nas categorias de atuação (se Christopher Plummer receber seu segundo Oscar por Todo o Dinheiro do Mundo aos 88 anos), vencedor mais novo de Melhor Ator (se Timothée Chalamet ganhar por Me Chame Pelo Seu Nome aos 22 anos), primeiro ator a ganhar 4 estatuetas de Melhor Ator (se Daniel Day-Lewis vencer por Trama Fantasma).
MELHOR FILME
- Me Chame Pelo Seu Nome (Call Me By Your Name)
- O Destino de uma Nação (Darkest Hour)
- Dunkirk (Dunkirk)
- Corra! (Get Out)
- Lady Bird: A Hora de Voar (Lady Bird)
- Trama Fantasma (Phantom Thread)
- The Post: A Guerra Secreta (The Post)
- A Forma da Água (The Shape of Water)
- Três Anúncios Para um Crime (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri)
DEVE GANHAR: A Forma da Água
DEVERIA GANHAR: Corra!
ZEBRA: The Post: A Guerra Secreta
ESNOBADO: Projeto Flórida
Embora A Forma da Água tenha ganhado os principais prêmios da temporada que indicam forte favoritismo como o PGA (sindicato de produtores), a corrida está bem aberta nesta categoria, principalmente por causa do sistema de votação que permite que filmes “rankiados” na média possam ultrapassar os melhores posicionados como aconteceu ano passado com Moonlight. Além disso, nesta era politicamente correta, pesa bastante a mensagem que a Academia quer passar com seu vencedor de Melhor Filme.
E nesse quesito, Três Anúncios Para um Crime é o que mais se aproxima pela temática da impunidade relacionado a crimes sexuais. Logo em seguida, viria Lady Bird, por ser o único aqui dirigido e escrito por uma cineasta mulher (Greta Gerwig). Contudo, a meu ver, pelo sistema de votação, acredito no potencial de Corra! surpreender na noite e ser coroado o Melhor Filme do Ano, até porque é o melhor filme (e mais ousado) e se ganhar, ninguém ficaria insatisfeito.
Particularmente, adoraria também que Trama Fantasma fosse o coelho da cartola, mas acho muito pouco provável sua vitória, mesmo que seu diretor, Paul Thomas Anderson, seja finalmente reconhecido na categoria de Diretor.
A seguir, vou comentar um pouco de cada um dos nove filmes indicados. Eles estão listados por ordem de preferência pessoal, do pior para o melhor:
THE POST: A GUERRA SECRETA
Em poucas palavras: o pior filme de Spielberg em décadas. Nitidamente, vemos que ele fez o filme nas coxas, não tendo o costumeiro cuidado que ele tem em filmes históricos. Tudo isso pra poder aproveitar o momento de crítica ao governo Trump que é contra a liberdade de imprensa. Assim, faltou emoção, faltou catarse, faltou empatia com qualquer personagem, faltou praticamente tudo. Nem Meryl Streep merecia indicação…
O DESTINO DE UMA NAÇÃO
Joe Wright se consagrou com Orgulho e Preconceito e Desejo e Reparação, dois filmes de época. Mas, este O Destino de uma Nação não tem a mesma leveza dos filmes anteriores. É pesado, repleto de diálogos, monólogos e preso demais aos fatos históricos. Embora tenha um visual interessante pela fotografia de Bruno Delbonnel, Wright entrega uma cinebiografia quadrada que outros diretores menos talentosos poderiam entregar.
DUNKIRK
No geral, não achei que a ausência de um protagonista tenha funcionado, mesmo entendendo os motivos para isso. Porém, o que mais valorizo em Dunkirk é um amadurecimento de Christopher Nolan. Se antes ele fazia filmes extremamente verborrágicos e didáticos, ele procurou fazer justamente o oposto neste trabalho: poucos diálogos e menos explicações. E ele é um dos poucos diretores que sempre buscam fazer algo novo e feito para ser visto numa sala de cinema, de preferência com as caixas de som “bombando”.
LADY BIRD
Pra quem já assistiu aos filmes de John Hughes, que dissecou como poucos o universo juvenil, conferir Lady Bird parece mais uma versão com a geração dos anos 90. Aqui temos uma jovem perdida em seus sonhos enquanto luta para entender sua realidade. Honestamente, não entendi o alvoroço em volta do nome de Greta Gerwig, mas por causa de alguns momentos do filme, como a cena na loja de departamentos, é possível ver um futuro promissor na carreira dela.
TRÊS ANÚNCIOS PARA UM CRIME
Pra quem tem humor negro e aprecia algumas coisas absurdas e non-sense, Três Anúncios soa como um respiro de originalidade no cenário. Embora tenha defeitos no roteiro e arcos um pouco difíceis de engolir, o filme de Martin McDonagh pegou carona no momento pró-feminismo ao abordar a história de uma mulher que busca justiça no caso não solucionado do assassinato de sua filha.
A FORMA DA ÁGUA
Versão romântica e com final feliz de O Monstro da Lagoa Negra (1954). Guillermo del Toro concebe uma visão bastante romântica dessa história de amor inter-racial (?) entre uma mulher muda e uma criatura aquática presa. Claro que você consegue enxergar sob um viés político se trocarmos a muda por uma americana e a criatura por um mexicano sendo deportado por Trump, mas consigo ver mais como uma grande história de redenção de excluídos da sociedade: além da muda e da criatura, temos um homossexual idoso e uma faxineira negra.
ME CHAME PELO SEU NOME
Pra ser bem honesto, nunca pensei que este filme chegaria à festa do Oscar. Não que seja um filme ruim ou não merecedor de tamanha atenção, mas a Academia dificilmente reconhece produções com aspecto mais europeu e dirigido por um italiano (Luca Guadagnino). Mas essa história de um caso amoroso entre dois jovens conquistou o público, especialmente com o monólogo de encerramento por Michael Stuhlbarg. Assim como em outros filmes de Guadagnino, ele toma o tempo necessário para você entrar naquele universo e também utiliza metáforas que o cinema americano não usaria.
TRAMA FANTASMA
Quando se assiste ao trailer deste filme, não se cria expectativa alguma, pra não dizer que cria ânimo para vê-lo. Mas não estamos falando de qualquer cineasta, mas de Paul Thomas Anderson, um cineasta que parece à prova de filmes ruins em sua cinematografia. Aqui ele faz um belíssimo estudo das relações humanas através de dois personagens de comportamentos desagradáveis e que precisam aprender a lidar um com o outro. Além de todos os atores em sintonia e em estado de graça, a trilha de Jonny Greenwood acentua as cenas e concede um tom clássico ao filme. Em Trama Fantasma, existem tantas nuances que é impossível apreciar tudo numa única sessão.
CORRA!
Quantos filmes você já não assistiu com a temática do racismo? Inúmeros, certo? Todos se tornam clichês se comparados à trama de Jordan Peele em Corra!. Colocar dois personagens discutindo e se xingando por causa da cor da pele é coisa de amadores. Peele se utiliza de convenções sociais para gerar um impasse entre um rapaz negro e a família branca de sua namorada. Jordan não apenas atualiza o filme de Sidney Poitier, Adivinhe Quem Vem Para Jantar, mas consegue atingir as vísceras do racismo.
MELHOR DIRETOR
- Paul Thomas Anderson (Trama Fantasma)
- Guillermo del Toro (A Forma da Água)
- Greta Gerwig (Lady Bird: A Hora de Voar)
- Christopher Nolan (Dunkirk)
- Jordan Peele (Corra!)

Jordan Peele (Corra!) pic by moviepilot.de
DEVE GANHAR: Guillermo del Toro (A Forma da Água)
DEVERIA GANHAR: Jordan Peele (Corra!)
ZEBRA: Paul Thomas Anderson (Trama Fantasma)
ESNOBADO: Sean Baker (Projeto Flórida)
É muito raro na história da Academia, o diretor que levou o prêmio do sindicato de diretores (DGA) não levar a estatueta do Oscar em seguida. Mais especificamente, esse fato ocorreu apenas sete vezes, portanto, o mexicano Guillermo del Toro já é tecnicamente o vencedor. Se confirmado esse reconhecimento, ele será o terceiro mexicano a vencer nesta categoria em menos de dez anos (!), seguido por Alfonso Cuarón e Alejandro G. Iñárritu. Dá-lhe, México!
Del Toro consegue criar esse universo de fantasia com atmosfera bem romântica, calcada na ótima trilha de Alexandre Desplat, na direção de arte, na fotografia e nas referências cinematográficas, ficando impossível de não reconhecer como um filme dele. Mas pra mim, Jordan Peele fez tudo isso e teve a ousadia que faltou para os outros: ele teceu uma crítica racial formidável em forma de filme de terror e ficção científica como grandes mestres fizeram no passado como John Carpenter. Nem ligo pra essa coisa de primeiro diretor negro a ganhar o Oscar, e ficarei extremamente feliz se ele ganhar.
MELHOR ATOR
- Timothée Chalamet (Me Chame Pelo Seu Nome)
- Daniel Day-Lewis (Trama Fantasma)
- Daniel Kaluuya (Corra!)
- Gary Oldman (O Destino de uma Nação)
- Denzel Washington (Roman J. Israel, Esq.)

Timothée Chalamet (Me Chame Pelo Seu Nome)
DEVE GANHAR: Gary Oldman (O Destino de uma Nação)
DEVERIA GANHAR: Timothée Chalamet (Me Chame Pelo Seu Nome)
ZEBRA: Denzel Washington (Roman J. Israel, Esq.)
ESNOBADO: James Franco (O Artista do Desastre), Robert Pattinson (Bom Comportamento)
Ok, que Gary Oldman é um dos melhores atores de sua geração não há dúvida ou discordância, mas é realmente toda essa unanimidade por O Destino de uma Nação? Sabemos que a fórmula das cinebiografias aliada a uma boa maquiagem já proporciona ótima vantagem no Oscar, mas toda vez que via Oldman dando berros como Winston Churchill, achava que estava beirando o caricato. De novo: eu entendo que isso vende no Oscar e que ele merece um Oscar pela carreira, mas e como fica Timothée Chalamet, que entregou a melhor performance masculina do ano? Espera ele ser indicado por um filme bobo e dar o Oscar pra compensar por essa derrota? Ok, o Oscar pode ser prematuro e estragar a carreira dele se formos pensar em consequências pessimistas, mas ele merece pela naturalidade de suas expressões, diálogos e mudança de idiomas.
Dois adendos rápidos: Daniel Day-Lewis traz novamente uma ótima performance. É doloroso saber que este pode ser seu último filme, já que anunciou aposentadoria. Mas nem por isso, apoio votação nele porque vai se retirar do cinema, mas pela performance em si, repleta de nuances.
E o que dizer de James Franco fora da corrida por causa de denúncias? Justo? Injusto? Foi realmente uma pena ele ser excluído por esse motivo. Sua interpretação-imitação de Tommy Wiseau é excelente, e o filme O Artista do Desastre se baseia demais na atuação dele. Ah, e se tivesse que exclui-lo mesmo, poderiam tê-lo substituído por algum material mais fresco como Robert Pattison em Bom Comportamento.
MELHOR ATRIZ
- Sally Hawkins (A Forma da Água)
- Frances McDormand (Três Anúncios Para um Crime)
- Margot Robbie (Eu, Tonya)
- Saoirse Ronan (Lady Bird: A Hora de Voar)
- Meryl Streep (The Post: A Guerra Secreta)

Sally Hawkins (A Forma da Água) pic by cine.gr
DEVE GANHAR: Frances McDormand (Três Anúncios Para um Crime)
DEVERIA GANHAR: Sally Hawkins (A Forma da Água)
ZEBRA: Meryl Streep (The Post: A Guerra Secreta)
ESNOBADO: Brooklynn Prince (Projeto Flórida), Daniela Vega (Uma Mulher Fantástica)
Certamente foi um ano excepcional para as atrizes. E esse movimento Time’s Up pode e deve proporcionar mais papéis de protagonismo para elas, o que me agrada muito devido à atual escassez de papéis mais interessantes no cinema (porque na TV tem sobrando…). Pra quem acompanhou a temporada, Frances McDormand já levou esse Oscar. Mas devo lembrar que este será seu segundo Oscar, e poucas atrizes conseguiram esse feito. Muitos votantes utilizam esse critério na hora de votar: “Fulana já ganhou antes”. E curiosamente, o papel de Midred Hayes muito lembra a policial Marge Gundersson de Fargo. Particularmente, não vi nenhuma interpretação nova na carreira de McDormand. Pra mim, ela ganhará por puro carisma e torcida.
Das indicadas, a melhor performance foi de Sally Hawkins. E não é só porque ela interpreta uma mulher muda, e teve que aprender linguagem de sinais. Não. Ela consegue personificar uma mulher solitária que se apaixona e nunca desiste de uma vida melhor. Quem consegue fingir amor por um ser aquático sem cair no ridículo? Hawkins consegue e com certa ousadia, pois não teme expôr sua nudez e desejo carnal.
Não me entendam mal. Sou fã de Meryl Streep, tanto que assisti The Post só por causa dela no cinema. Contudo, mais uma vez, ela não mereceu uma nova indicação. Tudo bem que ela consegue dar maior profundidade à sua personagem que vive num universo masculino, mas o filme não ajuda em nenhum momento. Não sou muito a favor de indicar crianças por causa das altas expectativas, mas trocaria fácil Meryl Streep pela pequena-prodígio Brooklynn Prince de Projeto Flórida, ou a atriz chilena Daniela Vega por Uma Mulher Fantástica. E não, não estou selecionando por ser transgênero, mas pela performance corajosa mesmo.
MELHOR ATOR COADJUVANTE
- Willem Dafoe (Projeto Flórida)
- Woody Harrelson (Três Anúncios Para um Crime)
- Richard Jenkins (A Forma da Água)
- Christopher Plummer (Todo o Dinheiro do Mundo)
- Sam Rockwell (Três Anúncios Para um Crime)

Willem Dafoe (Projeto Flórida)
DEVE GANHAR: Sam Rockwell (Três Anúncios Para um Crime)
DEVERIA GANHAR: Willem Dafoe (Projeto Flórida)
ZEBRA: Woody Harrelson (Três Anúncios Para um Crime)
ESNOBADO: Steve Carell (A Guerra dos Sexos)
Das categorias de atuação, é a que menos me agrada. Mas confesso que não assisti a Todo o Dinheiro do Mundo, então vou deixar o Christopher Plummer longe da crítica. Dos quatro, todos têm alguma deficiência, seja de interpretação ou de profundidade de papel. Por exemplo, Sam Rockwell está bem, mas o arco de seu personagem com essa suposta redenção não rolou pra mim. Já Willem Dafoe é a performance que mais me agrada, porém sinto que faltou uma cena que pudesse entregar um pouco mais sobre quem era seu personagem ou como ele chegou ali. Mas resumindo: adoraria ver o Dafoe ganhar.
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
- Mary J. Blige (Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi)
- Allison Janney (Eu, Tonya)
- Lesley Manville (Trama Fantasma)
- Laurie Metcalf (Lady Bird: A Hora de Voar)
- Octavia Spencer (A Forma da Água)

Laurie Metcalf (Lady Bird) pic by cine.gr
DEVE GANHAR: Allison Janney (Eu, Tonya)
DEVERIA GANHAR: Laurie Metcalf (Lady Bird)
ZEBRA: Octavia Spencer (A Forma da Água)
ESNOBADO: Holly Hunter (Doentes de Amor)
Sou meio suspeito pra falar de Holly Hunter, porque costumo gostar de quase tudo o que ela faz, inclusive como dubladora em Os Incríveis, mas a interpretação dela em Doentes de Amor faz toda a diferença para a personagem dela, que poderia muito bem ser esquecível se fosse outra atriz. Holly cria alguns maneirismos e tiques para sua personagem sem gerar alarde exagerado. Prefiro ela a Octavia Spencer que, apesar de fazer uma personagem de alívio cômico em A Forma da Água, parece repetir o mesmo personagem em todo novo trabalho.
Pra mim, a grande atuação de coadjuvante deste ano é de Laurie Metcalf. Ela não usa maquiagem transformadora, não apresenta sotaques de caipira, nem tem cenas de gritaria, porque não precisa disso para mostrar suas habilidades naturais de interpretação. Ela faz a aquela mãe que toda adolescente já teve, que guarda para si suas dores e sonhos, é protetora e zela pelo bem-estar dos filhos. Se Lesley Manville ganhar, também seria um Oscar mais do que merecido. E se Allison Janney ganhar por Eu, Tonya, será a confirmação de que maquiagem e papel excêntrico sempre ganham.
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
- Kumail Nanjiani, Emily V. Gordon (Doentes de Amor)
- Jordan Peele (Corra!)
- Greta Gerwig (Lady Bird: A Hora de Voar)
- Guillermo del Toro, Vanessa Taylor (A Forma da Água)
- Martin McDonagh (Três Anúncios Para um Crime)

Cena de Corra! (pic by cine.gr)
DEVE GANHAR: Martin McDonagh (Três Anúncios Para um Crime)
DEVERIA GANHAR: Jordan Peele (Corra!)
ZEBRA: Kumail Nanjiani, Emily V. Gordon (Doentes de Amor)
ESNOBADO: Adrian Molina, Matthew Aldrich (Viva: A Vida é uma Festa)
Provavelmente o Oscar que deve definir qual filme leva o maior prêmio da noite: Melhor Filme. Se Jordan Peele levar, Corra! deve ganhar Filme, Greta Gerwig com Lady Bird e Martin McDonagh com Três Anúncios. Esperamos que Jordan Peele vença aqui pela sua originalidade, claro.
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
- James Ivory (Me Chame Pelo Seu Nome)
- Scott Neustadter, Michael H. Weber (O Artista do Desastre)
- Scott Frank, James Mangold, Michael Green (Logan)
- Aaron Sorkin (A Grande Jogada)
- Dee Rees, Virgil Williams (Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi)

Cena de Me Chame Pelo Seu Nome
DEVE GANHAR: James Ivory (Me Chame Pelo Seu Nome)
DEVERIA GANHAR: James Ivory (Me Chame Pelo Seu Nome)
ZEBRA: Aaron Sorkin (A Grande Jogada)
Quando o votante encarar essa categoria na cédula de votação, ele deve pensar: “Logan? Oscar para quadrinhos? Nem pensar… O Artista do Desastre? Depois de tantas denúncias… Aaron Sorkin não ganhou uns anos atrás por Rede Social? Mudbound… não vi! Não quero dar roteiro para Me Chame Pelo Seu Nome, mas é melhorzinho aqui e leva pelo menos um prêmio.” Resumindo a ópera, não há competição contra o roteiro de James Ivory, que aliás, foi indicado três vezes como diretor e nunca levou. Só espero que Timothée Chalamet esteja por perto para ajudá-lo a subir no palco como fez no WGA.
MELHOR FOTOGRAFIA
- Roger Deakins (Blade Runner 2049)
- Bruno Delbonnel (O Destino de uma Nação)
- Hoyte Van Hoytema (Dunkirk)
- Rachel Morrison (Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi)
- Dan Laustsen (A Forma da Água)

Fotografia de Roger Deakins em Blade Runner 2049
DEVE GANHAR: Blade Runner 2049
DEVERIA GANHAR: Blade Runner 2049
ZEBRA: Dunkirk
ESNOBADO: Sayombhu Mukdeeprom (Me Chame Pelo Seu Nome)
Depois de “apenas” 14 indicações, finalmente parece ter chegado a vez de Roger Deakins subir ao palco. Mas engana-se aquele que pensa que o diretor de fotografia está sendo reconhecido pelo conjunto da obra, como em muitos casos, mas pelo trabalho excepcional no visual de Blade Runner 2049. Como já citei aqui em posts anteriores, era um desafio enorme fazer a fotografia desta sequência do cultuado original de 1982, Blade Runner: O Caçador de Andróides, pois era necessário respeitar a identidade visual criada por Jordan Cronenweth (diretor de fotografia) e ainda criar sua própria. Um Oscar para Deankins mataria três coelhos numa só cajadada: seria uma forma de reconhecer o filme original de 1982 (que não levou nada na época), de reconhecer esta sequência bastante elogiada pela crítica, e de reconhecer o trabalho de um dos maiores diretores de fotografia das últimas décadas.
MELHOR MONTAGEM
- Paul Machliss, Jonathan Amos (Em Ritmo de Fuga)
- Lee Smith (Dunkirk)
- Tatiane S. Riegel (Eu, Tonya)
- Sidney Wolinsky (A Forma da Água)
- Jon Gregory (Três Anúncios Para um Crime)

Cena de Dunkirk (pic by cine.gr)
DEVE GANHAR: Dunkirk
DEVERIA GANHAR: Dunkirk
ZEBRA: Três Anúncios Para um Crime
ESNOBADO: Ronald Bronstein, Benny Safdie (Bom Comportamento)
Lee Smith deveria ganhar só por ter editado um filme do Christopher Nolan com menos de duas horas de duração! Há quanto tempo você não via um filme do diretor tão econômico na duração? Mas além do tempo, a edição de Lee Smith conseguiu gerar tensão do início ao fim, seja na praia, na embarcação ou dentro do avião pilotado por Tom Hardy. Vale lembrar que o montador foi previamente indicado duas vezes, mas nunca levou.
Como o BAFTA anda prevendo os vencedores de Montagem (previu a vitória de Whiplash e Até o Último Homem), pode ser que Em Ritmo de Fuga conquiste seu Oscar também. E pra mim, uma montagem que ficou faltando aqui foi do independente Bom Comportamento.
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
- Sarah Greenwood, Katie Spencer (A Bela e a Fera)
- Dennis Gassner, Alessandra Querzola (Blade Runner 2049)
- Sarah Greenwood, Katie Spencer (O Destino de uma Nação)
- Nathan Crowley, Gary Fettis (Dunkirk)
- Paul D. Austerberry, Shane Vieau, Jeffrey A. Melvin (A Forma da Água)

Cena de Blade Runner 2049
DEVE GANHAR: A Forma da Água
DEVERIA GANHAR: Blade Runner 2049
ZEBRA: A Bela e a Fera
ESNOBADO: Assassinato no Expresso Oriente
Tenho uma dura crítica a fazer em relação a Direção de Arte e Figurino. Fui contra à decisão da Academia de indicar o filme A Bela e a Fera em ambas as categorias, porque são Production Design e Costume Design, ou seja, estão reconhecendo o design desses dois setores. E o grande problema é que essas versões live-action das animações da Disney copiam tudo dos originais; não apenas o roteiro, mas os cenários e os figurinos. Se queriam premiar o design mesmo, tinham que premiar os artistas das animações. E isso é extremamente preocupante porque a Disney está filmando uma série de versões live-action como Mulan e O Rei Leão.
Enfim, após esse breve desabafo, a competição está acirrada entre Blade Runner 2049 e A Forma da Água, pois ambos saíram vencedores no prêmio do sindicato de Diretores de Arte. O primeiro venceu como Fantasia, e o segundo levou como Filme de Época. Qualquer um vencendo o Oscar, será um prêmio bem dado e merecido. Contudo, acredito que A Forma da Água leva pra ganhar aquela “gordurinha” proporcional às 13 indicações.
MELHOR FIGURINO
- Jacqueline Durran (A Bela e a Fera)
- Jacqueline Durran (O Destino de uma Nação)
- Mark Bridges (Trama Fantasma)
- Luis Sequeira (A Forma da Água)
- Consolata Boyle (Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha)

Cena de Trama Fantasma com Vicky Krieps (pic by outnow.ch)
DEVE GANHAR: Trama Fantasma
DEVERIA GANHAR: Trama Fantasma
ZEBRA: Victoria e Abdul
ESNOBADO: Alexandra Byrne (Assassinato no Expresso Oriente)
Acho que ninguém tira esse segundo Oscar de Mark Bridges (ele venceu por O Artista). Vamos aos fatos: Trama Fantasma é um filme sobre roupas e moda. Quando as vestimentas são importantes para a trama, costuma ganhar muitos pontos. Foi assim que Memórias de uma Gueixa, A Jovem Rainha Vitória e A Duquesa levaram seus Oscars de Figurino.
A única concorrente que pode ameaçar o favoritismo de Bridges é Jacqueline Durran, que este ano concorre com dois filmes: A Bela e a Fera e O Destino de uma Nação, ou seja, os votos dela certamente vão se dividir e possibilitar ainda maior vantagem de favorito.
MELHOR MAQUIAGEM E CABELO
- Arjen Tuiten (Extraordinário)
- Kazuhiro Tsuji, David Malinowski, Lucy Sibbick (O Destino de uma Nação)
- Daniel Phillips, Loulia Sheppard (Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha)

Jacob Tremblay em cena de Extraordinário (pic by cine.gr)
DEVE GANHAR: O Destino de uma Nação
DEVERIA GANHAR: Extraordinário
ZEBRA: Victoria e Abdul
ESNOBADO: Eu, Tonya
Não é a primeira vez que falo isso aqui no blog, mas eu sinto falta daqueles filmes de criaturas como Um Lobisomem Americano em Londres e A Mosca, em que o excepcional trabalho de maquiagem de transformação era de encher os olhos. Infelizmente, com o passar do tempo, esse talento foi cada vez mais desvalorizado por produtores de Hollywood, que queriam reduzir custos e fazer tudo numa computação gráfica barata.
Dos três indicados, não gosto de nenhum de fato. Mas me parece que a maquiagem de Extraordinário está melhor executada e a interpretação do jovem Jacob Tremblay consegue se destacar mesmo debaixo dela. Já a maquiagem de O Destino de uma Nação não está ruim, mas fica mais perceptível de que é uma pessoa maquiada pra ficar mais velha.
Eu tiraria Victoria e Abdul da jogada e o substituiria por Eu, Tonya. Acredito que sua maquiagem consegue caracterizar melhor as personagens no melhor estilo início dos anos 90, e a performance de Allison Janney muito se deve à maquiagem, e o processo de “enfeiamento” de Margot Robbie também contribui com o aspecto biográfico.
MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
- Hans Zimmer (Dunkirk)
- Jonny Greenwood (Trama Fantasma)
- Alexandre Desplat (A Forma da Água)
- John Williams (Star Wars: Os Últimos Jedi)
- Carter Burwell (Três Anúncios Para um Crime)

Vicky Krieps e Daniel Day-Lewis em cena de Trama Fantasma (pic by cineimage.ch)
DEVE GANHAR: A Forma da Água
DEVERIA GANHAR: Trama Fantasma
ZEBRA: Três Anúncios Para um Crime
ESNOBADO: Michael Abels (Corra!), Daniel Lopatin (Bom Comportamento), Michael Giacchino (Planeta dos Macacos: A Guerra)
Vamos ser honestos? Não tem trilha mais bela deste ano do que a de Jonny Greenwood. Suas composições são tão bonitas e clássicas que também podem muito bem ser apreciadas além do filme Trama Fantasma. Sua parceria com o diretor Paul Thomas Anderson já deveria ter rendido um Oscar pelo menos, principalmente por Sangue Negro, portanto sua primeira indicação é mais do que merecida.
Contudo, a trilha de Alexandre Desplat pontua tão bem a atmosfera fantasiosa e lúdica de A Forma da Água, que é praticamente impossível de não conceder um segundo Oscar para o compositor francês. Sua composição aqui se utiliza de sons que remetem ao universo aquático, e a Academia adora sons bem específicos que destacam a trilha nos filmes.
Não desmerecendo o trabalho de Carter Burwell, e nem de John Williams, mas eu os substituiria pelo frescor das trilhas de Michael Abels e Daniel Lopatin. O primeiro criou uma música sensacional para a atmosfera de estranhamento de Corra!, principalmente para as sequências de hipnose. Já o segundo coordenou o ritmo frenético e empolgante de Bom Comportamento. Duas ausências injustificáveis.
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
- “Mighty River” (Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi)
- “Mystery of Love” (Me Chame Pelo Seu Nome)
- “Remember Me” (Viva: A Vida é uma Festa)
- “Stand Up for Something” (Marshall)
- “This is Me” (O Rei do Show)
DEVE GANHAR: “This is Me”
DEVERIA GANHAR: “This is Me”
ZEBRA: “Stand Up for Something”
ESNOBADO: “Visions of Gideon” (Me Chame Pelo Seu Nome)
Esses dias atrás, quando vi Mudbound, pensei: “A Mary J. Blige está bem como atriz, mas pouca gente está falando dela. Quem sabe ela não surpreende na categoria de Canção?” A música “Mighty River” não é tão empolgante, mas caiu bem no filme de Dee Rees. Será que vão compensar a artista e o filme?
A única chance disso acontecer é se os votos de “Remember Me” e “This is Me” se dividirem. Particularmente, vejo “This is Me” como a grande favorita, especialmente pelo “making of” divulgado no YouTube (link acima), mas a canção também é de extrema importância para a trama de Viva: A Vida é uma Festa. O grande contra de O Rei do Show é que só foi indicado para Canção.
Só um adendo: a canção “Stand Up for Something” é a nona indicação da ótima compositora Diane Warren, responsável por grandes hits como “Because You Loved Me”, “How do I Live” e “I Don’t Want to Miss a Thing”. Infelizmente, acho bem improvável sua vitória aqui, mas acredito que ela vai acabar ganhando seu Oscar com direito a uma salva de palmas de pé do público.
MELHOR SOM
- Em Ritmo de Fuga
- Blade Runner 2049
- Dunkirk
- A Forma da Água
- Star Wars: Os Últimos Jedi

Cena de Dunkirk (pic by cine.gr)
DEVE GANHAR: Dunkirk
DEVERIA GANHAR: Dunkirk
ZEBRA: A Forma da Água
Normalmente, a regra que funciona nesta categoria é: o filme mais barulhento ganha. Então sempre temos filmes de guerra e ação aqui. Só para citar vencedores mais recentes: Até o Último Homem e Mad Max: Estrada da Fúria. Este ano, o candidato que mais se encaixa nesse perfil é Dunkirk, que apresenta sons de tiros, explosões, barcos, aviões, enfim, um festival sonoro pra quem viu numa sala de cinema de boa qualidade como o IMAX. Existe uma chance mínima de Em Ritmo de Fuga surpreender aqui, mas como disse, mínima.
MELHORES EFEITOS SONOROS
- Em Ritmo de Fuga
- Blade Runner 2049
- Dunkirk
- A Forma da Água
- Star Wars: Os Últimos Jedi

Cena de Tom Hardy em Dunkirk (pic by cine.gr)
DEVE GANHAR: Dunkirk
DEVERIA GANHAR: Dunkirk
ZEBRA: A Forma da Água
Richard King é o grande nome desta categoria. É um senhorzinho de óculos que consegue recriar em estúdio os melhores efeitos sonoros da atualidade. Foi assim que ele ganhou dois Oscars por Mestre dos Mares e Batman: O Cavaleiro das Trevas. Essa sua parceria com o diretor Christopher Nolan lhe proporciona sempre novos desafios com grandes potenciais para o Oscar. Esse seu novo trabalho em Dunkirk é fenomenal! Seu design de som é o grande responsável pela tensão contínua do filme, e não a trilha musical de Hans Zimmer, como muitos creditam.
MELHORES EFEITOS VISUAIS
- Blade Runner 2049
- Guardiões da Galáxia Vol. 2
- Kong: A Ilha da Caveira
- Planeta dos Macacos: A Guerra
- Star Wars: Os Últimos Jedi

Andy Serkis como Caesar em Planeta dos Macacos: A Guerra (pic by moviepilot.de)
DEVE GANHAR: Planeta dos Macacos: A Guerra
DEVERIA GANHAR: Planeta dos Macacos: A Guerra
ZEBRA: Kong: A Ilha da Caveira
Apesar de Blade Runner 2049 ser praticamente uma criação toda feita em computação gráfica, não há outro trabalho mais bem feito e bem integrado aos atores do que Planeta dos Macacos: A Guerra. Muitos podem defender que se ganhar o Oscar, será pra compensar a falta de estatuetas por toda a trilogia, mas a verdade é que o segundo filme já deveria ter sido premiado antes. E isso só aumenta as chances deste terceiro e último ato. Além disso, uma vitória nesta categoria, valoriza, e muito, os esforços descomunais do ator Andy Serkis, responsável por outras criaturas digitais como o Gollum e King Kong.
MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
- Corpo e Alma
- O Insulto
- Sem Amor
- The Square: A Arte da Discórdia
- Uma Mulher Fantástica

Daniela Vega em cena de Uma Mulher Fantástica (pic by cine.gr)
DEVE GANHAR: The Square
DEVERIA GANHAR: Uma Mulher Fantástica
ZEBRA: Corpo e Alma
ESNOBADO: Em Pedaços (ALEMANHA)
O fato mais curioso desta categoria é que o favorito até as indicações ao Oscar era o alemão Em Pedaços, de Fatih Akin, que levou o Globo de Ouro e o Critics’ Choice Awards, mas todo esse histórico vitorioso se esvaiu quando ficou de fora da lista oficial. E agora? Qual era o segundo favorito? Muitos estão defendendo que o Chile vencerá seu primeiro Oscar com Uma Mulher Fantástica, mas tenho minhas dúvidas por causa do alto conservadorismo dos votantes, que não vêem com muito bons olhos esse universo LGBT do filme. Claro que adoraria estar enganado e ver Sebastián Lélio no palco, mas acho que o representante sueco, The Square, tem mais chances por ter vencido a Palma de Ouro em Cannes e por abordar o universo das Artes e exposições.
MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
- Com Amor, Van Gogh
- O Poderoso Chefinho
- O Touro Ferdinando
- The Breadwinner
- Viva: A Vida é uma Festa

Cena da animação da Pixar, Viva: A Vida é uma Festa
DEVE GANHAR: Viva: A Vida é uma Festa
DEVERIA GANHAR: Viva: A Vida é uma Festa
ZEBRA: O Touro Ferdinando
ESNOBADO: Mary and the Witch’s Flower
Uma das categorias mais sem surpresa do ano é esta. O novo filme da Pixar, Viva: A Vida é uma Festa, é uma obra visualmente impecável, tem um excelente timing político, já que aborda e homenageia a cultura mexicana (Trump quer construir o muro na fronteira do México) e ainda tem um forte elemento emocional nas últimas cenas que dificilmente não conquista o votante. Depois de ganhar seu primeiro Oscar pelo excelente Toy Story 3, o diretor Lee Unkrich demonstra que tem muito talento para criação também, algo que o estúdio estava precisando urgentemente após tantas sequências. Só não gostei do título brasileiro, mas ao mesmo tempo, entendo o porquê de abandonarem o título original Coco.
Achei bacana ver o cineasta brasileiro Carlos Saldanha novamente indicado ao Oscar (ele havia sido indicado pelo curta Gone Nutty em 2004), mas seu filme aqui nesta categoria é o azarão.
MELHOR DOCUMENTÁRIO
- Abacus: Pequeno o Bastante Para Condenar
- Visages Villages
- Strong Island
- Ícaro
- Últimos Homens em Aleppo

Cena de Visages Villages com JR e Agnès Varda (pic by cine.gr)
DEVE GANHAR: Últimos Homens em Aleppo
DEVERIA GANHAR: Visages Villages
ZEBRA: Abacus: Pequeno o Bastante Para Condenar
ESNOBADO: Jane
A grande questão desta categoria é: será que Agnès Varda, que recebeu o Oscar Honorário em novembro, vai ganhar seu primeiro Oscar competitivo? Acredito que seria o primeiro caso nos 90 anos da Academia: um homenageado ganhar no mesmo ano uma estatueta. A verdade é que o documentário dela, feito com JR, Visages Villages, é um tocante retrato de pessoas comuns da França. Como num road movie, a cineasta busca histórias de vida enquanto o artista tira fotos das pessoas e as cola em muros, casas e monumentos. O resultado visual é impressionante.
Dentre os excluídos desta lista, destaco o documentário da cientista Jane Goodall, que fez carreira cuidando de chimpanzés. O filme conquistou inúmeros prêmios na temporada, mas ficou para trás na pré-seleção do Oscar.
MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA
- Edith+Eddie
- Heaven is a Traffic Jam on the 405
- Heroin(e)
- Knife Skills
- Traffic Stop
DEVE GANHAR: Heroin(e)
DEVERIA GANHAR: Edith+Eddie
ZEBRA: Knife Skills
Pelo que andei lendo, o curta Heroin(e) está com uma forte campanha por parte da Netflix para ganhar esse Oscar. O documentário acompanha três mulheres tentando quebrar o ciclo da droga. Não sei se a campanha surtirá efeito, mas Edith+Eddie é um bom candidato pelo seu tema: a relação inter-racial mais antiga dos EUA.
MELHOR CURTA-METRAGEM
- DeKalb Elementary
- The Eleven O’Clock
- My Nephew Emmett
- The Silent Child
- Watu Wote: All of Us
DEVE GANHAR: DeKalb Elementary
DEVERIA GANHAR: Watu Wote: All of Us
ZEBRA: The Nephew Emmett
O curta DeKalb Elementary ganha vantagem por abordar um tema polêmico e bastante atual nos EUA: o controle de armas de fogo. No filme, acompanhamos um rapaz bem instável psicologicamente invadindo salas de aula com um rifle. Infelizmente não consegui conferir o curta por indisponibilidade, mas acredito que o tema já deva chamar a atenção de muitos votantes da Academia.
MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
- Dear Basketball
- Garden Party
- LOU
- Negative Space
- Revolting Rhymes
DEVE GANHAR: Dear Basketball
DEVERIA GANHAR: Garden Party
ZEBRA: LOU
O curta de animação baseado no poema do jogador de basquete, Kobe Bryant, já vinha crescendo desde que estava na pré-seleção da categoria. No Oscar luncheon, Bryant foi uma das figuras mais ovacionadas quando chamada para a foto oficial. E basquete nos EUA é a mesma coisa que futebol aqui no Brasil: uma obsessão. Vi o curta pelo YouTube e ele tem traços de lápis que remetem a rascunho, acompanhado de narração em off do próprio jogador.
COMEMORAÇÃO
Vamos às satisfações pessoais? Se Roger Deakins e Jordan Peele ganharem o Oscar, já me dou por satisfeito. Agora se Jonny Greenwood e a canção “This is Me” ganharem os respectivos Oscars de Trilha Musical e Canção Original, vou ter orgasmos múltiplos. Agora, se Paul Thomas Anderson, Timothée Chalamet e Laurie Metcalf ganharem, aí eu atinjo o nirvana! Vou passar o resto de 2018 num eterno chá de cogumelo.
Bom, independente dos resultados, que todos tenham uma ótima noite de Oscar!
***
A 90ª cerimônia do Oscar terá transmissão ao vivo pela TNT no dia 04 de março a partir das 21h, horário de Brasília.
Scarlet Nava
/ junho 4, 2018Bons filmes, sem dúvida o melhor foi Dunkirk. Sempre fui fã do trabalho de Christopher Nolan , é um profissional e em cada uma das suas obras me deixa hipnotizada com o seu grande talento de narrar à história e Dunkirk não é a exceção. Ancho que é um dos melhores Christopher Nolan filmes O ritmo do filme foi muito ameno, acho que é um filme que agradara a todo o público.
Winston Graysmith
/ junho 16, 2018Olá, Scarlet! Muito obrigado pelo seu comentário! Realmente, “Dunkirk” é um trabalho excepcional de Christopher Nolan. Apesar de não ser fã incondicional dele, é impossível não reconhecer o dom dele de criar filmes feitos para serem vistos no cinema (tela grande e som bombando nas caixas!). Ele tem um talento inegável para o “cinemático”, algo que tem faltado a muitos cineastas das novas gerações.
Uma das características que nunca gostei da filmografia dele sempre foi o excesso, principalmente de informações e explicações. Se ele cortasse ou pelo menos reduzisse diálogos ou mesmo imagens auto-explicativas, seu cinema certamente cresceria. Com “Dunkirk”, parece que ele atendeu minhas preces, porém foi 8 ou 80! Rs Ele praticamente limou os diálogos e deixou as imagens para o espectador se deleitar! Tenho certeza de que nos próximos trabalhos, ele encontrará o equilíbrio entre história e imagens cinematográficas.
Curiosidade: “Dunkirk” é seu filme favorito de Nolan?