Novo logo do MTV Movie Awards (art by Dabs Myla – photo by mtv.com)
‘SNIPER AMERICANO’, ‘BOYHOOD’, ‘WHIPLASH’ E ATÉ ‘SELMA’ CONCORREM AO PRÊMIO DA MTV QUE SOA COMO UM PRÊMIO DE CONSOLAÇÃO
Depois de vários anos em decadência, o MTV Movie Awards tem tudo para decolar novamente este ano. É possível ver inúmeros artistas em destaque pelos trabalhos de 2014 nas listas de indicação que poderiam até figurar no Oscar. É o caso dos atores Miles Teller, Channing Tatum e pra alegria dos racistas de plantão, David Oyelowo, que foi preterido pela Academia. Expandiram até o número de indicados a Melhor Filme para oito produções! Contudo, de nada adianta ter ótimas opções de escolha se o público não ajudar na hora de votar pela internet.
Para Melhor Filme, por exemplo, eu votaria para Whiplash: Em Busca da Perfeição. Se no Oscar o filme de Damien Chazelle era considerado “pequeno ou independente demais” para ganhar como Melhor Filme, aqui no MTV Movie Awards ele se encaixaria como uma luva, ainda mais por se tratar de um filme sobre música. Mas a minha bola de cristal pessimista (pra não dizer realista) me diz que o público acéfalo vai eleger o novo filme da saga Jogos Vorazes como o melhor do ano. Será uma pena se isso acontecer, porque o prêmio tem uma grande oportunidade de resgatar sua credibilidade, já que no passado chegou a eleger ótimos filmes como O Exterminador do Futuro 2 e Pulp Fiction – Tempo de Violência.
Cena com Milles Teller e J.K. Simmons de Whiplash: Em Busca da Perfeição, de Damien Chazelle. (photo by outnow.ch)
Aí você pode retrucar dizendo que não se pode discutir o gosto do público, afinal gosto é subjetivo. Sim, é verdade. Mas como cinéfilo, vejo com tristeza essa decadência de um prêmio que já foi o mais cool da indústria ficar vítima de um péssimo paladar do público que já elegeu A Saga Crepúsculo quase toda e Transformers como Melhor Filme. Espero que se não votarem em Whiplash, que pelo menos votem em Guardiões da Galáxia, um filme pipoca bem escrito.
Outros podem argumentar dizendo que se o MTV Movie Awards elegesse apenas filmes preteridos pelo Oscar, poderia perder sua identidade. Concordo. O Movie Awards não precisa ser um estepe do Oscar, mas também não precisa eleger apenas filmes da modinha. Há incontáveis bons filmes que sequer figuraram em listas de críticos, mas que poderiam ser reconhecidos aqui. Só para exemplificar, cito Capitão América 2: O Soldado Invernal (indicado a Melhor Luta e Melhor Beijo) e a comédia Top Five (indicado a Melhor Comediante e WTF Moment). Seriam prêmios merecidos, mas resta saber se o público concorda.
Chris Rock em Top Five (photo by outnow.ch)
Lembro que uns anos atrás, a votação era limitada a norte-americanos, mas felizmente este ano a votação está aberta internacionalmente. Wohooo! Então, meninos e meninas, caso queira colaborar com uma melhora efetiva nos resultados do MTV Movie Awards, e não for votar em Jogos Vorazes (brincadeira!), vote agora. Basta fazer um login por Facebook, Twitter ou e-mail:
Também fiz crítica ao prêmio de Shirtless Performance (performance sem camisa) por ser uma futilidade, mas felizmente, este ano temos uma concorrente feminina! E que concorrente! Kate Upton foi indicada pelo medíocre Mulheres ao Ataque (adivinhem em que votei). Então, cuecas de plantão, por favor vamos votar! De qualquer forma, eu trocaria essa categoria pelo retorno de Most Desirable Female e Male, pois premiaria a sensualidade toda de um personagem, e não apenas o fato de ele ou ela tirar a roupa.
A belíssima Kate Upton em Mulheres ao Ataque (photo by elfilm.com)
Nesta edição, Guardiões da Galáxia, A Culpa é das Estrelas e Vizinhos lideram as indicações com sete cada. Coincidentemente, todos os três competem nas categorias Shirtless Performance e Melhor Beijo. Imagina Cinquenta Tons de Cinza no MTV Movie Awards de 2016…
Este ano, a hostess será a escritora, comediante e atriz Amy Schumer, que ficou conhecida por sua série Inside Amy Schumer, na qual faz comédia stand up e entrevista pessoas nas ruas. Vi uns vídeos de stand up comedy dela no Youtube e achei bem sem graça. Veja um vídeo promocional do evento abaixo e confirme:
Amy Schumer com Anna Kendrick. A noite vai ser looonga…
Seguem os indicados ao MTV Movie Awards:
Movie of the Year
– Sniper Americano (American Sniper)
– Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 (The Hunger Games: Mockingjay – Part 1)
– Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy)
– Garota Exemplar (Gone Girl)
– A Culpa é das Estrelas (The Fault In Our Stars)
– Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)
– Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash)
– Selma: Uma Luta Pela Igualdade (Selma)
Best Female Performance
– Jennifer Lawrence (Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1)
– Emma Stone (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
– Shailene Woodley (A Culpa é das Estrelas)
– Reese Witherspoon (Livre)
– Scarlett Johansson (Lucy)
Best Male Performance
– Bradley Cooper (Sniper Americano)
– Chris Pratt (Guardiões da Galáxia)
– Ansel Elgort (A Culpa é das Estrelas)
– Miles Teller (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
– Channing Tatum (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
Best Scared-As-S**t Performance
– Rosamund Pike (Garota Exemplar)
– Annabelle Wallis (Annabelle)
– Jennifer Lopez (O Garoto da Casa ao Lado)
– Dylan O’Brien (Maze Runner: Correr ou Morrer)
– Zach Gilford (Uma Noite de Crime: Anarquia)
Breakthrough Performance
– Ansel Elgort (A Culpa é das Estrelas)
– Rosamund Pike (Garota Exemplar)
– David Oyelowo (Selma: Uma Luta Pela Igualdade)
– Dylan O’Brien (Maze Runner: Correr ou Morrer)
– Ellar Coltrane (Boyhood: Da Infância à Juventude)
Best Shirtless Performance
– Zac Efron (Vizinhos)
– Chris Pratt (Guardiões da Galáxia)
– Channing Tatum (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
– Ansel Elgort (A Culpa é das Estrelas)
– Kate Upton (Mulheres ao Ataque)
Best Duo – Channing Tatum & Jonah Hill (Anjos da Lei 2)
– Zac Efron & Dave Franco (Vizinhos)
– Shailene Woodley & Ansel Elgort (A Culpa é das Estrelas)
– Bradley Cooper & Vin Diesel (Guardiões da Galáxia)
– James Franco & Seth Rogen (A Entrevista)
Best Fight
– Jonah Hill vs. Jillian Bell (Anjos da Lei 2)
– Chris Evans vs. Sebastian Stan (Capitão América 2: O Soldado Invernal)
– Dylan O’Brien vs. Will Poulter (Maze Runner: Correr ou Morrer)
– Seth Rogen vs. Zac Efron (Vizinhos)
– Edward Norton vs. Michael Keaton (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
Best Kiss
– Ansel Elgort & Shailene Woodley (A Culpa é das Estrelas)
– James Franco & Seth Rogen (A Entrevista)
– Andrew Garfield & Emma Stone (O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro)
– Scarlett Johansson & Chris Evans (Capitão América 2: O Soldado Invernal)
– Rose Byrne & Halston Sage (Vizinhos)
Best WTF Moment
– Seth Rogen & Rose Byrne (Vizinhos)
– Jonah Hill (Anjos da Leis 2)
– Jason Sudeikis & Charlie Day (Quero Matar Meu Chefe 2)
– Miles Teller (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
– Rosario Dawson & Anders Holm (Top Five)
Best Villain – Rosamund Pike (Garota Exemplar)
– J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
– Jillian Bell (Anjos da Lei 2)
– Meryl Streep (Caminhos da Floresta)
– Peter Dinklage (X-Men: Dias de um Futuro Esquecido)
.
Best Musical Moment
– Jennifer Lawrence (Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1)
– Chris Pratt (Guardiões da Galáxia)
– Seth Rogen & Zac Efron (Vizinhos)
– Bill Hader & Kristen Wiig (Irmãos Desastre)
– Miles Teller (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
.
Best Comedic Performance
– Channing Tatum (Anjos da Lei 2)
– Chris Pratt (Guardiões da Gláxia)
– Rose Byrne (Vizinhos)
– Chris Rock (Top Five)
– Kevin Hart (Padrinhos LTDA)
.
Best On-Screen Transformation – Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)
– Elizabeth Banks (Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1)
– Zoe Saldana (Guardiões da Galáxia)
– Steve Carell (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
– Ellar Coltrane (Boyhood: Da Infância à Juventude)
.
O MTV Movie Awards acontece no dia 12 de abril, e a MTV Brasil vai transmitir ao vivo. Sim, eu confirmei através da propaganda exibida no próprio canal.
Da esquerda para a direita: Patricia Arquette, Lorelei Linklater, Richard Linklater, Ellar Coltrane e Ethan Hawke com os três Globos de Ouro em mãos (photo by trbimg.com)
‘BIRDMAN’ E ‘A TEORIA DE TUDO’ CONQUISTAM 2 PRÊMIOS CADA E FORTALECEM SUAS CAMPANHAS RUMO AO OSCAR
Em termos de resultado, a 72ª edição do Globo de Ouro pode ser dividida em duas partes: a previsível de cinema e a imprevisível de TV. Os atores mais cotados de cinema levaram seus prêmios: Eddie Redmayne, Julianne Moore, Michael Keaton, Amy Adams, J.K. Simmons e Patricia Arquette, além de Richard Linklater como diretor. Só achei que os prêmios de roteiro e filme-comédia seriam invertidos: O Grande Hotel Budapeste levaria roteiro e Birdman levaria filme, mas de qualquer modo, foi um merecidíssimo prêmio para Wes Anderson. Provavelmente, a maior surpresa na parte de cinema tenha sido a vitória da sequência Como Treinar o Seu Dragão 2, já que Uma Aventura Lego vinha conquistando quase todos os prêmios da temporada de Melhor Animação, e em menor escala, a vitória do compositor Johann Johannsson pela trilha de A Teoria de Tudo, uma vez que Antonio Sanchez tinha as melhores chances por Birdman, mesmo tendo sido desqualificado da categoria no Oscar.
Pela TV, já pelo fato dos membros da Hollywood Foreign Press Association terem dado uma repaginada nos indicados, acabou proporcionando maiores oportunidades de surpresa. Séries que todo ano estavam indicadas foram deixadas de lado como The Big Bang Theory e Modern Family, permitindo a inclusão de novas como a vencedora Transparent, e Jane the Virgin e Sillicon Valley. Aliás, a série Transparent, da Amazon, fez história ao se tornar a primeira série online a ganhar o Globo de Ouro de Melhor Série. As séries da Netflix como House of Cards e Orange is the New Black falharam nesse quesito, mas pelo menos Kevin Spacey conquistou seu almejado prêmio de ator pela primeira. As maiores surpresas foram as vitórias de The Affair como Melhor Série – Drama, sua atriz Ruth Wilson, e a atriz coadjuvante Joanne Froggatt por Downton Abbey. A minissérie Fargo também surpreendeu ao bater favoritos como True Detective e o filme para tv The Normal Heart, mas a verdade é que Fargo sempre recebeu ótimos elogios, mas ninguém premiava. Coube ao Globo de Ouro recompensá-los numa noite em que os criadores do filme original estavam presentes: Joel Coen, Ethan Coen, Frances McDormand e William H. Macy.
FESTA BEM AMENA COM LAMPEJOS DE OUSADIA
Não sei o que houve com as hostesses Tina Fey e Amy Poehler. Quer dizer, elas fizeram suas piadas na apresentação como aquelas envolvendo a saga da Sony com a Coréia do Norte e o filme A Entrevista, e até polêmicas das acusações de estupro de Bill Cosby, mas ao longo da festa, não vimos novas inserções delas. Teriam sido proibidas? Aí, a organização colocou umas piadas tão sem graça para os apresentadores dos prêmios lerem ao vivo que o show foi decaindo muito rapidamente. Quando vi Ricky Gervais subindo ao palco pra apresentar, pensei: “Pronto, finalmente alguém pra levantar o ânimo!”, mas não sei se mandaram Ricky maneirar no tom, mas ele realmente pegou leve… Uma pena! Ele zombou do “momento John Travolta”, quando o ator introduziu a cantora Idina Menzel com “Adele Nazeem” no Oscar do ano passado: “Eu assisto (à gafe) toda hora no Youtube!”. Então, sobrou para o ator Jeremy Renner soltar a pérola masculina da noite. Quando apresentava o prêmio ao lado da mega decotada Jennifer Lopez, ao abrir o envelope ela falou: “Eu abro porque tenho as unhas” – “E os globos de ouro também”, completou o auspicioso Renner.
Tina Fey e Amy Poehler com Margaret Cho caracterizada como uma serva norte-coreana (photo by foxnews.com)
Seguem algumas pérolas da dupla Fey e Poehler:
Tina Fey: Tonight we celebrate all the television shows that we know and love, as well as all the movies that North Korea was OK with. (Hoje, celebramos todos os shows da tv que conhecemos e amamos, assim como todos os filmes que a Coréia do Norte permitiu).
Amy Poehler: Patricia Arquette in “Boyhood” proves that “there are still great roles for women over 40- as long as you get hired when you’re under 40” (Patricia Arquette em Boyhood prova que ainda há grandes papéis para mulheres acima dos 40 – contanto que você seja contratada antes dos 40) – referindo-se ao fato de que as filmagens de Boyhood começaram há 12 anos.
Amy Poehler: In “Into the Woods,” Cinderella runs from her prince, Rapunzel is thrown from a tower for her prince and Sleeping Beauty just thought she was getting coffee with Bill Cosby” (Em “Caminhos da Floresta”, Cinderela de seu príncipe, Rapunzel é jogada de sua torre para seu príncipe e A Bela Adormecida pensou que ia tomar um café com Bill Cosby). Elas até chegam a fazer algumas imitações de Cosby pra amenizar o ambiente, mas o dano já estava feito.
Mas a melhor da noite foi: George Clooney married Amal Amaluddin this year. “Amal is a human rights lawyer who worked on the Enron case, was an adviser to Kofi Anan regarding Syria and was selected for a three person UN commission regarding war violations in the Gaza Strip. So tonight her husband is getting a lifetime achievement award,”. (George Clooney se casou com Amal Amaluddin este ano. “Amal é uma advogada de direitos humanos que trabalhou no caso Enron, foi conselheira de Kofi Anan sobre a Síria e foi eleita para uma comissão de três pessoas das Nações Unidas para os casos de violações de guerra na Faixa de Gaza. Então, esta noite seu marido vai ganhar um prêmio pela carreira!”
George Clooney com sua esposa Amal Amaluddin (photo by John Shearer/ Invision/AP)
Houve até um bom momento de descontração na brincadeira do “Would you rather” (Você prefere):
– Colin Farrell ou Colin Firth? Edward Norton ou Mark Ruffalo? Chris Pine ou Chris Pine! – Tina interrompe. Richard Linklater ou Alejandro Iñárritu? Amy escolhe Iñárritu: “Um take, duas horas direto sem parar”, enquanto Tina prefere Linklater: “Cinco minutos uma vez por ano”
Houve uma ou outra manifestação mais polêmica como o discurso de Common na vitória de Melhor Canção por Selma, filme sobre a conquista dos direitos civis nos anos 60. Em seu discurso, ele cita momentos importantes na História como a senhora negra que se recusou a mudar de lugar no ônibus até casos recentes como os dois negros mortos por policiais brancos na tentativa de engrandecer uma película somente por questões raciais e não por méritos artísticos. Assim como também houve uma outra citação do atentado terrorista na França contra o semanário Charlie Hebdo. Ao apresentar o prêmio de atriz coadjuvante, o ator Jared Leto aproveitou o momento e fez uma citação em homenagem, e George Clooney ostentava um bóton no smoking com os mesmos dizeres com os dizeres “Je suis Charlie”. O presidente da HFPA, Theo Kingma, fez questão de defender a liberdade de expressão, seja na Coréia do Norte ou em Paris, e foi aplaudido de pé por todos.
EFEITOS DO GLOBO DE OURO
Assim como muitos especialistas já levantaram, o resultado do Globo de Ouro já não serve mais como melhor parâmetro para o que vai acontecer no Oscar. Dos últimos 10 anos, apenas 4 vencedores de Melhor Filme no Globo de Ouro repetiram o feito no prêmio da Academia. Atores que ganharam o Globo de Ouro podem nem ser indicado ao Oscar como Paul Giamatti por Minha Versão do Amor em 2011, e Colin Farrell (Na Mira do Chefe) e Sally Hawkins (Simplesmente Feliz) em 2009. E até em categorias mais técnicas não há garantias de presença no Oscar: o compositor Alex Ebert venceu o Globo de Ouro em 2014 por Até o Fim e sequer foi indicado pela Academia. Claro que os vencedores terão suas respectivas campanhas nitidamente fortalecidas para os prêmios seguintes como o Critics’ Choice Awards, SAGs e o BAFTA, mas até o dia 15 de janeiro, dia do anúncio das indicações ao Oscar, ninguém está realmente garantido, abrindo espaço para surpresas, sejam positivas ou negativas.
Falando em negativas, o jornal americano The New York Post teria publicado uma reportagem em que lista casos que envolvem corrupção na compra de prêmios e indicações. Dentre os casos citados estão as três indicações do fracasso total O Turista, estrelado por Angelina Jolie e Johnny Depp (ambos indicados nas categorias de comédia ou musical) – tanto que o host da noite Ricky Gervais citou que a HFPA teria os indicado apenas para tê-los no tapete vermelho; e a indicação para Melhor Filme – Comédia ou Musical e vitória de Melhor Canção para Burlesque, um musical bastante criticado e sequer visto pelo público. Confira matéria de Lou Lumenick: http://nypost.com/2015/01/09/are-the-golden-globes-becoming-as-credible-as-the-oscars/
Amy Adams, Michael Keaton e Julianne Moore podem ter garantido suas indicações ao Oscar. Podem. (photo by absnews.com)
Rumo ao Oscar, o vencedor de Melhor Filme – Drama, Boyhood: Da Infância à Juventude, caminha firme e forte, já que levou também os prêmios de Diretor e Atriz Coadjuvante, além de ter sido indicado a Roteiro, afinal, são categorias-base para todo vencedor de Melhor Filme no Oscar, sem contar toda a história fascinante dos bastidores de 12 anos de filmagens. Quanto aos atores, Julianne Moore parece uma aposta cada vez mais certa para o Oscar. Aclamada por público e crítica como uma das melhores atrizes desta geração, e depois de ser indicada quatro vezes ao Oscar sem vitória, este deve ser o ano dela. Acredito que o único obstáculo em seu caminho pode ser ela mesma. Se a Academia indicá-la como coadjuvante também por Mapa Para as Estrelas, os votos podem se dividir e ela pode ser novamente perdedora em dose dupla como foi em 2003, quando estava indicada por Longe do Paraíso como atriz, e por As Horas como coadjuvante.
J.K. Simmons e Patricia Arquette estão cada vez mais fortes como coadjuvantes, contudo não dá pra descartar ainda Mark Ruffalo e Edward Norton, caso o filme de Simmons, Whiplash: Em Busca da Perfeição, não se saia bem nas indicações. Já Arquette, por mais que possa ter Meryl Streep competindo, deve ser a porta-voz ou representante de todo o elenco de Boyhood. Gostei da vitória de Amy Adams por Grandes Olhos, o que pode lhe garantir uma nova indicação ao Oscar consecutiva, mas as chances reais de vitória seriam praticamente nulas. Por mais talentosa que Adams seja, acredito que lhe falta um personagem que sirva como um real desafio que exija mudanças físicas para então ganhar seu Oscar. Vejam os casos de Charlize Theron e Matthew McConaughey: nunca tinham sido indicados e ganharam na primeira chance por terem passado por processos de transformação física. Não sei se Amy tem contrato vitalício com marcas de cosméticos que a impeçam de ficar feia ou algo do tipo, mas ela deveria pensar nessa hipótese. A categoria de Ator é a mais aberta até o momento. Por mais que Michael Keaton e Eddie Redmayne tenham ganhado o Globo de Ouro, não há nem garantias de que eles estarão na lista do Oscar, tamanha a concorrência. Temos Jake Gyllenhaal, Benedict Cumberbatch, Ralph Fiennes, David Oyelowo, Steve Carell, Joaquin Phoenix e Bill Murray pelo menos na cola.
Patricia Arquette e J.K. Simmons ganham como coadjuvantes (photo by intoday.in)
Entre todos os filmes que receberam mais indicações, O Jogo da Imitação foi o maior perdedor. Presente em 5 categorias e como a maior aposta da Weinstein Company, o filme falhou em conquistar qualquer Globo de Ouro, nem um de consolação. Será que eles conseguem virar o jogo até o dia 22 de fevereiro?
A ELEITA
Não vou comentar os vestidos das moças. Prefiro falar das donas dos vestidos. E a melhor pela quinquagésima vez é Jessica Chastain. Essa mulher é um raio de sol. Só não esqueci que ela foi indicada para atriz coadjuvante por O Ano Mais Violento, porque foi uma pena que ela não subiu ao palco pra se apresentar.
Jessica Chastain no tapete vermelho (photo by usmagazine.com)
Seguem os vencedores do Globo de Ouro:
CINEMA
MELHOR FILME – DRAMA
Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)
MELHOR FILME – COMÉDIA OU MUSICAL
O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel)
MELHOR ATOR – DRAMA
Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)
MELHOR ATRIZ – DRAMA
Julianne Moore (Para Sempre Alice)
MELHOR ATRIZ – COMÉDIA OU MUSICAL
Amy Adams (Grandes Olhos)
MELHOR ATOR – COMÉDIA OU MUSICAL
Michael Keaton (Birdman)
MELHOR DIRETOR
Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude)
MELHOR ATOR COADJUVANTE
J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
MELHOR ROTEIRO
Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris, Armando Bo (Birdman)
MELHOR ANIMAÇÃO
Como Treinar Seu Dragão 2 (How to Train Your Dragon 2)
MELHOR FILME ESTRANGEIRO
Leviatã (Leviafan), de Andrey Zvyagintsev – RÚSSIA
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“Glory” por John Legend, Common (Selma)
MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
Johann Johannsson (A Teoria de Tudo)
TELEVISÃO
Equipe por trás da série vencedora The Affair (photo by ibtimes.com)
MELHOR SÉRIE DRAMÁTICA
The Affair
MELHOR ATOR EM SÉRIE DRAMÁTICA
Kevin Spacey (House of Cards)
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DRAMÁTICA
Ruth Wilson (The Affair)
MELHOR MINISSÉRIE OU TELEFILME
Fargo
MELHOR SÉRIE DE COMÉDIA
Transparent
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE, MINISSÉRIE OU TELEFILME
Joanne Froggatt (Downton Abbey)
MELHOR ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE, MINISSÉRIE OU TELEFILME
Matt Bomer (The Normal Heart)
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DE COMÉDIA
Gina Rodriguez (Jane the Virgin)
A bela Gina Rodriguez ganhou por Jane the Virgin. Definitivamente, a segunda colocada da lista das eleitas. (photo by nationalpost.com)
MELHOR ATOR EM SÉRIE DE COMÉDIA
Jeffrey Tambor (Transparent)
MELHOR ATRIZ EM MINISSÉRIE OU TELEFILME
Maggie Gyllenhaal (The Honorable Woman)
MELHOR ATOR EM MINISSÉRIE OU TELEFILME
Billy Bob Thornton (Fargo)
As indicações ao Oscar 2015 serão anunciadas ao vivo neste dia 15 de janeiro e a cerimônia ocorre no dia 22 de fevereiro.
O host do Oscar 2015, Neil Patrick Harris, em sua mensagem de fim de ano
Primeiramente, gostaria de agradecer ao pessoal que visita o blog, acompanha os posts com paciência e comenta. Trata-se do melhor incentivo que recebo, uma vez que escrevo aqui puramente por paixão ao ofício e à Arte do Cinema. O post de hoje é o último do ano de 2014. Achei uma boa idéia fazer uma espécie de retrospectiva do ano em relação aos principais acontecimentos e aos filmes vistos. Gostaria também de convidar a todos pra escrever sobre os seus favoritos (ou piores) de 2014.
OSCAR 2014
A Academia fez história ao premiar 12 Anos de Escravidão como Melhor Filme. Trata-se do primeiro produzido e dirigido por um negro (Steve McQueen), assim como escrito por um roteirista negro (John Ridley) a ganhar o Oscar. Curiosamente, esse fato ocorre no mesmo ano em que há uma crise nos conflitos raciais nos EUA, originada por morte de negros por policiais brancos, prova de que o racismo está longe de ter fim, mesmo em pleno século XXI. Não sei se a escolha da Academia teve maior embasamento político, mas meu voto iria para O Lobo de Wall Street. Depois que Martin Scorsese ganhou finalmente seu Oscar em 2007, ele se libertou das amarras do academicismo e passou a alçar vôos mais ambiciosos. De lá pra cá, ele dirigiu o ousado terror noir de A Ilha do Medo, a carta de amor ao Cinema de A Invenção de Hugo Cabret e este libertino O Lobo de Wall Street, pelo qual ele teve finalmente sua recompensa em apostar em Leonardo DiCaprio. É um raríssimo caso em que o Oscar continuou iluminando a carreira já vitoriosa de um vencedor.
Quanto aos resultados, eu tiraria o Oscar de montagem de Gravidade e daria para Capitão Philips, por conseguir manter a tensão do início ao fim claustrofóbico. O Oscar de maquigem também teria outro dono na minha opinião, pois Clube de Compras Dallas tem mais do esforço dos atores do que maquiagem propriamente dita. E gostaria que o Oscar de coadjuvante fosse para a graciosa June Squibb por Nebraska. Pode parecer que estou preferindo Squibb a Lupita Nyong’o simplesmente pela idade, mas eu realmente considero sua interpretação mais consistente. Ela é o ponto de equilíbrio entre os personagens do filho (Will Forte) e o pai (Bruce Dern) sem deixar de perder o senso de humor e a ternura. Eu também gostaria que Judi Dench vencesse seu segundo Oscar por Philomena, mas Cate Blanchett estava tão imbatível em Blue Jasmine que parecia missão impossível.
June Squibb em cena de Nebraska (photo by cinemagia.ro)
MARATONA JAMES BOND
Fui introduzido ao universo de James Bond pelo meu pai, que assistia aos filmes de Sean Connery nos cinemas. Na adolescência, cheguei a juntar minha mesada pra comprar a coleção de VHS que saiu nas bancas e fui conhecendo filme por filme. Como comprei a coleção em blu-ray no final do ano passado, achei uma ótima oportunidade pra fazer uma maratona James Bond neste ano e em ordem cronológica de lançamento.
Claro que os melhores filmes permanecem aqueles estrelados por Sean Connery. Meu pai e meu irmão gostam de Moscou Contra 007. Já eu prefiro 007 Contra o Satânico Dr. No pelo frescor na espionagem ou 007 Contra Goldfinger por ser bem icônico na saga, mas confesso que se eu pudesse eleger apenas um, meu favorito hoje seria 007 – Cassino Royale. Gosto da estrutura do filme, que segue as pistas até chegar aos peixes grandes. Os personagens estão bem definidos: dos vilões Mollaka, que pratica le parkour no início do filme, Le Chiffre, que conta com a força da presença de Mads Mikkelsen, a incógnita Vesper Lynd feita pela igualmente misteriosa Eva Green, e o que dizer de Daniel Craig? Admito que quando soube da escolha dele como 6º Bond, tive minhas dúvidas, mas que logo se dissiparam nos primeiros minutos do filme. Meu pai, fã de Connery, não gosta de Craig: “Ele é muito burucutu, sem charme”. Sim, no filme ele é meio sem noção, mas temos que lembrar que se trata de um reboot na franquia. O personagem icônico está em sua primeira missão como agente com permissão para matar e seus deslizes são mais do que comuns e perdoáveis. Daniel Craig tornou o personagem palpável, com direito a cometer erros, vulnerável e humano. É ali também que descobrimos por que ele se tornou tão desconfiado em relação às mulheres.
Indubitavelmente, depois de sua inserção no universo de Bond, a saga do espião nos cinemas definitivamente subiu de nível. Deixou de ser aquelas aventuras que só tinham o intuito de mostrar belas mulheres e locações para acrescentar à cultura mundial. Infelizmente, sofreu com a greve de roteiristas em 007 – Quantum of Solace, mas com 007 – Operação Skyfall, com a colaboração do diretor Sam Mendes, o diretor de fotografia Roger Deakins e o diretor de arte Dennis Gassner, a parte técnica foi para patamares nunca explorados, tanto que o filme recebeu indicações ao Oscar de fotografia, e o ganhou o BAFTA de Melhor Filme Britânico.
Um fato curioso é que este ano, três atores que viveram vilões na saga James Bond partiram: Richard Kiel, que interpretou Jaws, o vilão que virou mocinho (007 – O Espião que Me Amava e 007 Contra o Foguete da Morte). Gottfried John, o frio Coronel Ourumov (007 Contra GondenEye). E Geoffrey Holder, o imortal Barão Samedi (Com 007 Viva e Deixe Morrer).
Do topo da esquerda em sentido horário: Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Daniel Craig, Pierce Brosnan e Timothy Dalton (photo by thekliqnation.com)
MARVEL NAS MÃOS CERTAS E ERRADAS
Como fã declarado da Marvel Comics do tipo que colecionava quadrinhos do Homem-Aranha e X-Men, vou aos cinemas ver as adaptações com um sorriso enorme no rosto, pois na época em que acompanhava as histórias, pensava que esse dia jamais chegaria. Este ano, o maior prazer foi assistir à sequência Capitão América: O Soldado Invernal, tanto que fui duas vezes ao cinema. A grande fórmula do sucesso do produtor Kevin Feige tem sido o acerto na hora de contratar os diretores, roteiristas e atores. Nada de ficar cedendo às pressões dos executivos dos estúdios para chamar celebridades ou diretores com pedigree. Os diretores Anthony Russo e Joe Russo também acertaram ao abordar o resgate do Capitão América ao século XXI como um grande filme de espionagem dos anos 70 como Três Dias de Condor.
Robert Redford e Chris Evans em cena de Capitão América: O Soldado Invernal (photo by cinemagia.ro)
Inteligentemente, a Marvel Studios não vive apenas de sequências para não ver a fonte de renda secar. Para isso, ela fez uma aposta de alto risco com a adaptação de Guardiões da Galáxia, pois são personagens considerados de segunda linha da editora, e por isso, tinham tudo para ser um possível fracasso comercial. A aposta se estendeu até na escolha do protagonista: o jovem Chris Pratt, que até então era ator de segundo escalão e coadjuvante da série de comédia Parks & Recreation, felizmente deu bastante certo como Peter Quill, vulgo Star Lord. Após tamanho sucesso nas bilheterias, a sequência já está confirmada para 2017, e Pratt ainda conseguiu papel de protagonista no próximo Jurassic World.
Integrantes excêntricos do grupo Guardiões da Galáxia. (photo by outnow.ch)
Infelizmente (mesmo!), como a Marvel Comics faliu nos anos 90, ela se viu obrigada a vender os direitos autorais de seus personagens para grandes estúdios como Fox e Sony, o que impossibilita os tão aguardados crossovers nas telas e geram incontáveis novas adaptações de qualidade duvidosa. Digamos que a Marvel Studios, que originou sucessos como a trilogia do Homem de Ferro e Os Vingadores, cria os filmes com planejamento e respeito ao público e aos milhares de fãs mundo afora. Já a Sony e Fox estão mais interessadas em pegar carona na alta dos super-heróis, tanto que fizeram reboots do Homem-Aranha apenas 5 anos depois de Homem-Aranha 3 (estrelado por Tobey Maguire) e dos mutantes X-Men com X-Men: Primeira Classe, retratando a juventude dos personagens nos anos 60 e, agora com X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, praticamente apagaram toda a história passada nos filmes anteriores por causa das viagens no tempo.
Para o grande público, talvez quem produz o filme não faça diferença, mas os números nas bilheterias são mais uma prova de que quando as adaptações são bem pensadas, bem filmadas e bem finalizadas, o sucesso é mera consequência e os filmes entram para a História do Cinema.
NETFLIX E OUTRAS ALTERNATIVAS
Depois da dificuldade que passei ano passado em encontrar títulos no mercado legal (precisava assistir a A Hora Mais Escura pra escrever um artigo antes do Oscar), tive que recorrer a outros meios “não tão legais assim”. Este ano, descobri um bom site chamado Toca dos Cinéfilos, que dispõe de um ótimo acervo de filmes em streaming. De lá, assisti finalmente ao filme romeno vencedor da Palma de Ouro, 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, que estava procurando há tempos. Claro que não apresenta a melhor qualidade de imagem de áudio e vídeo, mas na atual conjuntura, “é o que tem pra hoje”. Não recomendo aos cinéfilos assistir aos filmes nesses sites por se tratar de um crime previsto em lei, mas com a péssima distribuição de filmes e os altos impostos cobrados em mídias digitais como DVDs e Blu-Rays aqui no Brasil, não tem como desestimular as pessoas a procurar outras alternativas.
Hoje em dia, um ingresso de cinema não sai por menos de 25 reais nos shoppings, sem contar o estacionamento e aqueles combos de pipoca de ouro. Enquanto isso, o filme polonês favorito ao Oscar de Filme em Língua Estrangeira, Ida, está disponível nesse site. Claro que em qualidade inferior e dublado num francês meio sofrível, mas quem não tem cão..
4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (photo by outnow.ch)
Já no Netflix, confesso que mais revi do que assisti novos filmes. Um Príncipe em Nova York, Um Tira no Jardim de Infância e Os Garotos Perdidos foram alguns desses títulos, que não via há um bom tempo. Mas a maior surpresa ficou por conta de um achado: O Destino Mudou sua Vida, de Michael Apted. Como sempre fui atrás dos filmes que ganharam o Oscar, procurei por este que rendeu a estatueta de Melhor Atriz para Sissy Spacek por vários anos, mas nunca tinha visto cópia em VHS ou DVD. A performance de Spacek é digna de nota, pois ela abrange a personagem real Loretta Lynn da adolescência até a idade adulta no auge da carreira de cantora country, além de cantar com sua própria voz. A atriz bateu outros nomes de peso como Gena Rowlands, Ellen Burstyn e Mary Tyler Moore naquele ano de 1981. E curiosamente, Tommy Lee Jones faz o marido Doolittle Lynn; mesmo bem mais novo, já tinha aquela cara de carrancudo!
Tommy Lee Jones e Sissy Spacek em O Destino Mudou Sua Vida (photo by outnow.ch)
CRÍTICAS POSITIVAS E NEGATIVAS
Pra não dizer que só fui na base da ilegalidade, comprei o DVD da ficção científica Sob a Pele, de Jonathan Glazer, mesmo este disponível em streaming. Provavelmente é o filme mais estranho que vi este ano. Por mais que tenha sentido falta de uma coerência ou até mesmo uma questão de unidade, foi um dos filmes que mais se destacaram pelo frescor de suas imagens, aliadas a uma trilha igualmente bizonha com direito a tema de sedução. Acredito que são esses filmes que almejam inovações que fazem do cinema uma Arte que atravessa as décadas e se mantém no topo, porque se dependesse de produtores atuais que só pensam em números de bilheteria, o Cinema seria um entretenimento acéfalo do tipo “Pão e Circo”.
Cena de Sob a Pele (photo by cinemagia.ro)
Apesar de não bater muito bem da cabeça, os filmes de Lars von Trier seguem na mesma linha de inovação, do tipo “ame ou odeie”. Este ano, vi os dois volumes do filme Ninfomaníaca. Assim como os filmes de Kill Bill, de Tarantino, a divisão tornou o primeiro volume em algo mais episódico e de humor mais acertivo, já o segundo é mais sóbrio com a busca pelo prazer ultrapassando os limites físicos e psicológicos que lembram o néo-clássico de Nagisa Oshima, O Império dos Sentidos (1976). Como o diretor dinamarquês iniciou sua carreira com filmes esteticamente perfeitos como Elemento de um Crime (1984) e Europa (1991), e depois pegou carona no Movimento Dogma 95 que não permitia recursos técnicos básicos como iluminação, resultando em Os Idiotas (1998) e Dançando no Escuro (2000), ele teve uma interessante experiência na mistura da estética com a narrativa. Seus últimos filmes são provas concretas desse aprendizado: Dogville (2003), Anticristo (2009), Melancolia (2011) e esses dois Ninfomaníaca. Em 2011, foi banido do Festival de Cannes quando declarou que “entendia Hitler” e se dizia anti-semita, mas independente de suas posições políticas, seus filmes já podem ser considerados eventos.
Cena de Ninfomaníaca Vol. 2 – Versão do Diretor (photo by outnow.ch)
Já em relação aos filmes mais mainstream, meu voto de melhor do ano vai para Boyhood: Da Infância à Juventude. Gosto de praticamente tudo: do projeto de 12 anos, da paixão dos profissionais envolvidos por tanto tempo, do roteiro “sem história”, dos personagens centrais em constante transformação, da expectativa da mãe sobre a vida: “É isso? Eu esperava mais…”. É um filme intimista que explora a relação que temos com o tempo e com as pessoas que amamos. A gente fica tão ligado em histórias e tramas mirabolantes, que esquecemos o poder de um olhar tão atento aos detalhes como o de Richard Linklater. Não vi todos os possíveis concorrentes, mas espero que Boyhood consiga suas indicações e até ganhe o Oscar de Melhor Filme.
Da esquerda para a direita: Lorelei Linklater, Ethan Hawke e Ellar Coltrane em Boyhood: Da Infância à Juventude (photo by elfilm.com)
Quanto às bombas do ano, meu voto vai para o novo Godzilla. Quando se erra no tom, nem trazendo Tom Cruise, Brad Pitt, Julia Roberts, Meryl Streep… quer dizer, Meryl Streep não. Ela é à prova de fracassos! Não sou fanático por filmes de monstros, mas gostei do sul-coreano O Hospedeiro (2006) e achei interessante o Cloverfield: Monstro (2008), por exemplo, mas essa nova versão do monstro nuclear nipônico não acrescenta em nada na história originada nos anos 50. Quanto ao tom, se fosse mantido o mesmo do início do filme em que Juliette Binoche e Bryan Cranston realmente vivem personagens envolvidos numa tragédia, certamente o filme seria outro. Se tem uma receita certa para filmes de monstros, é que se deve valorizar muito mais os personagens do que o monstro em si. E fiquei com pena da Sally Hawkins, que por mais que tenha ganhado seu salário, não passou de uma tradutora de japonês de Ken Watanabe: um desperdício de talento.
Godzilla: Enquanto Bryan Cranston esteve na tela, o filme era “assistível”. Depois eu queria meu dinheiro de volta! (photo by outnow.ch)
Gostaria de aproveitar pra fazer um comentário à parte em relação ao filme Garota Exemplar. Quando soube que o livro seria adaptado para o cinema pelas mãos de David Fincher, não hesitei em comprar o livro e ler, afinal, ele é o melhor diretor pra cuidar de personagens psicóticos (Seven: Os Sete Crimes Capitais, Clube da Luta e Zodíaco), mas fiquei um pouco desapontado com o resultado final. Desde o sucesso de A Rede Social (2010), o estilo visual de Fincher não mudou quase nada nos filmes seguintes: Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011) e agora Garota Exemplar. Mesmo não se tratando de um trilogia, o diretor realizou uma espécie de “pasteurização” em todos os departamentos: fotografia com cores frias, direção de arte, trilha musical com poucas notas e uma montagem frenética que beira o automático. Embora Garota Exemplar seja uma boa adaptação do best-seller de Gillian Flynn, o diretor poderia rever seus conceitos para o próximo projeto antes que se torne repetitivo demais.
FILMES NA 38ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO
Toda vez que a Mostra de Cinema vai vender pacotes de filmes, estou fora da cidade! Felizmente, desde o ano passado, o evento passou a contar com a evolução das vendas de ingresso pela internet. Pra quem trabalha o dia todo e não tem como ficar trocando ingressos durante o dia, a internet é uma mão na roda. Depois de muita análise da programação, consegui pegar algumas sessões interessantes como a de Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo. O novo filme de Bennett Miller foi indicado à Palma de Ouro em Cannes e saiu com o prêmio de Direção. O trio de atores está excepcional: Steve Carell impressiona por sua frieza nas expressões e em sua movimentação lenta, como se estivesse num transe; Channing Tatum como uma força incontrolável e sem direção, com olhar misterioso e perdido; e Mark Ruffalo consegue cativar como o irmão mais velho de Tatum com carisma e seriedade sem fazer muito esforço, já que tem um talento natural para se transformar nos personagens.
Channing Tatum e Mark Ruffallo trabalham no novo filme de Bennett Miller, Foxcatcher (photo by outnow.ch)
Também destaco o filme russo Leviatã, que faz uma ótima metáfora religiosa da história de Jó com uma leitura política da Rússia de hoje, sem abrir mão do humor ácido e politicamente incorreto. Adoraria ver a reação do presidente Vladimir Putin ao ver esse filme! É um belo tapa na cara da república ditatorial que ele vem criando. Gostaria que houvesse mais filmes assim aqui no Brasil, pois já que os políticos são intocáveis, nada melhor do que um tapa bem dado em quem governa e rouba este país. Por Leviatã, o diretor Andrey Zvyagintsev foi merecidamente premiado pelo roteiro em Cannes, e está concorrendo ao Globo de Ouro de Filme Estrangeiro.
Cena de A Pequena Morte (photo by outnow.ch)
Já na repescagem da Mostra, apostei no filme australiano A Pequena Morte e me surpreendi bastante. Já que o título se refere à pequena morte do orgasmo, o filme conta com várias histórias de casais com problemas sexuais que habitam o mesmo bairro. Como num filme de Robert Altman, os personagens cruzam entre si durante suas jornadas particulares, formando um mosaico irresistível de humor refinado, que nunca vi antes numa comédia americana. Aliás, vi o filme no CineSesc da rua Augusta e nessa noite, estava caindo um temporal dos infernos. Como a sala não tinha gerador, a projeção foi interrompida umas cinco vezes! O público só ficou mesmo porque o filme valia a pena. Não deve ter previsão de estréia por aqui, pra variar, então o jeito é vasculhar na internet…
ATOS SELVAGENS NO CINEMA
Enquanto o filme começava na sala do shopping Bourbon, um casal chegou atrasado e segundo relatos da minha prima, que sentou ao lado, não parava de fazer comentários do tipo: “Ah isso é típico de argentino!”. Fato que irritou também o casal de idosos que estava sentado logo na fileira de trás, que passou a dar uns “chutes amigáveis” na poltrona na mulher falastrona pra ver se se toca, mas o nível de ignorância foi tamanha, que a mulher passou a gritar com palavras de baixo calão para a senhora, que ficou perplexa. A discussão durou cerca de 2 minutos, e nesse momento, o público ficou mais interessado no relato selvagem da realidade do que do próprio filme que trata de personagens em situação limite.
Relatos Selvagens é formado por seis segmentos não-interligados entre si, mas que possuem personagens à beira de um ataque de nervos em comum, então são muitas situações envolvendo vingança e momentos críticos. Como é um tema universal, fica muito fácil de se identificar com as histórias. Em especial, a história denominada “Bombita”, estrelada por Ricardo Darín, ele tem seu carro guinchado por ter estacionado em local proibido mal sinalizado. Indignado com a lei má aplicada, ele enfrenta a burocracia a seu modo. Tenho certeza de que todo brasileiro se identificou e torceu pelo personagem.
Cena da última história do argentino Relatos Selvagens (photo by cine.gr)
Quanto à barbarie dentro das salas de cinema, tive outra experiência negativa ao assistir o terror Annabelle. Eu já sabia que encararia público mais mal comportado e “aborrecente”, por isso mesmo, meus amigos e eu decidimos pegar a última sessão de uma segunda-feira. Eu até pensei em deixar pra ver em casa, mas além de terror ser um gênero propício para cinema, o filme estava batendo recordes de bilheteria no Brasil, sendo o mais visto no gênero da História! Depois que o filme terminou, vi o quão baixo está o nível mínimo de exigência do público brasileiro. Que filme ruim! Roteiro fraquíssimo com personagens fúteis em cenas que não avançam a história e sequer assustam. Como se não bastasse o horror do filme, tinha o horror da sala de cinema pra aturar. Havia dois casais do tipo início de relacionamento, em que o macho quer impressionar a fêmea explicando os acontecimentos com narração à la Galvão Bueno. Felizmente, meu amigo é mais cri-cri do que eu, ele conseguiu impôr silêncio a um dos casais com um pedido educado, mas o outro não quis nem saber. Achava que estava na sala da casa deles, e nem quis saber!
Quando eu reclamo bastante aqui que o público não sabe se comportar na sala de cinema, não é exagero da minha parte. Tem muita gente que acha que tem o direito de conversar, falar alto, deixar o celular ligado e atender (!), comer alimentos impróprios para uma sala fechada como McDonald’s (a sala inteira passa a cheirar queijo) e, se abordada por outro espectador incomodado, ainda se defende dizendo que está pagando para ver o filme! Teve momentos na minha vida, em que eu era mais revoltado e chegava a discutir ou pelo menos lançar um sucinto “Shhh”, mas depois de tanto presenciar reações ignorantes e até agressivas, passei a deixar de lado. Procuro me concentrar no filme ao máximo, e caso o papagaio seja incansável, procuro um outra poltrona livre para me mudar.
‘A ENTREVISTA’ ENTRE EUA, HOLLYWOOD E CORÉIA DO NORTE
A saga do filme A Entrevista começou alguns meses atrás, mas como continua tendo desdobramentos, preferi aguardar algum desfecho para me pronunciar aqui. Resumidamente, o estúdio Sony sofreu um ataque de hackers em novembro, causando desdobramentos desagradáveis. Primeiramente, e-mails entre executivos foram expostos, revelando orçamentos de produções, salários de artistas e expondo conversas pessoais contendo críticas e ofensas a algumas celebridades como Angelina Jolie. O produtor Scott Rudin teria classificado a atriz e diretora como “mimada e pouco talentosa” numa troca de e-mails com a produtora Amy Pascal.
Cena de A Entrevista com James Franco (centro) e Seth Rogen (à direita). Photo by outnow.ch
Até aí, tudo bem. Não houve consequências desastrosas, mas apenas situações embaraçosas. Contudo, o vazamento ganhou proporções colossais quando o grupo por trás do ataque passou a ameaçar os EUA se a Sony resolvesse lançar o filme de comédia A Entrevista: “Mostraremos claramente que os locais de exibição de ‘A Entrevista’ no dia da estréia terão um destino amargo… O mundo verá em breve que filme ruim fez a Sony Pictures. O mundo estará repleto de medo. Lembrem-se do 11 de setembro de 2001. Recomendamos que fiquem longe dos cinemas”. Aí o negócio ficou feio e a Sony decidiu cancelar o lançamento previsto para o Natal. A decisão não agradou o presidente Barack Obama, que em seu discurso, diz que não negocia com terroristas e que baixar a cabeça é abrir mão da liberdade de expressão que tanto o país lutou para conquistar. Houve um disse-que-me-disse entre a Sony e os exibidores. O estúdio alegou que os cinemas abortaram a exibição, enquanto os cinemas defendem que a Sony que cancelou o lançamento.
A bem da verdade é que não dá pra arriscar vidas inocentes, ainda mais depois do 11 de setembro, mas também não podemos ferir a liberdade que nos é tão essencial hoje. Em minha humilde opinião, adiaria o lançamento por umas duas semanas até conseguir rastrear o sinal dos hackers; e não simplesmente cancelar. Muito se falou que o governo norte-coreano estaria por trás do ataque e das ameaças, mas nada foi realmente provado. Acho inadmissível o governo da maior potência do mundo não conseguir identificar a origem das ameaças. Se o ex-funcionário da NSA, Edward Snowden, nos ensinou é que todos podem ser vigiados pela Inteligência norte-americana. Onde estão os responsáveis? Meu palpite é que são um bando de nerds hackers gordinhos escondidos numa casa num estado americano.
Ativistas? ONG? Teorias conspiratórias republicanas que almejam uma guerra entre EUA e Coréia do Norte para vender mais armamento bélico? Depois do fascínio pelo personagem anárquico do Coringa em Batman: O Cavaleiro das Trevas, não duvido nem um pouco que se tratam de pessoas que querem ver apenas o circo pegar fogo.
Por enquanto, o resultado final é feliz. O filme foi lançado em salas selecionadas e está faturando alto, até mesmo pela curiosidade do público depois das notícias. Apesar de ter faturado 3 milhões de dólares nas salas, está rendendo mais de 15 milhões em serviços online. Engraçado que depois de um incidente desses, se os resultados melhorarem ainda mais, os executivos podem lançar mais filmes online.
DESPEDIDAS
No Oscar 2015, a homenagem In Memorian deverá tomar mais tempo. Foram tantos artistas e profissionais que nos deixaram este ano, que a lista é extensa. Remanescentes e lendas da era de ouro do Cinema como Lauren Bacall, Shirley Temple e Mickey Rooney se foram, assim como grandes nomes indicados ao Oscar como James Garner, Bob Hoskins, Ruby Dee, Juanita Moore, e o diretor Paul Mazursky. Entre os vencedores do prêmio da Academia, perdemos o grande diretor Mike Nichols (vencedor por A Primeira Noite de um Homem em 1968), o diretor Richard Attenborough (vencedor por Gandhi) e que curiosamente, é mais conhecido por ter vivido o criador do parque dos dinossauros, o Dr. Hammond em Jurassic Park, e a perda precoce do documentarista Malik Bendjelloul, vencedor de Melhor Documentário por Procurando Sugar Man em 2013, aos 36 anos por suicídio.
Aliás, infelizmente, o suicídio foi pauta nas mortes dos atores Robin Williams e Philip Seymour Hoffman. Enquanto o primeiro sofria de um quadro de depressão, o segundo estava lutando contra as drogas, mas ambos estavam necessitando de ajuda urgentemente. A morte de Robin Williams acabou chamando mais a atenção da mídia pela disparidade, tanto que muitos se perguntavam: “Como um ator e comediante que vivia fazendo papéis cômicos se enforca por depressão?”. Se olharmos com atenção a escolha de papéis dele, só tem tristeza: o pediatra de crianças especiais de Patch Adams – O Amor é Contagioso, o mendigo de O Pescador de Ilusões, o pai que não consegue ficar com os filhos em Uma Babá Quase Perfeita, e o que dizer do médico que morre para resgatar sua esposa do inferno em Amor Além da Vida!? Já dá pra ficar deprê só de ver os filmes, imagine vivenciar esses personagens por meses?
A morte de Philip Seymour Hoffman me lembrou a perda de Heath Ledger. Dois talentos recentemente descobertos que logo partiram deixando um legado que muitos batalham a carreira toda e não conseguem. O mais triste foi ler no jornal: “Ator de ‘Jogos Vorazes’ morre aos 46 anos”. O cara estrela Boogie Nights – Prazer Sem Limites, O Grande Lebowski, Magnólia, O Talentoso Ripley, A Última Noite, A Família Savage, Jogos do Poder, Sinédoque Nova York, Dúvida, O Mestre e vence o Oscar por Capote, e termina como ator de Jogos Vorazes. Que triste…
Philip Seymour Hoffman com seu Oscar por Capote (photo by post-gazette.com)
Também gostaria de citar o ator e diretor Harold Ramis, que ficou mais conhecido como Egon dos Caça-Fantasmas e diretor de Feitiço do Tempo; e do grande Eli Wallach, que viveu o inesquecível Tuco do grande western spaghetti Três Homens em Conflito, de Sergio Leone. E hoje foi anunciada a morte da atriz Luise Rainer aos 104 anos. Ela ganhou dois Oscars consecutivos de Melhor Atriz por Ziegfeld – O Criador de Estrelas e Terra dos Deuses na década de 30.
FELIZ 2015!
Gostaria de desejar um próspero ano novo para todos os cinéfilos mundo afora. Que em 2015, haja mais compreensão e menos corrupção. Não defendo nenhum partido, mas só nesse escândalo da Petrobrás, foram roubados 10 bilhões de reais. Imaginem o que esse dinheiro poderia fazer para a educação do nosso país? Recentemente, assisti ao Noites de Cabíria, de Federico Fellini. Nele, a personagem de Giulietta Masina vive uma prostituta que sofre o filme todo, mas sempre mantém a esperança de uma vida melhor. E é esse filme que recomendo para aqueles que acreditam que o futuro pode ser, sim, melhor! Forte abraço a todos e Feliz 2015!
Giulietta Masina como a personagem Cabiria (photo by cineyteatro.es)
Alexandre Desplat tem 5 trilhas elegíveis este ano. O homem mais compõe do que dorme (photo by Annamaria DiSanto in nytimes.com)
CATEGORIAS MUSICAIS APRESENTAM SEUS VÁRIOS CONCORRENTES PARA O OSCAR 2015
A Academia anunciou 114 trilhas musicais elegíveis para disputar as cobiçadas 5 indicações da categoria Melhor Trilha Musical Original. Trata-se de uma das mais disputadas categorias da premiação, pois além do alto número de competidores, existem regras bem rígidas que desqualificam trabalhos interessantes como aconteceu com a trilha de Howard Shore de O Aviador por apresentar trechos pré-existentes de outras composições ou a intensa trilha de Jonny Greenwood de Sangue Negro por não se encaixar na musicalidade do departamento musical acadêmico.
Este ano, dois trabalhos interessantes foram tachados de inelegíveis: as trilhas de Antonio Sanches (Birdman) e Justin Hurwitz (Whiplash: Em Busca da Perfeição). Curiosamente, ambas são compostas por bateria e, segundo as regras da Academia, não apresentariam os requisitos necessários. Só para citar um exemplo que pode ter colaborado para a desqualificação dos trabalhos, o regulamento pede para que “a trilha seja composta especificamente para o filme pelo compositor como resultado de sua interação com o diretor, não tendo sido ouvido anteriormente em lugar nenhum”, além da regra que não permite a diluição de outras músicas no trabalho final do caso O Aviador citado no primeiro parágrafo.
O compositor Antonio Sanchez ficou de fora da corrida pelo Oscar por sua trilha de Birdman (photo by remezcla.com)
Em termos de rigidez, a categoria de Trilha Musical talvez seja a mais chata. Não é à toa que muitas composições em destaque acabam morrendo na praia, desvalorizando a competição em si. Concordo que a Academia deve manter o padrão de sua grandiosa história, mas muitos trabalhos interessantes acabam ficando no limbo por simplesmente não se encaixarem nos moldes pré-determinados. Houve uma época em que havia uma categoria de Trilhas Musicais Adaptadas que poderia acolher estas trilhas do ostracismo, mas foi extinta há muito tempo.
Já entre as trilhas que foram classificadas, o grande herói é o compositor francês Alexandre Desplat com nada menos que CINCO trabalhos elegíveis, tendo dois fortes concorrentes: O Jogo da Imitação (já indicado para o Globo de Ouro) e O Grande Hotel Budapeste. Desplat já foi indicado 6 vezes ao Oscar, mas nunca levou. Talvez seja finalmente seu ano de consagração.
Além de sua trilha, outras quatro foram indicadas ao Globo de Ouro:
– Hans Zimmer (Interstelar)
– Antonio Sanchez (Birdman)
– Trent Reznor e Atticus Ross (Garota Exemplar)
– Jóhann Jóhannsson (A Teoria de Tudo)
– Alexandre Desplat (O Jogo da Imitação)
O jovem compositor Mica Levi, que concorre por Sob a Pele, interessante filme de Jonathan Glazer (photo by m-magazine.co.uk)
Outro trabalho que vem chamando atenção dos críticos é a trilha de Mica Levi por Sob a Pele. Embora seja sua primeira trilha para cinema, a Academia pode muito bem encaixá-la no lugar do desqualificado Birdman…
Segue a lista das 114 trilha musicais que atravessaram a praia:
American Revolutionary: The Evolution of Grace Lee Boggs, por Vivek Maddala Anita, por Lili Haydn Annabelle (Annabelle), por Joseph Bishara Um Novo Amor (At Middleton), por Arturo Sandoval Atlas Shrugged: Who Is John Galt?, por Elia Cmiral Ursos (Bears), por George Fenton Belle, por Rachel Portman Grandes Olhos (Big Eyes), por Danny Elfman Operação Big Hero 6 (Big Hero 6), por Henry Jackman Festa no Céu (The Book of Life), por Gustavo Santaolalla e Tim Davies Os Boxtrolls (The Boxtrolls), por Dario Marianelli 13º Distrito (Brick Mansions), por Trevor Morris Cake, por Christophe Beck Calvário (Calvary), por Patrick Cassidy Capitão América: O Soldado Invernal (Captain America: The Winter Soldier), por Henry Jackman The Case against 8, por Blake Neely Cheatin’, por Nicole Renaud Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes), por Michael Giacchino O Desaparecimento de Eleanor Rigby (The Disappearance of Eleanor Rigby: Them), por Son Lux Divergente (Divergent), por Tom Holkenborg Winter, o Golfinho 2 (Dolphin Tale 2), por Rachel Portman Drácula: A História Nunca Contada (Dracula Untold), por Ramin Djawadi A Grande Escolha (Draft Day), por John Debney The Drop, por Marco Beltrami e Buck Sanders Terra Para Echo (Earth to Echo), por Joseph Trapanese No Limite do Amanhã (Edge of Tomorrow), por Christophe Beck Amor Sem Fim (Endless Love), por Christophe Beck e Jake Monaco O Protetor (The Equalizer), por Harry Gregson-Williams Êxodo: Deuses e Reis (Exodus: Gods and Kings), por Alberto Iglesias A Culpa é das Estrelas (The Fault in Our Stars), por Mike Mogis A Fotografia Oculta de Vivian Maier (Finding Vivian Maier), por J. Ralph Corações de Ferro (Fury), por Steven Price Garnet’s Gold, por J. Ralph Girl on a Bicycle, por Craig Richey O Doador de Memórias (The Giver), por Marco Beltrami Godzilla (Godzilla), por Alexandre Desplat Garota Exemplar (Gone Girl), por Trent Reznor e Atticus Ross A Boa Mentira (The Good Lie), por Martin Léon O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel), por Alexandre Desplat The Great Flood, por Bill Frisell Hércules (Hercules), por Fernando Velázquez The Hero of Color City, por Zoë Poledouris-Roché e Angel Roché Jr. O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (The Hobbit: The Battle of the Five Armies), por Howard Shore The Homesman, por Marco Beltrami Quero Matar Meu Chefe 2 (Horrible Bosses 2), por Christopher Lennertz Como Treinar o Seu Dragão 2 (How to Train Your Dragon 2), por John Powell A 100 Passos de um Sonho (The Hundred-Foot Journey), por A.R. Rahman Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 (The Hunger Games: Mockingjay — Part 1), por James Newton Howard I Origins, por Will Bates e Phil Mossman O Jogo da Imitação (The Imitation Game), por Alexandre Desplat Vício Inerente (Inherent Vice), por Jonny Greenwood Interestelar (Interstellar), por Hans Zimmer A Entrevista (The Interview), por Henry Jackman No Olho do Tornado (Into the Storm), por Brian Tyler Jal, por Sonu Nigam e Bickram Ghosh O Juiz (The Judge), por Thomas Newman O Mensageiro (Kill the Messenger), por Nathan Johnson Kochadaiiyaan, por A.R. Rahman A Lenda de Oz (Legends of Oz: Dorothy’s Return), por Toby Chu Uma Aventura Lego (The Lego Movie), por Mark Mothersbaugh Libertador (The Liberator), por Gustavo Dudamel Life Itself – A Vida de Roger Ebert (Life Itself), por Joshua Abrams Viver é Fácil com os Olhos Fechados (Vivir es Fácil con los Ojos Cerrados), por Pat Metheny Lucy (Lucy), por Eric Serra Malévola (Maleficent), por James Newton Howard Maze Runner: Correr ou Morrer (The Maze Runner), por John Paesano Merchants of Doubt, por Mark Adler Arremesso de Ouro (Million Dollar Arm), por A.R. Rahman Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola (A Million Ways to Die in the West), por Joel McNeely As Aventuras de Peabody & Sherman (Mr. Peabody & Sherman), por Danny Elfman Sr. Turner (Mr. Turner), por Gary Yershon Caçadores de Obras-Primas (The Monuments Men), por Alexandre Desplat A Most Violent Year, por Alex Ebert My Old Lady, por Mark Orton Uma Noite no Museu 3: O Segredo da Tumba (Night at the Museum: Secret of the Tomb), por Alan Silvestri O Abutre (Nightcrawler), por James Newton Howard No God, No Master, por Nuno Malo Noé (Noah), por Clint Mansell Sem Escalas (Non-Stop), por John Ottman The One I Love, por Danny Bensi e Saunder Jurriaans Ouija – O Jogo dos Espíritos (Ouija), por Anton Sanko As Aventuras de Paddington (Paddington), por Nick Urata Os Pinguins de Madagascar (Penguins of Madagascar), por Lorne Balfe Pompeia (Pompeii), por Clinton Shorter Uma Noite de Crime: Anarquia (The Purge: Anarchy), por Nathan Whitehead Uma Longa Viagem (The Railway Man), por David Hirschfelder Red Army, por Christophe Beck and Leo Birenberg Ride Along, por Christopher Lennertz Rocks in My Pockets, por Kristian Sensini Rosewater, por Howard Shore Um Santo Vizinho (St. Vincent), por Theodore Shapiro O Sal da Terra (The Salt of the Earth), por Laurent Petitgand Selma, por Jason Moran The Signal, por Nima Fakhrara Expresso da Amanhã (Snowpiercer), por Marco Beltrami Song of the Sea, por Bruno Coulais Para Sempre Alice (Still Alice), por Ilan Eshkeri O Conto da Princesa Kaguya (Kaguyahime no Monogatari), por Joe Hisaishi As Tartarugas Ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles), por Brian Tyler Namoro ou Liberdade (That Awkward Moment), por David Torn A Teoria de Tudo (The Theory of Everything), por Jóhann Jóhannsson Sete Dias Sem Fim (This Is Where I Leave You), por Michael Giacchino 300: A Ascensão do Império (300: Rise of an Empire), por Tom Holkenborg Tracks, por Garth Stevenson Transformers: A Era da Extinção (Transformers: Age of Extinction), por Steve Jablonsky Anjos da Lei 2 (22 Jump Street), por Mark Mothersbaugh Invencível (Unbroken), por Alexandre Desplat Sob a Pele (Under the Skin), por Mica Levi Virunga, por Patrick Jonsson Visitors, por Philip Glass Caçada Mortal (A Walk among the Tombstones), por Carlos Rafael Rivera Walking With the Enemy, por Timothy Williams Relatos Selvagens (Relatos Salvajes), por Gustavo Santaolalla X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (X-Men: Days of Future Past), por John Ottman
A Academia também anunciou as 79 canções que vão disputar vaga nas 5 indicações na categoria Canção Original. Esperamos que eles tenham feito os devidos ajustes para que o deslize desse ano não volte a acontecer. Uma das canções indicadas, “Alone Yet Not Alone”, acabou desqualificada depois que descobriram que o compositor Bruce Broughton comprou votos se aproveitando de seu cargo anterior de chefe de departamento musical da Academia. Irredutível, a Academia não substituiu a canção desclassificada pela mais votada não-indicada, prejudicando o trabalho de outros compositores (veja matéria completa: https://cinemaoscareafins.wordpress.com/2014/01/30/oscar-corta-indicacao-de-alone-yet-not-alone-como-melhor-cancao-original/)
Dentre os 79 selecionáveis, existem muitas canções pertencentes aos gêneros de animação. Uma Aventura Lego, Como Treinar o Seu Dragão 2, Os Boxtrolls, Festa no Céu, Operação Big Hero 6, The Hero of Color City, As Aventuras de Peabody & Sherman, Aviões 2: Heróis do Fogo ao Resgate e Rio 2 correspondem ao total de 14 pré-indicados, sendo que só Rio 2 já apresenta 4 canções elegíveis.
A animação Rio 2, do brasileiro Carlos Saldanha, concorre com 4 canções originais. Pelo primeiro filme, foi indicado por “Real in Rio”, mas perdeu para o filme dos Muppets (photo by outnow.ch)
Apesar de nos últimos anos, muitos vencedores desta categoria serem desconhecidos do grande público como a dupla Kristen-Anderson Lopez e Robert Lopez de Frozen: Uma Aventura Congelante (“Let it Go”) e o casal Glen Hansard e Markéta Irglová de Apenas Uma Vez (“Falling Slowly”), a Academia adora indicar artistas renomados para a festa. Assim, nomes do meio musical como Coldplay (pela canção “Miracles” de Invencível) e a jovem Lorde (pela canção “Yellow Flicker Beat” de Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1) são aguardados no tapete vermelho.
A cantora Lorde em premiere do filme Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 em Londres (photo by creativejeniusreport.com)
Embora nos últimos 5 anos apenas 2 vencedores da categoria tenham coincidido, vale lembrar que os 5 indicados do Globo de Ouro desta edição são:
– “Opportunity” de Annie
– “Mecy Is” de Noé
– “Glory” de Selma
– “Big Eyes” de Grandes Olhos
– “Yellow Flicker Beat” de Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1
Segue a lista das 79 canções:
“It’s on Again” de O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro (The Amazing Spider-Man 2)
“Opportunity” de Annie
“Lost Stars” from Mesmo Se Nada Der Certo (Begin Again)
“Grateful” de Além das Luzes (Beyond the Lights)
“Big Eyes” de Grandes Olhos (Big Eyes)
“Immortals” de Operação Big Hero 6 (Big Hero 6)
“The Apology Song” de Festa no Céu (The Book of Life)
“I Love You Too Much” de Festa no Céu (The Book of Life)
“The Boxtrolls Song” de Os The Boxtrolls (The Boxtrolls)
“Quattro Sabatino” de Os Boxtrolls (The Boxtrolls)
“Ryan’s Song” de Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)
“Split the Difference” de Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)
“No Fate Awaits Me” de O Desaparecimento de Eleanor Rigby (The Disappearance of Eleanor Rigby: Them)
“Brave Souls” de Winter, o Golfinho 2 (Dolphin Tale 2)
“You Got Me” de Winter, o Golfinho (Dolphin Tale 2)
“All Our Endless Love”de Amor Sem Fim
“Let Me In” de A Culpa é das Estrelas (The Fault in Our Stars)
“Not About Angels” de A Culpa é das Estrelas (The Fault in Our Stars)
“Until the End” de Garnet’s Gold
“It Just Takes a Moment” de Girl on a Bicycle
“Last Stop Paris” de Girl on a Bicycle
“Ordinary Human” de O Doador de Memórias (The Giver)
“I’m Not Gonna Miss You” de Glen Campbell…I’ll Be Me
“Find a Way” de A Boa Mentira (The Good Lie)
“Color the World” de The Hero of Color City
“The Last Goodbye” de O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (The Hobbit: The Battle of the Five Armies)
“Chariots” de The Hornet’s Nest
“Follow Me” de The Hornet’s Nest
“Something to Shoot For” de Hot Guys with Guns
“For the Dancing and the Dreaming” de Como Treinar o Seu Dragão 2 (How to Train Your Dragon 2)
“Afreen” de A 100 Passos de um Sonho (The Hundred-Foot Journey)
“Yellow Flicker Beat” de Jogos Vorazes: A Esperança — Parte 1 (The Hunger Games: Mockingjay – Part 1)
“Heart Like Yours” de Se Eu Ficar (If I Stay)
“I Never Wanted to Go” de Se Eu Ficar (If I Stay)
“Mind” de Se Eu Ficar (If I Stay)
“Everything Is Awesome” de Uma Aventura Lego (The Lego Movie)
“Call Me When You Find Yourself” de Life Inside Out
“Coming Back to You” de Life of an Actress The Musical
“The Life of an Actress” de Life of an Actress The Musical
“Sister Rust” de Lucy (Lucy)
“You Fooled Me” de Merchants of Doubt
“Million Dollar Dream” de Arremesso de Ouro (Million Dollar Arm)
“Spreading the Word/Makhna” de Arremesso de Ouro (Million Dollar Arm)
“We Could Be Kings” de Arremesso de Ouro (Million Dollar Arm)
“A Million Ways to Die” de Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola (A Million Ways to Die in the West)
“Way Back When” de As Aventuras de Peabody & Sherman (Mr. Peabody & Sherman)
“America for Me” de A Most Violent Year
“I’ll Get You What You Want (Cockatoo in Malibu)” de Muppets 2: Procurados e Amados (Muppets Most Wanted)
“Something So Right” de Muppets 2: Procurados e Amados (Muppets Most Wanted)
“We’re Doing a Sequel” de Muppets 2: Procurados e Amados (Muppets Most Wanted)
“Mercy Is” de Noé (Noah)
“Seeds” de Occupy the Farm
“Grant My Freedom” de The One I Wrote for You
“The One I Wrote For You” de The One I Wrote for You
“Hal” de Amantes Eternos (Only Lovers Left Alive)
“Shine” de As Aventuras de Paddington (Paddington)
“Still I Fly” de Aviões 2: Heróis do Fogo ao Resgate (Planes: Fire & Rescue)
“Batucada Familia” de Rio 2 (Rio 2)
“Beautiful Creatures” de Rio 2 (Rio 2)
“Poisonous Love” de Rio 2 (Rio 2)
“What Is Love” de Rio 2 (Rio 2)
“Over Your Shoulder” de Rudderless
“Sing Along” de Rudderless
“Stay With You” de Rudderless
“Everyone Hides” de Um Santo Vizinho (St. Vincent)
“Why Why Why” de Um Santo Vizinho (St. Vincent)
“Glory” de Selma
“The Morning” de A Small Section of the World
“Special” de Special
“Gimme Some” de #Stuck
“The Only Thing” de Third Person
“Battle Cry” de Transformers: A Era da Extinção (Transformers: Age of Extinction)
“Miracles” de Invencível (Unbroken)
“Summer Nights” de Under the Electric Sky
“We Will Not Go” de Virunga
“Heavenly Father” de Wish I Was Here
“So Now What” de Wish I Was Here
“Long Braid” de WWW: Work Weather Wife
“Moon” de WWW: Work Weather Wife
As indicações ao Oscar 2015 acontece no dia 15 de janeiro. E a cerimônia será transmitida ao vivo no dia 22 de fevereiro.