IMBATÍVEL,’TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO’ CONQUISTA 7 OSCARS

FILME DO MULTIVERSO DA A24 ACUMULA MAIOR NÚMERO DE ESTATUETAS DESDE 2009 QUANDO ‘QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?’ LEVOU 8

Se a 95ª cerimônia do Oscar, que aconteceu na noite do dia 12 de Março, pudesse ser resumida em uma palavra, esta seria REDENÇÃO. Em 95 anos de História, a Academia sempre ficou marcada por algumas características como evitar premiar comédias, filmes de ação, filmes de artes marciais, terror, e elenco predominado por atores não-brancos. Isso tudo foi para os ares com a vitória de TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO, já que contém todos esses elementos sempre esnobados.

Os vencedores nas categorias de atuação também demonstra essa redenção. Brendan Fraser foi uma estrela muito promissora nos anos 90 e início dos anos 2000, com um carisma inigualável na franquia A MÚMIA e nas comédias GEORGE, O REI DA FLORESTA e ENDIABRADO. Chegou a receber ótimas críticas pela atuação no drama DEUSES E MONSTROS ao lado de Ian McKellen e Lynn Redgrave, mas talvez por ser tão associado às comédias e filmes de ação, foi esnobado pelo Oscar. Em 2003, sofreu um assédio do então presidente da HFPA (Globo de Ouro), e quando teve a coragem de denunciar, ninguém acreditou nele e ainda passou a não ser chamado para novos projetos, mergulhando em depressão por anos.

Jamie Lee Curtis, filha dos atores Tony Curtis e Janet Leigh, ficou muito marcada por ser a scream queen HALLOWEEN , além de outros filmes de terror como A BRUMA ASSASSINA e BAILE DE FORMATURA. Nos anos 80 e 90, dedicou-se às comédias como TROCANDO AS BOLAS, UM PEIXE CHAMADO WANDA, MEU PRIMEIRO AMOR e TRUE LIES, mas como a Academia enxerga com desdém ambos os gêneros, a atriz nunca foi considerada a nenhuma indicação sequer até agora. Em seu discurso, ela agradece a todos os fãs dos filmes de gênero, especialmente terror, e diz: “Nós ganhamos um Oscar juntos!”. Foi um dos pontos altos da cerimônia.

Ke Huy Quan, aquele ator infantil eternamente marcado por ser Short Round em INDIANA JONES E O TEMPLO DA PERDIÇÃO e o criativo Dado em OS GOONIES, tem a história mais bonita de todas. Em seu discurso, ele lembra que passou um ano em campo de refugiados da Guerra do Vietnã antes de parar nos EUA. No Globo de Ouro, arrancou rios de lágrimas ao dizer: “Depois do sucesso como ator infantil, fiquei me perguntando se era só sorte que tive. Se eu não tinha mais nada a oferecer”. Dali em diante, sua campanha só cresceu, e na base da humildade, ele conquistou todos os votos possíveis de inúmeras celebridades. Você pode ir no Instagram do ator e verá zilhões de fotos que ele tirou com essas celebridades, com uma expressão maravilhosa de “não acredito nisso!”, mas com os pés no chão, ciente de que esse auge pode nunca mais acontecer. Torço pra que ele se mantenha na lista A de Hollywood por um bom tempo!

E Michelle Yeoh… quem diria, hein? Atriz de filmes de artes marciais que já contracenou com Jackie Chan e Pierce Brosnan como 007 (aliás, uma ex-Bond Girl!). Sua imagem mudou bastante quando ela atuou como a guerreira Shu Lien de amor reprimido em O TIGRE E O DRAGÃO. Lá, ela demonstrou ser muito mais do que uma lutadora, mas uma personagem que lutou contra seus desejos mais íntimos. E 18 anos depois, ela volta a chamar a atenção na comédia PODRES DE RICO, na qual ela interpreta a sogra rica e exigente Eleanor Young, que merecia uma indicação de Coadjuvante, mas não aconteceu. Em TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO, ela interpreta uma mãe que não aceita a orientação sexual da filha por ter sido repreendida pelo pai ultra conservador, mas ela passa por uma experiência que lhe abre a mente e se liberta dessas amarras de forma muito bonita e poética. E mesmo com tanta cena de ação, Yeoh consegue extrair momentos de ternura genuína. Pode não ter sido “melhor” do que Cate Blanchett em TÁR, mas sua vitória no Oscar representa muito mais do que a coroação por uma atuação, principalmente porque ela se tornou a segunda atriz não-branca a ganhar o Oscar de Melhor Atriz, 22 anos depois de Halle Berry por A ÚLTIMA CEIA.

NÚMEROS DO OSCAR 2023

7 Oscars costumava ser um número recorrente para vencedores de Melhor Filme, mas isso mudou drasticamente na última década. A última vez que algo semelhante aconteceu foi lá em 2009, quando QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO? acumulou 8 estatuetas. E é preciso ressaltar aqui que TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO se iguala a REDE DE INTRIGAS (1976) e UMA RUA CHAMADA PECADO (1951) ao conquistar 3 Oscars para seus atores. O curioso é que os dois filmes falharam em conquistar o Oscar de Melhor Filme, perdendo para ROCKY, UM LUTADOR e O MAIOR ESPETÁCULO DA TERRA, respectivamente.

Em 2º lugar, ficou o filme alemão NADA DE NOVO NO FRONT com 4 estatuetas: Filme Internacional, Fotografia, Design de Produção e Trilha Original, comprovando que o cinema alemão não está atrás do de Hollywood. E vou além: se a Netflix tivesse apostado desde o início no filme bélico em campanhas para o Oscar, ouso dizer que poderia ter conquistado a ala conservadora com facilidade e poderia ter sido o favorito a ser batido.

Em 3º lugar, com 2 Oscars, ficou o drama A BALEIA, que eu já previa que ganharia essa tradicional “dobradinha” de Atuação e Maquiagem. Muitas vezes, os votantes da Academia associam a transformação de um ator (também pela maquiagem prostética) como um elemento de qualidade, o que resultou em nessa dupla premiação como Meryl Streep em A DAMA DE FERRO, e ano passado, Jessica Chastain em OS OLHOS DE TAMMY FAYE. Mas voltando ao filme de Darren Aronofsky, a mescla entre Brendan Fraser e a maquiagem funcionou com perfeição, pois a atuação foi elevada (o ator sentiu literalmente o peso e a transformação para Charlie aconteceu) e sempre que preciso, a maquiagem foi mostrada sem tirar o foco da história (coisa que aconteceu com aquela maquiagem ruim de ELVIS em Tom Hanks, que graças a Deus não ganhou o Oscar).

ZERO foi o número de Oscars que filmes badalados recebeu: ELVIS (indicado em 8 categorias), OS FABELMANS (7) e TÁR (6). Particularmente, só fico triste pela total esnobada para o filme de Todd Field, melhor filme indicado nesta edição em minha opinião, mas de certa forma, é compreensível que não tenha ganhado nada por se tratar de um filme atípico, denso e reflexivo, características que muitos interpretam como “presunçoso” ou “pretensioso”.

Na contagem por estúdio/distribuidora, os maiores vencedores foram a A24 com 9 Oscars (foi o 2º Oscar de Melhor Filme depois de MOONLIGHT) e a Netflix com 6.

Ainda sobre números, é importante ressaltar que houve um aumento de 13% de audiência em relação à edição anterior, resultando em 18 milhões de espectadores pelo mundo. Esse público seria ainda maior se a Academia não ficasse restrita aos canais de TV (ABC nos EUA, e TNT aqui no Brasil) e HBO Max. Poderiam fazer uma live pelo YouTube, exibindo todos os patrocinadores, claro, e deixando a festa muito mais acessível. E esse aumento de público vem diretamente do sucesso do filme dos Daniels, especialmente na internet, onde foi carregado desde o 1º semestre de 2022, além de TOP GUN: MAVERICK e AVATAR. Obviamente, sou contra o tal Oscar de Filme Popular que tentaram criar, mas acredito que se a Academia der um pouco mais de atenção a alguns filmes do gosto popular e premiá-los, o Oscar teria muito mais audiência e credibilidade. Por exemplo, se tivessem dado o Oscar de Melhor Filme para MAD MAX: ESTRADA DA FÚRIA ou CORRA!. Não concordam?

HOUVE SURPRESAS?

Apesar de toda previsibilidade do Oscar para quem acompanha toda a temporada de premiações e sindicatos, a cerimônia sempre reserva algum tipo de surpresa nas vitórias, mas esta edição não teve nenhum grande. Se fosse para eleger uma, eu diria a vitória de Design de Produção de NADA DE NOVO NO FRONT, porque os prêmios precursores indicavam favoritismo para BABILÔNIA.

Claro que houve disputas bem acirradas como na categoria de Atriz Coadjuvante. Jamie Lee Curtis poderia ter perdido para Angela Bassett (visivelmente decepcionada com a derrota) ou Kerry Condon, mas como ela ganhou o SAG que é justamente o prêmio que mais fala alto, sua vitória não pode ser considerada uma surpresa.

Acho que o mais chocante, que só fui me dar conta depois, foi esse monte de filme cheio de indicações e nenhum vitória. Por exemplo, ELVIS eu tinha quase certeza de que ganharia pelo menos Figurino. E OS BANSHEES DE INISHERIN, por ter sido indicado em 9 categorias, esperava que seria reconhecido em pelo menos uma categoria, e esta seria Roteiro Original, mesmo com o favoritismo dos Daniels. Mas é difícil prever 100%, porque essa distribuição não segue uma lógica, mas a média geral de 10 mil membros da Academia, que cada um pensa e vota de um jeito.

Mas no geral, gostei das vitórias (normalmente sou contra esse acúmulo de estatuetas para um filme só), gostei que os vencedores souberam sintetizar seus discursos (especialmente a turma alemã de NADA DE NOVO NO FRONT), gostei da dinâmica da cerimônia (apresentou um clipe rápido de cada indicado a Melhor Filme sempre na volta dos intervalos comerciais), adorei a sobriedade do momento In Memoriam com a bela apresentação de Lenny Kravitz, gostei das apresentações das canções (embora um pouco decepcionado com a performance intencionalmente “improvisada e pobre” de Lady Gaga, cuja canção “Hold My Hand” poderia ter levantado o Dolby Theater) e gostei do retorno de um único host. Jimmy Kimmel não ter sido minha escolha (adoraria Ricky Gervais, Jim Carrey ou Jon Stewart), mas ele fez o feijão com arroz com altos como a presença da burrinha Jenny e a piada sobre personagens segurarem agressores na porrada case alguém desse uma de Will Smith, e baixos como sua interação sem graça com os convidados na plateia.

Por mim, a equipe de diretores do Oscar 2023 continua para o ano que vem, mas eu trocaria por um host mais ousado. E sei que a Academia tem esse longo contrato de transmissão com a ABC (Disney), mas sonho um dia ver o Oscar rodando no YouTube pra todo mundo poder acompanhar a premiação.

VENCEDORES DO OSCAR 2023:

MELHOR FILME
● TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO (Everything Everywhere All At Once)

MELHOR DIREÇÃO
● Daniel Kwan e Daniel Scheinert (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

MELHOR ATOR
● Brendan Fraser (A Baleia)

MELHOR ATRIZ
● Michelle Yeoh (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
● Ke Huy Quan (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
● Jamie Lee Curtis (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
● Daniel Kwan e Daniel Scheinert (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

MELHOR ADAPTADO
● Sarah Polley (Entre Mulheres)

MELHOR FOTOGRAFIA
● James Friend (Nada de Novo no Front)

MELHOR MONTAGEM
● Paul Rogers (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
● Christian M. Goldbeck, Ernestine Hipper (Nada de Novo no Front)

MELHOR FIGURINO
● Ruth E. Carter (Pantera Negra: Wakanda Para Sempre)

MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADO
● Adrien Morot, Judy Chin, Annemarie Bradley-Sherron (A Baleia)

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
● Volker Bertelmann (Nada de Novo no Front)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
● “Naatu Naatu”, de M.M. Keeravani, Chandrabose (RRR: Revolta, Rebelião, Revolução)

MELHOR SOM
● Mark Weingarten, James Mather, Al Nelson, Chris Burdon, Mark Taylor (Top Gun: Maverick)

MELHORES EFEITOS VISUAIS
● Joe Letteri, Richard Baneham, Eric Saindon, Daniel Barrett (Avatar: O Caminho da Água)

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
● Pinóquio por Guillermo del Toro

MELHOR FILME INTERNACIONAL
● Nada de Novo no Front (Alemanha)

MELHOR DOCUMENTÁRIO
● Navalny

MELHOR DOCUMENTÁRIO CURTA
● Como Cuidar de um Bebê Elefante

MELHOR CURTA LIVE ACTION
● An Irish Goodbye

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
● O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo

*** Por motivos óbvios, o blog do WordPress acabou ficando de escanteio com a ascensão das redes sociais, especialmente o Instagram, cujos números falam mais alto do que qualquer tipo de conteúdo. Nos últimos anos, fiquei mais engajado nas outras plataformas, mas sempre que puder, vou continuar alimentando alguns textos por aqui, principalmente quando o assunto pede por maior número de caracteres que o Instagram permite. Agradeço aos seguidores do WordPress que ainda leem o conteúdo e peço perdão por não criar tanto conteúdo aqui como antes, mas peço para que sigam a gente no Facebook ou Instagram porque sempre tentamos valorizar o conteúdo de cinema mesmo num formato mais limitado, como no recente post sobre o aniversário do diretor David Cronenberg:

‘ZOLA’ LIDERA as INDICAÇÕES ao INDEPENDENT SPIRIT AWARDS

O ROAD MOVIE SOBRE UMA STRIPPER ACUMULA 7 INDICAÇÕES

Um dia após o anúncio das indicações ao Globo de Ouro e Critics’ Choice Awards, que servem como melhor prévias do Oscar, chegou a vez do prêmio do cinema independente americano revelar sua lista. É claro que o Independent Spirit perdeu um pouco seu hype, afinal, se analisarmos os vencedores dos últimos 5 anos, apenas Nomadland e Moonlight venceram também no Oscar, mas já em sua 37ª edição, sua importância na temporada de premiações continua bastante relevante.

O anúncio foi feito via YouTube com a colaboração das atrizes Beanie Feldstein, Regina Hall e Naomi Watts e você pode assistir ou rever pelo link abaixo:

Apesar do anúncio ter sido em live, a cerimônia será presencial (após o evento ter sido virtual em 2021) nas praias de Santa Monica no dia 06 de Março. Lembrando que para o filme se qualificar, existe um teto de valores de orçamento de 22,5 milhões de dólares, que neste ano desqualificou filmes como King Richard: Criando Campeãs e O Beco do Pesadelo.

Para a surpresa de muitos, o road movie de comédia de humor negro Zola foi o recordista de indicações. Dirigido pela talentosa Janicza Bravo, e baseado numa thread de Twitter de uma história real, acompanhamos uma stripper chamada Zola, que embarca numa viagem à Flórida com três desconhecidos para ganhar dinheiro dançando, mas as coisas não dão muito certo. O filme se destaca pela linguagem moderna, utilizando sons de celular e harpas na trilha, uma montagem bem dinâmica e atuações bem específicas como a de Riley Keough, que apesar de ser branca e loira, fala e age como uma afrodescendente.

Com as 7 indicações de Zola, 3 de C’mon C’mon, 2 de Red Rocket e 1 de The Humans, a A24 se tornou o estúdio independente com maior número de indicações, seguida pela NEON e a Netflix, ambas com 9 indicações no total cada.

Dos indicados ao Spirit que reforçaram suas campanhas nesta temporada estão: Maggie Gyllenhaal, que foi reconhecida em Filme, Direção e Roteiro, assim como Jessie Buckley como Coadjuvante por The Lost Daughter, Troy Kotsur como Coadjuvante por No Ritmo do Coração, Ruth Negga como Coadjuvante por Identidade, o filme japonês Drive My Car e o dinamarquês Flee, que pode e deve concorrer como Documentário, Animação e Filme Internacional. Embora não tenha grandes chances na temporada, ficamos felizes com as duas indicações para os atores de Red Rocket, novo filme do talentoso Sean Baker, de Projeto Flórida e Tangerina.

Dentre as ausências mais sentidas estão as dos atores Olivia Colman por The Lost Daughter, Joaquin Phoenix por C’mon C’mon, Tessa Thompson por Identidade, e Nicolas Cage por Pig (que conquistou uma vaga no Critics’ Choice no dia anterior). Claro que se concretizadas, essas indicações alavancariam as campanhas rumo ao Oscar, mas o Independent Spirit não parece muito interessado em ser apenas uma prévia do prêmio da Academia. Além disso, há muuuuitos bons trabalhos e performances que muitas vezes são esnobados injustamente e que precisam da ajuda desses prêmios alternativos para chegar ao grande público.

Confira todos os indicados e premiados do Independent Spirit Awards 2022:

MELHOR FILME

A CHIARA
Producers: Jonas Carpignano, Paolo Carpignano, Jon Coplon, Ryan Zacarias
C’MON C’MON
Producers: Chelsea Barnard, Andrea Longacre-White, Lila Yacoub
THE LOST DAUGHTER
Producers: Charles Dorfman, Maggie Gyllenhaal, Osnat Handelsman Keren, Talia Kleinhendler
THE NOVICE
Producers: Ryan Hawkins, Kari Hollend, Steven Sims, Zack Zucker
ZOLA
Producers: Kara Baker, Dave Franco, Elizabeth Haggard, David Hinojosa, Vince Jolivette, Christine Vachon, Gia Walsh

MELHOR FILME DE ESTREIA

7 DAYS
Director: Roshan Sethi
Producers: Liz Cardenas, Mel Eslyn
HOLLER
Director: Nicole Riegel
Producers: Adam Cobb, Rachel Gould, Katie McNeill, Jamie Patricof, Christy Spitzer Thornton
QUEEN OF GLORY
Director: Nana Mensah
Producers: Baff Akoto, Anya Migdal, Kelley Robins Hicks, Jamund Washington
TEST PATTERN
Director/Producer: Shatara Michelle Ford
Producers: Pin-Chun Liu, Yu-Hao Su
WILD INDIAN
Director/Producer: Lyle Mitchell Corbine, Jr.
Producers: Thomas Mahoney, Eric Tavitian

MELHOR DIRETOR

Janicza BravoZola

Maggie GyllenhaalThe Lost Daughter

Lauren HadawayThe Novice

Mike MillsC’mon C’mon

Ninja ThybergPleasure

MELHOR ROTEIRO

Nikole BeckwithTogether Together

Maggie GyllenhaalThe Lost Daughter

Jeremy O. Harris, Janicza BravoZola

Mike MillsC’mon C’mon

Todd StephensSwan Song

MELHOR ROTEIRO DE ESTREANTE

Lyle Mitchell Corbine, Jr.Wild Indian

Shatara Michelle FordTest Pattern

Fran KranzMass

Matt Fifer, Sheldon D. BrownCicada

Michael SarnoskiVanessa BlockPig

PRÊMIO JOHN CASSAVETES

CRYPTOZOO
Writer/Director: Dash Shaw
Producers: Tyler Davidson, Kyle Martin, Jane Samborski, Bill Way
JOCKEY
Writer/Director/Producer: Clint Bentley
Writer/Producer: Greg Kweder
Producer: Nancy Schafer
SHIVA BABY
Writer/Director/Producer: Emma Seligman
Producers: Kieran Altmann, Katie Schiller, Lizzie Shapiro
SWEET THING
Writer/Director: Alexandre Rockwell
Producers: Louis Anania, Haley Anderson, Kenan Baysal
THIS IS NOT A WAR STORY
Writer/Director/Producer: Talia Lugacy
Producers: Noah Lang, Julian West

MELHOR ATOR

Clifton Collins Jr.Jockey

Frankie FaisonThe Killing of Kenneth Chamberlain

Michael GreyeyesWild Indian

Udo KierSwan Song

Simon RexRed Rocket

MELHOR ATRIZ

Isabelle FuhrmanThe Novice

Brittany S. HallTest Pattern

Patti HarrisonTogether Together

Taylour PaigeZola

Kali ReisCatch the Fair One

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Colman DomingoZola

Meeko GattusoQueen of Glory

Troy KotsurCODA

Will PattonSweet Thing

Chaske SpencerWild Indian

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Jessie BuckleyThe Lost Daughter

Amy ForsythThe Novice

Ruth NeggaPassing

Revika ReustlePleasure

Suzanna SonRed Rocket

MELHOR FOTOGRAFIA

Lol CrawleyThe Humans

Tim CurtinA Chiara

Edu GrauPassing

Matthew Chuang, Ante ChengBlue Bayou

Ari WegnerZola

MELHOR MONTAGEM

Affonso GonçalvesA Chiara

Ali GreerThe Nowhere Inn

Joi McMillonZola

Enrico NataleThe Killing of Kenneth Chamberlain

Lauren HadawayNathan NugentThe Novice

MELHOR FILME INTERNACIONAL

COMPARTMENT NO. 6 (Finlândia/Rússia)
Director: Juho Kuosmanen
DRIVE MY CAR (Japão)
Director: Ryusuke Hamaguchi
PARALLEL MOTHERS (Espanha)
Director: Pedro Almodóvar
PEBBLES (Índia)
Director: P S Vinothraj
PETITE MAMAN (França)
Director: Céline Sciamma
PRAYERS FOR THE STOLEN (México)
Director: Tatiana Huezo

MELHOR DOCUMENTÁRIO

ASCENSION
Director/Producer: Jessica Kingdon
Producers: Kira Simon-Kennedy, Nathan Truesdell
FLEE
Director: Jonas Poher Rasmussen
Producers: Monica Hellström, Signe Byrge Sørensen
IN THE SAME BREATH
Director/Producer: Nanfu Wang
Producers: Christopher Clements, Julie Goldman, Carolyn Hepburn, Jialing Zhang
PROCESSION
Director: Robert Greene
Producer: Susan Bedusa, Bennett Elliott, Douglas Tirola
SUMMER OF SOUL (…OR, WHEN THE REVOLUTION COULD NOT BE TELEVISED)
Director: Ahmir “Questlove” Thompson
Producers: David Dinerstein, Robert Fyvolent, Joseph Patel

ROBERT ALTMAN AWARD

MASS
Director: Fran Kranz
Casting Directors: Henry Russell Bergstein, Allison Estrin
Ensemble Cast: Kagen Albright, Reed Birney, Michelle N. Carter, Ann Dowd, Jason Isaacs, Martha Plimpton, Breeda Wool

PRODUCERS AWARD

Brad Becker-Parton

Pin-Chun Liu

Lizzie Shapiro

SOMEONE TO WATCH AWARD

ALEX CAMILLERI
Director of Luzzu
GILLIAN WALLACE HORVAT
Director of I Blame Society
MICHAEL SARNOSKI
Director of Pig

TRUER THAN FICTION AWARD

JESSICA BESHIR
Director of Faya Dayi
DEBBIE LUM
Director of Try Harder!
ANGELO MADSEN MINAX
Director of North By Current

BEST NEW NON-SCRIPTED OR DOCUMENTARY SERIES

BLACK AND MISSING
Series By/Executive Producers: Soledad O’Brien, Geeta Gandbhir
Executive Producers: Jo Honig, Patrick Conway, Nancy Abraham, Lisa Heller, Sara Rodriguez
THE CHOE SHOW
Creator/Executive Producer: David Choe
Executive Producers: Matt Revelli, Christopher C. Chen, Hiro Murai, Nate Matteson
THE LADY AND THE DALE
Executive Producers: Mark Duplass, Jay Duplass, Mel Eslyn, Allen Bain, Andre Gaines, Mick Cammilleri, Alana Carithers, Zackary Drucker, Nancy Abraham, Lisa Heller
NUCLEAR FAMILY
Series By: Ry Russo-Young
Executive Producers: Liz Garbus, Julie Gaither, Jon Bardin, Leah Holzer, Peter Saraf, Alex Turtletaub, Jenny Raskin, Geralyn White Dreyfous, Lauren Haber, Maria Zuckerman, Christine Connor, Ryan Heller, Barbara Dobkin, Eric Dobkin, Andrea Van Beuren, Joe Landauer
PHILLY D.A.
Creators: Ted Passon, Yoni Brook, Nicole Salazar
Executive Producers: Dawn Porter, Sally Jo Fifer, Lois Vossen, Ryan Chanatry, Gena Konstantinakos, Jeff Seelbach, Patty Quillin
Co-Executive Producers: Nion McEvoy, Leslie Berriman

BEST NEW SCRIPTED SERIES

BLINDSPOTTING
Creators/Executive Producers: Rafael Casal, Daveed Diggs
Executive Producers: Jess Wu Calder, Keith Calder, Ken Lee, Tim Palen, Emily Gerson Saines, Seith Mann
IT’S A SIN
Executive Producers: Russell T Davies, Peter Hoar, Nicola Shindler
RESERVATION DOGS
Creators/Executive Producers: Sterlin Harjo, Taika Waititi
Executive Producer: Garrett Basch
THE UNDERGROUND RAILROAD
Creator/Executive Producer: Barry Jenkins
Executive Producers: Adele Romanski, Mark Ceryak, Brad Pitt, Dede Gardner, Jeremy Kleiner, Colson Whitehead, Richard Heus, Jacqueline Hoyt
WE ARE LADY PARTS
Creator: Nida Manzoor
Executive Producers: Tim Bevan, Eric Fellner, Surian Fletcher-Jones, Mark Freeland
MELHOR ATRIZ EM NOVAS SÉRIES ROTEIRIZADAS

Deborah AyorindeTHEM: Covenant

Jasmine Cephas JonesBlindspotting

Thuso MbeduThe Underground Railroad

Jana SchmiedingRutherford Falls

Anjana VasanWe Are Lady Parts

MELHOR ATOR EM NOVAS SÉRIES ROTEIRIZADAS

Olly AlexanderIt’s a Sin

Murray BartlettThe White Lotus

Michael GreyeyesRutherford Falls

Lee Jung-jaeSquid Game

Ashley ThomasTHEM: Covenant

MELHOR ELENCO EM NOVAS SÉRIES ROTEIRIZADAS

RESERVATION DOGS
Ensemble Cast: Devery Jacobs, D’Pharaoh Woon-A-Tai, Lane Factor, Paulina Alexis, Sarah Podemski, Zahn McClarnon, Lil Mike, FunnyBone

138 FILMES DISPUTAM o GLOBO DE OURO de FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

A HFPA DIVULGOU A LISTA RECORDE DOS FILMES INSCRITOS

A Hollywood Foreign Press Association (HFPA) recentemente anunciou que houve um recorde histórico no número de filmes inscritos para a categoria de Filme em Língua Estrangeira para a próxima edição. Foram 138 inscrições vindas de 77 países (dos quais 36 foram dirigidos ou co-dirigidos por mulheres).

Para quem não está familiarizado, o regulamento do Globo de Ouro é diferente do Oscar. Eles permitem mais de um filme por país, contanto que as múltiplas inscrições respeitem as seguintes regras:
1. Conter pelo menos 51% dos diálogos em um idioma estrangeiro (não-Inglês)
2. Ter sido lançado em qualquer país no período entre 01/10/19 a 28/02/2021 (esse prazo foi estendido por causa da pandemia)
3. O lançamento pode ter ocorrido em qualquer formato: cinema, TV, Video On Demand (VOD), streamings e DVD
3. Não pode ser Documentário
4. Animações, mesmo em língua estrangeira, disputarão apenas a categoria de Longa de Animação 

Um caso curioso desta lista é Minari, produção da A24, falada em coreano, mas que concorre pelos EUA. Apesar de ser um dos favoritos para conquistar uma das indicações a Melhor Filme, não pode concorrer no Globo de Ouro para Melhor Filme – Drama pelo regulamento da HFPA, exatamente como aconteceu com Parasita este ano.

O Brasil concorre por uma das cinco vagas da categoria com 3 filmes: Pacarrete, de Allan Deberton; Valentina, de Cássio Pereira dos Santos; e Wasp Network (co-produção com Espanha, França e Bélgica), de Olivier Assayas. O representante brasileiro no Oscar, Babenco, não entra nessa disputa por ser um documentário.

Na tabela abaixo, na 3ª coluna, constam os países que produziram ou co-produziram o filme. Ao contrário do Oscar, o Globo de Ouro considera todos os países que participaram da produção do longa, o que faz mais sentido e abrange mais o reconhecimento de profissionais envolvidos.

FILMEDIRETOR(A)(ES)PAÍS(ES)
200 MetersAmeen NayfehJordânia
2000 Songs of FaridaYalkin TuychievUzbequistão
About A WomanMaría Luján Loioco – Mariano TurekArgentina
Agnes JoySilja HauksdóttirIslândia
AliceChris Mitchell-ClareFrança, Austrália
Alone With Her DreamsPaolo LicataItália
And Tomorrow The Entire WorldJulia von HeinzAlemanha
Another RoundThomas VinterbergDinamarca
AntonZaza UrushadzeUcrânia, Geórgia, Lituânia
ApplesChristos NikouGrécia
ArrachtTom SullivanIrlanda
AsiaRuthy PrisarIsrael
AsuranVetri MaaranÍndia
AtlantisValentyn VasyanovychUcrânia
Auschwitz Report, ThePeter BebjakEslováquia
BeginningDea KulumbegashviliGeórgia, França
Best Years, The (Gli Anni Più Belli)Gabriele MuccinoItália
Better DaysDerek Tsang (as Kwok Cheung Tsang)China, Hong Kong
Between Heaven and EarthNajwa NajjarPalestina
Black MilkUisenma BorchuMongólia, Alemanha
Blizzard of SoulsDzintars DreibergsLetônia
Broken KeysJimmy KeyrouzLíbano
BuladóEché JangaHolanda, Antilhas
C SectionDavid OryanLíbano
CharlatanAgnieszka HollandRepública Tcheca
CharterAmanda KernellSuécia
Concubine of ShanghaiSherwood HuChina
ConferenceIvan I. TverdovskiyRússia, Estônia, Reino Unido, Itália
Crimes That Bind, TheSebastián SchindelArgentina
Crying Steppe, TheMarina KunarovaCazaquistão
CutiesMaïmouna DoucouréFrança
Dara in JasenovacPredrag AntonijevicSérvia
Dark, Dark Man, AAdilkhan YerzhanovCazaquistão
Dear Comrades!Andrei KonchalovskiyRússia
Disciple, TheChaitanya TamhaneÍndia
DNAMaÏwennFrança, Argélia
Eeb Allay Ooo!Prateek VatsÍndia
Effigy: Poison and the CityUdo FlohrAlemanha, EUA
Eight Hundred, TheHu GuanChina
Endless Trench, TheAitor Arregi | Jon Garaño | Jose Mari GoenagaEspanha, França, Canadá
EST (Dittatura Last Minute)Antonio PisuItália
Europeans, TheVictor García LeónEspanha
ExileVisar MorinaKosovo
ExtracurricularIvan-Goran VitezCroácia
Family Romance, LLCWerner HerzogEUA
Father, TheKristina Grozeva | Peter ValchanovBulgária, Grécia
Fight Continues, TheCarlo Ortega CuevasFilipinas
Forest GiantVille JankeriFinlândia
Forgotten We’ll BeFernando TruebaColômbia
Funny BoyDeepa MehtaCanadá
GagarineFanny Liatard | Jérémy TrouilhFrança
Games People PlayJenni ToivoniemiFinlândia
Girls, ThePilar PalomeroEspanha
Goddess of Fortune, TheFerzan OzpetekItália
HaramiShyam MadirajuÍndia, EUA
Hater, TheJan KomasaPolônia
HavelSlávek HorákRepública Tcheca
Hidden AwayGiorgio DirittiItália
HiveEylem KaftanTurquia
HopeMaria SødahiNoruega, Suécia
I Carry You With MeHeidi EwingMéxico, EUA
I’m No Longer HereFernando Frías de la ParraMéxico, EUA
ImpetigoreJoko AnwarIndonésia, Coréia do Sul
Instant Love (Amor En Polvo)Suso Imbernón | Juanjo Moscardó RiusEspanha
JallikattuLijo Jose PellisseryÍndia
Just Like thatKislayÍndia
La LloronaJayro BustamanteGuatemala, França
Lake, TheEmil AtageldievQuirguistão
LeapPeter Ho-Sun ChanChina
Life Ahead, TheEdoardo PontiItália
Lucky GrandmaSasie SealyEUA
LudoAnurag BasuÍndia
Made in BangladeshRubaiyat HossainBangladesh, França, Dinamarca, Portugal
Man Standing Next, TheMin-ho WooCoréia do Sul
Man Who Sold His Skin, TheKaouther Ben HaniaTunísia
MinariLee Isaac ChungEUA
Milagre na Cela #7 (7. Koğuştaki Mucize)Mehmet Ada ÖztekinTurquia
MoffieOliver HermanusÁfrica do Sul
MosulMatthew Michael CarnahanIraque
MotherRodrigo SorogoyenEspanha
My Little SisterStéphanie Chuat | Véronique ReymondSuíça
Never Gonna Snow AgainMalgorzata SzumowskaPolônia, Alemanha
New OrderMichel FrancoMéxico, França
Night of The Kings (La Nuit Des Rois)Philippe LacôteFrança, Costa do Marfim, Canadá, Senegal
Night, TheKourosh AhariEUA, Irã
Nobody Knows I’m HereGaspar AntilloChile
Notes For My SonCarlos SorinArgentina
Oliver BlackTawfik BabaMarrocos
Once Were RebelJohanna ModerÁustria
PacarreteAllan DebertonBrasil
Paradise War: The Story of Bruno ManserNiklaus HilberSuíça
ParamapathamThanesh PerrabuMalásia
Perfect JudgmentAngelo CroesAruba
Persian LessonsVadim PerelmanRússia, Alemanha, Bielorrússia
PilateLinda DombrovszkyHungria
PinocchioMatteo GarroneItália, França, Reino Unido
O Poço (Platform, The)Galder Gaztelu-UrrutiaEspanha
Quo Vadis, Aida?Jasmila ZbanicBósnia e Herzegovina, Áustria, Romênia, Holanda, Alemanha, Polônia, França, Noruega, Turquia
Real Exorcist, TheShokyo OdaJapão
Rosa’s WeddingIcíar BollaEspanha
Sea Beyond, TheAchero MañasEspanha
Show Me What You GotSvetlana CvetkoEUA
Sky HighDaniel CalparsoroEspanha
Snake White: Love EnduresXian Feng Zhang (as Xianfeng Zhang)China
Son, AMehdi M. BarsaouiTunísia, França, Lébano, Catar
Song Without A NameMelina LeónPeru
Songs of SolomonArman NshanianArmênia
Soorarai PottruSudha KongaraÍndia
SputnikEgor AbramenkoRússia
State of Madness, ALetitia TonosRepública Dominicana
Sun, AMong-Hong ChungTaiwan
Sun ChildrenMajid MajidiIrã
Tanhaji: The Unsung WarriorOm RautÍndia
TextKim ShipenkoRússia
This Is Not A Burial, It’s A ResurrectionLemohang Jeremiah MoseseLesoto, África do Sula, Itália
TigertailAlan YangEUA
ToorbosRene van RooyenÁfrica do Sul
ToveZaida BergrothFinlândia, Suécia
Trees Under The SunBijukumar DamodaranÍndia
Trouble With Being Born, TheSandra WollnerÁustria, Alemanha
True MothersNaomi KawaseJapão
Truth, TheHirokazu Kore-edaFrança, Japão
TwicebornHiroshi AkabaneJapão
Twilight’s KissRay YeungHong Kong
Two of UsFilippo MeneghettiFrança
Under the Open SkyMiwa NishikawaJapão
ValentinaCássio Pereira dos SantosBrasil
Vigil, TheKeith ThomasEUA
Wasp NetworkOlivier AssayasEspanha, França, Brasil, Bélgica
Wasteland, TheAhmad BahramIrã
Wet SeasonAnthony ChenSingapura, Taiwan
What We WantedUlrike KoflerÁustria
WillowMilcho ManchevskiMacedônia do Norte, Hungria, Bélgica
Working GirlsFrédéric Fonteyne | Anne PaulicevichFrança, Bélgica
Write About LoveCrisanto B. AquinoFilipinas
You Will Die At TwentyAmjad Abu AlalaSudão
Your Iron LadyJorge Xolalpa Jr.EUA, México

‘A DESPEDIDA’ CONQUISTA o INDEPENDENT SPIRIT AWARD. A24 ACUMULA SETE PRÊMIOS

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Vencedores do Independent Spirit: Melhor Filme para A Despedida (Lulu Wang), Ator para Adam Sandler, Atriz para Renée Zellweger e Roteiro para Noah Baumbach. Pic montage by The Hollywood Reporter.

CONSIDERADO UM DOS FILMES MAIS QUERIDOS DA TEMPORADA, FILME DE LULU WANG GANHA SEU PRÊMIO MAIS RELEVANTE

A 35ª edição do Independent Spirit Awards foi transmitida ao vivo pelo Twitter, no perfil da @FilmIndependent – Aprendam isso, Oscar e Globo de Ouro! Pô, em pleno ano de 2020, ainda precisarmos depender de TV à cabo pra ver premiação?? É uma pena que a campanha publicitária do evento foi péssima, ninguém sabia que o a premiação seria transmitida ao vivo online. Nós só soubemos de última hora da transmissão porque fuçamos a internet! E aí, os resultados disso em números: cerca de 2.500 a 3.000 espectadores via streaming… Um número extremamente ridículo!!!!! Não pagou nem a comida de uma das 200 mesas dos artistas! Ou eles investem pesado em publicidade ano que vem, ou vão ter que voltar à TV tradicional…

A premiação contou com Aubrey Plaza como hostess – aprendam isso, Oscar!! E pela segunda vez consecutiva, ela deixou tudo mais leve e descontraído. Uma de suas melhores idéias foi trazer o personagem “Mark, o chefe cuzão comendo sanduíche” de As Golpistas para ser o ajudante de palco. E o bacana é que ele permanece no papel durante todo o show, comendo um sanduíche com uma mão e a outra direcionando os vencedores aos bastidores.

Aubrey Plaza

“Mark, o chefe cuzão que come sanduíche” em As Golpistas como assistente de palco e a hostess Aubrey Plaza (pics by The Hollywood Reporter)

Bom, com a redução de orçamento de várias produções em Hollywood nas últimas décadas, muitos filmes que foram premiados no Independent acabavam premiados também no Oscar,  como Corra!, Moonlight e Spotlight, fazendo com que o Independent se tornasse uma prévia do Oscar. Porém, os organizadores não queriam essa relação muito próxima, pois as produções realmente pequenas e singelas estavam ficando de fora, então eles decidiram dar mais atenção a produções pouco conhecidas e prestigiá-las.

Dentre alguns desses filmes menores estão Driveways, Colewell, Give me Liberty, Waves, Burning Cane e o ótimo Luce, títulos que a grande maioria sequer ouviu falar. E a gente aplaude essa postura do Independent Spirit, que se mantém firme no seu objetivo de reconhecer novos talentos e produções pequenas, e fortalece sua personalidade como um prêmio único. Exatamente o oposto que o BAFTA fez. Antigamente, o prêmio da Academia britânica poderia não ter muita audiência e nem contar com tantas celebridades, mas ele premiava outros filmes igualmente interessantes como Ou Tudo ou Nada, Razão e Sensibilidade e Sociedade dos Poetas Mortos. Lembram? Bons tempos…

Bom, A Despedida foi o grande vencedor da noite, ganhando Melhor Atriz Coadjuvante para Zhao Shuzhen, que não compareceu à festa porque a China fechou todas as fronteiras por causa do coronavírus, e Melhor Filme, que se tornou a maior surpresa da cerimônia. (Esperamos que haja uma boa surpresa amanhã também no Oscar nesta categoria…). Tem gente que gosta mais, e tem gente que gosta menos do filme de Lulu Wang, ou seja, ninguém realmente odeia o filme. E esta prêmio de Melhor Filme cai bem pra coroar uma boa temporada, que tinha seu único auge na premiação de Awkwafina no Globo de Ouro. Vemos problemas no roteiro, principalmente no que diz respeito à passividade de alguns personagens, mas trata-se de um filme que carrega muito humanismo; e dialoga bem com a questão das diferenças culturais numa época xenofóbica.

Apesar de não ter saído com o maior prêmio da noite, Joias Brutas conquistou o maior número de prêmios, três no total: Direção (aliás, os irmãos Benny e Josh Safdie são profundos conhecedores de cinema e a química deles é hilária), Montagem e Ator para Adam Sandler, que em seu discurso acalorado falou: “Que premiem os belos amanhã (no Oscar)! Um dia essa beleza acaba, e o que fica é a personalidade do Independent Spirit!”. Disponível na Netflix, Joias Brutas foi um dos melhores filmes de 2019, contando com um ritmo frenético em todos os departamentos, especialmente nesses premiados. Pena que não teremos a chance de ver nos cinemas…

2020 Film Independent Spirit Awards  - Show

Ao receberem o prêmio de direção, os irmãos Safdie começaram dois discursos em paralelo (pic by The Hollywood Reporter)

E a grande vencedora da noite na verdade foi a A24! Essa produtora independente que começou há oito anos, e tem buscado originalidade e inovação, duas coisas que estão extremamente em falta no mercado Hollywoodiano. Premiar A Despedida e Joias Brutas nas principais categorias significa que a ala independente tem essa mesma visão da A24 de apostar e se arriscar mais com filmes de temáticas e técnicas diferentes. Também da produtora, O Farol recebeu os prêmios de Ator Coadjuvante para Willem Dafoe (que merecia ter sido indicado ao Oscar) e Melhor Fotografia (a única indicação do filme ao Oscar).

Willem Dafoe

Willem Dafoe recebendo seu segundo Independent Spirit por O Farol. O primeiro ele ganhou em 2001 por A Sombra do Vampiro. Pic by Just Jared

 

Sobre diversidade, duas coisas bacanas no Independent Spirit: a categoria de Direção contou com duas mulheres (Alma Har’el e Lorene Scafaria) e um negro (Julius Onah, que aliás, dirigiu o ótimo filme Luce, que se aprofunda bem na questão do racismo).  E a categoria de Atriz Coadjuvante, pela primeira vez na história, contou apenas com atrizes de cor (que não são brancas). Tivemos Jennifer Lopez, Taylor Russell, Octavia Spencer, Lauren ‘Lolo’ Spencer e a vencedora Zhao Shuzhen.

Enfim, dois recados muito bem dados com esses resultados: somos inclusivos e queremos criatividade! Parabéns ao Independent Spirit Awards!

Agora, no quesito corrida ao Oscar, favoritismos confirmados: Renée Zellweger como Melhor Atriz por Judy (a mulher bateu 5 concorrentes!), e Parasita como Filme Internacional. Destacamos a premiação da comédia Fora de Série como Melhor Filme de Estréia, e o prêmio especial para a diretora Kelly Reichardt, uma cineasta fantástica que merece mais atenção.

VENCEDORES DO 35º INDEPENDENT SPIRIT AWARDS :

MELHOR FILME
* UMA VIDA OCULTA (A HIDDEN LIFE)
* CLEMENCY
* A DESPEDIDA (THE FAREWELL)
* HISTÓRIA DE UM CASAMENTO (MARRIAGE STORY)
* JOIAS BRUTAS (UNCUT GEMS)

MELHOR DIREÇÃO
* Robert Eggers – O FAROL
* Alma Har’el – HONEY BOY
* Julius Onah – LUCE
* Benny Safdie, Josh Safdie – JOIAS BRUTAS
* Lorene Scafaria – HUSTLERS

MELHOR ATOR
* Chris Galust – GIVE ME LIBERTY
* Kelvin Harrison – Jr., LUCE
* Robert Pattinson – O FAROL
* Adam Sandler – JOIAS BRUTAS
* Matthias Schoenaerts – THE MUSTANG

MELHOR ATRIZ
* Karen Allen – COLEWELL
* Hong Chau – DRIVEWAYS
* Elisabeth Moss – HER SMELL
* Mary Kay Place – A VIDA DE DIANE
* Alfre Woodard – CLEMENCY
* Renée Zellweger – JUDY: MUITO ALÉM DO ARCO-ÍRIS

MELHOR ATOR COADJUVANTE
* Willem Dafoe – O FAROL
* Noah Jupe – HONEY BOY
* Shia Labeouf – HONEY BOY
* Jonathan Majors – THE LAST BLACK MAN IN SAN FRANCISCO
* Wendell Pierce – BURNING CANE

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
* Jennifer Lopez – AS GOLPISTAS
* Taylor Russell – WAVES
* Zhao Shuzhen – A DESPEDIDA
* Lauren “Lolo” Spencer – GIVE ME LIBERTY
* Octavia Spencer – LUCE

MELHOR ROTEIRO
* Noah Baumbach – HISTÓRIA DE UM CASAMENTO
* Jason Begue, Shawn Snyder – TO DUST
* Ronald Bronstein, Benny Safdie, Josh Safdie – JOIAS BRUTAS
* Chinonye Chukwu – CLEMENCY
* Tarell Alvin Mccraney – HIGH FLYING BIRD

MELHOR FOTOGRAFIA
* Todd Banhazl – AS GOLPISTAS
* Jarin Blaschke – O FAROL
* Natasha Braier – HONEY BOY
* Chananun Chotrungroj – THE THIRD WIFE
* Pawel Pogorzelski – MIDSOMMAR

MELHOR MONTAGEM
* Julie Béziau – THE THIRD WIFE
* Ronald Bronstein, Benny Safdie – JOIAS BRUTAS
* Tyler L. Cook – SWORD OF TRUST
* Louise Ford – O FAROL
* Kirill Mikhanovsky – GIVE ME LIBERTY

MELHOR FILME INTERNACIONAL
* A VIDA INVISÍVEL, Brasil
* LES MISERÁBLES, França
* PARASITA, Coréia do Sul
* RETRATO DE UMA JOVEM EM CHAMAS, França
* RETABLO, Peru
* THE SOUVENIR, Reino Unido

MELHOR FILME DE ESTREANTE
* FORA DE SÉRIE (BOOKSMART)
* THE CLIMB
* A VIDA DE DIANE
* THE LAST BLACK MAN IN SAN FRANCISCO
* THE MUSTANG
* SEE YOU YESTERDAY

MELHOR ROTEIRO DE ESTREANTE
* Fredrica Bailey, Stefon Bristol – SEE YOU YESTERDAY
* Hannah Bos, Paul Thureen – DRIVEWAYS
* Bridget Savage Cole, Danielle Krudy – BLOW THE MAN DOWN
* Jocelyn Deboer, Dawn Luebbe – GREENER GRASS
* James Montague, Craig W. Sanger – THE VAST OF NIGHT

MELHOR DOCUMENTÁRIO
* AMERICAN FACTORY
* APOLLO 11
* FOR SAMA
* HONEYLAND
* ISLAND OF THE HUNGRY GHOSTS

PRÊMIO JOHN CASSAVETES (para produções abaixo de 500 mil dólares)
* BURNING CANE
* COLEWELL
* GIVE ME LIBERTY
* PREMATURE
* WILD NIGHTS WITH EMILY

PRÊMIO SOMEONE TO WATCH
* Rashaad Ernesto Green – PREMATURE
* Ash Mayfair – THE THIRD WIFE
* Joe Talbot – THE LAST BLACK MAN IN SAN FRANCISCO

PRÊMIO TRUER THAN FICTION
* Khalik Allah – BLACK MOTHER
* Davy Rothbart – 17 BLOCKS
* Nadia Shihab – JADDOLAND
* Erick Stoll & Chase Whiteside – AMÉRICA

PRÊMIO ROBERT ALTMAN
HISTÓRIA DE UM CASAMENTO – Noah Baumbach, Douglas Aibel, Francine Maisler, Alan Alda, Laura Dern, Adam Driver, Julie Hagerty, Scarlett Johansson, Ray Liotta, Azhy Robertson, Merritt Wever

BONNIE AWARD
Kelly Reichardt

RETROSPECTIVA 2019: O Ano das Diretoras e da A24

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Mais um ano se foi. Tradicionalmente, nessa época faço uma espécie de balanço sobre tudo relacionado a Cinema. Filmes vistos, amados e odiados, como foi o Oscar, o que mudou no cenário e as perdas que tivemos ao longo do ano. É um exercício bacana de ser feito, lido e relido para acompanhar as mudanças e adaptações que o Cinema sofre de tempos em tempos.

Sintam-se à vontade para postar nos comentários seus Tops 5 ou 10 dos melhores e piores. Se tem uma coisa bacana de listas é que eles sempre acrescentam novas opiniões e novas descobertas. Espero poder compartilhar um pouco disso tudo com vocês seguidores do blog, da página do Facebook e agora do nosso perfil no Instagram.

OSCAR 2019: ANO DOS BLOCKBUSTERS MAS SEM UM HOST!

Primeiramente, gosto da idéia de abrir a cerimônia com uma performance musical. Por mim, podia se tornar uma tradição, afinal, temos que ouvir as 5 canções indicadas de qualquer jeito, então por que não adiantar? Em 2017, Justin Timberlake logo cantou a canção de Trolls e logo animou o público.

Este ano, apesar de ter gostado de ver os integrantes do Queen ali no palco, não apreciei a performance vocal de Adam Lambert. E foi logo aí que senti falta de um host. Pra quem não se lembra do episódio, a Academia chamou Kevin Hart para ser o host, mas descobriram que ele não é uma figura politicamente correta, aí lançaram aquele ultimato ridículo do “Ou pede desculpas ou você cai fora!”. Felizmente Hart peitou a instituição e pediu demissão. Aí, vimos um cenário em Hollywood que ninguém estava disposto a ter a vida pessoal vasculhada para ocupar a vaga de Hart. Então, alguém da produção do evento teve a brilhante idéia: “Por que não fazer o show sem host? Vamos economizar uma hora!”. A verdade é que conseguiram eliminar alguns minutos do programa, mas o Oscar ficou sem graça. Se fosse só pra revelar os resultados, preferia um powerpoint.

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A cerimônia só melhorou depois de mais de uma hora com a apresentação de “Shallow” de Lady Gaga e Bradley Cooper. E teve o momento mais surpreendente e caloroso com a vitória de Olivia Colman para Melhor Atriz por A Favorita. A gente que é cinéfilo sente muito por mais uma derrota de Glenn Close, mas no fundo sabe que Colman entregou uma performance melhor e mais original.

Dentre as vitórias, também fiquei feliz por Ruth E. Carter, que venceu o Oscar de Figurino por Pantera Negra. Claro que a mídia a saudou como a primeira negra a ganhar o Oscar dessa categoria, o que é bastante válido para a história da premiação, mas o que me chama bastante a atenção é o capricho dela para que os figurinos revelem mais sobre a personalidade dos personagens. Embora seja baseado em material pré-existente dos quadrinhos da Marvel, toda a cultura afro ficou muito bem impressa e representada nos figurinos. E foi uma vitória diferenciada na categoria, que costuma premiar filmes de época praticamente todos os anos.

E pra fechar, a vitória de Homem-Aranha no Aranha-Verso pra mim foi um respiro pra fora da água dominada por Disney e Pixar. Não que eu morra de paixão pelo filme (considero a história relativamente fraca comparada à própria qualidade da animação e design), mas certamente foi uma grata surpresa da Sony, que explora bem a questão da diversidade na identidade do personagem. Aproveitando o assunto do Oscar de Longa de Animação, ficaria mais feliz se filmes mais alternativos ganhassem de vez em quando. Neste ano, por exemplo, Mirai e Ilha dos Cachorros eram trabalhos criativos que poderiam ter vencido também.

BALANÇO FEMININO

Depois dos movimentos feministas do Me Too e Time’s Up, Hollywood se sentiu acuada para se adaptar aos novos tempos. Felizmente, houve um crescimento considerável cerca de 33% de mulheres atrás das câmeras, tanto nas produções cinematográficas como nas televisivas. Claro que ainda há um longo caminho a percorrer, já que essas atividades eram exclusivamente predominadas por homens por mais de um século, mas os grandes estúdios estão enxergando essa mudança como benéfica, e não se limitar apenas a cumprir uma cota.

Uma das grandes mudanças foi que, antes, qualquer projeto poderia ser dirigido por homens. Hoje, existem alguns projetos, principalmente de temática feminina, que são praticamente impossíveis de contar com uma visão masculina. Por exemplo: a comédia Fora de Série (Booksmart), sobre duas meninas colegiais que buscam farrear antes da formatura, ou As Golpistas (Hustlers), que acompanham a volta por cima das strippers que perderam muito dinheiro por causa de Wall Street. Como em qualquer forma de arte, quanto maior o número de visões e perspectivas, melhor e mais completa fica a arte em si. Não deve se tratar apenas de porcentagens de mulheres empregadas, mas que suas vozes sejam trabalhadas em projetos que as façam ser ouvidas.

Dentre as diretoras de 2019, destacamos algumas mais relevantes:

  • Olivia Wilde (Fora de Série)
  • Mati Diop (Atlantique)
  • Céline Sciamma (Retrato de uma Jovem em Chamas)
  • Marielle Heller (Um Lindo Dia na Vizinhança)
  • Greta Gerwig (Adoráveis Mulheres)
  • Lulu Wang (The Farewell)
  • Melina Matsoukas (Queen & Slim)
  • Lorene Scafaria (As Golpistas)
  • Alma Har’el (Honey Boy)
  • Kasi Lemmons (Harriet)
  • Elizabeth Banks (As Panteras)

Houve muita reclamação de cineastas sobre a exclusão de mulheres na categoria de Direção no Globo de Ouro 2020. Eles não indicam uma mulher desde 2015, quando Ava DuVernay foi reconhecida por Selma. Embora tenhamos maior número de mulheres nas cadeiras de direção, não significa necessariamente que as premiações precisam ou são obrigadas a indicar ou premiá-las. Calma! O reconhecimento vai vir, e muito em breve, mas ele tem de vir com o devido mérito para que entre na história. Esta é uma luta que precisa ser contínua para que possa colher os frutos, que certamente virão.

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Greta Gerwig dá orientações a Meryl Streep nas filmagens de Adoráveis Mulheres (pic by IMDb)

Honestamente, acredito que a Academia pode indicar uma diretora este ano, pois são milhares de membros votantes contra 90 jornalistas da HFPA. Contudo, mesmo que haja um esforço coletivo, não existe um consenso entre Greta Gerwig, Lulu Wang e Olivia Wilde. Se houvesse um foco como a própria Gerwig com Lady Bird há dois anos, seria mais fácil. Esse cenário pode e deve mudar com o anúncio do DGA, sindicato dos diretores, em 07 de Janeiro.

Falando em futuro, em 2020 estão previstos grandes projetos comandados por diretoras que prometem melhorar ainda mais o quadro feminino em Hollywood. Só para citar algumas: Niki Caro (Mulan), Chloé Zhao (Os Eternos), Cate Shortland (Viúva Negra), Patty Jenkins (Mulher-Maravilha 1984) e Lana Wachowski (Matrix 4).

MARTIN SCORSESE vs MARVEL STUDIOS

Já abordamos este assunto aqui antes, mas na área de cinema, foi um dos que mais repercutiu. E mal para Martin Scorsese. Apesar de entendermos o desabafo do cineasta ítalo-americano, a frase “Os filmes da Marvel não são cinema. São um parque temático” soou como  uma estratégia barata de desvalorizar o concorrente das bilheterias porque está morrendo de inveja, mas não pode demonstrar.

Como um diretor renomado dos anos 70, Scorsese poderia ter se aposentado como o colega Francis Ford Coppola, porque depois de Taxi Driver, O Rei da Comédia e Touro Indomável, ele não precisava provar mais nada pra ninguém, mas admiro muito a vontade criativa dele. Foi um dos poucos de sua geração que ainda busca fazer filmes bons e inventivos como O Lobo de Wall Street, A Invenção de Hugo Cabret e o recente O Irlandês. Então pra que expôr uma opinião fútil como essa?

A Marvel Studios e o produtor Kevin Feige estão colhendo os merecidos frutos de um planejamento muito bem feito que se iniciou lá em 2008. Vingadores: Ultimato se tornou a maior bilheteria de todos os tempos, conseguindo superar os dois filmes de James Cameron: Titanic e Avatar. Você pode não gostar dos filmes, mas eles têm uma boa carga de entretenimento que muitos apreciam (taí os números pra confirmar essa paixão). E as adaptações de histórias em quadrinhos começou há pouco tempo. São décadas e mais décadas de HQs repletas de material para o cinema, então essa onda não vai acabar tão cedo, a menos que o público decida que termine antes.

Irishman Scorsese

Scorsese entre Al Pacino e Robert De Niro na premiere de O Irlandês da Netflix (pic by IMDb)

Quanto a Scorsese, felizmente ele se encaixou bem no sistema da Netflix, que se tornou um oásis para diretores autores como ele. Cada cinema tem seu próprio espaço. Não precisa desmerecer os outros trabalhos para valorizar o seu próprio.

O ANO DA A24

Fundado em 2012, o estúdio nova-iorquino (que era apenas uma distribuidora no início) já vinha se destacando pelos seus títulos e suas passagens vitoriosas em premiações nos últimos anos. Ex-Machina, O Quarto de Jack, Moonlight, A Bruxa, Lady Bird e Projeto Flórida, só para citar alguns.

Este ano, foi um dos grandes destaques ao lado da Netflix (aliás, falando na plataforma de streaming, a partir de 2020, os filmes da A24 serão exibidos apenas na plataforma da concorrente Apple Plus TV devido a um acordo firmado). Embora ainda não tenha produções muito bem-sucedidas nas bilheterias, estão chamando atenção pelas apostas mais arriscadas em originalidade como Midsommar, um filme de terror psicológico que se passa na Suécia e dispensa a escuridão para assustar.

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Muita luz do sol e cores: Florence Pugh em Midsommar (pic by IMDb)

Essa filosofia do estúdio tem atraído vários cineastas que também estão cansados das mesmices dos lançamentos de cinema e estão buscando novas temas e novas vozes. Enquanto a Netflix tem abrigado os diretores renomados que perderam espaço nos cinemas como Martin Scorsese, Noah Baumbach, Fernando Meirelles e até o falecido Orson Welles, a A24 tem apostado em novos talentos ou diretores em início de carreira. Entre os novatos estão Robert Eggers, Ari Aster, Lulu Wang, David Robert Mitchell, Trey Edward Shults e os irmãos Benny e Josh Safdie. Todos são nomes que você pode apostar em originalidade e personalidade.

Eis alguns destaques do estúdio lançados em 2019:

  • Jóias Brutas (Uncut Gems)
  • O Farol (The Lighthouse)
  • Midsommar
  • The Farewell
  • The Last Black Man in San Francisco
  • Waves
  • The Souvenir
  • Gloria Bell
  • Under the Silver Lake

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Adam Sandler como o dono de joalheria Howard Ratner em Uncut Gems (pic by IMDb)

CRÍTICAS

Bom, apesar de não ter conseguido conferir trabalhos badalados como Jojo Rabbit, O EscândaloDois Papas, procurei assistir ao maior número possível de potenciais da temporada de premiações e futuros indicados ao Oscar como O Irlandês, História de um Casamento, The Farewell, Dor e Glória, Coringa, Atlantique e Bacurau. A lista provavelmente seria um pouco diferente se eu apenas privilegiasse a qualidade artística, mas procurei valorizar a questão da originalidade e perspectiva.

Dentre alguns trabalhos que não estão na lista, destaco Atlantique e Bacurau. Ambos trabalham com elementos do cinema de gênero com a finalidade de reforçar uma mensagem sócio-econômica, embora suas metáforas ainda estejam aquém do nível de um John Carpenter, por exemplo. Fora de Série da diretora estreante Olivia Wilde também vale a citação. Não que seja um primor como filme, mas por ela conseguir fazer uma versão feminina daqueles típicos filmes de adolescente americano que pipocaram nos anos 80 e 90 imprimindo sua personalidade logo em seu primeiro filme.

Já o novo filme de Tarantino, Era uma Vez em… Hollywood, tem seus méritos principalmente no quesito da paixão que o diretor nutre pelo cinema como um escape da realidade cruel dos anos 70. Ele faz do filme uma espécie de carta de amor à poesia da arte. Como roteiro, deixou um pouco a desejar, principalmente por personagens secundários e por repetir a fórmula de mudar o curso da História como fez em Bastardos Inglórios com os nazistas, e Django Livre com os escravistas.

META 2019

Não tive exatamente uma meta estipulada em números, mas acho vergonhoso da minha parte assistir a menos de 100 filmes em um ano. Em 2019, consegui fazer as pazes com o tempo e consegui me dedicar mais aos filmes, resultando em 234 longas e 26 curtas até a presente data. Talvez ainda consiga ver mais um ou outro antes da virada do ano.

Além dos lançamentos, procurei assistir a alguns filmes que estavam na minha watchlist há um bom tempo como os clássicos A Montanha dos Sete Abutres (1951), Anatomia de um Crime (1959), Cléo das 5 às 7 (1962) e voltar a ter contato com os mestres Akira Kurosawa em Trono Manchado de Sangue (1957), Vittorio De Sica em Vítimas da Tormenta (1946), Jean Renoir em A Regra do Jogo (1939) e John Cassavettes em Amantes (1984), enquanto descobria filmes excepcionais como A Longa Caminhada (1971), O Espírito da Colméia (1973), Alambrista! (1977), El Norte (1983) e Tudo por Dinheiro (1982).

PIORES DO ANO

Não sei quanto a vocês, mas apesar de gostar de assistir de tudo, se possível prefiro economizar meu tempo e dinheiro com filmes que estão destinados a serem ruins, de gosto duvidoso ou com complicações na produção. Então, dificilmente assistirei a Playmobil: O Filme, por exemplo. Já há casos que até me interessei pelos diretores envolvidos, mas após conferir os trailers e ler as críticas, acabei desanimando como aconteceu com Projeto Gemini (Ang Lee), Hellboy (Neil Marshall) e Cadê Você, Bernadette? (Richard Linklater). Provavelmente vou conferir esses últimos filmes, mas quem sabe depois do Oscar?

TOP 5 PIORES LANÇAMENTOS DO ANO

5. DORA E A CIDADE PERDIDA (Dora and the Lost City of Gold)
Dir: James Bobin
Apesar de ser destinado a um público infantil, trata-se de uma adaptação com zero de imaginação, péssimos diálogos e personagens. E que ainda não dá pra ser sustentado por um carisma ainda meio verde de Isabela Moner. Se fosse lançado direto para home video, ainda estaria sendo privilegiado.

4. X:MEN: FÊNIX NEGRA (Dark Phoenix)
Dir: Simon Kinberg
Tudo bem que a Fox estava praticamente vendida para a Disney, mas quem teve a brilhante idéia de contratar um diretor estreante que ficou conhecido por ser produtor de algumas pérolas como X-Men: O Confronto Final, Jumper e Quarteto Fantástico (2015)? Desgastou uma das maiores sagas dos quadrinhos dos X-Men… mais uma vez.

3. A LAVANDERIA (The Laundromat)
Dir: Steven Soderbergh
É difícil acreditar que um cineasta criativo como Soderbergh, que já realizou Sexo, Mentiras e Videotape (1989) e Irresistível Paixão (1998) se tornou um Adam McKay genérico. Ele quis imitar o filme da crise econômica A Grande Aposta (2015), e acabou fazendo um vídeo institucional de 1 hora e meia.

2. O PINTASSILGO (The Goldfinch)
Dir: John Crowley
Esse filme é uma verdadeira aula de como NÃO adaptar um livro, ainda mais vencedor do Pulitzer, para o cinema. As cenas não têm carga emocional, e o péssimo trabalho de montagem só piora o material. O que mais dói é que Crowley tinha Roger Deakins como diretor de fotografia (não sabia que era possível fazer filme ruim com ele na câmera) e Nicole Kidman e Sarah Paulson no elenco. Um erro em todos os departamentos.

1. O REI LEÃO (The Lion King)
Dir: Jon Favreau
Pra quem acompanha o blog, sabe que sou contra essa onda de Live-Actions da Disney. Claro que eles estão na deles de querer lucrar com um material conhecido, mas essa falta de criatividade e falta de propósito nos remakes me assombra como cinema. E acredito (e espero) que este filme seja o ápice do vazio desses live-actions. Não se trata apenas de animais sem expressão humanizada, mas de uma história clássica recontada de forma praticamente idêntica, porém sem alma. Alguém lembra da versão colorida de Psicose de Gus Van Sant? Os atores que dublaram, com exceção óbvia de James Earl Jones, são infinitamente piores do que aqueles de 1994, o que elimina qualquer rastro de humanidade num filme que mais precisava dele. Os efeitos visuais são ótimos e merecem o Oscar da categoria, mas se quer reviver o Hamlet da Disney, reveja a animação.

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Cena do live action O Rei Leão (pic by IMDb)

MELHORES DO ANO

TOP 5 MELHORES LANÇAMENTOS DO ANO

5. O FAROL (The Lighthouse/ 2019)
Dir: Robert Eggers
Talvez a decisão mais difícil neste top 5. Havia colocado O Irlandês aqui, mas algumas coisas pesaram a favor de O Farol, começando pela incrível estética. Robert Eggers foi extremamente ousado ao decidir filmar em 35mm, em preto-e-branco e numa real locação, onde ficaram expostos a inúmeros contratempos. A fotografia de Jarin Blaschkin é primorosa, pois além do aspecto expressionista repleto de sombras, sua granulação permite uma vibe tátil e é quase possível sentir o cheiro do mar. Ótimas atuações, especialmente de Willem Dafoe, um ator versátil como poucos. Diria que é um filme perturbador pelo aspecto de isolamento.

4. LUCE (Luce/2019)
Dir: Julius Onah
Fui atrás desse filme depois das indicações ao Independent Spirit e me surpreendi pela evolução na temática racista. É como se o cinema já estivesse saturado da superficialidade da questão racial e decidisse se aprofundar com uma trama diferente com personagens mais densos e com backgrounds alternativos. O protagonista Luce é um aluno prodígio no colégio, mas com idéias um tanto radicais que podem ter explicação em seu passado. Grandes atuações, especialmente de Kelvin Harrison Jr. e Octavia Spencer.

3. NÓS (Us/ 2019)
Dir: Jordan Peele
No papel, é um filme inferior a Corra!, mas Jordan Peele fez o que se esperava dele: foi mais ambicioso, tanto na questão racial quanto na questão filosófica.  A primeira vez que se assiste a Nós, a ação e a tensão crescente nos entretém como um bom filme de terror psicológico. A partir da segunda vez, é possível analisar melhor os detalhes que perdemos para nos proporcionar uma reflexão maior sobre as metáforas e simbolismos. Lupita Nyong’o extraordinária em dois papéis.

2. JÓIAS BRUTAS (Uncut Gems/ 2019)
Dir: Benny Sadie e Josh Safdie
Depois de se encantar com o filme anterior dos irmãos Safdie, Bom Comportamento, havia altas expectativas em relação a este novo trabalho. Mesmo assim, Jóias Brutas consegue nos surpreender, principalmente pela fluidez de sua narrativa. Como uma marca dos diretores, a imprevisibilidade faz parte dos acontecimentos, o que reforça ainda mais as atuações de Julia Fox, e principalmente de Adam Sandler. Ótima combinação de montagem com a trilha de Daniel Lopatin. É aquele típico filme que não tem cara de Oscar, mas que depois a Academia vai se arrepender de não ter premiado ou sequer indicado.

1. PARASITA (Gisaengchung/ 2019)
Dir: Bong Joon-Ho
Parasita é aquele fruto perfeito que o diretor Bong Joon-Ho plantou lá atrás com os intrigantes Memórias de um Assassino (2003), O Hospedeiro (2006), Mother (2009), O Expresso do Amanhã (2013) e Okja (2017). Aqui ele volta a dialogar com vários temas que já tratou como a família, a luta de classes e até a questão da superpopulação, mas de uma forma completamente diferente. A mistura de gêneros é tamanha que dá a impressão de que o filme vai se perder a qualquer momento, mas a direção de Joon-Ho é tão segura do primeiro ao último minuto que é impossível não ficar impressionado pelo seu controle. Um filme pra se ver várias vezes, descobrir coisas novas e com chances mínimas de ficar datado. Um dos melhores filmes deste século XXI.

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Cena de Parasita (pic by OutNow.CH)

TOP 5 MELHORES em ACERVO MÍDIA DIGITAL ou STREAMING

5. OASIS (Oasiseu/ 2002)
Dir: Chang-dong Lee
Depois de me apaixonar por seus outros trabalhos posteriores: Poesia, Sol Secreto e Em Chamas, finalmente consegui conferir Oasis. Lee escolhe a dedo seu protagonista atrapalhado que consegue enxergar muito mais além da superfície de preconceitos e ir fundo na alma da debilitada Gong-ju (aliás, impressionante atuação de So-ri Moon, que deixa Eddie Redmayne no chão). Um filme extremamente poético que merece ser descoberto.

Oasis

4. WANDA (Wanda/ 1970)
Dir: Barbara Loden
Muito se fala hoje de mulheres no cinema, então ninguém melhor do que Barbara Loden para abrir a discussão. Ela teve a audácia de dirigir um filme escrito e atuado por ela no final dos anos 60, tornando-se a primeira mulher a fazê-lo com este belo e tocante Wanda. A protagonista de mesmo nome é uma ex-dona de casa, recém-divorciada em uma pequena cidade de mineração nos EUA que tem uma segunda chance na vida ao ser acolhida por um ladrão. A atriz pioneira morreu muito jovem, aos 48 anos, vítima de câncer de mama. 

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3. A MONTANHA DOS SETE ABUTRES (Ace in the Hole/ 1952)
Dir: Billy Wilder
Este filme é um TAPA enorme no sensacionalismo da mídia. Jornalista de NY explora o circo midiático de um acidente na montanha que deixa um homem soterrado por dias. Somente Billy Wilder, grande diretor dos clássicos Se Meu Apartamento Falasse, Testemunha de Acusação e Pacto de Sangue, poderia destrinchar a podridão do jornalismo nos anos 50. Confirmando que o mestre estava à frente de seu tempo, o filme foi um fracasso de crítica e de público, mas ainda permanece muito relevante nos dias de hoje, e sua qualidade inquestionável. Talvez o melhor papel de Kirk Douglas na carreira, e estupenda atuação de Jan Sterling.

Ace in the Hole

2. MARGARET (Margaret/ 2011)
Dir: Kenneth Lonergan
Fiquei com esse filme na cabeça por alguns dias por vários motivos. Margaret é um filme sobre uma moça (Anna Paquin) que testemunha um acidente de ônibus na cidade. Com enorme peso na consciência, ela busca respostas se realmente foi acidental ou um erro grave. Só a cena do acidente em si já te deixa baqueado por um bom tempo, depois essa questão ética te drena de uma forma contundente. Paquin entrega sua melhor performance, Jeannie Berlin rouba suas cenas e temos uma vibe mega ôrganica nesse filme que é difícil não ficar perdido. Originalmente, o filme estava previsto para lançamento em 2007, mas devido às brigas de corte final com a Fox Searchlight, Lonergan teve de aguardar QUATRO anos para seu filme ser descoberto.

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1. O REI DA COMÉDIA (The King of Comedy/ 1982)
Dir: Martin Scorsese
Dentre alguns filmes de Scorsese que deixei escapar, estava O Rei da Comédia. Yes, my bad!  O filme é focado na vida de Rupert Pupkin (Robert De Niro), um comediante amador que sonha em fazer sucesso no programa de TV de Jerry Langford (Jerry Lewis). Aproveitei a oportunidade do lançamento de Coringa para conferir este filme, para então descobrir que o diretor Todd Phillips praticamente copiou este filme e Taxi Driver para criar sua Gotham City dos anos 70. Não que copiar seja algo necessariamente inválido, mas o impacto que Coringa causou em muitos cinéfilos não se aplicava naqueles que já haviam visto os filmes de Scorsese. Honestamente, considero o Rupert Pupkin de De Niro e a Masha de Sandra Bernhard mais assustadores do que Joaquin Phoenix como Arthur Fleck. Pupkin tem uma imprevisibilidade deixariam muitos stalkers no chão. Filme perfeito de Scorsese, cujas cenas são inestimáveis, e ele pratica o humor negro que nunca imaginei que ele teria.

King of Comedy

Jerry Lewis e Robert De Niro em cena de O Rei da Comédia (pic by IMDb)

IN MEMORIAN

Foi triste acompanharmos a partida de atores muito jovens partindo como o nosso Caio Junqueira, que morreu num acidente de carro aos 42 anos, o ator americano Luke Perry aos 52 anos, e o diretor John Singleton aos 51, vítimas de AVC. Singleton foi o primeiro diretor negro a ser indicado ao Oscar de Direção e também o mais jovem aos 24 anos por Os Donos da Rua (1991).

Perdemos grandes mestres do cinema como a emblemática Agnès Varda, Franco Zeffirelli, Stanley Donen, e os diretores brasileiros Domingos de Oliveira e Fábio Barreto.

Dentre os atores, o britânico Albert Finney (indicado a 5 Oscars sem vitória), Doris Day (uma indicação por Confidências à Meia-Noite), Peter Fonda (2 indicações: uma por Roteiro Original e outra como Ator por O Ouro de Ulisses), Seymour Cassel (uma indicação por Faces), Robert Forster (uma indicação por Jackie Brown), Danny Aiello (uma indicação por Faça a Coisa Certa).

Outros atores que marcaram sua época estão Bibi Andersson (uma das favoritas de Ingmar Bergman), Rutger Hauer (Blade Runner), Bruno Ganz (que foi anjo em Asas do Desejo e Hitler em A Queda), Anna Karina (O Demônio das Onze Horas), Julie Adams (a moça que encantou o Monstro da Lagoa Negra) e Peter Mayhew, que foi o Chewbacca de Star Wars.

Também gostaríamos de destacar o grande compositor francês Michel Legrand, que venceu 2 Oscars de Trilha Musical (Houve uma Vez um Verão e Yentl) e 1 Oscar de Canção Original (Crown, o Magnífico).

Mais fora do âmbito do cinema, sentimos pela perda da cantora sueca Marie Fredriksson da banda Roxette (ela tinha câncer no cérebro), e dos brasileiros Gugu Liberato (que foi vítima de um acidente doméstico, e que participou de uns filmes brasileiros com a Xuxa e os Trapalhões) e o jornalista Ricardo Boechat (vítima de um acidente de helicóptero). Boechat era um dos raros âncoras de telejornal que expressava a nossa indignação com as notícias da política brasileira.

Ainda abro espaço para o crítico de cinema Rubens Ewald Filho, que nos deixou em junho. Apesar de ter trabalhos como ator e escritor, ficou conhecido por ser o “homem do Oscar”, que fez a conexão de incontáveis cinéfilos à Sétima Arte por seu vasto conhecimento sobre filmes e artistas. Trabalhou como apresentador de TV nas transmissões das cerimônias do Oscar pelo SBT, Globo e TNT, e foi autor de inúmeros guias de filmes. Em 1998, assisti à cerimônia em que Titanic venceu 11 Oscars e fiquei abismado com a memória cinematográfica dele, especialmente naquela bela homenagem intitulada “Álbum de Família do Oscar”, na qual vários atores que venceram a estatueta eram saudados no palco. Rubens sabia todos os atores e os filmes pelos quais eles ganharam seus prêmios. Eu tinha gravado o evento no meu velho aparelho de videocassete e assisti inúmeras vezes a este Oscar, decorando os nomes através da voz dele. Em 2009, fui a um evento na extinta videolocadora 2001 em São Paulo, onde tive o prazer de conhecê-lo. Tive o privilégio de declarar meu enorme respeito e carinho para aquele que me introduziu a este universo de premiações de cinema. Era um homem muito querido e de uma bondade tremenda com seus fãs. Que descanse em paz, Rubens!

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Encontro com Rubens Ewald Filho em evento do lançamento de mais um guia de filmes de sua autoria

VOTOS PARA 2020

Não sei como foi o ano para vocês, mas o meu foi uma montanha-russa de altos e baixos. E foram nos momentos baixos que o Cinema mais me serviu como alento e fuga. Porém, além dessa característica quase medicinal, os filmes vêm com um propósito pouco comentado mas essencial que é sua capacidade de promover a compreensão entre as pessoas, os povos, as raças e as religiões. Tudo o que as diferenças separam, o cinema tem a incrível capacidade de unir… talvez com raras exceções entre os fãs de Marvel e DC, ou de Star Wars.

Então, proponho um exercício para 2020. Você, que tem aquele preconceito sobre determinado assunto, determinado perfil de pessoas, determinado tipo de crença, assista a um filme sobre esses temas (claro, não sendo um filme supérfluo). Seja uma ficção, ou seja um documentário, o Cinema vai oferecer luz de conhecimento e empatia para aqueles cantos escuros da sua mente. Sinta na pele como é ser outra pessoa, entender seus problemas e refletir sobre seus dilemas. Na maioria das vezes, o cinema é somente associado a entretenimento porque é o grande chamariz que atrai o público, mas sempre foi e nunca deixará de ser uma forma de arte que busca entender o mundo e as pessoas que vivem nele. Dá pra aprender muito, principalmente se escolher aqueles filmes dos diretores que também têm essa missão.

Feliz Natal e Próspero Ano Novo para todos que acompanham o blog, Facebook e Instagram. Sigam as páginas, opinem, compartilhem. Obrigado a todos e que tenham um ano de muita paz, saúde, alegria e, claro, muitos bons filmes!

Macaulay Culkin Home Alone

Macaulay Culkin no eterno filme natalino Esqueceram de Mim (pic by eye-contact.tumblr.com)

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