‘SHOPLIFTERS’, DO AUTOR JAPONÊS HIROKAZU KORE-EDA, VENCE A PALMA DE OURO

 

 

hirokazu cannes

O diretor japonês Hirokazu Kore-eda ostenta sua Palma de Ouro. No fundo, a presidente do júri Cate Blanchett. Pic by Eric Gaillard/REUTERS

APESAR DAS EXPECTATIVAS PARA UMA SEGUNDA PALMA DE OURO PARA UMA MULHER, CANNES PREMIOU SEGUNDO FILME ASIÁTICO NESTE SÉCULO

Havia três filmes indicados à Palma de Ouro nesta edição dirigidos por mulheres, o júri era formado por maioria feminina e encabeçada pela presidente Cate Blanchett, e tudo indicava que a segunda Palma de Ouro poderia acontecer desde 1993, quando O Piano venceu, MAS ainda não foi desta vez. Como a própria Blanchett disse em entrevista, adoraria ver uma mulher recebendo a honraria, mas “Palma de Ouro não é o Nobel da Paz”.

O prêmio máximo da noite foi concedido ao cineasta autoral japonês Hirokazu Kore-eda por Shoplifters, um drama sócio-familiar sobre uma menina que vive nas ruas que é adotada por uma família pobre que a ensina a furtar em supermercados. Assim como o título francês, o brasileiro tende a ser “Assunto de Família”. Kore-eda ficou conhecido aqui no Brasil por Depois da Vida (1998), aquele em que as pessoas têm uma semana depois da morte para escolher uma memória, e pelo premiado em Cannes Ninguém Pode Saber (2004), quando o ator-mirim Yûya Yagira levou o prêmio de interpretação masculina.

Shoplifters

Cena de Shoplifters, vencedor da Palma de Ouro. Pic by outnow.ch

Contudo, meu favorito dele é Pais e Filhos (2013), que aborda uma difícil situação de troca de bebês na maternidade. Para quem acompanha a carreira do diretor, sabe que ele tem uma predileção por temas familiares, mas como poucos, consegue fazer retratos bastante intimistas de seus personagens. Mesmo em seu penúltimo trabalho, o policial O Terceiro Assassinato, mesmo tendo um crime como foco, ele ainda explora relações conturbadas de família.

Esta foi apenas a segunda Palma de Ouro para um diretor asiático neste século XXI, que não ocorria desde 2010, quando o tailandês Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas levou o prêmio. Apenas um fato curioso, longe de querer cobrar cotas para asiáticos em Cannes. Aliás, boa parte da imprensa apontou que a Palma teria sido uma espécie de prêmio pelo conjunto da obra para Hirokazu Kore-eda, já que ele tem seis passagens pela Croissette. Este foi sua quinta indicação à Palma de Ouro, e ele tinha levado apenas um Prêmio do Júri (tipo 3º lugar) com Pais e Filhos.

Muito bem cotado entre a crítica estrangeira, BlacKkKlansman, de Spike Lee, acabou levando o Grande Prêmio do Júri. Respeitando uma tradição em sua filmografia, a crítica ao racismo está novamente presente nesta trama em que um negro se infiltra na organização Ku Klux Klan. Presente na cerimônia, o diretor aceitou o prêmio em nome da “República Popular do Brooklyn, Nova York”, fazendo menção à sua terra natal. Animado, Spike declarou: “Cannes foi o local perfeito para lançar o filme. Espero que o filme possa nos tirar de nossa estagnação mental de forma global, e voltar à verdade, bondade, amor e sem ódio”, e obviamente, aproveitou para dar cutucadas em Donald Trump: “Com este governo, estamos regredindo no tempo.” Particularmente, torço para que este BlacKkKlansman, assim como futuros trabalhos, voltem a ser os meios de expressão que ele utilizava tão bem para dialogar sobre racismo.

Spike Lee Cannes

Spike Lee posa com seu Grande Prêmio do Júri por BlacKkKlansman. Pic by NY Daily News

Apesar de não terem levado a Palma de Ouro para casa, das três mulheres indicadas, duas levaram importantes prêmios nesta edição. Enquanto o Prêmio do Júri foi para a diretora libanesa Nadine Labaki por seu filme Capernaum, no qual retrata a vida de um menino de rua em Beirute que decide processar seus pais pela vida que tem, a diretora italiana Alice Rohrwacher dividiu o prêmio de Roteiro por Happy as Lazzaro com o cineasta iraniano Jafar Panahi por Três Faces.

Os prêmios de interpretação foram concedidos à talentos desconhecidos este ano. Do lado masculino, o ator italiano Marcello Fonte, que interpretou um franzino dono de pet shop que precisa tomar uma atitude drástica em Dogman, levou o prêmio, enquanto na ala feminina, a jovem cazaque Samal Yeslyamova conquistou a honra por sua performance como uma imigrante do Quirguistão que abandona seu bebê numa gélida Rússia em Ayka.

Marcello+Fonte+Samal+Yeslyamova+Palme+Winner+hs9yGQuwgRQl.jpg

Marcello Fonte e Samal Yeslyamova posam com seus prêmios de interpretação de Cannes. Pic by zimbio

Já pelo prêmio de Direção, o polonês Pawel Pawlikowski foi reconhecido pelo drama Cold War, sobre o romance entre dois músicos contada através de elipses, bela fotografia preto-e-branco, e enquadramentos rígidos como conhecemos em Ida, vencedor do Oscar de Filme em Língua Estrangeira em 2014.

Contudo, talvez o que mais tenha chamado a atenção no dia da premiação, tenha sido a presença da atriz italiana Asia Argento. Pouco antes do anúncio do primeiro prêmio, ela surgiu no palco e soltou uma bomba: “Tenho algumas palavras para dizer: Em 1997, fui estuprada por Harvey Weinstein aqui em Cannes. Eu tinha 21 anos. Este festival era a área de caça dele. Quero lançar uma previsão: Harvey Weinstein nunca será bem-vindo aqui novamente. Ele viverá em desgraça, evitado pela comunidade fílmica que o acolheu e acobertou seus crimes. Mesmo esta noite, sentados entre vocês, existem aqueles que ainda devem ser responsabilizados por comportamentos que não pertencem à essa indústria. Vocês sabem quem vocês são, e mais importante, nós sabemos quem vocês são, e não vamos mais permitir que se saiam impunes.”

Asia Argento Cannes

Asia Argento demonstrando a força feminina no dia do encerramento do festival de Cannes. Pic by Mashable

A declaração da atriz denota que os movimentos feministas como o #MeToo causaram rebuliço no evento. Embora a organização não tenha sido culpada pelo crime sexual ocorrido em 97, tomou providências e disponibilizou pela primeira vez uma linha direta para reportar qualquer ocorrência do tipo ou comportamento suspeito.

Se desse lado o festival soube se adequar aos tempos atuais, a briga com a Netflix devido ao sistema de streaming não se encaixar no antiquado sistema de exibição francês foi um ponto bastante negativo para Cannes. Sem poder contar com as novas produções da empresa americana, repletas de diretores renomados, para suas seleções, o festival francês pode perder relevância no cenário internacional.

BRASIL EM CANNES

Embora não estivesse concorrendo na mostra oficial neste ano, a produção nacional contou com três co-produções premiadas. Pela mostra Un Certain Regard (Um Certo Olhar), o documentário com toques de ficção Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos (intitulado internacionalmente como The Dead and the Others), dirigido pela brasileira Renée Nader Messora e o português João Salaviza, que conta uma jornada espiritual indígena, venceu o Prêmio do Júri.

Festival Internacional de Cine de Cannes

À direita, os diretores de Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos: João Salaviza e Renée Nader Messora, recebendo o Prêmio do Júri da mostra Un Certain Regard. Pic by Estadão

Co-produzido em parceria com a França e Portugal, o filme Diamantino venceu o Grande Prêmio da mostra da Semana da Crítica. Dirigido pela dupla Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, o filme tem como protagonista uma espécie de Cristiano Ronaldo, jogador de futebol e modelo. E já O Órfão, de Carolina Markowicz, levou o prêmio Queer Palm de Curta-Metragem.

VENCEDORES DA 71ª EDIÇÃO DO FESTIVAL DE CANNES

COMPETIÇÃO

PALMA DE OURO
Shoplifters

Dir: Hirokazu Kore-eda

GRANDE PRÊMIO DO JÚRI
BlacKkKlansman

Dir: Spike Lee

PRÊMIO DO JÚRI
Capernaum
Dir: Nadine Labaki

DIRETOR
Pawel Pawlikowski (Cold War)

ATOR
Marcello Fonte (Dogman)

ATRIZ
Samal Yeslyamova (Ayka)

ROTEIRO
Alice Rohrwacher (Happy as Lazzaro)
Jafar Panahi, Nader Saeivar (Three Faces)

PALMA DE OURO ESPECIAL
Jean-Luc Godard

 

UN CERTAIN REGARD

PRÊMIO UN CERTAIN REGARD
Border

Dir: Ali Abbasi

DIRETOR
Sergei Loznitsa (Donbass)

ATUAÇÃO
Victor Polster (Girl)

ROTEIRO
Meryem Benm’Barek (Sofia)

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI
João Salaviza & Renée Nader Messora (Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos)

 

OUTROS PRÊMIOS

CAMERA D’OR
Girl

Dir: Lukas Dhont

PALMA DE OURO PARA CURTA
All These Creatures

Dir: Charles Williams

MENÇÃO ESPECIAL PARA CURTA
On the Border

Dir: Shujun Wei

PRÊMIO DO JÚRI ECUMÊNICO
Capernaum

Dir: Nadine Labaki

MENÇÃO ESPECIAL DO JÚRI ECUMÊNICO
BlacKkKlansman

Dir: Spike Lee

QUEER PALM
Girl

Dir: Lukas Dhont

 

 

DIRECTORS’ FORTNIGHT

PRÊMIO ART CINEMA
Climax

Dir: Gaspar Noé

PRÊMIO SOCIETY OF DRAMATIC AUTHORS AND COMPOSERS
The Trouble With You

Dir: Pierre Salvadori

EUROPA CINEMAS LABEL
Lucia’s Grace

Dir: Gianni Zanasi

PRÊMIO ILLY DE CURTA-METRAGEM
Skip Day

Dir: Patrick Bresnan, Ivete Lucas

 

SEMANA DA CRÍTICA

GRANDE PRÊMIO
Diamantino

Dir: Gabriel Abrantes, Daniel Schmidt

PRÊMIO SOCIETY OF DRAMATIC AUTHORS AND COMPOSERS
Woman at War
Dir: Benedikt Erlingsson

GAN Foundation Award for Distribution
Sir

PRÊMIO LOUIS ROEDERER FOUNDATION RISING STAR
Felix Maritaud (Sauvage)

CURTA-METRAGEM
Hector Malot – The Last Day Of The Year

Dir: Jacqueline Lentzou

 

FIPRESCI

COMPETIÇÃO
Burning

Dir: Lee Chang-dong

UN CERTAIN REGARD
Girl

Dir: Lukas Dhont

Directors’ Fortnight/Critics’ Week
One Day

Dir: Zsófa Szilagyi

 

CINÉFONDATION

PRIMEIRO PRÊMIO
The Summer of the Electric Lion
Dir: Diego Céspedes

SEGUNDO PRÊMIO
Calendar

Dir: Igor Poplauhin

The Storms in Our Blood
Dir: Shen Di

TERCEIRO PRÊMIO
Inanimate

Dir: Lucia Bulgheroni

FESTIVAL DE CANNES: GODARD e SPIKE LEE estão de VOLTA pela DISPUTA da PALMA DE OURO

Todos lo Saben.jpg

Penélope Cruz e Javier Bardem em cena de Todos lo Saben, de Asghar Farhadi, que abrirá o Festival de Cannes

SELEÇÃO CONTÉM A PRESENÇA ILUSTRE DE JEAN-LUC GODARD E TRÊS CINEASTAS MULHERES

Olá, pessoal que segue o blog! Após um período de hibernação pós-Oscar, eis que retorno com a divulgação dos filmes selecionados para o Festival de Cannes, que entra em sua 71ª edição, lembrando que a presidente do júri deste ano é a atriz australiana Cate Blanchett.

AINDA SOBRE A NETFLIX

Antes de divagar sobre a seleção em si, gostaria de abrir um breve adendo ainda relacionado à desavença entre Cannes e Netflix, que começou ano passado, quando o então presidente do júri, o cineasta espanhol Pedro Almodóvar, lançou a declaração polêmica de que não premiaria (sem sequer conferir) nenhuma das duas produções da Netflix porque não seriam exibidas na tela grande. Para tentar apaziguar os ânimos, o coordenador de Cannes Thierry Frémaux decidiu que a partir de 2018, os filmes selecionados precisariam necessariamente ser exibidos em salas de cinema.

Após esse destrato, o diretor de conteúdo da Netflix anunciou que ficará de fora do Festival de Cannes este ano. Desse modo, candidatos em potencial como Roma, o novo filme de Alfonso Cuarón, e Norway, de Paul Greengrass, estão descartados. Porém, o problema reside na provável ausência de um dos maiores diretores de todos os tempos: Orson Welles. Sim, aquele mesmo de um tal Cidadão Kane, que é bem cotado pela crítica.

A filha dele, Beatrice Welles, finalizou o último trabalho do pai intitulado The Other Side of the Wind (O Outro Lado do Vento, em tradução livre), que foi filmado na década de 70, mas devido a problemas financeiros teve enormes dificuldades de ser lançado. Até que em 2017, a Netflix comprou os direitos e se comprometeu a fazer um grande lançamento, que seria em Cannes. E agora? Através de um e-mail, Beatrice fez um apelo ao coordenador de Cannes para reconsiderar a respeito da inclusão de produções da plataforma de streaming:

the-other-side-of-the-wind-cop

Da esquerda para a direita: John Huston, Orson Welles e Peter Bogdanovich em set de The Other Side of the Wind.

 

“Fiquei bem chateada e preocupada em ler nos jornais a respeito do conflito com o Festival de Cannes. Tenho que falar pelo meu pai. Eu vi como as grandes companhias de produção destruíram sua vida, seu trabalho, e ao fazê-lo, um pouco do homem que amei tanto. Eu odiaria muito ver a Netflix ser mais uma dessas companhias.”

DISSECANDO A SELEÇÃO

Deixando um pouco a polêmica Arte vs. Distribuição de lado, a seleção de Cannes deste ano apresenta algumas peculiaridades. Dos 18 filmes que competem pela Palma de Ouro, temos apenas dois filmes norte-americanos: BlacKKKlansman, de Spike Lee, e Under the Silver Lake, de David Robert Mitchell, diretor do ótimo Corrente do Mal. Spike Lee não disputava a Palma de Ouro desde 1991 por Febre da Selva, formando um hiato de 27 anos. Com a baixa aderência de americanos, o tapete vermelho não será tão glamoroso com as ausências das celebridades hollywoodianas, mas acredito que este era o objetivo do festival: atrair mais qualidade e menos glamour.

Este ano, temos três filmes dirigidos por mulheres: Eva Husson, Nadine Labacki e Alice Rohrwacher. Embora não tenha alcançado o recorde de 2011, quando houve quatro mulheres, essa porcentagem feminina tem se elevado desde 2000. Sobre o assunto, o Frémaux deu a seguinte declaração: “Em Cannes, nunca teremos uma seleção baseada em uma discriminação positiva em relação às mulheres. Há uma diferença entre as mulheres cineastas e o movimento Me Too.”  Claro que Cannes, assim como o Oscar, pode dar uma força ao olhar com mais carinho os filmes dirigidos por mulheres, mas não são obrigados a selecioná-los pensando meramente no politicamente correto. Além disso, novamente eles elegeram uma presidente mulher com o intuito de lançar um olhar feminino na competição e quem sabe possibilitar uma segunda Palma de Ouro para uma cineasta (a primeira foi para Jane Campion e seu belo O Piano em 1993).

Dois dos diretores em competição estão presos em seus respectivos países: o iraniano Jafar Panahi, e o ucraniano Kirill Serebrennikov. Frémaux tentará apelar aos governos desses países para liberá-los e apresentar seus trabalhos na França, mas acredito que não conseguirá, pois os artistas podem pedir exílio político em território estrangeiro.

Ao contrário dos anos anteriores, a seleção deste ano não está recheada de nomes conhecidos dos festivais internacionais. Temos aqui o mestre francês Jean-Luc Godard com Le Livre d’Image, mas a maioria é composta por nomes internacionais emergentes como o polonês Pawel Pawlikowski (que venceu o Oscar por Ida em 2015), o italiano Matteo Garrone (conhecido pelo polêmico Gomorra) e o chinês Jia Zhang-Ke (conhecido por O Mundo e As Montanhas se Separam).

Por motivos desconhecidos, muitos nomes frequentes de Cannes estão ausentes (pelo menos até o momento, já que deve haver a inclusão de mais dois ou três filmes ainda) como Naomi Kawase, Jacques Audiard, Xavier Dolan, Nuri Bilge Ceylan e Olivier Assayas. Existe a possibilidade de seus trabalhos não terem conseguido finalizar a tempo do prazo do festival, mas também uma decisão de apostar em novos talentos.

Entre os nomes por hora excluídos, mas que podem surgir ainda, está o dinamarquês Lars von Trier, aquele mesmo que foi banido do festival em 2011 por ter feito comentários de teor nazista e defendido Hitler. Ele tem um filme bastante polêmico a ser lançado este ano: The House that Jack Built, no qual Matt Dillon interpreta um serial killer que mata mais de 12 pessoas e consegue ocultar os corpos. Alguns comentários de pessoas que já teriam visto alegam que existem fortes cenas de brutalidade e violência. Outros excluídos bastante citados são os britânicos Mike Leigh, que tem o drama histórico Peterloo, e Terry Gilliam com seu eterno The Man Who Killed Don Quixote, que não teria sido selecionado por legais.

SESSÕES ESPECIAIS

Vale lembrar que haverá pelo menos uma sessão de 2001: Uma Odisséia no Espaço em homenagem aos 50 anos de seu lançamento em 1968. O diretor britânico Christopher Nolan, bastante fã do filme, será host desta sessão. Esperamos que essa empolgação chegue a alguma sala aqui no Brasil, já que a ficção científica de Kubrick merece ser visto na tela grande e com som de ótima qualidade.

Ainda sobre homenagens, o diretor brasileiro Cacá Diegues terá seu novo filme exibido fora de competição. O Grande Circo Místico, sobre uma família austríaca que mantém um circo, estrelado por Jesuíta Barbosa, Bruna Linzmeyer e Antônio Fagundes, terá sessão especial no festival. Cacá Diegues já competiu pela Palma de Ouro em três oportunidades com Bye Bye Brasil (1980), Quilombo (1984) e Um Trem Para as Estrelas (1987), mas nunca levou.

O-Grande-Circo-Mistico

Jesuíta Barbosa e Bruna Linzmeyer em cena de O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues

E importante citar que outro cineasta brasileiro estará presente em Cannes. Joe Penna, nascido em São Paulo, residente nos EUA, que ficou conhecido por seu canal no YouTube, realizou seu primeiro longa-metragem intitulado Arctic, sobre um homem aguardando resgate no Ártico. Logo em seu projeto de estréia, conseguiu a presença marcante do ótimo Mads Mikkelsen, conhecido por viver Hannibal Lecter na série de TV, e que venceu o prêmio de Ator em Cannes pelo ótimo A Caça.

arctic.jpg

Cena de Arctic, de Joe Penna, estrelado por Madds Mikkelsen

INDICADOS À PALMA DE OURO:

  • Everybody Knows – FILME DE ABERTURA
    Dir: Asghar Farhadi
  • En Guerre (At War)
    Dir: Stephane Brize
  • Dogman
    Dir: Matteo Garrone
  • Le Livre d’Image
    Dir: Jean-Luc Godard
  • Netemo Sametemo (Asako I & II)
    Dir: Ryusuke Hamaguchi
  • Plaire Aimer et Courir Vite (Sorry Angel)
    Dir: Christophe Honore
  • Les Filles du Soleil (Girls of the Sun)
    Dir: Eva Husson
  • Ash Is Purest White
    Dir: Jia Zhang-Ke
  • Shoplifters
    Dir: Kore-Eda Hirokazu
  • Capharnaum
    Dir: Nadine Labaki
  • Buh-Ning (Burning)
    Dir: Lee Chang-Dong
  • BlacKKKlansman
    Dir: Spike Lee
  • Under the Silver Lake
    Dir: David Robert Mitchell
  • Three Faces
    Dir: Jafar Panahi
  • Zimna Wojna (Cold War)
    Dir: Pawel Pawlikowski
  • Lazzaro Felice
    Dir: Alice Rohrwacher
  • Yomeddine
    Dir: A.B. Shawky
  • Leto
    Dir: Kirill Serebrennikov

FORA DE COMPETIÇÃO

  • Solo: A Star Wars Story
    Dir: Ron Howard
  • Le Grand Bain
    Dir: Gilles Lelouche

SESSÕES ESPECIAIS

  • 10 Years in Thailand
    Dir: Aditya Assarat, Wisit Sasanatieng, Chulayarnon Sriphol e Apichatpong Weerasthakul
  • The State Against Mandela and the Others
    Dir: Nicolas Champeaux e Gilles Porte
  • O Grande Circo Místico (The Great Mystical Circus)
    Dir: Carlos Diegues
  • La Traversee
    Dir: Romain Goupil
  • A Touts Vents (To the Four Winds)
    Dir: Michel Toesca
  • Les Ames Mortes (Dead Souls)
    Dir: Wang Bing
  • Pope Francis – A Man of His Word
    Dir: Wim Wenders

MIDNIGHT SCREENINGS

  • Arctic
    Dir: Joe Penna
  • Gongjak (The Spy Gone North)
    Dir: Yoon Jong-Bing

UN CERTAIN REGARD

  • Grans (Border)
    Dir: Ali Abbasi
  • Sofia
    Dir: Meyem Benm’Barek
  • Les Chatouilles (Little Tickles)
    Dir: Andrea Bescond & Eric Metayer
  • Long Day’s Journey Into Night
    Dir: Bi Gan
  • Manto
    Dir: Nandita Das
  • A Genoux les Gars (Sextape)
    Dir: Antoine Desrosieres
  • Girl
    Dir: Lukas Dhont
  • Guele d’Ange (Angel Face)
    Dir: Vanessa Filho
  • Euphoria
    Dir: Valeria Golino
  • Mon Tissu Prefere (My Favorite Fabric)
    Dir: Gaya Jiji
  • Rafiki (Friend)
    Dir: Wanuri Kahiu
  • Die Stropers (The Harvesters)
    Dir: Etienne Kallos
  • In My Room
    Dir: Ulrich Kohler
  • El Angel
    Dir: Luis Ortega
  • The Gentle Indifference of the World
    Dir: Adilkhan Yerzhanov

***

O Festival de Cannes se inicia no dia 8 de Maio e termina no dia 19, quando devem ser anunciados os vencedores eleitos pelo júri.

Filme de cineasta turco Nuri Bilge Ceylan, ‘Winter Sleep’, ganha a Palma de Ouro 2014

O diretor Nuri Bilge Ceylan posa com sua Palma de Ouro (photo by www.thewire.com)

O diretor Nuri Bilge Ceylan posa com sua Palma de Ouro (photo by http://www.thewire.com)

SEM GRANDES FAVORITOS, WINTER SLEEP ACABA FATURANDO A PALMA DE OURO

A 67ª edição do Festival de Cannes apresentou uma seleção de cineastas de renome como Jean-Luc Godard, Mike Leigh, os irmãos Dardenne e David Cronenberg, mas ao longo do evento, a crítica internacional foi ficando cada vez mais desapontada no final das sessões, gerando uma certa impaciência pela busca por candidatos com chances reais de ganhar a Palma de Ouro.

Havia também uma certa expectativa da presidente do júri, Jane Campion, premiar uma mulher com a Palma de Ouro (fato que só aconteceu uma vez na história do festival), o que aumentou o foco nas únicas duas representantes do sexo feminino: a japonesa Naomi Kawase e a italiana Alice Rohrwacher. Mas a competição tomou rumos inesperados na reta final, quando nenhum trabalho realmente conquistou a crítica especializada.

Ao que parece ser uma espécie de culminação de prêmios, o diretor turco Nuri Bilge Ceylan levou a Palma depois de bater na trave duas vezes ao vencer o Grande Prêmio do Júri por Distante em 2002 e Era uma vez na Anatolia em 2011, além de ter faturado o prêmio de direção em 2008 por 3 Macacos. Sua filmografia é marcada por um clima pesado e de humor negro e de relacionamentos, que também está presente neste novo trabalho vencedor, Winter Sleep, no qual os personagens interagem dentro de um hotel durante frio congelante. Vale lembrar que a duração do filme ultrapassa as 3 horas: 196 minutos.

Cena de Winter Sleep (photo by outnow.ch)

Cena de Winter Sleep (photo by outnow.ch)

“Foi uma grande surpresa pra mim”, disse Ceylan no palco da premiação, que lembrou do aniversário de 100 anos do Cinema Turco e dedicou a honraria aos 11 jovens mortos turcos durante protestos em 2013. Embora não tenha sido logo tachado de favorito no 3º dia de exibição, Winter Sleep conquistou parte da audiência, enquanto a outra parte ficou na expectativa sobre os demais indicados. Esta é apenas a segunda vitória de um filme turco na história de Cannes: a primeira ocorreu em 1982 com o filme O Caminho, de Serif Gören e Yilmaz Güney.

Quanto à expectativa de vitória feminina, podemos dizer que foi consolidada com o Grande Prêmio do Júri para The Wonders, segundo trabalho da jovem diretora italiana Alice Rohrwacher. Enquanto a presidente Jane Campion se defendeu ao afirmar “O gênero dos cineastas nunca entrou em nossas discussões. Apenas sentimos e respondemos aos filmes”, o diretor canadense Nicolas Winding Refn, membro do júri, justificou em detalhes a escolha: “Todos nós sentimos que era um incrível filme espiritual com ótimas performances dos atores. Chorei no fim. Fui levado a um outro mundo”.

Alice Rohrwacher recebe o Grande Prêmio do Júri das mãos da atriz Sophia Loren (photo by www.kpmrtv.com)

Alice Rohrwacher recebe o Grande Prêmio do Júri das mãos da atriz Sophia Loren (photo by http://www.kpmrtv.com)

Embora os principais vencedores não falem o inglês, dois vencedores de Cannes podem ter suas chances no Oscar 2015 impulsionadas: o diretor Bennett Miller e a atriz Julianne Moore. Enquanto o primeiro já foi indicado ao Oscar por Capote, a segunda já foi indicada quatro vezes: Boogie Nights: Prazer Sem Limites (atriz coadjuvante em 1998), Fim de Caso (atriz em 2000), As Horas (coadjuvante) e Longe do Paraíso (atriz, ambos em 2003).

O último trabalho de Bennett Miller, Foxcatcher, já vinha sendo cogitado ao Oscar desde o segundo semestre de 2013, mas o estúdio decidiu adiá-lo para 2014, provavelmente alegando uma competição bastante acirrada. O filme acompanha a tragédia real do assassinato de um atleta olímpico, interpretada por um elenco inspirado: Channing Tatum, Mark Ruffalo e Steve Carrell, sendo os dois últimos muito bem cotados para a categoria de coadjuvante para o ano que vem. Com a produtora Megan Ellison em alta com a Academia (recebeu duas indicações este ano por Trapaça e Ela), Foxcatcher já se elege como forte candidato para o Oscar 2015.

Melhor Diretor: Bennett Miller (Foxcatcher). Photo by www.straitstimes.com)

Melhor Diretor: Bennett Miller (Foxcatcher). Photo by http://www.straitstimes.com)

Já a vitória de Julianne Moore foi considerada uma surpresa, pois a disputa estava entre a canadense Anne Dorval por Mommy e a francesa Marion Cotillard por Two Days, One Night, dos irmãos Dardenne. Aliás, os Dardenne saíram de mãos vazias do festival. Sob a direção de David Cronenberg, Julianne Moore atua como atriz neurótica tentando sobreviver em Hollywood em Maps to the Stars. Esse reconhecimento pode colocar Moore de volta ao caminho das premiações americanas após vários papéis menos inspirados.

Na categoria de Melhor Ator, a vitória do britânico Timothy Spall por Mr. Turner confirma a maestria na direção de atores de Mike Leigh, cujos atores Brenda Blethyn (Segredos e Mentiras) e David Thewlis (Nu) já ganharam previamente a honraria. Em seu discurso, o ator cometeu a gafe de ter deixado o aparelho celular ligado e teve que contornar a situação: “Ops, mensagem de voz. Estou tentando desligar em meio às lágrimas”.

Curiosamente, no empate do Prêmio do Júri, os vencedores foram justamente o mais velho e o mais novo diretor concorrentes: Xavier Dolan com seus 25 anos, e Godard com 83. Enquanto o último estava ausente, o novato deu um belo discurso: “Para minha geração que acha que tem gosto diferente e sofre com isso: acredite e nunca abandone suas idéias”.

VENCEDORES DE CANNES 2014:

PALMA DE OURO: Winter Sleep, de Nuri Bilge Ceylan

DIRETOR: Bennet Miller (Foxcatcher)

GRANDE PRÊMIO DO JÚRI: The Wonders, de Alice Rohrwacher

PREMIO DO JÚRI: Mommy, de Xavier Dolan E Goodbye To Language, de Jean-Luc Godard

ATOR: Timothy Spall (Mr. Turner)

ATRIZ: Julianne Moore (Maps to the Stars)

ROTEIRO: Andrey Zvyagintsev e Oleg Negin (Leviathan)

CAMERA D’OR: Party Girl, de Marie Amachoukeli, Claire Burger e Samuel Theis

Melhor Ator: Timothy Spall (Mr. Turner). Photo by www.dailymail.co.uk)

Melhor Ator: Timothy Spall (Mr. Turner) recebe o prêmio da musa Monica Belucci. Photo by http://www.dailymail.co.uk)

Indicados à Palma de Ouro de Cannes 2014

Marcello Mastroianni em pôster oficial do Festival de Cannes (photo by http://www.filmindustrynetwork.biz/cannes-film-festival-gives-homage-italian-actor/23599)

Marcello Mastroianni em pôster oficial do Festival de Cannes (photo by http://www.filmindustrynetwork.biz/cannes-film-festival-gives-homage-italian-actor/23599)

FESTIVAL CONSEGUE BOM EQUILÍBRIO ENTRE LENDAS COMO JEAN-LUC GODARD E JOVENS CINEASTAS COMO ALICE ROHRWACHER

Com o anúncio dos filmes indicados à Palma de Ouro, o 67º Festival de Cannes oficialmente começa sua corrida. Como feito no ano passado, quando os atores Paul Newman e Joanne Woodward estamparam o pôster do evento, este ano outra lenda do cinema empresta sua imagem: o ator italiano Marcello Mastroianni. Vencedor do prêmio de interpretação masculina duas vezes por Ciúme à Italiana (1970) e Olhos Negros (1987), ele ficou mundialmente conhecido por sua parceria com o diretor Federico Fellini em produções como A Doce Vida e 8½.

Jane Campion (photo by festival-cannes.fr)

Jane Campion (photo by festival-cannes.fr)

Para presidir o júri, os organizadores do festival chamaram a cineasta neozelandesa Jane Campion, a única mulher a conquistar a Palma de Ouro com O Piano em 1993. Ela também conseguiu a proeza de ganhar a Palma de Ouro de Melhor Curta com An Exercise in Discipline – Peel em 1986. Entre outros filmes, Campion dirigiu Retratos de uma Mulher (1996), Fogo Sagrado! (1999), O Brilho de uma Paixão (2009) e recentemente dirigiu episódios da minissérie Top of the Lake.

Quanto à seleção oficial, o destaque fica para a presença da trinca de cinestas canadenses: David Cronenberg, Atom Egoyan e Xavier Dolan. Nenhum deles ganhou o prêmio máximo de Cannes, então esta pode ser uma oportunidade única. Mais conhecido por suas bizarrices dos anos 80 e 90 como A Mosca, ExistenZ e Crash – Estranhos Prazeres, Cronenberg vem buscando um amadurecimento de seu trabalho desde Marcas da Violência (2005), quando ele passou a priorizar uma economia de linguagem ou o famoso “menos é mais”. Particularmente, considero seus filmes indispensáveis, seja das décadas anteriores como os mais recentes, porque ele está sempre em busca de algo inovador, independente do resultado final. Espero que seu novo trabalho, Maps to the Stars, seja bem recebido em Cannes e que ele consiga um lugar na premiação.

À direita, David Cronenberg dirige Olivia Williams no set de Map to the Stars. Ao lado dele, o ator John Cusack. (photo by outnow.ch)

À direita, David Cronenberg dirige Olivia Williams no set de Maps to the Stars. Ao lado dele, o ator John Cusack. (photo by outnow.ch)

Seu conterrâneo, Atom Egoyan, já bateu na trave quando seu O Doce Amanhã faturou o Grande Prêmio do Júri em 1997. Ele já concorreu vezes à Palma, e esta é sua sexta chance com The Captive, um drama sobre seqüestro estrelado por Ryan Reynolds, Rosario Dawson e Bruce Greenwood. Curiosamente, Egoyan vai na cola de outro diretor canadense Denis Villeneuve, que dirigiu uma história de seqüestro em Os Suspeitos. E, aos 25 anos de idade, Xavier Dolan volta à Cannes pela quarta vez, mas a primeira em que concorre à Palma com seu drama de relacionamento Mommy.

Em se tratando de Cannes, obviamente os cineastas consagrados têm as melhores chances. Este ano, temos a ilustre presença de um dos maiores diretores de todos os tempos: Jean-Luc Godard. Ao contrário da onda comercial, Godard explora a linguagem do 3D em seu novo Goodbye to Language. Acredito que o diretor francês deverá ir além da profundidade de campo do uso tridimensional como fez alguns diretores renomados como Martin Scorsese. Aos 83 anos, Godard ainda atua como um incansável experimentalista. Seu filme anterior, Filme Socialismo, combina inúmeras idiomas em inúmeras conversações, usando várias linguagens em vários locais de filmagem. Ele foi indicado seis vezes, mas nunca ganhou em Cannes.

Já os laureados previamente Ken Loach, Mike Leigh e os irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne voltam a concorrer. Loach, vencedor por Ventos da Liberdade em 2006, traz uma espécie de biografia do líder comunista irlandês James Gralton em Jimmy’s Hall, enquanto Mike Leigh, vencedor por Segredos e Mentiras (1996), trata da vida do pintor J.M.W. Turner do século XIX. Ele retoma sua parceria com os atores Timothy Spall e Lesley Manville.Considerados sempre favoritos, os irmãos belgas Dardenne exploram temática trabalhista no drama Two Days, One Night, com uma ótima candidata a Melhor Atriz, Marion Cotillard. Os diretores já venceram a Palma de Ouro duas vezes: em 1999 com Rosetta, e em 2005 por A Criança.

CELEBRIDADES NA CROISETTE

Elogiado por seu equilíbrio entre cinema de autor e comercial pela presidente do júri, Jane Campion, o Festival de Cannes não poderia dispensar a presença de algumas celebridades no glamoroso tapete vermelho da Croisette. Pelo novo filme dirigido pelo ator Tommy Lee Jones, a atriz vencedora de dois Oscars, Hilary Swank, deve marcar presença por The Homesman, um western sobre a escota de três criminosas. Além dela, outros atores que participaram do filme podem visitar o festival como Meryl Streep, James Spader, John Lithgow e Miranda Otto.

Tommy Lee Jones e Hilary Swank em cena de The Homesman (photo by cine.gr)

Tommy Lee Jones e Hilary Swank em cena de The Homesman (photo by cine.gr)

Foxcatcher, novo filme de Bennett Miller, diretor de Capote e O Homem que Mudou o Jogo, também pode chamar seus atores para o tapete vermelho. Além do jovem promissor Channing Tatum, os atores Steve Carell e Mark Ruffalo devem comparecer para prestigiar o trabalho. Curiosamente, o filme estava previsto para estrear no final de 2013 a fim de concorrer às indicações ao Oscar, mas o estúdio responsável preferiu adiar o lançamento, pois considerava a competição acirrada demais. Antes dessa mudança, Ruffallo e Carell estavam bem cotados para indicações de coadjuvante no prêmio da Academia. Foxcatcher reconstrói o período em que ocorreu o assassinato do campeão olímpico Dave Schultz.

Channing Tatum e Mark Ruffallo trabalham no novo filme de Bennett Miller (photo by outnow.ch)

Channing Tatum e Mark Ruffallo trabalham no novo filme de Bennett Miller (photo by outnow.ch)

Embora não se trate de uma produção hollywoodiana, Clouds of Sils Maria, do diretor Olivier Assayas, também trará artistas famosos: vencedora do Oscar por O Paciente Inglês, a francesa Juliette Binoche, sempre figura como favorita nas premiações, e a jovem Chloë Grace Moretz, que recentemente estrelou a refilmagem de Carrie, a Estranha. Vale ressaltar que Kristen Stewart, da cinessérie Saga Crepúsculo, poderá comparecer e acabar cruzando com seu ex, o ator Robert Pattison, que está no filme de David Cronenberg.

Da esquerda pra direita: Brady Corbet, Chloe Grace Moretz e Juliette Binoche em cena de Clouds of Sil Maria (photo by cine.gr)

Da esquerda pra direita: Brady Corbet, Chloë Grace Moretz e Juliette Binoche em cena de Clouds of Sils Maria (photo by cine.gr)

Vencedor do Oscar pelo adorado O Artista, o diretor francês Michel Hazanavicius volta a dirigir e decidiu optar por uma refilmagem de Perdidos na Tormenta (The Search), de Fred Zinnemann. A trama envolve a curiosa relação entre uma trabalhadora de uma ONG e um menino de uma devastada pela guerra Chechênia. Além de sua esposa, a atriz Bérénice Bejo, o filme também traz a indicada ao Oscar 4 vezes, Annette Bening.

Ainda sobre celebridades, o filme de abertura também trará uma: Nicole Kidman, no papel da atriz e princesa Grace Kelly, em Grace: A Princesa de Mônaco, do diretor Olivier Dahan, conhecido por Piaf – Um Hino ao Amor. Assim como Foxcatcher, esta produção estava prevista para estréia em 2013, mas acabou sendo adiada. Talvez o convite de abertura do festival de Cannes tenha pesado no planejamento… Mesmo assumindo a tarefa ingrata de personificar a beleza de Grace Kelly, Kidman vinha sendo bem cotada para Melhor Atriz no Oscar. Se o filme for bem recebido, sua indicação já estaria bem encaminhada para 2015.

Nicole Kidman como Grace Kelly em Grace of Monaco (photo by elfilm.com)

Nicole Kidman como Grace Kelly em Grace: A Princesa de Mônaco (photo by elfilm.com)

AUSÊNCIAS CRITICADAS

Assim como no Oscar, é muito difícil de agradar gregos e troianos. Se incluem os Dardenne, Godard, Loach, Mike Leigh e Cronenberg, muitos cinéfilos e críticos reclamam que os organizadores tomaram uma decisão segura e deixaram de apostar em nomes mais contemporâneos. O crítico Justin Chang da Variety citou alguns trabalhos que não foram lembrados por Cannes:

Inherent Vice, de Paul Thomas Anderson; Knight of Cups, de Terrence Malick; Big Eyes, de Tim Burton; The Assassin, de Hou Hsiao Hsien; Jersey Boys, de Clint Eastwood; Magic in the Moonlight, de Woody Allen; Edge of Tomorrow, de Doug Liman; Far from the Madding Crowd, de Thomas Vinterberg; Birdman, de Alejandro González Iñárritu; e a biografia sem título sobre Lance Armstrong, de Stephen Frears.

Sem querer defender nenhum lado, acredito que se esses nomes acima estivessem competindo, os que foram indicados de fato teriam suas ausências igualmente questionadas. Teríamos que ter uma seleção oficial de uns 50 nomes para tentar atender a todos os pedidos, mas certamente haveria filmes de qualidade duvidosa. É preciso dar crédito aos profissionais que fazem a seleção dos filmes, uma vez que o Festival de Cannes tem como marca registrada a busca por um cinema de autor contemporâneo.

O único argumento que concordei com Justin Chang foi em relação à baixa presença de autoras femininas entre os indicados. Como lembrado anteriormente, Jane Campion foi a única mulher que venceu a Palma de Ouro. Talvez sua escolha como presidente do júri deste ano seja uma tentativa de amenizar essa estatística. Contudo, espero que não resolvam premiar um filme simplesmente por haver uma mulher atrás da câmera (duas diretoras competem: Naomi Kawase e Alice Rohrwacher), pois seria uma idéia estúpida, mas sim, por sua qualidade cinematográfica.

INDICADOS A PALMA DE OURO 2014:

– The Captive
Dir: Atom Egoyan

Palma de Ouro

Palma de Ouro

– Clouds of Sils Maria
Dir: Olivier Assayas

– Foxcatcher
Dir: Bennett Miller

– Goodbye to Language (Adieu au Langage)
Dir: Jean-Luc Godard

– The Homesman
Dir: Tommy Lee Jones

– Jimmy’s Hall
Dir: Ken Loach

– Leviathan
Dir: Andrei Zvyagintsev

– Le Meraviglie
Dir: Alice Rohrwacher

– Maps to the Stars
Dir: David Cronenberg

– Mommy
Dir: Xavier Dolan

– Saint Laurent
Dir: Bertrand Bonello

– The Search
Dir: Michel Hazanavicius

– Still the Water
Dir: Naomi Kawase

– Mr. Turner
Dir: Mike Leigh

– Timbuktu
Dir: Abderrahmane Sissako

– Two Days, One Night
Dir: Jean-Pierre e Luc Dardenne

– Wild Tales
Dir: Damian Szifron

– Winter Sleep
Dir: Nuri Bilge Ceylan

Da esquerda para a direita:

Da esquerda para a direita: Juliano Ribeiro Salgado, Sebastião Salgado e Wim Wenders. (photo by Thierry Poufarry in http://www.dw.de)

Ausente da competição à Palma de Ouro, o Brasil está representado pelo documentário The Salt of the Earth, sobre o fotógrafo breasileiro Sebastião Salgado. A direção é assinada pelo alemão Wim Wenders (Buena Vista Social Club) e por Juliano Ribeiro Salgado, filho do fotógrafo. Outros destaques da Un Certain Regard incluem Incompresa, o novo filme de Asia Argento, que foi elogiado pelo diretor do festival Thierry Frémaux como sendo “extremamente pessoal”, e também justificou a escolha de Party Girl como filme de abertura “porque notamos que o novo cinema francês está em estado de fervor e vitalidade, e precisamos encorajar isso”. E Bird People, de Pascale Ferran, foi considerado inovador por sua trama envolvendo elementos sobrenaturais.

Vale ressaltar a estréia na direção do ator Ryan Gosling com Lost River, um drama de fantasia que se passa em Detroit. Ele contou com as atrizes Eva Mendes, Christina Hendricks e Saoirse Ronan.

SELEÇÃO UN CERTAIN REGARD:

– Party Girl
Dir: Marie Amachoukeli, Claire Burger e Samuel Theis

Seleção Un Certain Regard

Seleção Un Certain Regard

– Amour fou
Dir: Jessica Hausner

– Away From His Absence
Dir: Keren Yedaya

– Bird People
Dir: Pascale Ferran

– The Blue Room
Dir: Mathieu Amalric

– Charlie’s Country
Dir: Rolf de Heer

– Eleanor Rigby
Dir: Ned Benson

– Fantasia
Dir: Wang Chao

– Force Majeure
Dir: Ruben Ostlund

– A Girl at My Door
Dir: July Jung

– Hermosa juventud
Dir: Jaime Rosales

– Incompresa
Dir: Asia Argento

– Lost River
Dir: Ryan Gosling

– Run
Dir: Philippe Lacote

– Salt of the Earth
Dir: Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado

– Snow in Paradise
Dir: Andrew Hulme

– Titli
Dir: Kanu Behl

– Untitled
Dir: Lisandro Alonso

– Xenia
Dir: Panos Koutras

SPECIAL SCREENINGS

* Bridges of Sarajevo
Dir: Aida Begic, Isild le Besco, Leonardo di Constanzo, Jean-Luc Godard, Kamen Kalev, Sergei Loznitsa, Vincenzo Marra, Ursula Meier, Vladimir Perisic, Cristi Puiu, Marc Recha, Angela Schanelec, Teresa Villaverde

* Caricaturistes: Fantassins de la democratie
Dir: Stephanie Valloatto

* Maidan
Dir: Sergei Loznitsa

* Red Army
Dir: Gabe Polsky

* Silvered Water
Dir: Mohammed Oussama e Wiam Bedirxan

MIDNIGHT SCREENINGS

* The Rover
Dir: David Michod

* The Salvation
Dir: Kristian Levring

* The Target
Dir: Yoon Hong-seung

CELEBRATION OF THE 70TH ANNIVERSARY OF LE MONDE

* Les Gens du Monde
Dir: Yves Jeuland

A edição do Festival de Cannes acontece entre os dias 14 a 25 de maio de 2014.

Cena de Le Meraviglie, de Alice Rohrwacher, uma das duas mulheres presente na seleção oficial de Cannes (photo by cine.gr)

Cena de Le Meraviglie, de Alice Rohrwacher, uma das duas mulheres presente na seleção oficial de Cannes (photo by cine.gr)

%d blogueiros gostam disto: