‘NOMADLAND’ e ‘ROCKS’ LIDERAM as INDICAÇÕES ao BAFTA 2021

APÓS ESCÂNDALO DO #BAFTASOWHITE EM 2020, ACADEMIA BRITÂNICA SURPREENDE EM INÚMERAS CATEGORIAS

Quando não tivemos nenhuma diretora indicada ou nenhum ator ou atriz negros indicados na última edição do BAFTA, a Academia Britânica reuniu membros e comissão (incluindo o Príncipe William) por sete meses e decidiu fazer mudanças urgentes. Dentre elas, houve aumento de 5 para 10 filmes indicados na categoria de Melhor Filme Britânico, a divulgação de uma pré-lista extensa de possíveis indicados que expandiria as opções reconhecidas, e o convite para 1.000 novos membros votantes pertencentes à classes minoritárias ou sub-representadas. Nas categorias de atuação e direção, o número de indicados também cresceu de 5 para 6, possibilitando maior justiça.

Como é possível ver nas indicações deste ano, as mudanças logo surtiram efeito. Ao ler a lista de indicados, parecia que estávamos diante do BAFTA antigo que se perdeu depois dos anos 90, quando tinha personalidade própria e não estava buscando prever os filmes do Oscar. Pelo lado positivo, realmente houve maior inclusão de etnias e nacionalidades, o que possibilitou o reconhecimento de produções menores que não contavam com orçamentos para fazer campanhas publicitárias. Parece que os votantes realmente fizeram uma seleção própria, ao contrários dos anos anteriores em que iam muito no automático das outras premiações, fazendo alterações mínimas.

E pelo lado negativo, como toda mudança, há exclusões que não devem agradar aqueles que dão preferência a nomes mais famosos e figurinhas carimbadas da temporada. A ausência mais sentida entre os atores é de Carey Mulligan, que há dois dias levou o prêmio de Melhor Atriz por Bela Vingança no Critics’ Choice Awards. Na categoria de Direção, foram 4 mulheres entre os 6 indicados, mas com a exceção de Chloé Zhao que vinha marcando presença em todas as listas, nenhuma das outras 3 estavam na expectativa: Shannon Murphy (Dente de Leite), Jasmila Žbanić (Quo Vadis, Aida?) e Sarah Gavron (Rocks). Os ausentes masculinos David Fincher e Aaron Sorkin deram lugar a Lee Isaac-Chung (Minari) e Thomas Vinterberg (Druk – Mais uma Rodada).

Após uma década publicando notícias das temporadas de premiações, vejo essa mudança no BAFTA como muito mais positiva. Muitas vezes, as premiações parecem mais uma casa de apostas e estatísticas do que um reconhecimento dos filmes e dos profissionais da área de Cinema. Há muitos anos, vimos vários filmes de qualidade duvidosa ganhando prêmios importantes porque contaram com campanhas milionárias ou um padrinho influente como o hoje preso Harvey Weinstein. Os prêmios não apenas servem para reconhecer um trabalho bem feito, mas para ajudar aqueles cineastas emergentes a conquistar mais espaço com projetos mais ousados que estúdios conservadores não querem apostar mais por pensarem exclusivamente em lucros. Quais filmes ou profissionais vão ganhar o BAFTA é uma questão subjetiva de cada membro votante, mas ao ver essa diversidade de títulos na lista de indicados já me deixa bastante esperançoso.

NÚMEROS DO BAFTA 2021

Os recordistas desta edição, Nomadland e Rocks, acumularam sete indicações cada. Enquanto o road movie de Chloé Zhao foi indicado para Melhor Filme, Direção, Atriz (Frances McDormand), Roteiro Adaptado, Fotografia, Montagem e Som, o drama familiar de Sarah Gavron disputa Melhor Filme Britânico, Melhor Estreia de Diretor, Produtor ou Roteirista Britânico, Direção, Roteiro Original, Atriz (Bukky Bakray), Atriz Coadjuvante (Kosar Ali) e Casting.

Logo em seguida, com seis indicações cada, temos Meu Pai, Mank, Minari e Bela Vingança. Dentre eles, a queda de Mank é bastante chamativa para um filme que tinha perspectivas de ser o recordista de indicações, alavancado pela Netflix. Havia uma expectativa de 10 ou 11 indicações para o filme de David Fincher, mas teve que se contentar com apenas 6, sendo ausência em categorias-chave como Ator (Gary Oldman), Atriz Coadjuvante (Amanda Seyfried) e Direção para o próprio Fincher.

A Escavação e The Mauritanian acumularam 5 indicações cada. Curiosamente, Jodie Foster, que havia ganhado o Globo de Ouro de Atriz Coadjuvante ficou de fora, enquanto Tahar Rahim foi reconhecido como Melhor Ator.

AUSÊNCIAS

São tantas que poderíamos fazer uma lista só com os nomes que ficaram de fora: Carey Mulligan (Bela Vingança), Gary Oldman e Amanda Seyfried (Mank), Sacha Baron Cohen (Borat: Fita de Cinema Seguinte e Os 7 de Chicago), Viola Davis (A Voz Suprema do Blues), Delroy Lindo (Destacamento Blood), Olivia Colman (Meu Pai), Glenn Close (Era uma Vez um Sonho), Steven Yeun (Minari), Helena Zengel (Relatos do Mundo) e Jodie Foster (The Mauritanian).

SURPRESAS

Houve várias inclusões já citadas acima que surpreenderam como o próprio recordista Rocks. Citamos também a indicação dos atores Mads Mikkelsen (Druk – Mais uma Rodada), Radha Blank (The Forty-Year-Old Version), Wunmi Mosaku (O Que Ficou Para Trás), Dominique Fishback (Judas e o Messias Negro), Barry Keoghan (Calm With Horses), Clarke Peters (Destacamento Blood) e Alan Kim (Minari).

Existe uma expectativa mínima de que essas indicações do BAFTA influenciem de alguma forma a votação de indicados ao Oscar que começou dia 07 e termina amanhã, dia 10. Para aqueles que deixaram para votar de última hora, o BAFTA ainda pode fazer alguma diferença, mas só o fato de ter recuperado um pouco da identidade original já nos deixa satisfeitos. Lembrando que, devido à pandemia, a cerimônia será dividida em duas partes. A primeira divulgará os vencedores das categorias técnicas, e a segunda os vencedores das categorias principais, nos dias 10 e 11 de Abril, respectivamente.

CONFIRA TODOS OS INDICADOS DA 74ª EDIÇÃO DO BAFTA:

FILME

MEU PAI Philippe Carcassonne, Jean-Louis Livi, David Parfitt
THE MAURITANIAN TBC
NOMADLAND Mollye Asher, Dan Janvey, Frances McDormand, Peter Spears, Chloé Zhao
BELA VINGANÇA Ben Browning, Emerald Fennell, Ashley Fox, Josey McNamara
OS 7 DE CHICAGO Stuart Besser, Marc Platt

FILME BRITÂNICO

CALM WITH HORSES Nick Rowland, Daniel Emmerson, Joe Murtagh
A ESCAVAÇÃO Simon Stone, Gabrielle Tana, Moira Buffini
MEU PAI Florian Zeller, Philippe Carcassone, Jean-Louis Livi, David Parfitt, Christopher Hampton
O QUE FICOU PARA TRÁS Remi Weekes, Martin Gentles, Edward Kings, Roy Lee
LIMBO Ben Sharrock, Irune Gurtubai, Angus Lamont
THE MAURITANIAN Kevin Macdonald, Rory Haines, Sohrab Noshirvani, M.B. Traven
MOGUL MOWGLI Bassam Tariq, Riz Ahmed, Thomas Benski, Bennett McGhee
BELA VINGANÇA Emerald Fennell, Ben Browning, Ashley Fox, Josey McNamara
ROCKS Sarah Gavron, Ameenah Ayub Allen, Faye Ward, Theresa Ikoko, Claire Wilson
SAINT MAUD Rose Glass, Andrea Cornwell, Oliver Kassman

ESTREIA DE DIRETOR, ROTEIRISTA OU PRODUTOR BRITÂNICO

O QUE FICOU PARA TRÁS Remi Weekes (Writer/Director)
LIMBO Ben Sharrock (Writer/Director), Irune Gurtubai (Producer) [also produced by Angus Lamont]
MOFFIE Jack Sidey (Writer/Producer) [also written by Oliver Hermanus and produced by Eric Abraham]
ROCKS Theresa Ikoko, Claire Wilson (Writers)
SAINT MAUD Rose Glass (Writer/Director), Oliver Kassman (Producer) [also produced by Andrea Cornwell]

FILME EM LÍNGUA NÃO-INGLESA

DRUK – MAIS UMA RODADA Thomas Vinterberg, Sisse Graum Jørgensen
DEAR COMRADES! Andrei Konchalovsky, Alisher Usmanov
LES MISÉRABLES Ladj Ly
MINARI Lee Isaac Chung, Christina Oh
QUO VADIS, AIDA? Jasmila Žbanić, Damir Ibrahimovich

DOCUMENTÁRIO

COLLECTIVE Alexander Nanau
DAVID ATTENBOROUGH: A LIFE ON OUR PLANET Alastair Fothergill, Jonnie Hughes, Keith Scholey
THE DISSIDENT Bryan Fogel, Thor Halvorssen
MY OCTOPUS TEACHER Pippa Ehrlich, James Reed, Craig Foster
THE SOCIAL DILEMMA Jeff Orlowski, Larissa Rhodes

LONGA DE ANIMAÇÃO

DOIS IRMÃOS: UMA JORNADA FANTÁSTICA Dan Scanlon, Kori Rae
SOUL Pete Docter, Dana Murray
WOLFWALKERS Tomm Moore, Ross Stewart, Paul Young

DIREÇÃO

DRUK – MAIS UMA RODADA Thomas Vinterberg
DENTE DE LEITE Shannon Murphy
MINARI Lee Isaac Chung
NOMADLAND Chloé Zhao
QUO VADIS, AIDA? Jasmila Žbanić
ROCKS Sarah Gavron

ROTEIRO ORIGINAL

DRUK – MAIS UMA RODADA Tobias Lindholm, Thomas Vinterberg
MANK Jack Fincher
BELA VINGANÇA Emerald Fennell
ROCKS Theresa Ikoko, Claire Wilson
OS 7 DE CHICAGO Aaron Sorkin

ROTEIRO ADAPTADO

A ESCAVAÇÃO Moira Buffini
MEU PAI Christopher Hampton, Florian Zeller
THE MAURITANIAN Rory Haines, Sohrab Noshirvani, M.B. Traven
NOMADLAND Chloé Zhao
THE WHITE TIGER Ramin Bahrani

ATRIZ

BUKKY BAKRAY Rocks
RADHA BLANK The Forty-Year-Old Version
VANESSA KIRBY Pieces of a Woman
FRANCES McDORMAND Nomadland
WUNMI MOSAKU O Que Ficou Para Trás
ALFRE WOODARD Clemency

ATOR

RIZ AHMED O Som do Silêncio
CHADWICK BOSEMAN A Voz Suprema do Blues
ADARSH GOURAV The White Tiger
ANTHONY HOPKINS Meu Pai
MADS MIKKELSEN Druk – Mais uma Rodada
TAHAR RAHIM The Mauritanian

ATRIZ COADJUVANTE

NIAMH ALGAR Calm With Horses
KOSAR ALI Rocks
MARIA BAKALOVA Borat: Fita de Cinema Seguinte
DOMINIQUE FISHBACK Judas e o Messias Negro
ASHLEY MADEKWE County Lines
YUH-JUNG YOUN Minari

ATOR COADJUVANTE

DANIEL KALUUYA Judas e o Messias Negro
BARRY KEOGHAN Calm With Horses
ALAN KIM Minari
LESLIE ODOM JR. Uma Noite em Miami…
CLARKE PETERS Destacamento Blood
PAUL RACI O Som do Silêncio

TRILHA ORIGINAL

MANK Trent Reznor, Atticus Ross
MINARI Emile Mosseri
RELATOS DO MUNDO James Newton Howard
BELA VINGANÇA Anthony Willis
SOUL Jon Batiste, Trent Reznor, Atticus Ross

CASTING

CALM WITH HORSES Shaheen Baig
JUDAS E O MESSIAS NEGRO Alexa L. Fogel
MINARI Julia Kim
BELA VINGANÇA Lindsay Graham Ahanonu, Mary Vernieu
ROCKS Lucy Pardee

FOTOGRAFIA

JUDAS E O MESSIAS NEGRO Sean Bobbitt
MANK Erik Messerschmidt
THE MAURITANIAN Alwin H. Küchler
RELATOS DO MUNDO Dariusz Wolski
NOMADLAND Joshua James Richards

MONTAGEM

MEU PAI Yorgos Lamprinos
NOMADLAND Chloé Zhao
BELA VINGANÇA Frédéric Thoraval
O SOM DO SILÊNCIO Mikkel E.G. Nielsen
OS 7 DE CHICAGO Alan Baumgarten

DESIGN DE PRODUÇÃO

A ESCAVAÇÃO Maria Djurkovic, Tatiana Macdonald
MEU PAI Peter Francis, Cathy Featherstone
MANK Donald Graham Burt, Jan Pascale
RELATOS DO MUNDO David Crank, Elizabeth Keenan
REBECCA Sarah Greenwood, Katie Spencer

FIGURINO

AMMONITE Michael O’Connor
A ESCAVAÇÃO Alice Babidge
EMMA. Alexandra Byrne
A VOZ SUPREMA DO BLUES Ann Roth
MANK Trish Summerville

MAQUIAGEM E PENTEADO

A ESCAVAÇÃO Jenny Shircore
ERA UMA VEZ UM SONHO Patricia Dehaney, Eryn Krueger Mekash, Matthew Mungle
A VOZ SUPREMA DO BLUES Matiki Anoff, Larry M. Cherry, Sergio Lopez-Rivera, Mia Neal
MANK Kimberley Spiteri, Gigi Williams
PINÓQUIO Mark Coulier

SOM

GREYHOUND: NA MIRA DO INIMIGO TBC
RELATOS DO MUNDO Michael Fentum, William Miller, Mike Prestwood Smith, John Pritchett, Oliver Tarney
NOMADLAND Sergio Diaz, Zach Seivers, M. Wolf Snyder
SOUL Coya Elliott, Ren Klyce, David Parker
O SOM DO SILÊNCIO Jaime Baksht, Nicolas Becker, Phillip Bladh, Carlos Cortés, Michelle Couttolenc

EFEITOS VISUAIS ESPECIAIS

GREYHOUND: NA MIRA DO INIMIGO Pete Bebb, Nathan McGuinness, Sebastian von Overheidt
O CÉU DA MEIA-NOITE Matt Kasmir, Chris Lawrence, David Watkins
MULAN Sean Faden, Steve Ingram, Anders Langlands, Seth Maury
O GRANDE IVAN Santiago Colomo Martinez, Nick Davis, Greg Fisher
TENET Scott Fisher, Andrew Jackson, Andrew Lockley

CURTA BRITÂNICO DE ANIMAÇÃO

THE FIRE NEXT TIME Renaldho Pelle, Yanling Wang, Kerry Jade Kolbe
THE OWL AND THE PUSSYCAT Mole Hill, Laura Duncalf
THE SONG OF A LOST BOY Daniel Quirke, Jamie MacDonald, Brid Arnstein

‘NOMADLAND’ VENCE o LEÃO de OURO em VENEZA

Frances McDormand em NOMADLAND. Photo Courtesy of Searchlight Pictures. © 2020 20th Century Studios All Rights Reserved

ROAD MOVIE DEVE RENDER INDICAÇÕES AO OSCAR 2021 DE DIREÇÃO E ATRIZ

A 77ª edição do Festival de Veneza certamente entrará para a história já por acontecer mesmo diante de uma pandemia. E agora com a premiação de uma diretora asiática, a chinesa Chloé Zhao, algo que não acontecia desde 2001 quando a indiana Mira Nair ganhou o Leão de Ouro por Um Casamento à Indiana.

Apesar de haver um número recorde de oito diretoras indicadas, havia forte expectativa de que a presidente do júri Cate Blanchett reconhecesse uma delas. Infelizmente, Zhao não estava presente na cerimônia, mas agradeceu numa chamada virtual: “Obrigada por nos deixarem participar do festival nesse modo estranho. A gente se vê pela frente!”

A diretora chinesa, que se destacou há três anos com o filme independente Domando o Destino, tornou-se também a primeira diretora mulher a ganhar o prêmio depois de Sofia Coppola, que venceu em 2010 por Um Lugar Qualquer. Como todos sabem, uma vitória no festival italiano tem aumentado consideravelmente as chances no Oscar seguinte.

Só para citar exemplos mais recentes de vencedores do Leão de Ouro, A Forma da Água levou os Oscars de Filme e Diretor para Guillermo del Toro, enquanto Roma levou Diretor para Alfonso Cuarón, e Coringa foi o recordista de indicações, levando Melhor Ator para Joaquin Phoenix e Trilha Original. Com isso, existe uma forte expectativa para que Chloé Zhao se torne a primeira diretora não-branca a ser indicada na categoria. A Searchlight (ex-Fox) vai lançar Nomadland no dia 04 de Dezembro nos EUA. Já no Brasil, a previsão por enquanto é só para o dia 04 de Fevereiro.

Já para o Grande Prêmio do Júri, que seria uma espécie de segundo colocado, o júri concedeu o prêmio para o mexicano Michel Franco e seu novo filme Nuevo Orden, que é uma distopia social em forma de thriller. Para quem conhece os trabalhos anteriores do diretor, sabe que ele costuma abordar temas mais polêmicos, e este filme não deve fugir do padrão.

Naian González em cena de Nuevo Orden, de Michel Franco

Para Melhor Direção, o japonês Kiyoshi Kurosawa foi lembrado pelo drama de espionagem Wife of a Spy, que foi bastante elogiado na crítica internacional, inclusive muitos alegando que se tratava do melhor filme dele dos últimos anos.

Enquanto na seleção de Melhor Ator, o júri não encontrou dificuldades e premiou o italiano Pierfrancesco Favino pelo thriller sobre terrorismo baseado em fatos reais de Padrenostro, para escolher a Melhor Atriz, Cate Blanchett afirmou que ficou maravilhada por contar com “tantas performances extraordinárias”, já que havia muitos filmes protagonizados por mulheres. O prêmio ficou com a britânica Vanessa Kirby por Pieces of a Woman, que foi adquirido pela Netflix e deve estrear na plataforma digital.

À esquerda, Pierfrancesco Favino em cena de Padrenostro.

Até pouco tempo atrás, a atriz era mais conhecida por seu trabalhos nos filmes de ação Missão: Impossível – Efeito Fallout (2018) e Velozes & Furiosos: Hobbs e Shaw (2019) e pela série da Netflix The Crown, mas já nesta edição de Veneza, estrelava dois dramas na corrida pelo Leão de Ouro: The World to Come e este Pieces of a Woman, no qual ela ela interpreta uma mãe em luto por ter perdido seu bebê. Ela aceitou o prêmio e dedicou a “todas as mães que perderam seus filhos e não tiveram suas histórias contadas”, e agradeceu Shia LaBeouf com quem contracenou no filme.

Vanessa Kirby contracena com Shia LaBeouf em Pieces of a Woman

O prêmio de Roteiro ficou com o indiano Chaitanya Tamhane pelo filme The Disciple, que explora uma jornada pela música Indiana clássica. E o Prêmio do Júri ficou com o russo Andrei Konchalovsky pelo drama soviético Dear Comrades.

Pela mostra paralela Horizontes, presidida pela cineasta Claire Denis, o grande vencedor foi o filme iraniano The Wasteland, de Ahmed Bahrami, que lida com a tensão de trabalhadores numa fábrica de tijolos no ambiente rural.

Confira todos os vencedores desta 77ª edição do Festival de Veneza:

LEÃO DE OURO
“Nomadland,” Chloé Zhao

GRANDE PRÊMIO DO JÚRI
“New Order,” Michel Franco

LEÃO DE PRATA DE MELHOR DIRETOR
Kiyoshi Kurosawa, “Wife of a Spy”

MELHOR ATRIZ
Vanessa Kirby, “Pieces of a Woman”

MELHOR ATOR
Pierfrancesco Favino, “Padrenostro”

MELHOR ROTEIRO
“The Disciple,” Chaitanya Tamhane

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI
“Dear Comrades,” Andrei Konchalovsky

PRÊMIO MARCELLO MASTROIANNI DE ATOR JOVEM
Rouhollah Zamani, “Sun Children”

MOSTRA HORIZONTES

MELHOR FILME
“The Wasteland,” Ahmad Bahrami

MELHOR DIRETOR
“Genus Pan,” Lav Diaz

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI
“Listen,” Ana Rocha de Sousa

MELHOR ATOR
Yahya Mahayni, “The Man Who Sold His Skin”

MELHOR ATRIZ
Khansa Batma, “Zanka Contact”

MELHOR ROTEIRO
“I Predatori,” Pietro Castellitto

MELHOR CURTA-METRAGEM
“Entre tú y milagros,” Mariana Safron


LEÃO DO FUTURO

PRÊMIO LUIGI DELAURENTIIS POR FILME DE ESTREANTE
“Listen,” Ana Rocha de Sousa

COMPETIÇÃO DE REALIDADE VIRTUAL

MELHOR VR
“The Hangman at Home: An Immersive Single User Experience,”Michelle and Uri Kranot

MELHOR EXPERIÊNCIA VR
“Finding Pandora X,” Kiira Benzing

MELHOR HISTÓRIA VR
“Killing a Superstar,” Fan Fan

85 produções concorrem às 5 indicações do Oscar de Filme em Língua Estrangeira em 2017

laszlo-nemes

O vencedor do último Oscar de Filme em Língua Estrangeira, Lászlò Nemes, por seu drama O Filho de Saul (photo by washington.kormany.hu)

RECORDE NOS NÚMEROS EVIDENCIA CRESCIMENTO DE PRODUÇÕES INTERNACIONAIS EM BUSCA DE RECONHECIMENTO

Todos os países podem discordar das escolhas da Academia, mas é crescente o número de produções internacionais que se inscrevem na categoria de Filme em Língua Estrangeira. Este ano, temos o novo recorde de filmes: 85, superando o recorde anterior de 83 em 2014.

Particularmente, agrada-me essa elevação, pois proporciona a chance real de espectadores comuns conhecerem visões cinematográficas de outras nações menos famosas. Só pra exemplificar, nos últimos anos, a Academia indicou o filme da Mauritânia, Timbuktu, e da Camboja, A Imagem que Falta. Tudo bem que nenhum deles venceu, mas só o fato de estarem disputando o prêmio, já gera interesse por parte de cinéfilos do mundo todo, e cria uma referência daquele país. Este ano, o Iêmen inscreveu seu primeiro candidato: I Am Nojoom, Age 10 and Divorced, da diretora Khadija Al-Salami.

Claro que ainda tem países que nunca receberam uma indicação como a Coréia do Sul, e seu cinema intenso e violento (que costuma não ser popular entre os votantes mais idosos da Academia), mas acredito que seja mera questão de tempo com inserções de membros jovens e novos da Academia feitas pela presidente Cheryl Boone Isaacs no primeiro semestre.

E O BRASIL?

O filme selecionado pela comissão da Cultura este ano gerou uma grande polêmica de cunho político. Com o processo de impeachment questionado, a equipe do filme Aquarius, do diretor Kléber Mendonça Filho, fez um protesto em pleno tapete vermelho em Cannes, já que concorria à Palma de Ouro. Os cartazes de protesto levados diziam que “O Brasil está sob um golpe”.

aquarius-cannes

Equipe do filme ‘Aquarius’ no tapete vermelho de Cannes. No centro, a atriz Sônia Braga e à direita, o diretor Kléber Mendonça Filho (photo by elpais.com)

Cada um tem o direito de protestar sobre o que bem entender, claro, mas depois da saída da ex-presidente Dilma Roussef, o governo de Michel Temer não deve ter gostado nada e teria sabotado a campanha do filme como representante do Brasil no Oscar.

Particularmente, acredito que ninguém está certo. Se o filme recebeu verba do governo brasileiro para ser feito, o protesto é de certa forma incoerente, uma vez que estaria “cuspindo no prato que comeu”. Mas de qualquer forma, defendo a liberdade de expressão, e aliás, acredito que os artistas devem se expressar através de suas obras, e não cartazes mal feitos. Sou só eu que vejo a personagem de Sônia Braga como a Dilma Rousseff sendo expulsa? Já o governo Temer, se realmente criou esse imbróglio, errou ao confundir à obra com a opinião política de seus realizadores. O que vai concorrer ao Oscar? O filme ou a posição política do diretor? Se fosse assim, Clint Eastwood jamais teria ganhado um Oscar sequer, já que apóia veemente o extremista candidato republicano Donald Trump.

aquarius-20150818-006_original1

Sônia Braga em cena de Aquarius, de Kleber Mendonça Filho. (photo by abrilveja.com.br)

Enfim, o filme selecionado foi o drama Pequeno Segredo, de David Schurmann. O diretor deu uma entrevista defendendo a escolha de filme ao Oscar, pois teria os “ingredientes dramáticos que a Academia adora”. Realmente, o tema de adoção é internacional, mas obviamente, ele apenas tentou maquiar o escândalo de Aquarius preterido. Obviamente que o filme de Kléber Mendonça Filho teria mais chances de concorrer ao Oscar por sua projeção em Cannes, e ainda mais que conta com Sônia Braga, atriz de porte internacional, mas essa “briguinha” ridícula faz o cinema brasileiro perder essa boa oportunidade.

pequeno-segredo

Cena com Julia Lemmertz (à direita) em Pequeno Segredo (photo by AdoroCinema)

CANDIDATOS

Como vocês sabem, essa lista de 85 filmes será reduzida a uma pré-seleção de nove produções em dezembro, para então se consolidarem aos 5 indicados em janeiro, mais precisamente no dia 24, quando haverá o anúncio ao vivo das indicações.

Apesar do crescimento de produções de países menos conhecidos, os autores de outros países largam na frente como é o caso do espanhol Pedro Almodóvar. Ele já faturou o prêmio em 2000 pelo poderoso Tudo Sobre Minha Mãe e ainda levou o Oscar de Roteiro Original em 2003 por Fale com Ela. Nesse quesito, o bósnio Danis Tanovic também leva vantagem por já ter vencido em 2002 com Terra de Ninguém, e o iraniano Asghar Farhadi, que levou o Oscar em 2012 com A Separação. Vale lembrar também que a Polônia apresentou o último filme de Andrzej Wajda, Afterimage, como representante. O filme retrata a luta de um artista polonês contra o Stalinismo e seus ideais. Wajda, que faleceu nesta última semana, recebeu o Oscar Honorário em 2000. Pode ser a última chance da Academia conceder um Oscar póstumo pra um dos maiores diretores europeus.

Cena do filme polonês Afterimage, de Andrzej Wajda (photo by cine.gr)

Cena do filme polonês Afterimage, de Andrzej Wajda (photo by cine.gr)

Outro termômetro para quem larga na frente são os festivais. Muitos países preferem lançar representantes que já participaram em grandes festivais internacionais como Cannes e até conquistaram prêmios para ter mais chances com a Academia. Exemplos dessa estratégia são o alemão Toni Erdmann (indicado à Palma de Ouro), o argentino The Distinguished Citizen (prêmio de Ator em Veneza), o canadense It’s Only the End of the World (Grande Prêmio do Júri em Cannes), o filipino Ma’Rosa (Prêmio de Atriz em Cannes), o documentário italiano Fire at Sea (Urso de Ouro em Berlim) e o venezuelano De Longe te Observo (o primeiro filme latino a vencer o Leão de Ouro em Veneza).

Cena estranha de Toni Erdmann, representante alemão no Oscar. (photo by critic.de)

Cena estranha de Toni Erdmann, representante alemão no Oscar. (photo by critic.de)

E minha torcida vai para o representante francês, Elle, por se tratar de um dos meus diretores favoritos Paul Verhoeven (diretor de RoboCop e Instinto Selvagem). E também pelo tema polêmico, já que a protagonista vivida pela Isabelle Huppert tem fantasias com seu estuprador. Admiro a ousadia francesa em lançar este filme para votantes conservadores da Academia analisarem. Adoraria ver filmes mais ousados na lista de indicações, pois estou farto de filmes de Segunda Guerra Mundial e o Holocausto.

elle

Isabelle Huppert em cena de Elle, de Paul Verhoeven (photo by TelaTela)

Segue a lista dos 85 candidatos oficiais ao Oscar 2017 de Melhor Filme em Língua Estrangeira:

ALBÂNIA
Chromium
Dir: Bujar Alimani

ALEMANHA
Toni Erdmann
Dir: Maren Ade

ARÁBIA SAUDITA
Barakah Meets Barakah
Dir: Mahmoud Sabbagh

ARGÉLIA
The Well
Dir: Lotfi Bouchouchi

ARGENTINA
The Distinguished Citizen
Dir: Mariano Cohn, Gastón Duprat

AUSTRÁLIA
Tanna
Dir: Bentley Dean, Martin Butler

ÁUSTRIA
Stefan Zweig: Farewell to Europe
Dir: Maria Schrader

BANGLADESH
The Unnamed
Dir: Tauquir Ahmed

BÉLGICA
The Ardennes
Dir: Robin Pront

BOLÍVIA
Sealed Cargo
Dir: Julia Vargas Weise

BÓSNIA HERZEGOVINA
Death in Sarajevo
Dir: Danis Tanovic

BRASIL
Pequeno Segredo
Dir: David Schurmann

BULGÁRIA
Losers
Dir: Ivaylo Hristov

CAMBOJA
Before the Fall
Dir: Ian White

CANADÁ
It’s Only the End of the World
Dir: Xavier Dolan

Cena do filme canadense It's Only the End of the World. O jovem cineasta Xavier Dolan não parece ser unanimidade entre os votantes da Academia, mas a presença de atrizes como Marion Cotillard e Léa Seydoux podem ajudar na campanha. (photo by critic.de)

Cena do filme canadense It’s Only the End of the World. O jovem cineasta Xavier Dolan não parece ser unanimidade entre os votantes da Academia, mas a presença de atrizes como Marion Cotillard e Léa Seydoux podem ajudar na campanha. (photo by critic.de)

CAZAQUISTÃO
Amanat
Dir: Satybaldy Narymbetov

CHILE
Neruda
Dir: Pablo Larraín

Cena do filme biográfico Neruda, sobre poeta chileno. A vantagem aqui é o diretor Pablo Larraín, que além de já ter sido indicado ao Oscar por No, tem o filme Jackie com Natalie Portman nas categorias principais (photo by cine.gr)

Cena do filme biográfico Neruda, sobre poeta chileno. A vantagem aqui é o diretor Pablo Larraín, que além de já ter sido indicado ao Oscar por No, tem o filme Jackie com Natalie Portman nas categorias principais (photo by cine.gr)

CHINA
Xuan Zang
Dir: Huo Jianqi

COLÔMBIA
Alias Maria
Dir: José Luis Rugeles

CORÉIA DO SUL
The Age of Shadows
Dir: Kim Jee-woon

COSTA RICA
About Us
Dir: Hernán Jiménez

CROÁCIA
On the Other Side
Dir: Zrinko Ogresta

CUBA
The Companion
Dir: Pavel Giroud

DINAMARCA
Land of Mine
Dir: Martin Zandvliet

EGITO
Clash
Dir: Mohamed Diab

EQUADOR
Such Is Life in the Tropics
Dir: Sebastián Cordero

ESLOVÁQUIA
Eva Nová
Dir: Marko Skop

ESLOVÊNIA
Houston, We Have a Problem!
Dir: Žiga Virc

ESPANHA
Julieta
Dir: Pedro Almodóvar

ESTÔNIA
Mother
Dir: Kadri Kõusaar

FILIPINAS
Ma’ Rosa

Dir: Brillante Ma Mendoza

FINLÂNDIA
The Happiest Day in the Life of Olli Mäki
Dir: Juho Kuosmanen

FRANÇA
Elle
Dir: Paul Verhoeven

GEORGIA
House of Others
Dir: Rusudan Glurjidze

GRÉCIA
Chevalier
Dir: Athina Rachel Tsangari

HOLANDA
Tonio
Dir: Paula van der Oest

HONG KONG
Port of Call
Dir: Philip Yung

HUNGRIA
Kills on Wheels
Dir: Attila Till

IÊMEN
I Am Nojoom, Age 10 and Divorced
Dir: Khadija Al-Salami

ISLÂNDIA
Sparrows
Dir: Rúnar Rúnarsson

ÍNDIA
Interrogation
Dir: Vetri Maaran

INDONÉSIA
Letters from Prague
Dir: Angga Dwimas Sasongko

IRÃ
The Salesman
Dir: Asghar Farhadi

Cena do iraniano The Salesman, que dialoga com a obra literária de Arthur Miller. Com o histórico de vitória no Oscar, Asghar Farhadi praticamente garante sua presença no Oscar 2017, na opinião deste humilde blogueiro. (photo by cine.gr)

Cena do iraniano The Salesman, que dialoga com a obra literária de Arthur Miller. Com o histórico de vitória no Oscar, Asghar Farhadi praticamente garante sua presença no Oscar 2017, na opinião deste humilde blogueiro. (photo by cine.gr)

IRAQUE
El Clásico
Dir: Halkawt Mustafa

ISRAEL
Sand Storm
Dir: Elite Zexer

ITÁLIA
Fire at Sea
Dir: Gianfranco Rosi

JAPÃO
Nagasaki: Memories of My Son
Dir: Yoji Yamada

JORDÂNIA
3000 Nights
Dir: Mai Masri

KOSOVO
Home Sweet Home
Dir: Faton Bajraktari

LETÔNIA
Dawn
Dir: Laila Pakalnina

LÍBANO
Very Big Shot
Dir: Mir-Jean Bou Chaaya

LITUÂNIA
Seneca’s Day
Dir: Kristijonas Vildziunas

LUXEMBURGO
Voices from Chernobyl
Dir: Pol Cruchten

MACEDÔNIA
The Liberation of Skopje
Dir: Rade Šerbedžija, Danilo Šerbedžija

MALÁSIA
Beautiful Pain
Dir: Tunku Mona Riza

MARROCOS
A Mile in My Shoes
Dir: Said Khallaf

MÉXICO
Desierto
Dir: Jonás Cuarón

Jeffrey Dean Morgan faz um cidadão americano que protege a fronteira americana contra os mexicanos por seus próprios termos. Além do tema polêmico, tem Jonás Cuarón, irmão de Alfonso, vencedor do Oscar por Gravidade. (photo by cine.gr)

Jeffrey Dean Morgan faz um cidadão americano que protege a fronteira americana contra os mexicanos por seus próprios termos. Além do tema polêmico, tem Jonás Cuarón, irmão de Alfonso, vencedor do Oscar por Gravidade. (photo by cine.gr)

MONTENEGRO
The Black Pin
Dir: Ivan Marinović

NEPAL
The Black Hen
Dir: Min Bahadur Bham

NORUEGA
The King’s Choice
Dir: Erik Poppe

NOVA ZELÂNDIA
A Flickering Truth
Dir: Pietra Brettkelly

PALESTINA
The Idol
Dir: Hany Abu-Assad

PANAMÁ
Salsipuedes
Dir: Ricardo Aguilar Navarro, Manolito Rodríguez

PAQUISTÃO
Mah-e-Mir
Dir: Anjum Shahzad

PERU
Videophilia (and Other Viral Syndromes)
Dir: Juan Daniel F. Molero

POLÔNIA
Afterimage
Dir: Andrzej Wajda

PORTUGAL
Letters from War
Dir: Ivo M. Ferreira

QUIRGUISTÃO
A Father’s Will
Dir: Bakyt Mukul, Dastan Zhapar Uulu

REINO UNIDO
Under the Shadow

Dir: Babak Anvari

REPÚBLICA DOMINICANA
Sugar Fields

Dir: Fernando Báez

REPÚBLICA TCHECA
Lost in Munich
Dir: Petr Zelenka

ROMÊNIA
Sieranevada
Dir: Cristi Puiu

RÚSSIA
Paradise
Dir: Andrei Konchalovsky

SÉRVIA
Diário de um Maquinista (Train Driver’s Diary)
Dir: Milos Radovic

SINGAPURA
Apprentice
Dir: Boo Junfeng

SUÉCIA
A Man Called Ove
Dir: Hannes Holm

SUÍÇA
My Life as a Zucchini
Dir: Claude Barras

TAILÂNDIA
Karma
Dir: Kanittha Kwunyoo

TAIWAN
Hang in There, Kids!
Dir: Laha Mebow

TURQUIA
Cold of Kalandar
Dir: Mustafa Kara

UCRÂNIA
Ukrainian Sheriffs
Dir: Roman Bondarchuk

URUGUAI
Breadcrumbs
Dir: Manane Rodríguez

VENEZUELA
De Longe te Observo (Desde Allah)
Dir: Lorenzo Vigas

Cena do filme venezuelano De Longe te Observo, de Lorenzo Vigas. Trata-se de um bom drama, mas a temática homossexual pode enfraquecer sua campanha (photo by cine.gr)

Cena do filme venezuelano De Longe te Observo, de Lorenzo Vigas. Trata-se de um bom drama, mas a temática homossexual pode enfraquecer sua campanha (photo by cine.gr)

VIETNÃ
Yellow Flowers on the Green Grass
Dir: Victor Vu

A 89ª cerimônia do Oscar será no dia 26 de fevereiro.

Indicados ao Leão de Ouro 2014 não apresentam favoritos

Pôster oficial do 71º Festival de Veneza, que faz alusão ao momento culminante do clássico francês Os Incompreendidos (photo by primetv.pt - image by biennale di Venezia)

Pôster oficial do 71º Festival de Veneza, que faz alusão ao momento culminante do clássico francês Os Incompreendidos (photo by primetv.pt – image by biennale di Venezia)

EMBORA HAJA NOMES EM POTENCIAL, A DISPUTA PELO PRÊMIO ESTÁ BASTANTE EQUILIBRADA

Apesar do resultado do ano passado ter sido quase motivo de uma CPI (o documentário italiano Sacro GRA foi eleito o vencedor do Leão de Ouro pelo presidente do júri conterrâneo Bernardo Bertolucci), o Festival de Veneza é um dos mais prestigiosos do mundo, além de ser o mais antigo. Ao contrário da veia mais comercial de Cannes, Veneza não tem o costume de se limitar a nomes consagrados para compor suas seleções de filmes.

Contudo, em entrevista, o diretor artístico Alberto Barbera revelou um fracasso para esta edição. Tentou trazer duas produções norte-americanas, cujos diretores são ninguém menos que David Fincher e Paul Thomas Anderson, que levou o Leão de Prata de Melhor Diretor em 2012 por O Mestre. Os dois viriam com Garota Exemplar (Gone Girl) e Inherent Vice, respectivamente, mas as distribuidoras recusaram a proposta para lançá-los no New York Film Festival. Tanto a 20th Century Fox como a Warner alegam que o evento americano ganha a briga por acontecer mais próximo do fim do ano, quando começa a temporada de premiações que culmina com o Oscar, e também por darem valor ao público do próprio país.

Cena com Ben Affleck de Garota Exemplar: preferência por NY a Veneza. (photo by www.outnow.ch)

Cena com Ben Affleck de Garota Exemplar: preferência por NY a Veneza. (photo by http://www.outnow.ch)

As desculpas são válidas, mas a verdade que li no site The Playlist é que as distribuidoras estão pensando duas vezes antes de mandar elenco e equipe de seus filmes para divulgação internacional para evitar gastos. Simples assim. Pagar passagens aéreas e estadias em hotéis luxuosos nem sempre representam números maiores nas bilheterias; a menos que ganhe um prêmio importante e olhe lá!

Dito isso, a missão de Barbera não foi fácil. Assistiu a 1500 filmes para peneirar 55 sobreviventes, distribuídos em três listas (Competição Oficial, Fora de Competição e Horizontes). “É um trabalho mais complexo, mais doloroso porque tem de deixar de fora alguns filmes muito bons”, afirmou Barbera em comparação a outros festivais de filmes como Toronto, que não apresenta competição e por isso mesmo não há limites de quantidade. Sem Fincher e Anderson, Veneza ainda oferece nomes conhecidos como o do alemão Fatih Akin e do mexicano Alejandro González Iñárritu.

Aliás, o novo filme de Iñárritu, Birdman, abrirá a competição oficial por trazer mais atores mundialmente conhecidos ao tapete vermelho como Michael Keaton, Edward Norton, Naomi Watts e Emma Stone. Por se tratar de uma comédia de humor negro, dificilmente deve levar o Leão de Ouro. Outras presenças ilustres são aguardadas para o evento, casos de Al Pacino e Holly Hunter (ambos por Manglehorn), Ethan Hawke e January Jones (ambos por Good Kill) e Willem Dafoe (Pasolini). Pacino e Dafoe já largam como franco-favoritos na corrida pelo prêmio de interpretação masculina, especialmente Pacino que terá mais um filme (The Humbling) exibido fora de competição.

BIRDMAN

Cena de Birdman entre Michael Keaton e Edward Norton: comédia de humor negro com clima de Queime Depois de Ler (photo by outnow.ch)

Quanto à seleção oficial, existem nomes interessantes como o do francês Xavier Beauvois que dirigiu o bom Homens e Deuses, que faturou o Grande Prêmio do Júri em Cannes 2010; e o japonês Shin’ya Tsukamoto, que tem uma linguagem visual bem peculiar, especialmente no gênero ficção científica. Mas um dos nomes que podem surpreender é o do norte-americano Joshua Oppenheimer, que este ano foi indicado para Melhor Documentário no Oscar por O Ato de Matar e pode sair do festival com o Leão de Ouro por The Look of Silence.

Já na mostra fora de competição, vale a pena destacar os retornos de dois grandes diretores. Peter Bogdanovich, que estava sumido desde O Miado do Gato (2001), volta com She’s Funny That Way, uma comédia sobre Broadway com Owen Wilson, Jennfer Aniston e Imogen Poots. E Joe Dante, que ficou conhecido por suas doideiras como Gremlins, Piranha e Viagem Insólita, faz sua versão de filme de zumbi, Burying the Ex, focado num casal de namorados formado por Anton Yelchin e Ashley Greene. E também se mostra interessante a reunião de diretores para fazer o filme mosaico Words With Gods, com tema voltado à religião. Nomes como Emir Kusturica, Mira Nair, Hideo Nakata e Hector Babenco já garantem maior atenção da mídia e do público.

INDICADOS AO LEÃO DE OURO

The Cut
Dir: Fatih Akin (Alemanha, França, Itália, Rússia, Canadá, Polônia, Turquia)
• A Pigeon Sat on a Branch Reflecting on Existence
Dir: Roy Andersson (Suécia, Alemanha, Noruega, França)
• 99 Homes
Dir: Ramin Bahrani (U.S.)
• Tales
Dir: Rakhshan Bani E’temad (Irã)
• La rancon de la gloire
Dir: Xavier Beauvois (França)
• Hungry Hearts
Dir: Saverio Costanzo (Itália)
• Le dernier coup de marteau
Dir: Alix Delaporte (França)
• Manglehorn
Dir: David Gordon Green (EUA)
• Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance)
Dir: Alejandro Gonzáles Iñárritu (EUA)
• Three Hearts
Dir: Benoit Jacquot (France)
• The Postman’s White Nights
Dir: Andrei Konchalovsky (Rússia)
•  Il Giovane Favoloso
Dir: Mario Martone (Itália)
• Sivas
Dir: Kaan Mujdeci (Turquia)
• Anime Nere
Dir: Francesco Munzi (Itália, França)
• Good Kill
Dir: Andrew Niccol (EUA)
• Loin des Hommes
Dir: David Oelhoffen (França)
• The Look of Silence
Dir: Joshua Oppenheimer (Dinamarca, Finlândia, Indonésia, Noruega, Reino Unido)
• Nobi
Dir: Shin’ya Tsukamoto (Japão)
• Red Amnesia
Dir: Wang Xiaoshuai (China)

FORA DE COMPETIÇÃO

• Words with Gods
Dir: Guillermo Arriaga, Emir Kusturica, Amos Gitai. Mira Nair, Warwick Thornton, Hector Babenco, Bahman Ghobadi, Hideo Nakata, Alex de la Iglesia (México, EUA)
• She’s Funny That Way
Dir: Peter Bogdanovich (EUA)
• Dearest
Dir: Peter Ho-sun Chan (Hong Kong, China)
• Olive Kitteridge
Dir: Lisa Cholodenko (EUA)
• Burying the Ex
Dir: Joe Dante (EUA)
• Perez
Dir: Edoardo De Angelis (Itália)
• La zuppa del demonio
Dir: Davide Ferrario (Itália)
• Tsili
Dir: Amos Gitai (Israel, Rússia, Itália, França)
• La trattativa
Dir: Sabina Guzzanti (Itália)
• The Golden Era
Dir: Ann Hui (China, Hong Kong)
• Make Up
Dir: Im Kwontaek (Coréia do Sul)
• The Humbling
Dir: Barry Levinson (EUA)
• The Old Man of Belem
Dir: Manoel de Oliveira (Portugal, França)
• Italy in a Day
Dir: Gabriele Salvatores (Itália, Reino Unido)
• In the Basement
Dir: Ulrich Seidl (Áustria)
• The Boxtrolls
Dir: Anthony Stacchi, Annable Graham (U.K)
• Ninfomaníaca: Volume II (versão longa) Director’s Cut
Dir: Lars Von Trier (Dinamarca, Alemanha, França, Bélgica)

HORIZONTES

• Theeb
Dir: Naji Abu Nowar (Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Catar, Reino Unido)
• Line of Credit
Dir: Salome Alexi (Georgia, Alemanha, França)
• Cymbeline
Dir: Michael Almereyda (EUA)
• Senza Nessuna Pieta
Dir: Michele Alhaique (Itália)
• Near Death Experience
Dir: Benoit Delepine, Gustave Kervern (França)
• Le Vita Oscena
Dir: Renato De Maria (Itália)
• Realite
Dir: Quentin Dupieux (França, Bélgica)
• I Spy/I Spy
Dir: Veronika Franz, Severin Fiala (Áustria)
• Hill of Freedom
Dir: Hong Sangsoo (Coréia do Sul)
• Bypass
Dir: Duane Hopkins (Reino Unido)
• The President
Dir: Moshen Makhmalbaf (Georgia, França, Reino Unido, Alemanha)
• Your Right Mind
Dir: Ami Canaan Mann (EUA)
• Belluscone, una storia siciliana
Dir: Franco Maresco (Itália)
• Nabat
Dir: Elchin Musaoglu (Azerbaijão)
• Heaven Knows What
Dir: Josh Safdie, Ben Safdie (EUA, França)
• These Are the Rules
Dir: Ognjen Svilicic (Croatia, France, Serbia, Macedonia)
• Court
Dir: Chaitanya Tamhane (Índia)

%d blogueiros gostam disto: