‘BELFAST’ e ‘AMOR, SUBLIME AMOR’ LIDERAM INDICAÇÕES ao CRITICS’ CHOICE AWARDS

NO MESMO DIA, DRAMA ‘BELFAST’ LIDEROU GLOBO DE OURO

Neste mesmo dia 13 de Dezembro, o Critics’ Choice Awards anunciou sua lista de indicados poucas horas depois da fragilizada HFPA anunciar os indicados ao Globo de Ouro. Em comum, Belfast foi o recordista de indicações e, desta forma, o drama autobiográfico do britânico Kenneth Branagh vem conquistando seu favoritismo até o Oscar com 11 indicações, incluindo Melhor Filme, Direção, Roteiro Original, Fotografia, além de 4 indicações nas categorias de atuação.

Já o outro filme com 11 indicações foi o remake do musical Amor, Sublime Amor, de Steven Spielberg, que estreou recentemente nos EUA com uma bilheteria bem abaixo do esperado apesar das boas críticas. Vale lembrar que o filme tinha previsão inicial para lançamento em 2020, mas devido ao escândalo sexual envolvendo o nome do protagonista Ansel Elgort, houve um adiamento de um ano. Em entrevistas, o diretor tem defendido o filme como uma mensagem de amor e união, ambos muito necessários em tempos de polarização. Recentemente, a novata Rachel Zegler recebeu o prêmio de Melhor Atriz no National Board of Review e aqui, foi indicada na categoria de Ator/Atriz Jovem, com grandes chances de vitória. E vale ressaltar a indicação de Rita Moreno, que recentemente completou 90 anos, e pode ser novamente reconhecida pela Academia 50 anos depois do original de Robert Wise e Jerome Robbins.

Logo em seguida, com 10 indicações, Ataque dos Cães e Duna se mostram protagonistas desta temporada, enquanto Licorice Pizza e O Beco do Pesadelo acumularam 8 indicações cada. O novo filme de Guillermo del Toro finalmente tem um reconhecimento à altura de suas ambições e tem boas chances de premiação nas categorias de Design de Produção e Figurino. Já King Richard: Criando Campeãs e Não Olhe Para Cima coletaram 6 indicações cada.

A indicação que mais surpreendeu foi a de Nicolas Cage na categoria de Melhor Ator por um filme mega independente chamado Pig. Alguns certamente já viram o trailer e outros já viram o filme e a reação da maioria foi unânime: “Por que Nicolas Cage não faz mais filmes assim?”. Depois de tanta porcaria que o ator participou nos últimos anos (certamente pra pagar as contas), foi bom ver que Cage continua um bom ator se lhe derem um bom papel. Em Pig, ele vive isolado numa floresta com uma porca que caça trufas até o dia em que ela é sequestrada. Parece a sinopse de um filme à la Liam Neeson, mas o filme subverte as expectativas e entrega um drama de luto. Achamos bem difícil ele voltar ao Oscar com um filme tão pequeno, ainda mais com tantos concorrentes em alta, mas já valeu pelo retorno do reconhecimento do ator.

Já na categoria de atriz, uma ausência comentada foi a de Penélope Cruz por Madres Paralelas, que lhe rendeu o Volpi Cup de Melhor Atriz no último Festival de Veneza. Como muitos já sabem, o filme não pode concorrer ao Oscar de Filme Internacional, pois não foi o selecionada do comitê espanhol, mas apesar da ausência de Cruz, ainda há expectativa de que Pedro Almodóvar consiga triunfar no Oscar.

Confira todos os indicados da 27ª edição do Critics’ Choice:

MELHOR FILME

Belfast
No Ritmo do Coração (CODA)
Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up)
Duna (Dune)
King Richard: Criando Campeãs (King Richard)
Licorice Pizza
O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley)
Ataque dos Cães (The Power of the Dog)
tick, tick…Boom!
Amor, Sublime Amor (West Side Story)

MELHOR ATOR
Nicolas Cage (Pig)
Benedict Cumberbatch (Ataque dos Cães)
Peter Dinklage (Cyrano)
Andrew Garfield (tick, tick…Boom!)
Will Smith (King Richard: Criando Campeãs)
Denzel Washington (The Tragedy of Macbeth)

MELHOR ATRIZ
Jessica Chastain (The Eyes of Tammy Faye)
Olivia Colman (The Lost Daughter)
Lady Gaga (Casa Gucci)
Alana Haim (Licorice Pizza)
Nicole Kidman (Being the Ricardos)
Kristen Stewart (Spencer)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Jamie Dornan (Belfast)
Ciarán Hinds (Belfast)
Troy Kotsur (No Ritmo do Coração)
Jared Leto (Casa Gucci)
J.K. Simmons (Being the Ricardos)
Kodi Smit-McPhee (Ataque dos Cães)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Caitriona Balfe (Belfast)
Ariana DeBose (Amor, Sublime Amor)
Ann Dowd (Mass)
Kirsten Dunst (Ataque dos Cães)
Aunjanue Ellis (King Richard: Criando Campeãs)
Rita Moreno (Amor, Sublime Amor)

MELHOR ATOR/ATRIZ JOVEM
Jude Hill (Belfast)
Cooper Hoffman (Licorice Pizza)
Emilia Jones (No Ritmo do Coração)
Woody Norman (C’mon C’mon)
Saniyya Sidney (King Richard: Criando Campeãs)
Rachel Zegler (Amor, Sublime Amor)

MELHOR ELENCO
Belfast
Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up)
Vingança & Castigo (The Harder They Fall)
Licorice Pizza
Ataque dos Cães (The Power of the Dog)
Amor, Sublime Amor (West Side Story)

MELHOR DIRETOR
Paul Thomas Anderson (Licorice Pizza)
Kenneth Branagh (Belfast)
Jane Campion (Ataque dos Cães)
Guillermo del Toro (O Beco do Pesadelo)
Steven Spielberg (Amor, Sublime Amor)
Denis Villeneuve (Duna)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Paul Thomas Anderson (Licorice Pizza)
Zach Baylin (King Richard: Criando Campeãs)
Kenneth Branagh (Belfast)
Adam McKay, David Sirota (Não Olhe Para Cima)
Aaron Sorkin (Being the Ricardos)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Jane Campion (Ataque dos Cães)
Maggie Gyllenhaal (The Lost Daughter)
Siân Heder (No Ritmo do Coração)
Tony Kushner (Amor, Sublime Amor)
Jon Spaihts, Denis Villeneuve, Eric Roth (Duna)

MELHOR FOTOGRAFIA
Bruno Delbonnel (The Tragedy of Macbeth)
Greig Fraser (Duna)
Janusz Kaminski (Amor, Sublime Amor)
Dan Laustsen (O Beco do Pesadelo)
Ari Wegner (Ataque dos Cães)
Haris Zambarloukos (Belfast)

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
Jim Clay, Claire Nia Richards (Belfast)
Tamara Deverell, Shane Vieau (O Beco do Pesadelo)
Adam Stockhausen, Rena DeAngelo (A Crônica Francesa)
Adam Stockhausen, Rena DeAngelo (Amor, Sublime Amor)
Patrice Vermette, Zsuzsanna Sipos (Duna)

MELHOR MONTAGEM
Sarah Broshar and Michael Kahn (Amor, Sublime Amor)
Úna Ní Dhonghaíle (Belfast)
Andy Jurgensen (Licorice Pizza)
Peter Sciberras (Ataque dos Cães)
Joe Walker (Duna)

MELHOR FIGURINO
Jenny Beavan (Cruella)
Luis Sequeira (O Beco do Pesadelo)
Paul Tazewell (Amor, Sublime Amor)
Jacqueline West, Robert Morgan (Duna)
Janty Yates (Casa Gucci)

MELHOR PENTEADO E MAQUIAGEM
Cruella
Duna
The Eyes of Tammy Faye
Casa Gucci
O Beco do Pesadelo

MELHORES EFEITOS VISUAIS
Duna
The Matrix Resurrections
O Beco do Pesadelo
Sem Tempo Para Morrer
Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis

MELHOR COMÉDIA

Duas Tias Loucas de Férias (Barb & Star Go to Vista Del Mar)
Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up)
Free Guy: Assumindo o Controle (Free Guy)
A Crônica Francesa (The French Dispatch)
Licorice Pizza

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
Encanto
Flee
Luca
A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas (The Mitchells vs the Machines)
Raya e o Último Dragão (Raya and the Last Dragon)

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
A Hero
Drive My Car
Flee
The Hand of God
The Worst Person in the World

MELHOR CANÇÃO
Be Alive (King Richard: Criando Campeãs)
Dos Oruguitas (Encanto)
Guns Go Bang (Vingança & Castigo)
Just Look Up (Não Olhe Para Cima)
No Time to Die (Sem Tempo Para Morrer)

MELHOR TRILHA MUSICAL
Nicholas Britell (Não Olhe Para Cima)
Jonny Greenwood (Ataque dos Cães)
Jonny Greenwood (Spencer)
Nathan Johnson (O Beco do Pesadelo)
Hans Zimmer (Duna)

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A cerimônia do Critics’ Choice Awards será transmitida peloa TNT no dia 9 de Janeiro.

‘A FORMA DA ÁGUA’ lidera o CRITICS’ CHOICE AWARDS com 14 INDICAÇÕES

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Indicada para Melhor Atriz, Sally Hawkins, em cena de A Forma da Água

EM SUA 23ª EDIÇÃO, O CRITICS’ CHOICE DESTACA NOVO FILME DO MEXICANO GUILLERMO DEL TORO

OK, acabou a brincadeira: a Bolha Assassina do Critics’ Choice Awards liberou seus quinhentos indicados em suas duzentas categorias. E como se não bastassem seis indicados por categoria, agora eles fizeram uma licença poética e ampliaram para sete indicados nas categorias de Diretor, Ator e Atriz Coadjuvante. Daqui a pouco, vai ter atores do Framboesa de Ouro entre os indicados!

Podem me considerar um crítico chato, mas a cada ano que passa, estou pegando mais “bode” do Critics’ Choice Awards. Além de ser um prêmio sem personalidade nenhuma (só se preocupam em acertar os vencedores do Oscar), eles se expandem todo ano, mas se esquecem de valorizar seus próprios convidados. Ano passado, entregaram vários prêmios no tapete vermelho (pra não dizer no porão da casa), inclusive o de Roteiro (!!!), porque obviamente não havia tempo pra tanta categoria ao vivo. Acho um descaso total; se for assim “nas coxas”, melhor excluir!

E outra coisa: eles se gabam tanto de serem a melhor prévia do Oscar (posto anteriormente ocupado pelo Globo de Ouro), mas será mesmo que a bola de cristal deles está funcionado? Dos últimos 4 vencedores do prêmio de Melhor Filme, eles acertaram dois: 12 Anos de Escravidão e Spotlight, e erraram com Boyhood e La La Land. Pra mim, prévia certeira é aquela próxima de 100%… Honestamente, não entendo o crescimento de popularidade desse prêmio, tirando o fato de que daqui a pouco vai ter mais gente indicada do que não-indicada no mundo.

CRITICS’ CHOICE E SEUS NÚMEROS

Bom, vamos aos fatos desta 23ª edição. Primeiramente, A Forma da Água conseguiu 14 indicações, um número muito alto, mas explicável por se tratar de um filme tecnicamente bem feito, possibilitando reconhecimento em Direção de Arte, Fotografia e Trilha Musical, por exemplo. Dessas 14 indicações, apenas uma pertence a uma categoria inexistente no Oscar: Melhor Filme de Ficção Científica ou Terror, portanto o filme de Guillermo del Toro pode também ser o recordista de indicações do próximo Oscar.

Curiosamente, A Forma da Água abriu uma ampla vantagem de 6 indicações em relação aos filmes que ficaram em segundo lugar. Me Chame Pelo Seu Nome, Dunkirk, Lady Bird e The Post: A Guerra Secreta obtiveram oito indicações cada. Vale ressaltar que desses quatro títulos, três ganharam prêmios de Melhor Filme recentemente: O LAFCA premiou Me Chame Pelo Seu Nome, o NYFCC premiou Lady Bird e o NBR premiou The Post, ou seja, existe uma diversidade muito boa de títulos com possibilidades de vitória no Oscar.

Ainda sobre números, importante destacar a tripla indicação para o ator e roteirista paquistanês Kumail Nanjiani. Além de ter sido indicado a Melhor Ator em Comédia e Roteiro Adaptado com o filme Doentes de Amor (The Big Sick), ele foi reconhecido por sua performance cômica na série The Sillicon Valley. Embora seja o recordista individual desta edição, existe boa possibilidade de ele ser triplo perdedor.

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Zoe Kazan e Kumail Nanjiani em cena de Doentes de Amor (pic by moviepilot.de)

Outros artistas acumularam duas indicações individuais. São os casos da diretora e roteirista de Lady Bird, Greta Gerwig; do diretor e ator de Artista do Desastre, James Franco; da atriz Tiffany Hadish que compete como Atriz Coadjuvante e Atriz em Comédia por Viagem das Garotas; do diretor e roteirista de Três Anúncios Para um Crime, Martin McDonagh; e obviamente, do diretor e roteirista Guillermo del Toro.

SURPRESAS E AUSÊNCIAS

Eu sei, você deve ter pensado: “É possível ter ausências com sete indicados?”. Pois é, na reunião de condomínio da categoria de Melhor Diretor, faltou uma vaguinha para Sean Baker, que na semana passada foi reconhecido pelo NYFCC por Projeto Flórida. A verdade é que ele pode se ausentar de qualquer lista, EXCETO na seleção do Directors Guild of America (DGA), onde se separa o joio do trigo.

Com menos chances, poderia citar aqui também o nome de Dee Rees, a jovem diretora negra (ou como dizem hoje “afrodescendente”) do drama Mudbound. Não sei dizer se o fato do filme ser produção da Netflix e não ser exibido em telas de cinema enfraqueceu sua campanha, mas até então eu acreditava que este ano poderia ser o ano das mulheres na direção no Oscar. Além dela, existem chances para Greta Gerwig, Kathryn Bigelow, Angelina Jolie e Sofia Coppola. Não, não me venham com Patty Jenkins por Mulher-Maravilha

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Mary J. Blige recebe orientações da diretora Dee Rees em set de Mudbound

Nas categorias de atuação, por mais que haja seis (ou sete) vagas e as categorias de atuação de comédia e de ação, sempre vai haver algum nome faltando. Este ano, este ator excluído é Robert Pattison. Sempre passei longe desses filmes de Crepúsculo que ele estrelou, mas depois de ver sua atuação em Bom Comportamento, passei a enxergá-lo como um ator promissor. Acho que boa parte do crédito de sua evolução se deve ao diretor canadense David Cronenberg com quem trabalhou em Cosmópolis e Mapa Para as Estrelas. Estou torcendo para que ele saia na lista do Globo de Ouro. E ainda falando de Bom Comportamento, ficou faltando uma indicação para Daniel Lopatin por suas belas composições musicais que reverberam a tensão do filme todo.

Na ala feminina, dois nomes mais comentados são de Kate Winslet por Roda Gigante, e Judi Dench por Victoria e Abdul – O Confidente da Rainha. Ambas têm chances de aparecer na lista do Globo de Ouro de Atriz – Drama e Atriz – Comédia, respectivamente. Além delas, o nome mais polêmico também ficou de fora: Daniela Vega, uma atriz transsexual que atuou no filme chileno Uma Mulher Fantástica. Se o Critics’ Choice quisesse demonstrar personalidade, perdeu uma ótima oportunidade de indicá-la. Na categoria de Coadjuvante, um dos nomes mais citados até o momento, mas ausente é o de Lois Smith, pelo filme futurista Marjorie Prime, onde ela conversa e interage com o holograma de seu marido morto há quinze anos.

Já no campo das surpresas, eu destacaria a indicação de Jake Gyllenhaal por O Que te Faz Mais Forte, onde ele interpreta uma vítima dos atentados terroristas da maratona de Boston. Embora seja daqueles papéis que costumam render prêmios, seu nome mal havia sido mencionado até o momento.

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Jake Gyllenhaal em cena de O Que Te Faz Mais Forte (pic by moviepilot.de)

E Patrick Stewart concorrendo como Ator Coadjuvante por Logan. Particularmente, gosto da atuação de Stewart como um homem idoso e debilitado, mas se formos analisar sob outro ângulo, o ator já interpretou o mesmo personagem de Professor Charles Xavier mais de quatro vezes. Acho bem difícil ele seguir adiante nessa campanha…

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Patrick Stewart como Professor Charles Xavier em Logan (pic by moviepilot.de)

Já na categoria de Filme em Língua Estrangeira, temos uma surpresa e uma ausência. A primeira atende pelo nome de Thelma, um filme norueguês que envolve eventos sobrenaturais e lesbianismo. E a segunda é a ausência do russo Loveless, do diretor Andrey Zvyagintsev, que é considerado um dos favoritos para seguir no Oscar.

Thelma

À direita, Eili Harboe interpreta a perturbada Thelma no filme homônimo. Pic by outnow.ch

ENQUANTO ISSO, NO UNIVERSO DAS SÉRIES…

A série Feud: Bette and Joan da FX, sobre a treta entre as atrizes Bette Davis e Joan Crawford, foi a recordista desta edição com seis indicações. Logo em seguida, com cinco indicações, aparece Big Little Lies da HBO, que conquistou vários prêmios no último Emmy. Alguém pode, por favor, me explicar por que Jessica Lange foi indicada para Melhor Atriz e Susan Sarandon não? Até onde sei, o grande chamariz dessa série foi o embate dessas duas atrizes veteranas que interpretaram duas lendas de Hollywood, não?

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Susan Sarandon como Bette Davis e Jessica Lange como Joan Crawford em Feud: Bette and Joan (pic by time.com)

Apesar disso, foi a plataforma de streaming Netflix que conquistou maior número de indicações: 20, graças à ampla variedade de conteúdo como The Crown, Stranger Things, GLOW e até a animação BoJack Horseman. Se no universo da séries a Netflix já reina, será questão de tempo até que um filme da Netflix ganhe o Oscar. Pra isso, basta eles pararem de investir apenas em filmes com Adam Sandler…

Uma curiosidade pra quem curte: Kevin Spacey não está entre os indicados de Ator em Série Dramática por House of Cards. Pelo visto, ninguém quer se comprometer e inclui-lo depois de todas as polêmicas de abuso sexual envolvendo o nome dele. Por um lado eu entendo que ele seja excluído das festinhas, mas é preciso lembrar que outros nomes envolvidos em polêmicas já foram indicados e ganharam prêmios como Roman Polanski e Woody Allen, portanto, fica essa questão no ar de saber separar artista da pessoa, e vice-versa. É possível?

INDICADOS AO CRITICS’ CHOICE AWARDS 2018:

CINEMA

MELHOR FILME
– Doentes de Amor (The Big Sick)
– Me Chame Pelo Seu Nome (Call Me by Your Name)
– O Destino de uma Nação (Darkest Hour)
– Dunkirk (Dunkirk)
– Projeto Flórida (The Florida Project)
– Corra! (Get Out)
– Lady Bird: É Hora de Voar (Lady Bird)
– The Post: A Guerra Secreta (The Post)
– A Forma da Água (The Shape of Water)
– Três Anúncios Para um Crime (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri)

MELHOR DIREÇÃO
– Guillermo del Toro (A Forma da Água)
– Greta Gerwig (Lady Bird)
– Martin McDonagh (Três Anúncios Para um Crime)
– Christopher Nolan (Dunkirk)
– Luca Guadagnino (Me Chame Pelo Seu Nome)
– Jordan Peele (Corra!)
– Steven Spielberg (The Post: A Guerra Secreta)

MELHOR ATOR
– Timothée Chalamet (Me Chame Pelo seu Nome)
– James Franco (Artista do Desastre)
– Jake Gyllenhaal (O Que Te Faz Mais Forte)
– Tom Hanks (The Post: A Guerra Secreta)
– Daniel Kaluuya (Corra!)
– Daniel Day-Lewis (Trama Fantasma)
– Gary Oldman (O Destino de uma Nação)

MELHOR ATRIZ
– Jessica Chastain (A Grande Jogada)
– Sally Hawkins (A Forma da Água)
– Frances McDormand (Três Anúncios Para um Crime)
– Margot Robbie (I, Tonya)
– Saoirse Ronan (Lady Bird)
– Meryl Streep (The Post: A Guerra Secreta)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
– Willem Dafoe (Projeto Flórida)
– Armie Hammer (Me Chame Pelo seu Nome)
– Richard Jenkins (A Forma da Água)
– Sam Rockwell (Três Anúncios Para um Crime)
– Patrick Stewart (Logan)
– Michael Stuhlbarg (Me Chame Pelo seu Nome)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
– Mary J. Blige (Mudbound)
– Hong Chau (Pequena Grande Vida)
– Tiffany Haddish (Viagem das Garotas)
– Holly Hunter (Doentes de Amor)
– Allison Janney (I, Tonya)
– Laurie Metcalf (Lady Bird)
– Octavia Spencer (A Forma da Água)

MELHOR JOVEM ATOR OU ATRIZ
– Mckenna Grace (Um Laço de Amor)
– Dafne Keen (Logan)
– Brooklynn Prince (Projeto Flórida)
– Millicent Simmonds (Sem Fôlego)
– Jacob Tremblay (Extraordinário)

MELHOR ELENCO
– Dunkirk
– Lady Bird
– Mudbound
– The Post: A Guerra Secreta
– Três Anúncios Para um Crime

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
– James Ivory (Me Chame Pelo seu Nome)
– Scott Neustadter, Michael H. Weber (Artista do Desastre)
– Virgil Williams, Dee Rees (Mudbound)
– Aaron Sorkin (A Grande Jogada)
– Jack Thorne, Steve Conrad, Stephen Chbosky (Extraordinário)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
– Emily V. Gordon, Kumail Nanjiani (Doentes de Amor)
– Jordan Peele Corra!)
– Greta Gerwig (Lady Bird)
– Liz Hannah, Josh Singer (The Post: A Guerra Secreta)
– Guillermo del Toro, Vanessa Taylor (A Forma da Água)
– Martin McDonagh (Três Anúncios Para um Crime)

MELHOR FOTOGRAFIA
– Roger Deakins (Blade Runner 2049)
– Sayombhu Mukdeeprom (Me Chame Pelo seu Nome)
– Hoyte van Hoytema (Dunkirk)
– Rachel Morrison (Mudbound)
– Dan Lausten (A Forma da Água)

MELHOR FIGURINO
– Jacqueline Durran (A Bela e a Fera)
– Renée April (Blade Runner 2049)
– Mark Bridges (Trama Fantasma)
– Luis Sequeira (A Forma da Água)
– Lindy Hemming (Mulher-Maravilha)

MELHOR MONTAGEM
– Paul Machliss, Jonathan Amos (Em Ritmo de Fuga)
– Joe Walker (Blade Runner 2049)
– Lee Smith (Dunkirk)
– Michael Kahn, Sarah Broshar (The Post: A Guerra Secreta)
– Sidney Wolinsky (A Forma da Água)

MELHOR CABELO E MAQUIAGEM
– A Bela e a Fera
– O Destino de uma Nação
– I, Tonya
– A Forma da Água
– Extraordinário

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
– Sarah Greenwood; Katie Spencer (A Bela e a Fera)
– Dennis Gassner; Alessandra Querzola (Blade Runner 2049)
– Nathan Crowley; Gary Fettis (Dunkirk)
– Jim Clay; Rebecca Alleway (Assassinato no Expresso Oriente)
– Mark Tildesley; Véronique Melery (Trama Fantasma)
– Paul Denham Austerberry; Shane Vieau, Jeff Melvin (A Forma da Água)

MELHOR TRILHA MUSICAL
– Benjamin Wallfisch, Hans Zimmer (Blade Runner 2049)
– Dario Marianelli (O Destino de uma Nação)
– Jonny Greenwood (Trama Fantasma)
– John Williams (The Post: A Guerra Secreta)
– Alexandre Desplat (A Forma da Água)

MELHOR CANÇÃO
– “Evermore” (A Bela e a Fera)
– “Mystery of Love” (Me Chame Pelo Seu Nome)
– “Remember Me” (Viva – A Vida é uma Festa)
– “Stand Up for Something” (Marshall)
– “This Is Me” (O Rei do Show)

MELHORES EFEITOS VISUAIS
– Blade Runner 2049
– Dunkirk
– A Forma da Água
– Thor: Ragnarok
– Planeta dos Macacos: A Guerra
– Mulher-Maravilha

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
– The Breadwinner
– Viva – A Vida é uma Festa (Coco)
– Meu Malvado Favorito 3 (Despicable Me 3)
– LEGO Batman: O Filme (The Lego Batman Movie)
– Com Amor, Van Gogh (Loving Vincent)

MELHOR FILME DE AÇÃO
– Em Ritmo de Fuga (Baby Driver)
– Logan (Logan)
– Thor: Ragnarok (Thor: Ragnarok)
– Planeta dos Macacos: A Guerra (War for the Planet of the Apes)
– Mulher-Maravilha (Wonder Woman)

MELHOR COMÉDIA
– Doentes de Amor (The Big Sick)
– Artista do Desastre (The Disaster Artist)
– Viagem das Garotas (Girls Trip)
– I, Tonya
– Lady Bird: É Hora de Voar (Lady Bird)

MELHOR ATOR EM COMÉDIA
– Steve Carell (A Guerra dos Sexos)
– James Franco (Artista do Desastre)
– Chris Hemsworth (Thor: Ragnarok)
– Kumail Nanjiani (Doentes de Amor)
– Adam Sandler (Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe)

MELHOR ATRIZ EM COMÉDIA
– Tiffany Haddish (Viagem das Garotas)
– Zoe Kazan (Doentes de Amor)
– Margot Robbie (I, Tonya)
– Saoirse Ronan (Lady Bird)
– Emma Stone (A Guerra dos Sexos)

MELHOR FICÇÃO CIENTÍFICA OU TERROR
– Blade Runner 2049 (Blade Runner 2049)
– Corra! (Get Out)
– It: A Coisa (It)
– A Forma da Água (The Shape of Water)

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
– 120 Batimentos Por Minuto (BPM (Beats Per Minute))
– Uma Mulher Fantástica (Una Mujer Fantástica)
– First They Killed My Father
– Em Pedaços (In the Fade)
– The Square
– Thelma

TELEVISÃO E STREAMING

 

Best Drama Series
– American Gods (Starz)
– The Crown (Netflix)
– Game of Thrones (HBO)
– The Handmaid’s Tale (Hulu)
– Stranger Things (Netflix)
– This Is Us (NBC)

Best Actor in a Drama Series
– Sterling K. Brown (This Is Us)
– Paul Giamatti (Billions)
– Freddie Highmore (Bates Motel)
– Ian McShane (American Gods)
– Bob Odenkirk (Better Call Saul)
– Liev Schreiber (Ray Donovan)

Best Actress in a Drama Series
– Caitriona Balfe (Outlander)
– Christine Baranski (The Good Fight)
– Claire Foy (The Crown)
– Tatiana Maslany (Orphan Black)
– Elisabeth Moss (The Handmaid’s Tale)
– Robin Wright (House of Cards)

Best Supporting Actor in a Drama Series
– Bobby Cannavale (Mr. Robot)
– Asia Kate Dillon (Billions)
– Peter Dinklage (Game of Thrones)
– David Harbour (Stranger Things)
– Delroy Lindo (The Good Fight)
– Michael McKean (Better Call Saul)

Best Supporting Actress in a Drama Series
– Gillian Anderson (American Gods)
– Emilia Clarke (Game of Thrones)
– Ann Dowd (The Handmaid’s Tale)
– Cush Jumbo (The Good Fight)
– Margo Martindale (Sneaky Pete)
– Chrissy Metz (This Is Us)

Best Comedy Series
– The Big Bang Theory (CBS)
– Black-ish (ABC)
– GLOW (Netflix)
– The Marvelous Mrs. Maisel (Amazon)
– Modern Family (ABC)
– Patriot (Amazon)

Best Actor in a Comedy Series
– Anthony Anderson (Black-ish)
– Aziz Ansari (Master of None)
– Hank Azaria (Brockmire)
– Ted Danson (The Good Place)
– Thomas Middleditch (Silicon Valley)
– Randall Park (Fresh Off the Boat)

Best Actress in a Comedy Series
– Kristen Bell (The Good Place)
– Alison Brie (GLOW)
– Rachel Brosnahan (The Marvelous Mrs. Maisel)
– Sutton Foster (Younger)
– Ellie Kemper (Unbreakable Kimmy Schmidt)
– Constance Wu (Fresh Off the Boat)

Best Supporting Actor in a Comedy Series
– Tituss Burgess (Unbreakable Kimmy Schmidt)
– Walton Goggins (Vice Principals)
– Sean Hayes (Will & Grace)
– Marc Maron (GLOW)
– Kumail Nanjiani (Silicon Valley)
– Ed O’Neill (Modern Family)

Best Supporting Actress in a Comedy Series
– Mayim Bialik (The Big Bang Theory)
– Alex Borstein (The Marvelous Mrs. Maisel)
– Betty Gilpin (GLOW)
– Jenifer Lewis (Black-ish)
– Alessandra Mastronardi (Master of None)
– Rita Moreno (One Day at a Time)

Best Limited Series
– American Vandal (Netflix)
– Big Little Lies (HBO)
– Fargo (FX)
– Feud: Bette and Joan (FX)
– Godless (Netflix)
– The Long Road Home (National Geographic)

Best Movie Made for TV
– Flint (Lifetime)
– I Am Elizabeth Smart (Lifetime)
– The Immortal Life of Henrietta Lacks (HBO)
– Sherlock: The Lying Detective (PBS)
– The Wizard of Lies (HBO)

Best Actor in a Movie Made for TV or Limited Series
– Jeff Daniels (Godless)
– Robert De Niro (The Wizard of Lies)
– Ewan McGregory (Fargo)
– Jack O’Connell (Godless)
– Evan Peters (American Horror Story: Cult)
– Bill Pullman (The Sinner)
– Jimmy Tatro (American Vandal)

Best Actress in a Movie Made for TV or Limited Series
– Jessica Biel (The Sinner)
– Alana Boden (I Am Elizabeth Smart)
– Carrie Coon (Fargo)
– Nicole Kidman (Big Little Lies)
– Jessica Lange (Feud: Bette and Joan)
– Reese Witherspoon (Big Little Lies)

Best Supporting Actor in a Movie Made for TV or Limited Series
– Johnny Flynn (Genius)
– Benito Martinez (American Crime)
– Alfred Molina (Feud: Bette and Joan)
– Alexander Skarsgård (Big Little Lies)
– David Thewlis (Fargo)
– Stanley Tucci (Feud: Bette and Joan)

Best Supporting Actress in a Movie Made for TV or Limited Series
– Judy Davis (Feud: Bette and Joan)
– Laura Dern (Big Little Lies)
– Jackie Hoffman (Feud: Bette and Joan)
– Regina King (American Crime)
– Michelle Pfeiffer (The Wizard of Lies)
– Mary Elizabeth Winstead (Fargo)

Best Talk Show
– Ellen (NBC)
– Harry (Syndicated)
– Jimmy Kimmel Live! (ABC)
– The Late Late Show with James Corden (CBS)
– The Tonight Show Starring Jimmy Fallon (NBC)
– Watch What Happens Live with Andy Cohen (Bravo)

Best Animated Series
– Archer (FX)
– Bob’s Burgers (Fox)
– BoJack Horseman (Netflix)
– Danger & Eggs (Amazon)
– Rick and Morty (Adult Swim)
– The Simpsons (Fox)

Best Unstructured Reality Series
– Born This Way (A&E)
– Ice Road Truckers (History)
– Intervention (A&E)
– Live PD (A&E)
– Ride with Norman Reedus (AMC)
– Teen Mom (MTV)

Best Structured Reality Series
– The Carbonaro Effect (truTV)
– Fixer Upper (HGTV)
– The Profit (CNBC)
– Shark Tank (ABC)
– Undercover Boss (CBS)
– Who Do You Think You Are? (TLC)

Best Reality Competition Series
– America’s Got Talent (NBC)
– Chopped (Food Network)
– Dancing with the Stars (ABC)
– Project Runway (Lifetime)
– RuPaul’s Drag Race (VH1)
– The Voice (NBC)

Best Reality Show Host
– Ted Allen (Chopped)
– Tyra Banks (America’s Got Talent)
– Tom Bergeron (Dancing With the Stars)
– Cat Deeley (So You Think You Can Dance)
– Joanna and Chip Gaines (Fixer Upper)
– RuPaul (RuPaul’s Drag Race)

***

A 23ª cerimônia do Critics’ Choice Awards acontece no dia 11 de Janeiro, numa quinta-feira. Não me perguntem por que numa quinta.

‘O Lado Bom da Vida’ domina o Independent Spirit Awards 2013

David O. Russell, vencedor de Melhor Diretor e Roteiro por O Lado Bom da Vida, no Independent Spirit Awards

David O. Russell, vencedor de Melhor Diretor e Roteiro por O Lado Bom da Vida, no Independent Spirit Awards (photo by latimes.com)

Um dia antes de concorrer em oito categorias no Oscar, a comédia O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook) se tornou a grande vitoriosa do prêmio que prestigia o cinema mais independente. Além de Melhor Filme, o filme de David O. Russell levou Direção, Roteiro e Atriz para Jennifer Lawrence.

Curiosamente, o orçamento de produção do vencedor ultrapassa em 1 milhão de dólares do limite estipulado pela premiação para poder concorrer, mas parece que o lobby da distribuidora Weinstein Company falou mais alto. Aliás, esta é a segunda produção consecutiva da Weinstein a ganhar o Independent Spirit Awards depois de O Artista.

Jennifer Lawrence aceitando prêmio de Melhor Atriz por O Lado Bom da Vida (photo by movies.yahoo.com)

Jennifer Lawrence aceitando prêmio de Melhor Atriz por O Lado Bom da Vida (photo by movies.yahoo.com)

Em 2012, havia uma discussão sobre a eligibilidade de O Artista nas principais categorias. Como ambos os atores principais (Jean Dujardin e Bérènice Bejo) e o diretor Michel Hazanavicius são franceses, o filme deveria ter competido apenas como produção estrangeira. Acabou também limpando a premiação com Melhor Filme, Diretor, Fotografia e Ator.

Com o domínio de O Lado Bom da Vida, um dos principais concorrentes ficou praticamente esquecido: Indomável Sonhadora. Apesar de terem tentado compensar o pequeno filme apenas com o prêmio de Fotografia para Ben Richardson, o público ficou com a sensação de injustiça, afinal, terá poucas chances nas quatro categorias que está indicado no Oscar ao contrário do filme vencedor.

Pelo histórico do Independent Spirit Awards, surgiu uma famosa frase: “Ganhe no sábado e perca no domingo”. Normalmente o filme vencedor perde no Oscar no dia seguinte. Casos mais recentes incluem Cisne Negro, Preciosa – Uma História de Esperança e O Lutador. O único a quebrar esta escrita foi justamente O Artista, que levou ambos o Independent e o Oscar.

Contudo, essa aliança tende a ficar mais recorrente. Desde 2000, 10 dos 13 vencedores de Melhor Filme foram também indicados a Melhor Filme no Oscar. Sem contar os atores que ganharam os dois prêmios: Jean Dujardin (O Artista), Christopher Plummer (Toda Forma de Amor), Natalie Portman (Cisne Negro), Mo’Nique (Preciosa – Uma História de Esperança) e Jeff Bridges (Coração Louco).

Ainda sobre os vencedores nas categorias de atuação, o Independent Spirit Awards salvou o ano dos atores John Hawkes e Matthew McConaughey. Ambos tiveram suas interpretações muito elogiadas pela crítica no final de 2012, mas viram suas boas campanhas naufragarem com a ausência na lista do Oscar. Em seu discurso de agradecimento, McConaughey, que venceu pelo papel de um dono de clube de striptease em Magic Mike, soltou um desabafo: “Tive que tirar minhas calças pra ganhar um troféu!”. E com a ausência da favorita Anne Hathaway, Helen Hunt acabou levando a melhor na categoria de atriz coadjuvante por As Sessões.

John Hawkes recebe prêmio de Melhor Ator por As Sessões das mãos de Salma Hayek (photo by sfgate.com)

John Hawkes recebe prêmio de Melhor Ator por As Sessões das mãos de Salma Hayek (photo by sfgate.com)

Amor, de Michael Haneke, confirmou seu favoritismo e deve chegar com força total para o Oscar, mesmo que seus concorrentes diretos (o chileno No e o norueguês Expedição Kon-Tiki) não tenham sido sequer indicados ao Independent Spirit.

Acompanhe novamente os indicados e os vencedores (assinalados em negrito):

MELHOR FILME
Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild)
Bernie
Deixe a Luz Acesa (Keep the Lights On)
Moonrise Kingdom (Moonrise Kingdom)
• O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook)

MELHOR DIRETOR
Wes Anderson, Moonrise Kingdom
Julia Loktev, The Loneliest Planet
• David O. Russell, O Lado Bom da Vida
Ira Sachs, Deixe a Luz Acesa
Benh Zeitlin, Indomável Sonhadora

MELHOR ROTEIRO
Wes Anderson & Roman Coppola, Moonrise Kingdom
Zoe Kazan, Ruby Sparks – A Namorada Perfeita
Martin McDonagh, Sete Psicopatas e um Shih Tzu
• David O. Russell, O Lado Bom da Vida
Ira Sachs, Deixe a Luz Acesa

MELHOR FILME DE ESTREANTE
Fill the Void
Gimme the Loot
Sem Segurança Nenhuma (Safety Not Guaranteed)
Sound of My Voice
• As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower)

MELHOR ROTEIRO DE ESTREANTE
Rama Burshtein, Fill the Void
• Derek Connolly, Sem Segurança Nenhuma
Christopher Ford, Frank e o Robô
Rashida Jones & Will McCormack, Celeste e Jesse Para Sempre
Jonathan Lisecki, Gayby

JOHN CASSAVETES AWARD – (para produções abaixo de 500 mil dólares)
Breakfast with Curtis
• Middle of Nowhere
Mosquita y Mari
Starlet
The Color Wheel

MELHOR ATRIZ
Linda Cardellini, Return
Emayatzy Corinealdi, Middle of Nowhere
• Jennifer Lawrence, O Lado Bom da Vida
Quvenzhané Wallis, Indomável Sonhadora
Mary Elizabeth Winstead, Smashed

MELHOR ATOR
Jack Black, Bernie
Bradley Cooper, O Lado Bom da Vida
• John Hawkes, As Sessões
Thure Lindhardt, Deixe a Luz Acesa
Matthew McConaughey, Killer Joe – Matador de Aluguel
Wendell Pierce, Four

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Rosemarie DeWitt, Your Sister’s Sister
Ann Dowd, Compliance
• Helen Hunt, As Sessões
Brit Marling, Sound of My Voice
Lorraine Toussaint, Middle of Nowhere

MELHOR ATOR COADJUVANTE
• Matthew McConaughey, Magic Mike
David Oyelowo, Middle of Nowhere
Michael Péna, Marcados Para Morrer
Sam Rockwell, Sete Psicopatas e um Shih Tzu
Bruce Willis, Moonrise Kingdom

MELHOR FOTOGRAFIA
Yoni Brook, Valley of Saints
Lol Crawley, Here
• Ben Richardson, Indomável Sonhadora
Roman Vasyanov, Marcados Para Morrer
Robert Yeoman, Moonrise Kingdom

MELHOR DOCUMENTÁRIO
How to Survive a Plague
Marina Abramović: The Artist is Present
The Central Park Five
• The Invisible War
The Waiting Room

MELHOR FILME INTERNACIONAL
Amor (França) de Michael Haneke
Once Upon A Time in Anatolia (Turquia), de Nuri Bilge Ceylan
Ferrugem e Osso (França/Bélgica), de Jacques Audiard
Sister (Suíça), de Ursula Meier
A Feiticeira da Guerra (República Democrática do Congo), de Kim Nguyen

PIAGET PRODUCERS AWARD
Nobody Walks, Alicia Van Couvering
Prince Avalanche, Derrick Tseng
Stones in the Sun, Mynette Louie

SOMEONE TO WATCH AWARD
Pincus, diretor David Fenster
Gimme the Loot, diretor Adam Leon
Electrick Children, diretora Rebecca Thomas

TRUER THAN FICTION AWARD (dado para documentaristas emergentes)
Leviathan, diretores Lucien Castaing-Taylor and Véréna Paravel
The Waiting Room, diretor Peter Nicks
Only the Young, diretores Jason Tippet & Elizabeth Mims

ROBERT ALTMAN AWARD (pelo elenco)
Starlet
Diretor: Sean Baker
Diretor de Casting: Julia Kim
Elenco: Dree Hemingway, Besedka Johnson, Karren Karagulian, Stella Maeve, James Ransone.

FIND Your Audience Award
Breakfast With Curtis, de Laura Colella
The History of Future Folk, de John Mitchell, Jeremy Kipp Walker

Matthew McConaughey com o prêmio de coadjuvante por Magic Mike (photo by beaumontenterprise.com)

Matthew McConaughey com o prêmio de coadjuvante por Magic Mike (photo by beaumontenterprise.com)

Apostas para o Oscar 2013

Pôster oficial do Oscar 2013 no tradicional preto e dourado (art by oscars.org)

Pôster oficial do Oscar 2013 no tradicional preto e dourado (art by oscars.org)

O Oscar 2013 pode entrar para a História. Como todos sabem, o mais importante prêmio da indústria cinematográfica tem sido cada vez mais tachado de previsível. Criado no final dos anos 20, o Oscar foi o primeiro a reconhecer talentos da Sétima Arte, criando uma competição saudável como pretexto para atrair mais público e novos artistas. No entanto, novos prêmios foram criados na década de 40 como o Globo de Ouro, concedido pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, e o BAFTA, outorgado pela Academia Britânica de Filmes e TV, acabando com o reinado supremo do Oscar.

Cientes da importância da estatueta da Academia, os prêmios criados posteriormente foram praticamente obrigados a divulgarem seus resultados antes, pois corriam sério risco de ficarem obsoletos. No cenário atual, como existem incontáveis prêmios e todos se apertam no calendário entre os meses de janeiro e fevereiro, quando chega a vez do Oscar, os vencedores já se tornaram previsíveis. Esse panorama claramente prejudicava o interesse do público em relação ao Oscar, fazendo com que os organizadores da Academia resolvessem adotar uma nova estratégia a partir deste ano.

Primeiramente, adeus aos votos impressos em papel. Além de ser ecologicamente melhor aceito e eliminar custos de envio, a votação por meio da internet possibilitaria adiantar a cerimônia do Oscar para mais cedo. Seguindo essa estratégia, conseguiram adiantar em três dias o anúncio dos indicações em relação à entrega dos Globos de Ouro, que era visto como parâmetro na escolha dos indicados. Se formos pensar em surpresa como objetivo, pode-se afirmar que o plano da Academia funcionou, pois além do vencedor do Globo de Ouro de direção Ben Affleck sequer ter sido indicado, apenas 14 dos 20 atores nomeados do SAG Awards (Screen Actors Guild) e apenas 2 dos 5 indicados ao DGA Awards (Directors Guild) passaram para a lista final do Oscar, contrariando as médias de 18 e 4 respectivamente.

Está vendo esses felizes funcionários? Estão todos no olho da rua (photo by npr.org)

Está vendo esses felizes funcionários? Estão todos no olho da rua (photo by npr.org)

Por outro lado, a ausência de alguns nomes consagrados de 2012 causaram enorme estardalhaço na mídia e entre cinéfilos revoltados ao redor do mundo. No topo, o fato de Ben Affleck ter ficado de fora da competição de diretores foi considerado um erro gritante. Alguns especialistas tentaram justificar sua exclusão por considerarem Affleck ainda muito imaturo para o cargo (Argo é seu terceiro filme na direção), já outros mais radicais acreditam que a ala conservadora da Academia estaria aplicando um castigo por erros passados como ator, especialmente em 2003 pelos fracassos de Demolidor – O Homem Sem Medo e Conduta de Risco. Por mais que a primeira dedução seja a mais plausível, o que dizer então da indicação do estreante Benh Zeitlin, de Indomável Sonhadora? Incoerência?

Ben Affleck dirigindo cena de Argo (photo by BeyondHollywood.com)

Ben Affleck dirigindo cena de Argo (photo by BeyondHollywood.com)

A categoria de direção foi o grande alvo de controvérsias. Havia três diretores praticamente garantidos na corrida: Kathryn Bigelow (A Hora Mais Escura), Tom Hooper (Os Miseráveis) e Affleck por terem sido indicados ao DGA (Directors Guild of America, o melhor parâmetro do Oscar, com apenas seis divergências de vencedor desde 1949), mas foram ignorados e substituídos por nomes menos comentados e premiados: David O. Russell (O Lado Bom da Vida), Michael Haneke (Amor) e Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora). Assim como Ben Affleck, seu filme Argo também conquistou inúmeros prêmios da temporada, inclusive o PGA (Producers Guild of America), mas com a exclusão de seu diretor, as chances de vitória como Melhor Filme reduziram drasticamente, uma vez que a última produção a vencer o Oscar sem ter seu diretor indicado foi há 23 anos, quando Conduzindo Miss Daisy ganhou.

Nesse cenário polêmico, estariam os organizadores da Academia satisfeitos ou completamente arrependidos? Se realmente buscavam agitar os resultados e se desprenderem dos demais prêmios, a estratégia funcionou tão bem que pode se repetir nos anos seguintes, especialmente se esse burburinho refletir na audiência da cerimônia na TV, no dia 24 de fevereiro.

Particularmente, acredito que parte dos votantes da Academia vão tentar compensar essa mancada e eleger Argo como Melhor Filme, ainda mais que Ben Affleck receberia seu Oscar, mas como produtor do longa ao lado de George Clooney e Grant Heslov. Mas para isso acontecer, o filme precisa ganhar pelo menos mais dois prêmios, pois o último Melhor Filme com dois Oscars foi O Maior Espetáculo da Terra, de 1952. Montagem e Roteiro Adaptado são as melhores possibilidades para Argo.

Depois de se encantar com a história do rei britânico gago de O Discurso do Rei e de um ator fadado ao fracasso da era muda de Hollywood em O Artista, o Oscar volta a centrar suas atenções às sagas políticas americanas. Liderando com 12 indicações, o drama histórico sobre o presidente que aboliu a escravidão de Lincoln, junta-se ao resgate dos diplomatas americanos no Irã em 1980 de Argo e a busca por vingança pelos ataques terroristas do 11 de setembro de A Hora Mais Escura. Tematicamente, temos ligeira vantagem para Argo por mostrar Hollywood salvando vidas.

A Hora Mais Escura retrata a incansável caça ao líder terrorista Bin Laden (photo by BeyondHollywood.com)

A Hora Mais Escura retrata a incansável caça ao líder terrorista Bin Laden (photo by BeyondHollywood.com)

Além do aspecto da votação eletrônica inédita e da mudança de calendário, este Oscar 2013 apresenta dois novos recordes curiosamente na mesma categoria: Melhor Atriz. Enquanto a francesa Emmanuelle Riva (Amor) se torna a mais velha indicada aos 85 anos, a americana estreante Quvenzhané Wallis (Indomável Sonhadora) se torna a mais jovem aos 9.

Vale ressaltar a força do lobby da distribuidora Weinstein Company. Seu fundador, Harvey Weinstein, que já liderou a Miramax, foi responsável por vitórias recentes do Oscar de Melhor Filme: Chicago (2002), Onde os Fracos Não Têm Vez (2007), O Discurso do Rei (2010) e O Artista (2011), sem contar com o escandaloso ano em que Shakespeare Apaixonado bateu o favorito O Resgate do Soldado Ryan, e Roberto Benigni levou Melhor Ator por A Vida é Bela.

O produtor Thomas Langmann beija Harvey Weinstein por ter feito impecável lobby na vitória de O Artista no Oscar: Filme, Diretor, Ator, Trilha Musical Original e Figurino (photo by Getty Images in http://blogs.forward.com/the-shmooze/152519/weinstein-awarded-french-legion-of-honor/)

O produtor Thomas Langmann beija Harvey Weinstein por ter feito impecável lobby na vitória de O Artista no Oscar: Filme, Diretor, Ator, Trilha Musical Original e Figurino (photo by Getty Images in http://blogs.forward.com/)

Este ano, a Weinstein Company soma 17 indicações através de O Lado Bom da Vida, Django Livre, O Mestre e o norueguês Expedição Kon-Tiki. Seu lobby funcionou tão bem para a comédia O Lado Bom da Vida, que catapultou a produção como uma das favoritas ao lado de Argo e Lincoln, podendo surpreender nas categorias de direção e ator coadjuvante.

Em relação à cerimônia em si, esta será a primeira vez de Seth MacFarlane como host. Criador da série animada Uma Família da Pesada e American Dad!, ele enfrentará um grande desafio na carreira de qualquer comediante: apresentar um evento ao vivo transmitido para vários países. Sua escolha foi considerada uma surpresa, pois não tem experiência nesse tipo de programa (talvez sua maior tenha sido o Saturday Night Live pela rede de TV americana) e sua marca registrada, a boca suja, não teria lugar no comedido Oscar. Apesar de torcer por MacFarlane, existe a forte possibilidade de frustrar seu público fiel por motivos de censura e, ao mesmo tempo, não ter o tipo de humor que a platéia da cerimônia espera. Vale lembrar que o comediante pode subir ao palco também para receber o Oscar de Melhor Canção Original por “Everybody Needs a Best Friend” de Ted, interpretada por Norah Jones.

Seth MacFarlane em foto promocional do Oscar 2013. Ele também concorre em Melhor Canção Original (photo by filmequals.com)

Seth MacFarlane em foto promocional do Oscar 2013. Ele também concorre em Melhor Canção Original (photo by filmequals.com)

Apesar de favoritismos e zebras, as apostas para o Oscar costumam criar momentos imprevisíveis, mas que vençam os melhores!

MELHOR FILME

Indicados:

– Amor (Amour)
– Argo (Argo)
– As Aventuras de Pi (Life of Pi)
– Django Livre (Django Unchained)
– A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty)
– Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild)
– O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook)
– Lincoln (Lincoln)
– Os Miseráveis (Les Misérables)

DEVE GANHAR: Argo
DEVERIA GANHAR: A Hora Mais Escura
ZEBRA: Amor

INJUSTIÇADOS: O Mestre e Moonrise Kingdom

Argo, de Ben Affleck

Argo, de Ben Affleck

Amor

5 indicações: Filme, Diretor, Atriz (Emmanuelle Riva), Roteiro Original e Filme Estrangeiro

Amor, de Michael Haneke

Amor, de Michael Haneke

Desde que venceu a Palma de Ouro em Cannes, Amor, uma co-produção entre França, Alemanha e Áustria, foi conquistando toda uma legião de críticos internacionais e acabou surpreendendo ao receber cinco indicações ao Oscar, inclusive para Filme e Diretor. O filme acompanha o casal de professores de música octagenários, cujos laços são postos à prova quando a mulher sofre um derrame. Trata-se de um belo porém doloroso retrato do amor no fim da vida. A veterana Emmanuelle Riva recebeu sua primeira indicação, tornando-se a atriz mais velha a concorrer aos 85 anos, porém a melhor aposta seria como Melhor Filme Estrangeiro por também disputar como Melhor Filme.

Argo

7 indicações: Filme, Ator Coadjuvante (Alan Arkin), Roteiro Adaptado, Montagem, Trilha Musical Original, Som e Efeitos Sonoros

Argo, de Ben Affleck

Argo, de Ben Affleck

O terceiro longa dirigido pelo ator Ben Affleck se beneficiou da escolha de uma ótima história verídica. Quando seis diplomatas americanos ficam presos no Irã em plena revolução, um agente da CIA bola um plano que envolve a criação de um filme hollywoodiano falso para resgatá-los como uma equipe de filmagem. A grande credibilidade do trabalho de direção de Ben Affleck é a passagem imperceptível de gêneros. Começamos com um filme político, passando por uma comédia satírica, terminando com um thriller. Argo recebeu todos os prêmios possíveis da indústria cinematográfica: Globo de Ouro, SAG (Screen Actors Guild), PGA (Producers Guild), DGA (Directors Guild) e o BAFTA. Contudo, a Academia resolveu deixar Affleck de lado na categoria de direção, o que comprometeria suas chances como Melhor Filme, afinal, a última produção premiada sem ter seu diretor sequer indicado foi Conduzindo Miss Daisy em 1990.

As Aventuras de Pi

11 indicações: Filme, Diretor, Roteiro Adaptado, Fotografia, Montagem, Direção de Arte, Trilha Musical Original, Canção Original, Som, Efeitos Visuais e Efeitos Sonoros

As Aventuras de Pi, de Ang Lee

As Aventuras de Pi, de Ang Lee

A adaptação do livro de Yann Martel era considerada “infilmável” por muitos realizadores, mas felizmente, o diretor Ang Lee adora um bom desafio. As Aventuras de Pi narra a história de um rapaz indiano que perde toda sua família num naufrágio e se vê obrigado a dividir o bote salva-vidas com um tigre de bengala chamado Richard Parker. Visualmente, Ang Lee entrega um filme muito bonito, que se apoia em efeitos de computação gráfica imperceptíveis. E procura se aprofundar em questões filosóficas aproveitando-se de que o protagonista segue três religiões: hinduísta, católica e muçulmana. Contudo, o filme suaviza a importância da religião em relação à obra original de Martel, provavelmente, visando uma censura bem mais light: PG (a partir de 10 anos). Embora não tenha estatísticas de favorito, o filme conseguiu 11 indicações, ficando atrás apenas de Lincoln. A produção deve faturar alguns prêmios técnicos como Efeitos Visuais.

Django Livre

5 indicações: Filme, Ator Coadjuvante (Christoph Waltz), Roteiro Original, Fotografia e Efeitos Sonoros

Django Livre, de Quentin Tarantino

Django Livre, de Quentin Tarantino

Ao lado de A Hora Mais Escura, Django Livre é um dos filmes mais comentados pelas polêmicas. O cineasta Spike Lee, muito conhecido por realizar filmes com tema ético e étnico, criticou diretamente Quentin Tarantino por usar o “termo racista” nigger (crioulo), o que estaria desrespeitando seus antepassados de escravos provindos do continente africano. O mais inacreditável dessa crítica é que Spike Lee nem se deu ao trabalho de ver Django Livre! Como fazer um filme sobre esse período sem utilizar o “termo racista” utilizado pelos senhores para se referirem a seus escravos? A sociedade americana atual, mergulhada no sistema politicamente correto, ignora o fato de que cinema de ficção não precisa se apoiar em valores éticos e na veracidade dos fatos históricos. Se nem alguns documentários ficam presos a essa meta, por que deveriam as ficções? Além disso, Django Livre repete o mesmo feito de Bastardos Inglórios, ao dar uma chance às vítimas do passado se vingarem de seus carrascos. Porém, quando se tratam de judeus castigando os nazistas, aí não tem problema nenhum. Falta de critério também pesa nessa polêmica. Infelizmente, Quentin Tarantino também não foi indicado como Melhor Diretor, mas tem boas chances como Melhor Roteiro Original.

A Hora Mais Escura

5 indicações: Filme, Roteiro Original, Montagem, Som e Efeitos Sonoros

A Hora Mais Escura, de Kathryn Bigelow

A Hora Mais Escura, de Kathryn Bigelow

O novo filme de Kathryn Bigelow sobre a caça a Bin Laden começou bem a temporada de premiações, vencendo o National Board of Review e o New York Film Critics Circle, mas então começou a controvérsia da tortura. Um membro da Academia chamado David Clennon alegou em carta aberta que não votaria no filme porque faz apologia à tortura, em seguida, foi a vez dos senadores John McCain e Dianne Feinstein apoiarem a mesma causa. Com receio de que esses boatos pudessem acarretar em desentendimentos e processos, Bigelow e o roteirista Mark Boal contestaram pela mídia, sustentando que a tortura fez parte da busca e que não poderia ser ignorada no filme. O documentarista Michael Moore defendeu o filme ao dizer que causa justamente o efeito contrário: “faz você odiar a tortura”. Toda essa controvérsia talvez tenha explicação: o acesso exclusivo e “supostamente proibido” aos arquivos da operação da CIA da caça a Bin Laden revoltou o partido Republicano, que também acreditava em conspiração devido a estréia do filme coincidir com as eleições americanas em novembro, servindo como propaganda dos adversários Democratas. Por causa dessa briga, o lançamento teve de ser adiado para dezembro. Definitivamente, A Hora Mais Escura não é para o público comum, porque cuida de verdades que não são fáceis de digerir, especialmente para americanos republicanos e patriotas. Obviamente, a tortura aplicada por autoridades americanas foi varrida para debaixo do tapete, afinal qual governo se orgulharia disso? E como a Academia costuma fugir de polêmicas (lembrando aqui o apelativo Crash – No Limite batendo o franco-favorito O Segredo de Brokeback Mountain sobre cowboys homossexuais), A Hora Mais Escura deve permanecer no escuro.

Indomável Sonhadora

4 indicações: Filme, Diretor, Atriz (Quvenzhané Wallis) e Roteiro Adaptado

Indomável Sonhadora, de Benh Zeitlin

Indomável Sonhadora, de Benh Zeitlin

Que trajetória fenomenal de Indomável Sonhadora! Um filme com baixíssimo orçamento, mesmo para uma produção independente, conquista o prêmio máximo do Festival de Sundance e o Camera d’Or (reconhecimento técnico de Cannes) e termina com quatro indicações ao Oscar. Para criar o universo de seu filme, o jovem diretor Benh Zeitlin tomou a cidade de New Orleans como cenário depois que o furacão Katrina devastou o local. A pequena Quvenzhané Wallis, descoberta entre mais de quatro mil candidatas, dá vida à protagonista Hushpuppy como uma força da natureza. Coerente com a humildade do projeto, escalaram Dwight Henry para interpretar seu pai Wink. Ele fora descoberto por ser dono de uma padaria próxima às locações, entretanto, como não tinha nenhuma ambição em atuar, só aceitou depois que o diretor se comprometeu a realizar os ensaios nos horários de madrugada enquanto fazia os pães. Indomável Sonhadora explora a imaginação fértil de uma criança para encarar a dura realidade e a ausência da mãe. Embora seja muito nova, Wallis pode ser uma grande surpresa se os votos se dividirem na categoria.

O Lado Bom da Vida

8 indicações: Filme, Diretor, Ator (Bradley Cooper), Atriz (Jennifer Lawrence), Ator Coadjuvante (Robert De Niro), Atriz Coadjuvante (Jacki Weaver), Roteiro Adaptado e Montagem.

O Lado Bom da Vida, de David O. Russell

O Lado Bom da Vida, de David O. Russell

Após o sucesso de crítica de O Vencedor (2010), David O. Russell decidiu adaptar o livro homônimo de Matthew Quick na tentativa de mostrar a seu filho, que sofre de transtorno bipolar como o protagonista Pat, que a doença não o torna menos humano. Muito semelhante à estrutura de uma comédia romântica, a história chega a ser igualmente previsível, mas a direção leve de Russell guia tão bem seus atores que a trama quase fica irrelevante. Para isso, começou usando outro de seus dons: escalar bem seu elenco. Apostou em Bradley Cooper para viver o personagem bipolar, Jennifer Lawrence para a viúva Tiffany, e resgatou Robert De Niro de sua zona de conforto. Com o poder do lobby da distribuidora Weinstein Company, o filme pode surpreender bastante, minando as chances de Lincoln e Argo. Vencedora do SAG, Jennifer Lawrence é a franco-favorita por sua versatilidade aos 22 anos.

Lincoln

12 indicações: Filme, Diretor, Ator (Daniel Day-Lewis), Ator Coadjuvante (Tommy Lee Jones), Atriz Coadjuvante (Sally Field), Roteiro Adaptado, Fotografia, Montagem, Direção de Arte, Figurino, Trilha Musical Original e Som

Lincoln, de Steven Spielberg

Lincoln, de Steven Spielberg

Lincoln é uma aula de História americana, mas lecionada por um professor com pouca didática. Apesar de bem escrito, o roteiro de Tony Kushner presume que seu público conheça o histórico de todos os personagens e a importância de cada um na votação da 13ª emenda contra a escravidão. Spielberg também peca por levar o assunto de forma extremamente séria (apenas o personagem de Tommy Lee Jones consegue extrair um pouco de humor) e limitar o filme tecnicamente a planos e contra-planos infindáveis de diálogos. O trabalho de direção de Spielberg ficou pesado, faltando equilíbrio para relatar esse importante momento da História e, por isso, seu terceiro Oscar talvez fique para uma próxima oportunidade. Para quem gosta e conhece a filmografia do diretor, sofre sério risco de desapontamento. Provavelmente, a melhor e única chance esteja nas mãos do ator Daniel Day-Lewis que, como sempre, impressiona por viver a figura imponente do político Abraham Lincoln. Se ganhar, será o terceiro Oscar do ator e a primeira atuação oscarizada sob direção de Spielberg.

Os Miseráveis

8 indicações: Filme, Ator (Hugh Jackman), Atriz Coadjuvante (Anne Hathaway), Direção de Arte, Figurino, Maquiagem, Canção Original e Som

Os Miseráveis, de Tom Hooper

Os Miseráveis, de Tom Hooper

O romance de Victor Hugo é um clássico da Literatura. E as adaptações musicais vem conquistando o público desde os anos 80. Mas apesar de todo esse sucesso, essa adaptação ficou muito aquém do esperado. Só o fato do filme ser um musical não significa que todo e qualquer diálogo deva ser musicado. O tão importante elemento da música deveria elevar a cena, mas acaba se tornando num mero artifício banal utilizado à exaustão. Muito popular nos anos 50 e 60, o gênero musical ficou ultrapassado nas décadas seguintes, contudo, com a coragem de alguns cineastas como Baz Luhrmann, Lars von Trier e Rob Marshall, voltou a encantar platéias no início dos anos 2000. Felizmente, o filme de Tom Hooper tem Victor Hugo e as canções clássicas por trás, caso contrário, poderia ser um fracasso gritante. Do elenco, Hugh Jackman (Jean Valjean), Samantha Barks (Eponine), Daniel Huttlestone (Gavroche) e claro, Anne Hathaway (Fantine) se destacam através de suas cordas vocais. Hathaway cantou “I Dreamed a Dream” com o coração na mão e deve levar seu primeiro Oscar.

MELHOR DIRETOR

Indicados:

– Michael Haneke (Amor)
– Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora)
– Ang Lee (As Aventuras de Pi)
– Steven Spielberg (Lincoln)
– David O. Russell (O Lado Bom da Vida)

DEVE GANHAR: David O. Russell (O Lado Bom da Vida)
DEVERIA GANHAR: Ang Lee (As Aventuras de Pi)
ZEBRA: Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora)

INJUSTIÇADOS: Ben Affleck (Argo) e Kathryn Bigelow (A Hora Mais Escura)

David O. Russell (centro) dirige a cena na lanchonete (photo by indiewire.com)

David O. Russell (centro) dirige a cena de O Lado Bom da Vida na lanchonete (photo by indiewire.com)

Este ano, a categoria de Direção foi a mais discutida desde que foram anunciadas as indicações. Dois dos diretores mais premiados da temporada sequer figuraram na lista: Ben Affleck (Argo) e Kathryn Bigelow (A Hora Mais Escura). Ambos foram indicados pelo Directors Guild of America (Affleck ganhou), mas foram substituídos por Michael Haneke (Amor) e Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora).

Com suas exclusões dos favoritos, tudo indica que há uma espécie de complô para o terceiro Oscar para Spielberg. No papel, o retorno à glória do diretor soa muito bem, especialmente por se tratar de um filme sobre um dos presidentes mais queridos dos EUA, mas para quem viu Lincoln, sabe que não se trata de um dos seus melhores trabalhos. Temos uma série de discursos, reuniões e audiências em fóruns, mas sem o brilho de um Sidney Lumet de 12 Homens e uma Sentença, tanto que Spielberg sequer foi indicado ao BAFTA, prêmio da Academia Britânica. E como ele já tem dois Oscars na carreira (por A Lista de Schindler e O Resgate do Soldado Ryan), David O. Russell passa a ganhar força na campanha em sua segunda indicação.

Em O Lado Bom da Vida, ele consegue extrair boa atuação de Bradley Cooper, acredita na jovem Jennifer Lawrence para viver uma viúva, resgata um pouco do talento esquecido de Robert De Niro e explora o pouco tempo de tela de Jacki Weaver, tornando-se o primeiro filme depois de Reds (1981), de Warren Beatty, a ter seus atores indicados em todas as categorias de atuação. Seu filme anterior, O Vencedor, rendeu dois Oscars para Christian Bale e Melissa Leo, ambos coadjuvantes.

Com as ausências de Affleck e Bigelow, alguns especialistas não descartam um improvável triunfo do taiwanês Ang Lee. Primeiro diretor asiático a vencer o Oscar de direção por O Segredo de Brokeback Mountain, Lee também tem em seu currículo laureado um Urso de Ouro, dois Leões de Ouro, dois DGAs e dois Globos de Ouro. Tem como uma das grandes qualidades a versatilidade de temas: culinária, história em quadrinhos, kung fu, espionagem, western, Woodstock, famílias suburbanas entre outros. Seu grande mérito aqui é concretizar um projeto difícil que foi recusado por M. Night Shyamalan, Alfonso Cuarón e Jean-Pierre Jeunet, criando um visual arrebatador.

MELHOR ATOR

Indicados:

– Bradley Cooper (O Lado Bom da Vida)
– Daniel Day-Lewis (Lincoln)
– Hugh Jackman (Os Miseráveis)
– Joaquin Phoenix (O Mestre)
– Denzel Washington (O Vôo)

DEVE GANHAR: Daniel Day-Lewis (Lincoln)
DEVERIA GANHAR: Joaquin Phoenix (O Mestre)
ZEBRA: Bradley Cooper (O Lado Bom da Vida)

INJUSTIÇADOS: John Hawkes (As Sessões) e Denis Lavant (Holy Motors)

Daniel Day-Lewis em Lincoln (photo by theartsdesk.com)

Daniel Day-Lewis em Lincoln (photo by theartsdesk.com)

95% da população cinéfila deve votar em Daniel Day-Lewis, afinal, é um dos melhores atores de sua geração e venceu o SAG por incorporar o presidente Abraham Lincoln num momento crucial da História americana. Seus métodos de interpretação são tão profundos e rigorosos que ele permanece no personagem entre um take e outro. No set de Lincoln, era chamado de “Mr. President”. Quais as chances de ele não ganhar?

Bem, se Day-Lewis confirmar seu favoritismo, este será seu terceiro Oscar de Melhor Ator (principal). E NENHUM ator conseguiu tamanha proeza. Só para citar profissionais mais recentes: Tom Hanks, Jack Nicholson e Sean Penn têm dois. E para a Academia quebrar um novo recorde, seria necessário um milagre.

O único que pode realmente derrubar o favoritismo de Daniel Day-Lewis é Joaquin Phoenix. Sim, o mesmo ator que anunciara aposentadoria em 2008 para se tornar um rapper! Felizmente, mudou de idéia e construiu esse ótimo personagem veterano de guerra, alcóolatra e de comportamento explosivo de O Mestre. Sua performance impressiona pelo esforço físico e uma sensação de completa desordem, fazendo com que seja o oposto necessário para contrabalancear a serenidade do líder da Cientologia, vivido por Philip Seymour Hoffman. Sua vitória seria uma grata surpresa, ainda mais porque Phoenix teve um momento de rebeldia à la Marlon Brando e George C. Scott ao dizer para a mídia: “O Oscar é uma besteira. Nunca mais quero passar por aquela experiência de novo”. A tática já funcionou antes: tanto Brando como Scott ganharam o Oscar sem marcarem presença na cerimônia.

Apesar da competição estar acirrada, John Hawkes poderia ser um dos indicados. Ele interpreta um homem com seus dias contados e que busca perder sua virgindade com uma terapeuta do sexo (Helen Hunt) em As Sessões. Praticamente se valendo apenas das expressões faciais, ele consegue demonstrar extrema fragilidade física, inclusive pela voz mais quebradiça. Infelizmente, os votantes da ala conservadora da Academia não apoiaram o sexo casual que o filme levanta, assim como a cota de atores franceses ser superior a um (Emmanuelle Riva), pois Denis Lavant merecia reconhecimento pelo ótimo Holy Motors. No filme de Leos Carax, que esteve presente em Cannes, ele interpreta nada menos que onze personagens diferentes em situações que beiram o absurdo, mas com muita propriedade e criatividade.

MELHOR ATRIZ

Indicadas:

– Jessica Chastain (A Hora Mais Escura)
– Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida)
– Emmanuelle Riva (Amor)
– Quvenzhané Wallis (Indomável Sonhadora)
– Naomi Watts (O Impossível)

DEVE GANHAR: Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida)
DEVERIA GANHAR: Jessica Chastain (A Hora Mais Escura)
ZEBRA: Naomi Watts (O Impossível)

INJUSTIÇADA: Marion Cottilard (Ferrugem e Osso)

Jennifer Lawrence em O Lado Bom da Vida (photo by CineMagia.ro)

Jennifer Lawrence em O Lado Bom da Vida (photo by CineMagia.ro)

Nesta categoria, temos duas atrizes americanas em extrema ascensão. Jennifer Lawrence ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz – Musical ou Comédia e o SAG Award, enquanto Jessica Chastain levou o Globo de Ouro de Melhor Atriz – Drama. Ambas estão em sua segunda indicação ao Oscar e têm grandes chances de vitória. Porém Lawrence tem ligeira vantagem por seu papel em O Lado Bom da Vida ser bem cativante. Tiffany, a personagem que ela defende, tem forte personalidade e ganha ares excêntricos por seu passado recente com medicamentos de depressão por causa da morte do marido. Provavelmente, a maioria dos diretores não conseguiriam enxergar a jovem atriz como uma viúva, mas ela convence com bastante naturalidade. Além disso, Jennifer Lawrence estrela a nova franquia de sucesso Jogos Vorazes, tornando-se uma figura muito querida pela indústria e fãs da série.

Justamente o oposto, Jessica Chastain interpreta uma personagem cujas emoções precisam ser escondidas por ser uma agente de operações da CIA em A Hora Mais Escura. Sua personagem Maya sente-se predestinada a encontrar Bin Laden nos mais de 10 anos de busca incansável, o que lhe traz muito sofrimento ao testemunhar sessões de tortura e muita solidão por excesso de trabalho. Esse papel poderia ser facilmente masculinizado, mas Chastain consegue dar um toque de feminilidade sem perder a compostura da agente.

Com tamanha competitividade, os votos podem se dividir, permitindo que uma terceira candidata chegue atropelando. Esta poderia ser a atriz mais velha a ser indicada, a veterana francesa Emmanuelle Riva (Amor), seguida de perto pela mais jovem, a pequena Quvenzhané Wallis (Indomável Sonhadora). Recentemente, Riva ganhou o prêmio BAFTA, enquanto Wallis recebeu incontáveis prêmios de Revelação, podendo ser o único Oscar do filme independente.

Com a presença de Emmanuelle Riva na categoria, a conterrânea Marion Cottilard perdeu espaço. Sua performance dramática em Ferrugem e Osso vinha sendo bem recebida desde Cannes, mas preferiram a fraca atuação de Naomi Watts em O Impossível.

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Indicados:

– Alan Arkin (Argo)
– Robert De Niro (O Lado Bom da Vida)
– Philip Seymour Hoffman (O Mestre)
– Tommy Lee Jones (Lincoln)
– Christoph Waltz (Django Livre)

DEVE GANHAR: Robert De Niro (O Lado Bom da Vida)
DEVERIA GANHAR: Christoph Waltz (Django Livre)
ZEBRA: Alan Arkin (Argo)

INJUSTIÇADO: Samuel L. Jackson (Django Livre)

Robert De Niro em O Lado Bom da Vida (photo by CineMagia.ro)

Robert De Niro (centro) em O Lado Bom da Vida (photo by CineMagia.ro)

Fato número 1: Todos os cinco indicados desta categoria já ganharam o Oscar anteriormente. Nesse sentido, o ator que mais leva desvantagem é o austríaco Christoph Waltz (Django Livre), pois vencera há três anos por Bastardos Inglórios. E, discordem ou não, apesar de sua performance ser excelente, lembra o jeito culto e a excelente dicção do Coronel Hans Landa. Waltz levou o Globo de Ouro em janeiro, mas foi Tommy Lee Jones quem levou o SAG por Lincoln. Seu personagem serve como ótimo alívio cômico para os 160 minutos de pura politicagem burocrática do filme de Steven Spielberg.

Contudo, como Hollywood adora resgatar grandes nomes do passado e Robert De Niro não recebe uma indicação há 20 anos, ele pode se tornar a grande surpresa da noite. Em O Lado Bom da Vida, ele interpreta Pat Sr., que é viciado em jogos, prende-se demais às superstições e se arrepende por ter deixado seu filho mais novo de lado. Existe uma cena, que deve passar como clipe de sua atuação, em que seu personagem chora umas lágrimas de forma tímida. E isso deve bastar para a Academia lhe conceder seu terceiro Oscar (coadjuvante por O Poderoso Chefão – Parte II em 1975, e ator por Touro Indomável em 1981) a fim de incentivá-lo a buscar projetos mais ambiciosos como ator. Por muito tempo, De Niro ficou preso e limitado a caricaturas de si mesmo como na trilogia Entrando Numa Fria. Vale lembrar que a categoria costuma render prêmios para atores consagrados como James Coburn, Michael Caine e Christopher Plummer.

Se não vivêssemos em tempos tão politicamente corretos, Samuel L. Jackson estaria indicado por Django Livre e com as melhores chances de ganhar, mas seu personagem é um negro extremamente racista com os demais negros na era escravista dos EUA. Talvez seja sua melhor interpretação da carreira, mas as questões “éticas” atrapalharam sua campanha para o Oscar.

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Indicadas:

– Amy Adams (O Mestre)
– Sally Field (Lincoln)
– Anne Hathaway (Os Miseráveis)
– Helen Hunt (As Sessões)
– Jacki Weaver (O Lado Bom da Vida)

DEVE GANHAR: Anne Hathaway (Os Miseráveis)
DEVERIA GANHAR: Anne Hathaway (Os Miseráveis)
ZEBRA: Helen Hunt (As Sessões)

INJUSTIÇADA: Ann Dowd (Compliance)

Anne Hathaway em Os Miseráveis (photo by BeyondHollywood.com)

Anne Hathaway em Os Miseráveis (photo by BeyondHollywood.com)

Logo depois que as indicações foram anunciadas, parecia que o duelo final seria entre Anne Hathaway e Sally Field. Mas Hathaway se tornou uma unanimidade na temporada: vencedora do Globo de Ouro, SAG e BAFTA. Mesmo com pouco tempo de tela, sua performance como Fantine praticamente se resume à cena em que canta aos prantos “I Dreamed a Dream”, conseguindo comover o público.

Além de demonstrar talento através de suas cordas vocais, Anne Hathaway perdeu mais de dez quilos para o papel. Sem contar que cortaram seu cabelo em cena, pois sua personagem vende seu cabelo. Tamanho esforço para um papel menor que valorizou bastante sua participação deve lhe render uma estatueta do Oscar. Outro fator curioso que colabora para sua vitória é que sua mãe interpretou a mesma Fantine no musical da Broadway.

E o retorno de Helen Hunt pode ser interpretado como uma segunda chance na carreira. Depois de ganhar como Melhor Atriz em 1998 por Melhor é Impossível, nunca mais escolheu projetos que pudessem mantê-la em destaque. Em As Sessões, ela interpreta uma terapeuta do sexo e aparece nua, coragem que pode já ter sido recompensada pela indicação, mas que pode ter maquiado a real intenção da Academia de desfazer outra maldição do Oscar.

Uma reclamação muito pertinente neste Oscar é a falta de atores mais desconhecidos. Tradicionalmente, a Academia “planta” um candidato que não esteve presente nas listas das demais premiações como a própria Jacki Weaver em 2011. Este ano, essa vaga poderia ter sido preenchida por Ann Dowd por sua ótima performance no independente Compliance, no qual faz uma gerente de fast-food que se vê obrigada a interrogar uma de suas funcionárias devido a uma denúncia anônima.

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

Indicados:

– Michael Haneke (Amor)
– Quentin Tarantino (Django Livre)
– John Gatlins (O Vôo)
– Wes Anderson, Roman Coppola (Moonrise Kingdom)
– Mark Boal (A Hora Mais Escura)

DEVE GANHAR: Quentin Tarantino (Django Livre)
DEVERIA GANHAR: Mark Boal (A Hora Mais Escura)
ZEBRA: Wes Anderson e Roman Coppola (Moonrise Kingdom)

INJUSTIÇADO: Rian Johnson (Looper: Assassinos do Futuro)

Quentin Tarantino no set de Django Livre (photo by filmstage.com)

Quentin Tarantino no set de Django Livre (photo by filmstage.com)

Embora tenha sido alvo dos comentários de preconceito racial do diretor Spike Lee, o roteiro de Quentin Tarantino consegue extrair excelente humor negro (sem trocadilhos) da época escravista dos EUA como a sequência hilária da Ku Klux Klan. Como de costume, seus personagens possuem diálogos memoráveis e em situações inusitadas. Como tem poucas chances de levar Melhor Filme, Tarantino deve levar o Oscar de Roteiro Original, o segundo de sua carreira.

Trancado a sete chaves, o roteiro de A Hora Mais Escura sofreu alterações drásticas, pois o objetivo inicial era questionar o sumiço do líder terrorista Bin Laden, mas depois que ele foi encontrado e eliminado, o roteirista Mark Boal reescreveu praticamente outro filme com novos questionamentos. Valendo-se também de consulta dos arquivos secretos da CIA sobre a operação, o filme sofreu duras críticas de americanos politicamente corretos por expôr a tortura para conseguir pistas sobre o paradeiro de Bin Laden. Como a Academia evita esse tipo de polêmica mais dura e Mark Boal ganhou recentemente por Guerra ao Terror, suas chances caem um pouco.

Infelizmente, o romance Moonrise Kingdom ficou limitado a essa única categoria. Poderia ter sido reconhecido também em Direção de Arte, Figurino, Trilha Musical, Montagem e Filme. Porém o filme tem grandes chances no Independent Spirit Awards, que premia filmes independentes. E embora o roteiro de Looper: Assassinos do Futuro tenha vencido o National Board of Review, o gênero de ficção científica que envolve viagens no tempo não costuma ser unanimidade nesta categoria.

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

Indicados:

– Chris Terrio (Argo)
– Benh Zeitlin, Lucy Alibar (Indomável Sonhadora)
– David Magee (As Aventuras de Pi)
– Tony Kushner (Lincoln)
– David O. Russell (O Lado Bom da Vida)

DEVE GANHAR: Chris Terrio (Argo)
DEVERIA GANHAR: Chris Terrio (Argo)
ZEBRA: David Magee (As Aventuras de Pi)

INJUSTIÇADO: Stephen Chbosky (As Vantagens de ser Invisível)

Chris Terrio em lançamento de Argo (photo by zimbio.com)

Chris Terrio em lançamento de Argo (photo by zimbio.com)

Como a briga de Roteiro Adaptado inclui os principais concorrentes do Oscar, o vencedor daqui pode definir o Melhor Filme do ano. À princípio, o dramaturgo Tony Kushner levaria vantagem por concorrer pelo drama histórico Lincoln e ser um prestigioso vencedor do prêmio Pulitzer pela peça Angels in America que foi adaptada para a TV em 2003, afinal o Oscar premiaria um consagrado autor. Contudo, nessa reta final, um democrata americano expôs um erro histórico em seu roteiro. No filme, dois representantes de seu Estado, Connecticut, votam contra a abolição da escravidão em 1865, sendo que foram à favor da emenda. Apesar de Kushner admitir o erro e pedir desculpas publicamente, esse erro pode ter minado suas chances, ainda mais agora que o filme de Spielberg está em queda.

Assim, a vitória do estreante Chris Terrio pode ajudar Argo a ter mais sustentação como Melhor Filme (já que seu diretor sequer foi indicado), ao lado do prêmio de Montagem. Contudo, se Spielberg levar Melhor Diretor, David O. Russell deve levar o Oscar de consolação por O Lado Bom da Vida.

Muito elogiado pela crítica, o drama juvenil sobre um universitário acolhido por dois veteranos de As Vantagens de ser Invisível só ficou de fora porque a categoria estava sobrecarregada de fortes concorrentes.

MELHOR FOTOGRAFIA

Indicados:

– Seamus McGarvey (Anna Karenina)
– Robert Richardson (Django Livre)
– Claudio Miranda (As Aventuras de Pi)
– Janusz Kaminski (Lincoln)
– Roger Deakins (007 – Operação Skyfall)

DEVE GANHAR: Claudio Miranda (As Aventuras de Pi)
DEVERIA GANHAR: Roger Deakins (007 – Operação Skyfall)
ZEBRA: Seamus McGarvey (Anna Karenina)

INJUSTIÇADO: Mihai Malaimare Jr. (O Mestre)

Visual exuberante gerado pela fotografia de Claudio Miranda com CG (photo by cinemagia.ro)

Visual exuberante de As Aventuras de Pi gerado pela fotografia de Claudio Miranda com CG (photo by cinemagia.ro)

O diretor de fotgrafia Claudio Miranda, que concorre por As Aventuras de Pi (photo by arri.com)

O diretor de fotografia Claudio Miranda (photo by arri.com)

Apesar do chileno Claudio Miranda ser relativamente novo na indústria do cinema (passou a trabalhar com cinema desde 2005), sua fotografia ficou marcada pelo equilíbrio do bom uso de efeitos de computação gráfica em O Curioso Caso de Benjamin Button e Tron: O Legado. Em As Aventuras de Pi, essa característica de seu trabalho atinge seu ápice, pois cerca de 70% do filme é filmado em green screen (fundo verde a serem inseridos os efeitos em pós-produção). Casos mais recentes que continham muitos efeitos e que ganharam o Oscar, A Origem e Avatar, sustentam seu favoritismo.

A fotografia de Robert Richardson também imprime visual exuberante ao western Django Livre, porém como já tem três Oscars e o último ganhou no ano anterior por A Invenção de Hugo Cabret, suas chances reduzem bastante. Do outro lado, o inglês Roger Deakins já foi indicado 10 vezes e nunca ganhou. Seu trabalho em 007 – Operação Skyfall eleva o filme de ação a um nível artístico. A beleza das cenas do cassino de Shangai e da mansão da Escócia em chamas já valem o ingresso.

Incluiria a fotografia de Mihai Malaimare Jr. de O Mestre na competição. Utilizando-se de filme 65mm, ele consegue passar uma sensação de irreal pertinente ao mundo fora de controle de Freddie Quell, assim como as idéias surreais de Lancaster Dodd. Mihai tem sido o braço direito dos últimos filmes de Francis Ford Coppola como Tetro.

MELHOR MONTAGEM

Indicados:

– William Goldenberg (Argo)
– Tim Squyres (As Aventuras de Pi)
– Michael Khan (Lincoln)
– Jay Cassidy, Crispin Struthers (O Lado Bom da Vida)
– William Goldenberg, Dylan Tichenor (A Hora Mais Escura)

DEVE GANHAR: William Goldenberg (Argo)
DEVERIA GANHAR: William Goldenberg (Argo)
ZEBRA: Jay Cassidy, Crispin Struthers (O Lado Bom da Vida)

INJUSTIÇADO: Andrew Weisblum (Moonrise Kingdom)

Momento de tensão em Argo (photo by BeyondHollywood.com)

Momento de tensão em Argo (photo by BeyondHollywood.com)

William Goldenberg, recebendo seu BAFTA por Argo (photo by latinospost.com)

William Goldenberg, recebendo seu BAFTA por Argo (photo by latinospost.com)

Normalmente, o prêmio de montagem é concedido a filmes de ação como Bullitt, Rocky – Um Lutador e o recente O Ultimato Bourne por conseguirem criar tensão no uso eficiente de cortes. Em outros casos, a montagem premiada vem de histórias interligadas que criam um senso de unidade como em Traffic e Crash – No Limite. Em Argo, temos bons exemplos das duas situações, pois lida com vários personagens, costurando suas cenas e oferecendo tensão na parte final do longa. Além disso, William Goldenberg também concorre por A Hora Mais Escura, o que poderia ser interpretado como um prêmio para dois filmes.

Muito do humor ácido de Wes Anderson provém da montagem de Andrew Weisblum em Moonrise Kingdom. Seus cortes secos chegam em ótimo timing e ditam o tom desta fábula sobre duas crianças apaixonadas. Se fosse para optar por uma comédia, poderiam incluir esta montagem e deixar O Lado Bom da Vida de lado.

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

Indicados:

– Sarah Greenwood, Katie Spencer (Anna Karenina)
Dan Hennah, Ra Vincent, Simon Bright (O Hobbit: Uma Jornada Inesperada)
– Eve Stewart, Anna Lynch-Robinson (Os Miseráveis)
David Gropman, Anna Pinnock (As Aventuras de Pi)
Rick Carter, Jim Erickson (Lincoln)

DEVE GANHAR: Sarah Greenwood, Kate Spencer (Anna Karenina)
DEVERIA GANHAR: Sarah Greenwood, Kate Spencer (Anna Karenina)
ZEBRA: Dan Hennah, Ra Vincent, Simon Bright (O Hobbit: Uma Jornada Inesperada)

INJUSTIÇADO: Hugh Bateup, Uli Hanisch (A Viagem)

A direção de arte de Anna Karenina recria a Rússia do século XIX: precisão nas paredes e chão (photo by cinemagia.ro)

A direção de arte de Anna Karenina recria a Rússia do século XIX: precisão nas paredes e chão (photo by cinemagia.ro)

Sarah Greenwood no set de Anna Karenina (photo by btlnews.com)

Sarah Greenwood no set de Anna Karenina (photo by btlnews.com)

Nos últimos anos, o prêmio de Direção de Arte tem destoado do vencedor do Melhor Filme e costuma valorizar filmes de temática fantasiosa como Avatar e Alice no País das Maravilhas. Entretanto, como a direção de arte do representante de fantasia O Hobbit: Uma Jornada Inesperada praticamente recicla o design da trilogia de O Senhor dos Anéis, o Oscar pode recompensar o belo trabalho de recriação da Rússia do século XIX de Anna Karenina. Trata-se da quinta colaboração de Sarah Greenwood com o diretor Joe Wright, desde Orgulho & Preconceito (2005), e sua quarta indicação ao Oscar sem vitórias até o momento.

Negligenciado em excesso pela crítica americana, a ficção científica A Viagem que busca algum sentido para a vida acabou excluída de quase todas as premiações, contudo o design de produção chama a atenção por conseguir cobrir passado, presente e futuro com cenários convincentes e inovadores. Mesmo com chances quase nulas de vitória, já serviria como um sopro de criatividade nesta categoria de muitas recriações e reformulações.

MELHOR FIGURINO

Indicados:

Jacqueline Durran (Anna Karenina)
Paco Delgado (Os Miseráveis)
Joanna Johnston (Lincoln)
Eiko Ishioka (Espelho, Espelho Meu)
Colleen Atwood (Branca de Neve e o Caçador)

DEVE GANHAR: Jacqueline Durran (Anna Karenina)
DEVERIA GANHAR: Eiko Ishioka (Espelho, Espelho Meu)
ZEBRA: Joanna Johnston (Lincoln)

INJUSTIÇADO: Kym Barrett, Pierre-Yves Gayraud (A Viagem)

Um dos belos figurinos de Anna Karenina (photo by cinemagia.ro)

Um dos belos figurinos de Anna Karenina (photo by cinemagia.ro)

A figurinista Jacqueline Durran (à dir) ao lado da atriz Keira Knightley com figurino de Anna Karenina (photo by elle.com)

A figurinista Jacqueline Durran (à dir) ao lado da atriz Keira Knightley com figurino de Anna Karenina (photo by elle.com)

Muitas vezes, a categoria de figurino se tornou apenas uma contribuição no número de Oscars do Melhor Filme do ano, o que beneficiaria Joanna Johnston por Lincoln, mas como a competição está bem acirrada, a qualidade deve falar mais alto. Assim, Jacqueline Durran tem leve vantagem também por ter sido indicada em outras duas oportunidades por colaborações com o diretor Joe Wright em Orgulho & Preconceito e Desejo e Reparação, mas nunca ter levado.

Contudo, não será surpresa se Eiko Ishioka for anunciada vencedora, pois seus figurinos brilham muito mais do que os atores na adaptação dos Irmãos Grimm de Branca de Neve e os Sete Anões, o fraco Espelho, Espelho Meu, e este seria seu segundo e último Oscar, pois morreu em janeiro desse ano. Ela venceu em 1993 por Drácula de Bram Stoker.

Abrangendo figurinos de eras diferentes e criando roupas inovadoras futurísticas, o trabalho dos figurinistas Kym Barrett e Pierre-Yves Gayraud em A Viagem poderiam preencher a vaga do razoável figurino de Lincoln.

MELHOR MAQUIAGEM

Indicados:

Howard Berger, Peter Montagna, Martin Samuel (Hitchcock)
– Peter King, Rick Findlater, Tami Lane (O Hobbit: Uma Jornada Inesperada)
Lisa Westcott, Julie Dartnell (Os Miseráveis)

DEVE GANHAR: O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
DEVERIA GANHAR: O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
ZEBRA: Hitchcock

INJUSTIÇADO: Homens de Preto 3

Novos personagens do universo de J.R.R. Tolkien permitiram trabalho novo de maquiagem (photo by cinemagia.ro)

Novos personagens do universo de J.R.R. Tolkien permitiram trabalho novo de maquiagem (photo by cinemagia.ro)

Um dos milhares trabalhos de maquiagem de O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (photo by digititles.com)

Um dos milhares trabalhos de maquiagem de O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (photo by digititles.com)

Sem a presença do mestre Rick Baker, responsável por criações como Um Lobisomem Americano em Londres e O Grinch, a competição perde muito de seu prestígio. Com uma penca de anões para colocar barbas, bigodes e narigões, o trabalho de maquiagem de O Hobbit: Uma Jornada Inesperada claramente é o melhor e mais trabalhoso dos três indicados. Talvez o pobre trabalho de maquiagem de Os Miseráveis ganhe para elevar o número de Oscars, mas não por méritos próprios.

Provavelmente por se tratar de uma sequência com poucas chances de vitória, o terceiro filme sobre os Homens de Preto acabou sendo ignorado pela comissão. Só a criação do vilão grotesco Boris the Animal já valeria uma indicação na categoria.

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL

Indicados:

Dario Marianelli (Anna Karenina)
– Alexandre Desplat (Argo)
– Mychael Danna (As Aventuras de Pi)
John Williams (Lincoln)
Thomas Newman (007 – Operação Skyfall)

DEVE GANHAR: Mychael Danna (As Aventuras de Pi)
DEVERIA GANHAR: Mychael Danna (As Aventuras de Pi)
ZEBRA: Dario Marianelli (Anna Karenina)

INJUSTIÇADO: Jonny Greenwood (O Mestre)

Mychael Danna trabalhando na trilha de As Aventuras de Pi com o diretor Ang Lee (photo by deadline.com)

Mychael Danna trabalhando na trilha de As Aventuras de Pi com o diretor Ang Lee (photo by deadline.com)

Nos últimos anos, os vencedores desta categoria trabalharam com algum instrumento diferente ou inusitado. Por exemplo, o compositor A. R. Rahman utilizou a cítara indiana para criar a trilha romântica de Quem Quer Ser um Milionário?, e Dario Marianelli explorou pertinentemente o som das teclas de uma máquina escrever para formar o ritmo agitado de Desejo e Reparação. Este ano, a trilha mais inusitada entre os indicados pertence a Mychael Danna. Ele explora alguns instrumentos indianos como o Santoor de 108 cordas e o Sarangi, que originou o violino, além de acordões franceses e mandolins para contar essa jornada fantástica de Pi.

Não que a música erudita de Anna Karenina seja inferior – muito pelo contrário! – mas como o compositor ganhou recentemente, suas chances devem ser mínimas. Seguindo esta lógica, se a Academia quiser terminar o jejum de vitórias, Alexandre Desplat (Argo) acumula 5 indicações e Thomas Newman (007 – Operação Skyfall) está em sua 11ª indicação sem nunca ter ganhado.

E esta é a segunda vez que Jonny Greenwood acaba ignorado pela Academia. Em O Mestre, sua segunda colaboração com o diretor Paul Thomas Anderson, ele cria uma trilha estranha que dita o tom do filme. Sua música parece dizer ao espectador que nada daquilo que estamos vendo é, de fato, real, sensação reforçada pela alternância de filmes 35mm para 65mm que o diretor aplica.

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

Indicados:

“Before My Time”, de J. Ralph (Chasing Ice)
– “Suddenly”, de Alain Boublil, Claude-Michel Schönberg e Herbert Kretzmer (Os Miseráveis)
– “Pi’s Lullaby”, de Mychael Danna e Bombay Jayshri (As Aventuras de Pi)
– “Everybody Needs a Best Friend”, de Walter Murphy e Seth MacFarlane (Ted)
– “Skyfall”, de Adele Adkins e Paul Epworth (007 – Operação Skyfall)

DEVE GANHAR: “Skyfall”, de Adele Adkins e Paul Epworth (007 – Operação Skyfall)
DEVERIA GANHAR: “Skyfall”, de Adele Adkins e Paul Epworth (007 – Operação Skyfall)
ZEBRA: “Before my Time”, de J. Ralph (Chasing Ice)

INJUSTIÇADO: “Dull Tool”, de Fiona Apple (Bem-vindo aos 40)

Adele e 007 - Operação Skyfall: grandes chances de premiação (foto por twentyfourbit.com)

Adele e 007 – Operação Skyfall: grandes chances de premiação (foto por twentyfourbit.com)

Se a canção de Adele já era favorita antes, agora com o anúncio de que haverá uma homenagem aos 50 anos de James Bond e que Shirley Bassey, a diva que cantou três temas de Bond: “Goldfinger”, “Diamonds Are Forever” e “Moonraker” se apresentará no palco pela primeira vez, então pode-se considerar certo este Oscar para 007 – Operação Skyfall. Existiria uma ligeira possibilidade da música de Ted, “Everybody Needs a Best Friend”, ganhar por ser interpretada pela talentosa Norah Jones, mas após ganhar todos os prêmios da categoria, incluindo o Globo de Ouro, ninguém tira o reconhecimento merecido de Adele. Esta é apenas a quarta canção indicada ao Oscar de toda a franquia de sucesso de 007. As anteriores foram “Live and Let Die”, por Paul McCartney (007 – Viva e Deixe Morrer), “Nobody Does it Better”, por Carly Simon (007 – O Espião que me Amava), e “For Your Eyes Only”, por Sheena Easton (007 – Somente Para Seus Olhos).

Com uma canção que destrincha os problemas de um relacionamento através da letra, mas mantendo o estilo musical de Fiona Apple, a canção “Dull Tool” da comédia Bem-vindo aos 40 seria uma boa pedida para incluir um nome de peso à lista de apresentações, mas a palavra “fuck” usada na canção seria um empecilho na transmissão ao vivo.

MELHOR SOM

Indicados:

John T. Reitz, Gregg Rudloff, José Antonio García (Argo)
– Andy Nelson, Mark Paterson, Simon Hayes (Os Miseráveis)
Ron Bartlett, Doug Hemphill, Drew Kunin (As Aventuras de Pi)
Andy Nelson, Gary Rydstrom, Ron Judkins (Lincoln)
Scott Millan, Greg P. Russell, Stuart Wilson (007 – Operação Skyfall)

DEVE GANHAR: Os Miseráveis
DEVERIA GANHAR: 007 – Operação Skyfall
ZEBRA: Lincoln

INJUSTIÇADO: A Hora Mais Escura

Além do som das armas e canhões, o som de Os Miseráveis se vale pela captação da cantoria do elenco no set de filmagem (photo by BeyondHollywood.com)

Além do som das armas e canhões, o som de Os Miseráveis se vale pela captação da cantoria do elenco no set de filmagem (photo by BeyondHollywood.com)

A inédita técnica de gravação de som para musicais de Os Miseráveis deve ser recompensada. Contrariando o sistema de playback, toda a cantoria dos atores foi gravada em set de filmagem e mesmo vulnerável a ruídos externos de cenários e locações, o resultado ficou muito bom. Claro que se a voz de Russell Crowe colaborasse, o som seria mais agradável aos ouvidos.

Normalmente, o que dita a regra desta categoria é saber qual o filme mais barulhento do ano. Pela obviedade, 007 – Operação Skyfall seria o eleito, e o trabalho de mixagem de som de A Hora Mais Escura certamente estaria indicado.

MELHORES EFEITOS SONOROS

Indicados:

– Erik Aadahl, Ethan Van der Ryn (Argo)
– Wylie Stateman (Django Livre)
– Eugene Gearty, Philip Stockton (As Aventuras de Pi)
– Per Hallberg, Karen M. Baker (007 – Operação Skyfall)
– Paul N.J. Ottosson (A Hora Mais Escura)

DEVE GANHAR: A Hora Mais Escura
DEVERIA GANHAR: 007 – Operação Skyfall
ZEBRA: Argo

INJUSTIÇADO: Os Vingadores

Efeitos sonoros de A Hora Mais Escura são compostos de tiros, explosões e queda de helicóptero (photo by BeyondHollywood.com)

Efeitos sonoros de A Hora Mais Escura são compostos de tiros, explosões e queda de helicóptero (photo by BeyondHollywood.com)

Só a sequência da destruição da mansão Skyfall de 007 – Operação Skyfall com granadas já deveria render um Oscar de efeitos sonoros, mas talvez a Academia se sinta na obrigação de compensar A Hora Mais Escura. Em 2007, o filme de Clint Eastwood, Cartas de Iwo Jima, estava indicado a Melhor Filme e Diretor, mas acabou levando apenas Efeitos Sonoros. Acontece.

Na questão de criação de sons, o blockbuster Os Vingadores já seria candidato pela sequência de destruição de Nova York pela invasão alienígena. Pelo visto, o sucesso nas bilheterias não assegurou mais de uma indicação ao filme.

MELHORES EFEITOS VISUAIS

Indicados:

– Janek Sirrs, Jeff White, Guy Williams, Daniel Sudick (Os Vingadores)
– Joe Letteri, Eric Saindon, David Clayton, R. Christopher White (O Hobbit: Uma Jornada Inesperada)
– Bill Westenhofer, Guillaume Rocheron, Erik De Boer, Donald Elliott (As Aventuras de Pi)
– Richard Stammers, Trevor Wood, Charley Henley, Martin Hill (Prometheus)
– Cedric Nicolas-Troyan, Phil Brennan, Neil Corbould, Michael Dawson (Branca de Neve e o Caçador)

DEVE GANHAR: As Aventuras de Pi
DEVERIA GANHAR: As Aventuras de Pi
ZEBRA: Prometheus

INJUSTIÇADO: John Carter – Entre Dois Mundos

O tigre de bengala Richard Parker é um dos feitos por computação gráfica (photo by OutNow.CH)

O tigre de bengala Richard Parker de As Aventuras de Pi é um dos feitos por computação gráfica (photo by OutNow.CH)

Antes rotulado como “infilmável”, os efeitos visuais possibilitaram a própria existência de As Aventuras de Pi. Além de boa parte do roteiro se passar num bote salva-vidas, temos animais que alternam entre reais e feitos por computação gráfica. O tigre de bengala Richard Parker impressiona pelos movimentos e o brilho dos olhos do animal.

O fracasso nas bilheterias e com a crítica esgotou qualquer possibilidade dos efeitos visuais de John Carter – Entre Dois Mundos figurar nessa lista. Por outro lado, os cinco finalistas representam bem os melhores efeitos de 2012.

MELHOR FILME ESTRANGEIRO

Indicados:

Amor, de Michael Haneke (Áustria)
– War Witch, de Kim Nguyen (Canadá)
– No, de Pablo Larraín (Chile)
O Amante da Rainha, de Nikolaj Arcel (Dinamarca)
Expedição Kon-Tiki, de Joachim Rønning e Espen Sandberg (Noruega)

DEVE GANHAR: Amor, de Michael Haneke (Áustria)
DEVERIA GANHAR: Amor, de Michael Haneke (Áustria)
ZEBRA: Expedição Kon-Tiki, de Joachim Rønning, Espen Sandberg (Noruega)

INJUSTIÇADO: Holy Motors, de Leos Carax (França)

Michael Haneke dirige lendas do cinema francês em Amor (photo by OutNow.CH)

Michael Haneke dirige lendas do cinema francês em Amor (photo by OutNow.CH)

Depois que o sucesso francês Intocáveis caiu fora da disputa, ficou muito mais fácil o representante austríaco Amor levar o prêmio. Além disso, tem se tornado uma regra constante o filme estrangeiro que for indicado a Melhor Filme acabar levando Melhor Filme Estrangeiro. Aconteceu com A Vida é Bela e O Tigre e o Dragão. Embora a categoria seja imprevisível às vezes, Amor não deve perder esse prêmio.

Infelizmente, a França optou por Intocáveis. Se tivesse escolhido Holy Motors para ser o filme representante, a crítica americana poderia apoiar sua indicação. Por se tratar de um filme inovador que abusa do non-sense, suas chances de vitória seriam baixas, mas a imprevisibilidade da categoria poderia atuar novamente a seu favor.

MELHOR ANIMAÇÃO

Indicados:

Valente (Brave)
– Frankenweenie (Frankenweenie)
– ParaNorman (ParaNorman)
Piratas Pirados! (The Pirates! In an Adventure with Scientists!)
Detona Ralph (Wreck-it Ralph)

DEVE GANHAR: Frankenweenie
DEVERIA GANHAR: Frankenweenie
ZEBRA: Piratas Pirados!

INJUSTIÇADO: The Painting (Le Tableau)

Como a criatura Frankenstein, a animação Frankenweenie é um bom misto de homenagens a filmes clássicos (photo by OutNow.CH)

Como a criatura Frankenstein, a animação Frankenweenie é um bom misto de homenagens a filmes clássicos (photo by OutNow.CH)

Se formos levantar a contagem de prêmios da categoria, Detona Ralph sai na frente com sua história metalinguística sobre personagens de video-game, mas como não se trata de uma unanimidade, o nome de Tim Burton pode dar a vitória para Frankenweenie. A animação em preto-e-branco revisita o passado do diretor ao retomar o roteiro de um curta-metragem de mesmo nome de 1984, produzido pela mesma produtora Disney. Burton concorre pela segunda vez como Melhor Animação. Em 2006, foi indicado por A Noiva Cadáver, mas perdeu para Wallace & Gromit: A Batalha dos Vegetais. Esta pode ser sua chance de ouro para ser aplaudido e ovacionado por vários colaboradores presentes na cerimônia.

Ao contrário dos outros anos, as animações européias (excluindo o Reino Unido) e asiáticas ficaram de fora. O francês The Painting tem um visual magnífico com bela palheta de cores, que traria um frescor artístico à predominância de animações da Disney e Pixar.

MELHOR DOCUMENTÁRIO

Indicados:

– 5 Broken Cameras
– The Gatekeepers
How to Survive a Plague
The Invisible War
Searching for Sugar Man

DEVE GANHAR: Searching for Sugar Man
DEVERIA GANHAR: The Gatekeepers
ZEBRA: The Invisible War

INJUSTIÇADO: Central Park Five

Documentário sobre o músico Rodriguez, Searching for Sugar Man (photo by OutNow.CH)

Documentário sobre o músico Rodriguez, Searching for Sugar Man (photo by OutNow.CH)

O documentário Searching for Sugar Man levou os principais prêmios da temporada e não deve ficar sem o Oscar, já que aborda um tema tocante e simples. No filme, dois fãs da música dos anos 70 procuram saber o paradeiro do artista musical Rodriguez na África do Sul. Foi premiado com o BAFTA, National Board of Review, DGA e PGA, e recentemente levou o WGA e o Eddie award, reconhecimentos de roteiro e montagem, respectivamente.

Já o polêmico The Invisible War vai na direção oposta ao tocar num assunto tabu: o estupro de militares femininas por seus colegas de profissão. Igualmente controverso, o também investigativo documentário Central Park Five seria um importante indicado nesta competição. O caso verídico aconteceu em 1989, quando cinco jovens (negros e latinos) foram condenados pelo estupro de uma mulher branca no Central Park. Depois de passarem de 6 a 13 anos na prisão, um estuprador em série confessou o crime, confirmando que a sentença se mostrou uma combinação trágica entre tensão racial, a polícia querendo mostrar serviço e a cobertura sensacionalista da mídia.

MELHOR CURTA-DOCUMENTÁRIO

Indicados:

Inocente
– Kings Point
Mondays at Racine
Open Heart
– Redemption

DEVE GANHAR: Mondays at Racine
DEVERIA GANHAR: Mondays at Racine
ZEBRA: Inocente

Mondays at Racine: comovente história sobre câncer (photo by andsoitbeginsfilms.com)

Mondays at Racine: comovente história sobre câncer (photo by andsoitbeginsfilms.com)

O premiado curta Mondays at Racine já conquista pelo tema: Toda terceira segunda-feira do mês, duas irmãs carecas abrem seu salão para atenderem vítimas diagnosticadas com câncer.

MELHOR CURTA-METRAGEM

Indicados:

Asad
– Buzkashi Boys
Curfew
Dood van een Schaduw
Henry

DEVE GANHAR: Curfew
DEVERIA GANHAR: Curfew
ZEBRA: Henry

Curfew: curta premiado com história de descobertas

Curfew: curta premiado com história de descobertas

Entre os indicados, Curfew é o mais premiado até o momento. Num momento muito delicado de sua vida, Richie recebe uma ligação da irmã para cuidar de sua sobrinha por algumas horas.

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO

Indicados:

Adam and Dog
– Fresh Guacamole
Head Over Heels
Paperman
The Simpsons: The Longest Daycare

DEVE GANHAR: Paperman
DEVERIA GANHAR: Fresh Guacamole
ZEBRA TOTAL: The Simpsons: The Logest Daycare

Paperman: uma bela e mágica história de amor à primeira vista (photo by cineol.net)

Paperman: uma bela e mágica história de amor à primeira vista (photo by cineol.net)

Paperman tem todos os méritos de ganhar o Oscar, pois oferece uma história muito simples e ingênua sobre amor à primeira vista. Além disso, por ter sido produzido pela Disney, o curta teve muito mais exposição ao público por ter sido exibido antes da animação Detona Ralph nos cinemas. Já Fresh Guacamole ensina a receita do típico prato mexicano através da técnica do stop-motion de forma muito criativa. Vale a pena conferir todos os cinco indicados nessa categoria pelo link abaixo:

http://www.thehollywoodnews.com/2013/02/12/watch-all-five-oscar-nominated-animation-shorts-here/

Acompanhe o artigo também pelo site da Revista O Grito! nos links abaixo

Acompanhe o artigo também pelo site da Revista O Grito! nos links abaixo

* Em convite especial, este artigo foi escrito juntamente para o site Revista O Grito!, parceiro do UOL e o portal NE10. Agradecimentos especiais a Paulo Floro. Confira nos links abaixo:

http://revistaogrito.ne10.uol.com.br/page/blog/2013/02/15/oscar-2013-o-que-esperar-da-premiacao-este-ano/

http://revistaogrito.ne10.uol.com.br/page/blog/2013/02/18/oscar-2013-quem-ganha-quem-deveria-e-as-zebras/

Indicações ao Globo de Ouro 2013

Globo de Ouro 2013

Globo de Ouro 2013

As indicações foram anunciadas na manhã desta quinta-feira, dia 13 de dezembro. Este ano, o recordista de indicações é o novo trabalho de Steven Spielberg, Lincoln, com sete. Em seguida, Argo e Django Livre figuram com cinco cada.

Dentre os 10 filmes indicados nas categorias de Melhor Filme, a maior surpresa foi a inclusão de Amor Impossível (Salmon Fishing in the Yemen), que ainda conta com as indicações de seus atores Ewan McGregor e Emily Blunt.

Seguem as indicações para cinema, e em seguida, uma análise por categoria:

MELHOR FILME – DRAMA

Argo (Argo)

Django Livre (Django Unchained)

As Aventuras de Pi (Life of Pi)

Lincoln

A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty)

* A inclusão do western de Quentin Tarantino aconteceu por causa de uma exibição de última hora, mas mesmo assim conseguiu cinco indicações, entre elas a de Melhor Filme – Drama e Melhor Diretor. As ausências mais sentidas são de The Master, de Paul Thomas Anderson, e O Hobbit – Uma Jornada Inesperada, de Peter Jackson. Enquanto o primeiro pode ter chateado alguns artistas seguidores da Cientologia, como Tom Cruise, o segundo apresenta uma nova tecnologia de 48 quadros por segundo que dá uma sensação de hiper-realidade, que pode ter desagradado alguns críticos. Pelo número de indicações, Lincoln parece ser o favorito, mas Argo e Django Livre podem surpreender.

Cena com Christoph Waltz e Jamie Foxx de Django Livre, de Quentin Tarantino.

Cena com Christoph Waltz e Jamie Foxx de Django Livre, de Quentin Tarantino (foto por beyondhollywood.com)

MELHOR FILME – COMÉDIA OU MUSICAL

O Exótico Hotel Marigold (The Best Exotic Marigold Hotel)

Les Misérables

Moonrise Kingdom (Moonrise Kingdom)

Amor Impossível (Salmon Fishing in the Yemen)

O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook)

* A briga está entre Moonrise Kingdom e O Lado Bom da Vida, com boa vantagem para o último por causa da direção de David O. Russell e o par central de atores, Bradley Cooper e Jennifer Lawrence. Moonrise Kingdom é um belo filme, mas como não emplacou nenhuma indicação nas categorias de atuação e seu diretor sequer foi reconhecido, sua vitória deve ficar mais improvável.

Emily Blunt e Ewan McGregor em cena romântica de Amor Impossível. Ambos foram indicados nas categorias de atuação (foto por OutNow.CH)

Emily Blunt e Ewan McGregor em cena romântica de Amor Impossível. Ambos foram indicados nas categorias de atuação (foto por OutNow.CH)

MELHOR ATOR – DRAMA

Daniel Day-Lewis (Lincoln)

Richard Gere (A Negociação)

John Hawkes (The Sessions)

Joaquin Phoenix (The Master)

Denzel Washington (Flight)

* Ao ver essa lista, quem tem jeito de que vai levar o Globo de Ouro? Se você apostou em Daniel Day-Lewis, já tem 50% de chance de acertar. Apesar da entrevista polêmica se desfazendo da temporada de premiação, Joaquin Phoenix seria o segundo nessa corrida. A indicação de Richard Gere é a grande novidade na categoria. Ele já havia ganhado um Globo de Ouro por Chicago em 2003.

Richard Gere em A Negociação (foto por OutNow.CH)

Richard Gere em A Negociação (foto por OutNow.CH)

MELHOR ATRIZ – DRAMA

Jessica Chastain (A Hora Mais Escura)

Marion Cotillard (Ferrugem e Osso)

Helen Mirren (Hitchcock)

Naomi Watts (O Impossível)

Rachel Weisz (The Deep Blue Sea)

* Sem a veterana Emmanuelle Riva, a revelação-mirim Quvenzhané Wallis e por pertencer à categoria de comédia Jennifer Lawrence, a disputa aqui parece estar mais aberta, com ligeira vantagem para Jessica Chastain (que venceu o National Board of Review) e Rachel Weisz (que levou o NYFCC).

Marion Cotillard em Ferrugem e Osso. Sim, ela está sem a parte de baixo das pernas através de ótimo efeitos visuais.

Marion Cotillard em Ferrugem e Osso. Sim, ela está sem a parte de baixo das pernas através de ótimo efeitos visuais (foto por OutNow.CH)

MELHOR ATOR – COMÉDIA OU MUSICAL

Jack Black (Bernie)

Bradley Cooper (O Lado Bom da Vida)

Hugh Jackman (Les Misérables)

Ewan McGregor (Amor Impossível)

Bill Murray (Hyde Park on Hudson)

* Não se espante ao ver Jack Black na categoria. Além de ser um bom ator-comediante quando ele quer, já foi indicado pelo mesmo prêmio em 2004 pelo filme Escola de Rock. Curiosamente, ele enfrenta Bill Murray novamente, que havia vencido então por Encontros e Desencontros. Mas a presença de Ewan McGregor também surpreendeu, ainda mais pelo filme pelo qual foi reconhecido, pois todos esperavam O Impossível. O vencedor deve ficar entre Bradley Cooper (venceu o National Board of Review) e Hugh Jackman… bem, porque os críticos gostam de musicais, ainda mais com esse one-man-show!

Jack Black, o catador de viúvas em Bernie (foto por Cinemagia.ro)

Jack Black, o catador de viúvas em Bernie (foto por Cinemagia.ro)

MELHOR ATRIZ – COMÉDIA OU MUSICAL

Emily Blunt (Amor Impossível)

Judi Dench (O Exótico Hotel Marigold)

Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida)

Maggie Smith (Quartet)

Meryl Streep (Um Divã Para Dois)

* O que eu digo toda vez? Sobrou uma vaga? Coloquem a Meryl Streep pra concorrer! Mas brincadeiras à parte, Streep está fabulosa e carismática como sempre em Um Divã Para Dois, vivendo aquela mulher que, estagnada no casamento, decide tomar uma atitude para salvá-lo. Apesar da presença das veteranas como a própria Meryl, temos Judi Dench e Maggie Smith, a jovem Jennifer Lawrence deve ficar com o prêmio, que estaria inclusa sua participação em Jogos Vorazes. Como não faço idéia de como está Emily Blunt em Amor Impossível, considero sua indicação uma surpresa.

Meryl Streep e a banana em Um Divã Para Dois. O carisma da atriz fascina o público (foto por OutNow.CH)

Meryl Streep e a banana em Um Divã Para Dois. O carisma da atriz fascina o público (foto por OutNow.CH)

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Alan Arkin (Argo)

Leonardo DiCaprio (Django Livre)

Philip Seymour Hoffman (The Master)

Tommy Lee Jones (Lincoln)

Christoph Waltz (Django Livre)

* Com a exclusão de Matthew McConaughey, que estava ganhando quase todos os prêmios da crítica por Magic Mike, e Robert De Niro por O Lado Bom da Vida, Leonardo DiCaprio e Philip Seymour Hoffman saem na frente. Mas a briga esquentou depois que Christoph Waltz entrou. Em nova parceria de sucesso com o diretor Quentin Tarantino, o ator austríaco volta a se destacar em papel de coadjuvante. Outra ausência notada foi a de Javier Bardem por 007 – Operação Skyfall. A Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood não foi tanto na onda de sucesso do filme de Bond.

Christoph Waltz em Django Livre. Supresa agradável. (foto por OutNow.CH)

Christoph Waltz em Django Livre. Supresa agradável. (foto por OutNow.CH)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Amy Adams (The Master)

Sally Field (Lincoln)

Anne Hathaway (Les Misérables)

Helen Hunt (The Sessions)

Nicole Kidman (The Paperboy)

* Nicole Kidman tem sido tratada como zebra total na categoria. Depois de roubar o lugar de Amy Adams no SAG Awards, ela descarta Ann Dowd por Compliance ou Maggie Smith em O Exótico Hotel Marigold. Não duvido nada ela subir o palco pra receber o prêmio! Mas por enquanto, a casa de apostas fica entre Sally Field, Anne Hathaway e Amy Adams.

De recatada na vida real para putinha na ficção, Nicole Kidman agrada a crítica em The Paperboy (foto por OutNow.CH)

De recatada na vida real para putinha na ficção, Nicole Kidman agrada a crítica em The Paperboy (foto por OutNow.CH)

MELHOR DIRETOR

Ben Affleck (Argo)

Kathryn Bigelow (A Hora Mais Escura)

Ang Lee (As Aventuras de Pi)

Steven Spileberg (Lincoln)

Quentin Tarantino (Django Livre)

* Curiosamente, todos os diretores indicados são os mesmos dos filmes indicados a Melhor Filme – Drama, ou seja, nada de comédia ou musical por aqui. Assim, Tom Hooper, que comandou o elaborado musical baseado em Victor Hugo, e David O. Russell, que vem coletando ótimos elogios pela direção de atores e ainda resgatou o brilho de Robert De Niro, ficaram de fora. Como vi em anos anteriores, os críticos poderiam abrir novas exceções e indicar pelo menos mais um diretor. Independente disso, a disputa aqui está bastante acirrada. Temos quatro diretores muito experientes, com destaque para Spielberg e Bigelow, que foi a primeira mulher a ganhar o Oscar de direção, com a revelação Ben Affleck, que em seu terceiro filme na cadeira de diretor, já conquistou a crítica e o público com Argo.

Ben Affleck na câmera e dirigindo seu terceiro filme, Argo (foto por beyondholywood.com)

Ben Affleck na câmera e dirigindo seu terceiro filme, Argo (foto por beyondholywood.com)

MELHOR ROTEIRO

Chris Terrio (Argo)

Quentin Tarantino (Django Livre)

Tony Kushner (Lincoln)

David O. Russell (O Lado Bom da Vida)

Mark Boal (A Hora Mais Escura)

* Com sua ausência na categoria de diretor, David O. Russell deve figurar como franco-favorito por O Lado Bom da Vida. Mas Chris Terrio e Mark Boal fizeram um ótimo trabalho casos verídicos que se passaram no Oriente Médio, em épocas diferentes. Tarantino também entraria bem na briga na tentativa de compensá-lo numa possível derrota como diretor.

Chris Terrio na estréia de Argo (foto por zimbio.com)

Chris Terrio na estréia de Argo (foto por zimbio.com)

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL

Dario Marianelli (Anna Karenina)

Alexandre Desplat (Argo)

Reinhold Heil, Johnny Klimek, Tom Tykwer (A Viagem)

Mychael Danna (As Aventuras de Pi)

John Williams (Lincoln)

* Como discutido no post anterior sobre as 104 trilhas musicais pré-selecionadas para o Oscar, Alexandre Desplat tinha três obras com possibilidade de indicação, então acredito que ele sai na frente por Argo. Mas quando se tem o veteraníssimo John Williams, o favorito tem que passar sobre ele primeiro. Fiquei feliz pela indicação de Mychael Danna, que vinha criando ótimos arranjos desde Pequena Miss Sunshine, mas nunca era lembrado pela crítica. Espero que ele tenha boas chances no Oscar também.

O compositor Mychael Danna, que concorre por As Aventuras de Pi (foto por celebslist.com)

O compositor Mychael Danna, que concorre por As Aventuras de Pi (foto por celebslist.com)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

“For You“, de Monty Powell, Keith Urban (Ato de Valor)

“Safe and Sound”, de Taylor Swift, John Paul White, Joy Williams, T-Bone Burnett (Jogos Vorazes)

“Suddenly“, de Claude-Michel Schönberg, Alain Boublil, Herbert Kretzmer (Les Misérables)

“Skyfall”, de Adele, Paul Epworth (007 – Operação Skyfall)

“Not Running Anymore”, de Jon Bon Jovi (Stand Up Guys)

* Embora haja nomes conhecidos no cenário musical como Jon Bon Jovi, Keith Urban (marido de Nicole Kidman) e a princesinha do country Taylor Swift, o aniversário de 50 anos de James Bond + a nova diva Adele = Globo de Ouro. A música tema de 007 – Operação Skyfall já virou até hit nas paradas brasileiras! E que venha o primeiro Oscar da série na categoria!

Adele e 007 - Operação Skyfall: grandes chances de premiação (foto por twentyfourbit.com)

Adele e 007 – Operação Skyfall: grandes chances de premiação (foto por twentyfourbit.com)

MELHOR ANIMAÇÃO

Valente (Brave)

Frankenweenie (Frankenweenie)

Hotel Transilvânia (Hotel Transylvania)

A Origem dos Guardiões (Rise of the Guardians)

Detona Ralph (Wreck-It Ralph)

* Confesso que fiquei um pouco desapontado pela total ausência de trabalhos mais autorais e estrangeiros na categoria de animação. Só pra se ter uma idéia, três dos cinco indicados são da Disney: Valente, Frankenweenie e Detona Ralph. Claro que se a produtora fez por merecer, nada mais justo, mas aí vem a questão: “Será que não tinha nenhum outro trabalho melhor do que esses?” O Globo de Ouro deve ficar entre um dos três citados. Resta saber se será Frankenweenie, de Tim Burton, ou Detona Ralph, de Rich Moore.

Título de Detona Ralph, produto da Disney que vem agradando o público (foto por gentlemenbehold.wordpress.com)

Título de Detona Ralph, produto da Disney que vem agradando o público (foto por gentlemenbehold.wordpress.com)

MELHOR FILME ESTRANGEIRO

Amour, de Michael Haneke (Áustria)

Kon-Tiki, de Joachim Rønning, Espen Sandberg (Reino Unido/ Noruega/ Dinamarca)

Intocáveis, de Olivier Nakache, Eric Toledano (França)

O Amante da Rainha, de Nikolaj Arcel (Dinamarca)

Ferrugem e Osso, de Jacques Audiard (França)

* Mesmo que as regras do Globo de Ouro não sejam tão rígidas como as da Academia de poder haver apenas um representante por país, não houve surpresas este ano. Amour, de Michael Haneke, deve levar o prêmio, até mesmo para compensá-lo da exclusão total de outras categorias, como ator e atriz. Mas os franceses Intocáveis (a segunda maior bilheteria da França) e Ferrugem e Osso (que conta com o prestígio de Jacques Audiard e a atriz Marion Cotillard) vêm logo atrás, prontos para darem o bote.

Mesmo não sendo um dos favoritos, A Royal Affair é um belo filme e interessante. A imagem acima fala por si própria... (foto por OutNow.CH)

Mesmo não sendo um dos favoritos, O Amante da Rainha é um belo filme e interessante. A imagem acima fala por si própria… (foto por OutNow.CH)

A 70ª cerimônia do Globo de Ouro deve ser transmitida pelo canal TNT no dia 13 de janeiro de 2013, três dias após as indicações ao Oscar.

Vencedores do National Board of Review 2012

National Board of Review

Seguindo a escalada de prêmios de críticos americanos, depois do círculo de críticos de Nova York divulgarem sua lista, chegou a vez do National Board of Review que reconhece os melhores do ano desde 1930 e tem como destaque o seu tradicional Top 10.

Depois de conquistar os nova-iorquinos, o filme de guerra de Kathryn Bigelow, Zero Dark Thirty, levou mais este importante prêmio: Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Atriz para Jessica Chastain. Claro que, em se tratando de um filme tão bem comentado e agora, premiado, não deve ficar limitado à caça em si do líder terrorista do Al-Qaeda, Osama Bin Laden, considerado o inimigo público nº1 dos Estados Unidos após os ataques de 11 de Setembro de 2001. Juntamente com o roteirista Mark Boal, a diretora busca refletir sobre o mundo de hoje através da guerra, e deve ainda responder a questão: Capturar ou matar Bin Laden resolve a questão?

Ficou bastante claro que a morte de um ditador não aniquila toda uma ideologia de governo que ele plantara. Foi assim com a captura do líder iraquiano Saddam Hussein, e a morte do norte-coreano Kim Jong-Il. Sinceramente, não sei se rotulo o pensamento americano ao deduzir que eles acreditam que a eliminação de um rei resolveria os problemas. Na verdade, isso é um jeito republicano, ou melhor, um jeito bem western que acabar tudo com uma bala. Como Zero Dark Thirty deve estrear aqui só no dia 18 de janeiro, não temos como adivinhar, mas é possível que o filme levante questões mais profundas como essas. Além disso, existe a possibilidade da produção colocar um pouco mais de luz nos misteriosos eventos da morte do terrorista, cujo corpo foi jogado ao mar, levantando dúvidas sobre a identidade do cadáver.

Se no NYFCC Awards, O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook) saiu de mãos abanando, aqui ele sai vitorioso com os prêmios de Melhor Ator para Bradley Cooper (desbancando o favoritismo de Joaquin Phoenix e Daniel Day-Lewis) e Melhor Roteiro Adaptado para David O. Russell. Curiosamente, esperava-se que Jennifer Lawrence levasse o prêmio de Melhor Atriz, que acabou nas mãos da ruiva Jessica Chastain por Zero Dark Thirty, confirmando o talento de Kathryn Bigelow como diretora de atores.

Jessica Chastain em Zero Dark Thirty (photo by beyondhollywood.com)

Jessica Chastain em Zero Dark Thirty (photo by beyondhollywood.com)

Falando em atores, Leonardo DiCaprio conta seu primeiro ponto oficial na corrida de Melhor Ator Coadjuvante ao vencer por Django Livre, novo filme de Quentin Tarantino. Além de ótimo criador de personagens e diálogos, Tarantino passa a amadurecer ainda mais seus métodos de direção de atores. Ao ver o trailer, achei a performance de DiCaprio divertida com aquele sotaque e caracterização, que em algum ponto se assemelha ao Coronel Hans Landa de Bastardos Inglórios.

Vale ressaltar a surpresa da vitória de Ann Dowd como Melhor Atriz Coadjuvante pelo filme independente Compliance (que ainda não tem título em português e nem previsão de estréia no Brasil). Antes mesmo da temporada de prêmios começar, o filme já vinha criando um burburinho próprio depois de passar pelo Festival de Locarno (Suíça). Baseado em fato reais, o longa narra a história de uma gerente de um restaurante de fast-food que recebe uma ligação anônima com informações de que uma de suas funcionárias seria uma ladra.

Ann Dowd como a gerente do fast-food em Compliance (foto por Outnow.ch)

Ann Dowd como a gerente do fast-food em Compliance (foto por OutNow.CH)

Outra surpresa foi a vitória de Detona Ralph como Melhor Animação, batendo o franco-favorito Frankenweenie, de Tim Burton. Já o filme político de Ben Affleck, Argo, ficou com uma espécie de prêmio de consolação: o Special Achievement in Filmmaking. Havia também uma expectativa de que o musical de Tom Hooper, Les Misérables, levasse algo além de Melhor Elenco.

Nas categorias de estréias, o independente Indomável Sonhadora levou dois prêmios: Atriz Revelação para a pequena Quvenzhané Wallis, e Diretor Estreante para Benh Zeitlin. Existe a forte possibilidade dessa dupla conseguir indicações ao Oscar, além de Melhor Fotografia pelo apuro visual. Já o outro independente bem recebido, Moonrise Kingdom, de Wes Anderson, acabou ficando apenas entre os dez melhores filmes independentes.

Cena de Indomável Sonhadora (foto por Outnow.ch)

Cena de Indomável Sonhadora (foto por OutNow.CH)

Apesar de não ser o representante brasileiro por se tratar de uma co-produção entre França, Reino Unido, Estados Unidos e Brasil, o road-movie Na Estrada, dirigido pelo diretor brasileiro Walter Salles, foi incluso na lista das 10 melhores produções independentes. O longa também foi indicado à Palma de Ouro no último Festival de Cannes.

Segue lista completa dos premiados pelo National Board of Review:

MELHOR FILME:  ZERO DARK THIRTY, de Kathryn Bigelow
MELHOR DIREÇÃO: Kathryn Bigelow, ZERO DARK THIRTY
MELHOR ATOR: Bradley Cooper, O LADO BOM DA VIDA
MELHOR ATRIZ: Jessica Chastain, ZERO DARK THIRTY
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Leonardo DiCaprio, DJANGO LIVRE
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Ann Dowd, COMPLIANCE
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: Rian Johnson, LOOPER: ASSASSINOS DO FUTURO
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: David O. Russell, O LADO BOM DA VIDA
MELHOR ANIMAÇÃO: DETONA RALPH, de Rich Moore
Special Achievement in Filmmaking: Ben Affleck, ARGO
ATOR REVELAÇÃO: Tom Holland, O IMPOSSÍVEL
ATRIZ REVELAÇÃO: Quvenzhané Wallis,  INDOMÁVEL SONHADORA
DIRETOR ESTREANTE: Benh Zeitlin, INDOMÁVEL SONHADORA
MELHOR FILME ESTRANGEIRO:  AMOUR, de Michael Haneke
MELHOR DOCUMENTÁRIO: SEARCHING FOR SUGAR MAN, de Malik Bendjelloul
William K. Everson Film History Award: 50 ANOS DOS FILMES DE JAMES BOND
MELHOR ELENCO: LES MISÉRABLES, de Tom Hooper
Spotlight Award: John Goodman (ARGO, FLIGHT, PARANORMAN, CURVAS DA VIDA)
NBR Freedom of Expression Award: CENTRAL PARK FIVE, Ken Burns, Sarah Burns e David McMahon
NBR Freedom of Expression Award: PROMISED LAND, de Gus Van Sant

TOP FILMES (em ordem alfabética)

ARGO, de Ben Affleck
INDOMÁVEL SONHADORA, de Benh Zeitlin
DJANGO LIVRE, de Quentin Tarantino
LES MISÉRABLES, de Tom Hooper
LINCOLN, de Steven Spielberg
LOOPER: ASSASSINOS DO FUTURO, de Rian Johnson
AS VANTAGENS DE SER INVISÍVEL, de Stephen Chbosky
PROMISED LAND, de Gus Van Sant
O LADO BOM DA VIDA, de David O. Russell

TOP 5 FILMES ESTRANGEIROS

BARBARA, de Christian Petzold (Alemanha)
INTOCÁVEIS, de Olivier Nakache e Eric Toledano (França)
O GAROTO DE BICICLETA, de Jean-Pierre e Luc Dardenne (Bélgica)
NO, de Pablo Larraín (Chile)
WAR WITCH, de Kim Nguyen (Canadá)

Barbara, de Christian Petzold, da Alemanha.

Barbara, de Christian Petzold, da Alemanha (foto por OutNow.CH)

TOP 5 DOCUMENTÁRIOS

AI WEIWEI: NEVER SORRY, de Alison Klayman
DETROPIA, de Heidi Ewing e Rachel Grady
THE GATEKEEPERS, de Dror Moreh
THE INVISIBLE WAR, de Kirby Dick
ONLY THE YOUNG, de Elizabeth Mims e Jason Tippet

TOP 10 FILMES INDEPENDENTES

A NEGOCIAÇÃO, de Nicholas Jarecki
BERNIE, de Richard Linklater
COMPLIANCE, de Craig Zobel
MARCADOS PARA MORRER, de David Ayer
HELLO I MUST BE GOING, de Todd Louiso
LITTLE BIRDS, de Elgin James
MOONRISE KINGDOM, de Wes Anderson
NA ESTRADA, de Walter Salles
QUARTET, de Dustin Hoffman
SLEEPWALK WITH ME, de Mike Birbiglia

Sam Riley, Kristen Stewart e Garrett Hedlund em Na Estrada, de Walter Salles

Sam Riley, Kristen Stewart e Garrett Hedlund em Na Estrada, de Walter Salles

Apesar do National Board of Review não poder ser considerado um bom parâmetro para o Oscar, no ano passado, suas escolhas coincidiram nas categorias de Ator Coadjuvante (Christopher Plummer), Roteiro (Os Descendentes), Filme Estrangeiro (A Separação) e Animação (Rango).

As indicações ao Oscar serão anunciadas no dia 10 de janeiro de 2013, 3 dias antes da cerimônia do Globo de Ouro.

Indicados ao Independent Spirit Awards 2013

Independent Spirit Awards 2013

Moonrise Kingdom e O Lado Bom da Vida lideram as indicações desta 27ª edição

Apesar de ter pouco a ver com o Oscar por se tratar de uma premiação dedicada a filmes independentes, o Independent Spirit Awards costuma premiar trabalhos de muita qualidade e que a cada ano, coincide mais com os indicados e vencedores da Academia. Este ano, O Artista, produção francesa que levou 5 Oscars, foi também o grande vencedor do Independent, com os prêmios para Melhor Filme, Diretor, Ator e Fotografia.

Moonrise Kingdom, de Wes Anderson: 5 indicações

Seguindo essa crescente, para 2013, o romance Moonrise Kingdom e a dramédia O Lado Bom da Vida, líderes das indicações com cinco para cada, podem garantir vaga na categoria de Melhor Filme no Oscar. Enquanto o belo filme de Wes Anderson concorre para Melhor Filme, Diretor, Ator Coadjuvante (Bruce Willis), Roteiro e Fotografia, o novo filme de David O. Russell briga nas categorias de Filme, Diretor, Ator (Bradley Cooper), Atriz (Jennifer Lawrence) e Roteiro, ignorando o favoritismo de Robert De Niro na categoria de Ator Coadjuvante.

Jennifer Lawrence e Bradley Cooper em cena de O Lado Bom da Vida, de David O. Russell

Entre os atores, o norte-americano Matthew McConaughey se destaca pela dupla indicação: Melhor Ator por Killer Joe, e Coadjuvante por Magic Mike. Embora tenha mais chances de ganhar, nem sempre a sorte está do lado e pode acabar saindo da cerimônia sem nenhum dos prêmios. Entretanto, vale ressaltar que as duas indicações acabam reforçando a possível primeira indicação ao Oscar de McConaughey como coadjuvante.

Outro artista que pode tirar proveito do Independent Spirit é o diretor estreante Benh Zeitlin de Indomável Sonhadora. Está concorrendo como Melhor Filme, Diretor, Atriz (Quvenzhané Wallis) e Fotografia.

Vale comentar a inclusão de Keep the Lights on, de Ira Sachs, drama sobre relacionamento homossexual na Nova York dos anos 90, que teve passagem pelo Festival de Sundance e venceu o prêmio Teddy (que reconhece perspectivas sexuais) no Festival de Berlim.

Cena mais caliente de Keep the Lights On, de Ira Sachs

A comédia de humor negro de Richard Linklater, Bernie, conta a história de Bernie Tiede (Jack Black), um tenor de música gospel, que se relaciona uma senhora viúva (Shirley MacLaine). Quando ela passa a ficar possessiva, o clima esquenta e planos criminosos surgem na cabeça de Bernie.

Com as indicações, Jennifer Lawrence, Quvenzhané Wallis, John Hawkes, Helen Hunt e Mary Elizabeth Winstead saem mais fortalecidos para a corrida do Oscar 2013. Talvez seja a crise econômica, mas os filmes independentes (leia-se produções com orçamento reduzido) vêm ganhando mais espaço entre os melhores filmes do ano. Como cinéfilo, torço para que os produtores de Hollywood enxerguem nisso uma nova oportunidade de investimento em artistas que busquem inovações, deixando de lado projetos que visam apenas o lucro como as incontáveis refilmagens.

MELHOR FILME
Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild)
Bernie
Keep the Lights On
Moonrise Kingdom (Moonrise Kingdom)
O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook)

MELHOR DIRETOR
Wes Anderson, Moonrise Kingdom
Julia Loktev, The Loneliest Planet
David O. Russell, O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook)
Ira Sachs, Keep the Lights On
Benh Zeitlin, Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild)

MELHOR ROTEIRO
Wes Anderson & Roman Coppola, Moonrise Kingdom
Zoe Kazan, Ruby Sparks – A Namorada Perfeita (Ruby Sparks)
Martin McDonagh, Seven Psychopaths
David O. Russell, O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook)
Ira Sachs, Keep the Lights On

MELHOR FILME DE ESTREANTE
Fill the Void
Gimme the Loot
Safety Not Guaranteed
Sound of My Voice
As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower)

MELHOR ROTEIRO DE ESTREANTE
Rama Burshtein, Fill the Void
Derek Connolly, Safety Not Guaranteed
Christopher Ford, Robot & Frank
Rashida Jones & Will McCormack, Celeste and Jesse Forever
Jonathan Lisecki, Gayby

JOHN CASSAVETES AWARD – (para produções abaixo de 500 mil dólares)
Breakfast with Curtis
Middle of Nowhere
Mosquita y Mari
Starlet
The Color Wheel

MELHOR ATRIZ
Linda Cardellini, Return
Emayatzy Corinealdi, Middle of Nowhere
Jennifer Lawrence, O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook)
Quvenzhané Wallis, Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild)
Mary Elizabeth Winstead, Smashed

MELHOR ATOR
Jack Black, Bernie
Bradley Cooper, O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook)
John Hawkes, The Sessions
Thure Lindhardt, Keep the Lights On
Matthew McConaughey, Killer Joe
Wendell Pierce, Four

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Rosemarie DeWitt, Your Sister’s Sister
Ann Dowd, Compliance
Helen Hunt, The Sessions
Brit Marling, Sound of My Voice
Lorraine Toussaint, Middle of Nowhere

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Matthew McConaughey, Magic Mike
David Oyelowo, Middle of Nowhere
Michael Péna, Marcados Para Morrer (End of Watch)
Sam Rockwell, Seven Psychopaths
Bruce Willis, Moonrise Kingdom

MELHOR FOTOGRAFIA
Yoni Brook, Valley of Saints
Lol Crawley, Here
Ben Richardson, Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild)
Roman Vasyanov, Marcados Para Morrer (End of Watch)
Robert Yeoman, Moonrise Kingdom

MELHOR DOCUMENTÁRIO
How to Survive a Plague
Marina Abramović: The Artist is Present
The Central Park Five
The Invisible War
The Waiting Room

MELHOR FILME INTERNACIONAL
Amour (França), de Michael Haneke
Once Upon A Time in Anatolia (Turquia), de Nuri Bilge Ceylan
Ferrugem e Osso (Rust And Bone) (França/Bélgica), de Jacques Audiard
Sister (Suíça), de Ursula Meier
War Witch (República Democrática do Congo), de Kim Nguyen

PIAGET PRODUCERS AWARD
Nobody Walks, Alicia Van Couvering
Prince Avalanche, Derrick Tseng
Stones in the Sun, Mynette Louie

SOMEONE TO WATCH AWARD
Pincus, diretor David Fenster
Gimme the Loot, diretor Adam Leon
Electrick Children, diretora Rebecca Thomas

TRUER THAN FICTION AWARD (dado para documentaristas emergentes)
Leviathan, diretores Lucien Castaing-Taylor and Véréna Paravel
The Waiting Room, diretor Peter Nicks
Only the Young, diretores Jason Tippet & Elizabeth Mims

ROBERT ALTMAN AWARD (pelo elenco)
Starlet
Diretor: Sean Baker
Diretor de Casting: Julia Kim
Elenco: Dree Hemingway, Besedka Johnson, Karren Karagulian, Stella Maeve, James Ransone.

Colin Farrel e Sam Rockwell em cena do novo filme de Martin McDonagh, Seven Psycopaths.

Como de costume, a cerimônia de entrega dos prêmios do Independent Spirit Awards acontece um dia antes do Oscar. Nesse caso, no dia 23 de fevereiro de 2013.

 

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