‘SILÊNCIO’ recebe indicação ao ASC e reacende campanha de filme de Scorsese

Fotografia de Rodrigo Prieto em Silêncio. Em cena, Andrew Garfield e Adam Driver (pic by outnow.ch)

Fotografia de Rodrigo Prieto em Silêncio. Em cena, Yoshi Oida, Shin’ya Tsukamoto, Andrew Garfield e Adam Driver (pic by outnow.ch)

FILME DE MARTIN SCORSESE RECEBE  A PRIMEIRA INJEÇÃO DE ÂNIMO

Na última quarta-feira, dia 11, o sindicato dos diretores de fotografia revelou seus favoritos de 2016. A grande surpresa foi a inclusão de Rodrigo Prieto pela fotografia de Silêncio, filme de Scorsese que começou a temporada como favorito, mas que ficou esquecido por todas as grandes premiações até o momento. Não que o fato de estar na seleção de fotografia seja garantia de alguma indicação no Oscar, mas caso consiga, pode puxar outras categorias técnicas como Direção de Arte, Figurino, Som e por que não Direção e Filme?

Martin Scorsese é um protégé da Academia desde os anos 80, quando recebeu a primeira indicação por Touro Indomável, portanto, por mais que tenha sido rejeitado até agora pelos demais prêmios como Critics’ Choice e Globo de Ouro, ainda pode receber um pouco de amor dos membros da Academia, que sabem que a campanha do filme naufragou por atraso de lançamento. Obviamente, tudo o que estou expondo aqui é especulação. Só vamos ter certeza mesmo quando as indicações forem anunciadas no dia 24 de janeiro.

A fotografia de James Laxton expõe as fases da vida do protagonista em Moonlight: Sob a Luz do Luar (pic by moviepilot.de)

A fotografia de James Laxton expõe as fases da vida do protagonista em Moonlight: Sob a Luz do Luar (pic by moviepilot.de)

INDICADOS AO AMERICAN SOCIETY OF CINEMATOGRAPHERS (ASC):

  • Greig Fraser (Lion: Uma Jornada Para Casa)
  • James Laxton (Moonlight: Sob a Luz do Luar)
  • Rodrigo Prieto (Silêncio)
  • Linus Sandgren (La La Land: Cantando Estações)
  • Bradford Young (A Chegada)
A fotografia de Linus Sandgren explora as cores em La La Land (pic by moviepilot.de)

A fotografia de Linus Sandgren explora as cores em La La Land (pic by moviepilot.de)

Com base no histórico da temporada, os favoritos James Laxton e Linus Sandgren eram esperados na lista. Existe uma característica pulsante nas fotografias de ambos os trabalhos e por isso mesmo, seus reconhecimentos eram mais do que previstos aqui no American Society of Cinematographers (ASC). Já as fotografias de A Chegada e Lion começam a se firmar entre os possíveis indicados ao Oscar.

A fotografia de Greig Fraser em Lion (pic by moviepilot.de)

A fotografia de Greig Fraser destaca a beleza natural do cenário indiano em Lion (pic by moviepilot.de)

Excetuando Prieto, que já foi indicado ao ASC em duas oportunidades anteriores por Frida em 2003 e O Segredo de Brokeback Mountain em 2006, todos os demais indicados deste ano jamais foram reconhecidos pelo sindicato.

A fotografia de Bradford Young ressalta imagens de contra-luz em A Chegada (pic by moviepilot.de)

A fotografia de Bradford Young ressaltada em imagens de contra-luz em A Chegada (pic by moviepilot.de)

Quanto às estatísticas da premiação em relação à Academia, em ambos os casos, nos últimos três anos, o vencedor foi Emmanuel Lubezki por Gravidade (2014), Birdman (2015) e O Regresso (2016).

O ASC também tem a categoria Spotlight, que reconhece longas que tiveram passagem em festivais internacionais ou tiveram lançamento limitado nos EUA:

INDICADOS AO PRÊMIO SPOTLIGHT:

  • Lol Crawley (A Infância de um Líder)
  • Gorka Gomez Andreu (House of Others)
  • Ernesto Pardo (Tempestad)
  • Juliette van Dormael (Mon Ange)

Este ano, o ASC decidiu homenagear o grande diretor de fotografia Edward Lachman, responsável por belíssimo trabalhos como O Estranho (1999), As Virgens Suicidas (1999), Longe do Paraíso (2002) e Carol (2015).

Edward Lachman conversa com Cate Blanchett e Rooney Mara em set de Carol (pic by indiewire.com)

Edward Lachman conversa com Cate Blanchett e Rooney Mara em set de Carol (pic by indiewire.com)

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A 31ª cerimônia do ASC Awards acontece no próximo dia 04 de fevereiro.

Rapidinhas de Cannes 2013

A jovem atriz Emma Watson rouba a cena no tapete vermelho em Cannes

A jovem atriz Emma Watson rouba a cena no tapete vermelho em Cannes

Nada como um tapete vermelho para promover os filmes em exibição em Cannes. Mesmo não se tratando de um candidato ao prêmio máximo, a Palma de Ouro, o novo filme de Sofia Coppola, Bling Ring: A Gangue de Hollywood, encarregou-se de atrair os holofotes da mídia, uma vez que sua atriz principal é ninguém menos que a jovem Emma Watson, a Hermione da série Harry Potter. Vista como talento promissor, Watson interpreta um membro de uma gangue de adolescentes que assalta casas e mansões de celebridades de Hollywood depois de obter informações pela internet.

Certa vez li numa publicação nacional que Sofia Coppola, filha do lendário diretor Francis Ford Coppola, só fazia filmes sobre patologias da burguesia atual, tais como melancolia e vazio existencial. Claro que As Virgens Suicidas (1999), Encontros e Desencontros (2003) e Maria Antonieta (2006) dialogam com essa temática, mas nem por isso deixam de apresentar perspectivas interessantes. Neste novo trabalho, ela procura destrinchar o universo adolescente de hoje através dessa obsessão quase doentia de transpôr a vida pessoal nas redes sociais. Os ladrões da gangue não precisam necessariamente do dinheiro, mas buscam o glamour das estrelas através de jóias e roupas caras e postar as fotos para os amigos e seguidores virtuais apreciarem. Novos tempos.

Em entrevista no festival, a diretora e roteirista, Sofia Coppola, brincou: “Sou tão feliz por não ter tido Facebook quando eu era adolescente!”. Claire Julien, outra atriz do filme, declarou: “Facebook hoje é quase uma obrigação, porque todo mundo tem e você acha que vai ficar pra trás se não tiver”.

Equipe de Fruitvale Station: Melonie Diaz, o diretor Ryan Coogler, Michael B. Jordan e Octavia Spencer

Equipe de Fruitvale Station: Melonie Diaz, o diretor Ryan Coogler, Michael B. Jordan e Octavia Spencer

Apesar de todo o burburinho em volta de Bling Ring: A Gangue de Hollywood, o filme que acabou se destacando mais na competição Un Certain Regard até o momento foi o drama independente americano Fruitvale Station. Baseado em fatos verídicos, o longa conta a história do jovem negro que foi assassinado por policiais brancos em 2008.

Após sua exibição, o longa foi aplaudido de pé por cinco minutos. Muitos da mídia apostam que o primeiro longa de Coogler tem grandes chances de repetir o feito de outra produção independente: Indomável Sonhadora, pois igualmente conquistou o Grande Prêmio de Sundance esse ano, tem ótimas possibilidades de conquistar um prêmio em Cannes e poderá concorrer em principais categorias do Oscar 2014, inclusive como Melhor Ator (Michael B. Jordan), que arrancou críticas excepcionais. Aliás, o Oscar deve se tornar realidade, pois a Weinstein Company, que costuma fazer lobbys bem fortes, comprou os direitos do filme.

A nova musa de Cannes, Marine Vacth, em cena de Jeune et Jolie, de François Ozon

A nova musa de Cannes, Marine Vacth, em cena de Jeune et Jolie, de François Ozon

Já pela competição oficial, o novo filme do conceituado diretor François Ozon também busca destrinchar esse vazio da juventude atual em Jeune et Jolie. Logo tachado como o novo A Bela da Tarde pela imprensa internacional, o filme acompanha a trajetória da jovem de 17 anos que procura sexo por puro prazer, sem necessidades financeiras ou mesmo culpa. A semelhança com a história da brasileira Bruna Surfistinha é nítida, mas digamos que Ozon oferece um olhar mais intimista e delicado, a começar pela escolha da protagonista.

Descoberta aos 17 anos como modelo, Marine Vacth, impressionou a todos com sua beleza exuberante. Porém, o diretor não buscava apenas beleza: “Em seus olhos, eu podia ver que havia um mundo inteiro ali. Um mistério e uma tristeza que eram exatamente o que procurava no meu filme”.

Assim como o filme foi comparado ao de Luís Buñuel, obviamente ela também foi comparada à musa Catherine Deneuve. Em resposta, Marine foi sucinta e profissional: “Não sou Catherine Deneuve. Quero ser eu mesma e não seguir os passos dos outros”. Se ela e o agente souberem escolher sabiamente futuros projetos, a atriz tem tudo para conquistar novos horizontes, como fez a francesa Eva Green, por exemplo.

A equipe de Inside Llewyn Davis (da esq. para dir.): Garrett Hedlund, Joel Coen, Oscar Isaac, Carey Mulligan, Justin Timberlake, Ethan Coen, Johnn Goodman e o músico T-Bone Burnett

A equipe de Inside Llewyn Davis (da esq. para dir.): Garrett Hedlund, Joel Coen, Oscar Isaac, Carey Mulligan, Justin Timberlake, Ethan Coen, John Goodman e o músico T-Bone Burnett

Já considerado favorito à Palma de Ouro, o novo trabalho dos irmãos Coen, Inside Llewyn Davis, apresenta o protagonista-título como um cantor folk no cenário musical da Nova York de 1961. Apesar de fictício, o personagem seria uma mistura de vários artistas musicais da época, inclusive de Bob Dylan, que o filme tem ligação quase direta.

Inside Llewyn Davis seria um road movie, com direito a um gato chamado Ulisses (referência direta de Homero, cuja obra “A Odisséia” foi adaptado pelos irmãos Coen em E Aí, Irmão, Cadê Você? em 2000) e o mesmo ator do road movie de Walter Salles, Na Estrada, Garrett Hedlund. Entretanto, o maior elogio foi para a atuação do protagonista, Oscar Isaac, pois além de sua interpretação, canta as composições do músico T-Bone Burnett. Seria mais um fortíssimo candidato ao Oscar de Melhor Ator de 2014.

Trata-se da oitava indicação de Joel Coen e Ethan Coen à Palma de Ouro, tendo levado apenas uma em 1991 pelo drama Barton Fink – Delírios de Hollywood. Mas já conquistaram outros prêmios como direção pelo mesmo filme, Fargo em 1996, e por O Homem que Não Estava Lá em 2001, comprovando que os diretores são mesmo queridinhos em Cannes.

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