RETROSPECTIVA 2019: O Ano das Diretoras e da A24

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Mais um ano se foi. Tradicionalmente, nessa época faço uma espécie de balanço sobre tudo relacionado a Cinema. Filmes vistos, amados e odiados, como foi o Oscar, o que mudou no cenário e as perdas que tivemos ao longo do ano. É um exercício bacana de ser feito, lido e relido para acompanhar as mudanças e adaptações que o Cinema sofre de tempos em tempos.

Sintam-se à vontade para postar nos comentários seus Tops 5 ou 10 dos melhores e piores. Se tem uma coisa bacana de listas é que eles sempre acrescentam novas opiniões e novas descobertas. Espero poder compartilhar um pouco disso tudo com vocês seguidores do blog, da página do Facebook e agora do nosso perfil no Instagram.

OSCAR 2019: ANO DOS BLOCKBUSTERS MAS SEM UM HOST!

Primeiramente, gosto da idéia de abrir a cerimônia com uma performance musical. Por mim, podia se tornar uma tradição, afinal, temos que ouvir as 5 canções indicadas de qualquer jeito, então por que não adiantar? Em 2017, Justin Timberlake logo cantou a canção de Trolls e logo animou o público.

Este ano, apesar de ter gostado de ver os integrantes do Queen ali no palco, não apreciei a performance vocal de Adam Lambert. E foi logo aí que senti falta de um host. Pra quem não se lembra do episódio, a Academia chamou Kevin Hart para ser o host, mas descobriram que ele não é uma figura politicamente correta, aí lançaram aquele ultimato ridículo do “Ou pede desculpas ou você cai fora!”. Felizmente Hart peitou a instituição e pediu demissão. Aí, vimos um cenário em Hollywood que ninguém estava disposto a ter a vida pessoal vasculhada para ocupar a vaga de Hart. Então, alguém da produção do evento teve a brilhante idéia: “Por que não fazer o show sem host? Vamos economizar uma hora!”. A verdade é que conseguiram eliminar alguns minutos do programa, mas o Oscar ficou sem graça. Se fosse só pra revelar os resultados, preferia um powerpoint.

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A cerimônia só melhorou depois de mais de uma hora com a apresentação de “Shallow” de Lady Gaga e Bradley Cooper. E teve o momento mais surpreendente e caloroso com a vitória de Olivia Colman para Melhor Atriz por A Favorita. A gente que é cinéfilo sente muito por mais uma derrota de Glenn Close, mas no fundo sabe que Colman entregou uma performance melhor e mais original.

Dentre as vitórias, também fiquei feliz por Ruth E. Carter, que venceu o Oscar de Figurino por Pantera Negra. Claro que a mídia a saudou como a primeira negra a ganhar o Oscar dessa categoria, o que é bastante válido para a história da premiação, mas o que me chama bastante a atenção é o capricho dela para que os figurinos revelem mais sobre a personalidade dos personagens. Embora seja baseado em material pré-existente dos quadrinhos da Marvel, toda a cultura afro ficou muito bem impressa e representada nos figurinos. E foi uma vitória diferenciada na categoria, que costuma premiar filmes de época praticamente todos os anos.

E pra fechar, a vitória de Homem-Aranha no Aranha-Verso pra mim foi um respiro pra fora da água dominada por Disney e Pixar. Não que eu morra de paixão pelo filme (considero a história relativamente fraca comparada à própria qualidade da animação e design), mas certamente foi uma grata surpresa da Sony, que explora bem a questão da diversidade na identidade do personagem. Aproveitando o assunto do Oscar de Longa de Animação, ficaria mais feliz se filmes mais alternativos ganhassem de vez em quando. Neste ano, por exemplo, Mirai e Ilha dos Cachorros eram trabalhos criativos que poderiam ter vencido também.

BALANÇO FEMININO

Depois dos movimentos feministas do Me Too e Time’s Up, Hollywood se sentiu acuada para se adaptar aos novos tempos. Felizmente, houve um crescimento considerável cerca de 33% de mulheres atrás das câmeras, tanto nas produções cinematográficas como nas televisivas. Claro que ainda há um longo caminho a percorrer, já que essas atividades eram exclusivamente predominadas por homens por mais de um século, mas os grandes estúdios estão enxergando essa mudança como benéfica, e não se limitar apenas a cumprir uma cota.

Uma das grandes mudanças foi que, antes, qualquer projeto poderia ser dirigido por homens. Hoje, existem alguns projetos, principalmente de temática feminina, que são praticamente impossíveis de contar com uma visão masculina. Por exemplo: a comédia Fora de Série (Booksmart), sobre duas meninas colegiais que buscam farrear antes da formatura, ou As Golpistas (Hustlers), que acompanham a volta por cima das strippers que perderam muito dinheiro por causa de Wall Street. Como em qualquer forma de arte, quanto maior o número de visões e perspectivas, melhor e mais completa fica a arte em si. Não deve se tratar apenas de porcentagens de mulheres empregadas, mas que suas vozes sejam trabalhadas em projetos que as façam ser ouvidas.

Dentre as diretoras de 2019, destacamos algumas mais relevantes:

  • Olivia Wilde (Fora de Série)
  • Mati Diop (Atlantique)
  • Céline Sciamma (Retrato de uma Jovem em Chamas)
  • Marielle Heller (Um Lindo Dia na Vizinhança)
  • Greta Gerwig (Adoráveis Mulheres)
  • Lulu Wang (The Farewell)
  • Melina Matsoukas (Queen & Slim)
  • Lorene Scafaria (As Golpistas)
  • Alma Har’el (Honey Boy)
  • Kasi Lemmons (Harriet)
  • Elizabeth Banks (As Panteras)

Houve muita reclamação de cineastas sobre a exclusão de mulheres na categoria de Direção no Globo de Ouro 2020. Eles não indicam uma mulher desde 2015, quando Ava DuVernay foi reconhecida por Selma. Embora tenhamos maior número de mulheres nas cadeiras de direção, não significa necessariamente que as premiações precisam ou são obrigadas a indicar ou premiá-las. Calma! O reconhecimento vai vir, e muito em breve, mas ele tem de vir com o devido mérito para que entre na história. Esta é uma luta que precisa ser contínua para que possa colher os frutos, que certamente virão.

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Greta Gerwig dá orientações a Meryl Streep nas filmagens de Adoráveis Mulheres (pic by IMDb)

Honestamente, acredito que a Academia pode indicar uma diretora este ano, pois são milhares de membros votantes contra 90 jornalistas da HFPA. Contudo, mesmo que haja um esforço coletivo, não existe um consenso entre Greta Gerwig, Lulu Wang e Olivia Wilde. Se houvesse um foco como a própria Gerwig com Lady Bird há dois anos, seria mais fácil. Esse cenário pode e deve mudar com o anúncio do DGA, sindicato dos diretores, em 07 de Janeiro.

Falando em futuro, em 2020 estão previstos grandes projetos comandados por diretoras que prometem melhorar ainda mais o quadro feminino em Hollywood. Só para citar algumas: Niki Caro (Mulan), Chloé Zhao (Os Eternos), Cate Shortland (Viúva Negra), Patty Jenkins (Mulher-Maravilha 1984) e Lana Wachowski (Matrix 4).

MARTIN SCORSESE vs MARVEL STUDIOS

Já abordamos este assunto aqui antes, mas na área de cinema, foi um dos que mais repercutiu. E mal para Martin Scorsese. Apesar de entendermos o desabafo do cineasta ítalo-americano, a frase “Os filmes da Marvel não são cinema. São um parque temático” soou como  uma estratégia barata de desvalorizar o concorrente das bilheterias porque está morrendo de inveja, mas não pode demonstrar.

Como um diretor renomado dos anos 70, Scorsese poderia ter se aposentado como o colega Francis Ford Coppola, porque depois de Taxi Driver, O Rei da Comédia e Touro Indomável, ele não precisava provar mais nada pra ninguém, mas admiro muito a vontade criativa dele. Foi um dos poucos de sua geração que ainda busca fazer filmes bons e inventivos como O Lobo de Wall Street, A Invenção de Hugo Cabret e o recente O Irlandês. Então pra que expôr uma opinião fútil como essa?

A Marvel Studios e o produtor Kevin Feige estão colhendo os merecidos frutos de um planejamento muito bem feito que se iniciou lá em 2008. Vingadores: Ultimato se tornou a maior bilheteria de todos os tempos, conseguindo superar os dois filmes de James Cameron: Titanic e Avatar. Você pode não gostar dos filmes, mas eles têm uma boa carga de entretenimento que muitos apreciam (taí os números pra confirmar essa paixão). E as adaptações de histórias em quadrinhos começou há pouco tempo. São décadas e mais décadas de HQs repletas de material para o cinema, então essa onda não vai acabar tão cedo, a menos que o público decida que termine antes.

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Scorsese entre Al Pacino e Robert De Niro na premiere de O Irlandês da Netflix (pic by IMDb)

Quanto a Scorsese, felizmente ele se encaixou bem no sistema da Netflix, que se tornou um oásis para diretores autores como ele. Cada cinema tem seu próprio espaço. Não precisa desmerecer os outros trabalhos para valorizar o seu próprio.

O ANO DA A24

Fundado em 2012, o estúdio nova-iorquino (que era apenas uma distribuidora no início) já vinha se destacando pelos seus títulos e suas passagens vitoriosas em premiações nos últimos anos. Ex-Machina, O Quarto de Jack, Moonlight, A Bruxa, Lady Bird e Projeto Flórida, só para citar alguns.

Este ano, foi um dos grandes destaques ao lado da Netflix (aliás, falando na plataforma de streaming, a partir de 2020, os filmes da A24 serão exibidos apenas na plataforma da concorrente Apple Plus TV devido a um acordo firmado). Embora ainda não tenha produções muito bem-sucedidas nas bilheterias, estão chamando atenção pelas apostas mais arriscadas em originalidade como Midsommar, um filme de terror psicológico que se passa na Suécia e dispensa a escuridão para assustar.

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Muita luz do sol e cores: Florence Pugh em Midsommar (pic by IMDb)

Essa filosofia do estúdio tem atraído vários cineastas que também estão cansados das mesmices dos lançamentos de cinema e estão buscando novas temas e novas vozes. Enquanto a Netflix tem abrigado os diretores renomados que perderam espaço nos cinemas como Martin Scorsese, Noah Baumbach, Fernando Meirelles e até o falecido Orson Welles, a A24 tem apostado em novos talentos ou diretores em início de carreira. Entre os novatos estão Robert Eggers, Ari Aster, Lulu Wang, David Robert Mitchell, Trey Edward Shults e os irmãos Benny e Josh Safdie. Todos são nomes que você pode apostar em originalidade e personalidade.

Eis alguns destaques do estúdio lançados em 2019:

  • Jóias Brutas (Uncut Gems)
  • O Farol (The Lighthouse)
  • Midsommar
  • The Farewell
  • The Last Black Man in San Francisco
  • Waves
  • The Souvenir
  • Gloria Bell
  • Under the Silver Lake
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Adam Sandler como o dono de joalheria Howard Ratner em Uncut Gems (pic by IMDb)

CRÍTICAS

Bom, apesar de não ter conseguido conferir trabalhos badalados como Jojo Rabbit, O EscândaloDois Papas, procurei assistir ao maior número possível de potenciais da temporada de premiações e futuros indicados ao Oscar como O Irlandês, História de um Casamento, The Farewell, Dor e Glória, Coringa, Atlantique e Bacurau. A lista provavelmente seria um pouco diferente se eu apenas privilegiasse a qualidade artística, mas procurei valorizar a questão da originalidade e perspectiva.

Dentre alguns trabalhos que não estão na lista, destaco Atlantique e Bacurau. Ambos trabalham com elementos do cinema de gênero com a finalidade de reforçar uma mensagem sócio-econômica, embora suas metáforas ainda estejam aquém do nível de um John Carpenter, por exemplo. Fora de Série da diretora estreante Olivia Wilde também vale a citação. Não que seja um primor como filme, mas por ela conseguir fazer uma versão feminina daqueles típicos filmes de adolescente americano que pipocaram nos anos 80 e 90 imprimindo sua personalidade logo em seu primeiro filme.

Já o novo filme de Tarantino, Era uma Vez em… Hollywood, tem seus méritos principalmente no quesito da paixão que o diretor nutre pelo cinema como um escape da realidade cruel dos anos 70. Ele faz do filme uma espécie de carta de amor à poesia da arte. Como roteiro, deixou um pouco a desejar, principalmente por personagens secundários e por repetir a fórmula de mudar o curso da História como fez em Bastardos Inglórios com os nazistas, e Django Livre com os escravistas.

META 2019

Não tive exatamente uma meta estipulada em números, mas acho vergonhoso da minha parte assistir a menos de 100 filmes em um ano. Em 2019, consegui fazer as pazes com o tempo e consegui me dedicar mais aos filmes, resultando em 234 longas e 26 curtas até a presente data. Talvez ainda consiga ver mais um ou outro antes da virada do ano.

Além dos lançamentos, procurei assistir a alguns filmes que estavam na minha watchlist há um bom tempo como os clássicos A Montanha dos Sete Abutres (1951), Anatomia de um Crime (1959), Cléo das 5 às 7 (1962) e voltar a ter contato com os mestres Akira Kurosawa em Trono Manchado de Sangue (1957), Vittorio De Sica em Vítimas da Tormenta (1946), Jean Renoir em A Regra do Jogo (1939) e John Cassavettes em Amantes (1984), enquanto descobria filmes excepcionais como A Longa Caminhada (1971), O Espírito da Colméia (1973), Alambrista! (1977), El Norte (1983) e Tudo por Dinheiro (1982).

PIORES DO ANO

Não sei quanto a vocês, mas apesar de gostar de assistir de tudo, se possível prefiro economizar meu tempo e dinheiro com filmes que estão destinados a serem ruins, de gosto duvidoso ou com complicações na produção. Então, dificilmente assistirei a Playmobil: O Filme, por exemplo. Já há casos que até me interessei pelos diretores envolvidos, mas após conferir os trailers e ler as críticas, acabei desanimando como aconteceu com Projeto Gemini (Ang Lee), Hellboy (Neil Marshall) e Cadê Você, Bernadette? (Richard Linklater). Provavelmente vou conferir esses últimos filmes, mas quem sabe depois do Oscar?

TOP 5 PIORES LANÇAMENTOS DO ANO

5. DORA E A CIDADE PERDIDA (Dora and the Lost City of Gold)
Dir: James Bobin
Apesar de ser destinado a um público infantil, trata-se de uma adaptação com zero de imaginação, péssimos diálogos e personagens. E que ainda não dá pra ser sustentado por um carisma ainda meio verde de Isabela Moner. Se fosse lançado direto para home video, ainda estaria sendo privilegiado.

4. X:MEN: FÊNIX NEGRA (Dark Phoenix)
Dir: Simon Kinberg
Tudo bem que a Fox estava praticamente vendida para a Disney, mas quem teve a brilhante idéia de contratar um diretor estreante que ficou conhecido por ser produtor de algumas pérolas como X-Men: O Confronto Final, Jumper e Quarteto Fantástico (2015)? Desgastou uma das maiores sagas dos quadrinhos dos X-Men… mais uma vez.

3. A LAVANDERIA (The Laundromat)
Dir: Steven Soderbergh
É difícil acreditar que um cineasta criativo como Soderbergh, que já realizou Sexo, Mentiras e Videotape (1989) e Irresistível Paixão (1998) se tornou um Adam McKay genérico. Ele quis imitar o filme da crise econômica A Grande Aposta (2015), e acabou fazendo um vídeo institucional de 1 hora e meia.

2. O PINTASSILGO (The Goldfinch)
Dir: John Crowley
Esse filme é uma verdadeira aula de como NÃO adaptar um livro, ainda mais vencedor do Pulitzer, para o cinema. As cenas não têm carga emocional, e o péssimo trabalho de montagem só piora o material. O que mais dói é que Crowley tinha Roger Deakins como diretor de fotografia (não sabia que era possível fazer filme ruim com ele na câmera) e Nicole Kidman e Sarah Paulson no elenco. Um erro em todos os departamentos.

1. O REI LEÃO (The Lion King)
Dir: Jon Favreau
Pra quem acompanha o blog, sabe que sou contra essa onda de Live-Actions da Disney. Claro que eles estão na deles de querer lucrar com um material conhecido, mas essa falta de criatividade e falta de propósito nos remakes me assombra como cinema. E acredito (e espero) que este filme seja o ápice do vazio desses live-actions. Não se trata apenas de animais sem expressão humanizada, mas de uma história clássica recontada de forma praticamente idêntica, porém sem alma. Alguém lembra da versão colorida de Psicose de Gus Van Sant? Os atores que dublaram, com exceção óbvia de James Earl Jones, são infinitamente piores do que aqueles de 1994, o que elimina qualquer rastro de humanidade num filme que mais precisava dele. Os efeitos visuais são ótimos e merecem o Oscar da categoria, mas se quer reviver o Hamlet da Disney, reveja a animação.

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Cena do live action O Rei Leão (pic by IMDb)

MELHORES DO ANO

TOP 5 MELHORES LANÇAMENTOS DO ANO

5. O FAROL (The Lighthouse/ 2019)
Dir: Robert Eggers
Talvez a decisão mais difícil neste top 5. Havia colocado O Irlandês aqui, mas algumas coisas pesaram a favor de O Farol, começando pela incrível estética. Robert Eggers foi extremamente ousado ao decidir filmar em 35mm, em preto-e-branco e numa real locação, onde ficaram expostos a inúmeros contratempos. A fotografia de Jarin Blaschkin é primorosa, pois além do aspecto expressionista repleto de sombras, sua granulação permite uma vibe tátil e é quase possível sentir o cheiro do mar. Ótimas atuações, especialmente de Willem Dafoe, um ator versátil como poucos. Diria que é um filme perturbador pelo aspecto de isolamento.

4. LUCE (Luce/2019)
Dir: Julius Onah
Fui atrás desse filme depois das indicações ao Independent Spirit e me surpreendi pela evolução na temática racista. É como se o cinema já estivesse saturado da superficialidade da questão racial e decidisse se aprofundar com uma trama diferente com personagens mais densos e com backgrounds alternativos. O protagonista Luce é um aluno prodígio no colégio, mas com idéias um tanto radicais que podem ter explicação em seu passado. Grandes atuações, especialmente de Kelvin Harrison Jr. e Octavia Spencer.

3. NÓS (Us/ 2019)
Dir: Jordan Peele
No papel, é um filme inferior a Corra!, mas Jordan Peele fez o que se esperava dele: foi mais ambicioso, tanto na questão racial quanto na questão filosófica.  A primeira vez que se assiste a Nós, a ação e a tensão crescente nos entretém como um bom filme de terror psicológico. A partir da segunda vez, é possível analisar melhor os detalhes que perdemos para nos proporcionar uma reflexão maior sobre as metáforas e simbolismos. Lupita Nyong’o extraordinária em dois papéis.

2. JÓIAS BRUTAS (Uncut Gems/ 2019)
Dir: Benny Sadie e Josh Safdie
Depois de se encantar com o filme anterior dos irmãos Safdie, Bom Comportamento, havia altas expectativas em relação a este novo trabalho. Mesmo assim, Jóias Brutas consegue nos surpreender, principalmente pela fluidez de sua narrativa. Como uma marca dos diretores, a imprevisibilidade faz parte dos acontecimentos, o que reforça ainda mais as atuações de Julia Fox, e principalmente de Adam Sandler. Ótima combinação de montagem com a trilha de Daniel Lopatin. É aquele típico filme que não tem cara de Oscar, mas que depois a Academia vai se arrepender de não ter premiado ou sequer indicado.

1. PARASITA (Gisaengchung/ 2019)
Dir: Bong Joon-Ho
Parasita é aquele fruto perfeito que o diretor Bong Joon-Ho plantou lá atrás com os intrigantes Memórias de um Assassino (2003), O Hospedeiro (2006), Mother (2009), O Expresso do Amanhã (2013) e Okja (2017). Aqui ele volta a dialogar com vários temas que já tratou como a família, a luta de classes e até a questão da superpopulação, mas de uma forma completamente diferente. A mistura de gêneros é tamanha que dá a impressão de que o filme vai se perder a qualquer momento, mas a direção de Joon-Ho é tão segura do primeiro ao último minuto que é impossível não ficar impressionado pelo seu controle. Um filme pra se ver várias vezes, descobrir coisas novas e com chances mínimas de ficar datado. Um dos melhores filmes deste século XXI.

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Cena de Parasita (pic by OutNow.CH)

TOP 5 MELHORES em ACERVO MÍDIA DIGITAL ou STREAMING

5. OASIS (Oasiseu/ 2002)
Dir: Chang-dong Lee
Depois de me apaixonar por seus outros trabalhos posteriores: Poesia, Sol Secreto e Em Chamas, finalmente consegui conferir Oasis. Lee escolhe a dedo seu protagonista atrapalhado que consegue enxergar muito mais além da superfície de preconceitos e ir fundo na alma da debilitada Gong-ju (aliás, impressionante atuação de So-ri Moon, que deixa Eddie Redmayne no chão). Um filme extremamente poético que merece ser descoberto.

Oasis

4. WANDA (Wanda/ 1970)
Dir: Barbara Loden
Muito se fala hoje de mulheres no cinema, então ninguém melhor do que Barbara Loden para abrir a discussão. Ela teve a audácia de dirigir um filme escrito e atuado por ela no final dos anos 60, tornando-se a primeira mulher a fazê-lo com este belo e tocante Wanda. A protagonista de mesmo nome é uma ex-dona de casa, recém-divorciada em uma pequena cidade de mineração nos EUA que tem uma segunda chance na vida ao ser acolhida por um ladrão. A atriz pioneira morreu muito jovem, aos 48 anos, vítima de câncer de mama. 

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3. A MONTANHA DOS SETE ABUTRES (Ace in the Hole/ 1952)
Dir: Billy Wilder
Este filme é um TAPA enorme no sensacionalismo da mídia. Jornalista de NY explora o circo midiático de um acidente na montanha que deixa um homem soterrado por dias. Somente Billy Wilder, grande diretor dos clássicos Se Meu Apartamento Falasse, Testemunha de Acusação e Pacto de Sangue, poderia destrinchar a podridão do jornalismo nos anos 50. Confirmando que o mestre estava à frente de seu tempo, o filme foi um fracasso de crítica e de público, mas ainda permanece muito relevante nos dias de hoje, e sua qualidade inquestionável. Talvez o melhor papel de Kirk Douglas na carreira, e estupenda atuação de Jan Sterling.

Ace in the Hole

2. MARGARET (Margaret/ 2011)
Dir: Kenneth Lonergan
Fiquei com esse filme na cabeça por alguns dias por vários motivos. Margaret é um filme sobre uma moça (Anna Paquin) que testemunha um acidente de ônibus na cidade. Com enorme peso na consciência, ela busca respostas se realmente foi acidental ou um erro grave. Só a cena do acidente em si já te deixa baqueado por um bom tempo, depois essa questão ética te drena de uma forma contundente. Paquin entrega sua melhor performance, Jeannie Berlin rouba suas cenas e temos uma vibe mega ôrganica nesse filme que é difícil não ficar perdido. Originalmente, o filme estava previsto para lançamento em 2007, mas devido às brigas de corte final com a Fox Searchlight, Lonergan teve de aguardar QUATRO anos para seu filme ser descoberto.

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1. O REI DA COMÉDIA (The King of Comedy/ 1982)
Dir: Martin Scorsese
Dentre alguns filmes de Scorsese que deixei escapar, estava O Rei da Comédia. Yes, my bad!  O filme é focado na vida de Rupert Pupkin (Robert De Niro), um comediante amador que sonha em fazer sucesso no programa de TV de Jerry Langford (Jerry Lewis). Aproveitei a oportunidade do lançamento de Coringa para conferir este filme, para então descobrir que o diretor Todd Phillips praticamente copiou este filme e Taxi Driver para criar sua Gotham City dos anos 70. Não que copiar seja algo necessariamente inválido, mas o impacto que Coringa causou em muitos cinéfilos não se aplicava naqueles que já haviam visto os filmes de Scorsese. Honestamente, considero o Rupert Pupkin de De Niro e a Masha de Sandra Bernhard mais assustadores do que Joaquin Phoenix como Arthur Fleck. Pupkin tem uma imprevisibilidade deixariam muitos stalkers no chão. Filme perfeito de Scorsese, cujas cenas são inestimáveis, e ele pratica o humor negro que nunca imaginei que ele teria.

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Jerry Lewis e Robert De Niro em cena de O Rei da Comédia (pic by IMDb)

IN MEMORIAN

Foi triste acompanharmos a partida de atores muito jovens partindo como o nosso Caio Junqueira, que morreu num acidente de carro aos 42 anos, o ator americano Luke Perry aos 52 anos, e o diretor John Singleton aos 51, vítimas de AVC. Singleton foi o primeiro diretor negro a ser indicado ao Oscar de Direção e também o mais jovem aos 24 anos por Os Donos da Rua (1991).

Perdemos grandes mestres do cinema como a emblemática Agnès Varda, Franco Zeffirelli, Stanley Donen, e os diretores brasileiros Domingos de Oliveira e Fábio Barreto.

Dentre os atores, o britânico Albert Finney (indicado a 5 Oscars sem vitória), Doris Day (uma indicação por Confidências à Meia-Noite), Peter Fonda (2 indicações: uma por Roteiro Original e outra como Ator por O Ouro de Ulisses), Seymour Cassel (uma indicação por Faces), Robert Forster (uma indicação por Jackie Brown), Danny Aiello (uma indicação por Faça a Coisa Certa).

Outros atores que marcaram sua época estão Bibi Andersson (uma das favoritas de Ingmar Bergman), Rutger Hauer (Blade Runner), Bruno Ganz (que foi anjo em Asas do Desejo e Hitler em A Queda), Anna Karina (O Demônio das Onze Horas), Julie Adams (a moça que encantou o Monstro da Lagoa Negra) e Peter Mayhew, que foi o Chewbacca de Star Wars.

Também gostaríamos de destacar o grande compositor francês Michel Legrand, que venceu 2 Oscars de Trilha Musical (Houve uma Vez um Verão e Yentl) e 1 Oscar de Canção Original (Crown, o Magnífico).

Mais fora do âmbito do cinema, sentimos pela perda da cantora sueca Marie Fredriksson da banda Roxette (ela tinha câncer no cérebro), e dos brasileiros Gugu Liberato (que foi vítima de um acidente doméstico, e que participou de uns filmes brasileiros com a Xuxa e os Trapalhões) e o jornalista Ricardo Boechat (vítima de um acidente de helicóptero). Boechat era um dos raros âncoras de telejornal que expressava a nossa indignação com as notícias da política brasileira.

Ainda abro espaço para o crítico de cinema Rubens Ewald Filho, que nos deixou em junho. Apesar de ter trabalhos como ator e escritor, ficou conhecido por ser o “homem do Oscar”, que fez a conexão de incontáveis cinéfilos à Sétima Arte por seu vasto conhecimento sobre filmes e artistas. Trabalhou como apresentador de TV nas transmissões das cerimônias do Oscar pelo SBT, Globo e TNT, e foi autor de inúmeros guias de filmes. Em 1998, assisti à cerimônia em que Titanic venceu 11 Oscars e fiquei abismado com a memória cinematográfica dele, especialmente naquela bela homenagem intitulada “Álbum de Família do Oscar”, na qual vários atores que venceram a estatueta eram saudados no palco. Rubens sabia todos os atores e os filmes pelos quais eles ganharam seus prêmios. Eu tinha gravado o evento no meu velho aparelho de videocassete e assisti inúmeras vezes a este Oscar, decorando os nomes através da voz dele. Em 2009, fui a um evento na extinta videolocadora 2001 em São Paulo, onde tive o prazer de conhecê-lo. Tive o privilégio de declarar meu enorme respeito e carinho para aquele que me introduziu a este universo de premiações de cinema. Era um homem muito querido e de uma bondade tremenda com seus fãs. Que descanse em paz, Rubens!

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Encontro com Rubens Ewald Filho em evento do lançamento de mais um guia de filmes de sua autoria

VOTOS PARA 2020

Não sei como foi o ano para vocês, mas o meu foi uma montanha-russa de altos e baixos. E foram nos momentos baixos que o Cinema mais me serviu como alento e fuga. Porém, além dessa característica quase medicinal, os filmes vêm com um propósito pouco comentado mas essencial que é sua capacidade de promover a compreensão entre as pessoas, os povos, as raças e as religiões. Tudo o que as diferenças separam, o cinema tem a incrível capacidade de unir… talvez com raras exceções entre os fãs de Marvel e DC, ou de Star Wars.

Então, proponho um exercício para 2020. Você, que tem aquele preconceito sobre determinado assunto, determinado perfil de pessoas, determinado tipo de crença, assista a um filme sobre esses temas (claro, não sendo um filme supérfluo). Seja uma ficção, ou seja um documentário, o Cinema vai oferecer luz de conhecimento e empatia para aqueles cantos escuros da sua mente. Sinta na pele como é ser outra pessoa, entender seus problemas e refletir sobre seus dilemas. Na maioria das vezes, o cinema é somente associado a entretenimento porque é o grande chamariz que atrai o público, mas sempre foi e nunca deixará de ser uma forma de arte que busca entender o mundo e as pessoas que vivem nele. Dá pra aprender muito, principalmente se escolher aqueles filmes dos diretores que também têm essa missão.

Feliz Natal e Próspero Ano Novo para todos que acompanham o blog, Facebook e Instagram. Sigam as páginas, opinem, compartilhem. Obrigado a todos e que tenham um ano de muita paz, saúde, alegria e, claro, muitos bons filmes!

Macaulay Culkin Home Alone

Macaulay Culkin no eterno filme natalino Esqueceram de Mim (pic by eye-contact.tumblr.com)

NETFLIX PREDOMINA GOTHAM AWARDS COM ‘HISTÓRIA DE UM CASAMENTO’

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Diretor e roteirista Noah Baumbach recebe prêmio de Melhor Filme por História de um Casamento. Ao fundo, os atores Adam Driver e Laura Dern. (pic by Deadline)

PLATAFORMA DE STREAMING CONQUISTA 6 PRÊMIOS, SENDO 4 POR DRAMA DE NOAH BAUMBACH

Pra quem não está muito familiarizado com o Gotham Awards, ele está apenas em sua 29ª edição, porém nos últimos anos vem conquistando prestígio em Hollywood ao premiar com antecedência produções independentes com forte potencial para a temporada de premiações. Acabou se tornando uma espécie de Independent Spirit Award de fim de ano. Spotlight e Moonlight foram os dois últimos vencedores do Gotham de Melhor Filme que acabaram levando o Oscar de Melhor Filme.

Apesar de não ter uma categoria de Melhor Direção, eles preferem premiar diretores novatos com  sangue novo em Direção Revelação, que este ano foi vencido por Laure De Clermont-Tonnerre por The Mustang, um drama sobre um detento que ganha a chance de participar de um programa de reabilitação envolvendo treinamento de cavalos. Já pela categoria de Ator ou Atriz Revelação, o Gotham recoheceu a performance da jovem Taylor Russell no drama famliar Waves.

The Mustang

Cena de The Mustang, que levou o prêmio de Diretora Revelação (pic by IMDb)

O grande vencedor da noite foi História de um Casamento, que levou Melhor Filme, Roteiro, Ator (Adam Driver), além do prêmio do público, votado pelos membros do Independent Filmmakers Project. Essa vitória maiúscula do drama conjugal alavanca a campanha do filme rumo ao Oscar, já que no Independent Spirit, o filme teve suas expectativas frustradas com apenas as indicações de Filme e Roteiro, e o prêmio especial para o elenco. Caso o filme conquiste uma indicação para o Oscar de Melhor Filme, será a segunda da Netflix depois de Roma.

Ciente da importância do papel da Netflix nesta vitória, Noah Baumbach, que subiu ao palco duas vezes, ressaltou sua gratidão ao chefe da Netflix, Ted Sarandos, que estava presente, por ele financiar seu filme, e por salvar a histórica sala de cinema Paris Theater em Nova York de uma falência e fechamento. O plano da Netflix é utilizar a sala como ponto de referência para encontros de campanhas e, claro, para as projeções de seus filmes, já que é uma regra obrigatória para concorrer aos prêmios. Aliás, cantamos essa bola aqui mesmo no blog há um ano, que a empresa deveria ter suas próprias salas de cinema para promover suas produções, suas campanhas e agradar ao público, que muitas vezes deseja assistir a alguns filmes deles numa tela grande. Além de História de um Casamento, a Netflix ainda tem O Irlandês, Dois Papas e Meu Nome é Dolemite para promover nesta temporada.

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Awkwafina e Adam Driver vencem os prêmios de atuação no Gotham Awards (pic by Just Jared)

Pela categoria de Melhor Atriz, Awkwafina levou a melhor por The Farewell, sobre uma neta americana que precisa retornar à China para cuidar de sua avó adoentada. “Meu Deus! Nunca ganhei nada. Não consigo nem ganhar em discussões de comentários do Instagram!”, discursou com seu bom humor característico. Esnobada no Independent Spirit, a atriz ganha novo fôlego para os prêmios da crítica e para as indicações do Globo de Ouro que estão por vir. Contudo, vale lembrar que ela não concorreu aqui contra a favorita até o momento, Renée Zellwegger por Judy.

Pelas categorias televisivas, a série When They See Us conquistou o prêmio de formato longo (outra conquista da Netflix), enquanto PEN15 levou o de formato curto.

VENCEDORES DO GOTHAM AWARDS:

MELHOR FILME
– The Farewell
-As Golpistas (Hustlers) (STXfilms)
– História de um Casamento (Netflix)
– Uncut Gems (A24)
– Waves (A24)

MELHOR DOCUMENTÁRIO
– Indústria Americana (American Factory)
– Apollo 11
– Democracia em Vertigem (The Edge of Democracy)
– Midnight Traveler
– One Child Nation

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Cena do documentário Indústria Americana, que levou o Gotham da categoria. Pic by IMDb

DIRETOR REVELAÇÃO
– Laure De Clermont-Tonnerre (The Mustang)
– Kent Jones (A Vida de Diane)
– Joe Talbot (The Last Black Man in San Francisco)
– Olivia Wilde (Fora de Série)
– Phillip Youmans (Burning Cane)

MELHOR ROTEIRO

– Lulu Wang (The Farewell)
– Tarell Alvin McCraney (High Flying Bird)
– Jimmie Fails, Joe Talbot, Rob Richert (The Last Black Man in San Francisco)
– Noah Baumbach (História de um Casamento)
– Ari Aster (Midsommar)

MELHOR ATOR
– Willem Dafoe (O Farol)
– Adam Driver (História de um Casamento)
– Aldis Hodge (Clemency)
– André Holland (High Flying Bird)
– Adam Sandler (Uncut Gems)

MELHOR ATRIZ
– Awkwafina (The Farewell)

– Elisabeth Moss (Her Smell)
– Mary Kay Place (A Vida de Diane)
– Florence Pugh (Midsommar)
– Alfre Woodard (Clemency)

ATOR OU ATRIZ REVELAÇÃO
– Julia Fox (Uncut Gems)
– Aisling Franciosi (The Nightingale)
– Chris Galust (Give Me Liberty)
– Noah Jupe (Honey Boy)
– Jonathan Majors (The Last Black Man in San Francisco)
– Taylor Russell (Waves)

SÉRIE – LONGO FORMATO REVELAÇÃO (acima de 40 minutos)
– Chernobyl (HBO)
– David Makes Man (OWN: Oprah Winfrey Network)
– My Brilliant Friend (HBO)
– Unbelievable (Netflix)
– When They See Us (Netflix) 

SÉRIE – FORMATO CURTO (ABAIXO DE 40 MINUTOS)
– PEN15 (Hulu)
– Ramy (Hulu)
– Russian Doll (Netflix)
– Tuca & Bertie (Netflix)
– Undone (Amazon Prime Video)

AUDIENCE AWARD
História de um Casamento (Marriage Story)

TRIBUTE AWARD
– Laura Dern
– Sam Rockwell
– Ava DuVernay
– Glen Basner

93 PRODUÇÕES DISPUTAM O OSCAR DE FILME INTERNACIONAL

Alfonso Cuarón, com as três estatuetas que ganhou com Roma, incluindo o último Oscar de Filme em Língua Estrangeira

CATEGORIA QUE MUDOU DE NOME RECEBEU O TOTAL DE 94 INSCRIÇÕES

Sim, a categoria Filme em Língua Estrangeira, criada oficialmente na década de 50, foi rebatizada para Melhor Filme Internacional no último mês de Abril, pois consideraram o termo “Estrangeiro” ultrapassado. Outras mudanças significativas foram da pré-lista de dezembro, que pula de nove para dez filmes pré-selecionados, e pela primeira vez, os votantes poderão assistir aos dez filmes online, sem precisar comparecer às salas de Los Angeles, Nova York ou Londres.

Dos 94 filmes inscritos, logo de cara já houve uma desqualificação do Afeganistão. Havia questionamento de legitimidade do comitê que elegeu o representante do país, portanto foi descartado antes mesmo do anúncio dos oficialmente inscritos.

Em seguida, no dia 04 de Novembro, a Academia anunciou a desqualificação da Nigéria, que havia inscrito um filme na competição pela primeira vez com Lionheart. Segundo o departamento responsável que viu a película, houve uma infração do regulamento que exige língua não-inglesa predominante. Foi constatado que o filme continha apenas onze minutos no idioma estrangeiro. Essa ilegalidade causou revolta na Nigéria e conquistou apoio da cineasta Ava DuVernay.

Em sua conta do Twitter, a diretora de Selma esbravejou:
“Para a Academia, Vocês desqualificaram a primeiríssima inscrição da Nigéria para Melhor Filme Internacional porque está em Inglês. Mas Inglês é a língua oficial da Nigéria. Vocês estão barrando este país para que nunca dispute um Oscar em sua língua oficial?…”

Há duas formas de enxergar a situação. Pelo lado da Academia, regras são regras. Essa que exige predominância de língua não-inglesa existe há décadas. Faltou atenção ao comitê nigeriano ao regulamento da categoria. Já pelo lado da Nigéria, da modernização e do bom senso, a Academia não poderia ter sido mais flexível nessa questão do idioma ao modernizar o nome do prêmio de Filme em Língua Estrangeira para Filme Internacional? Quer dizer, todas as nações que foram colonizadas no passado jamais poderão disputar esse Oscar? Além disso, há algum tempo, é uma raridade vermos produções de um único país. Atualmente, o normal é a realização de co-produções em conjunto com dois ou mais países. Hoje, se um filme co-produzido por três países, apenas um pode selecioná-lo como representante no Oscar.

Não acreditamos que a Academia vá voltar atrás agora nessas questões, contudo os responsáveis do departamento podem estudar o caso para uma próxima cerimônia. Desta forma, permanecerão 92 filmes inscritos, número que mesmo assim iguala o recorde anterior de 2017.  Ainda sobre números, mesmo com a queda da Nigéria, temos 28 diretoras mulheres nessa disputa, um recorde na história da premiação.

COMO ESTÁ A DISPUTA ATÉ O MOMENTO?

Parasita, de Bong Joon-ho

PARASITA (Coréia do Sul) Dir: Bong Joon-ho
Vamos resumir assim: o filme sul-coreano Parasita está trilhando o mesmo caminho de Roma, de Alfonso Cuarón. Além de ter faturado prêmios importantes como a Palma de Ouro em Cannes, vem conquistando toda a crítica e o público de forma unânime, o que leva o filme a ser considerado inclusive para outras categorias como Melhor Filme, Direção, Roteiro Original, Fotografia, Direção de Arte e Ator Coadjuvante. Curiosamente, se concretizada, seria a primeira indicação do país na história do Oscar. Particularmente, sentimos que o Cinema Sul-coreano tem sido injustiçado há duas décadas pelo Oscar. Só para citar alguns filmes que mereciam uma indicação estão Oldboy (2002), Oasis (2002), Memórias de um Assassino (2003), Casa Vazia (2004), Secret Sunshine (2007), Poesia (2010), A Criada (2016) e Em Chamas (2018).

Dor e Glória, de Pedro Almodóvar

DOR E GLÓRIA (Espanha) Dir: Pedro Almodóvar
Quando o filme estava entre os indicados à Palma de Ouro deste ano, havia uma forte especulação de que Pedro Almodóvar ganharia pelo menos o prêmio de Direção ou o Grande Prêmio do Júri, mas acabou ficando apenas com o prêmio de interpretação masculina para Antonio Banderas, que vive o alter-ego do diretor espanhol. Muito querido entre os membros da Academia, o diretor já ganhou duas estatuetas: Filme em Língua Estrangeira por Tudo Sobre Minha Mãe em 2000, e Melhor Roteiro Original por Fale com Ela em 2003. Ao lado do representante sul-coreano, este espanhol está praticamente garantido entre os cinco indicados.

Les Misérables, de Ladj Ly

LES MISÉRABLES (França) Dir: Ladj Ly
Havia uma forte expectativa para que Retrato de uma Jovem em Chamas fosse o representante da França para o Oscar, mas talvez por motivos homofóbicos, o filme cedeu lugar a Les Misérables. Apesar de compartilhar o mesmo título da obra de Victor Hugo e o musical homônimo de 2012, o primeiro filme de Ladj Ly aborda a violência e o preconceito vivido por habitantes dos subúrbios franceses. A produção faturou o mesmo Prêmio do Júri ao lado do brasileiro Bacurau, o que pode facilitar um pouco sua campanha. Ladj Ly é o primeiro diretor negro que representa a França.

Monos, de Alejandro Landes

MONOS (Colômbia) Dir: Alejandro Landes
Para quem acompanha o Oscar, sabe que o cinema colombiano tem se destacado recentemente na premiação como o indicado O Abraço da Serpente (2015) e Pássaros de Verão (2018), que estava na última pré-lista. E pra elevar a ainda mais a campanha de Monos, os diretores mexicanos Alejandro González Iñárritu e Guillermo del Toro esbanjaram rasgaram elogios publicamente ao filme, o que certamente chamará a atenção de outros votantes, especialmente os latinos. Monos, que estava na Mostra Internacional de São Paulo, acompanha oito jovens militantes em um acampamento no alto da montanha. Eles precisam manter uma refém americana (Julianne Nicholson), mas os planos mudam quando eles matam acidentalmente uma vaca que os mantinha no local. Vale ressaltar que o diretor Alejandro Landes é brasileiro, filho de mãe colombiana.

Atlantics, de Mati Diop

ATLANTICS (Senegal) Dir: Mati Diop
A carreira do filme senegalês começou com sua indicação à Palma de Ouro em Cannes. Mati Diop se tornou a primeira mulher negra na competição oficial. Produção da Netflix, o filme aborda uma história de amor com a imigração ilegal como pano de fundo. Trata-se da segunda inscrição do país africano no Oscar, sendo que a primeira, Félicité, esteve entre os nove filmes pré-selecionados de 2018. Seria um reconhecimento para coroar o crescimento do cinema do continente africano, e dar um equilíbrio entre as produções indicadas, que costumam ficar restritas à Europa.

OUTROS EM DESTAQUE

Da esquerda para a direita: Honeyland, Papicha, O Paraíso Deve Ser Aqui, O Menino que Descobriu o Vento, e O Traidor

Honeyland (Macedônia do Norte): Elogiada produção de ficção que se assemelha a um documentário ao narrar a história de uma apicultora tradicional considerada a última da região.

Papicha (Argélia): Passado nos anos 90, acompanha a opressão sofrida por todas as mulheres por terroristas islâmicos, buscando alterar de forma conservadora seus hábitos, suas vestimentas e seus espaços públicos.

O Paraíso Deve Ser Aqui (Palestina): Trata-se de uma comédia autobiográfica do diretor Elia Suleiman que, ao viajar para fora de seu país para encontrar paz, acaba se deparando com os mesmos problemas de racismo e dificuldades sociais nas terras consideradas paraísos como EUA e França.

O Menino que Descobriu o Vento (Reino Unido): Embora tenha poucas chances no Oscar, pode surpreender por dirigido e atuado pelo ator indicado ao Oscar Chiwetel Ejiofor (de 12 Anos de Escravidão) e estar disponível na plataforma da Netflix. O filme narra a história de um menino no Malawi que desenvolve uma turbina de vento em seu vilarejo.

O Traidor (Itália): Além do renome do diretor Marco Bellocchio, o país europeu aposta na fama do mafioso Tommaso Buscetta, que fugiu para o Brasil e para os EUA e delatou a máfia italiana Costa Nostra. A atriz brasileira Maria Fernanda Cândido faz parte do elenco.

E O BRASIL?

A Academia de Cinema Brasileiro enfrentou um duro dilema este ano. Bacurau ou A Vida Invisível? Ambos os filmes haviam sido bem recebidos e premiados no Festival de Cannes. Enquanto o primeiro faturou o Prêmio do Júri (uma espécie de terceiro lugar), o segundo levou o cobiçado prêmio Un Certain Regard. Uma coisa era certa: o representante brasileiro tinha que ser um dos dois, mas qual?

A Vida Invisível, de Karim Ainouz

A presidente da comissão Anna Muylaert acabou desempatando a briga. Cinco votos para A Vida Invisível e quatro para Bacurau. Dentre as justificativas para a escolha, teria pesado a presença de Fernanda Montenegro no elenco, uma vez que ela já foi indicada ao Oscar por Central do Brasil. Além disso, Bacurau pode ser interpretado como uma afronta para o público norte-americano, pois eles são os vilões do filme de Kleber Mendonça Filho que se passa no sertão de Pernambuco. Já A Vida Invisível busca exaltar a força feminina através de suas protagonistas irmãs, algo em voga nas premiações.

Alguns alegam que Bacurau teria sido uma escolha mais ousada e por isso, teria mais chances de ser notado entre os votantes da Academia. Será? Claro que depende muito da campanha de publicidade rumo ao Oscar, que acontece em Fevereiro. Vamos torcer para que Vida Invisível se torne a 5ª indicação do Brasil após a última de Central do Brasil em 1999.

SEGUE LISTA COMPLETA DAS PRODUÇÕES INSCRITAS PARA O OSCAR 2020:

PAÍS FILME DIRETOR(A)(ES)
África do Sul Knuckle City Jahmil X.T. Qubeka
Albânia The Delegation Bujar Alimani
Alemanha System Crasher Nora Fingscheidt
Arábia Saudita The Perfect Candidate Haifaa al-Mansour
Argélia Papicha Mounia Meddour
Argentina Heroic Losers Sebastián Borensztein
Armênia Lengthy Night Edgar Baghdasaryan
Austrália Buoyancy Rodd Rathjen
Áustria Joy Sudabeh Mortezai
Bangladesh Alpha Nasiruddin Yousuff
Bélgica Our Mothers César Díaz
Bielorrússia Debut Anastasiya Miroshnichenko
Bolívia I Miss You Rodrigo Bellott
Bósnia Herzegovina The Son Ines Tanovic
Brasil A Vida Invisível Karim Aïnouz
Bulgária Ága Milko Lazarov
Camboja In the Life of Music Caylee So, Sok Visal
Canadá Antigone Sophie Deraspe
Cazaquistão Kazakh Khanate – Golden Throne Rustem Abdrashev
Chile Spider Andrés Wood
China Ne Zha Jiaozi
Colômbia Monos Alejandro Landes
Coréia do Sul Parasita Bong Joon-ho
Costa Rica The Awakening of the Ants Antonella Sudasassi
Croácia Mali Antonio Nuic
Cuba A Translator Rodrigo Barriuso, Sebastián Barriuso
Dinamarca Queen of Hearts May el-Toukhy
Egito Poisonous Roses Fawzi Saleh
Equador The Longest Night Gabriela Calvache
Eslováquia Let There Be Light Marko Skop
Eslovênia History of Love Sonja Prosenc
Espanha Dor e Glória Pedro Almodóvar
Estônia Truth and Justice Tanel Toom
Etiópia Running Against the Wind Jan Philipp Weyl
Filipinas Verdict Raymund Ribay Gutierrez
Finlândia Stupid Young Heart Selma Vilhunen
França Les Misérables Ladj Ly
Gana Azali Kwabena Gyansah
Geórgia Shindisi Dito Tsintsadze
Grécia When Tomatoes Met Wagner Marianna Economou
Holanda Instinct Halina Reijn
Honduras Blood, Passion and Coffee Carlos Membreño
Hong Kong The White Storm 2 – Drug Lords Herman Yau
Hungria Those Who Remained Barnabás Tóth
Índia Gully Boy Zoya Akhtar
Indonésia Memories of my Body Garin Nugroho
Irã Finding Fariden Kourosh Ataee, Azadeh Moussavi
Irlanda Gaza Garry Keane, Andrew McConnell
Islândia A White, White Day Hlynur Pálmason
Israel Incitement Yaron Zilberman
Itália O Traidor Marco Bellocchio
Japão Weathering With You Makoto Shinkai
Kosovo Zana Antoneta Kastrati
Látvia The Mover Davis Simanis
Líbano 1982 Oualid Mouaness
Lituânia Bridges of Time Kristine Briede, Audrius Stonys
Luxemburgo Tel Aviv on Fire Sameh Zoabi
Macedônia do Norte Honeyland Tamara Kotevska, Ljubomir Stefanov
Malásia M for Malaysia Dian Lee, Ineza Roussille
Marrocos Adam Maryam Touzani
México The Chambermaid Lila Avilés
Mongólia The Steed Erdenebileg Ganbold
Montenegro Neverending Past Andro Martinovic
Nepal Bulbul Binod Paudel
Nigéria Lionheart Genevieve Nnaji
Noruega Out Stealing Horses Hans Petter Moland
Palestina It Must Be Heaven Elia Suleiman
Panamá Everybody Changes Arturo Montenegro
Paquistão Laal Kabootar Kamal Khan
Peru Retablo Alvaro Delgado-Aparicio
Polônia Corpus Christi Jan Komasa
Portugal The Domain Tiago Guedes
Quênia Subira Ravneet Sippy Chadha
Quirguistão Aurora Bekzat Pirmatov
Reino Unido O Menino que Descobriu o Vento Chiwetel Ejiofor
Rep Dominicana The Projectionist José María Cabral
Rep Tcheca The Painted Bird Václav Marhoul
Romênia The Whistlers Corneliu Porumboiu
Rússia Beanpole Kantemir Balagov
Senegal Atlantics Mati Diop
Sérvia King Petar of Serbia Petar Ristovski
Singapura A Land Imagined Yeo Siew Hua
Suécia And Then We Danced Levan Akin
Suíça Wolkenbruch’s Wondrous Journey Into the Arms of a Shiksa Michael Steiner
Tailândia Krasue: Inhuman Kiss Sitisiri Mongkolsiri
Taiwan Dear Ex Mag Hsu, Hsu Chih-yen
Tunísia Dear Son Mohamed Ben Attia
Turquia Commitment Semih Kaplanoglu
Ucrânia Homeward Nariman Aliev
Uruguai The Moneychanger Federico Veiroj
Uzbequistão Hot Bread Umid Khamdamov
Venezuela Being Impossible Patricia Ortega
Vietnã Furie Lê Van Kiêt

A pré-lista com os dez filmes será divulgada no dia 16 de dezembro. O anúncio das indicações ao Oscar estão marcadas para o dia 13 de janeiro.

‘A FORMA DA ÁGUA’ CONFIRMA FAVORITISMO no PGA

 

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O produtor J. Miles Dale discursa pela vitória de A Forma da Água no PGA. AO fundo, o ator Richard Jenkins (pic by 6abc Philadelphia)

FANTASIA DE DEL TORO LEVA O PRÊMIO DO SINDICATO DE PRODUTORES

Mesmo competindo com os grandes favoritos da temporada como Três Anúncios Para um Crime e The Post: A Guerra Secreta, o novo filme de Guillermo del Toro conseguiu firmar sua campanha de favoritismo com esse prêmio do sindicato de produtores.

Infelizmente, del Toro, que também é produtor do filme, não estava presente na cerimônia porque estava no México para cuidar de seu pai doente. Seu co-produtor J. Miles Dale, e o ator Richard Jenkins, subiram ao palco e leram uma declaração do diretor: “Gostaria de pedir a todos vocês a permissão de dedicar este pequeno momento e as honras desta noite para meu pai e minha mãe, para quem devo minha gratidão eterna, e como pai oferecer aos meus filhos também, que eles possam ser livres para buscar seus sonhos e fantasias e que possam estar ao meu lado quando eu partir.” Mesmo ausente, del Toro soube fazer uma média com seus votantes e isso conta muito numa campanha. Já seu co-produtor Dale foi o piadista: “Quando seu par romântico é uma faxineira e um peixe, é duro de vender o projeto”.

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Sally Hawkins e Doug Jones em cena de A Forma da Água: par romântico incomum

Pra quem acompanha a temporada de premiação há algum tempo, sabe que os prêmios de sindicatos costumam ser os parâmetros mais confiáveis em relação ao Oscar, mas no caso do PGA, mesmo tendo 19 acertos em 28 edições, vale lembrar que houve divergência nos últimos dois anos. A lembrar: A Grande Aposta levou o PGA, enquanto Spotlight levou o Oscar em 2016. O musical La La Land conquistou o PGA enquanto Moonlight ficou com o Oscar ano passado, na prorrogação!

Sem me basear nessa estatística em específico, também não boto muita fé na vitória de A Forma da Água como Melhor Filme no Oscar. Há quanto tempo um filme de fantasia não ganha o principal prêmio da noite? Em 2004 com O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei? Faz tempo… Isso porque a Academia se sentiu obrigada a reconhecer uma das trilogias mais lucrativas da história do Cinema.

Vencedora com a animação da Pixar, Viva: A Vida é uma Festa, a produtora Darla K. Anderson aproveitou pra dar uma cutucada em Trump: “Agora é o tempo de haver mais diversidade em nossa cultura e em nosso mundo”, que ainda aproveitou pra dedicar o prêmio ao México, terra onde se passa a trama e usufrui de suas ricas tradições.

Coco pixar

Viva: A Vida é uma Festa levou o PGA de Animação

Na categoria de documentário, Jane levou o prêmio ao retratar as pesquisas de Jane Goodall com os chimpanzés. Vale lembrar que o documentário está classificado na pré-lista das 15 produções ao Oscar, mas ao mesmo tempo, vale ressaltar que aqui não estava competindo com o favorito Faces Places, de Agnès Varda e JR.

Já o prêmio especial Stanley Kramer, dedicado a honrar questões de cunho sócio-racial, premiou o ótimo Corra!, de Jordan Peele. Em discurso, o diretor criticou o sistema de hoje chamando-o de “lugar afundado” (em alusão ao limbo em que seu protagonista negro fica durante a hipnose), pois silencia a voz das mulheres e das minorias. “Sunken place é o presidente que chama seus atletas de filhos da puta por terem expressado suas crenças no campo e na pátria de nossos mais belos imigrantes.” – relembrando o episódio dos jogadores de futebol americano se ajoelharem durante o hino nacional.

Pela ala televisiva, curiosamente premiou duas séries estreantes: The Handmaid’s Tale levou o prêmio de série dramática, e The Marvelous Mrs. Maisel ganhou como série de comédia. Particularmente, gostei da vitória da série Black Mirror, da Netflix. Como sou fã da consagrada série de ficção científica Twilight Zone, considero este trabalho uma versão high-tech filosófica bem instigante.

 

 

CINEMA

MELHOR FILME
A Forma da Água (The Shape Of Water)
Produtores: Guillermo del Toro, J. Miles Dale

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
Viva: A Vida é uma Festa (Coco)
Produtora: Darla K. Anderson

MELHOR DOCUMENTÁRIO
Jane
Produtores: Brett Morgen, Bryan Burk, Tony Gerber, James Smith

PRÊMIO STANLEY KRAMER
Corra!

PRÊMIO VISIONÁRIO
Ava DuVernay

TELEVISÃO

MELHOR SÉRIE DRAMÁTICA
The Handmaid’s Tale (1ª temporada)
Produtores: Bruce Miller, Warren Littlefield, Daniel Wilson, Fran Sears, Ilene Chaiken, Sheila Hockin, Eric Tuchman, Frank Siracusa, John Weber, Joseph Boccia, Elisabeth Moss, Kira Snyder and Leila Gerstein.

MELHOR SÉRIE DE COMÉDIA
The Marvelous Mrs. Maisel (1ª temporada)
Produtores: Daniel Palladino, Amy Sherman-Palladino, Sheila Lawrence, Dhana Rivera Gilbert

MELHOR FILME PARA TV OU MINISSÉRIE
Black Mirror (4ª temporada)
Produtores: Annabel Jones, Charlie Brooker

 

MELHOR PROGRAMA DE NÃO-FICÇÃO
Leah Remini: Scientology and the Aftermath (1ª e 2ª temporadas)  
Produtores: Leah Remini, Eli Holzman, Aaron Saidman, Myles Reiff, Adam Saltzberg, Erin Gamble, Lisa Rosen, Grainne Byrne, Taylor Levin, Alex Weresow, Rachelle Mendez

MELHOR PROGRAMA AO VIVO E TALK SHOW
Last Week Tonight with John Oliver (4ªtemporada)
Produtores: John Oliver, Tim Carvell, Liz Stanton

MELHOR PROGRAMA DE COMPETIÇÃO
The Voice (12ª e 13ª temporadas)
Produtores: John de Mol, Mark Burnett, Audrey Morrissey, Lee Metzger, Chad Hines, Amanda Zucker, Kyra Thompson, Jay Bienstock, Stijn Bakkers, Mike Yurchuk, Teddy Valenti, Carson Daly

MELHOR PROGRAMA FORMATO CURTO
Carpool Karaoke (1ª temporada)

 

MELHOR PROGRAMA DE ESPORTES
Real Sports with Bryant Gumbel (23ª temporada) 

MELHOR PROGRAMA INFANTIL
Vila Sésamo (Sesame Street) (47ª temporada)

‘LA LA LAND’ leva 5 prêmios do BAFTA, mas perde 6

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Equipe do musical La La Land, da esquerda para a direita: Tom Cross, Linus Sandgren, Fred Berger, Emma Stone, Justin Hurwitz, Jordan Horowitz, Damien Chazelle e Marc Platt.

ACADEMIA BRITÂNICA BUSCOU SER MAIS GENEROSA COM OUTROS FILMES

Sim, o título está correto. As derrotas do musical La La Land no BAFTA parecem ter causado mais impacto do que suas vitórias em si. Depois de uma temporada repleta de prêmios e com quebra de recordes como os auges no Globo de Ouro, no qual se tornou o primeiro vencedor de sete prêmios, e no próprio Oscar, onde igualou o número recordista de 14 indicações, as expectativas foram às nuvens, e as derrotas aqui podem significar um: “Ei! Temos outras produções muito boas que também merecem reconhecimento”.

Além de La La Land, apenas Lion: Uma Jornada Para Casa e Manchester à Beira-Mar conseguiram vencer em mais de uma categoria. Enquanto o primeiro levou Ator Coadjuvante e Roteiro Adaptado, o segundo conquistou Ator e Roteiro Original. Contando todas as categorias, a Academia Britânica premiou 14 produções diferentes. Com um BAFTA cada vez servindo mais de parâmetro para o Oscar, fica a pergunta: Eles vão distribuir as estatuetas como os britânicos ou vão concentrar praticamente tudo em La La Land para possivelmente quebrar o recorde de 11 Oscars vencidos por Ben-Hur, Titanic e O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei?

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Dev Patel posa com seu BAFTA de Ator Coadjuvante por Lion: Uma Jornada Para Casa (pic by digitalspy.com)

Particularmente, não defendo uma vitória tão elástica para o musical de Damien Chazelle, até mesmo porque o número de Oscars conquistados não significa que o filme é necessariamente melhor do que os outros. Claro que La La Land tem seus méritos e merece levar o Oscar de Melhor Filme, mas realmente temos uma boa safra de produções de 2016 que igualmente merecem reconhecimento da Academia americana, mas que são pouco citados em inúmeras matérias da imprensa.

Embora tenha gostado muito do franco-favorito, não ficaria nem um pouco chateado se o Oscar premiasse o western moderno A Qualquer Custo, por exemplo. No mínimo, concederia o Oscar de Roteiro Original (embora considere o roteiro de Kenneth Lonergan – de Manchester à Beira-Mar – mais denso, acredito que o de Taylor Sheridan tenha mais cara de filme). Também destaco a ficção científica A Chegada (que aqui acabou levando apenas o prêmio de Som), Animais Noturnos e Elle. São filmes que se destacaram de 2016, mas que foram pouco reconhecidos.

Acredito que o Oscar pode trilhar um caminho diferente do BAFTA, mas no lugar da generosidade distribuída, estaria a necessidade de calar os críticos da polêmica racial do #OscarSoWhite. Por exemplo, o drama Moonlight, que apesar de ter sido indicado a vários prêmios, pouco se destacou na temporada. Quando teve a chance de decolar, perdeu o SAG de Elenco para Estrelas Além do Tempo. Pode ser que Academia resolva proporcionar essa consagração tardia.

Mas voltando ao BAFTA, como era esperado, La La Land venceu as categorias principais de Filme, Diretor e Atriz (Emma Stone), mas nas categorias mais “técnicas”, levou apenas Fotografia e Trilha Musical, o que significa que existe, sim, competição em muitas das categorias. Até o Último Homem levou Montagem, Jackie levou Figurino, Animais Fantásticos e Onde Habitam levou Direção de Arte e o já citado A Chegada levou Som.

Ainda sobre categorias “abertas”, a disputa por Melhor Ator não está completamente fechada. Embora Casey Affleck esteja bem à frente, vale lembrar duas coisas: Denzel Washington ganhou o SAG, e ele não estava sequer indicado aqui no BAFTA, ou seja, Affleck não bateu Denzel.

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Casey Affleck vence como Ator por Manchester à Beira-Mar (pic by livemint.com)

E na categoria de Ator Coadjuvante, muito se fala de Mahershala Ali pra cá e pra lá, mas a bem da verdade é que ele ganhou apenas o Critics’ Choice e o SAG. E curiosamente, um dos maiores vencedores Aaron Taylor-Johnson ficou de fora do Oscar e também perdeu para Dev Patel no BAFTA. Resumindo, a categoria está uma baguncinha.

Na categoria de Filme Estrangeiro, mesmo com Elle fora da disputa e com o vencedor do Oscar do ano passado, O Filho de Saul, vencendo o BAFTA (tornou-se elegível apenas nesta edição devido à data de lançamento no Reino Unido), o alemão Toni Erdmann continua com as melhores chances no Oscar. Mas enfim, quando não tem filme de Holocausto, a Academia pode surpreender e premiar algum inesperado como Um Homem Chamado Ove, que também concorre em Melhor Maquiagem.

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O filme húngaro O Filho de Saul bate o favorito deste ano Toni Erdmann (pic by Hungary Today)

VENCEDORES DO 70º BAFTA AWARDS:

FILME
La La Land: Cantando Estações
Produtores: Fred Berger, Jordan Horowitz, Marc Platt

DIRETOR
Damien Chazelle (La La Land)

ATOR
Casey Affleck (Manchester à Beira-Mar)

ATRIZ
Emma Stone (La La Land)

ATOR COADJUVANTE
Dev Patel(Lion)

ATRIZ COADJUVANTE
Viola Davis (Um Limite Entre Nós)

ROTEIRO ORIGINAL
Kenneth Lonergan (Manchester à Beira-Mar)

ROTEIRO ADAPTADO
Luke Davies (Lion)

FOTOGRAFIA
Linus Sandgren (La La Land)

MONTAGEM
John Gilbert (Até o Último Homem)

DIREÇÃO DE ARTE
Stuart Craig, Anna Pinnock (Animais Fantásticos e Onde Habitam)

FIGURINO
Madeline Fontaine (Jackie)

MAQUIAGEM E CABELO
J. Roy Helland, Daniel Phillips (Florence: Quem é Essa Mulher?)

TRILHA MUSICAL ORIGINAL
Justin Hurwitz (La La Land)

SOM
Sylvain Bellemare, Claude La Haye, Bernard Gariépy Strobl (A Chegada)

EFEITOS VISUAIS
Mogli: O Menino Lobo

FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
O Filho de Saul, de Lászlò Nemes

DOCUMENTÁRIO
A 13ª Emenda, de Ava DuVernay

LONGA DE ANIMAÇÃO
Kubo e as Cordas Mágicas

FILME BRITÂNICO
Eu, Daniel Blake, de Ken Loach

DIRETOR, ROTEIRISTA OU PRODUTOR BRITÂNICO ESTREANTE
Babak Anvari (Roteirista/Diretor), Emily Leo, Oliver Roskill, Lucan Toh (Produtores) de Sob a Sombra

CURTA DE ANIMAÇÃO BRITÂNICO
A Love Story

CURTA-METRAGEM BRITÂNICO
Home

CONTRIBUIÇÃO BRITÂNICA PARA CINEMA (PREVIAMENTE ANUNCIADO)
Curzon

EE RISING STAR AWARD (VOTADO PELO PÚBLICO)
Tom Holland

BAFTA FELLOWSHIP (PREVIAMENTE ANUNCIADO)
Mel Brooks

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O ator Tom Holland vence o EE Rising Star para talentos em ascensão (pic by Yahoo Movies UK)

***

A cerimônia da 89ª edição do Oscar acontece no dia 26 de fevereiro.

ONDE E QUANDO ACOMPANHAR OS INDICADOS AO OSCAR 2017

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Todos os 9 indicados a Melhor Filme: A Chegada, Cercas, Até o Último Homem, A Qualquer Custo, Estrelas Além do Tempo, La La Land, Lion, Manchester à Beira-Mar e Moonlight (pic by goldderby.com)

PRODUÇÕES INDICADAS AINDA SÃO DESTRATADAS PELAS DISTRIBUIDORAS BRASILEIRAS

Se os únicos filmes que você assistiu até agora foram Rogue One: Uma História Star Wars e Esquadrão Suicida, não se desespere! Você já derrubou 3 indicações! E ainda temos um mês pela frente até o Oscar, que tem data marcada para o dia 26 de fevereiro. Com um pouco de empenho, dá pra conferir pelo menos os filmes mais badalados como o musical La La Land, que equivaleu o recorde com A Malvada (1950) e Titanic (1997) com 14 indicações, e A Chegada, ficção científica moderna que conquistou 8 indicações.

Claro que algumas categorias como Documentário e Filme em Língua Estrangeira são mais difíceis de acompanhar todos os filmes, mas por exemplo, temos o ótimo documentário de Ava DuVernay, A 13ª Emenda, disponível no Netflix, ou seja, nem precisa sair de casa pra conferir.

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À direita, a diretora Ava DuVernay em still do documentário A 13ª Emenda que faz um giro pela história americana para analisar o sistema penitenciário (pic by critic.de)

Obviamente, eu poderia dizer pra todos simplesmente baixarem os torrents de todos os filmes na internet, mas legalmente, não posso recomendar isso. Mas o principal motivo que não recomendo é porque a maioria dos lançamentos não tem arquivos de ótima qualidade (risos). E alguns como La La Land merecem ser vistos numa sala de cinema, mesmo que o ingresso esteja carinho e ainda haja alguns retardados que teimam em conversar e atender o celular durante a sessão. Também tenho pavor de casaizinhos em início de relacionamento, em que o namorado quer impressionar a moça comentando o filme todo, e ela não tem coragem de mandar ele calar a boca!

Enfim, distribuidoras e empresas de cinema, estou fazendo um serviço de utilidade pública e dando um empurrãozinho aqui pra que haja mais espectadores em suas salas. Por favor, vamos colaborar e colocar esses filmes em cartaz o quanto antes! Particularmente, recomendo as salas do Espaço Itaú de Cinema, localizadas nos shoppings Bourbon Pompéia e Frei Caneca, e na rua Augusta, por apresentarem diversidade e qualidade na programação (os indicados ao Oscar devem preencher as salas), e também vale ressaltar que o público costuma ser um pouco melhor (um pouco), porque apesar de muitos serem da terceira idade, alguns ainda acham que estão vendo o filme na sala da casa deles.

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Corredor das salas do Espaço Itaú de Cinema do Shopping Bourbon Pompéia (pic by apontador.com)

Sim, existem muitas produções que sequer ganharam data de lançamento, mas as indicações, como sempre, ajudam a adiantar todo o processo. São os casos dos dramas Cercas e Loving, que concorrem em categorias principais de atuação. Já outros como o australiano Tanna (concorre como Filme em Língua Estrangeira) e o documentário Jim: The James Foley Story (concorre como Canção Original), não devem estimular as distribuidoras a se mexerem. Para esses filmes esquecidos, ou você espera por lançamentos de DVD ou Blu-ray importados, ou se vira de outras formas, se é que você me entende.

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Joel Edgerton com a indicada ao Oscar Ruth Negga em cena de Loving, ainda sem data de estréia (pic by moviepilot.de)

Só gostaria de fazer um adendo que me esqueci no post sobre as indicações: Meryl Streep fez novamente história ao ser indicada pela 20ª vez. É a atriz mais indicada da história da Academia, e acho quase impossível alguém bater essa marca um dia. Não querendo desmerecer a performance da sra. Streep, mas admito que esta indicação soou meio preguiçosa. Para quem viu Florence Foster Jenkins (prefiro não botar o título horroso brasileiro), sabe que aquela atuação dela foi meio automática, talvez sem muito esforço das habilidades de interpretação.

DISPONÍVEIS EM BLU-RAY/DVD/ON DEMAND

Ave, César! (Hail, Caesar!)
1 indicação: Direção de Arte.

Esquadrão Suicida (Suicide Squad)
1 indicação: Maquiagem.

Florence: Quem é Essa Mulher? (Florence Foster Jenkins)
2 indicações: Atriz (Meryl Streep) e Figurino.

Fogo no Mar (Fuocoammare)
1 indicação: Documentário

Mogli: O Menino Lobo (The Jungle Book)
1 indicação: Efeitos Visuais.

Star Trek: Sem Fronteiras (Star Trek Beyond)
1 indicação: Maquiagem.

Trolls (Trolls)
1 indicação: Canção Original (“Can’t Stop the Feeling”)

Zootopia (Zootopia)
1 indicação: Animação

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Cena da animação da Disney, Zootopia (pic by moviepilot.de)

DISPONÍVEL NO NETFLIX

A 13ª Emenda (The 13th)
1 indicação: Documentário

FILMES EM CARTAZ NOS CINEMAS – com base na programação de São Paulo

Animais Fantásticos e Onde Habitam (Fantastic Beasts and Where to Find Them)
2 indicações: Direção de Arte e Figurino.

Animais Noturnos (Nocturnal Animals)
1 indicação: Ator Coadjuvante (Michael Shannon)

O Apartamento (Forushande)
1 indicação: Filme em Língua Estrangeira.

Até o Último Homem (Hacksaw Ridge)
6 indicações: Filme, Diretor (Mel Gibson), Ator (Andrew Garfield), Montagem, Som e Efeitos Sonoros.

Capitão Fantástico (Captain Fantastic)
1 indicação: Ator (Viggo Mortensen)

A Chegada (Arrival)
8 indicações: Filme, Diretor (Denis Villeneuve), Roteiro Adaptado, Fotografia, Montagem, Direção de Arte, Som e Efeitos Sonoros.

Doutor Estranho (Doctor Strange)
1 indicação: Efeitos Visuais.

Elle (Elle)
1 indicação: Atriz (Isabelle Huppert)

La La Land: Cantando Estações (La La Land)
14 indicações: Filme, Diretor (Damien Chazelle), Ator (Ryan Gosling), Atriz (Emma Stone), Roteiro Original, Fotografia, Montagem, Direção de Arte, Figurino, Trilha Musical Original, Canção Original (“Audition (The Fools Who Dream)”), Canção Original (“City of Stars”), Som e Efeitos Sonoros.

Manchester à Beira-Mar (Manchester by the Sea)
6 indicações: Filme, Diretor (Kenneth Lonergan), Ator (Casey Affleck), Ator Coadjuvante (Lucas Hedges), Atriz Coadjuvante (Michelle Williams) e Roteiro Original.

Moana: Um Mar de Aventuras (Moana)
2 indicações: Canção Original (“How Far I’ll Go”) e Animação.

Passageiros (Passengers)
2 indicações: Direção de Arte e Trilha Musical Original.

Rogue One: Uma História Star Wars (Rogue One: A Star Wars Story)
2 indicações: Som e Efeitos Visuais.

Sully: O Herói do Rio Hudson (Sully)
1 indicação: Efeitos Sonoros.

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Felicity Jones e Diego Luna em cena de Rogue One: Uma História Star Wars (pic by moviepilot.de)

PREVISÃO DE ESTRÉIA – Datas previstas para São Paulo, que podem sofrer alterações de acordo com as distribuidoras

02/02: A Qualquer Custo (Hell or High Water)
4 indicações: Filme, Ator Coadjuvante (Jeff Bridges), Roteiro Original e Montagem.

02/02: Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures)
3 indicações: Filme, Atriz Coadjuvante (Octavia Spencer) e Roteiro Adaptado.

02/02: Jackie (Jackie)
3 indicações: Atriz (Natalie Portman), Figurino e Trilha Musical Original.

02/02: Minha Vida de Abobrinha (Ma Vie de Courgette)
1 indicação: Animação.

09/02: Silêncio (Silence)
1 indicação: Fotografia.

16/02: Lion: Uma Jornada Para Casa (Lion)
6 indicações: Filme, Ator Coadjuvante (Dev Patel), Atriz Coadjuvante (Nicole Kidman), Roteiro Adaptado, Fotografia e Trilha Musical Original.

16/02: 13 Horas: Os Soldados Secretos do Benghazi (13 Hours)
1 indicação: Som.

23/02: Moonlight: Sob a Luz do Luar
8 indicações: Filme, Diretor (Barry Jenkins), Ator Coadjuvante (Mahershala Ali), Atriz Coadjuvante (Naomie Harris), Roteiro Adaptado, Fotografia, Montagem e Trilha Musical Original.

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Dev Patel em cena de Lion: Uma Jornada Para Casa (pic by moviepilot.de)

FORA DE CARTAZ E AGUARDANDO LANÇAMENTO EM BLU-RAY/DVD

Horizonte Profundo: Desastre no Golfo (Deepwater Horizon)
2 indicações: Efeitos Visuais e Efeitos Sonoros.

Kubo e as Cordas Mágicas (Kubo ans the Two Strings)
2 indicações: Efeitos Visuais e Animação.

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Kurt Russell e Mark Wahlberg em cena de Horizonte Profundo, que conquistou as indicações de Efeitos Visuais e Sonoros (pic by moviepilot.de)

SEM PREVISÃO DE ESTRÉIA (*cof! cof!* Mas pra isso existe a internet…)

Aliados (Allied)
1 indicação: Figurino.

Cercas (Fences)
4 indicações: Filme, Ator (Denzel Washington), Atriz Coadjuvante (Viola Davis) e Roteiro Adaptado.

Um Homem Chamado Ove (En man som heter Ove)
2 indicações: Maquiagem e Filme em Língua Estrangeira.

I Am Not Your Negro
1 indicação: Documentário

Jim: The James Foley Story
1 indicação: Canção Original (“The Empty Chair”)

O Lagosta (The Lobster)
1 indicação: Roteiro Original.

Life, Animated
1 indicação: Documentário.

Loving
1 indicação: Atriz (Ruth Negga)

O.J.: Made in America
1 indicação: Documentário

Tanna
1 indicação: Filme em Língua Estrangeira.

A Tartaruga Vermelha (Le Tortue Rouge)
1 indicação: Animação.

Terra de Minas (Under Sandet)
1 indicação: Filme em Língua Estrangeira.

Toni Erdmann
1 indicação: Filme em Língua Estrangeira.

20th Century Women
1 indicação: Roteiro Original.

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Rachel Weisz e Colin Farrell formam casal no futurista O Lagosta (pic by moviepilot.de)

***

A cerimônia da 89ª edição do Oscar será no dia 26 de fevereiro, e transmitida pelo canal pago TNT. Fiquem atentos pra quem costuma acompanhar pela Globo, porque a emissora deve priorizar o Carnaval.

Com 11 indicações, ‘LA LA LAND’ também lidera o BAFTA 2017

Cena do filme britânico Eu, Daniel Blake, com Hayley Squire ao centro. Ela foi indicada como Atriz Coadjuvante (pic by moviepilot.de)

Cena do filme britânico Eu, Daniel Blake, com Hayley Squires ao centro. Ela foi indicada como Atriz Coadjuvante (pic by moviepilot.de)

APÓS VITÓRIA RECORDISTA NO GLOBO DE OURO, MUSICAL PODE ALCANÇAR NOVOS FEITOS EM PRÊMIO DA ACADEMIA BRITÂNICA

Nos últimos anos, o prêmio da Academia Britânica, BAFTA, deixou ser aquele mérito fechado no Reino Unido pra se tornar um ótimo parâmetro para o Oscar. Claro que existem as disparidades (nos últimos dois anos, elegeram O Regresso e Boyhood), mas certamente o Oscar está de olho nos indicados da terra da Rainha, tanto que quem estiver fora do BAFTA, tem suas chances consideravelmente reduzidas.

Sim, infelizmente, sob essa lógica, a grande Isabelle Huppert teve suas chances de vitória no Oscar de Atriz bem reduzidas com sua ausência aqui. Tudo graças ao atraso no lançamento de Elle no Reino Unido, agendado para março, o que o desqualificou para esta temporada. Claro que ela tem totais chances de indicação ao Oscar (que seria sua primeira), mas ganhar será mais difícil… Na sua ausência forçada, preencheram sua vaga com Emily Blunt por A Garota no Trem, fato que já tinha acontecido no SAG Awards.

Sophie Turner e Dominic Cooper anunciam as indicações em nove categorias (canal BAFTA no YouTube)

Bom, quanto aos números dessas indicações, temos La La Land liderando com 11 indicações, seguido por A Chegada e Animais Noturnos com nove indicações cada. Esse reconhecimento impulsiona bastante as campanhas desses dois filmes rumo ao Oscar, podendo acarretar nas inclusões de Denis Villeneuve e Tom Ford na categoria de Diretor. Ambos andavam meio esquecidos das premiações, mas mereciam mais reconhecimento por trabalhos tão diferentes da maioria.

O diretor Denis Villeneuve passa instruções para Amy Adams em set de A Chegada (pic by moviepilot.de)

O diretor Denis Villeneuve passa instruções para Amy Adams em set de A Chegada (pic by moviepilot.de)

Se por um lado, alguns ganham, outros perdem com o BAFTA. O drama independente Moonlight: Sob a Luz do Luar contou com apenas quatro indicações: Filme, Roteiro Original, Atriz Coadjuvante (Naomie Harris) e Ator Coadjuvante (Mahershala Ali). Seu diretor Barry Jenkins, que era outrora uma unanimidade na categoria, foi lembrado aqui apenas pelo roteiro. Havia uma forte expectativa de que ele seria o primeiro diretor negro a vencer o Oscar, mas com essa ausência e sua recém derrota no Globo de Ouro para Damien Chazelle, passo a ter minhas dúvidas.

Pra piorar sua situação, Moonlight, considerado um dos favoritos da temporada, perdeu em número de indicações até mesmo para Animais Fantásticos e Onde Habitam, Até o Último Homem, Lion: Uma Jornada Para Casa e Eu, Daniel Blake, todos receberam cinco indicações.

Aliás, o filme britânico Eu, Daniel Blake foi a maior surpresa desta edição. Vencedor da Palma de Ouro no último Festival de Cannes, o novo filme de Ken Loach foi bem valorizado ao ser reconhecido nas categorias de Filme, Filme Britânico, Diretor, Roteiro Original e Atriz Coadjuvante (Hayley Squires). Acho difícil a Academia indicar Loach como Diretor num ano tão concorrido, mas poderiam incluir o filme na categoria de Roteiro Original.

O diretor Ken Loach, 80 anos, vencedor de duas Palmas de Ouro, recebeu sua segunda indicação de Diretor no BAFTA (pic by moviepilot.de)

O diretor Ken Loach, 80 anos, vencedor de duas Palmas de Ouro, recebeu sua segunda indicação de Diretor no BAFTA (pic by moviepilot.de)

Deadpool, que vinha numa ascendente nas últimas semanas, acabou de fora do BAFTA. Nada. Nem uma indicaçãozinha de Melhor Maquiagem. Outros que ficaram de mãos abanando foram Sully: O Herói do Rio Hudson e Silêncio, o que praticamente enterra do filme de Scorsese para o Oscar. Claro que é complicado julgar sem ter visto o filme, mas é uma pena porque se trata de um projeto pessoal de longa data do diretor americano. Será que ele errou tão feio assim?

Quando falavam da corrida de Melhor Ator, dois nomes eram considerados certeza: Casey Affleck e Denzel Washington. Bom, agora Denzel perdeu a cadeira. A Academia Britânica preferiu indicar Jake Gyllenhaal por Animais Noturnos. Curiosamente, (isso nem eu me dei conta!) Denzel Washington nunca foi indicado para o BAFTA, mesmo com seis indicações e duas vitórias no Oscar. Particularmente, também não considero Washington um dos melhores atores, mas não posso falar antes de checar sua performance em Cercas, filme que ele também foi diretor. Já Gyllenhaal, apesar de ser um ator em ascensão, não acho um de seus melhores trabalhos, mas entendo sua inclusão. Ele faz dois personagens na adaptação de Tom Ford e isso deve ter lhe dado crédito para a indicação.

Jake Gyllenhaal em cena de Animais Noturnos, segundo filme sob a direção de Tom Ford (photo by cine.gr)

Jake Gyllenhaal em cena de Animais Noturnos: conquista sua terceira indicação ao BAFTA (photo by cine.gr)

***

EE RISING STAR AWARD

E nesta edição, o prêmio de revelação selecionou os atores: Anya Taylor-Joy (A Bruxa), Laia Costa (Victoria), Lucas Hedges (Manchester à Beira-Mar), Ruth Negga (Loving) e Tom Holland (Capitão América: Guerra Civil e Homem-Aranha: De Volta ao Lar). O voto é popular nas terras britânicas, e qualquer um que ganhar, acredito que será bem merecido. Mas se eu pudesse votar, elegeria Lucas Hedges. Apesar de não ter visto Manchester à Beira-Mar ainda, li boas críticas sobre a atuação dele, e lembrando que a última vez que o diretor Kenneth Lonergan revelou um ator, este foi Mark Ruffalo pelo ótimo Conte Comigo (2000).logo_master-bafta

INDICADOS AO BAFTA

MELHOR FILME
* A Chegada (Arrival) – Produtores: Dan Levine, Shawn Levy, David Linde, Aaron Ryder
* Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake) – Produtora: Rebecca O’Brien
* La La Land: Cantando Estações (La La Land) – Produtores: Fred Berger, Jordan Horowitz, Marc Platt
* Manchester à Beira-Mar (Manchester by the Sea) – Produtores: Lauren Beck, Matt Damon, Chris Moore, Kimberly Steward, Kevin J. Walsh
* Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight) – Produtores: Dede Gardner, Jeremy Kleiner, Adele Romanski

DIRETOR
* Denis Villeneuve (A Chegada)
* Ken Loach (Eu, Daniel Blake)
* Damien Chazelle (La La Land: Cantando Estações)
* Kenneth Lonergan (Manchester à Beira-Mar)
* Tom Ford (Animais Noturnos)

ROTEIRO ORIGINAL
* Taylor Sheridan (A Qualquer Custo)
* Paul Laverty (Eu, Daniel Blake)
* Damien Chazelle (La La Land)
* Kenneth Lonergan (Manchester à Beira-Mar)
* Barry Jenkins (Moonlight)

ROTEIRO ADAPTADO
* Eric Heisserer (A Chegada)
* Robert Schenkkan, Andrew Knight (Até o Último Homem)
* Theodore Melfi, Allison Schroeder (Estrelas Além do Tempo)
* Luke Davies (Lion: Uma Jornada Para Casa)
* Tom Ford (Animais Noturnos)

ATOR
Andrew Garfield (Até o Último Homem)
Casey Affleck  (Manchester à Beira-Mar)
Jake Gyllenhaal (Animais Noturnos)
Ryan Gosling (La La Land: Cantando Estações)
Viggo Mortensen (Capitão Fantástico)

ATRIZ
Amy Adams (A Chegada)
Emily Blunt (A Garota no Trem)
Emma Stone (La La Land: Cantando Estações)
Meryl Streep (Florence: Quem é Essa Mulher?)
Natalie Portman (Jackie)

ATOR COADJUVANTE
Aaron Taylor-Johnson (Animais Noturnos)
Dev Patel (Lion: Uma Jornada Para Casa)
Hugh Grant (Florence: Quem é Essa Mulher?)
Jeff Bridges (A Qualquer Custo)
Mahershala Ali (Moonlight: Sob a Luz do Luar)

ATRIZ COADJUVANTE
Hayley Squires (Eu, Daniel Blake)
Michelle Williams (Manchester à Beira-Mar)
Naomie Harris (Moonlight: Sob a Luz do Luar)
Nicole Kidman (Lion: Uma Jornada Para Casa)
Viola Davis (Cercas)

FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
* Dheepan: O Refúgio – Jacques Audiard, Pascal Caucheteux
* Julieta – Pedro Almodóvar
* Cinco Graças – Deniz Gamze Ergüven, Charles Gillibert
* O Filho de Saul – László Nemes, Gábor Sipos
* Toni Erdmann – Maren Ade, Janine Jackowski

DOCUMENTÁRIO
* A 13ª Emenda – Ava Duvernay
* The Beatles: Eight Days A Week – The Touring Years – Ron Howard
* The Eagle Huntress – Otto Bell, Stacey Reiss
* Notes on Blindness – Peter Middleton, James Spinney
* Weiner – Josh Kriegman, Elyse Steinberg

LONGA DE ANIMAÇÃO
* Procurando Dory – Dir: Andrew Stanton
* Kubo e as Cordas Mágicas – Dir: Travis Knight
* Moana: Um Mar de Aventuras – Dir: Ron Clements, John Musker
* Zootopia – Dir: Byron Howard, Rich Moore

TRILHA MUSICAL ORIGINAL
* Jóhann Jóhannsson (A Chegada)
* Mica Levi  (Jackie)
* Justin Hurwitz (La La Land: Cantando Estações)
* Dustin O’halloran, Hauschka (Lion: Uma Jornada Para Casa)
* Abel Korzeniowski (Animais Noturnos)

FOTOGRAFIA
* Bradford Young (A Chegada)
* Giles Nuttgens (A Qualquer Custo)
* Linus Sandgren (La La Land: Cantando Estações)
* Greig Fraser (Lion: Uma Jornada Para Casa)
* Seamus Mcgarvey (Animais Noturnos)

MONTAGEM
* Joe Walker (A Chegada)
* John Gilbert (Até o Último Homem)
* Tom Cross (La La Land: Cantando Estações)
* Jennifer Lame (Manchester à Beira-Mar)
* Joan Sobel (Animais Noturnos)

DIREÇÃO DE ARTE
* John Bush, Charles Wood (Doutor Estranho)
* Stuart Craig, Anna Pinnock (Animais Fantásticos e Onde Habitam)
* Jess Gonchor, Nancy Haigh (Ave, César!)
* Sandy Reynolds-Wasco, David Wasco (La La Land: Cantando Estações)
* Shane Valentino, Meg Everist (Animais Noturnos)

FIGURINO
* Joanna Johnston (Aliados)
* Colleen Atwood (Animais Fantásticos e Onde Habitam)
* Consolata Boyle (Florence: Quem é Essa Mulher?)
* Madeline Fontaine (Jackie)
* Mary Zophres (La La Land: Cantando Estações)

MAQUIAGEM E CABELO
* Jeremy Woodhead (Doutor Estranho)
* J. Roy Helland, Daniel Phillips (Florence: Quem é Essa Mulher?)
* Shane Thomas (Até o Último Homem)
* Donald Mowat, Yolanda Toussieng (Animais Noturnos)
* Rogue One: Uma História Star Wars

SOM
* Claude La Haye, Bernard Gariépy Strobl, Sylvain Bellemare (A Chegada)
* Mike Prestwood Smith, Dror Mohar, Wylie Stateman, David Wyman (Horizonte Profundo: Desastre no Golfo)
* Niv Adiri, Glenn Freemantle, Simon Hayes, Andy Nelson, Ian Tapp (Animais Fantásticos e Onde Habitam)
* Peter Grace, Robert Mackenzie, Kevin O’Connell, Andy Wright (Até o Último Homem)
* Mildred Iatrou Morgan, Ai-Ling Lee, Steve A. Morrow, Andy Nelson (La La Land: Cantando Estações)

EFEITOS VISUAIS
* Louis Morin (A Chegada)
* Richard Bluff, Stephane Ceretti, Paul Corbould, Jonathan Fawkner (Doutor Estranho)
* Tim Burke, Pablo Grillo, Christian Manz, David Watkins (Animais Fantásticos e Onde Habitam)
* Robert Legato, Dan Lemmon, Andrew R. Jones, Adam Valdez (Mogli: O Menino Lobo)
* Neil Corbould, Hal Hickel, Mohen Leo, John Knoll, Nigel Sumner (Rogue One: Uma História Star Wars)

FILME BRITÂNICO
* American Honey – Produtores: Andrea Arnold, Lars Knudsen, Pouya Shahbazian, Jay Van Hoy
* Negação (Denial) – Produtores: Mick Jackson, Gary Foster, Russ Krasnoff, David Hare
* Animais Fantásticos e Onde Habitam (Fantastic Beast and Where to Find Them) – Produtores: David Yates, J.K. Rowling, David Heyman, Steve Kloves, Lionel Wigram (Animais Fantásticos e Onde Habitam)
* Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake) – Produtores: Ken Loach, Rebecca O’Brien, Paul Laverty
* Notes on Blindness – Produtores: Peter Middleton, James Spinney, Mike Brett, Jo-Jo Ellison, Steve Jamison
* Sob a Sombra (Under the Shadow) – Produtores: Babak Anvari, Emily Leo, Oliver Roskill, Lucan Toh

ESTRÉIA DE ROTEIRISTA, DIRETOR OU PRODUTOR BRITÂNICO
* The Girl With All the Gifts – Mike Carey (Roteirista), Camille Gatin (Produtor)
* The Hard Stop – George Amponsah (Roteirista/Diretor/Produtor), Dionne Walker (Roteirista/Produtor)
* Notes on Blindness – Peter Middleton (Roteirista/Diretor/Produtor), James Spinney (Roteirista/Diretor), Jo-Jo Ellison (Produtor)
* The Pass – John Donnelly (Roteirista), Ben A. Williams (Diretor)
* Sob a Sombra (Under the Shadow) – Babak Anvari (Roteirista/Diretor), Emily Leo, Oliver Roskill, Lucan Toh (Produtores)

CURTA DE ANIMAÇÃO BRITÂNICO
* The Alan Dimension – Jac Clinch, Jonathan Harbottle, Millie Marsh
* A Love Story – Khaled Gad, Anushka Kishani Naanayakkara, Elena Ruscombe-King
* Tough – Jennifer Zheng

CURTA-METRAGEM BRITÂNICO
* Consumed – Richard John Seymour
* Home – Shpat Deda, Afolabi Kuti, Daniel Mulloy, Scott O’Donnell
* Mouth of Hell – Bart Gavigan, Samir Mehanovic, Ailie Smith, Michael Wilson
* The Party – Farah Abushwesha, Emmet Fleming, Andrea Harkin, Conor Macneill
* Standby – Charlotte Regan, Jack Hannon

EE RISING STAR AWARD (Voto do público)
Anya Taylor-Joy
Laia Costa
Lucas Hedges
Ruth Negga
Tom Holland

Indicados ao EE Rising Star Award. pic by metro.co.uk

Indicados ao EE Rising Star Award. pic by metro.co.uk

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A cerimônia do BAFTA ocorre no dia 12 de fevereiro.

Governors Awards ou Campanha para o Oscar?

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Os homenageados no Governors Awards deste ano, da esquerda pra direita: Jackie Chan, Frederick Wiseman, Anne V. Coates e Lynn Stalmaster (photo by scmp.com)

EVENTO SE TORNOU CHAMARIZ PARA CAMPANHA PARA O OSCAR

Nesse último fim-de-semana, aconteceu o Governors Awards, que tem como único objetivo a realização das homenagens aos vencedores do Oscar Honorário, que este ano foram Jackie Chan, Anne V. Coates, Frederick Wiseman e Lynn Stalmaster. Certo? Bem… não necessariamente. Desde a criação dessa festa separada da cerimônia do Oscar há sete anos, o evento passou a ser palco de campanhas descaradas de filmes e atores, já que acontece em novembro, início da temporada de premiações.

Embora os homenageados recebam o Oscar Honorário das mãos de artistas com quem eles já trabalharam anteriormente, na platéia vimos muitos dos nomes que estão nas listas de previsões do Oscar 2017 (veja Preview completo: Previsões Oscar 2017!). Só para citar alguns: Warren Beatty, Annette Bening (promovendo Rules Don’t Apply), Nicole Kidman, Dev Patel (Lion), Mark Wahlberg (Horizonte Profundo: Desastre no Golfo), Jeff Bridges (Hell or High Water), Ava DuVernay (o documentário The 13th), Andrew Garfield (Até o Último Homem) e Emma Stone (La La Land: Cantando Estações).

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Da esquerda para direita: Dev Patel, Priyanka Bose, Sunny Pawar e Nicole Kidman fazem campanha no Governors Awards pelo filme Lion (photo by facebook.com/theacademy)

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Equipe do filme Loving, da esquerda pra direita: o diretor Jeff Nichols, Ruth Negga e Joel Edgerton (photo by facebook.com/theacademy)

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O diretor Mike Mills com Annette Bening e Greta Gerwig fazem campanha por 20th Century Women no Governors Awards (photo by facebook.com/theacademy)

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À esquerda, a presidente Cheryl Boone Isaacs posa com Amy Adams (que promove A Chegada e Animais Noturnos), Octavia Spencer e Taraji P. Henson (que promovem Estrelas Além do Tempo) e Viola Davis (que promove Fences). Photo by facebook.com/theacademy)

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Ben Foster e Chris Pine marcaram presença para promover o drama Hell or High Water (photo by facebook.com/theacademy)

Se isso soa antiético ou, no mínimo, incoerente, fica aberto à interpretação de cada um, mas o fato é que a Academia divulgou novas regras anti-campanha há poucas semanas junto aos grandes estúdios. Só para citar um trecho desse documento: “Membros da Academia não podem ser convidados ou comparecer em qualquer evento em que não haja projeção de filmes, festas ou jantares que são promovidos para indevidamente influenciar membros ou minar a integridade de seu voto.” E aí eu pergunto: E o Governors Awards? Não estaria suscetível a esse regulamento também?

O jornalista Kristopher Tapley da Variety deu uma boa sugestão: “Se a Academia realmente estiver empenhada contra campanhas, o que a impede de migrar o Governors Awards para Junho ou Julho?”. Mas ele mesmo responde com uma questão: “Se mudassem o calendário, as estrelas do momento iriam ao evento?”. Correriam sério risco do evento ficar às moscas e parecer aquelas reuniões de condomínio sem sorteio de vagas de garagem: ninguém vai. Portanto, querendo ou não, existe uma troca implícita e amistosa de promoção do evento por espaço para campanhas.

Por mais que a atual presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs, esteja repleta de boas intenções (este ano, ela convidou inúmeros novos membros da Academia: negros, asiáticos, latinos e internacionais para tentar acabar com o #OscarSoWhite), essa proibição de campanhas pode estar fadada ao fracasso, pois esse sistema hollywoodiano funciona desde a década de 60. Seria necessário um amplo estudo junto aos estúdios para que a promoção seja feita de forma legal e com regras que coibam benefícios e presentes (gift bags) para os votantes.

Particularmente, eu liberaria as campanhas no Governors Awards, inclusive com tempo específico para isso, contato que seja depois do momento dos homenageados do ano, para que não haja riscos das estrelas abandonarem a festa depois da campanha. Não acredito que esse contato dos artistas com votantes e a mídia altere drasticamente a votação. Se o votante não gostou de um filme ou de uma performance, não é com sorrisos e coquetéis numa festa que a opinião dele vai mudar. Pelo menos, não deveria…

***

Ainda sobre o Governors Awards, fiquei extremamente feliz pela honraria concedida a Jackie Chan. Acompanhei seus filmes desde minha pré-adolescência, quando alugava seus VHSs com meu irmão na locadora. Aquela sua coreografia de artes marciais fazia meus olhos brilharem, seus erros de gravação nos créditos finais de cada filme eram muito aguardados, e acima de tudo, seu carisma era ímpar independente de qual personagem interpretasse. Eu tinha vários favoritos dele, mas adorava um em especial: Operação Condor – Um Kickboxer Muito Louco (1991), que vi incontáveis vezes no SBT. Esse filme tem tudo: ação, comédia, aventura, suspense, drama, porradaria! Quem conhece sabe do que estou falando!

Vê-lo discursar com seu Oscar em mãos foi uma satisfação pra mim, e tenho certeza de que foi também para cada espectador de seus filmes e de filmes de artes marciais em geral, esse gênero tão subvalorizado. Com todo respeito aos demais homenageados da noite (adoro os trabalhos de montagem de Anne V. Coates), mas achei excepcional a escolha de Jackie. Embora seja conservadora, a Academia tem sempre buscado tirar essa imagem e ampliar seu reconhecimento cinematográfico. E isso é de tirar o chapéu!

Veja o discurso de agradecimento de Jackie Chan abaixo:

***

As indicações serão divulgadas no dia 24 de janeiro e a cerimônia do Oscar 2017 será no dia 26 de fevereiro.

‘Birdman’ e ‘O Grande Hotel Budapeste’ lideram indicações ao Oscar 2015!

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OS NÚMEROS DO OSCAR 2015

Os recordistas em indicações desta 87ª edição do Oscar são Birdman e O Grande Hotel Budapeste, ambos com nove cada. Ao contrário do que vinha acontecendo nos anos anteriores em que a Academia indicava 9 produções, este ano decidiu preencher apenas 8 vagas das 10 disponíveis. Curiosamente, o filme sobre Direitos Civis, Selma, conquistou apenas a indicação de Filme e de Canção Original. Por outro lado, o mega-ascendente Sniper Americano coletou um total de 6 indicações, mas seu diretor Clint Eastwood não foi incluso na categoria de Direção, enfraquecendo bastante as chances de vitória da produção como Melhor Filme. Enquanto que Foxcatcher conseguiu a proeza de resgatar Bennett Miller pra Melhor Diretor (pra muitos ele já era considerado carta fora do baralho), mas falhou na indicação a Melhor Filme! Pô, não poderiam ter indicado o filme também e ocupado a nona vaga?

Michael Keaton e Emma Stone em cena de Birdman: ambos foram indicados para ator e atriz coadjuvante. (photo by outnow.ch)

Michael Keaton e Emma Stone em cena de Birdman: ambos foram indicados para ator e atriz coadjuvante. (photo by outnow.ch)

Apesar de contar apenas com 6 indicações, Boyhood ainda permanece como um dos grandes favoritos a conquistar o Oscar de Filme e Direção. Também não dá pra descartar as oito indicações de O Jogo da Imitação, ainda mais que seu diretor Morten Tyldum foi indicado a Diretor.

Vale sempre ressaltar que Meryl Streep está de volta! Ela é a super-recordista em termos de indicações no Oscar das categorias de atuação, pois esta é sua 19ª indicação. Ela concorre como coadjuvante por Caminhos da Floresta, mas não é a favorita.

Meryl Streep (Caminhos da Floresta) - photo by elfilm.com

19ª indicação ao Oscar: só pode ser Meryl Streep (Caminhos da Floresta) – photo by elfilm.com

ANÚNCIO DOS INDICADOS

Pra quem não conseguiu acompanhar ao vivo, segue link do YouTube do canal oficial do Oscar:

Pela primeira vez, o anúncio abrangeu todas as 24 categorias e por isso, foi dividido em duas partes. Enquanto os diretores Alfonso Cuarón e J.J. Abrams se encarregaram das categorias mais técnicas, o ator Chris Pine e a presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs, encarregaram-se das categorias principais.

SURPRESAS

Com a ascensão de Sniper Americano, não seria uma mega-surpresa ver o nome de Bradley Cooper na categoria de Ator. Sinceramente, acho que fiquei mais surpreso ao ver a exclusão de Clint Eastwood como Diretor do que a inclusão de Cooper como Ator. Bom, a Academia adora Bradley, tanto que esta é sua terceira indicação consecutiva! Ele concorreu por O Lado Bom da Vida e Trapaça, ambos sob direção de David O. Russell. Muitos críticos afirmam que este é seu melhor trabalho, pois foi o papel que mais exigiu transformação física e psicológica por parte do ator.

Novo filme de Clint Eastwood, Sniper Americano, consegue adentrar na festa da PGA (photo by outnow.ch)

Bradley Cooper por Sniper Americano (photo by outnow.ch)

Fiquei bastante feliz pela inclusão de Marion Cotillard como Melhor Atriz. Ela recebe sua segunda indicação, e a primeira depois de sua vitória em 2008 por Piaf – Um Hino ao Amor, sob direção dos irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, figuras frequentes no Festival de Cannes. Havia forte possibilidade também de ela ser indicada pela interpretação em O Imigrante, de James Gray. A sua inclusão também me agradou pela consequente exclusão de Jennifer Aniston (Cake: Uma Razão Para Viver), que vinha sendo indicada para os principais prêmios como SAG e Globo de Ouro.

Marion Cotillard (Dois Dias, Uma Noite) - photo by outnow.ch

Marion Cotillard (Dois Dias, Uma Noite) – photo by outnow.ch

Apesar de ainda não ter conferido O Ano Mais Violento, novo trabalho da atriz Jessica Chastain, não gostei da sua exclusão para dar lugar à Laura Dern (Livre). Assisti a Livre na última Mostra de Cinema de SP e achei seu papel muito ralo e de importância mais simbólica para a protagonista vivida por Reese Whitherspoon. Havia possibilidade de Rene Russo ser indicada como coadjuvante também, o que me agradaria mais do que Dern, mas a Academia preferiu a formação de dupla indicação para as atrizes de Livre, talvez pelo sucesso de Clube de Compras Dallas do mesmo diretor Jean-Marc Vallée.

Como já citado anteriormente, a inclusão de Bennett Miller foi uma surpresa também, pois depois que ele ganhou o prêmio de Direção no último Festival de Cannes, em maio de 2014, ele pouco frequentou as listas de Melhor Diretor da temporada. Esta é sua segunda indicação ao Oscar – foi indicado por Capote em 2006 – mas como seu filme, Foxcatcher, não foi indicado a Melhor Filme, tem poucas chances de conquistar a estatueta, talvez até menores do que o mais desconhecido norueguês Morten Tyldum, pois O Jogo da Imitação está entre os Melhores Filmes.

Bennett Miller (Foxcatcher)

Bennett Miller (Foxcatcher)

Bacana também lembrar que o documentário sobre o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, O Sal da Terra, foi indicado. Dirigido pelo veterano Wim Wenders com a colaboração do filho de Sebastião, Juliano Ribeiro Salgado, o documentário terá forte concorrência com o favorito CitizenFour (sobre Edward Snowden) e A Fotografia Oculta de Vivian Maier.

Wim Wenders com o fotógrafo Sebastião Salgado (photo by outnow.ch)

Wim Wenders com o fotógrafo Sebastião Salgado (photo by outnow.ch)

Não que se trate exatamente de uma surpresa, mas adorei a indicação do argentino Relatos Selvagens como Melhor Filme em Língua Estrangeira. Apesar do franco-favoritismo do polonês Ida e do russo Leviatã, a presença do argentino representa o cinema latino, e muito bem. Para quem ainda não viu, Relatos Selvagens permanece em cartaz em algumas salas aqui em São Paulo. Imperdível. Particularmente, entre os indicados, considero o russo Leviatã o melhor filme por melhor captar o espírito da Rússia atual de Vladimir Putin de forma inteligente.

Também cito aqui a dupla indicação merecida de Alexandre Desplat na categoria de Trilha Musical Original. Ele concorre por O Grande Hotel Budapeste e O Jogo da Imitação. Estas são suas sétima e oitava indicações ao Oscar sem vitória até o momento. Será que finalmente vai chegar a vez de Desplat? A última vez que um compositor foi indicado por dois filmes no mesmo ano foi em 2006, com John Williams concorrendo por Memórias de uma Gueixa e Munique. Ele perdeu para Gustavo Santaolalla por O Segredo de Brokeback Mountain, ou seja, não é garantia de nada…

AUSÊNCIAS

Acho que se fosse para nomear apenas uma ausência marcante, esta seria a de Jake Gyllenhaal por O Abutre. Tudo bem que o filme é sombrio demais para alguns membros votantes da Academia mais conservadores, mas é inegável o esforço do ator para se transformar nesse paparazzi de tragédias. Como atores que perdem peso costumam ser indicados e até ganhar o Oscar (vide Matthew McConaughey ano passado), acreditava-se que Jake iria tirar de letra esta sua segunda indicação. Felizmente, como prêmio de consolo, seu diretor Dan Gilroy, recebeu sua indicação para Melhor Roteiro Original, mas acho muito pouco para um dos filmes mais comentados de 2014.

Jake Gyllenhaal (O Abutre) - photo by outnow.ch

Jake Gyllenhaal (O Abutre) – photo by outnow.ch

A animação Uma Aventura Lego estava ganhando quase todos os prêmios, exceto o Globo de Ouro, que acabou nas mãos de Como Treinar o seu Dragão 2, então era praticamente certeza sua indicação na categoria. Não foi o que aconteceu e o filme ficou apenas com uma indicação para Melhor Canção Original. Para minha alegria e dos amantes do cinema 2D e nipônico, O Conto da Princesa Kaguya conseguiu seu lugar ao sol, comprovando que a categoria tem forte influência internacional desde seu segundo ano, quando A Viagem de Chihiro ganhou o Oscar. Inconformado com a exclusão de Uma Aventura lego, o diretor Phil Lord postou em seu twitter:

A quase total ausência de Selma pode ser considerada uma surpresa, pois apesar de não terem entregue as cópias para os sindicatos, os responsáveis pela campanha não se esqueceram dos membros da Academia. Contudo, há uma polêmica envolvendo erros históricos envolvendo o então presidente Lyndon B. Johnson, que certamente prejudicou a escalada do filme no Oscar. Resultado final: 2 indicações – Filme e Canção Original. Campanha pífia. Sua diretora Ava DuVernay, que tinha chances de ser tornar a primeira mulher negra na categoria, e o ator David Oyelowo foram ignorados no anúncio dos indicados. Acredito que Selma só conseguiu a indicação de Melhor Filme pela força e influência de Oprah Winfrey, que é produtora do longa.

Mal as indicações saíram do forno e já estou vendo algumas manifestações na internet de racismo e falta de diversidade por parte da Academia, como as de Brent Lang (http://variety.com/2015/film/news/oscar-nomination-selma-snub-diversity-1201405804/). Só porque os membros decidiram não votar para a diretora Ava DuVernay, muita gente já acredita que se trata de racismo. Peraí! Vamos com calma. Se até Clint Eastwood, que é um dos melhores diretores da atualidade não está na lista, por que DuVernay não pode ficar de fora também? Eu tinha postado aqui anteriormente que achava que a Academia não perderia a oportunidade de fazer história ao indicar a primeira afro-americana na categoria de Direção, mas se não foi desta vez, e ela manter o bom trabalho, tenho certeza de que ela será reconhecida dentro de poucos anos. O fato de David Oyelowo não estar na lista também não indica racismo; talvez os votantes não gostaram da atuação dele e do sotaque britânico-americanizado dele para viver o líder Martin Luther King. E daí que não houve negros indicados? Não teve nenhum asiático (como o Miyavi por exemplo, por Invencível) e não estou aqui reclamando da minha “cota asiática”. A Academia tem uma história bonita com a raça negra. Como George Clooney ressaltou em seu discurso de agradecimento por Syriana – A Indústria do Petróleo em 2006, a Academia deu o Oscar para Hattie McDaniel por …E o Vento Levou em 1940, quando negros se sentavam nos fundos dos cinemas! Enfim… acho muita tempestade em copo d’água, ainda mais em se tratando de uma Arte, que não enxerga raça, cor, sexo e religião. Aliás, a exclusão de Angelina Jolie (Invencível) como diretora no Oscar caminha na mesma direção. Poxa, é apenas o segundo filme dirigido por ela! Vamos com calma que ela tem muito a evoluir também. Não dá pra ignorar também que Angelina tem muitos críticos como o produtor Scott Rudin que a chamou de “minimamente talentosa” naqueles e-mails vazados da Sony por hackers.

Confira os indicados ao Oscar 2015:

MELHOR FILME
* Sniper Americano (American Sniper)
* Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) (Birdman)
* Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)
* O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel)
* O Jogo da Imitação (The Imitation Game)
* Selma (Selma)
* A Teoria de Tudo (The Theory of Everything)
* Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash)

MELHOR DIRETOR
* Wes Anderson (O Grande Hotel Budapeste)
* Alejandro González Iñárritu (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
* Bennett Miller (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
* Morten Tyldum (O Jogo da Imitação)

MELHOR ATOR
* Steve Carell (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
* Bradley Cooper (Sniper Americano)
* Benedict Cumberbatch (O Jogo da Imitação)
* Michael Keaton (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)

MELHOR ATRIZ
* Marion Cotillard (Dois Dias, Uma Noite)
* Felicity Jones (A Teoria de Tudo)
* Julianne Moore (Para Sempre Alice)
* Rosamund Pike (Garota Exemplar)
* Reese Witherspoon (Livre)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
* Robert Duvall (O Juiz)
* Ethan Hawke (Boyhood: Da Infância à Juventude)
* Edward Norton (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Mark Ruffalo (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
* J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
* Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude)
* Laura Dern (Livre)
* Keira Knightley (O Jogo da Imitação)
* Emma Stone (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Meryl Streep (Caminhos da Floresta)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
* Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris, Armando Bo (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
* E. Max Frye, Dan Futterman (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
* Wes Anderson, Hugo Guinness (O Grande Hotel Budapeste)
* Dan Gilroy (O Abutre)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
* Jason Hall (Sniper Americano)
* Paul Thomas Anderson (Vício Inerente)
* Graham Moore (O Jogo da Imitação)
* Anthony McCarten (A Teoria de Tudo)
* Damien Chazelle (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHOR FOTOGRAFIA
* Emmanuel Lubezki (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Robert D. Yeoman (O Grande Hotel Budapeste)
* Lukasz Zal, Ryszard Lenczewski (Ida)
* Dick Pope (Sr. Turner)
* Roger Deakins (Invencível)

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
* Adam Stockhausen e Anna Pinnock (O Grande Hotel Budapeste)
* Maria Djurkovic e Tatiana Macdonald (O Jogo da Imitação)
* Nathan Crowley e Gary Fettis (Interestelar)
* Dennis Gassner e Anna Pinnock (Caminhos da Floresta)
* Suzie Davies e Charlotte Watts (Sr. Turner)

MELHOR MONTAGEM
* Joel Cox e Gary D. Roach (Sniper Americano)
* Sandra Adair (Boyhood: Da Infância à Juventude)
* William Goldenberg (O Jogo da Imitação)
* Barney Pilling (O Grande Hotel Budapeste)
* Tom Cross (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHOR FIGURINO
* Milena Canonero (O Grande Hotel Budapeste)
* Mark Bridges (Vício Inerente)
* Colleen Atwood (Caminhos da Floresta)
* Anna B. Sheppard (Malévola)
* Jacqueline Durran (Sr. Turner)

MELHOR MAQUIAGEM E CABELO
* Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo
* O Grande Hotel Budapeste
* Guardiões da Galáxia

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
* Alexandre Desplat (O Grande Hotel Budapeste)
* Alexandre Desplat (O Jogo da Imitação)
* Jóhann Jóhannsson (A Teoria de Tudo)
* Gary Yershon (Sr. Turner)
* Hans Zimmer (Interestelar)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
* “Everything is Awesome”, de Shawn Patterson (Uma Aventura Lego)
* “Glory”, de John Stephens e Lonnie Lynn (Selma)
* “Grateful”, de Diane Warren (Beyond the Lights)
* “I’m Not Gonna Miss You”, de Glen Campbell e Julian Raymond (Glen Campbell… I’ll Be Me)
* “Lost Stars”, de Gregg Alexander e Danielle Brisebois (Mesmo Se Nada Der Certo)

MELHOR SOM
* John Reitz, Gregg Rudloff e Walt Martin (Sniper Americano)
* Jon Taylor, Frank A. Montaño e Thomas Varga (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
* Gary A. Rizzo, Gregg Landaker e Mark Weingarten (Interestelar)
* Jon Taylor, Frank A. Montaño e David Lee (Invencível)
* Craig Mann, Ben Wilkins e Thomas Curley (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHORES EFEITOS SONOROS
* Alan Robert Murray e Bub Asman (Sniper Americano)
* Martin Hernández e Aaron Glascock (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Brent Burge e Jason Canovas (O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos)
* Richard King (Interestelar)
* Becky Sullivan e Andrew DeCristofaro (Invencível)

MELHORES EFEITOS VISUAIS
* Capitão América: O Soldado Invernal
* Planeta dos Macacos: O Confronto
* Guardiões da Galáxia
* Interestelar
* X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
* Ida, de Pawel Pawlikowski (POLÔNIA)
* Leviatã, de Andrey Zvyagintsev (RÚSSIA)
* Tangerines, de Zaza Urushadze (ESTÔNIA)
* Timbuktu, de Abderrahmane Sissako (MAURITÂNIA)
* Relatos Selvagens, de Damián Szifrón (ARGENTINA)

MELHOR ANIMAÇÃO
* Operação Big Hero
* Os Boxtrolls
* Como Treinar o seu Dragão 2
* The Song of the Sea
* O Conto da Princesa Kaguya

MELHOR DOCUMENTÁRIO
* CitizenFour
* A Fotografia Oculta de Vivian Maier
* Last Days in Vietnam
* O Sal da Terra
* Virunga

MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA
* Crisis Hotline: Veterans Press 1
* Joanna
* Our Curse
* The Reaper (La Parka)
* White Earth

MELHOR CURTA-METRAGEM
* Aya
* Boogaloo and Graham
* Butter Lamp (La Lampe au Beurre de Yak)
* Parvaneh
* The Phone Call

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
* The Bigger Picture
* The Dam Keeper
* O Banquete (Feast)
* Me and My Moulton
* A Single Life

A cerimônia do Oscar 2015 acontece no dia 22 de fevereiro, com transmissão ao vivo pelo canal pago TNT.

Indicações ao DGA 2015 ajudam ‘Sniper Americano’ e ‘O Jogo da Imitação’

Da esquerda pra direita: Clint Eastwood, Alejandro González Iñárritu, Richard Linklater, Wes Anderson e Mortem Tyldum são os indicados ao DGA 2015 (photo by variety.com)

Da esquerda pra direita: Clint Eastwood, Alejandro González Iñárritu, Richard Linklater, Wes Anderson e Mortem Tyldum são os indicados ao DGA 2015 (photo by variety.com)

O 67th Annual DGA Awards divulgou nesta terça, dia 13, seus cinco indicados a Melhor Diretor e os filmes Sniper Americano e O Jogo da Imitação têm motivos para comemorar. Não que os demais indicados Boyhood, Birdman e O Grande Hotel Budapeste não tenham, mas suas inclusões na lista foram as surpresas desta edição.

Sei que é muito fácil dizer isso agora, mas eu já previa uma nova indicação para Clint Eastwood. Para quem acompanhou a escalada relâmpago de Sniper Americano nos últimos prêmios (foi indicado para  ADG, Eddie, PGA e WGA), já podia imaginar que essa crescente resultaria em algo maior. Aliás, espera-se o longa conquiste seu espaço entre as indicações ao Oscar, que serão anunciadas nesta quinta.

Já a presença do norueguês Morten Tyldum soa como uma espécie de estranho no ninho. Embora seu O Jogo da Imitação esteja presente em todos os prêmios, ele não vinha tendo quase nenhuma projeção como diretor. Nem no Critics’ Choice Awards que tem seis vagas na categoria ele conseguiu uma indicação! Contudo, o sindicato dos diretores, formado por mais de 15 mil votantes, enxergou qualidade em sua direção. Embora eu não tenha visto O Jogo da Imitação, vi seu filme anterior, Headhunters, que apresenta uma trama intricada envolvendo roubo de quadros, mas que tem na tensão do início ao fim resultado de uma paranóia crescente, que lembra A Conversação (1974), de Francis Ford Coppola, sua melhor qualidade como diretor.

Por mais que não tenham enviado cópias de Selma para os sindicatos, a exclusão mais comentada foi a de sua diretora Ava DuVernay, pois ela foi indicada ao Globo de Ouro e ao Critics’ Choice Awards. No início da temporada, havia uma expectativa de que poderia rolar uma competição inédita envolvendo duas diretoras: DuVernay e Angelina Jolie, por O Invencível, mas a última não tem sido uma unanimidade entre os críticos. Já Ava DuVernay ainda tem grandes chances de concorrer ao Oscar, por dois motivos básicos: 1º Os responsáveis pela campanha de Selma enviaram os screeners para a Academia (ao contrário dos sindicatos); e 2º a Academia adora fatos inéditos para sua gloriosa História. Se indicada, ela será a primeira diretora negra a competir na categoria de Direção, ou como eles gostam de chamar lá, afro-americana.

Entre os demais excluídos estão David Fincher (Garota Exemplar), Damien Chazelle (Whiplash: Em Busca da Perfeição), James Marsh (A Teoria de Tudo) e Dan Gilroy (O Abutre). Alguns fãs mais calorosos também argumentam a ausência de Christopher Nolan por Interestelar. Bom, como já vi o filme, posso dizer que concordo com a sua exclusão, pois apesar do estilo visual apurado dele, considero Nolan didático demais. Ele precisa explicar tudo pra fazer a história andar, por isso que seus filmes são tão longos e chatos…

Com as indicações, o DGA Awards praticamente confirma as indicações ao Oscar de Richard Linklater, Alejandro González Iñárritu e Wes Anderson. As outras duas vagas podem e devem mudar na quinta-feira no anúncio do Oscar.

Seguem os indicados ao 67º DGA Awards:

Wes Anderson

Wes Anderson

WES ANDERSON
O Grande Hotel Budapeste
Conhecido por filmes alternativos e seu humor refinado, esta é a primeira indicação dele no DGA. Para quem acompanha seus filmes desde os anos 90 como Três é Demais, Os Excêntricos Tenenbaums, A Vida Marinha com Steve Zissou, O Fantástico Sr. Raposo e Moonrise Kingdom, é possível ver uma nítida evolução nesse O Grande Hotel Budapeste. Comparado a Tim Burton por sua forte identificação de estilo visual nos campos da Direção de Arte, Fotografia e Figurino, Wes Anderson passou a aprimorar sua direção nos roteiros de sua autoria, aliados à sua montagem seca que valoriza o humor. Esta indicação vem mais do que merecida.

 

Clint Eastwood

Clint Eastwood

CLINT EASTWOOD
Sniper Americano
Pupilo de mestres como Sergio Leone e Don Siegel, Clint Eastwood se tornou um novo mestre do cinema contemporâneo ao tratar de temas polêmicos como a pedofilia em Sobre Meninos e Lobos, a síndrome de Estocolmo em Um Mundo Perfeito e a eutanásia em Menina de Ouro. Ele retorna com um tratamento diferenciado do vício da guerra em Sniper Americano. Esta é sua quarta indicação no DGA. Ele venceu duas vezes: em 1993 por Os Imperdoáveis, e em 2005 por Menina de Ouro. Em 2006, foi homenageado pelo prêmio pelo conjunto da carreira.

Alejandro González Iñárritu

Alejandro González Iñárritu

ALEJANDRO GONZÁLEZ IÑÁRRITU
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
O diretor mexicano ficou conhecido mundialmente por seu visceral Amores Brutos (2000) – o qual sou muito mais o título original ‘Amores Perros’ – e assim como incontáveis talentos estrangeiros, aproveitou a oportunidade de projeção internacional e embarcou em um projeto com atores hollywoodianos. O dele se chamada 21 Gramas, que tinha ninguém menos do que Sean Penn e a ascendente Naomi Watts e Benicio Del Toro. Com seu sucesso de crítica, avançou uma casa e realizou um projeto mais ambicioso intitulado Babel, com atores de várias nacionalidades como a japonesa Rinko Kikuchi e a mexicana Adriana Barraza, mas também contou com Brad Pitt e Cate Blanchett. Agora com Birdman, conseguiu reavivar a carreira do sumido Michael Keaton e até de Edward Norton, que estava meio apagado nos últimos anos. Esta é sua segunda indicação ao DGA. Ele foi indicado anteriormente por Babel em 2007.

Richard Linklater

Richard Linklater

RICHARD LINKLATER
Boyhood: Da Infância à Juventude
Embora esta seja a primeira indicação de Richard Linklater, ele é bastante conhecido no circuito independente de cinema. Além da trilogia Antes do Amanhecer, Antes do Pôr-do-Sol e Antes da Meia-Noite, ele foi responsável por cults como Jovens, Loucos e Rebeldes e Waking Life. Costuma trabalhar sempre com os mesmos colaboradores como Ethan Hawke, Julie Delpy, Patricia Arquette e Keanu Reeves. Contudo, a grande ambição por trás de Boyhood deve lhe garantir o prêmio, pois desafiou o sistema de contratos longos ao estender suas filmagens por 12 anos e assim finalizar um projeto baseado em amor. E filmes sobre amadurecimento jamais serão os mesmos depois de Boyhood.

Morten Tyldum

Morten Tyldum

MORTEN TYLDUM
O Jogo da Imitação
Também estreante no DGA, o diretor norueguês Morten Tyldum teve trajetória semelhante ao de Alejandro González Iñárritu, pois depois do sucesso de seu filme Headhunters, todo falado em norueguês, ele recebeu convite para dirigir a adaptação de Graham Moore sobre a história vitoriosa do matemático Alan Turing, que quebrou os códigos alemães para acabar com a Segunda Guerra Mundial. Para esta adaptação, ele logo conseguiu juntar grandes talentos em ascensão como Benedict Cumberbatch, que já é almejado por vários diretores consagrados. Independente da indicação ao Oscar, deve ter caminho brilhante adiante.

“Num ano repleto de filmes excelentes, os membros do DGA indicaram um grupo estelar de cineastas apaixoandos. Inspiradores e artísticos, estes cinco diretores fizeram filmes que deixaram um impacto marcante não apenas em seus companheiros diretores e membros do time de diretores, mas no público mundo afora. Parabéns a todos os indicados por seu trabalho magnífico”, declarou o presidente do DGA Paris Barclay.

Vale sempre ressaltar que o vencedor do DGA está com a mão na taça, pois em toda sua história, apenas em sete casos o vencedor não coincidiu:

  • Em 1968: Anthony Harvey ganhou o DGA Award por O Leão no Inverno, enquanto Carol Reed levou o Oscar por Oliver!
  • Em 1972: Francis Ford Coppola por O Poderoso Chefão (DGA) e Bob Fosse por Cabaret (Oscar).
  • Em 1985: Steven Spielberg por A Cor Púrpura (DGA), e Sydney Pollack por Entre Dois Amores (Oscar).
  • Em 1995: Ron Howard por Apollo 13 (DGA), e Mel Gibson por Coração Valente (Oscar).
  • Em 2000: Ang Lee por O Tigre e o Dragão (DGA) e Steven Soderbergh por Traffic (Oscar).
  • Em 2002: Rob Marshall por Chicago (DGA) e Roman Polanski por O Pianista (Oscar).
  • Em 2013: Ben Affleck por Argo (DGA) e Ang Lee por As Aventuras de Pi (Oscar).

O vencedor do DGA 2015 será anunciado no dia 07 de fevereiro em cerimônia no Hyatt Regency Century Plaza.

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