20 Finalistas Disputam 5 vagas no Oscar de Efeitos Visuais de 2016

FURY ROAD

Tom Hardy no green screen de Mad Max: Estrada da Fúria (photo by oneperfectshotdb.com)

EM UM DOS ANOS MAIS CONCORRIDOS, CATEGORIA TEM ‘MAD MAX’ E ‘STAR WARS’

Até o ano passado, a Academia selecionava 10 finalistas antes de definir os 5 indicados na categoria de Efeitos Visuais, contudo, com o crescimento massivo de produções hollywoodianas que utilizam a tecnologia digital do blue/green screen, a lista aumentou para 20 concorrentes. Só relembrando: o primeiro prêmio de Efeitos Especiais foi entregue em 1940 para a aventura E as Chuvas Chegaram. Nas décadas seguintes, houve anos em que o prêmio não foi concedido por falta de candidatos (vejam só!) e alguns foram agraciados com um prêmio especial como O Vingador do Futuro (1990). Até a década de 2000, era bastante comum haver no máximo 3 indicados na categoria. Hoje são cinco.

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Cena de E as Chuvas Chegaram (1939), primeiro vencedor do Oscar de Efeitos Especiais (photo by virtual-history.com)

Como dizem em Hollywood: “Nada é impossível no cinema”, e os efeitos têm sido um importantíssimo aliado para contar histórias fantásticas, ainda mais em tempos de safra rica de adaptações de histórias em quadrinhos. Aliás, ano passado, apostei em O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos e Transformers: Era da Extinção, mas a Academia indicou para seus lugares Capitão América 2: O Soldado Invernal e X-Men: Dias de um Futuro Esquecido. Novos tempos ou as cifras falaram mais alto?

Este ano, temos duas produções da Marvel no páreo. Será que um deles passa para a lista final? Segue a relação dos 20 filmes em ordem alfabética:

Chappie (Chappie)
O Destino de Júpiter (Jupiter Ascending)
Evereste (Everest)
Ex-Machina: Instinto Artificial (Ex Machina)
O Exterminador do Futuro: Gênesis (Terminator Genisys)
Homem-Formiga (Ant-Man)
Jogos Vorazes: A Esperança – O Final (The Hunger Games: Mockingjay – Part 2)
Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (Jurassic World)
Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road)
Missão: Impossível – Nação Secreta (Mission: Impossible – Rogue Nation)
No Coração do Mar (In the Heart of the Sea)
Perdido em Marte (The Martian)
Ponte dos Espiões (Bridge of Spies)
O Regresso (The Revenant)
Star Wars: O Despertar da Força (Star Wars: The Force Awakens)
Tomorrowland: Um Lugar Onde Nada é Impossível (Tomorrowland)
A Travessia (The Walk)
Velozes & Furiosos 7 (Furious Seven)
Vingadores: Era de Ultron (Avengers: Age of Ultron)
007 Contra Spectre (Spectre)

Mesmo com a expansão do número de candidatos, algumas produções mais comentadas ficaram de fora da primeira de duas peneiras: Cinderela, A Colina Escarlate, Quarteto Fantástico, Kingsman: Serviço Secreto, Pixels e Terremoto: A Falha de San Andreas. A segunda lista com 10 filmes será divulgada no final deste mês pelo Comitê de Efeitos Visuais da Academia.

Entre os que estão concorrendo ainda, acredito que alguns fatores devem ajudar a colocar o filme no Oscar. Primeiro: os efeitos visuais têm que ajudar a contar a história. Nada de efeitos decorativos ou ilustrativos. Imagine o seguinte: se não houvesse esse efeito, não haveria filme. Segundo: A força das bilheterias. Não sejamos hipócritas: os números de ingressos vendidos ajuda, e muito, numa indicação ao Oscar, principalmente aqui, onde os candidatos foram protagonistas da alta temporada do verão americano. Quanto mais visto for o filme, mais chances ele tem de chegar à final. Terceiro: Histórico. Grandes nomes envolvidos com efeitos superam até mesmo boas campanhas. Se você nunca ouviu falar de nomes como Jim Rygiel, Robert Legato, Tim Alexander, John Frazier, Dennis Muren, tudo bem. Mas se os diretores envolvidos tiverem um bom currículo, as chances também aumentam: George Miller, Ron Howard, Robert Zemeckis e J.J. Abrams.

Portanto, já me adiantando ao primeiro corte de 10 filmes, já divulgo minhas apostas para os 5 indicados para Efeitos Visuais.

  • Jurrasic World: O Mundo dos Dinossauros
  • Mad Max: Estrada da Fúria
  • No Coração do Mar
  • Star Wars: O Despertar da Força
  • A Travessia

Fazendo um breve resumo das escolhas:

  • Os primeiros dois Jurassic Park foram indicados a Efeitos Visuais, sendo que o primeiro ganhou com honras. Este novo, que foi um mega-sucesso, deve ter seu espaço garantido por apresentar novos dinos.
Jurassic World

Chris Pratt trabalha com os velociraptors em Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (photo by outnow.ch)

  • O novo filme da saga Mad Max pode ser considerada a mistura perfeita entre efeitos visuais digitais com efeitos práticos, ou seja, efeitos criados com computação gráfica harmoniosamente funcionando com efeitos criados em set como explosões e batidas de carros. Com bilheteria em alta e a crítica ao seu lado, o filme de George Miller pode ser o recordista de indicações este ano no Oscar.
  • Dos cinco, No Coração do Mar foi o que mais tive dúvidas. Os efeitos lembram aqueles usados em As Aventuras de Pi (2012) e Mestre dos Mares – O Lado Mais Distante do Mundo (2003). Ambos foram indicados e o primeiro levou a estatueta. Os efeitos com água sempre estão em alta, e a baleia em si é uma protagonista. Além disso, tem o diretor vencedor do Oscar, Ron Howard, o que sempre ajuda na hora do desempate.
In the Heart of the Ocean vfx

Cena da baleia em No Coração do Mar (photo by cine.gr)

  • A primeira trilogia de Star Wars toda foi vencedora do Oscar da categoria. Já a segunda recebeu duas indicações, mas sem vitória. Por tradição, esta terceira deve ter sua primeira parte com lugar garantido, pelo menos como indicada. A vitória ainda é incerta, pois, apesar do sucesso estrondoso que vai ser, Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força não deve apresentar efeitos tão inovadores. Vale lembrar que Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma perdeu para a novidade digital da época: Matrix.
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Daisy Ridley com o robô BB8 em cena de Star Wars: Episódio VII – O Desperar da Força (photo by outnow.ch)

  • Robert Zemeckis ficou conhecido por filmes com efeitos visuais como De Volta Para o Futuro, Forrest Gump: O Contador de Histórias e Contato, fama que o coloca automaticamente na disputa. Embora A Travessia tenha recebido críticas boas e ruins, todos elogiaram os efeitos visuais da parte final da travessia do World Trade Center. E justamente os efeitos podem lhe garantir a indicação de consolação pelo filme todo no Oscar.
The Walk vfx

Joseph Gordon-Levitt em cena final de A Travessia (photo by outnow.ch)

As indicações ao 88º Oscar serão anunciadas no dia 14 de janeiro, e a cerimônia de entrega está prevista para o dia 28 de fevereiro.

Apostas para Globo de Ouro 2013

70ª edição do Globo de Ouro (photo by sheknows.com)

70ª edição do Globo de Ouro (photo by sheknows.com)

Antes de começar a palpitar, acreditava que o canal Sony transmitiria a cerimônia do Globo de Ouro, mas como não vi nenhuma propaganda no ar, e ontem li no jornal gratuito Metro que o canal TNT assumiria essa responsabilidade. Fique atento pouco antes do evento, que deve ter início por volta das 22h30 (horário de Brasília).

Depois de três anos como host, o comediante britânico Ricky Gervais (da série The Office original) teve que ceder seu trono nesta 70ª edição do prêmio. Os organizadores do evento devem ter concluído que três anos de tortura para as celebridades é o suficiente! Gervais não tinha papas na língua e era do tipo “perde o amigo, mas não perde a piada” e isso causou um incômodo nas estrelas de Hollywood, que já se esforçavam para sorrir toda a noite. Como fã de seu humor negro e ácido, espero que Gervais retorne ao seu posto.

Este ano, a dupla de comediantes Tina Fey (30 Rock) e Amy Poehler (Parks & Recreation) foram convocadas para animar a entrega de prêmios. Ambas já trabalharam juntas na boa comédia Uma Mãe Para o Meu Bebê (Baby Mama) em 2008, e têm uma química que funciona na tela. Acredito que se trata de uma escolha que deve agradar a todos, incluindo as celebridades.

Amy Poehler (a esq) e Tina Fey em foto promocional para o Globo de Ouro, que deve ter arrecadado uma graninha da All Star (photo by stylelist.com)

Amy Poehler (a esq) e Tina Fey em foto promocional para o Globo de Ouro, que deve ter arrecadado uma graninha da All Star (photo by stylelist.com)

Vale lembrar que o Globo de Ouro tem seu momento de homenagem chamado Prêmio Cecil B. DeMille, que reconhece a carreira de profissionais da área entre atores e diretores. Em 2012, Morgan Freeman foi o homenageado. Este ano, a outrora garota-prodígio de Hollywood, Jodie Foster, receberá as honrarias. Embora tenha apenas 50 aninhos de idade, a atriz começou muito cedo, participando de propagandas de TV, programas de TV e filmes. Entre suas melhores performances estão: Taxi Driver (1976), Acusados (1988), O Silêncio dos Inocentes (1991), Nell (1994) e Contato (1997).

Jodie Foster, como a agente Clarice Starling em O Silêncio dos Inocentes: minhas paixão quando eu tinha meus 10 aninhos.

Jodie Foster, como a agente Clarice Starling em O Silêncio dos Inocentes: minha paixão quando eu tinha meus 10 aninhos.

Apesar de ser o recordista de indicações com sete, a produção de época Lincoln não parece figurar entre os favoritos da imprensa. Deve ser compensado nas categorias de atuação, com Daniel Day-Lewis quase 100% garantido no palco.

Acredito que, por terem sido bem cotados na imprensa e crítica, Argo e A Hora Mais Escura têm mais chances de vencerem como Melhor Filme – Drama, entretanto, como a Academia enfraqueceu ambos ao não indicar seus respectivos diretores, pode ser que Lincoln ganhe fôlego nessa reta final. Por outro lado, há muito o Globo de Ouro deixou de ser a melhor prévia do Oscar, então os vencedores devem divergir muito.

Aproveitando-se do bom momento vivido pelas indicações ao Oscar, a comédia O Lado Bom da Vida deve levar Melhor Filme – Comédia ou Musical, fortalecido pelas prováveis vitórias de seus atores principais Bradley Cooper e Jennifer Lawrence. Se isso se confirmar, o diretor David O. Russell deve perder para Chris Terrio (Argo) para Melhor Roteiro.

David O. Russell entre os atores Bradley Cooper e Jennifer Lawrence em O Lado Bom da Vida (photo by latimes.com)

David O. Russell entre os atores Bradley Cooper e Jennifer Lawrence em O Lado Bom da Vida (photo by latimes.com)

Na categoria de direção, que no Oscar se tornou uma grande caixa de bombons, o Globo de Ouro deve ficar entre Kathryn Bigelow e Ben Affleck. Como o Globo de Ouro preteriu Guerra ao Terror para premiar o bilionário Avatar em 2010 nas categorias de Filme e Diretor, existe a forte possibilidade da Associação de Imprensa Estrangeira compensar Kathryn Bigelow este ano por A Hora Mais Escura. Affleck e seu Argo ficariam com Melhor Filme – Drama.

Nas categorias de atuação, Jessica Chastain (A Hora Mais Escura) tem maiores chances com as ausências de Emmanuelle Riva e Quvenzhané Wallis (ambas indicadas ao Oscar). Além disso, outra favorita ao Oscar, Jennifer Lawrence, concorre na categoria de Atriz – Comédia ou Musical.

Jessica Chastain ganhou destaque em 2012 por Histórias Cruzadas, A Árvore da Vida e O Abrigo.  Agora concorre por A Hora Mais Escura (photo by OutNow.CH)

Jessica Chastain ganhou destaque em 2012 por Histórias Cruzadas, A Árvore da Vida e O Abrigo. Agora concorre por A Hora Mais Escura (photo by OutNow.CH)

Entre os coadjuvantes, hesitei em colocar Anne Hathaway no lugar de Sally Field, pois a última é muito querida pela crítica e foi indicada para o Globo de Ouro de Melhor Atriz de Série de TV – Drama em 2008 e 2009 por Brothers & Sisters. Apostei no burburinho de Hathaway emocionando platéias quando canta em Os Miseráveis e, de certa forma, como prêmio de consolação numa eventual derrota do musical como Melhor Filme – Comédia ou Musical.

Na competição masculina, Philip Seymour Hoffman e Christoph Waltz formam a dupla de franco-favoritos. Como Hoffman compensaria a ausência de O Mestre nas principais categorias e Waltz ganhou recentemente por Bastardos Inglórios, apostei no primeiro.

Gostaria de ver o cineasta Tim Burton premiado com Melhor Animação por Frankenweenie, mas nas últimas semanas, vi que Detona Ralph vem conquistando o público e a crítica, ameaçando o favoritismo de Burton. Contudo, ele deve ter melhores chances no Oscar por ser querido por muitos atores com quem trabalhou.

Detona Ralph vem crescendo nas premiações (photo by OutNow.CH)

Detona Ralph vem crescendo nas premiações (photo by OutNow.CH)

Depois de se sagrar com a Palma de Ouro no Festival de Cannes, em incontáveis prêmios da crítica internacional e com cinco indicações ao Oscar, o filme de Michael Haneke, Amor, praticamente garantiu Melhor Filme Estrangeiro. Mesmo que o filme anterior de Haneke, A Fita Branca, já tenha levado o prêmio em 2010, Amor está imbatível nessa categoria.

Enfim, procurei equilibrar o histórico de premiações e justiça, mas nem sempre tais características reinam nessas cerimônias, especialmente a do Oscar. Então, sem mais delongas, meus palpites para o Globo de Ouro 2013:

MELHOR FILME – DRAMA

Argo (Argo), de Ben Affleck

MELHOR FILME – COMÉDIA OU MUSICAL

O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook), de David O. Russell

MELHOR ATOR – DRAMA

Daniel Day-Lewis (Lincoln)

MELHOR ATRIZ – DRAMA

Jessica Chastain (A Hora Mais Escura)

MELHOR ATOR – COMÉDIA OU MUSICAL

Bradley Cooper (O Lado Bom da Vida)

MELHOR ATRIZ  – COMÉDIA OU MUSICAL

Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida)

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Philip Seymour Hoffman (O Mestre)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Anne Hathaway (Os Miseráveis)

MELHOR DIRETOR

Kathryn Bigelow (A Hora Mais Escura)

MELHOR ROTEIRO

Chris Terrio (Argo)

MELHOR TRILHA MUSICAL

Alexandre Desplat (Argo)

MELHOR CANÇÃO

“Skyfall”, de Adele e Paul Epworth (007 – Operação Skyfall)

MELHOR ANIMAÇÃO

Detona Ralph (Wreck-it Ralph), de Rich Moore

MELHOR FILME ESTRANGEIRO

Amor (Amour), de Michael Haneke

Prévia do Oscar 2013: Ator Coadjuvante

O último vencedor da categoria, Christopher Plummer, por Toda Forma de Amor.

Criada em 1937, a categoria de Melhor Ator Coadjuvante passou a suprir a demanda de atores hollywoodianos que mereciam reconhecimento, mesmo não estrelando uma produção. O maior vencedor foi o americano Walter Brennan, que levou para casa três vezes o prêmio por Meu Filho é Meu Rival (1936), Kentucky (1938) e A Última Fronteira (1940). Normalmente, vence aquele que tem um papel que costuma roubar a cena, como aconteceu com Sean Connery em Os Intocáveis (1987) ou Christoph Waltz em Bastardos Inglórios (2009). A categoria, que antes era considerada menos importante, passou a ganhar relevância quando atores do quilate de Walter Huston (O Tesouro de Sierra Madre, 1948), George Sanders (A Malvada, 1950), Jack Lemmon (Mister Roberts, 1955) e Peter Ustinov (Spartacus, 1960) se sagraram vencedores.

Vencedor de três Oscars de coadjuvante: Walter Brennan. Além de ter atuado em muitos westerns, trabalhou com grandes atores como Humphrey Bogart, Lauren Bacall, Gary Cooper e John Wayne.

Nas últimas décadas, as categorias de coadjuvante serviram como reduto de atores renomados. Nos bastidores, a estratégia da Academia seria de compensar atores de peso que não ganharam em oportunidades prévias. Claro que oficialmente, ninguém vai confirmar essa informação, mas a vitória de Morgan Freeman por Menina de Ouro em 2005 é um exemplo disso, pois o ator fora indicado em outras três vezes, mas nunca levou a estatueta. Essa leitura da premiação acredita que as chances de ele levar Melhor Ator (principal) nos próximos anos seriam pequenas e que, por isso, sua vitória como coadjuvante seria uma forma de garantir que Freeman encerre sua carreira como vencedor do Oscar.

Morgan Freeman em Menina de Ouro: Oscar de coadjuvante. Antes tarde do que nunca?

Com certeza, muitos fãs de Morgan Freeman vão discordar dessa opinião, mas as mesmas pessoas sabem que ele mereceu mais por Conduzindo Miss Daisy ou Um Sonho de Liberdade. Particularmente, sou contra esse sistema de compensação, pois pode desbancar a melhor performance do ano que, nesse ano, deveria ter ido para Thomas Haden Church (Sideways – Entre Umas e Outras) ou Clive Owen (Closer – Perto Demais).

Claro que adoraria ver atores veteranos e consagrados ganhando o Oscar pela primeira vez como aconteceu com Christopher Plummer este ano, mas nem sempre a maré está a favor deles. Nesses casos, existe o Oscar Honorário, que costuma premiar profissionais do cinema que nunca tiveram a oportunidade de levar a estatueta pra casa. Vencedores recentes atestam: James Earl Jones, Eli Wallach, Lauren Bacall e o compositor italiano Ennio Morricone, todos foram previamente indicados mas nunca venceram nas respectivas categorias.

Este ano, temos fortes candidatos vencedores do Oscar. Alan Arkin, Robert De Niro, Philip Seymour Hoffman, Russell Crowe e Tommy Lee Jones podem voltar ao tapete vermelho como indicados. O retorno mais triunfal seria o de Robert De Niro, que teve sua época de glória nas décadas de 70, 80 e 90, mas que não figura na lista há vinte anos (!). Tem também indicados prévios, mas que nunca ganharam e agora podem ter a chance de ouro como Leonardo DiCaprio, que concorreu três vezes, e em 2013, pode finalmente passar para o time dos Academy Award Winners.

Apesar de ainda estar cedo para favoritismos, Robert De Niro está na frente pelo sucesso de Silver Linings Playbook. O filme de David O. Russell vem arrancando aplausos pelos festivais que passa, especialmente o de Toronto (Canadá), de onde saiu com o prêmio People’s Choice Award. Particularmente, mesmo que ainda não tenha conferido sua performance, gostaria que esse retorno de De Niro fosse coroado para que sirva de incentivo ao ator para escolher projetos mais ousados e não somente pelo alto cachê, como vinha fazendo nas últimas duas décadas. Contudo, Philip Seymour Hoffman pode ser a pedra no meio do caminho com sua presença magnética no novo filme de Paul Thomas Anderson, The Master, que já lhe rendeu o prêmio Volpi Cup de Melhor Ator (juntamente com Joaquin Phoenix) no último Festival de Veneza.

Alan Arkin em Argo

ALAN ARKIN (Argo)

Muita gente conhece Alan Arkin como o vovô maconheiro e tutor da pequena Olive de Pequena Miss Sunshine, papel pelo qual ele ganhou seu único Oscar em 2007, batendo o favorito Eddie Murphy de Dreamgirls, mas este ator americano de 78 anos é um veterano em Hollywood, tendo participado de alguns clássicos como a comédia de guerra de Norman Jewison, Os Russos Estão Chegando! Os Russos Estão Chegando! (1966) e no suspense Um Clarão nas Trevas (1967), ao lado de Audrey Hepburn. Chegou a atuar no filme brasileiro indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro, O que é isso, Companheiro? (1997), de Bruno Barreto.

Nessa idade e já com um Oscar em casa, alguns críticos já aposentavam Alan Arkin, mas com Argo, ele prova que tem muito ainda a ensinar e mostrar. Ele interpreta o produtor de Hollywood, Lester Siegel, que ajuda o maquiador John Chambers na missão de vender um filme fictício para encobrir a saída de seis americanos do Irã durante a Revolução Iraniana em 1980. Ao lado de John Goodman, que vive Chambers, Alan Arkin rouba a cena com seu humor escrachado repleto de palavrões, muito semelhante ao revoltado vovô de Miss Sunshine.

É claro que o fato de Arkin já ter ganhado o Oscar recentemente implica em perda de pontos na corrida, afinal os votantes certamente consideram o histórico do ator. Mas se os votos se dividirem entre Robert De Niro e Philip Seymour Hoffman, Alan Arkin viria logo em seguida para roubar a cena na cerimônia.

Russell Crowe em Les Misérables

RUSSELL CROWE (Les Miserábles)

Depois de um início fenomenal em seus primeiros anos de Hollywood com três indicações ao Oscar, Russell Crowe deu uma relaxada. Quer dizer, ainda trabalha em projetos ambiciosos e com diretores consagrados como Ridley Scott e Peter Weir, mas suas atuações deram uma estabilizada. Em O Informante, Crowe engordou para interpretar Jeffrey Wigand. Já em Gladiador, ganhou massa muscular e fez cara de mau. A Academia reconheceu oficialmente seu esforço, premiando-o com o Oscar de Melhor Ator em 2001 pelo épico Gladiador.

Talvez, com esta adaptação musical do clássico literário de Victor Hugo, Russell Crowe volte aos holofotes pelas performances na tela, e não pelos escândalos de porrada em papparazzi ou que bateu na pobre esposa. Na mega-produção, o ator neozelandês dá vida ao Inspetor Javert, que fica na cola do protagonista Jean Valjean (Hugh Jackman).

Particularmente, nunca ouvi nenhuma faixa da banda australiana de Russell Crowe, 30 Odd Foot of Grunts. Mas pelos comentários, vale aquele bom e velho ditado: “Como cantor, Russell Crowe é um ótimo ator”. E pelo que me informei, não há playbacks nas canções, tanto que os atores cantavam ao vivo no set usando um fone que tocava piano para manter o ritmo. A música era acrescentada na montagem final. Será que Crowe se saiu bem ou todo mundo aplaudia por educação e com medo de levar um soco? Só vendo mesmo, mas se ele não se saiu no mínimo bem, esquece a indicação…

Robert De Niro em cena de Silver Linings Playbook

ROBERT DE NIRO (Silver Linings Playbook)

Que Robert De Niro não precisa provar mais nada pra ninguém, isso todo mundo já sabe. Afinal, não é qualquer ator que fez Taxi Driver (1976), O Poderoso Chefão: Parte II (1974), Touro Indomável (1980), Os Bons Companheiros (1990) e aterrorizou como o presidiário Max Cady em Cabo do Medo (1991). Tem dois Oscars na bagagem, mas um terceiro pode estar por vir.

Com Silver Linings Playbook, o veterano de Hollywood pode ressuscitar na temporada de prêmios. Ele faz o pai protetor e conselheiro de Pat (Bradley Cooper), que acaba de sair de uma instituição psicológica depois de pegar sua mulher traindo. Pelo trailer, já é possível ver que De Niro já se desvencilha da típica atuação de mafioso ou gângster que praticamente impregnou sua pele, crédito do ótimo diretor de atores David O. Russell.

O retorno de Robert De Niro aos bons papéis era há muito aguardada, pois o ator passou por duas décadas de filmes medianos e alguns claramente para poder pagar as contas como a comédia As Aventuras de Rocky & Bullwinkle (podem falar o que quiser do filme, mas está nítido que o contrato foi gordo).

Aí você vai se perguntar: “Mas se o De Niro já tem dois Oscars, por que ele ganharia um terceiro?”. Realmente, se levarmos em consideração o histórico vitorioso, existem outros atores da nova geração que são tão merecedores quanto ele. Mas Hollywood e sua comunidade admiram Robert De Niro e gostariam de vê-lo no topo depois de tanto tempo. Muitos acreditam que o grande ator ainda existe, mas que não teve as devidas oportunidades nas últimas duas décadas. Infelizmente, só vamos poder comprovar o potencial do papel em fevereiro, quando está prevista a estréia no Brasil.

Leonardo DiCaprio em Django Livre

LEONARDO DiCAPRIO (Django Livre)

Desde que estrelou Titanic como o pobretão galã Jack e se tornou pôster de milhões de quartos de menininhas, Leo DiCaprio decidiu virar o disco e se tornar um ator de respeito. Sua tática era formar parcerias com profissionais consagrados como forma de aprendizado e se destacar como ator e não apenas ídolo teen. Como cinéfilo, admiro bastante sua disposição para mover montanhas, mas ainda não me convenci de que ele é um bom ator. DiCaprio é esforçado: aprendeu o sotaque sul-africano para filmar Diamante de Sangue, tomou uma nova aparência mais nojenta em O Aviador e mais velha em J. Edgar, mas ainda não apresenta algumas nuances e tonalidade de voz diferenciada. Ele precisa trabalhar mais o interior do que o exterior. Pode-se dizer que Leonardo DiCaprio é um diamante bruto que precisa ser esculpido.

Creio que o diretor Martin Scorsese também pensou o mesmo a respeito dele. Contratou-o para filmar Gangues de Nova York (2002), O Aviador (2004), Os Infiltrados (2006) e A Ilha do Medo (2010). Claro que depois do curso intensivo de Scorsese, Leo ficou melhor, tanto que conseguiu mais duas indicações ao Oscar (a primeira foi aos 19 anos como coadjuvante por Gilbert Grape – Aprendiz de um Sonhador) por O Aviador e Diamante de Sangue.

Agora, em sua primeira participação num filme de Quentin Tarantino, as esperanças se renovam, ainda mais que o diretor conseguiu um Oscar de coadjuvante para Christoph Waltz em Bastardos Inglórios há dois anos. No western Django Livre, Leonardo DiCaprio interpreta o vilão, no caso, o proprietário de terras brutal de Mississipi, Calvin Candie, que tem posse da mulher do herói Django (Jamie Foxx). As expectativas sempre são altas quando se fala de um filme de Tarantino. Espera-se que a performance de DiCaprio também esteja no mesmo nível.

John Goodman em Argo

JOHN GOODMAN (Argo)

Para o público brasileiro em geral, John Goodman ficou marcado por viver Fred Flinstone nos cinemas e dar sua voz ao personagem Sully na animação Monstros S.A.. Chegou a cantar a canção “If I Didn’t Have You”, que venceu o Oscar para Randy Newman em 2002. Mas para os cinéfilos de carteirinha, o ator robusto ficará marcado eternamente pelo papel de Walter Sobchak, o sem-noção traumatizado da Guerra do Vietnã na comédia de humor negro O Grande Lebowski (1998), dos irmãos Coen.

De lá pra cá, além das participações nos filmes dos Coen, Goodman tem sido escalado para papéis menores que exigem uma presença de tela. Foi assim no blockbuster Speedy Racer, na comédia Os Delírios de Consumo de Becky Bloom e no último vencedor do Oscar, O Artista. Com o sucesso de Argo, espera-se que ele finalmente consiga sua primeira indicação ao Oscar e consequentemente, melhores ofertas de papéis.

No filme de Ben Affleck, John Goodman se destaca em todas as cenas em que aparece como o maquiador de Hollywood, John Chambers. É realmente uma pena que seu personagem não tenha mais tempo de tela, porque sua atuação merecia mais alguns minutos. Apesar da curta duração, uma indicação a Goodman se mostra bastante plausível devido ao reconhecimento da figura de Chambers com um Oscar Honorário pelas próteses inovadoras de O Planeta dos Macacos (1968).

Philip Seymour Hoffman em The Master

PHILIP SEYMOUR HOFFMAN (The Master)

Philip Seymour Hoffman começou a atuar em filmes no começo dos anos 90. Felizmente, nunca foi do tipo galã, então teve que ralar bastante para conquistar seu lugar ao sol. Mesmo em papéis menores, teve oportunidade de conhecer e atuar com grandes atores como Paul Newman, Al Pacino, James Woods e Ellen Burstyn, buscando construir seu próprio estilo de interpretação. Na maioria de seus trabalhos, percebe-se que Hoffman prioriza a atuação mais contida, mesmo com seu trabalho premiado pela Academia em Capote (2005), em que teve que copiar alguns trejeitos típicos do romancista Truman Capote, ele procurou reprimir a sexualidade de seu personagem.

Além do aprendizado com referências de Hollywood, outro fator notável na carreira de Hoffman foi o início de uma parceria forte com o jovem cineasta norte-americano Paul Thomas Anderson que, aos 26 anos, realizou seu primeiro longa, Jogada de Risco (1996). Com o diretor, Philip Seymour Hoffman voltou a trabalhar em Boogie Nights – Prazer Sem Limites (1997), Magnólia (1999), Embriagado de Amor (2002) e agora no tão aguardado The Master, no qual dá vida ao filósofo carismático Lacaster Dodd, que seria baseado na figura do criador da Cientologia, L. Ron Hubbard.

Pelo filme, Philip Seymour Hoffman já ganhou o Volpi Cup de Melhor Ator (compartilhado com seu colega Joaquin Phoenix) no último Festival de Veneza, de onde Paul Thomas Anderson também saiu premiado como Melhor Diretor. Hoffman já foi indicado três vezes ao Oscar: Melhor Ator por Capote (2005), Melhor Ator Coadjuvante por Jogos do Poder (2007) e Dúvida (2008), tendo levado pelo primeiro.

Tommy Lee Jones em Lincoln

TOMMY LEE JONES (Lincoln)

Muita gente conhece Tommy Lee Jones como o agente K da trilogia de Homens de Preto, que com sua expressão de pedra, contrabalanceou muito bem com o humor mais extrovertido de Will Smith. Contudo, Jones já possui uma extensa filmografia, que começou lá em 1970 no bem-sucedido romance Love Story – Uma História de Amor, num papel menor. Apesar de ganhar notoriedade ao atuar ao lado de Sissy Spacek na biografia da cantora country Loretta Lynn em 1980, Tommy Lee Jones só teve seu talento reconhecido nos anos 90, quando trabalhou com Oliver Stone no aclamado JFK – A Pergunta que Não Quer Calar e no polêmico Assassinos por Natureza. Em 1995, ganhou seu único Oscar de coadjuvante pelo thriller policial O Fugitivo, no qual interpreta o agente do FBI Samuel Gerard que tem a missão de perseguir Kimble (Harrison Ford), acusado de matar sua própria esposa.

Como muitos atores, Tommy desfrutou de seu sucesso tardio em Hollywood e assinou contrato para alguns filmes blockbusters como o fraco Volcano (1997) e no carnavalesco Batman Eternamente (1995), em que deu vida ao vilão Duas-Caras. Mais recentemente, estrelou o western pós-moderno dos irmãos Coen, Onde os Fracos Não Têm Vez (2007), foi indicado ao Oscar pela atuação no policial No Vale das Sombras (2007) e em 2005, ganhou o prêmio de ator no Festival de Cannes pelo ótimo Três Enterros, primeiro longa sob sua direção.

2012 foi um ano cheio para Tommy Lee Jones. Quatro produções em que participou estrearam este ano: Lincoln, Homens de Preto 3, Emperor e Um Divã Para Dois. Além do sucesso comercial de Homens de Preto 3, sua atuação na comédia romântica Um Divã Para Dois ao lado de Meryl Streep já havia chamado a atenção da crítica, o que certamente aumenta as chances de indicação pelo filme político de Steven Spielberg. Em Lincoln, ele interpreta o vice-presidente abolicionista Thadeus Stevens, que tem suma-importância como o braço direito do presidente. Na grande produção de época de Spielberg, existem vários bons atores em papéis secundários como David Strathairn, Jackie Earle Haley, John Hawkes, Joseph Gordon-Levitt, James Spader e Hal Holbrook, mas pelas críticas, Tommy Lee Jones deve representar todo o elenco secundário masculino no Oscar.

William H. Macy em The Sessions

WILLIAM H. MACY (The Sessions)

Este ator franzino norte-americano parece ter nascido para papéis secundários. Hollywood nunca lhe deu uma real oportunidade de protagonista, mas já trabalhou com diretores renomados como Woody Allen (A Era do Rádio e Neblina e Sombras), Rob Reiner (Fantasmas do Passado), Paul Thomas Anderson (Boogie Nights – Prazer Sem Limites e Magnólia), Barry Levinson (Mera Coincidência) e os irmãos Coen (Fargo), pelo qual conseguiu sua única indicação ao Oscar, como coadjuvante, claro. Na TV, William H. Macy teve mais sorte ao estrelar o filme televisivo De Porta em Porta, no qual se destaca como o vendedor ambulante com problemas mentais Bill Porter.

Casado com a atriz Felicity Huffman, da série de TV Desperate Housewives, William H. Macy tem enorme carinho por colegas de trabalho, pois costuma emprestar seu carisma para seus papéis. Desta vez, ele interpreta um padre, que enfrenta uma questão eticamente controversa. No filme independente The Sessions, seu amigo e fiel Mark O’Brien (John Hawkes) tem condições médicas delicadas e pouco tempo de vida, o que o leva a querer perder sua virgindade antes que o pior aconteça. Como padre e conselheiro, ele tenta guiar Mark pelo melhor caminho sem afetar sua fé.

No último Festival de Sundance, o filme ganhou o prêmio de público e um reconhecimento especial do júri pela atuação do elenco todo. Dependendo de como vai se sair entre os prêmios da crítica americana como o National Board of Review, New York Film Critics Circle e o Los Angeles Film Critics Association, William H. Macy tem boas chances de aparecer na lista de Melhor Ator Coadjuvante em 2013. Seria sua segunda indicação ao Oscar.

Matthew McConaughey em Magic Mike

MATTHEW McCONNAUGHEY (Magic Mike)

Galã de segunda linha, Matthew McConnaughey costuma estrelar comédias românticas com atrizes regulares como Sarah Jessica Parker e Kate Hudson, tanto que o público feminino o conhece como o conquistador de Como Perder um Homem em 10 Dias (2003). Mas de vez em quando, o ator decide participar de alguns projetos mais ambiciosos como a ficção científica Contato (1997), o filme de época de Spielberg, Amistad (1997) e ganhou certo prestígio ao interpretar advogados em Tempo de Matar (1996) e em O Poder e a Lei (2011).

Trabalhando com o diretor Steven Soderbergh (vencedor do Oscar por Traffic) em Magic Mike, McConnaughey faz o papel de Dallas, um veterano do mundo do striptease masculino no clube de mulheres. Ele rouba a cena ao passar seus ensinamentos eróticos para o jovem Mike (Channing Tatum) e, claro, em seus shows que levam as mulheres ao delírio.

Com tantas performances boas nessa categoria, McConnaughey corre por fora nessa competição. Contudo, como a maioria dos relacionados já foi indicada ou ganhou um Oscar, existe uma possibilidade do ator ser o único a conquistar a primeira indicação. A votantes femininas podem dar uma mãozinha.

 

POSSÍVEIS SURPRESAS

As categorias de coadjuvante costumam ser as mais imprevisíveis. Na reta final, surge alguém para roubar a vaga garantida de outro ator. Este ano, o veterano sueco Max von Sydow (Tão Forte e Tão Perto) foi a surpresa, passando uma rasteira em Albert Brooks (Drive) e Armie Hammer (J. Edgar), ambos indicados ao Globo de Ouro e SAG Awards, respectivamente. Alguns sites como IndieWire, colocaram alguns nomes que podem figurar como supresa na lista final. Confira:

– Javier Bardem (007 – Operação Skyfall)

– Don Cheadle (Flight)

– James D’Arcy (Hitchcock)

– Michael Fassbender (Prometheus)

– James Gandolfini (O Homem da Máfia)

– Dwight Henry (Indomável Sonhadora)

– Hal Holbrook (Promised Land)

– Ewan McGregor (O Impossível)

– Ian McKellen (O Hobbit – Uma Jornada Inesperada)

– Guy Pearce (Os Infratores)

Também considero baixas as possibilidades desses atores entrarem na lista, mas adoraria ver Michael Fassbender ser incluso de última hora por Prometheus, uma vez que o ator alemão já merecia uma indicação este ano pelo drama independente Shame. Além de seu ciborgue David ser muito convincente e deixar todo o resto do elenco no chão, ele demonstra a calma na fala mansa e pausada, e ainda empresta um carisma que às vezes se mostra mais humano do que os personagens humanos. Com certeza, um grande ator em extrema ascensão que merece ser reconhecido pela Academia, que só tem a ganhar com sua inclusão na categoria.

Michael Fassbender como o ciborgue David em Prometheus

Como fã de James Bond, seria uma grata surpresa ver Javier Bardem e seu vilão Raoul Silva de 007 – Operação Skyfall indicado ao Oscar, mas acho bastante improvável pelo papel ser parecido com o Coringa de Heath Ledger. Entretanto, o mega sucesso das bilheterias do 23º filme de Bond pode mexer na corrida.

Jodie Foster receberá prêmio Cecil B. DeMille no Globo de Ouro 2013

Jodie Foster no tapete vermelho do Globo de Ouro deste ano

Enquanto a Academia tem o Oscar Honorário, a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood tem o prêmio Cecil B. DeMille, uma honraria que reconhece o conjunto da obra de um artista de cinema, que existe desde 1952, quando foi concedido ao próprio diretor Cecil B. DeMille, conhecido pelos filmes-espetáculo como Os Dez Mandamentos (1956) e O Maior Espetáculo da Terra (1952).

Em sua longa jornada, o Cecil B. DeMille Award já consagrou inúmeras carreiras de grandes nomes como Walt Disney, Fred Astaire, Judy Garland, James Stewart, John Wayne, Jack Nicholson, Martin Scorsese e Charlton Heston, o mais novo a receber o prêmio aos 42 anos. A homenageada de 2013, a atriz americana Jodie Foster será a segunda mais nova aos 50 anos de idade.

Apesar da idade, Foster iniciou sua carreira artística muito nova. Quando ainda era um bebê de 3 anos, estrelou comerciais na TV do protetor solar Coppertone. Aos 7, participou do programa humorístico de TV, o The Doris Day Show, e aos 9, estrelava seu primeiro filme ao lado de Michael Douglas em Napoleon e Samantha (1972), de Bernard McEveety.

Segue trecho do programa de TV Ellen, no qual Jodie Foster fica um pouco constrangida com o comercial de Coppertone:

Aos 12 anos, escolheu uma opção que mudaria sua vida para sempre. Foi escalada para viver a prostituta Iris em Taxi Driver (1976), dirigido por Martin Scorsese e atuando ao lado de um promissor Robert De Niro. Era espantoso ver a performance de uma garota tão jovem num papel tão sério e intenso. A Academia concordou e Jodie recebeu sua primeira indicação ao Oscar.

No início dos anos 80, enquanto a atriz estava cursando a universidade de Yale, um maluco e fã obcecado por Jodie Foster, John Hinckley, atirou no então presidente americano Ronald Reagan só para impressioná-la. A idéia surgiu de Taxi Driver, no qual Travis Bickle (De Niro) tenta matar um político para impressionar uma moça. Pelos boatos, Hinckley assistiu ao filme quinze vezes seguidamente. Antes do atentado, mandava cartas com poemas para a residência da atriz para que ela o notasse. Depois de ser preso, permanece internado numa clínica psiquiátrica mantido sob vigilância.

Após esse período negro, Foster ressurgiu para o mundo aos 26 anos, quando seu trabalho em Acusados chamou a atenção dos críticos. No filme, ela vive a jovem Sarah Tobias, que se torna vítima de um brutal estupro num bar por três homens. Contudo, Acusados não se trata de um filme comum. Pela personagem de Foster ter um histórico conturbado (foi presa por porte de drogas), e pelo fato de estar bêbada e se insinuar dançando para um homem igualmente bêbado no bar, o julgamento ganha proporções maiores, ainda mais que os acusados têm fortes conexões na justiça.

Jodie Foster em Acusados (1988): primeiro Oscar

Além da escolha ousada do projeto, Jodie Foster impressionou com a fragilidade da condição humana pela dificuldade de se expressar na corte. Sua personagem se vê obrigada a amadurecer e criar responsabilidade por seus atos. Como a mensagem do filme é bem difícil de entender, a performance da atriz se mostra fundamental para que o público entenda que os acusados do filme são apenas figurantes do crime. Por este trabalho, Jodie Foster recebeu sua segunda indicação e saiu vencedora do Oscar de Melhor Atriz em 1989.

Em 1991, outro ano de sua ascensão, Foster estrelou a adaptação do best-seller de Thomas Harris, O Silêncio dos Inocentes, que lhe rendeu seu segundo Oscar de atriz. Curiosamente, ela não foi a primeira opção do diretor Jonathan Demme, que preferia Michelle Pfeiffer, com quem havia trabalhado em De Caso com a Máfia (1988). Então, Demme recorreu à sugestão do roteirista Ted Tally.

Jodie Foster em O Silêncio dos Inocentes: prova de que beleza e inteligência podem coexistir

Para interpretar a agente do FBI, Clarice Starling, a atriz passou por um curso intensivo com agentes reais, como mostrado durante o filme. Com isso, deu credibilidade ao seu papel, que se encontra num caso de superação ao investigar os assassinatos de Buffalo Bill com a ajuda de Hannibal Lecter (Anthony Hopkins, em momento de extrema inspiração).

Ainda naquele ano, Jodie decidiu se aventurar na cadeira de diretora. Com roteiro original de Scott Frank, o filme Mentes que Brilham trata da trajetória de uma criança superdotada. Conhecida por seu alto QI, Jodie Foster se identificou com o menino da história e apostou no projeto que, embora tenha recebido boas críticas, não foi tão bem nas bilheterias.

Jodie Foster ao lado do pequeno Adam Hann-Byrd em Mentes que Brilham, estréia de Foster na direção

Em 1994, teve destaque ao interpretar a eremita Nell, que vivia afastada na selva. Em entrevista com James Lipton no programa Inside the Actors Studio, Jodie revelou que Nell foi seu melhor trabalho como atriz, uma vez que a personagem havia criado uma linguagem completamente nova e se comunicava com todo o seu corpo e expressão. Por este papel, ganhou o SAG Award, recebeu sua quarta indicação ao Oscar, mas perdeu para Jessica Lange (Céu Azul),

Nas décadas seguintes, já consagrada, Jodie Foster embarcou em produções mais comerciais como Maverick (1993), Contato (1997), O Quarto do Pânico (2002) e Plano de Vôo (2005), mas por mais que sejam voltados ao grande público, todos apresentam bons roteiros.

Apesar de ter cara de blockbuster, Plano de Vôo é um bom suspense que aborda a questão da paranóia americana, terrorismo e racismo.

Em 2013, a atriz retornará às telas de cinema com Elysium, novo filme de Neill Blomkamp, diretor da inovadora ficção científica indicada ao Oscar de Melhor Filme, Distrito 9. No elenco, além de Matt Damon, contam com a presença de dois brasileiros: Wagner Moura e Alice Braga.

Jodie Foster receberá o Cecil B. DeMille award durante cerimônia de premiação do Globo de Ouro 2013, que ocorre no dia 13 de janeiro.

No Globo de Ouro, a atriz já soma sete indicações:

1977: Indicada a Melhor Atriz – Comédia ou Musical por Se Eu Fosse Minha Mãe

1989: Vencedora de Melhor Atriz – Drama por Acusados

1992: Vencedora de Melhor Atriz – Drama por O Silêncio dos Inocentes

1995: Indicada a Melhor Atriz – Drama por Nell

1998: Indicada a Melhor Atriz – Drama por Contato

2008: Indicada a Melhor Atriz – Drama por Valente

2012: Indicada a Melhor Atriz – Comédia ou Musical por Deus da Carnificina

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