‘A BELA E A FERA’ leva Melhor Filme e ‘STRANGER THINGS’ Melhor Show de TV no MTV Movie & TV Awards 2017

Emma Watson, Josh Gad e o diretor Bill Condon aceitam o prêmio de Melhor Filme do Ano (pic by yahoo!)

MTV MOVIE AWARDS PASSA POR ALTERAÇÕES EM BUSCA DE SOBREVIVÊNCIA

Sim, você não leu errado. A MTV passou a premiar programas de TV e streaming como Netflix a partir deste ano. Mas inovou ao misturar tudo, ao invés de criar inúmeras categorias como faz a “Bolha Assassina” do Critics’ Choice Awards com seus 487 prêmios. Dessa forma, indicados de cinema concorriam com indicados de TV nas mesmas categorias. Como todos sabem, a premiação da MTV vinha sofrendo uma decadência sem fim desde meados dos anos 2000, então interpreto essa mudança como estratégia de sobrevivência. Portanto, nada melhor do que contar também com celebridades de TV e séries para atrair mais a atenção do público.

A série mais premiada foi Stranger Things, que foi um sucesso de crítica e público da Netflix. Levou Melhor Série e Melhor Atuação em Série para a garota prodígio Millie Bobby Brown.

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Os atores mirins Millie Bobby Brown, Gaten Matarazzo, Finn Wolfhard e Caleb McLaughlin em cena de Stranger Things (pic by moviepilot.de)

Outra mudança bastante positiva e exclusiva foi nas categorias de atuação. Agora existe apenas UMA, que abrange atores, atrizes e futuramente, transgêneros. Talvez essa inspiração tenha vindo do Oscar do ano passado, quando o host Chris Rock havia feito o seguinte comentário: “Prêmio de atuação é o único que não precisa ser dividido entre homens e mulheres”. Realmente, qual a diferença entre sexos em atuações? A primeira vencedora deste prêmio foi Emma Watson por A Bela e a Fera, que enalteceu a importância do reconhecimento neutro da MTV.

Emma Watson recebe o primeiro prêmio de atuação sem gênero do MTV Movie and TV Awards pelas mãos de Asia Kate Dillon, uma atriz sem gênero (pic by Digital Spy)

Sempre fui fã do prêmio da MTV desde minha adolescência por causa dessa essência despojada. Como todos os outros prêmios são levados muito à sério, esse cativa pelo humor e por que não reconhecer qualidades em filmes bem comerciais? Se tem alguma coisa que não pode ser falado do prêmio é que ele não é flexível. A cada ano, eles criam novas categorias, assim como retiram de acordo com a safra anual de conteúdo.

Por mim, deveriam trazer de volta os prêmios de Most Desirable Female e Male, porque sensualidade na tela deveria ser reconhecido sempre! Mas acredito que ele tenha sido extinto pelos tempos politicamente corretos demais… E falando em politicamente correto, achei que os prêmios de Melhor História Americana e Melhor Luta Contra o Sistema foi um pouco “forçação de barra”, e o prêmio de Documentário ficou meio deslocado pra ser MTV…

A respeito dos vencedores: em relação aos indicados de TV e streaming, sou Glória Pires (“não posso opinar”), mas em relação a cinema, honestamente, achei que Logan e Quase 18 seriam mais bem votados. O primeiro dialoga bem com os meninos (mais crescidos) e os nerds de quadrinhos como moi. E o segundo é uma espécie de bela homenagem ao universo de John Hughes e seus personagens adolescentes perdidos em seus questionamentos da própria existência.

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Hailee Steinfeld como a protagonista problemática em Quase 18 (pic by moviepilot.de)

Mas enfim, o grande vencedor da noite foi a refilmagem de A Bela e a Fera. Boa parte da crítica e pessoal entendido costuma dizer “versão live-action” de A Bela e a Fera. Eu digo “refilmagem” mesmo, porque trata-se do mesmo material, mas filmado com atores de carne e osso. A meu entender, esgotou-se a criatividade da Disney e agora eles só querem fazer refilmagens de animações (preparem-se que estão por vir os “live-actions de O Rei LeãoMulan e A Pequena Sereia) e continuações, seja do universo Marvel, seja do universo Star Wars ou seja do universo Piratas do Caribe.

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A cena da dança entre Bela e Fera, um momento que foi brilhantemente capturado na animação de 1991, agora versão “live-action”. Pic by moviepilot.de

Eu absolutamente entendo os motivos: 1º Querem mergulhar em dinheiro. 2º Não querem se arriscar com material novo. 3º Querem refilmar para contar a mesma história para o público jovem que não conhece o original. MAS PORRA! Se for pra revisitar o universo pré-existente, por que não fazem como o Malévola? Eles trouxeram a história de A Bela Adormecida, que já tinha a animação de 1959, mas recontaram sob a perspectiva da vilã da história. Aliás, essa onda de live-action começou com o sucesso desse filme estrelado pela Angelina Jolie.

Sei lá, não sei se sou crítico demais com essa preguiça de material novo, mas já que estamos nessa era de ruminar, por que não trazer novas perspectivas para a história conhecida? Nesse A Bela e a Fera, contrataram até um ator idêntico ao personagem animado Gaston! Por isso que o MTV Movie Awards está cedendo espaço para a TV: é onde está a criatividade.

VENCEDORES DO MTV MOVIE & TV AWARDS 2017:

FILME DO ANO:
* A Bela e a Fera (Beauty and the Beast)
Corra (Get Out)
Logan (Logan)
Rogue One: Uma História Star Wars (Rogue One: A Star Wars Story)
Quase 18 (The Edge of Seventeen)

MELHOR ATUAÇÃO EM FILME:
* Emma Watson (A Bela e a Fera)
Daniel Kaluuya (Corra)
Hailee Steinfeld (Quase 18)
Hugh Jackman (Logan)
James McAvoy (Frgamentado)
Taraji P. Henson (Estrelas Além do Tempo)

SÉRIE DO ANO:
* Stranger Things
Atlanta
Game of Thrones
Insecure
Pretty Little Liars
This Is Us

MELHOR ATUAÇÃO EM SÉRIE:
Millie Bobby Brown (Stranger Things)
Donald Glover (Atlanta)
Emilia Clarke (Game of Thrones)
Gina Rodriguez (Jane the Virgin)
Jeffrey Dean Morgan (The Walking Dead)
Mandy Moore (This Is Us)

MELHOR BEIJO:
Ashton Sanders e Jharrel Jerome (Moonlight: Sob a Luz do Luar)
Emma Stone and Ryan Gosling (La La Land: Cantando Estações)
Emma Watson and Dan Stevens (A Bela e a Fera)
Taraji P. Henson and Terrence Howard (Empire)
Zac Efron and Anna Kendrick (Mike & Dave Need Wedding Dates)

MELHOR VILÃO:
Jeffrey Dean Morgan (The Walking Dead)

Allison Williams (Corra)
Demogorgon (Stranger Things)
Jared Leto (Esquadrão Suicida)
Wes Bentley (American Horror Story)

MELHOR HOST:
Trevor Noah (The Daily Show)
Ellen DeGeneres (The Ellen DeGeneres Show)
John Oliver (Last Week Tonight with John Oliver)
RuPaul (RuPaul’s Drag Race)
Samantha Bee (Full Frontal with Samantha Bee)

MELHOR DOCUMENTÁRIO:  
A 13ª Emenda (13th)
Eu Não Sou Seu Negro (I Am Not Your Negro)
O.J.: Made in America
This is Everything: Gigi Gorgeous
TIME: The Kalief Browder Story

MELHOR REALITY SHOW:
RuPaul’s Drag Race
America’s Got Talent
MasterChef Junior
The Bachelor
The Voice

MELHOR COMEDIANTE:
Lil Rel Howery (Corra)
Adam Devine (Workaholics)
Ilana Glazer e Abbi Jacobson (Broad City)
Seth MacFarlane (Uma Família da Pesada)
Seth Rogen (Festa da Salsicha)
Will Arnett (LEGO Batman: O Filme)

MELHOR HERÓI:
Taraji P. Henson (Estrelas Além do Tempo)
Felicity Jones (Rogue One: Uma História Star Wars)
Grant Gustin (The Flash)
Mike Colter (Luke Cage)
Millie Bobby Brown (Stranger Things)
Stephen Amell (Arrow)

MELHOR CHORORÔ:
This Is Us – Jack (Milo Ventimiglia) e Randall (Lonnie Chavis) no caratê
Game of Thrones – A morte de Hodor (Kristian Nairn)
Grey’s Anatomy – Meredith conta aos filhos sobre a morte de Derek (Ellen Pompeo)
Como Eu Era Antes de Você – Will (Sam Claflin) conta a Louisa (Emilia Clarke) que ele não pode ficar com ela
Moonlight: Sob a Luz do Luar – Paula (Naomie Harris) conta a Chiron (Trevante Rhodes) que o ama

PRÓXIMA GERAÇÃO:
Daniel Kaluuya
Chrissy Metz
Issa Rae
Riz Ahmed
Yara Shahidi

MELHOR DUPLA:     
Hugh Jackman e Dafne Keen (Logan)
Adam Levine and Blake Shelton (The Voice)
Daniel Kaluuya and Lil Rel Howery (Corra)
Brian Tyree Henry and Lakeith Stanfield (Atlanta)
Josh Gad and Luke Evans (A Bela e a Fera)
Martha Stewart and Snoop Dogg (Martha & Snoop’s Potluck Dinner Party)

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Hugh Jackman e Dafne Keen reinterpretando seus personagens de Logan no palco (pic by People.com)

MELHOR HISTÓRIA AMERICANA:
Blackish
Fresh Off the Boat
Jane the Virgin
Moonlight
Transparent

MELHOR LUTA CONTRA O SISTEMA:
Estrelas Além do Tempo
Corra
Loving
Luke Cage
Mr. Robot

TRENDING:
“Run The World (Girls)” Channing Tatum and Beyonce – “Lip Sync Battle”
“Sean Spicer Press Conference” feat. Melissa McCarthy – “Saturday Night Live”
“Lady Gaga Carpool Karaoke” – “The Late Late Show with James Corden”
“Cash Me Outside How Bout Dat” – “Dr. Phil”
“Wheel of Musical Impressions with Demi Lovato” – “The Tonight Show Starring Jimmy Fallon”
Winona Ryder’s Winning SAG Awards Reaction – 23rd Annual SAG Awards

MELHOR MOMENTO MUSICAL:
“You’re the One That I Want” – Ensemble (Grease: Live)
“Beauty and the Beast” – Ariana Grande and John Legend (A Bela e a Fera)
“Can’t Stop the Feeling” – Justin Timberlake (Trolls)
“How Far I’ll Go” – Auli’i Cravalho (Moana: Um Mar de Aventuras)
“City of Stars” – Ryan Gosling and Emma Stone (La La Land: Cantando Estações)
“You Can’t Stop” The Beat – Ensemble – (Hairspray Live!)
“Be That As It May” – Herizen Guardiola (The Get Down)

‘Spotlight’ é o grande vencedor do Independent Spirit Awards 2016

Spotlight Independent

Tom MacCarthy faz discurso de agradecimento de Melhor Filme no Independent Spirit Awards com seu elenco no fundo por Spotlight – Segredos Revelados. (photo by http://www.bostonglobe.com)

COM GRANDES ASPIRAÇÕES E SEIS INDICAÇÕES AO OSCAR, ‘SPOTLIGHT’ LEVA CINCO PRÊMIO DO INDEPENDENT SPIRIT

Habitualmente, a cerimônia do Independent Spirit Awards acontece um dia antes do Oscar, como se quisessem demonstrar o enorme contraste entre o pequeno e o mega-colossal evento. Até os anos 90, os vencedores do primeiro tinham quase 0% de chance de levar o segundo, mas a partir da década seguinte, os filmes menores passaram a ganhar espaço e credibilidade, conseguindo se firmar nos anos seguintes com a crise econômica que reduziu consideravelmente os orçamentos milionários dos grandes estúdios a partir desta década. Hoje, os filmes premiados no Independent valem ouro no Oscar.

Nesta 31ª edição, Spotlight foi o grande vencedor com 5 prêmios no total: Filme, Diretor (Tom McCarthy), Roteiro Original, Montagem e Elenco. O drama que narra a história verídica dos jornalistas do Boston Globe que revelaram os escândalos de abuso sexual de padres católicos concorre neste domingo a seis Oscars, mas terá o mesmo fôlego dos vencedores passados como Birdman, 12 Anos de Escravidão e O Artista, que levaram ambos os prêmios?

A campanha de Spotlight – Segredos Revelados se mostrou eficiente no início da temporada, quando conquistou prêmios importantes como o Critics’ Choice Awards, mas este ano, a competição está bem mais acirrada e os prêmios relevantes se dividiram entre este drama, A Grande Aposta e O Regresso. Todos têm chances reais, mas para Spotlight, não basta o Oscar de Roteiro Original para levar Melhor Filme.

Logo atrás, Beasts of No Nation da Netflix e O Quarto de Jack faturaram dois Independent Spirit cada. O primeiro levou Melhor Ator e Ator Coadjuvante para Abraham Attah e Idris Elba, respectivamente, e o segundo ficou com Melhor Atriz para Brie Larson (a que mais tem chances de levar o Oscar também) e Primeiro Roteiro para Emma Donoghue.

Idris Elba Beasts Independent

Idris Elba aceita seu prêmio de Ator Coadjuvante por Beasts of No Nation, ao lado de Abraham Attah, sem saber que logo depois, ele ganharia o prêmio de Ator (photo by 6abc.com)

Este ano, o Independent Spirit Awards fez história ao premiar pela primeira vez um transgênero: a atriz coadjuvante Mya Taylor pelo filme Tangerina. Trata-se de um pequeno filme filmado com um iPhone sobre duas transsexuais que buscam vingança sobre seu cafetão. Sua companheira de filme, a atriz Kitana Kiki Rodriguez estava indicada a Melhor Atriz também, mas perdeu. Acho um grande passo para a comunidade cinematográfica, que enxerga apenas o talento e não a pessoa, e por que não para a humanidade? Não sei em quando a Academia vai fazer o mesmo, mas espero que seja ainda neste século!

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Vencedora de Melhor Atriz Coadjuvante por Tangerina, Mya Taylor agradece no palco pelo prêmio. (Photo by Kevork Djansezian/Getty Images through huffingtonpost.com)

Só fazendo um adendo: Vale lembrar que o primeiro transgênero indicado ao Oscar, o compositor Antony Hegarty (Anohni), decidiu não comparecer à cerimônia hoje como forma de protesto por sua canção “Manta Ray” não ser apresentada no palco como as dos famosos Sam Smith, The Weeknd e Lady Gaga, e com toda razão. Direitos iguais para todos!

E também queria acrescentar que adorei a premiação de Ed Lachman como Melhor Fotografia pelo filme Carol. É um trabalho visual primoroso que não poderia passar desapercebido da temporada de premiações.

VENCEDORES DO 31º INDEPENDENT SPIRIT AWARDS:

MELHOR FILME
Spotlight – Segredos Revelados
Produtores: Blye Pagon Faust, Steve Golin, Nicole Rocklin, Michael Sugar

MELHOR ATRIZ
Brie Larson (O Quarto de Jack)

MELHOR ATOR
Abraham Attah (Beasts Of No Nation)

MELHOR DIRETOR
Tom McCarthy (Spotlight – Segredos Revelados)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Mya Taylor (Tangerina)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Idris Elba (Beasts Of No Nation)

MELHOR FILME INTERNACIONAL
Filho de Saul (Hungria)
Diretor: László Nemes

MELHOR ROTEIRO
Tom McCarthy & Josh Singer (Spotlight – Segredos Revelados)

PRÊMIO JOHN CASSAVETES (Filme com orçamento abaixo de 500 mil dólares)
Krisha
Roteirista/Diretor/Produtor: Trey Edward Shults
Produtores: Justin R. Chan, Chase Joliet, Wilson Smith

MELHOR FOTOGRAFIA
Ed Lachman (Carol)

MELHOR MONTAGEM
Tom McArdle (Spotlight – Segredos Revelados)

MELHOR FILME DE ESTRÉIA
O Diário de uma Adolescente (The Diary of a Teenage Girl)
Diretora: Marielle Heller
Produtores: Miranda Bailey, Anne Carey, Bert Hamelinck, Madeline Samit

PRÊMIO ROBERT ALTMAN (ELENCO)
Spotlight – Segredos Revelados
Diretor: Tom McCarthy
Casting: Kerry Barden e Paul Schnee
Elenco: Billy Crudup, Paul Guilfoyle, Neal Huff, Brian d’Arcy James, Michael Keaton, Rachel McAdams, Mark Ruffalo, Liev Schreiber, Jamey Sheridan, John Slattery, Stanley Tucci

MELHOR DOCUMENTÁRIO
O Peso do Silêncio (The Look Of Silence)
Director: Joshua Oppenheimer
Producer: Signe Byrge Sørensen

MELHOR ROTEIRO DE ESTREANTE
Emma Donoghue (O Quarto de Jack)

PRÊMIO DE PRODUTORES PIAGET
Mel Eslyn

PRÊMIO Truer Than Fiction
Incorruptible
Diretor: Elizabeth Chai Vasarhelyi

PRÊMIO Someone to Watch Award
King Jack
Diretor: Felix Thompson

2016 Film Independent Spirit Awards - Show

Brie Larson adiciona mais um importante prêmio rumo ao Oscar por O Quarto de Jack. (Photo by Kevork Djansezian/Getty Images through extratv.com)

‘Sniper Americano’ e ‘O Abutre’ conseguem indicação no PGA Awards 2015

Novo filme de Clint Eastwood, Sniper Americano, consegue adentrar na festa da PGA (photo by outnow.ch)

Novo filme de Clint Eastwood, Sniper Americano, consegue adentrar na festa da PGA (photo by outnow.ch)

PRODUÇÕES ATÉ OUTRORA COADJUVANTES GANHAM DESTAQUE NA TEMPORADA DE PREMIAÇÕES

Seguindo o bonde dos sindicatos, o PGA, Producers Guild of America, anunciou seus indicados a Melhor Produção de 2014. A lista inclui os grandes favoritos da temporada como Boyhood, Birdman, O Jogo da Imitação e O Grande Hotel Budapeste, mas também alavanca produções que eram consideradas coadjuvantes como Whiplash: Em Busca da Perfeição e O Abutre, ambos só vinham conquistando indicações e prêmios de Ator Coadjuvante para J.K. Simmons e Ator para Jake Gyllenhaal, respectivamente.

Porém, se for pra destacar apenas uma surpresa, esta se chama Sniper Americano. O novo filme de Clint Eastwood conseguiu uma arrancada heróica depois de ficar semanas excluído dos prêmios dos críticos e do próprio Critics’ Choice Awards (sim, porque indicação para Melhor Filme de Ação e Melhor Ator em Filme de Ação não conta!). Certamente, esta indicação pode contribuir para a quinta indicação ao Oscar para Clint Eastwood (ele venceu o prêmio pelo National Board of Review) e a terceira indicação de Bradley Cooper que, se não conseguir o feito, será pela altíssima concorrência na categoria de Melhor Ator. O filme tem previsão de estréia no Brasil para 19 de fevereiro, bem no fim de semana do Oscar 2015.

Cena de O Abutre, com performance assombrosa de Jake Gyllenhaal (photo by cinemagia.ro)

Cena de O Abutre, com performance assombrosa de Jake Gyllenhaal (photo by cinemagia.ro)

A ausência mais comentada foi a do filme Selma, sobre a conquista dos direitos civis por Martin Luther King. Segundo fontes da Variety, o estúdio responsável pela campanha, Paramount, enviou cópias do filme em DVD para os votantes da Academia, mas se esqueceu dos sindicatos, tanto que o filme foi excluído do SAG Awards, com direito à gente cri-cri reclamando que não havia negros na lista de indicados (referindo-se à exclusão do ator David Oyelowo pelo mesmo filme). Para quem não participa do processo de votação, parece até que as coisas fluem naturalmente: que todos os votantes dos sindicatos e da Academia vão se dispor a ir aos cinemas em que todos os filmes concorrentes estão em exibição para avaliá-los com o devido cuidado para então decidirem seus votos. Ledo engano e pura ilusão.

A mesma matéria da Variety ainda lembra que em 1993, o diretor Steven Spielberg foi contra o envio de cópias VHS de seu A Lista de Schindler, pois fazia questão que os votantes assistissem ao filme na telona do cinema. Mas os tempos mudaram, e as campanhas não podem mais se dar a esse luxo de aguardar a boa vontade dos votantes comparecerem às salas de projeção. As cópias, que eles chamam de “screeners” são hoje essenciais para angariar votos. Foi assim que aquela draga de Crash – No Limite ganhou o Oscar de Melhor Filme em 2006, pois como já estava disponível em DVD, foi distribuído incansavelmente aos membros da Academia bem antes do término do prazo de votação.

Outras ausências sentidas são do filme de guerra de Angelina Jolie, Invencível; o drama sobre a violência de Nova York de O Ano Mais Violento; a adaptação do musical da Broadway Caminhos da Floresta; e o road movie de auto-ajuda Livre. Alguns cinéfilos e fãs do trabalho do diretor Christopher Nolan, também demonstram revolta nas redes sociais com a exclusão de Interestelar que, segundo alguns relatos, “é bem melhor do que ‘Gravidade’ que conseguiu vários prêmios ano passado”. Concordo muito parcialmente, porque considero Nolan didático demais. Voltando ao prêmio, vale lembrar que o PGA Awards é uma ótima prévia de Melhor Filme do Oscar, pois acertou 5 dos últimos 5 vencedores, e 18 dos 25 de sua história. Curiosamente, no ano passado, houve o inédito empate: 12 Anos de Escravidão com Gravidade, sendo que o primeiro levou o Oscar de Filme.

Já na categoria de produção de animação, não houve nenhuma surpresa. Todos os indicados em prêmios anteriores estão presentes: Operação Big Hero, Festa no Céu, Os Boxtrolls, Como Treinar o Seu Dragão 2 e Uma Aventura Lego. Senti muita falta de uma produção 2D como a japonesa O Conto da Princesa Kaguya, que até ganhou o prestigiado prêmio dos críticos de Los Angeles (LAFCA), mas talvez atenda mais aos critérios de produção do que os artísticos em si.

Entre os documentários, a ausência do favorito Citizenfour certamente faz o filme perder alguns pontos na campanha, enquanto, por outro lado, soma alguns para a cinebiografia do crítico de cinema Roger Ebert, Life Itself – A Vida de Roger Ebert, que figura entre os favoritos para ganhar o PGA. Contudo, não dá pra ignorar a nova produção da Netflix, Virunga, sobre a proteção de um dos últimos refúgios de gorilas numa montanha do Congo.

Cena do documentário Life Itself, sobre a vida do crítico de cinema Roger Ebert, falecido em 2013. (photo by outnow.ch)

Cena do documentário Life Itself, sobre a vida do crítico de cinema Roger Ebert, falecido em 2013. (photo by outnow.ch)

As indicações das produções televisivas denotam um novo auge. Fargo, True Detective, American Horror Story: Freak Show, Normal Heart e Sherlock são alguns bons exemplos dessa nova safra da TV. Além de atrair incontáveis profissionais de alto nível, que favorecem uma nova onda de criatividade, o formato das séries ganhou um mega-reforço com a inclusão do formato streaming do Netflix e Amazon.

PGA header

MELHOR FILME:
SNIPER AMERICANO (American Sniper) – Warner Bros. Pictures
Produtores: Bradley Cooper, Clint Eastwood, Andrew Lazar, Robert Lorenz, Peter Morgan

BIRDMAN OU (A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA) (Birdman) – Fox Searchlight Pictures
Produtores: Alejandro G. Iñárritu, John Lesher, James W. Skotchdopole

BOYHOOD: DA INFÂNCIA À JUVENTUDE (Boyhood) – IFC Films
Produtores: Richard Linklater, Cathleen Sutherland

FOXCATCHER: UMA HISTÓRIA QUE CHOCOU O MUNDO (Foxcatcher) – Sony Pictures Classics
Produtores:  Megan Ellison, Jon Kilik, Bennett Miller

GAROTA EXEMPLAR (Gone Girl) – 20th Century Fox
Produtor: Ceán Chaffin

O GRANDE HOTEL BUDAPESTE (The Grand Budapest Hotel) – Fox Searchlight Pictures
Produtores: Wes Anderson, Scott Rudin, Jeremy Dawson, Steven Rales

O JOGO DA IMITAÇÃO (The Imitation Game) – The Weinstein Company
Produtores: Nora Grossman, Ido Ostrowsky, Teddy Schwarzman

O ABUTRE (Nightcrawler) – Open Road Films
Produtores: Jennifer Fox, Tony Gilroy

A TEORIA DE TUDO (The Theory of Everything) – Focus Features
Produtores: Tim Bevan, Eric Fellner, Lisa Bruce, Anthony McCarten

WHIPLASH: EM BUSCA DA PERFEIÇÃO (Whiplash) – Sony Pictures Classics
Produtores: Jason Blum, Helen Estabrook, David Lancaster

Cena com Milles Teller e J.K. Simmons de Whiplash: Em Busca da Perfeição, de Damien Chazelle. (photo by outnow.ch)

Cena com Milles Teller e J.K. Simmons de Whiplash: Em Busca da Perfeição, de Damien Chazelle. (photo by outnow.ch)

MELHOR ANIMAÇÃO:
OPERAÇÃO BIG HERO (Big Hero 6) – Walt Disney Animation Studios
Produtor: Roy Conli

FESTA NO CÉU (The Book of Life)  – 20th Century Fox
Produtores: Brad Booker, Guillermo del Toro

OS BOXTROLLS (The Boxtrolls) – Focus Features
Produtores: David Bleiman Ichioka, Travis Knight

COMO TREINAR O SEU DRAGÃO 2 (How To Train Your Dragon 2) – 20th Century Fox
Produtor: Bonnie Arnold

UMA AVENTURA LEGO (The LEGO Movie) – Warner Bros. Pictures
Produtor: Dan Lin

Cena de Festa no Céu, animação produzida por Guillermo del Toro (photo by outnow.ch)

Cena de Festa no Céu, animação produzida por Guillermo del Toro (photo by outnow.ch)

MELHOR DOCUMENTÁRIO:
THE GREEN PRINCE – Music Box Films
Produtores: John Battsek, Simon Chinn, Nadav Schirman

LIFE ITSELF – A VIDA DE ROGER EBERT (Life Itself) – Magnolia Pictures
Produtores: Garrett Basch, Steve James, Zak Piper

MERCHANTS OF DOUBT – Sony Pictures Classics
Produtores: Robert Kenner, Melissa Robledo

PARTICLE FEVER – Abramorama/BOND 360
Produtores: David E. Kaplan, Mark A. Levinson, Andrea Miller, Carla Solomon

VIRUNGA – Netflix
Produtores: Joanna Natasegara, Orlando von Einsiedel

Cena do documentário Virunga, sobre a proteção aos gorilas quase extintos do Congo (photo by outnow.ch)

Cena do documentário Virunga, sobre a proteção aos gorilas quase extintos do Congo (photo by outnow.ch)

MELHOR SÉRIE DE LONGA-DURAÇÃO OU FILME PARA TV:
American Horror Story: Freak Show (FX)
Produtores: Brad Buecker, Dante Di Loreto, Brad Falchuk, Joseph Incaprera, Alexis Martin Woodall, Tim Minear, Ryan Murphy, Jennifer Salt, James Wong

Fargo (FX)
Produtores: Adam Bernstein, John Cameron, Ethan Coen, Joel Coen, Michael Frislev, Noah Hawley, Warren Littlefield, Chad Oakes, Kim Todd

The Normal Heart (HBO)
Produtores: Jason Blum, Dante Di Loreto, Scott Ferguson, Dede Gardner, Alexis Martin Woodall, Ryan Murphy, Brad Pitt, Mark Ruffalo

The Roosevelts: An Intimate History (PBS)
Produtores:  To Be Determined

Sherlock (PBS)
Produtores: Mark Gatiss, Steven Moffat, Beryl Vertue, Sue Vertue

MELHOR SÉRIE EPISÓDICA – DRAMA:
Breaking Bad (AMC)
Produtores: Melissa Bernstein, Sam Catlin, Bryan Cranston, Vince Gilligan, Peter Gould, Mark Johnson, Stewart Lyons, Michelle MacLaren, George Mastras, Diane Mercer, Thomas Schnauz, Moira Walley-Beckett

Downton Abbey (PBS)
Produtores: Julian Fellowes, Nigel Marchant, Gareth Neame, Liz Trubridge

Game Of Thrones (HBO)
Produtores: David Benioff, Bernadette Caulfield, Frank Doelger, Chris Newman, Greg Spence, Carolyn Strauss, D.B. Weiss

House Of Cards (Netflix)
Produtores: Dana Brunetti, Joshua Donen, David Fincher, David Manson, Iain Paterson, Eric Roth, Kevin Spacey, Beau Willimon

True Detective (HBO)
Produtores: Richard Brown, Carol Cuddy, Steve Golin, Woody Harrelson, Cary Joji Fukunaga, Matthew McConaughey, Nic Pizzolatto, Scott Stephens

MELHOR SÉRIE EPISÓDICA – COMÉDIA:
The Big Bang Theory (CBS)
Produtores: Faye Oshima Belyeu, Chuck Lorre, Steve Molaro, Bill Prady

Louie (FX)
Produtores: Pamela Adlon, Dave Becky, M. Blair Breard, Louis C.K., Vernon Chatman, Adam Escott, Steven Wright

Modern Family (ABC)
Produtores: Paul Corrigan, Megan Ganz, Abraham Higginbotham, Ben Karlin, Elaine Ko, Steven Levitan, Christopher Lloyd, Jeff Morton, Dan O’Shannon, Jeffrey Richman, Chris Smirnoff, Brad Walsh, Bill Wrubel, Sally Young, Danny Zuker

Orange Is The New Black (Netflix)
Produtores: Mark A. Burley, Sara Hess, Jenji Kohan, Gary Lennon, Neri Tannenbaum, Michael Trim, Lisa I. Vinnecour

Veep (HBO)
Produtores: Chris Addison, Simon Blackwell, Christopher Godsick, Armando Iannucci, Stephanie Laing, Julia Louis-Dreyfus, Frank Rich, Tony Roche

MELHOR PRODUÇÃO DE NÃO-FICÇÃO DE TELEVISÃO:
30 For 30 (ESPN)
Produtores: Andy Billman, John Dahl, Erin Leyden, Connor Schell, Bill Simmons

American Masters (PBS)
Produtores: Susan Lacy, Julie Sacks, Junko Tsunashima

Anthony Bourdain: Parts Unknown (CNN)
Produtores:  Anthony Bourdain, Christopher Collins, Lydia Tenaglia, Sandra Zweig

COSMOS: A SpaceTime Odyssey (FOX/NatGeo)
Produtores: Brannon Braga, Mitchell Cannold, Jason Clark, Ann Druyan, Livia Hanich, Steve Holtzman, Seth MacFarlane

Shark Tank (ABC)
Produtores: Becky Blitz, Mark Burnett, Bill Gaudsmith, Phil Gurin, Yun Lingner, Clay Newbill, Jim Roush, Laura Roush, Max Swedlow

MELHOR PRODUÇÃO DE COMPETIÇÃO DE TV:
The Amazing Race (CBS)
Produtores: Jerry Bruckheimer, Elise Doganieri, Jonathan Littman, Bertram van Munster, Mark Vertullo

Dancing With The Stars (ABC)
Produtores: Ashley Edens Shaffer, Conrad Green, Joe Sungkur

Project Runway (Lifetime)
Produtores: Jane Cha Cutler, Desiree Gruber, Tim Gunn, Heidi Klum, Jonathan Murray, Sara Rea, Teri Weideman

Top Chef (Bravo)
Produtores: Doneen Arquines, Daniel Cutforth, Casey Kriley, Jane Lipsitz, Hillary Olsen, Erica Ross, Tara Siener, Shealan Spencer

The Voice (NBC)
Produtores: Stijn Bakkers, Mark Burnett, John De Mol, Chad Hines, Lee Metzger, Audrey Morrissey, Jim Roush, Kyra Thompson, Mike Yurchuk, Amanda Zucker

MELHOR PRODUÇÃO DE ENTRETENIMENTO AO VIVO E ENTREVISTA:
The Colbert Report (Comedy Central)
Produtores: Meredith Bennett, Tanya Michnevich Bracco, Stephen Colbert, Richard Dahm, Paul Dinello, Barry Julien, Matt Lappin, Emily Lazar, Tom Purcell, Jon Stewart

Jimmy Kimmel Live (ABC)
Produtores: David Craig, Ken Crosby, Doug DeLuca, Gary Greenberg, Erin Irwin, Jimmy Kimmel, Jill Leiderman, Molly McNearney, Tony Romero, Jason Schrift, Jennifer Sharron, Seth Weidner, Josh Weintraub

Last Week Tonight With John Oliver (HBO)
Produtores: Tim Carvell, John Oliver, Liz Stanton

Real Time With Bill Maher (HBO)
Produtores: Scott Carter, Sheila Griffiths, Marc Gurvitz, Dean Johnsen, Bill Maher, Billy Martin, Matt Wood

The Tonight Show Starring Jimmy Fallon (NBC)
Produtores: Rob Crabbe, Jamie Granet Bederman, Katie Hockmeyer, Jim Juvonen, Josh Lieb, Brian McDonald, Lorne Michaels, Gavin Purcell

MELHOR PROGRAMA DE ESPORTES:

24/7 (HBO)

Hard Knocks: Training Camp With The Atlanta Falcons (HBO)

Hard Knocks: Training Camp With The Cincinnati Bengals (HBO)

Inside: U.S. Soccer’s March To Brazil (ESPN)

Real Sports With Bryant Gumbel (HBO)

 

MELHOR PROGRAMA INFANTIL:

Dora The Explorer (Nickelodeon)

Sesame Street (PBS)

Teenage Mutant Ninja Turtles (Nickelodeon)

Toy Story OF TERROR! (ABC)

Wynton Marsalis: A YoungArts Masterclass (HBO)

 

MELHOR SÉRIE DIGITAL:

30 For 30 Shorts (http://espn.go.com/30for30/ shorts)

Comedians In Cars Getting Coffee (http://www.crackle.com/c/ comedians-in-cars-getting- coffee)

COSMOS: A National Geographic Deeper Dive (https://www.youtube.com/ watch?v=AkiFfAEB5M8)

Epic Rap Battles Of History (http://youtube.com/erb)

Video Game High School Season 3 (https://www.youtube.com/user/ freddiew)

 

Os vencedores do 26º PGA Awards serão divulgados no dia 24 de janeiro em Los Angeles. A cerimônia do Oscar 2015 acontece no dia 22 de fevereiro.

Alfonso Cuarón vence o DGA e fortalece chances de ‘Gravidade’

Alfonso Cuarón recebe o DGA das mãos do vencedor de 2013, Ben Affleck, tornando-se o primeiro hispânico a ganhar o DGA (photo by zimbio.com)

Alfonso Cuarón recebe o DGA das mãos do vencedor de 2013, Ben Affleck, tornando-se o primeiro hispânico a ganhar o DGA (photo by zimbio.com)

COM VITÓRIA NO DGA, GRAVIDADE ENTRA DE VEZ NA COMPETIÇÃO DO OSCAR DE MELHOR FILME

Para quem está acompanhando a corrida para o Oscar 2014, percebe que a briga para o prêmio de Melhor Filme está cada vez mais acirrada. Nas últimas semanas, Trapaça venceu o SAG de Melhor Elenco e conquistou o Globo de Ouro de Melhor Filme – Comédia ou Musical. Já 12 Anos de Escravidão e Gravidade empataram como Melhor Filme no PGA, sendo que o primeiro também venceu o Critics’ Choice Awards e o Globo de Ouro de Melhor Filme – Drama.

Com a vitória do mexicano Alfonso Cuarón no Directors Guild (DGA), Gravidade tem suas chances elevadas consideravelmente, pois em 65 anos de DGA, apenas 7 diretores não repetiram a façanha no Oscar, e no mesmo período, apenas 13 diretores não tiveram seus filmes vencedores do Oscar de Melhor Filme. Já nos 85 anos do Oscar, houve 23 ocasiões.

Cuarón se tornou o primeiro diretor hispânico a ganhar o DGA, o que reforça uma certa tendência de diretores estrangeiros. Só para constar, nos últimos anos, Ang Lee (Taiwan), Michel Hazanavicius (França) e Tom Hooper (Inglaterra) ganharam o Oscar. O maior concorrente de Alfonso Cuarón era Steve McQueen (Inglaterra), que poderia se tornar o primeiro diretor negro a ganhar o DGA. As chances de Cuarón se mantêm altas no Oscar também, uma vez que os concorrentes são praticamente os mesmos, excetuando Alexander Payne (Nebraska), que tomou a vaga de Paul Greengrass (Capitão Phillips).

Enquanto o primeiro teve de inventar a tecnologia necessária para filmar as cenas espaciais juntamente com seu diretor de fotografia Emmanuel Lubezki e o supervisor de efeitos digitais Tim Webber, o segundo enfrentou um desafio típico de maratonas telvisivas: filmou 12 Anos de Escravidão em 35 dias com apenas uma câmera. Vale ressaltar aqui também que Gravidade representa o sucesso de público (mais de 600 milhões de dólares) e 12 Anos de Escravidão representa a unanimidade da crítica.

Alfonso Cuarón dirige cena com Sandra Bullock (photo by www.thehollywoodreporter.com)

Alfonso Cuarón (centro) dirige cena com Sandra Bullock (photo by http://www.thehollywoodreporter.com)

É um duelo tão interessante e extremamente competitivo que pode favorecer um terceiro filme na briga, no caso, Trapaça, um filme bem escrito e muito bem dirigido por David O. Russell, que encaminhou mais uma vez seus atores para as quatro categorias de atuação: Christian Bale (Ator), Amy Adams (Atriz), Bradley Cooper (Ator Coadjuvante) e Jennifer Lawrence (Atriz Coadjuvante). Ele já havia conseguido essa proeza com seu filme anterior, O Lado Bom da Vida. Na História do Oscar, esta é apenas a 15ª vez que as quatro categorias são preenchidas pelo mesmo filme, sendo Reds (1981) e Rede de Intrigas (1976) exemplos mais recentes.

Os indicados ao DGA este ano, da esquerda para a direita: (photo by thehollywoodreporter.com)

Os indicados ao DGA este ano, da esquerda para a direita: Alfonso Cuarón, Steve McQueen, Martin Scorsese, David O. Russell e Paul Greengrass (photo by thehollywoodreporter.com)

Já na categoria de direção para Documentários, a vitória da egípcia Jehane Noujaim por The Square foi uma surpresa, já que bateu o favorito Joshua Oppenheimer (O Ato de Matar), que também concorre ao Oscar. Trata-se da primeira grande vitória em Cinema para o Netflix. Na TV, já ganhou o Emmy e o Globo de Ouro pela série House of Cards. A diretora Jehane Noujaim já havia ganhado o DGA em 2001 pelo documentário Startup.com (com Chris Hegedus) e foi indicada anteriormente por Control Room em 2004.

A diretora egípcia Jehane Noujaim (photo by Matt Furman)

A diretora egípcia Jehane Noujaim (photo by Matt Furman)

Na categoria Direção para Minisséries ou Filmes para TV, Steven Soderbergh subiu ao palco por Minha Vida com Liberace (Behind the Candelabra), que já havia vencido o Globo de Ouro e o Emmy. Emocionado, ele também recebeu o prêmio especial Robert B. Aldrich, concedido pelo reconhecimento pelo extraordinário serviço ao Directors Guild of America e seus membros.

O presidente do DGA, Paris Barclay agradeceu Soderbergh por sua devoção ao sindicato, especialmente seu trabalho em proteger e extender os direitos criativos dos diretores, algo extremamente importante nos dias atuais em que produtores mandam mais do que o diretores, gerando filmes nitidamente feitos para arrecadar dinheiro. Soderbergh foi presidente do DGA por nove anos, e foi indicado duas vezes em 2000 por Traffic e Erin Brockovich: Uma Mulher de Talento.

Steven Soderbergh dirige Michael Douglas em cena de Minha Vida com Liberace (photo by cineplex.com)

Steven Soderbergh dirige Michael Douglas em cena de Minha Vida com Liberace (photo by cineplex.com)

Confira todos os vencedores desta edição:

Feature Film: Alfonso Cuarón (Gravidade)
Documentary Feature: Jehane Noujaim (The Square)
Dramatic Series: Vince Gilligan (Breaking Bad – episódio: Felina)
Comedy Series: Beth McCarthy-Miller (30 Rock – episódio: Hogcock!/Last Lunch)
Movie for Television or Mini-Series: Steven Soderbergh (Minha Vida com Liberace)
Variety/Talk/News/Sports – Series: Don Roy King (Saturday Night Live – with the host Justin Timberlake)
Variety/Talk/News/Sports – Specials: Glenn Weiss (The 67th Annual Tony Awards)
Reality Programs: Neil P. DeGroot (72 Hours – episódio: The Lost Coast)
Children’s Program: Amy Schatz (An Apology to Elephants)
Commercial: Martin de Thurah (Epoch Films)

Robert B. Aldrich Award: Steven Soderbergh
DGA Diversity Award: Shonda Rhimes e Betsy Beers
Frank Capra Achievement Award: Lee Blaine
Franklin J. Schaffner Achievement Award: Vincent DeDario

‘Trapaça’ sai na frente com o SAG de Melhor Elenco rumo ao Oscar 2014

Bradley Cooper encabeça elenco de Trapaça e agradece David O. Russell (photo by jenniferlawrencedaily.tumblr.com)

Bradley Cooper encabeça elenco de Trapaça e agradece David O. Russell (photo by jenniferlawrencedaily.tumblr.com)

TRAPAÇA VENCE MELHOR ELENCO E 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO TEM SUA PRIMEIRA GRANDE DERROTA

OK. Se essa corrida de cavalos estava empatada entre 12 Anos de Escravidão e Trapaça, agora o segundo está um pouco na frente com a vitória do SAG Award de Melhor Elenco. Trata-se de uma vitória importante, principalmente para seu diretor David O. Russell, que vem perdendo em todos os prêmios para Alfonso Cuarón (Gravidade). O ator Bradley Cooper dedicou a estatueta ao ele num discurso bastante emotivo ao resgatar a vontade de ser ator sob sua direção. Claro que a vitória nessa categoria não significa garantia de Melhor Filme no Oscar, mas ajuda na campanha do filme até o dia 02 de Março, dia da cerimônia da Academia.

Analisando friamente, esse prêmio foi concedido de forma politicamente correta. Como nenhum dos atores (Christian Bale, Amy Adams e Jennifer Lawrence) ganhou o SAG individualmente, o prêmio de Melhor Elenco caiu como uma luva para recompensar as boas atuações. Enquanto isso, 12 Anos de Escravidão teve de se contentar com o prêmio de coadjuvante.

Essa rivalidade entre os filmes tem se mostrado acirrada na categoria de Atriz Coadjuvante entre Jennifer Lawrence e Lupita Nyong’o. Enquanto Lawrence ganhou o Globo de Ouro, Nyong’o virou o jogo com as vitórias no Critics’ Choice Awards e agora este SAG. Muito emocionada e humilde, ela agradeceu toda a equipe e familiares, fechando com um: “Pai, o senhor conhece Brad Pitt? Vou estar num filme com ele! – Não conheço pessoalmente, mas já fico feliz que você conseguiu um emprego”. E felizmente Lawrence escolhe um vestido bem mais apresentável do que aquele do Globo de Ouro…

Jennifer Lawrence e Lupita Nyong'o reforçam o fair play da categoria coadjuvante (photo by jenniferlawrencedailly.tumblr.com)

Jennifer Lawrence e Lupita Nyong’o reforçam o fair play da categoria coadjuvante. (photo by jenniferlawrencedaily.tumblr.com)

Tem sido muito divertido acompanhar Jennifer Lawrence na temporada de premiação. As caras e bocas dela são tão espontâneas que fica impossível não rir

Tem sido muito divertido acompanhar Jennifer Lawrence na temporada de premiação. As caras e bocas dela são tão espontâneas que fica impossível não rir (gif by mattsgifs.tumblr.com)

Entre os homens, Jared Leto confirmou seu favoritismo como coadjuvante por Clube de Compras Dallas. Havia uma certa pressão na categoria devido à presença de James Gandolfini, indicado postumamente por À Procura do Amor, mas a coragem de Leto em encarnar um transexual num drama sobre Aids falou mais alto. É muito fácil cair no caricato quando se interpreta um personagem de sexo trocado como nas inúmeras comédias, então sua performance eleva a qualidade desses papéis.

Jared Leto e sua 1ª vitória por sua 1ª indicação no SAG (photo by nyongoss.tumblr.com)

Jared Leto e sua 1ª vitória por sua 1ª indicação no SAG (photo by nyongoss.tumblr.com)

Do mesmo nível de coragem, Matthew McConaughey estava nitidamente feliz com seu prêmio. A um passo do Oscar? A seu favor, além do Globo, SAG e Critics’ Choice, ele tem o ano de 2012, quando atuou em Magic Mike, Bernie – Quase um Anjo e Amor Bandido e sequer foi lembrado pela Academia. Sim, os votantes não se esquecem que esqueceram. McConaughey é um ator em extrema ascensão em Hollywood. Ele deixou as comédias românticas ralas e os altos salários de lado e procurou testar seus limites como ator. Foi buscar papéis melhores, e mesmo que menores, tratou-os como protagonistas. E foi assim que ele chegou ao papel de Clube de Compras Dallas e tem recebido tanto reconhecimento, batendo até o veterano Bruce Dern. Espero que ele não se acomode com os prêmios e continue sua busca por desafios, inclusive no próximo filme de Christopher Nolan, Interstellar, que estréia este ano.

Matthew McConaughey foi até Netuno para explicar a ótima sensação de conseguir um papel bom (photo by Kevork Djansezian/Getty Images)

Matthew McConaughey foi até Netuno para explicar a ótima sensação de conseguir um papel bom (photo by Kevork Djansezian/Getty Images)

Também coletando todos os prêmios, a australiana Cate Blanchett demonstrou bom humor: “Para aqueles que votaram em mim, obrigada! E para aqueles que não, melhor sorte no ano que vem!” Cate agradeceu a inspiração de seu diretor Woody Allen pela criação de personagens femininas excepcionais, não esquecendo de mencionar os atores com quem trabalhou: “Sally (Hawkins) estou sozinha aqui sem você. Metade desse prêmio é seu! A parte do pênis…” Apesar da categoria estar bem acirrada, Blanchett deve conquistar seu segundo Oscar, mas o primeiro como atriz principal. Seria a primeira a ganhar o Oscar de Melhor Atriz sob a direção de Woody Allen depois de Diane Keaton em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977)!

Cate Blanchett depois de alguns drinques fez discurso bem humorado (Kevork Djansezian/Getty Images)

Cate Blanchett depois de alguns drinques fez discurso bem humorado (Kevork Djansezian/Getty Images)

Muito interessante a escolha de Rita Moreno como homenageada. Uma entre quatro personalidades que conquistou o Oscar, Grammy, Emmy e Tony Award. Nascida em Porto Rico, ela se mudou aos 5 anos para Nova York, onde anos mais tarde conseguiu pequenos papéis em produções independentes até as pontas em grandes produções como os musicais Cantando na Chuva e O Rei e Eu, até o papel de sua vida: a latina Anita no grande Amor Sublime Amor. Quebrou tabus como a primeira latina a ganhar o Oscar de atuação. Repleta de vitalidade aos 82 anos, ela comprova que a alegria faz parte de sua vida ao cantar em seu discurso de agradecimento: “So let the music play as long as there’s a song to sing and I will be younger than spring…” – uma artista completa que falta hoje em dia.

Sobre o clipe In Memorian, é triste lembrar que Peter O’Toole, Joan Fontaine, Richard Griffiths, Eleanor Parker, Eileen Brennan, James Gandolfini e Juanita Moore nos abandonaram.

Confira a lista completa dos vencedores:

PRÊMIOS DO CINEMA

MELHOR ELENCO (BEST FILM ENSEMBLE)
Trapaça (American Hustle)
Amy Adams, Christian Bale, Louis C.K., Bradley Cooper, Paul Herman, Jack Huston, Jennifer Lawrence, Alessandro Nivola, Michael Peña, Jeremy Renner, Elisabeth Röhm, Shea Whigham

MELHOR ATOR (BEST ACTOR)
Matthew McConaughey (Clube de Compras Dallas)

MELHOR ATRIZ (BEST ACTRESS)
Cate Blanchett (Blue Jasmine)

MELHOR ATOR COADJUVANTE (BEST SUPPORTING ACTOR)
Jared Leto (Clube de Compras Dallas)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE (BEST SUPPORTING ACTRESS)
Lupita Nyong’o (12 Anos de Escravidão)

MELHOR EQUIPE DE DUBLÊS (BEST STUNT ENSEMBLE)
O Grande Herói (Lone Survivor)

PRÊMIOS DA TV

MELHOR ELENCO DE TV- DRAMA
Breaking Bad
Michael Bowen, Betsy Brandt, Bryan Cranston, Lavell Crawford, Tait Fletcher, Laura Fraser, Anna Gunn, Matthew T. Metzler, RJ Mitte, Dean Norris, Bob Odenkirk, Aaron Paul, Jesse Plemons, Steven Michael Quezada, Kevin Rankin, Patrick Sane

MELHOR ATOR DE TV – DRAMA
Bryan Cranston (Breaking Bad)

MELHOR ATRIZ DE TV – DRAMA
Maggie Smith (Downton Abbey)

MELHOR ELENCO DE TV – COMÉDIA
Modern Family
Julie Bowen, Ty Burrell, Aubrey Anderson Emmons, Jesse Tyler Ferguson, Nolan Gould, Sarah Hyland, Ed O’Neill, Rico Rodriguez, Eric Stonestreet, Sofia Vergara, Ariel Winter

MELHOR ATOR DE TV – COMÉDIA
Ty Burrell (Modern Family)

MELHOR ATRIZ DE TV – COMÉDIA
Julia Louis-Dreyfus (Veep)

MELHOR ATOR  – FILME PARA TV OU MINISSÉRIE
Michael Douglas (Minha Vida com Liberace)

MELHOR ATRIZ – FILME PARA TV OU MINISSÉRIE
Helen Mirren (Phil Spector)

MELHOR EQUIPE DE DUBLÊS DE TV
Game of Thrones

Num discurso que beira o "já sabia", Julia Louis-Dreyfus descontrai ao errar o discurso duas vezes, agradecendo o Globo de Ouro e o Oscar (photo by wool-grill.tumblr.com)

Num discurso que beira o “já sabia”, Julia Louis-Dreyfus descontrai ao errar o discurso duas vezes, agradecendo o Globo de Ouro e o Oscar (photo by wool-grill.tumblr.com)

Breve balanço de 2013 e Feliz Natal e Ano Novo!

Um dos logos do Oscar 2014: Here We Go! (photo by www.myfilm.gr)

Um dos logos do Oscar 2014: Here We Go! (photo by http://www.myfilm.gr)

Queridos leitores e amigos do Cinema, Oscar e Afins, este é meu último post de 2013. Retornarei às atividades a partir do dia 06 de janeiro. Gostaria de agradecer a vocês que acompanham o blog e sempre comentam os posts como o Hugo e a Layane. Espero que em 2014, eu consiga melhorar ainda mais as matérias e gerar ainda mais discussões, sempre com muito respeito, sobre os filmes que tanto amamos (e odiamos).

A temporada de premiação de 2014, assim como o Oscar, promete uma competição muito acirrada e rica. Há tempos não via um ano tão repleto de produções dignas de reconhecimento. Além dos favoritos 12 Years a Slave e Trapaça, que dominaram as indicações ao Globo de Ouro, SAG e Critics’ Choice Awards, temos Nebraska, Gravidade, Inside Llewyn Davis, Ela, Dallas Buyers Club, Philomena, Álbum de Família, Blue Jasmine, Capitão Phillips, Walt nos Bastidores de Mary Poppins e O Lobo de Wall Street.

Aliás, parece que logo depois da sessão de O Lobo de Wall Street para o Oscar, repleta de membros idosos da Academia, um roteirista teria insultado o diretor Martin Scorsese e o ator Leonardo DiCaprio quando eles se preparavam para as entrevistas pós-filme. A atriz Hope Holiday, membro da Academia, estava presente e atualizou em seu facebook:

“Ontem à noite foi tortura na Academia. O Lobo de Wall Street foi três horas de tortura. Mesma merda nojenta toda hora – depois do filme, tiveram uma discussão que muitos de nós não ficamos pra ver.”

“A porta do elevador se abriu e Leonardo DiCaprio e Martin Scorsese e alguns outros saíram. Então um roteirista correu até eles e começou a gritar: ‘Que vergonha. Nojento.’ (‘Shame on you’. Disgusting).”

A atriz Katarina Cas já desperta muitas coisas, inclusive a ira da 3ª idade (photo by www.elfilm.com)

A atriz Katarina Cas já desperta muitas coisas, inclusive a ira da 3ª idade (photo by http://www.elfilm.com)

As críticas teriam origem no conteúdo do filme, repleto de sexo e drogas. Se existia alguma chance de Oscar de Melhor Filme para O Lobo de Wall Street, agora não existe mais. Por outro lado, esse tipo de polêmica costuma alavancar as bilheterias do filme devido à curiosidade do público. Olha, os velhinhos e velhinhas que me perdoem, mas só essa cena da foto já me desperta a vontade de ver o filme.

Não se trata da primeira polêmica em relação aos filmes de Marty. Ele já enfrentou duras críticas com A Última Tentação de Cristo (1988), por motivos óbvios de religiosos xiitas, e pela suposta violência de Cassino (1995). Realmente existem cenas fortes como a da morte de dois personagens à pauladas e um enterrado vivo, mas trata-se do universo da história e não algo gratuito.

Podem Joaquin Phoenix e os demais atores salvar The Master do esquecimento? (foto por BeyondHollywood.com)

Indicado ao Oscar: Joaquin Phoenix em O Mestre (foto por BeyondHollywood.com)

Já a respeito dos filmes que vi em 2013, da temporada de premiações do começo do ano, gostei bastante de O Mestre, de Paul Thomas Anderson. Falaram muito sobre a crítica à Cientologia, mas procurei prestar mais atenção à linguagem que o diretor aplicou. Anderson sabe trabalhar com perfeição a união da fotografia com a direção de arte para criar um clima pertinente à história de mestre e pupilo. É curioso ver a relação dos dois personagens centrais através das atuações excepcionais de Joaquin Phoenix e Philip Seymour Hoffman, ambos indicados ao Oscar. Aliás, por mim, Phoenix teria levado o prêmio. Ele criou um personagem tão confuso, mas fisicamente forte e com energia tão pulsante que é difícil não se apegar. Ao lado da atuação contida de Hoffman, as performances geram um extremo contraste entre si. Só achei que a personagem de Amy Adams merecia mais tempo de tela.

Pôster original de Depois de Lúcia, de Michel Franco

Pôster original de Depois de Lúcia, de Michel Franco

Também recomendo o mexicano Depois de Lúcia, de Michel Franco. É uma bela análise da decadência do sistema educacional mexicano e do terceiro mundo. Apesar de ser apenas o segundo longa do diretor, ele conseguiu entregar um trabalho econômico na linguagem, mas rico em discussão. Assim como em seu filme de estréia, Daniel & Ana (2009), ele não abriu mão da violência para causar um choque no espectador, porém necessário à sua mensagem de alerta para os perigos do futuro dessa sociedade atual intolerante.

(photo by www.cine.gr)

María Renée Prudencio, Lucio Gimenéz Cacho e Danae Reynaud formam um belo trio em Club Sándwich (photo by http://www.cine.gr)

Mas o melhor filme que vi foi Club Sándwich, de Fernando Eimbcke. Conferi essa produção mexicana na Mostra de Cinema de São Paulo porque já havia gostado de um trabalho anterior do diretor chamado Temporada de Patos (2004). Com uma linguagem muito simples e com personagens quase mudos, que lembram os filmes do diretor Kim Ki-duk, Club Sándwich é sobre uma mãe e filho pré-adolescente que se hospedam num clube vazio por ser fora de temporada. Lá, eles passam o tempo e fazem tudo juntos, até o surgimento de uma menina que desperta o interesse do filho, causando a inveja materna. O filme faturou o prêmio de Melhor Diretor no Festival Internacional de San Sebástian, na Espanha, mas infelizmente, não há previsão de estréia no Brasil.

Vencedor da Palma de Ouro e do prêmio do NYFCC, Azul é a Cor Mais Quente está fora da corrida pelo Oscar de Filme Estrangeiro. Porém a bela Adèle Exarchopoulos pode ser uma surpresa (photo by www.elfilm.com)

Vencedor da Palma de Ouro e do prêmio do NYFCC, Azul é a Cor Mais Quente está fora da corrida pelo Oscar de Filme Estrangeiro. Porém a bela Adèle Exarchopoulos pode ser uma surpresa (photo by http://www.elfilm.com)

Também gostei do vencedor da Palma de Ouro, Azul é a Cor Mais Quente, de Abdellatif Kechiche. Baseado na história em quadrinhos de jovem Julie Maroh (ela tinha apenas 19 anos na época da publicação!), o filme acompanha o amadurecimento da jovem Adèle (Adèle Exarchopoulos) em relação à sua sexualidade. Nos cabelos azuis de Emma (Léa Seydoux), ela se encontra tão apaixonada que ousa desafiar sua família, amigos e sociedade a fim de consumar esse sentimento tão intenso. Considerado perfeccionista pelos atores com quem trabalhou, Kechiche sofreu algumas críticas das atrizes, especialmente em relação às cenas de sexo, que duraram cerca de 10 dias. Em resposta à postura de Seydoux, o diretor retrucou numa entrevista que a atriz cuspiu no prato, mas fez questão de colher os frutos do trabalho como as altas publicidades das capas de revistas de moda. Discussões à parte, Azul é a Cor Mais Quente é um dos melhores filmes de 2013 e mereceu o prêmio máximo de Cannes. Ainda pode vencer o Globo de Ouro, mas por desrespeito às regras da Academia, não pode concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Uma lástima e tanto.

Lili Taylor em cena de Invocação do Mal, de James Wan, representando uma nova onda de cinema de terror (photo by www.elfilm.com)

Lili Taylor em cena de Invocação do Mal, de James Wan, representando uma nova onda de cinema de terror (photo by http://www.elfilm.com)

E não posso deixar de citar o terror Invocação do Mal. O filme em si poderia conter mais momentos de terror/susto, mas o diretor James Wan criou uma atmosfera tão perfeita de tensão, que fica difícil não incluí-lo na lista. Produto da escola do terror mais psicológico, o filme resgata cenas que exploram o invisível e o desconhecido, evitando também o desgaste dos efeitos gerados em computação gráfica. James Wan consegue agregar o terror moderno do estilo documental ao terror clássico mimeticamente pensado e planejado. Criador da série Jogos Mortais e dos filmes Sobrenatural (2010) e Sobrenatural: Capítulo 2 (2013), ele tem desfrutado do sucesso de público e de crítica, tanto que é considerado membro do “Splat Pack”, termo criado pelo historiador Alan Jones na revista Total Film para os diretores da onda moderna de filmes brutalmente violentos de terror. Outros membros incluem os diretores Alexandre Aja, Darren Lynn Bousman, Neil Marshall, Greg Mclean, Eli Roth, Leigh Whannell e Rob Zombie.

Kevin Costner como Jonathan Kent, servindo como base humanista para o protagonista e para o filme O Homem de Aço (photo by www.elfilm.com)

Kevin Costner como Jonathan Kent, servindo como base humanista para o protagonista e para o filme O Homem de Aço (photo by http://www.elfilm.com)

Quanto às decepções, a maior delas foi O Homem de Aço. Não que eu estivesse aguardando a melhor adaptação dos quadrinhos do Super-Homem, mas vi apenas uma tentativa de modernizar a saga do alienígena que se torna herói na Terra. Henry Cavill, Amy Adams, Laurence Fishburne, Russell Crowe e Michael Shannon não tiveram o carisma necessário para seus personagens ficarem interessantes. Os melhores atores com as melhores sequências foram dos pais de Clark, Jonathan e Martha Kent, intepretados por Kevin Costner e Diane Lane. Eles oferecem o fator humanista da história que torna esse universo mais palpável, mesmo para essa geração hi-tech de hoje. Às vezes soa saudosismo demais da minha parte, mas os filmes estrelados por Christopher Reeve ainda são melhores em tudo: direção, atores e, apesar dos defeitos técnicos da época, muito mais empolgante, e tinha um ar de ingenuidade que falta hoje.

Embora tenha gostado do resultado final de Além da Escuridão – Star Trek, confesso que esperei muito depois que vi o trailer em 3D no final do ano passado. Quero dizer, a sequência dirigida por J.J. Abrams é impecavelmente bem realizada, mas essas tramas mirabolantes de vilão mega-gênio e anárquico que tem tudo planejado, inclusive de se deixar prender pelos mocinhos, já tá saturado depois que o Coringa fez o mesmo em Batman – O Cavaleiro das Trevas (2008).

Para aqueles que gostam de acompanhar as premiações, eis o calendário para 2014:

08/01: Indicações ao BAFTA
12/01: Globo de Ouro 2014
16/01: Indicações ao Oscar 2014
16/01: Critics’ Choice Awards 2014
18/01: SAG (Screen Actors Guild) Awards 2014
19/01: PGA (Producers Guild) Awards 2014
25/01: DGA (Directors Guild) Awards 2014
01/02: WGA (Writers Guild) Awards 2014
16/02: BAFTA Awards 2014
01/03: Independent Spirit Awards 2014
02/03: Oscar 2014

Vale lembrar que a hostess do Oscar será pela segunda vez a apresentadora, atriz e comediante Ellen DeGeneres. Enquanto a cerimônia não chega, confira o trailer promocional do Oscar:

Desejo a todos Feliz Natal e um 2014 repleto de bons filmes e menos espectadores atendendo celular nas salas!

Definidos 9 semi-finalistas para Filme Estrangeiro no Oscar 2014. Brasileiro “O Som ao Redor” fica de fora

Michael Haneke recebendo o Oscar de Filme Estrangeiro das mãos de Jennifer Garner (photo by umikarahajimaru.at.webry.info)

Michael Haneke recebendo o Oscar de Filme Estrangeiro das mãos de Jennifer Garner (photo by umikarahajimaru.at.webry.info)

Seguindo o calendário da categoria de Melhor Filme Estrangeiro, a Academia divulgou os nove semi-finalistas que disputarão as cinco indicações. Trata-se de uma vitória e tanto estar entre esses nove, afinal havia 76 filmes de várias partes do mundo concorrendo às 5 vagas acirradas.

Sem delongas, eis os nove selecionados:

  • The Broken Circle Breakdown, de Felix van Groeningen (BÉLGICA)
  • An Episode in the Life of an Iron Picker, de Danis Tanovic (BÓSNIA E HERZEGOVINA)
  • The Missing Picture, de Rithy Panh (CAMBOJA)
  • A Caça, de Thomas Vinterberg (DINAMARCA)
  • Two Lives, de Georg Maas (ALEMANHA)
  • O Grande Mestre, de Wong Kar-wai (HONG KONG)
  • The Notebook, de Janós Szász (HUNGRIA)
  • A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino (ITÁLIA)
  • Omar, de Hany Abu-Assad (PALESTINA)

Logo de cara, a ausência mais sentida é a de Azul é a Cor Mais Quente, de Abdellatif Kechiche. Depois de ter vencido a Palma de Ouro em Cannes, o filme vem conquistando vários prêmios, inclusive foi indicado ao Globo de Ouro e recentemente o Critics’ Choice Award. Contudo, devido às regras ultrapassadas da Academia, o filme não pôde representar a França na categoria de Filme Estrangeiro por não ter estreado em seu país até setembro deste ano. Pode concorrer ainda por outras categorias como Atriz (Adèle Exarchopoulos), Atriz Coadjuvante (Léa Seydoux) e Roteiro Adaptado. O representante da França, Renoir, de Gilles Bourdos, ficou de fora da corrida.

Azul é a Cor Mais Quente, de Abdellatif Kechiche: Fora do Oscar de Filme Estrangeiro (photo by www.elfilm.com)

Azul é a Cor Mais Quente, de Abdellatif Kechiche: Fora do Oscar de Filme Estrangeiro (photo by http://www.elfilm.com)

Por um lado, fico triste pela ausência do filme na disputa pela redução na qualidade da categoria, mas por outro lado, conhecendo o conservadorismo dos votantes da Academia (um bando de velhos viciado em filmes sobre o Holocausto), tenho quase certeza de que o filme francês não teria chances reais de Oscar por sua temática homossexual e cenas longas e praticamente explícitas de sexo. Os mesmos votantes homofóbicos que preteriram O Segredo de Brokeback Mountain, sobre o amor entre dois caubóis, certamente tirariam Azul é a Cor Mais Quente da jogada.

BÉLGICA: Broken Circle Breakdown, de

BÉLGICA: The Broken Circle Breakdown, de Felix van Groeningen

O fato de vários filmes aclamados pela crítica ficarem de fora nos últimos anos, como em 2003 o espanhol Fale com Ela, de Pedro Almodóvar, tem chamado a atenção para alterações nos protocolos do Oscar. Em outubro, o presidente do comitê de filmes estrangeiros, Mark Johnson, prometeu que faria “mudanças radicais”, mas infelizmente, a alteração mais significativa não deu conta do recado. Os votantes teriam direito a eleger seis produções, e a comissão elegeria os outros três tendo como base o reconhecimento da crítica e dos festivais.

An Episode of an Iron Picker, de Danis Tanovic (photo by http://www.berlinale.de/)

BÓSNIA E HERZEGOVINA: An Episode of an Iron Picker, de Danis Tanovic (photo by http://www.berlinale.de/)

Tal “radicalismo” está longe de ser a tão sonhada reforma das regras da categoria para filmes estrangeiros. Primeiramente, devido ao crescente número de concorrentes, deveriam estender o número de indicados para dez. Se em toda cerimônia, eles se gabam de que há bilhões de pessoas assistindo ao redor do mundo, por que não agradar os cinéfilos e cineastas fora dos Estados Unidos?

The Missing Picture, de Rithy Panh, que levou o Un Certain Regard

CAMBOJA: The Missing Picture, de Rithy Panh, que levou o Un Certain Regard

Então, dessas dez produções, 5 deveriam vir dos mais bem votados pelos críticos americanos (a média geral do NYFCC, LAFCA e demais estados e do National Board of Review), valorizando o trabalho dessas associações que visam destacar os melhores filmes do ano, e os outros 5 seriam eleitos pelo modo convencional de triagem. MAS de forma que facilite a vida dos votantes que trabalham, disponibilizando cópias de DVD/Blu-Ray, pois do jeito que está, com sessões vespertinas, apenas membros aposentados votam, elegendo filmes de temática judaica, 2ª Guerra Mundial e com quase zero de violência e sexo. Praticamente uma censura da época da ditadura militar.

DINAMARCA: A Caça, de Thomas Vinterberg (photo by www.elfilm.com)

DINAMARCA: A Caça, de Thomas Vinterberg (photo by http://www.elfilm.com)

Os comitês que elegem os representantes de cada país já conhecem esse sistema, e por isso, costumam selecionar produções com roteiros nessa direção. Até mesmo o Brasil enviou em 2006: O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger, e em 2004: Olga, de Jayme Monjardim. O primeiro chegou a passar entre os semi-finalistas, mas não obteve a indicação. O Brasil não tem um filme indicado desde 1999, quando Central do Brasil concorreu também por Melhor Atriz para Fernanda Montenegro.

ALEMANHA: Two Lives, Georg Mass (photo by www.cinemagia.ro)

ALEMANHA: Two Lives, Georg Mass (photo by http://www.cinemagia.ro)

Claro que essa sugestão seria uma utopia no momento, mas os próprios membros do comitê de Filme Estrangeiro almejam mudanças há tempos. Acho que só precisam encontrar o meio certo para que a categoria se torne mais abrangente e justa. Espero que até o centenário do Oscar (estamos na 86ª edição), esse empecilho já esteja resolvido, pois o cinema americano anda cada vez mais dependente de produções estrangeiras como fonte de inspiração (vide as quinhentas refilmagens) e dos próprios profissionais estrangeiros que recebem oportunidade de trabalhar na indústria hollywoodiana.

The Grandmaster, de Wong Kar-Wai (photo by www.berlinale.de)

HONG KONG: The Grandmaster, de Wong Kar-Wai (photo by http://www.berlinale.de)

Enquanto esse impasse não é resolvido, o jeito é analisar a lista dos nove pré-selecionados. Temos as ausências significativas de The Past, de Asghar Farhadi (Irã), O Sonho de Wadjda, de Haifaa Al-Mansour (Arábia Saudita), Gloria, de Sebastián Lelio (Chile), Instinto Materno, de Calin Peter Netzer (Romênia), The Rocket, de Kim Mordaunt (Austrália) e do brasileiro O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho. Gostaria muito que o filme nacional fosse escolhido para incentivar produções independentes brasileiras e a produção cinematográfica atual, que depende demais de incentivos fiscais de empresas desinteressadas e do império da Globo Filmes, que tem feito TV no Cinema.

HUNGRIA: The Notebook, de Janós (photo by www.elfilm.com)

HUNGRIA: The Notebook, de Janós Szász (photo by http://www.elfilm.com)

Dentre os semi-finalistas, é curioso adivinhar qual filme foi escolhido pelos votantes (os judeus idosos) e pelo comitê (baseado no reconhecimento da crítica).

1. The Broken Circle Breakdown, de Felix van Groeningen (BÉLGICA)
Filme sobre diferenças religiosas numa família. COMITÊ

2. An Episode in the Life of an Iron Picker, de Danis Tanovic (BÓSNIA E HERZEGOVINA)
História real de um catador de lixo que luta por tratamento médico para sua esposa doente. VOTANTES

3. The Missing Picture, de Rithy Panh (CAMBOJA)
Documentário sobre as atrocidades do Khmer Vermelho no Camboja utilizando bonecos de argila. Venceu o prêmio Un Certain Regard no último Festival de Cannes. VOTANTES

4. A Caça, de Thomas Vinterberg (DINAMARCA)
Um homem é acusado de pedofilia numa pequena cidade. Indicado à Palma de Ouro, e Mads Mikkelsen ganhou o prêmio de Melhor Ator em Cannes. COMITÊ

5. Two Lives, de Georg Maas (ALEMANHA)
Uma mulher esconde sua identidade para desvendar segredo que envolve a 2ª Guerra Mundial. VOTANTES

6. O Grande Mestre, de Wong Kar-wai (HONG KONG)
História sobre a vida do mestre em artes marciais, Ip Man, que treinou Bruce Lee. VOTANTES

7. The Notebook, de Janos Szasz (HUNGRIA)
Os horrores da 2ª Guerra Mundial na visão de dois irmãos gêmeos de 13 anos. VOTANTES

8. A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino (ITÁLIA)
Depois da morte de um amor antigo, escritor passa por crise existencial em Roma. Foi indicado à Palma de Ouro e o Globo de Ouro. COMITÊ

9. Omar, de Hany Abu-Assad (PALESTINA)
Estudo da vida e relações entre a fronteira palestina. VOTANTES

ITÁLIA: A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino (photo by www.elfilm.com)

ITÁLIA: A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino (photo by http://www.elfilm.com)

Claro que o fato de ter sido escolhido pelos votantes conservadores não significa que o filme seja ruim. Às vezes, eles acertam como nas recentes vitórias de A Vida dos Outros em 2007, e O Segredo dos Seus Olhos em 2010. Mas denota uma fixação doentia por roteiros que envolvam fatos históricos como a guerra. Vamos virar o disco?

As indicações que revelarão os cinco escolhidos serão anunciadas no dia 16 de janeiro.

PALESTINA: Omar, de (photo by www.outnow.ch)

PALESTINA: Omar, de Hany Abu-Assad (photo by http://www.outnow.ch)

Ben Affleck vence o DGA por ‘Argo’. E agora, Academia?

Ben Affleck ostenta seu prêmio do DGA por Argo (photo by deccanchronicle.com)

Ben Affleck ostenta seu prêmio do DGA por Argo (photo by deccanchronicle.com)

Um grande e temido pesadelo aconteceu para a Academia: Ben Affleck levou o DGA award (Directors Guild of America) por Argo. O terceiro longa dirigido pelo ator Ben Affleck arrebatou todos os prêmios que podia: Globo de Ouro (Filme – Drama e Diretor), Critic’s Choice Award (Filme e Diretor), SAG award (Melhor Elenco – crédito para o diretor), o PGA award (Melhor Filme) e agora o DGA, que tem as melhores estatísticas de vitória garantida no Oscar. Bom, não desta vez…

Com essa vitória de Affleck, será o sétimo raríssimo caso em que o diretor vencedor do DGA não levará o Oscar, uma vez que nem foi indicado. Segue abaixo a ilustre lista dos seis casos anteriores:

  • Em 1968: Anthony Harvey ganhou o DGA Award por O Leão no Inverno, enquanto Carol Reed levou o Oscar por Oliver!
  • Em 1972: Francis Ford Coppola por O Poderoso Chefão (DGA) e Bob Fosse por Cabaret (Oscar).
  • Em 1985: Steven Spielberg por A Cor Púrpura (DGA), e Sydney Pollack por Entre Dois Amores (Oscar).
  • Em 1995: Ron Howard por Apollo 13 (DGA), e Mel Gibson por Coração Valente (Oscar).
  • Em 2000: Ang Lee por O Tigre e o Dragão (DGA) e Steven Soderbergh por Traffic (Oscar).
  • Em 2002: Rob Marshall por Chicago (DGA) e Roman Polanski por O Pianista (Oscar).

O fato de Ben Affleck não ter sido sequer indicado tem causado forte burburinho na mídia especializada e entre incontáveis cinéfilos que gostaram de Argo. Alguns mais radicais acreditam que a Academia, em seu grande conservadorismo, resolveu ignorar o diretor pelo seu passado nebuloso como ator. Como vocês sabem, Affleck nunca soube escolher bem seus projetos como ator, principalmente em 2003, quando naufragou em Demolidor – O Homem Sem Medo e Contato de Risco, ao lado da então esposa, Jennifer Lopez. Outros acreditam em lambança mesmo. Essa estratégia mal formulada de querer surpreender a todos foi um tiro no próprio pé da Academia.

O vencedor de 2012, Michel Hazanavicius (O Artista), entrega o prêmio a Ben Affleck (photo by metro.co.uk)

O vencedor de 2012, Michel Hazanavicius (O Artista), entrega o prêmio a Ben Affleck (photo by metro.co.uk)

Essa segunda teoria fica mais sólida com as ausências absurdas de mais dois indicados ao DGA: Kathryn Bigelow (A Hora Mais Escura) e Tom Hooper (Os Miseráveis). Ok, nada contra os substitutos David O. Russell, Michael Haneke e Benh Zeitlin. Todos têm seus devidos créditos, mas algo deu errado nas contas finais. Ou talvez não. Se a Academia estiver disposta a desvencilhar sua imagem de previsível de uma vez por todas, 2013 pode ser o ano um. É bem possível que as surpresas do Oscar não parem nos indicados, mas também nos vencedores. Você, que aposta em bolões e promoções, fique atento às surpresas. Alguns nomes considerados garantidos como Daniel Day-Lewis e Anne Hathaway podem cair do cavalo. Mas enfim, são apenas suposições.

Os indicados a Melhor Diretor no DGA da esquerda para a direita: Tom Hooper, Ben Affleck, Kathryn Bigelow, Ang Lee e Steven Spielberg (photo by metro.co.uk)

Os indicados a Melhor Diretor no DGA da esquerda para a direita: Tom Hooper, Ben Affleck, Kathryn Bigelow, Ang Lee e Steven Spielberg (photo by metro.co.uk)

Se Ben Affleck tivesse sido indicado ao Oscar, mas não levasse, não seria uma anormalidade, pois Argo é apenas seu terceiro filme. Talvez algumas pessoas que não votaram em Affleck tivessem boas intenções no sentido de não querer atrapalhar a ascensão dele com uma maldição do Oscar. Apesar do bom trabalho da mistura de gêneros que Argo foi, Ben Affleck ainda tem um extenso campo para amadurecer e entregar novos filmes excepcionais. Existem muitos artistas (diretores, atores e roteiristas) que interrompem sua escalada de sucesso porque acreditam que o Oscar foi seu ápice profissional, e que nada que façam em seguida pode ser melhor. Como cinéfilo, espero que essa dedução a respeito de Affleck se torne válida para que ele consiga dar a volta por cima.

Milos Forman (photo by HollywoodReporter.com)

Milos Forman (photo by HollywoodReporter.com)

O DGA awards escolheu Milos Forman como vencedor do Conjunto da Obra. Trabalhando como diretor desde os anos 60, o tcheco Forman criou obras polêmicas que entraram para a história do Cinema. O musical hippie Hair (1979), o drama de época Na Época do Ragtime (1981) que relata os conflitos raciais de Nova York no início do século XX, e a biografia do controverso Larry Flynt, que acreditava em liberdade de expressão ao publicar pornografia em O Povo Contra Larry Flynt (1996). Levou dois merecidos Oscars de Direção com os clássicos Um Estranho no Ninho (1975) e Amadeus (1984). Já no final da carreira, retornou ao seu país de origem e dirigiu outro musical: Dobre placená procházka (2009).

Segue lista completa dos vencedores:

Feature Film: Ben Affleck (Argo)
Documentary Feature: Malik Bendjelloul (Searching for Sugar Man)
Dramatic Series: Rian Johnson (Breaking Bad: Fifty-One)
Comedy Series: Lena Dunham (Girls – piloto)
Movie for Television or Mini-Series: Jay Roach (Virada no Jogo)
Musical Variety Program: Glenn Weiss (66th Annual Tony Awards)
Reality Program: Brian Smith (Master Chef – episódio #305)
Children’s Program: Paul Hoen (Let It Shine)
Daytime Serial: Jill Mitwell (One Life to Life: Between Heaven and Hell)
Commercial: Alejandro González Iñárritu (Best Job)

Malik Bendjelloul recebendo o DGA de documentarista do vocalista do Foo Fighters, Dave Grohl (photo by http://www.rte.ie)

Malik Bendjelloul recebendo o DGA de documentarista por Searching for Sugar Man do vocalista do Foo Fighters, Dave Grohl (photo by http://www.rte.ie)

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