
Damien Chazelle dirige Emma Stone em La La Land (pic by moviepilot.de)
CHAZELLE, JENKINS E LONERGAN GARANTEM SUAS VAGAS
Quando se trata do DGA, prêmio que tem as estatísticas mais confiáveis em relação ao Oscar, pode-se praticamente comemorar duplamente em caso de vitória. Em 68 anos de história, o vencedor do prêmio do sindicato de diretores só não ganhou o Oscar também em SETE casos, sendo o último bem incomum com aquela confusão de Ben Affleck fora do Oscar por Argo em 2014.
INDICADOS AO 69º DGA AWARDS:
- Damien Chazelle (La La Land)
- Garth Davis (Lion)
- Barry Jenkins (Moonlight)
- Kenneth Lonergan (Manchester à Beira-Mar)
- Denis Villeneuve (A Chegada)
Portanto, esses cinco indicados já têm muito a comemorar, pois têm chances bem reais de ganhar seu primeiro Oscar. Sim, todos os cinco nunca foram indicados ao DGA e muito menos para o Oscar de Direção. Acho bacana a Academia sempre incluir novos nomes, já que muitas vezes falhou em premiar diretores renomados como George Miller (Mad Max: Estrada da Fúria), Terrence Malick (A Árvore da Vida) e David Lynch (Cidade dos Sonhos) só pra citar alguns.
Obviamente, três diretores largam na frente: Damien Chazelle (La La Land), Barry Jenkins (Moonlight) e Kenneth Lonergan (Manchester à Beira-Mar), uma vez que estiveram presentes em boa parte das premiações da temporada até o momento. O embate maior fica entre La La Land e Moonlight. Enquanto Chazelle venceu o Critics’ Choice e mais recentemente o Globo de Ouro, Jenkins levou os prêmios dos críticos de Los Angeles, Nova York e o National Board of Review. Já Lonergan esteve mais presente nas categorias de Roteiro, onde ele deve ter mais chances.
A indicação do canadense Denis Villeneuve não é bem uma surpresa. Quem conhece qualquer trabalho anterior dele como Incêndios, Os Suspeitos e Sicario: Terra de Ninguém, sabe que estamos diante de um dos diretores mais bem conceituados dessa geração, tanto que vai comandar a sequência de Blade Runner – O Caçador de Andróides. Por mais que eu considere desnecessária essa continuação do cult de Ridley Scott, concordo que não haveria ninguém melhor no mercado hoje do que Villeneuve para dar conta dos conceitos futuristas dessa realidade criada pelo autor Philip K. Dick.

Denis Villeneuve conversa com Amy Adams em cena de A Chegada (pic by moviepilot.de)
Seu trabalho em A Chegada é interessante, começando com a perspectiva da comunicabilidade que ele toma num filme de ficção científica e de alienígenas, que poderia facilmente se tornar material para ação e explosões. Nela, é possível refletir esse problema de diálogo e compreensão da trama nas origens das guerras entre americanos e o Oriente Médio, por exemplo. E como sempre, Denis apresenta conceitos visuais fortíssimos como a própria linguagem dos aliens sobre a superfície transparente. Só acho que o filme peca quando quer justificar tudo com a idéia do “presente” para a personagem de Amy Adams, mas aí seria algo do roteiro.
Surpresa mesmo foi a indicação do australiano Garth Davis pelo drama Lion: Uma Jornada Para Casa, já que se trata de seu primeiro trabalho com longa-metragem e também porque ele não andava aparecendo nas listas de premiações. Curiosamente, ele tem todo um background como diretor de comerciais, tendo inclusive sido indicado ao DGA como Diretor de Comerciais. Nesta edição do DGA, ele é o único a receber dupla indicação, pois concorre também na categoria de Diretor Estreante.

Garth Davis dirige as crianças em set de Lion (pic by onset.shotonwhat.com)
INDICADOS A DIRETOR ESTREANTE:
- Kelly Fremon Craig (Quase 18)
- Garth Davis (Lion)
- Tim Miller (Deadpool)
- Nate Parker (O Nascimento de uma Nação)
- Dan Trachtenberg (Rua Cloverfield, 10)
Claro que o nome que mais chama a atenção nessa categoria é de Nate Parker. Para quem não conhece a história: No Festival de Sundance de 2016, seu filme O Nascimento de uma Nação foi considerado um dos mais promissores, e com a polêmica do #OscarSoWhite, sua indicação era dada como certa, já que ele é negro e dirigiu um filme de temática escravista. Contudo, as coisas mudaram quando descobriram um caso antigo de estupro de 1999, em que a vítima cometeu suicídio em 2010. Sua campanha foi simplesmente arruinada com essa história chocante e todos os prêmios retiraram seu nome da lista. Claro, existe toda uma questão de Artista X Pessoa que não cabe aqui, mas particularmente, e deixando de lado todo esse embaraço, não considero O Nascimento de uma Nação tudo isso. Acho um filme razoável para um diretor estreante, que abusa de clichês do gênero para gerar catarse em seu público. Acredito que se ele tivesse explorado mais a questão da religião na escravidão, seu filme teria sido bem mais interessante…

Também ator, Nate Parker dirige seus atores em cena de O Nascimento de uma Nação (pic by moviepilot.de)
A indicação de Dan Trachtenberg por Rua Cloverfield, 10 é bastante justa. Ele conseguiu realizar uma das ficções científicas mais interessantes dos últimos anos com poucos recursos. Como já relatei aqui no post da Retrospectiva 2016: Um Ano Tenebroso, o único problema do filme se chama J.J. Abrams, que como produtor, quis mostrar serviço e extrapolou ao botar efeitos especiais no final do filme que destoam completamente do filme todo.

Dan Trachtenberg dirige cena com John Goodman em set de Rua Cloverfield, 10 (pic by moviepilot.de)
E claro, Tim Miller também merece o mérito por dirigir uma adaptação de quadrinhos leve, divertida e que satiriza todos os demais filmes de HQ. E estou bem ansioso pra conferir Quase 18 da indicada Kelly Fremon Craig, já que li algumas críticas comparando seu trabalho com o do grande John Hughes.
Entre os diretores excluídos estão Mel Gibson (Até o Último Homem), Martin Scorsese (Silêncio) e Denzel Washington (Cercas); se bem que há especialistas que ainda acreditam que a Academia pode abraçar Scorsese. Não vi Lion ainda, mas na minha opinião, poderiam ter incluído David Mackenzie pelo ótimo A Qualquer Custo. Ele tem uma direção bem minimalista e eficiente. Demonstra personalidade nos detalhes de uma cena como um movimento de câmera 360 graus no início do longa ou uma pausa sem trilha para criar uma tensão. Soube dirigir com precisão seus atores, dos principais (extraiu qualidade de Chris Pine e recuperou o talento esquecido de Ben Foster) aos papéis secundários. Seria uma grata surpresa se ele aparecesse nas indicações ao Oscar…

À direita, David Mackenzie conversa com Jeff Bridges vestido com o Ranger Marcus Hamilton em A Qualquer Custo (pic by moviepilot.de)
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O 69º DGA Awards anunciará seus vencedores no dia 04 de Fevereiro em Los Angeles.