RETROSPECTIVA 2020: CINEMA vs. PANDEMIA

PANDEMIA NOS MOSTROU COMO O CINEMA E AS ARTES SÃO FUNDAMENTAIS PARA A HUMANIDADE

Olá a todos! Chegou aquele momento que consigo escrever o post mais pessoal do ano, no qual consigo expor melhor algumas idéias e opiniões. Antigamente, eu costumava fazer isso com mais frequência, mas com o passar dos anos, vi que as opiniões próprias estavam sendo apedrejadas de forma brutal na internet. Cada vez mais havia menos espaço e paciência para ler ou ouvir o que o outro tem a dizer, e muitos adotaram a política da tolerância zero, e isso justifica a polarização política que vivemos.

Este ano, a pandemia mudou bastante as nossas vidas, e vimos o quão frágil somos diante de uma ameaça biológica. Apesar de entender que uma quarentena bem-sucedida 100% seja impossível, ainda mais em cidades grandes, fiquei estupefato ao ver o quanto algumas pessoas estão pouco se lixando para a saúde coletiva. Desde discussões por não querer usar uma máscara até festas clandestinas que certamente contribuíram enormemente para o aumento de casos e mortes.

Voltando mais ao nosso tema de Cinema, gostaria de aproveitar e fazer um desabafo. Muitos indivíduos, como eu, que optaram por estudar e trabalhar no ramo artístico muitas vezes são humilhadas e tachadas de vagabundas aqui no Brasil. Para muitas pessoas, profissão boa mesmo é advogado, engenheiro, arquiteto, médico… Quantas vezes não fomos marginalizados por várias dessas pessoas, parentes e até família por nossas escolhas! A pandemia pode ter sido horrível em inúmeros aspectos, mas ela fez com que muitos percebessem a importância do Cinema e das artes em geral.

Em plena quarentena, trabalhando de home office, milhões ficaram aprisionados em casa, e nesse cenário, os filmes e séries que podemos acompanhar nos trazem diversão, entretenimento, assunto novo e uma distração perante um cenário caótico. Por isso, não menospreze e valorize aqueles que decidiram se dedicar às artes. São eles que continuam trabalhando para prover conteúdo novo todos os dias para que desfrutemos no conforto de nossos lares.

Eu mesmo poderia ter desistido de manter o blog, a página do Facebook e o perfil do Instagram, mas foi justamente esse trabalho que me permitiu manter minha sanidade em tempos de quarentena. A partir de Maio, comecei a recomendar dois filmes por semana no intuito de trazer um pouco de alegria, diversão e distração em tempos difíceis. Como não li nenhuma reclamação até o momento, espero conseguir manter esse quadro pelo menos até a vacinação alcançar a maioria da população.

OSCAR 2020: HISTÓRICO!

Como já rolou em muitos memes, o ano de 2020 começou muito bem com a vitória de Parasita, mas depois descambou com a pandemia e o fechamento das salas de cinema… talvez melhorando apenas nos últimos meses do ano com a vitória de Joe Biden na Casa Branca e o início da vacinação. Particularmente, fiquei bastante feliz com os 4 Oscars conquistados pelo filme sul-coreano, ainda mais num ano bastante competitivo com grandes concorrentes como Dor e Glória, O Irlandês, História de um Casamento e Era uma Vez em… Hollywood, e sem contar que tudo levava a crer que 1917 seria o grande vencedor após levar o DGA, PGA e o BAFTA. O discurso do diretor Bong Joon Ho após levar o Oscar de Direção foi o melhor momento da noite, principalmente por ele saudar a importância que Martin Scorsese para novos cineastas.

Talvez impulsionado pela derrota de Roma perante Green Book no ano anterior, a Academia sentiu necessidade de votar mais consciente, e claramente o filme de Bong Joon Ho era disparado o melhor filme do ano após vencer a Palma de Ouro em Cannes. Parasita quebrou inúmeros tabus, dentre eles o fato de nenhum filme em língua estrangeira ter conquistado o Oscar de Melhor Filme em 92 anos de Oscar, e obviamente nenhum filme levar a dobradinha Melhor Filme e Filme Internacional. A vitória de Parasita no Oscar também representa um protesto contra o governo xenófobo de Trump (que chegou a zombar da vitória no palanque), e principalmente que é possível fazer filmes em nossos próprios países e sermos reconhecidos pela Academia nas categorias principais, e não somente como Filme Estrangeiro.

Em relação aos demais resultados, preferi Klaus a Toy Story 4 como Melhor Longa de Animação, Parasita a Ford vs. Ferrari como Melhor Montagem, e Honeyland a Indústria Americana como Melhor Documentário. Apesar de não haver bem melhores opções, todas as quatro categorias de atuação me decepcionaram pela previsibilidade, já que todos ganharam Globo de Ouro, SAG e BAFTA, o que nos faz repensar novas formas para que a Academia não fique tão refém dos prêmios anteriores. Apesar de gostar de Brad Pitt no filme de Tarantino, teria votado para Joe Pesci por O Irlandês pra ganhar seu segundo Oscar de Coadjuvante.

PANDEMIA: CINEMAS FECHADOS

Em Março, os cinemas de todo o mundo começaram a fechar suas portas. Na época, pouco se sabia sobre o vírus, e ninguém usava máscara ainda. Inicialmente, não senti muita falta de cinema porque Março e Abril são meses que não frequento muito as salas pelo tipo de filme que costuma estrear: aqueles blockbusters que interessam para grupos mais jovens como Dois Irmãos, Bloodshot, Um Lugar Silencioso II e Mulan, mas com o passar dos meses, passei a ficar preocupado com os lançamentos mais interessantes do 2º semestre de 2020. Enquanto isso, foi curioso ver o ressurgimento do filme Contágio (2011), de Steven Soderbergh, nas plataformas de streaming sendo altamente visto, revisto e comentado dadas as semelhanças da trama com o real vírus da Covid que se espalha a partir da China e dá origem a uma onda de contágio mundial e o desespero da ciência em buscar uma vacina.

Com as salas de cinemas fechadas, os serviços de streaming foram bastante valorizados. Embora a Netflix lançasse suas produções novas como Resgate, Destacamento Blood, The Old Guard, e mais recentemente os candidatos ao Oscar Os 7 de Chicago, Mank e A Voz Suprema do Blues, foi definitivamente um ano pra assistir aqueles filmes que você tinha botado na watchlist há anos, mas nunca achava tempo para conferir.

Em Novembro, foi a vez da Disney Plus chegar ao Brasil e oferecer títulos de seu gigantesco acervo, já que nos últimos anos engoliu (comprou o estúdios) a Pixar, a Marvel Studios, Lucasfilms e Fox. Embora a maioria das pessoas já tenha visto boa parte desse catálogo, que estava presente nos concorrentes poucos meses antes, um dos grandes atrativos de assinar esse serviço foi a dublagem clássica de inúmeras animações e filmes infantis para entreter tanto o público infantil quanto o adulto.

Vale destacar também o retorno dos cinemas de Drive In, que marcaram a época romântica dos nossos pais e avós. A partir de Junho, as telas grandes passaram a marcar presença em estacionamentos de shoppings e em locais de eventos como o Memorial da América Latina em São Paulo. A programação inicial era composta por clássicos como Apocalypse Now, 2001: Uma Odisséia no Espaço e O Iluminado, mas aproveitavam para incluir filmes de grande sucesso nas bilheterias como Mad Max: Estrada da Fúria, Matrix, Kill Bill, além de filmes brasileiros como Turma da Mônica: Laços. Claro que acaba sendo uma barreira para quem não tem carro, mas demonstra o quanto as pessoas já sentiam falta das telas grandes.

FESTIVAL de CANNES CANCELADO

Por ter acontecido no início do ano, o Festival de Berlim e o Oscar não sofreram alterações bruscas por causa da pandemia, mas o evento francês não teve a mesma sorte. O presidente Thierry Fremaux até tentou fazer o festival acontecer e segurou até o último minuto, mas tudo o que conseguiu foi manter o mercado de venda de filmes através de reuniões online com compradores de distribuidoras.

No início de Junho, com o evento já cancelado de forma presencial, eles divulgaram uma lista de 56 filmes que fariam parte da seleção oficial, mas sem estipular quais disputariam a Palma de Ouro ou o Un Certain Regard, por exemplo. O intuito era conceder o selo oficial de Cannes para que esses filmes pudessem ser melhor promovidos em campanhas de marketing e que pudessem automaticamente fazer parte da seleção dos festivais de Telluride e Toronto.

O Brasil foi representado pelo filme Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda Maria, e por isso se tornou um forte candidato a ser o representante do Brasil no Oscar 2021, mas em Novembro, o comitê da Academia Brasileira de Cinema optou pelo filme Babenco – Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou, da estreante Bárbara Paz. Apesar de ser um documentário em preto-e-branco sobre o cineasta Hector Babenco, o objetivo dessa escolha parece ter sido a classificação automática para disputar o Oscar de Melhor Documentário. Vamos aguardar pra ver se essa previsão se realiza e termos o segundo documentário brasileiro consecutivo disputando o Oscar após Democracia em Vertigem.

…E O VENTO LEVOU BANIDO do STREAMING

Em junho, o serviço de streaming da HBO Max foi pressionado pela onda de protestos contra o racismo e por um artigo escrito pelo roteirista John Ridley (que venceu o Oscar por 12 Anos de Escravidão) no jornal Los Angeles Times a retirar do catálogo o clássico de 1939 …E o Vento Levou, de Victor Fleming. Segundo Ridley, o filme “perpetua alguns dos estereótipos mais dolorosos das pessoas de cor”. Entendemos os protestos por causa da morte de George Floyd, mas faltou alguém explicar para o roteirista revoltado que o filme foi feito nos anos 30, adaptado de um livro sobre o período da Guerra da Secessão, e que bani-lo agora não ajuda em absolutamente nada, como também piora a polarização política no país e no mundo. Infelizmente, a História não se apaga com uma borracha, então ela deve servir para nos lembrar sempre das atrocidades do passado para que não voltem a se repetir. Manter essas obras nos proporciona diálogos e debates de conscientização, além de estimular novas obras sob a perspectiva da cultura negra.

Certamente foi um episódio muito triste de 2020 que demonstrou a fragilidade de um estúdio perante a opinião pública. É preciso debater, conversar sobre o assunto, e não simplesmente banir ou censurar. Como as demais artes, o Cinema existe para proporcionar reflexão e empatia.

LANÇAMENTO SIMULTÂNEO da WARNER no HBO MAX

Aproveitando a pisada de bola da HBO Max no episódio de …E o Vento Levou, a Warner Bros cometeu outra atrocidade na base do impulso. Com a Netflix lançando inúmeros produções próprias e a Disney Plus estreando lançamentos blockbusters como Mulan direto no streaming por causa das salas de cinema fechadas, a Warner se sentiu pressionada a tomar uma decisão, e esta foi: lançar simultaneamente os grandes lançamentos de 2021 na plataforma HBO Max. Com a pandemia ainda longe de acabar nos EUA, o estúdio não quis manter Godzilla vs. Kong, Matrix 4, O Esquadrão Suicida, Duna e Tom & Jerry por mais tempo na geladeira e decidiu oferecer essa opção doméstica para seus assinantes.

O problema foi que não consultaram os diretores desses filmes antes de baterem o martelo, e assim Denis Villeneuve, que já teve seu Duna prorrogado para 2021, ficou pistola com os executivos do estúdio por não querer seu filme de proporções épicas lançado na telinha. Claro que, à princípio, essa postura parece resultado de um preciosismo estético do diretor apenas, mas trata-se de grana! Sim, nos contratos assinados, existe uma porcentagem maior caso os filmes atinjam uma meta de espectadores nos cinemas, e isso seria perdido caso o streaming competisse com as salas. A única exceção ao caso por enquanto foi a sequência Mulher-Maravilha 1984, que foi lançado recentemente nos cinemas. Com expectativas de ultrapassar a barreira de 1 bilhão de dólares na bilheteria mundial, o estúdio se sentiu na obrigação de manter o lançamento exclusivo nas telas grandes.

Não querendo abrir uma discussão interminável aqui, mas não considero a decisão da Warner de toda ruim. Há vários anos, o cinema tem perdido uma batalha contra a ascensão da TV com suas séries milionárias e mais recentemente, contra o crescimento dos serviços de streaming. O ingresso do cinema é caro para a maioria da população mundial, o que dificulta o crescimento da bilheteria (com exceção dos filmes da Disney-Marvel-Pixar-Star Wars-Fox), e com o passar dos anos, cinema tem se tornado cada vez mais um programa de luxo. Em São Paulo mesmo, se você leva sua namorada ou namorado para ver um filme numa sala de shopping, você paga uns 60 reais por 2 ingressos (podendo chegar a 150 se for filme 3D), paga entre 20 a 40 reais de estacionamento e mais uns 40 reais de refrigerante e pipoca.

As salas de cinema não vão deixar de existir, como muitos profetizaram, mas deverão passar por algumas modificações para manter seu público fiel, começando pela redução do valor de ingresso. E não se trata apenas de preços, tem muita gente que trabalha bastante ou cuida de filhos e não tem tempo hábil para se programar para ir ao cinema. O streaming veio para ajudar essa fatia do público que consome cinema. O único porém que vemos no momento é a nossa situação de refém dos serviços de streaming. Por exemplo, se quisermos assistir Mulan, temos que assinar o Disney Plus. Se quisermos ver o lançamento A Voz Suprema do Blues, temos que ter Netflix. Para ver o novo filme do Borat, temos que assinar Prime Video e etc. Se formos assinar tudo, gastaríamos mais do que indo ao cinema, portanto sugiro que você tenha amigos que possa fazer um compartilhamento de senhas: o Pedro assina Netflix, a Mônica assina Prime, a Viviane assina Disney Plus, entende?

CRÍTICAS

META 2020

Não estipulei nenhuma meta específica, mas eu queria ultrapassar a marca de 268 filmes assistidos em 2019 pelo menos. Com a quarentena, acabou ficando mais fácil bater essa meta, mas confesso que na reta final do ano, tive mais dificuldades de manter a frequência semanal de filmes. Até o momento, 280 filmes, ou seja, meta batida.

Dentre alguns títulos que finalmente consegui assistir estão alguns clássicos como A Batalha da Argel (1966), O Medo Consome a Alma (1974) e Paixões que Alucinam (1963) que me fizeram lembrar porque o Cinema me encantou.

PIORES DO ANO

TOP 5 PIORES LANÇAMENTOS DO ANO

5. ROSA E MOMO (La Vita Davanti a Sé/ The Life Ahead). Dir: Edoardo Ponti
Claro que é sempre bom contarmos com o retorno de uma grande estrela do passado como Sophia Loren. Além de ela ter se tornado a primeira atriz a vencer o Oscar por uma atuação em língua estrangeira por Duas Mulheres em 1962, já trabalhou com grandes mestres do ofício como Ettore Scola, Vittorio De Sica, Charles Chaplin e Anthony Mann. Porém aqui temos uma refilmagem de Madame Rosa (197), repleta de clichês de vítimas de Holocausto, que poderia ter se aprofundado na questão da imigração ilegal na Europa para revitalizar a história antiga, mas que prefere oferecer cenas fúteis na tentativa de promover Loren para uma nova indicação ao Oscar. O diretor Edoardo Ponti, que é filho da atriz, até consegue extrair bons momentos no início, mas depois é ladeira abaixo. Nem a boa química entre Loren e o jovem Ibrahima Gueye salva o filme.

4. O DILEMA DAS REDES (The Social Dilemma). Dir: Jeff Orlowski
O fato de ser um documentário feito pela Netflix para ser exibido somente nas plataformas digitais não implica que o filme tenha permissão ou liberdade para ser um documentário ralo e descartável. A impressão que tive é que os realizadores estavam mais do que satisfeitos com a escolha do tema (o alarmante impacto das redes sociais no controle da humanidade), e por isso mesmo, não fizeram questão de desenvolvê-lo mais a fundo. Além de entrevistarem apenas pessoas que tinham uma versão da história, não apresentou possíveis e palatáveis soluções para o problema. Filmar umas duas sessões parlamentares onde o tema é discutido superficialmente não ajuda em nada, assim como aquelas dramatizações chulas da família que proíbe o uso de celular à mesa.

3. OS NOVOS MUTANTES (The New Mutants). Dir: Josh Boone
Trata-se de um projeto natimorto. Bem antes de seu lançamento, houve tantos problemas que já fizeram com que prevíssemos uma tragédia anunciada. Primeiro, não entendi a contratação de Josh Boone como diretor. Só porque ele dirigiu A Culpa é da Estrelas que tem personagens com problemas de saúde? Se confiavam tanto no talento dele, por que refilmar as cenas após o término das filmagens? Além disso, a Fox já estava em negociações para ser vendida para a Disney, que tinha zero de interesse em tocar esse projeto, já que certamente fará sua própria versão de filmes de mutantes do universo dos X-Men. Como se não bastasse, o filme apanhou da pandemia no calendário, pois foi adiado. A Disney só lançou mesmo porque teve pena, porque sabia que era quase impossível recuperar o investimento.

2. HOLLY SLEPT OVER. Dir: Joshua Friedlander
Lembra quando havia o Cine Privé na Band? Soft porns que apresentavam uma trama escrita por um adolescente com ebulição de hormônios com cenas que existiam somente para justificar desejo e sexo? Aqui temos um casal com problemas matrimoniais que recebe a visita de uma amiga, personificada pela bela Nathalie Emmanuel. Claro que botam ela para ser a amiga do ménage a trois. Consegue ser pior do que os vídeos do Porn Hub… ouvi dizer rs.

1. O GRITO (The Grudge). Dir: Nicolas Pesce
Todo mundo já sabe que estamos vivendo ainda em tempos de remakes, reboots e sequências, porém essa falta de criatividade costuma vir acompanhada de pelo menos uma razão, nem que seja o dinheiro das bilheterias. No caso de O Grito, nem isso é possível contabilizar. Na falta de uma trama minimamente convincente e sem lógica, inserem inúmeros jump scares gratuitos pra pelo menos não terem o público reclamando da falta de sustos de um filme de terror.

MELHORES DO ANO

5. PALM SPRINGS (Palm Springs). Dir: Max Barbacow
Depois de fazer um tremendo sucesso em Sundance, esta comédia caiu nas graças do público quando estreou no serviço de streaming da Hulu nos EUA. O roteiro pega a mesma premissa de time loop de O Feitiço do Tempo (1993) e expande esse universo com a colaboração essencial da personagem feminina Sarah. Enquanto a química do casal Nyles e Sarah nos diverte, o filme tem muito a nos dizer sobre as diferenças de maturidade entre os homens e as mulheres, especialmente como eles estão deslocados no tempo.

4. O REI DE STATEN ISLAND (The King of Staten Island). Dir: Judd Apatow
Apesar de se tratar de uma comédia, este novo filme de Apatow tem uma profundidade bastante humana por se basear na vida pessoal do ator Pete Davidson, que perdeu seu pai bombeiro aos 7 anos enquanto ele salvava vidas no 11 de Setembro. Não sabia que ele tinha veia cômica há anos no Saturday Night Live, então me surpreendi com o humor natural do ator. Todos os personagens secundários apresentam boas atuações, o que reforça o tratamento sério do tema do deslocamento de geração do protagonista. Indo mais à fundo, isso cria uma ligação mais forte com o meu livro favorito “O Apanhador no Campo de Centeio”, de J.D. Salinger.

3. FIRST COW. Dir: Kelly Reichardt
Este foi o terceiro filme que vi de Kelly Reichardt, então já tinha aderido à direção minimalista dela, assim como o trabalho das temáticas femininas em universos masculinos. Dá pra dizer que Reichardt é uma das melhores diretoras mulheres da atualidade justamente por saber trabalhar o feminino sem fazer muito barulho e levantar a bandeira muito alto. Aqui ela escolhe um personagem chinês para dizer que a América foi feita por estrangeiros, e um cozinheiro desvalorizado pela própria equipe, para contar uma história de amizade, de política social e de amor à natureza. Definitivamente é um filme para se ver mais de uma vez, porque é possível pegar significados e simbolismos em pequenos detalhes.

2. A ASSISTENTE (The Assistant). Dir: Kitty Green
Quando fiquei sabendo desse filme no último Festival de Sundance, previa um filme bastante oportunista ao ir na onda do #MeToo e da recente prisão do produtor Harvey Weinstein, esperando ainda um filme repleto de escândalos e discussões acaloradas que Hollywood adora. Mas encontrei um filme bastante lúcido, com uma direção minimalista e atuações bem discretas. Esse trabalho de sutilezas serve justamente para tornar a mensagem ainda mais poderosa. A diretora nos mostra que os assédios no ambiente de trabalho começam nas pequenas coisas, nos pequenos detalhes e vão se tornando uma bola de neve. Definitivamente um filme que reflete bem os nossos tempos e comprova que há muito a se fazer ainda para mudar esse cenário.

1.O HOMEM INVISÍVEL (The Invisible Man). Dir: Leigh Whannell
A primeira vez que vi o nome de Leigh Whannell foi nos filmes de James Wan, Jogos Mortais e Sobrenatural, como roteirista. Quando vi sua estréia na direção em Sobrenatural: A Origem, pensei: “Esse cara estragou a franquia”. Isso só foi mudar depois que vi Upgrade, três anos mais tarde. Ali, Whannell demonstrava personalidade numa ficção científica com poucos recursos. Quando assisti a O Homem Invisível, vi que aquele diretor promissor havia se firmado. Não apenas conseguiu ótimo retorno nas bilheterias (que só não foi maior por causa da pandemia), mas finalmente revitalizou o universo dos monstros clássicos da Universal Pictures que há tantos anos o estúdio almejava. No roteiro, Leigh trouxe a trama original dos anos 30 para algo bastante contemporâneo: um relacionamento abusivo. Com a invisibilidade do traje do vilão, o diretor soube explorar os vazios das cenas como combustível para a paranóia na cabeça de Cecilia (uma inspirada Elisabeth Moss). Um filme que revitaliza uma história clássica, conta com ótimas cenas e atuações, e dialoga perfeitamente com nossos tempos de #MeToo.

TOP 5 MELHORES em MÍDIA DIGITAL OU STREAMING

5. TAMPOPO: OS BRUTOS TAMBÉM COMEM SPAGHETTI (Tampopo, 1985). Dir: Jûzo Itami
Imaginem um western sobre cozinhar e a arte de comer. São histórias divertidas que exploram a relação dos personagens com a comida, principalmente de Tampopo, que quer revitalizar seu restaurante com a ajuda de um caminhoneiro.

4. O REFLEXO DO MAL (The Reflecting Skin, 1990). Dir: Philip Ridley
Talvez o filme mais esquisito que vi este ano, mas que tem uma aura muito bonita vindo dos personagens e de suas situações do pós-guerra. Passado num ambiente rural dos anos 50, um menino acredita que sua vizinha viúva é uma vampira e é responsável pelo desaparecimento de crianças na região. Fotografia lindíssima de Dick Pope com atuação tocante de Lindsay Duncan.

3. UM CAMINHO PARA DOIS (Two for the Road, 1967). Dir: Stanley Donen
Quando se olha o pôster e vê Audrey Hepburn beijando Albert Finney, é impossível não querer achar que se trata de mais uma comédia romântica boba, mas estamos falando de Stanley Donen, um dos diretores mais marcantes da Hollywood dos anos 50 e 60. Acompanhamos o casal improvável Joanna e Mark numa viagem e imediatamente nos apaixonamos por eles, porque o roteiro e a montagem explora as ironias do casal em flashbacks. Hepburn e Finney tornam tudo mais apaixonante tamanho o carisma que eles compartilham do início ao fim. Impossível não se identificar e se emocionar com as situações que o casal passa ao longo do filme.

2. A BATALHA DE ARGEL (La Battaglia di Algeri, 1966). Dir: Gillo Pontecorvo
É impressionante a forma como Pontecorvo filmou essa história sobre o crescimento dos movimentos que lutam pela independência da Argélia nos anos 50. Temos a impressão de que o diretor realmente se infiltrou numa guerrilha e está filmando um documentário. Seu trabalho com atores não-profissionais também é formidável. Com a colaboração da ótima trilha de Ennio Morricone, existe uma tensão crescente do início ao fim. Até hoje, A Batalha de Argel é uma referência para o cinema de conflitos sociais.

  1. ONDE FICA A CASA DO MEU AMIGO? (Khane-ye doust kodjast?, 1987). Dir: Abbas Kiarostami
    Honestamente, nunca fui muito fã do cinema iraniano, mas este filme de Kiarostami demonstra com muita simplicidade e bom humor o povo iraniano. Com uma história boba de um menino que precisa devolver o caderno que pegou sem querer de seu amigo, acompanhamos sua jornada, que se assemelha à Odisséia de Homero, enquanto topamos com personagens inusitados que explicitam o conservadorismo extremo interferindo na educação infantil. É impossível não torcer pelo jovem protagonista, já que o ator mirim que o interpreta, Babek Ahmed Poor, é introvertido mas bem carismático. Um filme com uma carga humana altíssima que pode ser apreciado por qualquer país ou cultura e enxergar o poder que o Cinema tem como fonte de empatia.

IN MEMORIAM

Relembrando as pessoas que perdemos em 2020, é impossível não lamentar a morte de milhares de vítimas da Covid-19. Aqui no Brasil, estamos beirando os 200 mil mortos. Porém, o mais alarmante é ver a desumanidade de inúmeras pessoas em redes sociais, espalhando fake news, desacreditando a ciência (não vou nem mencionar os “terraplanistas”), fazendo festas e espalhando um vírus altamente contagioso sem ligar para a saúde coletiva, nem mesmo da própria família. Não vou prolongar a crítica, mas gostaria de homenagear os profissionais da saúde que estão se arriscando para salvar vidas (muitas das quais não querem tomar vacina) ao redor do mundo, e conceder meus profundos sentimentos às famílias que perderam entes queridos nessa pandemia.

Essa sessão In Memoriam parece desnecessária, mas acho importante relembrar artistas e profissionais do Cinema que perdemos. Eles não estão mais conosco, mas seus trabalhos certamente contribuíram e sempre vão contribuir para o nosso desenvolvimento como seres humanos. Gostaria de começar pela realeza de Hollywood. Este ano perdemos dois ícones da era de ouro: Olivia de Havilland e Kirk Douglas. Ela foi a última atriz viva do elenco do clássico …E o Vento Levou, acumulou 5 indicações ao Oscar e levou 2 estatuetas de Melhor Atriz por Só Resta uma Lágrima e Tarde Demais. Foi de extrema importância nos anos 40 quando enfrentou o estúdio Warner Bros. que queria controlá-la ao suspendê-la por 6 meses e ainda descontar esse período do pagamento. Havilland foi à corte e venceu a batalha contra o estúdio, beneficiando inúmeros outros atores que tinham contratos longos. Já Kirk demonstrou um enorme senso de justiça e moral em tempos complicados de McCarthismo e Guerra Fria. O ator fez questão de dar créditos a roteiristas que tinham seus nomes na Lista Negra e eram obrigado a inventarem pseudônimos para continuarem trabalhando. Sua influência e insistência pesaram na decisão e os condenados voltaram a ter dignidade no ofício. Em 1996, Kirk Douglas acabou ganhando o Oscar Honorário por sua força moral e criativa em Hollywood, e claro, por ter sido indicado 3 vezes sem nunca ter levado a estatueta.

Não apenas cinéfilos, mas músicos ao redor do mundo ficaram entristecidos pela morte do maestro italiano Ennio Morricone. Honestamente, não acredito que haverá outro compositor como ele. Desde o início da carreira, ele buscou desafiar os paradigmas do gênero western com instrumentos pouco ortodoxos como guitarra elétrica, sinos, gaitas e até as vozes femininas, e isso fez com que seu nome se tornasse sinônimo de um western moderno. Além de Sergio Leone, trabalhou com inúmeros diretores de prestígio como Brian De Palma, Pier Paolo Pasollini, Gillo Pontecorvo, Giuseppe Tornatore, John Carpenter e Terrence Malick, obteve 6 indicações ao Oscar, ganhou pela última por Os Oito Odiados, além do Oscar Honorário concedido em 2007. Suas composições engrandecem qualquer filme e conseguem a proeza de serem independentes de seus filmes e agradarem qualquer músico ou fã de música.

Dentre os atores que perdemos este ano, destaco Sir Sean Connery que imortalizou o agente secreto britânico James Bond e não se contentou em ser um ator de um papel só; o sueco Max von Sydow que ficou marcado pela parceria com o mestre Ingmar Bergman e pelo personagem do Padre Merrin em O Exorcista (é incrível como todas as suas aparições evidenciam sua credibilidade na tela); e Chadwick Boseman, que apesar de ser eternamente lembrado como o Pantera Negra, demonstrou uma vivacidade digna de orgulho diante de um câncer que estava enfrentando. Se você assistir a qualquer filme com o ator, perceberá que ele trata seu personagem como se fosse seu último. Aliás, seu derradeiro papel em A Voz Suprema do Blues pode lhe conceder um Oscar póstumo em 2021. Entre outras perdas irreparáveis de atores, lembro Brian Dennehy, Shirley Knight, Irrfan Kahn, Michel Piccoli, Ian Holm e Diana Rigg.

Já entre os diretores que perdemos, destaque para Terry Jones (que dirigiu e co-dirigiu os filmes da trupe Monty Python), Alan Parker (dividido entre filmes musicais e de violência extrema), Jirí Menzel (diretor tcheco que trabalhou com a sátira e contornou a censura), Kim Ki-duk (sul-coreano que conquistou crítica e público com personagens calados), e Joel Schumacher, que apesar de ter sido marcado injustamente pelos mamilos nos uniformes de Batman & Robin, é carinhosamente lembrado por cults da juventude como O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas, Os Garotos Perdidos e Linha Mortal. Lembramos também dos roteiristas Ronald Harwood (O Pianista) e Buck Henry (A Primeira Noite de um Homem), os diretores de fotografia Allen Daviau (E.T. o Extraterrestre) e Michael Chapman (Taxi Driver e Touro Indomável), e o diretor de arte Peter Lamont (Titanic e 007: O Espião que me Amava).

José Mojica Marins, o nosso querido Zé do Caixão, a diretora Suzana Amaral e a atriz Nicette Bruno foram as grandes perdas do nosso Cinema Brasileiro. Lembramos também aqui as perdas lastimáveis da juíza Ruth Bader Ginsburg, que lutou pelos direitos femininos e estrelou o documentário RBG, o cartunista argentino Quino que criou a amada personagem Mafalda, o jogador de basquete Kobe Bryant que ganhou o Oscar de curta de animação sobre sua vida Dear Basketball, e o autor britânico John le Carré, que inspirou inúmeros filmes como O Espião que Saiu do Frio (1965), O Jardineiro Fiel (2005) e O Espião que Sabia Demais (2011).

VOTOS PARA 2021

No ano passado, desejei um ano de mais empatia e vou continuar nessa tecla. É preciso reduzir essa polarização que tanto nos divide, pois fica parecendo que somos de torcidas de clubes de futebol inimigas. Quantas vezes não li este ano em redes sociais: “Adivinha pra quem ele votou”, “Como não votei em ladrão, não falo com você”, “Alugo vagas de quarto, exceto para quem votou no Bozo” etc. Não é porque a pessoa tem uma opinião política que não seja a sua que ela será sua inimiga. Existem pessoas muito boas de ambos os lados e estamos recusando qualquer contato por termos nossos preconceitos. Claro que não é uma tarefa fácil, mas peço para que todos possamos praticar a nossa civilidade, conversando, trocando idéias, e acima de tudo, respeitando o outro, pois você estará respeitando a si mesmo também.

Desejo um Feliz Natal e Próspero Ano Novo para todos que seguem o blog, a página do Facebook e o nosso Instagram. Agradeço muito por terem me acompanhado neste ano difícil de 2020, mas espero que possamos manter nosso trabalho e nossa apreciação pelos filmes que tanto amamos. Cuidem-se bem, pensem nas suas famílias e no próximo que logo sairemos dessa situação juntos!

‘A FORMA DA ÁGUA’ SE TORNA A PRIMEIRA FICÇÃO CIENTÍFICA A VENCER COMO MELHOR FILME EM 90 ANOS DE OSCAR

Guillermo del Toro

Guillermo del Toro discursa em nome da equipe toda de A Forma da Água (pic by Chris Pizzello)

OSCAR DESTACA A DIVERSIDADE, DEFENDE MINORIAS E AS MULHERES

A 90ª edição do Oscar, que ocorreu na noite deste domingo, dia 04 de março, guardava vários elementos que poderiam torná-la histórica, e a cerimônia não desapontou. E a diversidade internacional de seus apresentadores refletiu melhor as novas inclusões realizadas de três anos para cá.

POLÊMICA NO TAPETE VERMELHO

Poucas horas antes do tapete vermelho começar, soltaram uma denúncia de abuso e comportamento inapropriado contra o apresentador do tapete vermelho, Ryan Seacrest, que trabalha para o canal E!. Contudo, sua aparição não foi abortada pelo canal, que alegou que “não havia provas o suficiente” para incriminá-lo. No entanto, a idéia de mantê-lo gerou certo desconforto, já que ele teve inúmeras entrevistas recusadas por várias mulheres vítimas de abuso como Viola Davis, Jennifer Garner, Mira Sorvino, Ashley Judd, Margot Robbie e Sandra Bullock. Ninguém queria nem olhar pro infeliz. Seacrest, sendo inocente ou não, não teria sido melhor preservá-lo?

90th Annual Academy Awards, Roaming Arrivals, Los Angeles, USA - 04 Mar 2018

Ryan Seacrest foi atendido por apenas 4 figuras no tapete vermelho de 20 programadas (pic by Michael Buckner)

NÚMEROS DO OSCAR

O grande vencedor da noite foi A Forma da Água, que levou ao todo 4 estatuetas do Oscar: Filme, Diretor, Direção de Arte e Trilha Musical. Claro que hoje em dia é difícil definir um gênero apenas para um filme como na época das locadoras de vídeo, mas se considerarmos o filme de del Toro como uma Ficção Científica, trata-se da primeira a vencer como Melhor Filme em 90 anos de Academia. Certamente um marco histórico derrubando um tabu gigantesco.

Logo em seguida, aparece o filme de guerra Dunkirk, que levou 3 prêmios: Montagem, Som e Efeitos Sonoros. Em terceiro lugar, temos quatro concorrentes, cada um levando duas estatuetas para casa: Três Anúncios Para um Crime (Atriz e Ator Coadjuvante), Blade Runner 2049 (Fotografia e Efeitos Visuais), Viva: A Vida é uma Festa (Animação e Canção) e O Destino de uma Nação (Ator e Maquiagem).

A vitória de Roger Deakins na categoria de Fotografia após 14 indicações tem um fato curioso. É a primeira vitória de um filme não-indicado a Melhor Filme (Blade Runner 2049) a vencer nessa categoria em 12 anos, desde Memórias de uma Gueixa em 2006.

KIMMEL PROCURA SE REDIMIR

Como o host da noite, Jimmy Kimmel, foi convidado para retornar este ano devido à lambança do envelope errado de Moonlight, era natural que ele procurasse se redimir e satirizar a gafe de alguma maneira. Logo começou passando instruções aos indicados em seu monólogo de abertura: “Este ano, quando você ouvir seu nome sendo chamado, não se levante de imediato. Nos dê um minuto. Não queremos que aconteça outra ‘coisa.'”

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Jimmy Kimmel explica: “O Oscar é o melhor homem de Hollywood: ele está com as mãos onde podemos ver, nunca diz uma palavra rude, e não tem pênis”.

Seguindo sua veia cômica política, ele não poderia deixar de citar diretamente o presidente republicano Donald Trump: “Nenhuma outra pessoa além do Presidente Trump chamou ‘Corra!’ de melhor 3/4 de filme do ano” (quem viu o filme vai entender a piada). E também discutiu a questão das bilheterias dos filmes indicados: “Nós não fazemos filmes como ‘Me Chame Pelo Seu Nome’ para ganhar muito dinheiro. Fazemos para irritar (o vice-presidente conservador) Mike Pence.”

Porém, a melhor tirada da apresentação dele foi a idéia de presentear o discurso de agradecimento mais curto da noite com um jet ski, exibido naquele momento por Helen Mirren. Apesar da maioria não ligar pra tempo quando sobe ao palco, achei uma solução bastante criativa de dar aquele puxão de orelha nos que exageram e ainda abastecer o lado cômico nos agradecimentos como foi o caso de Gary Oldman, que já em seu segundo minuto de discurso, soltou um: “Obviamente, eu não vou ganhar o ski…”. Infelizmente, o plano de encurtar a cerimônia não deu muito certo no final, porque teria ultrapassado 50 minutos da transmissão.

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Acompanhado por Helen Mirren, o figurinista Mark Bridges pilota seu novo jetski, vencido por ter feito o discurso mais curto com 36 segundos. (Pic by Kevin Winter)

Já a nova “pegadinha” dele não surtiu o efeito desejado. Kimmel convidou vários atores incluindo Gal Gadot, Margot Robbie, Armie Hammer e Tom Holland para aparecer de surpresa na sala de cinema em frente ao Dolby Theater, onde estava passando uma sessão de Uma Dobra no Tempo. Apesar do alvoroço do pessoal na sala de cinema, parecia que eles estavam mais animados com os brindes e quitutes distribuídos do que com a presença dos atores e de estarem ao vivo no Oscar. Tive essa impressão de que a maioria não liga mais pra premiação…

 

GRANDE TEMÁTICA DE INCLUSÃO DO OSCAR 2018

Obviamente, os assédios e o movimento Time’s Up foram o maior chamariz da cerimônia, desde o tapete vermelho até a quantidade de mulheres apresentando os prêmios no palco. Inclusive, após a decisão de Casey Affleck não comparecer ao evento para sua tarefa de apresentar o Oscar de Atriz pra evitar algum mal estar por causa de denúncias, duas atrizes vencedoras do Oscar, Jodie Foster e Jennifer Lawrence, foram convocadas para substituí-lo. Provavelmente para não causar nenhuma reclamação, fizeram outra troca: botaram Emma Stone para apresentar Melhor Diretor, e incumbiram Jane Fonda e Helen Mirren para apresentar Melhor Ator para Gary Oldman.

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Jodie Foster e Jennifer Lawrence substituíram Casey Affleck na entrega do Oscar de Melhor Atriz (pic by Time Magazine)

Houve também a participação de ativistas no número musical da canção de “Stand Up for Something” do filme Marshall, que inclusive lembrou a encenação de outra música da compositora Diane Warren, “Til it Happens to You”, cantada por Lady Gaga no Oscar de 2016. Assim como naquela ocasião, pelo forte apelo social e étnico, acreditava que venceria como Melhor Canção, mas ficou na boa intenção novamente para Warren.

Contudo, o maior e melhor momento da noite em relação às mulheres, foi a bela homenagem de Frances McDormand, que deixou a estatueta do Oscar que acabara de ganhar no chão, para em seguida pedir para que todas as mulheres que foram indicadas se levantem.  “Olhem em volta, damas e cavalheiros, porque todas nós temos histórias para contar e projetos que precisamos de financiamento. Não falem sobre isso nas festas, mas nos convide para seu escritório daqui uns dias ou vocês podem vir para o nosso, o que for melhor, e nós contaremos tudo sobre eles.” – É nessas horas que a gente vê o porquê fizeram questão de entregar um segundo Oscar para Frances: porque ela tem coisas importantes a dizer como representante. Ela termina o discurso com “Tenho duas palavras para deixar com vocês esta noite: inclusion rider” – explicando: “inclusion rider” é uma cláusula contratual que exige que contratem uma equipe mais diversificada. Resumindo: Frances McDormand exige atitude das mulheres para haver reais mudanças, e não apenas agirem como vítimas. Estupendo!

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Frances McDormand convoca todas as mulheres a se levantarem no Oscar 2018 (pic by Mark Ralston)

 

Além do clamor feminino, é inegável o poder dado às minorias latinas, outro alvo ferrenho de Trump. Assim, produções e artistas latinos se destacaram nesta 90ª edição do Oscar. Tivemos o terceiro mexicano premiado como Melhor Diretor (Guillermo del Toro), tivemos a animação Viva: A Vida é uma Festa levando dois Oscars pra casa, e o prêmio para o Chile, cujo filme é protagonizado por uma transsexual (Daniela Vega), além de apresentadores mexicanos como Eugenio Derbez e a bela Eiza González.

E não poderia deixar de citar a comunidade negra (ou afro), que além de comemorar o mega sucesso de bilheteria de Pantera Negra, o primeiro super-herói negro do cinema, pôde celebrar a vitória de Jordan Peele como Melhor Roteiro Original pelo excelente Corra! (que deveria ter levado Melhor Filme).

DE ACORDO COM O SCRIPT

Com tantos prêmios que antecedem o Oscar, fica praticamente impossível de esperar por uma boa surpresa. Sério! Tem tanto prêmio de sindicato que serve de ótimo parâmetro que quase não espaço para vencedores diferentes hoje. Tipo, quem ganha o SAG, dificilmente vai perder o Oscar de ator ou atriz, assim como quem vencer o DGA terá 95% de chance de levar o Oscar de Direção também. Dessa forma, seguindo o exemplo dado, todos os atores e o diretor vencedores se repetiram dos respectivos prêmios dos sindicatos. Honestamente, ainda tinha uma pontinha de esperança de que Laurie Metcalf seria uma das grandes surpresas da noite batendo Allison Janney na categoria de Atriz Coadjuvante, mas ficou na vontade mesmo.

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Vencedores das categorias de atuação: Sam Rockwell, Frances McDormand, Allison Janney e Gary Oldman (pic by oscars.org)

Até na categoria de Melhor Filme, que poderia proporcionar uma grande novidade por causa do sistema de votação distinto, esperava-se que haveria uma surpresa que não veio. A Forma da Água já tinha levado o prêmio do sindicato de produtores (PGA).

AS (POUQUÍSSIMAS) SURPRESAS

Para muitos que fizeram bolão e acompanharam o Oscar, a vitória do Chile na categoria de Filme em Língua Estrangeira não foi tão surpreendente assim. Mesmo vendo muitas apostas para Uma Mulher Fantástica, acreditava que o conservadorismo predominante jamais premiaria um filme protagonizado por uma transgênero. Então, foi uma surpresa bem agradável de ver na tela. Trata-se do primeiríssimo Oscar para o nosso país vizinho. Parabéns ao Chile!

Una Mujer Oscar

Sebástian Lelio discursa em nome do filme Uma Mulher Fantástica (pic by Mark Ralston)

Seguindo pela mesma linha de Filme Estrangeiro, a vitória de “Remember Me” me surpreendeu um pouco. Primeiramente, a animação Viva: A Vida é uma Festa já ganharia o Oscar de Longa de Animação com certeza, então não haveria real necessidade de premiar a canção também. E principalmente porque a música não tinha pegado tanto assim na cabeça quanto “This is Me” (de O Rei do Show), que se tornou uma espécie de hino nas Olimpíadas de Inverno na Coréia do Sul.

Fiquei também um pouco chocado com a derrota dos Efeitos Visuais de Planeta dos Macacos: A Guerra para Blade Runner 2049. Não que os efeitos do filme de Denis Villeneuve não sejam merecedores de tal honraria, mas como era o terceiro e último filme da trilogia nova de Planeta dos Macacos, das quais todas as partes foram indicados ao prêmio de efeitos visuais, esperava-se um pouco mais de reconhecimento por parte da Academia, inclusive para o ator-símbolo do motion capture, Andy Serkis.

No geral, as estatuetas foram distribuídos de forma uniforme. Pra se ter uma idéia: dos nove filmes indicados a Melhor Filme, sete conquistaram pelo menos um Oscar. As duas únicas exceções foram Lady Bird e The Post: A Guerra Secreta, que saíram de mãos vazias da cerimônia. Enfim, não é possível agradar a todos… No caso de Greta Gerwig, que estava concorrendo como Diretora e Roteirista, não há motivos para reclamar, pois ela teve uma mega-exposição durante toda a cerimônia, e certamente terá inúmeras oportunidades de dar continuidade à sua nova carreira como diretora. Já o filme de Spielberg, nem preciso explicar muito: simplesmente  não merecia nem as duas indicações.

DELEITES PESSOAIS

Particularmente, tive um ou outro momento que gostei mais. Primeiro: o Oscar para Roger Deakins. Não apenas pela vitória que veio depois de 14 indicações, mas pelo conjunto da obra também. Deakins é um dos maiores (se não o maior) diretores de fotografia em atividade hoje. Sua qualidade técnica e visão elevam a qualidade de qualquer filme em que estiver envolvido, mesmo que o diretor seja mais inexperiente.

Queria Jordan Peele levando os três Oscars a que estava indicado: Filme, Diretor e Roteiro Original. Levou apenas o último, mas foi uma vitória super merecida, que coroa sua audácia e insistência de fazer um filme corajoso sobre o racismo vivido nos EUA. Corra! se tornou vencedor do Oscar, podendo estampar essa láurea com orgulho nas capas de seus DVDs e Blu-rays, e pode e deve proporcionar projetos super interessantes para Peele nos próximos anos. O cinema e o espectador agradecem.

90th Annual Academy Awards - Show

Jordan Peele agradece pelo Oscar de Roteiro Original (pic by Time Magazine)

VENCEDORES DO 90th ACADEMY AWARDS:

MELHOR FILME
* A Forma da Água (The Shape of Water)

MELHOR DIRETOR
* Guillermo del Toro (A Forma da Água)

MELHOR ATOR
* Gary Oldman (O Destino de uma Nação)

MELHOR ATRIZ
* Frances McDormand (Três Anúncios Para um Crime)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
* Sam Rockwell (Três Anúncios Para um Crime)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
* Allison Janney (Eu, Tonya)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
* Jordan Peele (Corra!)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
* James Ivory (Me Chame Pelo Seu Nome)

MELHOR FOTOGRAFIA
* Roger Deakins (Blade Runner 2049)

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
* Paul D. Austerberry, Shane Vieau, Jeffrey A. Melvin (A Forma da Água)

MELHOR MONTAGEM
* Lee Smith (Dunkirk)

MELHOR FIGURINO
* Mark Bridges (Trama Fantasma)

MELHOR MAQUIAGEM E CABELO
* Kazuhiro Tsuji, David Malinowski, Lucy Sibbick (O Destino de uma Nação)

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
* Alexandre Desplat (A Forma da Água)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
* “Remember Me”, de Kristen Anderson-Lopez, Robert Lopez (Viva: A Vida é uma Festa!)

MELHOR SOM
* Gregg Landaker, Gary Rizzo, Mark Weingarten (Dunkirk)

MELHORES EFEITOS SONOROS
* Richard King, Alex Gibson (Dunkirk)

MELHORES EFEITOS VISUAIS
* John Nelson, Ger Jeff White, Scott Benza, Michael MeiardusNefzer, Paul Lambert, Richard R. Hoover (Blade Runner 2049)

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
* Uma Mulher Fantástica (CHILE)

MELHOR ANIMAÇÃO
* Viva: A Vida é uma Festa! (Coco)

MELHOR DOCUMENTÁRIO
* Ícaro

MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA
* Heaven is a Traffic Jam on the 405

MELHOR CURTA-METRAGEM
* The Silent Child

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
* Dear Basketball

ONDE E QUANDO ACOMPANHAR OS INDICADOS AO OSCAR 2018

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Os Nove Filmes indicados a Melhor Filme no Oscar 2018

VARIEDADE DE TÍTULOS JÁ REFLETE EXPANSÃO DOS MEMBROS DA ACADEMIA

Normalmente, quando se pensa em filmes do Oscar, logo vêm à mente grandes produções baseadas em fatos verídicos ou em grandes personalidades da História, com estrelas hollywoodianas inquestionáveis, certo? Até os anos 90, você não poderia estar mais correto. Mas nos últimos anos, esse perfil lógico tem mudado um pouco, e este ano, apenas dois dos nove filmes indicados a Melhor Filme carregam essa tradição: O Destino de uma Nação e The Post: A Guerra Secreta.

Hollywood tem procurado mais sintonia com o mundo moderno e suas questões. Deixou de premiar apenas por qualidade ou opiniões subjetivas para também reconhecer reflexões da atualidade nas produções concorrentes. Foi dessa forma que foram decididos os últimos dois vencedores do Oscar: Spotlight (2015) por abordar a questão de abusos de padres, e Moonlight (2016) que acompanhou a vida de um protagonista negro e homossexual em três fases.

Hoje, para você votar certo no filme que vai vencer o Oscar naquele bolão, é preciso pensar na relevância da produção diante do cenário social. A Academia não quer mais eleger filmes com pouco a dizer sobre os dias de hoje, por isso, sob essa perspectiva, os seguintes candidatos se sobressaem:

Três Anúncios Para um Crime
Temos uma mãe como protagonista buscando justiça pelo assassinato de sua filha numa pequena cidade do Missouri. Em tempos de impunidades, esse espírito de cobrança da personagem vem conquistando o público e os votos.

Lady Bird
Uma adolescente vive ano de incertezas quanto à sua vida profissional, estudantil e amorosa. Se fosse em outros tempos, essa trama à la John Hughes passaria desapercebida pelo Oscar, mas o grande diferencial aqui é que o filme foi escrito e dirigido por uma mulher: Greta Gerwig. Lady Bird tem sido o grande representante feminino num momento em que as mulheres têm o poder em Hollywood.

Corra!
Um rapaz negro é apresentado para os pais da namorada branca. É com essa trama simples que mergulhamos num pesadelo para qualquer minoria. Embora tenha elementos de humor negro, suspense e ficção científica, o filme de Jordan Peele (aliás, o primeiro negro a ser triplamente indicado: Filme, Diretor e Roteiro Original) certamente vai angariar muito votos da comunidade negra que está longe de esquecer o #OscarSoWhite.

Me Chame Pelo Seu Nome
Embora esteja mais pra uma história de amor e amadurecimento emocional, o novo filme de Luca Guadagnino dialoga com o universo LGBT já que seus personagens centrais vivem um relacionamento homo-afetivo. Esta adaptação do romance de André Aciman conquistou boa parte dos prêmios da crítica e pode surpreender no Oscar.

MARATONA ATÉ A CERIMÔNIA

Nada de pânico! A 90ª cerimônia do Oscar é só no dia 04 de março. Você tem aí mais de um mês ainda, e contará com a ajuda do blog Cinema, Oscar e Afins para conseguir assistir a muitos indicados e acompanhar a cerimônia manjando bastante.

Ao contrário dos últimos anos, já temos vários filmes indicados ao Oscar disponíveis pra assistir em casa, inclusive dois candidatos a Melhor Filme: Corra! e Dunkirk, que foram lançados no primeiro semestre de 2017, provando que qualidade resiste ao tempo. Claro que assistir a produções feitas para a tela grande como Dunkirk e Blade Runner 2049 em casa não é a mesma coisa, mesmo pra quem tem aquelas TVs de 200 polegadas, mas pra quem quer acompanhar a cerimônia sem boiar, vale conferir.

Nas salas de cinema (pelo menos de SP), temos outros fortes concorrentes como O Destino de uma Nação, que pode finalmente dar o Oscar para Gary Oldman, e Me Chame Pelo Seu Nome que tem boas chances de conquistar o Oscar de Roteiro Adaptado. Pelas categorias técnicas, vale a pena conferir o novo Star Wars: Os Últimos Jedi, que concorre em quatro categorias, inclusive em Trilha Musical (a 51ª indicação ao Oscar do mestre compositor John Williams).

Já no mês de fevereiro, vai haver uma grande concentração das estréias dos filmes do Oscar como Lady Bird, Três Anúncios Para um Crime, Trama Fantasma e o recordista de indicações A Forma da Água, que você consegue matar 13 indicações numa única sessão!

Mas como sempre menciono nesses posts anuais do Oscar, não posso legalmente recomendar alguém a assistir aos filmes baixando arquivos da internet, porque infringe as leis do audiovisual. Por outro lado, frequentar os cinemas hoje é um programa caro. Esses dias atrás mesmo fui comprar um ingresso e custou quase 40 reais! Isso sem contar estacionamento do shopping. Enfim, cada um sabe o que faz! Mas se sobrar um dinheirinho pra ir ao cinema, recomendo aos leitores assistirem a nova animação da Pixar, Coco (ou como ficou traduzida de forma politicamente correta Viva: A Vida é uma Festa). O trabalho digital é tão rico em detalhes que apenas numa tela grande é possível admirar com propriedade, além disso, tem um dos finais mais tocantes da Pixar, com direito a aquele chorinho escondido no escurinho da sala.

AH! E tem alguns curtas indicados ao Oscar como a animação Dear Basketball e LOU que estão disponíveis no YouTube. E o documentário-curta Heroin(e) está no acervo da Netflix.

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Cena do curta de animação Dear Basketball escrito pelo jogador Kobe Bryant

DISPONÍVEIS EM BLU-RAY/DVD/ON DEMAND

A BELA E A FERA (Beauty and the Beast)
2 indicações: DIREÇÃO DE ARTE e FIGURINO.

BLADE RUNNER 2049 (Blade Runner 2049)
5 indicações: FOTOGRAFIA, DIREÇÃO DE ARTE, SOM, EFEITOS SONOROS e EFEITOS VISUAIS.

CORRA! (Get Out)
4 indicações: FILME, DIRETOR (Jordan Peele), ATOR (Daniel Kaluuya), ROTEIRO ORIGINAL (Jordan Peele).

DOENTES DE AMOR (The Big Sick)
1 indicação: ROTEIRO ORIGINAL

DUNKIRK (Dunkirk)
8 indicações: FILME, DIRETOR (Christopher Nolan), FOTOGRAFIA, MONTAGEM, DIREÇÃO DE ARTE, TRILHA MUSICAL, SOM e EFEITOS SONOROS.

EM RITMO DE FUGA (Baby Driver)
3 indicações: MONTAGEM, SOM e EFEITOS SONOROS.

GUARDIÕES DA GALÁXIA VOL. 2 (Guardians of the Galaxy Vol. 2)
1 indicaçõa: EFEITOS VISUAIS

KONG: A ILHA DA CAVEIRA (Kong: Skull Island)
1 indicação: EFEITOS VISUAIS

LOGAN (Logan)
1 indicação: ROTEIRO ADAPTADO

PLANETA DOS MACACOS: A GUERRA (War for the Planet of the Apes)
1 indicação: EFEITOS VISUAIS

O PODEROSO CHEFINHO (The Boss Baby)
1 indicação: LONGA DE ANIMAÇÃO

BABY DRIVER

Ansel Elgort, Eiza González, Jon Hamm e Jon Bernthal em cena de Em Ritmo de Fuga (pic by imdb.com)

DISPONÍVEL NO NETFLIX

HEROIN(E)
1 indicação: DOCUMENTÁRIO-CURTA

ÍCARO (Icarus)
1 indicação: DOCUMENTÁRIO

STRONG ISLAND
1 indicação: DOCUMENTÁRIO

ICARUS

Cena do documentário Ícaro sobre doping no esporte (pic by imdb.com)

FILMES EM CARTAZ NOS CINEMAS – com base na programação de São Paulo

O ARTISTA DO DESASTRE (The Disaster Artist)
1 indicação: ROTEIRO ADAPTADO.

COM AMOR, VAN GOGH (Loving Vincent)
1 indicação: LONGA DE ANIMAÇÃO

CORPO E ALMA (On Body and Soul)
1 indicação: FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

O DESTINO DE UMA NAÇÃO (Darkest Hour)
6 indicações: FILME, ATOR (Gary Oldman), FOTOGRAFIA, DIREÇÃO DE ARTE, FIGURINO e MAQUIAGEM.

EXTRAORDINÁRIO (Wonder)
1 indicação: MAQUIAGEM

ME CHAME PELO SEU NOME (Call Me By Your Name)
4 indicações: FILME, ATOR (Timothée Chalamet), ROTEIRO ADAPTADO e CANÇÃO ORIGINAL (“Mystery of Love”)

UMA MULHER FANTÁSTICA (Una Mujer Fantástica)
1 indicação: FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

O REI DO SHOW (The Greatest Showman)
1 indicação: CANÇÃO ORIGINAL (“This is Me”)

STAR WARS: OS ÚLTIMOS JEDI (Star Wars: The Last Jedi)
4 indicações: TRILHA MUSICAL, SOM, EFEITOS SONOROS e EFEITOS VISUAIS.

THE POST: A GUERRA SECRETA (The Post)
2 indicações: FILME e ATRIZ (Meryl Streep)

THE SQUARE: A ARTE DA DISCÓRDIA (The Square)
1 indicação: FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

O TOURO FERDINANDO (Ferdinand)
1 indicação: LONGA DE ANIMAÇÃO

VISAGES, VILLAGES
1 indicação: DOCUMENTÁRIO

VIVA: A VIDA É UMA FESTA (Coco)
2 indicações: LONGA DE ANIMAÇÃO e CANÇÃO ORIGINAL (“Remember Me”)

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Dave Franco e James Franco em O Artista do Desastre: só sobrou a indicação para Roteiro Adaptado (pic by imdb.com)

PREVISÃO DE ESTRÉIA – Datas previstas para São Paulo, que podem sofrer alterações de acordo com as distribuidoras

01/02: DESAMOR (Nelyubov)
1 indicação: FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

01/02: A FORMA DA ÁGUA (The Shape of Water)
13 indicações: FILME, DIRETOR (Guillermo del Toro), ATRIZ (Sally Hawkins), ATOR COADJUVANTE (Richard Jenkins), ATRIZ COADJUVANTE (Octavia Spencer), ROTEIRO ORIGINAL, FOTOGRAFIA, MONTAGEM, DIREÇÃO DE ARTE, FIGURINO, TRILHA MUSICAL, SOM e EFEITOS SONOROS.

01/02: TODO O DINHEIRO DO MUNDO (All the Money in the World)
1 indicação: ATOR COADJUVANTE (Christopher Plummer)

15/02: EU, TONYA (I, Tonya)
3 indicações: ATRIZ (Margot Robbie), ATRIZ COADJUVANTE (Allison Janney) e MONTAGEM.

15/02: LADY BIRD: É HORA DE VOAR (Lady Bird)
5 indicações: FILME, DIRETORA (Greta Gerwig), ATRIZ (Saoirse Ronan), ATRIZ COADJUVANTE (Laurie Metcalf), ROTEIRO ORIGINAL.

15/02: MUDBOUND: LÁGRIMAS SOBRE O MISSISSIPI (Mudbound)
4 indicações: ATRIZ COADJUVANTE (Mary J. Blige), ROTEIRO ADAPTADO, FOTOGRAFIA e CANÇÃO ORIGINAL (“Might River”)

15/02: TRÊS ANÚNCIOS PARA UM CRIME (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri)
7 indicações: FILME, ATRIZ (Frances McDormand), ATOR COADJUVANTE (Woody Harrelson), ATOR COADJUVANTE (Sam Rockwell), ROTEIRO ORIGINAL, MONTAGEM, TRILHA MUSICAL.

22/02: A GRANDE JOGADA (Molly’s Game)
1 indicação: ROTEIRO ADAPTADO

22/02: TRAMA FANTASMA (Phantom Thread)
6 indicações: FILME, DIRETOR (Paul Thomas Anderson), ATOR (Daniel Day-Lewis), ATRIZ COADJUVANTE (Lesley Manville), FIGURINO e TRILHA MUSICAL.

01/03: PROJETO FLÓRIDA (The Florida Project)
1 indicação: ATOR COADJUVANTE (Willem Dafoe)

Phantom Thread

Daniel Day-Lewis e Lesley Manville em cena de Trama Fantasma: dupla indicada (pic by imdb.com)

FORA DE CARTAZ E AGUARDANDO LANÇAMENTO EM BLU-RAY/DVD

VICTORIA E ABDUL: O CONFIDENTE DA RAINHA (Victoria & Abdul)
2 indicações: FIGURINO e MAQUIAGEM.

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SEM PREVISÃO DE ESTRÉIA (mas se você tem uma boa conexão de internet…)

ABACUS: SMALL ENOUGH TO JAIL
1 indicação: DOCUMENTÁRIO

THE BREADWINNER
1 indicação: LONGA DE ANIMAÇÃO

O INSULTO (L’Insulte)
1 indicação: FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

ROMAN J. ISRAEL, ESQ.
1 indicação: ATOR (Denzel Washington)

LAST MEN IN ALEPPO
1 indicação: DOCUMENTÁRIO

MARSHALL
1 indicação: CANÇÃO ORIGINAL (“Stand Up for Something”)

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Animação produzida por Angelina Jolie, The Breadwinner (pic by imdb.com)

***

A cerimônia da 90ª edição do Oscar será no dia 04 de Março, e transmitida pelo canal pago TNT. Pra quem costuma acompanhar pela Globo, vale lembrar que eles sempre priorizam aquele programão chamado “Big Brother Brasil”.

OSCAR 2018: ‘A FORMA DA ÁGUA’ LIDERA COM 13 INDICAÇÕES. MARTIN MCDONAGH FICA DE FORA COMO DIRETOR POR ‘TRÊS ANÚNCIOS PARA UM CRIME’

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ANÚNCIO DAS INDICAÇÕES

Não sei porque nos últimos dois anos, a Academia tem inventado moda no anúncio dos indicados. Não tem muito segredo: coloquem alguém para falar em voz alta, um monitor atrás com as imagens dos filme indicados e pronto!

Fizeram uma série de mini curtinhas com atores sintetizando as especificações de cada categoria, mas na hora do anúncio, não se deram nem o trabalho de inserir imagens no telão dos filmes indicados.

Mas o pior de tudo foi a escolha dos apresentadores. Os atores Andy Serkis e Tiffany Haddish não têm química alguma, e mais grave ainda: Haddish errava a pronúncia de vários nomes dos indicados. Pô, peraí! Não podiam colocar alguém menos analfabeto? Ou pelo menos que tivesse treinado para se apresentar? Não sei como os indicados se sentiram, mas se eu fosse indicado, não gostaria que errassem meu nome de forma tão esculachada como aconteceu ao vivo.

Obviamente, o público presente no local do anúncio era formado por jornalistas, mas pelas risadas bem forçadas pras piadas sem graça da Tiffany Haddish, parecia que eram figurantes contratados pra dar risada como naquelas gravações de sitcoms.

OSCAR EM NÚMEROS

Como esperado, o recordista de indicações desta edição foi A Forma da Água com 13. Bem depois, vem Três Anúncios Para um Crime com sete indicações. Aliás, ambos são filmes da Fox Searchlight, que totalizou 20 indicações. E agora? Será que a Fox terá o mesmo respeito e liberdade sendo propriedade da Disney?

Dunkirk, da Warner Bros., conquistou oito respeitáveis indicações, inclusive para Filme e Diretor. Com seis indicações, O Destino de uma Nação e Trama Fantasma também tiveram boa aceitação.

Favoritos durante a primeira metade da temporada de premiações tiveram que se contentar com menos indicações: cinco para Lady Bird, quatro para Corra! e quatro para Me Chame Pelo Seu Nome.

Não é exatamente uma novidade, mas Meryl Streep conquistou sua 21ª indicação ao Oscar, batendo um novo recorde que parece inalcançável. The Post: A Guerra Secreta foi indicado a Melhor Filme, mas falhou em ser reconhecido pra Diretor, Ator (Tom Hanks), Roteiro, Montagem e Trilha Musical, portanto suas chances são bastante remotas neste ano.

E um fato super interessante desta edição: como não víamos há muito tempo, filmes de gênero estão bem representados. Além das 13 indicações para a FANTASIA A Forma da Água, temos o TERROR de Corra! (o último terror indicado a Melhor Filme foi Cisne Negro em 2011), temos a adaptação de HQ de Logan e temos as cinco indicações para a FICÇÃO CIENTÍFICA de Blade Runner 2049.

SURPRESAS E MARCAS HISTÓRICAS

As surpresas nas atuações ficaram nas categorias de Coadjuvantes. Christopher Plummer, que havia sido indicado ao Globo de Ouro, foi reconhecido aqui também por Todo o Dinheiro do Mundo, no qual substituiu às pressas o acusado de abusos contra menores Kevin Spacey. A indicação única para o filme no Oscar representa um prêmio de consolação para Ridley Scott, que lutou duramente contra o estúdio para refilmar as cenas de Spacey com Plummer.

Já na categoria feminina, a surpresa foi Lesley Manville por Trama Fantasma. Mais conhecida por filmes britânicos menores e por ter trabalhado com um dos melhores diretores de atores no cinema, Mike Leigh, em Um Ano Mais. Esta é sua primeira indicação ao Oscar.

Aliás, o novo filme de Paul Thomas Anderson foi aquele filme que chegou atrasado e já sentou na janelinha. A previsão era de que Trama Fantasma conquistasse no máximo umas três indicações: Ator (Daniel Day-Lewis), Figurino e Trilha Musical, mas acabou coletando Atriz Coadjuvante, Diretor para Anderson e Melhor Filme!

Rachel Morrison se tornou a primeira diretora de fotografia mulher a ser indicada ao Oscar de Melhor Fotografia em 90 anos de história. Ela concorre pelo filme Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi, que já estava concorrendo também ao ASC, prêmio do sindicato de Diretores de Fotografia, onde ela também foi a pioneira. Felizmente, seu trabalho foi reconhecido por méritos, e não por motivos politicamente corretos, como muitos podem pensar.

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A primeira diretora de fotografia indicada ao Oscar, Rachel Morrison, por Mudbound.

E Greta Gerwig se tornou a quinta mulher indicada na categoria de Direção por Lady Bird, assim como Jordan Peele se tornou o quinto negro a ser indicado na categoria por Corra!. E Christopher Nolan finalmente conseguiu conquistar sua primeira indicação de Diretor no Oscar por Dunkirk após duas indicações como roteirista por Amnésia e A Origem, e como produtor por A Origem.

Outra surpresa desta edição ficou por conta da indicação de Roteiro Adaptado de Logan. Como todos sabem, a Academia nunca levou à sério filmes baseados em quadrinhos de super-heróis, tanto que eles ficam limitados às categorias de efeitos visuais, efeitos sonoros, maquiagem… (única exceção feita ao Oscar de Heath Ledger, que incorporou Coringa em Batman: O Cavaleiro das Trevas), portanto uma indicação para Roteiro certamente é uma surpresa agradável. Apesar de ser baseado em HQ, Logan mais parece um filme futurista de ficção científica, o que certamente contribuiu para esse reconhecimento. Além disso, a Academia pode ter pensado em compensar a ausência de Deadpool no ano passado na mesma categoria.

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Hugh Jackman e Dafne Keen em cena de Logan, indicado ao Oscar de Roteiro Adaptado. pic by imdb.com

AUSÊNCIAS

A ausência mais sentida aqui foi de Martin McDonagh na categoria de Diretor. Embora seu roteiro tenha sido indicado, ele havia sido reconhecido pelo DGA, prêmio do sindicato de diretores. Sua ausência nessa categoria pode significar um enfraquecimento de Três Anúncios Para um Crime na votação de Melhor Filme, já que é um fato muito raro um filme ganhar o prêmio máximo da noite e sequer ter seu diretor indicado. A última vez que isso aconteceu foi em 2013, quando Ben Affleck foi “esquecido” por Argo numa trapalhada no calendário da Academia. O filme acabou levando Melhor Filme numa tentativa de compensar o erro. Antes disso, isso só aconteceu em 1990, quando Conduzindo Miss Daisy levou Melhor Filme sem seu diretor indicado.

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Martin McDonagh dirige Woody Harrelson em cena de Três Anúncios Para um Crime: indicação apenas pelo Roteiro Original

Embora muitos achem surpresa a ausência de James Franco como Melhor Ator por O Artista do Desastre, eu tinha certeza de que ele ficaria de fora por causa dos escândalos recentes de assédio de cinco mulheres logo depois do Globo de Ouro. Se a Academia tem pegado pesado nessa questão, expulsando inclusive o produtor Harvey Weinstein da associação, seria estranho e incoerente se indicassem Franco agora. Além disso, acredito que se ele fosse indicado, não haveria muito clima pro ator no tapete vermelho ou mesmo durante a cerimônia. Muitas mulheres iriam destratá-lo ou ignorá-lo. Resta saber se os roteiristas do filme vão aguentar o interrogatório sobre ele no evento. Minha opinião? Indicação para Franco já! Além da atuação, ele dirigiu o filme (garimpou ouro no filme de Tommy Wiseau, The Room). A Academia deveria reconhecer o trabalho. Deixem os pudicos julgarem o lado pessoal.

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No centro, James Franco dirige O Artista do Desastre. Sua indicação como Ator naufragou após as cinco denúncias de abuso. Pic by Variety

Ok, a tailandesa Hong Chau não foi indicada por Pequena Grande Vida. E daí? Acontece. E não somente porque ela é asiática ou oriental. Ela foi substituída por uma grande atriz, Lesley Manville, então não vejo nenhum problema. Se o pessoal do politicamente correto ficar resmungando por causa disso, tem que se tratar numa clínica psicológica. Se eu que sou asiático não estou ligando pra isso, por que alguém que não é deveria perder as estribeiras?? Vale lembrar que o novo filme de Alexander Payne recebeu péssimas críticas e talvez por isso, Hong Chau tenha ficado de fora.

Bom, a ausência de Tom Hanks aqui também não me surpreende. Ele pode ter recebido indicações do Globo de Ouro e do Critics’ Choice, que costumam ser puxa-sacos de celebridades, mas na Academia as coisas são diferentes: são os colegas de profissão de Hanks que votam nos indicados. Portanto, conclui-se de que não sou somente eu que pensa que Tom Hanks tem interpretado a si mesmo nos nas últimas duas décadas. Ele pode ter um carisma fenomenal, mas sua capacidade de atuação não é a mesma dos anos 90.

Vale a pena ressaltar aqui as ausências dos coadjuvantes de Me Chame Pelo Seu Nome: Armie Hammer e Michael Stuhlbarg. Ambos foram indicados pelo Critics’ Choice, e Hammer também foi reconhecido pelo Globo de Ouro. Hammer tem uma boa presença no filme, e Stuhlbarg é mais reconhecido pelo monólogo final sobre se apaixonar, contudo, para ser indicado ao Oscar, acho que faltaram mais cenas desses personagens, algo que dissesse ao espectador que são táteis e tridimensionais.

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Ao fundo, os coadjuvantes Michael Stuhlbarg e Armie Hammer em cena de Me Chame Pelo seu Nome com Amira Casar e Timothée Chalamet. Pic by imdb.com

E pelamor de deus, não me venham com esse papo de “ausência relevante” de Mulher-Maravilha! A Academia pode ter errado muuuuito nas últimas décadas, mas felizmente soube enxergar que o filme da heroína amazona dirigido por Patty Jenkins nada mais é do que hype momentâneo que pegou carona com o movimento feminista, apoiado por seu sucesso de bilheteria.

MINHA TORCIDA

Sobre os filmes de 2017, cansei de falar que o melhor filme foi Corra!, de Jordan Peele. Um filme que soube abordar o tema do racismo como nenhum outro, sabendo dosar drama, humor negro e tensão na medida certa. E isso tudo é mérito total de Peele, que escreveu o roteiro baseado no sentimento horrível que ele tinha de se sentir acuado como minoria. Não sei se tem chances reais de ganhar uma estatueta, mas ponto pra Academia que incluiu esta pérola do cinema nas indicações.

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Racismo tratado como nunca em Corra!, de Jordan Peele (pic by imdb.com)

Gostei também de ver Timothée Chalamet indicado como Ator por Me Chame Pelo Seu Nome. Esse menino prodígio tem um grande futuro no cinema! Se o filme não foi tão bem aceito pela Academia, pelo menos foi indicado a Melhor Filme.

Não sou da onda politicamente correta, mas foi bacana ver Greta Gerwig indicada. Muitas e muitas mulheres, sejam artistas ou cinéfilas, elogiaram bastante Lady Bird por saber retratar como nunca o universo feminino e suas incertezas da juventude. Não sei se tem chances de levar Diretor, mas pode levar Roteiro Original. Gostaria que o filme levasse Atriz Coadjuvante para Laurie Metcalf, mas o favoritismo de Allison Janney chega a espantar.

Só mais um adendo que não vi ninguém comentar até agora. Se indicaram a Direção de Arte e Figurino de A Bela e a Fera, deveriam ter indicado os artistas que fizeram essas funções no longa de animação homônimo de 1991, já que esse live-action é uma cópia deslavada. Como os próprios nomes em inglês dizem: Production Design e Costume Design, ou seja, estão reconhecendo o design, que veio da animação. Não sou purista, nem nada do tipo, mas acho hipocrisia reconhecer o mesmo trabalho duas vezes. Só espero que não ganhe nenhuma estatueta, porque daí seria demais…

INDICADOS AO 90th ACADEMY AWARDS:

MELHOR FILME
* Me Chame Pelo Seu Nome (Call me by Your Name)
* O Destino de uma Nação (Darkest Hour)
* Dunkirk (Dunkirk)
* Corra! (Get Out)
* Lady Bird: É Hora de Voar (Lady Bird)
* Trama Fantasma (Phantom Thread)
* The Post: A Guerra Secreta (The Post)
* A Forma da Água (The Shape of Water)
* Três Anúncios Para um Crime (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri)

MELHOR DIRETOR
* Christopher Nolan (Dunkirk)
* Jordan Peele (Corra!)
* Greta Gerwig (Lady Bird)
* Paul Thomas Anderson (Trama Fantasma)
* Guillermo del Toro (A Forma da Água)

MELHOR ATOR
* Timothée Chalamet (Me Chame Pelo Seu Nome)
* Daniel Day-Lewis (Trama Fantasma)
* Daniel Kaluuya (Corra!)
* Gary Oldman (O Destino de uma Nação)
* Denzel Washington (Roman J. Israel, Esq.)

MELHOR ATRIZ
* Sally Hawkins (A Forma da Água)
* Frances McDormand (Três Anúncios Para um Crime)
* Margot Robbie (Eu, Tonya)
* Saoirse Ronan (Lady Bird)
* Meryl Streep (The Post: A Guerra Secreta)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
* Willem Dafoe (Projeto Flórida)
* Woody Harrelson (Três Anúncios Para um Crime)
* Richard Jenkins (A Forma da Água)
* Christopher Plummer (Todo o Dinheiro do Mundo)
* Sam Rockwell (Três Anúncios Para um Crime)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
* Mary J. Blige (Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi)
* Allison Janney (Eu, Tonya)
* Lesley Manville (Trama Fantasma)
* Laurie Metcalf (Lady Bird)
* Octavia Spencer (A Forma da Água)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
* Kumail Nanjiani, Emily V. Gordon (Doentes de Amor)
* Jordan Peele (Corra!)
* Greta Gerwig (Lady Bird)
* Guillermo del Toro e Vanessa Taylor (A Forma da Água)
* Martin McDonagh (Três Anúncios Para um Crime)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
* James Ivory (Me Chame Pelo Seu Nome)
* Scott Neustadter, Michael H. Weber (O Artista do Desastre)
* Scott Frank, James Mangold, Michael Green (Logan)
* Aaron Sorkin (A Grande Jogada)
* Virgil Williams, Dee Rees (Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi)

MELHOR FOTOGRAFIA
* Roger Deakins (Blade Runner 2049)
* Bruno Delbonel (O Destino de uma Nação)
* Hoyte van Hoytema (Dunkirk)
* Rachel Morrison (Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi)
* Dan Laustsen (A Forma da Água)

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
* Sarah Greenwood, Katie Spencer (A Bela e a Fera)
* Dennis Gassner, Alessandra Querzola (Blade Runner 2049)
* Sarah Greenwood, Katie Spencer (O Destino de uma Nação)
* Nathan Crowley, Gary Fettis (Dunkirk)
* Paul D. Austerberry, Shane Vieau, Jeffrey A. Melvin (A Forma da Água)

MELHOR MONTAGEM
* Paul Machliss, Jonathan Amos (Em Ritmo de Fuga)
* Lee Smith (Dunkirk)
* Tatiana S. Riegel (Eu, Tonya)
* Sidney Wolinsky (A Forma da Água)
* John Gregory (Três Anúncios Para um Crime)

MELHOR FIGURINO
* Jacqueline Durran (A Bela e a Fera)
* Luis Sequeira (A Forma da Água)
* Jacqueline Durran (O Destino de uma Nação)
* Mark Bridges (Trama Fantasma)
* Consolata Boyle (Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha)

MELHOR MAQUIAGEM E CABELO
* Kazuhiro Tsuji, David Malinowski, Lucy Sibbick (O Destino de uma Nação)
* Daniel Phillips, Loulia Sheppard (Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha)
* Arjen Tuiten (Extraordinário)

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
* Hans Zimmer (Dunkirk)
* Jonny Greenwood (Trama Fantasma)
* Alexandre Desplat (A Forma da Água)
* John Williams (Star Wars: Os Últimos Jedi)
* Carter Burwell (Três Anúncios Para um Crime)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
* “Mighty River”, de Raphael Saadiq, Mary J. Blige, Taura Stinson (Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi)
* “Mystery of Love”, de Sufjan Stevens (Me Chame Pelo Seu Nome)
* “Remember Me”, de Kristen Anderson-Lopez, Robert Lopez (Viva: A Vida é uma Festa!)
* “Stand up for Something”, de Common, Diane Warren (Marshall)
* “This is Me”, de Benj Pasek, Justin Paul (O Rei do Show)

MELHOR SOM
* Tim Cavagin, Mary H. Ellis, Julian Slater (Em Ritmo de Fuga)
* Ron Bartlett, Doug Hemphill, Mac Ruth (Blade Runner 2049)
* Gregg Landaker, Gary Rizzo, Mark Weingarten (Dunkirk)
* Christian T. Cooke, Glen Gauthier, Brad Zoern (A Forma da Água)
* Michael Semanick, David Parker, Stuart Wilson, Ren Klyce (Star Wars: Os Últimos Jedi)

MELHORES EFEITOS SONOROS
* Julian Slater (Em Ritmo de Fuga)
* Mark A. Mangini, Theo Green (Blade Runner 2049)
* Richard King, Alex Gibson (Dunkirk)
* Nathan Robitaille, Nelson Ferreira (A Forma da Água)
* Matthew Wood, Ren Klyce (Star Wars: Os Últimos Jedi)

MELHORES EFEITOS VISUAIS
* John Nelson, Ger Jeff White, Scott Benza, Michael MeiardusNefzer, Paul Lambert, Richard R. Hoover (Blade Runner 2049)
* Christopher Townsend, Guy Williams, Jonathan Fawkner, Daniel Sudick (Guardiões da Galáxia Vol. 2)
* Stephen Rosenbaum, Jeff White, Scott Benza, Michael Meinardus (Kong: A Ilha da Caveira)
* Ben Morris, Michael Mulholland, Neal Scanlan, Chris Corbould (Star Wars: Os Últimos Jedi)
* Joe Letteri, Daniel Barrett, Dan Lemmon, Joel Whist (Planeta dos Macacos: A Guerra)

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
* Uma Mulher Fantástica (CHILE)
* O Insulto (LÍBANO)
* Desamor (RÚSSIA)
* Corpo e Alma (HUNGRIA)
* The Square: A Arte da Discórdia (SUÉCIA)

MELHOR ANIMAÇÃO
* O Poderoso Chefinho (The Boss Baby)
* The Breadwinner
* Viva: A Vida é uma Festa! (Coco)
* O Touro Ferdinando (Ferdinand)
* Com Amor, Van Gogh (Loving Vincent)

MELHOR DOCUMENTÁRIO
* Abacus: Small Enough to Jail
* Faces Places
* Ícaro
* Last Men in Aleppo
* Strong Island

MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA
* Edith + Eddie
* Heaven is a Traffic Jam on the 405
* Heroin(e)
* Knife Skills
* Traffic Stop

MELHOR CURTA-METRAGEM
* DeKalb Elementary
* The Eleven O’Clock
* My Nephew Emmett
* The Silent Child
* Watu Wote: All of Us

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
* Dear Basketball
* Garden Party
* LOU
* Negative Space
* Revolting Rhymes Part One

***

A 90ª cerimônia do Oscar está marcada para o dia 04 de março.

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