PREMIAÇÃO FICOU BEM DIVIDIDA ENTRE ‘BACURAU’ E ‘A VIDA INVISÍVEL’
Assim como ocorreu na seleção do representante do Brasil no último Oscar, os votos ficaram divididos entre o western de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, e o drama de Karim Aïnouz. Enquanto o primeiro acumulou 6 prêmios Grande Otelo, o segundo ficou com 5, e ambos levaram os prêmios de Roteiro Original e Adaptado.
A cerimônia do 19º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro sofreu alterações devido à pandemia. Foi transferida do Theatro Municipal para o estúdios da TV Cultura, que transmitiu o evento ao vivo neste último domingo. Adriana Couto, do programa Metrópolis, e a diretora e ex-VJ da MTV Marina Person conduziram a premiação, cujas estatuetas serão entregues em domicílio aos vencedores.
Nas categorias de atuação, nossa dama do teatro, Fernanda Montenegro levou o prêmio de Atriz Coadjuvante por A Vida Invisível, afinal ninguém lê cartas como a atriz veterana. Já na ala masculina, Chico Diaz foi votado como Melhor Ator Coadjuvante pela comédia Cine Holliúdy. Na categoria de Melhor Atriz, os votos podem ter se dividido entre Carol Duarte e Julia Stockler de A Vida Invisível e favorecido a vitória de Andréa Beltrão que interpretou Hebe. Já em Melhor Ator, um empate incomum entre Fabrício Boliveira por Simonal e Silvero Pereira por Bacurau.
Enquanto A Vida Invisível concentrou seus prêmios nas categorias Direção de Arte, Fotografia e Figurino, Bacurau levou vantagem em Montagem, Direção e Efeito Visual. Vale lembrar que ambas as produções saíram premiadas do Festival de Cannes 2019 com os prêmios Un Certain Regard e Prêmio do Júri, respectivamente, e mostraram a força do Cinema Brasileiro em tempos difíceis.
Em sua conta do Twitter, Kleber Mendonça Filho agradeceu os prêmios, mas também levantou uma pergunta preocupante: “O cine brasileiro terá o que premiar em 2022?” Pra quem acompanha o Cinema Brasileiro certamente não quer que a história desastrosa do fim da Embrafilme em 1990 se repita com a Ancine, mas o desrespeito à Cultura Brasileira infelizmente tem prevalecido nos noticiários.
CONFIRA TODOS OS VENCEDORES DA 19ª EDIÇÃO DO GP DO CINEMA BRASILEIRO:
MELHOR LONGA-METRAGEM FICÇÃO ● BACURAU de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Produção: Emilie Natacha Lesclaux por Cinemascópio Produções Cinematográficas e Artísticas
MELHOR LONGA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO ● ESTOU ME GUARDANDO PARA QUANDO O CARNAVAL CHEGAR de Marcelo Gomes. Produção: João Vieira Jr. e Nara Aragão por Carnaval Filmes e Marcelo Gomes e Ernesto Soto por Misti Filmes
MELHOR LONGA-METRAGEM COMÉDIA ● CINE HOLLIÚDY – A CHIBATA SIDERAL de Halder Gomes. Produção: Mayra Lucas por Glaz Entretenimento e Halder Gomes ATC Entretenimento
MELHOR LONGA-METRAGEM ANIMAÇÃO ● TITO E OS PÁSSAROS de Gustavo Steinberg, Gabriel Bitar e André Catoto. Produção: Gustavo Steinberg por Bits Filmes
MELHOR LONGA-METRAGEM INFANTIL ● TURMA DA MÔNICA – LAÇOS de Daniel Rezende. Produção: Bianca Villar, Fernando Fraiha, Karen Castanho por Biônica Filmes, Charles Miranda, Cassio Pardini por Quintal Digital, Cao Quintas por Latina Estudio, Marcio Fraccaroli por Paris Entretenimento e Daniel Rezende
MELHOR DIREÇÃO ● KLEBER MENDONÇA FILHO e JULIANO DORNELLES por Bacurau
MELHOR PRIMEIRA DIREÇÃO DE LONGA-METRAGEM ● LEONARDO DOMINGUES por Simonal
MELHOR ATRIZ ● ANDREA BELTRÃO como HEBE CAMARGO por Hebe – A Estrela do Brasil
MELHOR ATOR ● FABRÍCIO BOLIVEIRA como SIMONAL por Simonal ● SILVERO PEREIRA como LUNGA por Bacurau
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE ● FERNANDA MONTENEGRO como EURÍDICE por A Vida Invisível
MELHOR ATOR COADJUVANTE ● CHICO DIAZ como VEÍ GOIS por Cine Holliúdy – A Chibata Sideral
MELHOR DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA ● HÉLÈNE LOUVART por A Vida Invisível
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL ● KLEBER MENDONÇA FILHO e JULIANO DORNELLES por Bacurau
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO ● MURILO HAUSER, KARIM AÏNOUZ e INÉS BORTAGARAY – baseado no livro “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, de Martha Batalha – por A Vida Invisível
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE ● RODRIGO MARTIRENA por A Vida Invisível
MELHOR FIGURINO ● MARINA FRANCO por A Vida Invisível
MELHOR MAQUIAGEM ● SIMONE BATATA por Hebe – a Estrela do Brasil
MELHOR EFEITO VISUAL ● MIKAËL TANGUY e THIERRY DELOBEL por Bacurau
MELHOR MONTAGEM FICÇÃO ● EDUARDO SERRANO por Bacurau
MELHOR MONTAGEM DOCUMENTÁRIO ● KAREN HARLEY por Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar
MELHOR SOM ● MARCEL COSTA, ALESSANDRO LAROCA, EDUARDO VIRMOND, ARMANDO TORRES JR., ABC e RENAN DEODATO por Simonal
MELHOR TRILHA SONORA ● WILSON SIMONINHA e MAX DE CASTRO por Simonal
MELHOR LONGA-METRAGEM INTERNACIONAL ● PARASITA | Parasite (Coreia do Sul) / Ficção / Direção: Bong-Joon-ho. Distribuidor Brasileiro: Pandora Filmes
MELHOR LONGA-METRAGEM IBERO-AMERICANO ● A ODISSEIA DOS TONTOS | La Odisea de losGiles (Argentina e Espanha) / Ficção / Direção: Sebastián Borensztein. Distribuidor Brasileiro: Warner Bros Pictures
MELHOR CURTA-METRAGEM ANIMAÇÃO ● RESSURREIÇÃO de Otto Guerra
MELHOR CURTA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO ● VIVA ALFREDINHO! de Roberto Berliner
MELHOR CURTA-METRAGEM FICÇÃO ● SEM ASAS de Renata Martins
MELHOR SÉRIE ANIMAÇÃO TV PAGA/ OTT ● TURMA DA MÔNICA JOVEM – 1ª TEMPORADA (Cartoon Network). Direção Geral: Mauricio de Sousa e Roger Keesse. Diretor: Marcelo de Moura. Produtora Brasileira Independente: Mauricio de Sousa Produções.
MELHOR SÉRIE DOCUMENTÁRIO TV PAGA/OTT ● QUEBRANDO O TABU – 2ª TEMPORADA (GNT). Direção Geral: Guilherme Melles e Katia Lund. Diretor: Pio Figueiroa. Produtora Brasileira Independente: Spray Filmes.
MELHOR SÉRIE FICÇÃO TV PAGA/ OTT ● SINTONIA – 1ª TEMPORADA (Netflix). Direção Geral: Kondzilla, Guilherme Quintella e Felipe Braga. Diretores: Kondzilla e Johnny Araújo. Produtora Brasileira Independente: Los Bragas.
MELHOR SÉRIE FICÇÃO TV ABERTA ● CINE HOLLIÚDY– 1ª TEMPORADA (Globo). Direção Geral: Patricia Pedrosa. Diretores: Halder Gomes e Renata Porto D’ave. Produtora Brasileira Independente: Glaz Entretenimento.
MELHOR LONGA-METRAGEM VOTO POPULAR ● EU SOU MAIS EU dePedro Amorim. Produção: Lara Guaranys, Marcus Baldini e Gustavo Munhoz por Damasco Filmes.
Da esquerda para a direita: Bacurau, A Vida Invisível e Simonal
PRÊMIO NACIONAL BUSCA VALORIZAR O CINEMA NUM MOMENTO DIFÍCIL DA CULTURA NO PAÍS
Nesta quinta-feira, dia 27, a Academia Brasileira de Cinema divulgou seus indicados a sua 19ª edição, marcada para o dia 10 de Outubro.
Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, foi o recordista deste ano com 17 indicações, seguido por A Vida Invisível, de Karim Aïnouz com 16, e a cinebiografia Simonal, de Leonardo Domingues, com 10.
“Mesmo diante de tantas adversidades, estamos realizando o Grande Prêmio, e este ano vamos homenagear o trabalho dos milhares de profissionais que dedicam suas vidas a encantar as nossas vidas.Não foi fácil, mas o Grande Prêmio tinha que acontecer”, disse Jorge Peregrino, presidente da Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais. São 35 longas brasileiros e 10 estrangeiros na lista final, além de 15 curtas e 20 séries.
Fundada em 2002, a Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais foi reconhecida este ano pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas como única entidade credenciada a selecionar o representante do Brasil na disputa pelo Oscar de Filme Internacional, tornando-se independente do governo que estiver no poder. Essa mudança evitará novas interferências políticas que ocasionaram a patética exclusão de Aquarius em 2016.
Embora os membros da Academia Brasileira elejam seus favoritos, haverá uma votação popular pela internet para escolher um filme entre 15 longas brasileiros finalistas.
A cerimônia de premiação será transmitida ao vivo pela TV Cultura.
Confira os indicados ao 19º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro:
MELHOR LONGA-METRAGEM FICÇÃO
● A VIDA INVISÍVEL de KarimAïnouz. Produção: Rodrigo Teixeira por RT Features ● BACURAU de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Produção: Emilie Natacha Lesclaux por Cinemascópio Produções Cinematográficas e Artísticas ● DIVINO AMOR de Gabriel Mascaro. Produção: Rachel Ellis por Desvia, SandinoSaraviaVinay por Malbicho Cine, KatrinPors por Snowglobe, Maria Ekerhovd por MerFilm ● HEBE – A ESTRELA DO BRASIL de Maurício Farias. Produção: Carolina Kotscho, Clara Ramos, Fernando Nogueira, Heloisa Jinzenji e Renato Klarnet por Loma Filmes, Lucas Pacheco por Labrador Filmes e Claudio Pessutti por Hebe Forever. ● SIMONAL de Leonardo Domingues. Produção: NathalieFelippe por Pontos de Fuga Produções Artísticas
Cena de Divino Amor, de Gabriel Mascaro
MELHOR LONGA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO
● ALMA IMORAL de Silvio Tendler. Produção: Silvio Tendler e Ana Rosa Tendler por Caliban Produções Cinematográficas ● AMAZÔNIA GROOVE de Bruno Murtinho. Produção: Leonardo Edde por Urca Filmes, Bruno Murtinho por Bambu Filmes, Marco André por Parioca Filmes, Fernando Segtowick e Thiago Pelaes por Marahu Filmes ● BIXA TRAVESTY de Claudia Priscilla e Kiko Goifman. Produção: Claudia Priscilla e Kiko Goifman por Válvula Produções ● ESTOU ME GUARDANDO PARA QUANDO O CARNAVAL CHEGAR de Marcelo Gomes. Produção: João Vieira Jr. e Nara Aragão por Carnaval Filmes e Marcelo Gomes e Ernesto Soto por Misti Filmes ● O BARATO DE IACANGA de Thiago Mattar. Produção: Deborah Osborn, Felipe Briso e Gilberto Topczewski por bigBonsai
Cena de Bixa Travesty, de Claudia Priscilla e Kiko Goifman
MELHOR LONGA-METRAGEM COMÉDIA
● CINE HOLLIÚDY – A CHIBATA SIDERAL de Halder Gomes. Produção: Mayra Lucas por Glaz Entretenimento e Halder Gomes ATC Entretenimento ● DE PERNAS PRO AR 3 de Julia Rezende. Produção: Mariza Leão por Morena Filmes ● EU SOU MAIS EU de Pedro Amorim. Produção: Lara Guaranys, Marcus Baldini e Gustavo Munhoz por Damasco Filmes ● MARIA DO CARITÓ de João Paulo Jabur. Produção: Elisa Tolomeli por E.H. Filmes ● MINHA MÃE É UMA PEÇA 3 de Susana Garcia. Produção: IafaBritz por Migdal Filmes ● SOCORRO, VIREI UMA GAROTA de Leandro Neri. Produção: André Carreira por Camisa Listrada e Roberto Santucci por Panorama Filmes
Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral
MELHOR LONGA-METRAGEM ANIMAÇÃO
● A CIDADE DOS PIRATAS de Otto Guerra. Produção: Érica Maradona e Otto Guerra por Otto Desenhos Animados ● A PRINCESA DE ELYMIA de Silvio Toledo. Produção: Silvio Toledo por Stairs Filmes ● TITO E OS PÁSSAROS de Gustavo Steinberg, Gabriel Bitar e André Catoto. Produção: Gustavo Steinberg por Bits Filmes
Tito e os Pássaros, de Gustavo Steinberg, Gabriel Bitar e André Catoto
MELHOR LONGA-METRAGEM INFANTIL
● CINDERELA POP de Bruno Garotti. Produção: Rodrigo Montenegro, Mara Lobão e Rodrigo Guimarães por Panorâmica Filmes ● SOBRE RODAS de Mauro D’Addio. Produção: Beatriz Carvalho, Rafael Sampaio por Klaxon Cultura Audiovisual e Mauro D’Addio por Hora Mágica Filmes ● TURMA DA MÔNICA – LAÇOS de Daniel Rezende. Produção: Bianca Villar, Fernando Fraiha, Karen Castanho por Biônica Filmes, Charles Miranda, Cassio Pardini por Quintal Digital, Cao Quintas por Latina Estudio, Marcio Fraccaroli por Paris Entretenimento e Daniel Rezende
Turma da Mônica: Laços, de Daniel Rezende
MELHOR DIREÇÃO
● DANIEL REZENDE por Turma da Mônica – Laços ● FLAVIA CASTRO por Deslembro ● GABRIEL MASCARO por Divino Amor ● KARIM AÏNOUZ por A Vida Invisível ● KLEBER MENDONÇA FILHO e JULIANO DORNELLES por Bacurau
MELHOR PRIMEIRA DIREÇÃO DE LONGA-METRAGEM
● ALEXANDRE MORATTO por Sócrates ● ARMANDO PRAÇA por Greta ● CLAUDIA CASTRO por Ela Disse, Ele Disse ● DENNISON RAMALHO por Morto Não Fala ● LEONARDO DOMINGUES por Simonal
MELHOR ATRIZ
● ANDREA BELTRÃO como HEBE CAMARGO por Hebe – A Estrela do Brasil ● BÁRBARA COLEN como TEREZA por Bacurau ● CAROL DUARTE como EURÍDICE por A Vida Invisível ● DIRA PAES como JOANA por Divino Amor ● JULIA STOCKLER como GUIDA por A Vida Invisível
MELHOR ATOR
● DANIEL DE OLIVEIRA como STÊNIO por Morto Não Fala ● FABRÍCIO BOLIVEIRA como SIMONAL por Simonal ● GREGÓRIO DUVIVIER como ANTENOR por A Vida Invisível ● MARCO NANINI como PEDRO por Greta ● SILVERO PEREIRA como LUNGA por Bacurau
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
● ALLI WILLOW como KATE por Bacurau. ● BÁRBARA SANTOS como FILOMENA por A Vida Invisível ● FERNANDA MONTENEGRO como EURÍDICE por A Vida Invisível ● KARINE TELES como FORASTEIRA por Bacurau ● SÔNIA BRAGA como DOMINGAS por Bacurau
MELHOR ATOR COADJUVANTE
● ANTONIO SABOIA como FORASTEIRO por Bacurau ● CACO CIOCLER como SANTANA por Simonal ● CHICO DIAZ como VEÍ GOIS por Cine Holliúdy – A Chibata Sideral ● FLÁVIO BAURAQUI como DETETIVE MACEDO por A Vida Invisível ● JÚLIO MACHADO como DANILO por Divino Amor
MELHOR DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA
● AZUL SERRA por A Turma da Mônica – Laços ● BÁRBARA ALVAREZ por A Sombra do Pai ● HÉLÈNE LOUVART por A Vida Invisível ● HELOISA PASSOS por Deslembro ● NONATO ESTRELA por Kardec ● PEDRO SOTERO por Bacurau
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
● BEATRIZ SEIGNER por Los Silencios ● CAROLINA KOTSCHO por Hebe – A Estrela do Brasil ● FLAVIA CASTRO por Deslembro ● GABRIEL MASCARO, RACHEL ELLIS, ESDRAS BEZERRA e LUCAS PARAIZO por Divino Amor ● KLEBER MENDONÇA FILHO e JULIANO DORNELLES por Bacurau
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
● ARMANDO PRAÇA – adaptado da peça teatral “Greta Garbo, quem diria, acabou no Irajá”, de Fernando Melo – por Greta ● L.G. BAYÃO, LUI FARIAS e LETÍCIA MEY – adaptado da obra “Minha Fama de Mau”, de Erasmo Carlos – por Minha Fama de Mau ● MARÇAL AQUINO, FERNANDO BONASSI, DENNISON RAMALHO e MARCELO STAROBINAS – adaptado do livro “Carcereiros”, de Drauzio Varella – por Carcereiros – O Filme ● MURILO HAUSER, KARIM AÏNOUZ e INÉS BORTAGARAY – baseado no livro “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, de Martha Batalha – por A Vida Invisível ● SILVIO TENDLER e NILTON BONDER – adaptado da obra “A Alma Imoral”, de Nilton Bonder – por Alma Imoral ● THIAGO DOTTORI – baseado na obra “A Turma da Mônica”, de Mauricio de Sousa e inspirado na graphic novel “Laços”, de Victor Cafaggi e Lu Cafaggi – por Turma da Mônica – Laços
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
● CASSIO AMARANTE e MARIANA FALVO por Turma da Mônica – Laços ● CLAUDIO AMARAL PEIXOTO e HELCIO PUGLIESE por Kardec ● RODRIGO MARTIRENA por A Vida Invisível ● THALES JUNQUEIRA por Bacurau ● YURIKA YAMAZAKI por Simonal
MELHOR FIGURINO
● ANTÔNIO MEDEIROS por Hebe – a Estrela do Brasil ● KIKA LOPES e ROSANGELA NASCIMENTO por Kardec ● KIKA LOPES por Simonal ● MARINA FRANCO por A Vida Invisível ● RITA AZEVEDO por Bacurau
MELHOR MAQUIAGEM
● ANNA VAN STEEN por Kardec ● BRITNEY FEDERLINE por Morto Não Fala ● ROSE VERÇOSA por Simonal ● ROSEMARY PAIVA por A Vida Invisível ● SIMONE BATATA por Hebe – a Estrela do Brasil ● TAYCE VALE por Bacurau
MELHOR EFEITO VISUAL
● CLAUDIO PERALTA por Kardec ● GUILHERME RAMALHO por Morto Não Fala ● HUGO GURGEL, GUILHERME RAMALHO e EDUARDO SCHAAL por Carcereiros – O Filme ● MARCO PRADO por Turma da Mônica – Laços ● MIKAËL TANGUY e THIERRY DELOBEL por Bacurau
MELHOR MONTAGEM FICÇÃO
● EDUARDO SERRANO por Bacurau ● HEIKE PARPLIES por A Vida Invisível ● KAREN HARLEY por Greta ● MARCELO JUNQUEIRA, AMC e SABRINA WILKINS, AMC por Turma da Mônica – Laços ● PEDRO BRONZ e VICENTE KUBRUSLY por Simonal
MELHOR MONTAGEM DOCUMENTÁRIO
● BRUNO MURTINHO por Amazônia Groove ● CÉLIA FREITAS E PAULO MAINHARD por Torre das Donzelas ● DIANA VASCONCELLOS por Fevereiros ● ISABEL CASTRO por Meu Amigo Fela ● KAREN HARLEY por Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar ● OLIVIA BRENGA por BixaTravesty
MELHOR SOM
● EVANDRO LIMA, TOMÁS ALEM, BERNARDO UZEDA, RODRIGO NORONHA e GUSTAVO LOUREIRO por Kardec ● JORGE REZENDE, MIRIAM BIDERMAN, ABC, TOCO CERQUEIRA e REILLY STEELE por Turma da Mônica – Laços ● LAURA ZIMMERMAN, WALDIR XAVIER e BJÖRN WIESE por A Vida Invisível ● MARCEL COSTA, ALESSANDRO LAROCA, EDUARDO VIRMOND, ARMANDO TORRES JR., ABC e RENAN DEODATO por Simonal ● NICOLAS HALLET, RICARDO CUTZ e CYRIL HOLTZ por Bacurau
MELHOR TRILHA SONORA
● ANTONIO PINTO por O Juízo ● BENEDIKT SCHIEFER, GUILHERME GARBATO e GUSTAVO GARBATO por A Vida Invisível ● LINN DA QUEBRADA por BixaTravesty ● MATEUS ALVES e TOMAZ ALVES por Bacurau ● WILSON SIMONINHA e MAX DE CASTRO por Simonal
MELHOR LONGA-METRAGEM INTERNACIONAL
● CAFARNAUM | Capernaum (Líbano) / Ficção / Direção: Nadine Labaki. Distribuidor Brasileiro: Sony Pictures ● CORINGA | Joker (EUA) / Ficção / Direção: Todd Phillips. Distribuidor Brasileiro: Warner Bros Pictures ● DOR E GLÓRIA | Dolor Y Gloria (Espanha) / Ficção / Direção: Pedro Almodóvar. Distribuidor Brasileiro: Universal Pictures ● ERA UMA VEZ EM HOLLYWOOD | OnceUpon a Time in Hollywood (EUA) / Ficção / Direção: Quentin Tarantino. Distribuidor Brasileiro: Sony Pictures ● PARASITA | Parasite (Coreia do Sul) / Ficção / Direção: Bong-Joon-ho. Distribuidor Brasileiro: Pandora Filmes
Cena de Parasita, de Bong Joon-ho
MELHOR LONGA-METRAGEM IBERO-AMERICANO
● A ODISSEIA DOS TONTOS | La Odisea de losGiles (Argentina e Espanha) / Ficção / Direção: Sebastián Borensztein. Distribuidor Brasileiro: Warner Bros Pictures ● AS FILHAS DO FOGO | LasHijasdelFuego (Argentina) / Ficção / Direção: Albertina Carri. Distribuidor Brasileiro: Vitrine Filmes ● FAMILIA SUBMERSA | FamiliaSumergida (Argentina e Brasil) /Ficção / Direção: Maria Alché – Coprodução Brasileira: Bubbles Project – Distribuidor Brasileiro: Esfera Filmes ● O TRADUTOR | Untraductor (Cuba e Canadá) / Ficção /. Direção: Rodrigo Barriuso e SebastiánBarriuso. Distribuidor Brasileiro: Galeria Distribuidora ● VERMELHO SOL | Rojo (Argentina e Brasil) / Ficção / Direção: Benjamin Naishtat – Coprodução Brasileira: Desvia Produções – Distribuidor Brasileiro: Vitrine Filmes
Vermelho Sol, de Benjamin Naishat
MELHOR CURTA-METRAGEM ANIMAÇÃO
● APNEIA de Carol Sakura e Walkir Fernandes ● CÉU DA BOCA de Amanda Treze ● POÉTICA DE BARRO de GiulianaDanza ● RESSURREIÇÃO de Otto Guerra ● SÓ SEI QUE FOI ASSIM de Giovanna Muzel
MELHOR CURTA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO
● AMNESTIA de Susanna Lira ● EXTRATOS de Sinai Sganzerla ● FARTURA de Yasmin Thayná ● OLHOS D’ÁGUA (TuãIngugu) de Daniela Thomas ● VIVA ALFREDINHO! de Roberto Berliner
MELHOR CURTA-METRAGEM FICÇÃO
● ALFAZEMA de Sabrina Fidalgo ● ANGELA de Marília Nogueira ● BAILE de Cíntia Domit Bittar ● RÃ de Ana Flavia Cavalcanti e Julia Zakia ● SEM ASAS de Renata Martins
MELHOR SÉRIE ANIMAÇÃO TV PAGA/ OTT
● BOBOLÂNDIA MONSTROLÂNDIA – 1ª TEMPORADA (Nickelodeon e TV Cultura). Direção Geral: Ale McHaddo. Diretora: Michelle Gabriel. Produtora Brasileira Independente: 44 Toons ● CHARLIE, O ENTREVISTADOR DE COISAS – 1ª TEMPORADA (Discovery Kids). Direção Geral: Celia Catunda e Kiko Mistrorigo. Produtora Brasileira Independente: Pinguim Content ● LUPITA NO PLANETA DE GENTE GRANDE – 1ª TEMPORADA (TV Brasil e TV Cultura). Direção Geral: Estêvão Queiroga. Diretores: Estêvão Queiroga, Glaubert Oliveira e Humberto Rodrigues. Produtora Brasileira Independente: Petit Fabrik e DruzinaContent ● TURMA DA MÔNICA JOVEM – 1ª TEMPORADA (Cartoon Network). Direção Geral: Mauricio de Sousa e Roger Keesse. Diretor: Marcelo de Moura. Produtora Brasileira Independente: Mauricio de Sousa Produções. ● ZUZUBALÂNDIA – 1ª TEMPORADA (Cartoon Network, Boomerang, Tooncast América Latina). Direção Geral: Mariana Caltabiano. Produtora Brasileira Independente: Mariana Caltabiano Criações
MELHOR SÉRIE DOCUMENTÁRIO TV PAGA/OTT
● #OFUTUROÉFEMININO – 1ª TEMPORADA (GNT). Direção Geral: Luiza de Moraes. Produtora Brasileira Independente: Base 1 Filmes. ● 1968 – O DESPERTAR – 1ª TEMPORADA (Canal Curta). Direção Geral: Don Kent. Produtora Brasileira Independente: Grifa Filmes. ● BANDIDOS NA TV – 1ª TEMPORADA (Netflix). Direção Geral: Alex Marengo. Diretores: Daniel Bogado e Suemay Oram. Produtora Brasileira Independente: Viva Filmes e Terra Vermelha. ● DIÁLOGO SOBRE O CINEMA – 1ª TEMPORADA (Cine Brasil TV). Direção Geral: Carlos Gerbase. Produtora Brasileira Independente: Prana Filmes. ● QUEBRANDO O TABU – 2ª TEMPORADA (GNT). Direção Geral: Guilherme Melles e Katia Lund. Diretor: Pio Figueiroa. Produtora Brasileira Independente: Spray Filmes.
MELHOR SÉRIE FICÇÃO TV PAGA/ OTT
● ARUANAS – 1ª TEMPORADA (Globoplay). Direção Geral: Estela Renner. Diretores: Estela Renner, Carlos Manga Jr, Bruno Safadi e Lucio Tavares. Produtora Brasileira Independente: Maria Farinha Filmes. ● COISA MAIS LINDA – 1ª TEMPORADA (Netflix). Direção Geral: Caito Ortiz. Diretores: Caito Ortiz, Julia Rezende e Hugo Prata. Produtora Brasileira Independente: Prodigo Films. ● DETETIVES DO PRÉDIO AZUL (DPA) – 12ª TEMPORADA (Gloob). Direção Geral: Vivianne Jundi. Diretores: Michele Lavalle e Vinícius Reis. Produtora Brasileira Independente: Conspiração. ● SESSÃO DE TERAPIA – 4ª TEMPORADA (Globoplay e GNT). Direção Geral: Selton Mello. Produtora Brasileira Independente: Moonshot Pictures. ● SINTONIA – 1ª TEMPORADA (Netflix). Direção Geral: Kondzilla, Guilherme Quintella e Felipe Braga. Diretores: Kondzilla e Johnny Araújo. Produtora Brasileira Independente: Los Bragas.
MELHOR SÉRIE FICÇÃO TV ABERTA
● CARCEREIROS – 2ª TEMPORADA (Globo). Direção Geral: José Eduardo Belmonte. Produtora Brasileira Independente: Gullane. ● CINE HOLLIÚDY– 1ª TEMPORADA (Globo). Direção Geral: Patricia Pedrosa. Diretores: Halder Gomes e Renata Porto D’ave. Produtora Brasileira Independente: Glaz Entretenimento. ● ELIS – VIVER É MELHOR QUE SONHAR – 1ª TEMPORADA (Globo). Direção Geral: Hugo Prata. Produtora Brasileira Independente: Bravura Cinematográfica. ● SEGUNDA CHAMADA – 1ª TEMPORADA (Globo). Direção Geral: Joana Jabace. Diretores: Joana Jabace, João Gomez, Ricardo Spencer e Breno Moreira. Produtora Brasileira Independente: O2 Filmes. ● SOB PRESSÃO – 3ª TEMPORADA (Globo). Direção Geral: Andrucha Waddington. Diretora: Mini Kerti. Produtora Brasileira Independente: Conspiração.
Alfonso Cuarón, com as três estatuetas que ganhou com Roma, incluindo o último Oscar de Filme em Língua Estrangeira
CATEGORIA QUE MUDOU DE NOME RECEBEU O TOTAL DE 94 INSCRIÇÕES
Sim, a categoria Filme em Língua Estrangeira, criada oficialmente na década de 50, foi rebatizada para Melhor Filme Internacional no último mês de Abril, pois consideraram o termo “Estrangeiro” ultrapassado. Outras mudanças significativas foram da pré-lista de dezembro, que pula de nove para dez filmes pré-selecionados, e pela primeira vez, os votantes poderão assistir aos dez filmes online, sem precisar comparecer às salas de Los Angeles, Nova York ou Londres.
Dos 94 filmes inscritos, logo de cara já houve uma desqualificação do Afeganistão. Havia questionamento de legitimidade do comitê que elegeu o representante do país, portanto foi descartado antes mesmo do anúncio dos oficialmente inscritos.
Em seguida, no dia 04 de Novembro, a Academia anunciou a desqualificação da Nigéria, que havia inscrito um filme na competição pela primeira vez com Lionheart. Segundo o departamento responsável que viu a película, houve uma infração do regulamento que exige língua não-inglesa predominante. Foi constatado que o filme continha apenas onze minutos no idioma estrangeiro. Essa ilegalidade causou revolta na Nigéria e conquistou apoio da cineasta Ava DuVernay.
Em sua conta do Twitter, a diretora de Selma esbravejou: “Para a Academia, Vocês desqualificaram a primeiríssima inscrição da Nigéria para Melhor Filme Internacional porque está em Inglês. Mas Inglês é a língua oficial da Nigéria. Vocês estão barrando este país para que nunca dispute um Oscar em sua língua oficial?…”
Há duas formas de enxergar a situação. Pelo lado da Academia, regras são regras. Essa que exige predominância de língua não-inglesa existe há décadas. Faltou atenção ao comitê nigeriano ao regulamento da categoria. Já pelo lado da Nigéria, da modernização e do bom senso, a Academia não poderia ter sido mais flexível nessa questão do idioma ao modernizar o nome do prêmio de Filme em Língua Estrangeira para Filme Internacional? Quer dizer, todas as nações que foram colonizadas no passado jamais poderão disputar esse Oscar? Além disso, há algum tempo, é uma raridade vermos produções de um único país. Atualmente, o normal é a realização de co-produções em conjunto com dois ou mais países. Hoje, se um filme co-produzido por três países, apenas um pode selecioná-lo como representante no Oscar.
Não acreditamos que a Academia vá voltar atrás agora nessas questões, contudo os responsáveis do departamento podem estudar o caso para uma próxima cerimônia. Desta forma, permanecerão 92 filmes inscritos, número que mesmo assim iguala o recorde anterior de 2017. Ainda sobre números, mesmo com a queda da Nigéria, temos 28 diretoras mulheres nessa disputa, um recorde na história da premiação.
COMO ESTÁ A DISPUTA ATÉ O MOMENTO?
Parasita, de Bong Joon-ho
PARASITA (Coréia do Sul) Dir: Bong Joon-ho
Vamos resumir assim: o filme sul-coreano Parasita está trilhando o mesmo caminho de Roma, de Alfonso Cuarón. Além de ter faturado prêmios importantes como a Palma de Ouro em Cannes, vem conquistando toda a crítica e o público de forma unânime, o que leva o filme a ser considerado inclusive para outras categorias como Melhor Filme, Direção, Roteiro Original, Fotografia, Direção de Arte e Ator Coadjuvante. Curiosamente, se concretizada, seria a primeira indicação do país na história do Oscar. Particularmente, sentimos que o Cinema Sul-coreano tem sido injustiçado há duas décadas pelo Oscar. Só para citar alguns filmes que mereciam uma indicação estão Oldboy (2002), Oasis (2002), Memórias de um Assassino (2003), Casa Vazia (2004), Secret Sunshine (2007), Poesia (2010), A Criada (2016) e Em Chamas (2018).
Dor e Glória, de Pedro Almodóvar
DOR E GLÓRIA (Espanha) Dir: Pedro Almodóvar
Quando o filme estava entre os indicados à Palma de Ouro deste ano, havia uma forte especulação de que Pedro Almodóvar ganharia pelo menos o prêmio de Direção ou o Grande Prêmio do Júri, mas acabou ficando apenas com o prêmio de interpretação masculina para Antonio Banderas, que vive o alter-ego do diretor espanhol. Muito querido entre os membros da Academia, o diretor já ganhou duas estatuetas: Filme em Língua Estrangeira por Tudo Sobre Minha Mãe em 2000, e Melhor Roteiro Original por Fale com Ela em 2003. Ao lado do representante sul-coreano, este espanhol está praticamente garantido entre os cinco indicados.
Les Misérables, de Ladj Ly
LES MISÉRABLES (França) Dir: Ladj Ly
Havia uma forte expectativa para que Retrato de uma Jovem em Chamas fosse o representante da França para o Oscar, mas talvez por motivos homofóbicos, o filme cedeu lugar a Les Misérables. Apesar de compartilhar o mesmo título da obra de Victor Hugo e o musical homônimo de 2012, o primeiro filme de Ladj Ly aborda a violência e o preconceito vivido por habitantes dos subúrbios franceses. A produção faturou o mesmo Prêmio do Júri ao lado do brasileiro Bacurau, o que pode facilitar um pouco sua campanha. Ladj Ly é o primeiro diretor negro que representa a França.
Monos, de Alejandro Landes
MONOS (Colômbia) Dir: Alejandro Landes
Para quem acompanha o Oscar, sabe que o cinema colombiano tem se destacado recentemente na premiação como o indicado O Abraço da Serpente (2015) e Pássaros de Verão (2018), que estava na última pré-lista. E pra elevar a ainda mais a campanha de Monos, os diretores mexicanos Alejandro González Iñárritu e Guillermo del Toro esbanjaram rasgaram elogios publicamente ao filme, o que certamente chamará a atenção de outros votantes, especialmente os latinos. Monos, que estava na Mostra Internacional de São Paulo, acompanha oito jovens militantes em um acampamento no alto da montanha. Eles precisam manter uma refém americana (Julianne Nicholson), mas os planos mudam quando eles matam acidentalmente uma vaca que os mantinha no local. Vale ressaltar que o diretor Alejandro Landes é brasileiro, filho de mãe colombiana.
Atlantics, de Mati Diop
ATLANTICS (Senegal) Dir: Mati Diop
A carreira do filme senegalês começou com sua indicação à Palma de Ouro em Cannes. Mati Diop se tornou a primeira mulher negra na competição oficial. Produção da Netflix, o filme aborda uma história de amor com a imigração ilegal como pano de fundo. Trata-se da segunda inscrição do país africano no Oscar, sendo que a primeira, Félicité, esteve entre os nove filmes pré-selecionados de 2018. Seria um reconhecimento para coroar o crescimento do cinema do continente africano, e dar um equilíbrio entre as produções indicadas, que costumam ficar restritas à Europa.
OUTROS EM DESTAQUE
Da esquerda para a direita: Honeyland, Papicha, O Paraíso Deve Ser Aqui, O Menino que Descobriu o Vento, e O Traidor
Honeyland (Macedônia do Norte): Elogiada produção de ficção que se assemelha a um documentário ao narrar a história de uma apicultora tradicional considerada a última da região.
Papicha (Argélia): Passado nos anos 90, acompanha a opressão sofrida por todas as mulheres por terroristas islâmicos, buscando alterar de forma conservadora seus hábitos, suas vestimentas e seus espaços públicos.
O Paraíso Deve Ser Aqui (Palestina): Trata-se de uma comédia autobiográfica do diretor Elia Suleiman que, ao viajar para fora de seu país para encontrar paz, acaba se deparando com os mesmos problemas de racismo e dificuldades sociais nas terras consideradas paraísos como EUA e França.
O Menino que Descobriu o Vento (Reino Unido): Embora tenha poucas chances no Oscar, pode surpreender por dirigido e atuado pelo ator indicado ao Oscar Chiwetel Ejiofor (de 12 Anos de Escravidão) e estar disponível na plataforma da Netflix. O filme narra a história de um menino no Malawi que desenvolve uma turbina de vento em seu vilarejo.
O Traidor (Itália): Além do renome do diretor Marco Bellocchio, o país europeu aposta na fama do mafioso Tommaso Buscetta, que fugiu para o Brasil e para os EUA e delatou a máfia italiana Costa Nostra. A atriz brasileira Maria Fernanda Cândido faz parte do elenco.
E O BRASIL?
A Academia de Cinema Brasileiro enfrentou um duro dilema este ano. Bacurau ou A Vida Invisível? Ambos os filmes haviam sido bem recebidos e premiados no Festival de Cannes. Enquanto o primeiro faturou o Prêmio do Júri (uma espécie de terceiro lugar), o segundo levou o cobiçado prêmio Un Certain Regard. Uma coisa era certa: o representante brasileiro tinha que ser um dos dois, mas qual?
A Vida Invisível, de Karim Ainouz
A presidente da comissão Anna Muylaert acabou desempatando a briga. Cinco votos para A Vida Invisível e quatro para Bacurau. Dentre as justificativas para a escolha, teria pesado a presença de Fernanda Montenegro no elenco, uma vez que ela já foi indicada ao Oscar por Central do Brasil. Além disso, Bacurau pode ser interpretado como uma afronta para o público norte-americano, pois eles são os vilões do filme de Kleber Mendonça Filho que se passa no sertão de Pernambuco. Já A Vida Invisível busca exaltar a força feminina através de suas protagonistas irmãs, algo em voga nas premiações.
Alguns alegam que Bacurau teria sido uma escolha mais ousada e por isso, teria mais chances de ser notado entre os votantes da Academia. Será? Claro que depende muito da campanha de publicidade rumo ao Oscar, que acontece em Fevereiro. Vamos torcer para que Vida Invisível se torne a 5ª indicação do Brasil após a última de Central do Brasil em 1999.
SEGUE LISTA COMPLETA DAS PRODUÇÕES INSCRITAS PARA O OSCAR 2020:
PAÍS
FILME
DIRETOR(A)(ES)
África do Sul
Knuckle City
Jahmil X.T. Qubeka
Albânia
The Delegation
Bujar Alimani
Alemanha
System Crasher
Nora Fingscheidt
Arábia Saudita
The Perfect Candidate
Haifaa al-Mansour
Argélia
Papicha
Mounia Meddour
Argentina
Heroic Losers
Sebastián Borensztein
Armênia
Lengthy Night
Edgar Baghdasaryan
Austrália
Buoyancy
Rodd Rathjen
Áustria
Joy
Sudabeh Mortezai
Bangladesh
Alpha
Nasiruddin Yousuff
Bélgica
Our Mothers
César Díaz
Bielorrússia
Debut
Anastasiya Miroshnichenko
Bolívia
I Miss You
Rodrigo Bellott
Bósnia Herzegovina
The Son
Ines Tanovic
Brasil
A Vida Invisível
Karim Aïnouz
Bulgária
Ága
Milko Lazarov
Camboja
In the Life of Music
Caylee So, Sok Visal
Canadá
Antigone
Sophie Deraspe
Cazaquistão
Kazakh Khanate – Golden Throne
Rustem Abdrashev
Chile
Spider
Andrés Wood
China
Ne Zha
Jiaozi
Colômbia
Monos
Alejandro Landes
Coréia do Sul
Parasita
Bong Joon-ho
Costa Rica
The Awakening of the Ants
Antonella Sudasassi
Croácia
Mali
Antonio Nuic
Cuba
A Translator
Rodrigo Barriuso, Sebastián Barriuso
Dinamarca
Queen of Hearts
May el-Toukhy
Egito
Poisonous Roses
Fawzi Saleh
Equador
The Longest Night
Gabriela Calvache
Eslováquia
Let There Be Light
Marko Skop
Eslovênia
History of Love
Sonja Prosenc
Espanha
Dor e Glória
Pedro Almodóvar
Estônia
Truth and Justice
Tanel Toom
Etiópia
Running Against the Wind
Jan Philipp Weyl
Filipinas
Verdict
Raymund Ribay Gutierrez
Finlândia
Stupid Young Heart
Selma Vilhunen
França
Les Misérables
Ladj Ly
Gana
Azali
Kwabena Gyansah
Geórgia
Shindisi
Dito Tsintsadze
Grécia
When Tomatoes Met Wagner
Marianna Economou
Holanda
Instinct
Halina Reijn
Honduras
Blood, Passion and Coffee
Carlos Membreño
Hong Kong
The White Storm 2 – Drug Lords
Herman Yau
Hungria
Those Who Remained
Barnabás Tóth
Índia
Gully Boy
Zoya Akhtar
Indonésia
Memories of my Body
Garin Nugroho
Irã
Finding Fariden
Kourosh Ataee, Azadeh Moussavi
Irlanda
Gaza
Garry Keane, Andrew McConnell
Islândia
A White, White Day
Hlynur Pálmason
Israel
Incitement
Yaron Zilberman
Itália
O Traidor
Marco Bellocchio
Japão
Weathering With You
Makoto Shinkai
Kosovo
Zana
Antoneta Kastrati
Látvia
The Mover
Davis Simanis
Líbano
1982
Oualid Mouaness
Lituânia
Bridges of Time
Kristine Briede, Audrius Stonys
Luxemburgo
Tel Aviv on Fire
Sameh Zoabi
Macedônia do Norte
Honeyland
Tamara Kotevska, Ljubomir Stefanov
Malásia
M for Malaysia
Dian Lee, Ineza Roussille
Marrocos
Adam
Maryam Touzani
México
The Chambermaid
Lila Avilés
Mongólia
The Steed
Erdenebileg Ganbold
Montenegro
Neverending Past
Andro Martinovic
Nepal
Bulbul
Binod Paudel
Nigéria
Lionheart
Genevieve Nnaji
Noruega
Out Stealing Horses
Hans Petter Moland
Palestina
It Must Be Heaven
Elia Suleiman
Panamá
Everybody Changes
Arturo Montenegro
Paquistão
Laal Kabootar
Kamal Khan
Peru
Retablo
Alvaro Delgado-Aparicio
Polônia
Corpus Christi
Jan Komasa
Portugal
The Domain
Tiago Guedes
Quênia
Subira
Ravneet Sippy Chadha
Quirguistão
Aurora
Bekzat Pirmatov
Reino Unido
O Menino que Descobriu o Vento
Chiwetel Ejiofor
Rep Dominicana
The Projectionist
José María Cabral
Rep Tcheca
The Painted Bird
Václav Marhoul
Romênia
The Whistlers
Corneliu Porumboiu
Rússia
Beanpole
Kantemir Balagov
Senegal
Atlantics
Mati Diop
Sérvia
King Petar of Serbia
Petar Ristovski
Singapura
A Land Imagined
Yeo Siew Hua
Suécia
And Then We Danced
Levan Akin
Suíça
Wolkenbruch’s Wondrous Journey Into the Arms of a Shiksa
Michael Steiner
Tailândia
Krasue: Inhuman Kiss
Sitisiri Mongkolsiri
Taiwan
Dear Ex
Mag Hsu, Hsu Chih-yen
Tunísia
Dear Son
Mohamed Ben Attia
Turquia
Commitment
Semih Kaplanoglu
Ucrânia
Homeward
Nariman Aliev
Uruguai
The Moneychanger
Federico Veiroj
Uzbequistão
Hot Bread
Umid Khamdamov
Venezuela
Being Impossible
Patricia Ortega
Vietnã
Furie
Lê Van Kiêt
A pré-lista com os dez filmes será divulgada no dia 16 de dezembro. O anúncio das indicações ao Oscar estão marcadas para o dia 13 de janeiro.
Michael Haneke recebendo o Oscar de Filme Estrangeiro das mãos de Jennifer Garner (photo by umikarahajimaru.at.webry.info)
Seguindo o calendário da categoria de Melhor Filme Estrangeiro, a Academia divulgou os nove semi-finalistas que disputarão as cinco indicações. Trata-se de uma vitória e tanto estar entre esses nove, afinal havia 76 filmes de várias partes do mundo concorrendo às 5 vagas acirradas.
Sem delongas, eis os nove selecionados:
The Broken Circle Breakdown, de Felix van Groeningen (BÉLGICA)
An Episode in the Life of an Iron Picker, de Danis Tanovic (BÓSNIA E HERZEGOVINA)
The Missing Picture, de Rithy Panh (CAMBOJA)
A Caça, de Thomas Vinterberg (DINAMARCA)
Two Lives, de Georg Maas (ALEMANHA)
O Grande Mestre, de Wong Kar-wai (HONG KONG)
The Notebook, de Janós Szász (HUNGRIA)
A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino (ITÁLIA)
Omar, de Hany Abu-Assad (PALESTINA)
Logo de cara, a ausência mais sentida é a de Azul é a Cor Mais Quente, de Abdellatif Kechiche. Depois de ter vencido a Palma de Ouro em Cannes, o filme vem conquistando vários prêmios, inclusive foi indicado ao Globo de Ouro e recentemente o Critics’ Choice Award. Contudo, devido às regras ultrapassadas da Academia, o filme não pôde representar a França na categoria de Filme Estrangeiro por não ter estreado em seu país até setembro deste ano. Pode concorrer ainda por outras categorias como Atriz (Adèle Exarchopoulos), Atriz Coadjuvante (Léa Seydoux) e Roteiro Adaptado. O representante da França, Renoir, de Gilles Bourdos, ficou de fora da corrida.
Azul é a Cor Mais Quente, de Abdellatif Kechiche: Fora do Oscar de Filme Estrangeiro (photo by http://www.elfilm.com)
Por um lado, fico triste pela ausência do filme na disputa pela redução na qualidade da categoria, mas por outro lado, conhecendo o conservadorismo dos votantes da Academia (um bando de velhos viciado em filmes sobre o Holocausto), tenho quase certeza de que o filme francês não teria chances reais de Oscar por sua temática homossexual e cenas longas e praticamente explícitas de sexo. Os mesmos votantes homofóbicos que preteriram O Segredo de Brokeback Mountain, sobre o amor entre dois caubóis, certamente tirariam Azul é a Cor Mais Quente da jogada.
BÉLGICA: The Broken Circle Breakdown, de Felix van Groeningen
O fato de vários filmes aclamados pela crítica ficarem de fora nos últimos anos, como em 2003 o espanhol Fale com Ela, de Pedro Almodóvar, tem chamado a atenção para alterações nos protocolos do Oscar. Em outubro, o presidente do comitê de filmes estrangeiros, Mark Johnson, prometeu que faria “mudanças radicais”, mas infelizmente, a alteração mais significativa não deu conta do recado. Os votantes teriam direito a eleger seis produções, e a comissão elegeria os outros três tendo como base o reconhecimento da crítica e dos festivais.
BÓSNIA E HERZEGOVINA: An Episode of an Iron Picker, de Danis Tanovic (photo by http://www.berlinale.de/)
Tal “radicalismo” está longe de ser a tão sonhada reforma das regras da categoria para filmes estrangeiros. Primeiramente, devido ao crescente número de concorrentes, deveriam estender o número de indicados para dez. Se em toda cerimônia, eles se gabam de que há bilhões de pessoas assistindo ao redor do mundo, por que não agradar os cinéfilos e cineastas fora dos Estados Unidos?
CAMBOJA: The Missing Picture, de Rithy Panh, que levou o Un Certain Regard
Então, dessas dez produções, 5 deveriam vir dos mais bem votados pelos críticos americanos (a média geral do NYFCC, LAFCA e demais estados e do National Board of Review), valorizando o trabalho dessas associações que visam destacar os melhores filmes do ano, e os outros 5 seriam eleitos pelo modo convencional de triagem. MAS de forma que facilite a vida dos votantes que trabalham, disponibilizando cópias de DVD/Blu-Ray, pois do jeito que está, com sessões vespertinas, apenas membros aposentados votam, elegendo filmes de temática judaica, 2ª Guerra Mundial e com quase zero de violência e sexo. Praticamente uma censura da época da ditadura militar.
Os comitês que elegem os representantes de cada país já conhecem esse sistema, e por isso, costumam selecionar produções com roteiros nessa direção. Até mesmo o Brasil enviou em 2006: O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger, e em 2004: Olga, de Jayme Monjardim. O primeiro chegou a passar entre os semi-finalistas, mas não obteve a indicação. O Brasil não tem um filme indicado desde 1999, quando Central do Brasil concorreu também por Melhor Atriz para Fernanda Montenegro.
Claro que essa sugestão seria uma utopia no momento, mas os próprios membros do comitê de Filme Estrangeiro almejam mudanças há tempos. Acho que só precisam encontrar o meio certo para que a categoria se torne mais abrangente e justa. Espero que até o centenário do Oscar (estamos na 86ª edição), esse empecilho já esteja resolvido, pois o cinema americano anda cada vez mais dependente de produções estrangeiras como fonte de inspiração (vide as quinhentas refilmagens) e dos próprios profissionais estrangeiros que recebem oportunidade de trabalhar na indústria hollywoodiana.
Enquanto esse impasse não é resolvido, o jeito é analisar a lista dos nove pré-selecionados. Temos as ausências significativas de The Past, de Asghar Farhadi (Irã), O Sonho de Wadjda, de Haifaa Al-Mansour (Arábia Saudita), Gloria, de Sebastián Lelio (Chile), Instinto Materno, de Calin Peter Netzer (Romênia), The Rocket, de Kim Mordaunt (Austrália) e do brasileiro O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho. Gostaria muito que o filme nacional fosse escolhido para incentivar produções independentes brasileiras e a produção cinematográfica atual, que depende demais de incentivos fiscais de empresas desinteressadas e do império da Globo Filmes, que tem feito TV no Cinema.
Dentre os semi-finalistas, é curioso adivinhar qual filme foi escolhido pelos votantes (os judeus idosos) e pelo comitê (baseado no reconhecimento da crítica).
1. The Broken Circle Breakdown, de Felix van Groeningen (BÉLGICA)
Filme sobre diferenças religiosas numa família. COMITÊ
2. An Episode in the Life of an Iron Picker, de Danis Tanovic (BÓSNIA E HERZEGOVINA)
História real de um catador de lixo que luta por tratamento médico para sua esposa doente. VOTANTES
3. The Missing Picture, de Rithy Panh (CAMBOJA)
Documentário sobre as atrocidades do Khmer Vermelho no Camboja utilizando bonecos de argila. Venceu o prêmio Un Certain Regard no último Festival de Cannes. VOTANTES
4. A Caça, de Thomas Vinterberg (DINAMARCA)
Um homem é acusado de pedofilia numa pequena cidade. Indicado à Palma de Ouro, e Mads Mikkelsen ganhou o prêmio de Melhor Ator em Cannes. COMITÊ
5. Two Lives, de Georg Maas (ALEMANHA)
Uma mulher esconde sua identidade para desvendar segredo que envolve a 2ª Guerra Mundial. VOTANTES
6. O Grande Mestre, de Wong Kar-wai (HONG KONG)
História sobre a vida do mestre em artes marciais, Ip Man, que treinou Bruce Lee. VOTANTES
7. The Notebook, de Janos Szasz (HUNGRIA)
Os horrores da 2ª Guerra Mundial na visão de dois irmãos gêmeos de 13 anos. VOTANTES
8. A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino (ITÁLIA)
Depois da morte de um amor antigo, escritor passa por crise existencial em Roma. Foi indicado à Palma de Ouro e o Globo de Ouro. COMITÊ
9. Omar, de Hany Abu-Assad (PALESTINA)
Estudo da vida e relações entre a fronteira palestina. VOTANTES
Claro que o fato de ter sido escolhido pelos votantes conservadores não significa que o filme seja ruim. Às vezes, eles acertam como nas recentes vitórias de A Vida dos Outros em 2007, e O Segredo dos Seus Olhos em 2010. Mas denota uma fixação doentia por roteiros que envolvam fatos históricos como a guerra. Vamos virar o disco?
As indicações que revelarão os cinco escolhidos serão anunciadas no dia 16 de janeiro.
O Palhaço, de Selton Mello: O pôster é péssimo, mas trata-se de uma nova chance para o Brasil no Oscar
Nessa última quinta-feira, dia 20 de setembro, a Comissão Especial de Seleção, liderada pela secretária do Audiovisual, Ana Paula Dourado Santana, e formada por integrantes ligados ao cinema brasileiro como a diretora de Antes que o Mundo Acabe: Ana Luiza Azevedo, o diretor executivo do MIS (Museu de Imagem e Som): Andre Sturm, o diretor de Malu de Bicicleta: Flávio R. Tambellini, o ministro do Departamento Cultural do Itamaraty: George Torquato Firmeza, e o renomado diretor de fotografia de Ironweed e A Suprema Felicidade: Lauro Escorel se reuniram no Palácio Gustavo Capanema, sede da Representação do Ministério da Cultura, no Rio de Janeiro, para selecionar um filme para representar o Brasil na corrida para o Oscar 2013.
Dentre os pré-selecionados, figuravam dezesseis produções diversas:
À Beira do Caminho, de Breno Silveira
À Beira do Caminho, de Breno Silveira. O casal João Miguel e Dira Paes fortaleceu a história.
Billi Pig, de José Eduardo Belmonte
Capitães da Areia, de Cecília Amado e Guy Gonçalves
Colegas, de Marcelo Galvão
Corações Sujos, de Vicente Amorim
Dois Coelhos, de Afonso Poyart
Heleno, de José Henrique Fonseca
Elvis & Madona, de Marcelo Laffitte
Histórias que só Existem Quando Lembradas, de Júlia Murat
Xingu, de Cao Hamburger. A história dos índios talvez não seja tão bem aceita pela Academia.
Luz nas Trevas, de Helena Ignez e Ícaro Martins
Menos que Nada, de Carlos Gerbase
Meu País, de André Ristum
O Carteiro, de Reginaldo Faria
O Palhaço, de Selton Mello
Paraísos Artificiais, de Marcos Prado
Xingu, de Cao Hamburger
Se formos comparar com o ano anterior em que Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro, de José Padilha, foi eleito o representante sem sombras de dúvida, este ano, a competição estava mais nivelada e resultou numa discussão de horas entre os votantes. Os favoritos giravam em torno de quatro produções: À Beira do Caminho (principalmente por causa do diretor Breno Silveira, responsável pelo sucesso de Dois Filhos de Francisco), Heleno (história biográfica do jogador de futebol que conta com a estrela internacional Rodrigo Santoro), O Palhaço (que conta com o carisma de Paulo José e de Selton Mello na jornada circense) e Xingu (história também biográfica dos irmãos Villas Boas na proteção aos índios, sob a batuta do diretor Cao Hamburger). Após a discussão, o filme de Selton Mello foi eleito para representar o país e disputar uma das cinco vagas na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
“Creio que a maior inovação que fazemos com a escolha de O Palhaço, reside no seu potencial. Esta indicação tem que ser vista como um prêmio também, é um aval de que um filme pode ir além. Espero que isso seja positivo para uma produção que já é sucesso”, defendeu a secretária do Audiovisual do MinC, Ana Paula Dourado Santana.
O Palhaço narra a história de Benjamim (Selton Mello) que trabalha no Circo Esperança junto com seu pai Valdemar (Paulo José). Juntos, eles formam a dupla de palhaços Pangaré & Puro Sangue, que fazem a alegria da platéia. Contudo, Benjamin passa por uma crise existencial e de identidade (inclusive a falta de documentos pessoais como RG, CPF e comprovante de residência). Seus colegas de trabalho e amigos lamentam, mas compreendem que a vida segue seu rumo.
Paulo José e Selton Mello em cena: química fundamental
Particularmente, considero boa a escolha do filme. O Palhaço apresenta uma tema universal (crise existencial), com o lado brasileiro (figuras da nossa cultura como o delegado preguiçoso, o prefeito engomado, os cortadores de cana; a musicalidade da trilha de Plínio Profeta; o cenário árido de algumas sequências captado belamente por Adrian Teijido). Trata-se do segundo filme dirigido pelo ator Selton Mello, mas apesar de ser um novato no ofício, ele certamente teve bons professores. Já trabalhou com nomes consagrados como Luiz Fernando Carvalho em Lavoura Arcaica (também um importante aprendizado com o veterano ator Raul Cortez), Guel Arraes nos dois sucessos comerciais O Auto da Compadecida e Lisbela e o Prisioneiro, Bruno Barreto em O que é isso, Companheiro? e o recém-falecido diretor Carlos Reichenbach com quem trabalhou em Garotas do ABC. Então, essa seleção do filme acaba carregando uma pequena porção de cada um desses profissionais com quem Selton teve contato.
Mas e quais as chances do filme no Oscar? Quando fiquei sabendo da escolha, na hora, me veio à cabeça o filme de Federico Fellini, A Estrada da Vida, que ganhou o Oscar de Filme Estrangeiro em 1957. Para quem não assistiu a essa obra-prima, Fellini conta a história de Gesolmina (a espetacular Giulietta Masina), que é vendida para o artista de circo Zampanò (Anthony Quinn). A coincidência aqui reside no fato de ambos os filmes abordarem a vida sofrida de artistas circenses. É claro que seria covardia comparar Selton Mello com Federico Fellini, mas o brasileiro consegue captar essa atmosfera que beira entre a comédia e o drama sem ser piegas.
Cena de A Estrada Vida, de Federico Fellini. Vencedor do Oscar de Filme Estrangeiro, estrelado por Giuletta Masina e Anthony Quinn. Uma obra-prima do Cinema.
Se tivesse que responder agora, diria que O Palhaço não deve conquistar uma das cinco indicações (Aliás, deixo aqui minha sugestão para a Academia de estender também para dez indicados a Filme Estrangeiro, afinal, são muitos países concorrendo). Não porque não tenha méritos para isso, mas por algumas barreiras que os votantes (idosos e judeus) acabaram impondo nas últimas décadas. Eles amam filmes de Segunda Guerra Mundial (parece que nunca vão superar o trauma), são amantes da tramas comoventes que causam choradeira (aquela catarse mesmo, e não só olhos lacrimejantes) e odeiam violência (que eles entendem como gratuita, por isso que Cidade de Deus, Tropa de Elite e incontáveis filmes sul-coreanos são ignorados). Mas a melhor definição para essa categoria seria: “Melhor Filme Estrangeiro é como futebol: imprevisível”. De repente, aquele filme franco-favorito do Almodóvar sequer chega como finalista e aquele filme argentino bate o alemão acadêmico. Então, sob esse aspecto de imprevisibilidade, O Palhaço tem chances.
O Brasil nunca ganhou o Oscar de Filme Estrangeiro. Chegou bem perto com os quatro indicados: O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte (vencedor da Palma de Ouro); O Quatrilho, de Fábio Barreto; O Que é Isso, Companheiro?, de Bruno Barreto; e Central do Brasil, de Walter Salles (também indicado a Melhor Atriz para Fernanda Montenegro). Ano passado, o Brasil chegou a figurar entre os onze semi-finalistas com o bom drama de Cao Hamburger, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (isso porque judeus na trama, hein?), mas todos morreram na praia.
Leonardo Villar em cena de O Pagador de Promessas (1962), de Anselmo Duarte, que, na opinião deste blogueiro, foi a melhor chance do Brasil. Perdeu para o francês Sempre aos Domingos, de Serge Bourguignon
Se o Oscar faz falta para o país? Sim, seria ótimo ter um prêmio de prestígio tão grande como o Oscar. Porém, mais importante do que um reconhecimento internacional, a nação precisa contar com uma política cultural que ofereça mais dignidade aos artistas e pensadores, que muitas vezes são tratados como vagabundos e desocupados que não querem um trabalho “normal”. Existem algumas leis de incentivo por parte do Estado, mas isso é muito pouco para um país riquíssimo em cultura. Para se fazer um filme aqui no Brasil, precisa formar panelinha, precisa estar nos moldes acadêmicos ou contar com uma estrela global. Fazer um filme de terror aqui seria como um filme de terror. As grandes empresas que podem patrocinar as produções não querem expôr suas marcas nesse gênero. Elas buscam histórias verídicas, de sofrimento e superação, que toquem o coração do público, com atores famosos (criando uma espécie de marketing). Não podemos culpar essas empresas, pois apenas buscam as melhores oportunidades de investimento. Mas esse sistema acaba limitando toda a produção nacional cinematográfica em dois tipos de filmes: dramas com histórias verídicas ou comédias ralas produzidas com o dinheiro da Globo Filmes. Obviamente, estamos num cenário bem melhor do que o Brasil das pornochanchadas dos anos 80, mas é um passo muito curto.
O público mostra sinais de que não está satisfeito com a produção nacional de hoje. Ou é filme de nordeste, ou é filme de favela. Tem muita gente que não gostaria de ver esses dois tipos de filmes ganhando o Oscar. Por isso, é preciso mudar a cabeça do povo antes de realmente ser reconhecido pelos gringos.