EXCLUSÃO MAIS SENTIDA É A DO FRANCÊS 120 BATIMENTOS POR MINUTO
A Academia revelou os nove filmes que se classificaram para a lista prévia que disputará as cinco vagas na categoria de Filme em Língua Estrangeira. Lembrando que houve novo recorde este ano com 92 produções internacionais inscritas.
Pra quem não conhece o sistema de votação, os votantes que comprovaram que viram TODOS os 92 filmes (na grande maioria, idosos que têm o tempo livre pra isso) elegem seis semi-finalistas, enquanto um comitê especial formado por vinte pessoas elege os outros três. Esse comitê foi criado depois que filmes relevantes como o romeno 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, de Cristian Mungiu, e o mexicano Luz Silenciosa, de Carlos Reygadas, ficaram de fora da seleção do Oscar de 2008, causando revolta entre cinéfilos e cineastas. Normalmente, esses três filmes foram bem no circuito internacional de festivais e tem uma temática mais ousada.
Seguem os nove semi-finalistas, sendo os assinalados em vermelho minhas deduções da escolha do comitê:
EM PEDAÇOS (IN THE FADE) Dir: Fatih Akin – ALEMANHA
ON BODY AND SOUL Dir: Ildikó Enyedi – HUNGRIA
FOXTROT Dir: Samuel Maoz – ISRAEL
THE INSULT Dir: Ziad Doueiri – LÍBANO
LOVELESS Dir: Andrey Zvyagintsev – RÚSSIA
FÉLICITÉ Dir: Alain Gomis – SENEGAL
THE WOUND Dir: John Trengove – ÁFRICA DO SUL
THE SQUARE Dir: Ruben Östlund – SUÉCIA
JUSTIFICATIVAS
Apesar das mudanças recorrentes na Academia, principalmente com a inclusão de vários membros internacionais novos, a categoria de Filme em Língua Estrangeira ainda pena demais para eleger as melhores produções do ano. Já comentei aqui e ainda insisto: deveriam elevar o número de indicados para dez filmes, sendo cinco escolhidos pelos votantes idosos, e cinco pelo comitê, porque se depender apenas dos votantes idosos, teríamos apenas filmes de temática religiosa, preferencialmente com cenário da Segunda Guerra Mundial, campos de concentração, Holocausto e sofrimento em geral.
UMA MULHER FANTÁSTICA. O representante chileno tem como protagonista uma transsexual, interpretada por Daniela Vega. Quando seu namorado mais velho morre, ela precisa enfrentar o preconceito da família dele a fim de sofrer luto como uma mulher. Como todos sabem, pessoas idosas e mais conservadoras têm aversão a qualquer coisa relacionada à sexualidade, principalmente se for LGBT. Ponto pro comitê especial.
LOVELESS. O representante russo pode já ter sido indicado ao Oscar em 2015 com o ótimo drama social Leviatã, mas seu novo filme não parece destinado aos conservadores. Loveless tem uma sinopse normal: o desaparecimento de um menino em meio às brigas de seus pais , porém ele é pesado, denso e com desdobramentos que fazem o espectador pensar sobre aborto, individualidade e imaturidade. Seu formato e ritmo não é dos que costuma agradar os velhinhos. Ponto pro comitê especial.
THE SQUARE. Além de vencer a Palma de Ouro em Cannes, sob a batuta do presidente do júri, Pedro Almodóvar, o representante sueco tem comédia de humor negro em sua receita, algo não muito bem digerido por conservadores, que podem não entender a piada. O comitê certamente levou a carreira internacional bem-sucedida do filme em conta, além da frustração do diretor Ruben Ostlund quando soube que seu filme anterior, Força Maior, não havia sido indicado ao Oscar (segue link do vídeo):
EXCLUÍDOS NOTÓRIOS
120 Batimentos Por Minuto (França)
Dessas três seleções do comitê, se fossem quatro, certamente o filme de Robin Campillo estaria entre os nove. A produção que trata do movimento ativista que pede ajuda do governo e da indústria farmacêutica para combater a epidemia do vírus da Aids nos anos 90 vinha colecionando prêmios (como o Grande Prêmio do Júri em Cannes e os prêmios de Filme Estrangeiro no LAFCA e NYFCC) e indicações relevantes como no Critics’ Choice Awards. Se este filme sobre o universo LGBT não pode participar do Oscar, espera-se que Me Chame Pelo Seu Nome possa vingar nas categorias principais.
EXCLUÍDO: 120 Batimentos Por Minuto, de Robin Campillo
First They Killed My Father (Camboja)
O representante do Camboja tinha como maior trunfo Angelina Jolie. Em sua quarta incursão como diretora, ela optou por recontar os horrores vividos por uma ativista de direitos humanos quando o país era dominado pelo regime do Khmer Vermelho. Como o mundo inteiro já sabe, Jolie tem forte apelo humanista através de suas ações como ativista, e esse filme consegue unir suas duas paixões. Honestamente, acreditava que sua indicação nesta categoria seria garantida, inclusive pensando numa possível indicação na categoria de Direção. Mas pelo visto, a produção da Netflix não agradou os votantes, mesmo havendo muito sofrimento na tela.
EXCLUÍDO: First They Killed my Father, de Angelina Jolie
Bingo: O Rei das Manhãs (Brasil)
Faltou uma carreira internacional para o filme de estréia de Daniel Rezende. Apesar do personagem Bozo ser americano e internacional, faltou presença mais marcante em festivais ao redor do mundo que pudesse proporcionar maior notoriedade. O último indicado brasileiro ao Oscar, Central do Brasil, venceu o Urso de Ouro no festival alemão de Berlim. Aí fica a pergunta: Se Como Nossos Pais, de Laís Bodanzky, tivesse sido selecionado, o Brasil estaria nessa lista pelo menos? Nunca saberemos! O último filme brasileiro que conseguiu passar para esta pré-lista foi O Ano em que meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger, em 2007. Também faz tempo…
EXCLUÍDO: Bingo: O Rei das Manhãs, de Daniel Rezende
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Os cinco filmes indicados serão revelados no dia 23 de janeiro.
No centro, o diretor Ruben Ostlund comemora sua vitória como se fosse um gol de final de campeonato. Ao fundo, o presidente do júri Pedro Almodóvar. Pic by NBC News
NO ANIVERSÁRIO DE 70 ANOS, CANNES PREMIA JOVEM DIRETOR QUE JÁ HAVIA SE DESTACADO POR FORÇA MAIOR
Após uma forte expectativa de que o festival iria conceder sua segunda Palma de Ouro para uma mulher, o prêmio máximo ficou com o diretor sueco Ruben Östlund, mantendo a neozelandesa Jane Campion como a única vencedora feminina da história do festival.
Apesar de não ter sido o filme da competição mais elogiado pela imprensa estrangeira, The Square ganhou pontos com os membros do júri ao apresentar uma sátira do mundo das Artes, em que o protagonista é um diretor de um museu, que está desesperado para fazer sucesso e pra isso, recebe uma nova instalação chamada “The Square” para promovê-lo.
Cena de The Square, de Ruben Ostlund.
O presidente do júri Almodóvar explicou sua escolha após a entrega dos prêmios: “É contemporâneo, é sobre a ditadura de ser politicamente correto. Eles vivem num inferno paranormal por causa disso.” Essa justificativa me atiçou um pouco a curiosidade para conferir o filme, já que sou crítico desses tempos politicamente corretos em que vivemos. Mas independente de ter sido premiado ou não, a voz do diretor Robert Östlund é uma das mais originais dos últimos tempos. Quem viu seu último filme, Força Maior, sobre uma tragédia natural que afeta uma família, sabe do que estou falando. Ele tem um humor bastante peculiar.
As fortes concorrentes femininas, a americana Sofia Coppola e a escocesa Lynne Ramsay, ficaram com os prêmios de Direção e Roteiro, respectivamente. Coppola se torna a segunda diretora a vencer esse prêmio depois da russa Yuliya Solntseva com A Epopéia dos Anos de Fogo, de 1961. “Agradeço ao júri por esta honra… Agradeço ao meu pai, que me ensinou a escrever e dirigir e por compartilhar seu amor por cinema, e para minha mãe por me encorajar a ser uma artista,” agradeceu Coppola através de nota lida pela diretora Maren Ade, já que não estava presente na cerimônia de premiação. Ade, que é membro do júri, aproveitou para “agradecer a Jane Campion por ser uma modelo e por apoiar as cineastas mulheres.”
PRÊMIOS DE INTERPRETAÇÃO
Ao contrário de Sofia, os atores Diane Kruger e Joaquin Phoenix, que ganharam os prêmios de interpretação, estiveram na cerimônia de apresentação e foram bastante aplaudidos. Em In the Fade, a atriz alemã interpreta uma mulher que, depois de ter seu marido e filho mortos num ataque de bomba terrorista, planeja uma vingança. Muito comovida, a atriz alemã subiu ao palco e fez seu discurso: “Fatih [Akin], meu irmão, obrigada por me dar essa chance… você me deu a força que eu não sabia que tinha em mim. Eu não posso aceitar este prêmio sem pensar em ninguém que já foi impactado por um ato de terrorismo, pessoas que estão tentando colher os cacos e continuar suas vidas. Por favor, saibam que vocês não estão esquecidos. Obrigada.”
Diane Kruger agradece pelo prêmio de interpretação feminina em ‘In the Fade’ (pic by Alberto Pizzoli/ Getty Images)
Já pelo prêmio de interpretação masculina, o sempre controverso Joaquin Phoenix veio até Cannes para receber a honraria. Nada contra o ator, que aliás sou fã de seu trabalho, mas ele deveria se decidir de vez se gosta ou não de premiações. Ou ele vai para sorrir e ser agradecido, ou fica em casa com a cara emburrada, e não o contrário! Desse jeito, fica a impressão de que ele atua como ‘bad boy’ para impulsionar sua imagem de durão e psicótico.
Mas enfim, no filme You Were Never Really Here, ele faz uma espécie veterano de guerra à la Taxi Driver, que tenta a todo custo salvar uma menina do tráfico de sexo. À princípio, parece um papel de alguém bastante perturbado, o que se encaixa perfeitamente no rótulo que Hollywood adora botar nos atores. Tem seu lado positivo, já que o ator domina o tipo de personagem e pode elevá-lo ainda mais, porém tem seu lado negativo, pois existe uma iminente ameaça do ator ficar limitado demais.
Joaquin Phoenix com a jovem Ekaterina Samsonov em cena de You Were Never Really Here, de Lynne Ramsay (pic by cine.gr)
Em relação ao Oscar, vale lembrar que desde 2007, 22 performances que tiveram sua estréia em Cannes acabaram sendo indicadas ou premiadas pela Academia no ano seguinte. Dando maior precisão aos dados estatísticos, desses 22 atores, treze foram mulheres e nove foram homens, contudo, apenas Rooney Mara (por Carol) transformou seu prêmio de atriz em indicação ao Oscar, enquanto 4 vencedores de Ator em Cannes foram ao Oscar: Christoph Waltz (Bastardos Inglórios), Javier Bardem (Biutiful), Jean Dujardin (O Artista), e Bruce Dern (Nebraska).
PRÊMIO DE 70º ANIVERSÁRIO
A cada década, o festival tem a liberdade de criar um prêmio especial. Este ano, eles prestigiaram a atriz Nicole Kidman, já que ela participa de quatro projetos distintos em Cannes: os filmes O Estranho que Nós Amamos, The Killing of a Sacred Deer, How to Talk to Girls at Parties e a série Top of the Lake, que está na segunda temporada, reconhecendo assim sua versatilidade.
SURPRESAS E DECEPÇÕES
Dentre os nomes mais citados pela imprensa estrangeira e pela crítica que mereceria o prêmio de ator estava o de Robert Pattison. Sim, aquele rapaz que já foi um vampiro que brilhava no sol naquela saga politicamente correta de Stephenie Meyer. Parece que ele está buscando novos desafios depois de ter trabalhado com o diretor David Cronenberg em Cosmópolis em 2012. Sua atuação foi bastante elogiada no drama sobre roubo de bancos intitulado Good Time. Acabou perdendo o prêmio para Joaquin Phoenix, mas pode se tornar um nome forte para a próxima temporada de premiações.
Robert Pattison em Good Time, dos irmãos Safdie (pic by moviepilot.de)
Outro que está tentando (com bem menos afinco) mudar sua imagem é Adam Sandler. Esse comediante americano que estrela trocentos filmes do Netflix está em The Meyerowitz Stories: New and Selected, do diretor Noah Baumbach, que inclusive já tentou fazer um filme mais sério com o comediante Ben Stiller em O Solteirão (2010). Este novo trabalho é uma comédia de família disfuncional, mas com nomes de peso como Dustin Hoffman e Emma Thompson. A atuação deles foi elogiada, mas a de Sandler acabou sendo mais comentada e por isso mesmo, estava entre os candidatos ao prêmio. Pode soar radical demais, mas a única performance interessante que vi de Sandler foi em Embriagados de Amor (2002), quando foi dirigido por Paul Thomas Anderson. Naquele papel, ele apresentava uns tiques nervosos de uma pessoa extremamente perturbada pelas irmãs mais velhas. Mas depois ele fez apenas comédias do tipo besteirol que deixavam de explorar esse seu lado. De qualquer forma, acredito na redenção de qualquer ator, contanto que ele ou ela busquem se desafiar. E se diretores do calibre de Cronenberg e P.T. Anderson viram algo de bom nesses atores, significa que devemos olhar com mais atenção.
No campo das surpresas, a própria Palma de Ouro não deixa de ser uma. The Square estava entre os mais elogiados, mas estava meio longe de ser uma unanimidade. Entre os mais bem cotados estavam Happy End, de Michael Haneke; Loveless, de Andrey Zvyagintsev; The Killing of a Sacred Deer, de Yorgos Lanthimos; 120 battements par minute, de Robin Campillo; e You Were Never Really Here, de Lynne Ramsay. Excetuando o primeiro, todos os demais foram reconhecidos com prêmios, o que mostra certa sintonia do júri em relação à crítica.
NETFLIX E A DIFICULDADE DE ACEITAÇÃO
Após receber inúmeras vaias nas sessões de Okja e Wonderstruck, ambas produções da Netflix, era esperado que a plataforma de streaming mais conhecida no mundo fosse sair sem nenhum prêmio do evento. O próprio presidente do júri, Pedro Almodóvar, havia afirmado que “não premiaria um filme que não vai ser exibido na tela grande”. O Festival de Cannes completou 70 anos de existência, e com isso, há muita tradição envolvida que não se muda da noite para o dia. Inicialmente surpresa pelo convite, a Netflix sofreu um um cerco ferrenho por parte dos exibidores franceses, já que perderiam dinheiro com a não-exibição dos filmes em salas de cinema. Essa discussão está apenas no começo e deve ser assunto para as próximas edições, não só de Cannes, mas de outros grandes festivais, que terão que lidar com a produção de conteúdo da Netflix.
À direita, o diretor Noah Baumbach com os atores Adam Sandler e Dustin Hoffman no set de The Meyerowitz Stories.
VITÓRIA BRASILEIRA EM CANNES
Embora o Brasil não tivesse representantes na competição oficial, por outro lado, participou da mostra da Semana da Crítica e saiu com dois prêmios. Gabriel e a Montanha, do jovem Fellipe Gamarano Barbosa, levou o Prêmio Visionário e o Gan Foundation que fornecerá um apoio enorme para a distribuição na França. O prêmio foi concedido pelo presidente do júri da Semana da Crítica, o conterrâneo Kléber Mendonça Filho. Parabéns à equipe do filme!
Os atores Caroline Abras e João Pedro Zappa em cena de Gabriel e a Montanha, de Fellipe Gamarano Barbosa. Pic by cineuropa.org
NOTAS PESSOAIS
Fiquei bastante feliz que Taylor Sheridan, que ficou conhecido por roteirizar o western moderno A Qualquer Custo (Hell or High Water), foi premiado como Melhor Diretor da mostra Un Certain Regard logo em sua primeira investida na cadeira de diretor em Wind River. O filme centra num assassinato que ocorreu numa reserva indígena, e é estrelado por Jeremy Renner e Elisabeth Olsen.
Também dos filmes premiados em Cannes, estou ansioso pra conferir os novos trabalhos de Andrey Zvyagintsev (ele tem uma visão bastante dura, porém realista, vide O Retorno e Leviatã), Lynne Ramsay (é uma diretora extremamente detalhista, e que consegue enxergar poesia onde não há) e Yorgos Lanthimos (seu nome vem sendo atrelado a um cinema de conteúdo criativo que vem desde Dente Canino e que se consagrou com O Lagosta).
VENCEDORES DO 70º FESTIVAL DE CANNES
PALMA DE OURO Ruben Östlund – The Square
GRANDE PRÊMIO DO JÚRI Robin Campillo – 120 Beats Per Minute
PRÊMIO DO JÚRI Andrey Zvyagintsev – Loveless
DIRETOR Sofia Coppola – O Estranho que Nós Amamos
ATOR Joaquin Phoenix – You Were Never Really Here
ATRIZ Diane Kruger – In the Fade
ROTEIRO Yorgos Lanthimos – The Killing of a Sacred Deer Lynne Ramsay – You Were Never Really Here
CAMERA D’OR Léonor Sérraille – Jeune Femme
PALMA DE OURO PARA CURTA-METRAGEM Qiu Yang – A Gentle Night
PRÊMIO ESPECIAL DE 70º ANIVERSÁRIO Nicole Kidman
MOSTRA UN CERTAIN REGARD
UN CERTAIN REGARD Mohammad Rasoulof – A Man of Integrity
ATRIZ Jasmine Trinca – Fortunata
NARRATIVA POÉTICA Mathieu Amalric – Barbara
DIRETOR Taylor Sheridan – Wind River
PRÊMIO DO JÚRI Michel Franco – April’s Daughter
MOSTRA SEMANA DA CRÍTICA
GRANDE PRÊMIO: Emmanuel Gras – Makala PRÊMIO VISIONÁRIO: Fellipe Gamarano Barbosa – Gabriel and the Mountain Leica Cine Discovery Prize for Short Film: Laura Ferrés – Los Desheredados Gan Foundation Support for Distribution Award: Fellipe Gamarano Barbosa – Gabriel and the Mountain
SACD Award: Léa Mysius – Ava Canal+ Award: Aleksandra Terpińska – The Best Fireworks
DIRECTOR’S FORTNIGHT
Art Cinema Award: Chloé Zhao – The Rider SACD Award: Claire Denis – Let the Sunshine In, Philippe Garrel – Lover for a Day Europa Cinemas Label Award: Jonas Carpignano – A Ciambra Illy Prize for Short Film: Benoit Grimalt – Back to Genoa City
Michael Keaton levou o Independent Spirit Award um dia antes do Oscar por Birdman (photo by entertainment.inquirer.net)
EM SEU 30º ANO, PRÊMIO DOS INDEPENDENTES ESTÁ CADA VEZ MAIS EQUIPARADO AO OSCAR
Um dia antes do Oscar, ocorreu o 30º Independent Spirit Awards. Lembro que até a década de 90, a regra era a seguinte: o filme ou artista que ganhar o Independent não ganhará o Oscar. Mas os tempos mudaram com crises econômicas (obrigado, George W. Bush), e agora parece não haver quase nenhuma distinção entre Oscar e o prêmio independente.
Para quem não conhece, o regulamento do Independent Spirit exige basicamente que os filmes candidatos não ultrapassem a barreira dos 20 milhões de dólares de custo de produção (incluindo a pós-produção) e que seja produzido nos EUA. Só para citar alguns exemplos: Foxcatcher e Vício Inerente foram desqualificados pelo primeiro quesito, enquanto A Teoria de Tudo foi pelo segundo, por ser britânico.
Mas, como dito, com a crise econômica, muitas das produções de estúdio estão com seus orçamentos bastante enxugados, fazendo com que esses filmes também concorram ao Independent um dia antes do Oscar. Assim, Birdman, Boyhood e Whiplash, por exemplo, estavam presentes e concorrendo em ambas as premiações.
Ethan Hawke aceita o prêmio de Diretor na ausência de Richard Linklater por Boyhood (photo by novo.wada.vn)
Claro que por um lado, é vantajoso para esses filmes ganhar mais projeção num evento mais aconchegante (o Independent foi realizado em tendas da praia de Santa Monica!), mas e como ficam os filmes realmente menores? Ok, tem algumas produções que estão concorrendo ao Independent que não foram convidadas para o Oscar como O Amor é Estranho, Kumiko the Treasure Hunter e Amantes Eternos, mas nenhum deles ganhou um Independent Spirit Award sequer!
Com a crise apertando e mudando o cenário, sugiro uma mudança bem simples: alterar o teto de orçamento qualificatório para 10 milhões de dólares. Essa medida eliminaria muitos desses novos papa-Oscars e resgataria produções mais modestas para a premiação a fim de alavancar suas bilheterias, pois como muitos se esquecem, um prêmio tem também essa função de ajudar na divulgação de um trabalho e levantar uma graninha extra.
Bom, agora cortando o discurso político, vamos aos resultados. Birdman faturou os prêmios de Filme, Ator (Michael Keaton) e Fotografia. Já Boyhood ficou com o prêmio de Diretor para Richard Linklater (que tem mais cara de indie) e Atriz Coadjuvante (Patricia Arquette).
Tudo bem que ficaria feio para o Independent ser do contra se elegesse outros atores que não fossem os favoritos (Michael Keaton, Julianne Moore, J.K. Simmons e Patricia Arquette), mas poderiam dar uma variada, pois tinham boas opções alternativas. Por que não premiar Tilda Swinton por Amantes Eternos ou Jake Gyllenhaal por O Abutre como Ator? Sairia da mesmice da temporada e demonstraria mais personalidade; pra não soar redundante e dizer “seria mais independente”. Alguns podem achar que essa opinião é uma mera tentativa de ser diferente, mas se olharmos para a safra de 2014, houve mais atores tão merecedores quanto aqueles que ganharam todos os prêmios.
Julianne Moore recebe prêmio por Para Sempre Alice (photo by chinadaily.com.cn)
O mesmo digo na categoria de Filme em Língua Estrangeira. Pô, o mesmo filme quadrado polonês ganhou o Independent?! Só pra citar aqueles que assisti, tinha o ótimo filme russo Leviatã, que destrincha a Rússia atual com um roteiro inteligente; tinha o sueco Força Maior, que tem uma veia de humor negro tão bizonha que já merecia qualquer prêmio por sua atmosfera; e o britânico Sob a Pele, com seu tom experimental em vários campos como a fotografia, a trilha musical e a montagem. Deixe para o Oscar premiar Ida por seu tipo conservador.
VENCEDORES DO INDEPENDENT SPIRIT AWARDS 2015:
MELHOR FILME • Birdman (Birdman (or The Unexpected Virtue of Ignorance) Produtores: Alejandro González Iñárritu, John Lesher, Arnon Milchan, James W. Skotchdopole
DIRETOR • Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
ATRIZ • Julianne Moore (Still Alice)
ATOR • Michael Keaton (Birdman)
ATRIZ COADJUVANTE • Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude)
Patricia Arquette discursa por Boyhood (photo by hollywoodreporter.com)
ATOR COADJUVANTE • J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
J.K. Simmons aceita seu prêmio por Whiplash: Em Busca da Perfeição. Ao fundo, Jared Leto. Photo by variety.com
MELHOR FOTOGRAFIA • Emmanuel Lubezki (Birdman)
MELHOR MONTAGEM • Tom Cross (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
MELHOR ROTEIRO • Dan Gilroy (O Abutre)
MELHOR FILME DE ESTRÉIA • O Abutre (Nightcrawler) Diretor: Dan Gilroy Produtores: Jennifer Fox, Tony Gilroy, Jake Gyllenhaal, David Lancaster, Michel Litvak
PRIMEIRO ROTEIRO • Justin Simien (Dear White People)
PRÊMIO JOHN CASSAVETES – Para produções feitas abaixo de 500 mil dólares. • Land Ho! Diretores-roteiristas: Aaron Katz, Martha Stephens Produtores: Christina Jennings, Mynette Louie, Sara Murphy
MELHOR DOCUMENTÁRIO • CitizenFour Diretora-produtora: Laura Poitras Produtores: Mathilde Bonnefoy, Dirk Wilutzky
FILME INTERNACIONAL • Ida – POLÔNIA Diretor: Pawel Pawlikowski
O diretor Pawel Pawlikowski discursa por Ida (photo by pictures.zimbio.com)
PRÊMIO ROBERT ALTMAN – Concedido a um diretor, diretor de elenco e elenco • Vício Inerente (Inherent Vice) Diretor: Paul Thomas Anderson Diretor de Casting: Cassandra Kulukundis Elenco: Josh Brolin, Martin Donovan, Jena Malone, Joanna Newsom, Joaquin Phoenix, Eric Roberts, Maya Rudolph, Martin Short Serena Scott Thomas, Benicio Del Toro, Katherine Waterston, Michael Kenneth Williams, Owen Wilson, Reese Witherspoon
SPECIAL DISTINCTION AWARD • Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo (Foxcatcher) Diretor/Produtor: Bennett Miller Produtores: Anthony Bregman, Megan Ellison, Jon Kilik Roteiristas: E. Max Frye, Dan Futterman Atores: Steve Carell, Mark Ruffalo, Channing Tatum
PRODUCERS AWARD • Chad Burris • Elisabeth Holm • Chris Ohlson
SOMEONE TO WATCH AWARD • A Girl Walks Home Alone at Night Diretora: Ana Lily Amirpour • H. Diretores: Rania Attieh & Daniel Garcia • The Retrieval Diretor: Chris Eska
TRUER THAN FICTION AWARD • Approaching the Elephant Diretor: Amanda Rose Wilder • Evolution of a Criminal Diretor: Darius Clark Monroe • The Kill Team Diretor: Dan Krauss • The Last Season Diretora: Sara Dosa
Da esquerda pra direita: Ethan Hawke, Richard Linklater, Ellar Coltrane e Patricia Arquette com o prêmio de Boyhood (photo by dailyherald.com)
APESAR DE ‘BIRDMAN’ LEVAR SETE PRÊMIOS, ‘BOYHOOD’ LEVA MELHOR FILME
Como de costume, o Critics’ Choice Awards realizou sua (20ª) cerimônia de premiação no mesmo dia em que a Academia divulga seus indicados. Considerado uma das melhores prévias do Oscar com impressionantes 12 acertos de Melhor Filme nos últimos 15, o Critics’ Choice premiou na noite desta quinta (dia 15) muitos artistas que estão na lista do Oscar.
Depois de levar Globo de Ouro de Melhor Filme – Drama, Boyhood: Da Infância à Juventude levou os prêmios de Filme, Diretor para Richard Linklater, Atriz Coadjuvante para Patricia Arquette e Jovem Ator para Ellar Coltrane. Boyhood tem como grandes concorrentes Birdman e O Grande Hotel Budapeste no Oscar.
Enquanto Birdman levou sete prêmios: Ator e Ator em Comédia (Michael Keaton), Elenco, Roteiro Original, Fotografia, Montagem e Trilha Musical; O Grande Hotel ficou com três: Comédia, Direção de Arte e Figurino. Muitos desses prêmios conquistados por essas duas produções não existem no Globo de Ouro, então esta é a primeira grande prévia completa para o Oscar, que ainda contará com os vencedores do BAFTA.
Michael Keaton agradece um de seus prêmios por Birdman no Critics’ Choice Awards (photo by ctvnews.ca)
Os vencedores do Globo de Ouro também se repetiram aqui nas categorias de Ator (Michael Keaton), Atriz (Julianne Moore), Ator Coadjuvante (J.K. Simmons), mas para o bem da diversidade artística, também premiou filmes que sequer estão na lista do Oscar como o sueco Força Maior como Filme em Língua Estrangeira, a roteirista Gillian Flynn por Garota Exemplar, o documentário Life Itself – A Vida de Roger Ebert, a animação Uma Aventura Lego, e a trilha musical de Birdman, que foi desqualificada para o Oscar.
Julianne Moore e seu prêmio por Para Sempre Alice (photo by reutersmedia.net)
Como possui categorias diferentes como Filme de Ação, Comédia e Terror/Ficção Científica, o Critics’ Choice permitiu a consagração dos filmes Guardiões da Galáxia, O Grande Hotel Budapeste e Interestelar, respectivamente. A categoria de Ator em Filme de Ação premiou Bradley Cooper por Sniper Americano, que mais cedo havia recebido a notícia da 3ª indicação ao Oscar.
Confira os vencedores da 20ª edição do Critics’ Choice Awards:
MELHOR FILME
Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)
DIRETOR
Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
ATOR
Michael Keaton (Birdman)
ATRIZ
Julianne Moore (Para Sempre Alice)
ATOR COADJUVANTE
J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
ATRIZ COADJUVANTE Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude)
ELENCO Birdman
ROTEIRO ORIGINAL Alejandro González Iñárritu, Nicolas Giacobone, Alexander Dinelaris, Jr., Armando Bo (Birdman)
ROTEIRO ADAPTADO Gillian Flynn (Garota Exemplar)
FOTOGRAFIA Emmanuel Lubezki (Birdman)
DIREÇÃO DE ARTE
Adam Stockhausen, Anna Pinnock (O Grande Hotel Budapeste)
MONTAGEM Douglas Crise, Stephen Mirrione (Birdman)
FIGURINO Milena Canonero (O Grande Hotel Budapeste)
CABELO E MAQUIAGEM
Guardiões da Galáxia
EFEITOS VISUAIS Planeta dos Macacos: O Confronto
ANIMAÇÃO
Uma Aventura Lego (The Lego Movie)
FILME DE AÇÃO
Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy)
ATOR EM FILME DE AÇÃO Bradley Cooper (Sniper Americano)
ATRIZ EM FILME DE AÇÃO Emily Blunt (No Limite do Amanhã)
COMÉDIA
O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel)
ATOR EM COMÉDIA
Michael Keaton (Birdman)
ATRIZ EM COMÉDIA
Jenny Slate (Obvious Child)
FILME DE TERROR OU FICÇÃO CIENTÍFICA
Interestelar (Interstellar)
FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA Força Maior (Turist) – SUÉCIA
DOCUMENTÁRIO
Life Itself – A Vida de Roger Ebert (Life Itself)
CANÇÃO
“Glory” (Selma)
TRILHA MUSICAL
Antonio Sanchez (Birdman)
JOVEM ATOR OU ATRIZ Ellar Coltrane (Boyhood: Da Infância à Juventude)
ACADEMIA ELIMINA 74 PRODUÇÕES, ENTRE ELAS A DO BRASIL
A Academia decidiu adiantar a lista de pré-selecionados de Filmes em Língua Estrangeira este ano de janeiro para dezembro. Assim, dos 83 filmes inscritos, restaram apenas 9 produções para concorrer a 5 indicações. E mais uma vez, o sonho acabou para o Brasil: Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, de Daniel Ribeiro, está fora da disputa pelo Oscar. Embora tenha conquistado os prêmios FIPRESCI e Teddy Bear no último Festival de Berlim, não teve força entre os críticos americanos para alavancar sua campanha. Particularmente, considero o filme honesto, com o frescor de filme de estréia, mas confesso que me incomodei um pouco com a abordagem universitária. A última vez que o Brasil esteve na short-list foi em 2007 com O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias. Já entre os indicados, faz um pouco mais de tempo: em 1999, com Central do Brasil.
A short-list deste ano tem os seguintes filmes:
Accused (Lucia de B.), de Paula van der Oest – HOLANDA Força Maior (Turist), de Ruben Ostlünd – SUÉCIA Ida (Ida), de Pawel Pawlikowski – POLÔNIA A Ilha dos Milharais (Simindis Kundzuli), de George Ovashvili – GEÓRGIA Leviatã (Leviafan), de Andrey Zvyagintsev – RÚSSIA Libertador, de Alberto Arvelo – VENEZUELA Relatos Selvagens (Relatos Salvajes), de Damián Szifrón – ARGENTINA Tangerines (Mandariinid), de Zaza Urushadze – ESTÔNIA Timbuktu, de Abderrahmane Sissako – MAURITÂNIA
O grande favorito da lista é o polonês Ida, mas não tanto por seus méritos artísticos, mas pela temática da Segunda Guerra Mundial e o anti-semitismo que os votantes da Academia não cansam de premiar. Assisti ao filme de Pawel Pawlikowski ontem e realmente existem qualidades técnicas indiscutíveis como a bela fotografia PB, os enquadramentos que parecem esconder alguma coisa e a montagem elíptica, que dá uma quebrada na monotonia, mas não deixa de ser um filme acadêmico que pode cair no esquecimento. Aí quando olharmos os vencedores do Oscar daqui a 20 anos, vamos falar: “Putz, que filme é esse? Ah, aquele que bateu o argentino Relatos Selvagens!”
O polonês Ida, de Pawel Pawlikowski. Temática judia leva vantagem automática. (photo by outnow.ch)
Falando nisso, a inclusão do filme argentino Relatos Selvagens é mais uma prova de que o cinema argentino não vive apenas uma onda como o cinema brasileiro. Os cineastas argentinos sabem escrever e filmar com maestria. Já no Brasil, tirando poucos profissionais, o cinema parece regredir para os anos 80 e 90, quando as comédias pastelões reinavam. Relatos Selvagens é a união de histórias curtas de personagens em situações-limite de selvageria, apresentando diálogos impagáveis e personagens bem delineados, mas sem soar piegas. Se indicado, a América do Sul estará bem representada no Oscar 2015. Claro que ainda tem o representante da Venezuela, Libertador, mas não acredito que chegará ao tapete vermelho.
Também pude conferir mais dois filmes da lista: o sueco Força Maior e o russo Leviatã, graças à Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Apesar de Força Maior não apresentar elementos de guerra, oferece a desintegração de uma família a partir de uma avalanche nos alpes através de uma abordagem diferenciada que só o cinema sueco poderia criar. Trata-se de uma comédia de humor negro que não é para todos os paladares, mas merece o destaque que vem recebendo pela crítica à desvalorização da família. Curiosamente, Leviatã também apresenta uma veia de humor negro que ataca a política russa em cheio, ao mesmo tempo em que critica a Igreja através de uma releitura bíblica. O filme concorreu à Palma de Ouro e saiu merecidamente com o prêmio de Roteiro em Cannes. Pra mim, se Leviatã ou Relatos Selvagens ganhar, faço as pazes com os votantes idosos da Academia.
Roman Madyanov como o hilário prefeito em Leviatã (photo by outnow.ch)
Os demais selecionados apresentam aquela gama de assuntos que costuma frequentar a categoria: guerra e suas consequências (Em Tangerines, um homem procura manter sua coleta de tangerinas em meio à guerra da Geórgia nos anos 90; em Timbuktu, acompanhamos a ocupação da cidade de Tombuctu pelos rebeldes militantes islâmicos; e em Libertador, vemos as batalhas de Simon Bolivar na América do Sul. Édgar Ramírez interpreta o líder), hábitos de terras distantes (Em A Ilha dos Milharais, o ciclo do rio mostra sua força) e temas ligeiramente polêmicos (no thriller psicológico holandês Accused, baseado em caso verídico, uma enfermeira é acusada de assassinar sete bebês e pacientes idosos no hospital).
Já entre os excluídos dos 83 filmes, as ausências mais sentidas foram do belga Dois Dias, Uma Noite, dos irmãos Dardenne, o turco Winter Sleep, de Nuri Bilge Ceylan, e o canadense Mommy, de Xavier Dolan.
Vale lembrar que Ida, Leviatã, Força Maior e Tangerines foram indicados ao Globo de Ouro. Baseado nisso, meu palpite para os indicados ao Oscar é o seguinte:
– Força Maior
– Ida
– Leviatã
– Relatos Selvagens
– Tangerines
As indicações ao Oscar 2015 serã anunciadas no dia 15 de janeiro, e a cerimônia acontece no dia 22 de fevereiro.
PRÉVIA DO OSCAR DESTACA BIRDMAN, O GRANDE HOTEL BUDAPESTE E BOYHOOD. JÁ INTERESTELAR CONQUISTA 7 INDICAÇÕES, MAS EM CATEGORIAS MENORES
Com tantos prêmios disputando espaço no calendário, o Critics’ Choice Awards é um dos que mais tem se destacado por dois motivos básicos: 1) Ao contrário da maioria dos prêmios, este oferece 6 vagas para indicados, o que facilita na hora da indecisão de quem deixar de fora; 2) A precisão de acertos tem sido espantosa. Dos últimos 15, houve acerto em 12 Melhores Filmes em relação ao Oscar.
O Critics’ Choice Awards é um prêmio relativamente novo na indústria cinematográfica, uma vez que iniciou suas premiações em 1995, quando laureou Razão e Sensibilidade. Concedido pela Broadcast Film Critics Association, formado por uma organização de críticos de cinema dos Estados Unidos e do Canadá, o prêmio vem se tornando um novo parâmetro para o Oscar, pois a outrora prévia Globo de Ouro não tem tido o mesmo nível de acerto de antes.
Este ano, Birdman foi o grande recordista de indicações com 13. Vale ressaltar aqui que das 13, três indicações são para categorias inexistentes no Oscar: Comédia, Ator em Comédia e Elenco. E também já dá pra excluir a indicação de Antonio Sanchez para Trilha Musical, já que seu trabalho foi considerado inelegível pela Academia.
Michael Keaton e Edward Norton em cena de Birdman (photo by outnow.ch)
Em seguida, com 11 indicações, surge O Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson. E assim como Birdman, também acumulou indicações em categorias que inexistem no prêmio da Academia: Comédia, Ator em Comédia, Elenco e Jovem Ator/Atriz. Contudo, confirma presença do filme em categorias como Roteiro Original, Direção de Arte, Figurino, e se os votantes estiverem animados, Filme e Diretor.
Algumas produções ganharam um novo gás com as indicações ao Critics’ Choice e podem ainda correr atrás do prejuízo como o novo filme de Paul Thomas Anderson, Vício Inerente, e o drama de guerra Invencível, que conquistou 4 indicações, inclusive a de Diretor para Angelina Jolie, por seu segundo longa. Curiosamente, ela se junta a outra mulher na categoria: Ava DuVernay, diretora de Selma, também concorre depois de ser indicada ao Globo de Ouro. Seu ator central David Oyelowo também foi indicado e pode acabar tirando Ralph Fiennes ou Steve Carell da competição.
Angelina Jolie observa cena de Invencível (photo by outnow.ch)
Como pode se perceber, o Critics’ Choice é uma grande mãe para os filmes do ano. Por isso mesmo que criou trocentas categorias (28 para ser mais preciso) e uma indicação extra para os abandonados e excluídos. Como cinéfilo, considero ótima oportunidade de reconhecer filmes de ação e de comédia tomando como base a sua qualidade fílmica, e não pela quantidade de votos de internet como faz o MTV Movie Awards.
Dentre os indicados a Melhor Filme de Ação, Capitão América: O Soldado Invernal merece destaque por criar uma sequência muito consistente que remete aos filmes de espionagem dos anos 70, e que consegue dialogar com a sociedade à beira do colapso da crise da segurança. Já Guardiões da Galáxia merece respeito por se tratar de uma aposta arriscada que deu certo. São personagens da Marvel Comics que eram considerados de segundo escalão que poucos gostariam de adaptar para as telas, mas o diretor James Gunn captou bem o tom do universo e obteve a maior bilheteria de 2014 em solo americano.
Sebastian Stan em ótima performance como o Soldado Invernal na sequência Capitão América: O Soldado Invernal (photo by outnow.ch)
Vale também citar o uso criativo da montagem na ficção científica No Limite do Amanhã, no qual toda vez que Tom Cruise morre, ele deve repetir toda sua atividade até conseguir uma solução. Claro que, para quem viu a comédia Feitiço do Tempo, não é nada inovador, mas trata-se de uma boa releitura em novo gênero.
Seguem todos os indicados do 20º Critics’ Choice Awards:
MELHOR FILME Birdman
Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)
Garota Exemplar (Gone Girl)
O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel)
O Jogo da Imitação (The Imitation Game)
O Abutre (Nightcrawler)
Selma
A Teoria de Tudo (The Theory of Everything)
Invencível (Unbroken)
Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash)
DIRETOR Wes Anderson (O Grande Hotel Budapeste)
Ava DuVernay (Selma)
David Fincher (Garota Exemplar)
Alejandro González Iñárritu (Birdman)
Angelina Jolie (Invencível)
Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
ATOR Benedict Cumberbatch (O Jogo da Imitação)
Ralph Fiennes (O Grande Hotel Budapeste)
Jake Gyllenhaal (O Abutre)
Michael Keaton (Birdman)
David Oyelowo (Selma)
Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)
ATRIZ Jennifer Aniston (Cake)
Marion Cotillard (Dois Dias, Uma Noite)
Felicity Jones (A Teoria de Tudo)
Julianne Moore (Para Sempre Alice)
Rosamund Pike (Garota Exemplar)
Reese Witherspoon (Livre)
Josh Brolin obteve sua primeira indicação expressiva por Vício Inerente. (photo by elfilm.com)
ATOR COADJUVANTE Josh Brolin (Vício Inerente)
Robert Duvall (O Juiz)
Ethan Hawke (Boyhood: Da Infância à Juventude)
Edward Norton (Birdman)
Mark Ruffalo (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
ATRIZ COADJUVANTE Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude)
Jessica Chastain (A Most Violent Year)
Keira Knightley (O Jogo da Imitação)
Emma Stone (Birdman)
Meryl Streep (Caminhos da Floresta)
Tilda Swinton (Expresso do Amanhã)
ELENCO Birdman
Boyhood: Da Infância à Juventude
O Grande Hotel Budapeste
O Jogo da Imitação
Caminhos da Floresta
Selma
ROTEIRO ORIGINAL Alejandro González Iñárritu, Nicolas Giacobone, Alexander Dinelaris, Jr., Armando Bo (Birdman)
Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
Wes Anderson, Hugo Guinness (O Grande Hotel Budapeste)
Dan Gilroy (O Abutre)
Damien Chazelle (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
ROTEIRO ADAPTADO Gillian Flynn (Garota Exemplar)
Graham Moore (O Jogo da Imitação)
Paul Thomas Anderson (Vício Inerente)
Anthony McCarten (A Teoria de Tudo)
Joel Coen & Ethan Coen, Richard LaGravenese, William Nicholson (Invencível)
Nick Hornby (Livre)
FOTOGRAFIA Emmanuel Lubezki (Birdman)
Robert Yeoman (O Grande Hotel Budapeste)
Hoyte Van Hoytema (Interestelar)
Dick Pope (Sr. Turner)
Roger Deakins (Invencível)
Fotografia de Sr. Turner por Dick Pope (photo by outnow.ch)
DIREÇÃO DE ARTE Kevin Thompson, George DeTitta Jr. (Birdman)
Adam Stockhausen, Anna Pinnock (O Grande Hotel Budapeste)
David Crank, Amy Wells (Vício Inerente)
Nathan Crowley, Gary Fettis (Interestelar)
Dennis Gassner, Anna Pinnock (Caminhos da Floresta)
Ondrej Nekvasil, Beatrice Brentnerova (Expresso do Amanhã)
MONTAGEM Douglas Crise, Stephen Mirrione (Birdman)
Sandra Adair (Boyhood: Da Infância à Juventude)
Kirk Baxter (Garota Exemplar)
Lee Smith (Interestelar)
Tom Cross (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
FIGURINO Milena Canonero (O Grande Hotel Budapeste)
Mark Bridges (Vício Inerente)
Colleen Atwood (Caminhos da Floresta)
Anna B. Sheppard (Malévola)
Jacqueline Durran (Sr. Turner)
CABELO E MAQUIAGEM Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo
Guardiões da Galáxia
O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos
Caminhos da Floresta
Malévola
EFEITOS VISUAIS Planeta dos Macacos: O Confronto
No Limite do Amanhã
Guardiões da Galáxia
O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos
Interestelar
ANIMAÇÃO Operação Big Hero 6 (Big Hero 6)
Festa no Céu (The Book of Life)
Os Boxtrolls (The Boxtrolls)
Como Treinar o Seu Dragão 2 (How to Train Your Dragon 2)
Uma Aventura Lego (The Lego Movie)
FILME DE AÇÃO Sniper Americano (American Sniper)
Capitão América: O Soldado Invernal (Captain America: The Winter Soldier)
No Limite do Amanhã (Edge of Tomorrow)
Corações de Ferro (Fury)
Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy)
Integrantes excêntricos do grupo Guardiões da Galáxia. (photo by outnow.ch)
ATOR EM FILME DE AÇÃO Bradley Cooper (Sniper Americano)
Tom Cruise (No Limite do Amanhã)
Chris Evans (Capitão América: O Soldado Invernal)
Brad Pitt (Corações de Ferro)
Chris Pratt (Guardiões da Galáxia)
ATRIZ EM FILME DE AÇÃO Emily Blunt (No Limite do Amanhã)
Scarlett Johansson (Lucy)
Jennifer Lawrence (Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1)
Zoe Saldana (Guardiões da Galáxia)
Shailene Woodley (Divergente)
COMÉDIA Birdman
O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel)
Um Santo Vizinho (St. Vincent)
Top Five
Anjos da Lei 2 (22 Jump Street)
ATOR EM COMÉDIA Jon Favreau (Chef)
Ralph Fiennes (O Grande Hotel Budapeste)
Michael Keaton (Birdman)
Bill Murray (Um Santo Vizinho)
Chris Rock (Top Five)
Channing Tatum (Anjos da Lei 2)
Chris Rock na comédia Top Five (photo by outnow.ch)
ATRIZ EM COMÉDIA Rose Byrne (Vizinhos)
Rosario Dawson (Top Five)
Melissa McCarthy (Um Santo Vizinho)
Jenny Slate (Obvious Child)
Kristen Wiig (The Skeleton Twins)
FILME DE TERROR OU FICÇÃO CIENTÍFICA The Babadook
Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes)
Interestelar (Interstellar)
Expresso do Amanhã (Snowpiercer)
Sob a Pele (Under the Skin)
A bela e misteriosa Scarlett Johansson em Sob a Pele (photo by outnow.ch)
FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA Força Maior (Turist) – SUÉCIA
Ida – POLÔNIA
Leviatã (Leviafan) – RÚSSIA
Dois Dias, Uma Noite (Deux Jours, Une Nuit) – BÉLGICA
Relatos Selvagens (Relatos Salvajes) – ARGENTINA
DOCUMENTÁRIO Citizenfour
Glen Campbell: I’ll Be Me
Duna de Jodorowsky (Jodorowsky’s Dune)
Last Days in Vietnam
Life Itself – A Vida de Roger Ebert (Life Itself)
The Overnighters
CANÇÃO “Big Eyes” (Grandes Olhos)
“Everything Is Awesome” (Uma Aventura Lego)
“Glory” (Selma)
“Lost Stars” (Mesmo Se Nada Der Certo)
“Yellow Flicker Beat” (Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1)
TRILHA MUSICAL Alexandre Desplat (O Jogo da Imitação)
Johann Johannsson (A Teoria de Tudo)
Trent Reznor, Atticus Ross (Garota Exemplar)
Antonio Sanchez (Birdman)
Hans Zimmer (Interestelar)
JOVEM ATOR OU ATRIZ Ellar Coltrane (Boyhood: Da Infância à Juventude)
Ansel Elgort (A Culpa é das Estrelas)
Mackenzie Foy (Interestelar)
Jaeden Lieberher (Um Santo Vizinho)
Tony Revolori (O Grande Hotel Budapeste)
Quvenzhane Wallis (Annie)
Noah Wiseman (The Babadook)
A emotiva Mackenzie Foy em cena de Interestelar ao lado de Matthew McConaughey (photo by outnow.ch)
A cerimônia acontece no dia 15 de janeiro, mesmo dia em que as indicações ao Oscar serão anunciadas na manhã, ou seja, um loooongo dia para os artistas indicados em ambas as premiações.
Globo de Ouro 2015 (picture by Michael Tran/ Filmmagic)
BIRDMAN É O RECORDISTA EM PREMIAÇÃO QUE DÁ SOBREVIDA AO ASCENDENTE SELMA
Com o anúncio dos indicados ao 72º Globo de Ouro, apresentado na manhã desta quinta, dia 11, pelas belas atrizes Olivia Wilde e Zoe Saldana, além do ator Aziz Ansari (veja vídeo abaixo), já é possível ter uma prévia mais aproximada do Oscar, que divulgará seus indicados apenas em 15 de janeiro. A Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA), que organiza o Globo de Ouro, não fugiu muito das listas dos prêmios anteriores como Hollywood Film Awards, Independent Spirit, NYFCC, NBR e LAFCA, salvo algumas exceções como a inclusão dos atores Amy Adams e Christoph Waltz por Grandes Olhos, que vinham sendo preteridos, e o musical da Disney, Caminhos da Floresta, que só estava ganhando certo destaque por causa de Meryl Streep como coadjuvante.
Olivia Wilde ajuda os EUA a acordar cedo nesta manhã
Birdman foi o grande recordista de indicações com sete. Além de Filme, Diretor, Ator (Michael
A primeira diretora negra indicada para Melhor Diretor no Globo de Ouro (photo by vebidoo.de)
Keaton), Ator Coadjuvante (Edward Norton) e Atriz Coadjuvante (Emma Stone), a comédia de humor negro conquistou indicações para Roteiro e Trilha Musical, devendo repetir o feito no Oscar 2015, além de provavelmente adicionar mais uma indicação para Fotografia, categoria inexistente no Globo de Ouro. Logo em seguida, Boyhood: Da Infância à Juventude e O Jogo da Imitação acumularam cinco indicações cada, e seguem firme como grandes candidatos a Melhor Filme. O Grande Hotel Budapeste, A Teoria de Tudo, Garota Exemplar e principalmente Selma, todos com 4 indicações cada, ganharam enorme sobrevida com as indicações ao Globo de Ouro. Inclusive, a diretora de Selma, Ava DuVernay, tornou-se a primeira mulher negra a concorrer na categoria e com chances de repetir o feito inédito no Oscar.
No geral, as indicações foram bem distribuídas, mesmo havendo filmes com apenas uma indicação, pelo menos foram reconhecidos e aumentaram a diversidade. Como escrevi no post anterior, apesar do prêmio buscar uma vertente mais eclética, houve tantas boas produções, que seria impossível incluir todos e agradar gregos e troianos. Este ano, não sobraram cadeiras para o novo filme de Clint Eastwood, Sniper Americano, e nem para o segundo longa dirigido por Angelina Jolie, Invencível. Ainda sobre diretores, Bennett Miller (Foxcatcher), Morten Tyldum (O Jogo da Imitação), Christopher Nolan (Interestelar), James Marsh (A Teoria de Tudo) e Jean-Marc Vallée (Livre) ficaram de fora da competição da categoria.
Aliás, a ficção científica Interestelar foi uma das produções que mais decaíram nos últimos dois meses em termos de chances no Oscar. Muitos especialistas davam como certas as indicações a Melhor Filme e Diretor. Hoje, o filme conquistou apenas uma indicação de Trilha Musical no Globo de Ouro (para Hans Zimmer), e pode se limitar apenas às categorias mais técnicas no prêmio da Academia como Efeitos Visuais, Efeitos Sonoros e Direção de Arte. Mas para os excluídos do Globo de Ouro, ainda há esperança. Nos últimos dez anos, apenas 4 filmes vencedores de Melhor Filme coincidiram entre as duas premiações.
Já no campo das interpretações, depois de conquistar surpreendentemente uma das cinco vagas de Melhor Atriz no SAG Awards, Jennifer Aniston foi reconhecida novamente um dia depois pelo filme independente Cake. A indicação ao Globo de Ouro já não é tão surpresa assim pelo fato de Aniston ser uma figura muito querida pela imprensa estrangeira desde os anos de Friends. O grande diferencial do Globo de Ouro em relação às demais premiações é a divisão das categorias de atuação em Drama e Comédia ou Musical, dobrando a quantidade de performances reconhecidas. Beneficiados por esse sistema estão os já citados Amy Adams e Christoph Waltz, que ganharam uma luz na temporada, assim como Emily Blunt (Caminhos da Floresta), Helen Mirren (A 100 Passos de um Sonho) e Quvenzhané Wallis (Annie) que dificilmente seriam lembrados se não fosse o Globo de Ouro.
Quvenzhané Wallis cresceu, mas aparentemente o talento permaneceu. Ela conquista sua primeira indicação ao Globo de Ouro pelo musical Annie (photo by outnow.ch)
Mas engana-se quem pensa que as categorias de comédia ou musical não passam de um artifício para convidar mais celebridades para o evento. Neste ano, temos um páreo duríssimo na categoria de Ator – Comédia ou Musical: Ralph Fiennes, Michael Keaton, Bill Murray, Joaquin Phoenix e Christoph Waltz! Provavelmente apenas Keaton conseguirá migrar para a lista do Oscar, mas não deixa de ser uma competição interessante. Já do lado feminino, temos também grandes talentos como as veteranas Helen Mirren e Julianne Moore.
Já que Jennifer Aniston deixou de ser uma surpresa por ter sido indicada um dia antes pelo SAG, o elemento surpresa ficou a cargo da indicação para Melhor Filme – Comédia ou Musical para o britânico Pride, de Matthew Warchus. Baseado em fatos verídicos, esta comédia aborda a ajuda que ativistas gays deram para a greve dos mineiros em 1984 no Reino Unido. Trata-se da única indicação do filme no Globo de Ouro, porém vitoriosa, pois bateu fortes concorrentes como Vício Inerente, Grandes Olhos e até de Annie, já que a HFPA adora musicais.
Cena do britânico Pride, que conquistou sua única indicação a Melhor Filme – Comédia ou Musical no Globo de Ouro (photo by outnow.ch)
Particularmente, senti falta da animação japonesa O Conto da Princesa Kaguya na categoria de Melhor Animação, assim como a produção argentina Relatos Selvagens na categoria de Filme Estrangeiro. Como o regulamento do Globo de Ouro é menos rígido do que o da Academia, achava que veria títulos mais fora do circuito de premiações.
Ainda restam os prêmios da Academia Britânica (BAFTA) e os sindicatos de vários departamentos como o dos diretores (DGA) que podem mudar o percurso até o Oscar, mas a base já está lançada com o Globo de Ouro.
Confira todos os indicados ao 72º Globo de Ouro:
CINEMA
MELHOR FILME – DRAMA
Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)
Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo (Foxcatcher)
O Jogo da Imitação (The Imitation Game)
Selma
A Teoria de Tudo (The Theory of Everything)
MELHOR FILME – COMÉDIA OU MUSICAL Birdman
O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel)
Caminhos da Floresta (Into the Woods)
Pride
Um Santo Vizinho (St. Vincent)
MELHOR ATOR – DRAMA
Steve Carell (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
Benedict Cumberbatch (O Jogo da Imitação)
Jake Gyllenhaal (O Abutre)
David Oyelowo (Selma)
Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)
MELHOR ATRIZ – DRAMA
Jennifer Aniston (Cake)
Felicity Jones (A Teoria de Tudo)
Julianne Moore (Para Sempre Alice)
Rosamund Pike (Garota Exemplar)
Reese Witherspoon (Livre)
MELHOR ATRIZ – COMÉDIA OU MUSICAL
Amy Adams (Grandes Olhos)
Emily Blunt (Caminhos da Floresta)
Helen Mirren (A 100 Passos de um Sonho)
Julianne Moore (Mapa Para as Estrelas)
Quvenzhané Wallis (Annie)
MELHOR ATOR – COMÉDIA OU MUSICAL
Ralph Fiennes (O Grande Hotel Budapeste)
Michael Keaton (Birdman)
Bill Murray (Um Santo Vizinho)
Joaquin Phoenix (Vício Inerente)
Christoph Waltz (Grandes Olhos)
MELHOR DIRETOR
Wes Anderson (O Grande Hotel Budapeste)
David Fincher (Garota Exemlar)
Ava DuVernay (Selma)
Alejandro González Inárritu (Birdman)
Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude)
Jessica Chastain (A Most Violent Year)
Keira Knightley (O Jogo da Imitação)
Emma Stone (Birdman)
Meryl Streep (Caminhos da Floresta)
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Robert Duvall (O Juiz)
Ethan Hawke (Boyhood: Da Infância à Juventude)
Edward Norton (Birdman)
Mark Ruffalo (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
MELHOR ROTEIRO
Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris, Armando Bo (Birdman)
Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
Gillian Flynn (Garota Exemplar)
Wes Anderson (O Grande Hotel Budapeste)
Graham Moore (O Jogo da Imitação)
MELHOR ANIMAÇÃO Operação Big Hero 6 (Big Hero 6)
Festa no Céu (The Book of Life)
Os Boxtrolls (Boxtrolls)
Como Treinar Seu Dragão 2 (How to Train Your Dragon 2)
Uma Aventura Lego (The Lego Movie)
MELHOR FILME ESTRANGEIRO Força Maior (Turist), de Ruben Östlund (Suécia)
Gett: The Trial of Viviane Amsalem Gett, de Ronit Elkabetz e Shlomi Elkabetz (Israel)
Ida, de Pawel Pawlikowski (Polônia/Dinamarca)
Leviatã (Leviafan), de Andrey Zvyagintsev (Rússia)
Tangerines (Mandariinid), de Zaza Urushadze (Estônia)
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“Big Eyes” por Lana Del Ray (Grandes Olhos)
“Glory” por John Legend, Common (Selma)
“Mercy Is” por Patti Smith, Lenny Kaye (Noé)
“Opportunity” por Greg Kurstin, Sia Furler, Will Gluck (Annie)
“Yellow Flicker Beat” por Lorde (Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1)
MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
Alexandre Desplat (O Jogo da Imitação)
Johann Johannsson (A Teoria de Tudo)
Trent Reznor, Atticus Ross (Garota Exemplar)
Antonio Sanchez (Birdman)
Hans Zimmer (Interestelar)
TELEVISÃO
MELHOR SÉRIE DRAMÁTICA
The Affair
Downton Abbey
Game of Thrones
The Good Wife
House of Cards
MELHOR ATOR EM SÉRIE DRAMÁTICA
Clive Owen (The Knick)
Liev Schreiber (Ray Donovan)
Kevin Spacey (House of Cards)
James Spader (The Blacklist)
Dominic West (The Affair)
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DRAMÁTICA
Claire Danes (Homeland)
Viola Davis (How to Get Away with Murder)
Julianna Margulies (The Good Wife)
Ruth Wilson (The Affair)
Robin Wright (House of Cards)
MELHOR MINISSÉRIE OU TELEFILME
Fargo
The Missing
True Detective
The Normal Heart
Olive Kitteridge
MELHOR SÉRIE DE COMÉDIA
Girls
Jane the Virgin
Orange Is the New Black
Silicon Valley
Transparent
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE, MINISSÉRIE OU TELEFILME
Uzo Aduba (Orange Is the New Black)
Kathy Bates (American Horror Story: Freak Show)
Joanne Froggatt (Downton Abbey)
Allison Janney (Mom)
Michelle Monaghan (True Detective)
MELHOR ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE, MINISSÉRIE OU TELEFILME
Matt Bomer (The Normal Heart)
Alan Cumming (The Good Wife)
Colin Hanks (Fargo)
Bill Murray (Olive Kitteridge)
Jon Voight (Ray Donovan)
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DE COMÉDIA
Lena Dunham (Girls)
Edie Falco (Nurse Jackie)
Gina Rodriguez (Jane the Virgin)
Julia Louis Dreyfus (Veep)
Taylor Schilling (Orange Is the New Black)
MELHOR ATOR EM SÉRIE DE COMÉDIA
Don Cheadle (House of Lies)
Ricky Gervais (Derek)
Jeffrey Tambor (Transparent)
Louis C.K. (Louie)
William H. Macy (Shameless)
MELHOR ATRIZ EM MINISSÉRIE OU TELEFILME
Maggie Gyllenhaal (The Honorable Woman)
Jessica Lange (American Horror Story: Freak Show)
Frances McDormand (Olive Kitteridge)
Frances O’Connor (The Missing)
Alison Tolman (Fargo)
MELHOR ATOR EM MINISSÉRIE OU TELEFILME
Martin Freeman (Fargo)
Woody Harrelson (True Detective)
Matthew McConaughey (True Detective)
Mark Ruffalo (The Normal Heart)
Billy Bob Thornton (Fargo)
A cerimônia do Globo de Ouro 2015 acontece no dia 11 de janeiro e deverá ser transmitida pelo canal pago TNT. Quatro dias depois, serão anunciadas as indicações ao Oscar.
Cena de A Most Violent Year, com Jessica Chastain e Oscar Isaac: ambos vencedores dos prêmios de atuação
FILME SOBRE VIOLENTO ANO DE 1981 DE NOVA YORK BATE FORTE CONCORRÊNCIA
Se em anos anteriores, havia um papo de que não havia favoritos, este ano então a competição está mais do que nivelada. Semana passada, o Hollywood Film Awards premiou Garota Exemplar como Melhor Filme, mas foi O Jogo da Imitação que levou mais prêmios, incluindo Melhor Diretor e Ator (Benedict Cumberbatch). Na mesma semana, Birdman foi o recordista de indicações no 30º Independent Spirit Awards. Aí, na segunda-feira passada, o NYFCC elegeu Boyhood: Da Infância à Juventude como melhor filme de 2014, com seu diretor Richard Linklater premiado. Os especialistas estavam com expectativas de que Birdman ou O Jogo da Imitação retomariam a frente com o NBR, mas eles resolveram ousar e apostar no novo filme do promissor J.C. Chandor (dos elogiados Margin Call – Um Dia Antes do Fim e Até o Fim).
A presidente da organização, Annie Schulhof, argumentou em entrevista à Variety que como National Board of Review não tem histórico de servir necessariamente de parâmetro para o Oscar, teria maior liberdade de escolha. “Acho que o que podemos fazer é destacar um filme e uma performance porque anunciamos cedo. Quando você tem um filme como ‘A Most Violent Year’, nós colocamos os holofotes sobre ele. Não nos vemos como um guia. Vejo-nos dando uma ascensão para outros filmes e performances que podem não estar no bolo agora”, defendeu Annie.
Em relação à escolha, ela continua: “Isto é o que o grupo sentiu que era o melhor filme. Alguns anos atrás, J.C. Chandor venceu nosso prêmio de diretor estreante com ‘Margin Call – Um Dia Antes do Fim’. Tem uma história atrativa. Tem um estilo cinemático elegante”.
A organização formada por 126 cinéfilos de Nova York também premiou seus atores: Oscar Isaac (Melhor Ator) e Jessica Chastain (Atriz Coadjuvante), mas o prêmio de direção foi para o veterano Clint Eastwood por Sniper Americano, demonstrando que ainda está longe de ser carta fora do baralho. Julianne Moore vem confirmando seu favoritismo para Melhor Atriz com Still Alice, no qual interpreta uma mulher com Mal de Alzheimer; Michael Keaton por Birdman, que divide o prêmio de Melhor Ator com Oscar Isaac; e Edward Norton como coadjuvante também por Birdman voltam a ser reconhecidos.
À esquerda, Bradley Cooper conversa com o diretor Clint Eastwood em set de Sniper Americano (photo by outnow.ch)
Vale citar aqui que o filme que mais tem perdido espaço até o momento é Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo. O filme recebeu o prêmio de Direção no Festival de Cannes para Bennett Miller no longínquo mês de maio, mas nas últimas semanas, só tem ganhado prêmios especiais pelo elenco para o trio formado por Channing Tatum, Steve Carell e Mark Ruffalo. Os últimos dois são considerados praticamente indicados pela Academia, mas se não houver uma sobrevida nas indicações ao Globo de Ouro, será difícil recuperar-se a tempo. Não conseguiram nem ganhar Melhor Elenco aqui no NBR, conquistado pelo elenco de Corações de Ferro!
Como a presidente do NBR disse, esses prêmios de críticos não têm o papel ou função de servir como prévia de Oscar e Globo de Ouro. Eles funcionam de forma independente e aparentemente sem nenhum interesse secundário senão o de reconhecer os melhores trabalhos sem ajuda de lobby de distribuidoras. Se vão ou não ser indicados, são “outros quinhentos”, mas tenho certeza de que esses críticos adorariam ver seus eleitos na lista de indicados da Academia. Seria uma espécie de recompensa gratificante pela lembrança nesse início da temporada de premiações, como se eles fossem responsáveis por suas descobertas artísticas.
O bacana da lista do NBR são os TOPs para Filme, Filme Estrangeiro, Documentário e Filme Independente. Todos são vencedores, pois não tem uma ordem de qualidade, ao mesmo tempo em que consegue abranger mais produções que dificilmente faturariam um prêmio oficial como Expresso do Amanhã e The Skeleton Twins.
Já o vencedor de Filme em Língua Estrangeira foi para o argentino Relatos Selvagens, de Damián Szifrón. Uma ótima reunião de histórias curtas que têm em comum situações extremas e personagens vingativos, mas sem ser piegas ou dramático, provando mais uma vez que o cinema hermano está anos luz à frente do brasileiro, que atualmente vive das comédias de tônicas dos anos 80 com cara de novelas da Globo. Quem ainda não teve a oportunidade de conferir, vá até o cinema e divirta-se. Está firme e forte em cartaz nas salas de São Paulo após mais de um mês!
Cena inicial de Relatos Selvagens: uma história para conquistar qualquer espectador (photo by elfilm.com)
Como cinéfilo e acompanhante das escolhas dos críticos, confesso que são os prêmios que mais gosto de saber o resultado pela pureza das escolhas. E entre os três principais (NBR, NYFCC e LAFCA), o que mais gosto é o LAFCA, Los Angeles Film Critics Association, por seu histórico de filmes de qualidade bem reconhecidos. Claro que é impossível agradar 100%, mas do meu ponto de vista, é a organização que “menos erra”. O anúncio do LAFCA será no próximo dia 07. Já a cerimônia de entrega do NBR será no dia 06 de janeiro em Nova York.
Confira lista completa dos vencedores do National Board of Review 2014:
FILME:A Most Violent Year, de J.C. Chandor
DIRETOR: Clint Eastwood (Sniper Americano)
ATOR (Empate): Oscar Isaac (A Most Violent Year) e Michael Keaton (Birdman)
ATRIZ: Julianne Moore (Still Alice)
Julianne Moore como Dra. Alice Howland em Still Alice (photo by elfilm.com)
ATOR COADJUVANTE: Edward Norton (Birdman)
ATRIZ COADJUVANTE: Jessica Chastain (A Most Violent Year)
ROTEIRO ORIGINAL: Phil Lord e Christopher Miller (Uma Aventura Lego)
ROTEIRO ADAPTADO: Paul Thomas Anderson (Vício Inerente)
ANIMAÇÃO:Como Treinar Seu Dragão 2, de Dean DeBlois
PERFORMANCE REVELAÇÃO: Jack O’Connell (Starred Up e Invencível)
ESTRÉIA NA DIREÇÃO: Gillian Robespierre (Obvious Child)
FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA:Relatos Selvagens (Relatos Salvajes), de Damián Szifrón – ARGENTINA
DOCUMENTÁRIO:Life Itself – A Vida de Roger Ebert (Life Itself), de Steve James
PRÊMIO WILLIAM K. EVERSON FILM HISTORY: Scott Eyman
ELENCO:Corações de Ferro (Fury)
PRÊMIO SPOTLIGHT: Chris Rock por escrever, dirigir e estrelar Top Five
PRÊMIO NBR Freedom of Expression:Rosewater
PRÊMIO NBR Freedom of Expression:Selma
Gael García Bernal em cena de Rosewater, filme de estréia de Jon Stewart, apresentador do The Daily Show (photo by outnow.ch)
TOP 10 FILMES Sniper Americano (American Sniper) Birdman Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood) Corações de Ferro (Fury) Garota Exemplar (Gone Girl) O Jogo da Imitação (The Imitation Game) Vício Inerente (Inherent Vice) Uma Aventura Lego (The Lego Movie) O Abutre (Nightcrawler) Invencível (Unbroken)
Cena de Invencível, segundo filme de Angelina Jolie como diretora (photo by elfilm.com)
TOP 5 FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA Força Maior (Force Majeure) – SUÉCIA Gett: The Trial of Vivian Amsalem – ISRAEL Leviatã (Leviafan) – RÚSSIA Dois Dias, Uma Noite (Deux Jours, Une Nuit) – BÉLGICA Nós Somos as Melhores! (Vi är bäst!) – SUÉCIA
Vencedor do prêmio de roteiro em Cannes, o russo Leviatã é um dos melhores filmes de 2014 (photo by outnow.ch)
TOP 5 DOCUMENTÁRIOS Art and Craft Duna de Jodorowsky (Jodorowsky’s Dune) Keep On Keepin’ On The Kill Team Last Days in Vietnam
TOP 10 FILMES INDEPENDENTES Blue Ruin Locke O Homem Mais Procurado (A Most Wanted Man) Sr. Turner (Mr. Turner) Obvious Child The Skeleton Twins Expresso do Amanhã (Snowpiercer) Stand Clear of the Closing Doors Starred Up Still Alice
Cena do independente Obvious Child, reconhecida entre os 10 melhores (photo by elfilm.com)
Michael Keaton e Emma Stone em cena de Birdman: ambos foram indicados para ator e atriz coadjuvante. (photo by outnow.ch)
APROXIMAÇÃO DE INDEPENDENT SPIRIT AO OSCAR NOS ÚLTIMOS ANOS GERA RETOMADA DE FOCO EM PRODUÇÕES MENOS VISADAS
Com o anúncio das indicações ao Independent Spirit Award (veja vídeo abaixo), que ocorreu nesta terça, dia 25 de novembro, foi dada a largada para a temporada de premiações 2015. Em sua 30ª edição, o prêmio tem se tornado cada vez mais um holofote para os votantes da Academia, tanto que este ano 12 Anos de Escravidão, Matthew McConaughey, Jared Leto, Cate Blanchett e Lupita Nyong’o inacreditavelmente ganharam tanto o Independent quanto o Oscar. Claro que isso naturalmente beneficia mais seus indicados, contudo, este ano o comitê da organização resolveu valorizar mais os filmes menores.
Entre os indicados, o novo filme do mexicano Alejandro González Iñárritu, Birdman, conquistou seis indicações: Filme, Diretor, Ator (Michael Keaton), Ator Coadjuvante (Edward Norton), Atriz Coadjuvante (Emma Stone) e Fotografia (Emmanuel Lubezki). A história de uma estrela de cinema decadente que busca uma retomada nos palcos já agradou a crítica quando passou no último Festival de Veneza, onde muitos alegaram que Keaton merecia o prêmio de atuação, concedido a Adam Driver. Se o filme permanecer nas listas de indicações dos prêmios seguintes, Michael Keaton tem tudo para conseguir sua primeira indicação ao Oscar, e quem sabe até a vitória.
Logo atrás de Birdman, com 5 indicações cada, vêm Boyhood: Da Infância à Juventude, O Abutre e Selma. De acordo com as previsões, o destaque a Boyhood não se trata de surpresa alguma devido à grande veia independente de seu projeto, mas a ascensão de O Abutre, primeiro filme de Dan Gilroy, que era então mais conhecido por escrever os roteiros de Gigantes de Aço e O Legado Bourne, realmente impressiona. Alguns apostam até em uma indicação meio azarão de Melhor Filme no Oscar e Melhor Ator para Jake Gyllenhaal, que emagreceu bastante para viver o paparazzo de Los Angeles.
O paparazzo vivido por Jake Gyllenhaal em O Abutre (photo by outnow.ch)
Já Selma ainda é uma incógnita para a sequência de premiações pois, por mais que apresente um retrato forte da conquista dos direitos civis por Martin Luther King, não tem uma diretora e roteirista experientes por trás das câmeras, e seu protagonista é interpretado por David Oyelowo, conhecido apenas por O Mordomo da Casa Branca, de Lee Daniels. Aliás, o filme de Ava DuVernay se assemelha ao de Daniels no aspecto das questões raciais e também nas participações de celebridades em papéis menores como Cuba Gooding Jr., Tim Roth, Tom Wilkinson e mais uma vez, Oprah Winfrey. Lembrando que O Mordomo não recebeu nenhuma indicação ao Oscar.
David Oyelowo como Martin Luther King em Selma (photo by outnow.ch)
O Independent Spirit Award poderia reconhecer algumas produções bem cotadas como O Jogo da Imitação, que levou 4 prêmios no Hollywood Film Awards na semana passada, St. Vincent, Mesmo Se Nada Der Certo e Grandes Olhos (que levou apenas uma indicação de roteiro), todas distribuídas pela famigerada Weinstein Co., mas percebeu que nos últimos anos o prêmio, que deveria consagrar mais produções menores, aproximou-se demais do Oscar e está correndo sério risco de perder a sua própria identidade. Assim, além de todas essas produções acima, que receberão ótima campanha pela Weinstein Co., o Independent Spirit também resolveu não indicar Livre, de Jean-Marc Vallée, produzido pela Fox Searchlight.
Essa preocupação do Independent Spirit reflete o cenário de contenção de custos que passa o atual cinema norte-americano. Aquelas apostas de estúdio de mais de 200 milhões estão em extinção, com raras exceções às adaptações de livros best-sellers, quadrinhos e diretores associados ao sucesso como Christopher Nolan. A crise financeira atingiu o cinema de tal forma, que acabou transformando a premiação exclusivamente independente numa prévia genérica do Oscar.
Claro que o Independent Spirit ganhou notoriedade que nunca teve em 30 anos, portanto, fica difícil de não agradar algumas produções que não se adequaram ao regulamento. Muitas produções foram desclassificadas por ultrapassar a barreira dos 20 milhões de dólares de orçamento (que inclui a pós-produção), como Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo, de Bennett Miller, e Vício Inerente, de Paul Thomas Anderson. Contudo, o comitê ficou impressionado com esses trabalhos e resolveu conceder prêmios especiais para ambos. Enquanto Vício Inerente receberá o prêmio Robert Altman pelo elenco e o diretor de elenco, Foxcatcher ficará com o Special Distinction Award, uma espécie de prêmio de consolação.
Fora de competição por ultrapassar os 20 milhões de dólares, Vício Inerente foi lembrado pelo prêmio Robert Altman, que reconhece a força de seu elenco, aqui representado por Joaquin Phoenix e Benicio Del Toro (photo by outnow.ch)
Ao indicar produções menos conhecidas como Obvious Child, Amantes Eternos e Kumiko, the Treasure Hunter (que aliás tem uma ótima sinopse*), o Independent Spirit quer fazer com que a Academia e seus membros olhem com mais carinho esses filmes artesanais e por que não alavancá-los ao tapete vermelho também?
Ainda está cedo pra fazer previsão, mas vou apostar nos possíveis vencedores do Oscar nas categorias de atuação: Michael Keaton, Julianne Moore, J.K. Simmons e Patricia Arquette. Se isso acontecer, será bacana que nenhum deles venceu anteriormente. Já diretor e filme, apostaria em Boyhood: Da Infância à Juventude por ter a cara do prêmio independente.
Entre os coadjuvantes, J.K. Simmons tem uma das atuações mais elogiadas do ano por Whiplash: Em Busca da Perfeição – photo by elfilm.com
INDICAÇÕES AO INDEPENDENT SPIRIT AWARDS 2015:
MELHOR FILME • Birdman (Birdman (or The Unexpected Virtue of Ignorance)
Produtores: Alejandro González Iñárritu, John Lesher, Arnon Milchan, James W. Skotchdopole • Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)
Produtores: Richard Linklater, Jonathan Sehring, John Sloss, Cathleen Sutherland • O Amor é Estranho (Love Is Strange)
Produtores: Lucas Joaquin, Lars Knudsen, Ira Sachs, Jayne Baron Sherman, Jay Van Hoy • Selma
Produtores: Christian Colson, Dede Gardner, Jeremy Kleiner, Oprah Winfrey •Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash)
Produtores: Jason Blum, Helen Estabrook, David Lancaster, Michael Litvak
DIRETOR • Damien Chazelle (Whiplash: Em Busca da Perfeição) • Ava DuVernay (Selma) • Alejandro González Iñárritu (Birdman) • Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude) • David Zellner (Kumiko, the Treasure Hunter)
ATRIZ • Marion Cotillard (Era Uma Vez em Nova York) • Rinko Kikuchi (Kumiko, the Treasure Hunter) • Julianne Moore (Still Alice) • Jenny Slate (Obvious Child) • Tilda Swinton (Amantes Eternos)
ATOR • André Benjamin (All Is by My Side) • Jake Gyllenhaal (O Abutre) • Michael Keaton (Birdman) • John Lithgow (O Amor é Estranho) • David Oyelowo (Selma)
ATRIZ COADJUVANTE • Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude) • Jessica Chastain (A Most Violent Year) • Carmen Ejogo (Selma) • Andrea Suarez Paz (Stand Clear of the Closing Doors) • Emma Stone (Birdman)
ATOR COADJUVANTE • Riz Ahmed (O Abutre) • Ethan Hawke (Boyhood: Da Infância à Juventude) • Alfred Molina (O Amor é Estranho) • Edward Norton (Birdman) • J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
MELHOR FOTOGRAFIA • Darius Khondji (Era Uma Vez em Nova York) • Emmanuel Lubezki (Birdman) • Sean Porter (Parece Amor) • Lyle Vincent (A Girl Walks Home Alone at Night) • Bradford Young (Selma)
MELHOR MONTAGEM • Sandra Adair (Boyhood: Da Infância à Juventude) • Tom Cross (Whiplash: Em Busca da Perfeição) • John Gilroy (O Abutre) • Ron Patane (A Most Violent Year) • Adam Wingard (The Guest)
MELHOR ROTEIRO • Scott Alexander, Larry Karaszewski (Grandes Olhos) • J.C. Chandor (A Most Violent Year) • Dan Gilroy (O Abutre) • Jim Jarmusch (Amantes Eternos) • Ira Sachs, Mauricio Zacharias (O Amor é Estranho)
MELHOR FILME DE ESTRÉIA • A Girl Walks Home Alone at Night
Diretora: Ana Lily Amirpour
Produtores: Justin Begnaud, Sina Sayyah •Dear White People
Diretor-produtor: Justin Simien
Produtores: Effie T. Brown, Ann Le, Julia Lebedev, Angel Lopez, Lena Waithe • O Abutre (Nightcrawler)
Diretor: Dan Gilroy
Produtores: Jennifer Fox, Tony Gilroy, Jake Gyllenhaal, David Lancaster, Michel Litvak •Obvious Child
Diretora: Gillian Robespierre
Produtora: Elisabeth Holm • She’s Lost Control
Diretor-produtor: Anja Marquardt
Produtores: Mollye Asher, Kiara C. Jones
PRIMEIRO ROTEIRO • Desiree Akhavan (Appropriate Behavior) • Sara Colangelo (Little Accidents) • Justin Lader (The One I Love) • Anja Marquardt (She’s Lost Control) • Justin Simien (Dear White People)
PRÊMIO JOHN CASSAVETES – Para produções feitas abaixo de 500 mil dólares. • Blue Ruin
Diretor-roteirista: Jeremy Saulnier
Produtores: Richard Peete, Vincent Savino, Anish Savjani • Parece Amor (It Felt Like Love)
Diretor-produtor: Eliza Hittman
Produtores: Shrihari Sathe, Laura Wagner • Land Ho!
Diretores-roteiristas: Aaron Katz, Martha Stephens
Produtores: Christina Jennings, Mynette Louie, Sara Murphy • Man From Reno
Diretor-roteirista: Dave Boyle
Roteiristas: Joel Clark, Michael Lerman
Produtor: Ko Mori • Test
Diretor-roteirista-produtor: Chris Mason Johnson
Produtor: Chris Martin
MELHOR DOCUMENTÁRIO • 20.000 Dias na Terra (20,000 Days on Earth)
Diretores: Iain Forsyth, Jane Pollard
Produtores: Dan Bowen, James Wilson • CitizenFour
Diretora-produtora: Laura Poitras
Produtores: Mathilde Bonnefoy, Dirk Wilutzky • Stray Dog
Diretora: Debra Granik
Produtora: Anne Rosellini • O Sal da Terra (The Salt of the Earth)
Diretores: Juliano Ribeiro Salgado, Wim Wenders
Produtor: David Rosier • Virunga
Diretor-produtor: Orlando von Einsiedel
Produtora: Joanna Natasegara
FILME INTERNACIONAL • Força Maior (Force Majeure) – SUÉCIA
Diretor: Ruben Östlund • Ida – POLÔNIA
Diretor: Pawel Pawlikowski • Leviatã (Leviafan) – RÚSSIA
Diretor: Andrey Zvyagintsev • Mommy – CANADÁ
Diretor: Xavier Dolan • Norte, the End of History – FILIPINAS
Diretor: Lav Diaz • Sob a Pele (Under the Skin) – REINO UNIDO
Diretor: Jonathan Glazer
PRÊMIO ROBERT ALTMAN – Concedido a um diretor, diretor de elenco e elenco • Vício Inerente (Inherent Vice)
Diretor: Paul Thomas Anderson
Diretor de Casting: Cassandra Kulukundis
Elenco: Josh Brolin, Martin Donovan, Jena Malone, Joanna Newsom, Joaquin Phoenix, Eric Roberts, Maya Rudolph, Martin Short Serena Scott Thomas, Benicio Del Toro, Katherine Waterston, Michael Kenneth Williams, Owen Wilson, Reese Witherspoon
SPECIAL DISTINCTION AWARD • Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo (Foxcatcher)
Diretor/Produtor: Bennett Miller
Produtores: Anthony Bregman, Megan Ellison, Jon Kilik
Roteiristas: E. Max Frye, Dan Futterman
Atores: Steve Carell, Mark Ruffalo, Channing Tatum
PRODUCERS AWARD • Chad Burris • Elisabeth Holm • Chris Ohlson
SOMEONE TO WATCH AWARD • A Girl Walks Home Alone at Night
Diretora: Ana Lily Amirpour • H.
Diretores: Rania Attieh & Daniel Garcia • The Retrieval
Diretor: Chris Eska
TRUER THAN FICTION AWARD • Approaching the Elephant
Diretor: Amanda Rose Wilder • Evolution of a Criminal
Diretor: Darius Clark Monroe • The Kill Team
Diretor: Dan Krauss • The Last Season
Diretora: Sara Dosa
O 30º Independent Spirit Awards acontece no dia 21 de fevereiro de 2015, como de costume, um dia antes da cerimônia do Oscar.
* Ah sim! A sinopse de Kumiko, the Treasure Hunter é a seguinte: Uma mulher japonesa descobre a fita VHS do filme Fargo (1996) e acredita que se trata de um mapa para a localização de uma mala cheia de dinheiro. Essa idéia é baseada na lenda urbana de que algumas pessoas teriam ido a Minnesota para procurar a maleta de dinheiro enterrada na neve do filme Fargo, porque os diretores irmãos Coen incluíram letreiro no início do filme dizendo que se tratava de uma história baseada em fatos verídicos, o que na verdade, é uma mentira usada para atrair mais a atenção do espectador.
Rinko Kikuchi em cena de Kumiko, the Treasure Hunter (photo by elfilm.com)