Com presença de CLOONEY, ARONOFSKY e PAYNE, Festivais de VENEZA e TORONTO se consolidam como REDUTOS PRÉ-OSCAR

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Cena de Suburbicon, novo filme dirigido por George Clooney, com Julianne Moore e Matt Damon (pic by cine.gr)

PRÉ-CANDIDATOS AO OSCAR BUSCAM OS HOLOFOTES INTERNACIONAIS PARA ABRIR A TEMPORADA DE PREMIAÇÕES

Houve um tempo em que os filmes selecionados pelo Festival de Veneza, o mais antigo do mundo, tinham um distância quilométrica do Oscar. Era extremamente raro que um filme presente no evento italiano também estivesse no prêmio da Academia. Claro que todos os grandes festivais hoje tiveram uma aproximação com o Oscar por causa da projeção internacional, mas Veneza se tornou palco do “esquenta”.

Pra isso, Veneza convidou artistas hollywoodianos que certamente atrairão mais olhares para o evento e ao mesmo tempo se beneficiarão com a abertura de temporada de premiações. Assim, teremos os novos trabalhos de George Clooney, Darren Aronofsky, Alexander Payne e Guillermo del Toro. Se vão ganhar prêmios são outros quinhentos, mas somente a presença no festival já os consolida como fortes candidatos ao Oscar. Vale sempre ressaltar que Veneza teve recordistas de indicações ao Oscar nos últimos 4 anos: Gravidade (2013), Birdman (2014) e La La Land (2016).

Particularmente, já dou como certas as indicações para Clooney e Payne, que costumam ter uma forte afinidade com os gostos da Academia. Curiosamente, ambos os filmes foram protagonizados por Matt Damon, que pode ter até dupla indicação na categoria de Ator – Comédia ou Musical no próximo Globo de Ouro.

Já os filmes de Aronofsky e del Toro ainda tenho minhas dúvidas por apresentarem elementos do gênero terror, mas acredito que devem obter sucesso em categorias técnicas. Contudo, ambos podem ter ótimas chances com suas atrizes: Jennifer Lawrence e Sally Hawkins, respectivamente, em Mother! e The Shape of Water.

shape of water

Sally Hawkins interage com um experimento do governo em The Shape of Water, de Guillermo del Toro

Particularmente, tenho boas expectativas em relação a três diretores:

Martin McDonagh
Mais conhecido pelas ótimas comédias Na Mira do Chefe e Sete Psicopatas e um Shih Tzu, o diretor britânico chega com Three Billboards Outside Ebbing, Missouri. Aqui temos a atriz Frances McDormand como uma mãe que desafia o chefe da polícia da cidade depois que sua filha foi assassinada e não houve nenhum preso. É curiosa a capacidade de McDonagh de conseguir extrair humor de temas bastante pesados, algo que apenas os irmãos Coen conseguiam fazer com maestria até alguns anos atrás. E engana-se quem pensa que se trata de apenas uma comédia. O filme critica a baixa eficiência policial (imagina se a personagem vivesse no Brasil…) e a prisão e tortura de negros, que continua recorrente nos EUA. Veja trailer abaixo:

Andrew Haigh
Admito que a trama de Lean on Pete, adaptação homônima do romance, sobre um jovem que busca sua tia perdida acompanhado por um cavalo de corrida não me animou muito, mas pra quem amou seu filme anterior, 45 Anos, é impossível não criar expectativas. No elenco, o diretor conta com os experientes Steve Buscemi e Chloë Sevigny. É esperar pra ver…

Abdellatif Kechiche
Esse diretor tunisiano conquistou Cannes e o mundo com seu filme anterior: Azul é a Cor Mais Quente, mas pra quem conferiu seus outros trabalhos como O Segredo do Grão e Vênus Negra, sabe que estamos diante de um diretor extremamente cuidadoso esteticamente e que não abre mão de seu olhar minucioso do comportamento humano. Ele traz Mektoub, My Love: Canto Uno que aborda a difícil decisão de um roteirista entre seu amor e sua carreira, curiosamente, um tema bastante parecido com o musical La La Land.

FORA DE COMPETIÇÃO

Embora não estejam competindo pelo Leão de Ouro, algumas produções também podem conseguir seu lugar ao sol na temporada de premiações. O novo filme de Stephen Frears, Victoria and Abdul, sobre a história verídica da amizade entre a rainha Victoria e um serviçal indiano, aparentemente se assemelha ao A Rainha (2006), que rendeu o Oscar para Helen Mirren. Honestamente, com exceção do ótimo Philomena (2014), os últimos trabalhos de Frears me desagradam um pouco por apresentarem formato e linguagem de TV, mas o diretor britânico tem seu talento inquestionável na direção de atores. E curiosamente Judi Dench volta a interpretar a rainha Victoria depois de Sua Majestade Mrs. Brown (1997), filme pelo qual foi indicada ao Oscar e perdeu injustamente para Helen Hunt.

Achei interessante o documentário que William Friedkin trouxe a Veneza: The Devil and Father Amorth (em tradução livre: “O Diabo e o Padre Amorth”), que captura imagens do nono exorcismo praticado pelo padre na Itália. Mesmo após mais de quatro décadas do clássico O Exorcista (1973), o diretor americano continua muito vinculado ao exorcismo, portanto, esse documentário pode de alguma forma “exorcizá-lo” dessa ligação e ao mesmo tempo, alimentar a sede de seus incontáveis fãs de como ele tratará desse tema novamente.

DISPUTA POR NOVOS FILMES

Por se tratar de um festival que acontece em setembro, existem desvantagens também, pois as atenções se dividem com o festival canadense de Toronto. Embora não tenha o mesmo prestígio do italiano, tem servido de vitrine para os filmes americanos, os vencedores do People’s Choice Awards costumam ser indicados a Melhor Filme (vide os recentes O Quarto de Jack, O Jogo da Imitação, 12 Anos de Escravidão e O Lado Bom da Vida), sem contar que o país é vizinho dos EUA e o mesmo idioma.

Em entrevista, o diretor do Festival de Veneza, Alberto Barbera, se disse “97% satisfeito” com sua seleção, já que houve apenas dois ou três filmes que ele queria exibir, mas não pôde porque já estavam comprometidos com outros festivais, provavelmente Toronto.

Contudo, se formos analisar os filmes exibidos em Veneza, temos muitos que também estarão presentes em Toronto. A única diferença é que o festival italiano exibirá alguns dias antes. Entre algumas exclusividades estão o novo filme de Angelina Jolie como diretora, First They Killed My Father, um drama pesado sobre o genocídio no Camboja feito para a Netflix; a nova produção de Joe Wright, Darkest Hour, que promete gerar a segunda indicação ao Oscar para Gary Oldman, interpretando um impecável Winston  Churchill; o drama verídico Film Stars Don’t Die in Liverpool sobre um romance da atriz Gloria Grahame com um jovem traz Annette Bening como a protagonista (será que ela ganha o Oscar desta vez?); e Stronger, um drama que recria o atentado da Maratona de Boston e uma vítima que perdeu as pernas com a explosão da bomba. Jake Gyllenhaal promete arrancar lágrimas do público.

Estou bastante curioso pra conferir o novo filme da dupla Jonathan Dayton e Valerie Faris, que se consagraram com Pequena Miss Sunshine (2006): Battle of the Sexes, que recria uma disputa de tênis bastante curiosa ocorrida em 1973 entre Billie Jean King (Emma Stone) e o ex-campeão Bobby Riggs (Steve Carell). Além de toda a caracterização de época (Emma Stone está quase irreconhecível com aqueles óculos fundo de garrafa), será curioso ver o quanto de atual ainda temos sobre essa discussão de igualdade entre gêneros.

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Emma Stone e Steve Carell fazem dupla de tenistas em 1973 em Battle of the Sexes (pic by moviepilot.de)

E também bastante interessado em assistir ao francês 120 Battements par Minute (BPM (Beats per Minute), de Robin Campillo, que foi bem ovacionado em Cannes. Trata-se da luta de um portador de Aids contra a indiferença no início dos anos 90. Embora os filmes representantes para o Oscar de Filme Estrangeiro ainda não tenham sido definidas, muito provavelmente este será o candidato da França e com fortes chances de ganhar a estatueta, que o país não ganha desde 1993 com Indochina.

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SELEÇÃO DO FESTIVAL INTERNACIONAL DE TORONTO

GALAS
Breathe
The Catcher Was A Spy
Darkest Hour
Film Stars Don’t Die in Liverpool
Kings
Long Time Running
Mary Shelley
The Mountain Between Us
Mudbound
Stronger
The Wife
Woman Walks Ahead

APRESENTAÇÕES ESPECIAIS
Battle of the Sexes
BPM (Beats Per Minute)
The Brawler
The Breadwinner
Call Me By Your Name
Catch the Wind
The Current War

The Children Act
Disobedience
Downsizing
A Fantastic Woman
First They Killed My Father
The Guardians
Hostiles
The Hungry
I, Tonya
mother!
Novitiate
Omerta
Plonger
The Price of Success
Professor Marston & the Wonder Women
The Rider
A Season in France
The Shape of Water
Sheikh Jackson
The Square
Submergence
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Thelma
Three Billboards Outside Ebbing, Missouri
Untitled Bryan Cranston/Kevin Hart Film

Victoria and Abdul

 

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INDICADOS AO LEÃO DE OURO 2017

  • Human Flow
    Dir: Ai Weiwei (Alemanha, EUA)
  • Mother!
    Dir: Darren Aronofsky (EUA)
  • Suburbicon
    Dir: George Clooney (EUA)
  • The Shape Of Water
    Dir: Guillermo Del Toro (EUA)
  • L’Insulte
    Dir: Ziad Doueiri (França, Líbano)
  • La Villa
    Dir: Robert Guediguian (França)
  • Lean on Pete
    Dir: Andrew Haigh (Reino Unido)
  • Mektoub, My Love: Canto Uno
    Dir: Abdellatif Kechiche (França)
  • The Third Murder
    Dir: Hirkazu Koreeda (Japão)
  • Jusqu’a La Garde
    Dir: Xavier Legrand (França)
  • Amore e Malavita
    Dir: Manetto Bros. (Itália)
  • Three Billboards Outside Ebbing, Missouri
    Dir: Martin McDonagh (Reino Unido)
  • Hannah
    Dir: Andrea Pallaoro (Itália, Bélgica, França)
  • Downsizing
    Dir: Alexander Payne (EUA)
  • Angels Wear White
    Dir: Vivian Qu (China, França)
  • Una Famiglia
    Dir: Sebastiano Risio (Itália)
  • First Reformed
    Dir: Paul Schrader (EUA)
  • Sweet Country
    Dir: Warwick Thornton (Austrália)
  • The Leisure Seeker
    Dir: Paolo Virzì (Itália)
  • Ex Libris – The New York Public Library
    Dir: Frederick Wiseman (EUA)

FORA DE COMPETIÇÃO

Eventos Especiais

  • Casa D’Altri
    Dir: Gianni Amelio (Itália)
  • Michael Jackson’s ‘Thriller’ 3D
    Dir: John Landis (EUA)
  • Making of Michael Jackson’s ‘Thriller’
    Dir: Jerry Kramer (EUA)

FICÇÃO

  • Our Souls at Night
    Dir: Ritesh Batra (EUA)
  • Il Signor Rotopeter
    Dir: Antonietta De Lillo (Itália)
  • Victoria and Abdul
    Dir: Stephen Frears (Reino Unido)
  • La Melodie
    Dir: Rachid Hami (França)
  • Outrage Coda
    Dir: Takeshi Kitano (Japão)
  • Loving Pablo
    Dir: Fernando Leon De Aranoa (Espanha)
  • Zama
    Dir: Lucrecia Martel (Argentina, Brasil)
  • Wormwood
    Dir: Errol Morris (EUA)
  • Diva!
    Dir: Francesco Patierno (Itália)
  • La Fidele
    Dir: Michael R. Roskam (Bélgica, França, Holanda)
  • The Private Life of a Modern Woman
    Dir: James Toback (EUA)
  • Brawl in Cell Block 99
    Dir: S. Craig Zahler (EUA)

NÃO-FICÇÃO

  • Cuba and the Cameraman
    Dir: Jon Albert (EUA)
  • My Generation
    Dir: David Batty (Reino Unido)
  • The Devil and Father Amorth
    Dir: William Friedkin (EUA)
  • This Is Congo
    Dir: Daniel McCabe (Congo)
  • Ryuichi Sakamoto: Coda
    Dir: Stephen Nomura Schible (EUA, Japão)
  • Jim & Andy: The Great Beyond. The Story of Jim Carrey, Andy Kaufman, and Tony Clifton
    Dir: Chris Smith (EUA)
  • Happy Winter
    Dir: Giovanni Totaro (Itália)

HORIZONTES

  • Disappearance
    Dir: Ali Asgari (Irã, Catar)
  • Especes Menaces
    Dir: Gilles Bourdos (França, Bélgica)
  • The Rape of Recy Taylor
    Dir: Nancy Buirski (EUA)
  • Caniba
    Dir: Lucian Castaing-Taylor, Verena Paravel (França)
  • Les Bienheureux
    Dir: Sofia Djama (França, Bélgica)
  • Marvin
    Dir: Anne Fontaine (França)
  • Invisibile
    Dir: Pablo Giorgelli (Argentina, Brasil, Uruguai, Alemanha)
  • Brutti e Cattivi
    Dir: Cosimo Gomez (Itália, França)
  • The Cousin
    Dir: Tzahi Grad (Israel)
  • Reparer les vivants
    Dir: Katell Quillevere (França, Bélgica)
  • The Testament
    Dir: Amichai Greenberg (Israel, Áustria)
  • No Date, No Signature
    Dir: Vahid Jalilvand (Irã)
  • Los Versos Del Olvido
    Dir: Alireza Khatami (França, Alemanha, Holanda, Chile)
  • Nico, 1988
    Dir: Susanna Nicchiarelli (Itália)
  • Krieg
    Dir: Rick Ostermann, Barbara Auer (Alemanha)
  • West of Sunshine
    Dir: Jason Raftopoulos (Austrália)
  • Gotta Cenerentola
    Dir: Alessandro Rak, Ivan Cappiello, Marino Guarnieri, Dario Sansone (Itália)
  • Under The Tree
    Dir: Hafsteinn Gunnar Sigurdsson (Islândia, Dinamarca, Polônia, Alemanha)
  • La Vita in Comune
    Dir: Edoardo Winspeare (Itália)

CINEMA IN THE GARDEN

  • Manuel
    Dir: Dario Albertini (Itália)
  • Controfigura
    Dir: Ra Di Martino (Itália, França, Marrocos, Suíça)
  • Woodstock
    Dir: Kate Mulleavy, Laura Mulleavy (EUA)
  • Nato A Casal Di Principe
    Dir: Bruno Oliviero (Itália, Espanha)
  • Suburra — The Series
    Dir: Michele Placido, Andrea Molaioli, Giuseppe Capotondi (Itália)
  • Tuers
    Dir: Francois Truokens, Jean-Francois Hensgens (Bélgica, França)

VENEZA REALIDADE VIRTUAL

  • Melita
    Dir: Nicolas Alcala (EUA)
  • La Camera Insabbiata
    Dir: Laurie Anderson, Huang Sin-Chien (EUA)
  • The Last Goodbye
    Dir: Gabo Arora (EUA)
  • My Name Is Peter Stillman
    Dir: Lysander Ashton, Leo Warner (Reino Unido)
  • Alice, The Virtual Reality Play
    Dir: Mathias Chelebourg (França)
  • Arden’s Wake Expanded
    Dir: Eugene YK Chung (EUA)
  • Greenland Melting
    Dir: Nonny De La Pena (EUA)
  • Bloodless
    Dir: Gina Kim (EUA)
  • Nothing Happens
    Dir: Uri Kranot, Michelle Kranot (Dinamarca, França)
  • The Dream Collector
    Dir: Mi Li (China)
  • Snatch VR Heist Experience
    Dir: Rafael Pavon, Nicolas Alcala (EUA)
  • Nefertiti
    Dir: Richard Mills, Kim-Leigh Pontin (Reino Unido)
  • Proxima
    Dir: Mathieu Pradat (França)
  • In The Pictures
    Dir: Qing Shao (China)
  • Dispatch
    Dir: Edward Robles (EUA, Reino Unido)
  • The Argos File
    Dir: Josema Roig (EUA)
  • Gomorra VR – We Own The Streets
    Dir: Enrico Roast (Itália)
  • Draw Me Close, Chapters 1-2
    Dir: Jordan Tannahill (Canadá, Reino Unido)
  • The Deserted
    Dir: Tsai Ming-Liang (Taiwan)
  • I Saw The Future
    Dir: Francois Vautier (França)
  • Separate Silences
    Dir: David Wedel (Dinamarca)
  • Free Whale
    Dir: Zhang Peibin (China)

***

O Festival de Veneza começa dia 30 de agosto e encerra dia 09 de setembro.

Já o Festival Internacional de Toronto tem início em 07 de setembro e vai até o dia 17.

Governors Awards ou Campanha para o Oscar?

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Os homenageados no Governors Awards deste ano, da esquerda pra direita: Jackie Chan, Frederick Wiseman, Anne V. Coates e Lynn Stalmaster (photo by scmp.com)

EVENTO SE TORNOU CHAMARIZ PARA CAMPANHA PARA O OSCAR

Nesse último fim-de-semana, aconteceu o Governors Awards, que tem como único objetivo a realização das homenagens aos vencedores do Oscar Honorário, que este ano foram Jackie Chan, Anne V. Coates, Frederick Wiseman e Lynn Stalmaster. Certo? Bem… não necessariamente. Desde a criação dessa festa separada da cerimônia do Oscar há sete anos, o evento passou a ser palco de campanhas descaradas de filmes e atores, já que acontece em novembro, início da temporada de premiações.

Embora os homenageados recebam o Oscar Honorário das mãos de artistas com quem eles já trabalharam anteriormente, na platéia vimos muitos dos nomes que estão nas listas de previsões do Oscar 2017 (veja Preview completo: Previsões Oscar 2017!). Só para citar alguns: Warren Beatty, Annette Bening (promovendo Rules Don’t Apply), Nicole Kidman, Dev Patel (Lion), Mark Wahlberg (Horizonte Profundo: Desastre no Golfo), Jeff Bridges (Hell or High Water), Ava DuVernay (o documentário The 13th), Andrew Garfield (Até o Último Homem) e Emma Stone (La La Land: Cantando Estações).

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Da esquerda para direita: Dev Patel, Priyanka Bose, Sunny Pawar e Nicole Kidman fazem campanha no Governors Awards pelo filme Lion (photo by facebook.com/theacademy)

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Equipe do filme Loving, da esquerda pra direita: o diretor Jeff Nichols, Ruth Negga e Joel Edgerton (photo by facebook.com/theacademy)

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O diretor Mike Mills com Annette Bening e Greta Gerwig fazem campanha por 20th Century Women no Governors Awards (photo by facebook.com/theacademy)

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À esquerda, a presidente Cheryl Boone Isaacs posa com Amy Adams (que promove A Chegada e Animais Noturnos), Octavia Spencer e Taraji P. Henson (que promovem Estrelas Além do Tempo) e Viola Davis (que promove Fences). Photo by facebook.com/theacademy)

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Ben Foster e Chris Pine marcaram presença para promover o drama Hell or High Water (photo by facebook.com/theacademy)

Se isso soa antiético ou, no mínimo, incoerente, fica aberto à interpretação de cada um, mas o fato é que a Academia divulgou novas regras anti-campanha há poucas semanas junto aos grandes estúdios. Só para citar um trecho desse documento: “Membros da Academia não podem ser convidados ou comparecer em qualquer evento em que não haja projeção de filmes, festas ou jantares que são promovidos para indevidamente influenciar membros ou minar a integridade de seu voto.” E aí eu pergunto: E o Governors Awards? Não estaria suscetível a esse regulamento também?

O jornalista Kristopher Tapley da Variety deu uma boa sugestão: “Se a Academia realmente estiver empenhada contra campanhas, o que a impede de migrar o Governors Awards para Junho ou Julho?”. Mas ele mesmo responde com uma questão: “Se mudassem o calendário, as estrelas do momento iriam ao evento?”. Correriam sério risco do evento ficar às moscas e parecer aquelas reuniões de condomínio sem sorteio de vagas de garagem: ninguém vai. Portanto, querendo ou não, existe uma troca implícita e amistosa de promoção do evento por espaço para campanhas.

Por mais que a atual presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs, esteja repleta de boas intenções (este ano, ela convidou inúmeros novos membros da Academia: negros, asiáticos, latinos e internacionais para tentar acabar com o #OscarSoWhite), essa proibição de campanhas pode estar fadada ao fracasso, pois esse sistema hollywoodiano funciona desde a década de 60. Seria necessário um amplo estudo junto aos estúdios para que a promoção seja feita de forma legal e com regras que coibam benefícios e presentes (gift bags) para os votantes.

Particularmente, eu liberaria as campanhas no Governors Awards, inclusive com tempo específico para isso, contato que seja depois do momento dos homenageados do ano, para que não haja riscos das estrelas abandonarem a festa depois da campanha. Não acredito que esse contato dos artistas com votantes e a mídia altere drasticamente a votação. Se o votante não gostou de um filme ou de uma performance, não é com sorrisos e coquetéis numa festa que a opinião dele vai mudar. Pelo menos, não deveria…

***

Ainda sobre o Governors Awards, fiquei extremamente feliz pela honraria concedida a Jackie Chan. Acompanhei seus filmes desde minha pré-adolescência, quando alugava seus VHSs com meu irmão na locadora. Aquela sua coreografia de artes marciais fazia meus olhos brilharem, seus erros de gravação nos créditos finais de cada filme eram muito aguardados, e acima de tudo, seu carisma era ímpar independente de qual personagem interpretasse. Eu tinha vários favoritos dele, mas adorava um em especial: Operação Condor – Um Kickboxer Muito Louco (1991), que vi incontáveis vezes no SBT. Esse filme tem tudo: ação, comédia, aventura, suspense, drama, porradaria! Quem conhece sabe do que estou falando!

Vê-lo discursar com seu Oscar em mãos foi uma satisfação pra mim, e tenho certeza de que foi também para cada espectador de seus filmes e de filmes de artes marciais em geral, esse gênero tão subvalorizado. Com todo respeito aos demais homenageados da noite (adoro os trabalhos de montagem de Anne V. Coates), mas achei excepcional a escolha de Jackie. Embora seja conservadora, a Academia tem sempre buscado tirar essa imagem e ampliar seu reconhecimento cinematográfico. E isso é de tirar o chapéu!

Veja o discurso de agradecimento de Jackie Chan abaixo:

***

As indicações serão divulgadas no dia 24 de janeiro e a cerimônia do Oscar 2017 será no dia 26 de fevereiro.

Jackie Chan, Anne Coates, Lynn Stalmaster e Frederick Wiseman serão os homenageados do Governors Awards

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Da esquerda para direita: Jackie Chan, Anne V. Coates, Lynn Stalmaster e Frederick Wiseman (photo by Rex/Shutterstock/ Invision/AP through Variety)

HOMENAGEADOS ABRANGEM 4 ÁREAS DISTINTAS:
ATUAÇÃO, MONTAGEM, CASTING E DOCUMENTÁRIO

Olá, gente! Primeiramente, gostaria de pedir desculpas pelo atraso em postar aqui. Recentemente, mudei de residência e com isso, acabei não postando os indicados ao Festival de Veneza! Quando os vencedores forem divulgados, prometo que postarei.

Bom, a Academia revelou esta semana os profissionais que serão homenageados na cerimônia Governors Awards, que acontece no próximo dia 12 de novembro: o ator Jackie Chan, a montadora Anne V. Coates, o diretor de casting Lynn Stalmaster e o documentarista Frederick Wiseman.

“O Oscar Honorário foi criado para artistas como Jackie Chan, Anne Coates, Lynn Stalmaster e Frederick Wiseman – verdadeiros pioneiros e lendas em seus respectivos ofícios,” declarou a presidente da Academia Cheryl Boone Isaacs. “O conselho se orgulha por honrar suas extraordinárias conquistas, e esperamos ansiosamente para celebrar com eles no Governors Awards em Novembro.”

Após a atitude abrangedora da presidente Isaacs através dos convites para membros de todas as raças e nacionalidades, homenagear o hong-konguês Jackie Chan e a britânica Anne Coates parece ser uma nova extensão de sua política acolhedora.

Li alguns comentários de internautas perguntando: “O que Jackie Chan fez para merecer essa homenagem?” Se formos pela lógica da idade, comparado aos demais homenageados desta edição, Jackie realmente é um bebê, mas vale lembrar que ele já tem seus 62 anos. Já pela lógica de merecimento, temos que reconhecer que se trata de um ator internacional, que já atuou, escreveu, dirigiu e produziu mais de 30 filmes de artes marciais em Hong Kong. Dentre seus filmes mais famosos estão A Hora do Rush (trilogia), Bater ou Correr, a refilmagem de Karatê Kid e a trilogia de animação Kung Fu Panda.

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Jackie Chan ao lado de Chris Tucker em cena de A Hora do Rush 2 (photo by New Line Cinema)

Além disso, acredito que o Oscar Honorário também tem esse propósito de premiar profissionais que dificilmente concorrerão ao Oscar competitivo. Claro que Jackie Chan pode interpretar um papel bem dramático e acabar ganhando a estatueta, mas as chances disso acontecer são mínimas. E vale lembrar aqui de Bruce Lee, outra lenda dos filmes de artes marciais. Tenho certeza de que se ele tivesse vivido por mais tempo, a Academia teria lhe reservado um Oscar Honorário.

Dos 4 homenageados, apenas Anne V. Coates foi indicada e venceu o Oscar. Sua vitória foi pelo clássico de David Lean, Lawrence da Arábia, de 1962. Ele foi indicada também por Becket – O Favorito do Rei, O Homem Elefante, Na Linha do Fogo e Irresistível Paixão. E, assim como todos os homenageados, ela continua trabalhando. Sua montagem mais recente foi pelo hit feminino Cinquenta Tons de Cinza.

A homenagem a Stalmaster pode e deve ter uma positiva repercussão no departamento de casting. Trata-se de uma profissão importantíssima para os filmes hollywoodianos, pois pesquisa e descobre os atores mais adequados para os mais diversos papéis. O fato de uma veterana ser devidamente reconhecida pode finalmente concretizar a categoria competitiva no Oscar. Lynn Stalmaster já foi responsável pela escalação de grandes atores em filmes como A Primeira Noite de um Homem, Um Violinista no Telhado, Amargo Pesadelo, Tootsie (alguém teria imaginado Dustin Hoffman como uma mulher?) e Os Eleitos.

Já Frederick Wiseman vem produzindo documentários com uma frequência inacreditável de um filme por ano desde 1967. Em busca de um olhar mais antropológico, ele se aventura em todos os tipos de temas, desde violência doméstica, cidades, hospitais psiquiátricos até cabarés.

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Cena do documentário In Jackson Heights, sobre uma das cidades mais diversificadas do mundo. (photo by hollywoodreporter.com)

Tendo uma cerimônia não-televisionada, o Governors Awards se mostrou um sucesso, já que permite homenagens com videoclipes, introduções caprichadas e discursos morosos que carreiras excepcionais necessitam, algo que seria inviável numa cerimônia ao vivo como a do Oscar.

Seguem os homenageados das últimas edições:

2009: Lauren Bacall, John Calley, Roger Corman, Gordon Willis

2010: Jean-Luc Godard, Kevin Brownlow, Francis Ford Coppola, Eli Wallach

2011: James Earl Jones, Dick Smith, Oprah Winfrey

2012: Jeffrey Katzenberg, Hal Needham, D.A. Pennebaker, George Stevens Jr.

2013: Angelina Jolie, Angela Lansbury, Steve Martin, Piero Tosi

2014: Harry Belafonte, Jean-Claude Carrière, Maureen O’Hara, Hayao Miyazaki

2015: Spike Lee, Debbie Reynolds e Gena Rowlands

‘Carol’ leva 4 prêmios e domina o New York Film Critics Circle 2015

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À esquerda, Todd Haynes dirige Cate Blanchett em cena de Carol (photo by http://www.cineimage.ch)

CÍRCULO DE CRÍTICOS NOVA-IORQUINOS SAÚDAM SUA CIDADE NAS TELAS

Não sei se é questão de “patriotada”, mas o crítico Kristopher Tapley da Variety notou um fato curioso na lista de premiados este ano pelo círculo de críticos de Nova York. A maioria dos filmes premiados se passa na cidade norte-americana: Melhor Filme, Diretor (Todd Haynes), Roteiro e Fotografia para Carol; Melhor Documentário para In Jackson Heights; Melhor Ator Coadjuvante (Mark Rylance) para Ponte dos Espiões; e Melhor Atriz (Saoirse Ronan) para Brooklyn. Apesar de soar como a tradicional puxada de sardinha, existe uma feliz coincidência de produções em destaque que se passam em Nova York. Afinal, quem não gosta de assistir a um filme realizado na sua própria cidade?

Com a vitória predominante do drama Carol, Todd Haynes praticamente garante sua primeira indicação ao Oscar de Diretor. Entre seus filmes mais reconhecidos estão Velvet Goldmine e Longe do Paraíso, pelo qual foi indicado para Roteiro Original em 2003. Curiosamente, as protagonistas interpretadas por Cate Blanchett e Rooney Mara ficaram de fora no NYFCC. Recentemente, ambas foram indicadas a Melhor Atriz no Independent Spirit Awards, e a tendência para o Oscar é que Blanchett concorra como Atriz e Mara como Coadjuvante. A premiação pelos críticos nova-iorquinos impulsiona Carol e obriga os votantes da Academia a conferirem o trabalho, e de quebra, pode render a segunda indicação a um dos melhores diretores de fotografia da atualidade, Edward Lachman.

Outro forte concorrente para o Oscar, o drama jornalístico Spotlight, não ficou de fora da lista. Michael Keaton, que este ano teve seu retorno triunfal com Birdman, consegue se manter no topo com outra performance premiada. Contudo, existe uma discussão pra saber se seu personagem é principal ou secundário, o que poderia fortalecê-lo em caso de campanha para a categoria de coadjuvante no Oscar.

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Michael Keaton ao lado de Rachel McAdams em cena de Spotlight, de Tom McCarthy (photo by cine.gr)

Já Saoirse Ronan consegue feito incrível ao bater as atrizes de Carol e também Brie Larson (O Quarto de Jack). Aos 21 anos, ela vive uma personagem dividida entre o amor de dois homens na Brooklyn dos anos 50 e também entre aceitar ou não suas raízes irlandesas. Americana (nova-iorquina!), a atriz consegue chamar atenção também pelo seu Inglês com sotaque irlandês.

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Doomhnall Gleeson com Saoirse Ronan em Brooklyn (photo by cine.gr)

Assim como os atores principais conseguiram um novo fôlego na corrida com os prêmios do NYFCC, os coadjuvantes também deram passos largos num ano bem competitivo. Mark Rylance, que entregou uma atuação que deu alma ao novo filme de Steven Spielberg, certamente mereceu pelo menos um prêmio significativo na temporada. O que gosto bastante de Ponte dos Espiões é o paralelo que Spielberg constrói entre os anos 60 da Guerra Fria com a atual situação imigratória global, levantando a questão: “Não somos todos imigrantes?”.

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Mark Rylance à esquerda com Tom Hanks em cena de Ponte dos Espiões (photo by outnow.ch)

No caso de Kristen Stewart, sua vitória impressiona ainda mais por se tratar de uma jovem estrela hollywoodiana (da saga Crepúsculo) e pelo fato do drama Acima das Nuvens, de Olivier Assayas, ter sido lançado em 2014, ou seja, houve um longo percurso até chegar a essa lista. Vale lembrar aqui que Stewart é a primeira atriz americana a ganhar o prestigiado César Award na França. Se ela estiver na lista do Globo de Ouro ou SAG, ela estará na categoria no Oscar.

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Kristen Stewart em Acima das Nuvens, de Olivier Assayas (photo by cine.gr)

A animação Divertida Mente coleciona mais um importante prêmio e caminha sem maiores dificuldades para conquistar o oitavo Oscar para a Pixar. Havia uma alta aposta de que a animação de Charlie Kaufman e Duke Johnson, Anomalisa, iria bater seu franco-favoritismo, mas não se concretizou.

Já o filme húngaro, O Filho de Saul, embora tenha perdido como filme estrangeiro para Timbuktu (que foi indicado ao Oscar este ano pela Mauritânia), ainda conseguiu o prêmio de Filme de Estréia para o diretor László Nemes. De tabela também foi o prêmio especial para o compositor italiano Ennio Morricone, que pode conquistar sua sexta indicação. Ele recebeu o Oscar Honorário em 2007 pelo conjunto da obra.

Pela categoria de Não-Ficção, In Jackson Heights foi reconhecido como melhor documentário ao dissecar o distrito do Queens, NY. Entretanto, não foi classificado para a lista de 15 semi-finalistas no Oscar.

Seguem os vencedores do NYFCC 2015:

MELHOR FILME: Carol, de Todd Haynes

MELHOR DIRETOR: Todd Haynes (Carol)

MELHOR ATOR: Michael Keaton (Spotlight)

MELHOR ATRIZ: Saoirse Ronan (Brooklyn)

MELHOR ATOR COADJUVANTE: Mark Rylance (Ponte dos Espiões)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Kristen Stewart (Acima das Nuvens)

MELHOR ROTEIRO: Phyllis Nagy (Carol)

MELHOR FOTOGRAFIA: Edward Lachman (Carol)

MELHOR ANIMAÇÃO: Divertida Mente, de Pete Docter

MELHOR FILME ESTRANGEIRO: Timbuktu, de Abderrahmane Sissako

MELHOR FILME DE NÃO-FICÇÃO: In Jackson Heights, de Frederick Wiseman

MELHOR FILME DE ESTRÉIA: O Filho de Saul, de László Nemes

PRÊMIO ESPECIAL: William Becker e Janus Films

 

Apesar de alta de filmes latinos, Brasil não disputa o Leão de Ouro no Festival de Veneza 2015

Pôster do 72º Festival de Veneza com Nastassja Kinski e Jean-Pierre Léaud.

Pôster do 72º Festival de Veneza com Nastassja Kinski e Jean-Pierre Léaud.

FESTIVAL CONTA COM SELEÇÃO QUE MISTURA NOMES CONSAGRADOS COM NOMES EM ASCENSÃO

Nesse último dia 29 de julho, o Festival de Veneza anunciou sua seleção oficial para esta edição de nº 72. A homenageada deste ano é a atriz alemã Nastassja Kinski, cujo retrato estampa o pôster do evento. Ao fundo, o jovem personagem Antoine Doinel dos filmes de François Truffaut indica a homenagem ao ator Jean-Pierre Léaud.

Para avaliar e premiar as produções selecionadas, o júri será presidido pelo diretor mexicano Alfonso Cuarón, que foi o primeiro latino a ganhar o Oscar de Direção por Gravidade em 2014. Ele contará com a colaboração de outros diretores como o turco Nuri Bilge Ceylan (que ganhou a Palma de Ouro com Winter Sleep), o polonês Pawel Pawlikowski (que ganhou o Oscar de Filme em Língua Estrangeira com Ida), a britânica Lynne Ramsay, o chinês Hou Hsiao-Hsien (que já levou o Leão de Ouro em 1989 por A Cidade do Desencanto) e o italiano Francesco Munzi. Além dos diretores, as atrizes Elizabeth Banks e Diane Kruger e o roteirista Emmanuel Carrère participarão do júri.

O presidente do júri Alfonso Cuarón (photo by cineuropa.org)

O presidente do júri Alfonso Cuarón (photo by cineuropa.org)

Embora não se confirme, com Cuarón na presidência, os concorrentes latino-americanos acabam ganhando algum status de favoritos. Pior para o Brasil que não teve nenhum representante na seleção oficial, aliás, fato que não ocorre há tempos. Felizmente, para não passar em branco na cerimônia, o país conta com dois longas na mostra paralela Orizzonti (Horizontes): Boi Neon, de Gabriel Mascaro; e Mate-me Por Favor, da estreante carioca Anita Rocha da Silveira. Além dos longas, o curta-metragem paranaense de Aly Muritiba e Marja Calafange, Tarântula, também integrará a mostra.

Cena do longa brasileiro Mate-Me Por Favor, de Anita Rocha da Silveira (photo by reicine.com.ar)

Cena do longa brasileiro Mate-Me Por Favor, de Anita Rocha da Silveira (photo by reicine.com.ar)

Já os latino-americanos marcam presença com um total de nove produções, tendo duas concorrendo ao prêmio máximo: Desde Allá, de Lorenzo Vigas (México – Venezuela), e El Clan, do argentino Pablo Trapero. O primeiro foca na busca de um homem de 50 anos por jovens para passar uma noite, enquanto o segundo se baseia em fatos verídicos sobre uma família que tinha uma loja e um bar para praticar sequestros, extorsões e até assassinatos na época da ditadura militar na Argentina.

Cena de Desde Allá, de Lorenzo Vigas (photo by filmaffinity.com)

Cena de Desde Allá, de Lorenzo Vigas (photo by filmaffinity.com)

O diretor do festival, Alberto Barbera confirmou o bom momento do cinema latino-americano: “O que há de mais fresco e inovador no cinema hoje em dia vem da América Latina. Finalmente, além da quantidade, há qualidade. São filmes que surpreendem.”

Cena do filme argentino El Clan, de Pablo Trapero  (photo by cine.gr)

Cena do filme argentino El Clan, de Pablo Trapero (photo by cine.gr)

Na corrida pelo Leão de Ouro, outros nomes já figuram como fortes candidatos. O italiano Marco Bellochio (Sangue del Mio Sangue) é considerado um dos cineastas mais influentes dessa geração e deve estar na lista de premiados. O canadense Atom Egoyan (Remember), o norte-americano Cary Fukunaga, que ficou conhecido pela série de TV True Detective (Beasts of No Nation), o israelense Amos Gitai (Rabin, the Last Day), o italiano Luca Guadagnino (A Bigger Splash), o russo Aleksandr Sokurov, que levou o prêmio por Fausto em 2011 (Francofonia), e os hollywoodianos Charlie Kaufman, que traz a animação de comédia e fantasia Anomalisa, e o britânico Tom Hooper, que dirigiu The Danish Girl, sobre um dos primeiros homens que passaram por cirurgia de troca de sexo.

Além de The Danish Girl, outro grande favorito ao Oscar 2016, Aliança do Crime (Black Mass), de Scott Cooper, será exibido em Veneza, mas fora de competição. Ambos os filmes apresentam dois fortíssimos candidatos ao Oscar de Melhor Ator: Pelo primeiro, Eddie Redmayne em outro papel transformador, e pelo segundo, Johnny Depp, caracterizado como o criminoso Bill Bulger com sua aparência calva e grisalha.

Eddie Redmayne caracterizado como a Danish Girl (photo by cine.gr)

Eddie Redmayne caracterizado como The Danish Girl (photo by cine.gr)

Johnny Depp como Bill Bulger em Aliança do Crime (photo by independent.co.uk)

Johnny Depp como Bill Bulger em Aliança do Crime (photo by independent.co.uk)

O 72º Festival de Veneza acontece entre os dias 02 e 12 de setembro.

INDICADOS AO LEÃO DE OURO:

FRENZY (Abluka), de Emin Alper

HEART OF A DOG, de Laurie Anderson

SANGUE DEL MIO SANGUE, de Marco Bellocchio

LOOKING FOR GRACE, de Sue Brooks

EQUALS, de Drake Doremus

REMEMBER, de Atom Egoyan

BEASTS OF NO NATION, de Cary Fukunaga

PER AMOR VOSTRO, Giuseppe M. Gaudino

MARGUERITE, de Xavier Giannoli

RABIN, THE LAST DAY, de Amos Gitai

A BIGGER SPLASH, de Luca Guadagnino

THE ENDLESS RIVER, Oliver Hermanus

THE DANISH GIRL, de Tom Hooper

ANOMALISA, de Charlie Kaufman e Duke Johnson

L’ATTESA, Piero Messina

11 MINUTES (11 Minuts), de Jerzy Skolimowski

FRANCOFONIA, de Aleksandr Sokurov

EL CLAN, Pablo Trapero

DESDE ALLÁ, Lorenzo Vigas

L’HERMINE, de Christian Vincent

BEHEMOTH, Zhao Liang

Idris Elba em cena de Beasts of No Nation, de Cary Fukunaga (photo by cine.gr)

Idris Elba em cena de Beasts of No Nation, de Cary Fukunaga (photo by cine.gr)

MOSTRA HORIZONTES (ORIZZONTI)

Madame Courage, de Merzak Allouache
A Copy of My Mind, de Joko Anwar
Pecore in erba, de Alberto Caviglia
Tempete, de Samuel Collardey
The Childhood of a Leader, de Brady Corbet
Italian Gangster, de Renato De Maria
Wednesday, May 9, de Vahid Jalilvand
Mountain, de Yaelle Kayam
A War, de Tobias Lindholm
Interrogation, de Vetri Maaran
Free in Deed, de Jake Mahaffy
Boi Neon, de Gabriel Mascaro
Man Down, de Dito Montiel
Why Hast Thou Forsaken Me?, de Hadar Morag
Un monstruo de mil cabezas, de Rodrigo Pla
Mate-me Por Favor, de Anita Rocha Da Silveira
Taj Mahal, de Nicolas Saada
Interruption, de Yorgos Zois

FORA DE COMPETIÇÃO

Everest, de Baltasar Kormákur (FILME DE ABERTURA)
Go With Me
, de Daniel Alfredson

Non Essere Cattivo, de Claudio Caligari
Aliança do Crime (Black Mass), de Scott Cooper
Spotlight, de Thomas McCarthy
La Calle de la Amargura, de Arturo Ripstein
The Audition, de Martin Scorsese
Winter on Fire, de Evgeny Afineevsky
De Palma, de Noah Baumbach e Jake Paltrow
Janis, de Amy Berg
Sobytie, de Sergei Loznitsa
Gli Uomini di Questa Citta Io Non li Consoco, de Franceo Maresco
L’Esercito Piu Piccolo Del Mondo, de Gianfranco Pannone
Na Ri Xiawu, de Tsai Ming-liang
In Jackson Heights, de Frederick Wiseman
Human, de Yann Arthus-Bertrand 
La Vie et Rien D’Autre, de Bertrand Tavernier

Vencedores do LAFCA 2012

LAFCA: Los Angeles Film Critics Association

LAFCA: Los Angeles Film Critics Association

Juntamente com  National Board of Review e o New York Film Critics Circle (NYFCC), o Los Angeles Film Critics Association fecha a poderosa trinca de reconhecimento da crítica norte-americana. Contudo, diferentemente dos outros, os estudiosos da costa oeste costumam ser bem mais democráticos ao incluir com maior ênfase os filmes estrangeiros na eleição, e não como visitantes em uma única categoria.

Por esse motivo que prefiro o reconhecimento deles, pois acredito que o cinema está globalizado demais para se limitar em categorias com regras rígidas como a Academia ou o Globo de Ouro costuma fazer. É claro que por se tratarem de prêmios dados em solo americano, têndem a favorecer o “cinema local”. Mas aí já seria uma outra discussão xiita…

Depois de duas vitórias, o longa sobre a caçada a Bin Laden, Zero Dark Thirty, ficou apenas com um 2º lugar na direção para Kathryn Bigelow e Melhor Montagem para Dylan Tichenor e William Goldenberg. Aliás, este último também ficou com o 2º lugar pelo filme Argo, de Ben Affleck. Desta vez, o grande vencedor é um filme co-produzido entre Áustria, França e Alemanha (eu avisei que Los Angeles adora estrangeiros): Amour, de Michael Haneke.

Amour, Michael Haneke. Surpresa no LAFCA?

Amour, Michael Haneke: Melhor Filme e Melhor Atriz para Emmanuelle Riva (foto por OutNow.CH)

O filme geriátrico de Haneke vem conquistando todos os críticos por onde passa, desde o Festival de Cannes, de onde saiu com a Palma de Ouro. Recentemente, também levou quatro prêmios principais no European Film Awards. O casal de atores franceses também têm grandes chances nessa corrida para o Oscar, especialmente a veterana Emmanuelle Riva, que venceu o prêmio de Melhor Atriz no LAFCA. Sua vitória confirma o favoritismo de estrangeiras nessa categoria: Em 2011 e 2010, as sul-coreanas Jeong-hie Yun e Hye-ja Kim venceram por Poesia e Mother – A Busca Pela Verdade, respectivamente, em 2009 foi a vez da belga Yolande Moreau por Séraphine, em 2007 foi a supremacia da francesa Marion Cotillard (Piaf – Um Hino ao Amor), além das duas inglesas Sally Hawkins (Simplesmente Feliz) e Helen Mirren (A Rainha).

E depois de andar sumido entre as premiações depois do Festival de Veneza, o filme sobre as origens da Cientologia, The Master, volta em destaque, ganhando Melhor Diretor (Paul Thomas Anderson), Melhor Ator (Joaquin Phoenix), Melhor Atriz Coadjuvante (Amy Adams), Melhor Direção de Arte (Jack Fisk e David Crank), além de dois prêmios de 2º lugar: Fotografia (Mihai Malaimare Jr) e Trilha Musical (Jonny Greenwood). Com esse reconhecimento, The Master volta a ganhar alguns pontos e pode conquistar algumas indicações ao Oscar, ainda mais por se tratar de uma história que se passa algumas décadas atrás, rendendo um trabalho mais minucioso de direção de arte e figurino.

Joaquin Phoenix em The Master. Filme ainda levou Diretor para Paul Thomas Anderson, Atriz Coadjuvante para Amy Adams entre outros.

Joaquin Phoenix em The Master. Filme ainda levou Diretor para Paul Thomas Anderson, Atriz Coadjuvante para Amy Adams entre outros, dando novo fôlego ao longa (foto por OutNow.CH)

Apesar de ter levado apenas o prêmio de Melhor Atriz para Jennifer Lawrence e um 2º lugar de Roteiro, O Lado Bom da Vida é daqueles filmes que chega de mansinho, como quem não quer nada, e vai conquistando o público e seu espaço na cerimônia do Oscar. Claro que não é o tipo de produção que leva vários prêmios por ser um filme tipicamente contemporâneo, mas tem grandes chances nas categorias principais de Filme, Direção, Roteiro, Ator e Atriz que, aliás, Bradley Cooper levou Melhor Ator no National Board of Review e agora, Jennifer Lawrence finalmente leva seu reconhecimento.

Outro filme que cresce ainda mais com a divulgação dos premiados do LAFCA é o independente Indomável Sonhadora. Levou Melhor Ator Coadjuvante (Dwight Henry), Melhor Trilha Musical (Dan Romer e Benh Zeitlin) e o New Generation para o diretor Zeitlin. Um fato curioso é que os atores (Dwight Henry e a pequena Quvenzhané Wallis) não poderão concorrer no SAG Awards porque ambos não eram sindicalizados antes da participação do filme e isso deve enfraquecer um pouco a votação na Academia (sim, o pessoal às vezes é muito chato).

Particularmente, fiquei feliz com quatro reconhecimentos:

1. Melhor Fotografia para Roger Deakins por 007 – Operação Skyfall. Além do trabalho excepcional, a fotografia de Deakins foi reconhecida por um filme da série de James Bond! Isso comprova que bons trabalhos são bem vistos independente do tipo de filme. Felizmente, depois do reboot com Daniel Craig, a série ganhou ares sérios e de qualidade com Sam Mendes e Marc Forster na direção. Mas acima de tudo, que isso sirva de lição para os produtores Barbara Broccoli e Michael G. Wilson que não adianta só ter a fama do agente secreto, mas é necessário contratar bons profissionais em todos os departamentos, incluindo o de fotografia. Viu só? Valeu a pena.

Talvez a cena mais linda visualmente em 007 - Operação Skyfall. Belo trabalho de Roger Deakins.

Talvez a cena mais linda visualmente em 007 – Operação Skyfall. Belo trabalho de Roger Deakins (foto por OutNow.CH)

2 e 3. Melhor Filme Estrangeiro para Holy Motors, de Leos Carax e 2º Lugar de Ator para Denis Lavant. Depois de ser ignorado no Festival de Cannes, este belo trabalho non-sense que contém todos os gêneros merecia este reconhecimento. Infelizmente, não deve figurar no Oscar por não ser representante nem da França, nem da Alemanha, países que co-produziram o filme. O protagonista vivido por Lavant também merece uma indicação por papéis múltiplos: vai de milionário, passando por uma mendiga de rua, o maluco que vive nos esgotos Merde até um senhor idoso à beira da morte. Como aprecio experimentos e inovações no Cinema, Holy Motors pra mim foi um sopro de criatividade em meio à mesmice de hoje.

Holy Motors, de Leos Carax. Reconhecimento merecido para um sopro de criatividade.

Holy Motors, de Leos Carax. Reconhecimento merecido para um sopro de criatividade (foto pot OutNow.CH)

4. Apesar de 2º lugar, adorei a premiação da Direção de Arte de Moonrise Kingdom. Como Tim Burton, o diretor Wes Anderson têm um estilo pessoal muito forte refletido no design do filme. Os cenários da trama contribuem demais para o romance infantil de Sam e Suzy.

O design de Moonrise Kingdom é um personagem à parte no filme (foto por OutNow.CH)

O design de Moonrise Kingdom é um personagem à parte no filme (foto por OutNow.CH)

A ausência mais notada foi a da mega-produção Lincoln, de Steven Spielberg. Os atores Daniel Day-Lewis e Sally Field venceram no NYFCC, mas não levou nenhum prêmio de Melhor Filme ou Diretor até o momento. Tem grandes chances nas categorias consideradas técnicas como Fotografia, Montagem, Direção de Arte e Figurino.

Segue a lista completa dos vencedores do LAFCA:

 

MELHOR FILME: Amour, de Michael Haneke

2º Lugar: The Master, de Paul Thomas Anderson

 

MELHOR DIRETOR: Paul Thomas Anderson (The Master)

2º Lugar: Kathryn Bigelow (Zero Dark Thirty)

 

MELHOR ATOR: Joaquin Phoenix (The Master)

2º Lugar: Denis Lavant (Holy Motors)

 

MELHOR ATRIZ: Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida) e Emmanuelle Riva (Amour)

 

MELHOR ATOR COADJUVANTE: Dwight Henry (Indomável Sonhadora)

2º Lugar: Christoph Waltz (Django Livre)

 

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Amy Adams (The Master)

2º Lugar: Anne Hathaway (Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge/ Les Misérables)

 

MELHOR ROTEIRO: Chris Terrio (Argo)

2º Lugar: David O. Russel (O Lado Bom da Vida)

 

MELHOR FOTOGRAFIA: Roger Deakins (007 – Operação Skyfall)

2º Lugar: Mihai Malaimare Jr (The Master)

 

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE: Jack Fisk e David Crank (The Master)

2º Lugar: Adam Stockhausen (Moonrise Kingdom)

 

MELHOR MONTAGEM: Dylan Tichenor e William Goldenberg (Zero Dark Thirty)

2º Lugar: William Goldenberg (Argo)

 

MELHOR TRILHA MUSICAL: Dan Romer e Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora)

2º Lugar: Jonny Greenwood (The Master)

 

MELHOR FILME ESTRANGEIRO: Holy Motors, de Leos Carax

2º Lugar: Footnote, de Joseph Cedar

 

MELHOR DOCUMENTÁRIO: The Gatekeepers, de Dror Moreh

2º Lugar: Searching for Sugar Man, de Malik Bendjelloul

 

MELHOR ANIMAÇÃO: Frankenweenie, de Tim Burton

2º Lugar: It’s Such a Beautiful Day, de Don Hertzfeldt

 

NEW GENERATION: Benh Zeitlin por Indomável Sonhadora

 

CONJUNTO DA OBRA: Frederick Wiseman

PRÊMIO PARA FILMES OU VÍDEOS EXPERIMENTAIS DOUGLAS EDWARDS: Leviathan, de Lucien Castaing-Taylor e Verena Paravel

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