O festival de cinema mais antigo da história revelou os filmes selecionados desta edição na última quinta-feira. O júri, presidido pela estupenda diretora argentina Lucrecia Martel, contará com produções bem diversificadas para distribuir seus prêmios.
Entre nomes consagrados, já começamos com o filme de abertura: ‘The Truth’, primeiro longa do diretor japonês Hirokazu Koreeda em língua estrangeira. Vencedor da Palma de Ouro em 2018, ele pôde contar com atores do calibre de Catherine Deneuve, Juliette Binoche e Ethan Hawke.
O festival também terá os franceses Olivier Assayas e Robert Guediguian, o chileno Pablo Larraín, o colombiano Ciro Guerra, o sueco Roy Andersson e o chinês Lou Ye. O cinema norte-americano está dividido entre filmes de grande estúdio como ‘Ad Astra’ (da Fox), ‘Coringa’ (sim, o filme solo do vilão do Batman, da Warner), e de produtoras de streaming service. ‘Marriage Story’, novo filme de Noah Baumbach, ‘The Laundromat’, de Steven Soderbergh, representando a Netflix, que ano passado levou o Leão de Ouro com ‘Roma’.
Meryl Streep em cena de ‘The Laundromat’
O presidente do evento, Alberto Barbera, ao responder algumas perguntas sobre a baixa presença de diretoras mulheres, foi bastante categórico. “Este ano, em todas as seleções, tivemos 24% de diretoras mulheres. Ano passado foram 20%. Recebemos 1.860 inscrições este ano. Dessas inscrições, contabilizamos menos de 24% de diretoras. O que nunca vou fazer é pegar um filme dirigido por uma mulher só pra aumentar a proporção”. Ele acredita que a presença de mulheres em filmes de estúdio ainda levará mais tempo, e realmente vai. Toda grande mudança leva um tempo considerável, e o que muitos não se dão conta é que os festivais e premiações não deveriam ser responsabilizados por essa disparidade. Entre os indicados ao Leão de Ouro, temos duas diretoras: a saudita Haifaa Al-Mansour com ‘The Perfect Candidate’ e a australiana Shannon Murphy com ‘Babyteeth’.
Outra polêmica deste ano é a seleção do novo filme de Roman Polanski, intitulado ‘An Officer and a Spy’, que tem Jean Dujardin como o oficial francês e discute anti-semitismo. Segundo Barbera, a qualidade do filme se equivale a ‘O Pianista’ (2002). Ele defende que o artista deveria ser visto separado do homem. Polanski foi condenado por estupro em 1977 e foi recentemente expulso da Academia. “Quando você vê uma pintura de Caravaggio, você está vendo o trabalho de um assassino que, depois de matar um homem, teve que fugir para Palermo. É ridículo. Se você não consegue fazer uma distinção entre a culpabilidade de uma pessoa e o valor de uma pessoa como artista, você não vai chegar a lugar algum. Os problemas de Polanski com a justiça de Los Angeles e sua consciência são problemas pessoais dele, além do fato de pensar assim, depois de quarenta anos de tribulações, ele pagou pelo que fez. Mas como diretor de um festival, o que conta para mim é que ele fez um grande filme”.
Jean Dujardin em cena de ‘An Officer and a Spy’
Nessa mesma entrevista, o presidente faz uma observação pertinente sobre o cinema americano. Ele acredita que a redução se deve às compras de estúdios por outros como a Disney que comprou a Fox, e a forte possibilidade da Lionsgate ser comprada. Realmente, nesse cenário, o cinema perde muito em diversidade de filmes. Como forma de Arte, deveria contar com inúmeras filosofias e diferentes padrões para sobreviver ao marasmo. Por isso, não tem como não defender a Netflix. Ela permite que os diretores ou autores que perderam suas vozes nos estúdios continuem seus trabalhos em outra plataforma, inclusive mais acessível ao grande público.
A atriz britânica Julie Andrews e o diretor espanhol Pedro Almodóvar serão homenageados com o Leão de Ouro Honorário.
A 76a edição do Festival de Veneza tem início em 28 de Agosto e termina em 07 de Setembro.
COMPETIÇÃO OFICIAL
“The Truth,” Kore-eda Hirokazu – Filme de Abertura
“The Perfect Candidate,” Haifaa Al-Mansour
“About Endlessness,” Roy Andersson
“Wasp Network,” Olivier Assayas
“Marriage Story,” Noah Baumbach
“Guest of Honor,” Atom Egoyan
“Ad Astra,” James Gray
“A Herdade,” Tiago Guedes
“Gloria Mundi,” Robert Guediguian
“Waiting for the Barbarians,” Ciro Guerra
“Ema,” Pablo Larrain
“Saturday Fiction,” Lou Ye
“Martin Eden,” Pietro Marcello
“La Mafia non è più quella di Una Volta,” Franco Maresco
“The Painted Bird,” Vaclav Marhoul
“The Mayor of Rione Sanità,” Mario Martone
“Babyteeth,” Shannon Murphy
“Joker,” Todd Philips
“An Officer and a Spy,” Roman Polanski
“The Laundromat,” Steven Soderbergh
“No. 7 Cherry Lane,” Yonfan
FORA DE COMPETIÇÃO – Ficção
“The Burnt Orange Heresy,” Giuseppe Capotondi
“Seberg,” Benedict Andrews
“Vivere,” Francesca Archibugi
“Mosul,” Matthew Michael Carnahan
“Adults in the Room,” Costa-Gavras
“The King,” David Michod
“Tutto il mio folle amore,” Gabriele Salvatores
FORA DE COMPETIÇÃO – Não-Ficção
“Woman,” Yann Arthus-Bertrand, Anastasia Mikova
“Roger Waters: Us + Them,” Roger Waters
“I Diari di Angela – Noi Due Cineasti. Capitolo Secondo. Yervant Gianikian, Angela Ricci Lucchi
“Citizen K,” Alex Gibney
“Citizen Rosi,” Didi Gnocchi, Carolina Rosi
“The Kingmaker,” Lauren Greenfield
“State Funeral,” Sergei Loznitsa
“Collective,” Alexander Nanau
“45 Seconds of Laughter,” Tim Robbins
“Il pianeta in mare,” Daniele Segre
FORA DE COMPETIÇÃO – Exibições Especiais
“No One Left Behind,” Guillermo Arriaga
“Electric Swan,” Konstantina Kotzamani
“Irreversible – Inversion Integrale,” Gaspar Noe
“ZeroZeroZero,” (Episodes 1 and 2) Stefano Sollima
“The New Pope” (Episodes 2 and 7) Paolo Sorrentino
“Never Just a Dream: Stanley Kubrick And Eyes Wide Shut,” Matt Wells
‘ROMA’ SE TORNA PRIMEIRA PRODUÇÃO NETFLIX INDICADA A MELHOR FILME
Na manhã desta terça, dia 22, os atores Kumail Nanjiani e Tracee Ellis Ross se encarregaram do anúncio das indicações ao Oscar 2019.
Não sei se sou conservador, mas ainda prefiro o antigo modo de anúncio das indicações, com o presidente da Academia acompanhado de algum ator ou atriz, e ao fundo, as imagens dos filmes, atores e diretores indicados. Fica tudo mais ilustrativo e dinâmico. Colocar apenas um painel com os nomes fica muito sem graça… Apesar de gostar dos dois apresentadores, achei as piadinhas meio bobas…
NÚMEROS DA 91ª EDIÇÃO DO OSCAR
Que A Favorita seria recordista de indicações desta edição ninguém duvidava, mas o que poucos previam era que a liderança seria compartilhada com o mexicano Roma, primeira produção Netflix a concorrer para Melhor Filme, e que poderia ter conquistado mais uma indicação por Montagem. Ambos os filmes conquistaram 10 indicações cada, incluindo Filme, Direção e Roteiro.
Rachel Weisz e Olivia Colma, ambas indicadas por A Favorita
Empatados em segundo lugar, com oito indicações cada estão Vice e Nasce uma Estrela. A grande diferença entre os dois é que o diretor Bradley Cooper não foi indicado como Melhor Diretor, o que enfraquece bastante suas chances de vitória, uma vez que dificilmente uma produção leva Melhor Filme sem ter seu diretor sequer indicado na categoria respectiva. A ausência de Cooper foi uma das mais notáveis, pois ele vinha recebendo altos elogios pela sua estréia na direção, tendo sido indicado inclusive pelo Sindicato de Diretores (DGA).
Em terceiro lugar, com sete indicações, a surpresa que todos já sabiam que iria acontecer: Pantera Negra. Com a suspensão do tal Oscar de Filme Popular, muitos acreditavam que a produção da Marvel Studios conseguiria uma vaga para Melhor Filme, justificando a repercussão mundial no âmbito cultural e comercial. Trata-se do primeiro filme de super-heróis a conquistar uma indicação a Melhor Filme no Oscar em 91 anos de história da Academia. Curiosamente, tal acontecimento só foi possível graças a outro filme de super-herói de 2008, Batman: O Cavaleiro das Trevas, cuja ausência foi bastante criticada no Oscar, aumentando para dez indicados a Melhor Filme no ano seguinte.
Com seis indicações, Infiltrado na Klan resgata o cineasta Spike Lee, coroando-o com sua primeira indicação de Diretor, assim como de Produtor. Num ano sem um franco-favorito e com alguns filmes sem chance de levar Melhor Filme, este pode se tornar um forte candidato na reta final. Além de ter seu diretor reconhecido, tem roteiro adaptado, montagem e Ator Coadjuvante (Adam Driver).
Bohemian Rhapsody e Green Book: O Guia empataram com cinco indicações cada. Enquanto o primeiro basicamente se apoia na performance de Rami Malek, o segundo se sustenta pela química entre Viggo Mortensen e Mahershala Ali, no roteiro sobre racismo com bom humor e que, recentemente, levou o importante prêmio do Producers Guild of America (PGA), que costuma prever o vencedor do Oscar de Melhor Filme.
SURPRESAS e INJUSTIÇAS
A primeira grande surpresa veio logo na primeira categoria anunciada: a mexicana Marina Tavira indicada como Atriz Coadjuvante por Roma. Ela recebeu elogios, mas nada comparado a uma indicação como esta. As excluídas foram Margot Robbie por Duas Rainhas e Claire Foy por O Primeiro Homem.
O diretor Alfonso Cuarón com suas atrizes indicadas ao Oscar: Yalitza Aparicio e Marina de Tavira (pic by IMDb)
Já Yalitza Aparicio, por mais desconhecida que seja também, ainda integrou a lista do Critics’ Choice Awards. Emily Blunt foi a grande esnobada, já que poderia ter concorrido por O Retorno de Mary Poppins como Atriz e por Um Lugar Silencioso como Coadjuvante. Pena que nessa dança de cadeiras, outra excluída foi Toni Collette pela ótima performance em Hereditário…
Na ala masculina, a grande ausência foi de Timothée Chalamet por Querido Menino, que deu lugar a Sam Rockwell por Vice. Na categoria de Ator, Willem Dafoe ficou com a última vaga, que poderia ter ido para Ethan Hawke por No Coração da Escuridão, que pelo menos foi lembrado como Roteiro Original escrito por Paul Schrader, que foi responsável pelos roteiros de Taxi Driver e Touro Indomável.
Na categoria de Direção, a ausência praticamente inexplicável foi de Bradley Cooper, que vinha aparecendo em todas as listas de premiação. Ele foi substituído pelo polonês Pawel Pawlikowski por Guerra Fria. Aliás, não me lembro do último ano em que vi dois diretores de filmes estrangeiros na categoria. Pawlikowski concorre com Alfonso Cuarón, que está indicado a Melhor Filme Estrangeiro por Roma. E curiosamente, também temos um diretor grego, Yorgos Lanthimos, mas que concorre por um filme britânico, A Favorita.
Guerra Fria: Indicado a Diretor, Fotografia e Filme em Língua Estrangeira
Já li algumas matérias reclamando da falta de mulheres na categoria de direção, mas pelo que acompanhamos até aqui na temporada, nenhuma delas se destacou a ponto de ser uma garantia no Oscar. Alguns apontavam Debra Granik por Sem Rastros ou até mesmo Chloé Zhao por Domando o Destino, mas não conquistaram os votantes este ano. Ainda na categoria, temos enfim a primeira indicação de Spike Lee como Diretor e Produtor por Infiltrado na Klan. Antes, ele havia sido indicado apenas pelo roteiro de Faça a Coisa Certa em 1990.
Ainda sobre Filmes Estrangeiros, estava na torcida pela indicação de Em Chamas, da Coréia da Sul, mas como alguns já previam, ele foi substituído pelo alemão Never Look Away. O filme pode até ser bom, pois é do diretor do excelente A Vida dos Outros, que ganhou em 2007, mas filme sobre Segunda Guerra Mundial e nazistas de novo?! Sério mesmo?
Outra surpresa foi a indicação de Caleb Deschanel pela fotografia do filme alemão Never Look Away. Apesar de Deschanel já ter um histórico no Oscar (esta é sua 6ª indicação), a fotografia do filme não vinha chamando atenção em nenhuma premiação anterior, nem do sindicato de Fotógrafos (ASC).
Fiquei triste com a ausência de Oitava Série também. Não acreditava numa indicação para a atriz Elsie Fisher, mas esperava que o roteiro original de Bo Burnham fosse reconhecido… Outro que estava com bom hype, mas ficou completamente de fora foi Podres de Ricos, mas esse já era difícil de acontecer… Outra ausência sentida foi do documentário sobre Fred Rogers, Won’t You Be My Neighbor?, que estava conquistando praticamente todos os prêmios de documentário na temporada.
A indicação de Pantera Negra a Melhor Filme premia o trabalho colossal da Marvel Studios e seu produtor Kevin Feige, que soube aliar comercial, com crítica sócio-racial, transformando a estréia do filme nos cinemas um evento cultural pelo mundo. Essa indicação importante também pode ser interpretada como uma gratidão da Academia pelas excelentes bilheterias que as produções da Marvel renderam nesses últimos dez anos, mantendo toda uma indústria de cinema trabalhando e gerando receitas.
Pantera Negra se torna o primeiro filme de super-heróis a chegar lá: Oscar de Melhor Filme
Além da fantástica campanha de 10 indicações para Roma, a Netflix conseguiu mais três indicações com outra produção sua: The Ballad of Buster Scruggs, dos irmãos Joel e Ethan Coen. Apesar de não ter conquistado uma vaga como Melhor Filme, foi reconhecido na categoria de Roteiro Adaptado (dos próprios Coen), Figurino e uma surpreendente indicação para Canção Original por “When a Cowboy Trades His Spurs for Wings”, que não estava em nenhuma lista anterior.
Na categoria de Maquiagem e Cabelo, acreditava que Pantera Negra e Suspiria competiriam o Oscar com Vice, seus trabalhos foram esnobados em prol de DuasRainhas e do filme sueco Border, que curiosamente, era o filme selecionado pela comissão da Suécia para concorrer ao Oscar de Filme em Língua Estrangeira, mas não conseguiu sequer passar da pré-lista de 9 filmes.
Cena do filme sueco Border, que foi indicado a Melhor Maquiagem e Cabelo (pic by IMDb)
Ainda sobre ausências, embora O Primeiro Homemtenha recebido quatro indicações técnicas de Direção de Arte, Som, Efeitos Sonoros e Efeitos Visuais, continuou sua decadência na temporada. Nem o diretor Damien Chazelle, nem sua atriz Claire Foy conseguiram indicações, contudo, por se tratar de um filme tecnicamente impecável, a fotografia de Linus Sandgren poderia ter sido lembrada, assim como a bela trilha de Justin Hurwitz, que levou o Globo de Ouro no início de janeiro.
FILME
* Roma (Roma)
* Nasce uma Estrela (A Star is Born)
* Green Book: O Guia (Green Book)
* Pantera Negra (Black Panther)
* Infiltrado na Klan (BlacKkKlansman)
* A Favorita (The Favourite)
* Bohemian Rhapsody (Bohemian Rhapsody)
* Vice (Vice)
DIREÇÃO * Alfonso Cuarón (Roma) * Spike Lee (Infiltrado na Klan) * Pawel Pawlikowski (Guerra Fria) * Adam McKay (Vice) * Yorgos Lanthimos (A Favorita)
ATOR * Christian Bale (Vice) * Bradley Cooper (Nasce uma Estrela) * Rami Malek (Bohemian Rhapsody) * Viggo Mortensen (Green Book: O Guia) * Willem Dafoe (No Portal da Eternidade)
ATRIZ * Yalitza Aparicio (Roma) * Glenn Close (A Esposa) * Olivia Colman (A Favorita) * Lady Gaga (Nasce uma Estrela) * Melissa McCarthy (Poderia Me Perdoar?)
ATOR COADJUVANTE * Mahershala Ali (Green Book: O Guia) * Adam Driver (Infiltrado na Klan) * Richard E. Grant (Poderia Me Perdoar?) * Sam Elliott (Nasce uma Estrela) * Sam Rockwell (Vice)
ATRIZ COADJUVANTE * Amy Adams (Vice) * Regina King (Se a Rua Beale Falasse) * Emma Stone (A Favorita) * Marina de Tavira (Roma) * Rachel Weisz (A Favorita)
ROTEIRO ORIGINAL
* Roma, Alfonso Cuarón
* A Favorita, Deborah Davis, Tony McNamara * No Coração da Escuridão, Paul Schrader
* Vice, Adam McKay
* Green Book: O Guia, Brian Hayes Currie, Peter Farrelly, Nick Vallelonga
ROTEIRO ADAPTADO * A Balada de Buster Scruggs, Joel Coen e Ethan Coen
* Infiltrado na Klan, Charlie Wachtel, David Rabinowitz, Kevin Willmott e Spike Lee
* Se a Rua Beale Falasse, Barry Jenkins
* Poderia Me Perdoar?, Nicole Holofcener e Jeff Whitty
* Nasce uma Estrela, Eric Roth, Bradley Cooper e Will Fetters
FOTOGRAFIA
* Roma, Alfonso Cuarón
* Nasce uma Estrela, Matthew Libatique
* A Favorita, Robbie Ryan
* Nunca Deixe de Lembrar, Caleb Deschanel
* Guerra Fria, Łukasz ŻAl
MONTAGEM
* A Favorita, Yorgos Mavropsaridis
* Green Book: O Guia, Patrick J. Don Vito
* Vice, Hank Corwin
* Bohemian Rhapsody, John Ottman
* Infiltrado na Klan, Barry Alexander Brown
DESENHO DE PRODUÇÃO
* A Favorita, Fiona Crombie e Alice Felton
* O Retorno de Mary Poppins, John Myhre e Gordon Sim
* O Primeiro Homem, Nathan Crowley e Kathy Lucas
* Pantera Negra, Hannah Beachler e Jay Hart
* Roma, Eugenio Caballero e Bárbara Enriquez
FIGURINOS * A Balada de Buster Scruggs, Mary Zophres
* A Favorita, Sandy Powell
* Duas Rainhas, Alexandra Byrne
* Pantera Negra, Ruth E. Carter
* O Retorno de Mary Poppins, Sandy Powell
MAQUIAGEM
* Vice
* Duas Rainhas
* Border
TRILHA MUSICAL ORIGINAL
* Se a Rua Beale Falasse, Nicholas Brittel * Pantera Negra, Ludwig Göransson
* Ilha dos Cachorros, Alexandre Desplat
* O Retorno de Mary Poppins, Marc Shaiman
* Infiltrado na Klan, Terence Blanchard
CANÇÃO ORIGINAL
* “When a Cowboy Trades His Spurs for Wings”, The Ballad of Buster Scruggs (escrita por David Rawlings e Gillian Welch)
* “Shallow”, Nasce uma Estrela (escrita por Lady Gaga, Mark Ronson, Anthony Rossomando e Andrew Wyatt)
* “All the Stars”, Pantera Negra (escrita por Kendrick Lamar, Al Shux, Sounwave e SZA)
* “The Place Where Lost Things Go”, O Retorno de Mary Poppins (escrita por Marc Shaiman e Scott Wittman)
* “I’ll Fight”, RBG (escrita por Diane Warren)
MIXAGEM DE SOM
* Nasce uma Estrela
* Bohemian Rhapsody
* Roma
* O Primeiro Homem * Pantera Negra
EDIÇÃO DE SOM
* O Primeiro Homem
* Bohemian Rahpsody
* Um Lugar Silencioso
* Pantera Negra
* Roma
EFEITOS VISUAIS
* Vingadores: Guerra Infinita
* Christopher Robin: Um Reencontro Inesquecível
* Jogador Número 1
* Solo: Uma História Star Wars
* O Primeiro Homem
ANIMAÇÃO
* Os Incríveis 2
* Ilha dos Cachorros
* Homem-Aranha no Aranhaverso
* Wi-Fi Ralph: Quebrando a Internet
* Mirai
DOCUMENTÁRIO
* RBG * Hale County This Morning, This Evening
* Minding the Gap
* Free Solo * Of Fathers and Sons
FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
* Roma (México)
* Guerra Fria (Polônia)
* Cafarnaum (Líbano)
* Assunto de Família (Japão)
* Nunca Deixe de Lembrar (Alemanha)
CURTA DE ANIMAÇÃO * Comportamento Animal (Animal Behaviour) * Bao * Fim de Tarde (Late Afternoon) * Um Pequeno Passo (One Small Step) * Weekends
DOCUMENTÁRIO-CURTA * Black Sheep * Uma Noite no Madison Square Garden (A Night at the Garden) * A Partida Final (End Game) * Lifeboat * Absorvendo o Tabu (Period. End of Sentence.)
Cena da animação japonesa Mirai, de Mamoru Hosoda, indicada para Melhor Longa de Animação (pic by IMDb)
***
A 91ª cerimônia do Oscar está marcada para o dia 24 de fevereiro e será transmitida pela TNT. Até o momento, o evento não conta com nenhum host ou hostess.
Cena de Roma, vencedor dos prêmios de Melhor Filme e Melhor Fotografia no LAFCA (pic by IMDb)
APÓS CONQUISTAR NYFCC, FILME DO MEXICANO ALFONSO CUARÓN REPETE FEITO NO LAFCA
Seguindo o calendário dos prêmios da crítica, chegou a vez de Los Angeles. O que mais gosto do povo de LA é a mente aberta que eles têm em relação aos filmes em língua estrangeira. Todo ano, eles dão algum jeito de conceder um prêmio (além da própria categoria, claro). Normalmente, eles gostam de premiar atrizes estrangeiras. Foi assim com a belga Yolande Moreau, as sul-coreanas Do-yeon Jeon e Jeong-hie Yun, a polonesa Agata Kulesza e as francesas Marion Cotillard, Adèle Exarchopoulos e Isabelle Huppert. Infelizmente, a Academia ainda tem certo preconceito em premiar atuações em idioma estrangeiro, tanto que dessas acima, a única oscarizada foi Cotillard em 2008.
Ainda em comparação ao Oscar, o Los Angeles Film Critics Association (LAFCA) não tem das melhores estatísticas. Dos últimos dez anos, acertou apenas 3 vezes, porém dois foram recentes: Moonlight e Spotlight. Ao que me parece também, as escolhas deste seleto grupo de críticos tende ao humanismo. Eles costumam selecionar produções e performances que apresentem maior ênfase no drama humanista.
Já em relação aos prêmios anteriores, o LAFCA foi na cola de seus colegas nova-iorquinos ao reconhecer Roma como Melhor Filme do ano e a Melhor Fotografia, porém, a melhor Direção ficou com Debra Granik por Não Deixe Rastros. À princípio, não soa como uma escolha politicamente correta, contudo se fosse optar por uma diretora, escolheria Marielle Heller por Poderia Me Perdoar?.
Não Deixe Rastros levou o prêmio de Direção para Debra Granik e seu ator, Ben Foster, ficou com o segundo lugar (pic by IMDb)
Pelas categorias de atuação, houve duas surpresas: a inclusão de Ben Foster (pelo mesmo Não Deixe Rastros) como 2º lugar de Ethan Hawke (que tenta se recuperar da ausência do Globo de Ouro) como Melhor Ator – a maioria acreditava em Bradley Cooper, Christian Bale ou Viggo Mortensen; e a premiação de Steven Yeun como Coadjuvante pelo ótimo filme sul-coreano Em Chamas, que também levou o prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira ao lado do japonês Assunto de Família. Lembra que falei que os críticos de LA adoram abraçar os atores estrangeiros?
Vencedor de Melhor Ator Coadjuvante, Steven Yeun como o enigmático Ben do filme sul-coreano Em Chamas (pic by IMDb)
Na ala feminina, Olivia Colman e Toni Collette estão representando bem as atrizes como vencedora e segundo lugar de Melhor Atriz, enquanto Regina King acumula mais um prêmio de Coadjuvante, e Elizabeth Debicki, mesmo em segundo lugar, ajuda Viúvas a se destacar na temporada.
Na categoria de Documentário, destaque para a vitória de Shirkers, de Sandi Tan. A produção modesta, porém bastante criativa, já está no catálogo brasileiro da Netflix para conferir. Já o Melhor Longa de Animação foi para o surpreendente Homem-Aranha no Aranhaverso, que conseguiu a proeza de bater o segundo lugar da Pixar, Os Incríveis 2. A grande questão é: “E Ilha dos Cachorros?” Não vai ganhar nada?
Shirkers, o documentário sobre o filme perdido dos anos 90, ganha como Melhor Documentário (pic by IMDb)
Dos prêmios especiais, merecido o reconhecimento da diretora chinesa Chloé Zhao pelo humilde e tocante Domando o Destino. Não poderia faltar um citação especial para o último trabalho do mestre Orson Welles por The Other Side of the Wind. E o prêmio pelo conjunto da obra para um dos maiores animadores da história do Cinema: o japonês Hayao Miyazaki, responsável por clássicos da animação como Meu Vizinho Totoro, A Viagem de Chihiro e O Castelo Animado.
VENCEDORES DO 44º LAFCA (2018):
MELHOR FILME:Roma (Roma)
2º lugar: Em Chamas (Beoning)
MELHOR DIRETOR:Debra Granik (Não Deixe Rastros)
2º lugar: Alfonso Cuarón (Roma)
MELHOR ATOR: Ethan Hawke (First Reformed)
2º lugar: Ben Foster (Não Deixe Rastros)
MELHOR ATRIZ:Olivia Colman (A Favorita)
2º lugar: Toni Collette (Hereditário)
MELHOR ATOR COADJUVANTE:Steven Yeun (Em Chamas)
2º lugar: Hugh Grant (Paddington 2)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE:Regina King (Se a Rua Beale Falasse)
2º lugar: Elizabeth Debicki (Viúvas)
MELHOR ROTEIRO:Nicole Holofcener, Jeff Whitty (Poderia Me Perdoar?)
2º lugar: Deborah Davis, Tony McNamara (A Favorita)
MELHOR FOTOGRAFIA:Alfonso Cuarón (Roma)
2º lugar: James Laxton (Se a Rua Beale Falasse)
MELHOR MONTAGEM: Joshua Altman, Bing Liu (Minding the Gap)
2º lugar: Alfonso Cuarón, Adam Gough (Roma)
MELHOR TRILHA MUSICAL:Nicholas Brittel (Se a Rua Beale Falasse)
2º lugar: Justin Hurwitz (O Primeiro Homem)
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE:Hannah Beachler (Pantera Negra)
2º lugar: Fiona Crombie (A Favorita)
MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA:Em Chamas, de Lee Chang-dong (CORÉIA DO SUL) e Assunto de Família, de Hirokazu Koreeda (JAPÃO) – EMPATE
MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO:Homem-Aranha no Aranhaverso (Spider-Man into the Spiderverse), de Bob Persichetti, Peter Ramsey, Rodney Rothman
2º lugar: Os Incríveis 2 (Incredibles 2), de Brad Bird
MELHOR DOCUMENTÁRIO:Shirkers, de Sandi Tan
2º lugar:Minding the Gap, de Bing Liu
PRÊMIO DOUGLAS EDWARDS PARA FILME EXPERIMENTAL: Green Frog, de Evan Johnson, Galen Johnson e Guy Maddin
PRÊMIO NEW GENERATION:Chloé Zhao (Domando o Destino)
CITAÇÃO ESPECIAL:The Other Side of the Wind, de Orson Welles
Alfonso Cuarón dirige cena com Yalitza Aparicio em Roma (pic by imdb)
VENCEDOR DO OSCAR POR ‘GRAVIDADE’, ALFONSO CUARÓN COMPETE PELO MÉXICO
OK, os portões do ENEM fecharam! Ninguém mais entra, ninguém mais sai. 87 países enviaram seus filmes representantes para disputarem as 5 cobiçadas indicações na categoria de Filme em Língua Estrangeira. É importante ressaltar aqui que houve uma ligeira redução de inscritos comparando com o ano passado, quando houve 92 filmes.
Este ano marca a estréia na lista de dois países que muita gente sequer sabia da existência: Malawi e Niger, ambas nações do continente africano. Duas produções ainda aguardam aprovação da Academia: o filme cubano Sergio & Sergei, e o representante do Quirguistão Night Accident.
COMO ESTÁ A DISPUTA ATÉ O MOMENTO?
Ao contrário dos últimos anos, 2019 já tem um franco-favorito: Roma, de Alfonso Cuarón, que ganhou o Leão de Ouro em Veneza, é o representante oficial do México, que nunca ganhou o Oscar de Filme em Língua Estrangeira na história da Academia. Por todos os lugares por quais passa, independente de qual crítico, o filme biográfico do diretor é uma extrema unanimidade, inclusive, com alta possibilidade de concorrer ao Oscar de Melhor Filme (seria a primeira indicação da Netflix) e com boas chances de vencer! Essa dobradinha Melhor Filme e Melhor Filme em Língua Estrangeira nunca aconteceu antes.
Pra quem não se recorda, Alfonso Cuarón já venceu dois Oscars pela ficção científica Gravidade em 2014: Melhor Montagem e Melhor Direção. Ele já havia concorrido antes por Filhos da Esperança em 2007 (Roteiro Adaptado e Montagem) e por E Sua Mãe Também em 2002 (Roteiro Original). Tornou-se o primeiro diretor hispânico a vencer o Oscar de Diretor, abrindo a porta para seus compadres Alejandro González Iñárritu e Guillermo Del Toro.
Sakura Andô (mãe) e Lily Franky (pai) interagem com menina adotada em Assunto de Família (pic by imdb)
Claro que, mesmo diante desse sucesso estrondoso, só vamos ter 100% de certeza quando o filme for anunciado vencedor no palco da cerimônia. Até lá, muita água ainda vai rolar nesse rio de filmes. O representante japonês, Assunto de Família, de Hirokazu Koreeda, figura como uma espécie de segundo lugar nessa bolsa de apostas. Cineasta com presença frequente em grandes festivais internacionais, Koreeda ganhou enorme impulso após a vitória da Palma de Ouro em Cannes com este singelo drama sobre uma família de ladrões que adota uma menina de rua.
Dá pra praticamente cravar que Roma e Assunto de Família já estão garantidos na categoria. As outras 3 vagas podem ir para:
POLÔNIA: Guerra Fria (Cold War), de Pawel Pawlikowski
– Temos aqui o diretor que ganhou o Oscar de Filme Estrangeiro por Ida em 2014, fazendo um novo filme em preto-e-branco com pano de fundo da guerra, tema que muitos votantes adoram. Cold War levou o prêmio de Direção em Cannes. E conta com a belíssima fotografia PB de Lukasz Zal (que foi indicado ao Oscar por Ida).
Joanna Kulig em cena de Guerra Fria (pic by imdb)
CORÉIA DO SUL: Em Chamas (Burning), de Lee Chang-dong
– Bastante elogiado em Cannes, de onde saiu com o FIPRESCI Prize, que reconhece a vertente artística, Em Chamas pode se tornar a primeira indicação da Coréia do Sul ao Oscar após o país perder grande chance com A Criada em 2016. Seu diretor Lee Chang-dong tem um currículo internacional respeitável, já tendo vencido o prêmio de roteiro por Poesia (2010) em Cannes.
Ah-In Yoo, Jong-seo Jeon e Steven Yeun em cena de Em Chamas (pic by imdb)
PARAGUAI: As Herdeiras (Las Herederas), de Marcelo Martinessi
– Em sua passagem pelo Festival de Berlim, o filme conquistou o prêmio de Melhor Atriz para Ana Brun. O filme narra a decadência financeira de uma família da elite paraguaia. O longa paraguaio já estreou no Brasil.
BÉLGICA: Girl, de Lukas Dhont
– A produção acompanha a trajetória de Lara, uma menina de 15 anos nascida num corpo de menino, que tem o sonho de ser bailarina. Girl teve boa passagem pela mostra Un Certain Regard de Cannes, e pode se beneficiar da recente vitória de outro filme LGBT no Oscar: Uma Mulher Fantástica.
Victor Polster como a bailarina Lara em cena de Girl (pic by imdb)
Outros filmes bem cotados são o dinamarquês A Culpa, de Gustave Möller; o alemão Never Look Away, de Florian Henckel von Donnnersmarck (que venceu o Oscar por A Vida dos Outros); e o libanês Capernaum, de Nadine Labaki.
E O BRASIL?
A Academia de Cinema Brasileiro nomeou O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues, para concorrer ao Oscar. Como o filme ainda não estreou em solo brasileiro, acabou não contando com o voto popular. Internacionalmente, o longa teve passagem bem discreta em mostra paralela não-competitiva de Cannes. A seleção se baseou na extensa filmografia do diretor, que este ano foi integrado à Academia de Letras Brasileira, e na temática circense que já fez sucesso décadas atrás na categoria como com A Estrada da Vida, de Federico Fellini.
Jesuíta Barbosa em cena de O Grande Circo Místico (pic by imdb)
A menos que haja uma mega reviravolta na campanha nos EUA, o filme tem tudo para morrer na praia, infelizmente. A escolha mais sensata teria sido entre Benzinho e As Boas Maneiras, que tiveram carreira internacional mais rica, que facilitaria na divulgação. Porém, vamos continuar torcendo… pelo menos até conferir a qualidade do filme!
PREPARE-SE!
No final de dezembro, sai a pré-lista com 9 produções. E os cinco indicados serão conhecidos no dia do anúncio das indicações: 22 de janeiro. A cerimônia acontecerá no dia 24 de fevereiro.
SEGUE A LISTA DAS 87 PRODUÇÕES INSCRITAS PARA O OSCAR 2019:
PAÍS
FILME
DIRETOR(A)(ES)
Afeganistão
Rona Azim’s Mother
Jamshid Mahmoudi
África do Sul
Sew the Winter to my Skin
Jahmil X.T. Qubeka
Alemanha
Never Look Away
Florian H. von Donnersmarck
Argélia
Until the End of Time
Yasmine Chouikh
Argentina
El Ángel
Luis Ortega
Armênia
Spitak
Alexander Kott
Austrália
Jirga
Benjamin Gilmour
Áustria
The Waldheim Waltz
Ruth Beckermann
Bangladesh
No Bed of Roses
Mostofa Sarwar Farook
Bélgica
Girl
Lukas Dhont
Bielorrússia
Crystal Swan
Darya Zhuk
Bolívia
The Goalkeeper
Rodrigo ‘Gory’ Patiño
Bósnia Herzegovina
Never Leave Me
Ainda Begi´c
Brasil
O Grande Circo Místico
Cacá Diegues
Bulgária
Omnipresent
Ilian Djevelekov
Camboja
Graves Without a Name
Rithy Panh
Canadá
Family Ties
Sophie Dupuis
Cazaquistão
Ayka
Sergey Dvortsevoy
Chile
…And Suddenly the Dawn
Silvio Caiozzi
China
Hidden Man
Jiang Wen
Colômbia
Birds of Passage
Cristina Gallego, Ciro Guerra
Coréia do Sul
Em Chamas
Lee Chang-dong
Costa Rica
Medea
Alexandra Latishev
Croácia
The Eighth Comissioner
Ivan Salaj
Dinamarca
Culpa
Gustav Möller
Egito
Yomeddine
A.B. Shawky
Equador
A Son of Man
Jamaicanoproblem
Eslováquia
The Interpreter
Martin Šulík
Eslovênia
Ivan
Janez Burger
Espanha
Champions
Javier Fesser
Estônia
Take it or Leave it
Liina Trishkina-Vanhatalo
Filipinas
Signal Rock
Chito S. Roño
Finlândia
Euthanizer
Teemu Nikki
França
Memoir of War
Emmanuel Finkiel
Geórgia
Namme
Zaza Khalvashi
Grécia
Polyxeni
Dora Masklavanou
Holanda
O Banqueiro da Resistência
Joram Lürsen
Hong Kong
Operation Red Sea
Dante Lam
Hungria
Sunset
László Nemes
Iêmen
10 Days Before the Wedding
Amr Gamal
Índia
Village Rockstars
Rima Das
Indonésia
Marlina the Murderer in Four Acts
Mouly Surya
Irã
Sem Data, Sem Assinatura
Vahid Jalivand
Iraque
The Journey
Mohamed Jabarah Al-Daradji
Islândia
Woman at War
Benedikt Erlingsson
Israel
The Cakemaker
Ofir Raul Graizer
Itália
Dogman
Matteo Garrone
Japão
Assunto de Família
Hirokazu Koreeda
Kosovo
The Marriage
Blerta Zeqiri
Letônia
To Be Continued
Ivars Seleckis
Líbano
Capernaum
Nadine Labaki
Lituânia
Wonderful Losers: A Different World
Arunas Matelis
Luxemburgo
Gutland
Govinda Van Maele
Macedônia
Secret Ingredient
Gjorce Stavreski
Malawi
The Road to Sunrise
Shemu Joyah
Marrocos
Burnout
Nour-Eddine Lakhmari
México
Roma
Alfonso Cuarón
Montenegro
Iskra
Gojko Berkuljan
Nepal
Panchayat
Shivam Adhikari
Níger
The Wedding Ring
Rahmatou Keïta
Noruega
What Will People Say
Iram Haq
Nova Zelândia
Yellow is Borbidden
Pietra Brettkelly
Palestina
Ghost Hunting
Raed Andoni
Panamá
Ruben Blades is not my Name
Abner Benaim
Paquistão
Cake
Assim Abbasi
Paraguai
As Herdeiras
Marcelo Martinessi
Peru
Eternity
Oscar Catacora
Polônia
Guerra Fria
Pawel Pawlikowski
Portugal
Pilgrimage
João Botelho
Quênia
Supa Modo
Likarion Wainaina
Reino Unido
I Am Not a Witch
Rungano Nyoni
Rep Dominicana
Cocote
Nelson Carlo De Los S. Arias
Rep Tcheca
Winter Flies
Olmo Omerzu
Romênia
I Do Not Care If We Go Down in History as Barbarians
Cena de Suburbicon, novo filme dirigido por George Clooney, com Julianne Moore e Matt Damon (pic by cine.gr)
PRÉ-CANDIDATOS AO OSCAR BUSCAM OS HOLOFOTES INTERNACIONAIS PARA ABRIR A TEMPORADA DE PREMIAÇÕES
Houve um tempo em que os filmes selecionados pelo Festival de Veneza, o mais antigo do mundo, tinham um distância quilométrica do Oscar. Era extremamente raro que um filme presente no evento italiano também estivesse no prêmio da Academia. Claro que todos os grandes festivais hoje tiveram uma aproximação com o Oscar por causa da projeção internacional, mas Veneza se tornou palco do “esquenta”.
Pra isso, Veneza convidou artistas hollywoodianos que certamente atrairão mais olhares para o evento e ao mesmo tempo se beneficiarão com a abertura de temporada de premiações. Assim, teremos os novos trabalhos de George Clooney, Darren Aronofsky, Alexander Payne e Guillermo del Toro. Se vão ganhar prêmios são outros quinhentos, mas somente a presença no festival já os consolida como fortes candidatos ao Oscar. Vale sempre ressaltar que Veneza teve recordistas de indicações ao Oscar nos últimos 4 anos: Gravidade (2013), Birdman (2014) e La La Land (2016).
Particularmente, já dou como certas as indicações para Clooney e Payne, que costumam ter uma forte afinidade com os gostos da Academia. Curiosamente, ambos os filmes foram protagonizados por Matt Damon, que pode ter até dupla indicação na categoria de Ator – Comédia ou Musical no próximo Globo de Ouro.
Já os filmes de Aronofsky e del Toro ainda tenho minhas dúvidas por apresentarem elementos do gênero terror, mas acredito que devem obter sucesso em categorias técnicas. Contudo, ambos podem ter ótimas chances com suas atrizes: Jennifer Lawrence e Sally Hawkins, respectivamente, em Mother! e The Shape of Water.
Sally Hawkins interage com um experimento do governo em The Shape of Water, de Guillermo del Toro
Particularmente, tenho boas expectativas em relação a três diretores:
Martin McDonagh
Mais conhecido pelas ótimas comédias Na Mira do Chefe e Sete Psicopatas e um Shih Tzu, o diretor britânico chega com Three Billboards Outside Ebbing, Missouri. Aqui temos a atriz Frances McDormand como uma mãe que desafia o chefe da polícia da cidade depois que sua filha foi assassinada e não houve nenhum preso. É curiosa a capacidade de McDonagh de conseguir extrair humor de temas bastante pesados, algo que apenas os irmãos Coen conseguiam fazer com maestria até alguns anos atrás. E engana-se quem pensa que se trata de apenas uma comédia. O filme critica a baixa eficiência policial (imagina se a personagem vivesse no Brasil…) e a prisão e tortura de negros, que continua recorrente nos EUA. Veja trailer abaixo:
Andrew Haigh
Admito que a trama de Lean on Pete, adaptação homônima do romance, sobre um jovem que busca sua tia perdida acompanhado por um cavalo de corrida não me animou muito, mas pra quem amou seu filme anterior, 45 Anos, é impossível não criar expectativas. No elenco, o diretor conta com os experientes Steve Buscemi e Chloë Sevigny. É esperar pra ver…
Abdellatif Kechiche
Esse diretor tunisiano conquistou Cannes e o mundo com seu filme anterior: Azul é a Cor Mais Quente, mas pra quem conferiu seus outros trabalhos como O Segredo do Grão e Vênus Negra, sabe que estamos diante de um diretor extremamente cuidadoso esteticamente e que não abre mão de seu olhar minucioso do comportamento humano. Ele traz Mektoub, My Love: Canto Uno que aborda a difícil decisão de um roteirista entre seu amor e sua carreira, curiosamente, um tema bastante parecido com o musical La La Land.
FORA DE COMPETIÇÃO
Embora não estejam competindo pelo Leão de Ouro, algumas produções também podem conseguir seu lugar ao sol na temporada de premiações. O novo filme de Stephen Frears, Victoria and Abdul, sobre a história verídica da amizade entre a rainha Victoria e um serviçal indiano, aparentemente se assemelha ao A Rainha (2006), que rendeu o Oscar para Helen Mirren. Honestamente, com exceção do ótimo Philomena (2014), os últimos trabalhos de Frears me desagradam um pouco por apresentarem formato e linguagem de TV, mas o diretor britânico tem seu talento inquestionável na direção de atores. E curiosamente Judi Dench volta a interpretar a rainha Victoria depois de Sua Majestade Mrs. Brown (1997), filme pelo qual foi indicada ao Oscar e perdeu injustamente para Helen Hunt.
Achei interessante o documentário que William Friedkin trouxe a Veneza: The Devil and Father Amorth (em tradução livre: “O Diabo e o Padre Amorth”), que captura imagens do nono exorcismo praticado pelo padre na Itália. Mesmo após mais de quatro décadas do clássico O Exorcista (1973), o diretor americano continua muito vinculado ao exorcismo, portanto, esse documentário pode de alguma forma “exorcizá-lo” dessa ligação e ao mesmo tempo, alimentar a sede de seus incontáveis fãs de como ele tratará desse tema novamente.
DISPUTA POR NOVOS FILMES
Por se tratar de um festival que acontece em setembro, existem desvantagens também, pois as atenções se dividem com o festival canadense de Toronto. Embora não tenha o mesmo prestígio do italiano, tem servido de vitrine para os filmes americanos, os vencedores do People’s Choice Awards costumam ser indicados a Melhor Filme (vide os recentes O Quarto de Jack, O Jogo da Imitação, 12 Anos de Escravidão e O Lado Bom da Vida), sem contar que o país é vizinho dos EUA e o mesmo idioma.
Em entrevista, o diretor do Festival de Veneza, Alberto Barbera, se disse “97% satisfeito” com sua seleção, já que houve apenas dois ou três filmes que ele queria exibir, mas não pôde porque já estavam comprometidos com outros festivais, provavelmente Toronto.
Contudo, se formos analisar os filmes exibidos em Veneza, temos muitos que também estarão presentes em Toronto. A única diferença é que o festival italiano exibirá alguns dias antes. Entre algumas exclusividades estão o novo filme de Angelina Jolie como diretora, First They Killed My Father, um drama pesado sobre o genocídio no Camboja feito para a Netflix; a nova produção de Joe Wright, Darkest Hour, que promete gerar a segunda indicação ao Oscar para Gary Oldman, interpretando um impecável Winston Churchill; o drama verídico Film Stars Don’t Die in Liverpool sobre um romance da atriz Gloria Grahame com um jovem traz Annette Bening como a protagonista (será que ela ganha o Oscar desta vez?); e Stronger, um drama que recria o atentado da Maratona de Boston e uma vítima que perdeu as pernas com a explosão da bomba. Jake Gyllenhaal promete arrancar lágrimas do público.
Estou bastante curioso pra conferir o novo filme da dupla Jonathan Dayton e Valerie Faris, que se consagraram com Pequena Miss Sunshine (2006): Battle of the Sexes, que recria uma disputa de tênis bastante curiosa ocorrida em 1973 entre Billie Jean King (Emma Stone) e o ex-campeão Bobby Riggs (Steve Carell). Além de toda a caracterização de época (Emma Stone está quase irreconhecível com aqueles óculos fundo de garrafa), será curioso ver o quanto de atual ainda temos sobre essa discussão de igualdade entre gêneros.
Emma Stone e Steve Carell fazem dupla de tenistas em 1973 em Battle of the Sexes (pic by moviepilot.de)
E também bastante interessado em assistir ao francês 120 Battements par Minute (BPM (Beats per Minute), de Robin Campillo, que foi bem ovacionado em Cannes. Trata-se da luta de um portador de Aids contra a indiferença no início dos anos 90. Embora os filmes representantes para o Oscar de Filme Estrangeiro ainda não tenham sido definidas, muito provavelmente este será o candidato da França e com fortes chances de ganhar a estatueta, que o país não ganha desde 1993 com Indochina.
SELEÇÃO DO FESTIVAL INTERNACIONAL DE TORONTO
GALAS Breathe The Catcher Was A Spy Darkest Hour Film Stars Don’t Die in Liverpool Kings Long Time Running Mary Shelley The Mountain Between Us Mudbound Stronger The Wife Woman Walks Ahead
APRESENTAÇÕES ESPECIAIS Battle of the Sexes BPM (Beats Per Minute) The Brawler The Breadwinner Call Me By Your Name Catch the Wind
The Current War The Children Act Disobedience Downsizing A Fantastic Woman First They Killed My Father The Guardians Hostiles The Hungry I, Tonya mother! Novitiate Omerta Plonger The Price of Success Professor Marston & the Wonder Women The Rider A Season in France The Shape of Water Sheikh Jackson The Square Submergence Suburbicon Thelma Three Billboards Outside Ebbing, Missouri
Untitled Bryan Cranston/Kevin Hart Film Victoria and Abdul
INDICADOS AO LEÃO DE OURO 2017
Human Flow
Dir: Ai Weiwei (Alemanha, EUA)
Mother!
Dir: Darren Aronofsky (EUA)
Suburbicon
Dir: George Clooney (EUA)
The Shape Of Water
Dir: Guillermo Del Toro (EUA)
L’Insulte
Dir: Ziad Doueiri (França, Líbano)
La Villa
Dir: Robert Guediguian (França)
Lean on Pete
Dir: Andrew Haigh (Reino Unido)
Mektoub, My Love: Canto Uno
Dir: Abdellatif Kechiche (França)
The Third Murder
Dir: Hirkazu Koreeda (Japão)
Jusqu’a La Garde
Dir: Xavier Legrand (França)
Amore e Malavita
Dir: Manetto Bros. (Itália)
Three Billboards Outside Ebbing, Missouri
Dir: Martin McDonagh (Reino Unido)
Hannah
Dir: Andrea Pallaoro (Itália, Bélgica, França)
Downsizing
Dir: Alexander Payne (EUA)
Angels Wear White
Dir: Vivian Qu (China, França)
Una Famiglia
Dir: Sebastiano Risio (Itália)
First Reformed
Dir: Paul Schrader (EUA)
Sweet Country
Dir: Warwick Thornton (Austrália)
The Leisure Seeker
Dir: Paolo Virzì (Itália)
Ex Libris – The New York Public Library
Dir: Frederick Wiseman (EUA)
FORA DE COMPETIÇÃO
Eventos Especiais
Casa D’Altri
Dir: Gianni Amelio (Itália)
Michael Jackson’s ‘Thriller’ 3D
Dir: John Landis (EUA)
Making of Michael Jackson’s ‘Thriller’
Dir: Jerry Kramer (EUA)
FICÇÃO
Our Souls at Night
Dir: Ritesh Batra (EUA)
Il Signor Rotopeter
Dir: Antonietta De Lillo (Itália)
Victoria and Abdul
Dir: Stephen Frears (Reino Unido)
La Melodie
Dir: Rachid Hami (França)
Outrage Coda
Dir: Takeshi Kitano (Japão)
Loving Pablo
Dir: Fernando Leon De Aranoa (Espanha)
Zama
Dir: Lucrecia Martel (Argentina, Brasil)
Wormwood
Dir: Errol Morris (EUA)
Diva!
Dir: Francesco Patierno (Itália)
La Fidele
Dir: Michael R. Roskam (Bélgica, França, Holanda)
The Private Life of a Modern Woman
Dir: James Toback (EUA)
Brawl in Cell Block 99
Dir: S. Craig Zahler (EUA)
NÃO-FICÇÃO
Cuba and the Cameraman
Dir: Jon Albert (EUA)
My Generation
Dir: David Batty (Reino Unido)
The Devil and Father Amorth
Dir: William Friedkin (EUA)
This Is Congo
Dir: Daniel McCabe (Congo)
Ryuichi Sakamoto: Coda
Dir: Stephen Nomura Schible (EUA, Japão)
Jim & Andy: The Great Beyond. The Story of Jim Carrey, Andy Kaufman, and Tony Clifton
Dir: Chris Smith (EUA)
Pôster oficial do 68º Festival de Cannes, estrelado por Ingrid Bergman
COM IRMÃOS COEN PRESIDENTES DO JÚRI, CANNES APRESENTA NOMES CONSAGRADOS COM POUCAS APOSTAS
Na última quinta-feira, dia 16, o diretor Thierry Frémaux anunciou a seleção oficial de filmes, dando início ao 68º Festival de Cannes, que tem início no dia 13 de maio e vai até o dia 24. Como tem sido tradição nos últimos anos, o pôster do evento foi preenchido por uma estrela de cinema internacional, e este ano, devido ao seu centenário, a escolhida foi a bela e talentosa Ingrid Bergman. Como sua filha Isabella Rossellini (que será presidente da seleção Un Certain Regard) destacou, ela atuou em produções européias modestas como Stromboli (1950) até produções oscarizadas de estúdios hollywoodianos como Casablanca (1943) e Anastácia, a Princesa Esquecida (1956), pelo qual ganhou seu segundo Oscar de Melhor Atriz.
Com esse start clássico, o festival se mostra promissor também pela escolha de seu presidente do júri, ou melhor, dos presidentes: Joel Coen e Ethan Coen. Os irmãos já levaram a Palma de Ouro em 1991 com Barton Fink – Delírios de Hollywood, mais três prêmios de Direção pelo mesmo Barton Fink, Fargo (1996) e O Homem que Não Estava Lá (2001), além do Grande Prêmio do Júri conquistado ano passado com Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum. Vale lembrar que os irmãos também já levaram o Oscar de Roteiro Original por Fargo, e a trinca de Oscars (Filme, Direção e Roteiro Adaptado) por Onde os Fracos Não Têm Vez em 2008, sendo responsáveis pelos Oscars de atuação de Frances McDormand e Javier Bardem.
Joel Coen e Ethan Coen formam a primeira dupla de presidentes da História de Cannes (photo by Alison Cohen Rosa/ Universal Pictures)
AUTORES EM ALTA PREENCHEM AS VAGAS, MAS NÃO HÁ LATINO-AMERICANOS
A dupla americana terá prato cheio este ano para eleger os melhores. Dentre os selecionados renomados estão Gus Van Sant (vencedor da Palma de Ouro com Elefante em 2003), o canadense Denis Villeneuve (Os Suspeitos), Todd Haynes (indicado à Palma com Velvet Goldmine em 1998), o italiano Nanni Moretti (vencedor da Palma de Ouro com O Quarto do Filho em 2001), Paolo Sorrentino (vencedor do Oscar de Filme em Língua Estrangeira por A Grande Beleza, esta é sua sexta indicação sem vitória) e o também italiano Matteo Garrone, que já levou o Grande Prêmio do Júri em duas oportunidades com Gomorra (2008) e Reality – A Grande Ilusão (2012).
Matthew McConaughey e Ken Watanabe formam uma dupla nessa história de suicídio em The Sea of Trees, de Gus Van Sant (photo by filmserver.cz)
Neste mundo globalizado, vale destacar também a estréia de dois diretores em produções de língua inglesa. O grego Yorgos Lanthimos, que ficou conhecido pelo estranho Dente Canino (que chegou a concorrer ao Oscar de Filme em Língua Estrangeira em 2010), conta uma história futurista em que todos os solteiros são obrigados a encontrar um par em 45 dias, caso contrário, serão soltos nas florestas como animais. Para ajudar a contar essa ficção científica, The Lobster, ele terá a colaboração de um elenco hollywoodiano formado por Colin Farrell, Rachel Weisz, John C. Reilly, Ben Wishaw e Léa Seydoux. Em termos de elenco, o norueguês Joachim Trier não fica muito atrás. No drama Louder than Bombs, ele contará com Isabelle Huppert, Gabriel Byrne, David Strathairn, Amy Ryan e Jesse Eisenberg.
Da esquerda para a direita: John C. Reilly, Ben Wishaw e Colin Farrell em The Lobster (photo by indiewire.com)
Os asiáticos também estão bem representados com o chinês Jia Zhangke, que levou o prêmio de roteiro por Um Toque de Pecado em 2013; o japonês Hirokazu Koreeda retorna com o prêmio do Júri por Pais e Filhos (2013) no currículo; e indicado seis vezes à Palma de Ouro, o taiwanês Hou Hsiao-Hsien, que conquistou o prêmio do Júri em 1993 por Mestre das Marionetes, volta depois de um hiato de 8 anos para tentar sua primeira grande vitória.
Infelizmente, não há representantes latino-americanos na seleção. Normalmente, existe uma produção argentina ou chilena concorrendo, mas essa ausência total acende um alerta para a produção cinematográfica latina e a fragilidade dos incentivos culturais de seus governos, porque alguém aí está devendo. A própria produção brasileira está sumida de Cannes, pois as últimas participações brasileiras foram com o diretor Walter Salles e seu Na Estrada, uma co-produção com a França, em 2012; e com Fernando Meirelles e seu Ensaio Sobre a Cegueira, uma co-produção com Canadá e Japão, em 2008. O último filme brasileiro de fato indicado à Palma de Ouro foi Linha de Passe (2008), de Walter Salles, que levou o prêmio de interpretação feminina para Sandra Corveloni. Se o Cinema brasileiro não estivesse tão “padrão Globo” com comédias bobas que nada têm a dizer, poderia haver mais projeção internacional.
ATORES CANDIDATOS AOS PRÊMIOS DE INTERPRETAÇÃO
Se entre os diretores, a competição já está acirrada, o mesmo pode se dizer dos atores que estão concorrendo aos prêmios de interpretação. Uma das atrizes mais prolixas da atualidade que nunca venceu em Cannes é a australiana Cate Blanchett. Ela larga na frente por sua performance no drama Carol, um romance lésbico ao lado da atriz Rooney Mara que se passa na década de 50 em Nova York. Dependendo do júri, se for do seu agrado, o prêmio pode ser dividido entre as duas, já que não existem regras rígidas como no Oscar.
Cate Blanchett em Carol, de Todd Haynes. (photo by Weinstein Co. through variety.com)
Pela adaptação de Shakespeare, Macbeth, pode vir outra forte candidata feminina: a francesa Marion Cotillard. Ela já havia batido na trave duas vezes com Ferrugem e Osso em 2012, e com Dois Dias, Uma Noite em 2014, mas nunca levou o prêmio também. Pelo mesmo MacBeth, o alemão Michael Fassbender deve figurar entre os favoritos entre as performances masculinas, assim como a dupla Matthew McConaughey e Ken Watanabe por The Sea of Trees, de Gus Van Sant. Por Youth, de Paolo Sorrentino, nomes de peso também chamam atenção: Michael Caine, Harvey Keitel e Jane Fonda. Já pelo filme de Garrone, The Tale of Tales, Salma Hayek e Vincent Cassel são as grandes estrelas. Enfim, será um prato cheio também para os papparazzis do tapete vermelho da Croisette.
Marion Cotillard e Michael Fassbender formam o casal Macbeth no filme homônimo. (photo by vaiety.com)
VITRINE FORA DA COMPETIÇÃO
Houve o tempo em que os filmes que não concorriam à Palma de Ouro eram considerados fracos. Hoje, além da forte criatividade da seleção Un Certain Regard (Um Certo Olhar), que visa justamente trazer novo fôlego à linguagem do cinema, existem produções que simplesmente reforçam a importância do Festival de Cannes só por sua participação.
Assim, o novo filme de Woody Allen, a “dramédia” romântica Irrational Man, estrelado por Joaquin Phoenix e Emma Stone, está programado para ser exibido fora da competição. Como Cannes é também uma excelente vitrine de vendas, estão previstas as estréias da refilmagem de George Miller, Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road), estrelado por Tom Hardy e Charlize Theron; a mais nova animação da Pixar, Divertida Mente (Inside Out), com as vozes de Diane Lane, Amy Poehler e Bill Hader; e a mais nova adaptação do clássico infantil de Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe, uma animação que conta com as vozes de Rachel McAdams, Jeff Bridges, Benicio Del Toro, James Franco e Marion Cotillard.
Tom Hardy, no papel que revelou Mel Gibson, em Mad Max: Estrada da Fúria (photo by outnow.ch)
Tem se tornado tradição também Cannes abrir espaço para filmes de estréia de atores conhecidos. Ano passado, Ryan Gosling teve seu filme como diretor-estreante, Rio Perdido, exibido na Mostra Camera D’Or. Este ano, a estrela da vez é a israelense Natalie Portman, vencedora do Oscar por Cisne Negro. Ela dirigiu A Tale of Love and Darkness, adaptação de um livro autobiográfico de seu conterrâneo Amos Oz. sobre as décadas de 40 e 50 que ele viveu em Jerusalém. A atriz interpreta a mãe do protagonista.
Natalie Portman em seu primeiro filme como diretora em A Tale of Love and Darkness (photo by celebmafia.com)
INDICADOS À PALMA DE OURO 2015:
• Standing Tall – FILME DE ABERTURA
Dir: Emmanuelle Bercot
Palma de Ouro
• The Assassin (Nie yin niang)
Dir: Hou Hsiao-Hsien
• Carol (Carol) Dir: Todd Haynes
• Erran (Deephan)
Dir: Jacques Audiard
• The Lobster
Dir: Yorgos Lanthimos
• Louder Than Bombs
Dir: Joachim Trier
• Macbeth
Dir: Justin Kurzel
• Marguerite and Julien (Marguerite et Julien)
Dir: Valérie Donzelli
• Mon roi
Dir: Maïwenn
• Mountains May Depart (Shan He Gu Ren)
Dir: Jia Zhangke
• My Mother (Mia Madre)
Dir: Nanni Moretti
• Our Little Sister (Umimachi Diary)
Dir: Hirokazu Koreeda
• The Sea of Trees
Dir: Gus Van Sant
• Sicario
Dir: Denis Villeneuve
• A Simple Man (La loi du marché)
Dir: Stéphane Brizé
• Son of Saul (Saul Fia)
Dir: Laszlo Nemes
• The Tale of Tales (Il racconto dei racconti)
Dir: Matteo Garrone
• Youth (La Giovinezza)
Dir: Paolo Sorrentino
Cena de The Assassin, de Hou Hsiao-Hsien (photo by cine.gr)
SELEÇÃO UN CERTAIN REGARD 2015:
Seleção Un Certain Regard
♦ The Chosen Ones Dir: David Pablos
♦ Fly Away Solo Dir: Neeraj Ghaywan
♦ The Fourth Direction Dir: Gurvinder Singh
♦ The High Sun Dir: Dalibor Matanic
♦ I Am a Soldier Dir: Laurent Lariviere
♦ Journey to the Shore (Kishibe no Tabi) Dir: Kiyoshi Kurosawa
♦ Madonna Dir: Shin Su-won
♦ Maryland Dir: Alice Winocour
♦ Nahid Dir: Ida Panahandeh
♦ One Floor Below Dir: Radu Muntean
♦ The Other Side Dir: Roberto Minervini
♦ Rams Dir: Grimur Hakonarson
♦ The Shameless Dir: Oh Seung-euk
♦ The Treasure Dir: Corneliu Porumboiu
Cena de Journey to the Shore, de Kyoshi Kurosawa (phot by cine.gr)
MIDNIGHT SCREENINGS
♠ Amy Dir: Asif Kapadia
♠ Office Dir: Hong Won-chan
Cena do documentário sobre a cantora Amy Winehouse, morta em 2011. (photo by cine.gr)
SPECIAL SCREENINGS
♣ Amnesia Dir: Barbet Schroeder
♣ Asphalte Dir: Samuel Benchetrit
♣ Hayored lema’ala Dir: Elad Keidan
♣ Oka Dir: Souleymane Cisse
♣ Panama Dir: Pavle Vuckovic
♣ A Tale of Love and Darkness Dir: Natalie Portman
FORA DE COMPETIÇÃO
– Irrational Man
Dir: Woody Allen
– O Pequeno Príncipe (The Little Prince)
Dir: Mark Osborne
– Divertida Mente (Inside Out)
Dir: Pete Docter
– Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road)
Dir: George Miller
Cena da nova animação da Pixar, Divertida Mente, de Pete Docter (photo by cine.gr)