Oscar 2015: Atores para sua consideração

Keira Knightley (The Imitation Game) - photo by outnow.ch

Pelo filme The Imitation Game: À esquerda, Keira Knightley, e ao centro, Benedict Cumberbatch, fazem parte do grupo de atores jovens e promissores de Hollywood que podem preencher as vagas do Oscar 2015 (photo by outnow.ch)

DISPUTA NAS CATEGORIAS DE ATUAÇÃO BUSCAM APOSTAS ALTERNATIVAS

Num recente levantamento feito pela Variety, houve uma previsão interessante para a categoria de Melhor Ator no Oscar 2015. Todos os cinco concorrentes podem ter sua primeira indicação! Dentre os possíveis concorrentes estão: Steve Carell (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo), Benedict Cumberbatch (The Imitation Game), Michael Keaton (Homem-Pássaro), Oscar Isaac (A Most Violent Year), Jack O’Connell (Invencível), Eddie Redmayne (The Theory of Everything) e Timothy Spall (Sr. Turner), nenhum deles jamais foi reconhecido pela Academia.

Claro que dificilmente todos os cinco serão estreantes, mas no mínimo três são bem prováveis: Steve Carell, Michael Keaton e Benedict Cumberbatch. Embora nunca tenham sido indicados, o trabalho deles vêm sendo aclamado pela crítica, e dependendo dos prêmios de associação de críticos como o National Board of Review (NBR), New York Film Critics Circle (NYFCC) e Los Angeles Film Critics Association (LAFCA), as apostas ganham consistência e podem se concretizar em indicações.

Como levantado aqui no blog (https://cinemaoscareafins.wordpress.com/2014/09/05/primeira-previa-do-oscar-2015-para-aqueles-que-nao-aguentam-esperar/), alguns atores mais conhecidos são esperados na lista como Joaquin Phoenix (Vício Inerente), Brad Pitt (Corações de Ferro) e Ralph Fiennes (O Grande Hotel Budapeste), mas outros nomes ainda precisam daquele “empurrãozinho” na campanha pela indicação.

Já na ala feminina, nomes mais conhecidos e indicados anteriormente figuram na lista. Reese Witherspoon já corre um pouco na frente pelo drama Livre. Ela ganhou o Oscar em 2006 por sua performance como June Carter em Johnny & June. Se depender do número de indicações sem vitória, Amy Adams já está no páreo por Big Eyes. Recebeu ao todo 5 indicações: 4 como coadjuvante e uma como atriz principal neste ano por Trapaça. Existe a possibilidade também de Julianne Moore entrar no bolo por Still Alice, no qual ela faz uma professora de linguística que passa a esquecer as palavras. Personagens com problemas mentais sempre largam na frente, como a Iris de Judi Dench.

Também na lista, Jessica Chastain pode concorrer pela terceira vez ao Oscar por dois trabalhos: A Most Violent Year e The Disappearence of Eleanor Rigby. Numa disputa acirrada com Jennifer Lawrence em 2013, a Academia pode tentar compensá-la pela derrota por A Hora Mais Escura. Entre as nunca indicadas, estão Felicity Jones (The Theory of Everything) e Rosamund Pike (Garota Exemplar).

CHANNING TATUM
Melhor Ator (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)

Chaning Tatum (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo) - photo by elfilm.com

Channing Tatum (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo) – photo by elfilm.com

Quando o jovem Channing Tatum se tornou um rosto famoso, ele fez uma declaração que me deixou intrigado. Na ocasião, ele teria dito que faria de tudo para ser indicado ao Oscar. Não levei muito à sério devido ao naipe das produções que ele estrelava naqueles anos como G.I. Joe: A Origem de Cobra e Ela Dança, Eu Danço, mas ele passou a chamar a atenção de diretores renomados como Steven Soderbergh e Michael Mann, chegando a esse papel em Foxcatcher.

Sob a direção de Bennett Miller, Tatum consegue imprimir uma de suas melhores performances de forma bem contida. Tentamos entender seu personagem o filme todo através de seu olhar e mesmo assim, sem grande sucesso. Seu maior “problema” para ser indicado é justamente seu parceiro de tela, Steve Carell. A Sony Pictures Classics decidiu fazer a campanha de ambos para a categoria de Melhor Ator, o que deve enfraquecer seu lado, uma vez que Carell me parece imbatível com sua interpretação fria, contida e com a prótese de nariz. O caso de Channing Tatum me lembra muito o de Mark Wahlberg, que estava bem em O Vencedor, mas ficou em segundo plano por causa de seus colegas Christian Bale e Melissa Leo, que ganharam os Oscars de coadjuvante.

JAKE GYLLENHAAL
Melhor Ator (O Abutre)

Jake Gyllenhaal (O Abutre) - photo by outnow.ch

Jake Gyllenhaal (O Abutre) – photo by outnow.ch

Jake Gyllenhaal foi indicado uma vez como coadjuvante por O Segredo de Brokeback Mountain em 2006. De lá pra cá, ele vem testando seus limites como ator em papéis diversificados em Soldado Anônimo e nos elogiados Marcados Para Morrer e Os Suspeitos, pelos quais alguns críticos acreditam que ele merecia maior reconhecimento artístico. Mas talvez ele venha agora com seu novo trabalho em O Abutre, de Dan Gilroy.

Nele, Gyllenhaal é um jornalista criminólogo que passa de observador a participante de um crime depois de muito tempo sem trabalho. A matéria da Variety aponta que não se trata de material para Oscar, o que é verdade, afinal é um filme e uma performance mais sombria que dificilmente sai premiada pela Academia, mas o ator obedeceu à cartilha de vitória no Oscar ao perder bastante peso para o papel (vencedor do Oscar deste ano, Matthew McConaughey, é um ótimo exemplo disso). Gyllenhaal perdeu mais de 13 quilos para viver o paparazoo Lou Bloom, e esta pode ser sua passagem para o tapete vermelho.

ELLAR COLTRANE
Melhor Ator (Boyhood – Da Infância à Juventude)

Ellar Coltrane (Boyhood - Da Infância à Juventude) - photo by cinemagia.ro

Ellar Coltrane (Boyhood – Da Infância à Juventude) – photo by cinemagia.ro

Com tantos atores na disputa na categoria de Melhor Ator, fica difícil de incluir o novato Ellar Coltrane até mesmo no buzz (burburinho) do Oscar. Claro que a sua conquista de 12 anos é digna de muitos prêmios, afinal, são poucos os atores que se comprometeriam a um projeto por tanto tempo de suas vidas (lembrando que o diretor Richard Linklater pediu para que os atores não fizessem alterações em seus rostos nesse período).

Obviamente, se a Academia estiver disposta a incentivar o menino, nada melhor do que uma indicação ao Oscar, certo? Em uma declaração recente, Coltrane teria dito que não tinha planos de continuar atuando, então essa decisão pode tomar rumos inesperados nessa temporada de premiação. Por um lado, o reconhecimento pode se tornar uma espécie de despedida, e de outro, um incentivo, do tipo que faltou para a cantora islandesa Björk depois da sua intensa atuação em Dançando no Escuro.

BEN AFFLECK
Melhor Ator (Garota Exemplar)

Ben Affleck (Garota Exemplar)

Ben Affleck (Garota Exemplar)

A Variety defende o posto de Ben Affleck aqui com o inedistimo de uma indicação como ator, já que já ganhou como roteirista por Gênio Indomável em 1998 e mais recentemente como produtor por Argo em 2013. Claro que a direção de David Fincher ajudou Affleck a encontrar uma atuação mais consistente, mas sinceramente? Só consigo ver Ben Affleck sendo Ben Affleck. Ele se esforça em construir a personalidade inferiorizada de Nick Dunne em meio ao caos do desaparecimento de sua esposa, mas não consigo me desvencilhar da imagem do próprio ator.

Essa interpretação me lembra um pouco a do ano passado de Tom Hanks em Capitão Phillips. Ele é capturado, torturado e mantido em cativeiro o filme todo, mas pra mim, era o Tom Hanks ali. Parecia não haver um trabalho para construir uma personagem de fato, mas apenas as reações de um personagem perante às situações absurdas do seqüestro do navio cargueiro. De qualquer forma, considero Affleck carta fora do baralho também pela forte concorrência do ano. Nem sua absurda não-indicação como diretor por Argo há dois anos vai ser compensada numa indicação aqui.

KEIRA KNIGHTLEY
Melhor Atriz (Mesmo se Nada der Certo)

Keira Knightley (Mesmo Se Nada Der Certo) - photo by outnow.ch

Keira Knightley (Mesmo Se Nada Der Certo) – photo by outnow.ch

A Academia adora quando atores soltam suas cordas vocais. Anne Hathaway, Marion Cotillard, Reese Witherspoon e Jamie Foxx são alguns exemplos recentes de vencedores da estatueta que cantaram para viver seus personagens. Nesse quesito, a jovem Keira Knightley pode ter um trunfo na manga por seu papel em Mesmo se Nada Der Certo. Nele, ela interpreta Gretta, uma dedicada cantora de Manhattan com o mesmo guarda-roupa da personagem Annie Hall (Diane Keaton em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa), que tem que se virar depois se separar do namorado, que é uma estrela do rock.

Contudo, como a própria atriz ressaltou numa entrevista, ela gostaria que o filme tivesse sido mais visto nos cinemas, mas provavelmente só será nos formatos digitais do DVD e do Blu-ray. Os baixos números podem prejudicar sua campanha ao Oscar, mas os DVDs podem ser mais facilmente entregues aos votantes da Academia. De qualquer forma, Knightley está bem cotada para sua segunda indicação (foi previamente indicada como Melhor Atriz em 2006 por Orgulho e Preconceito), mas desta vez como coadjuvante por The Imitation Game.

ANNE DORVAL
Melhor Atriz (Mommy)

Anne Dorval (Mommy) - photo by outnow.ch

Anne Dorval (Mommy) – photo by outnow.ch

A atriz canadense Anne Dorval se mostra a mais bem cotada entre as estrangeiras a receber uma indicação em 2015. É bem provável que ela ganhe o prêmio de Melhor Atriz da Associação de Críticos de Los Angeles (LAFCA), que adora reconhecer o trabalho de atrizes estrangeiras. Só para citar algumas recentemente premiadas: as francesas Adèle Exarchopoulos e Emmanuelle Riva, as sul-corenas Jeong-hie Yun e Hye-ja Kim, e a belga Yolande Moreau. Além disso, o filme que ela protagoniza, Mommy, foi muito bem recebido em Cannes, e alguns alegam que ela foi “roubada” em sua categoria. O júri presidido pela cineasta Jane Campion resolveu premiar a atriz americana Julianne Moore por Maps to the Stars.

Em Mommy, Dorval interpreta uma mãe viúva disposta a tudo para ajudar seu filho violento e problemático. Com a categoria de Atriz não tão acirrada assim, a atriz canadense pode ter uma ótima chance de adentrar a lista de indicadas. Tudo vai depender dos prêmios dos críticos americanos até sua chegada no Globo de Ouro em janeiro.

JOHN LITHGOW
Ator Coadjuvante (O Amor é Estranho)

John Lithgow (O Amor é Estranho) - photo by cine.gr

John Lithgow (O Amor é Estranho) – photo by cine.gr

Uma das coisas que mais admiro no cinema americano é a existência de oportunidades de um ator ou atriz se reerguer. Sempre defendo que se um profissional de interpretação quer mesmo um desafio, procure o cinema americano independente. Lá, ele encontrará projetos estimulantes e desafiadores que podem  criar ou resgatar uma identidade do artista. Um que sempre cito nessas conversas é o Keanu Reeves. Se eu fosse amigo dele, falaria: “Keanu, meu filho, esqueça essas bobagens de blockbusters. Você já tem dinheiro o suficiente. Resgate sua auto-estima e procure projetos menores e independentes.” Claro que seu agente não deve compartilhar do mesmo pensamento que o meu, mas acredito que ele ainda pode resgatar um pouquinho daquela fase de Garotos de Programa (1991) e Parenthood – O Tiro que Não Saiu Pela Culatra (1990), com quem trabalhou com Gus Van Sant e Ron Howard, respectivamente.

Claro que o veterano John Lithgow não está no mesmo patamar fundo de poço de Reeves, mas digamos que ele ficou um pouco esquecido nas últimas duas décadas. Ele retomou um pouco sua popularidade com sua participação na série de TV Dexter, mas acredito que sua atuação em O Amor é Estranho pode ajudá-lo ainda mais na sua retomada.

No filme dirigido por Ira Sachs, ele é casado com Alfred Molina, formando um casal gay. Contudo, as dificuldades começam quando seu parceiro é despedido, obrigando-os a vender a casa e viver em locais diferentes até a poeira baixar e conseguir uma casa mais barata. Aqueles que viram o filme defendem que se trata do melhor trabalho de Lithgow desde O Mundo Segundo Garp (1983), e também a mais franca atuação dele desde então. Ele já foi indicado duas vezes como coadjuvante, a primeira por Garp e a segunda por Laços de Ternura, mas nunca levou. E a Academia adora retornos triunfais, tipo Alan Arkin e Christopher Plummer.

JAEDEN LIEBERHER
Melhor Ator Coadjuvante (St. Vincent)

Jaeden Lieberher (St. Vincent) - photo by cine.gr

Jaeden Lieberher (St. Vincent) – photo by cine.gr

Ok, crianças no Oscar vocês já sabem: ascensão ou maldição. Que o diga Tatum O’Neal e Haley Joel Osment (que sequer ganhou, mas desapareceu do mapa). Claro que existem casos mais raros em que o ator ou atriz-mirim conseguem driblar uma possível maldição provinda de um certo deslumbramento do Oscar e se tornar um sucesso por tempo indeterminado. O caso mais concreto disso é Jodie Foster, que atua em comerciais de TV desde os 3 anos e até hoje, com mais de 50, continua uma excelente profissional.Claro que o alto QI dela ajuda bastante, mas os pais são fundamentais nessas horas.

A Academia também gosta de fazer sua parte ao não premiar uma criança e acabar “estragando” um futuro todo de sucesso. Quando a jovem Abigail Breslin foi indicada por Pequena Miss Sunshine em 2007, seu colega de filme e veterano Alan Arkin declarou poucos dias antes da cerimônia que não gostaria que ela ganhasse para que a vitória não lhe subisse à cabeça. A Academia tem evitado indicar crianças, mas em alguns casos como o da própria Abigail, eles seriam crucificados se não o fizessem. Então, essa menção ao jovem Jaeden Lieberher tem de ser vista com cautela. Ele tem 12 anos e faz par com Bill Murray na comédia de humor negro St. Vincent.

No filme, ele faz um menino cujos pais acabam de se divorciar e acaba encontrando conforto e amizade no vizinho veterano de guerra. Dizem que sua química com Murray é tão boa e seus diálogos são tão afiados, que fica quase impossível não xingar a Academia em caso de ausência na lista de indicados…

TILDA SWINTON
Melhor Atriz Coadjuvante (Expresso do Amanhã)

Tilda Swinton (Expresso do Amanhã) - photo by outnow.ch

Tilda Swinton (Expresso do Amanhã) – photo by outnow.ch

Eu adoro Tilda Swinton. Desde os trabalhos em que ela protagoniza como Até o Fim (1999) até os que ela faz pontas como O Grande Hotel Budapeste (2014). Ela tem presença de tela e talento, uma combinação que ajudou Meryl Streep a assumir o posto que tem hoje. Ela só não foi mais indicada ou ganhou mais prêmios americanos porque ela é meio off-Hollywood.

Prova disso também são suas escolhas incomuns. Este ano, ela viveu uma espécie de líder distópica e autoritária na ficção científica futurista Expresso do Amanhã, dirigido pelo sul-coreano Bong Joon-ho. Neste futuro apocalíptico, as condições climáticas acabaram com a vida na Terra, restando apenas os passageiros do trem Snowpiercer, que viaja ao redor do globo. Ali dentro, as classes brigam entre si para ter o controle do sistema. A caracterização da personagem de Swinton chama a atenção já pelo figurino e pelos óculos fundos, e se aprofunda pelo tom de voz frio e autoritário com a imagem meio Margaret Thatcher de Meryl Streep em A Dama de Ferro.

Embora a Academia não saiba admirar uma boa atuação no gênero (aliás, uma das poucas atuações de ficção científica indicadas foi de Sigourney Weaver em Aliens, o Resgate em 1987), espero que o filme seja bem recebido pelos votantes e que pelo menos considerem o talento de Swinton. Ela ganhou um Oscar de coadjuvante em 2008 por Conduta de Risco.

 

* As indicações ao Oscar 2015 serão conhecidas no dia 15 de janeiro, e a cerimônia será no dia 22 de fevereiro.

‘Argo’ resiste e vence o Oscar de Melhor Filme

O produtor e diretor Ben Affleck agradece seu Oscar, que tenta compensar sua ausência na lista de diretores (photo by dawn.com)

O produtor e diretor Ben Affleck agradece seu Oscar, que tenta compensar sua ausência na lista de diretores (photo by dawn.com)

Argo leva Melhor Filme. Ang Lee rouba o Oscar de direção. E Steven Spielberg tem seu primeiro ator vencedor do Oscar, o terceiro de Daniel Day-Lewis. A premiação do Oscar 2013 buscou ser o mais democrática possível, talvez na tentativa de compensar as ausências dos diretores Ben Affleck e Kathryn Bigelow numa noite de poucas surpresas.

Na tapete vermelho, as celebridades apostaram na simplicidade. Novamente a mais bem vestida é a atriz Jessica Chastain, desta vez num belo Giorgio Armani.

Novamente, Jessica Chastain se tornou a mais bem vestida no tapete vermelho. Trajado em Giorgio Armani, ela acerta no cabelo e no batom vermelho (photo by http://www.redcarpet-fashionawards.com/page/6/)

Novamente, Jessica Chastain se tornou a mais bem vestida no tapete vermelho. Trajado em Giorgio Armani, ela acerta no cabelo e no batom vermelho (photo by http://www.redcarpet-fashionawards.com/page/6/)

Mesmo não sendo uma indicada, Charlize Theron ainda fica no segundo lugar com seu vestido Dior (photo by http://www.redcarpet-fashionawards.com/page/5/)

Mesmo não sendo uma indicada, Charlize Theron ainda fica no segundo lugar com seu vestido Dior (photo by http://www.redcarpet-fashionawards.com/page/5/)

Em terceiro lugar, Jennifer Lawrence abusa um pouco também com Dior, mas ela pode (photo by http://www.redcarpet-fashionawards.com/page/5/)

Em terceiro lugar, Jennifer Lawrence abusa um pouco também com Dior, mas ela pode (photo by http://www.redcarpet-fashionawards.com/page/5/)

Com menção honrosa, incluo a modelo Miranda Kerr. Apesar do vestido Valentino estar um pouco longe de ser um dos melhores, ela valoriza a roupa na Vanity Fair party (photo by http://www.gotceleb.com)

Com menção honrosa, incluo a modelo Miranda Kerr. Apesar do vestido Valentino estar um pouco longe de ser um dos melhores, ela valoriza a roupa na Vanity Fair party (photo by http://www.gotceleb.com)

Mesmo seu usar sua arma mais poderosa, o comediante Seth MacFarlane conseguiu criar momentos de bom humor. Assim que entra, ele solta um “Senhoras e senhores, bem-vindos ao Oscar… E a busca para fazer Tommy Lee Jones rir começa, agora!”. Quando cortam para o ator, ele sorri!

Ele inicia seu monólogo com alfinetadas na própria Academia. Ele explica que Argo é baseado numa missão secreta da CIA no Irã. “O filme é tão secreto que até o diretor é desconhecido pela Academia”. (Ben Affleck se mostra pouco confortável pelos aplausos). Eles sabem que erraram”. E depois parte para as celebridades com forte sarcasmo: “Ganhar um Oscar garante uma longa carreira. Jean Dujardin ganhou ano passado e agora ele está em todo lugar”. E ao elogiar a profundidade do método de Daniel Day-Lewis, ele pergunta: “O que aconteceria se, durante as filmagens, ele visse um celular? Ou se visse Don Cheadle no estúdio, ele tentaria libertá-lo?”

Quando o telão desce, vemos William Shatner como o Capitão Kirk de Jornada nas Estrelas. No papel, ele avisa a Seth MacFarlane que viajou do futuro para tentar impedir um desastre, mostrando a manchete do jornal do dia seguinte: “Seth MacFarlane: Pior Host do Oscar de todos os tempos.” Supostamente ele teria cantado a canção “We Saw Your Boobs” (Nós vimos seus peitos):

“Helen Hunt, we saw them in The Sessions, Scarlett Johansson we saw them on your phone
Jessica Chastain we saw your boobs in Lawless, Jodie Foster in The Accused….
and Kate Winslet in Heavenly Creatures, and Jude, and Hamlet, and Titantic, and Iris, and Little Children and the Reader and whatever you’re shooting right now, we saw your boobs!” (Haja pesquisa de tantos peitos em filmes!)

Seth MacFarlane durante apresentação do Oscar (photo by thehothits.com)

Seth MacFarlane durante apresentação do Oscar (photo by thehothits.com)

Tentando reverter o futuro desastroso, MacFarlane tenta animar com música e dança, mas só melhora com a encenação do filme O Vôo com meias com olhos. Na cena do avião virando, inserem uma gravação de um monte de meias numa secadora.

Ele ainda soltaria outra pérola depois da apresentação do clipe de Lincoln. “Daniel Day-Lewis é o segundo ator a ser indicado por interpretar Lincoln. Contudo, eu diria que o ator que realmente entrou na cabeça de Lincoln foi John Wilkes Booth” (ele atirou no presidente durante peça de teatro). Depois que a platéia vaia, ele completa: “Sério? 150 anos e ainda é muito cedo, hein? Eu tenho umas piadas de Napoleão, vocês vão ficar malucos”.

Ok. Resultados do Oscar. 18 acertos de 24. Este foi meu bolão de 2013. Confesso que apostei em algumas surpresas, mas elas não vieram: David O. Russell como diretor e Robert De Niro como coadjuvante.

Se fosse apontar apenas uma surpresa do Oscar, esta seria Melhor Maquiagem para Os Miseráveis. Foi tamanha surpresa que até a maquiadora se surpreendeu. Ela foi vestida com uma calça legging rosa (e devia estar até descalça na hora do anúncio do vencedor) e com um visual “estou atrasada mas cheguei”. O musical ainda levou Melhor Som e Melhor Atriz Coadjuvante para Anne Hathaway, cujo discurso ficou muito politicamente correto, agradecendo às demais concorrentes.

Ang Lee com seu segundo Oscar de direção por As Aventuras de Pi (photo by digitalspy.com)

Ang Lee com seu segundo Oscar de direção por As Aventuras de Pi (photo by digitalspy.com)

A segunda surpresa ficaria com Ang Lee vencendo Melhor Diretor pela segunda vez (depois de O Segredo de Brokeback Mountain). Com as ausências de Ben Affleck e Kathryn Bigelow, a categoria ficou confusa e qualquer um poderia vencer. Muitos apontavam Steven Spielberg como favorito, mas como ele já tem 2 estatuetas e Lincoln é um filme de época quadrado, o desafio vencido por Ang Lee de realizar o tal “infilmável” projeto de As Aventuras de Pi prevaleceu na hora da votação. Este é seu segundo Oscar de direção, tendo vencido o primeiro pelo drama O Segredo de Brokeback Mountain em 2006.

Seu filme se tornou o recordista de prêmios da noite com 4: Melhor Diretor, Fotografia, Trilha Musical Original e Efeitos Visuais. Essas vitórias mais técnicas evidenciam maior privilégio de produções em que o 3D se sobressai. No caso de Fotografia, outros dois trabalhos de 3D foram recentemente premiados: Mauro Fiore por Avatar e Robert Richardson por A Invenção de Hugo Cabret.

Apesar de ter ganhado 4 estatuetas, As Aventuras de Pi viu sentado Argo levar Melhor Filme, terminando a noite com mais dois Oscars: Montagem e Roteiro Original. O filme de Ben Affleck havia ganhado todos os prêmios da indústria como o PGA, DGA e o Globo de Ouro, e não poderia ficar sem seu Oscar. Por um momento, por causa da presença da primeira-dama Michelle Obama no telão, imaginei que Lincoln poderia surpreender, já que se trata da vida de um ex-presidente dos EUA, mas felizmente, Argo prevaleceu. É o mais novo vencedor de Melhor Filme sem ter seu diretor sequer indicado.

Ao vivo da Casa Branca, Michelle Obama elogia o Cinema e apresenta o vencedor do Oscar de Melhor Filme (photo by Hollywoodreporter.com)

Ao vivo da Casa Branca, Michelle Obama elogia o Cinema e apresenta o vencedor do Oscar de Melhor Filme (photo by Hollywoodreporter.com)

Subiram ao palco os produtores George Clooney, Grant Heslov e Ben Affleck. Este último foi bastante humilde em seu discurso, elogiando Spielberg como gênio e que qualquer um dos outros oito filmes indicados poderiam estar recebendo tal honraria. O diretor reconheceu seu passado imaturo como ator, relembrando quando esteve no Oscar 15 anos atrás ao receber Melhor Roteiro Original por Gênio Indomável, pensando que nunca mais voltaria. Mas agradeceu as oportunidades que muitas pessoas presentes na cerimônia lhe deram para poder aprender e evoluir como profissional.

Ben Affleck ostenta seu segundo Oscar, mas desta vez como produtor por Argo (photo by bostinno.com)

Ben Affleck ostenta seu segundo Oscar, mas desta vez como produtor por Argo (photo by bostinno.com)

Ainda no campo da surpresa, a mais surpreendente em termos técnicos foi o empate inédito na categoria de Efeitos Sonoros, que ficou entre A Hora Mais Escura e 007 – Operação Skyfall. Este é o quarto empate na História do Oscar: O primeiro aconteceu em 1932, quando Fredric March (O Médico e o Monstro) e Wallace Beery (O Campeão) venceram como Melhor Ator, o segundo foi em 1969: Katharine Hepburn (O Leão no Inverno) e Barbra Streisand (Funny Girl – A Garota Genial) empataram como Melhor Atriz, e o terceiro foi Melhor Curta-Metragem de 1994, quando os trabalhos Franz Kafka’s It’s a Wonderful Life e Trevor dividiram a honraria.

E o Oscar de Efeitos Sonoros vai para: Paul N.J. Ottosson por A Hora Mais Escura... (photo by thespec.com)

E o Oscar de Efeitos Sonoros vai para: Paul N.J. Ottosson por A Hora Mais Escura… (photo by thespec.com)

...e Per Hallberg e Karen M. Baker por 007 - Operação Skyfall também (photo by muckrack.com)

…e Per Hallberg e Karen M. Baker por 007 – Operação Skyfall também (photo by muckrack.com)

Aliás, a atriz e cantora Barbra Streisand subiu ao palco para cantar o sucesso “The Way We Were” de Nosso Amor de Ontem (1973) em homenagem ao recém-falecido compositor Marvin Hamslich, com quem também trabalhou na canção “I’ve Finally Found Someone” de O Espelho Tem Duas Faces, de 1996.

Incluindo a performance musical de Streisand, o Oscar 2013 dedicou bastante de seu tempo no ar para os musicais. A homenagem cansativa apresentou canções dos filmes Chicago, Dreamgirls – Em Busca de um Sonho e Os Miseráveis. Ainda no âmbito da música, Norah Jones cantou a simpática canção indicada de Ted: “Everybody Needs a Best Friend”, enquanto a cantora Shirley Bassey fez sua primeira apresentação no Oscar, cantando a clássica “Goldfinger”. Mesmo sem o mesmo vigor, aos 76 anos, a diva ainda impressiona pelas cordas vocais. Curiosamente, apesar do estrondoso sucesso, a canção sequer foi indicada ao Oscar na época. Sua performance no Oscar salvou a homenagem chocha aos 50 anos de James Bond com um clipe com trechos de vários filmes do espião.

A diva Dame Shirley Bassey em sua primeira apresentação no Oscar aos 76 anos (photo by oglobo.globo.com)

A diva Dame Shirley Bassey em sua primeira apresentação no Oscar aos 76 anos (photo by oglobo.globo.com)

Obviamente, ficou faltando também a indispensável presença dos seis atores (todos vivos) que deram vida ao personagem de Ian Fleming no palco: Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Timothy Dalton, Pierce Brosnan e Daniel Craig. Talvez os produtores tentaram, mas como Connery ainda guarda rancores idiotas dos produtores da série, a homenagem terminou enxuta. Uma pena.

Já a merecida vitória de “Skyfall” como Melhor Canção Original coroou uma das melhores cantoras em atividade, Adele, homenageou o sucesso das canções-tema de James Bond e se tornou a primeira canção oscarizada da franquia de 23 filmes. Em sua primeira apresentação no Oscar, Adele não sentiu a pressão e cantou belamente com ótimos back vocals.

Adele em ótima performance de "Skyfall"... (photo by huffingtonpost.com)

Adele em ótima performance de “Skyfall”… (photo at huffingtonpost.com by Getty Images)

Adele com seu primeiro Oscar e o primeiro da franquia 007 (photo by digitalspy.com)

Adele com seu primeiro Oscar e o primeiro da franquia 007 (photo by digitalspy.com)

A vitória de Lincoln na categoria de Direção de Arte também não deixa de ser uma surpresa. Enquanto todos apostavam em Anna Karenina e Os Miseráveis, este Oscar acabou sendo uma espécie de compensação pelas inúmeras derrotas para Spielberg. A recriação dos cenários dos EUA de 1865 impressiona, mas está longe de encher os olhos como o trabalho de Sarah Greenwood de Anna Karenina.

Já nas categorias de atuação, não houve nenhuma surpresa. Acreditava que haveria pelo menos uma e que estaria em Melhor Ator Coadjuvante, mas não foi desta vez que Robert De Niro levou seu terceiro Oscar. Christoph Waltz subiu pela segunda vez em 3 anos pra receber seu segundo Oscar de coadjuvante (o primeiro foi por Bastardos Inglórios). A vitória de Waltz serviu como representante de todo o elenco: Jamie Foxx, Leonardo DiCaprio e Samuel L. Jackson, juntamente com o prêmio de Roteiro Original, serviu para comprovar que Quentin Tarantino é um dos melhores roteiristas em atividade.

Daniel Day-Lewis se tornou o primeiro a receber 3 Oscars de Melhor Ator. Além dessa importante conquista, trata-se do primeiro Oscar de uma atuação sob o comando de Steven Spielberg. Ao receber o prêmio, o ator diz: “É uma coisa estranha porque três anos atrás, na verdade eu havia me comprometido a interpretar Margaret Thatcher e Meryl (Streep) foi a primeira escolha de Steven (Spielberg) para Lincoln, e eu queria ver essa versão”. Em agradecimento à sua mulher, Rebecca Miller, ele continua: “Desde que nos casamos há 16 anos, minha esposa Rebecca viveu com alguns homens muito estranhos. Eles eram estranhos como indivíduos e talvez ainda mais estranhos quando estavam em grupo. Por sorte, ela é bem versátil e tem sido a perfeita companhia para todos eles”.

Daniel Day-Lewis recebe o Oscar de Meryl Streep e entra para a História (photo by usatoday.com)

Daniel Day-Lewis recebe o Oscar de Meryl Streep e entra para a História (photo by usatoday.com)

Apesar dos dois Oscars, Lincoln foi um dos grandes perdedores da noite (venceu 2 em 12 indicações). Se o filme não tivesse naufragado, o prêmio de Ator poderia ter ido para Joaquin Phoenix por sua explosiva interpretação em O Mestre.

Na ala feminina, a jovem Jennifer Lawrence confirmou seu favoritismo por O Lado Bom da Vida. Apesar da gafe de ter caído nas escadas do palco, ela recebeu aplausos de pé da platéia: “Vocês estão de pé porque se sentiram mal por eu ter caído e isso é embaraçoso, mas obrigada”. Em seu discurso, ela desejou feliz aniversário para Emmanuelle Riva, que completa 86 anos. Espero muito que este Oscar não desande sua carreira como atriz em ascensão, mesmo que já tenha engatilhado bons projetos como Serena e a sequência de Jogos Vorazes. Jennifer Lawrence se tornou a segunda atriz mais jovem a vencer nessa categoria aos 22 anos (Marlee Matlin permanece na 1ª posição aos 21, por Filhos do Silêncio).

Também em sua segunda indicação, Jessica Chastain perdeu por A Hora Mais Escura (que teve que se contentar com o Oscar de Efeitos Sonoros), mas ainda tem muito tempo para conseguir seu reconhecimento. Sua versatilidade mais do que comprovada já atrai os olhares de diretores consagrados e ela deve retornar ao Oscar até 2015 pelo filme dirigido por Liv Ullman, Miss Julie.

Jennifer Lawrence é traída pelo seu vestido e cai nos degraus para receber seu Oscar. (photo by popwatch.ew.com)

Jennifer Lawrence é traída pelo seu vestido e cai nos degraus para receber seu Oscar. (photo by popwatch.ew.com)

Não concordei com a vitória do filme da Pixar, Valente, na categoria de Melhor Animação. Reconheço a qualidade técnica, tanto do design como da própria animação do cabelo ruivo enrolado da protagonista, mas em termos de história, trata-se de um típico roteiro da velha Disney, muito semelhante a Irmão Urso, lançado em 2003. Para uma produtora que prioriza a qualidade dos roteiros de seus filmes, a Pixar falhou em Valente e por isso, não deveria ser premiada. Embora o roteiro de Frankenweenie seja uma espécie de colagem de homenagens e baseado em seu curta-metragem dos anos 80, Tim Burton merecia o Oscar.

Uma das melhores coisas desse Oscar foi a forma como eles expulsavam os vencedores com seus discursos chatos e longos do palco: a trilha de Tubarão crescia ao fundo até cortarem o áudio do microfone. A tática deu certo: os discursos ficaram mais curtos e um ou outro vencedor ficou bem nervoso nos agradecimentos, como o roteirista Chris Terrio de Argo.

Outra novidade foi a escalação de seis estudantes de cinema nos EUA para ajudar na entrega dos prêmios. A atitude se mostra bastante nobre e coerente, mas confesso que senti falta das trophy girls. Não sei… elas tinham um “algo a mais”! Espero que esta tenha sido apenas uma exceção à regra!

Uma dos seis estudantes de Cinema aguarda o anúncio do vencedor para entrar com a estatueta (photo by latimes.com)

Uma dos seis estudantes de Cinema aguarda o anúncio do vencedor para entrar com a estatueta (photo by latimes.com)

Apesar de não ter muita relevância, vale destacar aqui a estranheza da atriz Renée Zellwegger. No começo da cerimônia, ela já tinha uma aparência bastante anêmica, não só pela ausência total de maquiagem e cabelo desarrumado, mas pela palidez. Ao entrar no palco para apresentar os Oscars de Trilha Musical e Canção ao lado dos atores Richard Gere, Queen Latifah e Catherine Zeta-Jones, ela estava nitidamente zonza e parecia se esforçar para manter-se em pé. Além disso, não sei se Zellwegger está filmando algo no momento, mas ela fica bem melhor mais cheinha como a Bridget Jones.

Na foto não parece tanto, mas Renée Zellwegger estava sob efeito de narcóticos (photo by arts.nationalpost.com)

Na foto não parece tanto, mas Renée Zellwegger estava sob efeito de narcóticos (photo by arts.nationalpost.com)

Finalizando, o balanço geral do Oscar 2013:

4 Oscars: As Aventuras de Pi

3 Oscars: Argo/ Os Miseráveis

2 Oscars: Lincoln/ Django Livre/ 007 – Operação Skyfall

1 Oscar: O Lado Bom da Vida/ Amor/ Anna Karenina/ A Hora Mais Escura/ Valente/ Searching for Sugar Man

Confira lista dos vencedores:

MELHOR FILME
ARGO (ARGO)

MELHOR DIRETOR
Ang Lee (As Aventuras de Pi)

MELHOR ATOR
Daniel Day-Lewis (Lincoln)

MELHOR ATRIZ
Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Christoph Waltz (Django Livre)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Anne Hathaway (Os Miseráveis)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Quentin Tarantino (Django Livre)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Chris Terrio (Argo)

MELHOR FOTOGRAFIA
Claudio Miranda (As Aventuras de Pi)

MELHOR MONTAGEM
William Goldenberg (Argo)

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Rick Carter e Jim Erickson (Lincoln)

MELHOR FIGURINO
Jacqueline Durran (Anna Karenina)

MELHOR MAQUIAGEM
• Lisa Westcott, Julie Dartnell (Os Miseráveis)

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
Mychael Danna (As Aventuras de Pi)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“Skyfall”, de Adele Adkins e Paul Epworth (007 – Operação Skyfall)

MELHOR SOM
Andy Nelson, Mark Paterson, Simon Hayes (Os Miseráveis)

MELHORES EFEITOS SONOROS (Empate)
Per Hallberg, Karen M. Baker (007 – Operação Skyfall)
Paul N.J.Ottosson (A Hora Mais Escura)

MELHORES EFEITOS VISUAIS
Bill Westenhofer, Gillaume Rocheron, Erik De Boer, Donald Elliott (As Aventuras de Pi)

MELHOR ANIMAÇÃO
Valente (Brave), de Mark Andrews e Brenda Chapman

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
Amor, de Michael Haneke (Áustria)

MELHOR DOCUMENTÁRIO
Searching for Sugar Man, de Malik Benjelloul e Simon Chinn

MELHOR DOCUMENTÁRIO CURTA
Inocente, de Sean Fine e Andrea Nix

MELHOR CURTA-METRAGEM
Curfew, de Shawn Christensen

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
Paperman
, de John Kahrs

Christoph Waltz recebe seu segundo Oscar de coadjuvante sob a direção de Quentin Tarantino (photo by movies.yahoo.com)

Christoph Waltz recebe seu segundo Oscar de coadjuvante sob a direção de Quentin Tarantino (photo by movies.yahoo.com)

Jodie Foster receberá prêmio Cecil B. DeMille no Globo de Ouro 2013

Jodie Foster no tapete vermelho do Globo de Ouro deste ano

Enquanto a Academia tem o Oscar Honorário, a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood tem o prêmio Cecil B. DeMille, uma honraria que reconhece o conjunto da obra de um artista de cinema, que existe desde 1952, quando foi concedido ao próprio diretor Cecil B. DeMille, conhecido pelos filmes-espetáculo como Os Dez Mandamentos (1956) e O Maior Espetáculo da Terra (1952).

Em sua longa jornada, o Cecil B. DeMille Award já consagrou inúmeras carreiras de grandes nomes como Walt Disney, Fred Astaire, Judy Garland, James Stewart, John Wayne, Jack Nicholson, Martin Scorsese e Charlton Heston, o mais novo a receber o prêmio aos 42 anos. A homenageada de 2013, a atriz americana Jodie Foster será a segunda mais nova aos 50 anos de idade.

Apesar da idade, Foster iniciou sua carreira artística muito nova. Quando ainda era um bebê de 3 anos, estrelou comerciais na TV do protetor solar Coppertone. Aos 7, participou do programa humorístico de TV, o The Doris Day Show, e aos 9, estrelava seu primeiro filme ao lado de Michael Douglas em Napoleon e Samantha (1972), de Bernard McEveety.

Segue trecho do programa de TV Ellen, no qual Jodie Foster fica um pouco constrangida com o comercial de Coppertone:

Aos 12 anos, escolheu uma opção que mudaria sua vida para sempre. Foi escalada para viver a prostituta Iris em Taxi Driver (1976), dirigido por Martin Scorsese e atuando ao lado de um promissor Robert De Niro. Era espantoso ver a performance de uma garota tão jovem num papel tão sério e intenso. A Academia concordou e Jodie recebeu sua primeira indicação ao Oscar.

No início dos anos 80, enquanto a atriz estava cursando a universidade de Yale, um maluco e fã obcecado por Jodie Foster, John Hinckley, atirou no então presidente americano Ronald Reagan só para impressioná-la. A idéia surgiu de Taxi Driver, no qual Travis Bickle (De Niro) tenta matar um político para impressionar uma moça. Pelos boatos, Hinckley assistiu ao filme quinze vezes seguidamente. Antes do atentado, mandava cartas com poemas para a residência da atriz para que ela o notasse. Depois de ser preso, permanece internado numa clínica psiquiátrica mantido sob vigilância.

Após esse período negro, Foster ressurgiu para o mundo aos 26 anos, quando seu trabalho em Acusados chamou a atenção dos críticos. No filme, ela vive a jovem Sarah Tobias, que se torna vítima de um brutal estupro num bar por três homens. Contudo, Acusados não se trata de um filme comum. Pela personagem de Foster ter um histórico conturbado (foi presa por porte de drogas), e pelo fato de estar bêbada e se insinuar dançando para um homem igualmente bêbado no bar, o julgamento ganha proporções maiores, ainda mais que os acusados têm fortes conexões na justiça.

Jodie Foster em Acusados (1988): primeiro Oscar

Além da escolha ousada do projeto, Jodie Foster impressionou com a fragilidade da condição humana pela dificuldade de se expressar na corte. Sua personagem se vê obrigada a amadurecer e criar responsabilidade por seus atos. Como a mensagem do filme é bem difícil de entender, a performance da atriz se mostra fundamental para que o público entenda que os acusados do filme são apenas figurantes do crime. Por este trabalho, Jodie Foster recebeu sua segunda indicação e saiu vencedora do Oscar de Melhor Atriz em 1989.

Em 1991, outro ano de sua ascensão, Foster estrelou a adaptação do best-seller de Thomas Harris, O Silêncio dos Inocentes, que lhe rendeu seu segundo Oscar de atriz. Curiosamente, ela não foi a primeira opção do diretor Jonathan Demme, que preferia Michelle Pfeiffer, com quem havia trabalhado em De Caso com a Máfia (1988). Então, Demme recorreu à sugestão do roteirista Ted Tally.

Jodie Foster em O Silêncio dos Inocentes: prova de que beleza e inteligência podem coexistir

Para interpretar a agente do FBI, Clarice Starling, a atriz passou por um curso intensivo com agentes reais, como mostrado durante o filme. Com isso, deu credibilidade ao seu papel, que se encontra num caso de superação ao investigar os assassinatos de Buffalo Bill com a ajuda de Hannibal Lecter (Anthony Hopkins, em momento de extrema inspiração).

Ainda naquele ano, Jodie decidiu se aventurar na cadeira de diretora. Com roteiro original de Scott Frank, o filme Mentes que Brilham trata da trajetória de uma criança superdotada. Conhecida por seu alto QI, Jodie Foster se identificou com o menino da história e apostou no projeto que, embora tenha recebido boas críticas, não foi tão bem nas bilheterias.

Jodie Foster ao lado do pequeno Adam Hann-Byrd em Mentes que Brilham, estréia de Foster na direção

Em 1994, teve destaque ao interpretar a eremita Nell, que vivia afastada na selva. Em entrevista com James Lipton no programa Inside the Actors Studio, Jodie revelou que Nell foi seu melhor trabalho como atriz, uma vez que a personagem havia criado uma linguagem completamente nova e se comunicava com todo o seu corpo e expressão. Por este papel, ganhou o SAG Award, recebeu sua quarta indicação ao Oscar, mas perdeu para Jessica Lange (Céu Azul),

Nas décadas seguintes, já consagrada, Jodie Foster embarcou em produções mais comerciais como Maverick (1993), Contato (1997), O Quarto do Pânico (2002) e Plano de Vôo (2005), mas por mais que sejam voltados ao grande público, todos apresentam bons roteiros.

Apesar de ter cara de blockbuster, Plano de Vôo é um bom suspense que aborda a questão da paranóia americana, terrorismo e racismo.

Em 2013, a atriz retornará às telas de cinema com Elysium, novo filme de Neill Blomkamp, diretor da inovadora ficção científica indicada ao Oscar de Melhor Filme, Distrito 9. No elenco, além de Matt Damon, contam com a presença de dois brasileiros: Wagner Moura e Alice Braga.

Jodie Foster receberá o Cecil B. DeMille award durante cerimônia de premiação do Globo de Ouro 2013, que ocorre no dia 13 de janeiro.

No Globo de Ouro, a atriz já soma sete indicações:

1977: Indicada a Melhor Atriz – Comédia ou Musical por Se Eu Fosse Minha Mãe

1989: Vencedora de Melhor Atriz – Drama por Acusados

1992: Vencedora de Melhor Atriz – Drama por O Silêncio dos Inocentes

1995: Indicada a Melhor Atriz – Drama por Nell

1998: Indicada a Melhor Atriz – Drama por Contato

2008: Indicada a Melhor Atriz – Drama por Valente

2012: Indicada a Melhor Atriz – Comédia ou Musical por Deus da Carnificina

Prévia do Oscar 2013: Melhor Atriz

Meryl Streep, vencedora do último Oscar de Melhor Atriz por A Dama de Ferro

Nos últimos dez anos, apenas três atrizes com idade acima de 40 anos foram premiadas nessa categoria: Helen Mirren, Sandra Bullock e Meryl Streep. Esse fato denota a queda na oferta de bons papéis no cinema para mulheres maduras. Por isso, muitas delas migraram para as séries e mini-séries de TV como fizeram Kathy Bates (Harry’s Law), Glenn Close (Damages), Jessica Lange (American Horror Story), Julianne Moore (Virada no Jogo), Emma Thompson (The Song of Lunch), Judy Davis (Page Eight) e Maggie Smith (Downton Abbey), só pra citar nomes mais recentes. É claro que isso não significa que mudaram de time permanentemente, mas aproveitando a demanda da TV por material de qualidade, coisa que o cinema tem deixado de fazer há um bom tempo.

Na corrida do Oscar, a maioria das atrizes normalmente está na casa dos 20 e 30, até mesmo porque o cinema se tornou um entretenimento mais para o público juvenil. E sob essa perspectiva, Jennifer Lawrence deve figurar entre as favoritas. Além de sua performance elogiada no Festival de Toronto por Silver Linings Playbook, ainda conta com o sucesso de seu blockbuster Jogos Vorazes. Este é o equilíbrio perfeito entre sucesso de crítica e público que a Academia costuma buscar em seus vencedores de atuação, pois agrada aos críticos enquanto seu sucesso comercial atrai o público de TV e, obviamente, mais patrocinadores do show.

Ainda em se tratando de jovens, o Oscar 2013 pode ter dois novos recordes. A atriz-mirim Quvenzhané Wallis, protagonista do drama fantástico Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild), de apenas 8 anos pode se tornar a atriz mais jovem indicada na categoria. A marca atual pertence à australiana Keisha Castle-Hughes de A Encantadora de Baleias (2003), que na época tinha apenas 13 anos.

Contudo, em 2013, as jovens estão em baixa, abrindo espaço para atrizes mais experientes e consagradas. A francesa Emmanuelle Riva, de 85 anos, estrela do clássico Hiroshima mon Amour, pode ser uma surpresa na lista de indicadas, batendo o recorde de Jessica Tandy (que ganhou aos 81). Logo em seguida, as setentonas Judi Dench e Maggie Smith são fortes candidatas por O Exótico Hotel Marigold e Quartet, respectivamente.

Amigas e colegas de profissão, Nicole Kidman (44) e Naomi Watts (43) também fazem parte do grupo de atrizes experientes com boas chances de concorrer ao prêmio. Kidman encara um papel mais ousado em The Paperboy, enquanto Watts busca esperança em meio à tragédia de O Impossível.

Particularmente, (e já declarei isso várias vezes aqui) prefiro o reconhecimento de atrizes experientes no Oscar. Mas o Oscar é um prêmio que reconhece os melhores do ano, e não pelo conjunto da obra. Se uma atriz de oito anos deu a melhor performance do ano, por que não lhe premiar com o Oscar? Que vença a melhor!

Marion Cotillard em Ferrugem e Osso

MARION COTILLARD (Ferrugem e Osso)

Marion Cottilard foi a primeira atriz francesa a ganhar o Oscar de Melhor Atriz falando a sua língua natal, e a segunda estrangeira depois de Sophia Loren, que ganhou em 1962 por Duas Mulheres (La Ciociara). Seu Oscar foi um dos mais comemorados pela comunidade hollywoodiana.

Tanto que acabou abraçada pelo diretor Christopher Nolan, que a incluiu nos blockbusters A Origem (2010) e Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012). Mesmo carregando um sotaque no inglês, Marion Cotillard se saiu bem e deu maior credibilidade aos papéis que viveu. Além de Nolan, outros diretores fizeram questão de contar com a atriz. Michael Mann (Inimigos Públicos), Rob Marshall (Nine), Woody Allen (Meia-Noite em Paris) e Steven Soderbergh (Contágio) foram beneficiados pelo talento da francesa.

Agora, voltando a fazer filmes franceses, Cotillard atua sob direção do diretor em extrema ascensão Jacques Audiard (de O Profeta, que concorreu a Melhor Filme Estrangeiro em 2010) no drama Ferrugem e Osso (Rust and Bone), que concorreu à Palma de Ouro em Cannes desse ano. Havia até uma forte expectativa de que o prêmio de atuação feminina seria dela.

No filme, Marion Cotillard vive Stéphanie, uma treinadora de baleias orcas que sofre um acidente que lhe tira parte das pernas. O tipo de papel, somado à credibilidade do Oscar que ganhou, facilmente lhe garantiria uma nova indicação, mas por se tratar de um filme em língua francesa, as chances dela podem reduzir consideravelmente numa briga mais acirrada com outras atrizes.

Judi Dench em O Exótico Hotel Marigold

JUDI DENCH (O Exótico Hotel Marigold)

Ainda não consegui engolir a derrota de Dame Judi Dench para Helen Hunt naquele Oscar 98. Ela competia por um papel imponente e interpretação impecável em Sua Majestade Mrs. Brown. No ano seguinte, a Academia resolveu compensá-la ao lhe entregar o Oscar de coadjuvante por Shakespeare Apaixonado, no qual ela atua por apenas oito minutos.

Para o grande público, Dench ficou conhecida como M, a chefe do agente secreto britânico James Bond, que voltará no novo filme 007 – Operação Skyfall, mas deve ser sua última participação na série. Porém, a atriz tem muito mais história no teatro, tendo atuado nas companhias de prestígio Royal Shakespeare Company, o National Theatre e Old Vic Theatre, além de ter vencido muitos prêmios do palco como o Laurence Olivier Theater Award na década de 80 e 90.

Em O Exótico Hotel Marigold, já disponível em DVD e Blu-ray, muitos atores consagrados são reunidos para contar histórias da terceira idade em meio ao caos da Índia e o hotel do título. Judi Dench encabeça essa lista que conta ainda com Maggie Smith, Tom Wilkinson e Bill Nighy. Como em todo filme, a atriz empresta sensibilidade e carisma a seu personagem Evelyn, que fica bastante desamparada na vida depois que seu marido morre.

Apesar do filme ser independente, o peso do nome da atriz pode lhe conferir sua sétima indicação ao Oscar. Ela já foi indicada por Sua Majestade Mrs. Brown (1997), Shakespeare Apaixonado (1998), Chocolate (2000), Iris (2001), Sra. Henderson Apresenta (2005) e Notas Sobre um Escândalo (2006).

Nicole Kidman em The Paperboy

NICOLE KIDMAN (The Paperboy)

Toda vez que eu vejo Nicole Kidman na TV, seja no tapete vermelho ou na premiação, vejo uma mulher recatada e reprimida sexualmente. Então, não foi uma surpresa vê-la num papel de mulher da vida nesse novo drama de Lee Daniels, diretor de Preciosa. Nicole cresceu demais depois que se separou do mala da Cientologia Tom Cruise; passou a buscar novos desafios sem medo de parecer ridícula.

A história comprova essa teoria. Foi só se divorciar dele que estrelou dois grandes sucessos de público e crítica em seguida: Os Outros, de Alejandro Amenábar, e Moulin Rouge – Amor em Vermelho, de Baz Luhrmann, que lhe conferiu sua primeira indicação ao Oscar.

Nos anos seguintes, Nicole trabalhou com diretores competentes como Lars von Trier, Anthony Minghella e ganhou seu Oscar pelo papel marcante da escritora Virginia Woolf em As Horas, de Stephen Daldry. Muita gente poderia achar que ela venceu somente pelo peso da personagem e maquiagem (uma prótese de nariz fora aplicada), mas a atriz continua na jornada em busca de novos desafios. Essa atitude nada fácil de seguir deveria ser comum na profissão, mas não é.

Em The Paperboy, ela aceita um tipo de papel que nunca encarou antes. Charlotte Bless é uma vagabunda que tem fetiche por homens encarcerados. Contudo, Nicole não faz isso de forma condescendente, mas de um jeito que sua personagem pareça mais aceitável e ganhe a torcida do público. Suas chances são médias, mas se o filme não for bem aceito pela crítica americana, Nicole pode comparecer ao Oscar apenas para apresentar um prêmio.

Keira Knightley em Anna Karenina

KEIRA KNIGHTLEY (Anna Karenina)

Esta jovem atriz britânica começou a chamar a atenção na comédia sobre futebol feminino Driblando o Destino (Bend it Like Beckham), que pelo sucesso chegou a ser indicado a Melhor Filme – Comédia/Musical no Globo de Ouro 2003. Naquele ano, Keira Knightley deu um salto para a fama internacional com o blockbuster Piratas do Caribe – A Maldição do Pérola Negra, mas muitos duvidavam do talento da moça, que tinha tudo para se tornar mais uma daquelas Bond girls que só serviam para enfeitar a tela e gritar.

Felizmente, firmou uma forte aliança com o diretor Joe Wright ao interpretar o cobiçado papel de Elizabeth Bennet de Orgulho e Preconceito, adaptação do clássico literário homônimo de Jane Austen, que acabou resultando numa indicação para o Oscar para Knightley. Entretanto, mais importante do que o início bem-sucedido da parceria com o diretor (Anna Karenina é a terceira colaboração da dupla), seria a descoberta dessa obsessão de Keira com os filmes de época.

Depois de Orgulho e Preconceito, ela vestiu figurinos de décadas e séculos passados em mais sete oportunidades. Acho que as figurinistas já sabem as medidas dela de cor e salteado! Existem atores que gostam de interpretar vilões, mocinhos, e existem atrizes que se apegam tanto a filmes de História que ficam marcadas e até rotuladas no mercado, como se não tivessem capacidade de viver personagens atuais.

Porém não deve ser o caso de Keira Knightley. Ela mesma deve estar ciente desse excesso de filmes de época e vem buscando projetos diferenciados como a comédia Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo (2012) e a refilmagem de ação Jack Ryan, prevista para estrear em 2013. Até lá, ela aproveitou para voltar a trabalhar com seu diretor favorito nesse Anna Karenina, adaptação da obra de Leo Tolstoy.

Com a constante evolução da parceria Knightley-Wright, a atriz tem chances de obter sua segunda indicação, mas uma vitória seria considerada uma zebra. Por outro lado, Anna Karenina tem ótimas chances nas categorias de direção de arte e figurino, como nos trabalhos anteriores de Joe Wright, que prima nesses departamentos.

Jennifer Lawrence em Silver Linings Playbook

JENNIFER LAWRENCE (Silver Linings Playbook)

Seria burrice da Academia se ignorasse o trabalho da jovem atriz Jennifer Lawrence em 2013, afinal ela estrelou dois filmes em destaque na mídia: o blockbuster Jogos Vorazes (Hunger Games) e esta “dramédia” Silver Linings Playbook, dirigido pelo diretor em ascensão David O. Russell, de O Vencedor.

Desde que foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz pelo independente Inverno da Alma (Winter’s Bone) em 2011, Jennifer Lawrence recebeu incontáveis propostas em Hollywood. Todos os diretores queriam trabalhar com ela. Felizmente, ela tem dado preferência ao equilíbrio nas escolhas de projetos, participando de filmes de terror, aventura, comédias e dramas. Já tem retorno acertado para as sequências X-Men: Days of Future Past (2014) e Jogos Vorazes: Em Chamas (2013).

Em Silver Linings Playbook, Lawrence encarna Tiffany, uma recém-viúva, que tenta lidar com a dor enquanto se envolve com o recém-saído do hospital psiquiátrico Bradley Cooper. Trata-se de um filme de direção de atores e isso David O.Russell já comprovou para todos com os dois Oscars de coadjuvantes de O Vencedor. O longa foi muito bem recebido no Festival de Toronto, vencendo o cobiçado prêmio People’s Choice Award e, pelo Hamptons International Film Festival, o Audience Award (prêmio concedido pelo público). O reconhecimento de Toronto vem sendo cada vez mais importante para o crescimento na reta final do Oscar. A vitória anterior de O Discurso do Rei foi um belo exemplo, batendo o franco-favorito A Rede Social em 2011.

Apesar de muito jovem (22 anos), Jennifer Lawrence tem grandes chances no Oscar. Ela foi indicada apenas uma vez em 2011 como Melhor Atriz por Inverno da Alma.

Laura Linney em Hyde Park on Hudson

LAURA LINNEY (Hyde Park on Hudson)

Laura Linney foi conquistando seu espaço de forma bem gradativa nos anos 90. Papéis menores e de coadjuvante permearam o início de sua carreira, participando de filmes em destaque como Dave – Presidente por um Dia (1993), Congo (1995), As Duas Faces de um Crime (1996) e O Show de Truman – O Show da Vida (1998). Cansada de personagens secundários, partiu para o cinema independente americano. Foi uma decisão de extrema importantância, pois pôde finalmente ser protagonista e dona de uma personagem rica de emoções no drama Conte Comigo, do talentoso Kenneth Lonnergan. Ali a atriz se sentiu mais à vontade e esbanjou seu talento que muitos diretores não conheciam. A interpretação da mãe solteira Sammy lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar, um feito único que lhe traria muitos frutos.

Laura Linney passou a atuar sob direção de renomados profissionais como Alan Parker em A Vida de David Gale, Clint Eastwood em Sobre Meninos e Lobos, mas foi graças a duas produções independentes que ela voltou ao tapete vermelho do Oscar. Com Kinsey – Vamos Falar de Sexo (2004) e A Família Savage (2007), Linney foi indicada para coadjuvante e atriz, respectivamente. A vitória pode não ter vindo ainda, mas acredito que é questão de tempo, pois a atriz sabe escolher bem projetos para se destacar. Só precisaria de um projeto mais grandioso ou uma personagem mais destacada na história.

Dependendo da recepção a Hyde Park on Hudson, Laura Linney pode conseguir sua quarta indicação, ainda mais que se trata de uma personagem verídica: Margaret Suckley, a prima do presidente Franklin D. Roosevelt, responsável pela narração do filme. No entanto, suas chances são menores do que nas oportunidades anteriores.

Helen Mirren (à esq) em Hitchcock

HELEN MIRREN (Hitchcock)

Embora Helen Mirren tenha iniciado sua carreira no cinema na década de 60, foi  apenas com o cult Excalibur (1981), de John Boorman, que ela passou a se destacar. Dali em diante, trabalhou com diretores mais renomados e alternativos como Paul Schrader, Terry George e Peter Greenaway, levando-a para Cannes, onde levou o prêmio de intérprete feminina duas vezes: em 1984 por Cal – Memórias de um Terrorista, e em 1995 por As Loucuras do Rei George. Este último também lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar como coadjuvante.

A partir do Oscar, sua carreira começou uma nova fase. Aquela Helen que só fazia filmes independentes passou a trabalhar em produções de estúdio, chegando a protagonizar uma comédia de humor negro com Katie Holmes: Tentação Fatal (1999), e dublando a animação da Dreamworks, O Príncipe do Egito (1998). Em 2002, voltou a ser indicada ao Oscar de coadjuvante pelo ótimo Assassinato em Gosford Park, de Robert Altman, mas perdeu novamente.

O reconhecimento da Academia finalmente veio em 2007, quando um projeto pensado para Helen Mirren foi lançado. Dirigido por Stephen Frears, A Rainha tinha mais cara de telefilme, mas foi abraçado pelo Oscar como uma oportunidade única de premiar uma atriz de enorme prestígio como Helen Mirren. Claro que ela colheu os frutos desse prêmio, ganhando bem em grandes produções como A Lenda do Tesouro Perdido: Livro dos Segredos (2007), no blockbuster da New Line Cinema, Coração de Tinta (2008) e na recente refilmagem Arthur – O Milionário Irresistível (2011), mas, como dito no início do post, o cinema de Hollywood muitas vezes é cruel com atrizes mais velhas. Aos 67 anos, Helen Mirren tem boas chances de uma nova indicação pelo filme Hitchcock, que conta os bastidores das filmagens do clássico Psicose, mas a atriz tem mais tratamento de coadjuvante de luxo. No filme, ela interpreta a esposa e colaboradora de Alfred Hitchcock, Alma Reville.

Helen Mirren já foi indicada quatro vezes: Em 1995 por As Loucuras do Rei George e em 2002 por Assassinato em Gosford Park, como coadjuvante. Em 2010, por A Última Estação, e em 2007 por A Rainha, vencendo por este último.

Emmanuelle Riva em Amour

EMMANUELLE RIVA (Amour)

Atriz francesa veteraníssima, Emmanuelle Riva pode se tornar a atriz mais velha a ser indicada ao Oscar aos 85 anos. Seu primeiro trabalho como atriz em Hiroshima mon Amour, de Alain Resnais, já a colocou no topo do cinema francês da década de 60, tornando-se uma das musas da Nouvelle Vague.

Apesar de se tratar de uma produção francesa, dirigida pelo austríaco Michael Haneke, muitos especialistas estão dando como certa sua indicação. Se for considerar o valor dessa oportunidade de incluir um ícone do cinema na história da Academia, já soaria tentador demais para ignorar sua performance. Mas para quem conferiu o filme, que arrancou aplausos calorosos e a Palma de Ouro em Cannes, Emmanuelle Riva merece ser uma das finalistas, e não somente por sua longeva carreira.

No drama Amour, Georges (Jean-Louis Trintignant, outro ator octogenário com chances no Oscar) e Anne (Riva) são professores de música aposentados. A filha deles, que também é música, vive no estrangeiro com a família dela. Um dia, Anne tem um ataque cardíaco e o relacionamento afetivo é severamente testado.

Em diferentes escalas, daria pra comparar o casal com Henry Fonda e Katharine Hepburn, que ganharam o Oscar em 1982 pelo drama Num Lago Dourado. Como Amour se trata de um filme de atores, existe essa possibilidade de haver outra atriz maior de 40 anos vencendo o Oscar de atriz. Esta seria sua primeira indicação ao Oscar.

Maggie Smith (à esq) em Quartet

MAGGIE SMITH (Quartet)

Maggie Smith tem uma trajetória semelhante a de Helen Mirren. Coincidentemente, ambas foram indicadas ao Oscar de coadjuvante pelo mesmo filme em 2002 por Assassinato em Gosford Park. Contudo, Maggie teve maior êxito comercial devido ao sucesso dos oito filmes da série Harry Potter, no qual deu vida à feiticeira Minerva. Ela começou no cinema nos anos 50, em papéis secundários até brilhar como Desdemona ao lado do mestre Laurence Olivier na adaptação de Othello (1965), de William Shakespeare.

A década de 70 foi bastante generosa com Maggie Smith. Em 1970, levou seu primeiro Oscar como Melhor Atriz por A Primavera de uma Solteirona, e em 1979, outro como coadjuvante pela comédia estrelada por Jane Fonda, California Suite. Em sua vasta filmografia prevaleceram personagens coadjuvantes, mas em sua maioria produções de grandes estúdios. Chegou a trabalhar com Steven Spielberg em Hook – A Volta do Capitão Gancho (1991), ensinou Whoopi Goldberg a ser uma freira em Mudança de Hábito (1992) e foi a Duquesa de York na adaptação de Ricardo III (1995), ao lado de Ian McKellen e Annette Bening.

Já no começo deste século, com o bolso cheio graças aos Harry Potter, ela pôde escolher projetos de seu gosto pessoal, e acabou se envolvendo em dois filmes elogiados: O Exótico Hotel Marigold, no qual faz a personagem mais humorada (como foi em Assassinato em Gosford Park), e neste Quartet, dirigido pelo amigo e colega Dustin Hoffman. Nele, Maggie Smith interpreta uma diva da ópera que volta à sua cidade para a comemoração do aniversário do compositor clássico Giuseppe Verdi.

Com aquele típico humor britânico que corre em sua veias, ela tem boas chances no Oscar. Ao lado de Judi Dench, Emmanuelle Riva e Helen Mirren, Maggie Smith comprova que as veteranas ainda têm muito a ensinar às mais novas atrizes e por que não para o público jovem de hoje que só vê porcaria e atores de plástico? Viva a terceira idade!

Quvenzhané Wallis em Indomável Sonhadora

QUVENZHANÉ WALLIS (Indomável Sonhadora)

Eu sei… parece um daqueles golpes de marketing, mas quem viu o filme Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild), que venceu o grande prêmio em Sundance, garante que a pequena merece um lugar de destaque nessa temporada de premiação. Se a indicação ao Oscar vier, ela marcará um novo recorde na história do prêmio, sendo a atriz mais jovem indicada com 8 anos.

O drama independente Indomável Sonhadora vem conquistando o público e a crítica por sua mistura perfeita de fantasia infantil com uma dura realidade de pobreza em Louisianna, nos EUA. Para contar essa história, o jovem diretor estreante Benh Zeitlin testou mais de quatro mil meninas para o papel para encontrar Wallis. Felizmente, essa árdua procura teve um final feliz. E Zeitlin deu muita sorte também no papel de coadjuvante. Ele contratou Dwight Henry, que era dono da padaria do outro lado da rua do set de filmagens! Curiosamente, ambos estão no novo filme de Steve McQueen, diretor dos premiados Hunger (2008) e Shame (2011).

Normalmente, quando uma atriz-mirim está na lista de indicadas ao Oscar, as chances são praticamente nulas. Ganhar como coadjuvante pode acontecer como aconteceu com Tatum O’Neal (aos 10 em 1974 por Lua de Papel) e Anna Paquin (aos 11 em 1994 por O Piano), mas ganhar como Melhor Atriz?? O recorde de mais jovem nessa categoria ainda pertence a Marlee Matlin, que tinha 21 aninhos quando venceu em 1987 por Filhos do Silêncio. Estaria a Academia diposta a quebrar essa marca por um jovem prodígio como Quvenzhané Wallis?

Naomi Watts em O Impossível

NAOMI WATTS (O Impossível)

Se depender do sofrimento que o personagem passa para ganhar um Oscar, pode-se dizer que Naomi Watts já teria a estatueta na mão. No drama-catástrofe, O Impossível, de Juan Antonio Bayona, ela está no lugar errado e na hora errada, mais precisamente na Tailândia em 2004, palco das tsunamis que levaram muitas vidas.

A atriz britânica fazia filmes B de terror como O Elevador da Morte (2001) até que David Lynch mudou sua vida ao chamá-la para estrelar Cidade dos Sonhos (2001). Seu nome passou a ser conhecido por vários diretores que queriam trabalhar com ela como Gore Verbinski em O Chamado (2002), David O. Russell em Huckabees – A Vida é uma Comédia (2004) e Peter Jackson em King Kong (2005), onde abraçou o papel que consagrou Fay Wray e Jessica Lange.

Sua primeira e única indicação saiu pelo dramático 21 Gramas, de Alejandro González Iñárritu, no qual sua personagem vive maus bocados quando encontra o homem que recebeu o coração de seu ex-marido. Como Watts parece uma boneca de porcelana, o fato de viver personagens em situações que deterioram a imagem das mesmas parece colaborar para a qualidade da interpretação. Como deu certo com 21 Gramas, por que não daria com O Impossível?

Neste novo trabalho, ela busca sua sobrevivência e sua família em meio à catástrofe do tsunami. Naomi Watts fica toda coberta de lama e sua chapinha é arruinada pela água salgada. Claro que isso merece uma indicação! Brincadeiras à parte, o drama O Impossível conta uma história de superação e solidariedade, elementos que, combinados, costumam ganhar muitos votos.

Mary Elizabeth Winstead em Smashed

MARY ELIZABETH WINSTEAD (Smashed)

Pelo nome, a atriz Mary Elizabeth Winstead talvez passe desapercebida pelo grande público. Mais conhecida por papéis de coadjuvante em grandes produções como Duro de Matar 4.0, no qual viveu a filha de Bruce Willis, e o filme-video-game Scott Pilgrim Contra o Mundo, onde é a desejada Ramona Flowers. Conseguiu papéis de protagonista em filmes de terror como Premonição 3 (2006) e a recente refilmagem da refilmagem de O Enigma do Outro Mundo (2011).

Ao se sair bem no papel de uma alcóolatra em Smashed, de James Ponsoldt, Winstead parece querer provar ao mundo que seu talento não pára na beleza. No filme, ela vive Kate Hannah, que conhece seu marido por causa do forte vício ao álcool. Quando se cansa da bebida e tenta se livrar dela, acaba afetando o relacionamento.

Personagens que sofrem com alcoolismo costumam se sair bem na corrida ao Oscar. O grande Ray Milland venceu com méritos seu Oscar de Melhor Ator em 1946 em Farrapo Humano, de Billy Wilder. Nicolas Cage afundou no vício em Despedida em Las Vegas, de Mike Figgis, e saiu reconhecido pela Academia em 1996. E mais recentemente, em 2010, Jeff Bridges ganhou o seu Oscar em Coração Louco, ao interpretar o músico Bad Blake,que tem uma queda fácil pelo álcool.

Smashed saiu com o prêmio especial do júri no último Festival de Sundance e agora, a distribuidora Sony Pictures Classics está investindo na campanha para uma indicação a Mary Elizabeth Winstead. Pelo histórico dela, seria uma zebra.

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