PELA PRIMEIRA VEZ, FILME DA NETFLIX É O RECORDISTA DE INDICAÇÕES DE UMA EDIÇÃO
Há poucos anos atrás, a reclamação mais recorrente em relação ao Oscar era a previsibilidade, principalmente nas categorias principais e de atuação. Em 2020, os quatro atores que ganharam o Oscar: Joaquin Phoenix, Renée Zellweger, Brad Pitt e Laura Dern levaram todos os prêmios de destaque da temporada, impossibilitando qualquer tipo de surpresa para a cerimônia. Este ano, parece que a Academia tomou as devidas providências, reconheceu profissionais que não estavam necessariamente bem cotados, e o resultado foi uma lista de surpresas e ausências.
Dentre as surpresas, as duas maiores foram na categoria de Melhor Atriz: Lady Gaga, que estava praticamente garantida após as indicações ao SAG e BAFTA, foi esnobada por Casa Gucci, para a entrada da quase esquecida Kristen Stewart por Spencer. Ao contrário de Gaga, Stewart passou longe dos prêmios anteriores e perdeu o Globo de Ouro para Nicole Kidman. Existem chances de Stewart levar o Oscar? Improvável, mas não impossível. Basta lembrarmos de casos recentes porém raros semelhantes ao dela como Marcia Gay Harden por Pollock.
Ainda em Melhor Atriz, Penélope Cruz entrou na reta final por Mães Paralelas, comprovando o alto prestígio que Pedro Almodóvar tem junto à Academia. Esta é a quarta indicação dela, e a segunda sob a direção do diretor espanhol. Havia a possibilidade da norueguesa Renate Reinsve conseguir o mesmo feito por A Pior Pessoa do Mundo, mas acho que a cota para estrangeiras parou com Cruz, que aliás foi indicada na mesma edição com seu marido, Javier Bardem, que foi indicado por Apresentando os Ricardos. Honestamente, não considero uma atuação digna de Oscar (seria mais uma questão de carisma), mas é sempre bom ter Bardem lembrado. Na mesma toada, J.K. Simmons é um ótimo ator, mas uma indicação por esta performance parece um pouco exagerada. Na categoria de Coadjuvante, acreditava que não apenas Bradley Cooper seria indicado por Licorice Pizza, mas também ganharia… principalmente sem Alana Haim no páreo.
Falando em casais indicados, outro reconhecido neste ano foi Jesse Plemons e Kirsten Dunst, que inclusive formam um casal em Ataque dos Cães. É a primeira vez que ambos são indicados ao Oscar, mas ambos têm poucas chances de vitória. Ele por dividir votos com Kodi Smit-McPhee, e ela por estar distante do favoritismo de Ariana DeBose como Coadjuvante. Aliás, muito me surpreendeu a ausência de Caitriona Balfe por Belfast, já que ela vinha sendo lembrada em todos os prêmios da temporada. Embora não tenha muitas cenas memoráveis, Balfe está bem no filme de Branagh, mas ela cedeu sua vaga para sua colega de filme, Judi Dench, que tem menos cenas ainda, mas foi lembrada por seu prestígio. É a 8ª indicação da atriz britânica.
Talvez a maior surpresa (mesmo que esperada) tenha sido a indicação de Melhor Filme para um filme japonês de 3 horas de duração: Drive My Car. A adaptação de Haruki Murakami ganhou inúmeros prêmios na temporada, inclusive Melhor Filme nos grupos de críticos de Los Angeles e Nova York, mas mesmo assim, havia dúvidas se os membros da Academia abraçariam um longa estrangeiro tão sutil. Considero a indicação de Direção para Ryûsuke Hamaguchi fenomenal, pois comprova que a categoria de Diretor tem se firmado cada vez mais como uma disputa que preza a ousadia (ao contrário do conservadorismo frequente de Melhor Filme). E nesse quesito, segundo a Academia, faltou ousadia para Denis Villeneuve por sua primeira parte de Duna.
Em termos históricos, vale destacar a tripla indicação inédita de Melhor Filme Internacional, Longa de Animação e Documentário para o dinamarquês Flee (Fuga). É uma pena que esse tipo de situação costuma desfavorecer o filme, que perde votos por se dividirem. Merecia ganhar como Longa de Animação no lugar de algum filme mais batido da Disney ou Pixar, mas por mais que não ganhe nada, merece ser visto e admirado. E claro, vale lembrar aqui a 1ª indicação para o Butão na categoria de Filme Internacional. Lunana: A Yak in the Classroom é aquela típica produção milagrosa que rendeu um filme apesar do baixíssimo orçamento e condições precárias. Deve perder a estatueta para o japonês Drive My Car, mas espero que atraia maiores investimentos para o cinema de lá.
Sobre a categoria de Canção Original, fiquei desapontado por não terem indicado a canção “Beyond the Shore” de No Ritmo do Coração. Além de uma canção bonita, é cantada pela própria atriz Emilia Jones, e tem muito a ver com a história da filha de pais surdos-mudos. Eu amo a compositora Diane Warren, que passa a acumular 13 indicações sem vitória agora, mas essa indicação da canção “Somehow You Do” parece destinada a perder mais uma vez. Apesar da presença icônica de Beyoncé na categoria pela canção de King Richard, acredito em mais uma vitória de uma canção da franquia 007, ainda mais aproveitando a fama global de Billie Eilish.
Tem outras coisas que vale citar aqui referente a Casa Gucci como a exclusão do filme na categoria de Figurino (parecia ser uma indicação mais do que garantida por se tratar de um filme envolvendo moda) e de Jared Leto como Ator Coadjuvante, que aliás foi indicado para o Framboesa de Ouro como Pior Coadjuvante por uma performance carregada pela maquiagem exagerada. Outra ausência bastante comemorada por cinéfilos foi a de Aaron Sorkin (Apresentando os Ricardos) nas categorias de Filme e Roteiro Original. O roteiro de Sorkin consegue ser mais politicamente correto e quadrado do que seu anterior Os 7 de Chicago, e a Academia fez bem em esnobá-lo, senão o homem começa a achar que tudo que ele faz é genial. E o mais legal de Sorkin fora é que ele cedeu lugar para um roteiro filosófico, divertido e despojado: o roteiro do filme norueguês A Pior Pessoa do Mundo, que é lembra as comédias românticas de Truffaut e até Godard.
Ah! Temos a 2ª diretora de fotografia mulher indicada ao Oscar de Melhor Fotografia! Depois de Rachel Morrison ter aberto as portas em 2018 com Mudbound, a australiana Ari Wegner é reconhecida por Ataque dos Cães, muito embora também merecesse pelo independente Zola. Falando em marcas históricas, a diretora Jane Campion se tornou a 1ª diretora a ser indicada duas vezes ao Oscar de Direção. Pra quem não se lembra, ela foi indicada em 1994 por O Piano, e perdeu para Steven Spielberg por A Lista de Schindler. Aliás, Spielberg atinge uma marca impressionante por ter sido o único diretor indicado em todas as últimas décadas desde os anos 70 pra cá. Coincidentemente, parece que Campion deve retribuir a derrota justamente contra Spielberg este ano.
E sobre a liderança de Ataque dos Cães com 12 indicações, é preciso ressaltar o belo trabalho que a Netflix vem fazendo nos últimos anos. Tem investido massivamente em produções de pedigree com diretores-autores, mas sempre tem batido na trave na hora de ganhar o Oscar de Melhor Filme como foi com Roma, O Irlandês e Mank. Será que finalmente chegou a vez da plataforma de streaming se consagrar? Aproveitando, seguem os números dos filmes no Oscar 2022:
12 (Ataque dos Cães); 10 (Duna); 7 (Belfast) (Amor, Sublime Amor); 6 (King Richard); 4 (Drive My Car/ Não Olhe Para Cima/ O Beco do Pesadelo); 3 (Licorice Pizza/ No Ritmo do Coração/ A Tragédia de Macbeth/ Apresentando os Ricardos/ A Filha Perdida/ Encanto/ Flee/ 007 Sem Tempo Para Morrer).
NO MESMO DIA, DRAMA ‘BELFAST’ LIDEROU GLOBO DE OURO
Neste mesmo dia 13 de Dezembro, o Critics’ Choice Awards anunciou sua lista de indicados poucas horas depois da fragilizada HFPA anunciar os indicados ao Globo de Ouro. Em comum, Belfast foi o recordista de indicações e, desta forma, o drama autobiográfico do britânico Kenneth Branagh vem conquistando seu favoritismo até o Oscar com 11 indicações, incluindo Melhor Filme, Direção, Roteiro Original, Fotografia, além de 4 indicações nas categorias de atuação.
Já o outro filme com 11 indicações foi o remake do musical Amor, Sublime Amor, de Steven Spielberg, que estreou recentemente nos EUA com uma bilheteria bem abaixo do esperado apesar das boas críticas. Vale lembrar que o filme tinha previsão inicial para lançamento em 2020, mas devido ao escândalo sexual envolvendo o nome do protagonista Ansel Elgort, houve um adiamento de um ano. Em entrevistas, o diretor tem defendido o filme como uma mensagem de amor e união, ambos muito necessários em tempos de polarização. Recentemente, a novata Rachel Zegler recebeu o prêmio de Melhor Atriz no National Board of Review e aqui, foi indicada na categoria de Ator/Atriz Jovem, com grandes chances de vitória. E vale ressaltar a indicação de Rita Moreno, que recentemente completou 90 anos, e pode ser novamente reconhecida pela Academia 50 anos depois do original de Robert Wise e Jerome Robbins.
Logo em seguida, com 10 indicações, Ataque dos Cães e Duna se mostram protagonistas desta temporada, enquanto Licorice Pizza e O Beco do Pesadelo acumularam 8 indicações cada. O novo filme de Guillermo del Toro finalmente tem um reconhecimento à altura de suas ambições e tem boas chances de premiação nas categorias de Design de Produção e Figurino. Já King Richard: Criando Campeãs e Não Olhe Para Cima coletaram 6 indicações cada.
A indicação que mais surpreendeu foi a de Nicolas Cage na categoria de Melhor Ator por um filme mega independente chamado Pig. Alguns certamente já viram o trailer e outros já viram o filme e a reação da maioria foi unânime: “Por que Nicolas Cage não faz mais filmes assim?”. Depois de tanta porcaria que o ator participou nos últimos anos (certamente pra pagar as contas), foi bom ver que Cage continua um bom ator se lhe derem um bom papel. Em Pig, ele vive isolado numa floresta com uma porca que caça trufas até o dia em que ela é sequestrada. Parece a sinopse de um filme à la Liam Neeson, mas o filme subverte as expectativas e entrega um drama de luto. Achamos bem difícil ele voltar ao Oscar com um filme tão pequeno, ainda mais com tantos concorrentes em alta, mas já valeu pelo retorno do reconhecimento do ator.
Já na categoria de atriz, uma ausência comentada foi a de Penélope Cruz por Madres Paralelas, que lhe rendeu o Volpi Cup de Melhor Atriz no último Festival de Veneza. Como muitos já sabem, o filme não pode concorrer ao Oscar de Filme Internacional, pois não foi o selecionada do comitê espanhol, mas apesar da ausência de Cruz, ainda há expectativa de que Pedro Almodóvar consiga triunfar no Oscar.
Confira todos os indicados da 27ª edição do Critics’ Choice:
MELHOR FILME
Belfast No Ritmo do Coração (CODA) Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up) Duna (Dune) King Richard: Criando Campeãs (King Richard) Licorice Pizza O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley) Ataque dos Cães (The Power of the Dog) tick, tick…Boom! Amor, Sublime Amor (West Side Story)
MELHOR ATOR Nicolas Cage (Pig) Benedict Cumberbatch (Ataque dos Cães) Peter Dinklage (Cyrano) Andrew Garfield (tick, tick…Boom!) Will Smith (King Richard: Criando Campeãs) Denzel Washington (The Tragedy of Macbeth)
MELHOR ATRIZ Jessica Chastain (The Eyes of Tammy Faye) Olivia Colman (The Lost Daughter) Lady Gaga (Casa Gucci) Alana Haim (Licorice Pizza) Nicole Kidman (Being the Ricardos) Kristen Stewart (Spencer)
MELHOR ATOR COADJUVANTE Jamie Dornan (Belfast) Ciarán Hinds (Belfast) Troy Kotsur (No Ritmo do Coração) Jared Leto (Casa Gucci) J.K. Simmons (Being the Ricardos) Kodi Smit-McPhee (Ataque dos Cães)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE Caitriona Balfe (Belfast) Ariana DeBose (Amor, Sublime Amor) Ann Dowd (Mass) Kirsten Dunst (Ataque dos Cães) Aunjanue Ellis (King Richard: Criando Campeãs) Rita Moreno (Amor, Sublime Amor)
MELHOR ATOR/ATRIZ JOVEM Jude Hill (Belfast) Cooper Hoffman (Licorice Pizza) Emilia Jones (No Ritmo do Coração) Woody Norman (C’mon C’mon) Saniyya Sidney (King Richard: Criando Campeãs) Rachel Zegler (Amor, Sublime Amor)
MELHOR ELENCO Belfast Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up) Vingança & Castigo (The Harder They Fall) Licorice Pizza Ataque dos Cães (The Power of the Dog) Amor, Sublime Amor (West Side Story)
MELHOR DIRETOR Paul Thomas Anderson (Licorice Pizza) Kenneth Branagh (Belfast) Jane Campion (Ataque dos Cães) Guillermo del Toro (O Beco do Pesadelo) Steven Spielberg (Amor, Sublime Amor) Denis Villeneuve (Duna)
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL Paul Thomas Anderson (Licorice Pizza) Zach Baylin (King Richard: Criando Campeãs) Kenneth Branagh (Belfast) Adam McKay, David Sirota (Não Olhe Para Cima) Aaron Sorkin (Being the Ricardos)
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO Jane Campion (Ataque dos Cães) Maggie Gyllenhaal (The Lost Daughter) Siân Heder (No Ritmo do Coração) Tony Kushner (Amor, Sublime Amor) Jon Spaihts, Denis Villeneuve, Eric Roth (Duna)
MELHOR FOTOGRAFIA Bruno Delbonnel (The Tragedy of Macbeth) Greig Fraser (Duna) Janusz Kaminski (Amor, Sublime Amor) Dan Laustsen (O Beco do Pesadelo) Ari Wegner (Ataque dos Cães) Haris Zambarloukos (Belfast)
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO Jim Clay, Claire Nia Richards (Belfast) Tamara Deverell, Shane Vieau (O Beco do Pesadelo) Adam Stockhausen, Rena DeAngelo (A Crônica Francesa) Adam Stockhausen, Rena DeAngelo (Amor, Sublime Amor) Patrice Vermette, Zsuzsanna Sipos (Duna)
MELHOR MONTAGEM Sarah Broshar and Michael Kahn (Amor, Sublime Amor) Úna Ní Dhonghaíle (Belfast) Andy Jurgensen (Licorice Pizza) Peter Sciberras (Ataque dos Cães) Joe Walker (Duna)
MELHOR FIGURINO Jenny Beavan (Cruella) Luis Sequeira (O Beco do Pesadelo) Paul Tazewell (Amor, Sublime Amor) Jacqueline West, Robert Morgan (Duna) Janty Yates (Casa Gucci)
MELHOR PENTEADO E MAQUIAGEM Cruella Duna The Eyes of Tammy Faye Casa Gucci O Beco do Pesadelo
MELHORES EFEITOS VISUAIS Duna The Matrix Resurrections O Beco do Pesadelo Sem Tempo Para Morrer Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis
MELHOR COMÉDIA
Duas Tias Loucas de Férias (Barb & Star Go to Vista Del Mar) Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up) Free Guy: Assumindo o Controle (Free Guy) A Crônica Francesa (The French Dispatch) Licorice Pizza
MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO Encanto Flee Luca A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas (The Mitchells vs the Machines) Raya e o Último Dragão (Raya and the Last Dragon)
MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA A Hero Drive My Car Flee The Hand of God The Worst Person in the World
MELHOR CANÇÃO Be Alive (King Richard: Criando Campeãs) Dos Oruguitas (Encanto) Guns Go Bang (Vingança & Castigo) Just Look Up (Não Olhe Para Cima) No Time to Die (Sem Tempo Para Morrer)
MELHOR TRILHA MUSICAL Nicholas Britell (Não Olhe Para Cima) Jonny Greenwood (Ataque dos Cães) Jonny Greenwood (Spencer) Nathan Johnson (O Beco do Pesadelo) Hans Zimmer (Duna)
_______________________________________________________ A cerimônia do Critics’ Choice Awards será transmitida peloa TNT no dia 9 de Janeiro.
A Academia divulgou a lista com as 32 animações inscritas para concorrer ao Oscar de Melhor Longa de Animação da próxima cerimônia, marcada para o dia 9 de Fevereiro. Trata-se de um recorde, já que o número mais alto até então era de 27 no ano de 2017.
Muitos desses trabalhos ainda precisam cumprir algumas regras para se tornarem elegíveis ao prêmio, como a exibição mínima por sete dias em Los Angeles, portanto, podem haver alterações.
Segue lista completa:
* Abominável (Abominable)
* A Família Addams (The Addams Family)
* Angry Birds 2: O Filme (The Angry Birds Movie 2)
* Another Day of Life
* Longe (Away)
* Buñuel in the Labyrinth of the Turtles (Buñuel en el laberinto de las tortugas)
* Children of the Sea (Kaijû no kodomo)
* Dilili à Paris (Dilili in Paris)
* Frozen 2 (Frozen II)
* Funan
* Primal
* Como Treinar o Seu Dragão 3 (How to Train Your Dragon: The Hidden World)
* Perdi Meu Corpo (J’ai perdu mon corps)
* Klaus
* The Last Fiction
* Uma Aventura Lego 2 (The Lego Movie 2: The Second Part)
* Marona’s Fantastic Tale (L’extraordinaire voyage de Marona)
* Link Perdido (Missing Link)
* Ne Zha (Ne Zha zhi mo tong jiang shi)
* Okko’s Inn (Waka okami wa Shôgakusei!)
* Pachamama
* Promare
* Rezo
* Pets: A Vida Secreta dos Bichos 2 (The Secret Life of Pets 2)
* Um Espião Animal (Spies in Disguise)
* The Swallows of Kabul (Les hirondelles de Kaboul)
* This Magnificent Cake! (Ce Magnifique gateau!)
* The Tower
* Toy Story 4 (Toy Story 4)
* Upin & Ipin: The Lone Gibbon Kris (Upin & Ipin: Keris Siamang Tunggal)
* Weathering with You (Tenki no ko)
* White Snake (Baishe: Yuanqi)
As animações Ne Zha e Weathering With You também competem na categoria de Filme Internacional (ex-Filme em Língua Estrangeira) pelos países China e Japão, respectivamente, onde foram sucessos de bilheteria. Embora suas chances de indicação aumentem, as animações têm maiores chances na categoria de Animação. Vidas ao Vento (2013), de Hayao Miyazaki, também concorreu em ambas, mas foi indicado apenas na categoria de Animação. Já na categoria de Filme Internacional, houve apenas uma animação indicada na história: Valsa com Bashir, de Ari Folman, que concorreu por Israel em 2009.
A Netflix também está na corrida por reconhecimento. A plataforma de streaming inscreveu três trabalhos: as animações francesas Perdi Meu Corpo e Pachamama, e a espanhola Klaus que tem em seu elenco J.K. Simmons e Joan Cusack. Enquanto Pachamama já está disponível no acervo brasileiro, Klaus estará disponível a partir de 15 de novembro, e Perdi Meu Corpo (I Lost my Body) a partir de 29 de novembro. Essa última produção recebeu alguns prêmios importantes como a da Semana da Crítica em Cannes, o que pode contribuir para sua campanha ao Oscar.
Talvez ainda seja cedo para dar previsões certeiras, mas à princípio nossas apostas para os indicados são:
– Frozen 2 – Perdi Meu Corpo – Missing Link – Toy Story 4 – Weathering With You
As indicações ao Oscar 2020 serão anunciadas no dia 13 de janeiro.
Em cena de Manchester à Beira-Mar, Casey Affleck e Lucas Hedges . Filme foi recordista de indicações ao SAG Awards (pic by cine.gr)
DRAMA INDEPENDENTE DE KENNETH LONERGAN VOLTA AO PROTAGONISMO DA TEMPORADA DE PREMIAÇÕES
Após ver o musical La La Land ganhar o Critics’ Choice e liderar as indicações ao Globo de Ouro, chegou a hora de Manchester à Beira-Mar chamar atenção pela força de seu elenco. O filme escrito e dirigido por Kenneth Lonergan conseguiu indicações para Ator (Casey Affleck), Ator Coadjuvante (Lucas Hedges), Atriz Coadjuvante (Michelle Williams) e Elenco. Logo depois, com 3 indicações ficaram Fences e Moonlight.
Na manhã desta quarta-feira, dia 14, os atores Sophia Bush e Common fizeram o anúncio dos indicados. Não sei quanto à opinião de vocês, mas acho que os artistas encarregados desta tarefa deveriam ser mais imparciais. No vídeo abaixo, no momento das categorias de cinema, Common passa a comemorar com um ‘yes’ toda vez que um filme com atores negros é citado, enquanto os outros ficaram no vácuo. Obviamente, ele está feliz que a polêmica do #OscarSoWhite deu resultado, mas ele poderia guardar essa alegria para si mesmo. Sua companheira de anúncio, Sophia Bush, procurou amenizar a situação entrando na onda e com bom humor, mas ficou um certo desconforto desnecessário.
Common e Sophia Bush anunciam a categoria de Ator do SAG (pic by San Francisco Chronicle)
Nos últimos anos, o SAG Awards tem crescido em importância na temporada de premiações, já que os vencedores da categoria de Melhor Elenco ganharam também o Oscar de Melhor Filme onze vezes nos últimos 21 anos. Nos últimos dois anos, Spotlight e Birdman seguiram esse roteiro.
Além disso, o SAG tem uma ótima estatística de acerto em relação ao Oscar: cerca de 80% nas categorias de atuação. Como se diz no termo futebolístico, se você ganhou o SAG, está com “as mãos na taça”. Se focar na categoria de Melhor Ator, aí é dobradinha na certa com o Oscar. Sabe quando o último vencedor do SAG não levou o prêmio da Academia? Em 2004, quando Johnny Depp (Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra) perdeu para Sean Penn (Sobre Meninos e Lobos), ou seja, faz muito tempo.
Pior pra quem fica de fora do SAG. São os casos de 20th Century Women, Loving, e os já citados no post do Globo de Ouro: Silêncio e Sully: O Herói do Rio Hudson. Não significa necessariamente que ficarão fora do Oscar, mas suas chances caem consideravelmente.
Bom, falando em queda de chances, a maior surpresa das indicações pra mim foi justamente a ausência de Isabelle Huppert por Elle. A atriz francesa estava em alta depois dos prêmios da crítica de LA e NY, além das indicações do Critics’ Choice e Globo de Ouro, mas por algum motivo não figurou na lista do SAG. À princípio, acreditava que seu nome estava fora por não ser membro do sindicato dos atores, requisito mínimo para concorrer, mas depois de ler algumas matérias, descartei essa possibilidade. Bom, quem perde é o próprio SAG, que preferiu reconhecer Emily Blunt por A Garota no Trem, que não aparecia em nenhuma lista de melhores.
Ainda na categoria de Atriz, outra ausência sentida foi de Ruth Negga por Loving. Até o momento, ela não havia conquistado prêmio algum, mas sempre estava entre as melhores do ano. Annette Bening e Jessica Chastain eram outros nomes que ficaram de fora da disputa.
Outra importante nota seria a indicação de Hugh Grant como Coadjuvante por Florence: Quem é Essa Mulher?. Segundo o peso de seu personagem na trama, ele seria ator principal, e não secundário. Mas… como aconteceu nos anos anteriores com Alicia Vikander como coadjuvante em A Garota Dinamarquesa e Rooney Mara em Carol, Grant passou a concorrer como Coadjuvante a fim de ter mais chances de indicação e vitória. Caso venha a receber sua primeira indicação ao Oscar, acredito que será como coadjuvante.
Hugh Grant como St Clair Bayfield em Florence: Quem é Essa Mulher? (pic by cine.gr)
Ainda sobre as categorias de cinema, muitos destacaram a ausência de La La Land na categoria de Melhor Elenco. Claro que se o filme fosse indicado, sua campanha iria disparar, mas nesse caso, não deve afetar sua trajetória rumo ao Oscar. Embora os demais atores sejam relevantes como J.K. Simmons, Rosemarie DeWitt e Tom Everett Scott, o elenco já está muito bem reconhecido com as indicações de Ryan Gosling e Emma Stone.
Falando em muito bem reconhecido, Mahershala Ali foi o único ator desta edição a receber três indicações. Além de Ator Coadjuvante e Elenco por Moonlight, o ator também está no elenco de Estrelas Além do Tempo, que está indicado a Elenco.
E talvez a maior surpresa aqui foi a inclusão de Capitão Fantástico, cujo elenco foi indicado, além de Viggo Mortensen como Melhor Ator. Há tempos leio boas críticas em relação ao filme, principalmente em relação à escolha dos atores mirins que vivem os seis filhos do personagem de Mortensen. Depois de ser indicado no Critics’ e Globo de Ouro, o ator pode conquistar sua segunda indicação ao Oscar.
No centro, Viggo Mortensen em cena com seus filhos em Capitão Fantástico (pic by cine.gr)
Nas categorias de televisão, não tem como não aplaudir a Netflix. O canal de streaming conseguiu acumular 17 indicações através de suas produções originais, incluindo três para a sensação Stranger Things, e três para The Crown.
Assim como o Globo de Ouro, o SAG resolveu dar uma repaginada nas séries e concedeu as primeiras indicações para as novidades Westworld, Black-ish, This Is Us, Black Mirror, Unbreakable Kimmy Schmidt e Lady Day at Emerson’s Bar & Grill.
E mais um adendo: não entendi o prêmio pelo Conjunto da obra para a atriz Lily Tomlin. Ok, ela já não é mais mocinha, mais precisamente tem 77 anos, mas é uma artista que ainda está trabalhando em alto nível, tanto que foi indicada pela série da Netflix, Grace and Frankie. Bom, pelo menos podemos esperar um discurso leve e engraçado!
Lily Tomlin na série da Netflix, Grace & Frankie. (pic by elfilm.com)
INDICADOS AO 23º SAG AWARDS:
Outstanding Performance by a Male Actor in a Leading Role – Casey Affleck (Manchester à Beira-Mar)
– Andrew Garfield (Até o Último Homem)
– Ryan Gosling (La La Land: Cantando Estações)
– Viggo Mortensen (Capitão Fantástico)
– Denzel Washington (Fences)
Outstanding Performance by a Female Actor in a Leading Role – Amy Adams (A Chegada)
– Emily Blunt (A Garota no Trem)
– Natalie Portman (Jackie)
– Emma Stone (La La Land: Cantando Estações)
– Meryl Streep (Florence: Quem é Essa Mulher?)
Outstanding Performance by a Male Actor in a Supporting Role – Mahershala Ali (Moonlight)
– Jeff Bridges (A Qualquer Custo)
– Hugh Grant (Florence: Quem é Essa Mulher?)
– Lucas Hedges (Manchester à Beira-Mar)
– Dev Patel (Lion)
Outstanding Performance by a Female Actor in a Supporting Role – Viola Davis (Fences)
– Naomie Harris (Moonlight)
– Nicole Kidman (Lion)
– Octavia Spencer (Estrelas Além do Tempo)
– Michelle Williams (Manchester à Beira-Mar)
Outstanding Performance by a Cast in a Motion Picture – Capitão Fantástico
– Fences
– Estrelas Além do Tempo
– Manchester à Beira-Mar
– Moonlight
Outstanding Performance by a Male Actor in a Television Movie or Miniseries – Riz Ahmed (The Night Of)
– Sterling K. Brown (The People v. O.J. Simpson)
– Bryan Cranston (All the Way)
– John Turturro (The Night Of)
– Courtney B. Vance (The People v. O.J. Simpson)
Outstanding Performance by a Female Actor in a Television Movie or Miniseries – Bryce Dallas Howard (Black Mirror)
– Felicity Huffman (American Crime)
– Audra McDonald (Lady Day at Emerson’s Bar and Grill)
– Sarah Paulson (The People v. O.J. Simpson)
– Kerry Washington (Confirmation)
Outstanding Performance by a Male Actor in a Drama Series – Sterling K. Brown (This Is Us)
– Peter Dinklage (Game of Thrones)
– John Lithgow (The Crown)
– Rami Malek (Mr. Robot)
– Kevin Spacey (House of Cards)
Outstanding Performance by a Female Actor in a Drama Series – Millie Bobby Brown (Stranger Things)
– Claire Foy (The Crown)
– Thandie Newton (Westworld)
– Winona Ryder (Stranger Things)
– Robin Wright (House of Cards)
Outstanding Performance by a Male Actor in a Comedy Series – Anthony Anderson (Black-ish)
– Tituss Burgess (Unbreakable Kimmy Schmidt)
– Ty Burrell (Modern Family)
– William H. Macy (Shameless)
– Jeffrey Tambor (Transparent)
Outstanding Performance by a Female Actor in a Comedy Series – Uzo Aduba (Orange is the New Black)
– Jane Fonda (Grace and Frankie)
– Ellie Kemper (Unbreakable Kimmy Schmidt)
– Julia Louis-Dreyfus (Veep)
– Lily Tomlin (Grace and Frankie)
Outstanding Performance by an Ensemble in a Drama Series – The Crown
– Downton Abbey
– Game of Thrones
– Stranger Things
– Westworld
Outstanding Performance by an Ensemble in a Comedy Series – The Big Bang Theory
– Black-ish
– Modern Family
– Orange is the New Black
– Veep
Outstanding Action Performance by a Stunt Ensemble in a Comedy or Drama Series – Game of Thrones
– Marvel’s Daredevil
– Marvel’s Luke Cage
– The Walking Dead
– Westworld
Outstanding Action Performance by a Stunt Ensemble in a Motion Picture – Capitão América: Guerra Civil
– Doutor Estranho
– Até o Último Homem
– Jason Bourne
– Animais Noturnos
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A 23ª cerimônia do SAG Awards está marcada para o dia 29 de janeiro, e será transmitida pelo canal pago TNT.
Novo logo do MTV Movie Awards (art by Dabs Myla – photo by mtv.com)
‘SNIPER AMERICANO’, ‘BOYHOOD’, ‘WHIPLASH’ E ATÉ ‘SELMA’ CONCORREM AO PRÊMIO DA MTV QUE SOA COMO UM PRÊMIO DE CONSOLAÇÃO
Depois de vários anos em decadência, o MTV Movie Awards tem tudo para decolar novamente este ano. É possível ver inúmeros artistas em destaque pelos trabalhos de 2014 nas listas de indicação que poderiam até figurar no Oscar. É o caso dos atores Miles Teller, Channing Tatum e pra alegria dos racistas de plantão, David Oyelowo, que foi preterido pela Academia. Expandiram até o número de indicados a Melhor Filme para oito produções! Contudo, de nada adianta ter ótimas opções de escolha se o público não ajudar na hora de votar pela internet.
Para Melhor Filme, por exemplo, eu votaria para Whiplash: Em Busca da Perfeição. Se no Oscar o filme de Damien Chazelle era considerado “pequeno ou independente demais” para ganhar como Melhor Filme, aqui no MTV Movie Awards ele se encaixaria como uma luva, ainda mais por se tratar de um filme sobre música. Mas a minha bola de cristal pessimista (pra não dizer realista) me diz que o público acéfalo vai eleger o novo filme da saga Jogos Vorazes como o melhor do ano. Será uma pena se isso acontecer, porque o prêmio tem uma grande oportunidade de resgatar sua credibilidade, já que no passado chegou a eleger ótimos filmes como O Exterminador do Futuro 2 e Pulp Fiction – Tempo de Violência.
Cena com Milles Teller e J.K. Simmons de Whiplash: Em Busca da Perfeição, de Damien Chazelle. (photo by outnow.ch)
Aí você pode retrucar dizendo que não se pode discutir o gosto do público, afinal gosto é subjetivo. Sim, é verdade. Mas como cinéfilo, vejo com tristeza essa decadência de um prêmio que já foi o mais cool da indústria ficar vítima de um péssimo paladar do público que já elegeu A Saga Crepúsculo quase toda e Transformers como Melhor Filme. Espero que se não votarem em Whiplash, que pelo menos votem em Guardiões da Galáxia, um filme pipoca bem escrito.
Outros podem argumentar dizendo que se o MTV Movie Awards elegesse apenas filmes preteridos pelo Oscar, poderia perder sua identidade. Concordo. O Movie Awards não precisa ser um estepe do Oscar, mas também não precisa eleger apenas filmes da modinha. Há incontáveis bons filmes que sequer figuraram em listas de críticos, mas que poderiam ser reconhecidos aqui. Só para exemplificar, cito Capitão América 2: O Soldado Invernal (indicado a Melhor Luta e Melhor Beijo) e a comédia Top Five (indicado a Melhor Comediante e WTF Moment). Seriam prêmios merecidos, mas resta saber se o público concorda.
Chris Rock em Top Five (photo by outnow.ch)
Lembro que uns anos atrás, a votação era limitada a norte-americanos, mas felizmente este ano a votação está aberta internacionalmente. Wohooo! Então, meninos e meninas, caso queira colaborar com uma melhora efetiva nos resultados do MTV Movie Awards, e não for votar em Jogos Vorazes (brincadeira!), vote agora. Basta fazer um login por Facebook, Twitter ou e-mail:
Também fiz crítica ao prêmio de Shirtless Performance (performance sem camisa) por ser uma futilidade, mas felizmente, este ano temos uma concorrente feminina! E que concorrente! Kate Upton foi indicada pelo medíocre Mulheres ao Ataque (adivinhem em que votei). Então, cuecas de plantão, por favor vamos votar! De qualquer forma, eu trocaria essa categoria pelo retorno de Most Desirable Female e Male, pois premiaria a sensualidade toda de um personagem, e não apenas o fato de ele ou ela tirar a roupa.
A belíssima Kate Upton em Mulheres ao Ataque (photo by elfilm.com)
Nesta edição, Guardiões da Galáxia, A Culpa é das Estrelas e Vizinhos lideram as indicações com sete cada. Coincidentemente, todos os três competem nas categorias Shirtless Performance e Melhor Beijo. Imagina Cinquenta Tons de Cinza no MTV Movie Awards de 2016…
Este ano, a hostess será a escritora, comediante e atriz Amy Schumer, que ficou conhecida por sua série Inside Amy Schumer, na qual faz comédia stand up e entrevista pessoas nas ruas. Vi uns vídeos de stand up comedy dela no Youtube e achei bem sem graça. Veja um vídeo promocional do evento abaixo e confirme:
Amy Schumer com Anna Kendrick. A noite vai ser looonga…
Seguem os indicados ao MTV Movie Awards:
Movie of the Year
– Sniper Americano (American Sniper)
– Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 (The Hunger Games: Mockingjay – Part 1)
– Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy)
– Garota Exemplar (Gone Girl)
– A Culpa é das Estrelas (The Fault In Our Stars)
– Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)
– Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash)
– Selma: Uma Luta Pela Igualdade (Selma)
Best Female Performance
– Jennifer Lawrence (Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1)
– Emma Stone (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
– Shailene Woodley (A Culpa é das Estrelas)
– Reese Witherspoon (Livre)
– Scarlett Johansson (Lucy)
Best Male Performance
– Bradley Cooper (Sniper Americano)
– Chris Pratt (Guardiões da Galáxia)
– Ansel Elgort (A Culpa é das Estrelas)
– Miles Teller (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
– Channing Tatum (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
Best Scared-As-S**t Performance
– Rosamund Pike (Garota Exemplar)
– Annabelle Wallis (Annabelle)
– Jennifer Lopez (O Garoto da Casa ao Lado)
– Dylan O’Brien (Maze Runner: Correr ou Morrer)
– Zach Gilford (Uma Noite de Crime: Anarquia)
Breakthrough Performance
– Ansel Elgort (A Culpa é das Estrelas)
– Rosamund Pike (Garota Exemplar)
– David Oyelowo (Selma: Uma Luta Pela Igualdade)
– Dylan O’Brien (Maze Runner: Correr ou Morrer)
– Ellar Coltrane (Boyhood: Da Infância à Juventude)
Best Shirtless Performance
– Zac Efron (Vizinhos)
– Chris Pratt (Guardiões da Galáxia)
– Channing Tatum (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
– Ansel Elgort (A Culpa é das Estrelas)
– Kate Upton (Mulheres ao Ataque)
Best Duo – Channing Tatum & Jonah Hill (Anjos da Lei 2)
– Zac Efron & Dave Franco (Vizinhos)
– Shailene Woodley & Ansel Elgort (A Culpa é das Estrelas)
– Bradley Cooper & Vin Diesel (Guardiões da Galáxia)
– James Franco & Seth Rogen (A Entrevista)
Best Fight
– Jonah Hill vs. Jillian Bell (Anjos da Lei 2)
– Chris Evans vs. Sebastian Stan (Capitão América 2: O Soldado Invernal)
– Dylan O’Brien vs. Will Poulter (Maze Runner: Correr ou Morrer)
– Seth Rogen vs. Zac Efron (Vizinhos)
– Edward Norton vs. Michael Keaton (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
Best Kiss
– Ansel Elgort & Shailene Woodley (A Culpa é das Estrelas)
– James Franco & Seth Rogen (A Entrevista)
– Andrew Garfield & Emma Stone (O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro)
– Scarlett Johansson & Chris Evans (Capitão América 2: O Soldado Invernal)
– Rose Byrne & Halston Sage (Vizinhos)
Best WTF Moment
– Seth Rogen & Rose Byrne (Vizinhos)
– Jonah Hill (Anjos da Leis 2)
– Jason Sudeikis & Charlie Day (Quero Matar Meu Chefe 2)
– Miles Teller (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
– Rosario Dawson & Anders Holm (Top Five)
Best Villain – Rosamund Pike (Garota Exemplar)
– J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
– Jillian Bell (Anjos da Lei 2)
– Meryl Streep (Caminhos da Floresta)
– Peter Dinklage (X-Men: Dias de um Futuro Esquecido)
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Best Musical Moment
– Jennifer Lawrence (Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1)
– Chris Pratt (Guardiões da Galáxia)
– Seth Rogen & Zac Efron (Vizinhos)
– Bill Hader & Kristen Wiig (Irmãos Desastre)
– Miles Teller (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
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Best Comedic Performance
– Channing Tatum (Anjos da Lei 2)
– Chris Pratt (Guardiões da Gláxia)
– Rose Byrne (Vizinhos)
– Chris Rock (Top Five)
– Kevin Hart (Padrinhos LTDA)
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Best On-Screen Transformation – Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)
– Elizabeth Banks (Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1)
– Zoe Saldana (Guardiões da Galáxia)
– Steve Carell (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
– Ellar Coltrane (Boyhood: Da Infância à Juventude)
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O MTV Movie Awards acontece no dia 12 de abril, e a MTV Brasil vai transmitir ao vivo. Sim, eu confirmei através da propaganda exibida no próprio canal.
Michael Keaton levou o Independent Spirit Award um dia antes do Oscar por Birdman (photo by entertainment.inquirer.net)
EM SEU 30º ANO, PRÊMIO DOS INDEPENDENTES ESTÁ CADA VEZ MAIS EQUIPARADO AO OSCAR
Um dia antes do Oscar, ocorreu o 30º Independent Spirit Awards. Lembro que até a década de 90, a regra era a seguinte: o filme ou artista que ganhar o Independent não ganhará o Oscar. Mas os tempos mudaram com crises econômicas (obrigado, George W. Bush), e agora parece não haver quase nenhuma distinção entre Oscar e o prêmio independente.
Para quem não conhece, o regulamento do Independent Spirit exige basicamente que os filmes candidatos não ultrapassem a barreira dos 20 milhões de dólares de custo de produção (incluindo a pós-produção) e que seja produzido nos EUA. Só para citar alguns exemplos: Foxcatcher e Vício Inerente foram desqualificados pelo primeiro quesito, enquanto A Teoria de Tudo foi pelo segundo, por ser britânico.
Mas, como dito, com a crise econômica, muitas das produções de estúdio estão com seus orçamentos bastante enxugados, fazendo com que esses filmes também concorram ao Independent um dia antes do Oscar. Assim, Birdman, Boyhood e Whiplash, por exemplo, estavam presentes e concorrendo em ambas as premiações.
Ethan Hawke aceita o prêmio de Diretor na ausência de Richard Linklater por Boyhood (photo by novo.wada.vn)
Claro que por um lado, é vantajoso para esses filmes ganhar mais projeção num evento mais aconchegante (o Independent foi realizado em tendas da praia de Santa Monica!), mas e como ficam os filmes realmente menores? Ok, tem algumas produções que estão concorrendo ao Independent que não foram convidadas para o Oscar como O Amor é Estranho, Kumiko the Treasure Hunter e Amantes Eternos, mas nenhum deles ganhou um Independent Spirit Award sequer!
Com a crise apertando e mudando o cenário, sugiro uma mudança bem simples: alterar o teto de orçamento qualificatório para 10 milhões de dólares. Essa medida eliminaria muitos desses novos papa-Oscars e resgataria produções mais modestas para a premiação a fim de alavancar suas bilheterias, pois como muitos se esquecem, um prêmio tem também essa função de ajudar na divulgação de um trabalho e levantar uma graninha extra.
Bom, agora cortando o discurso político, vamos aos resultados. Birdman faturou os prêmios de Filme, Ator (Michael Keaton) e Fotografia. Já Boyhood ficou com o prêmio de Diretor para Richard Linklater (que tem mais cara de indie) e Atriz Coadjuvante (Patricia Arquette).
Tudo bem que ficaria feio para o Independent ser do contra se elegesse outros atores que não fossem os favoritos (Michael Keaton, Julianne Moore, J.K. Simmons e Patricia Arquette), mas poderiam dar uma variada, pois tinham boas opções alternativas. Por que não premiar Tilda Swinton por Amantes Eternos ou Jake Gyllenhaal por O Abutre como Ator? Sairia da mesmice da temporada e demonstraria mais personalidade; pra não soar redundante e dizer “seria mais independente”. Alguns podem achar que essa opinião é uma mera tentativa de ser diferente, mas se olharmos para a safra de 2014, houve mais atores tão merecedores quanto aqueles que ganharam todos os prêmios.
Julianne Moore recebe prêmio por Para Sempre Alice (photo by chinadaily.com.cn)
O mesmo digo na categoria de Filme em Língua Estrangeira. Pô, o mesmo filme quadrado polonês ganhou o Independent?! Só pra citar aqueles que assisti, tinha o ótimo filme russo Leviatã, que destrincha a Rússia atual com um roteiro inteligente; tinha o sueco Força Maior, que tem uma veia de humor negro tão bizonha que já merecia qualquer prêmio por sua atmosfera; e o britânico Sob a Pele, com seu tom experimental em vários campos como a fotografia, a trilha musical e a montagem. Deixe para o Oscar premiar Ida por seu tipo conservador.
VENCEDORES DO INDEPENDENT SPIRIT AWARDS 2015:
MELHOR FILME • Birdman (Birdman (or The Unexpected Virtue of Ignorance) Produtores: Alejandro González Iñárritu, John Lesher, Arnon Milchan, James W. Skotchdopole
DIRETOR • Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
ATRIZ • Julianne Moore (Still Alice)
ATOR • Michael Keaton (Birdman)
ATRIZ COADJUVANTE • Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude)
Patricia Arquette discursa por Boyhood (photo by hollywoodreporter.com)
ATOR COADJUVANTE • J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
J.K. Simmons aceita seu prêmio por Whiplash: Em Busca da Perfeição. Ao fundo, Jared Leto. Photo by variety.com
MELHOR FOTOGRAFIA • Emmanuel Lubezki (Birdman)
MELHOR MONTAGEM • Tom Cross (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
MELHOR ROTEIRO • Dan Gilroy (O Abutre)
MELHOR FILME DE ESTRÉIA • O Abutre (Nightcrawler) Diretor: Dan Gilroy Produtores: Jennifer Fox, Tony Gilroy, Jake Gyllenhaal, David Lancaster, Michel Litvak
PRIMEIRO ROTEIRO • Justin Simien (Dear White People)
PRÊMIO JOHN CASSAVETES – Para produções feitas abaixo de 500 mil dólares. • Land Ho! Diretores-roteiristas: Aaron Katz, Martha Stephens Produtores: Christina Jennings, Mynette Louie, Sara Murphy
MELHOR DOCUMENTÁRIO • CitizenFour Diretora-produtora: Laura Poitras Produtores: Mathilde Bonnefoy, Dirk Wilutzky
FILME INTERNACIONAL • Ida – POLÔNIA Diretor: Pawel Pawlikowski
O diretor Pawel Pawlikowski discursa por Ida (photo by pictures.zimbio.com)
PRÊMIO ROBERT ALTMAN – Concedido a um diretor, diretor de elenco e elenco • Vício Inerente (Inherent Vice) Diretor: Paul Thomas Anderson Diretor de Casting: Cassandra Kulukundis Elenco: Josh Brolin, Martin Donovan, Jena Malone, Joanna Newsom, Joaquin Phoenix, Eric Roberts, Maya Rudolph, Martin Short Serena Scott Thomas, Benicio Del Toro, Katherine Waterston, Michael Kenneth Williams, Owen Wilson, Reese Witherspoon
SPECIAL DISTINCTION AWARD • Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo (Foxcatcher) Diretor/Produtor: Bennett Miller Produtores: Anthony Bregman, Megan Ellison, Jon Kilik Roteiristas: E. Max Frye, Dan Futterman Atores: Steve Carell, Mark Ruffalo, Channing Tatum
PRODUCERS AWARD • Chad Burris • Elisabeth Holm • Chris Ohlson
SOMEONE TO WATCH AWARD • A Girl Walks Home Alone at Night Diretora: Ana Lily Amirpour • H. Diretores: Rania Attieh & Daniel Garcia • The Retrieval Diretor: Chris Eska
TRUER THAN FICTION AWARD • Approaching the Elephant Diretor: Amanda Rose Wilder • Evolution of a Criminal Diretor: Darius Clark Monroe • The Kill Team Diretor: Dan Krauss • The Last Season Diretora: Sara Dosa
Michael Keaton (centro) agradece o Oscar de Melhor Filme à frente da equipe do filme (photo: John Shearer/Invision/AP)
‘BIRDMAN’ É O GRANDE VENCEDOR DA NOITE COM 4 OSCARS: MELHOR FILME, DIRETOR, ROTEIRO E FOTOGRAFIA. ‘O GRANDE HOTEL BUDAPESTE’ TAMBÉM LEVA 4, MAS EM CATEGORIAS MENORES.
Depois de uma crescente nos prêmios de sindicatos como PGA e DGA, deu Birdman no Oscar! E apesar de ter ganhado um Oscar por Atriz Coadjuvante, o grande perdedor acabou sendo Boyhood, que estava cotado para ganhar filme, montagem, atriz coadjuvante e até diretor, dependendo do curso da premiação.
Particularmente, acho que o Oscar de direção e de fotografia já reconheceria os méritos de Birdman, mas como li num site: “Dentre os 6 mil votantes da Academia, a maioria é formada por atores, então nada mais natural do que eles votarem num filme sobre atores”. Curiosamente, nenhum dos três atores indicados acabou ganhando de fato o Oscar. Michael Keaton, Edward Norton e Emma Stone só subiram ao palco de forma coletiva para agradecer ao Oscar de Melhor Filme.
Bom, e aquela minha visão que tive de Boyhood sendo coroado Melhor Filme não se concretizou. Eu já imaginava até aqueles longos clipes dos filmes vencedores de Melhor Filme com uma breve cena do filme de Richard Linklater! Aliás, Linklater, que estava indicado em três categorias, acabou não levando NADA! Perdeu Filme, Diretor e Roteiro Original… Ao longo das semanas que antecederam o Oscar, li muitos comentários de críticos e até de simples cinéfilos defendendo que o circo em torno de Boyhood era meramente por causa do projeto inovador de 12 anos de filmagem. Confesso que me peguei pensando nessa possibilidade, mas ainda acredito que é um dos melhores filmes de 2014. Agora resta aguardar se o filme passará pelo teste do tempo.
A seguir a artwork utilizada pelo Oscar para cada um dos filmes indicados a Melhor Filme. Foi um desperdício a Academia não utilizar suas duas vagas restantes da categoria para indicar mais filmes como Foxcatcher, por exemplo…
Sniper Americano
Birdman
Boyhood
O Grande Hotel Budapeste
O Jogo da Imitação
Selma
A Teoria de Tudo
Whiplash
NÚMEROS
O Grande Hotel Budapeste (Direção de Arte, Figurino, Maquiagem e Trilha Musical Original) e Birdman (Filme, Diretor, Roteiro Original e Fotografia) empataram com 4 Oscars cada. Em seguida, vem Whiplash, com 3 Oscars: Ator Coadjuvante (J.K. Simmons), Montagem e Som.
Os demais filmes conquistaram apenas uma estatueta cada. A Teoria de Tudo (Ator – Eddie Redmayne), Para Sempre Alice (Atriz – Julianne Moore), Boyhood (Atriz Coadjuvante – Patricia Arquette), O Jogo da Imitação (Roteiro Adaptado), Operação Big Hero (Longa de Animação), Ida (Filme em Língua Estrangeira), Selma (Canção Original), Sniper Americano (Efeitos Sonoros), Interestelar (Efeitos Visuais) e Citizenfour (Documentário), denotando uma alto nivelamento entre a maioria.
SURPRESAS
Embora fosse esperado que O Grande Hotel Budapeste ganharia muitos dos prêmios “técnicos” como Direção de Arte, Figurino e Maquiagem, honestamente, esperava que Wes Anderson seria reconhecido com Melhor Roteiro Original, já que Alejandro González Iñárritu muito provavelmente venceria como diretor. Assim como no Globo de Ouro, Birdman levou o prêmio de roteiro. Foi triste ver Wes Anderson apenas aplaudindo seus colegas. Better luck next time, Wes!
Wes Anderson ficou muito feliz pelos 4 Oscars que O Grande Hotel Budapeste recebeu. Mas infelizmente, ficou sentado a noite toda. (photo by billhaderismycriterioncollection.tumblr.com)
Quando postei sobre a liberdade que a Academia tinha de eleger um longa de animação fora dos padrões tridimensionais, torcia contra o favoritismo de Como Treinar o Seu Dragão 2, então teoricamente fiquei feliz por ter perdido, MAS não queria que perdesse para outro 3D! Gostaria que o Oscar fosse para uma animação mais alternativa, mas como um amigo meu lembrou, o Oscar é um prêmio de indústria, então nada mais natural do que um filme da indústria ganhe. Curiosamente, em 14 anos de existência da categoria de Longa de Animação, apenas um filme de língua estrangeira foi premiado: A Viagem de Chihiro, de Hayao Miyazaki, em 2002. Uma pena…
Agora, duas surpresas que mais gostei. A primeira foi a premiação do compositor francês Alexandre Desplat por O Grande Hotel Budapeste. Apesar de ter sido duplamente indicado (também por O Jogo da Imitação), havia uma grande chance de ele perder duplamente como já aconteceu com John Williams. Desplat bateu o favoritismo de Jóhann Jóhannssonn (A Teoria de Tudo) e finalmente conquistou seu primeiro Oscar depois de oito indicações. Trata-se de um dos melhores compositores da atualidade, que sabe compor para filmes de todos os gêneros. Oscar merecido!
E a outra boa surpresa foi o Oscar de Montagem para Whiplash! Fenomenal! Tom Cross realizou um trabalho formidável ao sincronizar todo aquele jazz com os cortes, criando um ritmo único e fresco. O filme conquistou merecidos 3 Oscars: Ator Coadjuvante (J.K. Simmons), Som e Montagem. Se O Jogo da Imitação não fosse tão favorito, o filme poderia ganhar também Melhor Roteiro Adaptado. Pena que o filme não tinha chances reais de ganhar Melhor Filme, senão poderia ter conquistado mais prêmios…
SOBRE A CERIMÔNIA
Os fãs de A Noviça Rebelde que me perdoem, mas aquela homenagem feita pela cantora Lady Gaga foi desnecessário. Ok, bonito, mas desnecessário. Se queriam fazer uma homenagem aos musicais, que trouxessem mais atores que participaram dessa época de ouro do musical americano como a atriz Debbie Reynolds, por exemplo. Por mim, que curto assistir ao Oscar, não vejo problemas com homenagens, mas é no mínimo incoerente ver que eles apressam tanto as coisas pra tudo, mas tem tempo sobrando para essas homenagens que poderiam passar batido.
Lady Gaga abraça Dame Julie Andrews depois de homenagem de A Noviça Rebelde (photo by psychoticmusichead.tumblr.com)
Quanto ao host, Neil Patrick Harris, tirando o momento de cueca no palco, fazendo uma alusão ao Birdman, achei sua participação meio comportada. Aliás, ele é uma versão meio Billy Crystal, meio Hugh Jackman, mas não canta tão bem como Crystal, nem dança tão bem quanto Jackman. E suas piadas politicamente incorretas não chegam aos pés de um Jon Stewart ou de Chris Rock. E aquela piada dos “Oscars predictions” na mala bem guardada foi muita firula pra pouca graça. Acho que os produtores do evento estão se guiando demais por audiência do que qualidade de fato. O host seguiu os protocolos e foi completamente apropriado e inofensivo, e esse tom pode ser muito ruim a longo prazo para a imagem do Oscar. Nem a participação “surpresa” de Jack Black ajudou na introdução musical de Neil Patrick Harris, ou seja, a coisa tava feia…
Teve alguns discursos que honestamente nem prestei atenção, então me perdoem caso tenha passado algo desapercebido aqui. Mas gostei de alguns como o do J.K. Simmons. Quando ele começou a falar e agradecer a mulher e os filhos “above average”, já estava desapontado por que ele estava repetindo o mesmo discurso de todos os prêmios anteriores que ele havia ganhado. Mas felizmente, ele deu uma guinada e soltou um “Ligue para sua mãe. Eu falei isso para um bilhão de pessoas. Ligue para sua mãe, seu pai. Se você tem sorte e tem pais vivos, ligue. Não mande mensagem, não mande e-mail. Ligue por telefone. Diga que você os ama e os agradeça, e os ouça o quanto eles quiserem falar com você.” – Por mais que ele tenha deixado o filme de lado, foi um momento bonito da noite.
Da esquerda para a direita: J.K. Simmons, Patricia Arquette, Julianne Moore e Eddie Redmayne com seus respectivos Oscars (photo by kinginthenorths.tumblr.com)
Já o discurso de Patricia Arquette foi mais inflamado. Depois de agradecer a equipe e sua família, ela puxa um “Está na hora de ter igualdade de salário e igualdade de direitos para as mulheres nos EUA!” – que logo foi endossado por um entusiasmado “Yes! Yes! Yes!” de Meryl Streep, que estava sentada na fileira da frente. Claro que ainda vivemos num mundo machista que paga menos para mulheres que ocupam o mesmo cargo de homens, e apoio essa mudança. Agora, se ela se refere ao salário das atrizes em Hollywood, acho que muito depende das bilheterias. O público em geral prefere filmes estrelados por homens. Não se trata de uma opinião, mas de um dado estatístico. Então, de acordo com a lei de mercado, os grandes estúdios acabam pagando menos para as atrizes. E isso reflete também numa reclamação recorrente das atrizes que é a escassez de papéis bons femininos. Com certeza, existem ótimos roteiros com excelentes protagonistas femininas por aí, mas se os estúdios não fornecerem a verba, o projeto não sai do papel. Sei que é uma realidade cruel, mas enquanto o público não der resposta nos números, pouca coisa vai mudar nesse sentido. Os homens vão continuar na lista dos atores mais bem pagos de Hollywood.
Bem mais tranquila, Julianne Moore preferiu evitar polêmicas e soltou uma pérola: “Eu li um artigo que dizia que ganhar um Oscar poderia render 5 anos de vida a mais. Se isso for verdade, gostaria de agradecer a Academia porque meu marido é mais novo do que eu”. Acho que quem escreveu esse artigo não lembrou de alguns casos como o de Haing S. Ngor que morreu assassinado, Robin Williams ou de seu colega de set em Jogos Vorazes, Philip Seymour Hoffman, que morreu em fevereiro do ano passado, oito anos depois de ganhar o Oscar por Capote. Mas deixando de lado o tom fúnebre, Oscar merecido para Julianne Moore, que pode não ter vencido por sua melhor performance, mas certamente era uma das melhores que estavam concorrendo sem sombra de dúvida. Espero sinceramente que este Oscar não prejudique sua escolha de projetos e lhe cause algum tipo de maldição e consequente decadência.
Julianne Moore com seu primeiro Oscar por Para Sempre Alice (photo by morejulianne.tumblr.com)
O discurso mais politicamente correto da noite foi para a dupla John Legend e Common pela canção “Glory”. Depois de uma apresentação comovente, eles subiram ao palco ligando a liberdade de Selma com a nossa atualidade: as marchas pela democracia da China, e em nome da liberdade de expressão em Paris – lembrando da tragédia de Charlie Hebdo.
Common e John Legend durante apresentação da canção “Glory” de Selma (photo by robertdeniro.tumblr.com)
No discurso de Melhor Diretor de Alejandro González Iñárritu, ele mencionou que no DGA Awards ele estava usando o cachecol de Raymond Chandler e a gravata de Billy Wilder para dar sorte e tinha funcionado. No Oscar, ele confessou que estava usando a cueca branca de Michael Keaton (usada em Birdman). “É apertada, cheira a bolas, mas funciona. E estou aqui!” – a platéia adorou. Embora minha torcida para Melhor Ator tenha sido para Benedict Cumberbatch, fiquei chateado que Keaton não levou seu Oscar. Teria sido uma ótima história, já que ele interpretou um ator que buscava reabilitação depois de vários anos no ostracismo, assim como ele ficou depois dos dois filmes do Batman, de Tim Burton.
Alejandro González Iñárritu ocupa as duas mãos com as 3 estatuetas do Oscar por Birdman
No ano passado, John Travolta tinha tomado um chá de cogumelo antes de introduzir a apresentação da cantora Idina Menzel da música “Let it Go”, de Frozen, chamando-a pelo nome bizarro de “Adele Nazim”. De onde raios eles tirou esse nome se estava escrito direitinho no teleprompter?? Fumou crack, só pode! Então, como uma espécie de vingança engraçada, Idina o introduziu como “Glom Gazingo”! Travolta e Menzel deram a volta por cima de uma gafe com classe.
Idina Menzel com John Travolta no Oscar
Seguem os vencedores do Oscar 2015:
MELHOR FILME * Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) (Birdman)
MELHOR DIRETOR * Alejandro González Iñárritu (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
MELHOR ATOR * Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)
Eddie Redmayne ainda bastante extasiado com seu Oscar por A Teoria de Tudo (photo by mcavoys.tumblr.com)
MELHOR ATRIZ * Julianne Moore (Para Sempre Alice)
MELHOR ATOR COADJUVANTE * J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE * Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude)
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL * Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris, Armando Bo (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO * Graham Moore (O Jogo da Imitação)
MELHOR FOTOGRAFIA * Emmanuel Lubezki (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE * Adam Stockhausen e Anna Pinnock (O Grande Hotel Budapeste)
MELHOR MONTAGEM * Tom Cross (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
MELHOR FIGURINO * Milena Canonero (O Grande Hotel Budapeste)
MELHOR MAQUIAGEM E CABELO * Frances Hannon e Mark Coulier (O Grande Hotel Budapeste)
MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL * Alexandre Desplat (O Grande Hotel Budapeste)
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL * “Glory”, de John Stephens e Lonnie Lynn (Selma)
MELHOR SOM * Craig Mann, Ben Wilkins e Thomas Curley (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
MELHORES EFEITOS SONOROS * Alan Robert Murray e Bub Asman (Sniper Americano)
MELHORES EFEITOS VISUAIS * Paul J. Franklin, Andrew Lockley, Ian Hunter, Scott R. Fisher (Interestelar)
MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA * Ida, de Pawel Pawlikowski (POLÔNIA)
MELHOR ANIMAÇÃO * Operação Big Hero
MELHOR DOCUMENTÁRIO * CitizenFour
MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA * Crisis Hotline: Veterans Press 1
MELHOR CURTA-METRAGEM * The Phone Call
MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO * O Banquete (Feast)
Jessica Chastain nem estava indicada ao Oscar, mas o que seria do Oscar sem Jessica Chastain???
– Sniper Americano
– Birdman
– Boyhood: Da Infância à Juventude
– O Grande Hotel Budapeste
– O Jogo da Imitação
– Selma: A Luta Pela Igualdade
– A Teoria de Tudo
– Whiplash: Em Busca da Perfeição
DEVE GANHAR: Boyhood: Da Infância à Juventude DEVERIA GANHAR: Boyhood: Da Infância à Juventude ZEBRA: Selma: Uma Luta Pela Igualdade
ESNOBADO: Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo
Quando vi Boyhood, na hora pensei no Oscar de Melhor Filme, assim como quando vi 12 Anos de Escravidão, tive a mesma visão. O projeto ambicioso de 12 anos de Richard Linklater tem cara de Oscar de Melhor Filme e acho que merece ser reconhecido por seu esforço descomunal, além de ter alterado para sempre qualquer filme sobre amadurecimento.
Mas o filme perdeu muito de sua força depois que perdeu para Birdman como Melhor Filme no PGA, sindicato dos produtores, que costuma acertar bem os vencedores desta categoria. E outra vantagem que Birdman possui é que a maioria dos 6 mil votantes do Oscar é ator ou atriz, e eles adoraram esse filme justamente por sua temática teatral, afinal, só um ator sabe como é ficar no ostracismo por anos e tentar um retorno triunfal como faz o personagem de Michael Keaton.
Nessa briga entre os dois filmes, curiosamente, Sniper Americano tem surpreendido como elemento surpresa. Sua bilheteria americana de mais de 300 milhões de dólares (até o momento) tem chamado muito a atenção, além da sua polêmica envolvendo o tratamento da Guerra do Iraque (os iraquianos quase não têm falas e o protagonista mata uma criança e sua mãe – com razão – mas mata).
Normalmente, a Academia se mostra mais conservadora, e prefere ficar longe de polêmicas, mas o crescimento do filme de Clint Eastwood tem sido impossível de ficar indiferente. Uma escolha excelente seria O Grande Hotel Budapeste, que ainda por cima, deve ganhar várias estatuetas, mas boa parte dos especialistas defendem que o filme de Wes Anderson não tem o peso para ganhar um prêmio de tamanha importância como o Oscar de Melhor Filme. Muitos o enxergam apenas como uma trama de assassinato bonita. E o mesmo vale para Whiplash, que seria pequeno demais para um prêmio grande demais.
Por outro lado, Selma: Uma Luta Pela Igualdade tem o tal peso que os especialistas falam, mas só foi indicado a Filme e Canção Original. Seria praticamente impossível essa vitória, por mais que o Oscar de canção esteja garantido. Além disso, o filme só foi indicado a Filme por causa da campanha levantada por Oprah Winfrey, que além de atuar, também é produtora do longa. Muito provavelmente, sem Winfrey, o filme jamais teria saído do papel, pois nenhum grande estúdio se interessou.
MELHOR DIRETOR
Indicados:
– Wes Anderson (O Grande Hotel Budapeste)
– Alejandro González Iñárritu (Birdman)
– Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
– Bennett Miller (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
– Morten Tyldum (O Jogo da Imitação)
Alejandro González Iñárritu com o ator Michael Keaton em set de Birdman (photo by outnow.ch)
DEVE GANHAR: Alejandro González Iñárritu (Birdman) DEVERIA GANHAR: Wes Anderson (O Grande Hotel Budapeste) ZEBRA: Morten Tyldum (O Jogo da Imitação)
ESNOBADO: Damien Chazelle (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
O Oscar de direção tá concorrido este ano. Alejandro González Iñárritu está ligeiramente na frente por ter vencido o DGA (Directors Guild of America), mas Richard Linklater ganhou o Globo de Ouro e o Critics’ Choice Awards. E a divisão de votos entre ambos pode muito bem beneficiar Wes Anderson, que está logo atrás por O Grande Hotel Budapeste. E não dá pra simplesmente descartar Bennett Miller, pois foi o elemento surpresa da categoria e pode surpreender, mesmo que seu Foxcatcher não esteja entre os indicados a Melhor Filme.
Em termos de mérito, Linklater ganha muitos pontos por ter se dedicado por 12 anos a um projeto que ninguém se interessou. Se ele perder na categoria de Roteiro Original, deve levar Diretor. Já o mexicano Iñárritu desempenha o papel do diretor que se faz presente no estilo do filme. Alguns consideram mão pesada seus longos planos-sequência, enquanto outros o consagram pela tensão originada pelos mesmos.
Apesar de todas as controvérsias deste ano na categoria como as ausências de Ava DuVernay (Selma), Angelina Jolie (Invencível) e Clint Eastwood (Sniper Americano), acho que todos os diretores estão bem representados aqui, inclusive o norueguês Morten Tyldum (O Jogo da Imitação), que achei que não seria indicado por ser meio desconhecido. Seu filme anterior, Headhunters, é um ótimo thriller estilo A Conversação que merece ser visto (só peca pelo excesso de redundância no final). Mas eu incluiria o jovem Damien Chazelle como forma de encorajá-lo ainda mais para os próximos projetos, assim como a Academia fez com o jovem Benh Zeitlin por Indomável Sonhadora há dois anos.
MELHOR ATOR
Indicados:
– Steve Carell (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
– Bradley Cooper (Sniper Americano)
– Benedict Cumberbatch (O Jogo da Imitação)
– Michael Keaton (Birdman)
– Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)
Eddie Redmayne em A Teoria de Tudo (photo by elfilm.com)
DEVE GANHAR: Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo) DEVERIA GANHAR: Benedict Cumberbatch (O Jogo da Imitação) ZEBRA: Steve Carell (Foxcatcher)
ESNOBADO: Jake Gyllenhaal (O Abutre)
Muito se fala da cartilha para se ganhar o Oscar de atuação, na qual se lê muito das transformações físicas para obter a consistência do personagem. Para isso, muitos dos vencedores emagreceram, engordaram, usaram próteses de nariz e dentes, e este ano, Eddie Redmayne chegou a entortar sua espinha tamanha sua obsessão em se tornar Stephen Hawking. Esse tipo de sacrifício vale um Oscar. A Teoria de Tudo é um filme clichê, sim, mas vale a pena pra ver a transformação do ator gradativamente. Contudo, particularmente, considero sua atuação fraca. Claro que ele faz caras e bocas, mas parece que ele está mais preocupado em reproduzir os macetes da figura de Stephen Hawking do que propriamente construir e desenvolver seu personagem.
Em termos de atuação mesmo, prefiro Benedict Cumberbatch, que consegue captar nuances com um simples olhar ou um gesto. Em O Jogo da Imitação, ele faz Alan Turing, o matemático homossexual que quebrou o código Enigma usado pelos nazistas. Ou a atuação de Michael Keaton como Riggan. Assim como Mickey Rourke fez em O Lutador, Keaton explora e extrai de sua vida pessoal experiências necessárias para a construção e consistência de seu personagem, que busca um retorno triunfal na Broadway. Se a maioria dos votantes considerar que Redmayne é muito jovem para ter um Oscar (ele tem 33), Michael Keaton leva.
Curiosamente, excetuando Bradley Coooper, todos os demais estão em sua primeira indicação ao Oscar. E o que dá ainda mais vantagem para Cooper é que esta é sua terceira indicação consecutiva: ele foi indicado por O Lado Bom da Vida e Trapaça. Quer mais? Sniper Americano está concorrendo a 6 estatuetas, incluindo Melhor Filme, e tem a maior bilheteria de todos os indicados, ultrapassando a marca dos 300 milhões só em território americano. Essas cartas na manga normalmente contribuem muito para que a Academia conceda seus prêmios, e como Clint Eastwood não foi indicado, pode sobrar um Oscar surpresa para Bradley Cooper.
Tudo bem que a Academia não curte filmes sombrios do tipo de O Abutre, mas a ausência de Gyllenhaal nesta categoria é um ultraje. Indicado anteriormente como coadjuvante em 2006 por O Segredo de Brokeback Mountain, ele segue à risca os anais da transformação física que leva ao Oscar ao perder 10 quilos, buscando realçar o brilho dos olhos ao evitar de piscá-los.
MELHOR ATRIZ
Indicadas:
– Marion Cotillard (Dois Dias, Uma Noite)
– Julianne Moore (Para Sempre Alice)
– Felicity Jones (A Teoria de Tudo)
– Rosamund Pike (Garota Exemplar)
– Reese Witherspoon (Livre)
Julianne Moore em Para Sempre Alice (photo by cinemagia.ro)
DEVE GANHAR: Julianne Moore (Para Sempre Alice) DEVERIA GANHAR: Julianne Moore (Para Sempre Alice) ZEBRA: Felicity Jones (A Teoria de Tudo)
ESNOBADO: Keira Knightley (Mesmo se Nada Der Certo)
Sabe aquele papo de “dá logo o Oscar pra ela”? . Claro que o papel que ela desempenha em Para Sempre Alice ajuda bastante, já que ela interpreta uma personagem que sofre de Mal de Alzheimer precoce. Mas engana-se aquele que acha que qualquer atriz mediana daria conta do recado. O “problema” é que Julianne tira de letra a personagem sem fazer muito esforço.
Talvez em um ano mais disputado, ela teria que suar um pouco mais a camisa para conquistar a estatueta. A grande surpresa da categoria foi a francesa Marion Cotillard, que concorre pelo filme belga Dois Dias, Uma Noite. Só o fato de ela ter batido as favoritas à indicação, Jennifer Aniston (Cake: Uma Razão Para Viver) e Amy Adams (Grandes Olhos), já a coloca como uma vitoriosa, mas sua atuação como uma trabalhadora que busca convencer seus colegas de trabalho a não perder o emprego é digna de nota. Ao contrário da maioria das atrizes, Cotillard se despe de qualquer vaidade em prol da personagem, que até tem uma postura levemente curvada de fracasso. Para sua infelicidade, como ela já havia ganhado o Oscar por Piaf – Um Hino ao Amor em 2008, suas chances são baixas.
Rosamund Pike era vista como uma concorrente em potencial por sua atuação elétrica em Garota Exemplar, mas como o filme não obteve mais nenhuma indicação, sua campanha enfraqueceu consideravelmente. Já Reese Witherspoon pode ser considerado aquele caso de atriz bonitinha que saiu da zona de conforto (também literalmente), pois sua personagem Cheryl Strayed percorre vários quilômetros numa busca por sua identidade, mas que apresenta consistência dramática beirando o 0%.
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Indicados:
– Robert Duvall (O Juiz)
– Ethan Hawke (Boyhood: Da Infância à Juventude)
– Edward Norton (Birdman)
– Mark Ruffalo (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
– J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
J.K. Simmons em Whiplash: Em Busca da Perfeição (photo by elfilm.com)
DEVE GANHAR: J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição) DEVERIA GANHAR: J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição) ZEBRA: Robert Duvall (O Juiz)
ESNOBADO: Riz Ahmed (O Abutre)
Não importa o quanto você tenha gostado da performance de Edward Norton ou Mark Ruffalo, o Oscar é de J.K. Simmons, e com méritos. Toda grande atuação começa com um bom papel e o monstruoso professor de música Fletcher que usa torturas psicológicas como método de ensino é um material de primeira qualidade, que caiu como uma luva para Simmons. Apesar de apresentar semelhanças com o chefe do Homem-Aranha, J.J. Jameson, em termos de rabugice, em Whiplash, ele consegue humanizar o personagem na sequência em que ele toca piano num pub. Como se não bastasse, a Academia adora um personagem durão que rouba a cena. Foi assim com Louis Gossett Jr. em A Força do Destino e Jack Palance em Amigos, Sempre Amigos conseguiram seus Oscars de coadjuvante.
Quanto a Norton, fico feliz que ele tenha conseguido sua terceira indicação depois de 16 anos! No final dos anos 90, ele foi considerado um dos mais promissores talentos em Hollywood após as indicações por As Duas Faces de um Crime em 1997 e A Outra História Americana em 1999, além de ter atuado no cult Clube da Luta. Em Birdman, ele desempenha uma tarefa complicada: interpretar um ator egocêntrico sem cair no clichê. Pena que seu personagem não teve mais participação na segunda metade do filme, pois merecia mais destaque.
Já Ruffalo… o que dizer? É um ator sutilmente multifacetado, que cedo ou tarde terá seu Oscar. Por Foxcatcher, assim como seu colega Channing Tatum, teve intenso treinamento de wrestling, ganhando massa muscular, mas também foi responsável pelo equilíbrio da história ao trazer uma boa dose de humanismo ao universo frio do multimilionário John Du Pont. Esta é sua segunda indicação depois de Minhas Mães e Meu Pai (2010).
Agora, no quesito humanismo, Ethan Hawke tira de letra em Boyhood. Ele pode ser um pai ausente para Mason, mas nos momentos em que volta, consegue compensá-lo e colaborar bastante em seu amadurecimento como homem. É um pai que todo garoto gostaria de ter, que conta os segredos de pegar meninas e bebe junto. E como Hawke já é um colaborador assíduo do diretor Richard Linklater, percebe-se nitidamente que ele está completamente à vontade no papel ao longo dos 12 anos do projeto. Sua vitória seria uma grata surpresa.
E Robert Duvall basicamente está na lista para dar uma credibilidade de veterano. Não que ele esteja mal em O Juiz, mas se fosse um ano mais disputado, ele poderia não estar na lista. Ainda pra sorte de Duvall, não houve muitos esnobados este ano.
A performance do novato Riz Ahmed como o ingênuo aprendiz Rick em O Abutre foi bastante simbólica. Ele representa toda uma classe de imigrantes latinos que lutam por oportunidades de empregos nos EUA ao mesmo tempo em que coletam migalhas para sobreviver. Uma indicação certamente deslancharia sua carreira, mas se ele fizer as escolhas certas nos próximos projetos, ele tem tudo para crescer em Hollywood.
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Indicadas:
– Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude)
– Laura Dern (Livre)
– Keira Knightley (O Jogo da Imitação)
– Emma Stone (Birdman)
– Meryl Streep (Caminhos da Floresta)
Patricia Arquette em Boyhood: Da Infância à Juventude (photo by outnow.ch)
DEVE GANHAR: Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude) DEVERIA GANHAR: Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude) ZEBRA: Meryl Streep (Caminhos da Floresta)
ESNOBADA: Jessica Chastain (O Ano Mais Violento) e Tilda Swinton (Expresso do Amanhã)
Patricia Arquette ganhou todos os prêmios que podia como atriz coadjuvante, tanto que as concorrentes já devem ir ao Oscar cientes de que vão ficar sentadas nas poltronas. Caso o filme não fosse sobre o crescimento do menino Mason (Ellar Coltrane), Arquette facilmente seria o centro de tudo. Sua personagem passa por maus bocados mas sempre com a cabeça erguida como uma representante da mulher do século XXI. Sua cena mais marcante, obviamente, é aquela em que se indigna com a saída do filho para a faculdade: “Então é só isso? Achei que havia mais…” – é de cortar o coração.
Entre as demais candidatas, Emma Stone consegue extrair uma vulnerabilidade de sua personagem sarcástica, mantendo uma postura misteriosa sobre seu passado com as drogas depois que seu pai a abandonou. Talvez não seja material de Oscar, mas sua interpretação ajuda Birdman a construir um belo mosaico de personagens.
Não gosto muito de Livre, mas ao sair da sessão, fiquei com o pensamento de que Laura Dern merecia mais tempo de tela. Sua personagem, uma mãe que descobre ter câncer quando planeja recomeçar a vida, só aparece em flashbacks curtos. E aí fica a impressão de que a Academia só a indicou pelo papel (e o sobrenome), e não pela atuação. Dern faz o que pode nos minutos que tem, mas não passa de uma memória da protagonista vivida por Reese Witherspoon.
Não gosto de botar Meryl Streep no patamar de zebra, mas neste caso, ela faz o mesmo papel de Robert Duvall: dar credibilidade à categoria com toda sua experiência. Seu melhor momento no musical Caminhos da Floresta é quando canta “Stay With Me”, quando demonstra uma vulnerabilidade, e obviamente, a transformação de Streep como a bruxa com a ajuda da maquiagem já chama a atenção, mas tudo isso não é o suficiente para ganhar uma quarta estatueta do Oscar. Esta é sua 19ª indicação. Alguém duvida que ela ultrapassa as 20?
Assim como em 2011, quando Jessica Chastain teve vários trabalhos lançados no mesmo ano e acabou indicada por Histórias Cruzadas, em 2014, ela também estrelou várias produções como Interestelar, Miss Julie, Dois Lados do Amor e O Ano Mais Violento, pelo qual ganhou o prêmio de coadjuvante no National Board of Review (NBR), então por que não uma nova indicação? De qualquer forma, Chastain também é daqueles talentos que já tem seu Oscar garantido no futuro… E Tilda Swinton foi bastante elogiada pela ficção científica futurista Expresso do Amanhã, mas como a Academia não curte o gênero…
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
À esquerda, Ralph Fiennes como o concierge Gustave com o seu leal lobby boy Zero, interpretado por Tony Revolori (photo by outnow.ch)
Indicados:
– Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
– Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris, Armando Bo (Birdman)
– E. Max Frye, Dan Futterman (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
– Wes Anderson, Hugo Guinness (O Grande Hotel Budapeste)
– Dan Gilroy (O Abutre)
DEVE GANHAR: Wes Anderson, Hugo Guinness (O Grande Hotel Budapeste) DEVERIA GANHAR: Wes Anderson, Hugo Guinness (O Grande Hotel Budapeste) ZEBRA: Dan Gilroy (O Abutre)
ESNOBADO: Andrey Zvyagintsev e Oleg Negin (Leviatã)
Embora o roteiro de Birdman tenha faturado alguns prêmios importantes como o Globo de Ouro, não chega à ótima elaboração de O Grande Hotel Budapeste com sua trama de assassinato que lembra uma Agatha Christie, mas com um humor que somente Wes Anderson conseguiria imprimir. Além disso, possui uma ampla gama de personagens interessantes que se cruzam em vários linhas narrativas. Como se não bastasse o Oscar que a Academia anda devendo a Anderson, ela adora tramas mirabolantes como a premiada de Assassinato em Gosford Park (2001).
Já os roteiros de Foxcatcher e O Abutre são sombrios demais para ganhar o Oscar. Claro que são bem escritos e defendidos por ótimos atores, mas não vejo a Academia os premiando. Já a presença de Boyhood aqui parece mais garantir que o filme seja premiado de alguma forma do que propriamente pela qualidade do roteiro. Talvez se a campanha de Leviatã fosse mais forte, seus roteiristas poderiam concorrer ao Oscar de roteiro original também. Eles conseguem fazer uma ótima metáfora de uma história bíblica de Jó ao adaptá-la para a Rússia dos dias de hoje, comandada por Vladimir Putin e a Igreja. O filme levou o prêmio de roteiro no último Festival de Cannes.
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Keira Knightley, Benedict Cumberbatch em cena de O Jogo da Imitação– photo by outnow.ch
Indicados:
– Jason Hall (Sniper Americano)
– Paul Thomas Anderson (Vício Inerente)
– Graham Moore (O Jogo da Imitação)
– Anthony McCarten (A Teoria de Tudo)
– Damien Chazelle (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
DEVE GANHAR: Graham Moore (O Jogo da Imitação) DEVERIA GANHAR: Damien Chazelle (Whiplash: Em Busca da Perfeição) ZEBRA: Jason Hall (Sniper Americano)
ESNOBADO: James Gunn e Nicole Perlman (Guardiões da Galáxia)
A campanha de O Jogo da Imitação foi boa, o que resultou em 8 indicações ao Oscar, mas na prática mesmo, nenhum prêmio está garantido. A única indicação que está mais próxima de se concretizar em uma estatueta é a de roteiro adaptado, mesmo com suas incoerências que alguns sites adoram citar (como o fato de que a máquina decodificadora não foi criada propriamente por Alan Turing, mas por poloneses). Trata-se de uma ótima forma da Academia compensar o filme de não sair de mãos vazias da cerimônia.
Contudo, em termos de roteiro, ainda prefiro o de Damien Chazelle. Claro que de longe, pode parecer uma história boba de aprendizado de música, mas olhando à fundo, ele aborda temas muito mais profundos como a própria existência, a exploração do dom de cada um e a obsessão em alcançar um objetivo. Os diálogos entre Fletcher (J.K. Simmons) e Andrew (Miles Teller) estão afiadíssimos e seus atores devem muito ao roteiro. Curiosidade: o filme originalmente concorria ao Oscar de roteiro original, mas a Academia considerou-o como roteiro adaptado depois que descobriu que houve um curta de mesmo nome em 2013 do mesmo diretor.
Eu poderia colocar o roteiro de Gillian Flynn (Garota Exemplar) ou Nick Hornby (Livre) como um dos esnobados, mas preferi incluir a adaptação dos quadrinhos de Guardiões da Galáxia. O universo dos personagens da Marvel era até então meio secundário, mas o roteiro soube captar tão bem o espírito desse quadrinho, que acabou se tornando esse sucesso inquestionável.
MELHOR FOTOGRAFIA
Edward Norton e Emma Stone em cena de Birdman – photo by outnow.ch
Indicados:
– Emmanuel Lubezki (Birdman)
– Robert D. Yeoman (O Grande Hotel Budapeste)
– Lukasz Zal, Ryszard Lenczewski (Ida)
– Dick Pope (Sr. Turner)
– Roger Deakins (Invencível)
DEVE GANHAR: Emmanuel Lubezki (Birdman) DEVERIA GANHAR: Robert D. Yeoman (O Grande Hotel Budapeste) ZEBRA: Dick Pope (Sr. Turner)
ESNOBADO: Daniel Landin (Sob a Pele)
Emmanuel Lubezki pode ter ganhado seu primeiro Oscar no ano passado por Gravidade, mas seu trabalho em Birdman foi tão além de saber onde botar a câmera e iluminar, que seria quase impossível ele não ser devidamente recompensado. Birdman não seria Birdman sem os vários planos-sequência (cenas sem cortes) bem pensados por ele e o diretor Alejandro González Iñárritu. Curiosamente, ele já havia trabalhado bem plano-sequência na ficção científica de seu colaborador assíduo, Alfonso Cuarón, em Filhos da Esperança. Por Birdman, Lubezki ganhou seu 4º prêmios ASC (do sindicato dos diretores de fotografia) e o BAFTA.
Particularmente, prefiro os trabalhos mais plásticos de Lubezki como A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça ou A Árvore da Vida, por isso, meu voto pessoal vai pra bela fotografia de Robert D. Yeoman em O Grande Hotel Budapeste. O filme de Wes Anderson casa tudo tão bem no departamento artístico, que a fotografia não poderia ficar de fora. Já meu voto de coração vai pra Roger Deakins, um dos melhores diretores de fotografia ativos. Esta é sua 12ª indicação sem vitória, mas a campanha do filme Invencível não anda tão invencível assim. Uma pena mesmo…
Sei que é experimental demais pro Oscar, mas gosto da fotografia de Sob a Pele. Pode não ter o plasticismo todo, mas possui ótimos ângulos que reforçam ainda mais o estranhismo desse filme.
MELHOR MONTAGEM
Da esquerda para a direita: Lorelei Linklater, Ethan Hawke e Ellar Coltrane em Boyhood: Da Infância à Juventude (photo by elfilm.com)
Indicados:
– Joel Cox, Gary Roach (Sniper Americano)
– Sandra Adair (Boyhood: Da Infância à Juventude)
– Barney Pilling (O Grande Hotel Budapeste)
– William Goldenberg (O Jogo da Imitação)
– Tom Cross (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
DEVE GANHAR: Sandra Adair (Boyhood: Da Infância à Juventude) DEVERIA GANHAR: Tom Cross (Whiplash: Em Busca da Perfeição) ZEBRA: William Goldenberg (O Jogo da Imitação)
ESNOBADO: James Herbert e Laura Jennings (No Limite do Amanhã)
Como competir com um filme que teve material bruto de 12 anos para editar?? Seria até cruel por parte da Academia não premiar o trabalhoso esforço da montadora Sandra Adair em Boyhood. Claro que não premiariam apenas por quilometragem de película editada, mas Adair acerta o ritmo do filme, pois não se percebe que são quase 3 horas de duração, e na não-inclusão de legendas de tempo decorrido (tipo “1 ano depois”), o que certamente prejudicaria o bom andamento do longa.
Meu favorito indubitável é o trabalho de Tom Cross em Whiplash. Além de ter uma baita dor de cabeça para sincronizar todo aquele jazz com os cortes de forma mais imperceptível possível, ele criou um ritmo meio experimental que o tira do lugar comum dos filmes sobre música. Acho que está tão bem casado o tema com a montagem, que não vejo Whiplash nascer sem esses cortes.
As montagens de Sniper Americano e O Jogo da Imitação são boas. Basicamente, elas estão aí porque brincam com flashbacks. Coloquei William Goldenberg como azarão porque ele ganhou recentemente com Argo. Agora, poderiam ter incluído a bem elaborada montagem de No Limite do Amanhã. Claro que tem muito de Feitiço do Tempo, mas sem aquela montagem de repetição bem executada, o filme certamente falharia feio. Foi um dos filmes blockbusters mais elogiados de 2014, por que não inclui-lo na competição?
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
O belo trabalho de Adam Stockhausen em O Grande Hotel Budapeste (photo by elfilm.com)
Indicados:
– Adam Stockhausen e Anna Pinnock (O Grande Hotel Budapeste)
– Maria Djurkovic e Tatiana Macdonald (O Jogo da Imitação)
– Nathan Crowley e Gary Fettis (Interestelar)
– Dennis Gassner e Anna Pinnock (Caminhos da Floresta)
– Suzie Davies e Charlotte Watts (Sr. Turner)
DEVE GANHAR: Adam Stockhausen e Anna Pinnock (O Grande Hotel Budapeste) DEVERIA GANHAR: Adam Stockhausen e Anna Pinnock (O Grande Hotel Budapeste) ZEBRA: Dennis Gassner e Anna Pinnock (Caminhos da Floresta)
Todos os trabalhos de design de produção têm suas peculiaridades. Caminhos da Floresta busca adaptar para o cinema a peça teatral da Broadway, usando árvores retorcidas fabricadas manualmente e alguns achados de locação como a torre da Rapunzel. A arte de Sr. Turner se baseia na palheta de cores das pinturas do próprio J.M.W. Turner para recriar seu estúdio. O design de O Jogo da Imitação se baseia em alguns desenhos do próprio Alan Turing e de sua máquina “Christopher”, e ao contrário da maioria dos filmes sobre a Segunda Guerra Mundial, apresenta cores mais quentes e vivas.
Já Interestelar tem toda aquela base secreta do lançamento da nave, a nave em si, o ambiente rural e dos planetas visitados pelos astronautas. Mas se for comparar ao design caprichadíssimo de O Grande Hotel Budapeste, seria covardia para os demais concorrentes. Não bastasse toda a decoração típica de hotéis de luxo do início do século XX, tem toda uma pesquisa das pinturas para preencher todas aquelas paredes. E o hotel em si é um personagem do filme. Não tem como bater isso.
MELHOR FIGURINO
Figurinos de Milena Canonero para O Grande Hotel Budapeste (photo by outnow,ch)
Indicados:
– Milena Canonero (O Grande Hotel Budapeste)
– Mark Bridges (Vício Inerente)
– Colleen Atwood (Caminhos da Floresta)
– Anna B. Sheppard (Malévola)
– Jacqueline Durran (Sr. Turner)
DEVE GANHAR: Milena Canonero (O Grande Hotel Budapeste) DEVERIA GANHAR: Milena Canonero (O Grande Hotel Budapeste) ZEBRA: Colleen Atwood (Caminhos da Floresta)
ESNOBADO: Sonia Grande (Magia ao Luar)
Normalmente, o vencedor desta categoria apresenta figurinos de época e que tenham um peso na trama como Memórias de uma Gueixa ou Maria Antonieta, aliás, desenhados pela indicada e favorita Milena Canonero. O que dizer da figurinista que trabalhou e aprendeu com o mestre perfeccionista Stanley Kubrick? Ela já ganhou o Oscar três vezes, e se ganhar, pode se tornar a recordista viva com 4, batendo Sandy Powell e Colleen Atwood. A recordista de todos os tempos, obviamente, é a icônica Edith Head, com 8 Oscars.
Aqui a competição não tem muita força. E mesmo aqueles que teriam, os figurinistas já ganharam o Oscar anteriormente como Mark Bridges ou Jacqueline Durran. Apenas Anna B. Shepard não levou seu Oscar ainda, mas com Malévola será muito improvável sua primeira vitória.
MELHOR MAQUIAGEM E CABELO
Tilda Swinton como Madame D. em O Grande Hotel Budapeste (photo by outnow.ch)
Indicados:
– Bill Corso, Dennis Liddiard (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
– Frances Hannon e Mark Coulier (O Grande Hotel Budapeste)
– Elizabeth Yanni-Georgiou e David White (Guardiões da Galáxia)
DEVE GANHAR: O Grande Hotel Budapeste DEVERIA GANHAR: O Grande Hotel Budapeste ZEBRA: Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo
ESNOBADO: Noé
Muita gente deve estar pensando que a maquiagem feita em Tilda Swinton (na foto acima) é o único motivo do filme ganhar o Oscar da categoria. Claro que este seria o ápice da transformação, pois é a mais evidente, mas os maquiadores Frances Hannon e Mark Coulier se encarregaram de transformar quase todos os atores em seus devidos personagens, seja com um bigode, uma peruca ou uma cicatriz no rosto. Vale lembrar que Coulier já ganhou o Oscar por A Dama de Ferro em 2012.
E o que dizer de Foxcatcher? Uma prótese de nariz vale uma indicação ao Oscar? Se fosse assim, o nariz de Nicole Kidman em As Horas também merecia… Aliás, muita gente anda dizendo que Steve Carell no filme está a versão em carne e osso do personagem Gru, que ele dublou em Meu Malvado Favorito! Tudo bem que este ano a competição está fraca, mas poderiam ter indicado Noé pela quantidade de atores ou até mesmo O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro pelos vilões maquiados.
MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
Alexandre Desplat concorre por O Grande Hotel Budapeste e O Jogo da Imitação (photo by nytimes.com)
Indicados:
– Alexandre Desplat (O Grande Hotel Budapeste)
– Alexandre Desplat (O Jogo da Imitação)
– Jóhann Jóhannsson (A Teoria de Tudo)
– Gary Yershon (Sr. Turner)
– Hans Zimmer (Interestelar)
DEVE GANHAR: Alexandre Desplat (O Grande Hotel Budapeste) DEVERIA GANHAR: Jóhann Jóhannsson (A Teoria de Tudo) ZEBRA: Gary Yershon (Sr. Turner)
ESNOBADO: Mica Levi (Sob a Pele)
Apesar de ser um baita azar ser duplamente indicado no mesmo ano (o compositor John Williams perdeu por Memórias de uma Gueixa e Munique em 2007, e por A.I. – Inteligência Artificial e Harry Potter e a Pedra Filosofal em 2002), vou apostar em uma vitória do duplamente indicado Alexandre Desplat. Ele é um dos melhores compositores em atuação, tanto que estas são suas sétima e oitava indicações sem vitória.
No Globo de Ouro, Jóhann Jóhannsson levou a melhor pela bela e multi-instrumental trilha de A Teoria de Tudo, mas Desplat o bateu no BAFTA. Quem sabe não é este ano, né? Não conheço a trilha de Sr. Turner, mas poderiam indicar a trilha do jovem Mica Levi do estranhíssimo Sob a Pele, de Jonathan Glazer. Sei que seu tom é altamente experimental para o Oscar, mas não vejo o filme sem essa trilha…
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
Indicados:
– “Everything is Awesome”, de Shawn Patterson (Uma Aventura Lego)
– “Glory”, de John Stephens e Lonnie Lynn (Selma: Uma Luta Pela Igualdade)
– “Grateful”, de Diane Warren (Além das Luzes)
– “I’m Not Gonna Miss You”, de Glen Campbell e Julian Raymond (Glen Campbell… I’ll Be Me)
– “Lost Stars”, de Gregg Alexander e Danielle Brisebois (Mesmo Se Nada Der Certo)
DEVE GANHAR: “Glory”, de John Stephens e Lonnie Lynn (Selma: Uma Luta Pela Igualdade) DEVERIA GANHAR: “Glory”, de John Stephens e Lonnie Lynn (Selma: Uma Luta Pela Igualdade) ZEBRA: “Grateful”, de Diane Warren (Além das Luzes)
Se “Glory” já era favorita antes quando artistas mais famosos estavam na disputa como Lorde (por Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1) e Lana Del Rey (por Grandes Olhos), imagina sem elas no páreo? Ouvi recentemente as demais canções que estão concorrendo e apenas a de Selma: Uma Luta por Igualdade tem cara de Oscar. A “I’m Not Gonna Miss You” de Glen Campbell… I’ll Be Me é bonita e “Everything is Awesome” de Uma Aventura Lego é divertida, mas não tem como ganhar. Vale lembrar que Selma foi indicado a Melhor Filme e Melhor Canção Original.
MELHOR SOM
Cena com Milles Teller e J.K. Simmons de Whiplash: Em Busca da Perfeição, de Damien Chazelle. (photo by outnow.ch)
Indicados:
– John Reitz, Gregg Rudloff e Walt Martin (Sniper Americano)
– Jon Taylor, Frank A. Montaño e Thomas Varga (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
– Gary A. Rizzo, Gregg Landaker e Mark Weingarten (Interestelar)
– Jon Taylor, Frank A. Montaño e David Lee (Invencível)
– Craig Mann, Ben Wilkins e Thomas Curley (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
DEVE GANHAR: Whiplash: Em Busca da Perfeição DEVERIA GANHAR: Interestelar ZEBRA: Invencível
ESNOBADO: Guardiões da Galáxia
Embora Interestelar corra sério risco de sair da cerimônia do Oscar sem ganhar nada, ainda acredito que a Academia possa compensar com uma vitória em Melhor Som. Prêmio de consolo? Talvez. Mas pelo menos o filme vai sair como “vencedor do Oscar” e não apenas indicado. Além disso, o som é a melhor qualidade de Interestelar. Os fãs do filme que me perdoem.
Apesar de ser uma produção bem menor do que Interestelar, Whiplash já faturou o prêmio de Melhor Som no BAFTA, provando que os votantes avaliam a qualidade técnica de fato. Por se tratar de um filme sobre música, é imprescindível que o som esteja de melhor nível, pois os personagens são extremamente exigentes em relação a isso. Outro fator que ajuda Whiplash: os musicais são costumeiramente premiados nesta categoria como Chicago, Ray, Dreamgirls e Os Miseráveis.
MELHORES EFEITOS SONOROS
Bradley Cooper em cena de Sniper Americano (photo by cinemagia.ro)
Indicados:
– Alan Robert Murray e Bub Asman (Sniper Americano)
– Martin Hernández e Aaron Glascock (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
– Brent Burge e Jason Canovas (O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos)
– Richard King (Interestelar)
– Becky Sullivan e Andrew DeCristofaro (Invencível)
DEVE GANHAR: Sniper Americano DEVERIA GANHAR: Sniper Americano ZEBRA: O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos
ESNOBADO: Capitão América 2: O Soldado Invernal
A Academia gosta de premiar filmes de ação nesta categoria. Para citar exemplos recentes: 007 – Operação Skyfall, A Hora Mais Escura e A Origem. Sons criados em estúdio como tiros de metralhadoras, explosões de bombas e batidas de carros são bem reconhecidos, então Sniper Americano sai em ligeira vantagem por se tratar de um filme que se passa em campo de guerra. Mas não dá pra ignorar a forte possibilidade de Richard King ganhar sua terceira estatueta por um filme de Christopher Nolan. Se tem algo inquestionavelmente bom em Interestelar, são seus efeitos sonoros, tanto que todo mundo recomendou assistir ao filme numa sala IMAX. Já a terceira e última parte da trilogia de O Hobbit fica com o posto de zebra, pois foi a única indicação que a produção recebeu.
MELHORES EFEITOS VISUAIS
Cena de Interestelar (photo by outnow.ch)
Indicados:
– Capitão América: O Soldado Invernal
– Planeta dos Macacos: O Confronto
– Guardiões da Galáxia
– Interestelar
– X-Men: Dias de um Futuro Esquecido
DEVE GANHAR: Interestelar DEVERIA GANHAR: Planeta dos Macacos: O Confronto ZEBRA: X-Men: Dias de um Futuro Esquecido
ESNOBADO: O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos
Depois que o primeiro filme do reboot de Planeta dos Macacos perdeu injustamente em 2012, fico na dúvida se o segundo filme não vai trilhar o mesmo caminho. Se a Academia quiser compensar ainda mais o filme de Christopher Nolan, eis aí um prêmio possível para suas imagens de planetas distantes e naves gigantes. Na briga entre os dois, pode sobrar também para o mega-sucesso de 2014: Guardiões da Galáxia.
MELHOR DOCUMENTÁRIO
Edward Snowden em Citizenfour (photo by outnow.ch)
Indicados:
– CitizenFour
– A Fotografia Oculta de Vivian Maier
– Last Days in Vietnam
– O Sal da Terra
– Virunga
DEVE GANHAR: Citizenfour DEVERIA GANHAR: Virunga ZEBRA: Last Days in Vietnam
ESNOBADO: Life Itself – A Vida de Roger Ebert
Elogiado desde o início da temporada de premiações, o documentário sobre Edward Snowden, Citizenfour, vem conquistando inúmeros prêmios, inclusive o DGA para sua diretora Laura Poitras. Mas nem tudo são rosas. Nos últimos anos, a Academia tem pregado algumas peças nesta categoria, trocando os favoritos por surpresas nem sempre agradáveis como no ano passado, quando o fraco A Um Passo do Estrelato bateu o surpreendente O Ato de Matar.
Nesse sentido, o segundo filme mais premiado, A Fotografia Oculta de Vivian Maier pode prevalecer ou até mesmo Virunga, produzido pela Netflix, um ótimo documentário sobre os gorilas de montanhas extintos no Congo. O documentário sobre o fotógrafo Sebastião Salgado, O Sal da Terra, só não fica entre as zebras porque tem Wim Wenders como diretor. Em sua terceira indicação sem vitória, o Oscar pode sobrar pra ele.
MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA
Cena de Our Curse (photo by nyt.com)
Indicados:
– Crisis Hotline: Veterans Press 1
– Joanna
– Our Curse
– The Reaper (La Parka)
– White Earth
Talvez a categoria mais imprevisível de todas. Normalmente, vale apostar naquele cujo tema tem doenças, guerras ou… acertou! judeus. Crisis Hotline: Veterans Press 1 é sobre veteranos de guerra, Our Curse é sobre o filho dos diretores do curta que tem uma doença incurável. Já Joanna e The Reaper tratam do tema morte, mas enquanto o primeiro é de forma poética, o segundo aborda de forma mais crua com o protagonista que trabalha há 25 anos num matadouro. E White Earth lida com a velha temática do racismo. Em termos de premiação, todos estão muito nivelados, então ninguém sai em vantagem aqui.
MELHOR CURTA-METRAGEM
Cena de The Phone Call com Sally Hawkins (photo by cloudfront.net)
Indicados:
– Aya
– Boogaloo and Graham
– Butter Lamp (La Lampe au Beurre de Yak)
– Parvaneh
– The Phone Call
Boogaloo and Graham pode ter ganhado o BAFTA de curta, mas se tem um trabalho que ganhou prêmios este foi Butter Lamp. Até o momento, levou 22 prêmios! Mas não podemos esquecer que o curta The Phone Call tem nomes famosos no elenco como Sally Hawkins e Jim Broadbent. Ah! Vale ressaltar aqui que a montadora do curta Boogaloo and Graham é brasileira. Lívia Serpa já trabalhou inclusive com Walter Salles em Linha de Passe.
MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
Cena de O Banquete (photo by outnow.ch)
Indicados:
– The Bigger Picture
– The Dam Keeper
– O Banquete (Feast)
– Me and My Moulton
– A Single Life
The Bigger Picture ganhou o BAFTA, enquanto O Banquete levou o Annie Awards de melhor curta de animação. Assim com as demais categorias de curtas, é complicado prever qual pode ganhar. De todos os indicados, apenas A Single Life não foi indicado a mais nada, o que teoricamente enfraquece sua campanha.
MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
O Conto da Princesa Kaguya (photo by outnow.CH)
Indicados:
– Operação Big Hero
– Os Boxtrolls
– Como Treinar o seu Dragão 2
– Song of the Sea
– O Conto da Princesa Kaguya
DEVE GANHAR: O Conto da Princesa Kaguya DEVERIA GANHAR: O Conto da Princesa Kaguya ZEBRA: Os Boxtrolls
ESNOBADO: Uma Aventura Lego
Cara, eu posso estar viajando, mas como não tem Uma Aventura Lego, que era o franco-favorito, e nem um filme da Pixar que costuma papar tudo, vou apostar no filme japonês O Conto da Princesa Kaguya. Vi o trailer e achei lindíssimo. Sou fã de animações em 2D, então sou meio suspeito pra defender. Além disso, vale lembrar que o mestre da animação Hayao Miyazaki vai estar na cerimônia pra receber o Oscar Honorário. Seria uma ótima dobradinha nipônica, hein?
Caso não role, eu apostaria em Song of the Sea do irlandês Tomm Moore. Acho que com a saída dos favoritos, a Academia tem liberdade total de apostar em algo diferente este ano. Por que não sair do lugar comum? Como Treinar Seu Dragão 2 não tem sido aquela unanimidade entre os críticos.
MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
O polonês Ida, de Pawel Pawlikowski. Temática judia leva vantagem automática. (photo by outnow.ch)
Indicados:
– Ida, de Pawel Pawlikowski (POLÔNIA)
– Leviatã, de Andrey Zvyagintsev (RÚSSIA)
– Tangerines, de Zaza Urushadze (ESTÔNIA)
– Timbuktu, de Abderrahmane Sissako (MAURITÂNIA)
– Relatos Selvagens, de Damián Szifrón (ARGENTINA)
DEVE GANHAR: Ida DEVERIA GANHAR: Leviatã ou Relatos Selvagens ZEBRA: Tangerines
ESNOBADO: Força Maior (SUÉCIA)
Eu deveria amar esta categoria, mas por insistirem em manter regras arcaicas com votantes idosos e judeus para definir a melhor produção em língua estrangeira, acho pra lá de injusto. Quantos filmes excelentes deixaram de ser premiados por votos conservadores ao extremo? Só pra citar alguns recentes: Cidade de Deus, A Pele que Habito e Azul é a Cor Mais Quente.
Mas na atual conjuntura, nada me resta a não ser eleger o possível vencedor. Filme polonês com temática judaica? Entrega logo o Oscar para Ida! Não que Ida seja um filme ruim. Nada disso. É bom, mas é quadrado demais. Eu votaria no russo Leviatã, que capta bem a Rússia de Putin, ou o delicioso Relatos Selvagens, provando mais uma vez que o cinema argentino está à anos-luz do cinema brasileiro.
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Acompanhe o Oscar pela TNT a partir das 20h30 (tapete vermelho). Não dêem audiência pra Globo, pois ela prefere passar aquela draga de Big Brother e fazer o público perder os primeiros prêmios da cerimônia.
Da esquerda pra direita: Tom Cruise, que apresentou o prêmio, o produtor Joanthan Sehring, Ellar Coltrane, a produtora Cathleen Sutherland, Patricia Arquette, Ethan Hawke e John Sloss posam para foto após vitória de Boyhood no BAFTA (photo by http://www.nacion.com)
FILME DE RICHARD LINKLATER VINHA PERDENDO ESPAÇO PARA ‘BIRDMAN’, MAS COM BAFTA GANHA SOBREVIDA
Até meados de janeiro, muitos consideravam a disputa pelo Oscar encerrada com o franco-favoritismo de Boyhood: Da Infância à Juventude pré e pós-Globo de Ouro. Contudo, com a chegada dos prêmios dos sindicatos, vencidos por Birdman (PGA, SAG e DGA), a corrida parecia ter outro vencedor. Parecia. Até o BAFTA que aconteceu na noite desse domingo, dia 08, onde Boyhood levou o total de 3 prêmios: Melhor Filme, Melhor Diretor (Richard Linklater) e Atriz Coadjuvante (Patricia Arquette).
No quesito quantidade, o grande vencedor foi O Grande Hotel Budapeste, que conquistou cinco prêmios: Roteiro Original, Direção de Arte, Figurino, Maquiagem e Cabelo, e Trilha Musical. Infelizmente, Wes Anderson não estava presente para receber o prêmio, pois estava na cerimônia do DGA na noite anterior nos EUA. Logo atrás, A Teoria de Tudo conquistou três BAFTAs: Melhor Filme Britânico, Melhor Ator (Eddie Redmayne) e Roteiro Adaptado, assim como Whiplash: Em Busca da Perfeição, que levou Ator Coadjuvante (J.K. Simmons), Montagem e Som.
Já o ascendente Birdman ficou pequeno na Inglaterra. Levou apenas o prêmio de Fotografia para Emmanuel Lubezki. Embora haja inúmeras estatísticas de vários sindicatos, o Oscar pode muito bem usar o BAFTA como parâmetro. Só para exemplificar, houve acerto nos últimos seis anos na categoria de Melhor Filme em relação ao Oscar.
Acompanho a temporada de premiações há quase duas décadas e apesar de conhecer alguns macetes, na hora de adivinhar quem vai ganhar, tudo se torna uma caixinha de surpresas. Assim, não dá pra ter 100% de certeza se a Academia vai seguir o Globo de Ouro e o BAFTA ou os sindicatos. Muitos especialistas afirmam que os resultados do BAFTA não prejudicam a boa campanha de Birdman, pois não são muitos os membros em comum entre a Academia americana e a britânica.
Claro que nesse impasse entre dois favoritos, pode haver uma brecha para um terceiro filme ou como é carinhosamente apelidado de “zebra”. Este ano, este papel pode ser de Sniper Americano, cujo sucesso nas bilheterias está surpreendendo todos os estúdios. Há sete semanas em cartaz nos EUA, o filme de Clint Eastwood já coletou mais de 280 milhões de dólares em território americano. Pena que não recebeu indicação para seu diretor, pois enfraquece demais suas chances como Melhor Filme, pois são raros os casos em que o vencedor do Melhor Filme sequer teve seu diretor indicado. Os últimos dois casos foram em 2013 com Argo e só em 1989 com Conduzindo Miss Daisy.
Eddie Redmayne levou o Globo de Ouro, o SAG e agora o BAFTA (photo by independent.co.uk)
A presença de Sniper Americano também representa uma ameaça à calmaria na categoria de Melhor Ator. Apesar do favoritismo de Eddie Redmayne, que levou o Globo de Ouro, SAG e BAFTA, vale lembrar que em nenhuma dessas premiações ele competiu com Bradley Cooper, que também pode se tornar uma zebra caso os votos se dividam entre Redmayne e Michael Keaton.
Enfim, voltando aos resultados do BAFTA, todos os atores premiados confirmaram seus favoritismos. Além dos já citados Redmayne e Patricia Arquette, J.K. Simmons e Julianne Moore parecem imbatíveis. Sorte para os atores, mas talvez represente mau sinal para a audiência que carece de boas surpresas. Com tantos prêmios que antecedem o Oscar, está cada vez mais raro surpreender com o resultado de um envelope nessas categorias.
Julianne Moore posa para fotos com seu primeiro BAFTA por Para Sempre Alice (photo by independent.co.uk)
A briga parece boa também entre os filmes em língua estrangeira. Enquanto o polonês Ida levou o NYFCC, LAFCA e agora o BAFTA, o russo Leviatã levou o Globo de Ouro e o prêmio de roteiro de Cannes. Já na categoria de animação, o outrora favorito Uma Aventura Lego faturou o BAFTA, mas vai parar por aí, porque não foi indicado ao Oscar.
Curiosamente, o grande perdedor da noite foi um filme britânico: O Jogo da Imitação. De suas 9 indicações, saiu de mãos abanando. Muitos consideram que sua campanha sofreu um baque depois de fortes críticas em relação à omissão do filme em relação ao aspecto sexual do matemático Alan Turing, que chegou a sofrer castração química, mesmo depois de ter quebrado o código nazista e terminado a Segunda Guerra Mundial. Com isso, muitos apostam que o filme pode passar batido no Oscar também.
O que parece ser um consenso também é que haverá uma ou outra reviravolta até o próximo dia 22 de fevereiro, quando os envelopes serão abertos.
Seguem os vencedores do BAFTA 2015:
MELHOR FILME BOYHOOD: DA INFÂNCIA À JUVENTUDE, Richard Linklater, Cathleen Sutherland
MELHOR FILME BRITÂNICO A TEORIA DE TUDO, James Marsh, Tim Bevan, Eric Fellner, Lisa Bruce, Anthony Mccarten
ESTRÉIA DE UM ESCRITOR, DIRETOR OU PRODUTOR BRITÂNICO Stephen Beresford (Writer), David Livingstone (Producer), PRIDE
FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA IDA, Pawel Pawlikowski, Eric Abraham, Piotr Dzieciol, Ewa Puszczynska
DOCUMENTÁRIO CITIZENFOUR, Laura Poitras
ANIMAÇÃO UMA AVENTURA LEGO, Phil Lord, Christopher Miller
DIRETOR BOYHOOD: DA INFÂNCIA À JUVENTUDE, Richard Linklater
ROTEIRO ORIGINAL O GRANDE HOTEL BUDAPESTE, Wes Anderson
ROTEIRO ADAPTADO A TEORIA DE TUDO, Anthony Mccarten
ATOR Eddie Redmayne, A TEORIA DE TUDO
ATRIZ Julianne Moore, PARA SEMPRE ALICE
ATOR COADJUVANTE J.K. Simmons, WHIPLASH: EM BUSCA DA PERFEIÇÃO
ATRIZ COADJUVANTE Patricia Arquette, BOYHOOD: DA INFÂNCIA À JUVENTUDE
TRILHA MUSICAL ORIGINAL O GRANDE HOTEL BUDAPESTE, Alexandre Desplat
FOTOGRAFIA BIRDMAN OU (A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA), Emmanuel Lubezki
MONTAGEM WHIPLASH: EM BUSCA DA PERFEIÇÃO, Tom Cross
DIREÇÃO DE ARTE O GRANDE HOTEL BUDAPESTE, Adam Stockhausen, Anna Pinnock
FIGURINO O GRANDE HOTEL BUDAPESTE, Milena Canonero
MAQUIAGEM E CABELO O GRANDE HOTEL BUDAPESTE, Frances Hannon
SOM WHIPLASH: EM BUSCA DA PERFEIÇÃO, Thomas Curley, Ben Wilkins, Craig Mann
EFEITOS VISUAIS INTERESTELAR, Paul Franklin, Scott Fisher, Andrew Lockley
CURTA-METRAGEM BRITÂNICO DE ANIMAÇÃO THE BIGGER PICTURE, Chris Hees, Daisy Jacobs, Jennifer Majka
CURTA-METRAGEM BRITÂNICO BOOGALOO AND GRAHAM, Brian J. Falconer, Michael Lennox, Ronan Blaney
THE EE RISING STAR AWARD (VOTO DO PÚBLICO) Jack O’Connell
A equipe de A Teoria de Tudo posa com o prêmio de Melhor Filme Britânico. No centro, o diretor James Marsh, Felicity Jones, David Beckham (que entregou o prêmio) e Eddie Redmayne (photo by Doug Peters/EMPICS Entertainment)
Da esquerda pra direita: Andrea Riseborough, Naomi Watts, Emma Stone, Amy Ryan, Michael Keaton e Edward Norton vencem por Birdman (photo by Mario Anzuoni/Reuters)
SAG AWARDS DEFINE FAVORITOS E COMPENSA ‘BIRDMAN’
Ok, o canal TNT decidiu passar o Miss Universo no lugar do SAG Awards ao vivo. Particularmente, não vou reclamar da troca, mas acredito que o evento da beleza feminina deve trazer melhores números de audiência do que a cerimônia exclusiva para cinéfilos.
Para não ficar feio, postei os vencedores online de acordo com os updates do próprio site do SAG. Mas para quem quiser conferir a cerimônia, o TNT vai transmitir o SAG Awards às 22h30 nesta segunda-feira, dia 26 de janeiro.
Quanto aos resultados, o SAG não apresentou surpresas de fato. Pelo contrário. Definiu os favoritismos de J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição), Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude) e de Julianne Moore (Para Sempre Alice). Das 4 categorias de atuação de cinema, a mais equilibrada era a de Melhor Ator, pois a disputa entre Michael Keaton (Birdman) e Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)estava acirradíssima.
Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo) – photo by Getty Images
Particularmente, acreditava na vitória de Keaton por sua larga experiência em filmes e seu carisma, até mesmo porque Eddie Redmayne ainda é um jovem ator que tem tudo pra conquistar Hollywood e incontáveis prêmios, mas o processo de transformação de Redmayne no gênio Stephen Hawking realmente impressiona; e acreditava também que O Grande Hotel Budapeste levaria o prêmio de Elenco (Ensemble Cast) no lugar de Birdman.
Nos últimos cinco anos, o SAG tem acertado entre 3 e 4 das 4 categorias de atuação do Oscar. Em 2014, os quatro premiados Matthew McConaughey, Cate Blanchett, Jared Leto e Lupita Nyong’o saíram com o Oscar também, tornando o SAG uma ótima prévia da Academia.
Claro que sempre podem haver surpresas, pois alguns indicados mudam de acordo com o prêmio. Por exemplo, na categoria de Ator, Eddie Redmayne venceu Michael Keaton, Steve Carell, Benedict Cumberbatch e Jake Gyllenhall. Já no Oscar, ele terá que bater também Bradley Cooper (aliás, o único entre os cinco previamente indicado ao Oscar) e sua interpretação em Sniper Americano, que vem conquistando números impressionantes nas bilheterias e pode surpreender no Oscar.
Já Julianne Moore pode ter seu reinado ameaçado no Oscar pela presença sempre forte da francesa Marion
Julianne Moore (Para Sempre Alice) – photo by Getty Images
Cotillard por Dois Dias, Uma Noite, enquanto Patricia Arquette terá Laura Dern (Livre) no Oscar para competir.
Entre os vencedores das categorias de televisão, destaque para os dois prêmios para Netflix: Melhor Ator para Kevin Spacey (House of Cards) e Melhor Série de Comédia para Orange is the New Black. Particularmente também gostei da premiação de Mark Ruffalo pelo telefilme The Normal Heart.
Segue lista completa dos vencedores do SAG Awards 2015:
CINEMA
MELHOR ATOR EDDIE REDMAYNE / Stephen Hawking – A TEORIA DE TUDO
MELHOR ATRIZ JULIANNE MOORE / Alice Howland-Jones – PARA SEMPRE ALICE
MELHOR ATOR COADJUVANTE J.K. SIMMONS / Fletcher – WHIPLASH: EM BUSCA DA PERFEIÇÃO
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE PATRICIA ARQUETTE / Olivia – BOYHOOD: DA INFÂNCIA À JUVENTUDE
MELHOR ELENCO BIRDMAN ZACH GALIFIANAKIS, MICHAEL KEATON, EDWARD NORTON, ANDREA RISEBOROUGH, AMY RYAN, EMMA STONE, NAOMI WATTS
J.K. Simmons posa para fotos com seu SAG Award por Whiplash (photo by theguardian.com)
Patricia Arquette com seu SAG Award de coadjuvante por Boyhood (photo by examiner.com)
TELEVISÃO
MELHOR ATOR DE TELEFILME OU MINISSÉRIE MARK RUFFALO / Ned Weeks – THE NORMAL HEART
MELHOR ATRIZ DE TELEFILME OU MINISSÉRIE FRANCES McDORMAND / Olive Kitteridge – OLIVE KITTERIDGE
MELHOR ATOR EM SÉRIE DRAMÁTICA KEVIN SPACEY / Francis Underwood – HOUSE OF CARDS
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DRAMÁTICA VIOLA DAVIS / Annalise Keating – HOW TO GET AWAY WITH MURDER
MELHOR ATOR EM SÉRIE DE COMÉDIA WILLIAM H. MACY / Frank Gallagher – SHAMELESS
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DE COMÉDIA UZO ADUBA / Suzanne “Crazy Eyes” Warren – ORANGE IS THE NEW BLACK
MELHOR ELENCO DE SÉRIE DRAMÁTICA DOWNTON ABBEY HUGH BONNEVILLE, LAURA CARMICHAEL, JIM CARTER, BRENDAN COYLE, MICHELLE DOCKERY, KEVIN DOYLE, JOANNE FROGGATT, LILY JAMES, ROBERT JAMES-COLLIER, ALLEN LEECH, PHYLLIS LOGAN, ELIZABETH McGOVERN, SOPHIE McSHERA, MATT MILNE, LESLEY NICOL, DAVID ROBB, MAGGIE SMITH, ED SPELEERS, CARA THEOBOLD, PENELOPE WILTON
MELHOR ELENCO DE SÉRIE DE COMÉDIA ORANGE IS THE NEW BLACK UZO ADUBA, JASON BIGGS, DANIELLE BROOKS, LAVERNE COX, JACKIE CRUZ, CATHERINE CURTIN, LEA DELARIA, BETH FOWLER, YVETTE FREEMAN, GERMAR TERRELL GARDNER, KIMIKO GLENN, ANNIE GOLDEN, DIANE GUERRERO, MICHAEL J. HARNEY, VICKY JEUDY, JULIE LAKE, LAUREN LAPKUS, SELENIS LEYVA, NATASHA LYONNE, TARYN MANNING, JOEL MARSH GARLAND, MATT McGORRY, ADRIENNE C. MOORE, KATE MULGREW, EMMA MYLES, JESSICA PIMENTEL, DASCHA POLANCO, ALYSIA REINER, JUDITH ROBERTS, ELIZABETH RODRIGUEZ, BARBARA ROSENBLAT, NICK SANDOW, ABIGAIL SAVAGE, TAYLOR SCHILLING, CONSTANCE SHULMAN, DALE SOULES, YAEL STONE, LORRAINE TOUSSAINT, LIN TUCCI, SAMIRA WILEY
MELHOR PERFORMANCE DE DUBLÊS EM CINEMA INVENCÍVEL (UNBROKEN)
MELHOR PERFORMANCE DE DUBLÊS EM SÉRIES DE COMÉDIA OU DRAMÁTICAS GAME OF THRONES
Frances McDormand discursa pelo prêmio de atriz (photo by cnn.com)