RETROSPECTIVA 2020: CINEMA vs. PANDEMIA

PANDEMIA NOS MOSTROU COMO O CINEMA E AS ARTES SÃO FUNDAMENTAIS PARA A HUMANIDADE

Olá a todos! Chegou aquele momento que consigo escrever o post mais pessoal do ano, no qual consigo expor melhor algumas idéias e opiniões. Antigamente, eu costumava fazer isso com mais frequência, mas com o passar dos anos, vi que as opiniões próprias estavam sendo apedrejadas de forma brutal na internet. Cada vez mais havia menos espaço e paciência para ler ou ouvir o que o outro tem a dizer, e muitos adotaram a política da tolerância zero, e isso justifica a polarização política que vivemos.

Este ano, a pandemia mudou bastante as nossas vidas, e vimos o quão frágil somos diante de uma ameaça biológica. Apesar de entender que uma quarentena bem-sucedida 100% seja impossível, ainda mais em cidades grandes, fiquei estupefato ao ver o quanto algumas pessoas estão pouco se lixando para a saúde coletiva. Desde discussões por não querer usar uma máscara até festas clandestinas que certamente contribuíram enormemente para o aumento de casos e mortes.

Voltando mais ao nosso tema de Cinema, gostaria de aproveitar e fazer um desabafo. Muitos indivíduos, como eu, que optaram por estudar e trabalhar no ramo artístico muitas vezes são humilhadas e tachadas de vagabundas aqui no Brasil. Para muitas pessoas, profissão boa mesmo é advogado, engenheiro, arquiteto, médico… Quantas vezes não fomos marginalizados por várias dessas pessoas, parentes e até família por nossas escolhas! A pandemia pode ter sido horrível em inúmeros aspectos, mas ela fez com que muitos percebessem a importância do Cinema e das artes em geral.

Em plena quarentena, trabalhando de home office, milhões ficaram aprisionados em casa, e nesse cenário, os filmes e séries que podemos acompanhar nos trazem diversão, entretenimento, assunto novo e uma distração perante um cenário caótico. Por isso, não menospreze e valorize aqueles que decidiram se dedicar às artes. São eles que continuam trabalhando para prover conteúdo novo todos os dias para que desfrutemos no conforto de nossos lares.

Eu mesmo poderia ter desistido de manter o blog, a página do Facebook e o perfil do Instagram, mas foi justamente esse trabalho que me permitiu manter minha sanidade em tempos de quarentena. A partir de Maio, comecei a recomendar dois filmes por semana no intuito de trazer um pouco de alegria, diversão e distração em tempos difíceis. Como não li nenhuma reclamação até o momento, espero conseguir manter esse quadro pelo menos até a vacinação alcançar a maioria da população.

OSCAR 2020: HISTÓRICO!

Como já rolou em muitos memes, o ano de 2020 começou muito bem com a vitória de Parasita, mas depois descambou com a pandemia e o fechamento das salas de cinema… talvez melhorando apenas nos últimos meses do ano com a vitória de Joe Biden na Casa Branca e o início da vacinação. Particularmente, fiquei bastante feliz com os 4 Oscars conquistados pelo filme sul-coreano, ainda mais num ano bastante competitivo com grandes concorrentes como Dor e Glória, O Irlandês, História de um Casamento e Era uma Vez em… Hollywood, e sem contar que tudo levava a crer que 1917 seria o grande vencedor após levar o DGA, PGA e o BAFTA. O discurso do diretor Bong Joon Ho após levar o Oscar de Direção foi o melhor momento da noite, principalmente por ele saudar a importância que Martin Scorsese para novos cineastas.

Talvez impulsionado pela derrota de Roma perante Green Book no ano anterior, a Academia sentiu necessidade de votar mais consciente, e claramente o filme de Bong Joon Ho era disparado o melhor filme do ano após vencer a Palma de Ouro em Cannes. Parasita quebrou inúmeros tabus, dentre eles o fato de nenhum filme em língua estrangeira ter conquistado o Oscar de Melhor Filme em 92 anos de Oscar, e obviamente nenhum filme levar a dobradinha Melhor Filme e Filme Internacional. A vitória de Parasita no Oscar também representa um protesto contra o governo xenófobo de Trump (que chegou a zombar da vitória no palanque), e principalmente que é possível fazer filmes em nossos próprios países e sermos reconhecidos pela Academia nas categorias principais, e não somente como Filme Estrangeiro.

Em relação aos demais resultados, preferi Klaus a Toy Story 4 como Melhor Longa de Animação, Parasita a Ford vs. Ferrari como Melhor Montagem, e Honeyland a Indústria Americana como Melhor Documentário. Apesar de não haver bem melhores opções, todas as quatro categorias de atuação me decepcionaram pela previsibilidade, já que todos ganharam Globo de Ouro, SAG e BAFTA, o que nos faz repensar novas formas para que a Academia não fique tão refém dos prêmios anteriores. Apesar de gostar de Brad Pitt no filme de Tarantino, teria votado para Joe Pesci por O Irlandês pra ganhar seu segundo Oscar de Coadjuvante.

PANDEMIA: CINEMAS FECHADOS

Em Março, os cinemas de todo o mundo começaram a fechar suas portas. Na época, pouco se sabia sobre o vírus, e ninguém usava máscara ainda. Inicialmente, não senti muita falta de cinema porque Março e Abril são meses que não frequento muito as salas pelo tipo de filme que costuma estrear: aqueles blockbusters que interessam para grupos mais jovens como Dois Irmãos, Bloodshot, Um Lugar Silencioso II e Mulan, mas com o passar dos meses, passei a ficar preocupado com os lançamentos mais interessantes do 2º semestre de 2020. Enquanto isso, foi curioso ver o ressurgimento do filme Contágio (2011), de Steven Soderbergh, nas plataformas de streaming sendo altamente visto, revisto e comentado dadas as semelhanças da trama com o real vírus da Covid que se espalha a partir da China e dá origem a uma onda de contágio mundial e o desespero da ciência em buscar uma vacina.

Com as salas de cinemas fechadas, os serviços de streaming foram bastante valorizados. Embora a Netflix lançasse suas produções novas como Resgate, Destacamento Blood, The Old Guard, e mais recentemente os candidatos ao Oscar Os 7 de Chicago, Mank e A Voz Suprema do Blues, foi definitivamente um ano pra assistir aqueles filmes que você tinha botado na watchlist há anos, mas nunca achava tempo para conferir.

Em Novembro, foi a vez da Disney Plus chegar ao Brasil e oferecer títulos de seu gigantesco acervo, já que nos últimos anos engoliu (comprou o estúdios) a Pixar, a Marvel Studios, Lucasfilms e Fox. Embora a maioria das pessoas já tenha visto boa parte desse catálogo, que estava presente nos concorrentes poucos meses antes, um dos grandes atrativos de assinar esse serviço foi a dublagem clássica de inúmeras animações e filmes infantis para entreter tanto o público infantil quanto o adulto.

Vale destacar também o retorno dos cinemas de Drive In, que marcaram a época romântica dos nossos pais e avós. A partir de Junho, as telas grandes passaram a marcar presença em estacionamentos de shoppings e em locais de eventos como o Memorial da América Latina em São Paulo. A programação inicial era composta por clássicos como Apocalypse Now, 2001: Uma Odisséia no Espaço e O Iluminado, mas aproveitavam para incluir filmes de grande sucesso nas bilheterias como Mad Max: Estrada da Fúria, Matrix, Kill Bill, além de filmes brasileiros como Turma da Mônica: Laços. Claro que acaba sendo uma barreira para quem não tem carro, mas demonstra o quanto as pessoas já sentiam falta das telas grandes.

FESTIVAL de CANNES CANCELADO

Por ter acontecido no início do ano, o Festival de Berlim e o Oscar não sofreram alterações bruscas por causa da pandemia, mas o evento francês não teve a mesma sorte. O presidente Thierry Fremaux até tentou fazer o festival acontecer e segurou até o último minuto, mas tudo o que conseguiu foi manter o mercado de venda de filmes através de reuniões online com compradores de distribuidoras.

No início de Junho, com o evento já cancelado de forma presencial, eles divulgaram uma lista de 56 filmes que fariam parte da seleção oficial, mas sem estipular quais disputariam a Palma de Ouro ou o Un Certain Regard, por exemplo. O intuito era conceder o selo oficial de Cannes para que esses filmes pudessem ser melhor promovidos em campanhas de marketing e que pudessem automaticamente fazer parte da seleção dos festivais de Telluride e Toronto.

O Brasil foi representado pelo filme Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda Maria, e por isso se tornou um forte candidato a ser o representante do Brasil no Oscar 2021, mas em Novembro, o comitê da Academia Brasileira de Cinema optou pelo filme Babenco – Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou, da estreante Bárbara Paz. Apesar de ser um documentário em preto-e-branco sobre o cineasta Hector Babenco, o objetivo dessa escolha parece ter sido a classificação automática para disputar o Oscar de Melhor Documentário. Vamos aguardar pra ver se essa previsão se realiza e termos o segundo documentário brasileiro consecutivo disputando o Oscar após Democracia em Vertigem.

…E O VENTO LEVOU BANIDO do STREAMING

Em junho, o serviço de streaming da HBO Max foi pressionado pela onda de protestos contra o racismo e por um artigo escrito pelo roteirista John Ridley (que venceu o Oscar por 12 Anos de Escravidão) no jornal Los Angeles Times a retirar do catálogo o clássico de 1939 …E o Vento Levou, de Victor Fleming. Segundo Ridley, o filme “perpetua alguns dos estereótipos mais dolorosos das pessoas de cor”. Entendemos os protestos por causa da morte de George Floyd, mas faltou alguém explicar para o roteirista revoltado que o filme foi feito nos anos 30, adaptado de um livro sobre o período da Guerra da Secessão, e que bani-lo agora não ajuda em absolutamente nada, como também piora a polarização política no país e no mundo. Infelizmente, a História não se apaga com uma borracha, então ela deve servir para nos lembrar sempre das atrocidades do passado para que não voltem a se repetir. Manter essas obras nos proporciona diálogos e debates de conscientização, além de estimular novas obras sob a perspectiva da cultura negra.

Certamente foi um episódio muito triste de 2020 que demonstrou a fragilidade de um estúdio perante a opinião pública. É preciso debater, conversar sobre o assunto, e não simplesmente banir ou censurar. Como as demais artes, o Cinema existe para proporcionar reflexão e empatia.

LANÇAMENTO SIMULTÂNEO da WARNER no HBO MAX

Aproveitando a pisada de bola da HBO Max no episódio de …E o Vento Levou, a Warner Bros cometeu outra atrocidade na base do impulso. Com a Netflix lançando inúmeros produções próprias e a Disney Plus estreando lançamentos blockbusters como Mulan direto no streaming por causa das salas de cinema fechadas, a Warner se sentiu pressionada a tomar uma decisão, e esta foi: lançar simultaneamente os grandes lançamentos de 2021 na plataforma HBO Max. Com a pandemia ainda longe de acabar nos EUA, o estúdio não quis manter Godzilla vs. Kong, Matrix 4, O Esquadrão Suicida, Duna e Tom & Jerry por mais tempo na geladeira e decidiu oferecer essa opção doméstica para seus assinantes.

O problema foi que não consultaram os diretores desses filmes antes de baterem o martelo, e assim Denis Villeneuve, que já teve seu Duna prorrogado para 2021, ficou pistola com os executivos do estúdio por não querer seu filme de proporções épicas lançado na telinha. Claro que, à princípio, essa postura parece resultado de um preciosismo estético do diretor apenas, mas trata-se de grana! Sim, nos contratos assinados, existe uma porcentagem maior caso os filmes atinjam uma meta de espectadores nos cinemas, e isso seria perdido caso o streaming competisse com as salas. A única exceção ao caso por enquanto foi a sequência Mulher-Maravilha 1984, que foi lançado recentemente nos cinemas. Com expectativas de ultrapassar a barreira de 1 bilhão de dólares na bilheteria mundial, o estúdio se sentiu na obrigação de manter o lançamento exclusivo nas telas grandes.

Não querendo abrir uma discussão interminável aqui, mas não considero a decisão da Warner de toda ruim. Há vários anos, o cinema tem perdido uma batalha contra a ascensão da TV com suas séries milionárias e mais recentemente, contra o crescimento dos serviços de streaming. O ingresso do cinema é caro para a maioria da população mundial, o que dificulta o crescimento da bilheteria (com exceção dos filmes da Disney-Marvel-Pixar-Star Wars-Fox), e com o passar dos anos, cinema tem se tornado cada vez mais um programa de luxo. Em São Paulo mesmo, se você leva sua namorada ou namorado para ver um filme numa sala de shopping, você paga uns 60 reais por 2 ingressos (podendo chegar a 150 se for filme 3D), paga entre 20 a 40 reais de estacionamento e mais uns 40 reais de refrigerante e pipoca.

As salas de cinema não vão deixar de existir, como muitos profetizaram, mas deverão passar por algumas modificações para manter seu público fiel, começando pela redução do valor de ingresso. E não se trata apenas de preços, tem muita gente que trabalha bastante ou cuida de filhos e não tem tempo hábil para se programar para ir ao cinema. O streaming veio para ajudar essa fatia do público que consome cinema. O único porém que vemos no momento é a nossa situação de refém dos serviços de streaming. Por exemplo, se quisermos assistir Mulan, temos que assinar o Disney Plus. Se quisermos ver o lançamento A Voz Suprema do Blues, temos que ter Netflix. Para ver o novo filme do Borat, temos que assinar Prime Video e etc. Se formos assinar tudo, gastaríamos mais do que indo ao cinema, portanto sugiro que você tenha amigos que possa fazer um compartilhamento de senhas: o Pedro assina Netflix, a Mônica assina Prime, a Viviane assina Disney Plus, entende?

CRÍTICAS

META 2020

Não estipulei nenhuma meta específica, mas eu queria ultrapassar a marca de 268 filmes assistidos em 2019 pelo menos. Com a quarentena, acabou ficando mais fácil bater essa meta, mas confesso que na reta final do ano, tive mais dificuldades de manter a frequência semanal de filmes. Até o momento, 280 filmes, ou seja, meta batida.

Dentre alguns títulos que finalmente consegui assistir estão alguns clássicos como A Batalha da Argel (1966), O Medo Consome a Alma (1974) e Paixões que Alucinam (1963) que me fizeram lembrar porque o Cinema me encantou.

PIORES DO ANO

TOP 5 PIORES LANÇAMENTOS DO ANO

5. ROSA E MOMO (La Vita Davanti a Sé/ The Life Ahead). Dir: Edoardo Ponti
Claro que é sempre bom contarmos com o retorno de uma grande estrela do passado como Sophia Loren. Além de ela ter se tornado a primeira atriz a vencer o Oscar por uma atuação em língua estrangeira por Duas Mulheres em 1962, já trabalhou com grandes mestres do ofício como Ettore Scola, Vittorio De Sica, Charles Chaplin e Anthony Mann. Porém aqui temos uma refilmagem de Madame Rosa (197), repleta de clichês de vítimas de Holocausto, que poderia ter se aprofundado na questão da imigração ilegal na Europa para revitalizar a história antiga, mas que prefere oferecer cenas fúteis na tentativa de promover Loren para uma nova indicação ao Oscar. O diretor Edoardo Ponti, que é filho da atriz, até consegue extrair bons momentos no início, mas depois é ladeira abaixo. Nem a boa química entre Loren e o jovem Ibrahima Gueye salva o filme.

4. O DILEMA DAS REDES (The Social Dilemma). Dir: Jeff Orlowski
O fato de ser um documentário feito pela Netflix para ser exibido somente nas plataformas digitais não implica que o filme tenha permissão ou liberdade para ser um documentário ralo e descartável. A impressão que tive é que os realizadores estavam mais do que satisfeitos com a escolha do tema (o alarmante impacto das redes sociais no controle da humanidade), e por isso mesmo, não fizeram questão de desenvolvê-lo mais a fundo. Além de entrevistarem apenas pessoas que tinham uma versão da história, não apresentou possíveis e palatáveis soluções para o problema. Filmar umas duas sessões parlamentares onde o tema é discutido superficialmente não ajuda em nada, assim como aquelas dramatizações chulas da família que proíbe o uso de celular à mesa.

3. OS NOVOS MUTANTES (The New Mutants). Dir: Josh Boone
Trata-se de um projeto natimorto. Bem antes de seu lançamento, houve tantos problemas que já fizeram com que prevíssemos uma tragédia anunciada. Primeiro, não entendi a contratação de Josh Boone como diretor. Só porque ele dirigiu A Culpa é da Estrelas que tem personagens com problemas de saúde? Se confiavam tanto no talento dele, por que refilmar as cenas após o término das filmagens? Além disso, a Fox já estava em negociações para ser vendida para a Disney, que tinha zero de interesse em tocar esse projeto, já que certamente fará sua própria versão de filmes de mutantes do universo dos X-Men. Como se não bastasse, o filme apanhou da pandemia no calendário, pois foi adiado. A Disney só lançou mesmo porque teve pena, porque sabia que era quase impossível recuperar o investimento.

2. HOLLY SLEPT OVER. Dir: Joshua Friedlander
Lembra quando havia o Cine Privé na Band? Soft porns que apresentavam uma trama escrita por um adolescente com ebulição de hormônios com cenas que existiam somente para justificar desejo e sexo? Aqui temos um casal com problemas matrimoniais que recebe a visita de uma amiga, personificada pela bela Nathalie Emmanuel. Claro que botam ela para ser a amiga do ménage a trois. Consegue ser pior do que os vídeos do Porn Hub… ouvi dizer rs.

1. O GRITO (The Grudge). Dir: Nicolas Pesce
Todo mundo já sabe que estamos vivendo ainda em tempos de remakes, reboots e sequências, porém essa falta de criatividade costuma vir acompanhada de pelo menos uma razão, nem que seja o dinheiro das bilheterias. No caso de O Grito, nem isso é possível contabilizar. Na falta de uma trama minimamente convincente e sem lógica, inserem inúmeros jump scares gratuitos pra pelo menos não terem o público reclamando da falta de sustos de um filme de terror.

MELHORES DO ANO

5. PALM SPRINGS (Palm Springs). Dir: Max Barbacow
Depois de fazer um tremendo sucesso em Sundance, esta comédia caiu nas graças do público quando estreou no serviço de streaming da Hulu nos EUA. O roteiro pega a mesma premissa de time loop de O Feitiço do Tempo (1993) e expande esse universo com a colaboração essencial da personagem feminina Sarah. Enquanto a química do casal Nyles e Sarah nos diverte, o filme tem muito a nos dizer sobre as diferenças de maturidade entre os homens e as mulheres, especialmente como eles estão deslocados no tempo.

4. O REI DE STATEN ISLAND (The King of Staten Island). Dir: Judd Apatow
Apesar de se tratar de uma comédia, este novo filme de Apatow tem uma profundidade bastante humana por se basear na vida pessoal do ator Pete Davidson, que perdeu seu pai bombeiro aos 7 anos enquanto ele salvava vidas no 11 de Setembro. Não sabia que ele tinha veia cômica há anos no Saturday Night Live, então me surpreendi com o humor natural do ator. Todos os personagens secundários apresentam boas atuações, o que reforça o tratamento sério do tema do deslocamento de geração do protagonista. Indo mais à fundo, isso cria uma ligação mais forte com o meu livro favorito “O Apanhador no Campo de Centeio”, de J.D. Salinger.

3. FIRST COW. Dir: Kelly Reichardt
Este foi o terceiro filme que vi de Kelly Reichardt, então já tinha aderido à direção minimalista dela, assim como o trabalho das temáticas femininas em universos masculinos. Dá pra dizer que Reichardt é uma das melhores diretoras mulheres da atualidade justamente por saber trabalhar o feminino sem fazer muito barulho e levantar a bandeira muito alto. Aqui ela escolhe um personagem chinês para dizer que a América foi feita por estrangeiros, e um cozinheiro desvalorizado pela própria equipe, para contar uma história de amizade, de política social e de amor à natureza. Definitivamente é um filme para se ver mais de uma vez, porque é possível pegar significados e simbolismos em pequenos detalhes.

2. A ASSISTENTE (The Assistant). Dir: Kitty Green
Quando fiquei sabendo desse filme no último Festival de Sundance, previa um filme bastante oportunista ao ir na onda do #MeToo e da recente prisão do produtor Harvey Weinstein, esperando ainda um filme repleto de escândalos e discussões acaloradas que Hollywood adora. Mas encontrei um filme bastante lúcido, com uma direção minimalista e atuações bem discretas. Esse trabalho de sutilezas serve justamente para tornar a mensagem ainda mais poderosa. A diretora nos mostra que os assédios no ambiente de trabalho começam nas pequenas coisas, nos pequenos detalhes e vão se tornando uma bola de neve. Definitivamente um filme que reflete bem os nossos tempos e comprova que há muito a se fazer ainda para mudar esse cenário.

1.O HOMEM INVISÍVEL (The Invisible Man). Dir: Leigh Whannell
A primeira vez que vi o nome de Leigh Whannell foi nos filmes de James Wan, Jogos Mortais e Sobrenatural, como roteirista. Quando vi sua estréia na direção em Sobrenatural: A Origem, pensei: “Esse cara estragou a franquia”. Isso só foi mudar depois que vi Upgrade, três anos mais tarde. Ali, Whannell demonstrava personalidade numa ficção científica com poucos recursos. Quando assisti a O Homem Invisível, vi que aquele diretor promissor havia se firmado. Não apenas conseguiu ótimo retorno nas bilheterias (que só não foi maior por causa da pandemia), mas finalmente revitalizou o universo dos monstros clássicos da Universal Pictures que há tantos anos o estúdio almejava. No roteiro, Leigh trouxe a trama original dos anos 30 para algo bastante contemporâneo: um relacionamento abusivo. Com a invisibilidade do traje do vilão, o diretor soube explorar os vazios das cenas como combustível para a paranóia na cabeça de Cecilia (uma inspirada Elisabeth Moss). Um filme que revitaliza uma história clássica, conta com ótimas cenas e atuações, e dialoga perfeitamente com nossos tempos de #MeToo.

TOP 5 MELHORES em MÍDIA DIGITAL OU STREAMING

5. TAMPOPO: OS BRUTOS TAMBÉM COMEM SPAGHETTI (Tampopo, 1985). Dir: Jûzo Itami
Imaginem um western sobre cozinhar e a arte de comer. São histórias divertidas que exploram a relação dos personagens com a comida, principalmente de Tampopo, que quer revitalizar seu restaurante com a ajuda de um caminhoneiro.

4. O REFLEXO DO MAL (The Reflecting Skin, 1990). Dir: Philip Ridley
Talvez o filme mais esquisito que vi este ano, mas que tem uma aura muito bonita vindo dos personagens e de suas situações do pós-guerra. Passado num ambiente rural dos anos 50, um menino acredita que sua vizinha viúva é uma vampira e é responsável pelo desaparecimento de crianças na região. Fotografia lindíssima de Dick Pope com atuação tocante de Lindsay Duncan.

3. UM CAMINHO PARA DOIS (Two for the Road, 1967). Dir: Stanley Donen
Quando se olha o pôster e vê Audrey Hepburn beijando Albert Finney, é impossível não querer achar que se trata de mais uma comédia romântica boba, mas estamos falando de Stanley Donen, um dos diretores mais marcantes da Hollywood dos anos 50 e 60. Acompanhamos o casal improvável Joanna e Mark numa viagem e imediatamente nos apaixonamos por eles, porque o roteiro e a montagem explora as ironias do casal em flashbacks. Hepburn e Finney tornam tudo mais apaixonante tamanho o carisma que eles compartilham do início ao fim. Impossível não se identificar e se emocionar com as situações que o casal passa ao longo do filme.

2. A BATALHA DE ARGEL (La Battaglia di Algeri, 1966). Dir: Gillo Pontecorvo
É impressionante a forma como Pontecorvo filmou essa história sobre o crescimento dos movimentos que lutam pela independência da Argélia nos anos 50. Temos a impressão de que o diretor realmente se infiltrou numa guerrilha e está filmando um documentário. Seu trabalho com atores não-profissionais também é formidável. Com a colaboração da ótima trilha de Ennio Morricone, existe uma tensão crescente do início ao fim. Até hoje, A Batalha de Argel é uma referência para o cinema de conflitos sociais.

  1. ONDE FICA A CASA DO MEU AMIGO? (Khane-ye doust kodjast?, 1987). Dir: Abbas Kiarostami
    Honestamente, nunca fui muito fã do cinema iraniano, mas este filme de Kiarostami demonstra com muita simplicidade e bom humor o povo iraniano. Com uma história boba de um menino que precisa devolver o caderno que pegou sem querer de seu amigo, acompanhamos sua jornada, que se assemelha à Odisséia de Homero, enquanto topamos com personagens inusitados que explicitam o conservadorismo extremo interferindo na educação infantil. É impossível não torcer pelo jovem protagonista, já que o ator mirim que o interpreta, Babek Ahmed Poor, é introvertido mas bem carismático. Um filme com uma carga humana altíssima que pode ser apreciado por qualquer país ou cultura e enxergar o poder que o Cinema tem como fonte de empatia.

IN MEMORIAM

Relembrando as pessoas que perdemos em 2020, é impossível não lamentar a morte de milhares de vítimas da Covid-19. Aqui no Brasil, estamos beirando os 200 mil mortos. Porém, o mais alarmante é ver a desumanidade de inúmeras pessoas em redes sociais, espalhando fake news, desacreditando a ciência (não vou nem mencionar os “terraplanistas”), fazendo festas e espalhando um vírus altamente contagioso sem ligar para a saúde coletiva, nem mesmo da própria família. Não vou prolongar a crítica, mas gostaria de homenagear os profissionais da saúde que estão se arriscando para salvar vidas (muitas das quais não querem tomar vacina) ao redor do mundo, e conceder meus profundos sentimentos às famílias que perderam entes queridos nessa pandemia.

Essa sessão In Memoriam parece desnecessária, mas acho importante relembrar artistas e profissionais do Cinema que perdemos. Eles não estão mais conosco, mas seus trabalhos certamente contribuíram e sempre vão contribuir para o nosso desenvolvimento como seres humanos. Gostaria de começar pela realeza de Hollywood. Este ano perdemos dois ícones da era de ouro: Olivia de Havilland e Kirk Douglas. Ela foi a última atriz viva do elenco do clássico …E o Vento Levou, acumulou 5 indicações ao Oscar e levou 2 estatuetas de Melhor Atriz por Só Resta uma Lágrima e Tarde Demais. Foi de extrema importância nos anos 40 quando enfrentou o estúdio Warner Bros. que queria controlá-la ao suspendê-la por 6 meses e ainda descontar esse período do pagamento. Havilland foi à corte e venceu a batalha contra o estúdio, beneficiando inúmeros outros atores que tinham contratos longos. Já Kirk demonstrou um enorme senso de justiça e moral em tempos complicados de McCarthismo e Guerra Fria. O ator fez questão de dar créditos a roteiristas que tinham seus nomes na Lista Negra e eram obrigado a inventarem pseudônimos para continuarem trabalhando. Sua influência e insistência pesaram na decisão e os condenados voltaram a ter dignidade no ofício. Em 1996, Kirk Douglas acabou ganhando o Oscar Honorário por sua força moral e criativa em Hollywood, e claro, por ter sido indicado 3 vezes sem nunca ter levado a estatueta.

Não apenas cinéfilos, mas músicos ao redor do mundo ficaram entristecidos pela morte do maestro italiano Ennio Morricone. Honestamente, não acredito que haverá outro compositor como ele. Desde o início da carreira, ele buscou desafiar os paradigmas do gênero western com instrumentos pouco ortodoxos como guitarra elétrica, sinos, gaitas e até as vozes femininas, e isso fez com que seu nome se tornasse sinônimo de um western moderno. Além de Sergio Leone, trabalhou com inúmeros diretores de prestígio como Brian De Palma, Pier Paolo Pasollini, Gillo Pontecorvo, Giuseppe Tornatore, John Carpenter e Terrence Malick, obteve 6 indicações ao Oscar, ganhou pela última por Os Oito Odiados, além do Oscar Honorário concedido em 2007. Suas composições engrandecem qualquer filme e conseguem a proeza de serem independentes de seus filmes e agradarem qualquer músico ou fã de música.

Dentre os atores que perdemos este ano, destaco Sir Sean Connery que imortalizou o agente secreto britânico James Bond e não se contentou em ser um ator de um papel só; o sueco Max von Sydow que ficou marcado pela parceria com o mestre Ingmar Bergman e pelo personagem do Padre Merrin em O Exorcista (é incrível como todas as suas aparições evidenciam sua credibilidade na tela); e Chadwick Boseman, que apesar de ser eternamente lembrado como o Pantera Negra, demonstrou uma vivacidade digna de orgulho diante de um câncer que estava enfrentando. Se você assistir a qualquer filme com o ator, perceberá que ele trata seu personagem como se fosse seu último. Aliás, seu derradeiro papel em A Voz Suprema do Blues pode lhe conceder um Oscar póstumo em 2021. Entre outras perdas irreparáveis de atores, lembro Brian Dennehy, Shirley Knight, Irrfan Kahn, Michel Piccoli, Ian Holm e Diana Rigg.

Já entre os diretores que perdemos, destaque para Terry Jones (que dirigiu e co-dirigiu os filmes da trupe Monty Python), Alan Parker (dividido entre filmes musicais e de violência extrema), Jirí Menzel (diretor tcheco que trabalhou com a sátira e contornou a censura), Kim Ki-duk (sul-coreano que conquistou crítica e público com personagens calados), e Joel Schumacher, que apesar de ter sido marcado injustamente pelos mamilos nos uniformes de Batman & Robin, é carinhosamente lembrado por cults da juventude como O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas, Os Garotos Perdidos e Linha Mortal. Lembramos também dos roteiristas Ronald Harwood (O Pianista) e Buck Henry (A Primeira Noite de um Homem), os diretores de fotografia Allen Daviau (E.T. o Extraterrestre) e Michael Chapman (Taxi Driver e Touro Indomável), e o diretor de arte Peter Lamont (Titanic e 007: O Espião que me Amava).

José Mojica Marins, o nosso querido Zé do Caixão, a diretora Suzana Amaral e a atriz Nicette Bruno foram as grandes perdas do nosso Cinema Brasileiro. Lembramos também aqui as perdas lastimáveis da juíza Ruth Bader Ginsburg, que lutou pelos direitos femininos e estrelou o documentário RBG, o cartunista argentino Quino que criou a amada personagem Mafalda, o jogador de basquete Kobe Bryant que ganhou o Oscar de curta de animação sobre sua vida Dear Basketball, e o autor britânico John le Carré, que inspirou inúmeros filmes como O Espião que Saiu do Frio (1965), O Jardineiro Fiel (2005) e O Espião que Sabia Demais (2011).

VOTOS PARA 2021

No ano passado, desejei um ano de mais empatia e vou continuar nessa tecla. É preciso reduzir essa polarização que tanto nos divide, pois fica parecendo que somos de torcidas de clubes de futebol inimigas. Quantas vezes não li este ano em redes sociais: “Adivinha pra quem ele votou”, “Como não votei em ladrão, não falo com você”, “Alugo vagas de quarto, exceto para quem votou no Bozo” etc. Não é porque a pessoa tem uma opinião política que não seja a sua que ela será sua inimiga. Existem pessoas muito boas de ambos os lados e estamos recusando qualquer contato por termos nossos preconceitos. Claro que não é uma tarefa fácil, mas peço para que todos possamos praticar a nossa civilidade, conversando, trocando idéias, e acima de tudo, respeitando o outro, pois você estará respeitando a si mesmo também.

Desejo um Feliz Natal e Próspero Ano Novo para todos que seguem o blog, a página do Facebook e o nosso Instagram. Agradeço muito por terem me acompanhado neste ano difícil de 2020, mas espero que possamos manter nosso trabalho e nossa apreciação pelos filmes que tanto amamos. Cuidem-se bem, pensem nas suas famílias e no próximo que logo sairemos dessa situação juntos!

Novo filme de Spielberg, ‘THE POST’, leva MELHOR FILME no NATIONAL BOARD OF REVIEW

The Post

Tom Hanks divide cena com Meryl Streep em The Post (pic by outnow.ch)

GRUPO TRADICIONAL FORMADO POR CINÉFILOS, ACADÊMICOS E CINEASTAS DÁ UMA FORCINHA PARA ‘THE POST’, QUE PERMANECIA UMA INCÓGNITA

O que acontece quando Steven Spielberg, Meryl Streep e Tom Hanks se juntam no mesmo projeto? Cheirinho de Oscar, certo? O National Board of Review resolveu dar uma forcinha para The Post, já que até então, o novo filme de Spielberg era considerado uma incógnita total, já que ninguém tinha conferido ainda.

The Post, que aqui ganhou o subtítulo “A Guerra Secreta”, destrincha a batalha que o jornal The Washington Post travou com o governo americano quando publicou segredos de Estado, intitulados de Pentagon Papers (documentos do Pentágono), nos anos 70. Em tempos de protesto contra o governo Trump, o filme se mostra relevante no cenário atual, já que existe uma briga entre imprensa e governo sobre a influência russa na eleição de Donald Trump.

As vitórias dos atores centrais, Tom Hanks e Meryl Streep, certamente os coloca na corrida para as indicações ao Oscar. Streep tem todas as cartas na manga para conquistar sua 21ª indicação, um recorde que cresce a cada ano. Já Hanks temos que ter certa cautela. Embora tenha se destacado em filmes recentes como Capitão Phillips e Sully: O Herói do Rio Hudson, o ator sempre acaba morrendo na praia. Não sei se mais alguém pensa como eu, mas faz muito tempo que não vejo uma performance que consigo esquecer que estou vendo Tom Hanks.

Claro que a alavancada do National Board of Review ajuda The Post em sua campanha, mas não significa grande chance de vitória no Oscar. Nos últimos anos, a organização concedeu o prêmio de Melhor Filme para Manchester à Beira-Mar, Mad Max: Estrada da Fúria, Ela e A Hora Mais Escura. Embora todos tenham sido indicados ao Oscar, nenhum deles saiu com o Oscar de Melhor Filme. Sem contar O Ano Mais Violento (2014), que sequer recebeu indicação ao Oscar. E o último acerto de Melhor Filme do NBR foi lá em 2008, quando reconheceu Quem Quer Ser um Milionário?, de Danny Boyle. Faz tempo.

Entre os vencedores desta edição, chama bastante a atenção a vitória de Greta Gerwig na direção. Em seu segundo trabalho como diretora, ela recebeu muitos elogios por sua visão bastante feminina em Lady Bird. Resta saber se seu reconhecimento é por méritos ou por tempos politicamente corretos.

MELHOR FILME
The Post – A Guerra Secreta

MELHOR DIREÇÃO
Greta Gerwig (Lady Bird – É Hora de Voar)

MELHOR ATOR
Tom Hanks (The Post – A Guerra Secreta)

MELHOR ATRIZ
Meryl Streep (The Post – A Guerra Secreta)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Willem Dafoe (Projeto Flórida)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Laurie Metcalf (Lady Bird – É Hora de Voar)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Paul Thomas Anderson (Trama Fantasma)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Scott Neustadter e Michael H. Weber (Artista do Desastre)

MELHOR ANIMAÇÃO
Viva – A Vida é uma Festa (Coco)

MELHOR REVELAÇÃO
Timothée Chalamet (Me Chame Pelo seu Nome)

MELHOR DIRETOR ESTREANTE
Jordan Peele (Corra!)

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
Foxtrot
Dir: Samuel Maoz (ISRAEL)

MELHOR DOCUMENTÁRIO
Jane
Dir: Brett Morgen

MELHOR ELENCO
Corra!

PRÊMIO SPOTLIGHT
Patty Jenkins e Gal Gadot (Mulher-Maravilha)

PRÊMIO LIBERDADE DE EXPRESSÃO
First They Killed my Father; Dir: Angelina Jolie
Let it Fall: LA 1982-1992; Dir: John Ridley

Melhores filmes
Em Ritmo de Fuga (Baby Driver)
Me Chame Pelo Seu Nome (Call me by your Name)
Artista do Desastre (The Disaster Artist)
Pequena Grande Vida (Downsizing)
Dunkirk
Projeto Flórida (The Florida Project)
Corra! (Get Out)
Lady Bird – É Hora de Voar (Lady Bird)
Logan (Logan)
Trama Fantasma (Phantom Thread)

Melhores filmes independentes
Beatriz at Dinner
Bigsby Bear
A Ghost Story
Logan Lucky – Um Roubo em Família (Logan Lucky)
Com Amor, Van Gogh (Loving Vincent)
Menashe
Patti Cake$
Terra Selvagem (Wind River)
Norman: Confie em Mim (Norman: The Rise and Tragic Fall of a New York Fixer)

Melhores filmes estrangeiros
Uma Mulher Fantástica (Una Mujer Fantástica)
Frantz
Verão 1993 (Estiu 1993)
Loveless (Nelyubov)
The Square

Melhores documentários
Abacus: Pequeno o Bastante Para Condenar
Brimstone & Glory
Eric Clapton: A Life in 12 Bars
Visages, Villages
Hell On Earth: The Fall of Syria and the Rise of ISIS

Retrospectiva 2014: Meu ano com os filmes


O host do Oscar 2015, Neil Patrick Harris, em sua mensagem de fim de ano

Primeiramente, gostaria de agradecer ao pessoal que visita o blog, acompanha os posts com paciência e comenta. Trata-se do melhor incentivo que recebo, uma vez que escrevo aqui puramente por paixão ao ofício e à Arte do Cinema. O post de hoje é o último do ano de 2014. Achei uma boa idéia fazer uma espécie de retrospectiva do ano em relação aos principais acontecimentos e aos filmes vistos. Gostaria também de convidar a todos pra escrever sobre os seus favoritos (ou piores) de 2014.

OSCAR 2014

A Academia fez história ao premiar 12 Anos de Escravidão como Melhor Filme. Trata-se do primeiro produzido e dirigido por um negro (Steve McQueen), assim como escrito por um roteirista negro (John Ridley) a ganhar o Oscar. Curiosamente, esse fato ocorre no mesmo ano em que há uma crise nos conflitos raciais nos EUA, originada por morte de negros por policiais brancos, prova de que o racismo está longe de ter fim, mesmo em pleno século XXI. Não sei se a escolha da Academia teve maior embasamento político, mas meu voto iria para O Lobo de Wall Street. Depois que Martin Scorsese ganhou finalmente seu Oscar em 2007, ele se libertou das amarras do academicismo e passou a alçar vôos mais ambiciosos. De lá pra cá, ele dirigiu o ousado terror noir de A Ilha do Medo, a carta de amor ao Cinema de A Invenção de Hugo Cabret e este libertino O Lobo de Wall Street, pelo qual ele teve finalmente sua recompensa em apostar em Leonardo DiCaprio. É um raríssimo caso em que o Oscar continuou iluminando a carreira já vitoriosa de um vencedor.

Quanto aos resultados, eu tiraria o Oscar de montagem de Gravidade e daria para Capitão Philips, por conseguir manter a tensão do início ao fim claustrofóbico. O Oscar de maquigem também teria outro dono na minha opinião, pois Clube de Compras Dallas tem mais do esforço dos atores do que maquiagem propriamente dita. E gostaria que o Oscar de coadjuvante fosse para a graciosa June Squibb por Nebraska. Pode parecer que estou preferindo Squibb a Lupita Nyong’o simplesmente pela idade, mas eu realmente considero sua interpretação mais consistente. Ela é o ponto de equilíbrio entre os personagens do filho (Will Forte) e o pai (Bruce Dern) sem deixar de perder o senso de humor e a ternura. Eu também gostaria que Judi Dench vencesse seu segundo Oscar por Philomena, mas Cate Blanchett estava tão imbatível em Blue Jasmine que parecia missão impossível.

June Squibb em cena de Nebraska (photo by cinemagia.ro)

June Squibb em cena de Nebraska (photo by cinemagia.ro)

MARATONA JAMES BOND

Fui introduzido ao universo de James Bond pelo meu pai, que assistia aos filmes de Sean Connery nos cinemas. Na adolescência, cheguei a juntar minha mesada pra comprar a coleção de VHS que saiu nas bancas e fui conhecendo filme por filme. Como comprei a coleção em blu-ray no final do ano passado, achei uma ótima oportunidade pra fazer uma maratona James Bond neste ano e em ordem cronológica de lançamento.

Claro que os melhores filmes permanecem aqueles estrelados por Sean Connery. Meu pai e meu irmão gostam de Moscou Contra 007. Já eu prefiro 007 Contra o Satânico Dr. No pelo frescor na espionagem ou 007 Contra Goldfinger por ser bem icônico na saga, mas confesso que se eu pudesse eleger apenas um, meu favorito hoje seria 007 – Cassino Royale. Gosto da estrutura do filme, que segue as pistas até chegar aos peixes grandes. Os personagens estão bem definidos: dos vilões Mollaka, que pratica le parkour no início do filme, Le Chiffre, que conta com a força da presença de Mads Mikkelsen, a incógnita Vesper Lynd feita pela igualmente misteriosa Eva Green, e o que dizer de Daniel Craig? Admito que quando soube da escolha dele como 6º Bond, tive minhas dúvidas, mas que logo se dissiparam nos primeiros minutos do filme. Meu pai, fã de Connery, não gosta de Craig: “Ele é muito burucutu, sem charme”. Sim, no filme ele é meio sem noção, mas temos que lembrar que se trata de um reboot na franquia. O personagem icônico está em sua primeira missão como agente com permissão para matar e seus deslizes são mais do que comuns e perdoáveis. Daniel Craig tornou o personagem palpável, com direito a cometer erros, vulnerável e humano. É ali também que descobrimos por que ele se tornou tão desconfiado em relação às mulheres.

Indubitavelmente, depois de sua inserção no universo de Bond, a saga do espião nos cinemas definitivamente subiu de nível. Deixou de ser aquelas aventuras que só tinham o intuito de mostrar belas mulheres e locações para acrescentar à cultura mundial. Infelizmente, sofreu com a greve de roteiristas em 007 – Quantum of Solace, mas com 007 – Operação Skyfall, com a colaboração do diretor Sam Mendes, o diretor de fotografia Roger Deakins e o diretor de arte Dennis Gassner, a parte técnica foi para patamares nunca explorados, tanto que o filme recebeu indicações ao Oscar de fotografia, e o ganhou o BAFTA de Melhor Filme Britânico.

Um fato curioso é que este ano, três atores que viveram vilões na saga James Bond partiram: Richard Kiel, que interpretou Jaws, o vilão que virou mocinho (007 – O Espião que Me Amava e 007 Contra o Foguete da Morte). Gottfried John, o frio Coronel Ourumov (007 Contra GondenEye). E Geoffrey Holder, o imortal Barão Samedi (Com 007 Viva e Deixe Morrer).

Do topo da esquerda em sentido horário:  Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Daniel Craig, Pierce Brosnan e Timothy Dalton (photo by thekliqnation.com)

Do topo da esquerda em sentido horário: Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Daniel Craig, Pierce Brosnan e Timothy Dalton (photo by thekliqnation.com)

MARVEL NAS MÃOS CERTAS E ERRADAS

Como fã declarado da Marvel Comics do tipo que colecionava quadrinhos do Homem-Aranha e X-Men, vou aos cinemas ver as adaptações com um sorriso enorme no rosto, pois na época em que acompanhava as histórias, pensava que esse dia jamais chegaria. Este ano, o maior prazer foi assistir à sequência Capitão América: O Soldado Invernal, tanto que fui duas vezes ao cinema. A grande fórmula do sucesso do produtor Kevin Feige tem sido o acerto na hora de contratar os diretores, roteiristas e atores. Nada de ficar cedendo às pressões dos executivos dos estúdios para chamar celebridades ou diretores com pedigree. Os diretores Anthony Russo e Joe Russo também acertaram ao abordar o resgate do Capitão América ao século XXI como um grande filme de espionagem dos anos 70 como Três Dias de Condor.

Robert Redford e Chris Evans em cena de Capitão América: O Soldado Invernal (photo by cinemagia.ro)

Robert Redford e Chris Evans em cena de Capitão América: O Soldado Invernal (photo by cinemagia.ro)

Inteligentemente, a Marvel Studios não vive apenas de sequências para não ver a fonte de renda secar. Para isso, ela fez uma aposta de alto risco com a adaptação de Guardiões da Galáxia, pois são personagens considerados de segunda linha da editora, e por isso, tinham tudo para ser um possível fracasso comercial. A aposta se estendeu até na escolha do protagonista: o jovem Chris Pratt, que até então era ator de segundo escalão e coadjuvante da série de comédia Parks & Recreation, felizmente deu bastante certo como Peter Quill, vulgo Star Lord. Após tamanho sucesso nas bilheterias, a sequência já está confirmada para 2017, e Pratt ainda conseguiu papel de protagonista no próximo Jurassic World.

Integrantes excêntricos do grupo Guardiões da Galáxia. (photo by outnow.ch)

Integrantes excêntricos do grupo Guardiões da Galáxia. (photo by outnow.ch)

Infelizmente (mesmo!), como a Marvel Comics faliu nos anos 90, ela se viu obrigada a vender os direitos autorais de seus personagens para grandes estúdios como Fox e Sony, o que impossibilita os tão aguardados crossovers nas telas e geram incontáveis novas adaptações de qualidade duvidosa. Digamos que a Marvel Studios, que originou sucessos como a trilogia do Homem de Ferro e Os Vingadores, cria os filmes com planejamento e respeito ao público e aos milhares de fãs mundo afora. Já a Sony e Fox estão mais interessadas em pegar carona na alta dos super-heróis, tanto que fizeram reboots do Homem-Aranha apenas 5 anos depois de Homem-Aranha 3 (estrelado por Tobey Maguire) e dos mutantes X-Men com X-Men: Primeira Classe, retratando a juventude dos personagens nos anos 60 e, agora com X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, praticamente apagaram toda a história passada nos filmes anteriores por causa das viagens no tempo.

Para o grande público, talvez quem produz o filme não faça diferença, mas os números nas bilheterias são mais uma prova de que quando as adaptações são bem pensadas, bem filmadas e bem finalizadas, o sucesso é mera consequência e os filmes entram para a História do Cinema.

NETFLIX E OUTRAS ALTERNATIVAS

Depois da dificuldade que passei ano passado em encontrar títulos no mercado legal (precisava assistir a A Hora Mais Escura pra escrever um artigo antes do Oscar), tive que recorrer a outros meios “não tão legais assim”. Este ano, descobri um bom site chamado Toca dos Cinéfilos, que dispõe de um ótimo acervo de filmes em streaming. De lá, assisti finalmente ao filme romeno vencedor da Palma de Ouro, 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, que estava procurando há tempos. Claro que não apresenta a melhor qualidade de imagem de áudio e vídeo, mas na atual conjuntura, “é o que tem pra hoje”. Não recomendo aos cinéfilos assistir aos filmes nesses sites por se tratar de um crime previsto em lei, mas com a péssima distribuição de filmes e os altos impostos cobrados em mídias digitais como DVDs e Blu-Rays aqui no Brasil, não tem como desestimular as pessoas a procurar outras alternativas.

Hoje em dia, um ingresso de cinema não sai por menos de 25 reais nos shoppings, sem contar o estacionamento e aqueles combos de pipoca de ouro. Enquanto isso, o filme polonês favorito ao Oscar de Filme em Língua Estrangeira, Ida, está disponível nesse site. Claro que em qualidade inferior e dublado num francês meio sofrível, mas quem não tem cão..

4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (photo by outnow.ch)
4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (photo by outnow.ch)

Já no Netflix, confesso que mais revi do que assisti novos filmes. Um Príncipe em Nova York, Um Tira no Jardim de Infância e Os Garotos Perdidos foram alguns desses títulos, que não via há um bom tempo. Mas a maior surpresa ficou por conta de um achado: O Destino Mudou sua Vida, de Michael Apted. Como sempre fui atrás dos filmes que ganharam o Oscar, procurei por este que rendeu a estatueta de Melhor Atriz para Sissy Spacek por vários anos, mas nunca tinha visto cópia em VHS ou DVD. A performance de Spacek é digna de nota, pois ela abrange a personagem real Loretta Lynn da adolescência até a idade adulta no auge da carreira de cantora country, além de cantar com sua própria voz. A atriz bateu outros nomes de peso como Gena Rowlands, Ellen Burstyn e Mary Tyler Moore naquele ano de 1981. E curiosamente, Tommy Lee Jones faz o marido Doolittle Lynn; mesmo bem mais novo, já tinha aquela cara de carrancudo!

Tommy Lee Jones e Sissy Spacek em O Destino Mudou Sua Vida (photo by outnow.ch)

Tommy Lee Jones e Sissy Spacek em O Destino Mudou Sua Vida (photo by outnow.ch)

CRÍTICAS POSITIVAS E NEGATIVAS

Pra não dizer que só fui na base da ilegalidade, comprei o DVD da ficção científica Sob a Pele, de Jonathan Glazer, mesmo este disponível em streaming. Provavelmente é o filme mais estranho que vi este ano. Por mais que tenha sentido falta de uma coerência ou até mesmo uma questão de unidade, foi um dos filmes que mais se destacaram pelo frescor de suas imagens, aliadas a uma trilha igualmente bizonha com direito a tema de sedução. Acredito que são esses filmes que almejam inovações que fazem do cinema uma Arte que atravessa as décadas e se mantém no topo, porque se dependesse de produtores atuais que só pensam em números de bilheteria, o Cinema seria um entretenimento acéfalo do tipo “Pão e Circo”.

Cena de Sob a Pele (photo by cinemagia.ro)

Cena de Sob a Pele (photo by cinemagia.ro)

Apesar de não bater muito bem da cabeça, os filmes de Lars von Trier seguem na mesma linha de inovação, do tipo “ame ou odeie”. Este ano, vi os dois volumes do filme Ninfomaníaca. Assim como os filmes de Kill Bill, de Tarantino, a divisão tornou o primeiro volume em algo mais episódico e de humor mais acertivo, já o segundo é mais sóbrio com a busca pelo prazer ultrapassando os limites físicos e psicológicos que lembram o néo-clássico de Nagisa Oshima, O Império dos Sentidos (1976). Como o diretor dinamarquês iniciou sua carreira com filmes esteticamente perfeitos como Elemento de um Crime (1984) e Europa (1991), e depois pegou carona no Movimento Dogma 95 que não permitia recursos técnicos básicos como iluminação, resultando em Os Idiotas (1998) e Dançando no Escuro (2000), ele teve uma interessante experiência na mistura da estética com a narrativa. Seus últimos filmes são provas concretas desse aprendizado: Dogville (2003), Anticristo (2009), Melancolia (2011) e esses dois Ninfomaníaca. Em 2011, foi banido do Festival de Cannes quando declarou que “entendia Hitler” e se dizia anti-semita, mas independente de suas posições políticas, seus filmes já podem ser considerados eventos.

Cena de Ninfomaníaca Vol. 2 - Versão do Diretor (photo by outnow.ch)

Cena de Ninfomaníaca Vol. 2 – Versão do Diretor (photo by outnow.ch)

Já em relação aos filmes mais mainstream, meu voto de melhor do ano vai para Boyhood: Da Infância à Juventude. Gosto de praticamente tudo: do projeto de 12 anos, da paixão dos profissionais envolvidos por tanto tempo, do roteiro “sem história”, dos personagens centrais em constante transformação, da expectativa da mãe sobre a vida: “É isso? Eu esperava mais…”. É um filme intimista que explora a relação que temos com o tempo e com as pessoas que amamos. A gente fica tão ligado em histórias e tramas mirabolantes, que esquecemos o poder de um olhar tão atento aos detalhes como o de Richard Linklater. Não vi todos os possíveis concorrentes, mas espero que Boyhood consiga suas indicações e até ganhe o Oscar de Melhor Filme.

Da esquerda para a direita: Lorelei Linklater, Ethan Hawke e Ellar Coltrane em Boyhood: Da Infância à Juventude (photo by elfilm.com)

Da esquerda para a direita: Lorelei Linklater, Ethan Hawke e Ellar Coltrane em Boyhood: Da Infância à Juventude (photo by elfilm.com)

Quanto às bombas do ano, meu voto vai para o novo Godzilla. Quando se erra no tom, nem trazendo Tom Cruise, Brad Pitt, Julia Roberts, Meryl Streep… quer dizer, Meryl Streep não. Ela é à prova de fracassos! Não sou fanático por filmes de monstros, mas gostei do sul-coreano O Hospedeiro (2006) e achei interessante o Cloverfield: Monstro (2008), por exemplo, mas essa nova versão do monstro nuclear nipônico não acrescenta em nada na história originada nos anos 50. Quanto ao tom, se fosse mantido o mesmo do início do filme em que Juliette Binoche e Bryan Cranston realmente vivem personagens envolvidos numa tragédia, certamente o filme seria outro. Se tem uma receita certa para filmes de monstros, é que se deve valorizar muito mais os personagens do que o monstro em si. E fiquei com pena da Sally Hawkins, que por mais que tenha ganhado seu salário, não passou de uma tradutora de japonês de Ken Watanabe: um desperdício de talento.

Godzilla: Enquanto Bryan Cranston esteve na tela, o filme era "assistível". Depois eu queria meu dinheiro de volta! (photo by outnow.ch)

Godzilla: Enquanto Bryan Cranston esteve na tela, o filme era “assistível”. Depois eu queria meu dinheiro de volta! (photo by outnow.ch)

Gostaria de aproveitar pra fazer um comentário à parte em relação ao filme Garota Exemplar. Quando soube que o livro seria adaptado para o cinema pelas mãos de David Fincher, não hesitei em comprar o livro e ler, afinal, ele é o melhor diretor pra cuidar de personagens psicóticos (Seven: Os Sete Crimes Capitais, Clube da Luta e Zodíaco), mas fiquei um pouco desapontado com o resultado final. Desde o sucesso de A Rede Social (2010), o estilo visual de Fincher não mudou quase nada nos filmes seguintes: Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011) e agora Garota Exemplar. Mesmo não se tratando de um trilogia, o diretor realizou uma espécie de “pasteurização” em todos os departamentos: fotografia com cores frias, direção de arte, trilha musical com poucas notas e uma montagem frenética que beira o automático. Embora Garota Exemplar seja uma boa adaptação do best-seller de Gillian Flynn, o diretor poderia rever seus conceitos para o próximo projeto antes que se torne repetitivo demais.

FILMES NA 38ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO

Toda vez que a Mostra de Cinema vai vender pacotes de filmes, estou fora da cidade! Felizmente, desde o ano passado, o evento passou a contar com a evolução das vendas de ingresso pela internet. Pra quem trabalha o dia todo e não tem como ficar trocando ingressos durante o dia, a internet é uma mão na roda. Depois de muita análise da programação, consegui pegar algumas sessões interessantes como a de Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo. O novo filme de Bennett Miller foi indicado à Palma de Ouro em Cannes e saiu com o prêmio de Direção. O trio de atores está excepcional: Steve Carell impressiona por sua frieza nas expressões e em sua movimentação lenta, como se estivesse num transe; Channing Tatum como uma força incontrolável e sem direção, com olhar misterioso e perdido; e Mark Ruffalo consegue cativar como o irmão mais velho de Tatum com carisma e seriedade sem fazer muito esforço, já que tem um talento natural para se transformar nos personagens.

Channing Tatum e Mark Ruffallo trabalham no novo filme de Bennett Miller (photo by outnow.ch)

Channing Tatum e Mark Ruffallo trabalham no novo filme de Bennett Miller, Foxcatcher (photo by outnow.ch)

Também destaco o filme russo Leviatã, que faz uma ótima metáfora religiosa da história de Jó com uma leitura política da Rússia de hoje, sem abrir mão do humor ácido e politicamente incorreto. Adoraria ver a reação do presidente Vladimir Putin ao ver esse filme! É um belo tapa na cara da república ditatorial que ele vem criando. Gostaria que houvesse mais filmes assim aqui no Brasil, pois já que os políticos são intocáveis, nada melhor do que um tapa bem dado em quem governa e rouba este país. Por Leviatã, o diretor Andrey Zvyagintsev foi merecidamente premiado pelo roteiro em Cannes, e está concorrendo ao Globo de Ouro de Filme Estrangeiro.

Cena de A Pequena Morte (photo by outnow.ch)

Cena de A Pequena Morte (photo by outnow.ch)

Já na repescagem da Mostra, apostei no filme australiano A Pequena Morte e me surpreendi bastante. Já que o título se refere à pequena morte do orgasmo, o filme conta com várias histórias de casais com problemas sexuais que habitam o mesmo bairro. Como num filme de Robert Altman, os personagens cruzam entre si durante suas jornadas particulares, formando um mosaico irresistível de humor refinado, que nunca vi antes numa comédia americana. Aliás, vi o filme no CineSesc da rua Augusta e nessa noite, estava caindo um temporal dos infernos. Como a sala não tinha gerador, a projeção foi interrompida umas cinco vezes! O público só ficou mesmo porque o filme valia a pena. Não deve ter previsão de estréia por aqui, pra variar, então o jeito é vasculhar na internet…

ATOS SELVAGENS NO CINEMA

Enquanto o filme começava na sala do shopping Bourbon, um casal chegou atrasado e segundo relatos da minha prima, que sentou ao lado, não parava de fazer comentários do tipo: “Ah isso é típico de argentino!”. Fato que irritou também o casal de idosos que estava sentado logo na fileira de trás, que passou a dar uns “chutes amigáveis” na poltrona na mulher falastrona pra ver se se toca, mas o nível de ignorância foi tamanha, que a mulher passou a gritar com palavras de baixo calão para a senhora, que ficou perplexa. A discussão durou cerca de 2 minutos, e nesse momento, o público ficou mais interessado no relato selvagem da realidade do que do próprio filme que trata de personagens em situação limite.

Relatos Selvagens é formado por seis segmentos não-interligados entre si, mas que possuem personagens à beira de um ataque de nervos em comum, então são muitas situações envolvendo vingança e momentos críticos. Como é um tema universal, fica muito fácil de se identificar com as histórias. Em especial, a história denominada “Bombita”, estrelada por Ricardo Darín, ele tem seu carro guinchado por ter estacionado em local proibido mal sinalizado. Indignado com a lei má aplicada, ele enfrenta a burocracia a seu modo. Tenho certeza de que todo brasileiro se identificou e torceu pelo personagem.

Cena da última história do argentino Relatos Selvagens (photo by cine.gr)

Cena da última história do argentino Relatos Selvagens (photo by cine.gr)

Quanto à barbarie dentro das salas de cinema, tive outra experiência negativa ao assistir o terror Annabelle. Eu já sabia que encararia público mais mal comportado e “aborrecente”, por isso mesmo, meus amigos e eu decidimos pegar a última sessão de uma segunda-feira. Eu até pensei em deixar pra ver em casa, mas além de terror ser um gênero propício para cinema, o filme estava batendo recordes de bilheteria no Brasil, sendo o mais visto no gênero da História! Depois que o filme terminou, vi o quão baixo está o nível mínimo de exigência do público brasileiro. Que filme ruim! Roteiro fraquíssimo com personagens fúteis em cenas que não avançam a história e sequer assustam. Como se não bastasse o horror do filme, tinha o horror da sala de cinema pra aturar. Havia dois casais do tipo início de relacionamento, em que o macho quer impressionar a fêmea explicando os acontecimentos com narração à la Galvão Bueno. Felizmente, meu amigo é mais cri-cri do que eu, ele conseguiu impôr silêncio a um dos casais com um pedido educado, mas o outro não quis nem saber. Achava que estava na sala da casa deles, e nem quis saber!

Quando eu reclamo bastante aqui que o público não sabe se comportar na sala de cinema, não é exagero da minha parte. Tem muita gente que acha que tem o direito de conversar, falar alto, deixar o celular ligado e atender (!), comer alimentos impróprios para uma sala fechada como McDonald’s (a sala inteira passa a cheirar queijo) e, se abordada por outro espectador incomodado, ainda se defende dizendo que está pagando para ver o filme! Teve momentos na minha vida, em que eu era mais revoltado e chegava a discutir ou pelo menos lançar um sucinto “Shhh”, mas depois de tanto presenciar reações ignorantes e até agressivas, passei a deixar de lado. Procuro me concentrar no filme ao máximo, e caso o papagaio seja incansável, procuro um outra poltrona livre para me mudar.

‘A ENTREVISTA’ ENTRE EUA, HOLLYWOOD E CORÉIA DO NORTE

A saga do filme A Entrevista começou alguns meses atrás, mas como continua tendo desdobramentos, preferi aguardar algum desfecho para me pronunciar aqui. Resumidamente, o estúdio Sony sofreu um ataque de hackers em novembro, causando desdobramentos desagradáveis. Primeiramente, e-mails entre executivos foram expostos, revelando orçamentos de produções, salários de artistas e expondo conversas pessoais contendo críticas e ofensas a algumas celebridades como Angelina Jolie. O produtor Scott Rudin teria classificado a atriz e diretora como “mimada e pouco talentosa” numa troca de e-mails com a produtora Amy Pascal.

Cena de A Entrevista com James Franco (centro) e Seth Rogen (à direita). Photo by outnow.ch

Cena de A Entrevista com James Franco (centro) e Seth Rogen (à direita). Photo by outnow.ch

Até aí, tudo bem. Não houve consequências desastrosas, mas apenas situações embaraçosas. Contudo, o vazamento ganhou proporções colossais quando o grupo por trás do ataque passou a ameaçar os EUA se a Sony resolvesse lançar o filme de comédia A Entrevista: “Mostraremos claramente que os locais de exibição de ‘A Entrevista’ no dia da estréia terão um destino amargo… O mundo verá em breve que filme ruim fez a Sony Pictures. O mundo estará repleto de medo. Lembrem-se do 11 de setembro de 2001. Recomendamos que fiquem longe dos cinemas”. Aí o negócio ficou feio e a Sony decidiu cancelar o lançamento previsto para o Natal. A decisão não agradou o presidente Barack Obama, que em seu discurso, diz que não negocia com terroristas e que baixar a cabeça é abrir mão da liberdade de expressão que tanto o país lutou para conquistar. Houve um disse-que-me-disse entre a Sony e os exibidores. O estúdio alegou que os cinemas abortaram a exibição, enquanto os cinemas defendem que a Sony que cancelou o lançamento.

A bem da verdade é que não dá pra arriscar vidas inocentes, ainda mais depois do 11 de setembro, mas também não podemos ferir a liberdade que nos é tão essencial hoje. Em minha humilde opinião, adiaria o lançamento por umas duas semanas até conseguir rastrear o sinal dos hackers; e não simplesmente cancelar. Muito se falou que o governo norte-coreano estaria por trás do ataque e das ameaças, mas nada foi realmente provado. Acho inadmissível o governo da maior potência do mundo não conseguir identificar a origem das ameaças. Se o ex-funcionário da NSA, Edward Snowden, nos ensinou é que todos podem ser vigiados pela Inteligência norte-americana. Onde estão os responsáveis? Meu palpite é que são um bando de nerds hackers gordinhos escondidos numa casa num estado americano.

Ativistas? ONG? Teorias conspiratórias republicanas que almejam uma guerra entre EUA e Coréia do Norte para vender mais armamento bélico? Depois do fascínio pelo personagem anárquico do Coringa em Batman: O Cavaleiro das Trevas, não duvido nem um pouco que se tratam de pessoas que querem ver apenas o circo pegar fogo.

Por enquanto, o resultado final é feliz. O filme foi lançado em salas selecionadas e está faturando alto, até mesmo pela curiosidade do público depois das notícias. Apesar de ter faturado 3 milhões de dólares nas salas, está rendendo mais de 15 milhões em serviços online. Engraçado que depois de um incidente desses, se os resultados melhorarem ainda mais, os executivos podem lançar mais filmes online.

DESPEDIDAS

No Oscar 2015, a homenagem In Memorian deverá tomar mais tempo. Foram tantos artistas e profissionais que nos deixaram este ano, que a lista é extensa. Remanescentes e lendas da era de ouro do Cinema como Lauren Bacall, Shirley Temple e Mickey Rooney se foram, assim como grandes nomes indicados ao Oscar como James Garner, Bob Hoskins, Ruby Dee, Juanita Moore, e o diretor Paul Mazursky. Entre os vencedores do prêmio da Academia, perdemos o grande diretor Mike Nichols (vencedor por A Primeira Noite de um Homem em 1968), o diretor Richard Attenborough (vencedor por Gandhi) e que curiosamente, é mais conhecido por ter vivido o criador do parque dos dinossauros, o Dr. Hammond em Jurassic Park, e a perda precoce do documentarista Malik Bendjelloul, vencedor de Melhor Documentário por Procurando Sugar Man em 2013, aos 36 anos por suicídio.

Aliás, infelizmente, o suicídio foi pauta nas mortes dos atores Robin Williams e Philip Seymour Hoffman. Enquanto o primeiro sofria de um quadro de depressão, o segundo estava lutando contra as drogas, mas ambos estavam necessitando de ajuda urgentemente. A morte de Robin Williams acabou chamando mais a atenção da mídia pela disparidade, tanto que muitos se perguntavam: “Como um ator e comediante que vivia fazendo papéis cômicos se enforca por depressão?”. Se olharmos com atenção a escolha de papéis dele, só tem tristeza: o pediatra de crianças especiais de Patch Adams – O Amor é Contagioso, o mendigo de O Pescador de Ilusões, o pai que não consegue ficar com os filhos em Uma Babá Quase Perfeita, e o que dizer do médico que morre para resgatar sua esposa do inferno em Amor Além da Vida!? Já dá pra ficar deprê só de ver os filmes, imagine vivenciar esses personagens por meses?

A morte de Philip Seymour Hoffman me lembrou a perda de Heath Ledger. Dois talentos recentemente descobertos que logo partiram deixando um legado que muitos batalham a carreira toda e não conseguem. O mais triste foi ler no jornal: “Ator de ‘Jogos Vorazes’ morre aos 46 anos”. O cara estrela Boogie Nights – Prazer Sem Limites, O Grande Lebowski, Magnólia, O Talentoso Ripley, A Última Noite, A Família Savage, Jogos do Poder, Sinédoque Nova York, Dúvida, O Mestre e vence o Oscar por Capote, e termina como ator de Jogos Vorazes. Que triste…

Philip Seymour Hoffman com seu Oscar por Capote (photo by post-gazette.com)

Philip Seymour Hoffman com seu Oscar por Capote (photo by post-gazette.com)

Também gostaria de citar o ator e diretor Harold Ramis, que ficou mais conhecido como Egon dos Caça-Fantasmas e diretor de Feitiço do Tempo; e do grande Eli Wallach, que viveu o inesquecível Tuco do grande western spaghetti Três Homens em Conflito, de Sergio Leone. E hoje foi anunciada a morte da atriz Luise Rainer aos 104 anos. Ela ganhou dois Oscars consecutivos de Melhor Atriz por Ziegfeld – O Criador de Estrelas e Terra dos Deuses na década de 30.

FELIZ 2015!

Gostaria de desejar um próspero ano novo para todos os cinéfilos mundo afora. Que em 2015, haja mais compreensão e menos corrupção. Não defendo nenhum partido, mas só nesse escândalo da Petrobrás, foram roubados 10 bilhões de reais. Imaginem o que esse dinheiro poderia fazer para a educação do nosso país? Recentemente, assisti ao Noites de Cabíria, de Federico Fellini. Nele, a personagem de Giulietta Masina vive uma prostituta que sofre o filme todo, mas sempre mantém a esperança de uma vida melhor. E é esse filme que recomendo para aqueles que acreditam que o futuro pode ser, sim, melhor! Forte abraço a todos e Feliz 2015!

Giulietta Masina como a personagem Cabiria (photo by cineyteatro.es)

Giulietta Masina como a personagem Cabiria (photo by cineyteatro.es)

 

BAFTA consagra ’12 Anos de Escravidão’, mas não esquece de ‘Gravidade’

BAFTA de Melhor Filme para 12 Anos de Escravidão (photo by arts.nationalpostc

MELHOR FILME: 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO. Da esquerda para a direita: Christoph Waltz (que entregou o prêmio) e os produtores Dede Gardner, Jeremy Kleiner, Steve McQueen e Brad Pitt (photo by Carl Court in arts.nationalpost.com)

12 ANOS DE ESCRAVIDÃO LEVA DOIS PRÊMIOS, ENQUANTO GRAVIDADE LEVA SEIS

Ehr… vamos lá. Como estávamos na matemática de Melhor Filme mesmo? 12 Anos de Escravidão 3 X 2 Gravidade. Enquanto o primeiro levou o Globo de Ouro, Critics’ Choice Awards e o PGA, o segundo conquistou o LAFCA e o PGA. Para quem considerava que o ano tinha um favorito, a ascensão de Gravidade tem ameaçado o reinado de 12 Anos de Escravidão.

Apesar do filme de escravidão de Steve McQueen ter conquistado o BAFTA de Melhor Filme, foi a mega-produção espacial de Alfonso Cuarón que foi considerado o grande vencedor pela mídia, afinal, levou 6 dos 11 prêmios a que estava indicado, inclusive o BAFTA de Melhor Filme Britânico. Aliás, essa história do filme americano ter competido como filme britânico soou estranho desde o começo. Cheirava mais como um complô para garantir um prêmio importante para Gravidade. Segundo alguns especialistas, o filme contou com muitos profissionais britânicos e isso o qualificaria para competir. Em seu discurso de agradecimento, como se tivesse sido obrigado a dizer, o diretor soltou um “I consider myself a part of the British industry (Eu me considero parte da indústria britânica)”. Aham.

MELHOR FILME BRITÂNICO: GRAVIDADE. À esquerda, o diretor Alfonso Cuarón ao lado do produtor David Heyman (photo by metro.co.uk)

MELHOR FILME BRITÂNICO: GRAVIDADE. À esquerda, o diretor Alfonso Cuarón ao lado do produtor David Heyman (photo by metro.co.uk)

OK. Não quero ser estraga-prazeres porque Gravidade realmente merece prêmios importantes (exceto o de roteiro), mas a questão é que o filme está ocupando vaga de uma produção genuinamente britânica. E qualquer sinal de armação colocaria em risco toda a história da premiação cinematográfica. Acho muito bacana e válido o BAFTA ter alterado seu calendário para antes do Oscar a fim de ganhar mais visibilidade, mas deviam rever seus conceitos e regras classificatórias e também não ficar dependente demais da Academia americana.

Ainda sobre a categoria Filme Britânico, se a produção hollywoodiana estive fora do páreo, seria 99% de certeza de que Philomena ganharia nesta categoria. A história verídica sobre a busca pelo filho perdido de Philomena Lee vem conquistando o público pelo humanismo que o roteiro explora bem, tanto que ganhou o BAFTA de Roteiro Adaptando, desbancando o até então favorito John Ridley de 12 Anos de Escravidão. Gostaria muito de ter visto Judi Dench premiada, mas infelizmente suas chances são baixas.

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: PHILOMENA. Jeff Pope e Steve Coogan ostentam o prêmio (photo by pipocamoderna.com)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: PHILOMENA. Jeff Pope e Steve Coogan ostentam o prêmio (photo by pipocamoderna.com)

Dada a bronca, o “empate técnico” entre 12 Anos de Escravidão e Gravidade no Producers Guild (PGA) ganhou mais um capítulo com essas vitórias no BAFTA, retomando a possibilidade que alguns jornalistas e críticos estão considerando sobre um empate inédito também no Oscar. Particularmente, não acredito nessa teoria devido ao alto número de membros votantes dessa categoria. Se fosse uma categoria menor como Efeitos Sonoros, haveria maior chance disso ocorrer como em 2013.

À parte da premiação em si, o embate entre as duas produções já é no mínimo interessante do ponto de vista artístico, afinal, um representa a linha mais autoral e visceral do cinema, enquanto o outro se tornou símbolo do cinema mais técnico e comercial devido ao sucesso nas bilheterias. Em 2010, no último confronto desse naipe, o autoral bateu o comercial: Guerra ao Terror derrotou o gigante Avatar.

Nos prêmios de atuação, houve surpresa justamente nas categorias em que os favoritos não concorreram: Ator e Ator Codjuvante. Matthew McConaughey e Jared Leto não foram sequer indicados provavelmente porque Clube de Compras Dallas não estreou a tempo em solo britânico, o que os qualificaria apenas para 2015! Na ausência deles, os beneficiados foram Chiwetel Ejiofor e Barkhad Abdi, cujas vitórias espantam o clima de “já-ganhou” e dá uma agitada na casa de apostas.

A campanha de Ejiofor começou bem com alguns prêmios da crítica em dezembro e janeiro, mas foi perdendo espaço para McConaughey desde o Globo de Ouro. Ele pode não apresentar uma transformação espantosa como a de McConaughey, mas é a performance mais consistente. Seu personagem Solomon Northup passa longe de ser um herói, mas sua vontade de sobreviver para voltar para sua família é digna de nota. Assim como Solomon, Chiwetel Ejiofor não busca atenção para si, mas para a história. É a alma do filme.

MELHOR ATOR: CHIWETEL EJIOFOR (12 ANOS DE ESCRAVIDÃO). O ator foi bastante aplaudido no Royal Opera House em Londres (photo by Reuters)

MELHOR ATOR: CHIWETEL EJIOFOR (12 ANOS DE ESCRAVIDÃO). O ator foi bastante aplaudido no Royal Opera House em Londres (photo by Reuters)

Já no caso de Barkhad Abdi, sem querer desmerecer sua vitória, acredito que o BAFTA foi um caso isolado. Se existe uma performance garantida no Oscar, esta é a de Jared Leto. Além de emagrecer horrores pro papel, ele ainda é transexual e aidético, uma mistura que chama a atenção. Como o somaliano Abdi é um estreante, só a indicação ao Oscar já pode lhe proporcionar novos projetos. Caberá a ele decidir qual rumo seguir no cinema.

Também havia forte possibilidade de Leonardo DiCaprio ganhar, mas O Lobo de Wall Street saiu de mãos vazias. Não sei se sou apenas eu, mas em tudo quanto é site e fórum, estou vendo torcida para o Leo. E todas do tipo: “Se Leo não ganhar desta vez, nunca mais ganha!”. Tá parecendo que ele tem 80 anos e nunca mais vai ser indicado! Espero que em caso de derrota no Oscar, ele saia fortalecido e que abrace mais projetos diferenciados que amadureçam ainda mais seu estilo de atuação.

Ao subir no palco para receber sua estatueta, Cate Blanchett não apenas evitou polêmicas (lembrando aqui o recente caso de denúncia de abuso sexual de Woody Allen com a filha de Mia Farrow, Dylan), mas soube conquistar a compaixão de toda a platéia ao dedicar o prêmio ao recém-falecido Philip Seymour Hoffman. A atriz australiana é esperta. Ela sabe que a única coisa que pode prejudicar sua campanha no Oscar é essa briga judicial envolvendo seu diretor, então nada melhor do que evitar menções diretas.

MELHOR ATRIZ: CATE BLANCHETT (BLUE JASMINE). Blanchett praticou a boa e velha política no discurso (photo by Suzanne Plunkett/ Reuters)

MELHOR ATRIZ: CATE BLANCHETT (BLUE JASMINE). Blanchett praticou a boa e velha política no discurso (photo by Suzanne Plunkett/ Reuters)

Já na categoria de atriz coadjuvante, a vitória de Jennifer Lawrence não chega a ser uma surpresa. Embora Lupita Nyong’o seja a franco-favorita desde o SAG, Lawrence perdeu ano passado na categoria de atriz para a veterana Emmanuelle Riva (Amor), fato que pode ter colaborado muito com este BAFTA. Ocupada com filmagem, Jennifer não estava presente na cerimônia, e o diretor David O. Russell aceitou o prêmio em seu nome. Atrás apenas de Melhor Filme, esta é a categoria que mais levanta dúvidas sobre o vencedor no Oscar. Alguns dizem que estão interligadas: Se 12 Anos de Escravidão ganhar, Lupita perde. Se Gravidade ou Trapaça ganhar, Jenny perde. Enfim, é uma teoria da conspiração sem fim!

Vencedor do Globo de Ouro de Filme em Língua Estrangeira, o italiano A Grande Beleza repetiu o feito no BAFTA. O belo filme de Paolo Sorrentino caminha para o primeiro Oscar para a Itália desde A Vida é Bela em 1999. Também se garantindo para o Oscar, Frozen: Uma Aventura Congelante e O Ato de Matar  venceram o BAFTA de Melhor Animação e Documentário, respectivamente.

Os únicos vencedores do BAFTA que não asseguram nada são das categorias Montagem e Maquiagem, uma vez que eles sequer competem pelo prêmio da Academia. Os editores de Rush: No Limite da Emoção bateram o franco-favorito Christopher Rouse (Capitão Phillips), enquanto os maquiadores que abusaram das perucas em Trapaça derrotaram a trabalhosa maquiagem fantasiosa de O Hobbit: A Desolação de Smaug.

VENCEDORES DO BAFTA 2014:

FILME: 12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave)

DIRETOR: Alfonso Cuarón (Gravidade)

ATOR: Chiwetel Ejiofor (12 Anos de Escravidão)

ATRIZ: Cate Blanchett (Blue Jasmine)

ATOR COADJUVANTE: Barkhad Abdi (Capitão Phillips)

ATRIZ COADJUVANTE: Jennifer Lawrence (Trapaça)

ROTEIRO ORIGINAL: Eric Warren Singer, David O. Russell (Trapaça)

ROTEIRO ADAPTADO: Steve Coogan, Jeff Pope (Philomena)

FOTOGRAFIA: Emmanuel Lubezki (Gravidade)

DIREÇÃO DE ARTE: Catherine Martin (O Grande Gatsby)

FIGURINO: Catherine Martin (O Grande Gatsby)

MAQUIAGEM: Trapaça

MONTAGEM: Daniel P. Hanley, Mike Hill (Rush: No Limite da Emoção)

SOM: Gravidade

EFEITOS VISUAIS: Gravidade

FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA: A Grande Beleza (La Grande Bellezza), de Paolo Sorrentino – Itália

ANIMAÇÃO: Frozen: Uma Aventura Congelante (Frozen)

DOCUMENTÁRIO: O Ato de Matar (The Act of Killing)

CURTA DE ANIMAÇÃO: Sleeping with the Fishes

CURTA-METRAGEM: Room 8

FILME DE ESTRÉIA DE DIRETOR, ROTEIRISTA OU PRODUTOR BRITÂNICO: Kelly + Victor, de Kieran Evans

RISING STAR: Will Poulter

CONTRIBUIÇÃO BRITÂNICA PARA O CINEMA EM 2014: Peter Greenaway

FELLOWSHIP: Helen Mirren

RISING STAR: WILL POULTER (photo by holymoly.com)

RISING STAR: WILL POULTER (photo by holymoly.com)

‘Gravidade’ e ‘Ela’ confirmam favoritismo no ASC e WGA

Cena belíssima de filmada com perfeição por Emmanuel Lubezki em Gravidade

Cena belíssima de filmada com perfeição por Emmanuel Lubezki em Gravidade (photo by johslikesmovies.tumblr.com)

Brasão da ASC: American Society of Cinematographers (photo by btlnews.com)

Brasão da ASC: American Society of Cinematographers (photo by btlnews.com)

O fato é que o diretor de fotografia mexicano Emmanuel Lubezki já vem merecendo o Oscar faz tempo. Suas parcerias com Alfonso Cuarón, Tim Burton e Terrence Malick estão rendendo obras-primas em matéria de iluminação e enquadramentos. Seu trabalho em si já vale o ingresso. Olhem suas indicações no Oscar:

1996: A Princesinha
2000: A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça
2006: O Novo Mundo
2007: Filhos da Esperança
2012: A Árvore da Vida

Com este novo trabalho em Gravidade, Lubezki consegue avanços tecnológicos que impressionam até James Cameron. Juntamente com o diretor, ele buscou meios técnicos para retratar a sensação do espaço de forma verossímil, tanto que foi considerado um 2001: Uma Odisséia no Espaço moderno, com os atores flutuando em frente à câmera, conciliando perfeitamente os efeitos digitais inseridos posteriormente.

Na opinião deste cinéfilo, ele já deveria ter sido reconhecido pelo Oscar em suas últimas duas indicações, mas foi batido por Robert Richardson (por A Invenção de Hugo Cabret em 2012) e Guillermo Navarro (por O Labirinto do Fauno em 2007). Com a alta dos filmes em 3D (Avatar e As Aventuras de Pi ganharam o Oscar da categoria) e os números elevados nas bilheterias, Lubezki só não ganha seu primeiro Oscar se acontecer uma tragédia grega.

WGA: Writers Guild Awards 2013 (logo in theartsyfilmblog.com)

WGA: Writers Guild Awards 2013 (logo in theartsyfilmblog.com)

Já no WGA (Writers Guild), Spike Jonze coleciona mais um prêmio pelo roteiro original de Ela. Ganhou o Globo de Ouro e o Critics’ Choice Award. Sua vitória significa a melhor prévia de todas, afinal, bateu os mesmos concorrentes que terá no Oscar: Eric Warren Singer e David O. Russell (Trapaça), Woody Allen (Blue Jasmine), Craig Borten e Melisa Wallack (Clube de Compras Dallas) e Bob Nelson (Nebraska). Além disso, sua ausência na categoria de direção deve indicar uma compensação como roteirista.

Bastante humilde em seu discurso de agradecimento, Jonze disse: “É uma alta honra vinda de escritores. É como um prêmio pela dor. Uma dor específica que escritores conhecem. Os altos e baixos de se sentar ali sozinho. Agradeço a vocês por isso”. Spike Jonze já foi indicado como Melhor Diretor pelo fantástico Quero Ser John Malkovich em 2000, e este ano, além de roteiro, está indicado como compositor de canção e produtor.

Por outro lado, na categoria de Roteiro Adaptado, houve uma surpresa. Aproveitando-se da ausência do favorito John Ridley (12 Anos de Escravidão), Billy Ray faturou o prêmio por Capitão Phillips. Em seu discurso de agradecimento, ele diz que está “em dívida com o próprio Capitão Richard Phillips, que sobreviveu a algo que ele provavelmente teria o matado”. Com filmes como Volcano – A Fúria, Plano de Vôo e Jogos Vorazes em sua filmografia, Ray tem se especializado em retratar dramas em filmes de ação e o prêmio WGA deve lhe dar mais visibilidade no mercado.

À esquerda, Spike Jonze com seu WGA award. E Billy Ray por Capitão Phillips (photo by blogs.diariodonordeste.com.br)

À esquerda, Spike Jonze com seu WGA award por Ela. E Billy Ray por Capitão Phillips (photo by blogs.diariodonordeste.com.br)

Na categoria Documentário, a vencedora foi Sarah Polley por Histórias que Contamos, que vinha coletando inúmeros prêmios da crítica, mas sequer foi indicada ao Oscar. Polley já foi indicada anteriormente pelo roteiro adaptado de Longe Dela (2006).

“12 Anos de Escravidão” vence como Melhor Filme na prévia do Oscar

12 Anos de Escravidão repete vitória no Globo de Ouro (photo by www.cine.gr)

12 Anos de Escravidão repete vitória no Globo de Ouro (photo by http://www.cine.gr)

GRAVIDADE SUPERA RIVAIS AO CONQUISTAR MAIS PRÊMIOS TÉCNICOS

Adivinhem o que aconteceu no Critics’ Choice Award? Gravidade conquistou 7 prêmios, mas foi 12 Anos de Escravidão que acabou abocanhando o prêmio de Melhor Filme. Seria um repeteco do que está por vir no Oscar 2014? Algumas mudanças em relação ao Globo de Ouro também podem mudar o rumo até o dia 02 de março, quando a Academia divulgará seus vencedores.

Talvez a principal seja a vitória de Lupita Nyong’o como coadjuvante, batendo a estrela Jennifer Lawrence. Como já levantado aqui por alguns leitores, o Globo de Ouro adora uma celebridade e dificilmente deixaria de premiar uma tão adorada quanto Lawrence. Nas demais categorias de atuação, sem grandes novidades. Cate Blanchett e Matthew McConaughey confirmaram seus Globos de Ouro de ator e atriz – drama, enquanto Jared Leto imbatível como coadjuvante.

Lupita Nyong'o vira a mesa sobre Jennifer Lawrence e ganha o Critics' (photo by Christopher Polk/Getty Images)

Lupita Nyong’o vira a mesa sobre Jennifer Lawrence e ganha o Critics’ (photo by Christopher Polk/Getty Images)

Como esperado, o campeão de bilheteria entre os candidatos, Gravidade, dominou as categorias técnicas. Melhor Fotografia, Montagem, Efeitos Visuais e até a excepcional Trilha Musical de Steven Price. Já Spike Jonze, premiado com Roteiro Original, deve acabar ficando com o Oscar da categoria como forma de consolo de sua exclusão na categoria de diretores. Seu filme Ela foi um dos mais aclamados pela crítica em 2013 pela visão futurista e as relações humanas diante da tecnologia.

Vale destacar aqui a dupla premiação de Catherine Martin, a talentosíssima diretora de arte e figurinista de O Grande Gatsby, e mulher do diretor Baz Luhrmann. Ela já ganhou 2 Oscars nas mesmas categorias por Moulin Rouge – O Amor é Vermelho (2001). Mesmo competindo por um filme não-badalado pela temporada, Catherine pode repetir o feito no Oscar pela qualidade de seu trabalho. Ela recria a América dos anos 20 descrita com perfeição no clássico literário homônimo pelo autor F. Scott Fitzgerald.

Trabalho excepcional de Catherine Martin em O Grande Gatsby (photo by www.cine.gr)

Trabalho excepcional de Catherine Martin em O Grande Gatsby (photo by http://www.cine.gr)

O Critics’ Choice tem algumas válvulas de escape pra agradar alguns candidatos que perderam nas principais categorias. Assim, Sandra Bullock vence como Melhor Atriz – Filme de Ação, assim como Gravidade vence Melhor Filme – Sci-Fi/Terror. E a dupla vencedora do Globo de Ouro, Leonardo DiCaprio e Amy Adams vencem como Ator e Atriz – Comédia/Musical. E até o filme O Grande Herói (Lone Survivor), que está atualmente em 1º lugar nas bilheterias americanas, venceu o prêmio de Melhor Filme de Ação. Aí fica mais fácil, né? Deixe as decisões difíceis para a Academia!

Bom, não posso reclamar dessas sub-divisões, porque se não fossem por elas, a bela Adèle Exarchopoulos não ganharia nenhum prêmio. Ela venceu como Melhor Ator/Atriz Jovem, batendo um dos favoritos Tye Sheridan (Amor Bandido). Seu filme, Azul é a Cor Mais Quente, também ganhou como Melhor Filme em Língua Estrangeira, fato que não se repetirá no Oscar, uma vez que sequer foi indicado. Quem sabe em 2015?

Adèle Exarchopoulos linda, mas com vestido que não favorece bem seu "corpitcho" (photo by www.dailymail.co.uk)

Adèle Exarchopoulos linda, mas com vestido que não favorece bem seu “corpitcho” (photo by Reuters in http://www.dailymail.co.uk)

Só acho que o Critics’ Choice escolheu uma data péssima para premiar, pois foi justamente na noite do dia em que a Academia divulgou seus indicados de manhã! De um jeito ou de outro, acaba ficando em segundo plano na manchete do dia! Assim como Farrah Fawcett morrendo no mesmo dia em que Michael Jackson morreu! (sim, de vez em quando eu tenho humor bem negro).

E lembrando que o Critics’ Choice, formado por cerca de 280 críticos de TV, rádio e internet dos EUA e Canadá, tem tido alto índice de acerto no Oscar dos últimos anos, deixando o Globo de Ouro como um petisco de entrada.

VENCEDORES DO CRITICS’ CHOICE AWARDS 2014

MELHOR FILME: 12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave)

MELHOR ATOR: Matthew McConaughey (Clube de Compras Dallas)

MELHOR ATRIZ: Cate Blanchett (Blue Jasmine)

MELHOR ATOR COADJUVANTE: Jared Leto (Clube de Compras Dallas)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Lupita Nyong’o (12 Anos de Escravidão)

MELHOR ATOR/ATRIZ JOVEM: Adèle Exarchopoulos (Azul é a Cor Mais Quente)

MELHOR ELENCO: Trapaça (American Hustle)

MELHOR DIRETOR: Alfonso Cuarón (Gravidade)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: Spike Jonze (Ela)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: John Ridley (12 Anos de Escravidão)

MELHOR FOTOGRAFIA: Emmanuel Lubezki (Gravidade)

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE: Catherine Martin e Beverley Dunn (O Grande Gatsby)

MELHOR MONTAGEM: Alfonso Cuarón e Mark Sanger (Gravidade)

MELHOR FIGURINO: Catherine Martin (O Grande Gatsby)

MELHOR MAQUIAGEM: Trapaça

MELHORES EFEITOS VISUAIS: Gravidade

MELHOR ANIMAÇÃO: Frozen: Uma Aventura Congelante (Frozen)

MELHOR FILME DE AÇÃO: O Grande Herói (Lone Survivor)

MELHOR ATOE EM FILME DE AÇÃO: Mark Wahlberg (O Grande Herói)

MELHOR ATRIZ EM FILME DE AÇÃO: Sandra Bullock (Gravidade)

MELHOR COMÉDIA: Trapaça (American Hustle)

MELHOR ATOR EM COMÉDIA: Leonardo DiCaprio (O Lobo de Wall Street)

MELHOR ATRIZ EM COMÉDIA: Amy Adams (Trapaça)

MELHOR FILME DE FICÇÃO CIENTÍFICA/ TERROR: Gravidade (Gravity)

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA: Azul é a Cor Mais Quente (Blue Is the Warmest Color)

MELHOR DOCUENTÁRIO: A Um Passo do Estrelato (20 Feet From Stardom)

MELHOR CANÇÃO: “Let It Go”, de Robert Lopez e Kristen Anderson-Lopez (Frozen: Uma Aventura Congelante)

MELHOR TRILHA MUSICAL: Steven Price (Gravidade)

Frozen: Uma Aventura Congelante conquistou 2 prêmios e parte rumo ao Oscar (photo by www.outnow.ch)

Frozen: Uma Aventura Congelante conquistou 2 prêmios e parte rumo ao Oscar (photo by http://www.outnow.ch)

‘Gravidade’ e ‘Trapaça’ lideram as indicações ao Oscar 2014

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COM TODAS AS CATEGORIAS BEM PREENCHIDAS, HOUVE POUCO ESPAÇO PARA SURPRESAS, SEJAM AGRADÁVEIS OU INDESEJÁVEIS

OK. Depois de vários anos convidando atrizes para anunciar as indicações ao Oscar, as indicadas finalmente tiveram o prazer de terem seus nomes pronunciados pelo sotaque australiano de Chris Hemsworth. E pelo visto, o tom mais cômico e informal do ano passado criado pela dupla Seth MacFarlane e Emma Stone não deve ter agradado a todos. A presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs, retoma a presença da comissão oficial ao palanque. E a ordem alfabética dos indicados foi reestabelecida.

NÚMEROS DO OSCAR 2014

Os grandes recordistas de indicações este ano são Gravidade e Trapaça com 10 indicações. Logo atrás, 12 Anos de Escravidão vem com 9 indicações. Os três estão competindo nas principais categorias, entre elas: Melhor Filme e Diretor.

Nos últimos anos, o recorde de indicações no ano não tem significado garantia de Oscar de Melhor Filme. No ano passado, por exemplo, Lincoln teve 12 indicações e acabou chupando os dedos com apenas dois Oscars, enquanto Argo se tornou Melhor Filme com 7 indicações.

Com 6 indicações, temos Nebraska e Capitão Phillips. Com 5: O Lobo de Wall Street, Ela e Clube de Compras Dallas, seguidos por Philomena com 4.

SURPRESAS OU PEQUENAS ALTERAÇÕES NOS INDICADOS?

Apesar deste ano haver pouca chance para surpresas pelo elevada quantidade de competidores de alto nível, algumas trocas chegaram a surpreender. Contrariando o mais parelho de todos os prêmios, o DGA, Alexander Payne (Nebraska) substituiu Paul Greengrass (Capitão Phillips), denotando um prestígio colossal de Payne em Hollywood. Esta é sua 3ª indicação como diretor (foi indicado por Sideways e Os Descendentes), e já ganhou 2 vezes como roteirista (Sideways e Os Descendentes). Nebraska totaliza seis indicações e pode render o Oscar para o veterano Bruce Dern.

À direita, Alexander Payne dirige o veterano Bruce Dern em set de Nebraska. Ele conseguiu sua 3ª indicação como diretor (photo by www.collider.com)

À direita, Alexander Payne dirige o veterano Bruce Dern em set de Nebraska. Ele conseguiu sua 3ª indicação como diretor (photo by http://www.collider.com)

Aliás, em sua categoria de Mehor Ator, Tom Hanks (Capitão Phillips) foi cortado de última hora. Embora não tenha vencido nenhum prêmio expressivo por essa atuação, ele vinha figurando em quase todas as listas dos melhores de 2013. Hanks também fica de fora da categoria de coadjuvante pelo filme Walt nos Bastidores de Mary Poppins. Recém-vitorioso no Globo de Ouro, Leonardo DiCaprio conseguiu sua 4ª indicação após ser ignorado pela Academia no ano passado por Django Livre.

Havia um certo hype para indicarem o galã veterano Robert Redford por Até o Fim, mas não se concretizou. Apesar de ser conhecido como ator, ele ganhou seu único Oscar como diretor em 1981 pelo drama Gente Como a Gente. Até o Fim (All is Lost) venceu o Globo de Ouro de Melhor Triha Musical, mas teve que se contentar com a única indicação para Melhores Efeitos Sonoros.

Já na ala feminina, a vencedora do Globo de Ouro, Amy Adams (Trapaça) finalmente obteve sua primeira indicação como Melhor Atriz. Suas quatro indicações anteriores foram sempre como Atriz Coadjuvante. Num ano em que teve três trabalhos em destaque (além de Trapaça, houve Ela e O Homem de Aço), sua indicação comprova essa extrema ascensão em Hollywood. Ela não é bem do tipo que se transforma fisicamente e sequer usa maquiagem para ficar mais feia (sim, ela sempre tem esse rostinho lindo de patricinha), mas ela sabe encarnar bem personagens bem distintos. Já foi garçonete, princesa, cozinheira e freira. Podia talvez ter modificado um pouco sua aparência para O Mestre, mas ela consegue entregar uma performance diferente num papel ameaçador que merecia mais tempo no filme de Paul Thomas Anderson.

Amy Adams em personagem no filme Trapaça. 1ª indicação como atriz principal (photo by www.collider.com)

Amy Adams em personagem no filme Trapaça. 1ª indicação como atriz principal (photo by http://www.collider.com)

E temos mais um novo recorde para Meryl Streep. 18ª indicação ao Oscar! Apesar de ter vencido há 2 anos por A Dama de Ferro, Meryl é sempre uma forte candidata mesmo quando sua personagem em Álbum de Família é grossa e amarga. Ela perdeu o Globo de Ouro para Amy Adams, mas consegue a vaga que poderia ter sido da britânica Emma Thompson (por Walt nos Bastidores de Mary Poppins). Aliás, o filme sobre a autora e criadora de Mary Poppins só não ficou totalmente de fora do Oscar 2014, porque a trilha musical de Thomas Newman salvou o filme do esquecimento.

Continuando nos atores, vale destacar a segunda indicação para o jovem Jonah Hill por O Lobo de Wall Street. Ele havia sido indicado anteriormente por O Homem que Mudou o Jogo na mesma categoria. Seu reconhecimento comprova o prestígio que Scorsese tem na direção de atores, pois se dependesse do currículo de comédias, dificilmente Hill teria chances no Oscar. Particularmente, adoro Jonah Hill em Superbad – É Hoje (2007), e me surpreendi com o amadurecimento do ator em tão pouco tempo. Sem 2012 ele tirou Albert Brooks da categoria, este ano ele tirou a boa atuação de Daniel Brühl (Rush: No Limite da Emoção), que vinha aparecendo em todas as listas de coadjuvante.

Jonah Hill conquista sua segunda indicação com apenas 30 anos (photo by movies.yahoo.com)

Jonah Hill conquista sua segunda indicação com apenas 30 anos (photo by movies.yahoo.com)

Entre as mulheres, havia uma forte pressão para que a Academia indicasse a estrela maior da TV americana, Oprah Winfrey por O Mordomo da Casa Branca, pois ela traria peso ao tapete vermelho do Oscar. Felizmente, os membros votantes não se intimidaram com a figura de Oprah e indicaram a britânica Sally Hawkins, por uma performance e personagens mais consistentes em Blue Jasmine.

Minha maior alegria foi ver duas produções estrangeiras concorrendo no Oscar de Melhor Animação: o japonês Vidas ao Vento, de Hayao Miyazaki, e o francês Ernest & Celestine, de Benjamin Renner e Didier Brunner, comprovando a força da escola francesa de animação. Apesar de admirar os filmes da Pixar, acho que ultimamente eles não têm acertado na escolha dos projetos. Fazer sequências nem sempre é o melhor negócio. Universidade Monstros não concorre ao Oscar. Não sei se a vitória será de um dos estrangeiros, mas se tiver de ser americana, torço por Os Croods.

Ernest & Celestine (França) e Vidas ao Vento (Japão) fazem uma mini briga de filme estrangeiro na categoria de Animação pela primeira vez (www.cartoonbrew.com)

Ernest & Celestine (França) e Vidas ao Vento (Japão) fazem uma mini briga de filme estrangeiro na categoria de Animação pela primeira vez (www.cartoonbrew.com)

O musical dos irmãos Coen, Inside Llewyn Davis, teve de se contentar com as indicações para Melhor Fotografia para Bruno Delbonnel e Melhor Som. Esperava-se que haveria pelo menos uma indicação para Melhor Canção Original, mas também ficou de fora. O filme teve boa aceitação da crítica, mas o público não abraçou o novo filme dos Coen. Em 2011, Bravura Indômita concorreu em 10 categorias, mas não ganhou nada.

Já a inclusão da comédia Jackass Apresenta: Vovô Sem Vergonha na categoria Maquiagem foi uma surpresa. Tudo bem que já haviam indicado Norbit na mesma categoria alguns anos atrás, mas o tipo de humor pornográfico e escatológico dificilmente adentra as categorias do Oscar. Com certeza, a hostess Ellen DeGeneres fará alguma piada em cima disso…

À direita, Johnny Knoxville transformado no vovô politicamente incorreto de Jackass Apresenta: Vovô Sem Vergonha (photo by www.geeksofdoom.com)

À direita, Johnny Knoxville transformado no vovô politicamente incorreto de Jackass Apresenta: Vovô Sem Vergonha (photo by http://www.geeksofdoom.com)

Se o Oscar pode indicar um filme desses, por que não perdoar e acolher o fracasso comercial O Cavaleiro Solitário? Repleto de altas expectativas, o filme estreou no verão americano, mas não obteve boa resposta nas bilhererias. A Academia deu uma nova chance ao filme de Gore Verbinski arrecadar dinheiro, reconhecendo-o nas categorias de Maquiagem e Efeitos Visuais. Aliás, ele roubou a vaga dos efeitos digitais dos ótimos monstros de Círculo de Fogo.

Gostei também da indicação para William Butler e Owen Pallett para Trilha Musical Original por Ela. Trata-se de um importante reconhecimento para a música e a canção “The Moon Song” do mesmo filme. Essa aliança, que se repete depois de Onde Vivem os Monstros, reforça o prestígio que o diretor Spike Jonze tem com os artistas musicais Karen O e a banda Arcade Fire.

Na categoria de Filme Estrangeiro, na ausência do francês Azul é a Cor Mais Quente (desqualificado pelas regras da Academia), a briga deve ficar acirrada entre o dinamarquês A Caça e o italiano A Grande Beleza, que venceu o Globo de Ouro no último domingo. Contudo, o representante belga The Broken Circle Breakdown pode surpreender em caso de empate de votos. A indicação de The Missing Picture entra para a História como a primeira do Camboja. O filme ganhou o prêmio Un Certain Regard em Cannes em 2013.

Toni Servillo em cena de A Grande Beleza (photo by www.outnow.ch)

Toni Servillo em cena de A Grande Beleza (photo by http://www.outnow.ch)

A grande surpresa aqui é a exclusão de O Grande Mestre, de Wong Kar-Wai (Hong Kong), mesmo tendo conquistado indicações nas categorias técnicas de Fotografia e Figurino. É uma pena que Kar-Wai não tenha sido indicado, pois seria uma oportunidade rara de reconhecer um dos cineastas mais ousados das últimas duas décadas. Em sua filmografia, constam títulos como Amores Expressos, Feliz Juntos, Amor à Flor da Pele e 2046 – Os Segredos do Amor.

Tudo bem que a fotografia e o figurino são os campos em destaque de O Grande Mestre, mas e a indicação para Filme Estrangeiro? (photo by themovieblog.com)

Tudo bem que a fotografia e o figurino são os campos em destaque de O Grande Mestre, mas e a indicação para Filme Estrangeiro? (photo by themovieblog.com)

Na categoria de Documentário, a ausência de Histórias que Contamos (Stories We Tell), de Sarah Polley, foi a mais surpreendente, afinal venceu três grandes prêmios da crítica americana: National Board of Review, Los Angeles Film Critics Association e New York Film Critics Circle. Se alguém souber de um motivo oficial, por favor comente abaixo! O prêmio deve ficar entre O Ato de Matar e A Um Passo do Estrelato.

Pra quem perdeu ao vivo, confira o vídeo do anúncio dos indicados:

MELHOR FILME
Trapaça (American Hustle)
Capitão Phillips (Captain Phillips)
Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club)
Gravidade (Gravity)
Ela (Her)
Nebraska
Philomena
12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave)
O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street)

MELHOR DIRETOR
Alfonso Cuarón (Gravidade)
Steve McQueen (12 Anos de Escravidão)
Alexander Payne (Nebraska)
David O. Russell (Trapaça)
Martin Scorsese (O Lobo de Wall Street)

MELHOR ATOR
Christian Bale (Trapaça)
Bruce Dern (Nebraska)
Leonardo DiCaprio (O Lobo de Wall Street)
Chiwetel Ejiofor (12 Anos de Escravidão)
Matthew McConaughey (Clube de Compras Dallas)

MELHOR ATRIZ
Amy Adams (Trapaça)
Cate Blanchett (Blue Jasmine)
Sandra Bullock (Gravidade)
Judi Dench (Philomena)
Meryl Streep (Álbum de Família)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Barkhad Abdi (Capitão Phillips)
Bradley Cooper (Trapaça)
Michael Fassbender (12 Anos de Escravidão)
Jonah Hill (O Lobo de Wall Street)
Jared Leto (Clube de Compras Dallas)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Sally Hawkins (Bue Jasmine)
Jennifer Lawrence (Trapaça)
Lupita Nyong’o (12 Anos de Escravidão)
Julia Roberts (Álbum de Família)
June Squibb (Nebraska)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Eric Warren Singer, David O. Russell (Trapaça)
Woody Allen (Blue Jasmine)
Craig Borten, Melisa Wallack (Clube de Compras Dallas)
Spike Jonze (Ela)
Bob Nelson (Nebraska)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Richard Linklater, Julie Delpy, Ethan Hawke (Antes da Meia-Noite)
Billy Ray (Capitão Phillips)
Steve Coogan, Jeff Pope (Philomena)
John Ridley (12 Anos de Escravidão)
Terence Winter (O Lobo de Wall Street)

MELHOR FOTOGRAFIA
Philippe Le Sourd (O Grande Mestre)
Emmanuel Lubezki (Gravidade)
Bruno Delbonnel (Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum)
Phedon Papamichael (Nebraska)
Roger Deakins (Os Suspeitos)

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Judy Becker, Heather Loeffler (Trapaça)
Andy Nicholson, Rosie Goodwin (Gravidade)
Catherine Martin, Beverley Dunn (O Grande Gatsby)
K.K. Barrett, Gene Serdena (Ela)
Adam Stockhausen, Alice Baker (12 Anos de Escravidão)

MELHOR MONTAGEM
Alan Baumgarten, Jay Cassidy, Crispin Struthers (Trapaça)
Christopher Rouse (Capitão Phillips)
John Mac McMurphy, Martin Pensa (Clube de Compras Dallas)
Alfonso Cuarón, Mark Sanger (Gravidade)
Joe Walker (12 Anos de Escravidão)

MELHOR FIGURINO
Michael Wilkinson (Trapaça)
William Chang Suk Ping (O Grande Mestre)
Catherine Martin (O Grande Gatsby)
Michael O’Connor (The Invisible Woman)
Patricia Norris (12 Anos de Escravidão)

MELHOR MAQUIAGEM
Adruitha Lee, Robin Mathews (Clube de Compras Dallas)
Steve Prouty (Jackass Apresenta: Vovô Sem Vergonha)
Joel Harlow, Gloria Pasqua Casny (O Cavaleiro Solitário)

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
John Williams (A Menina que Roubava Livros)
Steven Price (Gravidade)
William Butler e Owen Pallett (Ela)
Thomas Newman (Walt nos Bastidores de Mary Poppins)
Alexandre Desplat (Philomena)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“Happy” – Pharrell Williams (Meu Malvado Favorito 2)
“Let It Go” – Robert Lopez, Kristen Anderson-Lopez (Frozen: Uma Aventura Congelante)
“Ordinary Love” – Bono, Adam Clayton, The Edge, Larry Mullen Jr. (Mandela: Long Walk to Freedom)
“The Moon Song” – Karen O, Spike Jonze (Ela)
“Alone Yet Not Alone” – Bruce Broughton, Dennis Spiegel (Alone Yet Not Alone)

MELHOR SOM
– Chris Burdon, Mark Taylor, Mike Prestwood Smith, Chris Munro (Capitão Phillips)
– Skip Lievsay, Niv Adiri, Christopher Benstead, Chris Munro (Gravidade)
– Christopher Boyes, Michael Hedges, Michael Semanick, Tony Johnson (O Hobbit: A Desolação de Smaug)
– Skip Lievsay, Greg Orloff, Peter F. Kurland (Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum)
– Andy Koyama, Beau Borders, David Bronlow (O Grande Herói)

MELHORES EFEITOS SONOROS
– Steve Boeddeker, Richard Hymns (Até o Fim)
– Oliver Tarney (Capitão Phillips)
– Glenn Freemantle (Gravidade)
– Brent Burge (O Hobbit: A Desolação de Smaug)
– Wylie Stateman (O Grande Herói)

MELHORES EFEITOS VISUAIS
– Timothy Webber, Chris Lawrence, David Shirk, Neil Corbould (Gravidade)
– Joe Letteri, Eric Saindon, David Clayton, Eric Reynolds (O Hobbit: A Desolação de Smaug)
– Christopher Townsend, Guy Williams, Erik Nash, Daniel Sudick (Homem de Ferro 3)
– Tim Alexander, Gary Brozenich, Edson Williams, John Frazier (O Cavaleiro Solitário)
– Roger Guyett, Pat Tubach, Ben Grossmann, Burt Dalton (Além da Escuridão – Star Trek)

MELHOR ANIMAÇÃO
– Os Croods (The Croods)
– Meu Malvado Favorito (Despicable Me 2)
– Ernest & Celestine (idem)
– Frozen: Uma Aventura Congelante (Frozen)
– Vidas ao Vento (The Wind Rises)

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
– The Broken Circle Breakdown (Bélgica)
– A Grande Beleza (Itália)
– A Caça (Dinamarca)
– The Missing Picture (Camboja)
– Omar (Palestina)

MELHOR DOCUMENTÁRIO
– O Ato de Matar (The Act of Killing), de Joshua Oppenheimer, Signe Byrge Sørensen
– Cutie and the Boxer, de Zachary Heinzerling, Lydia Dean Pilcher
– Guerras Sujas (Dirty Wars), de Rick Rowley, Jeremy Scahill
– The Square (Al Midan), de Jehane Noujaim, Karim Amer
– A Um Passo do Estrelato (20 Feet from Stardom), de Morgan Neville

MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA
– CaveDigger, de Jeffrey Karoff
– Facing Fear, de Jason Cohen
– Karama Has No Walls, de Sara Ishaq
– The Lady in Number 6: Music Saved My Life, de Malcolm Clarke, Carl Freed
– Prison Terminal: The Last Days of Private Jack Hall, de Edgar Barens

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
– Feral, de Daniel Sousa, Dan Golden
– É Hora de Viajar, de Lauren MacMullan, Dorothy McKim
– Mr. Hublot, de Laurent Witz, Alexandre Espigares
– Possessions, de Shuhei Morita
– Room on the Broom, de Max Lang, Jan Lachauer

MELHOR CURTA-METRAGEM
– Aquel No Era Yo (That Wasn’t Me), de Esteban Crespo
– Avant Que De Tout Perdre (Just Before Losing Everything), de Xavier Legrand
– Helium, de Anders Walter
– Do I Have to Take Care of Everything?, de Selma Vilhunen
– The Voorman Problem, de Mark Gill

‘Gravidade’ lidera competição acirrada no BAFTA com 11 indicações

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FICÇÃO CIENTÍFICA QUE VINHA PERDENDO ESPAÇO CRESCE NA HORA CERTA

Depois do predomínio de Trapaça e 12 Anos de Escravidão nas últimas premiações, chegou a vez de Gravidade se destacar, liderando com 11 indicações ao BAFTA. E essa ascensão não poderia vir em melhor hora, afinal, estamos às vésperas das indicações ao Oscar, o que pode influenciar os membros da Academia. Além disso, ao contrário do Globo de Ouro e SAG, o BAFTA possui quase todas as mesmas categorias técnicas do Oscar, servindo como melhor parâmetro.

A ficção científica de Alfonso Cuarón conquistou vaga nas categorias de Fotografia, Montagem, Direção de Arte, Som e Efeitos Visuais, fato que deve se repetir no Oscar. Assim como Titanic, Avatar e O Senhor dos Anéis, o filme apresenta inovações em diversos campos de produção fílmica. Os efeitos vistos na tela foram considerados “infilmáveis” há poucos anos. Ajuda bastante o fato do filme contar com a performance de Sandra Bullock, que traz um toque humano à história do acidente espacial.

Sandra Bullock em cena de Gravidade (photo by www.elfilm.com)

Sandra Bullock em cena de Gravidade (photo by http://www.elfilm.com)

Como previsto, logo atrás de Gravidade, 12 Anos de Escravidão e Trapaça obtiveram 10 indicações cada, e Capitão Phillips com 9, o que já deve assegurar suas vagas entre os indicados a Melhor Filme no Oscar. Outra produção que deu importante passo foi Philomena, de Stephen Frears, ao ser indicado para Filme, Roteiro Adaptado, Atriz (Judi Dench) e, obviamente, Melhor Filme Britânico.

Matt Damon com jeitão de paquito em Behind the Candelabra: indicação ao BAFTA (photo by www.outnow.ch)

Matt Damon com jeitão de paquito em Minha Vida com Liberace: indicação ao BAFTA (photo by http://www.outnow.ch)

Talvez a maior surpresa tenha sido as 5 indicações para o filme feito para a TV Minha Vida com Liberace (Behind the Candelabra), de Steven Soderbergh. Indicado à Palma de Ouro, ao Globo de Ouro, e vencedor do último Emmy, a produção da HBO conseguiu um espaço considerável, principalmente se levarmos em consideração a inclusão de Matt Damon como coadjuvante, pois tira um dos nomes mais fortes da categoria: Jared Leto.

Aliás, o Clube de Compras Dallas perdeu alguns pontos por sua total ausência no BAFTA. Apesar de terem sido indicados ao SAG e Globo de Ouro, a campanha dos atores Matthew McConaughey e Jared Leto pode sofrer turbulências para o prêmio da Academia.

Até poucos anos atrás, eu não dava muito valor ao BAFTA. “Um genérico do Oscar que serve de consolo”, pensava eu. Nada disso. Eu estava fazendo um levantamento das coincidências (sim, eu gasto algumas horas nesse negócio) e os números são impressionantes. Em 2013, de 19 categorias, houve 14 acertos iguais ao Oscar. Já em 2012, houve 13; e em 2011, 10 acertos, ou seja, estão dando uma bela polida nessa bola de cristal britânica.

O Lobo de Wall Street: Será que os velhinhos vão gostar? (photo by www.elfilm.com)

O Lobo de Wall Street: Será que os velhinhos vão gostar? (photo by http://www.elfilm.com)

A Academia Britânica também não se importou com as supostas polêmicas do novo filme de Martin Scorsese, O Lobo de Wall Street. Recebeu 4 indicações: Diretor, Ator (Leonardo DiCaprio), Roteiro Adaptado e Montagem. Mesmo assim, ainda acredito que os velhinhos da Academia (americana) vão encrencar com a “putaria” do filme e tirar tanto Scorsese quanto DiCaprio da jogada.

Bom, por mais justo que o BAFTA procure ser, é inevitável que puxem a sardinha pro lado deles e dêem um pouco mais de preferência aos conterrâneos. Assim, Judi Dench, Emma Thompson e Sally Hawkins podem ter se beneficiado nesse ano tão concorrido.

O BAFTA anunciará seus vencedores no dia 16 de fevereiro. Stephen Fry será o host da noite.

Veja o vídeo do anúncio dos indicados (apresentado pelos atores Helen McCrory e Luke Evans) e confira a lista completa em seguida:


FILME

12 ANOS DE ESCRAVIDÃO Anthony Katagas, Brad Pitt, Dede Gardner, Jeremy Kleiner, Steve McQueen
TRAPAÇA Charles Roven, Richard Suckle, Megan Ellison, Jonathan Gordon
CAPITÃO PHILLIPS Scott Rudin, Dana Brunetti, Michael De Luca
GRAVIDADE Alfonso Cuaron, David Heyman
PHILOMENA Gabrielle Tana, Steve Coogan, Tracey Seaward

DIRETOR
12 ANOS DE ESCRAVIDÃO Steve McQueen
TRAPAÇA David O. Russell
CAPITÃO PHILLIPS Paul Greengrass
GRAVIDADE Alfonso Cuarón
O LOBO DE WALL STREET Martin Scorsese

ROTEIRO ORIGINAL
TRAPAÇA Eric Warren Singer, David O. Russell
BLUE JASMINE Woody Allen
GRAVIDADE Alfonso Cuarón, Jonás Cuarón
INSIDE LLEWYN DAVIS Joel Coen, Ethan Coen
NEBRASKA Bob Nelson

ROTEIRO ADAPTADO
12 ANOS DE ESCRAVIDÃO John Ridley
MINHA VIDA COM LIBERACE Richard LaGravenese
CAPITÃO PHILLIPS Billy Ray
PHILOMENA Steve Coogan, Jeff Pope
O LOBO DE WALL STREET Terence Winter

ATOR
BRUCE DERN Nebraska
CHIWETEL EJIOFOR 12 Anos de Escravidão
CHRISTIAN BALE Trapaça
LEONARDO DICAPRIO O Lobo de Wall Street
TOM HANKS Capitão Phillips

ATRIZ
AMY ADAMS Trapaça
CATE BLANCHETT Blue Jasmine
EMMA THOMPSON Walt nos Bastidores de Mary Poppins
JUDI DENCH Philomena
SANDRA BULLOCK Gravidade

ATOR COADJUVANTE
BARKHAD ABDI Capitão Phillips
BRADLEY COOPER Trapaça
DANIEL BRÜHL Rush: No Limite da Emoção
MATT DAMON Minha Vida com Liberace
MICHAEL FASSBENDER 12 Anos de Escravidão

ATRIZ COADJUVANTE
JENNIFER LAWRENCE Trapaça
JULIA ROBERTS Álbum de Família
LUPITA NYONG’O 12 Anos de Escravidão
OPRAH WINFREY O Mordomo da Casa Branca
SALLY HAWKINS Blue Jasmine

TRILHA MUSICAL ORIGINAL
12 ANOS DE ESCRAVIDÃO Hans Zimmer
A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS John Williams
CAPITÃO PHILLIPS Henry Jackman
GRAVIDADE Steven Price
WALT NOS BASTIDORES DE MARY POPPINS Thomas Newman

FOTOGRAFIA
12 ANOS DE ESCRAVIDÃO Sean Bobbitt
CAPITÃO PHILLIPS Barry Ackroyd
GRAVIDADE Emmanuel Lubezki
INSIDE LLEWYN DAVIS Bruno Delbonnel
NEBRASKA Phedon Papamichael

MONTAGEM
12 ANOS DE ESCRAVIDÃO Joe Walker
CAPITÃO PHILLIPS Christopher Rouse
GRAVIDADE Alfonso Cuarón, Mark Sanger
RUSH: NO LIMITE DA EMOÇÃO Dan Hanley, Mike Hill
O LOBO DE WALL STREET Thelma Schoonmaker

DIREÇÃO DE ARTE
12 ANOS DE ESCRAVIDÃO Adam Stockhausen, Alice Baker
TRAPAÇA Judy Becker, Heather Loeffler
MINHA VIDA COM LIBERACE Howard Cummings
GRAVIDADE Andy Nicholson, Rosie Goodwin, Joanne Woodlard
O GRANDE GATSBY Catherine Martin, Beverley Dunn

FIGURINO
TRAPAÇA Michael Wilkinson
MIDA VIDA COM LIBERACE Ellen Mirojnick
O GRANDE GATSBY Catherine Martin
THE INVISIBLE WOMAN Michael O’Connor
WALT NOS BASTIDORES DE MARY POPPINS Daniel Orlandi

MAQUIAGEM E CABELO
TRAPAÇA Evelyne Noraz, Lori McCoy-Bell
MINHA VIDA COM LIBERACE Kate Biscoe, Marie Larkin
O MORDOMO DA CASA BRANCA Debra Denson, Beverly Jo Pryor, Candace Neal
O GRANDE GATSBY Maurizio Silvi, Kerry Warn
O HOBBIT: A DESOLAÇÃO DE SMAUG Peter Swords King, Richard Taylor, Rick Findlater

SOM
ALL IS LOST Richard Hymns, Steve Boeddeker, Brandon Proctor, Micah Bloomberg, Gillian Arthur
CAPITÃO PHILLIPS Chris Burdon, Mark Taylor, Mike Prestwood Smith, Chris Munro, Oliver Tarney
GRAVIDADE Glenn Freemantle, Skip Lievsay, Christopher Benstead, Niv Adiri, Chris Munro
INSIDE LLEWYN DAVIS Peter F. Kurland, Skip Lievsay, Greg Orloff
RUSH: NO LIMITE DA EMOÇÃO Danny Hambrook, Martin Steyer, Stefan Korte, Markus Stemler, Frank Kruse

EFEITOS VISUAIS
GRAVIDADE Tim Webber, Chris Lawrence, David Shirk, Neil Corbould, Nikki Penny
O HOBBIT: A DESOLAÇÃO DE SMAUG Joe Letteri, Eric Saindon, David Clayton, Eric Reynolds
HOMEM DE FERRO 3 Bryan Grill, Christopher Townsend, Guy Williams, Dan Sudick
CÍRCULO DE FOGO Hal Hickel, John Knoll, Lindy De Quattro, Nigel Sumner
ALÉM DA ESCURIDÃO: STAR TREK Ben Grossmann, Burt Dalton, Patrick Tubach, Roger Guyett

FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
O ATO DE MATAR Joshua Oppenheimer, Signe Byrge Sorensen
AZUL É A COR MAIS QUENTE Abdellatif Kechiche, Brahim Chioua, Vincent Maraval
A GRANDE BELEZA Paolo Sorrentino, Nicola Giuliano, Francesca Cima
METRO MANILA Sean Ellis, Mathilde Charpentier
O SONHO DE WADJDA Haifaa Al-Mansour, Gerhard Meixner, Roman Paul

DOCUMENTÁRIO
O ATO DE MATAR Joshua Oppenheimer
THE ARMSTRONG LIE Alex Gibney
BLACKFISH: FÚRIA ANIMAL Gabriela Cowperthwaite
TIM’S VERMEER Teller, Penn Jillette, Farley Ziegler
WE STEAL SECRETS: THE STORY OF WIKILEAKS Alex Gibney

ANIMAÇÃO
MEU MALVADO FAVORITO 2 Chris Renaud, Pierre Coffin
FROZEN: UMA AVENTURA CONGELANTE Chris Buck, Jennifer Lee
UNIVERSIDADE MONSTROS Dan Scanlon

FILME BRITÂNICO
GRAVIDADE Alfonso Cuaron, David Heyman, Jonas Cuaron
MANDELA: LONG WALK TO FREEDOM Justin Chadwick, Anant Singh, David M. Thompson, William Nicholson
PHILOMENA Stephen Frears, Gabrielle Tana, Steve Coogan, Tracey Seaward, Jeff Pope
RUSH: NO LIMITE DA EMOÇÃO Ron Howard, Andrew Eaton, Peter Morgan
WALT NOS BASTIDORES DE MARY POPPINS John Lee Hancock, Alison Owen, Ian Collie, Philip Steuer, Kelly Marcel, Sue Smith
THE SELFISH GIANT: Clio Barnard, Tracy O’Riordan

ESTRÉIA DE UM ESCRITOR, DIRETOR OU PRODUTOR BRITÂNICO
COLIN CARBERRY (Roteirista), GLENN PATTERSON (Roteirista) Good Vibrations
KELLY MARCEL (Roteirista) Walt nos Bastidores de Mary Poppins
KIERAN EVANS (Diretor/Roteirista) Kelly + Victor
PAUL WRIGHT (Diretor/Roteirista), POLLY STOKES (Produtor) For Those in Peril
SCOTT GRAHAM (Diretor/Roteirista) Shell

CURTA DE ANIMAÇÃO BRITÂNICO
EVERYTHING I CAN SEE FROM HERE Bjorn-Erik Aschim, Friederike Nicolaus, Sam Taylor
I AM TOM MOODY Ainslie Henderson
SLEEPING WITH THE FISHES James Walker, Sarah Woolner, Yousif Al-Khalifa

CURTA-METRAGEM BRITÂNICO
ISLAND QUEEN Ben Mallaby, Nat Luurtsema
KEEPING UP WITH THE JONESES Megan Rubens, Michael Pearce, Selina Lim
ORBIT EVER AFTER Chee-Lan Chan, Jamie Stone, Len Rowles
ROOM 8 James W. Griffiths, Sophie Venner
SEA VIEW Anna Duffield, Jane Linfoot

Começando bem 2014: indicados ao DGA, PGA e WGA

Que tal menos filmes em 3D em 2014? (photo by

Que tal menos filmes em 3D em 2014? (photo by http://www.dailyfinance.com)

Ooooiii, pessoal! Feliz Ano Novo pra todos! Chego de volta a São Paulo e vejo uma caixa de entrada de e-mail abarrotada de mensagens de premiações e indicações louquinhas pra serem abertas e discutidas. Ao contrário do que fiz em outros anos, vou juntar tudo em apenas um post, porque estou no espírito de férias ainda! Não, não… brincadeirinha! Com uma safra tão rica de produções, é interessante ver as escolhas de três sindicatos que apontam os grandes favoritos ao Oscar.

DGA images

Dentre eles, o mais acertivo continua sendo o DGA (Directors Guild of America). Em apenas sete (!) vezes, o vencedor não coincidiu com o vencedor do Oscar de direção. Até o ano passado, quando Ben Affleck ficou estranhamente de fora da categoria, o último vencedor do DGA que não repetiu a façanha no Oscar foi Rob Marshall (Chicago) em 2003! Este ano, o páreo estava duríssimo. Não tinha como não deixar de lado alguns nomes consagrados. Assim, Alexander Payne (Nebraska), Spike Jonze (Ela) e Joel e Ethan Coen (Inside Llewyn Davis) foram eliminados por um nariz de diferença. Confira os selecionados:

DIRECTORS GUILD AWARDS

AlfonsoCuaron.ashxAlfonso Cuarón (Gravidade)
O diretor mexicano é um ótimo exemplo de como um profissional estrangeiro consegue atingir maturidade na indústria americana. Cuarón sempre primou por sua marca imagética. Seja um filme poético como A Princesinha, um blockbuster (Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban), um road movie pós-moderno (E Sua Mãe Também) ou criando um novo marco tecnológico (Gravidade), o diretor de fotografia e colaborador assíduo, Emmanuel Lubezki, foi sempre fundamental em sua escrita. Seria uma grata surpresa uma dupla vitória neste Oscar: direção para Cuarón e o merecidíssimo de fotografia para Lubezki.

Paul Greengrass (Capitão Phillips)PaulGreengrass.ashx
Descoberto pelo ótimo drama Domingo Sangrento, que lhe rendeu o Urso de Ouro em 2002, o britânico Greengrass criou um nicho no cinema contemporâneo no qual ele pode trabalhar a linguagem documental numa ficção, gerando uma veracidade que espanta e emociona o público. Ele conseguiu essa proeza em Vôo United 93 na recriação do atentado terrorista do 11 de setembro e nesse episódio de pirataria moderna de Capitão Phillips, criando uma tensão interminável. Também emprestou seu estilo à série de ação e espionagem de Jason Bourne em A Supremacia Bourne e O Ultimato Bourne, que obrigou os produtores de James Bond a repensar a criação de Ian Fleming.

Steve McQueen (12 Anos de Escravidão)SteveMcQueen.ashx
Artista plástico premiado, este diretor britânico, que compartilha o mesmo nome artístico do ator Steve McQueen, está em extrema ascensão em apenas seu terceiro longa. Como bom entendedor do poder da imagem para uma história, ele busca aqueles enquadramentos que possam dizer algo sobre o filme que vemos. Em Shame, por exemplo, ele usa e abusa das linhas urbanas do cenário para contar um pouco mais sobre o personagem viciado em sexo numa cidade que ostenta a civilidade. Sendo um negro e com um filme sobre escravidão na manga, Steve McQueen corre na frente, afinal, eles adorariam a manchete: “O primeiro diretor afro-americano a ganhar um Oscar”. Sinceramente, espero que ele ganhe por méritos profissionais, e não raciais, pois trata-se de uma voz singular no cinema contemporâneo.

David O. Russell (Trapaça)DavidORussell.ashx
“Há um parafuso faltando aqui”, pensava eu ao falar de David O. Russell, na época em que vi Três Reis (1999) e Huckabees: A Vida é uma Comédia (2004). Não que isso seja ruim. Muito pelo contrário! Ele tinha um senso de humor bastante incomum que me atraía, mas eu sentia que ele não conseguiria decolar em Hollywood apenas com aquilo. Felizmente, nosso David O. Russell amadureceu seu cinema e nos entregou ótimos filmes como os recentes O Vencedor (2010) e O Lado Bom da Vida (2012). De longe, concordo, são filmes que você não dá nada. Não tem uma grandiosidade de um gladiador ou um grande navio afundando, mas ele explora tão bem a humanidade das histórias simples que fica impossível não lhe dar crédito. Além disso, tem se tornado um dos melhores diretores de atores dos últimos anos. Já conquistou sete indicações e três Oscars de atuação de seus elencos: Melissa Leo, Christian Bale e Jennifer Lawrence. Tem tudo pra conquistar mais com Trapaça e pode se tornar a grande surpresa da categoria.

scorsesewolf.ashxMartin Scorsese (O Lobo de Wall Street)
O que dizer de Marty? Nem posso dizer que ele é como vinho, que fica melhor a cada ano, pois também dirigiu obras-primas como Taxi Driver (1976) e Touro Indomável (1980) no passado. Mas definitivamente não existe diretor mais apaixonado por Cinema do que Scorsese. Isso já estava provado nas incontáveis entrevistas e no apoio às restaurações de películas antigas e perdidas no tempo. Ele comprovou essa paixão numa tocante homenagem à Sétima Arte e a Georges Méliès em A Invenção de Hugo Cabret. Talvez a polêmica sobre sexo e drogas de O Lobo de Wall Street atrapalhe na conquista de mais uma indicação ao Oscar, mas se ele está nesta lista, não acredito que seja favorecimento nenhum. Martin Scorsese cria filmes atemporais.

Ainda está cedo para previsões de vitória, mas até o momento, Alfonso Cuarón e Steve McQueen dividem a ponta, com David O. Russell cheirando o cangote deles logo atrás. E o vencedor tem 99% de vitória no Oscar, pois não creio em duas exceções consecutivas na história do DGA.

PGA headerJá o sindicato de Produtores teve uma tarefa mais fácil. Ou pelo menos, menos árdua do que o DGA, afinal poderiam selecionar 10 produções. Contudo, com uma grande variedade de candidatos de boa qualidade, dez vagas também não deram conta de tudo.

Vale destacar a importante marca para a produtora Megan Ellison (da Annapurna Pictures). Ela foi a única a conquistar duas indicações com Trapaça e Ela. Megan poderia ter conquistado três, mas Foxcatcher foi adiado para 2014. No ano passado, ela produziu dois filmes de qualidade e que ainda geraram discussão acalorada na mídia e na temporada de premiações: O Mestre e A Hora Mais Escura. Numa Hollywood dominada por produtores covardes e que só pensam em lucro, a presença de Megan Ellison me enche de esperança. Claro que ninguém é de ferro. Ela vai produzir o reboot de uma nova trilogia de O Exterminador do Futuro, que começa em 2015. Mas mesmo assim, acredito que ela não fará apenas pelas bilheterias. Guardem o nome dela, pois mais conquistas importantes estão por vir.

A produtora Megan Ellison (à dir) ao lado da diretora Kathryn Bigelow e da bela atriz Jessica Chastain na festa do Globo de Ouro 2013. (photo by www.vanityfair.com)

A produtora Megan Ellison (à dir) ao lado da diretora Kathryn Bigelow e da bela atriz Jessica Chastain na festa do Globo de Ouro 2013. (photo by http://www.vanityfair.com)

MELHORES PRODUTORES – LONGAS-METRAGENS

Trapaça (American Hustle)
Blue Jasmine (idem)
Capitão Phillips (Captain Phillips)
Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club)
Gravidade (Gravity)
Ela (Her)
Nebraska
Walt nos Bastidores de Mary Poppins (Saving Mr. Banks)
12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave)
O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street)

Em 2011, o PGA decidiu estender seus indicados para 10 fixos, o que não ocorre no Oscar, onde pode haver de 5 a 10. Vale ressaltar também o alto índice de acertos de vencedores em relação à Academia. Em seus 24 aninhos de existência, o PGA elegeu 17 vezes o vencedor de Melhor Filme no Oscar, incluindo os recentes Argo e O Artista. A última divergência ocorreu em 2007, quando Pequena Miss Sunshine perdeu para Os Infiltrados.

Para a edição de 2014, as ausências mais sentidas foram Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum e Fruitvale Station: A Última Parada pela alta participação nas últimas listas de críticos. Mas vale citar também Álbum de Família, All is Lost e Philomena, que conseguiu uma indicação ao Globo de Ouro.

Dentre os 10 candidatos, Trapaça, 12 Anos de Escravidão e Gravidade largam na frente, mas Ela pode roubar o show sem grandes dificuldades por ser querido pela crítica. Por outro lado, se pensarmos em bilheteria, Gravidade tem todas as cartas por ter faturado mais de 600 milhões de dólares mundo afora, muito longe dos 208 milhões do segundo lugar Capitão Phillips. No Oscar, eu ainda acho que Gravidade deverá se concentrar nos prêmios mais técnicos como fotografia, montagem e som.

Gravidade: no páreo para o DGA e PGA (photo by www.beyondhollywood.com)

Gravidade: no páreo para o DGA e PGA (photo by http://www.beyondhollywood.com)

MELHORES PRODUTORES – ANIMAÇÕES

Os Croods (The Croods)
Meu Malvado Favorito 2 (Despicable Me 2)
Reino Escondido (Epic)
Frozen: Uma Aventura Congelante (Frozen)
Universidade Monstros (Monsters University)

Sem um dos grandes favoritos fora do páreo por não pertencer ao sindicato americano, a animação japonesa Vidas ao Vento, de Hayao Miyazaki, a categoria conta apenas com produções de grandes estúdios como Disney, Pixar, Dreamworks e Universal. Porém, essa ausência não deve reduzir as chances de Miyazaki conseguir sua segunda estatueta do Oscar. Ainda não conferi Frozen, mas premiaria Os Croods pela alta abrangência de público-alvo de sua história de uma família das cavernas se adaptando às mudanças na Terra.

Os Croods: caminho mais livre para o PGA (photo by www.beyondhollywood.com)

Os Croods: caminho mais livre para o PGA (photo by http://www.beyondhollywood.com)

MELHORES PRODUTORES – DOCUMENTÁRIOS

A Place at the Table
Far Out Isn’t Far Enough
Life According to Sam
We Steal Secrets: The Story of WikiLeaks
Which Way is the Front Line From Here? The Life and Time of Tim Hetherington

Com o documentário História que Contamos, de Sarah Polley, fora da competição, o grande favorito fica sendo We Steal Secrets, que aborda a história do WikiLeaks do exilado Julian Assange. Conta muito a favor ter o diretor Alex Gibney, de Um Táxi Para a Escuridão, que ganhou o Oscar em 2008. Infelizmente, não há previsão de estréia no Brasil para a maioria dos documentários, o que dificulta a análise dessa categoria.

Julian Assange no documentário de Alex Gibney (photo by www.elfilm.com)

Julian Assange no documentário de Alex Gibney (photo by http://www.elfilm.com)

Dos três sindicatos, o WGA é o menos badalado. Mas não porque se trataria de um prêmio menor, mas suas regras inviabilizam indicações de trabalhos pertinentes. Como os demais prêmios, ele exige a filiação do profissional ao sindicato, mas também a exigência da produção do filme sob a sua jurisdição, o que implica em mais regras que eliminam bons candidatos.

Desse modo, as estatísticas de acerto são bem menores. Os excluídos pela regra deste ano incluem: John Ridley (12 Anos de Escravidão), Steve Coogan e Jeff Pope (Philomena), Ryan Coogler (Fruitvale Station: A Última Parada), Peter Morgan (Rush: No Limite da Emoção) e Abdellatif Kechiche e Ghalia Lacroix (Azul é a Cor Mais Quente). Já os trabalhos originais incluem: Alfonso Cuarón e Jonas Cuarón (Gravidade), Joel e Ethan Coen (Inside Llewyn Davis), Kelly Marcel e Sue Smith (Walt nos Bastidores de Mary Poppins) e Jason Reitman (Refém da Paixão).

Claro que se levarmos em consideração que a Academia também premia roteiros desclassificados pela WGA, essas exclusões não pesariam tanto na temporada. Só para citar um exemplo, o roteiro de Quentin Tarantino para Django Livre foi cortado da WGA, mas ganhou o Oscar.

ROTEIRO ORIGINAL

Eric Singer, David O. Russell (Trapaça)
Woody Allen (Blue Jasmine)
Craig Borten, Melisa Wallack (Clube de Compras Dallas)
Spike Jonze (Ela)
Bob Nelson (Nebraska)

ROTEIRO ADAPTADO

Tracy Letts (Álbum de Família)
Richard Linklater, Ethan Hawke, Julie Delpy (Antes da Meia-Noite)
Billy Ray (Capitão Phillips)
Peter Berg (O Grande Herói)
Terence Winter (O Lobo de Wall Street)

O diretor e roteirista Richard Linklater entre os atores e roteiristas Julie Delpy e Ethan Hawke no set de Antes da Meia-Noite (photo by www.elfilm.com)

O diretor e roteirista Richard Linklater entre os atores e roteiristas Julie Delpy e Ethan Hawke no set de Antes da Meia-Noite (photo by http://www.elfilm.com)

ROTEIRO DE DOCUMENTÁRIO

David Riker, Jeremy Scahill (Guerras Sujas)
Sara Lukinson, Michael Stevens (Herblock: The Black & the White)
Janet Tobias, Paul Laikin (No Place on Earth)
Sarah Polley (Histórias que Contamos)
Alex Gibney (We Steal Secrets: The Story of WikiLeaks)

Indicados ao BAFTA Rising Star de 2014 (photo by www.empireonline.com)

Indicados ao BAFTA Rising Star de 2014, do topo da esquerda à direita: Dane DeHaan, Lupita Nyong’o, Léa Seydoux, Will Poulter e George MacKay (photo by http://www.empireonline.com)

Também gostaria de aproveitar o post para divulgar os indicados ao Rising Star do BAFTA, concedido a um ator ou atriz revelação que se destacou no ano. Vencedores recentes incluem Juno Temple, Tom Hardy e Kristen Stewart. Porém, vale lembrar que os vencedores são eleitos pelo público, o que quase sempre resulta em vitória injusta. Talentos como Michael Fassbender, Carey Mulligan e Alicia Vikander já concorreram, mas perderam em edições anteriores. Particularmente, tenho certa aversão às escolhas do público como no MTV Movie Awards. Se dependesse dos votos na internet, os melhores filmes de todos os tempos seriam Star Wars e O Senhor dos Anéis para toda a eternidade…

Dane DeHaan
George MacKay
Lupita Nyong’o
Will Poulter
Léa Seydoux

* Fique atento às datas: O PGA divulga seus vencedores no dia 19 de janeiro. O DGA no dia 25, enquanto o WGA fica para o dia 1º de fevereiro.

‘Trapaça’ e ’12 Years a Slave’ lideram as indicações ao Globo de Ouro 2014

Christian Bale, Amy Adams e Bradley Cooper superaram as ausência no SAG e chegaram ao Globo de Ouro 2014 por Trapça (photo by www.outnow.ch)

Christian Bale, Amy Adams e Bradley Cooper superaram as ausência no SAG e chegaram ao Globo de Ouro 2014 por Trapaça (photo by http://www.outnow.ch)

GLOBO DE OURO CONFIRMA FAVORITISMO DE 12 YEARS A SLAVE E ALAVANCA AS CHANCES DE TRAPAÇA

Normalmente, assim que as indicações ao Globo de Ouro saem, começa aquela enxurrada de matérias apontando os incontáveis erros e trabalhos ignorados. Não desta vez. Com a importante ajuda da safra bem servida de filmes de qualidade, as categorias foram devidamente preenchidas por profissionais que vinham agradando a crítica americana. Assim, nomes premiados por NYFCC, National Board of Review e LAFCA estão todos presentes na lista do Globo de Ouro 2014. Claro que uma ou outra exceção se faz notar, mas nada que tire o crédito dos membros votantes da Hollywood Foreign Press Association (HPFA).

De longe, as maiores surpresas são as presenças de Philomena e Rush: No Limite da Emoção na categoria Melhor Filme – Drama. Apesar de se tratarem de bons filmes, não havia uma forte campanha que indicasse resultado tão favorável. Bastante elogiado no último Festival de Veneza, Philomena, dirigido por Stephen Frears, tinha boas chnces de faturar o Leão de Ouro e o prêmio de atriz para Judi Dench, mas saiu apenas com Melhor Roteiro. Já Rush: No Limite da Emoção recebeu boas avaliações de modo geral, mas nada exagerado a ponto de conquistar uma indicação de Melhor Filme. Apesar do reconhecimento do Globo de Ouro, ainda acredito que o filme sobre a rivalidade na fórmula 1 de Ron Howard só deverá conquistar indicações para Ator Coadjuvante, Maquiagem e Efeitos Sonoros no Oscar.

3 indicações para Philomena, de Stephen Frears... (photo by www.outnow.ch)

Steve Coogan e Dame Judi Dench: 3 indicações para Philomena, de Stephen Frears… (photo by http://www.outnow.ch)

2 indicações para Rush: No Limite da Emoção. Pouco ou muito para um candidato surpresa? (photo by www.elfilm.com)

… e 2 indicações para Rush: No Limite da Emoção. Pouco ou muito para um candidato surpresa? (photo by http://www.elfilm.com)

Ambos os filmes tomaram os lugares de Nebraska e Trapaça, que, embora sejam mais dramas do que comédias, migraram para a categoria vizinha de Melhor Filme – Comédia/Musical, criando o grupo da morte do Globo de Ouro 2014, que ainda tem: O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese, Inside Llewyn Davis, dos irmãos Coen, e Ela, de Spike Jonze. Apesar do Globo de Ouro não servir mais como parâmetro para o Oscar, o filme que vencer nesta categoria certamente terá maiores chances na Academia.

Cientes de que havia uma grande quantidade de produções concorrentes que merecia reconhecimento, os votantes se esforçaram para agradar a todos. Deslocaram filmes de categorias e até evitaram duplas indicações como poderia ter acontecido com Tom Hanks, que tinha chances como Coadjuvante (Walt nos Bastidores de Hollywood) e Ator (Capitão Phillips), pelo qual acabou sendo indicado. Contudo, mesmo com todo esse trabalho, seria impossível não deixar uns filmes no escuro.

Os indicados Barkhad Abdi e Tom Hanks representam a metade das 4 indicações de Capitão Phillips (photo by www.elfilm.com)

Os indicados Barkhad Abdi e Tom Hanks representam a metade das 4 indicações de Capitão Phillips (photo by http://www.elfilm.com)

Provavelmente, os casos mais claros são as totais ausências de Fruitvale Station: A Última Parada e O Mordomo da Casa Branca. Se ainda houvesse aquele prêmio do Most Promising Newcomer (Novato mais Promissor), o Globo de Ouro certamente o daria ao jovem Michael B. Jordan por Fruitvale Station. Como a concorrência estava muito acirrada na categoria Ator – Drama, ele acabou cortado juntamente com Forest Whitaker, que apesar do esforço e talento, não melhora muito O Mordomo da Casa Branca. Fiquei feliz que o pessoal do Globo de Ouro não foi na onda do “indiquem Oprah Winfrey pra dar audiência no tapete vermelho”.

Outra ausência mais sentida foi a da animação japonesa de Hayao Miyazaki, O Vento Está Soprando. Numa manobra que claramente favorece os grandes estúdios (leiam-se Disney: Frozen – Uma Aventura Congelante, Dreamworks: Os Croods e Universal: Meu Malvado Favorito 2), deslocaram o grande favorito da categoria para outra possível: Melhor Filme em Língua Estrangeira. Embora ainda tenha chances claras, a disputa é nitidamente mais complicada ao lado do francês Azul é a Cor Mais Quente, o dinamarquês A Caça e o italiano La Grande Bellezza.

Particularmente, gostei da primeira indicação da jovem atriz americana Greta Gerwig por Frances Ha. Até uns anos atrás, ela só atuava em papéis secundários em filmes banais como Sexo Sem Compromisso e na refilmagem de Arthur, o Milionário Irresistível, até o dia em que o diretor Noah Baumbach ofereceu uma oportunidade como protagonista e ela não desperdiçou. Espero que esta indicação (infelizmente o páreo está duríssimo com Meryl Streep, Julie Delpy e Amy Adams) possa lhe render melhores projetos com diretores mais consagrados.

Greta Gerwig conquista uma indicação para Frances Ha (photo by www.elfilm.com)

Greta Gerwig conquista uma indicação para Frances Ha (photo by http://www.elfilm.com)

Embora não seja favorito este ano, também adorei a indicação do diretor Alexander Payne e seu Nebraska. Vencedor de 2 Globos de Ouro de Melhor Filme (Comédia por Sideways – Entre Umas e Outras, e Drama por Os Descendentes), Payne é muito querido pelos membros da HFPA, e comprova mais uma vez que sabe escolher e dirigir bons atores: Bruce Dern e June Squibb receberam indicações como Ator – Comédia/Musical e Atriz Coadjuvante.

Bruce Dern e June Squibb confirmam talento de Alexander Payne ao receberem indicações por Nebraska (photo by www.elfilm.com)

Bruce Dern e June Squibb confirmam talento de Alexander Payne ao receberem indicações por Nebraska (photo by http://www.elfilm.com)

Apesar de ter conseguido apenas 2 indicações no SAG, as sete indicações de Trapaça no Globo de Ouro devem impulsionar o filme de David O. Russell para o Oscar 2014. Nos últimos anos, os filmes do diretor têm obtido bom êxito com a Academia. O Vencedor venceu os Oscars de Ator Coadjuvante (Christian Bale) e Atriz Coadjuvante (Melissa Leo), enquanto O Lado Bom da Vida conquistou o Oscar de Atriz (Jennifer Lawrence). Embora o favoritismo ainda esteja do lado de 12 Years a Slave, dependendo da estratégia de propaganda, Trapaça pode fazer a ultrapassagem na reta final.

Seguem as indicações ao Globo de Ouro:

MELHOR FILME – DRAMA
12 Years a Slave
– Capitão Phillips (Captain Phillips)
– Gravidade (Gravity)
Philomena
– Rush: No Limite da Emoção (Rush)

MELHOR FILME – COMÉDIA OU MUSICAL
Trapaça (American Hustle)
– Ela (Her)

– Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum (Inside Llewyn Davis)
 Nebraska
– O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street)

MELHOR DIRETOR
– Alfonso Cuarón (Gravidade)
– Paul Greengrass (Capitão Phillips)
– Steve McQueen (12 Years a Slave)
– Alexander Payne (Nebraska)
– David O. Russell (Trapaça)

MELHOR ATOR – DRAMA
– Chiwetel Ejiofor (12 Years a Slave)
– Idris Elba (Mandela: Long Walk to Freedom)
– Matthew McConaughey (Dallas Buyers Club)
– Tom Hanks (Capitão Phillips)
– Robert Redford (All is Lost)

MELHOR ATRIZ – DRAMA
– Cate Blanchett (Blue Jasmine)
– Sandra Bullock (Gravidade)
– Judi Dench (Philomena)
– Emma Thompson (Walt nos Bastidores de Mary Poppins)
– Kate Winslet (Refém da Paixão)

MELHOR ATOR – COMÉDIA OU MUSICAL
– Christian Bale (Trapaça)
– Bruce Dern (Nebraska)
– Leonardo DiCaprio (O Lobo de Wall Street)
– Oscar Isaac (Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum)
– Joaquin Phoenix (Ela)

MELHOR ATRIZ – COMÉDIA OU MUSICAL
– Amy Adams (Trapaça)
– Julie Delpy (Antes da Meia-Noite)
– Julia Louis-Dreyfus (À Procura do Amor)
– Greta Gerwig (Frances Ha)
– Meryl Streep (Álbum de Família)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
– Barkhad Abdi (Capitão Phillips)
– Daniel Brühl (Rush: No Limite da Emoção)
– Bradley Cooper (Trapaça)
– Michael Fassbender (12 Years a Slave)
– Jared Leto (Dallas Buyers Club)

Pra quem pensava que Jennifer Lawrence iria desacelerar depois do Oscar por O Lado Bom da Vida, eis a bela novamente (photo by www.outnow.ch)

Pra quem pensava que Jennifer Lawrence iria desacelerar depois do Oscar por O Lado Bom da Vida, eis a bela novamente (photo by http://www.outnow.ch)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
– Sally Hawkins (Blue Jasmine)
– Jennifer Lawrence (Trapaça)
– Lupita N’Yongo (12 Years a Slave)
– Julia Roberts (Álbum de Família)
– June Squibb (Nebraska)

MELHOR ROTEIRO
– John Ridley (12 Years a Slave)
– Steve Coogan, Jeff Pope (Philomena)
– Spike Jonze (Ela)
– Bob Nelson (Nebraska)
– Eric Singer, David O. Russell (Trapaça)

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
– Hans Zimmer (12 Years a Slave)
– Alex Ebert (All is Lost)
– John Williams (A Menina que Roubava Livros)
– Steven Price (Gravidade)
– Alex Heffes (Mandela: Long Walk to Freedom)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“Atlas”, de Guy Berryman, Jonny Buckland, Will Champion e Chris Martin (Jogos Vorazes: Em Chamas)
“Please Mr. Kennedy”, de Ed Rush, George Cromarty, T-Bone Burnnett, Justin Timberlake, Joel Coen, Ethan Coen (Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum)
“Let it Go”, de Robert Lopez e Kristen Anderson-Lopez (Frozen: Uma Aventura Congelante)
“Ordinary Love”, de U2 (Mandela: Long Walk to Freedom)
“Sweeter than Fiction”, de Jack Antonoff e Taylor Swift (One Chance)

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
Azul é a Cor Mais Quente, de Abdellatif Kechiche (França)
A Caça, de Thomas Vinterberg (Dinamarca)
The Great Beauty, de Paolo Sorrentino (Itália)
The Past, de Asghar Farhadi (França/Itália)
O Vento Está Soprando, de Hayao Miyazaki (Japão)

MELHOR ANIMAÇÃO
Os Croods, de Kirk De Micco e Chris Sanders
Frozen: Uma Aventura Congelante, de Chris Buck e Jennifer Lee
Meu Malvado Favorito 2, de Pierre Coffin, Chris Renaud

Já na ala televisiva, destaco o crescimento das séries produzidas pela Netflix (não, não estou sendo pago para fazer propaganda). Além de House of Cards e Arrested Development, que já haviam sido reconhecidos pelo Emmy, Taylor Schilling foi indicada como Melhor Atriz de Série – Drama pela nova série da Netflix, Orange is the New Black, denotando uma curiosa tendência de criação de séries sem ficar refém de grades de programação televisiva.

Taylor Schilling em Orange is the New Black confirma crescimento das produções da Netflix (photo by www.elfilm.com)

Taylor Schilling em Orange is the New Black confirma crescimento das produções da Netflix (photo by http://www.elfilm.com)

Também vale destacar que alguns atores foram agraciados por indicações pelo trabalho em cinema e TV: Julia Louis-Dreyfus (À Procura do Amor e a série de comédia Veep), além de Chiwetel Ejiofor (filme 12 Years a Slave e série Dancing on the Edge) e Idris Elba (Mandela: Long Walk to Freedom e minissérie Luther), que repetem a disputa da categoria Melhor Ator – Drama.

MELHOR SÉRIE – DRAMA
Breaking Bad
Downton Abbey
The Good Wife
House Of Cards
Masters Of Sex

MELHOR ATRIZ DE SÉRIE – DRAMA
Julianna Margulies (The Good Wife)
Tatiana Maslany (Orphan Black)
Taylor Schilling (Orange Is The New Black)
Kerry Washington (Scandal)
Robin Wright (House Of Cards)

MELHOR ATOR DE SÉRIE – DRAMA
Bryan Cranston (Breaking Bad)
Liev Schreiber (Ray Donovan)
Michael Sheen (Masters of Sex)
Kevin Spacey (House of Cards)
James Spader (The Blacklist)

MELHOR SÉRIE – COMÉDIA OU MUSICAL
The Big Bang Theory
Brooklyn Nine-Nine
Girls
Modern Family
Parks & Recreation

MELHOR ATRIZ DE SÉRIE – COMÉDIA OU MUSICAL
Zooey Deschanel (New Girl)
Lena Dunham (Girls)
Edie Falco (Nurse Jackie)
Julia Louis-Dreyfus (Veep)
Amy Poehler (Parks & Recreation)

MELHOR ATOR DE SÉRIE – COMÉDIA OU MUSICAL
Jason Bateman (Arrested Development)
Don Cheadle (House of Lies)
Michael J. Fox (The Michael J. Fox Show)
Jim Parsons (The Big Bang Theory)
Andy Samberg (Brooklyn Nine-Nine)

MELHOR MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
American Horror Story: Coven
Behind The Candelabra
Dancing on the Edge
Top of the Lake
White Queen

MELHOR ATRIZ EM MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Helena Bonham Carter (Burton and Taylor)
Rebecca Ferguson (White Queen)
Jessica Lange (American Horror Story: Coven)
Helen Mirren (Phil Spector)
Elisabeth Moss (Top of the Lake)

MELHOR ATOR COADJUVANTE EM MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Josh Charles (The Good Wife)
Rob Lowe (Behind the Candelabra)
Aaron Paul (Breaking Bad)
Corey Stoll (House of Cards)
Jon Voight (Ray Donovan)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE, MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Jacqueline Bisset (Dancing on the Edge)
Janet McTeer (The White Queen)
Hayden Panettiere (Nashville)
Monica Potter (Parenthood)
Sofía Vergara (Modern Family)

MELHOR ATOR EM SÉRIE, MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Matt Damon (Behind the Candelabra)
Michael Douglas (Behind the Candelabra)
Chiwetel Ejiofor (Dancing on the Edge)
Idris Elba (Luther)
Al Pacino (Phil Spector)

A cerimônia do Globo de Ouro 2014 será transmitida ao vivo no dia 12 de janeiro. As atrizes Tina Fey e Amey Poehler serão as hostesses da noite mais uma vez. E o diretor/roteirista/ator Woody Allen será homenageado pelo Cecil B. DeMille Award, mas dizem as más línguas que ele não virá mesmo assim, e que sua colaboradora Diane Keaton aceiará o prêmio em seu nome.

Woody Allen e Diane Keaton (www.filmmakeriq.com)

Woody Allen e Diane Keaton (www.filmmakeriq.com)

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