‘ME CHAME PELO SEU NOME’ conquista 6 INDICAÇÕES ao INDEPENDENT SPIRIT AWARDS 2018

Call Me by Your Name - Still 1

À direita, o jovem Timithée Chalamet e Armie Hammer avaliam estátua. Mais ao fundo, Michael Stuhlbarg em cena de Me Chame Pelo seu Nome (pic by cine.gr)

PRÊMIO DO CINEMA INDEPENDENTE AMERICANO RECONHECE BONS TÍTULOS, MAS ALGUMAS AUSÊNCIAS CHEGAM A ESTRANHAR

Na manhã desta terça, dia 21, as atrizes Lily Collins e Tessa Thompson anunciaram os indicados ao 33º Independent Spirit Awards, concedido às produções de orçamento de até 20 milhões de dólares. Sim, com esse montante no Brasil, seria uma mega-produção… E sim, provavelmente desses 20 milhões, 10 estariam em malas de políticos.

Pra quem não se recorda, houve um tempo em que o prêmio Independent Spirit era o “patinho feio” da temporada, pois os vencedores passavam longe do tapete vermelho do Oscar. Agora as coisas se inverteram. As produções aqui presentes já apresentam boa vantagem em relação aos ausentes, já que dos últimos quatro vencedores do Independent acabaram ganhando o Oscar de Melhor Filme também. Para refrescar a memória:

2014: 12 Anos de Escravidão
2015: Birdman
2016: Spotlight: Segredos Revelados
2017: Moonlight: Sob a Luz do Luar

Nesta edição, o franco-favorito também se tornou o recordista com seis indicações. Me Chame Pelo seu Nome, novo trabalho do diretor italiano Luca Guadagnino, foi indicado a Filme, Diretor, Ator, Ator Coadjuvante, Fotografia e Montagem.

Não sei se é válido rotulá-lo de drama LGBT, mas a trama envolve uma relação entre um rapaz de 17 anos no auge de sua descoberta sexual e um assistente do pai dele nos anos 80 na Itália. Os atores que os interpretam, Timothée Chalamet e Armie Hammer, respectivamente, ambos indicados aqui, vêm recebendo críticas bastante positivas e devem frequentar futuras listas de melhores do ano. O diretor Guadagnino, que dirigiu o ótimo Um Sonho de Amor, costuma filmar com um olhar mais metafórico, que parece combinar com a essência mais dúbia do filme.

Com cinco indicações cada, Bom Comportamento e Corra! vêm logo em seguida. Coincidentemente, foram duas ótimas surpresas do ano. Enquanto o primeiro apresenta uma atmosfera mais crua e fria, o segundo busca ótimos artifícios cinematográficos para tornar crível a ficção. Já a diferença entre eles está nos números das bilheterias. Enquanto o tenso filme dos irmãos Josh e Bennie Safdie arrecadou apenas 2 milhões de dólares até o momento, o drama racial de Jordan Peele se tornou um sucesso comercial de mais de 250 milhões pelo mundo. Será que a Academia vai ignorar esses números na hora das indicações?

get-out-mit-daniel-kaluuya.jpg

Daniel Kaluuya em cena de desconcertante de Corra! (pic by moviepilot.de)

A ausência, se podemos dizer assim, mais sentida foi a de Três Anúncios Para um Crime na categoria de Melhor Filme. Após uma recepção extremamente favorável no Festival de Toronto, muitos especialistas já o consideravam o filme a ser batido na temporada. O novo filme de Martin McDonagh critica severamente a impunidade e a falta de eficiência policial, que embora aconteça no Missouri, é um tema bastante universal. Felizmente, a produção foi lembrada nas categorias de Atriz (Frances McDormand), Ator Coadjuvante (Sam Rockwell) e Roteiro (do próprio McDonagh).

three-billboards-outside-ebbing-missouri-mit-sam-rockwell-frances-mcdormand-und-zeljko-ivanek

Sam Rockwell, Frances McDormand e Woody Harrelson em cena tensa de Três Anúncios Para um Crime (pic by moviepilot.de)

Outra ausência sentida foi do ator americano Willem Dafoe, que vinha num crescendo de críticas positivas por seu papel em The Florida Project, que foi indicado a Melhor Filme e Diretor. Como tem prestígio junto à Academia (foi indicado ao Oscar duas vezes: em 1987 por Platoon, e em 2001 por A Sombra do Vampiro), o ator deve ter boas chances de se integrar à categoria de Ator Coadjuvante. O diretor do filme, Sean Baker, ficou conhecido pelo drama Tangerine, que acompanha dois personagens trans com a câmera do iPhone.

 

the-florida-project-mit-willem-dafoe-und-brooklynn-prince

Willem Dafoe com a pequena Brooklynn Prince em The Florida Project (pic by moviepilot.de)

 

Após vencer o cobiçado Leão de Ouro no último Festival de Veneza, muito se falou do favoritismo do novo filme de Guillermo del Toro, A Forma da Água. Porém, além de ter ficado de fora por completo no Gotham Awards, não recebeu nenhuma indicação no Independent. As melhores chances estavam com a atriz Sally Hawkins e o próprio diretor mexicano. Curiosamente, o filme teve orçamento de 19,5 milhões, como se tivesse se planejado exclusivamente para entrar no Independent Spirit, mas seus esforços foram em vão…

Falando em atriz, a categoria apresentou seis candidatas. Até o momento, as atuações de Frances McDormand e Saoirse Ronan foram as mais comentadas, mas Margot Robbie interpretando uma patinadora de gelo em I, Tonya tem recebido boas críticas, além de Allison Janney, que atua como a mãe problemática dela.

 

 

i-tonya-2017_ (6)

À esquerda, Sebastian Stan interpreta o ex-marido de Tonya (Margot Robbie) em I, Tonya. pic by myfilm.gr

Este ano, o prêmio Robert Altman pelo elenco foi para Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississipi, da diretora Dee Rees. Este drama acompanha o retorno de dois homens que voltam da Segunda Guerra Mundial para trabalhar numa fazenda, enquanto lidam com questões de racismo no Mississipi.

Segue lista de indicados do Independent Spirit Awards:

MELHOR FILME

  • ME CHAME PELO SEU NOME (Call Me by Your Name)
    Produtores: Peter Spears, Luca Guadagnino, Emilie Georges, Rodrigo Teixeira, Marco Morabito, James Ivory, Howard Rosenman
  • THE FLORIDA PROJECT
    Produtores: Sean Baker, Chris Bergoch, Kevin Chinoy, Andrew Duncan, Alex Saks, Francesca Silvestri, Shih-Ching Tsou
  • CORRA! (Get Out)
    Produtores: Jason Blum, Edward H. Hamm Jr., Sean McKittrick, Jordan Peele
  • LADY BIRD
    Producers: Eli Bush, Evelyn O’Neill, Scott Rudin
  • THE RIDER
    Produtores: Mollye Asher, Bert Hamelinck, Sacha Ben Harroche, Chloé Zhao

MELHOR FILME DE DIRETOR ESTREANTE

  • COLUMBUS
    Diretor: Kogonada
    Produtores: Danielle Renfrew Behrens, Aaron Boyd, Giulia Caruso, Ki Jin Kim, Andrew Miano, Chris Weitz
  • INGRID GOES WEST
    Diretor: Matt Spicer
    Produtores: Jared Ian Goldman, Adam Mirels, Robert Mirels, Aubrey Plaza, Tim White, Trevor White
  • MENASHE
    Diretor/Produtor: Joshua Z. Weinstein
    Produtores: Yoni Brook, Traci Carlson, Daniel Finkelman, Alex Lipschultz
  • OH LUCY!
    Diretor/Producer: Atsuko Hirayanagi
    Produtores: Jessica Elbaum, Yukie Kito, Han West
  • PATTI CAKE$
    Diretor: Geremy Jasper
    Produtores: Chris Columbus, Michael Gottwald, Dan Janvey, Daniela Taplin Lundberg, Noah Stahl, Rodrigo Teixeira

PRÊMIO JOHN CASSAVETES – Concedido a uma produção com orçamento abaixo de 500 mil dólares.

  • Dayveon
    Roteirista/Diretor/Produtor: Amman Abbasi
    Roteirista: Steven Reneau
    Produtores: Lachion Buckingham, Alexander Uhlmann
  • A Ghost Story
    Roteirista/Diretor: David Lowery
    Produtores: Adam Donaghey, Toby Halbrooks, James M. Johnston
  • Life and nothing more
    Roteirista/Diretor: Antonio Méndez Esparza
    Produtores: Amadeo Hernández Bueno, Alvaro Portanet Hernández, Pedro Hernández Santos
  • Most Beautiful Island
    Roteirista/Diretor/Produtor: Ana Asensio
    Produtores: Larry Fessenden, Noah Greenberg, Chadd Harbold, Jenn Wexler
  • The Transfiguration
    Roteirista/Diretor: Michael O’Shea
    Produtor: Susan Leber

MELHOR DIRETOR

  • Sean Baker (The Florida Project)
  • Jonas Carpignano (A Ciambra)
  • Luca Guadagnino (Me Chame Pelo seu Nome)
  • Jordan Peele (Corra!)
  • Benny Safdie, Josh Safdie (Bom Comportamento)
  • Chloé Zhao (The Rider)

MELHOR ROTEIRO

  • Greta Gerwig (Lady Bird)
  • Azazel Jacobs (The Lovers)
  • Martin McDonagh (Três Anúncios Para um Crime)
  • Jordan Peele (Corra!)
  • Mike White (Beatriz at Dinner)

MELHOR ROTEIRO DE ESTREANTE

  • Kris Avedisian. História por: Kyle Espeleta, Jesse Wakeman (Donald Cried)
  • Emily V. Gordon, Kumail Nanjiani (The Big Sick)
  • Ingrid Jungermann (Women Who Kill)
  • Kogonada (Columbus)
  • David Branson Smith, Matt Spicer (Ingrid Goes West)

MELHOR FOTOGRAFIA

  • Thimios Bakatakis (The Killing of a Sacred Deer)
  • Elisha Christian (Columbus)
  • Hélène Louvart (Beach Rats)
  • Sayombhu Mukdeeprom (Me Chame Pelo seu Nome)
  • Joshua James Richards (The Rider)

MELHOR MONTAGEM

  • Ronald Bronstein, Benny Safdie (Bom Comportamento)
  • Walter Fasano (Me Chame Pelo seu Nome)
  • Alex O’Flinn (The Rider)
  • Gregory Plotkin (Corra!)
  • Tatiana S. Riegel (I, Tonya)

MELHOR ATRIZ

  • Salma Hayek (Beatriz at Dinner)
  • Frances McDormand (Três Anúncios Para um Crime)
  • Margot Robbie (I, Tonya)
  • Saoirse Ronan (Lady Bird)
  • Shinobu Terajima (Oh Lucy!)
  • Regina Williams (Life and nothing more)

MELHOR ATOR

  • Timothée Chalamet (Me Chame Pelo seu Nome)
  • Harris Dickinson (Beach Rats)
  • James Franco (Artista do Desastre)
  • Daniel Kaluuya (Corra!)
  • Robert Pattinson (Bom Comportamento)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

  • Holly Hunter (The Big Sick)
  • Allison Janney (I, Tonya)
  • Laurie Metcalf (Lady Bird)
  • Lois Smith (Marjorie Prime)
  • Taliah Lennice Webster (Bom Comportamento)

MELHOR ATOR COADJUVANTE

  • Nnamdi Asomugha (Crown Heights)
  • Armie Hammer (Me Chame Pelo seu Nome)
  • Barry Keoghan (The Killing of a Sacred Deer)
  • Sam Rockwell (Três Anúncios Para um Crime)
  • Benny Safdie (Bom Comportamento)

PRÊMIO ROBERT ALTMAN – Concedido ao diretor, diretor de casting e ao elenco

  • Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississipi (Mudbound)
    Diretor: Dee Rees
    Diretores de Casting: Billy Hopkins, Ashley Ingram
    Elenco: Jonathan Banks, Mary J. Blige, Jason Clarke, Garrett Hedlund, Jason Mitchell, Rob Morgan, Carey Mulligan

MELHOR DOCUMENTÁRIO

  • The Departure
    Diretora/Produtora: Lana Wilson
  • Faces Places
    Diretores: Agnés Varda, JR
    Produtora: Rosalie Varda
  • Last Men in Aleppo
    Diretor: Feras Fayyad
    Produtores: Kareem Abeed, Søeren Steen Jespersen, Stefan Kloos
  • Motherland
    Diretora/Produtora: Ramona S. Diaz
    Produtor: Rey Cuerdo
  • Quest
    Diretor: Jonathan Olshefski
    Produtora: Sabrina Schmidt Gordon

MELHOR FILME INTERNACIONAL

  • BPM (Beats Per Minute)
    França
    Dir: Robin Campillo
  • Uma Mulher Fantástica (Una Mujer Fantástica)
    Chile
    Dir: Sebastián Lelio
  • I Am Not a Witch
    Zâmbia
    Dir: Rungano Nyoni
  • Lady Macbeth
    Reino Unido
    Dir: William Oldroyd
  • Loveless
    Rússia
    Dir: Andrey Zvyagintsev

PRÊMIO BONNIE – Este prêmio inaugural reconhecerá uma diretora no meio de sua carreira com um prêmio de 50 mil dólares.

  • So Yong Kim
  • Lynn Shelton
  • Chloé Zhao

PRÊMIO JEEP TRUER THAN FICTION – Concedido a um diretor emergente de não-ficção que ainda não recebeu nenhum reconhecimento significante.

  • Shevaun Mizrahi
    Diretor de Distant Constellation
  • Jonathan Olshefski
    Diretor de Quest
  • Jeff Unay
    Diretor de The Cage Fighter

PRÊMIO KIEHL’S SOMEONE TO WATCH – Reconhece um cineasta talentoso de visão singular que ainda não recebeu nenhum reconhecimento apropriado.

  • Amman Abbasi
    Diretor de Dayveon
  • Justin Chon
    Diretor de Gook
  • Kevin Phillips
    Diretor de Super Dark Times

PRÊMIO PIAGET DE PRODUTORES – Honra produtores emergentes, que com poucos recursos, demonstram criatividade, tenacidade e visão necessários para produzir filmes independentes de qualidade.

  • Giulia Caruso & Ki Jin Kim
  • Ben LeClair
  • Summer Shelton

***

Como já é de costume, a cerimônia do Independent Spirit acontece um dia antes do Oscar, neste caso, no dia 03 de março.

92 Países Concorrem às 5 Indicações ao OSCAR de Filme em Língua Estrangeira

Loveless

Cena do representante da Rússia, Loveless, de Andrey Zvyangitsev (pic by cine.gr)

NÚMERO CRESCENTE BATE NOVO RECORDE DA ACADEMIA

Na última quinta, dia 05, a Academia anunciou a seleção de 92 produções internacionais que concorrerão às 5 vagas da categoria de Melhor Filme em Língua Estrangeira. Trata-se de um novo recorde de inscritos, que teve a colaboração de países inéditos na lista como Haiti, Honduras, Laos, Moçambique, Senegal e Síria.

Apesar de já haver alguns favoritos às vagas como o austríaco Happy End, de Michael Haneke, e o sueco The Square, de Ruben Östlund, que venceu a Palma de Ouro em Cannes, não é possível cravar nenhum filme no Oscar como antes. Nos últimos anos, a Academia se tornou mais abrangente em suas escolhas, passando a olhar com mais carinho e indicando produções alternativas de países como Camboja, Estônia, Mauritânia e Jordânia. Por isso, candidatos a favoritos e premiados em festivais nem sempre têm lugar cativo na lista, podendo ceder lugar a Bingo: O Rei das Manhãs, por exemplo! Por que não?

Aliás, vi muitos críticos, jornalistas e até youtubers já descartando qualquer chance do Brasil no Oscar. Claro que Bingo não é o típico material de Oscar, mas como citei no parágrafo anterior, a Academia está passando por algumas mudanças que podem beneficiar produções estrangeiras que não tenham a 2ª Guerra Mundial e Holocausto como temas centrais. Além disso, temos Daniel Rezende como diretor, que já foi indicado ao Oscar de Montagem em 2004 por Cidade de Deus. Enfim, como se trata de uma caixinha de surpresas, não tiraria as chances do cinema nacional ainda.

BPM.jpg

Cena do representante da França, BPM (Beats Per Minute), de Robin Campillo (pic by cine.gr)

Por enquanto, além do filme de Haneke e Östlund, entre os favoritos de vários especialistas estão o francês BPM (Beats Per Minute), de Robin Campillo (venceu o Grande Prêmio do Júri em Cannes e fala sobre a luta contra a discriminação da Aids); o israelense Foxtrot, de Samuel Maoz (levou o Grande Prêmio do Júri em Veneza e funciona como crítica às guerras); o chileno Uma Mulher Fantástica, de Sebastián Lelio (ganhou Melhor Roteiro em Berlim, mas tem temática transsexual que acadêmicos evitam); o russo Loveless, de Andrey Zvyangintsev (venceu o Prêmio do Júri em Cannes e foi muito bem acolhido pela abordagem intimista de um divórcio e as consequências para os filhos) e o cambojano First They Killed My Father, dirigido por ninguém menos do que a atriz Angelina Jolie.

first-they-killed-my-father2

Angelina Jolie dirige atriz mirim de seu quarto filme como diretora First They Killed my Father, disponível no Netflix (pic by Variety)

Vale lembrar que o filme de Jolie está disponível no Netflix (sim, a empresa de streaming co-produziu o longa),  fato que ajuda a popularizá-lo na campanha do Oscar. A produção é um drama autobiográfico sobre a infância dura da ativista de direitos humanos Loung Ung quando o Camboja era dominado pelo regime comunista do Khmer Vermelho. Honestamente falando, acredito que Angelina Jolie estará entre os cinco indicados na categoria. Além de contar com o apoio de vários membros da Academia, esta é a quarta incursão dela como diretora, e desde seu primeiro trabalho, existe um burburinho de sua indicação ao Oscar de direção, fato que não aconteceu até o momento. Portanto, em tempos politicamente corretos que demandam mais igualdade entre gêneros, Angelina pode despontar nesta categoria, e até quem sabe, no Oscar de direção finalmente.

Bom, é difícil torcer pra filmes que não vimos, mas gostaria de ver Lucrecia Martel indicada, pois é uma das diretoras mais relevantes do cinema argentino que admiro muito. E gostaria de ver também o chileno Uma Mulher Fantástica e o russo Loveless na lista final pelas temáticas e pelos históricos dos diretores. Torceria pelo México, mas a comissão escolheu Tempestad, ao invés de Las Hijas de Abril, de Michel Franco, cujo trabalho sou fã.

Segue a lista das 92 produções inscritas para o Oscar 2018:

PAÍS FILME DIRETOR(A)
Afeganistão A Letter to the President Roya Sadat
África do Sul The Wound John Trengove
Albânia Daybreak Gentian Koçi
Alemanha In the Fade Fatih Akin
Argélia Road to Istanbul Rachid Bouchareb
Argentina Zama Lucrecia Martel
Armênia Yeva Anahit Abad
Austrália The Space Between Ruth Borgobello
Áustria Happy End Michael Haneke
Azerbaijão Pomegranate Orchard Ilgar Najaf
Bangladesh The Cage Akram Khan
Bélgica Racer and the Jailbird Michaël R. Roskam
Bolívia Dark Skull Kiro Russo
Bósnia e Herzegovina Men Don’t Cry Alen Drljević
Brasil Bingo – O Rei das Manhãs Daniel Rezende
Bulgária Glory Petar Valchanov, Kristina Grozeva
Camboja First They Killed my Father Angelina Jolie
Canadá Hochelaga, Land of Souls François Girard
Cazaquistão The Road to Mother Akhan Satayev
Chile Uma Mulher Fantástica Sebastián Lelio
China Wolf Warrior 2 Wu Jing
Colômbia Guilty Men Iván D. Gaona
Coréia do Sul A Taxi Driver Jang Hoon
Costa Rica The Sound of Things Ariel Escalante
Croácia Quit Staring at my Plate Hana Jušić
Dinamarca You Disappear Peter Schønau Fog
Egito Sheikh Jackson Amr Salama
Equador Alba Ana Cristina Barragán
Eslováquia The Line Peter Bebjak
Eslovênia The Miner Hanna A. W. Slak
Espanha Summer 1993 Carla Simón
Estônia November Rainer Sarnet
Filipinas Birdshot Mikhail Red
Finlândia Tom of Finland Dome Karukoski
França BPM (Beats per Minute) Robin Campillo
Georgia Scary Mother Ana Urushadze
Grécia Amerika Square Yannis Sakaridis
Haiti Ayiti Mon Amour Guetty Felin
Holanda Layla M. Mijke de Jong
Honduras Morazán Hispano Durón
Hong Kong Mad World Wong Chun
Hungria On Body and Soul Ildikó Enyedi
Índia Newton Amit V Masurkar
Indonésia Turah Wicaksono Wisnu Legowo
Irã Breath Narges Abyar
Iraque Reseba – The Dark Wind Hussein Hassan
Irlanda Song of Granite Pat Collins
Islândia Under the Tree Hafsteinn Gunnar Sigurðsson
Israel Foxtrot Samuel Maoz
Itália A Ciambra Jonas Carpignano
Japão Her Love Boils Bathwater Ryota Nakano
Kosovo Unwanted Edon Rizvanolli
Laos Dearest Sister Mattie Do
Letônia The Chronicles of Melanie Viestur Kairish
Líbano The Insult Ziad Doueiri
Lituânia Frost Sharunas Bartas
Luxemburgo Barrage Laura Schroeder
Marrocos Razzia Nabil Ayouch
México Tempestad Tatiana Huezo
Moçambique The Train of Salt and Sugar Licinio Azevedo
Mongólia The Children of Genghis Zolbayar Dorj
Nepal White Sun Deepak Rauniyar
Noruega Thelma Joachim Trier
Nova Zelândia One Thousand Ropes Tusi Tamasese
Palestina Wajib Annemarie Jacir
Panamá Beyond Brotherhood Arianne Benedetti
Paquistão Saawan Farhan Alam
Paraguai Los Buscadores Juan Carlos Maneglia, Tana Schembori
Peru Rosa Chumbe Jonatan Relayze
Polônia Spoor Agnieszka Holland, Kasia Adamik
Portugal Saint George Marco Martins
Quênia Kati Kati Mbithi Masya
Quirguistão Centaur Aktan Arym Kubat
Reino Unido My Pure Land Sarmad Masud
República Dominicana Woodpeckers Jose Maria Cabral
República Tcheca Ice Mother Bohdan Sláma
Romênia Fixeur Adrian Sitaru
Rússia Loveless Andrey Zvyagintsev
Senegal Félicité Alain Gomis
Sérvia Requiem for Mrs. J. Bojan Vuletic
Singapura Pop Aye Kirsten Tan
Síria Little Gandhi Sam Kadi
Suécia The Square Ruben Östlund
Suíça The Divine Order Petra Volpe
Tailândia By the Time It Gets Dark Anocha Suwichakornpong
Taiwan Small Talk Hui-Chen Huang
Tunísia The Last of Us Ala Eddine Slim
Turquia Ayla: The Daughter of War Can Ulkay
Ucrânia Black Level Valentyn Vasyanovych
Uruguai Another Story of the World Guillermo Casanova
Venezuela El Inca Ignacio Castillo Cottin
Vietnã Father and Son Luong Dinh Dung

‘Carol’ lidera as indicações do Independent Spirit Awards 2016

Carol

Rooney Mara e Cate Blanchett em cena de Carol, de Todd Haynes (photo by outnow.ch)

PREMIAÇÃO DOS INDEPENDENTES DESTACA OSCARIZÁVEIS

Antes de analisar esta edição, cabe aqui recordar o crescimento da importância do Independent Spirit em relação ao Oscar. Considerado como anti-Oscar até os anos 90, quando a Academia premiava grandes produções de estúdios em sua grande maioria como Coração Valente e Titanic, o prêmio singelo focado em filmes independentes ganhou muita força por sua veia mais artística e claro, por seus baixos orçamentos que animam qualquer produtor em anos de crise econômica.

Nos últimos anos, Birdman, 12 Anos de Escravidão e O Artista se sagraram Melhor Filme tanto no Independent como no Oscar, assim como vários atores, cujas performances foram reconhecidas em ambas as premiações como Julianne Moore (Para Sempre Alice), J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição), Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude), Matthew McConaughey (Clube de Compras Dallas), Cate Blanchett (Blue Jasmine), Jared Leto (Clube de Compras Dallas) e Lupita Nyong’o (12 Anos de Escravidão) só pra citar as duas últimas edições, ou seja, 7 vencedores coincididos em 8. Resumindo: O Independent Spirit só fica atrás do SAG Awards para garantir o Oscar de atuação. Portanto, nessa função de prévia do Oscar, o Independent Spirit tomou o lugar do Globo de Ouro há tempos.

Neste ano, os convidados para o anúncio das indicações foram os atores Elizabeth Olsen, a Feiticeira Escarlate de Vingadores: Era de Ultron, e John Boyega, que estrela o novo filme da saga: Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força. Eles revelaram os indicados na manhã desta última terça-feira, dia 24, e a transmissão segue em link do Youtube:

O recordista em indicações é o novo filme de Todd Haynes, conhecido por Longe do Paraíso e Velvet Goldmine, Carol. Rotulado como o romance lésbico, o longa conquistou seis indicações, incluindo para a dupla de protagonistas Cate Blanchett e Rooney Mara, que competirão na mesma categoria. Claro que isso não significa que Mara não possa concorrer por Coadjuvante no Oscar, pois dependerá de sua inscrição pela campanha, mas certamente sua inclusão como atriz principal aqui, juntamente com o prêmio de atuação feminina em Cannes, reforçam sua indicação ao Oscar.

Em seguida, com cinco indicações, vem Beasts of No Nation, de Cary Joji Fukunaga, que aborda o treinamento de crianças para se formarem soldados com o intuito de lutarem em guerras civis no continente africano. Curiosamente, é a primeira produção da Netflix a concorrer ao prêmio, comprovando que as plataformas de streaming não vão se limitar às séries.

Michael Keaton e Mark Ruffalo em cena de Spotlight (photo by cine.gr)

Michael Keaton e Mark Ruffalo em cena de Spotlight (photo by cine.gr)

Com quatro indicações, Spotlight, drama jornalístico sobre escândalos verídicos de abusos de padres católicos, ganhou mais impulso para a temporada. Havia um certo receio de que o conservadorismo da Academia pudesse barrar a produção, mas com a alta de seu reconhecimento, fica praticamente impossível ignorar o filme, que já conquistou o prêmio de Melhor Elenco pelas performances de Mark Ruffalo, Michael Keaton, Rachel McAdams, Liev Schreiber e Stanley Tucci.

Com o mesmo número de indicações, a animação Anomalisa surpreendeu ao conquistar espaço nas principais categorias como Filme, Diretor e Roteiro. Contudo, a maior surpresa aqui é a inclusão do trabalho de dublagem da atriz Jennifer Jason Leigh como Atriz Coadjuvante. Sem contar com a presença de tela, a dublagem normalmente passa desapercebida pela maioria dos prêmios, pois muitos acreditam ainda que se trata de uma performance menor, ou mesmo limitada. As últimas duas atuações vocais que causaram um hype foram a de Scarlett Johansson, que faz a voz do sistema operacional em Ela (2013), e Ellen DeGeneres como a personagem amnésica Dory de Procurando Nemo (2003). Infelizmente, nenhuma das duas atrizes foram indicadas ao Oscar, mas alguns críticos já estão fazendo campanha para Jennifer Jason Leigh, que ainda conta com sua participação em Os 8 Odiados.

À direita, a personagem Lisa, dublada pela atriz Jennifer Jason Leigh (photo by observatoriodocinema.com.br)

À direita, a personagem Lisa, dublada pela atriz Jennifer Jason Leigh em Anomalisa  (photo by observatoriodocinema.com.br)

De todas as indicações, a que mais gostei foi para o diretor David Robert Mitchell por seu trabalho em Corrente do Mal. Trata-se de um terror pós-moderno que faz uma bela analogia à liberdade sexual entre os jovens de hoje. Fazer um filme de terror com conteúdo como fazia John Carpenter nos anos 70 e 80 está cada vez mais raro, e por isso mesmo, merece tal reconhecimento.

Vale destacar também as quatro indicações para o drama Tangerina, sobre duas prostitutas transsexuais que buscam vingança com seu cafetão na época do Natal em Los Angeles. Com um orçamento irrisório de 100 mil dólares e câmeras de iPhones modificadas, está competindo com grandes favoritos ao Oscar. Além disso, está lançando duas atrizes transsexuais para competir nas categorias de Atriz e Atriz Coadjuvante: Kitana Kiki Rodriguez e Mya Taylor, respectivamente. Caso uma das duas seja indicada para o Oscar, será a primeira vez que um ator transgênero consegue o feito.

Da esquerda pra direita, as atrizes Kitana Kiki Rodriguez e Mya Taylor em cena de Tangerina (photo by cine.gr)

Da esquerda pra direita, as atrizes Kitana Kiki Rodriguez e Mya Taylor em cena de Tangerina (photo by cine.gr)

Ainda sobre a lista de indicados, muitos especialistas acreditam que o drama O Quarto de Jack, considerado um “Oscar lock”, ficou aquém das expectativas na premiação. Segundo as apostas, faltaram indicações para Melhor Filme, Diretor (Lenny Abrahamson), Atriz Coadjuvante para Joan Allen, e Ator Coadjuvante Para Jacob Tremblay. Nesse cenário, a protagonista Brie Larson continua firme e forte na disputa para o Oscar de Atriz.

Outras ausências sentidas foram das atrizes Blythe Danner (I’ll See You in My Dreams), Lily Tomlin (Grandma), Saoirse Ronan (Brooklyn) e Elizabeth Banks (Love & Mercy), confirmando que estamos diante de um ano excepcional para atrizes como há muito não se via.

Diante desses indicados, com mais “cara de independente”, com exceções de Spotlight e Carol, talvez seja um ano de ruptura entre o Independent Spirit e o Oscar.

Seguem as indicações do Independent Spirit Awards 2016:

MELHOR FILME
– Anomalisa
– Beasts of No Nation
– Carol
– Spotlight
– Tangerina (Tangerine)

MELHOR DIRETOR
– Sean Baker (Tangerina)
– Cary Joji Fukunaga (Beasts of No Nation)
– Todd Haynes (Carol)
– Charlie Kaufman & Duke Johnson (Anomalisa)
– Tom McCarthy (Spotlight)
– David Robert Mitchell (Corrente do Mal)

MELHOR ROTEIRO
– Charlie Kaufman (Anomalisa)
– Donald Margulies (O Fim da Turnê)
– Phyllis Nagy (Carol)
– Tom McCarthy & Josh Singer (Spotlight)
– S. Craig Zahler (Bone Tomahawk)

MELHOR FILME DE ESTRÉIA
– The Diary of a Teenage Girl
– James White
– Manos Sucias
– Mediterranea
– Songs My Brothers Taught Me

MELHOR ROTEIRO ESTREANTE
– Jesse Andrews (Eu, Você e a Garota que Vai Morrer)
– Jonas Carpignano (Mediterranea)
– Emma Donoghue (O Quarto de Jack)
– Marielle Heller (The Diary of a Teenage Girl)
– John Magary, Russell Harbaugh, Myna Joseph (The Mend)

MELHOR ATOR
– Christopher Abbott (James White)
– Abraham Attah (Beasts of No Nation)
– Ben Mendelsohn (Mississippi Grind)
– Jason Segel (O Fim da Turnê)
– Koudous Seihon (Mediterranea)

MELHOR ATRIZ
– Cate Blanchett (Carol)
– Brie Larson (O Quarto de Jack)
– Rooney Mara (Carol)
– Bel Powley (The Diary of A Teenage Girl)
– Kitana Kiki Rodriguez (Tangerina)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
– Kevin Corrigan (Resultados)
– Paul Dano (Love & Mercy)
– Idris Elba (Beasts of No Nation)
– Richard Jenkins (Bone Tomahawk)
– Michael Shannon (99 Homes)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
– Robin Bartlett (H.)
– Marin Ireland (Glass Chin)
– Jennifer Jason Leigh (Anomalisa)
– Cynthia Nixon (James White)
– Mya Taylor (Tangerina)

MELHOR DOCUMENTÁRIO
– (T)error
– Best of Enemies
– Heart of a Dog
– The Look of Silence
– Meru
– The Russian Woodpecker

MELHOR FILME INTERNACIONAL
– Um Pombo Pousou num Galho Refletindo Sobre a Existência (En duva satt på en gren och funderade på tillvaron), de Roy Andersson
– Embrace of the Serpent (El Abrazo de la Serpiente), de Ciro Guerra
– Garotas (Bande de Filles), de Céline Sciamma
– Mustang, de Deniz Gamze Ergüven
– O Filho de Saul (Saul Fia), de László Nemes

MELHOR FOTOGRAFIA
– Beasts of No Nation
– Carol
– Corrente do Mal
– Meadlowland
– Songs My Brothers Taught Me

MELHOR MONTAGEM
– Heaven Knows What
– Corrente do Mal
– Manos Sucias
– O Quarto de Jack
– Spotlight

PRÊMIO JOHN CASSAVETES (Best Feature Under $500,000)
– Advantageous
– Christmas, Again
– Heaven Knows What
– Krisha
– Out of My Hand

PRÊMIO ROBERT ALTMAN (Best Ensemble)
* Spotlight

Kiehl’s Someone to Watch Award
– Chloé Zhao
– Felix Thompson
– Robert Machoian & Rodrigo Ojeda-Beck

PRÊMIO PIAGET DE PRODUTORES
– Darren Dean
– Mel Eslyn
– Rebecca Green and Laura D. Smith

A 31ª edição do Independent Spirit Awards acontece no dia 27 de fevereiro, como de costume, um dia antes da cerimônia do Oscar.

Idris Elba em cena de Beasts of No Nation, de Cary Fukunaga (photo by cine.gr)

Idris Elba em cena de Beasts of No Nation, de Cary Joji Fukunaga (photo by cine.gr)

%d blogueiros gostam disto: