Nem Billy Crystal, nem Whoopi Goldberg, nem Ellen DeGeneres. Os produtores da 85ª cerimônia do Oscar, Craig Zadan e Neil Meron, resolveram fazer uma aposta bem ousada com a escolha de Seth MacFarlane, mais conhecido por ser o criador da série animada Family Guy (Uma Família da Pesada) e American Dad! (desenhos que a Globo costuma passar de madrugada por ser impróprio para crianças). Por seu trabalho em Family Guy, MacFarlane levou dois prêmios Emmy, mas nunca foi host em nenhum tipo de premiação e aí é que mora o perigo. Não se sabe o que esperar dele e isso preocupa os pais americanos que já estão protestando publicamente nas redes sociais e grupos.
Este ano, para apimentar ainda mais a polêmica, MacFarlane lançou seu primeiro filme: Ted. Para quem ainda não viu, a comédia estrelada por Mark Wahlberg e Mila Kunis é sobre o ursinho de pelúcia Ted que, pelo desejo realizado de seu dono John Bennet, ganha vida e o acompanha desde sua infância até a idade adulta. O problema começa quando sua presença passa a incomodar no relacionamento com a namorada com seu mau comportamento.
E esse comportamento inadequado, que se resume a beber, fumar maconha e xingar meio mundo, acabou despertando a ira de um político brasileiro, que prefere aparecer na mídia com uma tentativa de censura do filme do que cuidar dos interesses do país. No caso, o deputado Protógenes Queiroz, do PC do B – SP, levou seu querido filho de 11 anos pra assistir ao filme. Mesmo ciente de que o filme tem censura de 16 anos, achou que por ter um ursinho fofo no pôster, mal não iria fazer para seu menino. Ledo engano. Saiu de lá revoltado e falando que Ted faz apologia às drogas. Sério, deputado?
Em rede social, declarou guerra: “O filme ‘Ted’ não esta apropriado para nenhuma faixa etária. Incentivar o consumo de drogas é crime, usando ainda ícones infantis. Não aceitamos mais esses enlatados culturais americanos no Brasil”.
Esses comunistas brasileiros… o que seríamos de nós sem eles? O Jornal da Tarde foi um dos meios de comunicação que atendeu ao pedido do político para aparecer na mídia e fez a charge abaixo:
Felizmente, a tentativa de Protógenes falhou. Como se suspeitava, era apenas fogo de palha.
Apesar das credenciais de homem de entretenimento, Seth MacFarlane é uma aposta arriscada não apenas pelo seu humor do tipo ácido corrosivo com o lado escatológico. Para quem conhece os seus desenhos animados, sabe que MacFarlane pode fazer um estrago e tanto no Oscar, especialmente se não colocarem os tais cinco segundos de atraso na transmissão (para os imprevistos de palavrões e gestos suspeitos como o seio de Janet Jackson no Super Bowl).
MAS… pior do que a dupla Anne Hathaway e James Franco não deve ser! Certo? Sou a favor de apostas mais arriscadas para a escolha do host do Oscar, pois por ser um programa televisivo, a cerimônia depende de audiência, e pra alcançar maiores números, precisa estar em sintonia com o público. Anne Hathaway e James Franco são apenas atores. Não têm experiência com comédias e nem musicais. Já Hugh Jackman, que foi host em 2009, além de contar com seus seguidores de seu personagem Wolverine, sabe cantar e dançar como ninguém: umverdadeiro “one man show”. Considero-o o novo Billy Crystal pela versatilidade nos números musicais e humor refinado.
Particularmente, gostaria muito de rever Jon Stewart como anfitrião. Ele foi host duas vezes: em 2006 e 2008. Sabe cutucar as celebridades, mas com classe. Sabe satirizar o mundo político sem ser pedante nos discursos de abertura. E conta com uma equipe de produção que faz ótimos vídeos com sátiras de filmes. Que tal em 2014, hein Academia?