Da esquerda para direita: Jackie Chan, Anne V. Coates, Lynn Stalmaster e Frederick Wiseman (photo by Rex/Shutterstock/ Invision/AP through Variety)
HOMENAGEADOS ABRANGEM 4 ÁREAS DISTINTAS: ATUAÇÃO, MONTAGEM, CASTING E DOCUMENTÁRIO
Olá, gente! Primeiramente, gostaria de pedir desculpas pelo atraso em postar aqui. Recentemente, mudei de residência e com isso, acabei não postando os indicados ao Festival de Veneza! Quando os vencedores forem divulgados, prometo que postarei.
Bom, a Academia revelou esta semana os profissionais que serão homenageados na cerimônia Governors Awards, que acontece no próximo dia 12 de novembro: o ator Jackie Chan, a montadora Anne V. Coates, o diretor de casting Lynn Stalmaster e o documentarista Frederick Wiseman.
“O Oscar Honorário foi criado para artistas como Jackie Chan, Anne Coates, Lynn Stalmaster e Frederick Wiseman – verdadeiros pioneiros e lendas em seus respectivos ofícios,” declarou a presidente da Academia Cheryl Boone Isaacs. “O conselho se orgulha por honrar suas extraordinárias conquistas, e esperamos ansiosamente para celebrar com eles no Governors Awards em Novembro.”
Após a atitude abrangedora da presidente Isaacs através dos convites para membros de todas as raças e nacionalidades, homenagear o hong-konguês Jackie Chan e a britânica Anne Coates parece ser uma nova extensão de sua política acolhedora.
Li alguns comentários de internautas perguntando: “O que Jackie Chan fez para merecer essa homenagem?” Se formos pela lógica da idade, comparado aos demais homenageados desta edição, Jackie realmente é um bebê, mas vale lembrar que ele já tem seus 62 anos. Já pela lógica de merecimento, temos que reconhecer que se trata de um ator internacional, que já atuou, escreveu, dirigiu e produziu mais de 30 filmes de artes marciais em Hong Kong. Dentre seus filmes mais famosos estão A Hora do Rush (trilogia), Bater ou Correr, a refilmagem de Karatê Kid e a trilogia de animação Kung Fu Panda.
Jackie Chan ao lado de Chris Tucker em cena de A Hora do Rush 2 (photo by New Line Cinema)
Além disso, acredito que o Oscar Honorário também tem esse propósito de premiar profissionais que dificilmente concorrerão ao Oscar competitivo. Claro que Jackie Chan pode interpretar um papel bem dramático e acabar ganhando a estatueta, mas as chances disso acontecer são mínimas. E vale lembrar aqui de Bruce Lee, outra lenda dos filmes de artes marciais. Tenho certeza de que se ele tivesse vivido por mais tempo, a Academia teria lhe reservado um Oscar Honorário.
Dos 4 homenageados, apenas Anne V. Coates foi indicada e venceu o Oscar. Sua vitória foi pelo clássico de David Lean, Lawrence da Arábia, de 1962. Ele foi indicada também por Becket – O Favorito do Rei, O Homem Elefante, Na Linha do Fogo e Irresistível Paixão. E, assim como todos os homenageados, ela continua trabalhando. Sua montagem mais recente foi pelo hit feminino Cinquenta Tons de Cinza.
A homenagem a Stalmaster pode e deve ter uma positiva repercussão no departamento de casting. Trata-se de uma profissão importantíssima para os filmes hollywoodianos, pois pesquisa e descobre os atores mais adequados para os mais diversos papéis. O fato de uma veterana ser devidamente reconhecida pode finalmente concretizar a categoria competitiva no Oscar. Lynn Stalmaster já foi responsável pela escalação de grandes atores em filmes como A Primeira Noite de um Homem, Um Violinista no Telhado, Amargo Pesadelo, Tootsie (alguém teria imaginado Dustin Hoffman como uma mulher?) e Os Eleitos.
Já Frederick Wiseman vem produzindo documentários com uma frequência inacreditável de um filme por ano desde 1967. Em busca de um olhar mais antropológico, ele se aventura em todos os tipos de temas, desde violência doméstica, cidades, hospitais psiquiátricos até cabarés.
Cena do documentário In Jackson Heights, sobre uma das cidades mais diversificadas do mundo. (photo by hollywoodreporter.com)
Tendo uma cerimônia não-televisionada, o Governors Awards se mostrou um sucesso, já que permite homenagens com videoclipes, introduções caprichadas e discursos morosos que carreiras excepcionais necessitam, algo que seria inviável numa cerimônia ao vivo como a do Oscar.
Seguem os homenageados das últimas edições:
2009: Lauren Bacall, John Calley, Roger Corman, Gordon Willis
2010: Jean-Luc Godard, Kevin Brownlow, Francis Ford Coppola, Eli Wallach
2011: James Earl Jones, Dick Smith, Oprah Winfrey
2012: Jeffrey Katzenberg, Hal Needham, D.A. Pennebaker, George Stevens Jr.
2013: Angelina Jolie, Angela Lansbury, Steve Martin, Piero Tosi
2014: Harry Belafonte, Jean-Claude Carrière, Maureen O’Hara, Hayao Miyazaki
À esquerda, o produtor Steve Golin e o elenco de ‘Spotlight – Segredos Revelados’, que venceu o prêmio de Melhor Filme (photo by hollywoodreporter.com)
‘MAD MAX’ CONQUISTOU 9 PRÊMIOS, INCLUINDO O DE MELHOR DIRETOR PARA GEORGE MILLER
Como postei aqui anteriormente, o Critics’ Choice Awards, apelidado carinhosamente por mim de “A Bolha Assassina” por abranger todas as categorias possíveis, representa uma penca de críticos dos EUA e do Canadá. Agora a questão é: “Eles votam guiados por suas análises críticas ou tentam acertar os futuros vencedores do Oscar?”. Como as edições anteriores comprovam, o prêmio previu 11 vencedores de Melhor Filme dos últimos 15 anos, uma estatística bastante expressiva.
Como já discutido no blog, hoje existem muitos prêmios que buscam ser o melhor parâmetro para o Oscar, principalmente depois que o Globo de Ouro deixou o posto, mas não sabemos até quando a Academia deixará de ser previsível dessa forma, pois sabe que, por mais que tenha seu prestígio único, depende de audiência para sua cerimônia, e para isso, precisa de elementos-surpresa para atrair a atenção do público e da mídia. No entanto, até esse dia chegar, o Critics’ Choice continua sendo um bom termômetro e este ano, elegeu Spotlight – Segredos Revelados como Melhor Filme do ano, batendo os favoritos O Regresso e Mad Max: Estrada da Fúria. Seria um indicativo?
Rachel McAdams recebe o prêmio de Elenco, representando seus colegas do filme Spotlight – Segredos Revelados. (Photo by Kevin Winter/Getty Images – Just Jared)
Sim, a vitória do drama sobre os crimes sexuais de padres católicos no Critics’ Choice demonstra um forte poder de reação do filme após definhar nos prêmios de sindicatos e no Globo de Ouro, onde perdeu para O Regresso. Por outro lado, vale lembrar que esses mesmos críticos foram na onda do momento e elegeram O Segredo de Brokeback Mountain, A Rede Social e Boyhood: Da Infância à Juventude, que depois padeceram para Crash – No Limite, O Discurso do Rei e Birdman, respectivamente, no Oscar. Particularmente nesses casos, prefiro os votos dos críticos, principalmente no ano em que o mega-maniqueísta Crash – Limite levou o Oscar.
O mesmo vale para categorias de atuação, onde alguns tinham todo o favoritismo a seu lado, mas não confirmaram seu predomínio no Oscar. Foram os casos de Eddie Murphy (Dreamgirls: Em Busca de um Sonho), Mickey Rourke (O Lutador) e Lauren Bacall (O Espelho tem Duas Faces) pra citar uns exemplos. Portanto, favoritos deste ano como Leonardo DiCaprio (O Regresso) e Sylvester Stallone (Creed: Nascido Para Lutar) podem, sim, perder seus tronos nessas seis semanas seguintes.
Desta vez, Sylvester Stallone não se esqueceu de mencionar o diretor de Creed: Nascido Para Lutar, Ryan Coogler (photo by chicagotribune.com)
Como estratégia, o Critics’ Choice insere seu prêmio bem na semana do anúncio das indicações ao Oscar. Trata-se de uma boa oportunidade de já conferir muitos dos recém-indicados ao Oscar andando no tapete vermelho e ter uma possível prévia dos vencedores e seus discursos de agradecimento. Sim, se os discursos forem chatos e longos, muitos chegam a mudar seus votos na hora da eleição na Academia. Ninguém quer outra Greer Garson… Dos vencedores das categorias de cinema, o único vencedor que não está incluso na festa do Oscar é a canção “See You Again”, do filme Velozes & Furiosos 7. Sem contar, claro, as categorias inexistentes no Oscar como Atriz de Comédia, Ator e Atriz de Filme de Ação, Ficção Científica etc.
Outro diferencial em relação à cerimônia do Oscar, que muitos apoiam, é a desnecessidade de apresentar os prêmios técnicos a fim de agilizar o evento. Num clipe de curtíssima duração, foram anunciados vários vencedores como Fotografia, Direção de Arte, Figurino etc, cuja maioria foi vencida por Mad Max. Tinha prêmios que foram anunciados do lado de fora da festa por repórteres como Melhor Animação! Tudo bem que querem reduzir a duração do evento, mas desse forma?
Eu acredito que a cerimônia do Oscar precisa dar uma recauchutada, mas não voto nas exclusões dessas categorias. Acho um crime! Por exemplo, muitos vencedores do Oscar de Curta-Metragem mal conseguem alguma projeção mesmo aparecendo na televisão, imagina se forem apenas mencionados! Se for pra limar alguma coisa, por que não reduzir as piadinhas dos apresentadores (que ninguém dá risada)?
Talvez essa indiferença do Critics’ Choice em categorias técnicas tenha causado a ausência de diretores também. Nas vitórias de Ex-Machina: Instinto Artificial como Melhor Filme de Ficção Científica e na de Mad Max: Estrada da Fúria como Filme de Ação e Melhor Diretor, Alex Garland e George Miller não estavam presentes.
Se bem que achei o nível de ausências muito alto. Corrijam-me se estiver enganado: Mark Ruffalo, Michael Keaton, Brie Larson, Tom Hardy, Charlize Theron e Leonardo DiCaprio, o único que teve direito a um discurso de agradecimento pré-filmado vendido como transmissão ao vivo via satélite. Achei um pouco desrespeitoso para os concorrentes de Leo, que compareceram ao evento sem saber que iriam perder.
Dos presentes, o discurso mais aplaudido foi do pequeno Jacob Tremblay, que levou o prêmio de Melhor Jovem Ator ou Atriz por sua performance em O Quarto de Jack. Sem alcançar direito o microfone, ele teve a ajuda do apresentador para logo em seguida dizer: “Este é o melhor dia da minha vida!”. Mencionou o alto nível de talento de seus colegas da categoria, agradeceu o elenco e a equipe do filme e terminou com: “Já sei onde colocar esse prêmio: na prateleira, ao lado da minha (espaçonave) Millenium Falcon”. Pena que ele não terá essa oportunidade no Oscar, já que ficou de fora da competição.
Seguem os vencedores do 21º Critics’ Choice Awards:
CINEMA
FILME Spotlight – Segredos Revelados (Spotlight)
ATOR Leonardo DiCaprio (O Regresso)
ATRIZ Brie Larson (O Quarto de Jack)
ATOR COADJUVANTE
Sylvester Stallone (Creed: Nascido Para Lutar)
ATRIZ COADJUVANTE
Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa)
DIRETOR: George Miller (Mad Max: Estrada da Fúria)
COMÉDIA A Grande Aposta (The Big Short)
ATOR EM COMÉDIA Christian Bale (A Grande Aposta)
ATRIZ EM COMÉDIA Amy Schumer (Descompensada)
ROTEIRO ORIGINAL Josh Singer e Tom McCarthy (Spotlight – Segredos Revelados)
ROTEIRO ADAPTADO Charles Randolph e Adam McKay (A Grande Aposta)
ELENCO Spotlight – Segredos Revelados
JOVEM ATOR OU ATRIZ Jacob Tremblay (O Quarto de Jack)
TERROR OU FICÇÃO CIENTÍFICA Ex-Machina: Instinto Artificial (Ex Machina)
FILME DE AÇÃO Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road)
LONGA DE ANIMAÇÃO Divertida Mente (Inside Out)
ATOR EM FILME DE AÇÃO Tom Hardy (Mad Max: Estrada da Fúria)
ATRIZ EM FILME DE AÇÃO Charlize Theron (Mad Max: Estrada da Fúria)
FOTOGRAFIA Emmanuel Lubezki (O Regresso)
DIREÇÃO DE ARTE Colin Gibson (Mad Max: Estrada da Fúria)
MONTAGEM
Margaret Sixel (Mad Max: Estrada da Fúria)
FIGURINO Jenny Beavan (Mad Max: Estrada da Fúria)
MAQUIAGEM E CABELO Mad Max: Estrada da Fúria
EFEITOS VISUAIS Mad Max: Estrada da Fúria
CANÇÃO “See You Again” (Velozes & Furiosos 7)
FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA Filho de Saul (Saul Fia)
DOCUMENTÁRIO Amy (Amy)
TRILHA MUSICAL Ennio Morricone (Os 8 Odiados)
TELEVISÃO
SÉRIE DE COMÉDIA Master of None
SÉRIE DRAMÁTICA Mr. Robot
ATOR EM SÉRIE DRAMÁTICA Rami Malek (Mr. Robot)
ATRIZ EM SÉRIE DRAMÁTICA Carrie Coon (The Leftovers)
ATOR EM SÉRIE DE COMÉDIA Jeffrey Tambor (Transparent)
ATRIZ EM SÉRIE DE COMÉDIA Rachel Bloom (Crazy Ex-Girlfriend)
ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE DE COMÉDIA Andre Braugher (Brooklyn Nine-Nine)
ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE DE COMÉDIA Mayim Bialik (The Big Bang Theory)
FILME FEITO PARA TV OU MINISSÉRIE Fargo
ATOR EM FILME FEITO PARA TV OU MINISSÉRIE Idris Elba (Luther)
ATRIZ EM FILME FEITO PARA TV OU MINISSÉRIE Kirsten Dunst (Fargo)
ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE DRAMÁTICA Christian Slater (Mr. Robot)
ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE DRAMÁTICA Constance Zimmer (UnREAL)
ATOR OU ATRIZ CONVIDADO EM SÉRIE DRAMÁTICA Margo Martindale (The Good Wife)
ATOR OU ATRIZ CONVIDADO EM SÉRIE DE COMÉDIA
Timothy Olyphant (The Grinder)
REALITY SHOW – COMPETIÇÃO The Voice
ATOR COADJUVANTE EM FILME FEITO PARA TV OU MINISSÉRIE Jesse Plemons (Fargo)
ATRIZ COADJUVANTE EM FILME FEITO PARA TV OU MINISSÉRIE Jean Smart (Fargo)
SÉRIE ANIMADA BoJack Horseman
HOST DE REALITY SHOW James Lipton (Inside the Actors)
REALITY SHOW ESTRUTURADO Shark Tank
TALK SHOW Last Week Tonight with John Oliver
REALITY SHOW NÃO-ESTRUTURADO Anthony Bourdain: Parts Unknown
Spike Lee, Debbie Reynolds e Gena Rowlands serão os homenageados deste ano (photo by elperiodico.com.do)
ACADEMIA HONRA TRÊS INDICADOS QUE NUNCA VENCERAM
Para quem assiste à cerimônia do Oscar e não é lá muito cinéfilo, algumas categorias técnicas e/ou menores tais como Efeitos Sonoros ou Curta-Metragem de Animação podem ser um tédio interminável, ainda mais quando o vencedor sobe ao palco achando que tem que agradecer todas as pessoas que conheceu na vida. Aliás, há uns dois anos, já ouço rumores de que os organizadores do evento estariam interessados em limar essas categorias justamente para dar mais ritmo ao show e atrair mais audiência televisiva, que vem caindo nos últimos anos. E há 7 anos, em 2009, a Academia tomou uma decisão sábia nesse sentido: retirou o Oscar Honorário da cerimônia.
Calma. Não me interpretem mal! Sou cinéfilo e adoro as homenagens, especialmente com profissionais tão talentosos e experientes como os que ganharam a honraria como Stanley Donen e Robert Altman, mas em termos práticos, digamos assim, foi uma decisão acertada, pois era nesses momentos nostálgicos que o telespectador comum trocava de canal ou ia pra cama mais cedo. Além disso, com a criação do Governors Awards, um evento paralelo ao Oscar que ocorre em novembro, é possível fazer a homenagem com o devido respaldo e tempo (sem precisar tocar musiquinha pra expulsar o veterano do palco). E ao contrário do Oscar Honorário, que costumava honrar apenas um por ano, o Governors emplaca pelo menos três de uma vez! E com a festa separada, cada homenageado tem seu devido tempo com seu apresentador exclusivo.
Pra quem não conhece, veja o vídeo da homenagem ao mestre da animação Hayao Miyazaki no Governors Awards 2014, feito por John Lasseter, e em seguida, o discurso de Miyazaki:
Não existe uma regra específica para quem pode ser homenageado como o fato de nunca ter ganhado o Oscar. Prova disso foi o próprio diretor Hayao Miyazaki, que em 2002, mesmo ausente da cerimônia, venceu o Oscar de Melhor Longa de Animação por A Viagem de Chihiro. Mas, coincidência ou não, este ano, todos os artistas saudados nunca ganharam uma estatueta. Eles são: Spike Lee, Debbie Reynolds e Gena Rowlands. Eles foram os mais bem votados entre os membros da Academia na eleição que ocorreu no último dia 25. Não haverão receptores para os prêmios especiais Jean Hersholt Humanitarian Award e Irving G. Thalberg, destino a produtores.
DEBBIE REYNOLDS
Debbie Reynolds com Gene Kelly no filme Cantando na Chuva (photo by thetimes.co.uk)
Para o público cinéfilo, Debbie Reynolds será eternizada por sua performance como a atriz Kathy Selden no clássico musical Cantando na Chuva (1952). Além de seu talento como atriz, ela demonstrou habilidade na dança que muitos duvidaram. Afinal, não era qualquer uma que conseguiria acompanhar os passos de Gene Kelly e Donald O’Connor. Já para o público nerd, ela será sempre a mãe da Princesa Leia, a atriz Carrie Fisher, da cinessérie Star Wars, que terá a franquia reativada este ano com Star Wars: Episódio VII: O Despertar da Força.
Foi indicada uma vez para Melhor Atriz em 1965 por A Inconquistável Molly, mas perdeu para Julie Andrews (Mary Poppins). Curiosamente, recebeu o Lifetime Achievement Award no SAG este ano.
SPIKE LEE
Spike Lee em cena de Faça a Coisa Certa, escrito e dirigido por ele (photo by theodysseyonline.com)
Um dos primeiros filmes que assisti de Spike Lee foi Faça a Coisa Certa (1989). O que era aquele filme? Aquela obra transpirava criatividade e tinha uma voz única que pouco vi no cinema. Merecia o Oscar de Melhor Filme, que acabou indo para outro longa sobre racismo (Conduzindo Miss Daisy), mas beeeem mais light e conservador. Spike Lee, norte-americano negro, é um artista que trouxe orgulho à comunidade negra por sua defesa e retrato de personagens de seus filmes, sejam eles ficcionais ou verídicos como o lendário Malcolm X, impecavelmente interpretado por Denzel Washington. Porém, nos últimos anos, talvez exceto pelo bom O Plano Perfeito (2006), suas produções se tornaram menos relevantes. E pra piorar, caiu no meu conceito quando comprou briga com o diretor Quentin Tarantino por ele ter usado o termo “nigger” (crioulo) – muito comum na Mississipi racista – no filme Django Livre (2012). Parecia atitude de ex-Big Brother querendo causar pra aparecer na mídia… Uma pena.
Foi indicado ao Oscar duas vezes. Em 1990, pelo Roteiro Original de Faça a Coisa Certa. E em 1998, pelo Documentário 4 Little Girls.
GENA ROWLANDS
Gena Rowlands em cena de Uma Mulher Sob Influência (photo by crimsonkimono.com)
Quando se vê o conjunto de trabalho de Gena Rowlands, é de se espantar como ela não ganhou seu merecido Oscar. Tudo bem que a maioria de suas performances estão em produções independentes que, nos anos 70 e 80 eram menos vistos do que hoje, mas felizmente a Academia está tentando reparar essa enorme injustiça ao lhe fazer esta bela homenagem. Para o público de hoje, ela é mais conhecida como a versão idosa da protagonista do romance Diário de uma Paixão (2004) ou do filme de terror A Chave Mestra (2005), mas houve um tempo em que ela era a rainha dos filmes independentes ao lado do marido e diretor John Cassavetes.
Aliás, Cassavetes é considerado por muitos o pai do cinema independente americano, inclusive tendo um prêmio em seu nome no prestigiado Independent Spirit Awards. O casal fez ao todo dez filmes juntos, tendo como highlights justamente aqueles por qual ela recebeu indicação ao Oscar: Uma Mulher Sob Influência em 1975 e Gloria em 1981. Rowlands tornou suas personagens fortes em mulheres fortes, porém com uma sensibilidade que pouco se via.
Seguem os vencedores do Governors Awards desde sua criação em 2009:
2009: Lauren Bacall, John Calley, Roger Corman, Gordon Willis
2010: Jean-Luc Godard, Kevin Brownlow, Francis Coppola, Eli Wallach
2011: James Earl Jones, Dick Smith, Oprah Winfrey
2012: Jeffrey Katzenberg, Hal Needham, D.A. Pennebaker, George Stevens Jr.
2013: Angelina Jolie, Angela Lansbury, Steve Martin, Piero Tosi
2014: Harry Belafonte, Jean-Claude Carrière, Maureen O’Hara, Hayao Miyazaki
A cerimônia do 7º Governors Awards será no dia 14 de novembro.
O host do Oscar 2015, Neil Patrick Harris, em sua mensagem de fim de ano
Primeiramente, gostaria de agradecer ao pessoal que visita o blog, acompanha os posts com paciência e comenta. Trata-se do melhor incentivo que recebo, uma vez que escrevo aqui puramente por paixão ao ofício e à Arte do Cinema. O post de hoje é o último do ano de 2014. Achei uma boa idéia fazer uma espécie de retrospectiva do ano em relação aos principais acontecimentos e aos filmes vistos. Gostaria também de convidar a todos pra escrever sobre os seus favoritos (ou piores) de 2014.
OSCAR 2014
A Academia fez história ao premiar 12 Anos de Escravidão como Melhor Filme. Trata-se do primeiro produzido e dirigido por um negro (Steve McQueen), assim como escrito por um roteirista negro (John Ridley) a ganhar o Oscar. Curiosamente, esse fato ocorre no mesmo ano em que há uma crise nos conflitos raciais nos EUA, originada por morte de negros por policiais brancos, prova de que o racismo está longe de ter fim, mesmo em pleno século XXI. Não sei se a escolha da Academia teve maior embasamento político, mas meu voto iria para O Lobo de Wall Street. Depois que Martin Scorsese ganhou finalmente seu Oscar em 2007, ele se libertou das amarras do academicismo e passou a alçar vôos mais ambiciosos. De lá pra cá, ele dirigiu o ousado terror noir de A Ilha do Medo, a carta de amor ao Cinema de A Invenção de Hugo Cabret e este libertino O Lobo de Wall Street, pelo qual ele teve finalmente sua recompensa em apostar em Leonardo DiCaprio. É um raríssimo caso em que o Oscar continuou iluminando a carreira já vitoriosa de um vencedor.
Quanto aos resultados, eu tiraria o Oscar de montagem de Gravidade e daria para Capitão Philips, por conseguir manter a tensão do início ao fim claustrofóbico. O Oscar de maquigem também teria outro dono na minha opinião, pois Clube de Compras Dallas tem mais do esforço dos atores do que maquiagem propriamente dita. E gostaria que o Oscar de coadjuvante fosse para a graciosa June Squibb por Nebraska. Pode parecer que estou preferindo Squibb a Lupita Nyong’o simplesmente pela idade, mas eu realmente considero sua interpretação mais consistente. Ela é o ponto de equilíbrio entre os personagens do filho (Will Forte) e o pai (Bruce Dern) sem deixar de perder o senso de humor e a ternura. Eu também gostaria que Judi Dench vencesse seu segundo Oscar por Philomena, mas Cate Blanchett estava tão imbatível em Blue Jasmine que parecia missão impossível.
June Squibb em cena de Nebraska (photo by cinemagia.ro)
MARATONA JAMES BOND
Fui introduzido ao universo de James Bond pelo meu pai, que assistia aos filmes de Sean Connery nos cinemas. Na adolescência, cheguei a juntar minha mesada pra comprar a coleção de VHS que saiu nas bancas e fui conhecendo filme por filme. Como comprei a coleção em blu-ray no final do ano passado, achei uma ótima oportunidade pra fazer uma maratona James Bond neste ano e em ordem cronológica de lançamento.
Claro que os melhores filmes permanecem aqueles estrelados por Sean Connery. Meu pai e meu irmão gostam de Moscou Contra 007. Já eu prefiro 007 Contra o Satânico Dr. No pelo frescor na espionagem ou 007 Contra Goldfinger por ser bem icônico na saga, mas confesso que se eu pudesse eleger apenas um, meu favorito hoje seria 007 – Cassino Royale. Gosto da estrutura do filme, que segue as pistas até chegar aos peixes grandes. Os personagens estão bem definidos: dos vilões Mollaka, que pratica le parkour no início do filme, Le Chiffre, que conta com a força da presença de Mads Mikkelsen, a incógnita Vesper Lynd feita pela igualmente misteriosa Eva Green, e o que dizer de Daniel Craig? Admito que quando soube da escolha dele como 6º Bond, tive minhas dúvidas, mas que logo se dissiparam nos primeiros minutos do filme. Meu pai, fã de Connery, não gosta de Craig: “Ele é muito burucutu, sem charme”. Sim, no filme ele é meio sem noção, mas temos que lembrar que se trata de um reboot na franquia. O personagem icônico está em sua primeira missão como agente com permissão para matar e seus deslizes são mais do que comuns e perdoáveis. Daniel Craig tornou o personagem palpável, com direito a cometer erros, vulnerável e humano. É ali também que descobrimos por que ele se tornou tão desconfiado em relação às mulheres.
Indubitavelmente, depois de sua inserção no universo de Bond, a saga do espião nos cinemas definitivamente subiu de nível. Deixou de ser aquelas aventuras que só tinham o intuito de mostrar belas mulheres e locações para acrescentar à cultura mundial. Infelizmente, sofreu com a greve de roteiristas em 007 – Quantum of Solace, mas com 007 – Operação Skyfall, com a colaboração do diretor Sam Mendes, o diretor de fotografia Roger Deakins e o diretor de arte Dennis Gassner, a parte técnica foi para patamares nunca explorados, tanto que o filme recebeu indicações ao Oscar de fotografia, e o ganhou o BAFTA de Melhor Filme Britânico.
Um fato curioso é que este ano, três atores que viveram vilões na saga James Bond partiram: Richard Kiel, que interpretou Jaws, o vilão que virou mocinho (007 – O Espião que Me Amava e 007 Contra o Foguete da Morte). Gottfried John, o frio Coronel Ourumov (007 Contra GondenEye). E Geoffrey Holder, o imortal Barão Samedi (Com 007 Viva e Deixe Morrer).
Do topo da esquerda em sentido horário: Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Daniel Craig, Pierce Brosnan e Timothy Dalton (photo by thekliqnation.com)
MARVEL NAS MÃOS CERTAS E ERRADAS
Como fã declarado da Marvel Comics do tipo que colecionava quadrinhos do Homem-Aranha e X-Men, vou aos cinemas ver as adaptações com um sorriso enorme no rosto, pois na época em que acompanhava as histórias, pensava que esse dia jamais chegaria. Este ano, o maior prazer foi assistir à sequência Capitão América: O Soldado Invernal, tanto que fui duas vezes ao cinema. A grande fórmula do sucesso do produtor Kevin Feige tem sido o acerto na hora de contratar os diretores, roteiristas e atores. Nada de ficar cedendo às pressões dos executivos dos estúdios para chamar celebridades ou diretores com pedigree. Os diretores Anthony Russo e Joe Russo também acertaram ao abordar o resgate do Capitão América ao século XXI como um grande filme de espionagem dos anos 70 como Três Dias de Condor.
Robert Redford e Chris Evans em cena de Capitão América: O Soldado Invernal (photo by cinemagia.ro)
Inteligentemente, a Marvel Studios não vive apenas de sequências para não ver a fonte de renda secar. Para isso, ela fez uma aposta de alto risco com a adaptação de Guardiões da Galáxia, pois são personagens considerados de segunda linha da editora, e por isso, tinham tudo para ser um possível fracasso comercial. A aposta se estendeu até na escolha do protagonista: o jovem Chris Pratt, que até então era ator de segundo escalão e coadjuvante da série de comédia Parks & Recreation, felizmente deu bastante certo como Peter Quill, vulgo Star Lord. Após tamanho sucesso nas bilheterias, a sequência já está confirmada para 2017, e Pratt ainda conseguiu papel de protagonista no próximo Jurassic World.
Integrantes excêntricos do grupo Guardiões da Galáxia. (photo by outnow.ch)
Infelizmente (mesmo!), como a Marvel Comics faliu nos anos 90, ela se viu obrigada a vender os direitos autorais de seus personagens para grandes estúdios como Fox e Sony, o que impossibilita os tão aguardados crossovers nas telas e geram incontáveis novas adaptações de qualidade duvidosa. Digamos que a Marvel Studios, que originou sucessos como a trilogia do Homem de Ferro e Os Vingadores, cria os filmes com planejamento e respeito ao público e aos milhares de fãs mundo afora. Já a Sony e Fox estão mais interessadas em pegar carona na alta dos super-heróis, tanto que fizeram reboots do Homem-Aranha apenas 5 anos depois de Homem-Aranha 3 (estrelado por Tobey Maguire) e dos mutantes X-Men com X-Men: Primeira Classe, retratando a juventude dos personagens nos anos 60 e, agora com X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, praticamente apagaram toda a história passada nos filmes anteriores por causa das viagens no tempo.
Para o grande público, talvez quem produz o filme não faça diferença, mas os números nas bilheterias são mais uma prova de que quando as adaptações são bem pensadas, bem filmadas e bem finalizadas, o sucesso é mera consequência e os filmes entram para a História do Cinema.
NETFLIX E OUTRAS ALTERNATIVAS
Depois da dificuldade que passei ano passado em encontrar títulos no mercado legal (precisava assistir a A Hora Mais Escura pra escrever um artigo antes do Oscar), tive que recorrer a outros meios “não tão legais assim”. Este ano, descobri um bom site chamado Toca dos Cinéfilos, que dispõe de um ótimo acervo de filmes em streaming. De lá, assisti finalmente ao filme romeno vencedor da Palma de Ouro, 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, que estava procurando há tempos. Claro que não apresenta a melhor qualidade de imagem de áudio e vídeo, mas na atual conjuntura, “é o que tem pra hoje”. Não recomendo aos cinéfilos assistir aos filmes nesses sites por se tratar de um crime previsto em lei, mas com a péssima distribuição de filmes e os altos impostos cobrados em mídias digitais como DVDs e Blu-Rays aqui no Brasil, não tem como desestimular as pessoas a procurar outras alternativas.
Hoje em dia, um ingresso de cinema não sai por menos de 25 reais nos shoppings, sem contar o estacionamento e aqueles combos de pipoca de ouro. Enquanto isso, o filme polonês favorito ao Oscar de Filme em Língua Estrangeira, Ida, está disponível nesse site. Claro que em qualidade inferior e dublado num francês meio sofrível, mas quem não tem cão..
4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (photo by outnow.ch)
Já no Netflix, confesso que mais revi do que assisti novos filmes. Um Príncipe em Nova York, Um Tira no Jardim de Infância e Os Garotos Perdidos foram alguns desses títulos, que não via há um bom tempo. Mas a maior surpresa ficou por conta de um achado: O Destino Mudou sua Vida, de Michael Apted. Como sempre fui atrás dos filmes que ganharam o Oscar, procurei por este que rendeu a estatueta de Melhor Atriz para Sissy Spacek por vários anos, mas nunca tinha visto cópia em VHS ou DVD. A performance de Spacek é digna de nota, pois ela abrange a personagem real Loretta Lynn da adolescência até a idade adulta no auge da carreira de cantora country, além de cantar com sua própria voz. A atriz bateu outros nomes de peso como Gena Rowlands, Ellen Burstyn e Mary Tyler Moore naquele ano de 1981. E curiosamente, Tommy Lee Jones faz o marido Doolittle Lynn; mesmo bem mais novo, já tinha aquela cara de carrancudo!
Tommy Lee Jones e Sissy Spacek em O Destino Mudou Sua Vida (photo by outnow.ch)
CRÍTICAS POSITIVAS E NEGATIVAS
Pra não dizer que só fui na base da ilegalidade, comprei o DVD da ficção científica Sob a Pele, de Jonathan Glazer, mesmo este disponível em streaming. Provavelmente é o filme mais estranho que vi este ano. Por mais que tenha sentido falta de uma coerência ou até mesmo uma questão de unidade, foi um dos filmes que mais se destacaram pelo frescor de suas imagens, aliadas a uma trilha igualmente bizonha com direito a tema de sedução. Acredito que são esses filmes que almejam inovações que fazem do cinema uma Arte que atravessa as décadas e se mantém no topo, porque se dependesse de produtores atuais que só pensam em números de bilheteria, o Cinema seria um entretenimento acéfalo do tipo “Pão e Circo”.
Cena de Sob a Pele (photo by cinemagia.ro)
Apesar de não bater muito bem da cabeça, os filmes de Lars von Trier seguem na mesma linha de inovação, do tipo “ame ou odeie”. Este ano, vi os dois volumes do filme Ninfomaníaca. Assim como os filmes de Kill Bill, de Tarantino, a divisão tornou o primeiro volume em algo mais episódico e de humor mais acertivo, já o segundo é mais sóbrio com a busca pelo prazer ultrapassando os limites físicos e psicológicos que lembram o néo-clássico de Nagisa Oshima, O Império dos Sentidos (1976). Como o diretor dinamarquês iniciou sua carreira com filmes esteticamente perfeitos como Elemento de um Crime (1984) e Europa (1991), e depois pegou carona no Movimento Dogma 95 que não permitia recursos técnicos básicos como iluminação, resultando em Os Idiotas (1998) e Dançando no Escuro (2000), ele teve uma interessante experiência na mistura da estética com a narrativa. Seus últimos filmes são provas concretas desse aprendizado: Dogville (2003), Anticristo (2009), Melancolia (2011) e esses dois Ninfomaníaca. Em 2011, foi banido do Festival de Cannes quando declarou que “entendia Hitler” e se dizia anti-semita, mas independente de suas posições políticas, seus filmes já podem ser considerados eventos.
Cena de Ninfomaníaca Vol. 2 – Versão do Diretor (photo by outnow.ch)
Já em relação aos filmes mais mainstream, meu voto de melhor do ano vai para Boyhood: Da Infância à Juventude. Gosto de praticamente tudo: do projeto de 12 anos, da paixão dos profissionais envolvidos por tanto tempo, do roteiro “sem história”, dos personagens centrais em constante transformação, da expectativa da mãe sobre a vida: “É isso? Eu esperava mais…”. É um filme intimista que explora a relação que temos com o tempo e com as pessoas que amamos. A gente fica tão ligado em histórias e tramas mirabolantes, que esquecemos o poder de um olhar tão atento aos detalhes como o de Richard Linklater. Não vi todos os possíveis concorrentes, mas espero que Boyhood consiga suas indicações e até ganhe o Oscar de Melhor Filme.
Da esquerda para a direita: Lorelei Linklater, Ethan Hawke e Ellar Coltrane em Boyhood: Da Infância à Juventude (photo by elfilm.com)
Quanto às bombas do ano, meu voto vai para o novo Godzilla. Quando se erra no tom, nem trazendo Tom Cruise, Brad Pitt, Julia Roberts, Meryl Streep… quer dizer, Meryl Streep não. Ela é à prova de fracassos! Não sou fanático por filmes de monstros, mas gostei do sul-coreano O Hospedeiro (2006) e achei interessante o Cloverfield: Monstro (2008), por exemplo, mas essa nova versão do monstro nuclear nipônico não acrescenta em nada na história originada nos anos 50. Quanto ao tom, se fosse mantido o mesmo do início do filme em que Juliette Binoche e Bryan Cranston realmente vivem personagens envolvidos numa tragédia, certamente o filme seria outro. Se tem uma receita certa para filmes de monstros, é que se deve valorizar muito mais os personagens do que o monstro em si. E fiquei com pena da Sally Hawkins, que por mais que tenha ganhado seu salário, não passou de uma tradutora de japonês de Ken Watanabe: um desperdício de talento.
Godzilla: Enquanto Bryan Cranston esteve na tela, o filme era “assistível”. Depois eu queria meu dinheiro de volta! (photo by outnow.ch)
Gostaria de aproveitar pra fazer um comentário à parte em relação ao filme Garota Exemplar. Quando soube que o livro seria adaptado para o cinema pelas mãos de David Fincher, não hesitei em comprar o livro e ler, afinal, ele é o melhor diretor pra cuidar de personagens psicóticos (Seven: Os Sete Crimes Capitais, Clube da Luta e Zodíaco), mas fiquei um pouco desapontado com o resultado final. Desde o sucesso de A Rede Social (2010), o estilo visual de Fincher não mudou quase nada nos filmes seguintes: Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011) e agora Garota Exemplar. Mesmo não se tratando de um trilogia, o diretor realizou uma espécie de “pasteurização” em todos os departamentos: fotografia com cores frias, direção de arte, trilha musical com poucas notas e uma montagem frenética que beira o automático. Embora Garota Exemplar seja uma boa adaptação do best-seller de Gillian Flynn, o diretor poderia rever seus conceitos para o próximo projeto antes que se torne repetitivo demais.
FILMES NA 38ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO
Toda vez que a Mostra de Cinema vai vender pacotes de filmes, estou fora da cidade! Felizmente, desde o ano passado, o evento passou a contar com a evolução das vendas de ingresso pela internet. Pra quem trabalha o dia todo e não tem como ficar trocando ingressos durante o dia, a internet é uma mão na roda. Depois de muita análise da programação, consegui pegar algumas sessões interessantes como a de Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo. O novo filme de Bennett Miller foi indicado à Palma de Ouro em Cannes e saiu com o prêmio de Direção. O trio de atores está excepcional: Steve Carell impressiona por sua frieza nas expressões e em sua movimentação lenta, como se estivesse num transe; Channing Tatum como uma força incontrolável e sem direção, com olhar misterioso e perdido; e Mark Ruffalo consegue cativar como o irmão mais velho de Tatum com carisma e seriedade sem fazer muito esforço, já que tem um talento natural para se transformar nos personagens.
Channing Tatum e Mark Ruffallo trabalham no novo filme de Bennett Miller, Foxcatcher (photo by outnow.ch)
Também destaco o filme russo Leviatã, que faz uma ótima metáfora religiosa da história de Jó com uma leitura política da Rússia de hoje, sem abrir mão do humor ácido e politicamente incorreto. Adoraria ver a reação do presidente Vladimir Putin ao ver esse filme! É um belo tapa na cara da república ditatorial que ele vem criando. Gostaria que houvesse mais filmes assim aqui no Brasil, pois já que os políticos são intocáveis, nada melhor do que um tapa bem dado em quem governa e rouba este país. Por Leviatã, o diretor Andrey Zvyagintsev foi merecidamente premiado pelo roteiro em Cannes, e está concorrendo ao Globo de Ouro de Filme Estrangeiro.
Cena de A Pequena Morte (photo by outnow.ch)
Já na repescagem da Mostra, apostei no filme australiano A Pequena Morte e me surpreendi bastante. Já que o título se refere à pequena morte do orgasmo, o filme conta com várias histórias de casais com problemas sexuais que habitam o mesmo bairro. Como num filme de Robert Altman, os personagens cruzam entre si durante suas jornadas particulares, formando um mosaico irresistível de humor refinado, que nunca vi antes numa comédia americana. Aliás, vi o filme no CineSesc da rua Augusta e nessa noite, estava caindo um temporal dos infernos. Como a sala não tinha gerador, a projeção foi interrompida umas cinco vezes! O público só ficou mesmo porque o filme valia a pena. Não deve ter previsão de estréia por aqui, pra variar, então o jeito é vasculhar na internet…
ATOS SELVAGENS NO CINEMA
Enquanto o filme começava na sala do shopping Bourbon, um casal chegou atrasado e segundo relatos da minha prima, que sentou ao lado, não parava de fazer comentários do tipo: “Ah isso é típico de argentino!”. Fato que irritou também o casal de idosos que estava sentado logo na fileira de trás, que passou a dar uns “chutes amigáveis” na poltrona na mulher falastrona pra ver se se toca, mas o nível de ignorância foi tamanha, que a mulher passou a gritar com palavras de baixo calão para a senhora, que ficou perplexa. A discussão durou cerca de 2 minutos, e nesse momento, o público ficou mais interessado no relato selvagem da realidade do que do próprio filme que trata de personagens em situação limite.
Relatos Selvagens é formado por seis segmentos não-interligados entre si, mas que possuem personagens à beira de um ataque de nervos em comum, então são muitas situações envolvendo vingança e momentos críticos. Como é um tema universal, fica muito fácil de se identificar com as histórias. Em especial, a história denominada “Bombita”, estrelada por Ricardo Darín, ele tem seu carro guinchado por ter estacionado em local proibido mal sinalizado. Indignado com a lei má aplicada, ele enfrenta a burocracia a seu modo. Tenho certeza de que todo brasileiro se identificou e torceu pelo personagem.
Cena da última história do argentino Relatos Selvagens (photo by cine.gr)
Quanto à barbarie dentro das salas de cinema, tive outra experiência negativa ao assistir o terror Annabelle. Eu já sabia que encararia público mais mal comportado e “aborrecente”, por isso mesmo, meus amigos e eu decidimos pegar a última sessão de uma segunda-feira. Eu até pensei em deixar pra ver em casa, mas além de terror ser um gênero propício para cinema, o filme estava batendo recordes de bilheteria no Brasil, sendo o mais visto no gênero da História! Depois que o filme terminou, vi o quão baixo está o nível mínimo de exigência do público brasileiro. Que filme ruim! Roteiro fraquíssimo com personagens fúteis em cenas que não avançam a história e sequer assustam. Como se não bastasse o horror do filme, tinha o horror da sala de cinema pra aturar. Havia dois casais do tipo início de relacionamento, em que o macho quer impressionar a fêmea explicando os acontecimentos com narração à la Galvão Bueno. Felizmente, meu amigo é mais cri-cri do que eu, ele conseguiu impôr silêncio a um dos casais com um pedido educado, mas o outro não quis nem saber. Achava que estava na sala da casa deles, e nem quis saber!
Quando eu reclamo bastante aqui que o público não sabe se comportar na sala de cinema, não é exagero da minha parte. Tem muita gente que acha que tem o direito de conversar, falar alto, deixar o celular ligado e atender (!), comer alimentos impróprios para uma sala fechada como McDonald’s (a sala inteira passa a cheirar queijo) e, se abordada por outro espectador incomodado, ainda se defende dizendo que está pagando para ver o filme! Teve momentos na minha vida, em que eu era mais revoltado e chegava a discutir ou pelo menos lançar um sucinto “Shhh”, mas depois de tanto presenciar reações ignorantes e até agressivas, passei a deixar de lado. Procuro me concentrar no filme ao máximo, e caso o papagaio seja incansável, procuro um outra poltrona livre para me mudar.
‘A ENTREVISTA’ ENTRE EUA, HOLLYWOOD E CORÉIA DO NORTE
A saga do filme A Entrevista começou alguns meses atrás, mas como continua tendo desdobramentos, preferi aguardar algum desfecho para me pronunciar aqui. Resumidamente, o estúdio Sony sofreu um ataque de hackers em novembro, causando desdobramentos desagradáveis. Primeiramente, e-mails entre executivos foram expostos, revelando orçamentos de produções, salários de artistas e expondo conversas pessoais contendo críticas e ofensas a algumas celebridades como Angelina Jolie. O produtor Scott Rudin teria classificado a atriz e diretora como “mimada e pouco talentosa” numa troca de e-mails com a produtora Amy Pascal.
Cena de A Entrevista com James Franco (centro) e Seth Rogen (à direita). Photo by outnow.ch
Até aí, tudo bem. Não houve consequências desastrosas, mas apenas situações embaraçosas. Contudo, o vazamento ganhou proporções colossais quando o grupo por trás do ataque passou a ameaçar os EUA se a Sony resolvesse lançar o filme de comédia A Entrevista: “Mostraremos claramente que os locais de exibição de ‘A Entrevista’ no dia da estréia terão um destino amargo… O mundo verá em breve que filme ruim fez a Sony Pictures. O mundo estará repleto de medo. Lembrem-se do 11 de setembro de 2001. Recomendamos que fiquem longe dos cinemas”. Aí o negócio ficou feio e a Sony decidiu cancelar o lançamento previsto para o Natal. A decisão não agradou o presidente Barack Obama, que em seu discurso, diz que não negocia com terroristas e que baixar a cabeça é abrir mão da liberdade de expressão que tanto o país lutou para conquistar. Houve um disse-que-me-disse entre a Sony e os exibidores. O estúdio alegou que os cinemas abortaram a exibição, enquanto os cinemas defendem que a Sony que cancelou o lançamento.
A bem da verdade é que não dá pra arriscar vidas inocentes, ainda mais depois do 11 de setembro, mas também não podemos ferir a liberdade que nos é tão essencial hoje. Em minha humilde opinião, adiaria o lançamento por umas duas semanas até conseguir rastrear o sinal dos hackers; e não simplesmente cancelar. Muito se falou que o governo norte-coreano estaria por trás do ataque e das ameaças, mas nada foi realmente provado. Acho inadmissível o governo da maior potência do mundo não conseguir identificar a origem das ameaças. Se o ex-funcionário da NSA, Edward Snowden, nos ensinou é que todos podem ser vigiados pela Inteligência norte-americana. Onde estão os responsáveis? Meu palpite é que são um bando de nerds hackers gordinhos escondidos numa casa num estado americano.
Ativistas? ONG? Teorias conspiratórias republicanas que almejam uma guerra entre EUA e Coréia do Norte para vender mais armamento bélico? Depois do fascínio pelo personagem anárquico do Coringa em Batman: O Cavaleiro das Trevas, não duvido nem um pouco que se tratam de pessoas que querem ver apenas o circo pegar fogo.
Por enquanto, o resultado final é feliz. O filme foi lançado em salas selecionadas e está faturando alto, até mesmo pela curiosidade do público depois das notícias. Apesar de ter faturado 3 milhões de dólares nas salas, está rendendo mais de 15 milhões em serviços online. Engraçado que depois de um incidente desses, se os resultados melhorarem ainda mais, os executivos podem lançar mais filmes online.
DESPEDIDAS
No Oscar 2015, a homenagem In Memorian deverá tomar mais tempo. Foram tantos artistas e profissionais que nos deixaram este ano, que a lista é extensa. Remanescentes e lendas da era de ouro do Cinema como Lauren Bacall, Shirley Temple e Mickey Rooney se foram, assim como grandes nomes indicados ao Oscar como James Garner, Bob Hoskins, Ruby Dee, Juanita Moore, e o diretor Paul Mazursky. Entre os vencedores do prêmio da Academia, perdemos o grande diretor Mike Nichols (vencedor por A Primeira Noite de um Homem em 1968), o diretor Richard Attenborough (vencedor por Gandhi) e que curiosamente, é mais conhecido por ter vivido o criador do parque dos dinossauros, o Dr. Hammond em Jurassic Park, e a perda precoce do documentarista Malik Bendjelloul, vencedor de Melhor Documentário por Procurando Sugar Man em 2013, aos 36 anos por suicídio.
Aliás, infelizmente, o suicídio foi pauta nas mortes dos atores Robin Williams e Philip Seymour Hoffman. Enquanto o primeiro sofria de um quadro de depressão, o segundo estava lutando contra as drogas, mas ambos estavam necessitando de ajuda urgentemente. A morte de Robin Williams acabou chamando mais a atenção da mídia pela disparidade, tanto que muitos se perguntavam: “Como um ator e comediante que vivia fazendo papéis cômicos se enforca por depressão?”. Se olharmos com atenção a escolha de papéis dele, só tem tristeza: o pediatra de crianças especiais de Patch Adams – O Amor é Contagioso, o mendigo de O Pescador de Ilusões, o pai que não consegue ficar com os filhos em Uma Babá Quase Perfeita, e o que dizer do médico que morre para resgatar sua esposa do inferno em Amor Além da Vida!? Já dá pra ficar deprê só de ver os filmes, imagine vivenciar esses personagens por meses?
A morte de Philip Seymour Hoffman me lembrou a perda de Heath Ledger. Dois talentos recentemente descobertos que logo partiram deixando um legado que muitos batalham a carreira toda e não conseguem. O mais triste foi ler no jornal: “Ator de ‘Jogos Vorazes’ morre aos 46 anos”. O cara estrela Boogie Nights – Prazer Sem Limites, O Grande Lebowski, Magnólia, O Talentoso Ripley, A Última Noite, A Família Savage, Jogos do Poder, Sinédoque Nova York, Dúvida, O Mestre e vence o Oscar por Capote, e termina como ator de Jogos Vorazes. Que triste…
Philip Seymour Hoffman com seu Oscar por Capote (photo by post-gazette.com)
Também gostaria de citar o ator e diretor Harold Ramis, que ficou mais conhecido como Egon dos Caça-Fantasmas e diretor de Feitiço do Tempo; e do grande Eli Wallach, que viveu o inesquecível Tuco do grande western spaghetti Três Homens em Conflito, de Sergio Leone. E hoje foi anunciada a morte da atriz Luise Rainer aos 104 anos. Ela ganhou dois Oscars consecutivos de Melhor Atriz por Ziegfeld – O Criador de Estrelas e Terra dos Deuses na década de 30.
FELIZ 2015!
Gostaria de desejar um próspero ano novo para todos os cinéfilos mundo afora. Que em 2015, haja mais compreensão e menos corrupção. Não defendo nenhum partido, mas só nesse escândalo da Petrobrás, foram roubados 10 bilhões de reais. Imaginem o que esse dinheiro poderia fazer para a educação do nosso país? Recentemente, assisti ao Noites de Cabíria, de Federico Fellini. Nele, a personagem de Giulietta Masina vive uma prostituta que sofre o filme todo, mas sempre mantém a esperança de uma vida melhor. E é esse filme que recomendo para aqueles que acreditam que o futuro pode ser, sim, melhor! Forte abraço a todos e Feliz 2015!
Giulietta Masina como a personagem Cabiria (photo by cineyteatro.es)
Angela Lansbury, Steve Martin e Angelina Jolie serão homenageados juntamente com o figurinista italiano Piero Tosi (photo by http://www.hollywoodreporter.com)
A Academia anunciou nessa última quinta-feira, dia 05 de setembro, que Steve Martin, Angela Lunsbury e o figurinista Piero Tosi receberão Oscars Honorários e a atriz Angelina Jolie será homenageada pelo Jean Hersholt Humanitarian Award na 5ª edição do Governors Awards, a ser realizado no dia 16 de novembro no Ray Dolby Ballroom no Hollywood & Highland Center.
Desde 2009, a Academia decidiu realizar a entrega dos prêmios especiais numa cerimônia à parte. Essa mudança causou discordância em alguns membros, mas depois acabou sendo bem aceita, como explica a presidente Cheryl Boone Isaacs : “Ao separarmos uma noite só para a homenagem tornou todo mundo mais envolvido com esses prêmios do que era antes. O evento torna os prêmios mais próximos e pessoais.”
Essa decisão se mostra certeira e benéfica para todos os interesses, afinal, além de haver mais tempo para salutar os homenageados numa noite só deles, ainda evita de consumir muito tempo da cerimônia de entrega de premiação do Oscar (que já é “um pouco” longa). Atualmente, uma montagem rápida do evento é mostrada ao vivo e, em seguida, os vencedores recebem uma salva de palmas dos presentes no Dolby Theater durante a cerimônia do Oscar.
Sobre a seleção dos homenageados, temos escolhas interessantes que demonstra reconhecimento que pode não vir mais da forma convencional, ou seja, através de competição oficial. Nesse quesito, encaixam-se os atores Angela Lunsbury e Steve Martin.
Angela Lansbury
Aos 87, esta atriz inglesa recebeu três indicações ao Oscar de coadjuvante. Em 1945, por À Meia-Luz, em 1946, por O Retrato de Dorian Gray, e em 1963 por Sob o Domínio do Mal. Com uma carreira sólida no cinema, porém limitada a papéis de matriarca, Lansbury migra de forma bem-sucedida para a série de TV policial Assassinato por Escrito, pela qual ela ganhou 4 Globos de Ouro entre os anos 80 e 90. Para o público mais recente, ela ficou conhecida pela voz de Mrs. Potts, o bule feminino da animação A Bela e a Fera (1991).
Já Steve Martin nunca recebeu indicação do Oscar, porém já foi três vezes host: em 2001, 2003 e 2010 (ao lado de Alec Baldwin). Apesar de não aparentar a idade, ele já completou 68 anos e está longe daquele ator que costumava embarcar em projetos mais ambiciosos e ousados como O Panaca (1979) e Cliente Morto Não Paga (1982) em parceria com o diretor Carl Reiner.
Vale lembrar também seu sucesso na comédia Três Amigos! (1986) ao lado de Chevy Chase e Martin Short, e na adaptação livre que também escreveu da peça Cyrano de Bergerac, de Edmond Rostand, Roxanne (1987). Sua performance lhe rendeu o prêmio de Melhor Ator pelo Los Angeles Film Critics Association. Pelo Globo de Ouro, recebeu 5 indicações, todos como Melhor Ator – Comédia ou Musical: Dinheiro do Céu (1981), Um Espírito Baixou em Mim (1984), Roxanne (1987), O Tiro que Não Saiu Pela Culatra (1989) e O Pai da Noiva 2 (1995), mas nunca ganhou. Curiosamente, foi roteirista e ator do curta-metragem indicado ao Oscar, The Absent-Minded Waiter, de 1977.
Aos 86, o figurinista italiano Piero Tosi tornou-se imortalizado pelas colaborações com o diretor Luchino Visconti em clássicos europeus como Um Rosto na Noite (1957) e Rocco e Seus Irmãos (1960). Essa parceria lhe rendeu três indicações ao Oscar por O Leopardo (1963), Morte em Veneza (1971) e Ludwig (1972). Também foi indicado em mais duas oportunidades: em 1980 por A Gaiola das Loucas, de Edouard Molinaro, e em 1983 por La Traviatta, de Franco Zeffirelli. Infelizmente, nunca levou uma estatueta do Oscar, mas merecia pelo impacto que seus figurinos causavam nos filmes. Certamente, trata-se de um dos maiores figurinistas do cinema que pertenceram à geração de Danilo Donati, Piero Gherardi, Anthony Powell e Edith Head.
Apesar de ser uma celebridade hollywoodiana e inclusive vencedora do Oscar por Garota, Interrompida em 2000, Angelina Jolie talvez seja mais conhecida por seu trabalho humanitário. Defensora do Iniciativa da Prevenção da Violência Sexual, Conselheira em Relações Estrangeiras e Oficial da ONU na Comissão de Refugiados, Angelina também procura passar mensagens humanitárias através de seus filmes como O Preço da Coragem (2007) e em sua estréia na direção com Na Terra de Amor e Ódio (2011), que foi indicado como Melhor Filme em Língua Estrangeira no Globo de Ouro. Ao lado do parceiro Brad Pitt, a atriz já declarou que pensa em se ausentar das telas por um tempo enquanto seus filhos ingressam na adolescência, porém Jolie já tem contrato para as sequências Kung Fu Panda 3 e Salt 2, além disso, seu próximo filme Malévola deve estrear em 2014.
Entre os vencedores dos últimos Oscars Honorários premiados no Governors Awards estão nomes de peso como Jean-Luc Godard, Roger Corman, Lauren Bacall e Eli Wallach. Já pelo Jean Hersholt, os vencedores incluem Oprah Winfrey, Jerry Lewis e Elizabeth Taylor.
O último vencedor da categoria, Christopher Plummer, por Toda Forma de Amor.
Criada em 1937, a categoria de Melhor Ator Coadjuvante passou a suprir a demanda de atores hollywoodianos que mereciam reconhecimento, mesmo não estrelando uma produção. O maior vencedor foi o americano Walter Brennan, que levou para casa três vezes o prêmio por Meu Filho é Meu Rival (1936), Kentucky (1938) e A Última Fronteira (1940). Normalmente, vence aquele que tem um papel que costuma roubar a cena, como aconteceu com Sean Connery em Os Intocáveis (1987) ou Christoph Waltz em Bastardos Inglórios (2009). A categoria, que antes era considerada menos importante, passou a ganhar relevância quando atores do quilate de Walter Huston (O Tesouro de Sierra Madre, 1948), George Sanders (A Malvada, 1950), Jack Lemmon (Mister Roberts, 1955) e Peter Ustinov (Spartacus, 1960) se sagraram vencedores.
Vencedor de três Oscars de coadjuvante: Walter Brennan. Além de ter atuado em muitos westerns, trabalhou com grandes atores como Humphrey Bogart, Lauren Bacall, Gary Cooper e John Wayne.
Nas últimas décadas, as categorias de coadjuvante serviram como reduto de atores renomados. Nos bastidores, a estratégia da Academia seria de compensar atores de peso que não ganharam em oportunidades prévias. Claro que oficialmente, ninguém vai confirmar essa informação, mas a vitória de Morgan Freeman por Menina de Ouro em 2005 é um exemplo disso, pois o ator fora indicado em outras três vezes, mas nunca levou a estatueta. Essa leitura da premiação acredita que as chances de ele levar Melhor Ator (principal) nos próximos anos seriam pequenas e que, por isso, sua vitória como coadjuvante seria uma forma de garantir que Freeman encerre sua carreira como vencedor do Oscar.
Morgan Freeman em Menina de Ouro: Oscar de coadjuvante. Antes tarde do que nunca?
Com certeza, muitos fãs de Morgan Freeman vão discordar dessa opinião, mas as mesmas pessoas sabem que ele mereceu mais por Conduzindo Miss Daisy ou Um Sonho de Liberdade. Particularmente, sou contra esse sistema de compensação, pois pode desbancar a melhor performance do ano que, nesse ano, deveria ter ido para Thomas Haden Church (Sideways – Entre Umas e Outras) ou Clive Owen (Closer – Perto Demais).
Claro que adoraria ver atores veteranos e consagrados ganhando o Oscar pela primeira vez como aconteceu com Christopher Plummer este ano, mas nem sempre a maré está a favor deles. Nesses casos, existe o Oscar Honorário, que costuma premiar profissionais do cinema que nunca tiveram a oportunidade de levar a estatueta pra casa. Vencedores recentes atestam: James Earl Jones, Eli Wallach, Lauren Bacall e o compositor italiano Ennio Morricone, todos foram previamente indicados mas nunca venceram nas respectivas categorias.
Este ano, temos fortes candidatos vencedores do Oscar. Alan Arkin, Robert De Niro, Philip Seymour Hoffman, Russell Crowe e Tommy Lee Jones podem voltar ao tapete vermelho como indicados. O retorno mais triunfal seria o de Robert De Niro, que teve sua época de glória nas décadas de 70, 80 e 90, mas que não figura na lista há vinte anos (!). Tem também indicados prévios, mas que nunca ganharam e agora podem ter a chance de ouro como Leonardo DiCaprio, que concorreu três vezes, e em 2013, pode finalmente passar para o time dos Academy Award Winners.
Apesar de ainda estar cedo para favoritismos, Robert De Niro está na frente pelo sucesso de Silver Linings Playbook. O filme de David O. Russell vem arrancando aplausos pelos festivais que passa, especialmente o de Toronto (Canadá), de onde saiu com o prêmio People’s Choice Award. Particularmente, mesmo que ainda não tenha conferido sua performance, gostaria que esse retorno de De Niro fosse coroado para que sirva de incentivo ao ator para escolher projetos mais ousados e não somente pelo alto cachê, como vinha fazendo nas últimas duas décadas. Contudo, Philip Seymour Hoffman pode ser a pedra no meio do caminho com sua presença magnética no novo filme de Paul Thomas Anderson, The Master, que já lhe rendeu o prêmio Volpi Cup de Melhor Ator (juntamente com Joaquin Phoenix) no último Festival de Veneza.
Alan Arkin em Argo
ALAN ARKIN (Argo)
Muita gente conhece Alan Arkin como o vovô maconheiro e tutor da pequena Olive de Pequena Miss Sunshine, papel pelo qual ele ganhou seu único Oscar em 2007, batendo o favorito Eddie Murphy de Dreamgirls, mas este ator americano de 78 anos é um veterano em Hollywood, tendo participado de alguns clássicos como a comédia de guerra de Norman Jewison, Os Russos Estão Chegando! Os Russos Estão Chegando! (1966) e no suspense Um Clarão nas Trevas (1967), ao lado de Audrey Hepburn. Chegou a atuar no filme brasileiro indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro, O que é isso, Companheiro? (1997), de Bruno Barreto.
Nessa idade e já com um Oscar em casa, alguns críticos já aposentavam Alan Arkin, mas com Argo, ele prova que tem muito ainda a ensinar e mostrar. Ele interpreta o produtor de Hollywood, Lester Siegel, que ajuda o maquiador John Chambers na missão de vender um filme fictício para encobrir a saída de seis americanos do Irã durante a Revolução Iraniana em 1980. Ao lado de John Goodman, que vive Chambers, Alan Arkin rouba a cena com seu humor escrachado repleto de palavrões, muito semelhante ao revoltado vovô de Miss Sunshine.
É claro que o fato de Arkin já ter ganhado o Oscar recentemente implica em perda de pontos na corrida, afinal os votantes certamente consideram o histórico do ator. Mas se os votos se dividirem entre Robert De Niro e Philip Seymour Hoffman, Alan Arkin viria logo em seguida para roubar a cena na cerimônia.
Russell Crowe em Les Misérables
RUSSELL CROWE (Les Miserábles)
Depois de um início fenomenal em seus primeiros anos de Hollywood com três indicações ao Oscar, Russell Crowe deu uma relaxada. Quer dizer, ainda trabalha em projetos ambiciosos e com diretores consagrados como Ridley Scott e Peter Weir, mas suas atuações deram uma estabilizada. Em O Informante, Crowe engordou para interpretar Jeffrey Wigand. Já em Gladiador, ganhou massa muscular e fez cara de mau. A Academia reconheceu oficialmente seu esforço, premiando-o com o Oscar de Melhor Ator em 2001 pelo épico Gladiador.
Talvez, com esta adaptação musical do clássico literário de Victor Hugo, Russell Crowe volte aos holofotes pelas performances na tela, e não pelos escândalos de porrada em papparazzi ou que bateu na pobre esposa. Na mega-produção, o ator neozelandês dá vida ao Inspetor Javert, que fica na cola do protagonista Jean Valjean (Hugh Jackman).
Particularmente, nunca ouvi nenhuma faixa da banda australiana de Russell Crowe, 30 Odd Foot of Grunts. Mas pelos comentários, vale aquele bom e velho ditado: “Como cantor, Russell Crowe é um ótimo ator”. E pelo que me informei, não há playbacks nas canções, tanto que os atores cantavam ao vivo no set usando um fone que tocava piano para manter o ritmo. A música era acrescentada na montagem final. Será que Crowe se saiu bem ou todo mundo aplaudia por educação e com medo de levar um soco? Só vendo mesmo, mas se ele não se saiu no mínimo bem, esquece a indicação…
Robert De Niro em cena de Silver Linings Playbook
ROBERT DE NIRO (Silver Linings Playbook)
Que Robert De Niro não precisa provar mais nada pra ninguém, isso todo mundo já sabe. Afinal, não é qualquer ator que fez Taxi Driver (1976), O Poderoso Chefão: Parte II (1974), Touro Indomável (1980), Os Bons Companheiros (1990) e aterrorizou como o presidiário Max Cady em Cabo do Medo (1991). Tem dois Oscars na bagagem, mas um terceiro pode estar por vir.
Com Silver Linings Playbook, o veterano de Hollywood pode ressuscitar na temporada de prêmios. Ele faz o pai protetor e conselheiro de Pat (Bradley Cooper), que acaba de sair de uma instituição psicológica depois de pegar sua mulher traindo. Pelo trailer, já é possível ver que De Niro já se desvencilha da típica atuação de mafioso ou gângster que praticamente impregnou sua pele, crédito do ótimo diretor de atores David O. Russell.
O retorno de Robert De Niro aos bons papéis era há muito aguardada, pois o ator passou por duas décadas de filmes medianos e alguns claramente para poder pagar as contas como a comédia As Aventuras de Rocky & Bullwinkle (podem falar o que quiser do filme, mas está nítido que o contrato foi gordo).
Aí você vai se perguntar: “Mas se o De Niro já tem dois Oscars, por que ele ganharia um terceiro?”. Realmente, se levarmos em consideração o histórico vitorioso, existem outros atores da nova geração que são tão merecedores quanto ele. Mas Hollywood e sua comunidade admiram Robert De Niro e gostariam de vê-lo no topo depois de tanto tempo. Muitos acreditam que o grande ator ainda existe, mas que não teve as devidas oportunidades nas últimas duas décadas. Infelizmente, só vamos poder comprovar o potencial do papel em fevereiro, quando está prevista a estréia no Brasil.
Leonardo DiCaprio em Django Livre
LEONARDO DiCAPRIO (Django Livre)
Desde que estrelou Titanic como o pobretão galã Jack e se tornou pôster de milhões de quartos de menininhas, Leo DiCaprio decidiu virar o disco e se tornar um ator de respeito. Sua tática era formar parcerias com profissionais consagrados como forma de aprendizado e se destacar como ator e não apenas ídolo teen. Como cinéfilo, admiro bastante sua disposição para mover montanhas, mas ainda não me convenci de que ele é um bom ator. DiCaprio é esforçado: aprendeu o sotaque sul-africano para filmar Diamante de Sangue, tomou uma nova aparência mais nojenta em O Aviador e mais velha em J. Edgar, mas ainda não apresenta algumas nuances e tonalidade de voz diferenciada. Ele precisa trabalhar mais o interior do que o exterior. Pode-se dizer que Leonardo DiCaprio é um diamante bruto que precisa ser esculpido.
Creio que o diretor Martin Scorsese também pensou o mesmo a respeito dele. Contratou-o para filmar Gangues de Nova York (2002), O Aviador (2004), Os Infiltrados (2006) e A Ilha do Medo (2010). Claro que depois do curso intensivo de Scorsese, Leo ficou melhor, tanto que conseguiu mais duas indicações ao Oscar (a primeira foi aos 19 anos como coadjuvante por Gilbert Grape – Aprendiz de um Sonhador) por O Aviador e Diamante de Sangue.
Agora, em sua primeira participação num filme de Quentin Tarantino, as esperanças se renovam, ainda mais que o diretor conseguiu um Oscar de coadjuvante para Christoph Waltz em Bastardos Inglórios há dois anos. No western Django Livre, Leonardo DiCaprio interpreta o vilão, no caso, o proprietário de terras brutal de Mississipi, Calvin Candie, que tem posse da mulher do herói Django (Jamie Foxx). As expectativas sempre são altas quando se fala de um filme de Tarantino. Espera-se que a performance de DiCaprio também esteja no mesmo nível.
John Goodman em Argo
JOHN GOODMAN (Argo)
Para o público brasileiro em geral, John Goodman ficou marcado por viver Fred Flinstone nos cinemas e dar sua voz ao personagem Sully na animação Monstros S.A.. Chegou a cantar a canção “If I Didn’t Have You”, que venceu o Oscar para Randy Newman em 2002. Mas para os cinéfilos de carteirinha, o ator robusto ficará marcado eternamente pelo papel de Walter Sobchak, o sem-noção traumatizado da Guerra do Vietnã na comédia de humor negro O Grande Lebowski (1998), dos irmãos Coen.
De lá pra cá, além das participações nos filmes dos Coen, Goodman tem sido escalado para papéis menores que exigem uma presença de tela. Foi assim no blockbuster Speedy Racer, na comédia Os Delírios de Consumo de Becky Bloom e no último vencedor do Oscar, O Artista. Com o sucesso de Argo, espera-se que ele finalmente consiga sua primeira indicação ao Oscar e consequentemente, melhores ofertas de papéis.
No filme de Ben Affleck, John Goodman se destaca em todas as cenas em que aparece como o maquiador de Hollywood, John Chambers. É realmente uma pena que seu personagem não tenha mais tempo de tela, porque sua atuação merecia mais alguns minutos. Apesar da curta duração, uma indicação a Goodman se mostra bastante plausível devido ao reconhecimento da figura de Chambers com um Oscar Honorário pelas próteses inovadoras de O Planeta dos Macacos (1968).
Philip Seymour Hoffman em The Master
PHILIP SEYMOUR HOFFMAN (The Master)
Philip Seymour Hoffman começou a atuar em filmes no começo dos anos 90. Felizmente, nunca foi do tipo galã, então teve que ralar bastante para conquistar seu lugar ao sol. Mesmo em papéis menores, teve oportunidade de conhecer e atuar com grandes atores como Paul Newman, Al Pacino, James Woods e Ellen Burstyn, buscando construir seu próprio estilo de interpretação. Na maioria de seus trabalhos, percebe-se que Hoffman prioriza a atuação mais contida, mesmo com seu trabalho premiado pela Academia em Capote (2005), em que teve que copiar alguns trejeitos típicos do romancista Truman Capote, ele procurou reprimir a sexualidade de seu personagem.
Além do aprendizado com referências de Hollywood, outro fator notável na carreira de Hoffman foi o início de uma parceria forte com o jovem cineasta norte-americano Paul Thomas Anderson que, aos 26 anos, realizou seu primeiro longa, Jogada de Risco (1996). Com o diretor, Philip Seymour Hoffman voltou a trabalhar em Boogie Nights – Prazer Sem Limites (1997), Magnólia (1999), Embriagado de Amor (2002) e agora no tão aguardado The Master, no qual dá vida ao filósofo carismático Lacaster Dodd, que seria baseado na figura do criador da Cientologia, L. Ron Hubbard.
Pelo filme, Philip Seymour Hoffman já ganhou o Volpi Cup de Melhor Ator (compartilhado com seu colega Joaquin Phoenix) no último Festival de Veneza, de onde Paul Thomas Anderson também saiu premiado como Melhor Diretor. Hoffman já foi indicado três vezes ao Oscar: Melhor Ator por Capote (2005), Melhor Ator Coadjuvante por Jogos do Poder (2007) e Dúvida (2008), tendo levado pelo primeiro.
Tommy Lee Jones em Lincoln
TOMMY LEE JONES (Lincoln)
Muita gente conhece Tommy Lee Jones como o agente K da trilogia de Homens de Preto, que com sua expressão de pedra, contrabalanceou muito bem com o humor mais extrovertido de Will Smith. Contudo, Jones já possui uma extensa filmografia, que começou lá em 1970 no bem-sucedido romance Love Story – Uma História de Amor, num papel menor. Apesar de ganhar notoriedade ao atuar ao lado de Sissy Spacek na biografia da cantora country Loretta Lynn em 1980, Tommy Lee Jones só teve seu talento reconhecido nos anos 90, quando trabalhou com Oliver Stone no aclamado JFK – A Pergunta que Não Quer Calar e no polêmico Assassinos por Natureza. Em 1995, ganhou seu único Oscar de coadjuvante pelo thriller policial O Fugitivo, no qual interpreta o agente do FBI Samuel Gerard que tem a missão de perseguir Kimble (Harrison Ford), acusado de matar sua própria esposa.
Como muitos atores, Tommy desfrutou de seu sucesso tardio em Hollywood e assinou contrato para alguns filmes blockbusters como o fraco Volcano (1997) e no carnavalesco Batman Eternamente (1995), em que deu vida ao vilão Duas-Caras. Mais recentemente, estrelou o western pós-moderno dos irmãos Coen, Onde os Fracos Não Têm Vez (2007), foi indicado ao Oscar pela atuação no policial No Vale das Sombras (2007) e em 2005, ganhou o prêmio de ator no Festival de Cannes pelo ótimo Três Enterros, primeiro longa sob sua direção.
2012 foi um ano cheio para Tommy Lee Jones. Quatro produções em que participou estrearam este ano: Lincoln, Homens de Preto 3, Emperor e Um Divã Para Dois. Além do sucesso comercial de Homens de Preto 3, sua atuação na comédia romântica Um Divã Para Dois ao lado de Meryl Streep já havia chamado a atenção da crítica, o que certamente aumenta as chances de indicação pelo filme político de Steven Spielberg. Em Lincoln, ele interpreta o vice-presidente abolicionista Thadeus Stevens, que tem suma-importância como o braço direito do presidente. Na grande produção de época de Spielberg, existem vários bons atores em papéis secundários como David Strathairn, Jackie Earle Haley, John Hawkes, Joseph Gordon-Levitt, James Spader e Hal Holbrook, mas pelas críticas, Tommy Lee Jones deve representar todo o elenco secundário masculino no Oscar.
William H. Macy em The Sessions
WILLIAM H. MACY (The Sessions)
Este ator franzino norte-americano parece ter nascido para papéis secundários. Hollywood nunca lhe deu uma real oportunidade de protagonista, mas já trabalhou com diretores renomados como Woody Allen (A Era do Rádio e Neblina e Sombras), Rob Reiner (Fantasmas do Passado), Paul Thomas Anderson (Boogie Nights – Prazer Sem Limites e Magnólia), Barry Levinson (Mera Coincidência) e os irmãos Coen (Fargo), pelo qual conseguiu sua única indicação ao Oscar, como coadjuvante, claro. Na TV, William H. Macy teve mais sorte ao estrelar o filme televisivo De Porta em Porta, no qual se destaca como o vendedor ambulante com problemas mentais Bill Porter.
Casado com a atriz Felicity Huffman, da série de TV Desperate Housewives, William H. Macy tem enorme carinho por colegas de trabalho, pois costuma emprestar seu carisma para seus papéis. Desta vez, ele interpreta um padre, que enfrenta uma questão eticamente controversa. No filme independente The Sessions, seu amigo e fiel Mark O’Brien (John Hawkes) tem condições médicas delicadas e pouco tempo de vida, o que o leva a querer perder sua virgindade antes que o pior aconteça. Como padre e conselheiro, ele tenta guiar Mark pelo melhor caminho sem afetar sua fé.
No último Festival de Sundance, o filme ganhou o prêmio de público e um reconhecimento especial do júri pela atuação do elenco todo. Dependendo de como vai se sair entre os prêmios da crítica americana como o National Board of Review, New York Film Critics Circle e o Los Angeles Film Critics Association, William H. Macy tem boas chances de aparecer na lista de Melhor Ator Coadjuvante em 2013. Seria sua segunda indicação ao Oscar.
Matthew McConaughey em Magic Mike
MATTHEW McCONNAUGHEY (Magic Mike)
Galã de segunda linha, Matthew McConnaughey costuma estrelar comédias românticas com atrizes regulares como Sarah Jessica Parker e Kate Hudson, tanto que o público feminino o conhece como o conquistador de Como Perder um Homem em 10 Dias (2003). Mas de vez em quando, o ator decide participar de alguns projetos mais ambiciosos como a ficção científica Contato (1997), o filme de época de Spielberg, Amistad (1997) e ganhou certo prestígio ao interpretar advogados em Tempo de Matar (1996) e em O Poder e a Lei (2011).
Trabalhando com o diretor Steven Soderbergh (vencedor do Oscar por Traffic) em Magic Mike, McConnaughey faz o papel de Dallas, um veterano do mundo do striptease masculino no clube de mulheres. Ele rouba a cena ao passar seus ensinamentos eróticos para o jovem Mike (Channing Tatum) e, claro, em seus shows que levam as mulheres ao delírio.
Com tantas performances boas nessa categoria, McConnaughey corre por fora nessa competição. Contudo, como a maioria dos relacionados já foi indicada ou ganhou um Oscar, existe uma possibilidade do ator ser o único a conquistar a primeira indicação. A votantes femininas podem dar uma mãozinha.
POSSÍVEIS SURPRESAS
As categorias de coadjuvante costumam ser as mais imprevisíveis. Na reta final, surge alguém para roubar a vaga garantida de outro ator. Este ano, o veterano sueco Max von Sydow (Tão Forte e Tão Perto) foi a surpresa, passando uma rasteira em Albert Brooks (Drive) e Armie Hammer (J. Edgar), ambos indicados ao Globo de Ouro e SAG Awards, respectivamente. Alguns sites como IndieWire, colocaram alguns nomes que podem figurar como supresa na lista final. Confira:
– Javier Bardem (007 – Operação Skyfall)
– Don Cheadle (Flight)
– James D’Arcy (Hitchcock)
– Michael Fassbender (Prometheus)
– James Gandolfini (O Homem da Máfia)
– Dwight Henry (Indomável Sonhadora)
– Hal Holbrook (Promised Land)
– Ewan McGregor (O Impossível)
– Ian McKellen (O Hobbit – Uma Jornada Inesperada)
– Guy Pearce (Os Infratores)
Também considero baixas as possibilidades desses atores entrarem na lista, mas adoraria ver Michael Fassbender ser incluso de última hora por Prometheus, uma vez que o ator alemão já merecia uma indicação este ano pelo drama independente Shame. Além de seu ciborgue David ser muito convincente e deixar todo o resto do elenco no chão, ele demonstra a calma na fala mansa e pausada, e ainda empresta um carisma que às vezes se mostra mais humano do que os personagens humanos. Com certeza, um grande ator em extrema ascensão que merece ser reconhecido pela Academia, que só tem a ganhar com sua inclusão na categoria.
Michael Fassbender como o ciborgue David em Prometheus
Como fã de James Bond, seria uma grata surpresa ver Javier Bardem e seu vilão Raoul Silva de 007 – Operação Skyfall indicado ao Oscar, mas acho bastante improvável pelo papel ser parecido com o Coringa de Heath Ledger. Entretanto, o mega sucesso das bilheterias do 23º filme de Bond pode mexer na corrida.