QUAIS FILMES DISPUTAM o OSCAR 2021 de FILME INTERNACIONAL

APÓS VITÓRIA DE ‘PARASITA’ COMO MELHOR FILME E FILME INTERNACIONAL, CAMPANHAS TENDEM A SER MAIS AMBICIOSAS

Neste segundo ano da categoria renomeada Filme Internacional (ex-Filme em Língua Estrangeira), houve um pró e um contra. O pró se deve à vitória da produção sul-coreana Parasita na última edição do Oscar, na qual venceu 4 estatuetas, sendo uma histórica: Melhor Filme. Até o ano passado, todos imaginavam que isso seria impossível, já que em 91 anos de premiação, a Academia sempre preteriu filmes de outros idiomas nessa categoria, embora tenha indicado alguns ao longo de sua história como Roma, de Alfonso Cuarón. Com essa porta finalmente aberta, as campanhas de filmes internacionais não devem mais se limitar a uma única categoria, e o Oscar tem tudo para se tornar um prêmio mais globalizado e diversificado.

O contra fica por conta da pandemia do Covid-19. Embora os prazos para inscrições tenham se estendido, trata-se de um ano atípico, pois as campanhas não poderão atuar como antes com sessões fechadas para evitar aglomerações. Por outro lado, a vantagem é que a Academia lançou sua própria plataforma de streaming para membros, o que em tese facilita o acesso dos filmes para os votantes. Resta saber se eles vão conseguir assistir cerca de 90 filmes (quase ninguém vai) e quais filmes eles vão selecionar para assistir e porquê. Se houvesse campanha normal, ela faria diferença, mas nesse cenário, vai depender apenas de publicidade em sites e revistas; lembrando ainda que este é o último ano permitido para cópias de DVD e Blu-ray para membros, pois a Academia está buscando sustentabilidade há alguns anos.

CURIOSIDADES

Devido à pandemia, os filmes elegíveis tiveram um prazo maior no quesito data de lançamento, que pode ter ocorrido em seus países entre os dias 1º de Outubro de 2019 a 31 de Dezembro de 2020, o que acaba atrasando um pouco as inscrições. Até o momento, temos 87 filmes inscritos, mas esse número pode aumentar ainda com a oficialização de países como Camboja, Gana, Nepal, Uganda e Malawi. Este ano, três países inscreveram um filme pela primeira vez na história: o Sudão, que enviou You Will Die at 20, o Suriname, que inscreveu Wiren, e o Lesoto, que com seu Isso Não é um Enterro, É uma Ressurreição tem grandes chances de conquistar também sua primeira indicação.

O país asiático Butão, que inscreveu Lunana: A Yak in the Classroom, participa do Oscar após um longo intervalo de 21 anos.

COMO ESTÁ A DISPUTA ATÉ O MOMENTO?

Apesar da pandemia, a melhor forma de publicidade continua sendo a inclusão em festivais internacionais como Cannes (que embora não tenha acontecido fisicamente, liberou uma lista de selecionados), Berlim, Veneza, Sundance e Toronto, portanto, aquelas produções que tiveram passagem nesses eventos acabam largando na frente dos demais.

ANOTHER ROUND (Dinamarca). Dir: Thomas Vinterberg
Nesse quesito, o representante dinamarquês é um dos que mais se destacam. Selecionado no Festival de Cannes, o filme acompanha quatro professores colegiais que fazem um teste que melhoraria a qualidade de suas vidas ao manter um nível constante de álcool no sangue. Comédia pode não ser o gênero favorito da Academia, mas vale lembrar que a parceria entre o diretor Vinterberg (um dos fundandores do movimento Dogma 95) e o ator Mads Mikkelsen deu origem à indicação ao Oscar por A Caça em 2013.

QUO VADIS, AIDA? (Bósnia Herzegovina). Dir: Jasmila Zbanic
Além de ter sido indicado ao Leão de Ouro no último Festival de Veneza, o filme apresenta uma premissa que parece concebida para conquistar uma vaga no Oscar: a tradutora Aida, que trabalha para a ONU, tem sua família procurando por abrigo no acampamento da ONU após o exército Sérvio tomar conta de sua cidade. A última vez que a Bósnia esteve no Oscar foi em 2002, quando ganhou o prêmio de Filme em Língua Estrangeira pelo bom Terra de Ninguém, que curiosamente também lida com guerra e ONU.

ISSO NÃO É UM ENTERRO, É UMA RESSURREIÇÃO (Lesoto). Dir: Lemohang Jeremiah Mosese
Com passagem em vários festivais, inclusive Sundance, onde foi indicado ao Grande Prêmio do Júri, esta modesta produção tem como protagonista uma senhora viúva de mais de 80 anos que, quando ameaçada para sair de suas terras para a construção de uma barragem, acende seu espírito de resiliência. A trama lembra um pouco o brasileiro Aquarius, e o filme foi bastante elogiado na última edição da Mostra de Cinema de SP.

AND TOMORROW THE ENTIRE WORLD (Alemanha). Dir: Julia von Heinz
Este filme alemão foi indicado ao Leão de Ouro em Veneza, mas o que mais chama a atenção é sua vertente mais política que ajuda a conquistar votos. Na trama, uma estudante de Direito de 20 anos se junta ao movimento anti-fascista (Antifa) por se opor à ascensão da extrema direita na Alemanha. A história teria como base a experiência da própria diretora Julia von Heinz, que já foi integrante do movimento, e agora busca discutir suas perspectivas a respeito.

LA LLORONA (Guatemala). Dir: Jayro Bustamante
Com passagem também em Veneza, este filme apresenta uma mistura de filme político e ficção com toques sobrenaturais. Um general aposentado que supervisionou um genocídio foi absolvido dos crimes e assassinatos, mas passa a sofrer de crises de demência relacionada ao Alzheimer. Contudo, o filme apoia a sugestão de que o espírito tradicional da Llorona esteja por trás dessa vingança.

OUTROS DESTAQUES

Muitas vezes, os países selecionam seus filmes baseados na credibilidade dos diretores. No caso do Japão, República Tcheca e do Irã, por exemplo, os respectivos nomes de Naomi Kawase, Agnieszka Holland e Majid Majidi reforçam essa estratégia de largar na frente com nomes já consagrados em festivais e até no Oscar. Brillante Mendoza é talvez o cineasta mais famoso das Filipinas e vive nos festivais. Já Fernando Trueba já ganhou o Oscar pela Espanha por Sedução, mas este ano defende a Colômbia.

Embora não esteja tão forte na disputa, é preciso ressaltar que o representante turco, O Milagre na Cela 7, ganhou notoriedade após o sucesso de público na plataforma da Netflix. Ainda sobre a Netflix, o representante da Áustria, Quando a Vida Acontece (What We Wanted) também está disponível no catálogo. Já pela Globoplay, temos disponível o chileno Agente Duplo no acervo.

E O BRASIL?

A comissão formada por membros da Academia Brasileira de Cinema (lembrando novamente que não houve interferência do governo) apostou suas fichas em Babenco: Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer Parou. Foi uma escolha incomum por se tratar de um documentário, e ainda em preto-e-branco, mas dentre alguns argumentos para sua defesa estão o tema (Babenco já foi um diretor indicado ao Oscar nos anos 80) e a classificação automática na categoria de Melhor Documentário. O filme de estréia de Bárbara Paz pode ser indicado nessas duas categorias ao mesmo tempo, assim como aconteceu este ano com o filme da Macedônia do Norte, Honeyland.

Apesar de não ter havido um franco-favorito nessa seleção brasileira, Casa de Antiguidades (que foi selecionado por Cannes) era cotado como um dos favoritos, mas logo atrás vinham Pacarrete (que conquistou o festival de Gramado), Sertânia e Marighella. Agora não adianta pensar em hipóteses do que poderia acontecer, mas uma coisa é certa: se Bacurau fosse o selecionado deste ano (já concorreu ano passado), as chances do Brasil no Oscar seriam infinitamente maiores, pois o filme de Kléber Medonça Filho e Juliano Dornelles estreou comercialmente nos EUA este ano e vem conquistando a crítica e até aparecendo em listas de melhores de 2020. Uma pena. Central do Brasil continua sendo nossa última indicação nesta categoria, desde 1999.

A 93ª cerimônia do Oscar acontecerá no dia 25 de Abril, e as indicações serão anunciadas no dia 15 de Março.

CONFIRA OS FILMES SELECIONADOS POR SEUS PAÍSES PARA DISPUTAR VAGA NO OSCAR 2021 (ATÉ O MOMENTO):

PAÍSFILMEDIRETOR (A) (ES)
África do SulToorbosRene van Rooyen
AlbâniaOpen DoorFlorenc Papas
AlemanhaAnd Tomorrow the Entire WorldJulia von Heinz
Arábia SauditaScalesShahad Ameen
ArgéliaHéliopolisDjafar Gacem
ArgentinaThe SleepwalkersPaula Hernández
ArmêniaSongs of SolomonArman Nshanyan
ÁustriaQuando a Vida AconteceUlrike Kofler
BangladeshSincerely Yours, Dhaka11 diretores
BélgicaWorking GirlsFrédéric Fonteyne, Anne Paulicevich
BielorússiaPersian LessonsVadim Perelman
BolíviaChacoDiego Mondaca
Bósnia HerzegovinaQuo Vadis, Aida?Jasmila Žbanić
BrasilBabenco: Alguém tem que Ouvir o Coração e Dizer ParouBárbara Paz
BulgáriaThe FatherKristina Grozeva, Petar Valchanov
ButãoLunana: A Yak in the ClassroomPawo Choyning Dorji
Canadá14 Days, 12 NightsJean-Philippe Duval
CazaquistãoThe Crying SteppeMarina Kunarova
ChileAgente DuploMaite Alberdi
ChinaLeapPeter Chan
ColômbiaForgotten We’ll BeFernando Trueba
Coréia do SulThe Man Standing NextWoo Min-ho
Costa do MarfimNight of the KingsPhilippe Lacôte
Costa RicaTerra das CinzasSofía Quirós Ubeda
CroáciaExtracurricularIvan-Goran Vitez
DinamarcaAnother RoundThomas Vinterberg
EgitoWhen We’re BornTamer Ezzat
EquadorEmptinessPaul Venegas
EslováquiaThe Auschwitz ReportPeter Bebjak
EslovêniaStories from the Chestnut WoodsGregor Bozic
EspanhaThe Endless TrenchAitor Arregi, Jon Garaño, Jose Mari Goenaga
EstôniaThe Last OnesVeiko Õunpuu
FilipinasMindanaoBrillante Mendoza
FinlândiaToveZaida Bergroth
FrançaNós DuasFilippo Meneghetti
GeórgiaBeginningDea Kulumbegashvili
GréciaApplesChristos Nikou
GuatemalaLa LloronaJayro Bustamante
HolandaBuladóÉche Janga
Hong KongBetter DaysDerek Tsang
HungriaPreparations to be Together for an Unknown Period of TimeLili Horvát
ÍndiaJallikattuLijo Jose Pellissery
IndonésiaImpetigoreJoko Anwar
IrãCrianças do SolMajid Majidi
IrlandaArrachtTom Sullivan
IslândiaAgnes JoySilja Hauksdóttir
IsraelAsiaRuthy Pribar
JapãoMães de VerdadeNaomi Kawase
Jordânia200 MetersAmeen Nayfeh
KosovoExileVisar Morina
LesotoIsso Não é um Enterro, É uma RessurreiçãoLemohang Jeremiah Mosese
LetôniaBlizzard of SoulsDzintars Dreibergs
LíbanoBroken KeysJimmy Keyrouz
LituâniaNova LituaniaKarolis Kaupinis
LuxemburgoRiver TalesJulie Schroell
Macedônia do NorteWillowMilcho Manchevski
MalásiaRohEmir Ezwan
MarrocosThe Unknown SaintAlaa Eddine Aljem
MéxicoI’m No Longer HereFernando Frías de la Parra
MontenegroBreastsMarija Perovic
NigériaThe MilkmaidDesmond Ovbiagele
NoruegaHopeMaria Sødahl
PalestinaGaza mon AmourTarzan Nasser, Arab Nasser
PanamáCausa JustaLuis Franco Brantley, Luis Pacheco
PaquistãoZindagi TamashaSarmad Khoosat
ParaguaiKilling the DeadHugo Giménez
PeruCanção Sem Nome Melina León
PolôniaNever Gonna Snow AgainMalgorzata Szumowska, Michal Englert
PortugalVitalina VarelaPedro Costa
QuêniaThe LetterMaia Lekow, Chris King
QuirguistãoRunning to the SkyMirlan Abdykalykov
República DominicanaA State of MadnessLeticia Tonos
República TchecaCharlatanAgnieszka Holland
RomêniaCollectiveAlexander Nanau
RússiaDear ComradesAndrei Konchalovskiy
SérviaDara in JasenovacPredrag Antonijevic
SingapuraEstação das ChuvasAnthony Chen
SudãoYou Will Die at 20Amjad Abu Alala
SuéciaCharterAmanda Kernell
SuíçaMy Little SisterStéphanie Chuat, Véronique Reymond
SurinameWirenIvan Tai-Apin
TailândiaHappy Old YearNawapol Thamrongrattanarit
TaiwanA SunChung Mong-hong
TunísiaThe Man Who Sold His SkinKaouther Bem Hania
TurquiaMilagre na Cela 7Mehmet Ada Oztekin
UcrâniaAtlantisValentyn Vasyanovych
UruguaiAlelíLeticia Jorge
Uzbequistão2000 Songs of FaridaYalkin Tuychiev
VenezuelaOnce Upon a Time in VenezuelaAnabel Rodríguez Ríos
VietnãDreamy EyesVictor Vu

‘Hoje Eu Quero Voltar Sozinho’ representará o Brasil no Oscar 2015

Pôster nacional de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (photo by jornalpontoinicial.com.br)

Pôster nacional de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (photo by jornalpontoinicial.com.br)

LONGA DE ESTRÉIA DE DANIEL RIBEIRO BATE CINEASTAS EXPERIENTES

Nesta última quinta-feira, dia 18/09, o Ministério da Cultura (MinC) anunciou o representante do Brasil no Oscar 2015 na categoria Melhor Filme em Língua Estrangeira. O primeiro longa-metragem do jovem Daniel Ribeiro, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, bateu outras 17 produções nacionais e tentará conquistar uma das cinco vagas finalistas a serem anunciadas no dia 15 de janeiro.


Vídeo extraído de canal ministeriodacultura do Youtube

A comissão especial responsável pela decisão era composta por Jefferson De (diretor, produtor e roteirista), Luis Erlanger (jornalista), Sylvia Regina Bahiense Naves (coordenadora-geral de Desenvolvimento Sustentável do Audiovisual da Secretaria do Audiovisual do MinC), Orlando de Salles Senna (presidente do conselho da Televisão América Latina) e George Torquato Firmeza (ministro do Departamento Cultural do Minstério das Relações Exteriores). Eles tiveram a tarefa de selecionar apenas um filme entre os seguintes:

A Grande Vitória, de Stefano Capuzzi
A Oeste do Fim do Mundo, de Paulo Nascimento
Amazônia, de Thierry Ragobert
Dominguinhos, de Eduardo Nazarian, Joaquim Castro e Mariana Aydar
Entre Nós, de Paulo Morelli
Exercício do Caos, de Frederico Caos
Getúlio, de João Jardim
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, de Daniel Ribeiro
Jogo de Xadrez, de Luís Antônio Pereira
Minhocas, de Paolo Conti e Arthur Nunes
Não Pare na Pista: A Melhor História de Paulo Coelho, de Daniel Augusto
O Homem das Multidões, de Marcelo Gomes e Cao Guimarães
O Lobo atrás da Porta, de Fernambo Coimbra
O Menino e o Mundo, de Alê Abreu
O Menino no Espelho, de Guilherme Fiúza Zenha
Praia do Futuro, de Karim Aïnouz
Serra Pelada, de Heitor Dhalia
Tatuagem, de Hilton Lacerda

Confesso que estava receoso de que o MinC optaria por uma das produções da Globo Filmes (Getúlio, Minhocas, Entre Nós ou Serra Pelada) simplesmente pelo nome e poder de publicidade da produtora, mas felizmente, assim como ocorreu no ano passado, a comissão soube escolher com coerência. Hoje Eu Quero Voltar Sozinho marcou presença no último Festival de Berlim, de onde conquistou o FIPRESCI award (concedido pela federação de crítica internacional) e o Teddy Bear, uma espécie de Urso de Ouro para filmes com temática LGBT. Vale destacar que também ganhou prêmios do público em festivais como o L.A. Outfest (EUA) e o Festival de Guadalajara (México).

O filme, que ganhou o título internacional The Way He Looks, acompanha o amadurecimento do jovem estudante cego Leonardo (Ghilherme Lobo) a partir da chegada de um novo colega de classe, Gabriel, enquanto tenta lidar com a superproteção dos pais. O diretor Daniel Ribeiro procura evitar cenas clichês sobre homossexualismo, deixando os sentimentos se desenvolverem naturalmente e sem pressa. Curiosamente, a produção se baseia no curta-metragem de título semelhante (Eu Não Quero Voltar Sozinho) do mesmo diretor e com os mesmos atores centrais nos mesmos papéis, lançado em 2010.

Da esquerda para a direita: os atores (photo by berlinda.org)

Da esquerda para a direita: os atores Fabio Audi, Tess Amorim e Ghilherme Lobo (photo by berlinda.org)

A ministra da Cultura, Marta Suplicy, elogiou a escolha do júri e defendeu o selecionado: “… uma produção de linguagem universal, aberta à compreensão e a conexão com os mais diversos públicos”. Se no ano anterior, a aposta era na temática da insegurança em O Som ao Redor, este ano, a universalidade do tema homossexual na adolescência pode ser uma boa alternativa para que o Brasil consiga finalmente sua 5ª indicação na categoria. As demais foram: O Pagador de Promessas (em 1963), O Quatrilho (1996), O Que é Isso, Companheiro? (1998) e Central do Brasil (1999).

A Ministra da Cultura Marta Suplicy (aquela do "relaxa e goza!") com membros da comissão durante anúncio do Oscar (photo by Thaís Mallon em www.cultura.gov.br)

A Ministra da Cultura Marta Suplicy (aquela do “relaxa e goza!”) com membros da comissão durante anúncio do Oscar (photo by Thaís Mallon em http://www.cultura.gov.br)

SEXO E A POLÍTICA

Em tempos em que a política brasileira tenta intervir demais na sexualidade de jovens, nada mais propício que a sexóloga  e ministra Marta Suplicy (PT) anuncie um filme de temática homossexual como vencedor. Sempre  ligada aos eventos como a Parada Gay de São Paulo, ela defendeu o uso do “kit gay”, que contém material informativo sobre homossexualismo em vídeos e livros como “Homem Brinca de Boneca?”, de Marcos Ribeiro, para crianças de 6 anos em escolas públicas. Em 2012, a medida polêmica foi veementemente criticada por colegas de profissão como o deputado Jair Bolsonaro (PP), gerando um conflito sem solução.

É triste ver que a sexualidade se tornou apenas uma pauta dos programas de governo de candidatos. Marina Silva, do PSB, por exemplo, vinha defendendo o casamento gay, mas para obter apoio da Igreja Evangélica, teve que recuar e dizer “Casamento é entre pessoas de sexo diferente”. Além disso, retirou uma proposta que criminalizaria a homofobia no Brasil. Tal mudança foi elogiada pelo pastor Silas Malafaia, da Assembléia de Deus: “O ativismo gay está irado com Marina! Começo a ficar satisfeito! Valeu a pressão de todos. Não estamos aqui pra engolir agenda gay.”

A política retrógrada brasileira busca rotular por gênero, sexo e cor simplesmente para obter votos. Uma das piores medidas do governo petista foi a criação das cotas raciais para universidades, o que apenas atesta que para eles o negro não tem capacidade de conquistar sua própria vaga nas universidades.

CONCORRÊNCIA NO OSCAR 2015

Havia uma expectativa de que o representante brasileiro pudesse concorrer com outro filme LGBT: o francês Azul é a Cor Mais Quente, de Abdellatif Kechiche. Fora da disputa no Oscar deste ano por ter sido lançado na França fora do prazo estipulado, o filme que aborda o relacionamento lésbico entre duas jovens foi recentemente abandonado pela comissão francesa, que preferiu lançar Saint Laurent, de Bertrand Bonello. Curiosamente, a produção que centra no universo da moda e na vida do estilista Yves Saint Laurent, também tem Léa Seydoux no elenco.

Saint Laurent, de Bertrand Bonello (photo by outnow.ch)

Helmut Berger em cena de Saint Laurent, de Bertrand Bonello (photo by outnow.ch)

Até o momento, a lista de representantes estrangeiros no Oscar 2015 está assim:

  • AFEGANISTÃO: A Few Cubic Meters of Love
    Dir: Jamshid Mahmoudi
  • ALEMANHA: Beloved Sisters
    Dir: Dominik Graf
  • ARGENTINA: Relatos Selvagens (Relatos Salvajes)
    Dir: Damián Szifrón
  • AUSTRÁLIA: Charlie’s Country
    Dir: Rolf de Heer
  • ÁUSTRIA: The Dark Valley
    Dir: Andreas Prochaska
  • AZERBAIJÃO: Nabat
    Dir: Elchin Musaoglu
  • BANGLADESH: Glow of the Firefly
    Dir: Khlaid Mahmood Mithu
  • BÉLGICA: Two Days, One Night
    Dir: Jean-Pierre e Luc Dardenne
  • BOLÍVIA: Forgotten
    Dir: Carlos Bolado
  • BÓSNIA HERZEGOVINA: With Mom
    Dir: Faruk Loncarevic
  • BRASIL: Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
    Dir: Daniel Ribeiro
  • BULGÁRIA: Bulgarian Rhapsody
    Dir: Ivan Nitchev
  • CANADÁ: Mommy
    Dir: Xavier Dolan
  • CHILE: Matar um Homem
    Dir: Alejandro Fernández Almendras
  • CHINA: The Nightingale
    Dir: Philippe Muyl
  • COLÔMBIA: Mateo
    Dir: Maria Gamboa
  • CORÉIA DO SUL: Sea Fog
    Dir: Sung Bo Shim
  • COSTA RICA: Red Princesses
    Dir: Laura Astorga
  • CROÁCIA: Cowboys
    Dir: Tomislav Mrsic
  • CUBA: Conducta
    Dir: Ernesto Daranas
  • DINAMARCA: Sorrow and Joy
    Dir: Nils Malmros
  • EQUADOR: Silence in Dreamland
    Dir: Tito Molina
  • ESLOVÁQUIA: A Step Into the Dark
    Dir: Miloslav Luther
  • ESLOVÊNIA: Seduce Me
    Dir: Marko Santic
  • ESPANHA: Living is Easy with Eyes Closed
    Dir: David Trueba
  • ESTÔNIA: Tangerines
    Dir: Zaza Urushadze
  • ETIÓPIA: Difret
    Dir: Zeresenay Berhane Mehari
  • FILIPINAS: Norte, the End of History
    Dir: Lav Diaz
  • FINLÂNDIA: Concrete Night
    Dir: Pirjo Honkasalo
  • FRANÇA: Saint Laurent
    Dir: Bertrand Bonello
  • GEORGIA: Corn Island
    Dir: Giorgi Ovashvili
  • GRÉCIA: Little England
    Dir: Pantelis Voulgaris
  • HOLANDA: Accused
    Dir: Paula van der Oest
  • HONG KONG: The Golden Era
    Dir: Ann Hui
  • HUNGRIA: White God
    Dir: Kornél Mundruczó
  • ÍNDIA: Liar’s Dice
    Dir: Gheetu Mohandas
  • INDONÉSIA: Soekarno
    Dir: Hanung Bramantyo
  • IRÃ: Today
    Dir: Reza Mir-Karimi
  • IRAQUE: Mardan
    Dir: Batin Ghobadi
  • IRLANDA: The Gift
    Dir: Tommy Collins
  • ISLÂNDIA: Life in a Fishbowl
    Dir: Baldvin Zophoníasson
  • ISRAEL: Gett: The Trial of Viviane Amsalem
    Dir: Ronit Elkabetz, Shlomi Elkabetz
  • ITÁLIA: Human Capital
    Dir: Paolo Virzi
  • JAPÃO: The Light Shines Only There
    Dir: Mipo Oh
  • KOSOVO: Three Windows and a Hanging
    Dir: Isa Qosja
  • MACEDÔNIA: To the Hilt
    Dir: Stole Popov
  • LETÔNIA: Rocks in My Pockets
    Dir: Signe Baumane
  • LÍBANO: Ghadi
    Dir: Amin Dora
  • LITUÂNIA: The Gambler
    Dir: Ignas Jonynas
  • LUXEMBURGO: Never Die Young
    Dir: Pol Cruchten
  • MARROCOS: The Red Moon
    Dir: Hassan Benjelloun
  • MAURITÂNIA: Timbuktu
    Dir: Abderrahmane Sissako
  • MÉXICO: Cantinflas
    Dir: Sebastian del Amo
  • MOLDÁVIA: The Unsaved
    Dir: Igor Cobileanski
  • MONTENEGRO: The Boys from Marx and Engels Street
    Dir: Nikoa Vukcevic
  • NEPAL: Jhola
    Dir: Yadavkumar Bhattarai
  • NORUEGA: 1001 grams
    Dir: Bent Hamer
  • NOVA ZELÂNDIA: The Dead Lands
    Dir: Toa Fraser
  • PALESTINA: Eyes of a Thief
    Dir: Najwa Najjar
  • PANAMÁ: Invasion
    Dir: Abner Benaim
  • PAQUISTÃO: Dukhtar
    Dir: Afia Nathaniel
  • PERU: The Gospel of the Flesh
    Dir: Eduardo Mendoza de Echave
  • POLÔNIA: Ida
    Dir: Pawel Pawlikowski
  • PORTUGAL: E Agora? Lembra-me
    Dir: Joaquim Pinto
  • QUIRGUISTÃO: Kurmanjan Datka: Queen of the Mountains
    Dir: Sadyk Sher-Niyaz
  • REINO UNIDO: Little Happiness
    Dir: Nihat Seven
  • REPÚBLICA DOMINICANA: Cristo Rey
    Dir: Leticia Tonos
  • REPÚBLICA TCHECA: Fair Play
    Dir: Andrea Sedlackova
  • ROMÊNIA: The Japanese Dog
    Dir: Tudor Cristian Jurgiu
  • RÚSSIA: Leviatã (Leviathan)
    Dir: Andrey Zvyagintsev
  • SÉRVIA: See You in Montevideo
    Dir: Dragan Bjelogrlic
  • SINGAPURA: My Beloved Dearest
    Dir: Sanif Olek
  • SUÉCIA: Força Maior (Force Majeure)
    Dir: Ruben Ostlund
  • SUÍÇA: The Circle
    Dir: Stefan Haupt
  • TAILÂNDIA: Teacher’s Diary
    Dir: Nithiwat Tharathorn
  • TAIWAN: Ice Poison
    Dir: Midi Z
  • TURQUIA: Winter Sleep
    Dir: Nuri Bilge Ceylan
  • UCRÂNIA: The Guide
    Dir: Oles Sanin
  • URUGUAI: Mr. Kaplan
    Dir: Álvaro Brechner
  • VENEZUELA: Libertador
    Dir: Alberto Arvelo

Cena de Winter Sleep (photo by outnow.ch)

Um dos favoritos até o momento: o turco Winter Sleep, que venceu a Palma de Ouro 2014 (photo by outnow.ch)

Por enquanto, o turco Winter Sleep, que venceu a Palma de Ouro em Cannes este ano, larga na frente. Logo atrás, o canadense Mommy, que estava entre os indicados de Cannes, ganha notoriedade por seu jovem diretor Xavier Dolan, de 25 anos. Embora contenha elementos que afastam os votantes idosos da Academia como trilha musical bem pop com Dido e Counting Crows, a profundidade emocional extraída de seus atores pode ser um diferencial nesta disputa tão acirrada por uma vaga no Oscar. Existe ainda a possibilidade (mesmo que remota) da atriz de Mommy, Anne Dorval, participar de um burburinho na categoria de atriz. Também não é possível esquecer os irmãos belgas Dardenne. Embora Two Days, One Night não tenha conquistado prêmio algum em Cannes, ainda tem o poder de emocionar os votantes.

Anne Dorval em cena do canadense Mommy, de Xavier Dolan (photo by outnow.ch)

Anne Dorval em cena do canadense Mommy, de Xavier Dolan (photo by outnow.ch)

Entretanto, para alguns especialistas no gosto dos votantes do Oscar, o representante polonês tem ampla vantagem. Protagonizado por uma freira judia, Ida desenterra segredos do passado dela durante o Holocausto. Imagina se a maioria votante composta por judeus vai gostar?! Tudo que estiver relacionado à 2ª Guerra Mundial e/ou envolver judeus já contará com algum favoritismo. Prova disso é o último filme do Brasil a alcançar à semi-final: O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, que apresenta personagens da comunidade judaica em São Paulo. Sempre fui contra as regras da Academia em relação à esta categoria, pois praticamente limita os votos para idosos judeus, os únicos que conseguem assistir a todos os concorrentes em sessões vespertinas. Quando teremos um presidente da Academia que reformule tais regras arcaicas? Enfim, a Polônia tem sua chance de ouro, pois já foi indicada oito vezes ao Oscar de Filme Estrangeiro e nunca levou.

O polonês Ida, de Pawel Pawlikowski. Temática judia leva vantagem automática. (photo by outnow.ch)

O polonês Ida, de Pawel Pawlikowski. Temática judia leva vantagem automática. (photo by outnow.ch)

Outra nação que vive batendo na trave é o México, com as mesmas oito indicações. A última vez que concorreu foi em 2011 com Biutiful, de Alejandro González Iñárritu, que também já disputara com Amores Brutos em 2001. Este ano, o representante Cantiflas, de Sebastian del Amo, conta com o apoio da ótima bilheteria em solo americano de 6 milhões de dólares e por se tratar da vida do ator mexicano homônimo, que trabalhou ao lado de David Niven no clássico A Volta ao Mundo em Oitenta Dias, que faturou o Oscar de Melhor Filme em 1957.

Antes das indicações ao Oscar, haverá um corte para 9 semi-finalistas em janeiro. A 87ª cerimônia do Oscar acontecerá no dia 22 de fevereiro de 2015.

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