
Alfonso Cuarón dirige cena com Yalitza Aparicio em Roma (pic by imdb)
VENCEDOR DO OSCAR POR ‘GRAVIDADE’, ALFONSO CUARÓN COMPETE PELO MÉXICO
OK, os portões do ENEM fecharam! Ninguém mais entra, ninguém mais sai. 87 países enviaram seus filmes representantes para disputarem as 5 cobiçadas indicações na categoria de Filme em Língua Estrangeira. É importante ressaltar aqui que houve uma ligeira redução de inscritos comparando com o ano passado, quando houve 92 filmes.
Este ano marca a estréia na lista de dois países que muita gente sequer sabia da existência: Malawi e Niger, ambas nações do continente africano. Duas produções ainda aguardam aprovação da Academia: o filme cubano Sergio & Sergei, e o representante do Quirguistão Night Accident.
COMO ESTÁ A DISPUTA ATÉ O MOMENTO?
Ao contrário dos últimos anos, 2019 já tem um franco-favorito: Roma, de Alfonso Cuarón, que ganhou o Leão de Ouro em Veneza, é o representante oficial do México, que nunca ganhou o Oscar de Filme em Língua Estrangeira na história da Academia. Por todos os lugares por quais passa, independente de qual crítico, o filme biográfico do diretor é uma extrema unanimidade, inclusive, com alta possibilidade de concorrer ao Oscar de Melhor Filme (seria a primeira indicação da Netflix) e com boas chances de vencer! Essa dobradinha Melhor Filme e Melhor Filme em Língua Estrangeira nunca aconteceu antes.
Pra quem não se recorda, Alfonso Cuarón já venceu dois Oscars pela ficção científica Gravidade em 2014: Melhor Montagem e Melhor Direção. Ele já havia concorrido antes por Filhos da Esperança em 2007 (Roteiro Adaptado e Montagem) e por E Sua Mãe Também em 2002 (Roteiro Original). Tornou-se o primeiro diretor hispânico a vencer o Oscar de Diretor, abrindo a porta para seus compadres Alejandro González Iñárritu e Guillermo Del Toro.

Sakura Andô (mãe) e Lily Franky (pai) interagem com menina adotada em Assunto de Família (pic by imdb)
Claro que, mesmo diante desse sucesso estrondoso, só vamos ter 100% de certeza quando o filme for anunciado vencedor no palco da cerimônia. Até lá, muita água ainda vai rolar nesse rio de filmes. O representante japonês, Assunto de Família, de Hirokazu Koreeda, figura como uma espécie de segundo lugar nessa bolsa de apostas. Cineasta com presença frequente em grandes festivais internacionais, Koreeda ganhou enorme impulso após a vitória da Palma de Ouro em Cannes com este singelo drama sobre uma família de ladrões que adota uma menina de rua.
Dá pra praticamente cravar que Roma e Assunto de Família já estão garantidos na categoria. As outras 3 vagas podem ir para:
POLÔNIA: Guerra Fria (Cold War), de Pawel Pawlikowski
– Temos aqui o diretor que ganhou o Oscar de Filme Estrangeiro por Ida em 2014, fazendo um novo filme em preto-e-branco com pano de fundo da guerra, tema que muitos votantes adoram. Cold War levou o prêmio de Direção em Cannes. E conta com a belíssima fotografia PB de Lukasz Zal (que foi indicado ao Oscar por Ida).

Joanna Kulig em cena de Guerra Fria (pic by imdb)
CORÉIA DO SUL: Em Chamas (Burning), de Lee Chang-dong
– Bastante elogiado em Cannes, de onde saiu com o FIPRESCI Prize, que reconhece a vertente artística, Em Chamas pode se tornar a primeira indicação da Coréia do Sul ao Oscar após o país perder grande chance com A Criada em 2016. Seu diretor Lee Chang-dong tem um currículo internacional respeitável, já tendo vencido o prêmio de roteiro por Poesia (2010) em Cannes.

Ah-In Yoo, Jong-seo Jeon e Steven Yeun em cena de Em Chamas (pic by imdb)
PARAGUAI: As Herdeiras (Las Herederas), de Marcelo Martinessi
– Em sua passagem pelo Festival de Berlim, o filme conquistou o prêmio de Melhor Atriz para Ana Brun. O filme narra a decadência financeira de uma família da elite paraguaia. O longa paraguaio já estreou no Brasil.

Ana Brun e Ana Ivanova em cena de As Herdeiras (pic by humanitieskansas.org)
BÉLGICA: Girl, de Lukas Dhont
– A produção acompanha a trajetória de Lara, uma menina de 15 anos nascida num corpo de menino, que tem o sonho de ser bailarina. Girl teve boa passagem pela mostra Un Certain Regard de Cannes, e pode se beneficiar da recente vitória de outro filme LGBT no Oscar: Uma Mulher Fantástica.

Victor Polster como a bailarina Lara em cena de Girl (pic by imdb)
Outros filmes bem cotados são o dinamarquês A Culpa, de Gustave Möller; o alemão Never Look Away, de Florian Henckel von Donnnersmarck (que venceu o Oscar por A Vida dos Outros); e o libanês Capernaum, de Nadine Labaki.
E O BRASIL?
A Academia de Cinema Brasileiro nomeou O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues, para concorrer ao Oscar. Como o filme ainda não estreou em solo brasileiro, acabou não contando com o voto popular. Internacionalmente, o longa teve passagem bem discreta em mostra paralela não-competitiva de Cannes. A seleção se baseou na extensa filmografia do diretor, que este ano foi integrado à Academia de Letras Brasileira, e na temática circense que já fez sucesso décadas atrás na categoria como com A Estrada da Vida, de Federico Fellini.

Jesuíta Barbosa em cena de O Grande Circo Místico (pic by imdb)
A menos que haja uma mega reviravolta na campanha nos EUA, o filme tem tudo para morrer na praia, infelizmente. A escolha mais sensata teria sido entre Benzinho e As Boas Maneiras, que tiveram carreira internacional mais rica, que facilitaria na divulgação. Porém, vamos continuar torcendo… pelo menos até conferir a qualidade do filme!
PREPARE-SE!
No final de dezembro, sai a pré-lista com 9 produções. E os cinco indicados serão conhecidos no dia do anúncio das indicações: 22 de janeiro. A cerimônia acontecerá no dia 24 de fevereiro.
SEGUE A LISTA DAS 87 PRODUÇÕES INSCRITAS PARA O OSCAR 2019:
PAÍS | FILME | DIRETOR(A)(ES) |
Afeganistão | Rona Azim’s Mother | Jamshid Mahmoudi |
África do Sul | Sew the Winter to my Skin | Jahmil X.T. Qubeka |
Alemanha | Never Look Away | Florian H. von Donnersmarck |
Argélia | Until the End of Time | Yasmine Chouikh |
Argentina | El Ángel | Luis Ortega |
Armênia | Spitak | Alexander Kott |
Austrália | Jirga | Benjamin Gilmour |
Áustria | The Waldheim Waltz | Ruth Beckermann |
Bangladesh | No Bed of Roses | Mostofa Sarwar Farook |
Bélgica | Girl | Lukas Dhont |
Bielorrússia | Crystal Swan | Darya Zhuk |
Bolívia | The Goalkeeper | Rodrigo ‘Gory’ Patiño |
Bósnia Herzegovina | Never Leave Me | Ainda Begi´c |
Brasil | O Grande Circo Místico | Cacá Diegues |
Bulgária | Omnipresent | Ilian Djevelekov |
Camboja | Graves Without a Name | Rithy Panh |
Canadá | Family Ties | Sophie Dupuis |
Cazaquistão | Ayka | Sergey Dvortsevoy |
Chile | …And Suddenly the Dawn | Silvio Caiozzi |
China | Hidden Man | Jiang Wen |
Colômbia | Birds of Passage | Cristina Gallego, Ciro Guerra |
Coréia do Sul | Em Chamas | Lee Chang-dong |
Costa Rica | Medea | Alexandra Latishev |
Croácia | The Eighth Comissioner | Ivan Salaj |
Dinamarca | Culpa | Gustav Möller |
Egito | Yomeddine | A.B. Shawky |
Equador | A Son of Man | Jamaicanoproblem |
Eslováquia | The Interpreter | Martin Šulík |
Eslovênia | Ivan | Janez Burger |
Espanha | Champions | Javier Fesser |
Estônia | Take it or Leave it | Liina Trishkina-Vanhatalo |
Filipinas | Signal Rock | Chito S. Roño |
Finlândia | Euthanizer | Teemu Nikki |
França | Memoir of War | Emmanuel Finkiel |
Geórgia | Namme | Zaza Khalvashi |
Grécia | Polyxeni | Dora Masklavanou |
Holanda | O Banqueiro da Resistência | Joram Lürsen |
Hong Kong | Operation Red Sea | Dante Lam |
Hungria | Sunset | László Nemes |
Iêmen | 10 Days Before the Wedding | Amr Gamal |
Índia | Village Rockstars | Rima Das |
Indonésia | Marlina the Murderer in Four Acts | Mouly Surya |
Irã | Sem Data, Sem Assinatura | Vahid Jalivand |
Iraque | The Journey | Mohamed Jabarah Al-Daradji |
Islândia | Woman at War | Benedikt Erlingsson |
Israel | The Cakemaker | Ofir Raul Graizer |
Itália | Dogman | Matteo Garrone |
Japão | Assunto de Família | Hirokazu Koreeda |
Kosovo | The Marriage | Blerta Zeqiri |
Letônia | To Be Continued | Ivars Seleckis |
Líbano | Capernaum | Nadine Labaki |
Lituânia | Wonderful Losers: A Different World | Arunas Matelis |
Luxemburgo | Gutland | Govinda Van Maele |
Macedônia | Secret Ingredient | Gjorce Stavreski |
Malawi | The Road to Sunrise | Shemu Joyah |
Marrocos | Burnout | Nour-Eddine Lakhmari |
México | Roma | Alfonso Cuarón |
Montenegro | Iskra | Gojko Berkuljan |
Nepal | Panchayat | Shivam Adhikari |
Níger | The Wedding Ring | Rahmatou Keïta |
Noruega | What Will People Say | Iram Haq |
Nova Zelândia | Yellow is Borbidden | Pietra Brettkelly |
Palestina | Ghost Hunting | Raed Andoni |
Panamá | Ruben Blades is not my Name | Abner Benaim |
Paquistão | Cake | Assim Abbasi |
Paraguai | As Herdeiras | Marcelo Martinessi |
Peru | Eternity | Oscar Catacora |
Polônia | Guerra Fria | Pawel Pawlikowski |
Portugal | Pilgrimage | João Botelho |
Quênia | Supa Modo | Likarion Wainaina |
Reino Unido | I Am Not a Witch | Rungano Nyoni |
Rep Dominicana | Cocote | Nelson Carlo De Los S. Arias |
Rep Tcheca | Winter Flies | Olmo Omerzu |
Romênia | I Do Not Care If We Go Down in History as Barbarians | Radu Jude |
Rússia | Sobibor | Konstantin Khabensky |
Sérvia | Offenders | Dejan Zecevic |
Singapura | Buffalo Boys | Mike Wiluan |
Suécia | Border | Ali Abbasi |
Suíça | Eldorado | Markus Imhoof |
Tailândia | Malila the Farewell Flower | Anucha Boonyawatana |
Taiwan | The Great Buddha+ | Hsin-Yao Huang |
Tunísia | Beauty and the Dogs | Kaouther Bem Hania |
Turquia | The Wild Pear Tree | Nuri Bilge Ceylan |
Ucrânia | Donbass | Sergei Loznitsa |
Uruguai | Uma Noite de 12 Anos | Álvaro Brechner |
Venezuela | The Family | Gustavo Rondón Córdova |
Vietnã | The Tailor | Buu Loc Tran, Kay Nguyen |