‘BELFAST’ e ‘AMOR, SUBLIME AMOR’ LIDERAM INDICAÇÕES ao CRITICS’ CHOICE AWARDS

NO MESMO DIA, DRAMA ‘BELFAST’ LIDEROU GLOBO DE OURO

Neste mesmo dia 13 de Dezembro, o Critics’ Choice Awards anunciou sua lista de indicados poucas horas depois da fragilizada HFPA anunciar os indicados ao Globo de Ouro. Em comum, Belfast foi o recordista de indicações e, desta forma, o drama autobiográfico do britânico Kenneth Branagh vem conquistando seu favoritismo até o Oscar com 11 indicações, incluindo Melhor Filme, Direção, Roteiro Original, Fotografia, além de 4 indicações nas categorias de atuação.

Já o outro filme com 11 indicações foi o remake do musical Amor, Sublime Amor, de Steven Spielberg, que estreou recentemente nos EUA com uma bilheteria bem abaixo do esperado apesar das boas críticas. Vale lembrar que o filme tinha previsão inicial para lançamento em 2020, mas devido ao escândalo sexual envolvendo o nome do protagonista Ansel Elgort, houve um adiamento de um ano. Em entrevistas, o diretor tem defendido o filme como uma mensagem de amor e união, ambos muito necessários em tempos de polarização. Recentemente, a novata Rachel Zegler recebeu o prêmio de Melhor Atriz no National Board of Review e aqui, foi indicada na categoria de Ator/Atriz Jovem, com grandes chances de vitória. E vale ressaltar a indicação de Rita Moreno, que recentemente completou 90 anos, e pode ser novamente reconhecida pela Academia 50 anos depois do original de Robert Wise e Jerome Robbins.

Logo em seguida, com 10 indicações, Ataque dos Cães e Duna se mostram protagonistas desta temporada, enquanto Licorice Pizza e O Beco do Pesadelo acumularam 8 indicações cada. O novo filme de Guillermo del Toro finalmente tem um reconhecimento à altura de suas ambições e tem boas chances de premiação nas categorias de Design de Produção e Figurino. Já King Richard: Criando Campeãs e Não Olhe Para Cima coletaram 6 indicações cada.

A indicação que mais surpreendeu foi a de Nicolas Cage na categoria de Melhor Ator por um filme mega independente chamado Pig. Alguns certamente já viram o trailer e outros já viram o filme e a reação da maioria foi unânime: “Por que Nicolas Cage não faz mais filmes assim?”. Depois de tanta porcaria que o ator participou nos últimos anos (certamente pra pagar as contas), foi bom ver que Cage continua um bom ator se lhe derem um bom papel. Em Pig, ele vive isolado numa floresta com uma porca que caça trufas até o dia em que ela é sequestrada. Parece a sinopse de um filme à la Liam Neeson, mas o filme subverte as expectativas e entrega um drama de luto. Achamos bem difícil ele voltar ao Oscar com um filme tão pequeno, ainda mais com tantos concorrentes em alta, mas já valeu pelo retorno do reconhecimento do ator.

Já na categoria de atriz, uma ausência comentada foi a de Penélope Cruz por Madres Paralelas, que lhe rendeu o Volpi Cup de Melhor Atriz no último Festival de Veneza. Como muitos já sabem, o filme não pode concorrer ao Oscar de Filme Internacional, pois não foi o selecionada do comitê espanhol, mas apesar da ausência de Cruz, ainda há expectativa de que Pedro Almodóvar consiga triunfar no Oscar.

Confira todos os indicados da 27ª edição do Critics’ Choice:

MELHOR FILME

Belfast
No Ritmo do Coração (CODA)
Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up)
Duna (Dune)
King Richard: Criando Campeãs (King Richard)
Licorice Pizza
O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley)
Ataque dos Cães (The Power of the Dog)
tick, tick…Boom!
Amor, Sublime Amor (West Side Story)

MELHOR ATOR
Nicolas Cage (Pig)
Benedict Cumberbatch (Ataque dos Cães)
Peter Dinklage (Cyrano)
Andrew Garfield (tick, tick…Boom!)
Will Smith (King Richard: Criando Campeãs)
Denzel Washington (The Tragedy of Macbeth)

MELHOR ATRIZ
Jessica Chastain (The Eyes of Tammy Faye)
Olivia Colman (The Lost Daughter)
Lady Gaga (Casa Gucci)
Alana Haim (Licorice Pizza)
Nicole Kidman (Being the Ricardos)
Kristen Stewart (Spencer)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Jamie Dornan (Belfast)
Ciarán Hinds (Belfast)
Troy Kotsur (No Ritmo do Coração)
Jared Leto (Casa Gucci)
J.K. Simmons (Being the Ricardos)
Kodi Smit-McPhee (Ataque dos Cães)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Caitriona Balfe (Belfast)
Ariana DeBose (Amor, Sublime Amor)
Ann Dowd (Mass)
Kirsten Dunst (Ataque dos Cães)
Aunjanue Ellis (King Richard: Criando Campeãs)
Rita Moreno (Amor, Sublime Amor)

MELHOR ATOR/ATRIZ JOVEM
Jude Hill (Belfast)
Cooper Hoffman (Licorice Pizza)
Emilia Jones (No Ritmo do Coração)
Woody Norman (C’mon C’mon)
Saniyya Sidney (King Richard: Criando Campeãs)
Rachel Zegler (Amor, Sublime Amor)

MELHOR ELENCO
Belfast
Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up)
Vingança & Castigo (The Harder They Fall)
Licorice Pizza
Ataque dos Cães (The Power of the Dog)
Amor, Sublime Amor (West Side Story)

MELHOR DIRETOR
Paul Thomas Anderson (Licorice Pizza)
Kenneth Branagh (Belfast)
Jane Campion (Ataque dos Cães)
Guillermo del Toro (O Beco do Pesadelo)
Steven Spielberg (Amor, Sublime Amor)
Denis Villeneuve (Duna)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Paul Thomas Anderson (Licorice Pizza)
Zach Baylin (King Richard: Criando Campeãs)
Kenneth Branagh (Belfast)
Adam McKay, David Sirota (Não Olhe Para Cima)
Aaron Sorkin (Being the Ricardos)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Jane Campion (Ataque dos Cães)
Maggie Gyllenhaal (The Lost Daughter)
Siân Heder (No Ritmo do Coração)
Tony Kushner (Amor, Sublime Amor)
Jon Spaihts, Denis Villeneuve, Eric Roth (Duna)

MELHOR FOTOGRAFIA
Bruno Delbonnel (The Tragedy of Macbeth)
Greig Fraser (Duna)
Janusz Kaminski (Amor, Sublime Amor)
Dan Laustsen (O Beco do Pesadelo)
Ari Wegner (Ataque dos Cães)
Haris Zambarloukos (Belfast)

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
Jim Clay, Claire Nia Richards (Belfast)
Tamara Deverell, Shane Vieau (O Beco do Pesadelo)
Adam Stockhausen, Rena DeAngelo (A Crônica Francesa)
Adam Stockhausen, Rena DeAngelo (Amor, Sublime Amor)
Patrice Vermette, Zsuzsanna Sipos (Duna)

MELHOR MONTAGEM
Sarah Broshar and Michael Kahn (Amor, Sublime Amor)
Úna Ní Dhonghaíle (Belfast)
Andy Jurgensen (Licorice Pizza)
Peter Sciberras (Ataque dos Cães)
Joe Walker (Duna)

MELHOR FIGURINO
Jenny Beavan (Cruella)
Luis Sequeira (O Beco do Pesadelo)
Paul Tazewell (Amor, Sublime Amor)
Jacqueline West, Robert Morgan (Duna)
Janty Yates (Casa Gucci)

MELHOR PENTEADO E MAQUIAGEM
Cruella
Duna
The Eyes of Tammy Faye
Casa Gucci
O Beco do Pesadelo

MELHORES EFEITOS VISUAIS
Duna
The Matrix Resurrections
O Beco do Pesadelo
Sem Tempo Para Morrer
Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis

MELHOR COMÉDIA

Duas Tias Loucas de Férias (Barb & Star Go to Vista Del Mar)
Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up)
Free Guy: Assumindo o Controle (Free Guy)
A Crônica Francesa (The French Dispatch)
Licorice Pizza

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
Encanto
Flee
Luca
A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas (The Mitchells vs the Machines)
Raya e o Último Dragão (Raya and the Last Dragon)

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
A Hero
Drive My Car
Flee
The Hand of God
The Worst Person in the World

MELHOR CANÇÃO
Be Alive (King Richard: Criando Campeãs)
Dos Oruguitas (Encanto)
Guns Go Bang (Vingança & Castigo)
Just Look Up (Não Olhe Para Cima)
No Time to Die (Sem Tempo Para Morrer)

MELHOR TRILHA MUSICAL
Nicholas Britell (Não Olhe Para Cima)
Jonny Greenwood (Ataque dos Cães)
Jonny Greenwood (Spencer)
Nathan Johnson (O Beco do Pesadelo)
Hans Zimmer (Duna)

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A cerimônia do Critics’ Choice Awards será transmitida peloa TNT no dia 9 de Janeiro.

LICORIZE PIZZA é ELEITO o MELHOR FILME pelo NBR

ORGANIZAÇÃO DE CRÍTICOS TEM GARANTIDO UM DOS INDICADOS A MELHOR FILME NO OSCAR

Formado por cineastas, profissionais, acadêmicos, estudantes e entusiastas de cinema, o seleto grupo do National Board of Review elegeu o novo filme de Paul Thomas Anderson, Licorice Pizza, como o Melhor Filme do ano. “Em tempos de transição e incertezas, não há nada como Licorice Pizza para nos lembrar da alegria, esperança e satisfação que o grande cinema pode inspirar”, defendeu a presidente da NBR Annie Schulhof. O filme ainda levou o prêmio de Atuação Revelação para a dupla Alana Haim e Cooper Hoffman (filho do saudoso Philip Seymour Hoffman). Será lançado no dia 25/12 nos EUA e tem previsão de estreia no Brasil no dia 22 de Janeiro.

O cineasta californiano já havia vencido dois prêmios no NBR: Roteiro Adaptado em 2014 por Vício Inerente, e Roteiro Original em 2017 por Trama Fantasma. Com este reconhecimento como Melhor Filme e Direção inéditos, já começam especulações dos fãs se finalmente chegou a hora de Anderson levar um Oscar. Já são 8 indicações e nenhuma vitória.

Nos últimos 30 anos, a NBR tem conseguido incluir seus vencedores na lista de indicados a Melhor Filme no Oscar, com apenas uma exceção por década: O Ano Mais Violento (2014), Contos Proibidos do Marquês de Sade (2000), Deuses e Monstros (1998). Dificilmente Licorice Pizza será uma dessas exceções se depender do prestígio do diretor na Academia.

Nas categorias de atuação, Will Smith já vinha crescendo nas últimas semanas por sua performance em King Richard: Criando Campeãs como o pai das tenistas Venus e Serena Williams. Mesmo em início de temporada de premiações, este prêmio eleva bastante as chances de sua 3ª indicação ao Oscar após Ali e À Procura da Felicidade. Pelo mesmo filme, Aunjanue Ellis levou o prêmio de Atriz Coadjuvante ao interpretar a mãe delas, mas vale ressaltar que a categoria tem tudo para ser uma das mais disputadas dos últimos anos.

O irlandês Ciarán Hinds, que já trabalhou com vários diretores consagrados como John Boorman, Sam Mendes, Steven Spielberg e Jonathan Demme, foi reconhecido como Melhor Ator Coadjuvante no drama familiar de Kenneth Branagh, Belfast, que conquistou o prestigiado prêmio do público no Festival de Toronto. Caso Belfast seja um dos favoritos ao Oscar 2022, Hinds pode ser a âncora necessária assim como Mahershala Ali foi para Moonlight e Green Book. Já como Melhor Atriz, a maior surpresa desta edição: Rachel Zegler, uma jovem americana de ascendência colombiana, descoberta por Spielberg após ficar conhecida por fazer vídeos com covers como da canção Shallow, de Lady Gaga. Ela interpreta Maria, papel consagrado por Natalie Wood no original Amor, Sublime Amor (1961).

Os estúdios das plataformas de streaming podem não ter levado os prêmios principais que foram para a MGM e United Artists, mas a Amazon Studios levou dois pelo iraniano A Hero, de Asghar Farhadi: Melhor Roteiro Original e Filme em Língua Estrangeira, enquanto a Apple Original Films ficou com Roteiro Adaptado e Fotografia para The Tragedy of Macbeth, de Joel Coen. A Netflix teve de se contentar com Melhor Elenco por Vingança & Castigo, de Jeymes Samuel.

O National Board of Review tem o costume de fazer seu top 10 e top 5 para filmes, filmes independentes, filmes em língua estrangeira e documentário para dar mais visibilidade e beneficiar mais produções. Dentre alguns destaques do ano que devem ganhar mais espaço na temporada estão Duna, Não Olhe Para Cima, Nightmare Alley e o independente No Ritmo do Coração, que há poucos dias levou dois prêmios no Gotham Awards. Vale destacar também o prêmio de Diretor Estreante para Michael Sarnoski do drama intimista Pig, no qual Nicolas Cage vai atrás de seu porco de estimação.

A cerimônia de premiação acontece no próximo dia 11 de Janeiro em Nova York.

CONFIRA TODOS OS VENCEDORES DO NBR:

MELHOR FILME
“Licorice Pizza” (MGM/United Artists Releasing)

MELHOR DIRETOR
Paul Thomas Anderson, “Licorice Pizza” (MGM/United Artists Releasing)

MELHOR ATOR
Will Smith, “King Richard” (Warner Bros)

MELHOR ATRIZ
Rachel Zegler, “Amor, Sublime Amor” (20th Century Studios)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Ciarán Hinds, “Belfast” (Focus Features)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Aunjanue Ellis, “King Richard: Criando Campeãs” (Warner Bros)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Joel Coen, “The Tragedy of Macbeth” (Apple Original Films/A24)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Asghar Farhadi, “A Hero” (Amazon Studios)

MELHOR PERFORMANCE REVELAÇÃO
 Alana Haim e Cooper Hoffman, “Licorice Pizza” (MGM/United Artists Releasing)

MELHOR ESTREIA NA DIREÇÃO
Michael Sarnoski, “Pig” (Neon)

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
“Encanto” (Walt Disney Pictures)

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
 “A Hero” (Amazon Studios) – Irã

MELHOR DOCUMENTÁRIO
“Summer of Soul (…Or, When the Revolution Could Not Be Televised)” (Searchlight Pictures)

PRÊMIO NBR DE LIBERDADE DE EXPRESSÃO: “Flee” (Neon & Participant)
MELHOR ELENCO: “Vingança & Castigo” (The Harder They Fall) (Netflix)
MELHOR FOTOGRAFIA: 
Bruno Delbonnel, “The Tragedy of Macbeth” (Apple Original Films/A24)

TOP FILMES (em ordem alfabética)

  • “Belfast” (Focus Features)
  • “Não Olhe Para Cima” (Netflix)
  • “Duna” (Warner Bros)
  • “King Richard: Criando Campeãs” (Warner Bros)
  • “The Last Duel” (20th Century Studios)
  • “Nightmare Alley” (Searchlight Pictures)
  • “Red Rocket” (A24)
  • “The Tragedy of Macbeth” (Apple Original Films/A24)
  • “Amor, Sublime Amor” (20th Century Studios)

TOP 5 FILMES EM LÍNGUA ESTRANGEIRA (em ordem alfabética)

  • “Benedetta”
  • “Lamb”
  • “Lingu, The Sacred Bonds”
  • “Titane”
  • “The Worst Person in the World”

TOP 5 DOCUMENTÁRIOS (em ordem alfabética)

  • “Ascension” (MTV Documentary Films)
  • “Attica” (Showtime)
  • “Flee” (Neon & Participant)
  • “The Rescue” (National Geographic)
  • “Roadrunner: A Film About Anthony Bourdain” (Focus Features)

TOP 10 FILMES INDEPENDENTES (em ordem alfabética)

  • “The Card Counter” (Focus Features)
  • “C’mon C’mon” (A24)
  • “CODA” (Apple Original Films)
  • “The Green Knight” (A24)
  • “Holler” (IFC Films)
  • “Jockey” (Sony Pictures Classics)
  • “Old Henry” (Shout! Factory)
  • “Pig” (Neon)
  • “Shiva Baby” (Utopia)
  • “The Souvenir Part II” (A24)

GLENN CLOSE ENTRE INDICADOS do FRAMBOESA DE OURO 2021

ATRIZ VETERANA PODE CONSEGUIR UMA RARA COMBINAÇÃO DE FRAMBOESA E OSCAR PELA MESMA PERFORMANCE

A primeira coisa que deve ter vindo à mente de Glenn Close ao ler esta notícia foi: “Mais um ano sem Oscar”. A atriz vinha num bom momento com indicações ao Globo de Ouro, Critics’ Choice e SAG, mesmo num filme de qualidade questionável como Era uma Vez um Sonho. Apesar de não carregar o favoritismo de Maria Bakalova, Yuh-Jung Youn ou mesmo de Jodie Foster, que ganhou o Globo de Ouro, Glenn Close ainda tinha chances reais de vitória no Oscar pela instabilidade da categoria de Atriz Coadjuvante. E sua derrota dolorida em 2019 no Oscar certamente lhe renderia votos de consolação por muitos membros da Academia.

Não estamos dizendo que o Oscar de Glenn Close já era, até mesmo porque ela tem muita credibilidade ainda (foi sua primeira indicação ao Framboesa) e ainda há tempo para se recuperar até o final de Abril quando acontece a cerimônia do Oscar. Vale lembrar aqui que houve dois raríssimos casos que podem se tornar iguais ao dela: Amy Irving e James Coco. Ela foi indicada para o Oscar e Framboesa pela atuação em Yentl, enquanto ele foi lembrado por ambos os prêmios por O Doce Sabor de um Sorriso. Nenhum dos dois ganhou nenhum dos prêmios.

Ainda no campo dos atores, tem sido cada vez mais recorrente a presença de atores indicados ou vencedores do Oscar na lista do Framboesa. Só para lembrar dois casos icônicos: Halle Berry por Mulher-Gato e Sandra Bullock por Maluca Paixão. Este ano, temos Robert Downey Jr., que acreditava que conseguiria firmar uma nova franquia com Dolittle; Anne Hathaway, que tem tido um dedo podre para escolher projetos depois do Oscar, por A Última Coisa que Ele Queria e Convenção das Bruxas; Kate Hudson, que concorreu ao Globo de Ouro de Atriz de Comédia pela mesma performance, por Music; e Kristen Wiig, que foi indicada ao Oscar como roteirista de Missão Madrinha de Casamento, por Mulher-Maravilha 1984; além da já citada Glenn Close, sete vezes indicada ao Oscar sem vitória.

Muitos acusam o Framboesa de serem cruéis com alguns atores, mas a verdade que muitos não querem ouvir é que o prêmio é uma forma de apoio. Tudo bem, um tapa na cara primeiro (pra acordar) e depois um apoio moral. Quando atores conhecidos e até Oscarizados são lembrados é porque a equipe da seleção deseja uma escolha melhor de projetos para o ator ou a atriz. Um ator que gostamos é o Nicolas Cage, que já ganhou o Oscar de Melhor Ator nos anos 90, mas convenhamos que ele fez péssimas escolhas nas décadas seguintes, mas de vez em quando ainda acerta. Outro exemplo que vem bem a calhar é Eddie Murphy, que após ser eleito o pior ator da década em 2010 pelo Framboesa, repensou a carreira e passou a escolher melhores projetos como Meu Nome é Dolemite.

SOBRE A 41ª EDIÇÃO DO FRAMBOESA

Toda vez que a lista de indicados ao Framboesa de Ouro é anunciada, a primeira sensação costuma ser de alívio por não ter visto quase nenhum dos filmes reconhecidos. Claro que seria ótimo ver todos esses filmes para criticar com propriedade, mas nessas horas que reforçamos o quão precioso é o nosso tempo. Muitos que estão lendo agora devem ter visto pelo menos um dos indicados a Pior Filme do Ano: 365 Dias, Absolute Proof, Dolittle, A Ilha da Fantasia ou Music. Aí lhe perguntamos: São tão ruins assim?

Chamamos a atenção para as duas indicações a Borat: Fita de Cinema Seguinte, que recentemente foi indicado a Melhor Filme no Sindicato de Produtores (PGA) e ganhou o Critics’ Choice de Atriz Coadjuvante. Achamos justa a indicação de Rudy Giuliani como Pior Ator Coadjuvante, porque aquele ser é realmente detestável, mas contestamos a indicação de Pior Dupla para ele e Maria Bakalova. Claro que a cena no quarto de hotel foi horrenda, mas no aspecto chocante do flagra, e por isso mesmo, Bakalova não merecia essa mancha no currículo. Entendemos a intenção do Framboesa, mas de alguma forma, acaba prejudicando a carreira da novata. Achamos bem difícil ele ganhar o Oscar, porque a Academia costuma fugir desse tipo de filme polêmico e de comédia, mas poderiam tê-la poupado.

E o que dizer desse 365 Dias? Parece que assumiu o posto de softporn deixado pela trilogia Cinquenta Tons de Cinza. No mês de seu lançamento na plataforma da Netflix, o filme polonês foi o mais visto pelo público brasileiro (que adora uma putaria rs), mas mal sabiam os atores que essa fama instantânea renderia indicações ao Framboesa. E vale lembrar que é o primeiro filme em língua estrangeira a ser indicado a Pior Filme, tornando-se um marco na história do prêmio. Já para a Netflix, cujo lema é “Falem mal, mas falem de mim”, deve ter comemorado mais uma propaganda para sua plataforma, que agora quer caçar usuários que estão compartilhando senhas. Quem não faz isso??

E quem disse que não há representatividade feminina no Framboesa? Enquanto Chloé Zhao, Emerald Fennell e Regina King estão bem reconhecidas na temporada, Barbara Bialowas (365 Dias) e Sia (Music) estão na lista de piores diretores, comprovando que a ascensão feminina cresce em todos os âmbitos. Ah! E nosso querido Ron Howard, que venceu o Oscar de David Lynch e Robert Altman em 2002 por Uma Mente Brilhante, recebe sua segunda indicação por Era uma Vez um Sonho após O Código Da Vinci em 2007.

VOTOS PESSOAIS

Das produções lançadas no ano 2020, incluiríamos: O Grito, Os Novos Mutantes, a animação A Caminho da Lua (que pode ser indicada ao Oscar) e o documentário O Dilema das Redes, que tem um ótimo tema mas extremamente pobre, apelativo e com péssimas dramatizações.

confira todos os indicados ao 41º Framboesa de Ouro:

PIOR FILME

365 Dias
Absolute Proof
Dolittle
A Ilha da Fantasia (Fantasy Island)
Music

PIOR ATOR

Robert Downey Jr. / Dolittle
Mike Lindell / Absolute Proof
Michele Morrone / 365 Dias
Adam Sandler / O Halloween do Hubie
David Spade / A Missy Errada

PIOR ATRIZ

Anne Hathaway / A Última Coisa que Ele Queria & Convenção das Bruxas
Katie Holmes / Brahms: O Boneco do Mal II & O Segredo: Ouse Sonhar
Kate Hudson / Music
Lauren Lapkus / A Missy Errada
Anna-Maria Sieklucka / 365 Dias

PIOR ATRIZ COADJUVANTE

Glenn Close / Era uma Vez um Sonho
Lucy Hale / A Ilha da Fantasia
Maggie Q / A Ilha da Fantasia
Kristen Wiig / Mulher-Maravilha 1984
Maddie Ziegler / Music

PIOR ATOR COADJUVANTE

Chevy Chase / The Very Excellent Mr. Dundee
Rudy Giuliani / Borat: Fita de Cinema Seguinte
Shia LaBeouf / The Tax Collector
Arnold Schwarzeneggar / Iron Mask
Bruce Willis / Breach, Hard Kill & Sobreviver à Noite

PIOR DUPLA NA TELA

Maria Bakalova & Rudy Giuliani / Borat: Fita de Cinema Seguinte
Robert Downey Jr. & seu sotaque galês nada convincente / Dolittle
Harrison Ford & aquele cachorro CGI totalmente falso / O Chamado da Floresta
Lauren Lapkus & David Spade / The Missy Errada
Adam Sandler & sua voz irritante / O Halloween do Hubie

PIOR DIRETOR

Charles Band / Todos os 3 filmes de Barbie & Kendra
Barbara Bialowas & Tomasz Mandes / 365 Dias
Stephen Gaghan / Dolittle
Ron Howard / Era uma Vez um Sonho
Sia / Music

PIOR ROTEIRO

365 Dias
Todos os 3 filmes de Barbie & Kendra
Dolittle
A Ilha da Fantasia
Era uma Vez um Sonho

PIOR REMAKE, CÓPIA OU SEQUÊNCIA

365 Dias
Dolittle
A Ilha da Fantasia
O Halloween do Hubie
Mulher-Maravilha 1984

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A cerimônia do Framboesa de Ouro acontecerá no dia 24 de Abril, um dia antes do Oscar.

‘ZOOLANDER 2’ e ‘BATMAN VS SUPERMAN’ lideram as indicações do FRAMBOESA DE OURO

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Ben Affleck e Henry Cavill em Batman vs Superman: A Origem da Justiça. Ambos foram indicados a Pior Ator: páreo duro. Pic by moviepilot.de

CONTINUAÇÕES E REFILMAGENS CONTINUAM SEU REINADO NO FRAMBOESA

Ok, primeiramente, peço desculpas pelo atraso neste post. O pessoal do Framboesa de Ouro anunciou seu indicados lá no dia 23 de janeiro, mas devido a alguns contratempos e maior urgência em outros posts como as indicações do Oscar, acabei dando prioridade.

Bom, estou postando sobre o Framboesa porque acho um prêmio super necessário. Hoje o cinema virou um mega parque de diversões para produtores que só pensam em refilmagens, sequências e efeitos especiais. Ninguém mais quer arriscar em inovações ou mesmo fazer cinema adulto (não, não pornôs, mas dramas sérios como Manchester à Beira-Mar, por exemplo).

Aí você pensa: “Mas Batman vs. Superman faturou não sei quantos milhões de dólares! Como o Framboesa de Ouro vai impedir novas catástrofes diante de tantas cifras?”. Sim, é verdade. Os verdadeiros responsáveis pelas bombas do cinema estão em suas jacuzzis, rodeados de modelos, tomando martinis. A premiação do Framboesa não vai ferir nem um pouco seus egos inflados. Eles só serão punidos quando seus filmes não faturarem alto nas bilheterias.

Assim aconteceu com Zoolander 2, a sequência que chegou quinze anos atrasada. Onde estava Ben Stiller com a cabeça? A produção sobre o universo da moda custou 50 milhões de dólares, e faturou apenas 28 nos EUA. Isso sim foi uma punição por se acomodar em continuações. Acho que a única sequência atrasada que deu certo foi Toy Story 3 (houve um hiato de 11 anos do segundo para o terceiro filme), porque a Pixar soube caprichar no roteiro.

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Ben Stiller, Penelope Cruz e Owen Wilson na sequência Zoolander 2, recordista de indicações no Framboesa de Ouro. Pic by moviepilot.de

Enquanto as outras premiações reconhecem os melhores e buscam estimular mais trabalhos interessantes e inovadores, o Framboesa tem a missão mais árdua de todas: escolher os piores e tentar evitar filmes catastróficos, e há 37 anos!

No caso do Framboesa de Ouro, vou parafrasear a atriz Glória Pires na transmissão do Oscar na Globo: “Não posso opinar”. Já me falta tempo para ver tantos bons filmes que acaba não sobrando tempo para ver os ruins. Entre todos os indicados aqui, assisti ao todo 3 filmes: Batman vs Superman, Deuses do Egito (um amigo meu me obrigou a acompanhá-lo porque é fã do diretor Alex Proyas) e Esquadrão Suicida, que vi em casa mesmo, depois de tanto falarem mal que acabei tendo curiosidade. E sim, é péssimo mesmo. Aliás, não sei como não está indicado a Pior Filme e em quase todas as categorias. Pegaram leve com essa adaptação da DC Comics, que errou em absolutamente tudo! Exceto o trailer, que vendeu um filme maravilhoso!

Também incluiria o novo Caça-Fantasmas (apesar do esforço por parte do elenco feminino, essa continuação está completamente deslocada para o público de hoje) e a sequência Bruxa de Blair. Pra que mexer no que já é bom? Embora haja trocentos críticos do primeiro A Bruxa de Blair (1999), considero um dos filmes de terror mais inovadores das últimas décadas. O estilo “mocumentary” (ou falso documentário) fez escola no gênero e até hoje se usa muita câmera na mão por causa do filme. Fazer um novo filme sobre o tema foi desnecessário. A única “inovação” à fórmula foi o uso de tecnologia por parte dos personagens perdidos na floresta: celulares e drones.

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Bruxa de Blair: o legado se resume a um bando de jovens cuja morte não nos importamos (pic by moviepilot.de)

E por último, adorei a indicação para o elenco do filme Beleza Oculta. Pra quem acompanha o blog, sabe que peguei um bode tremendo do ator Will Smith depois que ele e sua querida esposa Jada Pinkett decidiram não ir ao Oscar por causa da “falta de diversidade”. Adorei quando o Chris Rock falou na cerimônia (não exatamente nessas palavras): “Estou cagando pra Jada Pinkett  não vir ao Oscar, porque ela nem foi convidada!”. Will Smith foi querer fazer filme pra ganhar Oscar e acabou parando no Framboesa. Ops! Pior que ele não foi pro fundo do poço sozinho. Conseguiu convencer e arrastar nomes de peso como Helen Mirren, Kate Winslet, Edward Norton, Keira Knightley e até a indicada ao Oscar este ano, Naomie Harris.

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O tiro saiu pela culatra: Will Smith faz Beleza Colateral pensando em Oscar e acaba parando no Framboesa de Ouro, e acaba arrastando um monte de bons atores junto. Pic by moviepilot.de

INDICADOS AO 37º FRAMBOESA DE OURO (RAZZIE AWARDS):

PIOR FILME

  • Batman vs Superman: A Origem da Justiça
  • Tirando o Atraso (Dirty Grandpa)
  • Deuses do Egito (Gods of Egypt)
  • Hillary’s America: The Secret History of the Democratic Party
  • Independence Day: O Ressurgimento (Independence Day: Resurgence)
  • Zoolander 2 (Zoolander 2)

PIOR ATOR

  • Ben Affleck (Batman vs Superman: A Origem da Justiça)
  • Gerard Butler (Deuses do Egito) (Invasão a Londres)
  • Henry Cavill (Batman vs Superman: A Origem da Justiça)
  • Robert De Niro (Tirando o Atraso)
  • Dinesh D’Souza – como ele mesmo (Hillary’s America: The Secret History of the Democratic Party)
  • Ben Stiller (Zoolander 2)

PIOR ATRIZ

  • Megan Fox (As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras)
  • Tyler Perry – como Madea (Boo! A Madea Halloween)
  • Julia Roberts (O Maior Amor do Mundo)
  • Becky Turner – como Hillary Clinton (Hillary’s America: The Secret History of the Democratic Party)
  • Naomi Watts (A Série Divergente: Convergente) (Refém do Medo)
  • Shailene Woodley (A Série Divergente: Convergente)

PIOR ATRIZ COADJUVANTE

  • Julianne Hough (Tirando o Atraso)
  • Kate Hudson (O Maior Amor do Mundo)
  • Aubrey Plaza (Tirando o Atraso)
  • Jane Seymour (Cinquenta Tons de Preto)
  • Sela Ward (Independence Day: O Ressurgimento)
  • Kristen Wiig (Zoolander 2)

PIOR ATOR COADJUVANTE

  • Nicolas Cage (Snowden: Herói ou Traidor)
  • Johnny Depp (Alice Através do Espelho)
  • Will Ferrell (Zoolander 2)
  • Jesse Eisenberg (Batman vs Superman: A Origem da Justiça)
  • Jared Leto (Esquadrão Suicida)
  • Owen Wilson (Zoolander 2)

PIRO DIRETOR

  • Dinesh D’Souza (Hillary’s America: The Secret History of the Democratic Party)
  • Roland Emmerich (Independence Day: O Ressurgimento)
  • Tyler Perry (Boo! A Madea Halloween)
  • Alex Proyas (Deuses do Egito)
  • Zack Snyder  (Batman vs Superman: A Origem da Justiça)
  • Ben Stiller (Zoolander 2)

PIOR ROTEIRO

  • Batman vs Superman: A Origem da Justiça
  • Tirando o Atraso
  • Deuses do Egito
  • Hillary’s America: The Secret History of the Democratic Party
  • Independence Day: O Ressurgimento
  • Esquadrão Suicida

PIOR REMAKE, ADAPTAÇÃO OU SEQUÊNCIA

  • Alice Através do Espelho
  • Batman vs Superman: A Origem da Justiça
  • Cinquenta Tons de Preto
  • Independence Day: O Ressurgimento
  • As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras
  • Zoolander 2

PIOR COMBO EM TELA

  • Ben Affleck e seu pior inimigo para sempre Henry Cavill (Batman vs Superman: A Origem da Justiça)
  • Qualquer deus egípcio ou mortal (Deuses do Egito)
  • Johnny Depp e seu visual vibrante e nauseante (Alice Através do Espelho)
  • O elenco inteiro de antes respeitáveis atores (Beleza Oculta)
  • Tyler Perry e sua velha peruca de sempre (Boo! A Madea Halloween)
  • Ben Stiller e seu amigo quase engraçado Owen Wilson (Zoolander 2)

***

Tradicionalmente, a cerimônia do Framboesa ocorre sempre um dia antes do Oscar. Neste ano, marcado para dia 25 de fevereiro.

‘Saving Christmas’ é eleito o pior do ano no Framboesa de Ouro 2015

Saving Christmas: o grande vencedor do Framboesa de Ouro 2015 (photo by cdn.screenrant.com)

Saving Christmas: o grande vencedor do Framboesa de Ouro 2015 (photo by cdn.screenrant.com)

FRAMBOESA FINALMENTE CONTEMPLA TAMBÉM MICHAEL BAY E SEUS EXCESSOS

Quem diria que o Framboesa de Ouro já está completando 35 anos? Certamente, três décadas e meia da mais pura nata do cinema de qualidade! Um dos fundadores do evento, John Wilson, contou em entrevista: “Há 35 anos fazemos essa festa como contraponto ao Oscar”. E vem dando certo, pois antes a cerimônia ocupava uma salinha e hoje chega a alugar um teatro de médio porte e este ano passou a cobrar até ingressos que, segundo Wilson, venderam quase todos a 25 dólares cada.

Como de praxe, o prêmio possui as categorias de Pior Filme, Ator, Atriz, Ator Coadjuvante, Atriz Coadjuvante, Diretor e Roteiro, mas este ano, lançou um prêmio especial intitulado The Razzie Redeemer Award (algo como Framboesa Redentora) para aqueles atores que persistem depois um mega fracasso e alcançam o sucesso comercial e de crítica. O primeiro contemplado foi Ben Affleck, que foi de Contato de Risco (2003) com Jennifer Lopes para os sucessos Argo (2013) e Garota Exemplar (2014).

Ontem: Ben Affleck com Jennifer Lopez em Contato de Risco, de 2003 (photo by cdn.thedailybeast.com)

Ontem: Ben Affleck com Jennifer Lopez em Contato de Risco, de 2003 (photo by cdn.thedailybeast.com)

Ben Affleck ostenta seu segundo Oscar, mas desta vez como produtor por Argo (photo by bostinno.com)

E hoje: Ben Affleck com seu segundo Oscar por Argo. O mundo realmente dá voltas. (photo by bostinno.com)

Infelizmente, Affleck não foi receber o prêmio como a maioria não costuma fazer por vergonha. Daria pra contar nos dedos os artistas que foram ao palco agradecer pela honraria: Sandra Bullock (por Maluca Paixão), Halle Berry (por Mulher-Gato) e o diretor holandês Paul Verhoeven (por Showgirls), que foi marcante por ter sido o primeiro artista a receber o prêmio em mãos em 1996.

Este ano, o grande vencedor (ou seria perdedor?) foi Saving Christmas, um filme evangélico classificado como de família e comédia. A produção foi contemplada como Pior Filme, Pior Ator, Pior Roteiro e Pior Combo.

Logo atrás, vem Transformers: A Era da Extinção com 2 Framboesas. Finalmente minhas preces foram atendidas e Michael Bay foi reconhecido por suas virtudes como diretor. Ok, não dá pra esperar muita coisa de Michael Bay, mas pelo menos antes ele se esforçava um pouco mais pra entregar um blockbuster mais razoável como A Rocha (1996) ou A Ilha (2005), cujos primeiros 20 minutos são bons, mas depois desanda de uma maneira que até hoje não consigo entender. Ele é uma espécie de Ed Wood com dinheiro. Acha que está fazendo obras-primas, mas não está. Mas a diferença é que Ed Wood não tinha um centavo no bolso e qualquer coisa na tela se tornava algo bonito. Por favor, amigos de Michael Bay, dêem um toque pra ele.

Depois de várias tentativas frustradas, Michael Bay finalmente conquista seu Framboesa de Ouro por Transformers: A Era da Extinção (photo by i.ytimg.com)

Depois de várias tentativas frustradas, Michael Bay finalmente conquista seu Framboesa de Ouro por Transformers: A Era da Extinção (photo by i.ytimg.com)

O Framboesa de Ouro não existe pra ficar dando lição de moral nos concorrentes, mas de uma certa forma, dar um leve puxão de orelha e dar um empurrãozinho para que esses artistas repensem melhor antes de levar adiante um projeto que visa apenas um lucro fácil. Tudo bem que às vezes, o ator ou atriz precisa pagar as contas ou fez um favor, como Charlize Theron deve ter feito ao amigo Seth MacFarlane naquela draga de comédia besteirol Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola, que também deveria levar Pior Título em Português, porque o título original não é tão ruim assim: A Million Ways to Die in the West, mas certos tropeços poderiam ser facilmente evitados.

Seth Macfarlane e Charlize Theron em entrevista do filme Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola (photo by i.ytimg.com)

Seth Macfarlane e Charlize Theron em entrevista do filme Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola (photo by i.ytimg.com)

Poxa, Charlize Theron ganhou o Oscar por Monster: Desejo Assassino, e hoje está na lista do Framboesa. Depois daquele baita esforço de transformação para viver a assassina Aileen Wuornos, fazer uma comédia imbecil foi uma decisão tomada à base de crack. Tem artistas que andam tão sem rumo que a gente nem liga mais, como Nicolas Cage, que tem feito uns três filmes ruins por ano, mas é triste noticiar a queda de alguns nomes.

Enfim, sem mais delongas, os grandes ganhadores do Framboesa 2015:

PIOR FILME
• Saving Christmas
– O Apocalipse
– Hércules
– As Tartarugas Ninja
– Transformers: A Era da Extinção

PIOR ATOR
Kirk Cameron (Saving Christmas)
– Nicolas Cage (O Apocalipse)
– Kellan Lutz (Hércules)
– Seth MacFarlane (Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola)
– Adam Sandler (Juntos e Misturados)

PIOR ATRIZ
• Cameron Diaz (Mulheres ao Ataque) e (Sex Tape: Perdido na Nuvem)
– Drew Barrymore (Juntos e Misturados)
– Melissa McCarthy (Tammy)
– Charlize Theron (Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola)
– Gaia Weiss (Hércules)

PIOR ATOR COADJUVANTE
• Kelsey Grammer (Os Mercenários 3), (A Lenda de Oz), (Elas Querem Pensar Como Eles!) e (Transformers: A Era da Extinção)
– Mel Gibson (Os Mercenários 3)
– Shaquille O’Neal (Juntos e Misturados)
– Arnold Schwarzenegger (Os Mercenários 3)
– Kiefer Sutherland (Pompeia)

PIOR ATRIZ COADJUVANTE
Megan Fox (As Tartarugas Ninja)
– Cameron Diaz (Annie)
– Nicola Peltz (Transformers: A Era da Extinção)
– Susan Sarandon (Tammy)
– Bridgette Cameron (Saving Christmas)

PIOR DIRETOR
Michael Bay (Transformers: A Era da Extinção)
– Darren Doane (Saving Christmas)
– Renny Harlin (Hércules)
– Jonathan Liebesman (As Tartarugas Ninja)
– Seth MacFarlane (Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola)

PIOR REMAKE OU SEQUÊNCIA
Annie
– Atlas Shrugged: Part III
– Hércules
– As Tartarugas Ninja
– Transformers: A Era da Extinção

PIOR COMBO
Kirk Cameron e seu ego (Saving Christmas)
– Kellan Lutz e seus músculos (Hércules)
– Seth MacFarlane e Charlize Theron (Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola)
– Cameron Diaz, Jason Segel (Sex Tape: Perdido na Nuvem)
– Qualquer dois robôs, atores (ou atores robóticos) (Transformers: A Era da Extinção)

PIOR ROTEIRO
Darren Doane, Cheston Hervey (Saving Christmas)
– Paul Lalonde, John Patus (O Apocalipse)
– Kate Angelo, Jason Segel, Nicholas Stoller (Sex Tape: Perdido na Nuvem)
– Ehren Kruger (Transformers: A Era da Extinção)
– Evan Daugherty, André Nemec, Josh Appelbaum (As Tartarugas Ninja)

FRAMBOESA REDENTORA
• Ben Affleck: de vencedor do Framboesa por Contato de Risco para vencedor do Oscar por Argo, e Garota Exemplar
– Jennifer Aniston: de 4 vezes indicada ao Framboesa para indicada ao SAG por Cake: Uma Razão Para Viver
– Mike Myers: de vencedor do Framboesa por O Guru do Amor para diretor de documentário Supermensch: The Legend of Shep Gordon
– Keanu Reeves: de seis vezes indicado ao Framboesa para o aclamado pela crítica De Volta ao Jogo
– Kristen Stewart: de vencedora do Framboesa por Crepúsculo para o filme de arte Camp X-Ray

Prévia do Oscar 2013: Melhor Atriz

Meryl Streep, vencedora do último Oscar de Melhor Atriz por A Dama de Ferro

Nos últimos dez anos, apenas três atrizes com idade acima de 40 anos foram premiadas nessa categoria: Helen Mirren, Sandra Bullock e Meryl Streep. Esse fato denota a queda na oferta de bons papéis no cinema para mulheres maduras. Por isso, muitas delas migraram para as séries e mini-séries de TV como fizeram Kathy Bates (Harry’s Law), Glenn Close (Damages), Jessica Lange (American Horror Story), Julianne Moore (Virada no Jogo), Emma Thompson (The Song of Lunch), Judy Davis (Page Eight) e Maggie Smith (Downton Abbey), só pra citar nomes mais recentes. É claro que isso não significa que mudaram de time permanentemente, mas aproveitando a demanda da TV por material de qualidade, coisa que o cinema tem deixado de fazer há um bom tempo.

Na corrida do Oscar, a maioria das atrizes normalmente está na casa dos 20 e 30, até mesmo porque o cinema se tornou um entretenimento mais para o público juvenil. E sob essa perspectiva, Jennifer Lawrence deve figurar entre as favoritas. Além de sua performance elogiada no Festival de Toronto por Silver Linings Playbook, ainda conta com o sucesso de seu blockbuster Jogos Vorazes. Este é o equilíbrio perfeito entre sucesso de crítica e público que a Academia costuma buscar em seus vencedores de atuação, pois agrada aos críticos enquanto seu sucesso comercial atrai o público de TV e, obviamente, mais patrocinadores do show.

Ainda em se tratando de jovens, o Oscar 2013 pode ter dois novos recordes. A atriz-mirim Quvenzhané Wallis, protagonista do drama fantástico Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild), de apenas 8 anos pode se tornar a atriz mais jovem indicada na categoria. A marca atual pertence à australiana Keisha Castle-Hughes de A Encantadora de Baleias (2003), que na época tinha apenas 13 anos.

Contudo, em 2013, as jovens estão em baixa, abrindo espaço para atrizes mais experientes e consagradas. A francesa Emmanuelle Riva, de 85 anos, estrela do clássico Hiroshima mon Amour, pode ser uma surpresa na lista de indicadas, batendo o recorde de Jessica Tandy (que ganhou aos 81). Logo em seguida, as setentonas Judi Dench e Maggie Smith são fortes candidatas por O Exótico Hotel Marigold e Quartet, respectivamente.

Amigas e colegas de profissão, Nicole Kidman (44) e Naomi Watts (43) também fazem parte do grupo de atrizes experientes com boas chances de concorrer ao prêmio. Kidman encara um papel mais ousado em The Paperboy, enquanto Watts busca esperança em meio à tragédia de O Impossível.

Particularmente, (e já declarei isso várias vezes aqui) prefiro o reconhecimento de atrizes experientes no Oscar. Mas o Oscar é um prêmio que reconhece os melhores do ano, e não pelo conjunto da obra. Se uma atriz de oito anos deu a melhor performance do ano, por que não lhe premiar com o Oscar? Que vença a melhor!

Marion Cotillard em Ferrugem e Osso

MARION COTILLARD (Ferrugem e Osso)

Marion Cottilard foi a primeira atriz francesa a ganhar o Oscar de Melhor Atriz falando a sua língua natal, e a segunda estrangeira depois de Sophia Loren, que ganhou em 1962 por Duas Mulheres (La Ciociara). Seu Oscar foi um dos mais comemorados pela comunidade hollywoodiana.

Tanto que acabou abraçada pelo diretor Christopher Nolan, que a incluiu nos blockbusters A Origem (2010) e Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012). Mesmo carregando um sotaque no inglês, Marion Cotillard se saiu bem e deu maior credibilidade aos papéis que viveu. Além de Nolan, outros diretores fizeram questão de contar com a atriz. Michael Mann (Inimigos Públicos), Rob Marshall (Nine), Woody Allen (Meia-Noite em Paris) e Steven Soderbergh (Contágio) foram beneficiados pelo talento da francesa.

Agora, voltando a fazer filmes franceses, Cotillard atua sob direção do diretor em extrema ascensão Jacques Audiard (de O Profeta, que concorreu a Melhor Filme Estrangeiro em 2010) no drama Ferrugem e Osso (Rust and Bone), que concorreu à Palma de Ouro em Cannes desse ano. Havia até uma forte expectativa de que o prêmio de atuação feminina seria dela.

No filme, Marion Cotillard vive Stéphanie, uma treinadora de baleias orcas que sofre um acidente que lhe tira parte das pernas. O tipo de papel, somado à credibilidade do Oscar que ganhou, facilmente lhe garantiria uma nova indicação, mas por se tratar de um filme em língua francesa, as chances dela podem reduzir consideravelmente numa briga mais acirrada com outras atrizes.

Judi Dench em O Exótico Hotel Marigold

JUDI DENCH (O Exótico Hotel Marigold)

Ainda não consegui engolir a derrota de Dame Judi Dench para Helen Hunt naquele Oscar 98. Ela competia por um papel imponente e interpretação impecável em Sua Majestade Mrs. Brown. No ano seguinte, a Academia resolveu compensá-la ao lhe entregar o Oscar de coadjuvante por Shakespeare Apaixonado, no qual ela atua por apenas oito minutos.

Para o grande público, Dench ficou conhecida como M, a chefe do agente secreto britânico James Bond, que voltará no novo filme 007 – Operação Skyfall, mas deve ser sua última participação na série. Porém, a atriz tem muito mais história no teatro, tendo atuado nas companhias de prestígio Royal Shakespeare Company, o National Theatre e Old Vic Theatre, além de ter vencido muitos prêmios do palco como o Laurence Olivier Theater Award na década de 80 e 90.

Em O Exótico Hotel Marigold, já disponível em DVD e Blu-ray, muitos atores consagrados são reunidos para contar histórias da terceira idade em meio ao caos da Índia e o hotel do título. Judi Dench encabeça essa lista que conta ainda com Maggie Smith, Tom Wilkinson e Bill Nighy. Como em todo filme, a atriz empresta sensibilidade e carisma a seu personagem Evelyn, que fica bastante desamparada na vida depois que seu marido morre.

Apesar do filme ser independente, o peso do nome da atriz pode lhe conferir sua sétima indicação ao Oscar. Ela já foi indicada por Sua Majestade Mrs. Brown (1997), Shakespeare Apaixonado (1998), Chocolate (2000), Iris (2001), Sra. Henderson Apresenta (2005) e Notas Sobre um Escândalo (2006).

Nicole Kidman em The Paperboy

NICOLE KIDMAN (The Paperboy)

Toda vez que eu vejo Nicole Kidman na TV, seja no tapete vermelho ou na premiação, vejo uma mulher recatada e reprimida sexualmente. Então, não foi uma surpresa vê-la num papel de mulher da vida nesse novo drama de Lee Daniels, diretor de Preciosa. Nicole cresceu demais depois que se separou do mala da Cientologia Tom Cruise; passou a buscar novos desafios sem medo de parecer ridícula.

A história comprova essa teoria. Foi só se divorciar dele que estrelou dois grandes sucessos de público e crítica em seguida: Os Outros, de Alejandro Amenábar, e Moulin Rouge – Amor em Vermelho, de Baz Luhrmann, que lhe conferiu sua primeira indicação ao Oscar.

Nos anos seguintes, Nicole trabalhou com diretores competentes como Lars von Trier, Anthony Minghella e ganhou seu Oscar pelo papel marcante da escritora Virginia Woolf em As Horas, de Stephen Daldry. Muita gente poderia achar que ela venceu somente pelo peso da personagem e maquiagem (uma prótese de nariz fora aplicada), mas a atriz continua na jornada em busca de novos desafios. Essa atitude nada fácil de seguir deveria ser comum na profissão, mas não é.

Em The Paperboy, ela aceita um tipo de papel que nunca encarou antes. Charlotte Bless é uma vagabunda que tem fetiche por homens encarcerados. Contudo, Nicole não faz isso de forma condescendente, mas de um jeito que sua personagem pareça mais aceitável e ganhe a torcida do público. Suas chances são médias, mas se o filme não for bem aceito pela crítica americana, Nicole pode comparecer ao Oscar apenas para apresentar um prêmio.

Keira Knightley em Anna Karenina

KEIRA KNIGHTLEY (Anna Karenina)

Esta jovem atriz britânica começou a chamar a atenção na comédia sobre futebol feminino Driblando o Destino (Bend it Like Beckham), que pelo sucesso chegou a ser indicado a Melhor Filme – Comédia/Musical no Globo de Ouro 2003. Naquele ano, Keira Knightley deu um salto para a fama internacional com o blockbuster Piratas do Caribe – A Maldição do Pérola Negra, mas muitos duvidavam do talento da moça, que tinha tudo para se tornar mais uma daquelas Bond girls que só serviam para enfeitar a tela e gritar.

Felizmente, firmou uma forte aliança com o diretor Joe Wright ao interpretar o cobiçado papel de Elizabeth Bennet de Orgulho e Preconceito, adaptação do clássico literário homônimo de Jane Austen, que acabou resultando numa indicação para o Oscar para Knightley. Entretanto, mais importante do que o início bem-sucedido da parceria com o diretor (Anna Karenina é a terceira colaboração da dupla), seria a descoberta dessa obsessão de Keira com os filmes de época.

Depois de Orgulho e Preconceito, ela vestiu figurinos de décadas e séculos passados em mais sete oportunidades. Acho que as figurinistas já sabem as medidas dela de cor e salteado! Existem atores que gostam de interpretar vilões, mocinhos, e existem atrizes que se apegam tanto a filmes de História que ficam marcadas e até rotuladas no mercado, como se não tivessem capacidade de viver personagens atuais.

Porém não deve ser o caso de Keira Knightley. Ela mesma deve estar ciente desse excesso de filmes de época e vem buscando projetos diferenciados como a comédia Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo (2012) e a refilmagem de ação Jack Ryan, prevista para estrear em 2013. Até lá, ela aproveitou para voltar a trabalhar com seu diretor favorito nesse Anna Karenina, adaptação da obra de Leo Tolstoy.

Com a constante evolução da parceria Knightley-Wright, a atriz tem chances de obter sua segunda indicação, mas uma vitória seria considerada uma zebra. Por outro lado, Anna Karenina tem ótimas chances nas categorias de direção de arte e figurino, como nos trabalhos anteriores de Joe Wright, que prima nesses departamentos.

Jennifer Lawrence em Silver Linings Playbook

JENNIFER LAWRENCE (Silver Linings Playbook)

Seria burrice da Academia se ignorasse o trabalho da jovem atriz Jennifer Lawrence em 2013, afinal ela estrelou dois filmes em destaque na mídia: o blockbuster Jogos Vorazes (Hunger Games) e esta “dramédia” Silver Linings Playbook, dirigido pelo diretor em ascensão David O. Russell, de O Vencedor.

Desde que foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz pelo independente Inverno da Alma (Winter’s Bone) em 2011, Jennifer Lawrence recebeu incontáveis propostas em Hollywood. Todos os diretores queriam trabalhar com ela. Felizmente, ela tem dado preferência ao equilíbrio nas escolhas de projetos, participando de filmes de terror, aventura, comédias e dramas. Já tem retorno acertado para as sequências X-Men: Days of Future Past (2014) e Jogos Vorazes: Em Chamas (2013).

Em Silver Linings Playbook, Lawrence encarna Tiffany, uma recém-viúva, que tenta lidar com a dor enquanto se envolve com o recém-saído do hospital psiquiátrico Bradley Cooper. Trata-se de um filme de direção de atores e isso David O.Russell já comprovou para todos com os dois Oscars de coadjuvantes de O Vencedor. O longa foi muito bem recebido no Festival de Toronto, vencendo o cobiçado prêmio People’s Choice Award e, pelo Hamptons International Film Festival, o Audience Award (prêmio concedido pelo público). O reconhecimento de Toronto vem sendo cada vez mais importante para o crescimento na reta final do Oscar. A vitória anterior de O Discurso do Rei foi um belo exemplo, batendo o franco-favorito A Rede Social em 2011.

Apesar de muito jovem (22 anos), Jennifer Lawrence tem grandes chances no Oscar. Ela foi indicada apenas uma vez em 2011 como Melhor Atriz por Inverno da Alma.

Laura Linney em Hyde Park on Hudson

LAURA LINNEY (Hyde Park on Hudson)

Laura Linney foi conquistando seu espaço de forma bem gradativa nos anos 90. Papéis menores e de coadjuvante permearam o início de sua carreira, participando de filmes em destaque como Dave – Presidente por um Dia (1993), Congo (1995), As Duas Faces de um Crime (1996) e O Show de Truman – O Show da Vida (1998). Cansada de personagens secundários, partiu para o cinema independente americano. Foi uma decisão de extrema importantância, pois pôde finalmente ser protagonista e dona de uma personagem rica de emoções no drama Conte Comigo, do talentoso Kenneth Lonnergan. Ali a atriz se sentiu mais à vontade e esbanjou seu talento que muitos diretores não conheciam. A interpretação da mãe solteira Sammy lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar, um feito único que lhe traria muitos frutos.

Laura Linney passou a atuar sob direção de renomados profissionais como Alan Parker em A Vida de David Gale, Clint Eastwood em Sobre Meninos e Lobos, mas foi graças a duas produções independentes que ela voltou ao tapete vermelho do Oscar. Com Kinsey – Vamos Falar de Sexo (2004) e A Família Savage (2007), Linney foi indicada para coadjuvante e atriz, respectivamente. A vitória pode não ter vindo ainda, mas acredito que é questão de tempo, pois a atriz sabe escolher bem projetos para se destacar. Só precisaria de um projeto mais grandioso ou uma personagem mais destacada na história.

Dependendo da recepção a Hyde Park on Hudson, Laura Linney pode conseguir sua quarta indicação, ainda mais que se trata de uma personagem verídica: Margaret Suckley, a prima do presidente Franklin D. Roosevelt, responsável pela narração do filme. No entanto, suas chances são menores do que nas oportunidades anteriores.

Helen Mirren (à esq) em Hitchcock

HELEN MIRREN (Hitchcock)

Embora Helen Mirren tenha iniciado sua carreira no cinema na década de 60, foi  apenas com o cult Excalibur (1981), de John Boorman, que ela passou a se destacar. Dali em diante, trabalhou com diretores mais renomados e alternativos como Paul Schrader, Terry George e Peter Greenaway, levando-a para Cannes, onde levou o prêmio de intérprete feminina duas vezes: em 1984 por Cal – Memórias de um Terrorista, e em 1995 por As Loucuras do Rei George. Este último também lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar como coadjuvante.

A partir do Oscar, sua carreira começou uma nova fase. Aquela Helen que só fazia filmes independentes passou a trabalhar em produções de estúdio, chegando a protagonizar uma comédia de humor negro com Katie Holmes: Tentação Fatal (1999), e dublando a animação da Dreamworks, O Príncipe do Egito (1998). Em 2002, voltou a ser indicada ao Oscar de coadjuvante pelo ótimo Assassinato em Gosford Park, de Robert Altman, mas perdeu novamente.

O reconhecimento da Academia finalmente veio em 2007, quando um projeto pensado para Helen Mirren foi lançado. Dirigido por Stephen Frears, A Rainha tinha mais cara de telefilme, mas foi abraçado pelo Oscar como uma oportunidade única de premiar uma atriz de enorme prestígio como Helen Mirren. Claro que ela colheu os frutos desse prêmio, ganhando bem em grandes produções como A Lenda do Tesouro Perdido: Livro dos Segredos (2007), no blockbuster da New Line Cinema, Coração de Tinta (2008) e na recente refilmagem Arthur – O Milionário Irresistível (2011), mas, como dito no início do post, o cinema de Hollywood muitas vezes é cruel com atrizes mais velhas. Aos 67 anos, Helen Mirren tem boas chances de uma nova indicação pelo filme Hitchcock, que conta os bastidores das filmagens do clássico Psicose, mas a atriz tem mais tratamento de coadjuvante de luxo. No filme, ela interpreta a esposa e colaboradora de Alfred Hitchcock, Alma Reville.

Helen Mirren já foi indicada quatro vezes: Em 1995 por As Loucuras do Rei George e em 2002 por Assassinato em Gosford Park, como coadjuvante. Em 2010, por A Última Estação, e em 2007 por A Rainha, vencendo por este último.

Emmanuelle Riva em Amour

EMMANUELLE RIVA (Amour)

Atriz francesa veteraníssima, Emmanuelle Riva pode se tornar a atriz mais velha a ser indicada ao Oscar aos 85 anos. Seu primeiro trabalho como atriz em Hiroshima mon Amour, de Alain Resnais, já a colocou no topo do cinema francês da década de 60, tornando-se uma das musas da Nouvelle Vague.

Apesar de se tratar de uma produção francesa, dirigida pelo austríaco Michael Haneke, muitos especialistas estão dando como certa sua indicação. Se for considerar o valor dessa oportunidade de incluir um ícone do cinema na história da Academia, já soaria tentador demais para ignorar sua performance. Mas para quem conferiu o filme, que arrancou aplausos calorosos e a Palma de Ouro em Cannes, Emmanuelle Riva merece ser uma das finalistas, e não somente por sua longeva carreira.

No drama Amour, Georges (Jean-Louis Trintignant, outro ator octogenário com chances no Oscar) e Anne (Riva) são professores de música aposentados. A filha deles, que também é música, vive no estrangeiro com a família dela. Um dia, Anne tem um ataque cardíaco e o relacionamento afetivo é severamente testado.

Em diferentes escalas, daria pra comparar o casal com Henry Fonda e Katharine Hepburn, que ganharam o Oscar em 1982 pelo drama Num Lago Dourado. Como Amour se trata de um filme de atores, existe essa possibilidade de haver outra atriz maior de 40 anos vencendo o Oscar de atriz. Esta seria sua primeira indicação ao Oscar.

Maggie Smith (à esq) em Quartet

MAGGIE SMITH (Quartet)

Maggie Smith tem uma trajetória semelhante a de Helen Mirren. Coincidentemente, ambas foram indicadas ao Oscar de coadjuvante pelo mesmo filme em 2002 por Assassinato em Gosford Park. Contudo, Maggie teve maior êxito comercial devido ao sucesso dos oito filmes da série Harry Potter, no qual deu vida à feiticeira Minerva. Ela começou no cinema nos anos 50, em papéis secundários até brilhar como Desdemona ao lado do mestre Laurence Olivier na adaptação de Othello (1965), de William Shakespeare.

A década de 70 foi bastante generosa com Maggie Smith. Em 1970, levou seu primeiro Oscar como Melhor Atriz por A Primavera de uma Solteirona, e em 1979, outro como coadjuvante pela comédia estrelada por Jane Fonda, California Suite. Em sua vasta filmografia prevaleceram personagens coadjuvantes, mas em sua maioria produções de grandes estúdios. Chegou a trabalhar com Steven Spielberg em Hook – A Volta do Capitão Gancho (1991), ensinou Whoopi Goldberg a ser uma freira em Mudança de Hábito (1992) e foi a Duquesa de York na adaptação de Ricardo III (1995), ao lado de Ian McKellen e Annette Bening.

Já no começo deste século, com o bolso cheio graças aos Harry Potter, ela pôde escolher projetos de seu gosto pessoal, e acabou se envolvendo em dois filmes elogiados: O Exótico Hotel Marigold, no qual faz a personagem mais humorada (como foi em Assassinato em Gosford Park), e neste Quartet, dirigido pelo amigo e colega Dustin Hoffman. Nele, Maggie Smith interpreta uma diva da ópera que volta à sua cidade para a comemoração do aniversário do compositor clássico Giuseppe Verdi.

Com aquele típico humor britânico que corre em sua veias, ela tem boas chances no Oscar. Ao lado de Judi Dench, Emmanuelle Riva e Helen Mirren, Maggie Smith comprova que as veteranas ainda têm muito a ensinar às mais novas atrizes e por que não para o público jovem de hoje que só vê porcaria e atores de plástico? Viva a terceira idade!

Quvenzhané Wallis em Indomável Sonhadora

QUVENZHANÉ WALLIS (Indomável Sonhadora)

Eu sei… parece um daqueles golpes de marketing, mas quem viu o filme Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild), que venceu o grande prêmio em Sundance, garante que a pequena merece um lugar de destaque nessa temporada de premiação. Se a indicação ao Oscar vier, ela marcará um novo recorde na história do prêmio, sendo a atriz mais jovem indicada com 8 anos.

O drama independente Indomável Sonhadora vem conquistando o público e a crítica por sua mistura perfeita de fantasia infantil com uma dura realidade de pobreza em Louisianna, nos EUA. Para contar essa história, o jovem diretor estreante Benh Zeitlin testou mais de quatro mil meninas para o papel para encontrar Wallis. Felizmente, essa árdua procura teve um final feliz. E Zeitlin deu muita sorte também no papel de coadjuvante. Ele contratou Dwight Henry, que era dono da padaria do outro lado da rua do set de filmagens! Curiosamente, ambos estão no novo filme de Steve McQueen, diretor dos premiados Hunger (2008) e Shame (2011).

Normalmente, quando uma atriz-mirim está na lista de indicadas ao Oscar, as chances são praticamente nulas. Ganhar como coadjuvante pode acontecer como aconteceu com Tatum O’Neal (aos 10 em 1974 por Lua de Papel) e Anna Paquin (aos 11 em 1994 por O Piano), mas ganhar como Melhor Atriz?? O recorde de mais jovem nessa categoria ainda pertence a Marlee Matlin, que tinha 21 aninhos quando venceu em 1987 por Filhos do Silêncio. Estaria a Academia diposta a quebrar essa marca por um jovem prodígio como Quvenzhané Wallis?

Naomi Watts em O Impossível

NAOMI WATTS (O Impossível)

Se depender do sofrimento que o personagem passa para ganhar um Oscar, pode-se dizer que Naomi Watts já teria a estatueta na mão. No drama-catástrofe, O Impossível, de Juan Antonio Bayona, ela está no lugar errado e na hora errada, mais precisamente na Tailândia em 2004, palco das tsunamis que levaram muitas vidas.

A atriz britânica fazia filmes B de terror como O Elevador da Morte (2001) até que David Lynch mudou sua vida ao chamá-la para estrelar Cidade dos Sonhos (2001). Seu nome passou a ser conhecido por vários diretores que queriam trabalhar com ela como Gore Verbinski em O Chamado (2002), David O. Russell em Huckabees – A Vida é uma Comédia (2004) e Peter Jackson em King Kong (2005), onde abraçou o papel que consagrou Fay Wray e Jessica Lange.

Sua primeira e única indicação saiu pelo dramático 21 Gramas, de Alejandro González Iñárritu, no qual sua personagem vive maus bocados quando encontra o homem que recebeu o coração de seu ex-marido. Como Watts parece uma boneca de porcelana, o fato de viver personagens em situações que deterioram a imagem das mesmas parece colaborar para a qualidade da interpretação. Como deu certo com 21 Gramas, por que não daria com O Impossível?

Neste novo trabalho, ela busca sua sobrevivência e sua família em meio à catástrofe do tsunami. Naomi Watts fica toda coberta de lama e sua chapinha é arruinada pela água salgada. Claro que isso merece uma indicação! Brincadeiras à parte, o drama O Impossível conta uma história de superação e solidariedade, elementos que, combinados, costumam ganhar muitos votos.

Mary Elizabeth Winstead em Smashed

MARY ELIZABETH WINSTEAD (Smashed)

Pelo nome, a atriz Mary Elizabeth Winstead talvez passe desapercebida pelo grande público. Mais conhecida por papéis de coadjuvante em grandes produções como Duro de Matar 4.0, no qual viveu a filha de Bruce Willis, e o filme-video-game Scott Pilgrim Contra o Mundo, onde é a desejada Ramona Flowers. Conseguiu papéis de protagonista em filmes de terror como Premonição 3 (2006) e a recente refilmagem da refilmagem de O Enigma do Outro Mundo (2011).

Ao se sair bem no papel de uma alcóolatra em Smashed, de James Ponsoldt, Winstead parece querer provar ao mundo que seu talento não pára na beleza. No filme, ela vive Kate Hannah, que conhece seu marido por causa do forte vício ao álcool. Quando se cansa da bebida e tenta se livrar dela, acaba afetando o relacionamento.

Personagens que sofrem com alcoolismo costumam se sair bem na corrida ao Oscar. O grande Ray Milland venceu com méritos seu Oscar de Melhor Ator em 1946 em Farrapo Humano, de Billy Wilder. Nicolas Cage afundou no vício em Despedida em Las Vegas, de Mike Figgis, e saiu reconhecido pela Academia em 1996. E mais recentemente, em 2010, Jeff Bridges ganhou o seu Oscar em Coração Louco, ao interpretar o músico Bad Blake,que tem uma queda fácil pelo álcool.

Smashed saiu com o prêmio especial do júri no último Festival de Sundance e agora, a distribuidora Sony Pictures Classics está investindo na campanha para uma indicação a Mary Elizabeth Winstead. Pelo histórico dela, seria uma zebra.

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