HAPPENING, de AUDREY DIWAN, LEVA o LEÃO DE OURO em VENEZA

APESAR DE CONTAR COM GRANDES NOMES COMO ALMODÓVAR E SORRENTINO, A CINEASTA FRANCESA SE CONSAGRA ATRAVÉS DE JÚRI PRESIDIDO POR BONG JOON HO

Apesar das apostas para a 78ª edição do festival italiano se concentrarem em diretores consagrados presentes como Pedro Almodóvar, Jane Campion e Paolo Sorrentino, foi a jovem e pouco conhecida diretora francesa de 41 anos Audrey Diwan que conquistou o prêmio máximo de Veneza com seu segundo longa Happening (L’évenement), que logo aborda um tema tão polêmico como o aborto clandestino nos anos 60 na França.

Baseado no romance homônimo de Annie Ernaux, o filme acompanha o calvário de uma estudante que engravida e busca uma forma de realizar um aborto ilegal sem poder contar com a ajuda de amigos, professores, médicos e o próprio namorado. O retrato realista dessa saga rendeu comparações inevitáveis com o longa romeno 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (2007), de Cristian Mungiu, e o recente Nunca Raramente Às Vezes Sempre (2020), de Eliza Hittman. E embora seja uma história que se passa há 60 anos, o tema continua muito atual.

A vitória de Audrey Diwan é apenas a 6ª de uma mulher (Margarethe Von Trotta (1981), Agnès Varda (1985), Mira Nair (2001), Sofia Coppola (2010) e Chloé Zhao (2020), a primeira consecutiva (logo após Chloé Zhao), e a primeira de um cineasta francês desde 1987 com Louis Malle. Vale lembrar que a francesa Julia Ducournau venceu a Palma de Ouro em Cannes este ano, concretizando uma ascensão feminina no cinema internacional.

Lembra dos diretores consagrados? Eles ficaram com os demais prêmios. Enquanto o Grande Prêmio do Júri foi para o diretor italiano Paolo Sorrentino por seu autobiográfico A Mão de Deus, numa clara referência aos tempos do jogador argentino Diego Maradona, o Prêmio de Direção foi para a neozelandesa Jane Campion por The Power of the Dog.

Almodóvar foi reconhecido através de sua atriz Penélope Cruz por Mães Paralelas, batendo a forte concorrência de Kristen Stewart (Spencer) e Olivia Colman (A Filha Perdida). Já o prêmio de interpretação masculina foi para o filipino John Arcilla por On the Job: The Missing 8. Esse reconhecimento de Cruz já vem elevando suas chances de conquistar uma 4ª indicação ao Oscar, ainda mais que existe cada vez menos preconceito com produções em língua estrangeira.

Falando em atriz, Maggie Gyllenhaal foi logo premiada pelo roteiro de seu primeiro filme, A Filha Perdida, adaptação do romance da italiana Elena Ferrante.

Confira todos os vencedores da 78ª edição do Festival de Veneza:

COMPETIÇÃO

LEÃO DE OURO
“Happening,” Audrey Diwan

GRANDE PRÊMIO DO JÚRI
“The Hand of God,” Paolo Sorrentino

DIREÇÃO
“The Power of the Dog,” Jane Campion

ATRIZ
“Parallel Mothers,” Penélope Cruz

ATOR
“On the Job: The Missing 8,” John Arcilla

ROTEIRO
“The Lost Daughter,” Maggie Gyllenhaal

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI
“Il Buco,” Michelangelo Frammartino

PRÊMIO MARCELLO MASTROIANNI
“The Hand of God,” Filippo Scotti

ORIZZONTI AWARDS

Melhor Filme
“Pilgrims,” Laurynas Bareisa

Melhor Diretor
“Full Time,” Eric Gravel

Prêmio Especial do Júri
“El Gran Movimiento,” Kiro Russo

Melhor Atriz
“Full Time,” Laure Calamy

Melhor Ator
“White Building,” Piseth Chhun

Melhor Roteiro
“107 Mothers,” Ivan Ostrochovský, Peter Kerekes

Melhor Curta-Metragem
“Los Huesos,” Cristóbal León, Joaquín Cociña

LUIGI DE LAURENTIIS AWARD

Melhor Filme de Estreante
“Imaculat,” Monica Stan, George Chiper-Lillemark

VENICE VR EXPANDED AWARDS

Grande Prêmio do Júri por Melhor Filme de RV
“Goliath: Playing With Reality,” Barry Gene Murphy, May Abdalla

Melhor Experiência RV
“Le Bal de Paris de Blanca Li,” Blanca Li

Melhor História RV 

“End of Night,” David Adler

ORIZZONTI EXTRA

Armani Beauty Audience Award: “The Blind Man Who Did Not Want to See Titanic,” Teemu Nikki

‘DESTACAMENTO BLOOD’ VENCE o NATIONAL BOARD OF REVIEW

NETFLIX VENCE COM FILME DE SPIKE LEE LANÇADO EM JUNHO DE 2020, AUMENTANDO CHANCES DE OSCAR

Formado por cineastas, profissionais, acadêmicos, estudantes e entusiastas de cinema, o seleto grupo do National Board of Review elegeu o novo filme de Spike Lee, Destacamento Blood, como o Melhor Filme do ano. Em meados de 2020, a produção figurava como um dos favoritos para a temporada de premiações, mas nos últimos meses, vinha sendo reconhecido apenas pelas atuações de Delroy Lindo e Chadwick Boseman. Esta vitória volta a colocar o filme no mapa, pois os vencedores do NBR costumam receber pelo menos a indicação ao Oscar de Melhor Filme.

Já o nova-iorquino Spike Lee se torna o segundo negro a vencer o prêmio de Direção, também por Destacamento Blood, após a consagração de Barry Jenkins por Moonlight em 2016. Embora não tenha vencido prêmios competitivos dos críticos da NYFCC, o grupo lhe concedeu a honraria de Prêmio Especial pelo curta intitulado New York New York, filmado durante a pandemia.

Nas categorias de atuação, o NBR reconheceu a dupla de O Som do Silêncio, Riz Ahmed e Paul Raci, como Melhor Ator e Ator Coadjuvante, respectivamente. Já na ala feminina, Carey Mulligan vence seu segundo prêmio de Melhor Atriz do NBR por Bela Vingança (ela já havia vencido em 2009 por Educação), e a sul-coreana Yuh-jung Youn foi eleita a Melhor Atriz Coadjuvante por Minari, consolidando ainda mais seu favoritismo na categoria rumo ao Oscar.

O National Board of Review tem o costume de fazer seu top 10 (que este ano foi top 11) e top 5 para filmes, filmes independentes, filmes em língua estrangeira e documentário para beneficiar mais produções com seu prestígio de 112 anos. Dessa forma, os filmes Judas e o Messias Negro, O Céu da Meia-Noite, First Cow, Nomadland, Nunca Raramente Às Vezes Sempre (que também venceu o prêmio de Revelação) e Relatos do Mundo (que também ganhou o prêmio de Roteiro Adaptado) contaram com mais uma ajuda para si promoverem. As ausências mais sentidas ficaram por conta de A Voz Suprema do Blues, Mank, Os 7 de Chicago, Meu Pai, On the Rocks e Tenet.

CONFIRA TODOS OS VENCEDORES DO NBR:

MELHOR FILME
Destacamento Blood (Da 5 Bloods)

MELHOR DIRETOR
Spike Lee (Destacamento Blood)

MELHOR ATOR
Riz Ahmed (O Som do Silêncio)

MELHOR ATRIZ
Carey Mulligan (Bela Vingança)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Paul Raci (O Som do Silêncio)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Youn Yuh-Jung (Minari)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Paul Greengrass, Luke Davies (Relatos do Mundo)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Lee Isaac Chung (Minari)

MELHOR PERFORMANCE REVELAÇÃO
Sidney Flanigan (Nunca Raramente Às Vezes Sempre)

MELHOR ESTREIA NA DIREÇÃO
Channing Godfrey Peoples (Miss Juneteenth)

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
Soul

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
La Llorona (Guatemala)

MELHOR DOCUMENTÁRIO
Time

PRÊMIO NBR ICON: Chadwick Boseman
PRÊMIO NBR DE LIBERDADE DE EXPRESSÃO: One Night in Miami
PRÊMIO NBR SPOTLIGHT: Radha Blank por escreverm dirigir, produzir e estrelar em The Forty-Year-Old Version
MELHOR ELENCO: Destacamento Blood
MELHOR FOTOGRAFIA:
Joshua James Richards (Nomadland)

TOP FILMES (em ordem alfabética)

  • First Cow (A24)
  • The Forty-Year-Old Version (Netflix)
  • Judas e o Messias Negro (Judas and the Black Messiah) (Warner Bros.)
  • O Céu da Meia-Noite (The Midnight Sky) (Netflix)
  • Minari (A24)
  • Relatos do Mundo (News of the World) (Universal Pictures)
  • Nomadland (Searchlight Pictures)
  • Bela Vingança (Promising Young Woman) (Focus Features)
  • Soul (Pixar)
  • O Som do Silêncio (Sound of Metal) (Amazon Studios)

TOP 5 FILMES EM LÍNGUA ESTRANGEIRA (em ordem alfabética)

  • Apples (Grécia)
  • Collective (Romênia)
  • Dear Comrades (Rússia)
  • O Agente Duplo (The Mole Agent) (Chile)
  • Night of the Kings (Costa do Marfim)

TOP 5 DOCUMENTÁRIOS (em ordem alfabética)

  • All In: The Fight for Democracy (Amazon Studios)
  • Boys State (A24/Apple TV Plus)
  • As Mortes de Dick Johnson (Dick Johnson is Dead) (Netflix)
  • Miss Americana (Netflix)
  • The Truffle Hunters (Sony Pictures Classics)

TOP 10 FILMES INDEPENDENTES (em ordem alfabética)

  • The Climb (Sony Pictures Classics)
  • Driveways (FilmRise)
  • Farewell Amor (IFC Films)
  • Miss Juneteenth (Vertical Entertainment)
  • The Nest (IFC Films)
  • Nunca Raramente Às Vezes Sempre (Never Rarely Sometimes Always) (Focus Features)
  • The Outpost (Chicken Soup for the Soul Entertainment)
  • Relic (IFC Films)
  • Saint Frances (Oscilloscope Labotories)
  • Wolfwalkers (Apple TV Plus/GKIDS)

‘NUNCA RARAMENTE ÀS VEZES SEMPRE’ LIDERA as INDICAÇÕES ao INDEPENDENT SPIRIT AWARDS

Os 5 filmes indicados a Melhor Filme: Nunca Raramente Às Vezes Sempre, A Voz Suprema do Blues, First Cow, Nomadland e Minari.

PRÊMIO DO CINEMA INDEPENDENTE AMERICANO APOSTA NA DIVERSIDADE

O anúncio foi feito ao vivo pelo canal do YouTube Film Independent e contou com a presença das atrizes Olivia Wilde e Laverne Cox, e do diretor Barry Jenkins, que divulgaram os indicados de todas as categorias. Confira o vídeo pelo link abaixo:

Nesta 36ª edição, o recordista de indicações foi o drama Nunca Raramente Às Vezes Sempre, que reforça os obstáculos que precisam ser superados para uma adolescente conseguir um aborto. O filme de Eliza Hittman acumulou sete indicações, incluindo Filme, Direção, Atriz, Atriz Coadjuvante e Roteiro. Logo em seguida, com seis indicações, surge a história de uma família sul-coreana imigrante de Minari, um filme que vem conquistando a crítica e o público desde sua exibição no Festival de Sundance de 2020, de onde saiu premiado com o Grande Prêmio do Júri.

Para competir com essas duas produções, outros três fortes concorrentes da temporada de premiações: A Voz Suprema do Blues e Nomadland, ambas empatadas com cinco indicações cada, e First Cow que obteve três. Coincidência ou não, assim como na categoria de Melhor Filme da premiação independente Gotham Awards, nenhum dos cinco filmes foram dirigidos por homens brancos. Já para Melhor Direção, esta é a primeira vez em que a categoria foi preenchida totalmente por diretoras mulheres e não-brancos: Lee Isaac Chung, Emerald Fennel, Eliza Hittman, Kelly Reichardt e Chloé Zhao.

Nos últimos anos, o Independent Spirit Awards vem buscando se distanciar do posto de mero precursor do Oscar no melhor esquema “Vamos deixar essa falta de personalidade para o Critics’ Choice Awards”. Houve uma época em que ambos os prêmios estavam bastante parelhos premiando O Artista, 12 Anos de Escravidão, Birdman, Spotlight e Moonlight, mas desde 2018 estão valorizando mais produções menores com menos poder de campanha publicitária, o que certamente enriquece a temporada de premiações.

Para aqueles que estão se perguntando onde estão Mank, Os 7 de Chicago ou Destacamento Blood, lembramos que apenas produções de orçamentos abaixo de 22,5 milhões de dólares são qualificadas para o Independent Spirit. Já no caso de One Night in Miami (disponível no Amazon Prime Video), como venceu o prêmio especial Robert Altman que reconhece o elenco como um todo, nenhum dos atores recebeu indicação individual nas categorias de atuação. Outra ausência sentida de orçamento qualificado foi Meu Pai, mas produções estrangeiras (no caso, britânica) só podem competir na categoria de Filme Internacional, portanto Anthony Hopkins e Olivia Colman não tiveram chances aqui como Ator e Atriz Coadjuvante.

Falando em atuações, gostaríamos de destacar a expansão da categoria de Melhor Atriz para seis indicadas! Felizmente, reconheceram produções menores como Miss Juneteenth pela performance de Nicole Beharie, assim como três fortes interpretações com chances claras de Oscar: Frances McDormand, Viola Davis e Carey Mulligan. Apesar do aumento de vagas, nomes em alta ficaram de fora da disputa como Vanessa Kirby por Pieces of a Woman, Michelle Pfeiffer por French Exit e Zendaya por Malcolm & Marie. Esperamos que essa riqueza na safra reflita na categoria do Oscar.

A partir deste ano, com o aumento de produções independentes de séries, o Independent Spirit decidiu abrir espaço para esse formato televisivo pela primeira vez em 36 anos de existência. Esse reconhecimento certamente ajudará a promover produções que não contam com a propaganda de grandes canais e empresas, mas cujo conteúdo merece atenção do público.

Da esquerda para a direita: Nicole Beharie (Miss Juneteenth), Viola Davis (A Voz Suprema do Blues), Julia Garner (A Assistente), Sidney Flanigan (Nunca Raramente Às Vezes Sempre), Frances McDormand (Nomadland) e Carey Mulligan (Bela Vingança)

CONFIRA TODOS OS INDICADOS DO INDEPENDENT SPIRIT AWARDS:

MELHOR FILME
First Cow
A Voz Suprema do Blues (Ma Rainey’s Black Bottom)
Minari
Nunca Raramente Às Vezes Sempre (Never Rarely Sometimes Always)
Nomadland

MELHOR DIREÇÃO
Lee Isaac Chung (Minari)
Emerald Fennell (Bela Vingança)
Eliza Hittman (Nunca Raramente Às Vezes Sempre)
Kelly Reichardt (First Cow)
Chloé Zhao (Nomadland)

MELHOR FILME DE ESTRÉIA
I Carry You With Me
The 40-Year-Old Version
O Som do Silêncio (Sound of Metal)
Miss Juneteenth
Nine Days

MELHOR ATRIZ
Nicole Beharie (Miss Juneteenth)
Viola Davis (A Voz Suprema do Blues)
Sidney Flanigan (Nunca Raramente Às Vezes Sempre)
Julia Garner (A Assistente)
Frances McDormand (Nomadland)
Carey Mulligan (Bela Vingança)

MELHOR ATOR
Riz Ahmed (O Som do Silêncio)
Chadwick Boseman (A Voz Suprema do Blues)
Rob Morgan (Bull)
Steven Yeun (Minari)
Adarsh Gourav (O Tigre Branco)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Alexis Chikaeze (Miss Juneteenth)
Yeri Han (Minari)
Valerie Mahaffey (French Exit)
Talia Ryder (Nunca Raramente Às Vezes Sempre)
Yuh-jung Youn (Minari)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Colmand Domingo (A Voz Suprema do Blues)
Orion Lee (First Cow)
Paul Raci (O Som do Silêncio)
Glynn Turman (A Voz Suprema do Blues)
Benedict Wong (Nine Days)

MELHOR ROTEIRO
Má Educação (Bad Education)
Minari
Você Nem Imagina (The Half of It)
Nunca Raramente Às Vezes Sempre (Never Rarely Sometimes Always)
Bela Vingança (Promising Young Woman)

MELHOR PRIMEIRO ROTEIRO
Kitty Green (A Assistente)
Noah Hutton (Lapsis)
Channing Godfrey Peoples (Miss Juneteenth)
Andy Siara (Palm Springs)
James Sweeney (Straight Up)

MELHOR FOTOGRAFIA
Jay Keitel (She Dies Tomorrow)
Shabier Kirchner (Bull)
Michael Latham (A Assistente)
Hélène Louvart (Nunca Raramente Às Vezes Sempre)
Joshua James Richards (Nomadland)

MELHOR MONTAGEM
I Carry You With Me
O Homem Invisível
Residue
Nunca Raramente Às Vezes Sempre
Nomadland

PRÊMIO JOHN CASSAVETES (filmes com orçamentos abaixo de 500 mil dólares)
The Killing of Two Lovers
La Leyenda Negra
Lingua Franca
Residue
Saint Frances

PRÊMIO ROBERT ALTMAN
One Night in Miami

MELHOR DOCUMENTÁRIO
Collective
Crip Camp
As Mortes de Dick Johnson (Dick Johnson Is Dead)
Time
O Agente Duplo (The Mole Agent)

MELHOR FILME INTERNACIONAL
Bacurau
The Disciple
Night of the Kings
Preparations to be Together for an Unknown Period of Time
Quo Vadis, Aida?

Piaget Producers Award
Kara Durrett
Lucas Joaquin
Gerry Kim

Someone to Watch Award
David Midell – Diretor de The Killing of Kenneth Chamberlain
Ekwa Msangi – Diretor de Farewell Amor
Annie Silverstein – Diretora de Bull

Truer Than Fiction Award
Cecilia Aldarondo – Diretor de Landfall
Elegance Bratton – Diretora de Pier Kids
Elizabeth Lo – Diretora de Stray

MELHOR SÉRIES NÃO-ROTEIRIZADAS OU DOCUMENTÁRIOS
Atlanta’s Missing and Murdered: The Lost Children
City So Real
Immigration Nation
Love Fraud
We’re Here

MELHORES SÉRIES ROTEIRIZADAS
I May Destroy You
Little America
Small Axe
A Teacher
Unorthodox

MELHOR ATRIZ
Elle Fanning (The Great)
Shira Haas (Unorthodox)
Abby McEnany (Work in Progress)
Maitreyi Ramakrishnan (Never Have I Ever)
Jordan Kristine Seamón (We Are Who We Are)

MELHOR ATOR
Conphidance (Little America)
Adam Ali (Little America)
Nicco Annan (P-Valley)
Amit Rahav (Unorthodox)
Harold Torre (Zero, Zero, Zero)

MELHOR ELENCO NUMA SÉRIE ROTEIRIZADA
I May Destroy You

A cerimônia do 36º Independent Spirit Awards está agendado para o dia 22 de Abril.

LAFCA ELEGE ‘SMALL AXE’ COMO MELHOR FILME

FILME DE STEVE MCQUEEN FOI CONCEBIDO COMO UMA MINISSÉRIE DA AMAZON PRIME VIDEO

Neste último domingo, dia 20, a Associação de Críticos de Los Angeles (LAFCA) divulgou seus filmes e performances favoritos de 2020. Seguindo outros grupos de críticos como os de Boston e Nova York, não houve prorrogação no calendário devido à pandemia, porém ela pode ter contribuído para a escolha do Melhor Filme.

Criado em 1975, o LAFCA se mostrou sempre relevante no início da temporada de premiações. Suas escolhas sempre colaboram para formar boas campanhas para as premiações televisionadas como Globo de Ouro, SAG e o Oscar. A última vez que um vencedor de Melhor Filme pelo LAFCA não foi indicado ao Oscar foi em 2008, quando WALL-E ficou limitado à categoria de Melhor Longa de Animação. Essa exceção pode voltar a acontecer este ano com a premiação de Small Axe.

O projeto foi concebido pelo diretor Steve McQueen, conhecido pelos filmes 12 Anos de Escravidão e As Viúvas, e pela Amazon Studios como uma minissérie composta por 5 episódios de durações distintas: ‘Mangrove’ (128 min), ‘Lovers Rock’ (71 min), ‘Red, White and Blue’ (81 min), ‘Alex Wheatle’ (67 min) e ‘Education’ (64 min). Dedicado a George Floyd e todas as vítimas de ataques racistas, Small Axe conta histórias da comunidade de West India em Londres entre os anos 60 e 80. Apesar de ter participado da seleção oficial do último Festival (virtual) de Cannes, Small Axe atualmente tem campanha da Amazon Studios como uma minissérie para as próximas edições do Globo de Ouro, SAG e Emmy Awards.

Ainda há tempo hábil para o estúdio inscrever Small Axe no Oscar pelo serviço de streaming da Academia para apreciação dos membros votantes, mas pelo regulamento, seriam cinco filmes inscritos, o que dificultaria bastante para McQueen, pois competiria consigo mesmo. É importante também ressaltar que, apesar da importante e histórica vitória de Melhor Filme no LAFCA, se optar pela categoria de filme, Small Axe perderá grandes chances de se tornar um recordista de indicações no Emmy, com possibilidades altas de reconhecimento para todos os departamentos envolvidos, enquanto no Oscar, se aceitos como filmes, ainda precisará contar com a compreensão dos votantes.

Alguns especialistas já chegaram a escrever textos defendendo uma relevância maior para o conteúdo em relação ao formato, ainda mais num ano bem atípico da pandemia, quando as salas de cinema foram fechadas. Claro que isso deve ser levado em consideração, mas a avaliação de uma obra começa justamente com a escolha de seu formato. Por exemplo, há filmes que ficariam melhores se fossem uma série, e há séries que seriam mais sucintas se fossem apenas um filme. Se o próprio Steve McQueen, criador do projeto, defende Small Axe como uma minissérie, deveria concorrer como uma, considerando assim, o LAFCA apenas como um belo reconhecimento fora da curva.

Voltando aos premiados do LAFCA, Chloé Zhao novamente vence o prêmio de Direção por Nomadland logo após vitória no NYFCC. Caso também vença o National Board of Review, que acontece no próximo dia 26 de Janeiro, ela se tornará a primeira mulher a vencer os 3 prêmios da crítica americana ao lado de Quentin Tarantino (Pulp Fiction), Curtis Hanson (Los Angeles: Cidade Proibida), Ang Lee (O Segredo de Brokeback Mountain), David Fincher (A Rede Social) e Barry Jenkins (Moonlight). Apesar disso não garantir uma estatueta do Oscar, afinal apenas Ang Lee ganhou desse pequeno grupo, certamente aumentará suas chances de vitória se sua indicação for confirmada.

Pelas categorias de atuação, Chadwick Boseman segue firme com seu favoritismo para Melhor Ator por A Voz Suprema do Blues. A grande surpresa atende pelo nome de Glynn Turman, que ganhou como Melhor Ator Coadjuvante ao interpretar o pianista Toledo no mesmo filme. O ator participou de inúmeros filmes como Bumblebee e Super 8, e séries como How to Get Away with Murder, mas também ficou conhecido por ter sido ex-marido da cantora Aretha Franklin nos anos 70 e 80.

Já na ala feminina, a promissora campanha de Carey Mulligan parece decolar com o prêmio de Melhor Atriz por Bela Vingança, título em português do ousado original Promising Young Woman, que também levou o prêmio de Roteiro. Como Coadjuvante, a sul-coreana Yuh-jung Youn tem um ótimo início de campanha por Minari, embora o LAFCA tenha uma preferência por atores de língua estrangeira. Hye-ja Kim (Mother) e Jeong-hie Yun (Poesia) e Song- Kang-Ho (Parasita) foram outros atores coreanos prestigiados nos últimos anos.

Destacamos também o prêmio de Longa de Animação para Wolfwalkers, que já havia vencido o mesmo prêmio no NYFCC. Felizmente, como a categoria de Animação do Oscar adora filmes de outras nacionalidades, a animação irlandesa deve figurar entre os indicados. Resta saber se terá fôlego o suficiente para derrotar a dominante Pixar/Disney, que concorre com Soul.

CONFIRA VENCEDORES DO LOS ANGELES FILM CRITICS ASSOCIATION:

MELHOR FILME: Small Axe (Prime Video)
2º Lugar: Nomadland (Searchlight Pictures)

MELHOR DIREÇÃO: Chloé Zhao, Nomadland (Searchlight Pictures)
2º Lugar: Steve McQueen, Small Axe (Prime Video)

MELHOR ATOR: Chadwick Boseman, A Voz Suprema do Blues (Netflix)
2º Lugar: Riz Ahmed, O Som do Silêncio (Amazon Studios)

MELHOR ATRIZ: Carey Mulligan, Bela Vingança (Focus Features)
2º Lugar: Viola Davis, A Voz Suprema do Blues (Netflix)

MELHOR ATOR COADJUVANTE: Glynn Turman, A Voz Suprema do Blues (Netflix)
2º Lugar: Paul Raci, O Som do Silêncio (Amazon Studios)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Yuh-jung Youn, Minari (A24)
2º Lugar: Amanda Seyfried, Mank (Netflix)

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO: Wolfwalkers (Apple TV Plus/GKIDS)
2º Lugar: Soul (Pixar)

MELHOR DOCUMENTÁRIO/ NÃO-FICÇÃO: Time (Amazon Studios)
2º Lugar: Collective (Magnolia Pictures and Participant)

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA: Uma Mulher Alta (Kino Lorber)
2º Lugar: Martin Eden (Kino Lorber)

MELHOR ROTEIRO: Promising Young Woman (Focus Features) – Emerald Fennell
2º Lugar: Nunca Raramente Às Vezes Sempre (Focus Features) – Eliza Hittman

MELHOR FOTOGRAFIA: Small Axe (Prime Video) – Shabier Kirchner
2º Lugar: Nomadland (Searchlight Pictures) – Joshua James Richards

MELHOR MONTAGEM: The Father (Sony Pictures Classics) – Yorgos Lamprinos
2º Lugar: Time (Amazon Studios) – Gabriel Rhodes

MELHOR TRILHA: Soul (Pixar) – Trent Reznor, Atticus Ross
2º Lugar: Lovers Rock (Prime Video) – Mica Levi

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO: Mank (Netflix) – Donald Graham Burt
2º Lugar: Uma Mulher Alta (Kino Lorber) – Sergey Ivanov

PRÊMIO DA NOVA GERAÇÃO: The Forty-Year-Old Version, de Radha Blank (Netflix)

Prêmio Douglas Edwards para Filme Experimental: John Gianvito’s “Her Socialist Smile”

Conjunto da Obra: Hou Hsiao-Hsien e Harry Belafonte

Prêmio do Legado: Norman Lloyd

‘FIRST COW’ É ELEITO o MELHOR FILME pelo NYFCC 2020

FILME DE KELLY REICHARDT CONQUISTA OUTRO PRÊMIO APÓS INDICAÇÕES AO GOTHAM AWARDS

O Círculo de Críticos de Nova York (NYFCC) havia anunciado que não iria prorrogar sua premiação devido à pandemia, mantendo assim seu calendário tradicional de eleger seus melhores do Cinema em Dezembro. Essa decisão tem repercussões positivas e negativas.

Por um lado, os filmes que estrearão em Janeiro e Fevereiro, que serão elegíveis ao Oscar, que acontece dia 25 de Abril, perderão essa ótima oportunidade de alavancar suas campanhas publicitárias com uma premiação tão tradicional como a NYFCC. Pelo outro, existem maiores chances de premiar filmes e profissionais diferentes na temporada de premiações, ampliando o leque de opções de reconhecimento artístico.

Composto por um grupo de aproximadamente 50 críticos e jornalistas, o NYFCC premiou como Melhor Filme na temporada anterior O Irlandês, que apesar de ter conquistado 10 indicações ao Oscar, não levou nenhuma estatueta pra casa. Na última década, dentre os filmes vencedores do prêmio principal, apenas Carol, de Todd Haynes, não conseguiu uma indicação ao Oscar de Melhor Filme. Os críticos nova-iorquinos também já fizeram escolhas ousadas nos últimos anos como Melhor Direção para Josh e Benny Safdie por Joias Brutas, Melhor Atriz para Regina Hall por Support the Girls, e Atriz Coadjuvante para Tiffany Haddish por Viagem das Garotas e Kirsten Stewart por Acima das Nuvens.

Nesta edição, é importante destacar a presença de cineastas e profissionais do sexo feminino. Além de First Cow, de Kelly Reichardt, ter levado o prêmio de Melhor Filme, a chinesa Chloé Zhao ficou com o prêmio de Direção por Nomadland. Vale ressaltar também que o filme Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre, que proporcionou o prêmio de Melhor Atriz para Sidney Flanigan, foi dirigido por Eliza Hittman, que levou o prêmio de Roteiro sobre um filme centrado no trauma do aborto.

Nas categorias de atuação, o filme de Spike Lee, disponível na Netflix, levou os prêmios de Ator para Delroy Lindo e um póstumo de Ator Coadjuvante para Chadwick Boseman por Destacamento Blood. Já na categoria de Atriz Coadjuvante, a atriz búlgara Maria Bakalova levou o prêmio por interpretar a filha do repórter cazaque Borat na sequência Borat: Fita de Cinema Seguinte, disponível na Prime Video.

A boa notícia para o Cinema Brasileiro foi a premiação de Bacurau como Melhor Filme em Língua Estrangeira. O western com ficção científica da dupla Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles tem conquistado espaço em algumas listas de Melhor Filme de 2020, e este prêmio possibilita uma campanha mais consistente rumo ao Oscar. Infelizmente, o filme não pode mais concorrer como Filme Internacional, pois já concorreu na seleção brasileira de 2019, mas pode conquistar indicações em outras categorias como Roteiro Original, por exemplo.

Apesar de se tratar de uma premiação atípica em ano de pandemia, essas vitórias certamente valorizarão as campanhas dos filmes entre outros prêmios da crítica até o Globo de Ouro, que ocorre em 28 de Fevereiro.

SEGUEM OS VENCEDORES DO NYFCC 2020:

FILME
First Cow
Dir: Kelly Reichardt

DIREÇÃO
Chloé Zhao (Nomadland)

ATOR
Delroy Lindo (Destacamento Blood)

ATRIZ
Sidney Flanigan (Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre)

ATOR COADJUVANTE
Chadwick Boseman (Destacamento Blood)

ATRIZ COADJUVANTE
Maria Bakalova (Borat: Fita de Cinema Seguinte)

ROTEIRO
Eliza Hittman (Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre)

FOTOGRAFIA
Small Axe (todos os filmes)

FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRO
Bacurau
Dir: Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles

FILME DE NÃO-FICÇÃO
Time

LONGA DE ANIMAÇÃO
Wolfwalkers
Dir: Tomm Moore, Ross Stewart

FILME DE ESTREIA
The Forty-Tear-Old Version
Dir: Radha Blank

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