22 FILMES DISPUTAM A VAGA DO BRASIL NO OSCAR 2019

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Bruna Linzmeyer em cena de O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues (pic by The Hollywood Reporter)

COMEÇA A SELEÇÃO PARA REPRESENTANTE BRASILEIRO

Nessa última sexta-feira, dia 24, foram divulgadas as 22 produções que vão disputar a vaga de representante brasileiro pela categoria de Filme em Língua Estrangeira no Oscar 2019.

São 18 ficções e 4 documentários que seguem abaixo em ordem alfabética:

  • Além do Homem
    Dir: Willy Biondani
  • Alguma Coisa Assim
    Dir: Esmir Filho
  • O Animal Cordial
    Dir: Gabriela Amaral Almeida
  • Antes que eu me Esqueça
    Dir: Tiago Arakilian
  • Aos Teus Olhos
    Dir: Carolina Jabor
  • As Boas Maneiras
    Dir:  Marco Dutra e Juliana Rojas
  • Benzinho
    Dir: Gustavo Pizzi
  • Canastra Suja
    Dir: Caio Soh
  • O Caso do Homem Errado
    Dir: Camila de Moraes
  • Como é Cruel Viver Assim
    Dir: Julia Rezende
  • Dedo na Ferida
    Dir: Silvio Tendler
  • O Desmonte do Monte
    Dir: Sinai Sganzerla
  • Encantados
    Dir: Tizuka Yamasaki
  • Entre Irmãs
    Dir: Breno Silveira
  • Ex-Pajé
    Dir: Luiz Bolognesi
  • Ferrugem
    Dir: Aly Muritiba
  • O Grande Circo Místico
    Dir: Cacá Diegues
  • Não Devore Meu Coração!
    Dir: Filipe Bragança
  • Paraíso Perdido
    Dir: Monique Gardenberg
  • Talvez uma História de Amor
    Dir: Rodrigo Bernardo
  • Unicórnio
    Dir: Eduardo Nunes
  • Yonlu
    Dir: Hique Montanari

À princípio, não há nenhum grande favorito como Cidade de Deus ou Tropa de Elite 2, mas alguns títulos já se sobressaem devido a seu histórico internacional. O Grande Circo Místico já larga na frente por ter passagem na mostra não-competitiva no Festival de Cannes deste ano, além, claro, da fama do diretor Cacá Diegues que, embora nunca tenha sido indicado ao Oscar, competiu pela Palma de Ouro em três ocasiões nos anos 80. O drama com temática circense remete ao vencedor do Oscar de Melhor Filme de 1952, O Maior Espetáculo da Terra, de Cecil B. DeMille, e conta com um bom elenco encabeçado por Bruna Linzmeyer, Jesuíta Barbosa, Juliano Cazarré, Mariana Ximenes e o francês Vincent Cassel.

Com passagens por festivais argentino, colombiano, francês, americano, suíço e espanhol, As Boas Maneiras também tem ótimas chances de ser selecionado. Além da crescente campanha internacional, o filme é do gênero terror e fantasia, que ficaram em alta depois de Corra! e A Forma da Água terem levado o Oscar este ano, e por ter uma autenticidade brasileira representada pela história folclórica do lobisomem. A dupla de diretores, Marco Dutra e Juliana Rojas, ainda está buscando se aperfeiçoar a cada filme, mas já é possível verificar um toque de personalidade no trabalho.

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Marjorie Estiano e Isabél Zuaa em cena de As Boas Maneiras (pic by Omelete)

Acredito que a vaga deva ficar com uma dessas duas produções pelos motivos citados, porém vale destacar aqui Aos Teus Olhos e O Animal Cordial pela repercussão que ambos tiveram pela temática. Enquanto o primeiro aborda a questão do abuso sexual (em alta em Hollywood), o segundo abre uma discussão sobre a essência do ser humano em situações extremas.

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Murilo Benício e Luciana Paes em cena de O Animal Cordial (pic by revistapreview.com.br)

Também estou lendo ótimas críticas de Benzinho (que acabou de levar 4 Kikitos no Festival de Gramado, incluindo o de Melhor Atriz para a elogiada atuação de Karine Telles) e o próprio vencedor de Melhor Filme em Gramado, Ferrugem.

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Adriana Esteves e Karine Teles em cena de Benzinho, que concedeu os Kikitos de Coadjuvante e Atriz para ambas (pic by Cebola Verde)

Não sou de ligar muito para essa questão politicamente correta, mas o jornal Folha de S. Paulo levantou que dos 22 filmes, nove são dirigidos por mulheres. De repente, por causa dos movimentos feministas como o #MeToo, esse fator pode ajudar na campanha internacional. A matéria do jornal também destacou a ausência do filme de maior bilheteria aqui, Nada a Perder, a cinebiografia do Edir Macedo, dono da Igreja Universal. Talvez aquele suposto esquema da própria Igreja comprar vários ingressos e distribuir para os fiéis (que não comparecem às salas) tenham o desqualificado para esta seleção.

De qualquer forma, para a comissão que se encarregará da seleção do representante brasileiro, meu conselho é: não se guie pelos gostos da Academia, que seria o filme dramático do Holocausto e Segunda Guerra Mundial. Primeiro porque já tentamos e não fomos bem-sucedidos, segundo porque a própria Academia está mudando com a adição de tantos membros novos, e por último, porque o cinema brasileiro precisa simplesmente levar o seu melhor filme para Hollywood, independente de histórico, premiações e elenco. Digo isso, principalmente, porque o Brasil nunca levou o Oscar, e as chances de ganhar são baixas, então por que não prestigiar o melhor filme pelo menos?

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No centro, Daniel de Oliveira faz o professor de natação acusado de assédio em Aos Teus Olhos (pic by vejasp)

Não posso julgar qual a melhor produção para selecionar, pois não vi todos os 22 filmes, mas gosto da idéia de As Boas Maneiras ser o representante por ter esse tom próprio (e não padronizado) de fábula com drama social brasileiro. O filme tem seus defeitos, sim, mas acredito que contém algum diferencial que os membros da Academia esperam ver, afinal eles são obrigados a assistir a mais de 90 filmes estrangeiros para votar.

Só para constar: Caso o representante seja aprovado para a pré-lista de nove filmes, será o primeiro desde 2006, quando O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias foi pré-selecionado. E caso esteja entre os 5 indicados da categoria, será o primeiro desde Central do Brasil, que concorreu em 1999.

Comissão seleciona ‘BINGO: O REI DAS MANHÃS’ para representar o BRASIL no OSCAR 2018

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Vladimir Brichta como Bozo, ou melhor, Bingo (pic by Veja Rio)

FILME SOBRE PALHAÇO AMERICANO CONCORRERÁ A UMA DAS CINCO VAGAS NA CATEGORIA DE FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

Na manhã desta sexta-feira, na Cinemateca aqui em São Paulo, a Comissão da Academia Brasileira de Cinema (ABC) anunciou a seleção de Bingo: O Rei das Manhãs como representante do país no Oscar 2018. O filme do diretor estreante Daniel Rezende (conhecido como o montador de Cidade de Deus) bateu outros 22 concorrentes listados abaixo. Importante ressaltar que 23 inscritos é o número recorde do cinema nacional. Ano passado, foram 16 filmes.

  • A Família Dionti
    Dir: Alan Minas
  • A Glória e a Graça
    Dir: Flávio Ramos Tambellini
  • Café – Um Dedo de Prosa
    Dir: Maurício Squarisi
  • Cidades Fantasmas
    Dir: Tyrell Spencer
  • Como Nossos Pais
    Dir: Laís Bodanzky
  • Corpo Elétrico
    Dir: Marcelo Caetano
  • Divinas Divas
    Dir: Leandra Leal
  • Elis
    Dir: Hugo Prata
  • Era o Hotel Cambridge
    Dir: Eliane Caffé
  • Fala Comigo
    Dir: Felipe Sholl
  • O Filme da Minha Vida
    Dir: Selton Mello
  • Gabriel e a Montanha
    Dir: Fellipe Barbosa
  • História Antes da História
    Dir: Wilson Lazaretti
  • Joaquim
    Dir: Marcelo Gomes
  • João, o Maestro
    Dir: Mauro Lima
  • La Vingança
    Dir: Fernando Fraiha e Jiddu Pinheiro
  • Malasartes e o Duelo com a Morte
    Dir: Paulo Morelli
  • Polícia Federal – A Lei é Para Todos
    Dir: Marcelo Antunez
  • Por trás do Céu
    Dir: Caio Sóh
  • Quem é Primavera das Neves
    Dir: Ana Luiza Azevedo e Jorge Furtado
  • Real – O Plano por trás da História
    Dir: Rodrigo Bittencourt
  • Vazante
    Dir: Daniela Thomas

CURIOSIDADE DOS BASTIDORES

Este ano, a seleção do representante foi feita pela primeira vez pela Academia de Cinema Brasileiro, devido a uma polêmica em 2016, quando a Secretaria do Audiovisual decidiu eleger o drama pouco conhecido Pequeno Segredo, de David Schürman, quando claramente a produção que tinha mais chances era Aquarius, de Kléber Mendonça Filho, que além de contar com Sonia Braga como protagonista, havia sido indicado à Palma de Ouro em Cannes.

Na época, a Secretaria do Audiovisual declarou que Pequeno Segredo tinha “elementos universais” que favoreciam sua seleção, mas esse argumento não colou muito, porque a diferença da projeção internacional em relação a Aquarius era no mínimo colossal. O motivo real de sua desclassificação, como muitos já sabem, foi o protesto no tapete vermelho de Cannes contra o governo de Michel Temer.

Cheguei a escrever um post logo depois desse protesto, e ainda hoje não vejo lado certo nessa história. Apesar de ser defensor da liberdade de expressão, achei desnecessário o protesto em Cannes porque não se tratava de um evento político e além disso, a verba para o filme veio do governo. Por outro lado, claro que é ridículo um governo articular uma desclassificação de um filme só por causa de um protesto! E no final, o grande perdedor dessa história é o cinema brasileiro, são os profissionais que fazem cinema e o próprio público, que perdeu a chance de ver seu país novamente representado no Oscar desde 1999, quando Central do Brasil concorreu.

A DISPUTA

Existia forte possibilidade do escolhido deste ano estar entre os dramas Como Nossos Pais e O Filme da Minha Vida. O primeiro, dirigido pela competente Laís Bodanzky de Bicho de Sete Cabeças, tem um quê de drama familiar argentino, com bons diálogos e atuações. De alguma forma, ele lembra o clima familiar meio conturbado do vencedor do Oscar, Invasões Bárbaras, de Denys Arcand.

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Cena de Como Nossos Pais, de Laís Bodanzky (pic by carta capital)

Já o segundo, terceiro longa dirigido pelo ator Selton Mello, tinha a seu favor a retratação de época, a fotografia de Walter Carvalho e alguma internacionalidade trazida pelo ator francês Vincent Cassel, e o escritor chileno Antonio Skármeta (responsável pelo sucesso de O Carteiro e o Poeta) cujo trabalho originou o roteiro.

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Cena com Selton Mello e Johnny Massaro em O Filme da Minha Vida (pic by abril.com.br)

Contudo, a Comissão optou pelo filme Bingo: O Rei das Manhãs, uma espécie de comédia biográfica de humor negro, o que à princípio parece uma escolha ousada demais para o Oscar. Parece.

Embora se trate da história de um ator que interpreta um palhaço num programa infantil e que abusa das drogas e sexo, existem elementos que podem ajudar na campanha do Oscar. Primeiramente, o nome do diretor Daniel Rezende. A Academia pode errar muitas vezes, mas ela costuma ter boa memória. Artistas previamente indicados têm melhores chances em relação aos demais, e Rezende foi indicado ao Oscar de Montagem por Cidade de Deus em 2004. Perdeu MUITO injustamente para a montagem longa e cansativa de O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei.

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À direita, Daniel Rezende passa instruções para os atores Leandra Leal e Vladimir Brichta para a cena da premiação (pic by Judão)

Para quem não conhece, Bingo é o nome fictício usado para substituir Bozo, o palhaço que comandava o programa infantil que passava todas as manhãs no SBT, mais especificamente focado na vida do intérprete Arlindo Barreto. Como o roteiro tinha sexo, drogas e o palavreado, os detentores dos direitos não permitiram o uso dos nomes reais, obrigando o roteirista Luiz Bolognesi e a equipe a contornar a situação com outros nomes e alterar caracterização de personagens. Mas mesmo assim, é impossível não identificar Bozo, que é de origem americana, o que o tornará conhecido para o público americano e para os votantes do Oscar.

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Para os saudosistas: Bozo e Vovó Mafalda no programa infantil (pic by uol.com.br)

E o terceiro elemento que pode ajudar Bingo é justamente o momento em que vive a Academia. Apesar de eu ainda achar que eles sempre vão dar preferência aos filmes sobre Holocausto e cultura judaica, percebo que eles estão tentando mudar esse cenário. Nos últimos anos, premiaram longas de países que saem daquela panelinha européia Itália-França-Holanda-Espanha, e indicaram alguns países pela primeira vez na história como O Lobo do Deserto (da Jordânia), Timbuktu (da Mauritânia), Tangerinas (da Estônia) e A Imagem que Falta (do Camboja).

COMPETIÇÃO ATÉ O MOMENTO

Como a lista oficial dos filmes selecionados para a categoria ainda está longe de estar completa, vou deixar pra postá-la depois. Por enquanto, são 47 países que definiram seus representantes de um total que deve ultrapassar a estimativa de mais de 80.

Até o momento, os mais fortes concorrentes selecionados são:
* Os 4 em negrito já largam na frente

Áustria: Happy End, de Michael Haneke
Chile: Uma Mulher Fantástica, de Sebastián Lelio
Finlândia: Tom of Finland, de Dome Karukoski
Alemanha: In the Fade, de Fatih Akin
Japão: Her Love Boils Bathwater, de Ryota Nakano
Líbano: The Insult, de Ziad Doueiri
Suécia: The Square, de Ruben Östlund

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Cena do chileno Uma Mulher Fantástica, de Sebastián Lelio, em cartaz em São Paulo (pic by moviepilot.de)

***

Haverá uma pré-seleção em dezembro que definirá 9 filmes e somente no dia 23 de janeiro, os cinco indicados serão conhecidos.

‘Que Horas Ela Volta?’ representará o Brasil no Oscar 2016

Pôster de Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert (photo by quadroporquadro.com.br)

Pôster de Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert (photo by quadroporquadro.com.br)

BRASIL SELECIONA FILME EM ALTA INTERNACIONALMENTE

Na última quinta-feira, dia 10, o MinC anunciou o filme que representará o país na corrida pelo Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. A nova produção, escrita e dirigida por Anna Muylaert, Que Horas Ela Volta?, ou The Second Mother, como é conhecido internacionalmente, já era apontada por muitos como a grande favorita entre os oito que competiam.

Os demais sete filmes competidores foram:

  • A História da Eternidade, de Camila Cavalcante
  • Alguém Qualquer, de Tristan Aronovich
  • Campo de Jogo, de Eryc Rocha
  • Casa Grande, de Felipe Barbosa
  • Entrando numa Roubada, de André Miraes
  • A Estrada 47, de Vicente Ferraz
  • Estranhos, de Paulo Alcântara

Quando vi o cartaz de A Estrada 47 e descobri que se trata de um filme sobre a Segunda Guerra Mundial com soldados brasileiros, na hora pensei: “Taí o representante brasileiro no Oscar do ano que vem!”, afinal a Academia adora duas coisas nessa categoria: Guerra e Judeus. Portanto, pra mim foi uma surpresa a seleção deste drama com humor. Até o momento em que pude conferir no cinema.

Em Que Horas Ela Volta?, acompanhamos a vida da emprega doméstica Val, que cuida do filho dos patrões como se fosse seu, mas precisa lidar com a filha que não vê há mais de 10 anos, quando ela sai de Pernambuco pra morar com ela em São Paulo.

À esquerda, Camila Márdila contracena com Regina Casé. Elas interpretam filha e mãe, respectivamente. (photo by outnow.ch)

À esquerda, Camila Márdila contracena com Regina Casé. Elas interpretam filha e mãe, respectivamente. (photo by outnow.ch)

Talvez alguns cinéfilos me crucifiquem aqui, mas a trama me lembrou um pouco a do néo-clássico Teorema (1968), de Pier Paolo Pasolini, no qual vemos um estranho (Terence Stamp) entrar na casa e na vida de todos os membros de uma família da burguesia italiana, bagunçando toda a estrutura familiar pra sempre. Claro que, em menor escala, o filme de Muylaert tem sua crítica social, abordando os limites da classe mais baixa e o papel do nordestino na maior cidade do país, quase como os de imigrantes de países subdesenvolvidos em países de primeiro mundo.

No filme nacional, um dos grandes diferenciais atende pelo nome de Regina Casé. Sim, aquela apresentadora da Rede Globo do programa dominical “Esquenta!”. Ela surpreende com tamanho carisma e bom humor, que fica impossível de não se identificar e torcer por sua personagem diante das adversidades. A partir da segunda metade do filme, ela divide as atenções com Camila Márdila, que interpreta sua filha, e sua atuação fica ainda mais consistente por justamente elevar a questão de sua ausência na criação da filha.

Pelas atuações, as duas receberam um prêmio especial no último Festival de Berlim, de onde também saiu com o prêmio do público. A diretora comemorou bastante a seleção de seu trabalho, uma vez que deve aumentar a renda nas bilheterias, que até o momento foi de apenas 66 mil espectadores no Brasil. “Existe um público que está sabendo, mais elitizado. Mas acredito que a natureza dele é popular. Não temos verba para publicidade em ônibus, outdoor. [A escolha] pode fazer com que o filme chegue mais longe. Isso, para mim, é a grande notícia de hoje.”, declarou Muylaert em entrevista à Folha de S. Paulo.

Na coletiva de imprensa do filme Que Horas Ela Volta? no Festival de Berlim, da esquerda para a direita: o produtor Fabiano Gullane, a atriz Camila Márdila e a diretora Anna Muylaert (photo by berlinale.de)

Na coletiva de imprensa do filme Que Horas Ela Volta? no Festival de Berlim, da esquerda para a direita: o produtor Fabiano Gullane, a atriz Camila Márdila e a diretora Anna Muylaert (photo by berlinale.de)

Quanto às chances reais do filme no Oscar, ela comentou: “Ele está quente na imprensa internacional. Na americana, incluisve. As críticas são incrivelmente positivas.”. Além de Berlim, Que Horas Ela Volta? conquistou o prêmio especial do júri no Festival de Sundance, e as críticas vêm do site Rotten Tomatoes, com o número altíssimo de 96% de aprovação, e do site Indiewire. Quando vi o filme no cinema, tive a boa sensação que costumo ter quando assisto a um bom filme argentino e isso é ótimo, pois o cinema dos hermanos privilegia um bom roteiro, boas atuações e reflete a situação político-social do país. E a Argentina já levou duas estatuetas do Oscar.

Claro que se tivesse um filme de guerra com judeus seria o ideal (não, eu não concordo com esse sistema, mas é assim que funciona pra ganhar), mas considero uma decisão coerente da comissão do MinC ao selecionar um filme que proporcione uma identificação com o povo ali representado.  Poderiam ter ido na cola das maiores bilheterias e selecionado outra produção mais popular, mas optaram por algo que passasse alguma mensagem sobre a atual situação do país. Pode não resultar em prêmio, nem mesmo em indicação, mas mostra um amadurecimento da cinema como Arte.

Por enquanto, a concorrência pelo Oscar está apenas esquentando. Nosso vizinho Chile escolheu O Clube, de Pablo Larraín, que foi indicado por No. Taiwan escolheu The Assassin, de Hou Hsiao-Hsien, que levou o prêmio de direção em Cannes. A Suécia vai com o vencedor do Leão de Ouro de 2014, o drama Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre a Existência, de Roy Andersson. E até o momento, o concorrente mais forte vem da Hungria, com Son of Saul (Saul Fia), de László Nemes. Além de ter conquistado o Grande Prêmio do Júri em Cannes, tem como cenário um campo de concentração, e aí já viu, né? Os velhinhos votantes da Academia vão chorar horrores lembrando de seus antepassados e dar seus votos. Claro que o filme pode ser maravilhoso, mas é um artifício que todo cineasta do planeta já conhece pra ganhar esse Oscar.

Cena do representante húngaro Son of Saul (Saul fia), de László Nemes (photo by cine.gr)

Cena do representante húngaro Son of Saul (Saul fia), de László Nemes (photo by cine.gr)

Nos últimos anos, o Brasil selecionou filmes razoáveis e bons como Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, O Som ao Redor, O Palhaço e Tropa de Elite 2: Agora o Inimigo é Outro. Na minha humilde opinião, Tropa de Elite 2, de José Padilha, merecia facilmente estar entre os finalistas, mas sequer passou pra segunda fase do processo de seleção. Sabem qual foi o último a conseguir essa proeza? O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger, de 2006. Apesar de ser um filme bom, ele tinha uma carta na manga: um dos personagens centrais era judeu.

Enfim, além dessa cartilha para ganhar o Oscar de Filme em Língua Estrangeira que posto todo ano aqui, o filme de Anna Muylaert está seguindo uma estratégia que já funcionou: lançar o filme primeiro em festivais internacionais, conseguir voltar ao país com alguma consagração e obter apoio nacional mais facilmente. Foi assim com Central do Brasil, de Walter Salles, que, aliás, foi a última produção brasileira indicada ao Oscar nessa categoria no longínquo ano de 1999.

Haverá uma pré-seleção, que reduz todos os representantes numa lista de nove filmes, e em seguida, a lista dos cinco indicados será divulgada no dia 14 de janeiro.

Nove filmes concorrem às cinco indicações de Melhor Filme em Língua Estrangeira no Oscar 2015

ACADEMIA ELIMINA 74 PRODUÇÕES, ENTRE ELAS A DO BRASIL

A Academia decidiu adiantar a lista de pré-selecionados de Filmes em Língua Estrangeira este ano de janeiro para dezembro. Assim, dos 83 filmes inscritos, restaram apenas 9 produções para concorrer a 5 indicações. E mais uma vez, o sonho acabou para o Brasil: Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, de Daniel Ribeiro, está fora da disputa pelo Oscar. Embora tenha conquistado os prêmios FIPRESCI e Teddy Bear no último Festival de Berlim, não teve força entre os críticos americanos para alavancar sua campanha. Particularmente, considero o filme honesto, com o frescor de filme de estréia, mas confesso que me incomodei um pouco com a abordagem universitária. A última vez que o Brasil esteve na short-list foi em 2007 com O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias. Já entre os indicados, faz um pouco mais de tempo: em 1999, com Central do Brasil.

A short-list deste ano tem os seguintes filmes:

Accused (Lucia de B.), de Paula van der Oest – HOLANDA
Força Maior (Turist), de Ruben Ostlünd – SUÉCIA
Ida (Ida), de Pawel Pawlikowski – POLÔNIA
A Ilha dos Milharais (Simindis Kundzuli), de George Ovashvili – GEÓRGIA
Leviatã (Leviafan), de Andrey Zvyagintsev – RÚSSIA
Libertador, de Alberto Arvelo – VENEZUELA
Relatos Selvagens (Relatos Salvajes), de Damián Szifrón – ARGENTINA
Tangerines (Mandariinid), de Zaza Urushadze – ESTÔNIA
Timbuktu, de Abderrahmane Sissako – MAURITÂNIA

O grande favorito da lista é o polonês Ida, mas não tanto por seus méritos artísticos, mas pela temática da Segunda Guerra Mundial e o anti-semitismo que os votantes da Academia não cansam de premiar. Assisti ao filme de Pawel Pawlikowski ontem e realmente existem qualidades técnicas indiscutíveis como a bela fotografia PB, os enquadramentos que parecem esconder alguma coisa e a montagem elíptica, que dá uma quebrada na monotonia, mas não deixa de ser um filme acadêmico que pode cair no esquecimento. Aí quando olharmos os vencedores do Oscar daqui a 20 anos, vamos falar: “Putz, que filme é esse? Ah, aquele que bateu o argentino Relatos Selvagens!”

O polonês Ida, de Pawel Pawlikowski. Temática judia leva vantagem automática. (photo by outnow.ch)

O polonês Ida, de Pawel Pawlikowski. Temática judia leva vantagem automática. (photo by outnow.ch)

Falando nisso, a inclusão do filme argentino Relatos Selvagens é mais uma prova de que o cinema argentino não vive apenas uma onda como o cinema brasileiro. Os cineastas argentinos sabem escrever e filmar com maestria. Já no Brasil, tirando poucos profissionais, o cinema parece regredir para os anos 80 e 90, quando as comédias pastelões reinavam. Relatos Selvagens é a união de histórias curtas de personagens em situações-limite de selvageria, apresentando diálogos impagáveis e personagens bem delineados, mas sem soar piegas. Se indicado, a América do Sul estará bem representada no Oscar 2015. Claro que ainda tem o representante da Venezuela, Libertador, mas não acredito que chegará ao tapete vermelho.

Também pude conferir mais dois filmes da lista: o sueco Força Maior e o russo Leviatã, graças à Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Apesar de Força Maior não apresentar elementos de guerra, oferece a desintegração de uma família a partir de uma avalanche nos alpes através de uma abordagem diferenciada que só o cinema sueco poderia criar. Trata-se de uma comédia de humor negro que não é para todos os paladares, mas merece o destaque que vem recebendo pela crítica à desvalorização da família. Curiosamente, Leviatã também apresenta uma veia de humor negro que ataca a política russa em cheio, ao mesmo tempo em que critica a Igreja através de uma releitura bíblica. O filme concorreu à Palma de Ouro e saiu merecidamente com o prêmio de Roteiro em Cannes. Pra mim, se Leviatã ou Relatos Selvagens ganhar, faço as pazes com os votantes idosos da Academia.

Roman Madyanov como o hilário prefeito em Leviatã (photo by outnow.ch)

Roman Madyanov como o hilário prefeito em Leviatã (photo by outnow.ch)

Os demais selecionados apresentam aquela gama de assuntos que costuma frequentar a categoria: guerra e suas consequências (Em Tangerines, um homem procura manter sua coleta de tangerinas em meio à guerra da Geórgia nos anos 90; em Timbuktu, acompanhamos a ocupação da cidade de Tombuctu pelos rebeldes militantes islâmicos; e em Libertador, vemos as batalhas de Simon Bolivar na América do Sul. Édgar Ramírez interpreta o líder), hábitos de terras distantes (Em A Ilha dos Milharais, o ciclo do rio mostra sua força) e temas ligeiramente polêmicos (no thriller psicológico holandês Accused, baseado em caso verídico, uma enfermeira é acusada de assassinar sete bebês e pacientes idosos no hospital).

Já entre os excluídos dos 83 filmes, as ausências mais sentidas foram do belga Dois Dias, Uma Noite, dos irmãos Dardenne, o turco Winter Sleep, de Nuri Bilge Ceylan, e o canadense Mommy, de Xavier Dolan.

Vale lembrar que Ida, Leviatã, Força Maior e Tangerines foram indicados ao Globo de Ouro. Baseado nisso, meu palpite para os indicados ao Oscar é o seguinte:

– Força Maior
– Ida
– Leviatã
– Relatos Selvagens
– Tangerines

As indicações ao Oscar 2015 serã anunciadas no dia 15 de janeiro, e a cerimônia acontece no dia 22 de fevereiro.

Definidos 9 semi-finalistas para Filme Estrangeiro no Oscar 2014. Brasileiro “O Som ao Redor” fica de fora

Michael Haneke recebendo o Oscar de Filme Estrangeiro das mãos de Jennifer Garner (photo by umikarahajimaru.at.webry.info)

Michael Haneke recebendo o Oscar de Filme Estrangeiro das mãos de Jennifer Garner (photo by umikarahajimaru.at.webry.info)

Seguindo o calendário da categoria de Melhor Filme Estrangeiro, a Academia divulgou os nove semi-finalistas que disputarão as cinco indicações. Trata-se de uma vitória e tanto estar entre esses nove, afinal havia 76 filmes de várias partes do mundo concorrendo às 5 vagas acirradas.

Sem delongas, eis os nove selecionados:

  • The Broken Circle Breakdown, de Felix van Groeningen (BÉLGICA)
  • An Episode in the Life of an Iron Picker, de Danis Tanovic (BÓSNIA E HERZEGOVINA)
  • The Missing Picture, de Rithy Panh (CAMBOJA)
  • A Caça, de Thomas Vinterberg (DINAMARCA)
  • Two Lives, de Georg Maas (ALEMANHA)
  • O Grande Mestre, de Wong Kar-wai (HONG KONG)
  • The Notebook, de Janós Szász (HUNGRIA)
  • A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino (ITÁLIA)
  • Omar, de Hany Abu-Assad (PALESTINA)

Logo de cara, a ausência mais sentida é a de Azul é a Cor Mais Quente, de Abdellatif Kechiche. Depois de ter vencido a Palma de Ouro em Cannes, o filme vem conquistando vários prêmios, inclusive foi indicado ao Globo de Ouro e recentemente o Critics’ Choice Award. Contudo, devido às regras ultrapassadas da Academia, o filme não pôde representar a França na categoria de Filme Estrangeiro por não ter estreado em seu país até setembro deste ano. Pode concorrer ainda por outras categorias como Atriz (Adèle Exarchopoulos), Atriz Coadjuvante (Léa Seydoux) e Roteiro Adaptado. O representante da França, Renoir, de Gilles Bourdos, ficou de fora da corrida.

Azul é a Cor Mais Quente, de Abdellatif Kechiche: Fora do Oscar de Filme Estrangeiro (photo by www.elfilm.com)

Azul é a Cor Mais Quente, de Abdellatif Kechiche: Fora do Oscar de Filme Estrangeiro (photo by http://www.elfilm.com)

Por um lado, fico triste pela ausência do filme na disputa pela redução na qualidade da categoria, mas por outro lado, conhecendo o conservadorismo dos votantes da Academia (um bando de velhos viciado em filmes sobre o Holocausto), tenho quase certeza de que o filme francês não teria chances reais de Oscar por sua temática homossexual e cenas longas e praticamente explícitas de sexo. Os mesmos votantes homofóbicos que preteriram O Segredo de Brokeback Mountain, sobre o amor entre dois caubóis, certamente tirariam Azul é a Cor Mais Quente da jogada.

BÉLGICA: Broken Circle Breakdown, de

BÉLGICA: The Broken Circle Breakdown, de Felix van Groeningen

O fato de vários filmes aclamados pela crítica ficarem de fora nos últimos anos, como em 2003 o espanhol Fale com Ela, de Pedro Almodóvar, tem chamado a atenção para alterações nos protocolos do Oscar. Em outubro, o presidente do comitê de filmes estrangeiros, Mark Johnson, prometeu que faria “mudanças radicais”, mas infelizmente, a alteração mais significativa não deu conta do recado. Os votantes teriam direito a eleger seis produções, e a comissão elegeria os outros três tendo como base o reconhecimento da crítica e dos festivais.

An Episode of an Iron Picker, de Danis Tanovic (photo by http://www.berlinale.de/)

BÓSNIA E HERZEGOVINA: An Episode of an Iron Picker, de Danis Tanovic (photo by http://www.berlinale.de/)

Tal “radicalismo” está longe de ser a tão sonhada reforma das regras da categoria para filmes estrangeiros. Primeiramente, devido ao crescente número de concorrentes, deveriam estender o número de indicados para dez. Se em toda cerimônia, eles se gabam de que há bilhões de pessoas assistindo ao redor do mundo, por que não agradar os cinéfilos e cineastas fora dos Estados Unidos?

The Missing Picture, de Rithy Panh, que levou o Un Certain Regard

CAMBOJA: The Missing Picture, de Rithy Panh, que levou o Un Certain Regard

Então, dessas dez produções, 5 deveriam vir dos mais bem votados pelos críticos americanos (a média geral do NYFCC, LAFCA e demais estados e do National Board of Review), valorizando o trabalho dessas associações que visam destacar os melhores filmes do ano, e os outros 5 seriam eleitos pelo modo convencional de triagem. MAS de forma que facilite a vida dos votantes que trabalham, disponibilizando cópias de DVD/Blu-Ray, pois do jeito que está, com sessões vespertinas, apenas membros aposentados votam, elegendo filmes de temática judaica, 2ª Guerra Mundial e com quase zero de violência e sexo. Praticamente uma censura da época da ditadura militar.

DINAMARCA: A Caça, de Thomas Vinterberg (photo by www.elfilm.com)

DINAMARCA: A Caça, de Thomas Vinterberg (photo by http://www.elfilm.com)

Os comitês que elegem os representantes de cada país já conhecem esse sistema, e por isso, costumam selecionar produções com roteiros nessa direção. Até mesmo o Brasil enviou em 2006: O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger, e em 2004: Olga, de Jayme Monjardim. O primeiro chegou a passar entre os semi-finalistas, mas não obteve a indicação. O Brasil não tem um filme indicado desde 1999, quando Central do Brasil concorreu também por Melhor Atriz para Fernanda Montenegro.

ALEMANHA: Two Lives, Georg Mass (photo by www.cinemagia.ro)

ALEMANHA: Two Lives, Georg Mass (photo by http://www.cinemagia.ro)

Claro que essa sugestão seria uma utopia no momento, mas os próprios membros do comitê de Filme Estrangeiro almejam mudanças há tempos. Acho que só precisam encontrar o meio certo para que a categoria se torne mais abrangente e justa. Espero que até o centenário do Oscar (estamos na 86ª edição), esse empecilho já esteja resolvido, pois o cinema americano anda cada vez mais dependente de produções estrangeiras como fonte de inspiração (vide as quinhentas refilmagens) e dos próprios profissionais estrangeiros que recebem oportunidade de trabalhar na indústria hollywoodiana.

The Grandmaster, de Wong Kar-Wai (photo by www.berlinale.de)

HONG KONG: The Grandmaster, de Wong Kar-Wai (photo by http://www.berlinale.de)

Enquanto esse impasse não é resolvido, o jeito é analisar a lista dos nove pré-selecionados. Temos as ausências significativas de The Past, de Asghar Farhadi (Irã), O Sonho de Wadjda, de Haifaa Al-Mansour (Arábia Saudita), Gloria, de Sebastián Lelio (Chile), Instinto Materno, de Calin Peter Netzer (Romênia), The Rocket, de Kim Mordaunt (Austrália) e do brasileiro O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho. Gostaria muito que o filme nacional fosse escolhido para incentivar produções independentes brasileiras e a produção cinematográfica atual, que depende demais de incentivos fiscais de empresas desinteressadas e do império da Globo Filmes, que tem feito TV no Cinema.

HUNGRIA: The Notebook, de Janós (photo by www.elfilm.com)

HUNGRIA: The Notebook, de Janós Szász (photo by http://www.elfilm.com)

Dentre os semi-finalistas, é curioso adivinhar qual filme foi escolhido pelos votantes (os judeus idosos) e pelo comitê (baseado no reconhecimento da crítica).

1. The Broken Circle Breakdown, de Felix van Groeningen (BÉLGICA)
Filme sobre diferenças religiosas numa família. COMITÊ

2. An Episode in the Life of an Iron Picker, de Danis Tanovic (BÓSNIA E HERZEGOVINA)
História real de um catador de lixo que luta por tratamento médico para sua esposa doente. VOTANTES

3. The Missing Picture, de Rithy Panh (CAMBOJA)
Documentário sobre as atrocidades do Khmer Vermelho no Camboja utilizando bonecos de argila. Venceu o prêmio Un Certain Regard no último Festival de Cannes. VOTANTES

4. A Caça, de Thomas Vinterberg (DINAMARCA)
Um homem é acusado de pedofilia numa pequena cidade. Indicado à Palma de Ouro, e Mads Mikkelsen ganhou o prêmio de Melhor Ator em Cannes. COMITÊ

5. Two Lives, de Georg Maas (ALEMANHA)
Uma mulher esconde sua identidade para desvendar segredo que envolve a 2ª Guerra Mundial. VOTANTES

6. O Grande Mestre, de Wong Kar-wai (HONG KONG)
História sobre a vida do mestre em artes marciais, Ip Man, que treinou Bruce Lee. VOTANTES

7. The Notebook, de Janos Szasz (HUNGRIA)
Os horrores da 2ª Guerra Mundial na visão de dois irmãos gêmeos de 13 anos. VOTANTES

8. A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino (ITÁLIA)
Depois da morte de um amor antigo, escritor passa por crise existencial em Roma. Foi indicado à Palma de Ouro e o Globo de Ouro. COMITÊ

9. Omar, de Hany Abu-Assad (PALESTINA)
Estudo da vida e relações entre a fronteira palestina. VOTANTES

ITÁLIA: A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino (photo by www.elfilm.com)

ITÁLIA: A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino (photo by http://www.elfilm.com)

Claro que o fato de ter sido escolhido pelos votantes conservadores não significa que o filme seja ruim. Às vezes, eles acertam como nas recentes vitórias de A Vida dos Outros em 2007, e O Segredo dos Seus Olhos em 2010. Mas denota uma fixação doentia por roteiros que envolvam fatos históricos como a guerra. Vamos virar o disco?

As indicações que revelarão os cinco escolhidos serão anunciadas no dia 16 de janeiro.

PALESTINA: Omar, de (photo by www.outnow.ch)

PALESTINA: Omar, de Hany Abu-Assad (photo by http://www.outnow.ch)

Nove filmes estrangeiros em disputa para o Oscar 2013

O único representante do continente sul-americano: o chileno No, de Pablo Larraín, estrelado por Gael García Bernal

O único representante do continente sul-americano: o chileno No, de Pablo Larraín, estrelado por Gael García Bernal

Seguindo uma tradição rigorosa, os membros da Academia selecionaram os nove filmes semi-finalistas (de uma lista recordista de 71 filmes inscritos) na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Como muitos especialistas previram, o representante austríaco, Amour, e o francês, Intocáveis, estão nessa lista e já asseguram sua vaga na cerimônia.

Como já reportado aqui no blog, Amour, de Michael Haneke, que teve sua grande estréia no último Festival de Cannes, de onde saiu premiado com a Palma de Ouro, vem conquistando inúmeros prêmios da crítica internacional, como o LAFCA, NYFCC e o National Board of Review, por seu retrato do amor na terceira idade. Claro que, em se tratando de Haneke na direção, pode-se esperar sentimentos atípicos e brutais.

O estrondoso sucesso de público de Intocáveis também não poderia passar desapercebido. A relação incomum entre um aristocrata tetraplégico caucasiano e um rapaz de classe baixa negro quebrou alguns preconceitos e comoveu o grande público. Com certeza, incontáveis fãs do longa ficarão na torcida quando o envelope for aberto.

As outras três indicações estão em aberto. Contudo, um ou outro tem mais vantagens por ter sido mais comentado ou reconhecido pela crítica, como são os casos do dinamarquês O Amante da Rainha e do romeno Além das Montanhas, que saiu de Cannes com os prêmios de Melhor Roteiro e Melhor Atriz para a dupla Cosmina Stratan e Cristina Flutur. Na lista do National Board of Review e vencedor de Melhor Atriz no último Festival de Berlim, o canadense War Witch, de Kim Nguyen, tem boas chances com a história da menina de 14 anos que convive em meio à guerrilha na África.

Além das Montanhas, de Cristian Mungiu, representando a Romênia através de uma história verídica de exorcismo (foto por cine.gr)

Além das Montanhas, de Cristian Mungiu, representando a Romênia através de uma história verídica de exorcismo (foto por cine.gr)

O islandês The Deep é baseado numa história verídica de sobrevivência de um pescador em meio à congelante costa sul da Islândia. Já o representante da Noruega, Kon-Tiki, relata os esforços do explorador Thor Heyerdahl, que em 1947, atravessou o Oceano Pacífico todo numa balsa de madeira para provar que sul-americanos poderiam ter feito o mesmo para chegar às ilhas Polinésias em tempos de pré-Colombo. E o suíço Sister centra numa história de um menino que sustenta sua irmã mais velha roubando pertences de ricos num resort de esqui. O filme de Ursula Meier levou o Urso de Prata no último Festival de Berlim e conta com a bela Léa Seydoux.

Sister, de Ursula Meier: representante da Suíça com a belíssima Léa Seydoux

Sister, de Ursula Meier: representante da Suíça com a belíssima Léa Seydoux

Seguem os semi-finalistas para Melhor Filme Estrangeiro:

Amour, de Michael Haneke (Áustria)

War Witch (Rebelle), de Kim Nguyen (Canadá)

No, de Pablo Larraín (Chile)

O Amante da Rainha (En kongelig affære), de Nikolaj Arcel (Dinamarca)

Intocáveis (Intouchables), de Olivier Nakache e Eric Toledano (França)

The Deep (Djúpið), de Baltasar Kormákur (Islândia)

Kon-Tiki, de Joachim Rønning e Espen Sandberg (Noruega)

Além das Montanhas (Dupa Dealuri), de Cristian Mungiu (Romênia)

Sister (L’enfant d’en haut), de Ursula Meier (Suíça)

Em janeiro, esses nove filmes serão projetos em três dias para membros do comitê de Filmes Estrangeiros em Los Angeles e Nova York para então decidirem os cinco finalistas.

Infelizmente, o representante brasileiro O Palhaço, de Selton Mello, ficou de fora. Apesar de conter uma “brasilidade” no ambiente circense do cenário de interior do Brasil e com personagens andarilhos, o filme não conseguiu cativar os membros da comissão. A última vez que o país ficou entre os indicados foi em 1999 com Central do Brasil, de Walter Salles. E a última vez entre os semi-finalistas foi em 2007, com O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger.

Cheguei a ler algumas críticas boas de críticos americanos do filme Heleno, de José Henrique Fonseca, perguntando-se o porquê o filme não foi selecionado para concorrer ao Oscar, já que reconstrói a biografia do jogador de futebol Heleno de Freitas com a ajuda de Rodrigo Santoro, um ator reconhecido internacionalmente. Mas, mesmo que a escolha fosse alterada, não acredito que faria muita diferença, porque a concorrência de filmes estrangeiros este ano está muito acirrada. E, apesar da fama de Santoro, acho que O Palhaço tem uma boa mistura da cultura brasileira com a linguagem universal.

Algumas ausências notáveis foram dos representantes da Itália (César Deve Morrer, dos irmãos Taviani), da Alemanha (Barbara, de Christian Petzold), da Suécia (The Hypnotist, de Lasse Hallström) e da Coréia do Sul (Pieta, de Kim Ki-duk). A ausência desse último, embora tenha vencido o Leão de Ouro no último Festival de Veneza, explica-se pela crueldade e brutalidade da história, que costuma horrorizar os votantes mais idosos da Academia.

As indicações ao Oscar 2013 serão divulgadas no dia 10 de janeiro.

O islandês The Deep

O islandês The Deep e sua história de sobrevivência (foto por Cine.gr)

O norueguês Kon-Tiki, que tem belas imagens que remetem a Náufrago e A Lagoa Azul

O norueguês Kon-Tiki, que tem belas imagens que remetem a Náufrago e A Lagoa Azul (foto por OutNow.CH)

Oscar 2013: Recorde de 71 filmes estrangeiros inscritos

Federico Fellini recebendo Oscar Honorário em 1993. O diretor levou quatro vezes Melhor Filme Estrangeiro para a Itália, além de doze indicações.

Uma nova marca é adicionada à história do Oscar. Setenta e um países inscreveram filmes para representá-los na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. É claro que o fato de concorrer oficialmente ao prêmio já seria um prestígio enorme, mas talvez esse aumento de participantes se deva à vitória de A Separação, de Asghar Farhadi, um filme iraniano pequeno que não pertence ao círculo de países de primeiro mundo que costuma ganhar nessa categoria.

Desde que a Academia criou a categoria internacional em 1957 (de 1948 a 1956, os filmes estrangeiros eram reconhecidos com Oscars Honorários), Itália e França são os maiores vencedores com dez e nove vitórias respectivamente. Contudo, ambos não ganham há um bom tempo. A última produção francesa a ganhar foi Indochina, de Régis Wargnier, em 1993, enquanto a Itália tem um jejum de treze anos desde que A Vida é Bela, de Roberto Benigni levou três prêmios naquele ano de 1999.

César Deve Morrer, dos irmãos Taviani: vencedor do Urso de Ouro em Berlim, representando a Itália no Oscar

E se depender do burburinho, a Itália pode voltar ao páreo com o César Deve Morrer, dos irmãos Vittorio e Paolo Taviani (sem previsão de estréia aqui). O docu-drama que mostra presidiários reais encenando a peça Júlio César, de Shakespeare, levantou polêmica e levou o Urso de Ouro no Festival de Berlim desse ano. Não tem tanta cara de Oscar pelo lado polêmico, mas seria uma excelente oportunidade da Academia resgatar grandes nomes do cinema italiano.

Intocáveis, de Olivier Nakache e Eric Toledano: sucesso comercial e boas atuações garantem uma indicação ao Oscar

Maiores chances tem a França, pois conta com o sucesso comercial Intocáveis, de Olivier Nakache e Eric Toledano, que já consolidou a segunda melhor posição da bilheteria francesa de todos os tempos, faturando mais de US$ 300 milhões ao redor do mundo. A comédia dramática, ainda em cartaz nos cinemas de São Paulo, conta a história verídica de um aristocrata que ficou quadriplégico e contratou um jovem incomum para seus cuidados. Seu sucesso de público se deve à química dos atores principais, François Cluzet e Omar Sy, e pelo roteiro que explora muito bem as diferenças culturais dos dois personagens.

Amour, de Michael Haneke: diretor austríaco (à esq) dirige os veteranos Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant. A Palma de Ouro lhe deu a merecida notoriedade.

Entretanto, os franceses têm dura competição com o representante da Áustria: o drama Amour, de Michael Haneke, uma vez que arrebatou a última Palma de Ouro em Cannes e conta ainda com uma ótima dupla de atores, o casal Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva, ambos cotados para indicações nas categorias de atuação. Conta a favor também o fato de Michael Haneke ter a segunda chance na categoria depois que perdeu em 2010 pelo forte drama A Fita Branca, quando concorria pela Alemanha.

Em termos de favoritismo, parece claro que os três filmes citados acima estão com maiores chances. Porém, como se trata de uma categoria bastante imprevisível às vezes, vale a pena ressaltar alguns trabalhos bem comentados até o momento pela mídia e que não são necessariamente do mainstream, como é o caso do romeno Beyond the Hills, de Cristian Mungiu. Foi graças ao diretor que o cinema da Romênia voltou ao cenário internacional em 2007, quando seu filme anterior, o drama 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias foi reconhecido pela Palma de Ouro. O fato de Beyond the Hills ter saído com dois prêmios de Cannes esse ano: Melhor Atriz (recebido pela dupla de protagonistas Cosmina Stratan e Cristina Flutur) e Melhor Roteiro (Cristian Mungiu) certamente colabora na campanha, mas por se tratar de temática religiosa e sobrenatural envolvendo exorcismo verídico, os votantes velhinhos podem molhar suas fraldas geriátricas e nem terminar de ver o filme até o fim.

Beyond the Hills, de Cristian Mungiu: exorcismo na Academia? Só se for pra compensar O Exorcista (1973).

O mesmo asco deve acontecer entre os votantes ao ver o filme sul-coreano Pietá, de Kim Ki-duk, pois contém violência (apenas alguns membros decepados) e cenas de incesto (coisa mais light hoje em dia). Apesar de ter levado o Leão de Ouro em Veneza, as chances do filme ficar entre os cinco finalistas são as mesmas do mundo acabar em 2012.

Outros concorrentes apresentam alguns elementos que podem facilitar a indicação. No caso do israelense Fill the Void, o prêmio Volpi Cup de Melhor Atriz para Hadas Yaron seria um bom adendo, mas convenhamos que a maioria vontante judia também dá uma forcinha. Já o dinamarquês A Royal Affair, de Nikolaj Arcel, que ganhou Melhor Ator e Melhor Roteiro em Berlim, ganha pontos pela produção caprichada de filme de época, com figurinos e direção de arte vistosos, contando com Mads Mikkelsen, ator em ascensão internacional.

A Suécia pode conseguir grande ajuda pelo peso do nome Lasse Hallström. O diretor chegou a ser indicado ao Oscar de Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado pelo drama sueco Minha Vida de Cachorro em 1988 e novamente como Melhor Diretor pelo meloso Regras da Vida em 2000. Lasse Hallström conseguiu comandar bons projetos em Hollywood, resultando em Gilbert Grape – Aprendiz de um Sonhador (1993), Chocolate (2000), Chegadas e Partidas (2001), Sempre ao seu Lado (2009) e mais recentemente o drama baseado no best-seller de Nicholas Sparks, Querido John (2010). Ele pode voltar a competir com The Hypnotist, adaptação literária homônima da obra de Lars Kepler.

The Hypnotist, de Lasse Hallström. O diretor retorna à gélida Suécia e volta a ter boas chances no Oscar.

Se forçar um pouco a barra, dá pra incluir na briga o musical no melhor estilo Bollywood, Barfi!. A última indicação da Índia aconteceu em 2002 com outro musical Lagaan – Era Uma Vez na Índia, de Ashutosh Gowariker. Quem sabe não sai uma dobradinha musical com uma possível vitória de Les Miserábles, de Tom Hooper? OK, já seria muita ilusão de minha parte…

E o que dizer da primeira participação da Quênia no Oscar? Eles selecionaram o drama Nairobi Half Life, de David ‘Tosh’ Gitonga. Obviamente, trata-se de uma produção de baixo orçamento que acompanha a trajetória de um jovem aspirante a ator que se muda para a cidade grande (Nairobi) a fim de tentar a sorte na carreira. Talvez o filme tenha baixa qualidade técnica pelas dificuldades do país, mas se mandaram bem no lado emotivo da história, por que não teria chances reais? Se uma coisa eu aprendi nesses anos acompanhando o Oscar foi que a categoria de Filme Estrangeiro privilegia a boa e velha catarse. Histórias que mexem com elementos de superação são os favoritos.

Nairobi Half Life, de David ‘Tosh’ Gitonga: Primeiríssima participação do Quênia no Oscar. Motivo de orgulho e torcida.

E o Brasil? Quando vem o bendito primeiro Oscar para o nosso país? Teria O Palhaço, de Selton Mello, boas chances de ficar entre os finalistas? Particularmente, gostei da escolha entre os filmes nacionais, pois mostra um Brasil diferente dos últimos retratos de Cidade de Deus (2002) e Tropa de Elite (2007). Como já afirmei antes, a categoria diverge das demais em termos de votação. Já tentamos ganhar com Walter Salles (Central do Brasil) e Fernando Meirelles (Cidade de Deus) pelo prestígio internacional. Já apelamos pelos gostos dos votantes com Olga (2004), de Jayme Monjardim, e O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006), de Cao Hamburger. Nada. Então, mesmo que O Palhaço sequer figure entre os finalistas, pelo menos estamos tentando com novas perspectivas. O filme possui temática universal do circo, boas atuações e qualidades técnicas como fotografia e trilha. Quem sabe?

Vale lembrar que lista dos 71 filmes que participam da maratona do Oscar poderia ser de 72 filmes. O governo (patético) do Irã resolveu chamar a atenção da mídia ao cancelar a participação do país no Oscar como forma de protesto pelo vídeo (ainda mais patético) Inocência dos Muçulmanos, que o Youtube foi obrigado a retirar do ar por ordem do governo brasileiro (muito mais patético) que mesmo tendo mais de vinte anos de ditadura na História, ainda não aprendeu que censura é uma atitude desprezível que vai contra a liberdade que foi conquistada com muito suor e sangue. Azar também do pobre filme iraniano A Cube of Sugar, de Seyyed Reza Mir-Karimi, que teve que pagar o pato com essa história ridícula de boicote…
Segue lista completa em ordem alfabética:

Afeganistão: The Patience Stone, de Atiq Rahimi

África do Sul: Little One, de Darrell James Roodt
Albânia: Pharmakon, de Joni Shanaj

Alemanha: Barbara, de Christian Petzold
Argélia: Zabana!, de Said Ould Khelifa
Argentina: Clandestine Childhood, de Benjamín Ávila
Armênia: If Only Everyone, de Natalia Belyauskene
Austrália: Lore, de Cate Shortland
Áustria: Amour, de Michael Haneke
Azerbaijão: Buta, de Ilgar Najaf
Bangladesh: Pleasure Boy Komola, de Humayun Ahmed
Bélgica: Our Children, de Joachim Lafosse
Bósnia e Herzegovina: Children of Sarajevo, de Aida Begic
Brasil: O Palhaço, de Selton Mello
Bulgária: Sneakers, de Valeri Yordanov e Ivan Vladimirov
Camboja: Lost Loves, de Chhay Bora
Canadá: War Witch, de Kim Nguyen

Cazaquistão: Myn Bala: Warriors of the Steppe, de Akan Satayev
Chile: No, de Pablo Larraín;
China: Caught in the Web, de Chen Kaige
Colômbia: The Snitch Cartel, de Carlos Moreno

Coréia do Sul: Pieta, de Kim Ki-duk
Croácia: Vegetarian Cannibal, de Branko Schmidt
Dinamarca: A Royal Affair, de Nikolaj Arcel

Eslováquia: Made in Ash, de Iveta Grófová
Eslovênia: A Trip, de Nejc Gazvoda
Espanha: Blancanieves, de Pablo Berger
Estônia: Mushrooming, de Toomas Hussar

Filipinas: Bwakaw, de Jun Robles Lana
Finlândia: Purge, de Antti J. Jokinen
França: Intocáveis, de Olivier Nakache e Eric Toledano
Georgia: Keep Smiling, de Rusudan Chkonia
Grécia: Unfair World, de Filippos Tsitos
Greenland: Inuk, de Mike Magidson

Holanda: Kauwboy, de Boudewijn Koole
Hong Kong: Life without Principle, de Johnnie To
Hungria: Just the Wind, de Bence Fliegauf
Índia: Barfi!, de Anurag Basu
Indonésia: The Dancer, de Ifa Isfansyah

Islândia: The Deep, de Baltasar Kormákur
Israel: Fill the Void, de Rama Burshtein
Itália: Caesar Must Die, de Paolo Taviani e Vittorio Taviani
Japão: Our Homeland, de Yang Yonghi
Letônia: Gulf Stream under the Iceberg, de Yevgeny Pashkevich
Lituânia: Ramin, de Audrius Stonys
Macedônia: The Third Half, de Darko Mitrevski
Malásia: Bunohan, de Dain Iskandar Said

Marrocos: Death for Sale, de Faouzi Bensaïdi
México: After Lucia, de Michel Franco
Noruega: Kon-Tiki, de Joachim Rønning e Espen Sandberg
Palestina: When I Saw You, de Annemarie Jacir
Peru: The Bad Intentions, de Rosario García-Montero
Polônia: 80 Million, de Waldemar Krzystek
Portugal: Blood of My Blood, de João Canijo

Quênia: Nairobi Half Life, de David ‘Tosh’ Gitonga

Quirguistão: The Empty Home, de Nurbek Egen

República Dominicana: Jaque Mate, de José María Cabral

República Tcheca: In the Shadow, de David Ondrícek
Romênia: Beyond the Hills, de Cristian Mungiu
Rússia: White Tiger, de Karen Shakhnazarov
Sérvia: When Day Breaks, de Goran Paskaljevic

Singapura: Already Famous, de Michelle Chong
Suécia: The Hypnotist, de Lasse Hallström
Suíça: Sister, de Ursula Meier
Tailândia: Headshot, de Pen-ek Ratanaruang

Taiwan: Touch of the Light, de Chang Jung-Chi
Turquia: Where the Fire Burns, de Ismail Gunes
Ucrânia: The Firecrosser, de Mykhailo Illienko
Uruguai: The Delay, de Rodrigo Plá
Venezuela: Rock, Paper, Scissors, de Hernán Jabes
Vietnã: The Scent of Burning Grass, de Nguyen Huu Muoi

O Palhaço, de Selton Mello, representará o Brasil no Oscar 2013

O Palhaço, de Selton Mello: O pôster é péssimo, mas trata-se de uma nova chance para o Brasil no Oscar

Nessa última quinta-feira, dia 20 de setembro, a Comissão Especial de Seleção, liderada pela secretária do Audiovisual, Ana Paula Dourado Santana, e formada por integrantes ligados ao cinema brasileiro como a diretora de Antes que o Mundo Acabe: Ana Luiza Azevedo, o diretor executivo do MIS (Museu de Imagem e Som): Andre Sturm, o diretor de Malu de Bicicleta: Flávio R. Tambellini, o ministro do Departamento Cultural do Itamaraty: George Torquato Firmeza, e o renomado diretor de fotografia de Ironweed e A Suprema Felicidade: Lauro Escorel se reuniram no Palácio Gustavo Capanema, sede da Representação do Ministério da Cultura, no Rio de Janeiro, para selecionar um filme para representar o Brasil na corrida para o Oscar 2013.

Dentre os pré-selecionados, figuravam dezesseis produções diversas:

À Beira do Caminho, de Breno Silveira

À Beira do Caminho, de Breno Silveira. O casal João Miguel e Dira Paes fortaleceu a história.

Billi Pig, de José Eduardo Belmonte

Capitães da Areia, de Cecília Amado e Guy Gonçalves

Colegas, de Marcelo Galvão

Corações Sujos, de Vicente Amorim

Dois Coelhos, de Afonso Poyart

Heleno, de José Henrique Fonseca

Elvis & Madona, de Marcelo Laffitte

Histórias que só Existem Quando Lembradas, de Júlia Murat

Xingu, de Cao Hamburger. A história dos índios talvez não seja tão bem aceita pela Academia.

Luz nas Trevas, de Helena Ignez e Ícaro Martins

Menos que Nada, de Carlos Gerbase

Meu País, de André Ristum

O Carteiro, de Reginaldo Faria

O Palhaço, de Selton Mello

Paraísos Artificiais, de Marcos Prado

Xingu, de Cao Hamburger

Se formos comparar com o ano anterior em que Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro, de José Padilha, foi eleito o representante sem sombras de dúvida, este ano, a competição estava mais nivelada e resultou numa discussão de horas entre os votantes. Os favoritos giravam em torno de quatro produções: À Beira do Caminho (principalmente por causa do diretor Breno Silveira, responsável pelo sucesso de Dois Filhos de Francisco), Heleno (história biográfica do jogador de futebol que conta com a estrela internacional Rodrigo Santoro), O Palhaço (que conta com o carisma de Paulo José e de Selton Mello na jornada circense) e Xingu (história também biográfica dos irmãos Villas Boas na proteção aos índios, sob a batuta do diretor Cao Hamburger). Após a discussão, o filme de Selton Mello foi eleito para representar o país e disputar uma das cinco vagas na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

“Creio que a maior inovação que fazemos com a escolha de O Palhaço, reside no seu potencial. Esta indicação tem que ser vista como um prêmio também, é um aval de que um filme pode ir além. Espero que isso seja positivo para uma produção que já é sucesso”, defendeu a secretária do Audiovisual do MinC, Ana Paula Dourado Santana.

O Palhaço narra a história de Benjamim (Selton Mello) que trabalha no Circo Esperança junto com seu pai Valdemar (Paulo José). Juntos, eles formam a dupla de palhaços Pangaré & Puro Sangue, que fazem a alegria da platéia. Contudo, Benjamin passa por uma crise existencial e de identidade (inclusive a falta de documentos pessoais como RG, CPF e comprovante de residência). Seus colegas de trabalho e amigos lamentam, mas compreendem que a vida segue seu rumo.

Paulo José e Selton Mello em cena: química fundamental

Particularmente, considero boa a escolha do filme. O Palhaço apresenta uma tema universal (crise existencial), com o lado brasileiro (figuras da nossa cultura como o delegado preguiçoso, o prefeito engomado, os cortadores de cana; a musicalidade da trilha de Plínio Profeta; o cenário árido de algumas sequências captado belamente por Adrian Teijido). Trata-se do segundo filme dirigido pelo ator Selton Mello, mas apesar de ser um novato no ofício, ele certamente teve bons professores. Já trabalhou com nomes consagrados como Luiz Fernando Carvalho em Lavoura Arcaica (também um importante aprendizado com o veterano ator Raul Cortez), Guel Arraes nos dois sucessos comerciais O Auto da Compadecida e Lisbela e o Prisioneiro, Bruno Barreto em O que é isso, Companheiro? e o recém-falecido diretor Carlos Reichenbach com quem trabalhou em Garotas do ABC. Então, essa seleção do filme acaba carregando uma pequena porção de cada um desses profissionais com quem Selton teve contato.

Mas e quais as chances do filme no Oscar? Quando fiquei sabendo da escolha, na hora, me veio à cabeça o filme de Federico Fellini, A Estrada da Vida, que ganhou o Oscar de Filme Estrangeiro em 1957. Para quem não assistiu a essa obra-prima, Fellini conta a história de Gesolmina (a espetacular Giulietta Masina), que é vendida para o artista de circo Zampanò (Anthony Quinn). A coincidência aqui reside no fato de ambos os filmes abordarem a vida sofrida de artistas circenses. É claro que seria covardia comparar Selton Mello com Federico Fellini, mas o brasileiro consegue captar essa atmosfera que beira entre a comédia e o drama sem ser piegas.

Cena de A Estrada Vida, de Federico Fellini. Vencedor do Oscar de Filme Estrangeiro, estrelado por Giuletta Masina e Anthony Quinn. Uma obra-prima do Cinema.

Se tivesse que responder agora, diria que O Palhaço não deve conquistar uma das cinco indicações (Aliás, deixo aqui minha sugestão para a Academia de estender também para dez indicados a Filme Estrangeiro, afinal, são muitos países concorrendo). Não porque não tenha méritos para isso, mas por algumas barreiras que os votantes (idosos e judeus) acabaram impondo nas últimas décadas. Eles amam filmes de Segunda Guerra Mundial (parece que nunca vão superar o trauma), são amantes da tramas comoventes que causam choradeira (aquela catarse mesmo, e não só olhos lacrimejantes) e odeiam violência (que eles entendem como gratuita, por isso que Cidade de Deus, Tropa de Elite e incontáveis filmes sul-coreanos são ignorados). Mas a melhor definição para essa categoria seria: “Melhor Filme Estrangeiro é como futebol: imprevisível”. De repente, aquele filme franco-favorito do Almodóvar sequer chega como finalista e aquele filme argentino bate o alemão acadêmico. Então, sob esse aspecto de imprevisibilidade, O Palhaço tem chances.

O Brasil nunca ganhou o Oscar de Filme Estrangeiro. Chegou bem perto com os quatro indicados: O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte (vencedor da Palma de Ouro); O Quatrilho, de Fábio Barreto; O Que é Isso, Companheiro?, de Bruno Barreto; e Central do Brasil, de Walter Salles (também indicado a Melhor Atriz para Fernanda Montenegro). Ano passado, o Brasil chegou a figurar entre os onze semi-finalistas com o bom drama de Cao Hamburger, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (isso porque judeus na trama, hein?), mas todos morreram na praia.

Leonardo Villar em cena de O Pagador de Promessas (1962), de Anselmo Duarte, que, na opinião deste blogueiro, foi a melhor chance do Brasil. Perdeu para o francês Sempre aos Domingos, de Serge Bourguignon

Se o Oscar faz falta para o país? Sim, seria ótimo ter um prêmio de prestígio tão grande como o Oscar. Porém, mais importante do que um reconhecimento internacional, a nação precisa contar com uma política cultural que ofereça mais dignidade aos artistas e pensadores, que muitas vezes são tratados como vagabundos e desocupados que não querem um trabalho “normal”. Existem algumas leis de incentivo por parte do Estado, mas isso é muito pouco para um país riquíssimo em cultura. Para se fazer um filme aqui no Brasil, precisa formar panelinha, precisa estar nos moldes acadêmicos ou contar com uma estrela global. Fazer um filme de terror aqui seria como um filme de terror. As grandes empresas que podem patrocinar as produções não querem expôr suas marcas nesse gênero. Elas buscam histórias verídicas, de sofrimento e superação, que toquem o coração do público, com atores famosos (criando uma espécie de marketing). Não podemos culpar essas empresas, pois apenas buscam as melhores oportunidades de investimento. Mas esse sistema acaba limitando toda a produção nacional cinematográfica em dois tipos de filmes: dramas com histórias verídicas ou comédias ralas produzidas com o dinheiro da Globo Filmes. Obviamente, estamos num cenário bem melhor do que o Brasil das pornochanchadas dos anos 80, mas é um passo muito curto.

O público mostra sinais de que não está satisfeito com a produção nacional de hoje. Ou é filme de nordeste, ou é filme de favela. Tem muita gente que não gostaria de ver esses dois tipos de filmes ganhando o Oscar. Por isso, é preciso mudar a cabeça do povo antes de realmente ser reconhecido pelos gringos.

Tropa de Elite 2 está fora e o sonho do Oscar chega ao fim para o Brasil

Tropa de Elite 2: Oficialmente fora do Oscar 2012

Para aqueles que aguardavam ansiosamente uma indicação para Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro, sinto em informar que a Academia apagou a luz no fim desse túnel. Foi divulgada a lista com os 9 finalistas (feito conquistado pelo drama O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger em 2007) que se tornarão apenas 5 no dia 24 de janeiro, dia do anúncio das indicações ao Oscar. Segue a lista:

Bullhead, de Michael R. Roskam (Bélgica)

Footnote, de Joseph Cedar (Israel)

In Darkness, de Agnieszka Holland (Polônia)

Monsieur Lazhar, de Philippe Falardeau (Canadá)

Omar Killed Me, de Roschdy Zem (Marrocos)

Pina, de Wim Wenders (Alemanha)

A Separação, de Asghar Farhadi (Irã)

Superclásico, de Ole Christian Madsen (Dinamarca)

Warriors of the Rainbow: Seediq Bale, de Te-Sheng Wei (Taiwan)

Mas o tom negativo do post não se limita apenas à exclusão do filme de José Padilha. Infelizmente, a categoria de Melhor Filme Estrangeiro ainda apresenta algumas regras muito arcaicas que impossibilitam muitos filmes de qualidade de sequer competir.

O Tigre e o Dragão, de Ang Lee. Melhor Filme Estrangeiro de 2000.

Se tais regras fossem quebradas, certamente mais filmes poderiam competir e conquistar o público internacional como fizeram o taiwanês O Tigre e o Dragão e o alemão A Vida dos Outros, ambos vencedores do Oscar de Filme Estrangeiro e donos de uma arrecadação que ultrapassa os 100 milhões de dólares.

A Vida dos Outros, de Florian Henckel. Melhor Filme Estrangeiro de 2006.

Existe uma regra da Academia que obriga cada país participante a escolher apenas UM filme. Então, assim como é feito no Brasil, membros de uma comissão como o MinC (Ministério da Cultura) votam entre os filmes lançados em cada ano, o que nem sempre corresponde ao melhor filme do ano. Em 2002, por exemplo, Fale com Ela, de Pedro Almodóvar não foi selecionado pela comissão de seu país e a Espanha sequer figurou entre os indicados. Felizmente, como muitos artistas em Hollywood apreciam a obra do diretor, ele levou o Oscar de Roteiro Original naquela edição. Este ano, o esnobado pelo próprio país foi o francês O Artista, filme que já levou o Globo de Ouro e vários prêmios da crítica americana. Por esse motivo, não poderá concorrer a Melhor Filme Estrangeiro.

Outra regra ultrapassada que não corresponde ao cinema globalizado de hoje consiste na obrigação de empregar atores nascidos no país da origem do filme em papéis-chaves na trama (além de ter que falar o idioma local). Pela Albânia, o filme de Joshua Marston (diretor de Maria Cheia de Graça, 2004), Forgiveness foi desqualificado por não cumprir essa regra. Enquanto que o filme de Angelina Jolie, In the Land of Blood and Honey, não pôde concorrer por se tratar de uma produção americana, mesmo tendo empregrado atores da hoje extinta Iugoslávia.

Ainda falta outro grande absurdo. Ok, foram selecionados os 63 filmes do mundo este ano para tentar conquistar uma famigerada vaga na categoria. E agora? Quem vai poder votar nesses filmes e eliminar 58 trabalhos? Existe algo chamado Academy’s foreign-language selection committee (Comitê de Seleção de Filme Estrangeiro da Academia), composta por membros preparados para ficar com o traseiro quadrado de tanto assistir filmes. Eles são divididos em grupos de 4 cores e cada membro deve ver pelo menos 80% dos filmes de seu grupo. Mas, como todos sabem, quem consegue tempo pra assistir a tantos filmes? Sim, chamem membros já no conforto da aposentadoria que não querem mais ficar em casa vendo a mulher reclamar! A lotação dessas sessões de filmes estrangeiros deve se assemelhar àquelas que ocorrem em asilos em que as enfermeiras ligam pra sossegar os agitados. Cerca de 300 (heróicos) membros conseguem assistir a todos os filmes e votar numa escala de 7 a 10, criando uma média para a seleção, o que significa que se 10 ou 100 pessoas virem um filme, é a média desses 300 membros que conta.

“Hooray! Vou eliminar 58 filmes!”. Perdoem-me se imagino 300 Srs. Fredericksens na sala de cinema.

Resultado? Os finalistas sempre têm temas mais antigos. Eles adoram filmes que se passam na 2ª Guerra Mundial, com judeus sofrendo e nazistas cumprindo seus papéis de malvados, sem esquecer dos soldados americanos que sempre chegam pra salvar o dia. O segundo tema mais querido pelos membros velhinhos de Hollywood é a questão do racismo. Se seu filme tem conflitos raciais e se passa na Segunda Guerra, coloca pra competir! Mas lembre-se que não pode haver violência excessiva. Isso assusta os membros e pode causar uma taquicardia. Você acha que foi fácil um pobre membro assistir a Tropa de Elite 2? E Cidade de Deus com aquele lance de “você prefere um tiro no pé ou na mão?”? Cinema violento não tem lugar na categoria de Filme Estrangeiro. Por isso mesmo que o cinema sul-coreano nunca teve uma chance sequer, pois tem como característica muito marcante a violência e o sexo. Ah sim, o sexo é algo obsceno demais. Os membros cobrem seus olhos nas cenas mais picantes.

Mas voltando ao processo de eliminação de filmes, as 6 obras mais votadas pelos membros que assistiram aos filmes passam para uma shortlist, que inclui ainda mais 3 filmes selecionados por um comitê executivo de 20 pessoas. Atualmente, nesse super-comitê constam nomes consagrados do Cinema como o diretor alemão Florian Henckel von Donnersmarck, diretor de fotografia polonês do Spielberg, Janusz Kaminski, e o roteirista de O Jogador (1992), Michael Tolkin. Esse comitê pode não desfazer todas as injustiças da seleção dos membros idosos, mas evita maiores catástrofes.

Divulgada a lista de 9 finalistas, os filmes são projetados num final de semana para 20 votantes de Los Angeles e 10 de Nova York. Esses votantes são escolhidos pelo presidente do super-comitê, que visa uma votação mais completa pois procura por membros veteranos em diversas áreas do Cinema. No final, eles cortam 4 filmes, elegendo então os 5 indicados. E, para completar a burocracia: Só membros que comprovem que viram os 5 indicados no cinema (não, não pode ser em DVD e Blu-ray – tem que mostrar o ingresso!) podem votar no vencedor, ou seja, voltam os membros idosos que selecionaram anteriormente com suas escolhas arcaicas.

O Segredo de seus Olhos, de J.J. Campanella. Segundo e Merecido Oscar para Argentina.

Contudo, apesar de todos os problemas e a falta dessa reforma na legislação da Academia, não dá pra sair reclamando de tudo. Por incrível que pareça, o Oscar foi para alguns ótimos filmes nessa última década que me surpreenderam muito positivamente. Foram os casos das vitórias do belo argentino O Segredo de Seus Olhos, de Juan José Campanella, do instigante alemão A Vida dos Outros, de Florian Henckel von Donnersmarck, e do tocante japonês A Partida, de Yôjirô Takita.

Quanto ao Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro, houve alguns contratempos que atrapalharam um alcance maior na temporada de premiações, sendo uma delas a ausência no Globo de Ouro. Como o filme estreou no Brasil em outubro de 2011, não pôde concorrer porque as regras da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood exige que o filme tenha sua estréia a partir de novembro. Mas mesmo sem os grandes prêmios, o filme de José Padilha confirma o amadurecimento do nosso Cinema. A sequência apresenta um roteiro muito mais consistente e personagens mais fortes. A trama em si é muito corajosa por bater de frente com o velho problema da política no Brasil. Quem não queria estar na pele do Capitão Nascimento ao esbofetear um político corrupto?

Agora, com José Padilha assumindo o projeto de refilmagem do filme RoboCop, o Brasil fica órfão de mais um diretor competente pra tentar buscar a cobiçada estatueta do Oscar. Gostaria que Walter Salles e Fernando Meirelles, cujas carreiras internacionais não conseguiram deslanchar de vez, voltassem e fizessem um filme aqui pra manter essa frequência de qualidade anual.

No dia 8 de dezembro de 2011, Tropa de Elite 2 se tornou o filme mais visto da História do Cinema Brasileiro, quando atingiu a marca de 10.736.995 espectadores após nove semanas de exibição, ultrapassando a marca histórica de 1976, de Dona Flor e seus dois maridos, de Bruno Barreto.

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