ROGER DEAKINS CONQUISTA SEU 4º ASC e VAI RUMO AO 1º OSCAR

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Cena de Blade Runner 2049 fotografado por Roger Deakins (pic by imdb.com)

UM DOS MAIORES DIRETORES DE FOTOGRAFIA VENCE POR BLADE RUNNER 2049

Vocês se lembram do ator Peter O’Toole? Aquele que ficou conhecido por ter sido indicado ao Oscar várias vezes (mais precisamente oito) e nunca ganhou? Até o ano de sua morte em 2013, continuou sem ganhar, mas foi homenageado com o Oscar Honorário em 2003. Claro que existem outros casos de várias indicações sem vitória como o ator Richard Burton (sete), o compositor Thomas Newman (quatorze) e o diretor de fotografia Roger Deakins, que este ano foi indicado pela décima quarta vez, por Blade Runner 2049.

Às vezes, a espera é longa mesmo, mas houve casos em que havia luz no fim do túnel como o compositor Randy Newman, que ganhou o Oscar por Monstros S.A. em 2002 já em sua 16ª indicação, e talvez o mais icônico caso: o técnico de som Kevin O’Connell, que ganhou finalmente após 21 indicações na última cerimônia por Até o Último Homem, quando deu um dos discursos mais emocionantes da noite.

Este ano, em que o Oscar completa 90 anos de história, pode ser finalmente o ano de Roger Deakins. Como cinéfilo e fã ardoroso de seu trabalho, fico na maior expectativa de seu discurso ao ganhar o Oscar. Em inúmeras entrevistas, ele sempre diz que não liga e que está feliz por fazer seu trabalho, mas todos sabem que ele merece ganhar por méritos, e não por piedade, cotas ou simplesmente por acumular indicações.

Até mesmo você, que não liga muito para o lado técnico nos filmes, se lembrar agora quais filmes Roger Deakins foi responsável pela fotografia, há de concordar com seu talento e qualidade visual. Aqui mesmo, pelo ASC, sindicato de diretores de fotografia, ele foi reconhecido três vezes: em 1995 por Um Sonho de Liberdade (que tem movimentos de câmera inesquecíveis), em 2002 por O Homem que Não Estava Lá (uma das fotografias preto-e-branco mais marcantes das últimas décadas) e em 2013 por 007 – Operação Skyfall (definitivamente o mais belo filme de James Bond, especialmente na parte da iluminação noturna).

Skyfall

Talvez a cena mais linda visualmente em 007 – Operação Skyfall. Belo trabalho de Roger Deakins.

No último fim de semana, na cerimônia do 32º ASC (American Society of Cinematographers), Roger Deakins subiu novamente ao palco para levar seu quarto prêmio. A fotografia de Blade Runner 2049 certamente foi um desafio enorme para Deakins, pois se trata de uma continuação do clássico cult de 1982, tendo a obrigação de respeitar a identidade visual criada pelo diretor de fotografia Jordan Cronenweth (morto em 1996), e claro, de criar sua própria fotografia futurista.

Coincidentemente, ele bateu os mesmos quatro concorrentes do Oscar deste ano: Bruno Delbonell (O Destino de uma Nação), Dan Laustsen (A Forma da Água), Hoyte van Hoytema (Dunkirk) e Rachel Morrison (Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi) e sim, a primeira mulher indicada. Como não há qualquer disparidade entre os prêmios, as chances de dar zebra são bem baixas.

Aos 68 anos de idade, o fotógrafo que já conquistou a confiança de inúmeros diretores consagrados como Sam Mendes, os irmãos Coen, Stephen Daldry e Martin Scorsese, agora firmou parceria de sucesso criativo com o canadense Denis Villeneuve com quem trabalhou em Os Suspeitos (2013), Sicario: Terra de Ninguém (2015) e agora nesta sequência de Blade Runner: O Caçador de Andróides.

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No set de Os Suspeitos, o diretor Denis Villeneuve orienta Roger Deakins (pic by Collider)

Claro que Roger Deakins não precisa do Oscar. Seu legado está nos filmes que ajuda a filmar. Mas queremos ver um grande profissional como ele sendo reconhecido na maior premiação de cinema com direito a mais de 30 segundos de discurso e aplausos de pé.

SPOTLIGHT AWARD E OUTROS

Inaugurado em 2014, o prêmio Spotlight é concedido para fotografias de filmes menos conhecidos que dificilmente teriam chances nas premiações maiores. A edição deste ano premiou Mart Taniel pela primorosa fotografia PB de November, filme de fantasia da Estônia. Espero que esse reconhecimento lhe traga maiores oportunidades na indústria.

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Cena do filme November, fotografado por Mart Taniel (pic by imdb.com)

E o ASC selecionou os diretores de fotografia Russell Carpenter e Russell Boyd para receberem o Prêmio pelo Conjunto da Obra e o Prêmio Internacional, respectivamente. Ambos já venceram o Oscar uma vez cada: Carpenter por Titanic em 1998, e Boyd por Mestre dos Mares: O Lado Mais Distante do Mundo em 2004.

 

VENCEDORES DO 32º ASC AWARDS:

Fotografia de Cinema
Roger Deakins ASC (Blade Runner 2049)

Spotlight Award
Mart Taniel (November)

Fotografia de Filme para TV, Minissérie ou Piloto
Mathias Herndl (Genius) Ep: “Chapter 1”

Fotografia de Episódio de Séries Para TV Não-Comercial
Adriano Goldman (The Crown) Ep: “Smoke and Mirrors”

Fotografia de Episódio de Séries Para TV Comercial
Boris Mojsovski (12 Monkeys) Ep: “Thief”

Lifetime Achievement Award
Russell Carpenter

Board of Governors Award
Angelina Jolie

Career Achievement in Television Award
Alan Caso

International Award
Russell Boyd

Presidents Award
Stephen Lighthill

***

O Oscar 2018 acontece no próximo dia 04 de março e será transmitido pela TNT.

 

SINDICATO DE FOTÓGRAFOS (ASC) INDICA RACHEL MORRISON (‘MUDBOUND’), PRIMEIRA MULHER NA HISTÓRIA

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Fotografia de Roger Deakins em Blade Runner 2049 (pic by imdb.com)

BLADE RUNNER 2049 É O FRANCO-FAVORITO

A American Society of Cinematographers (ASC), sindicato dos diretores de fotografia, revelou seus indicados para cinema e televisão na última terça, dia 09.

Como esperado, o vencedor de três prêmios, Roger Deakins, recebeu sua 15ª indicação pelo belíssimo trabalho em Blade Runner 2049. Ele venceu em três oportunidades: em 1995 por Um Sonho de Liberdade, 2002 por O Homem que Não Estava Lá, e 2013 por 007 – Operação Skyfall. Se sua quarta vitória se confirmar, ele tem a grande chance de ganhar seu primeiro Oscar após 13 indicações.

Darkest Hour

Fotografia de Bruno Delbonnel em O Destino de uma Nação (pic by imdb.com)

Pois é, um absurdo que finalmente deve ser eliminado da história da Academia. E com sua provável premiação, o Oscar também vai reconhecer por tabela a fotografia marcante de luzes de neon de Jordan Cronenweth do primeiro Blade Runner: O Caçador de Andróides (1982), que sequer foi indicado na época. Pra mim, Deakins já deveria ter vencido umas duas ou três vezes.

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Fotografia de Rachel Morrison em Mudbound (pic by imdb.com)

Roger Deakins compete no ASC com Bruno Delbonnel (O Destino de uma Nação), Hoyte van Hoytema (Dunkirk), Dan Laustsen (A Forma da Água) e Rachel Morrison (Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi). Morrison se torna a primeira diretora de fotografia indicada na história do prêmio, e se for reconhecida também pela Academia, seria a primeira na história do Oscar, a primeira em 90 anos.

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Única película: Fotografia de Hoyte van Hoytema em Dunkirk (pic by imdb.com)

Pra quem se interessa por curiosidades, Hoytema é o único entre os cinco indicados que usou película para filmar, mais precisamente com a câmera IMAX. Os demais optaram por material digital, que tem sido a tendência econômica e artística dos filmes.

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Fotografia de Dan Laustsen em A Forma da Água (pic by imdb.com)

Desde 2013, o sindicato também tem reconhecido fotografia de filmes menores através da categoria Spotlight, que já premiou os vencedores do Oscar de Filme em Língua Estrangeira, O Filho de Saul e Ida. Seguindo a “tradição”, este ano temos o representante da Hungria, Máté Herbai por Corpo e Alma, e o russo Mikhail Krichman por Desamor.

Pelas categorias de televisão, as séries Game of Thrones e 12 Monkeys conquistaram duas indicações cada.

INDICADOS AO AMERICAN SOCIETY OF CINEMATOGRAPHERS (ASC):

• Roger Deakins (Blade Runner 2049)
• Bruno Delbonnel (O Destino de uma Nação)
• Hoyte van Hoytema (Dunkirk)
• Dan Laustsen (A Forma da Água)
• Rachel Morrison (Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi)

INDICADOS AO PRÊMIO SPOTLIGHT:

• Máté Herbai (Corpo e Alma)
• Mikhail Krichman (Desamor)
• Mart Taniel (November)

TELEVISÃO

Episode of a Series for Non-Commercial Television

Gonzalo Amat (The Man in the High Castle) Ep: “Land O’ Smiles”
Adriano Goldman (The Crown) Ep: “Smoke and Mirrors”
Robert McLachlan (Game of Thrones) Ep: “The Spoils of War”
Gregory Middleton (Game of Thrones) Ep: “Dragonstone”
Alasdair Walker (Outlander) Ep: “The Battle Joined”

Episode of a Series for Commercial Television

Dana Gonzales (Legion) Ep: “Chapter 1”
David Greene (12 Monkeys) Ep: “Mother”
Kurt Jones (The Originals) Ep: “Bag of Cobras”
Boris Mojsovski (12 Monkeys) Ep: “Thief”
Crescenzo Notarile (Gotham) Ep: “The Executioner”

Motion Picture, Miniseries, or Pilot Made for Television

Pepe Avila del Pino (The Deuce) Ep: Pilot
Serge Desrosiers (Sometimes the Good Kill)
Mathias Herndl (Genius) Ep: “Chapter 1”
Shelly Johnson (Training Day) Ep: Pilot – “Apocalypse Now”
Christopher Probst (Mindhunter) Ep: Pilot

***

Vencedores serão conhecidos no dia 17 de fevereiro.

Fotografia de ‘Mad Max’ e ‘O Regresso’ disputam o ASC 2016

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Fotografia de Janusz Kaminski em Ponte dos Espiões (photo by Jaap Buitendijk in cinemagia.ro)

DO 35MM AO DIGITAL, CINCO INDICADOS REPRESENTAM O MELHOR DA FOTOGRAFIA DE 2015

Após o anúncio dos sindicatos de Editores e Diretores de Arte, chegou a vez dos Diretores de Fotografia. Vale lembrar que até agora, os únicos filmes que estão presentes nos 3 sindicatos são Mad Max: Estrada da Fúria e O Regresso, fato que certamente refletirá no número de indicações ao Oscar. Curiosamente, os dois falharam ao conseguir vaga no Sindicato de Roteiristas (mais a respeito no próximo post).

Seguem os indicados para Melhor Fotografia do 30º ASC Awards:

  • Janusz Kaminski (Ponte dos Espiões)
  • Edward Lachman (Carol)
  • John Seale (Mad Max: Estrada da Fúria)
  • Emmanuel Lubezki (O Regresso)
  • Roger Deakins (Sicario: Terra de Ninguém)

O que dizer de uma lista que conta com os melhores diretores de fotografia em atividade: Emmanuel Lubezki e Roger Deakins? A lista só não ficou perfeita porque ficou faltando o grande Robert Richardson por Os 8 Odiados. Alguns acreditam que o formato escolhido de 70mm pode ter sido a causa de sua exclusão aqui.

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Fotografia de Emmanuel Lubezki em O Regresso © 2015 Twentieth Century Fox Film Corporation. © 2015 Regency Entertainment (USA), Inc. and Monarchy Enterprises S.a.r.l.  (photo by cinemagia.ro)

Se checarmos o histórico do prêmio, o recordista é o mexicano Lubezki com 4 vitórias em 5 indicações. Ele ganhou por Filhos da Esperança, A Árvore da Vida, Gravidade e Birdman. Em seguida, vem Deakins com 3 vitórias por Um Sonho de Liberdade, O Homem que Não Estava Lá e 007 – Operação Skyfall em 13 indicações.

Enquanto John Seale levou o prêmio uma vez por O Paciente Inglês em 1997, os demais Janusz Kaminski e Edward Lachman foram indicados 5 e 2 vezes, respectivamente, mas sem vitória.

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Fotografia de Edward Lachman em Carol (photo by outnow.ch)

Contudo, engana-se aquele que pensa que o vencedor do ASC terá maiores chances no Oscar. Em apenas duas oportunidades na última década, os vencedores de Fotografia coincidiram; curiosamente nos últimos dois anos, com as vitórias consecutivas de Emmanuel Lubezki por Gravidade e Birdman.

Em termos plásticos, a melhor fotografia me parece ser a de John Seale em Mad Max: Estrada da Fúria, mesmo com todos os seus efeitos de pós-produção, mas não se trata apenas de beleza visual, senão Emmanuel Lubezki não teria ganhado seu segundo Oscar por Birdman. O bom diretor de fotografia precisa saber onde colocar a câmera e ajudar a contar a história com ela. E nesse quesito, Roger Deakins se mostra mais eficiente.

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Fotografia de John Seale em Mad Max: Estrada da Fúria (photo by outnow.ch)

Em Sicario: Terra de Ninguém, na sequência final nos túneis subterrâneos, a narrativa sofre uma alteração devido à sugestão de Roger Deakins na inserção de visão de infra-vermelho na protagonista vivida por Emily Blunt contra as visões noturnas dos demais personagens na escuridão dos túneis. E plasticamente falando, ele sempre se supera na composição dos quadros.

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Fotografia de Roger Deakins em Sicario: Terra de Ninguém (photo by cinemagia.ro)

Independente de quem ganhar, os indicados representam o melhor da fotografia no cinema de 2015. Embora cada um tenha sua qualidade e técnica: Ponte dos Espiões foi filmado no tradicional 35mm; Carol em 16mm; Mad Max e Sicario com câmeras digitais da Arri Alexa; e O Regresso no formato largo da Arri Alexa 65, todos ajudaram seus diretores a contar suas histórias, ao mesmo tempo em que enchiam nossos olhos no cinema.

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O ASC também premia os melhores da televisão em duas categorias: Série e Minissérie.

FOTOGRAFIA EM SÉRIE REGULAR:

  • Vanja Cernjul (Marco Polo) – Episódio: “The Fourth Step”
  • David Greene (12 Monkeys) – Episódio: “Mentally Divergent”
  • Christopher Norr (Gotham) – Episódio: “Strike Force”
  • Crescenzo Notarile (Gotham) – Episódio: “Scarification”
  • Fabian Wagner (Game of Thrones) – Episódio: “Hardhome”

FOTOGRAFIA EM MINISSÉRIE, PILOTO OU FILME PARA TV:

  • Martin Ahlgren (Blindspot) – Piloto
  • Pierre Gill (Casanova)
  • James Hawkinson (The Man in the High Castle)
  • Jeffrey Jur (Bessie)
  • Romain Lacourbas (Marco Polo) – Piloto

Os vencedores das três categorias serão revelados no dia 14 de fevereiro em Los Angeles.

Indicados à Palma de Ouro de Cannes 2015

Pôster oficial do 68º Festival de Cannes, estrelado por Ingrid Bergman

Pôster oficial do 68º Festival de Cannes, estrelado por Ingrid Bergman

COM IRMÃOS COEN PRESIDENTES DO JÚRI, CANNES APRESENTA NOMES CONSAGRADOS COM POUCAS APOSTAS

Na última quinta-feira, dia 16, o diretor Thierry Frémaux anunciou a seleção oficial de filmes, dando início ao 68º Festival de Cannes, que tem início no dia 13 de maio e vai até o dia 24. Como tem sido tradição nos últimos anos, o pôster do evento foi preenchido por uma estrela de cinema internacional, e este ano, devido ao seu centenário, a escolhida foi a bela e talentosa Ingrid Bergman. Como sua filha Isabella Rossellini (que será presidente da seleção Un Certain Regard) destacou, ela atuou em produções européias modestas como Stromboli (1950) até produções oscarizadas de estúdios hollywoodianos como Casablanca (1943) e Anastácia, a Princesa Esquecida (1956), pelo qual ganhou seu segundo Oscar de Melhor Atriz.

Com esse start clássico, o festival se mostra promissor também pela escolha de seu presidente do júri, ou melhor, dos presidentes: Joel Coen e Ethan Coen. Os irmãos já levaram a Palma de Ouro em 1991 com Barton Fink – Delírios de Hollywood, mais três prêmios de Direção pelo mesmo Barton FinkFargo (1996) e O Homem que Não Estava Lá (2001), além do Grande Prêmio do Júri conquistado ano passado com Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum. Vale lembrar que os irmãos também já levaram o Oscar de Roteiro Original por Fargo, e a trinca de Oscars (Filme, Direção e Roteiro Adaptado) por Onde os Fracos Não Têm Vez em 2008, sendo responsáveis pelos Oscars de atuação de Frances McDormand e Javier Bardem.

Joel Coen e Ethan Coen formam a primeira dupla de presidentes da História de Cannes (photo by Alison Cohen Rosa/ Universal Pictures)

Joel Coen e Ethan Coen formam a primeira dupla de presidentes da História de Cannes (photo by Alison Cohen Rosa/ Universal Pictures)

AUTORES EM ALTA PREENCHEM AS VAGAS, MAS NÃO HÁ LATINO-AMERICANOS

A dupla americana terá prato cheio este ano para eleger os melhores. Dentre os selecionados renomados estão Gus Van Sant (vencedor da Palma de Ouro com Elefante em 2003), o canadense Denis Villeneuve (Os Suspeitos), Todd Haynes (indicado à Palma com Velvet Goldmine em 1998), o italiano Nanni Moretti (vencedor da Palma de Ouro com O Quarto do Filho em 2001), Paolo Sorrentino (vencedor do Oscar de Filme em Língua Estrangeira por A Grande Beleza, esta é sua sexta indicação sem vitória) e o também italiano Matteo Garrone, que já levou o Grande Prêmio do Júri em duas oportunidades com Gomorra (2008) e Reality – A Grande Ilusão (2012).

Matthew McConaughey e Ken Watanabe formam uma dupla nessa história de suicídio em The Sea of Trees, de Gus Van Sant (photo by filmserver.cz)

Matthew McConaughey e Ken Watanabe formam uma dupla nessa história de suicídio em The Sea of Trees, de Gus Van Sant (photo by filmserver.cz)

Neste mundo globalizado, vale destacar também a estréia de dois diretores em produções de língua inglesa. O grego Yorgos Lanthimos, que ficou conhecido pelo estranho Dente Canino (que chegou a concorrer ao Oscar de Filme em Língua Estrangeira em 2010), conta uma história futurista em que todos os solteiros são obrigados a encontrar um par em 45 dias, caso contrário, serão soltos nas florestas como animais. Para ajudar a contar essa ficção científica, The Lobster, ele terá a colaboração de um elenco hollywoodiano formado por Colin Farrell, Rachel Weisz, John C. Reilly, Ben Wishaw e Léa Seydoux. Em termos de elenco, o norueguês Joachim Trier não fica muito atrás. No drama Louder than Bombs, ele contará com Isabelle Huppert, Gabriel Byrne, David Strathairn, Amy Ryan e Jesse Eisenberg.

Da esquerda para a direita: John C. Reilly, Ben Wishaw e Colin Farrell em The Lobster (photo by indiewire.com)

Da esquerda para a direita: John C. Reilly, Ben Wishaw e Colin Farrell em The Lobster (photo by indiewire.com)

Os asiáticos também estão bem representados com o chinês Jia Zhangke, que levou o prêmio de roteiro por Um Toque de Pecado em 2013; o japonês Hirokazu Koreeda retorna com o prêmio do Júri por Pais e Filhos (2013) no currículo; e indicado seis vezes à Palma de Ouro, o taiwanês Hou Hsiao-Hsien, que conquistou o prêmio do Júri em 1993 por Mestre das Marionetes, volta depois de um hiato de 8 anos para tentar sua primeira grande vitória.

Infelizmente, não há representantes latino-americanos na seleção. Normalmente, existe uma produção argentina ou chilena concorrendo, mas essa ausência total acende um alerta para a produção cinematográfica latina e a fragilidade dos incentivos culturais de seus governos, porque alguém aí está devendo. A própria produção brasileira está sumida de Cannes, pois as últimas participações brasileiras foram com o diretor Walter Salles e seu Na Estrada, uma co-produção com a França, em 2012; e com Fernando Meirelles e seu Ensaio Sobre a Cegueira, uma co-produção com Canadá e Japão, em 2008. O último filme brasileiro de fato indicado à Palma de Ouro foi Linha de Passe (2008), de Walter Salles, que levou o prêmio de interpretação feminina para Sandra Corveloni. Se o Cinema brasileiro não estivesse tão “padrão Globo” com comédias bobas que nada têm a dizer, poderia haver mais projeção internacional.

ATORES CANDIDATOS AOS PRÊMIOS DE INTERPRETAÇÃO

Se entre os diretores, a competição já está acirrada, o mesmo pode se dizer dos atores que estão concorrendo aos prêmios de interpretação. Uma das atrizes mais prolixas da atualidade que nunca venceu em Cannes é a australiana Cate Blanchett. Ela larga na frente por sua performance no drama Carol, um romance lésbico ao lado da atriz Rooney Mara que se passa na década de 50 em Nova York. Dependendo do júri, se for do seu agrado, o prêmio pode ser dividido entre as duas, já que não existem regras rígidas como no Oscar.

Cate Blanchett em Carol, de Todd Haynes. (photo by Weinstein Co. through variety.com)

Cate Blanchett em Carol, de Todd Haynes. (photo by Weinstein Co. through variety.com)

Pela adaptação de Shakespeare, Macbeth, pode vir outra forte candidata feminina: a francesa Marion Cotillard. Ela já havia batido na trave duas vezes com Ferrugem e Osso em 2012, e com Dois Dias, Uma Noite em 2014, mas nunca levou o prêmio também. Pelo mesmo MacBeth, o alemão Michael Fassbender deve figurar entre os favoritos entre as performances masculinas, assim como a dupla Matthew McConaughey e Ken Watanabe por The Sea of Trees, de Gus Van Sant. Por Youth, de Paolo Sorrentino,  nomes de peso também chamam atenção: Michael Caine, Harvey Keitel e Jane Fonda. Já pelo filme de Garrone, The Tale of Tales, Salma Hayek e Vincent Cassel são as grandes estrelas. Enfim, será um prato cheio também para os papparazzis do tapete vermelho da Croisette.

Marion Cottilard e Michael Fassbender formam o casal MacBeth no filme homônimo. (photo by vaiety.com)

Marion Cotillard e Michael Fassbender formam o casal Macbeth no filme homônimo. (photo by vaiety.com)

VITRINE FORA DA COMPETIÇÃO

Houve o tempo em que os filmes que não concorriam à Palma de Ouro eram considerados fracos. Hoje, além da forte criatividade da seleção Un Certain Regard (Um Certo Olhar), que visa justamente trazer novo fôlego à linguagem do cinema, existem produções que simplesmente reforçam a importância do Festival de Cannes só por sua participação.

Assim, o novo filme de Woody Allen, a “dramédia” romântica Irrational Man, estrelado por Joaquin Phoenix e Emma Stone, está programado para ser exibido fora da competição. Como Cannes é também uma excelente vitrine de vendas, estão previstas as estréias da refilmagem de George Miller, Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road), estrelado por Tom Hardy e Charlize Theron; a mais nova animação da Pixar, Divertida Mente (Inside Out), com as vozes de Diane Lane, Amy Poehler e Bill Hader; e a mais nova adaptação do clássico infantil de Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe, uma animação que conta com as vozes de Rachel McAdams, Jeff Bridges, Benicio Del Toro, James Franco e Marion Cotillard.

Tom Hardy, no papel que revelou Mel Gibson, em Mad Max: Estrada da Fúria (photo by outnow.ch)

Tom Hardy, no papel que revelou Mel Gibson, em Mad Max: Estrada da Fúria (photo by outnow.ch)

Tem se tornado tradição também Cannes abrir espaço para filmes de estréia de atores conhecidos. Ano passado, Ryan Gosling teve seu filme como diretor-estreante, Rio Perdido, exibido na Mostra Camera D’Or. Este ano, a estrela da vez é a israelense Natalie Portman, vencedora do Oscar por Cisne Negro. Ela dirigiu A Tale of Love and Darkness, adaptação de um livro autobiográfico de seu conterrâneo Amos Oz. sobre as décadas de 40 e 50 que ele viveu em Jerusalém. A atriz interpreta a mãe do protagonista.

Natalie Portman em seu primeiro filme como diretora em A Tale of Love and Darkness (photo by celebmafia.com)

Natalie Portman em seu primeiro filme como diretora em A Tale of Love and Darkness (photo by celebmafia.com)

INDICADOS À PALMA DE OURO 2015:

• Standing Tall – FILME DE ABERTURA
Dir: Emmanuelle Bercot

Palma de Ouro

Palma de Ouro

• The Assassin (Nie yin niang)
Dir: Hou Hsiao-Hsien

• Carol (Carol)
Dir: Todd Haynes

• Erran (Deephan)
Dir: Jacques Audiard

• The Lobster
Dir: Yorgos Lanthimos

• Louder Than Bombs
Dir: Joachim Trier

• Macbeth
Dir: Justin Kurzel

• Marguerite and Julien (Marguerite et Julien)
Dir: Valérie Donzelli

• Mon roi
Dir: Maïwenn

• Mountains May Depart (Shan He Gu Ren)
Dir: Jia Zhangke

• My Mother (Mia Madre)
Dir: Nanni Moretti

• Our Little Sister (Umimachi Diary)
Dir: Hirokazu Koreeda

• The Sea of Trees
Dir: Gus Van Sant

• Sicario
Dir: Denis Villeneuve

• A Simple Man (La loi du marché)
Dir: Stéphane Brizé

• Son of Saul (Saul Fia)
Dir: Laszlo Nemes

• The Tale of Tales (Il racconto dei racconti)
Dir: Matteo Garrone

• Youth (La Giovinezza)
Dir: Paolo Sorrentino

Cena de The Assassin, de Hsiao-Hsien Hou (photo by cine.gr)

Cena de The Assassin, de Hou Hsiao-Hsien (photo by cine.gr)

SELEÇÃO UN CERTAIN REGARD 2015:

Seleção Un Certain Regard

Seleção Un Certain Regard

♦ The Chosen Ones
Dir: David Pablos

♦ Fly Away Solo
Dir: Neeraj Ghaywan

♦ The Fourth Direction
Dir: Gurvinder Singh

♦ The High Sun
Dir: Dalibor Matanic

♦ I Am a Soldier
Dir: Laurent Lariviere

♦ Journey to the Shore (Kishibe no Tabi)
Dir: Kiyoshi Kurosawa

♦ Madonna
Dir: Shin Su-won

♦ Maryland
Dir: Alice Winocour

♦ Nahid
Dir: Ida Panahandeh

♦ One Floor Below
Dir: Radu Muntean

♦ The Other Side
Dir: Roberto Minervini

♦ Rams
Dir: Grimur Hakonarson

♦ The Shameless
Dir: Oh Seung-euk

♦ The Treasure
Dir: Corneliu Porumboiu

Cena de Journey to the Shore, de Kyoshi Kurosawa (phot by cine.gr)

Cena de Journey to the Shore, de Kyoshi Kurosawa (phot by cine.gr)

MIDNIGHT SCREENINGS

♠ Amy
Dir: Asif Kapadia

♠ Office
Dir: Hong Won-chan

Cena do documentário sobre a cantora Amy Winehouse, morta em 2011. (photo by cine.gr)

Cena do documentário sobre a cantora Amy Winehouse, morta em 2011. (photo by cine.gr)

SPECIAL SCREENINGS

♣ Amnesia
Dir: Barbet Schroeder

♣ Asphalte
Dir: Samuel Benchetrit

♣ Hayored lema’ala
Dir: Elad Keidan

♣ Oka
Dir: Souleymane Cisse

♣ Panama
Dir: Pavle Vuckovic

♣ A Tale of Love and Darkness
Dir: Natalie Portman

FORA DE COMPETIÇÃO

– Irrational Man
Dir: Woody Allen

– O Pequeno Príncipe (The Little Prince)
Dir: Mark Osborne

– Divertida Mente (Inside Out)
Dir: Pete Docter

– Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road)
Dir: George Miller

Cena da nova animação da Pixar, Divertida Mente, de Pete Docter (photo by cine.gr)

Cena da nova animação da Pixar, Divertida Mente, de Pete Docter (photo by cine.gr)

‘Invencível’, ‘Birdman’ e ‘Sr. Turner’ entre os indicados do ASC 2015

Brasão da ASC: American Society of Cinematographers (photo by btlnews.com)

Brasão da ASC: American Society of Cinematographers (photo by btlnews.com)

ROGER DEAKINS E EMMANUEL LUBEZKI FIGURAM ENTRE OS FAVORITOS

Chegou a vez do sindicato dos fotógrafos (ou diretores de fotografia) divulgar seus cinco indicados a Melhor de 2014. A ASC (American Society of Cinematographers) premia os melhores da área desde 1987, quando Jordan Cronnenweth ganhou por Peggy Sue, Seu Passado a Espera. De lá pra cá, tem sido um prêmio de extrema importância do meio, mas que não tem tido muita sincronia com o ganhor do Oscar. Dos últimos cinco vencedores do ASC, apenas 2 repetiram o feito no prêmio da Academia: Wally Pfister em 2010 por A Origem, e Emmanuel Lubezki no ano passado por Gravidade. Dá a entender que essa diferença de vencedor vem do fato da categoria de fotografia ser muitas vezes tratada como mais uma simplesmente para somar ao total de Oscars do Melhor Filme do ano do que pelo próprio mérito e qualidade técnica.

O vencedor do ASC de 2014, Lubezki, retorna este ano com uma produção bem mais modesta do que Gravidade, mas sua fotografia parece ter mais vida em Birdman do que na ficção científica. Como já citei inúmeras vezes aqui, sou mais a favor de uma fotografia mais artesanal e/ou manual, e contra esse excesso de efeitos digitais de manipulação na pós-produção como aconteceu em As Aventuras de Pi, tanto que na minha opinião, o Oscar de 2013 deveria ter ido para Roger Deakins, por seu trabalho excepcional em 007 – Operação Skyfall do que o filme de Ang Lee.

Felizmente, ele retorna este ano na lista do ASC por seu trabalho no filme de guerra, Invencível. E, se confirmada, será nada menos que sua 12ª indicação ao Oscar e SEM VITÓRIA! Claro que não defendo uma vitória no Oscar simplesmente por acúmulo de indicações sem vitória, senão Peter O’Toole e Richard Burton teriam seus Oscars faz tempo, mas acredito que Deakins apenas não teve sorte, pois das 11 vezes em que concorreu, no mínimo, poderia ter ganhado em duas oportunidades: pela belíssima fotografia PB de O Homem que Não Estava Lá e o já citado espetáculo de imagens de 007 – Operação Skyfall, mas perdeu por filmes do momento. Como Emmanuel Lubezki ganhou há um ano, e os demais concorrentes não têm o mesmo gabarito dele, estou crente que Roger Deakins finalmente leva seu Oscar este ano. Estou fazendo campanha desde já!

Os indicados ao 29th Annual ASC Awards são:

– Roger Deakins (Invencível)
– Óscar Faura (O Jogo da Imitação)
– Emmanuel Lubezki (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
– Dick Pope (Sr. Turner)
– Robert D. Yeoman (O Grande Hotel Budapeste)

Roger Deakins (Invencível)

Roger Deakins (Invencível) – photo by outnow.ch

Óscar Faura (O Jogo da Imitação) - photo by outnow.ch

Óscar Faura (O Jogo da Imitação) – photo by outnow.ch

Emmanuel Lubezki (Birdman) - photo by outnow.ch

Emmanuel Lubezki (Birdman) – photo by outnow.ch

Dick Pope (Sr. Turner) - photo by outnow.ch

Dick Pope (Sr. Turner) – photo by outnow.ch

Robert D. Yeoman (O Grande Hotel Budapeste) - photo by outnow.ch

Robert D. Yeoman (O Grande Hotel Budapeste) – photo by outnow.ch

Estes indicados representam uma fabulosa lista selecionada por uma rica gama de trabalhos deste ano. É espetacular como estes diretores de fotgrafia mais uma vez redefiniram os limites do que fazemos.”, disse o presidente da ASC, Richard Crudo.

Esta é a 13ª indicação de Deakins, sendo que ele levou três prêmios anteriormente por 007 – Operação Skyfall, O Homem que Não Estava Lá e Um Sonho de Liberdade. O mesmo número de Lubezki, que ganhou por Gravidade, A Árvore da Vida e Filhos da Esperança. Já Dick Pope foi indicado antes por O Ilusionista, enquanto os demais nunca haviam sido indicados.

O vencedor será conhecido no dia 15 de janeiro em evento que acontecerá no Hyatt Regency Century Plaza em Los Angeles.

ASC e ADG divulgam seus indicados para Fotografia e Direção de Arte

Brasão da ASC: American Society of Cinematographers (photo by btlnews.com)

Brasão da ASC: American Society of Cinematographers (photo by btlnews.com)

THE 28th ASC AWARDS (2014)

O ASC (American Society of Cinematographers – sindicato de diretores de fotografia) anunciou seus indicados para Melhor Fotografia. Tradicionalmente, figuram apenas cinco indicados, mas houve empates que resultaram em sete candidatos:

  • Sean Bobbitt, BSC por 12 Anos de Escravidão
  • Barry Ackroyd, BSC por Capitão Phillips
  • Philippe Le Sourd por O Grande Mestre
  • Emmanuel Lubezki, ASC, AMC por Gravidade
  • Bruno Delbonnel, ASC, AFC por Inside Llewyn Davis
  • Phedon Papamichael, ASC por Nebraska
  • Roger Deakins, ASC, BSC por Os Suspeitos
The Grandmaster, de Wong Kar-Wai (photo by www.berlinale.de)

Fotografia de Philippe Le Sourd para O Grande Mestre, de Wong Kar-Wai (photo by http://www.berlinale.de). A iluminação com chuva lembra a antológica cena de Paul Newman em Estrada Para Perdição, feita por Conrad L. Hall

“Nossos membros acreditam que esses diretores de fotografia estabeleceram um padrão contemporâneo para a fotografia cinematográfica. Eles dominaram um ofício complexo que contribui vitalmente ao processo de contar uma história e gera maior intensidade a todos os envolvidos na produção“, disse o presidente da ASC Richard Crudo.

Ao contrário da maioria dos prêmios de sindicato, o ASC não tem eleito o vencedor do Oscar da categoria. Nos últimos 5 anos, apenas dois vencedores coincidiram: em 2011, Wally Pfister (A Origem), e 2008, Anthony Dod Mantle (Quem Quer Ser um Milionário?). Ano passado, Roger Deakins (007 – Operação Skyfall) não repetiu a vitória no Oscar, concedido ao ultra-manipulado As Aventuras de Pi, de Claudio Miranda.

Não sou tão radical como o diretor de fotografia australiano Christopher Doyle (do belíssimo Amor à Flor da Pele), que tachou a fotografia de Claudio Miranda como “lixo” depois que ele ganhou o Oscar, mas concordo com o excesso de manipulação digital na pós-produção, onde uma iluminação esdrúxula e amadora poderia se transformar numa obra bela, porém sem vida.

O diretor de fotografia Roger Deakins (à dir) acompanha a direção de Denis Villeneuve no set de Os Suspeitos (photo by www.goldderby.com)

O diretor de fotografia Roger Deakins (à dir) acompanha a direção de Denis Villeneuve no set de Os Suspeitos (photo by http://www.goldderby.com)

Roger Deakins recebe sua 12ª indicação ao ASC e já ganhou em 3 oportunidades. Além de Skyfall, foi reconhecido anteriormente por Um Sonho de Liberdade e O Homem que Não Estava Lá, através de uma belíssima fotografia em preto-e-branco.  Apesar dessas vitórias e de já ter sido até homenageado com o prêmio Lifetime Achievement em 2011, ele foi indicado 10 vezes ao Oscar, mas injustamente nunca ganhou.

No momento, seu grande concorrente é o mexicano Emmanuel Lubezki, colaborador assíduo de Alfonso Cuarón. Ele foi responsável por verdadeiras pinturas na última década como O Novo Mundo, Filhos da Esperança e A Árvore da Vida. Apesar de nunca ter vencido o Oscar também, já levou o ASC em duas oportunidades.

Representando uma ameça menor, o francês Bruno Delbonnel já ganhou o ASC com Eterno Amor e foi indicado pelo cult O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, do mesmo diretor Jean-Pierre Jeunet. 3 indicações ao Oscar, mas nenhuma vitória. Já Barry Ackroyd, previamente indicado por Guerra ao Terror, conquista sua segunda indicação no ASC por Capitão Phillips.

Papamichael foi indicado por trabalhos televisivos, mas nunca ganhou. Enquanto Bobbitt e Le Sourd foram lembrados pelo sindicato pela primeira vez.

O vencedor será divulgado no dia 1º de fevereiro.

Logo do Art Directors Guild (photo by cinema7arte.com)

Logo do Art Directors Guild (photo by cinema7arte.com)

THE 18th ADG AWARDS (2014)

As estatísticas do prêmio do sindicato de Direção de Arte (Art Directors Guild) também não são das melhores em relação ao Oscar, mesmo havendo três categorias: Filme de Época, Filme de Fantasia e Filme Contemporâneo. Nos últimos 5 anos, apenas 3 acertos com o Oscar: A Invenção de Hugo Cabret, Avatar e O Curioso Caso de Benjamin Button.

Em seus 18 anos de existência, nunca um trabalho de Filme Contemporâneo levou o prêmio da Academia, pois eles preferem pesquisa histórica e reprodução como de Titanic ou imaginação fértil como a visão do paraíso e do inferno de Amor Além da Vida. Confira os indicados por categoria:

Filme de Época (Period Film)
♦ Judy Becker (Trapaça)
♦ Catherine Martin (O Grande Gatsby)
♦ Jess Gonchor (Inside Llewyn Davis)
♦ Michael Corenblith (Walt nos Bastidores de Mary Poppins)
♦ Adam Stockhausen (12 Anos de Escravidão)

Meticuloso trabalho de direção de arte de Catherine Martin em O Grande Gatsby (photo by www.beyondhollywood.com)

Meticuloso trabalho de direção de arte de Catherine Martin em O Grande Gatsby (photo by http://www.beyondhollywood.com)

Filme de Fantasia ou Fantástico
♣ Philip Ivey (Elysium)
♣ Andy Nicholson (Gravidade)
♣ Dan Hennah (O Hobbit: A Desolação de Smaug)
♣ Darren Gilford (Oblivion)
♣ Scott Chambliss (Além da Escuridão: Star Trek)

Futuro apocalíptico mais clean de Oblivion (photo by www.beyondhollywood.com)

Futuro apocalíptico mais clean de Oblivion (photo by http://www.beyondhollywood.com)

Filme Contemporâneo
♠ David Gropman (Álbum de Família)
♠ Santo Loquasto (Blue Jasmine)
♠ Paul Kirby (Capitão Phillips)
♠ K.K. Barrett (Ela)
♠ Bob Shaw (O Lobo de Wall Street)

K.K. Barret trabalha sutilezas para criar um futuro bem próximo em Ela (photo by www.cine.gr)

K.K. Barrett trabalha sutilezas para criar um futuro bem próximo em Ela (photo by http://www.cine.gr)

ANÚNCIO DAS INDICAÇÕES AO OSCAR 2014

Agora, você, mulher cinéfila, que estava aguardando um bom motivo para finalmente assistir ao anúncio dos indicados ao Oscar, aqui está: Chris Hemsworth, o Thor dos Vingadores. Talvez você fique mais atenta aos bíceps e peitoral do ator, mas ele também vai ler as indicações, viu?

Chris Hemsworth

Chris Hemsworth (photo by prince-hemsworth.tumblr.com/post/69270956741/chris-hemsworth)

Ele dividirá a tarefa meio ingrata de levantar no início da madrugada do dia 16 para estar pronto às 5h15 da manhã (no horário da costa oeste dos EUA, e às 11h15 no horário de Brasília) com a nova presidente da Academia, a sul-africana Cheryl Boone Isaacs.

A transmissão do anúncio dos indicados será feita ao vivo pelo canal TNT, que também transmitirá o SAG no dia 17 e o Oscar no dia 02 de março.

Rapidinhas de Cannes 2013

A jovem atriz Emma Watson rouba a cena no tapete vermelho em Cannes

A jovem atriz Emma Watson rouba a cena no tapete vermelho em Cannes

Nada como um tapete vermelho para promover os filmes em exibição em Cannes. Mesmo não se tratando de um candidato ao prêmio máximo, a Palma de Ouro, o novo filme de Sofia Coppola, Bling Ring: A Gangue de Hollywood, encarregou-se de atrair os holofotes da mídia, uma vez que sua atriz principal é ninguém menos que a jovem Emma Watson, a Hermione da série Harry Potter. Vista como talento promissor, Watson interpreta um membro de uma gangue de adolescentes que assalta casas e mansões de celebridades de Hollywood depois de obter informações pela internet.

Certa vez li numa publicação nacional que Sofia Coppola, filha do lendário diretor Francis Ford Coppola, só fazia filmes sobre patologias da burguesia atual, tais como melancolia e vazio existencial. Claro que As Virgens Suicidas (1999), Encontros e Desencontros (2003) e Maria Antonieta (2006) dialogam com essa temática, mas nem por isso deixam de apresentar perspectivas interessantes. Neste novo trabalho, ela procura destrinchar o universo adolescente de hoje através dessa obsessão quase doentia de transpôr a vida pessoal nas redes sociais. Os ladrões da gangue não precisam necessariamente do dinheiro, mas buscam o glamour das estrelas através de jóias e roupas caras e postar as fotos para os amigos e seguidores virtuais apreciarem. Novos tempos.

Em entrevista no festival, a diretora e roteirista, Sofia Coppola, brincou: “Sou tão feliz por não ter tido Facebook quando eu era adolescente!”. Claire Julien, outra atriz do filme, declarou: “Facebook hoje é quase uma obrigação, porque todo mundo tem e você acha que vai ficar pra trás se não tiver”.

Equipe de Fruitvale Station: Melonie Diaz, o diretor Ryan Coogler, Michael B. Jordan e Octavia Spencer

Equipe de Fruitvale Station: Melonie Diaz, o diretor Ryan Coogler, Michael B. Jordan e Octavia Spencer

Apesar de todo o burburinho em volta de Bling Ring: A Gangue de Hollywood, o filme que acabou se destacando mais na competição Un Certain Regard até o momento foi o drama independente americano Fruitvale Station. Baseado em fatos verídicos, o longa conta a história do jovem negro que foi assassinado por policiais brancos em 2008.

Após sua exibição, o longa foi aplaudido de pé por cinco minutos. Muitos da mídia apostam que o primeiro longa de Coogler tem grandes chances de repetir o feito de outra produção independente: Indomável Sonhadora, pois igualmente conquistou o Grande Prêmio de Sundance esse ano, tem ótimas possibilidades de conquistar um prêmio em Cannes e poderá concorrer em principais categorias do Oscar 2014, inclusive como Melhor Ator (Michael B. Jordan), que arrancou críticas excepcionais. Aliás, o Oscar deve se tornar realidade, pois a Weinstein Company, que costuma fazer lobbys bem fortes, comprou os direitos do filme.

A nova musa de Cannes, Marine Vacth, em cena de Jeune et Jolie, de François Ozon

A nova musa de Cannes, Marine Vacth, em cena de Jeune et Jolie, de François Ozon

Já pela competição oficial, o novo filme do conceituado diretor François Ozon também busca destrinchar esse vazio da juventude atual em Jeune et Jolie. Logo tachado como o novo A Bela da Tarde pela imprensa internacional, o filme acompanha a trajetória da jovem de 17 anos que procura sexo por puro prazer, sem necessidades financeiras ou mesmo culpa. A semelhança com a história da brasileira Bruna Surfistinha é nítida, mas digamos que Ozon oferece um olhar mais intimista e delicado, a começar pela escolha da protagonista.

Descoberta aos 17 anos como modelo, Marine Vacth, impressionou a todos com sua beleza exuberante. Porém, o diretor não buscava apenas beleza: “Em seus olhos, eu podia ver que havia um mundo inteiro ali. Um mistério e uma tristeza que eram exatamente o que procurava no meu filme”.

Assim como o filme foi comparado ao de Luís Buñuel, obviamente ela também foi comparada à musa Catherine Deneuve. Em resposta, Marine foi sucinta e profissional: “Não sou Catherine Deneuve. Quero ser eu mesma e não seguir os passos dos outros”. Se ela e o agente souberem escolher sabiamente futuros projetos, a atriz tem tudo para conquistar novos horizontes, como fez a francesa Eva Green, por exemplo.

A equipe de Inside Llewyn Davis (da esq. para dir.): Garrett Hedlund, Joel Coen, Oscar Isaac, Carey Mulligan, Justin Timberlake, Ethan Coen, Johnn Goodman e o músico T-Bone Burnett

A equipe de Inside Llewyn Davis (da esq. para dir.): Garrett Hedlund, Joel Coen, Oscar Isaac, Carey Mulligan, Justin Timberlake, Ethan Coen, John Goodman e o músico T-Bone Burnett

Já considerado favorito à Palma de Ouro, o novo trabalho dos irmãos Coen, Inside Llewyn Davis, apresenta o protagonista-título como um cantor folk no cenário musical da Nova York de 1961. Apesar de fictício, o personagem seria uma mistura de vários artistas musicais da época, inclusive de Bob Dylan, que o filme tem ligação quase direta.

Inside Llewyn Davis seria um road movie, com direito a um gato chamado Ulisses (referência direta de Homero, cuja obra “A Odisséia” foi adaptado pelos irmãos Coen em E Aí, Irmão, Cadê Você? em 2000) e o mesmo ator do road movie de Walter Salles, Na Estrada, Garrett Hedlund. Entretanto, o maior elogio foi para a atuação do protagonista, Oscar Isaac, pois além de sua interpretação, canta as composições do músico T-Bone Burnett. Seria mais um fortíssimo candidato ao Oscar de Melhor Ator de 2014.

Trata-se da oitava indicação de Joel Coen e Ethan Coen à Palma de Ouro, tendo levado apenas uma em 1991 pelo drama Barton Fink – Delírios de Hollywood. Mas já conquistaram outros prêmios como direção pelo mesmo filme, Fargo em 1996, e por O Homem que Não Estava Lá em 2001, comprovando que os diretores são mesmo queridinhos em Cannes.

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