Retrospectiva 2015: Um breve relato

O crescimento do Netflix e de outras plataformas de streaming foi enorme em 2015 (photo by canatech.com.br)

O crescimento do Netflix e de outras plataformas de streaming foi enorme em 2015 (photo by canatech.com.br)

Chegaram aqueles últimos dias do ano, e como fiz em 2014, gostaria de fazer um mega resumo do meu ano em relação aos filmes. Eu ia escrever rios de textos, mas acabou me faltando tempo na reta final! Enfim… mas antes, gostaria de agradecer a todos os leitores deste blog, desde aqueles que acompanham fielmente e comentam até inúmeros outros que deram apenas aquela “passadinha”! A visita de todos vocês significa muito para mim e por isso, obrigado pelo apoio e confiança!

Bom, 2015 foi um ano que procurei assistir ao máximo de filmes possível, então do dia 1º de janeiro até hoje, dia 29 de dezembro, foram 136 filmes. Pode soar meio ranzinza da minha parte, mas a cada ano que passa, a qualidade dos filmes novos parece decair, e ao mesmo tempo, aumenta minha valorização e respeito por títulos mais antigos e clássicos. Será que mais alguém aqui compartilha dessa mesma opinião apocalíptica?

Adoraria poder incluir os filmes badalados do próximo Oscar como Carol, Spotlight – Segredos ReveladosA Garota Dinamarquesa, Steve Jobs, Trumbo etc, mas as distribuidoras brasileiras não colaboram com este blogueiro adiantando seus lançamentos! Aqui virou uma tradição lançarem os “oscarizáveis” após o anúncio dos indicados (que acontece no dia 14 de janeiro) para aproveitarem a publicidade gratuita do prêmio. Algumas produções é possível dar aquele “jeitinho”, mas outros temos que esperar…

OSCAR 2015: ERROS E ACERTOS

Não querendo desmerecer as qualidades de Birdman, acho que Boyhood: Da Infância à Juventude foi um filme injustiçado. Como postei na época do Oscar, cheguei a visualizar o clipe dos Melhores Filmes com o trecho do filme de Richard Linklater, mas a maioria dos membros da Academia, formada por atores, naturalmente resolveu coroar um filme sobre atores e seu ofício. Em relação à categoria de Roteiro Original, acho o trabalho de Wes Anderson e Hugo Guinness em O Grande Hotel Budapeste mais consistente e criativo do que Birdman também.

Quanto ao Oscar de Ator, Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo) levou o prêmio pela perfeição na recriação da figura de Stephen Hawking, o que não é tarefa nada fácil, claro, mas em termos de interpretação, acredito que Benedict Cumberbatch (O Jogo da Imitação) ou Michael Keaton (Birdman) mereciam mais o reconhecimento. Obviamente, a recriação da figura do físico impressiona pelo comprometimento de Redmayne, mas ele pouco cria enquanto personagem.

Benedict Cumbebatch como Alan Turing em cena de O Jogo da Imitação (photo by cinemagia.ro)

Benedict Cumberbatch como Alan Turing em cena de O Jogo da Imitação (photo by cinemagia.ro)

Sabe aquele misto de felicidade e desapontamento? Foi assim que me senti com a premiação de Julianne Moore como Melhor Atriz por Para Sempre Alice. Feliz por finalmente ter conquistado o reconhecimento da Academia, mas desapontado por ter sido por uma performance mais light. Muitos defendem que a atriz é tão talentosa que sequer precisa se esforçar direito para tirar esse papel de letra. Concordo! Mas em minha opinião, ela merecia muito mais por Longe do Paraíso, Fim de Caso ou Boogie Nights: Prazer Sem Limites.

 

SOB AS RÉDEAS DA DISNEY

Tem uma coisa que me preocupa muito. Voltando no tempo: Em 2006, a Disney compra a Pixar, sua maior concorrente na área de animações de cinema. Em 2009, a Disney compra a Marvel Comics e Studios. Em 2012, a mesma Disney compra a Lucas Film. A saber, esses negócios custaram 7, 4 e 4 bilhões de dólares cada, totalizando mais de 15 bilhões em aquisições. E depois? Vai comprar a Apple, Microsoft, Facebook? Pode soar paranóia minha, mas estou com receio de uma grande lavagem cerebral!

Claro que os antigos donos dessas empresas defendem a transação porque vai “fortalecer a marca através da formidável infra-estrutura que a Disney possui pelo mundo”, o que não deixa de ser verdade, mas essa devoração capitalista sem limites pode ter consequências catastróficas para o cinema como Arte. Se um pequeno grupo de empresários da Disney tomar todas as decisões baseadas em lucratividade, os filmes comerciais americanos podem perder muito de sua criatividade artística sob o comando de uma ditadura à la Sarney.

Daqui de fora não temos muito como averiguar o que de fato foi mando do estúdio do Mickey, mas por exemplo, este ano os filmes da Marvel não apresentaram a mesma qualidade de antes. No caso de Vingadores: Era de Ultron, claro que houve a dificuldade de superar ou mesmo igualar o alto nível do primeiro filme, mas deixou muito a desejar. Parece até que não houve diretor ou mesmo roteirista por trás das câmeras tamanha a quantidade exorbitante de cenas de ação! Por isso que a única cena interessante no filme todo é dos heróis tentando levantar o martelo do Thor na festa. Joss Whedon só assinou o contrato, recebeu os milhões, mas parece que mandou o diretor de segunda unidade dirigir o filme! Resultado: mais de 450 milhões de dólares de bilheteria só nos EUA.

Rodada de heróis em volta do martelo em Vingadores: Era de Ultron (photo bu cinemagia.ro)

Rodada de heróis em volta do martelo em Vingadores: Era de Ultron (photo bu cinemagia.ro)

Já a aguardada adaptação de Homem-Formiga acabou se tornando uma decepção pelas altas expectativas que o conceito e o projeto de Edgar Wright geraram. Particularmente, fiquei esperando um dos filmes mais anárquicos e inventivos de herói de quadrinhos dos últimos tempos por se tratar de um personagem secundário da editora Marvel e, claro, pela filmografia cômica de Wright. Mas ele foi demitido pela Disney poucos dias antes do início das filmagens e substituído pelo fraco diretor Peyton Reed, que acabou se beneficiando do material pronto. Contudo, por se tratar de apenas um “funcionário padrão” que obedece às regras da Disney, não queria correr riscos com grandes inovações e seguiu o script. Resultado: mais de 177 milhões de dólares de bilheteria nos EUA.

E o que dizer de Star Wars? Tenho o chamado “mixed feelings” a respeito. Por um lado, se dependesse apenas de seu criador George Lucas, novos filmes poderiam ficar engavetados por décadas e os personagens que todos amam poderiam poderiam nunca mais ver a luz do dia. Do outro, temos uma espécie de reboot politicamente correto, que tem como objetivos: conquistar novos adeptos, resgatar os fãs antigos e estender a longevidade da franquia: não apenas restrita aos filmes, mas séries e spin-offs que devem se multiplicar como Gremlins. À princípio, parece uma situação bastante óbvia em que todos saem ganhando: o estúdio, a equipe e o público, porém, sem querer soar aqueles hipócritas que protestam contra os EUA deixando de comer McDonald’s, acredito que a venda tornou a saga de George Lucas num produto. Por mais que J.J. Abrams tenha se esforçado para dar vida à sua obra, fica a sensação que estamos diante de uma fonte de produtos comerciais e que a história fica em segundo plano. Tanto que a trama obedece a uma fórmula de sucesso que não deixa espaços para qualquer inventividade, o que fez com que muitos fãs afirmassem que este novo filme não passa de uma refilmagem do primeiro Star Wars de 1977. O tom politicamente correto a que me referi está na protagonista feminina, no personagem central negro. Pessoalmente, acho ótima idéia, mas como estou com o pé atrás com a Disney, sei que isso foi meticulosamente arquitetado para atrair uma gama maior de público. Quero dizer, é tudo pensado como produto, mas disfarçado de filme politicamente correto.

Rey, Finn e BB-8 em cena de Star Wars: Episódio VII - O Despertar da Força (photo by cinemagia.ro)

Rey, Finn e BB-8 em cena de Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força (photo by cinemagia.ro)

Vale ressaltar aqui que a Pixar, que primava por sua criatividade massiva, agora está repleta de continuações de filmes de sucesso como Procurando Dory, Os Incríveis 2, Toy Story 4 e Carros 3. Claro que todos vão se dar muito bem nas bilheterias e um ou outro deve receber boas críticas, mas onde fica a marca da Pixar? Admito que queimei a minha língua com Toy Story 3, mas o que esse planejamento de sequências representa para o futuro da animação?

ESPIÕES ULTRAPASSADOS

Como fã da franquia de 007 no cinema, confesso que fiquei frustrado com o novo 007 Contra Spectre. Parece que Sam Mendes perdeu a mão na direção. Só para citar um exemplo: o que foi aquela sequência de perseguição entre Bond e Mr. Hinx em Roma? Estava mais pra um passeio no campo! O agente fala no celular, o vilão faz apenas cara de mal no volante e os carros sequer se tocam nas ruas! Tecnicamente, os filmes continuam muito bons, apesar de Roger Deakins ter um apuro visual infinitamente melhor do que o diretor de fotografia Hoyte Van Hoytema, mas a trama obriga o espectador a engolir fatos dos filmes anteriores como se arquitetados pela organização criminosa Spectre. E a química entre Daniel Craig e a francesa Léa Seydoux definitivamente não funciona na tela. Seria melhor se a italiana Monica Bellucci fizesse par romântico com Craig pelo muito que mostrou em duas cenas.

É bom os produtores Barbara Broccoli e Michael G. Wilson se atualizarem. A cada ano que passa, temos mais filmes sobre espiões e agentes secretos apresentando novas perspectivas e tramas mais mirabolantes. Este ano, Kingsman: Serviço Secreto e Missão: Impossível – Nação Secreta deram um banho em 007 Contra Spectre. Até o drama de Steven Spielberg, Ponte dos Espiões oferece uma nova vertente do tema!

Colin Firth em cena de Kingsman: Agente Secreto (photo by cinemagia.ro)

Colin Firth em cena de Kingsman: Serviço Secreto (photo by cinemagia.ro)

MAD MAX: DIRETOR DE PAIXÃO

Em quase todas as listas de melhores de 2015, encontramos Mad Max: Estrada da Fúria. E com louvor! Na minha interpretação e na da maioria dos críticos, o consenso geral é que o novo filme de George Miller é mais do que um filme. Ele representa uma experiência fílmica, daquelas que precisam ser vistas numa tela e som de IMAX! E mais do que isso: trata-se de um filme comercial com conceitos artísticos que não foram barrados por produtores conservadores da atualidade.

Só acho que se o roteiro fosse melhor elaborado com viradas de trama, diálogos mais consistentes e fosse mais “redondo”, o filme facilmente seria considerado o franco-favorito da temporada do Oscar 2016. Como cinéfilo, prefiro Mad Max 2: A Caçada Continua (1981), por ter personagens mais consistentes e ser mais conciso na trajetória do herói, mas admiro muito o retorno de um grande diretor como Miller, que estava fadado a dirigir animações de pinguins.

Tom Hardy em cena de Mad Max: Estrada da Fúria (photo by cinemagia.ro)

Tom Hardy em cena de Mad Max: Estrada da Fúria (photo by cinemagia.ro)

CRÍTICAS

Este ano vou modificar um pouco e listar os melhores filmes que vi com listas. Quem não gosta delas?

TOP 5 MELHORES DO ANO NO CINEMA

5. Ponte dos Espiões (Bridge of Spies/ 2015)
Dir: Steven Spielberg

4. Corrente do Mal (It Follows/ 2014)
Dir: David Robert Mitchell

3. O Clube (El Club/ 2015)
Dir: Pablo Larraín

2. O Conto da Princesa Kaguya (Kaguyahime no Monogatari/ 2013)
Dir: Isao Takahata

1. Whiplash: Em Busca da Perfeição
Dir: Damien Chazelle

J.K. Simmons em momento relax de Whiplash: Em Busca da Perfeição (photo by cine.gr)

J.K. Simmons em momento relax de Whiplash: Em Busca da Perfeição (photo by cine.gr)

TOP 5 MELHORES EM MÍDIA DIGITAL

5. Harakiri (Seppuku/ 1962)
Dir: Masaki Kobayashi

4. Desencanto (Brief Encounter/ 1945)
Dir: David Lean

3. Uma Viagem Pessoal Pelo Cinema Americano (A Personal Journey with Martin Scorsese Through American Movies/ 1995)
Dir: Martin Scorsese e Michael Henry Wilson

2. Tudo o que o Céu Permite (All That Heaven Allows/ 1955)
Dir: Douglas Sirk

1. Pacto de Sangue (Double Indemnity/ 1944)
Dir: Billy Wilder

Barbra Stanwyck e Fred McMurray em cena de Pacto de Sangue, de Billy Wilder (photo by cinemas-online.co.uk)

Barbara Stanwyck e Fred MacMurray em cena de Pacto de Sangue, de Billy Wilder (photo by cinemas-online.co.uk)

IN MEMORIAN

Perdemos grandes artistas e profissionais que passamos a respeitar depois de conferir seus trabalhos. Por exemplo, quem não se emocionou ao ouvir as belas trilhas de James Horner em produções como Coração Valente, Titanic e Uma Mente Brilhante? Adoro a gaita de fole nas duas primeiras trilhas.


Aqui uma bela homenagem ao compositor em Viena, quando ele levou o prêmio Max Steiner em 2013

Entre os diretores, o Cinema se despediu da grande documentarista belga Chantal Akerman, o centenário mestre português Manoel de Oliveira e, particularmente, senti muito a morte do mestre do terror Wes Craven. São artistas como ele que fazem o Cinema a Arte que ainda é hoje, ao buscar alguma inovação que instigue o espectador, mesmo que o faça perder o sono com um tal de Freddy Krugger.

Ghostface e Freddy Kruger em homenagem de Cody Schibi (photo by codyschibi.com)

Ghostface e Freddy Kruger em homenagem a Wes Craven por Cody Schibi (photo by codyschibi.com)

Atores experientes também deixam saudades como o eterno Drácula: Christopher Lee, a musa de John Ford: Maureen O’Hara, a musa de Fellini: Anita Ekberg, o Spock de toda uma geração: Leonard Nimoy, e os indicados ao Oscar: Omar Sharif, Ron Moody e Robert Loggia. E o Brasil fica órfão de um dos maiores nomes do teatro: Marília Pêra. Eles se foram, mas seu talento permanece imortal conosco.

FELIZ ANO NOVO!

Apesar do que os economistas prevêem, desejo a todos um excelente 2016! Que as tragédias como a de Paris e de Mariana fiquem no passado. O mundo precisa de mais paz, amor e harmonia… e de melhores filmes! Próspero Ano Novo!

Indicados ao Oscar marcam presença no MTV Movie Awards 2015

Novo logo do MTV Movie Awards (photo by mtv.com)

Novo logo do MTV Movie Awards (art by Dabs Myla – photo by mtv.com)

‘SNIPER AMERICANO’, ‘BOYHOOD’, ‘WHIPLASH’ E ATÉ ‘SELMA’ CONCORREM AO PRÊMIO DA MTV QUE SOA COMO UM PRÊMIO DE CONSOLAÇÃO

Depois de vários anos em decadência, o MTV Movie Awards tem tudo para decolar novamente este ano. É possível ver inúmeros artistas em destaque pelos trabalhos de 2014 nas listas de indicação que poderiam até figurar no Oscar. É o caso dos atores Miles Teller, Channing Tatum e pra alegria dos racistas de plantão, David Oyelowo, que foi preterido pela Academia. Expandiram até o número de indicados a Melhor Filme para oito produções! Contudo, de nada adianta ter ótimas opções de escolha se o público não ajudar na hora de votar pela internet.

Para Melhor Filme, por exemplo, eu votaria para Whiplash: Em Busca da Perfeição. Se no Oscar o filme de Damien Chazelle era considerado “pequeno ou independente demais” para ganhar como Melhor Filme, aqui no MTV Movie Awards ele se encaixaria como uma luva, ainda mais por se tratar de um filme sobre música. Mas a minha bola de cristal pessimista (pra não dizer realista) me diz que o público acéfalo vai eleger o novo filme da saga Jogos Vorazes como o melhor do ano. Será uma pena se isso acontecer, porque o prêmio tem uma grande oportunidade de resgatar sua credibilidade, já que no passado chegou a eleger ótimos filmes como O Exterminador do Futuro 2 e Pulp Fiction – Tempo de Violência.

Cena com Milles Teller e J.K. Simmons de Whiplash: Em Busca da Perfeição, de Damien Chazelle. (photo by outnow.ch)

Cena com Milles Teller e J.K. Simmons de Whiplash: Em Busca da Perfeição, de Damien Chazelle. (photo by outnow.ch)

Aí você pode retrucar dizendo que não se pode discutir o gosto do público, afinal gosto é subjetivo. Sim, é verdade. Mas como cinéfilo, vejo com tristeza essa decadência de um prêmio que já foi o mais cool da indústria ficar vítima de um péssimo paladar do público que já elegeu A Saga Crepúsculo quase toda e Transformers como Melhor Filme. Espero que se não votarem em Whiplash, que pelo menos votem em Guardiões da Galáxia, um filme pipoca bem escrito.

Outros podem argumentar dizendo que se o MTV Movie Awards elegesse apenas filmes preteridos pelo Oscar, poderia perder sua identidade. Concordo. O Movie Awards não precisa ser um estepe do Oscar, mas também não precisa eleger apenas filmes da modinha. Há incontáveis bons filmes que sequer figuraram em listas de críticos, mas que poderiam ser reconhecidos aqui. Só para exemplificar, cito Capitão América 2: O Soldado Invernal (indicado a Melhor Luta e Melhor Beijo) e a comédia Top Five (indicado a Melhor Comediante e WTF Moment). Seriam prêmios merecidos, mas resta saber se o público concorda.

Chris Rock em Top Five (photo by outnow.ch)

Chris Rock em Top Five (photo by outnow.ch)

Lembro que uns anos atrás, a votação era limitada a norte-americanos, mas felizmente este ano a votação está aberta internacionalmente. Wohooo! Então, meninos e meninas, caso queira colaborar com uma melhora efetiva nos resultados do MTV Movie Awards, e não for votar em Jogos Vorazes (brincadeira!), vote agora. Basta fazer um login por Facebook, Twitter ou e-mail:

http://www.mtv.com/ontv/movieawards/2015/movie-of-the-year/

Também fiz crítica ao prêmio de Shirtless Performance (performance sem camisa) por ser uma futilidade, mas felizmente, este ano temos uma concorrente feminina! E que concorrente! Kate Upton foi indicada pelo medíocre Mulheres ao Ataque (adivinhem em que votei). Então, cuecas de plantão, por favor vamos votar! De qualquer forma, eu trocaria essa categoria pelo retorno de Most Desirable Female e Male, pois premiaria a sensualidade toda de um personagem, e não apenas o fato de ele ou ela tirar a roupa.

A belíssima Kate Upton em Mulheres ao Ataque (photo by elfilm.com)

A belíssima Kate Upton em Mulheres ao Ataque (photo by elfilm.com)

Nesta edição, Guardiões da Galáxia, A Culpa é das Estrelas e Vizinhos lideram as indicações com sete cada. Coincidentemente, todos os três competem nas categorias Shirtless Performance e Melhor Beijo. Imagina Cinquenta Tons de Cinza no MTV Movie Awards de 2016…

Este ano, a hostess será a escritora, comediante e atriz Amy Schumer, que ficou conhecida por sua série Inside Amy Schumer, na qual faz comédia stand up e entrevista pessoas nas ruas. Vi uns vídeos de stand up comedy dela no Youtube e achei bem sem graça. Veja um vídeo promocional do evento abaixo e confirme:


Amy Schumer com Anna Kendrick. A noite vai ser looonga…

Seguem os indicados ao MTV Movie Awards:

Movie of the Year
– Sniper Americano (American Sniper)
– Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 (The Hunger Games: Mockingjay – Part 1)
– Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy)
– Garota Exemplar (Gone Girl)
– A Culpa é das Estrelas (The Fault In Our Stars)
– Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)
– Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash)
– Selma: Uma Luta Pela Igualdade (Selma)

Best Female Performance
– Jennifer Lawrence (Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1)
– Emma Stone (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
– Shailene Woodley (A Culpa é das Estrelas)
– Reese Witherspoon (Livre)
– Scarlett Johansson (Lucy)

Best Male Performance
– Bradley Cooper (Sniper Americano)
– Chris Pratt (Guardiões da Galáxia)
– Ansel Elgort (A Culpa é das Estrelas)
– Miles Teller (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
– Channing Tatum (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)

Best Scared-As-S**t Performance
– Rosamund Pike (Garota Exemplar)
– Annabelle Wallis (Annabelle)
– Jennifer Lopez (O Garoto da Casa ao Lado)
– Dylan O’Brien (Maze Runner: Correr ou Morrer)
– Zach Gilford (Uma Noite de Crime: Anarquia)

Breakthrough Performance
– Ansel Elgort (A Culpa é das Estrelas)
– Rosamund Pike (Garota Exemplar)
– David Oyelowo (Selma: Uma Luta Pela Igualdade)
– Dylan O’Brien (Maze Runner: Correr ou Morrer)
– Ellar Coltrane (Boyhood: Da Infância à Juventude)

Best Shirtless Performance
– Zac Efron (Vizinhos)
– Chris Pratt (Guardiões da Galáxia)
– Channing Tatum (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
– Ansel Elgort (A Culpa é das Estrelas)
– Kate Upton (Mulheres ao Ataque)

Best Duo
– Channing Tatum & Jonah Hill (Anjos da Lei 2)
– Zac Efron & Dave Franco (Vizinhos)
– Shailene Woodley & Ansel Elgort (A Culpa é das Estrelas)
– Bradley Cooper & Vin Diesel (Guardiões da Galáxia)
– James Franco & Seth Rogen (A Entrevista)

Best Fight
– Jonah Hill vs. Jillian Bell (Anjos da Lei 2)
– Chris Evans vs. Sebastian Stan (Capitão América 2: O Soldado Invernal)
– Dylan O’Brien vs. Will Poulter (Maze Runner: Correr ou Morrer)
– Seth Rogen vs. Zac Efron (Vizinhos)
– Edward Norton vs. Michael Keaton (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))

Best Kiss
– Ansel Elgort & Shailene Woodley (A Culpa é das Estrelas)
– James Franco & Seth Rogen (A Entrevista)
– Andrew Garfield & Emma Stone (O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro)
– Scarlett Johansson & Chris Evans (Capitão América 2: O Soldado Invernal)
– Rose Byrne & Halston Sage (Vizinhos)

Best WTF Moment
– Seth Rogen & Rose Byrne (Vizinhos)
– Jonah Hill (Anjos da Leis 2)
– Jason Sudeikis & Charlie Day (Quero Matar Meu Chefe 2)
– Miles Teller (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
– Rosario Dawson & Anders Holm (Top Five)

 Best Villain
– Rosamund Pike (Garota Exemplar)
– J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
– Jillian Bell (Anjos da Lei 2)
– Meryl Streep (Caminhos da Floresta)
– Peter Dinklage (X-Men: Dias de um Futuro Esquecido)
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Best Musical Moment
– Jennifer Lawrence (Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1)
– Chris Pratt (Guardiões da Galáxia)
– Seth Rogen & Zac Efron (Vizinhos)
– Bill Hader & Kristen Wiig (Irmãos Desastre)
– Miles Teller (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
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Best Comedic Performance
– Channing Tatum (Anjos da Lei 2)
– Chris Pratt (Guardiões da Gláxia)
– Rose Byrne (Vizinhos)
– Chris Rock (Top Five)
– Kevin Hart (Padrinhos LTDA)
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Best On-Screen Transformation
– Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)
– Elizabeth Banks (Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1)
– Zoe Saldana (Guardiões da Galáxia)
– Steve Carell (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
– Ellar Coltrane (Boyhood: Da Infância à Juventude)
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O MTV Movie Awards acontece no dia 12 de abril, e a MTV Brasil vai transmitir ao vivo. Sim, eu confirmei através da propaganda exibida no próprio canal.

30º Independent Spirit Awards também reconhece ‘Birdman’, mas premia Linklater como diretor

Michael Keaton levou o Independent Spirit Award um dia antes do Oscar por Birdman (photo by entertainment.inquirer.net)

Michael Keaton levou o Independent Spirit Award um dia antes do Oscar por Birdman (photo by entertainment.inquirer.net)

EM SEU 30º ANO, PRÊMIO DOS INDEPENDENTES ESTÁ CADA VEZ MAIS EQUIPARADO AO OSCAR

Um dia antes do Oscar, ocorreu o 30º Independent Spirit Awards. Lembro que até a década de 90, a regra era a seguinte: o filme ou artista que ganhar o Independent não ganhará o Oscar. Mas os tempos mudaram com crises econômicas (obrigado, George W. Bush), e agora parece não haver quase nenhuma distinção entre Oscar e o prêmio independente.

Para quem não conhece, o regulamento do Independent Spirit exige basicamente que os filmes candidatos não ultrapassem a barreira dos 20 milhões de dólares de custo de produção (incluindo a pós-produção) e que seja produzido nos EUA. Só para citar alguns exemplos: Foxcatcher e Vício Inerente foram desqualificados pelo primeiro quesito, enquanto A Teoria de Tudo foi pelo segundo, por ser britânico.

Mas, como dito, com a crise econômica, muitas das produções de estúdio estão com seus orçamentos bastante enxugados, fazendo com que esses filmes também concorram ao Independent um dia antes do Oscar. Assim, Birdman, Boyhood e Whiplash, por exemplo, estavam presentes e concorrendo em ambas as premiações.

Ethan Hawke aceita o prêmio de Diretor na ausência de Richard Linklater por Boyhood (photo by novo.wada.vn)

Ethan Hawke aceita o prêmio de Diretor na ausência de Richard Linklater por Boyhood (photo by novo.wada.vn)

Claro que por um lado, é vantajoso para esses filmes ganhar mais projeção num evento mais aconchegante (o Independent foi realizado em tendas da praia de Santa Monica!), mas e como ficam os filmes realmente menores? Ok, tem algumas produções que estão concorrendo ao Independent que não foram convidadas para o Oscar como O Amor é Estranho, Kumiko the Treasure Hunter e Amantes Eternos, mas nenhum deles ganhou um Independent Spirit Award sequer!

Com a crise apertando e mudando o cenário, sugiro uma mudança bem simples: alterar o teto de orçamento qualificatório para 10 milhões de dólares. Essa medida eliminaria muitos desses novos papa-Oscars e resgataria produções mais modestas para a premiação a fim de alavancar suas bilheterias, pois como muitos se esquecem, um prêmio tem também essa função de ajudar na divulgação de um trabalho e levantar uma graninha extra.

Bom, agora cortando o discurso político, vamos aos resultados. Birdman faturou os prêmios de Filme, Ator (Michael Keaton) e Fotografia. Já Boyhood ficou com o prêmio de Diretor para Richard Linklater (que tem mais cara de indie) e Atriz Coadjuvante (Patricia Arquette).

Tudo bem que ficaria feio para o Independent ser do contra se elegesse outros atores que não fossem os favoritos (Michael Keaton, Julianne Moore, J.K. Simmons e Patricia Arquette), mas poderiam dar uma variada, pois tinham boas opções alternativas. Por que não premiar Tilda Swinton por Amantes Eternos ou Jake Gyllenhaal por O Abutre como Ator? Sairia da mesmice da temporada e demonstraria mais personalidade; pra não soar redundante e dizer “seria mais independente”. Alguns podem achar que essa opinião é uma mera tentativa de ser diferente, mas se olharmos para a safra de 2014, houve mais atores tão merecedores quanto aqueles que ganharam todos os prêmios.

Julianne Moore recebe prêmio por Para Sempre Alice (photo by chinadaily.com.cn)

Julianne Moore recebe prêmio por Para Sempre Alice (photo by chinadaily.com.cn)

O mesmo digo na categoria de Filme em Língua Estrangeira. Pô, o mesmo filme quadrado polonês ganhou o Independent?! Só pra citar aqueles que assisti, tinha o ótimo filme russo Leviatã, que destrincha a Rússia atual com um roteiro inteligente; tinha o sueco Força Maior, que tem uma veia de humor negro tão bizonha que já merecia qualquer prêmio por sua atmosfera; e o britânico Sob a Pele, com seu tom experimental em vários campos como a fotografia, a trilha musical e a montagem. Deixe para o Oscar premiar Ida por seu tipo conservador.

VENCEDORES DO INDEPENDENT SPIRIT AWARDS 2015:

MELHOR FILME
• Birdman (Birdman (or The Unexpected Virtue of Ignorance)
Produtores: Alejandro González Iñárritu, John Lesher, Arnon Milchan, James W. Skotchdopole

DIRETOR
Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)

ATRIZ
Julianne Moore (Still Alice)

ATOR
Michael Keaton (Birdman)

ATRIZ COADJUVANTE
Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude)

Patricia Arquette discursa por Boyhood (photo by hollywoodreporter.com)

Patricia Arquette discursa por Boyhood (photo by hollywoodreporter.com)

ATOR COADJUVANTE
J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

J.K. Simmons aceita seu prêmio por Whiplash: Em Busca da Perfeição. Ao fundo, Jared Leto. Photo by variety.com

J.K. Simmons aceita seu prêmio por Whiplash: Em Busca da Perfeição. Ao fundo, Jared Leto. Photo by variety.com

MELHOR FOTOGRAFIA
Emmanuel Lubezki (Birdman)

MELHOR MONTAGEM
Tom Cross (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHOR ROTEIRO
Dan Gilroy (O Abutre)

MELHOR FILME DE ESTRÉIA
• O Abutre (Nightcrawler)
Diretor: Dan Gilroy
Produtores: Jennifer Fox, Tony Gilroy, Jake Gyllenhaal, David Lancaster, Michel Litvak

PRIMEIRO ROTEIRO
Justin Simien (Dear White People)

PRÊMIO JOHN CASSAVETES – Para produções feitas abaixo de 500 mil dólares.
• Land Ho!
Diretores-roteiristas: Aaron Katz, Martha Stephens
Produtores: Christina Jennings, Mynette Louie, Sara Murphy

MELHOR DOCUMENTÁRIO
• CitizenFour
Diretora-produtora: Laura Poitras
Produtores: Mathilde Bonnefoy, Dirk Wilutzky

FILME INTERNACIONAL
• Ida – POLÔNIA
Diretor: Pawel Pawlikowski

O diretor Pawel Pawlikowski discursa por Ida (photo by pictures.zimbio.com)

O diretor Pawel Pawlikowski discursa por Ida (photo by pictures.zimbio.com)

PRÊMIO ROBERT ALTMAN – Concedido a um diretor, diretor de elenco e elenco
• Vício Inerente (Inherent Vice)
Diretor: Paul Thomas Anderson
Diretor de Casting: Cassandra Kulukundis
Elenco: Josh Brolin, Martin Donovan, Jena Malone, Joanna Newsom, Joaquin Phoenix, Eric Roberts, Maya Rudolph, Martin Short Serena Scott Thomas, Benicio Del Toro, Katherine Waterston, Michael Kenneth Williams, Owen Wilson, Reese Witherspoon

SPECIAL DISTINCTION AWARD
• Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo (Foxcatcher)
Diretor/Produtor: Bennett Miller
Produtores: Anthony Bregman, Megan Ellison, Jon Kilik
Roteiristas: E. Max Frye, Dan Futterman
Atores: Steve Carell, Mark Ruffalo, Channing Tatum

PRODUCERS AWARD
Chad Burris
Elisabeth Holm
Chris Ohlson

SOMEONE TO WATCH AWARD
• A Girl Walks Home Alone at Night
Diretora: Ana Lily Amirpour
• H.
Diretores: Rania Attieh & Daniel Garcia
• The Retrieval
Diretor: Chris Eska

TRUER THAN FICTION AWARD
• Approaching the Elephant
Diretor: Amanda Rose Wilder
• Evolution of a Criminal
Diretor: Darius Clark Monroe
• The Kill Team
Diretor: Dan Krauss
• The Last Season
Diretora: Sara Dosa

‘Birdman’ conquista o Oscar 2015 com 4 prêmios

Michael Keaton (centro) agradece o Oscar de Melhor Filme à frente da equipe do filme (photo: John Shearer/Invision/AP)

Michael Keaton (centro) agradece o Oscar de Melhor Filme à frente da equipe do filme (photo: John Shearer/Invision/AP)

‘BIRDMAN’ É O GRANDE VENCEDOR DA NOITE COM 4 OSCARS: MELHOR FILME, DIRETOR, ROTEIRO E FOTOGRAFIA. ‘O GRANDE HOTEL BUDAPESTE’ TAMBÉM LEVA 4, MAS EM CATEGORIAS MENORES.

Depois de uma crescente nos prêmios de sindicatos como PGA e DGA, deu Birdman no Oscar!  E apesar de ter ganhado um Oscar por Atriz Coadjuvante, o grande perdedor acabou sendo Boyhood, que estava cotado para ganhar filme, montagem, atriz coadjuvante e até diretor, dependendo do curso da premiação.

Particularmente, acho que o Oscar de direção e de fotografia já reconheceria os méritos de Birdman, mas como li num site: “Dentre os 6 mil votantes da Academia, a maioria é formada por atores, então nada mais natural do que eles votarem num filme sobre atores”. Curiosamente, nenhum dos três atores indicados acabou ganhando de fato o Oscar. Michael Keaton, Edward Norton e Emma Stone só subiram ao palco de forma coletiva para agradecer ao Oscar de Melhor Filme.

Bom, e aquela minha visão que tive de Boyhood sendo coroado Melhor Filme não se concretizou. Eu já imaginava até aqueles longos clipes dos filmes vencedores de Melhor Filme com uma breve cena do filme de Richard Linklater! Aliás, Linklater, que estava indicado em três categorias, acabou não levando NADA! Perdeu Filme, Diretor e Roteiro Original… Ao longo das semanas que antecederam o Oscar, li muitos comentários de críticos e até de simples cinéfilos defendendo que o circo em torno de Boyhood era meramente por causa do projeto inovador de 12 anos de filmagem. Confesso que me peguei pensando nessa possibilidade, mas ainda acredito que é um dos melhores filmes de 2014. Agora resta aguardar se o filme passará pelo teste do tempo.

A seguir a artwork utilizada pelo Oscar para cada um dos filmes indicados a Melhor Filme. Foi um desperdício a Academia não utilizar suas duas vagas restantes da categoria para indicar mais filmes como Foxcatcher, por exemplo…

NÚMEROS

O Grande Hotel Budapeste (Direção de Arte, Figurino, Maquiagem e Trilha Musical Original) e Birdman (Filme, Diretor, Roteiro Original e Fotografia) empataram com 4 Oscars cada. Em seguida, vem Whiplash, com 3 Oscars: Ator Coadjuvante (J.K. Simmons), Montagem e Som.

Os demais filmes conquistaram apenas uma estatueta cada. A Teoria de Tudo (Ator – Eddie Redmayne), Para Sempre Alice (Atriz – Julianne Moore), Boyhood (Atriz Coadjuvante – Patricia Arquette), O Jogo da Imitação (Roteiro Adaptado), Operação Big Hero (Longa de Animação), Ida (Filme em Língua Estrangeira), Selma (Canção Original), Sniper Americano (Efeitos Sonoros), Interestelar (Efeitos Visuais) e Citizenfour (Documentário), denotando uma alto nivelamento entre a maioria.

SURPRESAS

Embora fosse esperado que O Grande Hotel Budapeste ganharia muitos dos prêmios “técnicos” como Direção de Arte, Figurino e Maquiagem, honestamente, esperava que Wes Anderson seria reconhecido com Melhor Roteiro Original, já que Alejandro González Iñárritu muito provavelmente venceria como diretor. Assim como no Globo de Ouro, Birdman levou o prêmio de roteiro. Foi triste ver Wes Anderson apenas aplaudindo seus colegas. Better luck next time, Wes!

Wes Anderson ficou muito feliz pelos 4 Oscars que O Grande Hotel Budapeste recebeu. Mas infelizmente, ficou sentado a noite toda. (photo by billhaderismycriterioncollection.tumblr.com)

Wes Anderson ficou muito feliz pelos 4 Oscars que O Grande Hotel Budapeste recebeu. Mas infelizmente, ficou sentado a noite toda. (photo by billhaderismycriterioncollection.tumblr.com)

Quando postei sobre a liberdade que a Academia tinha de eleger um longa de animação fora dos padrões tridimensionais, torcia contra o favoritismo de Como Treinar o Seu Dragão 2, então teoricamente fiquei feliz por ter perdido, MAS não queria que perdesse para outro 3D! Gostaria que o Oscar fosse para uma animação mais alternativa, mas como um amigo meu lembrou, o Oscar é um prêmio de indústria, então nada mais natural do que um filme da indústria ganhe. Curiosamente, em 14 anos de existência da categoria de Longa de Animação, apenas um filme de língua estrangeira foi premiado: A Viagem de Chihiro, de Hayao Miyazaki, em 2002. Uma pena…

Agora, duas surpresas que mais gostei. A primeira foi a premiação do compositor francês Alexandre Desplat por O Grande Hotel Budapeste. Apesar de ter sido duplamente indicado (também por O Jogo da Imitação), havia uma grande chance de ele perder duplamente como já aconteceu com John Williams. Desplat bateu o favoritismo de Jóhann Jóhannssonn (A Teoria de Tudo) e finalmente conquistou seu primeiro Oscar depois de oito indicações. Trata-se de um dos melhores compositores da atualidade, que sabe compor para filmes de todos os gêneros. Oscar merecido!

E a outra boa surpresa foi o Oscar de Montagem para Whiplash! Fenomenal! Tom Cross realizou um trabalho formidável ao sincronizar todo aquele jazz com os cortes, criando um ritmo único e fresco. O filme conquistou merecidos 3 Oscars: Ator Coadjuvante (J.K. Simmons), Som e Montagem. Se O Jogo da Imitação não fosse tão favorito, o filme poderia ganhar também Melhor Roteiro Adaptado. Pena que o filme não tinha chances reais de ganhar Melhor Filme, senão poderia ter conquistado mais prêmios…

SOBRE A CERIMÔNIA

Os fãs de A Noviça Rebelde que me perdoem, mas aquela homenagem feita pela cantora Lady Gaga foi desnecessário. Ok, bonito, mas desnecessário. Se queriam fazer uma homenagem aos musicais, que trouxessem mais atores que participaram dessa época de ouro do musical americano como a atriz Debbie Reynolds, por exemplo. Por mim, que curto assistir ao Oscar, não vejo problemas com homenagens, mas é no mínimo incoerente ver que eles apressam tanto as coisas pra tudo, mas tem tempo sobrando para essas homenagens que poderiam passar batido.

Lady Gaga abraça Dame Julie Andrews depois de homenagem de A Noviça Rebelde (photo by psychoticmusichead.tumblr.com)

Lady Gaga abraça Dame Julie Andrews depois de homenagem de A Noviça Rebelde (photo by psychoticmusichead.tumblr.com)

Quanto ao host, Neil Patrick Harris, tirando o momento de cueca no palco, fazendo uma alusão ao Birdman, achei sua participação meio comportada. Aliás, ele é uma versão meio Billy Crystal, meio Hugh Jackman, mas não canta tão bem como Crystal, nem dança tão bem quanto Jackman. E suas piadas politicamente incorretas não chegam aos pés de um Jon Stewart ou de Chris Rock. E aquela piada dos “Oscars predictions” na mala bem guardada foi muita firula pra pouca graça. Acho que os produtores do evento estão se guiando demais por audiência do que qualidade de fato. O host seguiu os protocolos e foi completamente apropriado e inofensivo, e esse tom pode ser muito ruim a longo prazo para a imagem do Oscar. Nem a participação “surpresa” de Jack Black ajudou na introdução musical de Neil Patrick Harris, ou seja, a coisa tava feia…

Teve alguns discursos que honestamente nem prestei atenção, então me perdoem caso tenha passado algo desapercebido aqui. Mas gostei de alguns como o do J.K. Simmons. Quando ele começou a falar e agradecer a mulher e os filhos “above average”, já estava desapontado por que ele estava repetindo o mesmo discurso de todos os prêmios anteriores que ele havia ganhado. Mas felizmente, ele deu uma guinada e soltou um “Ligue para sua mãe. Eu falei isso para um bilhão de pessoas. Ligue para sua mãe, seu pai. Se você tem sorte e tem pais vivos, ligue. Não mande mensagem, não mande e-mail. Ligue por telefone. Diga que você os ama e os agradeça, e os ouça o quanto eles quiserem falar com você.” – Por mais que ele tenha deixado o filme de lado, foi um momento bonito da noite.

Da esquerda para a direita: J.K. Simmons, Patricia Arquette, Julianne Moore e Eddie Redmayne com seus respectivos Oscars (photo by kinginthenorths.tumblr.com)

Da esquerda para a direita: J.K. Simmons, Patricia Arquette, Julianne Moore e Eddie Redmayne com seus respectivos Oscars (photo by kinginthenorths.tumblr.com)

Já o discurso de Patricia Arquette foi mais inflamado. Depois de agradecer a equipe e sua família, ela puxa um “Está na hora de ter igualdade de salário e igualdade de direitos para as mulheres nos EUA!” – que logo foi endossado por um entusiasmado “Yes! Yes! Yes!” de Meryl Streep, que estava sentada na fileira da frente. Claro que ainda vivemos num mundo machista que paga menos para mulheres que ocupam o mesmo cargo de homens, e apoio essa mudança. Agora, se ela se refere ao salário das atrizes em Hollywood, acho que muito depende das bilheterias. O público em geral prefere filmes estrelados por homens. Não se trata de uma opinião, mas de um dado estatístico. Então, de acordo com a lei de mercado, os grandes estúdios acabam pagando menos para as atrizes. E isso reflete também numa reclamação recorrente das atrizes que é a escassez de papéis bons femininos. Com certeza, existem ótimos roteiros com excelentes protagonistas femininas por aí, mas se os estúdios não fornecerem a verba, o projeto não sai do papel. Sei que é uma realidade cruel, mas enquanto o público não der resposta nos números, pouca coisa vai mudar nesse sentido. Os homens vão continuar na lista dos atores mais bem pagos de Hollywood.

Bem mais tranquila, Julianne Moore preferiu evitar polêmicas e soltou uma pérola: “Eu li um artigo que dizia que ganhar um Oscar poderia render 5 anos de vida a mais. Se isso for verdade, gostaria de agradecer a Academia porque meu marido é mais novo do que eu”. Acho que quem escreveu esse artigo não lembrou de alguns casos como o de Haing S. Ngor que morreu assassinado, Robin Williams ou de seu colega de set em Jogos Vorazes, Philip Seymour Hoffman, que morreu em fevereiro do ano passado, oito anos depois de ganhar o Oscar por Capote. Mas deixando de lado o tom fúnebre, Oscar merecido para Julianne Moore, que pode não ter vencido por sua melhor performance, mas certamente era uma das melhores que estavam concorrendo sem sombra de dúvida. Espero sinceramente que este Oscar não prejudique sua escolha de projetos e lhe cause algum tipo de maldição e consequente decadência.

Julianne Moore com seu primeiro Oscar por Para Sempre Alice (photo by  morejulianne.tumblr.com)

Julianne Moore com seu primeiro Oscar por Para Sempre Alice (photo by morejulianne.tumblr.com)

O discurso mais politicamente correto da noite foi para a dupla John Legend e Common pela canção “Glory”. Depois de uma apresentação comovente, eles subiram ao palco ligando a liberdade de Selma com a nossa atualidade: as marchas pela democracia da China, e em nome da liberdade de expressão em Paris – lembrando da tragédia de Charlie Hebdo.

Common e John Legend durante apresentação da canção "Glory" de Selma (photo by robertdeniro.tumblr.com)

Common e John Legend durante apresentação da canção “Glory” de Selma (photo by robertdeniro.tumblr.com)

No discurso de Melhor Diretor de Alejandro González Iñárritu, ele mencionou que no DGA Awards ele estava usando o cachecol de Raymond Chandler e a gravata de Billy Wilder para dar sorte e tinha funcionado. No Oscar, ele confessou que estava usando a cueca branca de Michael Keaton (usada em Birdman). “É apertada, cheira a bolas, mas funciona. E estou aqui!” – a platéia adorou. Embora minha torcida para Melhor Ator tenha sido para Benedict Cumberbatch, fiquei chateado que Keaton não levou seu Oscar. Teria sido uma ótima história, já que ele interpretou um ator que buscava reabilitação depois de vários anos no ostracismo, assim como ele ficou depois dos dois filmes do Batman, de Tim Burton.

Alejandro González Iñárritu ocupa as duas mãos com as 3 estatuetas do Oscar por Birdman

Alejandro González Iñárritu ocupa as duas mãos com as 3 estatuetas do Oscar por Birdman

No ano passado, John Travolta tinha tomado um chá de cogumelo antes de introduzir a apresentação da cantora Idina Menzel da música “Let it Go”, de Frozen, chamando-a pelo nome bizarro de “Adele Nazim”. De onde raios eles tirou esse nome se estava escrito direitinho no teleprompter?? Fumou crack, só pode! Então, como uma espécie de vingança engraçada, Idina o introduziu como “Glom Gazingo”! Travolta e Menzel deram a volta por cima de uma gafe com classe.

Idina Menzel com John Travolta no Oscar

Idina Menzel com John Travolta no Oscar

Seguem os vencedores do Oscar 2015:

MELHOR FILME
* Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) (Birdman)

MELHOR DIRETOR
* Alejandro González Iñárritu (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))

MELHOR ATOR
* Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)

Eddie Redmayne ainda bastante extasiado com seu Oscar por A Teoria de Tudo (photo by mcavoys.tumblr.com)

Eddie Redmayne ainda bastante extasiado com seu Oscar por A Teoria de Tudo (photo by mcavoys.tumblr.com)

MELHOR ATRIZ
* Julianne Moore (Para Sempre Alice)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
* J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
* Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
* Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris, Armando Bo (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
* Graham Moore (O Jogo da Imitação)

MELHOR FOTOGRAFIA
* Emmanuel Lubezki (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
* Adam Stockhausen e Anna Pinnock (O Grande Hotel Budapeste)

MELHOR MONTAGEM
* Tom Cross (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHOR FIGURINO
* Milena Canonero (O Grande Hotel Budapeste)

MELHOR MAQUIAGEM E CABELO
* Frances Hannon e Mark Coulier (O Grande Hotel Budapeste)

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
* Alexandre Desplat (O Grande Hotel Budapeste)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
* “Glory”, de John Stephens e Lonnie Lynn (Selma)

MELHOR SOM
* Craig Mann, Ben Wilkins e Thomas Curley (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHORES EFEITOS SONOROS
* Alan Robert Murray e Bub Asman (Sniper Americano)

MELHORES EFEITOS VISUAIS
* Paul J. Franklin, Andrew Lockley, Ian Hunter, Scott R. Fisher (Interestelar)

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
* Ida, de Pawel Pawlikowski (POLÔNIA)

MELHOR ANIMAÇÃO
* Operação Big Hero

MELHOR DOCUMENTÁRIO
* CitizenFour

MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA
* Crisis Hotline: Veterans Press 1

MELHOR CURTA-METRAGEM
* The Phone Call

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
* O Banquete (Feast)

Jessica Chastain nem estava indicada ao Oscar, mas o que seria do Oscar sem Jessica Chastain?

Jessica Chastain nem estava indicada ao Oscar, mas o que seria do Oscar sem Jessica Chastain???

 

Apostas para o Oscar 2015

MELHOR FILME

Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)

Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)

Indicados:

– Sniper Americano
– Birdman
– Boyhood: Da Infância à Juventude
– O Grande Hotel Budapeste
– O Jogo da Imitação
– Selma: A Luta Pela Igualdade
– A Teoria de Tudo
– Whiplash: Em Busca da Perfeição

DEVE GANHAR: Boyhood: Da Infância à Juventude
DEVERIA GANHAR: Boyhood: Da Infância à Juventude
ZEBRA: Selma: Uma Luta Pela Igualdade

ESNOBADO: Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo

Quando vi Boyhood, na hora pensei no Oscar de Melhor Filme, assim como quando vi 12 Anos de Escravidão, tive a mesma visão. O projeto ambicioso de 12 anos de Richard Linklater tem cara de Oscar de Melhor Filme e acho que merece ser reconhecido por seu esforço descomunal, além de ter alterado para sempre qualquer filme sobre amadurecimento.

Mas o filme perdeu muito de sua força depois que perdeu para Birdman como Melhor Filme no PGA, sindicato dos produtores, que costuma acertar bem os vencedores desta categoria. E outra vantagem que Birdman possui é que a maioria dos 6 mil votantes do Oscar é ator ou atriz, e eles adoraram esse filme justamente por sua temática teatral, afinal, só um ator sabe como é ficar no ostracismo por anos e tentar um retorno triunfal como faz o personagem de Michael Keaton.

Nessa briga entre os dois filmes, curiosamente, Sniper Americano tem surpreendido como elemento surpresa. Sua bilheteria americana de mais de 300 milhões de dólares (até o momento) tem chamado muito a atenção, além da sua polêmica envolvendo o tratamento da Guerra do Iraque (os iraquianos quase não têm falas e o protagonista mata uma criança e sua mãe – com razão – mas mata).

Normalmente, a Academia se mostra mais conservadora, e prefere ficar longe de polêmicas, mas o crescimento do filme de Clint Eastwood tem sido impossível de ficar indiferente. Uma escolha excelente seria O Grande Hotel Budapeste, que ainda por cima, deve ganhar várias estatuetas, mas boa parte dos especialistas defendem que o filme de Wes Anderson não tem o peso para ganhar um prêmio de tamanha importância como o Oscar de Melhor Filme. Muitos o enxergam apenas como uma trama de assassinato bonita. E o mesmo vale para Whiplash, que seria pequeno demais para um prêmio grande demais.

Por outro lado, Selma: Uma Luta Pela Igualdade tem o tal peso que os especialistas falam, mas só foi indicado a Filme e Canção Original. Seria praticamente impossível essa vitória, por mais que o Oscar de canção esteja garantido. Além disso, o filme só foi indicado a Filme por causa da campanha levantada por Oprah Winfrey, que além de atuar, também é produtora do longa. Muito provavelmente, sem Winfrey, o filme jamais teria saído do papel, pois nenhum grande estúdio se interessou.

MELHOR DIRETOR

Indicados:

– Wes Anderson (O Grande Hotel Budapeste)
– Alejandro González Iñárritu (Birdman)
– Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
– Bennett Miller (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
– Morten Tyldum (O Jogo da Imitação)

Alejandro González Iñárritu com o ator Michael Keaton em set de Birdman (photo by outnow.ch)

Alejandro González Iñárritu com o ator Michael Keaton em set de Birdman (photo by outnow.ch)

DEVE GANHAR: Alejandro González Iñárritu (Birdman)
DEVERIA GANHAR: Wes Anderson (O Grande Hotel Budapeste)
ZEBRA: Morten Tyldum (O Jogo da Imitação)

ESNOBADO: Damien Chazelle (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

O Oscar de direção tá concorrido este ano. Alejandro González Iñárritu está ligeiramente na frente por ter vencido o DGA (Directors Guild of America), mas Richard Linklater ganhou o Globo de Ouro e o Critics’ Choice Awards. E a divisão de votos entre ambos pode muito bem beneficiar Wes Anderson, que está logo atrás por O Grande Hotel Budapeste. E não dá pra simplesmente descartar Bennett Miller, pois foi o elemento surpresa da categoria e pode surpreender, mesmo que seu Foxcatcher não esteja entre os indicados a Melhor Filme.

Em termos de mérito, Linklater ganha muitos pontos por ter se dedicado por 12 anos a um projeto que ninguém se interessou. Se ele perder na categoria de Roteiro Original, deve levar Diretor. Já o mexicano Iñárritu desempenha o papel do diretor que se faz presente no estilo do filme. Alguns consideram mão pesada seus longos planos-sequência, enquanto outros o consagram pela tensão originada pelos mesmos.

Apesar de todas as controvérsias deste ano na categoria como as ausências de Ava DuVernay (Selma), Angelina Jolie (Invencível) e Clint Eastwood (Sniper Americano), acho que todos os diretores estão bem representados aqui, inclusive o norueguês Morten Tyldum (O Jogo da Imitação), que achei que não seria indicado por ser meio desconhecido. Seu filme anterior, Headhunters, é um ótimo thriller estilo A Conversação que merece ser visto (só peca pelo excesso de redundância no final). Mas eu incluiria o jovem Damien Chazelle como forma de encorajá-lo ainda mais para os próximos projetos, assim como a Academia fez com o jovem Benh Zeitlin por Indomável Sonhadora há dois anos.

MELHOR ATOR

Indicados:

– Steve Carell (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
– Bradley Cooper (Sniper Americano)
– Benedict Cumberbatch (O Jogo da Imitação)
– Michael Keaton (Birdman)
– Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)

Esforços do ator Eddie Redmayne devem impressionar mais do que a maquiagem em A Teoria de Tudo (photo by elfilm.com)

Eddie Redmayne  em A Teoria de Tudo (photo by elfilm.com)

DEVE GANHAR: Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)
DEVERIA GANHAR: Benedict Cumberbatch (O Jogo da Imitação)
ZEBRA: Steve Carell (Foxcatcher)

ESNOBADO: Jake Gyllenhaal (O Abutre)

Muito se fala da cartilha para se ganhar o Oscar de atuação, na qual se lê muito das transformações físicas para obter a consistência do personagem. Para isso, muitos dos vencedores emagreceram, engordaram, usaram próteses de nariz e dentes, e este ano, Eddie Redmayne chegou a entortar sua espinha tamanha sua obsessão em se tornar Stephen Hawking. Esse tipo de sacrifício vale um Oscar. A Teoria de Tudo é um filme clichê, sim, mas vale a pena pra ver a transformação do ator gradativamente. Contudo, particularmente, considero sua atuação fraca. Claro que ele faz caras e bocas, mas parece que ele está mais preocupado em reproduzir os macetes da figura de Stephen Hawking do que propriamente construir e desenvolver seu personagem.

Em termos de atuação mesmo, prefiro Benedict Cumberbatch, que consegue captar nuances com um simples olhar ou um gesto. Em O Jogo da Imitação, ele faz Alan Turing, o matemático homossexual que quebrou o código Enigma usado pelos nazistas.  Ou a atuação de Michael Keaton como Riggan. Assim como Mickey Rourke fez em O Lutador, Keaton explora e extrai de sua vida pessoal experiências necessárias para a construção e consistência de seu personagem, que busca um retorno triunfal na Broadway. Se a maioria dos votantes considerar que Redmayne é muito jovem para ter um Oscar (ele tem 33), Michael Keaton leva.

Curiosamente, excetuando Bradley Coooper, todos os demais estão em sua primeira indicação ao Oscar. E o que dá ainda mais vantagem para Cooper é que esta é sua terceira indicação consecutiva: ele foi indicado por O Lado Bom da Vida e Trapaça. Quer mais? Sniper Americano está concorrendo a 6 estatuetas, incluindo Melhor Filme, e tem a maior bilheteria de todos os indicados, ultrapassando a marca dos 300 milhões só em território americano. Essas cartas na manga normalmente contribuem muito para que a Academia conceda seus prêmios, e como Clint Eastwood não foi indicado, pode sobrar um Oscar surpresa para Bradley Cooper.

Tudo bem que a Academia não curte filmes sombrios do tipo de O Abutre, mas a ausência de Gyllenhaal nesta categoria é um ultraje. Indicado anteriormente como coadjuvante em 2006 por O Segredo de Brokeback Mountain, ele segue à risca os anais da transformação física que leva ao Oscar ao perder 10 quilos, buscando realçar o brilho dos olhos ao evitar de piscá-los.

MELHOR ATRIZ

Indicadas:

– Marion Cotillard (Dois Dias, Uma Noite)
– Julianne Moore (Para Sempre Alice)
– Felicity Jones (A Teoria de Tudo)
– Rosamund Pike (Garota Exemplar)
– Reese Witherspoon (Livre)

Julianne Moore em Para Sempre Alice (photo by cinemagia.ro)

Julianne Moore em Para Sempre Alice (photo by cinemagia.ro)

DEVE GANHAR: Julianne Moore (Para Sempre Alice)
DEVERIA GANHAR: Julianne Moore (Para Sempre Alice)
ZEBRA: Felicity Jones (A Teoria de Tudo)

ESNOBADO: Keira Knightley (Mesmo se Nada Der Certo)

Sabe aquele papo de “dá logo o Oscar pra ela”? . Claro que o papel que ela desempenha em Para Sempre Alice ajuda bastante, já que ela interpreta uma personagem que sofre de Mal de Alzheimer precoce. Mas engana-se aquele que acha que qualquer atriz mediana daria conta do recado. O “problema” é que Julianne tira de letra a personagem sem fazer muito esforço.

Talvez em um ano mais disputado, ela teria que suar um pouco mais a camisa para conquistar a estatueta. A grande surpresa da categoria foi a francesa Marion Cotillard, que concorre pelo filme belga Dois Dias, Uma Noite. Só o fato de ela ter batido as favoritas à indicação, Jennifer Aniston (Cake: Uma Razão Para Viver) e Amy Adams (Grandes Olhos), já a coloca como uma vitoriosa, mas sua atuação como uma trabalhadora que busca convencer seus colegas de trabalho a não perder o emprego é digna de nota. Ao contrário da maioria das atrizes, Cotillard se despe de qualquer vaidade em prol da personagem, que até tem uma postura levemente curvada de fracasso. Para sua infelicidade, como ela já havia ganhado o Oscar por Piaf – Um Hino ao Amor em 2008, suas chances são baixas.

Rosamund Pike era vista como uma concorrente em potencial por sua atuação elétrica em Garota Exemplar, mas como o filme não obteve mais nenhuma indicação, sua campanha enfraqueceu consideravelmente. Já Reese Witherspoon pode ser considerado aquele caso de atriz bonitinha que saiu da zona de conforto (também literalmente), pois sua personagem Cheryl Strayed percorre vários quilômetros numa busca por sua identidade, mas que apresenta consistência dramática beirando o 0%.

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Indicados:

– Robert Duvall (O Juiz)
– Ethan Hawke (Boyhood: Da Infância à Juventude)
– Edward Norton (Birdman)
– Mark Ruffalo (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
– J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição) - photo by elfilm.com

J.K. Simmons em Whiplash: Em Busca da Perfeição (photo by elfilm.com)

DEVE GANHAR: J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
DEVERIA GANHAR: J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
ZEBRA: Robert Duvall (O Juiz)

ESNOBADO: Riz Ahmed (O Abutre)

Não importa o quanto você tenha gostado da performance de Edward Norton ou Mark Ruffalo, o Oscar é de J.K. Simmons, e com méritos. Toda grande atuação começa com um bom papel e o monstruoso professor de música Fletcher que usa torturas psicológicas como método de ensino é um material de primeira qualidade, que caiu como uma luva para Simmons. Apesar de apresentar semelhanças com o chefe do Homem-Aranha, J.J. Jameson, em termos de rabugice, em Whiplash, ele consegue humanizar o personagem na sequência em que ele toca piano num pub. Como se não bastasse, a Academia adora um personagem durão que rouba a cena. Foi assim com Louis Gossett Jr. em A Força do Destino e Jack Palance em Amigos, Sempre Amigos conseguiram seus Oscars de coadjuvante.

Quanto a Norton, fico feliz que ele tenha conseguido sua terceira indicação depois de 16 anos! No final dos anos 90, ele foi considerado um dos mais promissores talentos em Hollywood após as indicações por As Duas Faces de um Crime em 1997 e A Outra História Americana em 1999, além de ter atuado no cult Clube da Luta. Em Birdman, ele desempenha uma tarefa complicada: interpretar um ator egocêntrico sem cair no clichê. Pena que seu personagem não teve mais participação na segunda metade do filme, pois merecia mais destaque.

Já Ruffalo… o que dizer? É um ator sutilmente multifacetado, que cedo ou tarde terá seu Oscar. Por Foxcatcher, assim como seu colega Channing Tatum, teve intenso treinamento de wrestling, ganhando massa muscular, mas também foi responsável pelo equilíbrio da história ao trazer uma boa dose de humanismo ao universo frio do multimilionário John Du Pont. Esta é sua segunda indicação depois de Minhas Mães e Meu Pai (2010).

Agora, no quesito humanismo, Ethan Hawke tira de letra em Boyhood. Ele pode ser um pai ausente para Mason, mas nos momentos em que volta, consegue compensá-lo e colaborar bastante em seu amadurecimento como homem. É um pai que todo garoto gostaria de ter, que conta os segredos de pegar meninas e bebe junto. E como Hawke já é um colaborador assíduo do diretor Richard Linklater, percebe-se nitidamente que ele está completamente à vontade no papel ao longo dos 12 anos do projeto. Sua vitória seria uma grata surpresa.

E Robert Duvall basicamente está na lista para dar uma credibilidade de veterano. Não que ele esteja mal em O Juiz, mas se fosse um ano mais disputado, ele poderia não estar na lista. Ainda pra sorte de Duvall, não houve muitos esnobados este ano.

A performance do novato Riz Ahmed como o ingênuo aprendiz Rick em O Abutre foi bastante simbólica. Ele representa toda uma classe de imigrantes latinos que lutam por oportunidades de empregos nos EUA ao mesmo tempo em que coletam migalhas para sobreviver. Uma indicação certamente deslancharia sua carreira, mas se ele fizer as escolhas certas nos próximos projetos, ele tem tudo para crescer em Hollywood.

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Indicadas:

– Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude)
– Laura Dern (Livre)
– Keira Knightley (O Jogo da Imitação)
– Emma Stone (Birdman)
– Meryl Streep (Caminhos da Floresta)

Patricia Arquette com o pequeno Ellar Coltrane em cena de Boyhood: Da Infância à Juventude

Patricia Arquette em Boyhood: Da Infância à Juventude (photo by outnow.ch)

DEVE GANHAR: Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude)
DEVERIA GANHAR: Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude)
ZEBRA: Meryl Streep (Caminhos da Floresta)

ESNOBADA: Jessica Chastain (O Ano Mais Violento) e Tilda Swinton (Expresso do Amanhã)

Patricia Arquette ganhou todos os prêmios que podia como atriz coadjuvante, tanto que as concorrentes já devem ir ao Oscar cientes de que vão ficar sentadas nas poltronas. Caso o filme não fosse sobre o crescimento do menino Mason (Ellar Coltrane), Arquette facilmente seria o centro de tudo. Sua personagem passa por maus bocados mas sempre com a cabeça erguida como uma representante da mulher do século XXI. Sua cena mais marcante, obviamente, é aquela em que se indigna com a saída do filho para a faculdade: “Então é só isso? Achei que havia mais…” – é de cortar o coração.

Entre as demais candidatas, Emma Stone consegue extrair uma vulnerabilidade de sua personagem sarcástica, mantendo uma postura misteriosa sobre seu passado com as drogas depois que seu pai a abandonou. Talvez não seja material de Oscar, mas sua interpretação ajuda Birdman a construir um belo mosaico de personagens.

Não gosto muito de Livre, mas ao sair da sessão, fiquei com o pensamento de que Laura Dern merecia mais tempo de tela. Sua personagem, uma mãe que descobre ter câncer quando planeja recomeçar a vida, só aparece em flashbacks curtos. E aí fica a impressão de que a Academia só a indicou pelo papel (e o sobrenome), e não pela atuação. Dern faz o que pode nos minutos que tem, mas não passa de uma memória da protagonista vivida por Reese Witherspoon.

Não gosto de botar Meryl Streep no patamar de zebra, mas neste caso, ela faz o mesmo papel de Robert Duvall: dar credibilidade à categoria com toda sua experiência. Seu melhor momento no musical Caminhos da Floresta é quando canta “Stay With Me”, quando demonstra uma vulnerabilidade, e obviamente, a transformação de Streep como a bruxa com a ajuda da maquiagem já chama a atenção, mas tudo isso não é o suficiente para ganhar uma quarta estatueta do Oscar. Esta é sua 19ª indicação. Alguém duvida que ela ultrapassa as 20?

Assim como em 2011, quando Jessica Chastain teve vários trabalhos lançados no mesmo ano e acabou indicada por Histórias Cruzadas, em 2014, ela também estrelou várias produções como Interestelar, Miss Julie, Dois Lados do Amor e O Ano Mais Violento, pelo qual ganhou o prêmio de coadjuvante no National Board of Review (NBR), então por que não uma nova indicação? De qualquer forma, Chastain também é daqueles talentos que já tem seu Oscar garantido no futuro… E Tilda Swinton foi bastante elogiada pela ficção científica futurista Expresso do Amanhã, mas como a Academia não curte o gênero…

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

À esquerda, Ralph Fiennes como o concierge Gustave com o seu leal lobby boy Zero, interpretado por Tony Revolori (photo by outnow.ch)

À esquerda, Ralph Fiennes como o concierge Gustave com o seu leal lobby boy Zero, interpretado por Tony Revolori (photo by outnow.ch)

Indicados:

– Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
– Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris, Armando Bo (Birdman)
– E. Max Frye, Dan Futterman (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
– Wes Anderson, Hugo Guinness (O Grande Hotel Budapeste)
– Dan Gilroy (O Abutre)

DEVE GANHAR: Wes Anderson, Hugo Guinness (O Grande Hotel Budapeste)
DEVERIA GANHAR: Wes Anderson, Hugo Guinness (O Grande Hotel Budapeste)
ZEBRA: Dan Gilroy (O Abutre)

ESNOBADO: Andrey Zvyagintsev e Oleg Negin (Leviatã)

Embora o roteiro de Birdman tenha faturado alguns prêmios importantes como o Globo de Ouro, não chega à ótima elaboração de O Grande Hotel Budapeste com sua trama de assassinato que lembra uma Agatha Christie, mas com um humor que somente Wes Anderson conseguiria imprimir. Além disso, possui uma ampla gama de personagens interessantes que se cruzam em vários linhas narrativas. Como se não bastasse o Oscar que a Academia anda devendo a Anderson, ela adora tramas mirabolantes como a premiada de Assassinato em Gosford Park (2001).

Já os roteiros de Foxcatcher e O Abutre são sombrios demais para ganhar o Oscar. Claro que são bem escritos e defendidos por ótimos atores, mas não vejo a Academia os premiando. Já a presença de Boyhood aqui parece mais garantir que o filme seja premiado de alguma forma do que propriamente pela qualidade do roteiro. Talvez se a campanha de Leviatã fosse mais forte, seus roteiristas poderiam concorrer ao Oscar de roteiro original também. Eles conseguem fazer uma ótima metáfora de uma história bíblica de Jó ao adaptá-la para a Rússia dos dias de hoje, comandada por Vladimir Putin e a Igreja. O filme levou o prêmio de roteiro no último Festival de Cannes.

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

Keira Knightley (The Imitation Game) - photo by outnow.ch

Keira Knightley, Benedict Cumberbatch em cena de O Jogo da Imitação– photo by outnow.ch

Indicados:

– Jason Hall (Sniper Americano)
– Paul Thomas Anderson (Vício Inerente)
– Graham Moore (O Jogo da Imitação)
– Anthony McCarten (A Teoria de Tudo)
– Damien Chazelle (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

DEVE GANHAR: Graham Moore (O Jogo da Imitação)
DEVERIA GANHAR: Damien Chazelle (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
ZEBRA: Jason Hall (Sniper Americano)

ESNOBADO: James Gunn e Nicole Perlman (Guardiões da Galáxia)

A campanha de O Jogo da Imitação foi boa, o que resultou em 8 indicações ao Oscar, mas na prática mesmo, nenhum prêmio está garantido. A única indicação que está mais próxima de se concretizar em uma estatueta é a de roteiro adaptado, mesmo com suas incoerências que alguns sites adoram citar (como o fato de que a máquina decodificadora não foi criada propriamente por Alan Turing, mas por poloneses). Trata-se de uma ótima forma da Academia compensar o filme de não sair de mãos vazias da cerimônia.

Contudo, em termos de roteiro, ainda prefiro o de Damien Chazelle. Claro que de longe, pode parecer uma história boba de aprendizado de música, mas olhando à fundo, ele aborda temas muito mais profundos como a própria existência, a exploração do dom de cada um e a obsessão em alcançar um objetivo. Os diálogos entre Fletcher (J.K. Simmons) e Andrew (Miles Teller) estão afiadíssimos e seus atores devem muito ao roteiro. Curiosidade: o filme originalmente concorria ao Oscar de roteiro original, mas a Academia considerou-o como roteiro adaptado depois que descobriu que houve um curta de mesmo nome em 2013 do mesmo diretor.

Eu poderia colocar o roteiro de Gillian Flynn (Garota Exemplar) ou Nick Hornby (Livre) como um dos esnobados, mas preferi incluir a adaptação dos quadrinhos de Guardiões da Galáxia. O universo dos personagens da Marvel era até então meio secundário, mas o roteiro soube captar tão bem o espírito desse quadrinho, que acabou se tornando esse sucesso inquestionável.

MELHOR FOTOGRAFIA

Emmanuel Lubezki (Birdman) - photo by outnow.ch

Edward Norton e Emma Stone em cena de Birdman – photo by outnow.ch

Indicados:

– Emmanuel Lubezki (Birdman)
– Robert D. Yeoman (O Grande Hotel Budapeste)
– Lukasz Zal, Ryszard Lenczewski (Ida)
– Dick Pope (Sr. Turner)
– Roger Deakins (Invencível)

DEVE GANHAR: Emmanuel Lubezki (Birdman)
DEVERIA GANHAR: Robert D. Yeoman (O Grande Hotel Budapeste)
ZEBRA: Dick Pope (Sr. Turner)

ESNOBADO: Daniel Landin (Sob a Pele)

Emmanuel Lubezki pode ter ganhado seu primeiro Oscar no ano passado por Gravidade, mas seu trabalho em Birdman foi tão além de saber onde botar a câmera e iluminar, que seria quase impossível ele não ser devidamente recompensado. Birdman não seria Birdman sem os vários planos-sequência (cenas sem cortes) bem pensados por ele e o diretor Alejandro González Iñárritu. Curiosamente, ele já havia trabalhado bem plano-sequência na ficção científica de seu colaborador assíduo, Alfonso Cuarón, em Filhos da Esperança. Por Birdman, Lubezki ganhou seu 4º prêmios ASC (do sindicato dos diretores de fotografia) e o BAFTA.

Particularmente, prefiro os trabalhos mais plásticos de Lubezki como A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça ou A Árvore da Vida, por isso, meu voto pessoal vai pra bela fotografia de Robert D. Yeoman em O Grande Hotel Budapeste. O filme de Wes Anderson casa tudo tão bem no departamento artístico, que a fotografia não poderia ficar de fora. Já meu voto de coração vai pra Roger Deakins, um dos melhores diretores de fotografia ativos. Esta é sua 12ª indicação sem vitória, mas a campanha do filme Invencível não anda tão invencível assim. Uma pena mesmo…

Sei que é experimental demais pro Oscar, mas gosto da fotografia de Sob a Pele. Pode não ter o plasticismo todo, mas possui ótimos ângulos que reforçam ainda mais o estranhismo desse filme.

MELHOR MONTAGEM

Da esquerda para a direita: Lorelei Linklater, Ethan Hawke e Ellar Coltrane em Boyhood: Da Infância à Juventude (photo by elfilm.com)

Da esquerda para a direita: Lorelei Linklater, Ethan Hawke e Ellar Coltrane em Boyhood: Da Infância à Juventude (photo by elfilm.com)

Indicados:

– Joel Cox, Gary Roach (Sniper Americano)
– Sandra Adair (Boyhood: Da Infância à Juventude)
– Barney Pilling (O Grande Hotel Budapeste)
– William Goldenberg (O Jogo da Imitação)
– Tom Cross (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

DEVE GANHAR: Sandra Adair (Boyhood: Da Infância à Juventude)
DEVERIA GANHAR: Tom Cross (Whiplash: Em Busca da Perfeição)
ZEBRA: William Goldenberg (O Jogo da Imitação)

ESNOBADO: James Herbert e Laura Jennings (No Limite do Amanhã)

Como competir com um filme que teve material bruto de 12 anos para editar?? Seria até cruel por parte da Academia não premiar o trabalhoso esforço da montadora Sandra Adair em Boyhood. Claro que não premiariam apenas por quilometragem de película editada, mas Adair acerta o ritmo do filme, pois não se percebe que são quase 3 horas de duração, e na não-inclusão de legendas de tempo decorrido (tipo “1 ano depois”), o que certamente prejudicaria o bom andamento do longa.

Meu favorito indubitável é o trabalho de Tom Cross em Whiplash. Além de ter uma baita dor de cabeça para sincronizar todo aquele jazz com os cortes de forma mais imperceptível possível, ele criou um ritmo meio experimental que o tira do lugar comum dos filmes sobre música. Acho que está tão bem casado o tema com a montagem, que não vejo Whiplash nascer sem esses cortes.

As montagens de Sniper Americano e O Jogo da Imitação são boas. Basicamente, elas estão aí porque brincam com flashbacks. Coloquei William Goldenberg como azarão porque ele ganhou recentemente com Argo. Agora, poderiam ter incluído a bem elaborada montagem de No Limite do Amanhã. Claro que tem muito de Feitiço do Tempo, mas sem aquela montagem de repetição bem executada, o filme certamente falharia feio. Foi um dos filmes blockbusters mais elogiados de 2014, por que não inclui-lo na competição?

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

O belo trabalho de Adam Stockhausen em O Grande Hotel Budapeste (photo by elfilm.com)

O belo trabalho de Adam Stockhausen em O Grande Hotel Budapeste (photo by elfilm.com)

Indicados:

– Adam Stockhausen e Anna Pinnock (O Grande Hotel Budapeste)
– Maria Djurkovic e Tatiana Macdonald (O Jogo da Imitação)
– Nathan Crowley e Gary Fettis (Interestelar)
– Dennis Gassner e Anna Pinnock (Caminhos da Floresta)
– Suzie Davies e Charlotte Watts (Sr. Turner)

DEVE GANHAR: Adam Stockhausen e Anna Pinnock (O Grande Hotel Budapeste)
DEVERIA GANHAR: Adam Stockhausen e Anna Pinnock (O Grande Hotel Budapeste)
ZEBRA: Dennis Gassner e Anna Pinnock (Caminhos da Floresta)

Todos os trabalhos de design de produção têm suas peculiaridades. Caminhos da Floresta busca adaptar para o cinema a peça teatral da Broadway, usando árvores retorcidas fabricadas manualmente e alguns achados de locação como a torre da Rapunzel. A arte de Sr. Turner se baseia na palheta de cores das pinturas do próprio J.M.W. Turner para recriar seu estúdio. O design de O Jogo da Imitação se baseia em alguns desenhos do próprio Alan Turing e de sua máquina “Christopher”, e ao contrário da maioria dos filmes sobre a Segunda Guerra Mundial, apresenta cores mais quentes e vivas.

Interestelar tem toda aquela base secreta do lançamento da nave, a nave em si, o ambiente rural e dos planetas visitados pelos astronautas. Mas se for comparar ao design caprichadíssimo de O Grande Hotel Budapeste, seria covardia para os demais concorrentes. Não bastasse toda a decoração típica de hotéis de luxo do início do século XX, tem toda uma pesquisa das pinturas para preencher todas aquelas paredes. E o hotel em si é um personagem do filme. Não tem como bater isso.

MELHOR FIGURINO

Figurinos de Milena Canonero para O Grande Hotel Budapeste (photo by outnow,ch)

Figurinos de Milena Canonero para O Grande Hotel Budapeste (photo by outnow,ch)

Indicados:

– Milena Canonero (O Grande Hotel Budapeste)
– Mark Bridges (Vício Inerente)
– Colleen Atwood (Caminhos da Floresta)
– Anna B. Sheppard (Malévola)
– Jacqueline Durran (Sr. Turner)

DEVE GANHAR: Milena Canonero (O Grande Hotel Budapeste)
DEVERIA GANHAR: Milena Canonero (O Grande Hotel Budapeste)
ZEBRA: Colleen Atwood (Caminhos da Floresta)

ESNOBADO: Sonia Grande (Magia ao Luar)

Normalmente, o vencedor desta categoria apresenta figurinos de época e que tenham um peso na trama como Memórias de uma Gueixa ou Maria Antonieta, aliás, desenhados pela indicada e favorita Milena Canonero. O que dizer da figurinista que trabalhou e aprendeu com o mestre perfeccionista Stanley Kubrick? Ela já ganhou o Oscar três vezes, e se ganhar, pode se tornar a recordista viva com 4, batendo Sandy Powell e Colleen Atwood. A recordista de todos os tempos, obviamente, é a icônica Edith Head, com 8 Oscars.

Aqui a competição não tem muita força. E mesmo aqueles que teriam, os figurinistas já ganharam o Oscar anteriormente como Mark Bridges ou Jacqueline Durran. Apenas Anna B. Shepard não levou seu Oscar ainda, mas com Malévola será muito improvável sua primeira vitória.

MELHOR MAQUIAGEM E CABELO

Tilda Swinton como Madame D. em O Grande Hotel Budapeste (photo by outnow.ch)

Tilda Swinton como Madame D. em O Grande Hotel Budapeste (photo by outnow.ch)

Indicados:

– Bill Corso, Dennis Liddiard (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
– Frances Hannon e Mark Coulier (O Grande Hotel Budapeste)
– Elizabeth Yanni-Georgiou e David White (Guardiões da Galáxia)

DEVE GANHAR: O Grande Hotel Budapeste
DEVERIA GANHAR: O Grande Hotel Budapeste
ZEBRA: Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo

ESNOBADO: Noé

Muita gente deve estar pensando que a maquiagem feita em Tilda Swinton (na foto acima) é o único motivo do filme ganhar o Oscar da categoria. Claro que este seria o ápice da transformação, pois é a mais evidente, mas os maquiadores Frances Hannon e Mark Coulier se encarregaram de transformar quase todos os atores em seus devidos personagens, seja com um bigode, uma peruca ou uma cicatriz no rosto. Vale lembrar que Coulier já ganhou o Oscar por A Dama de Ferro em 2012.

E o que dizer de Foxcatcher? Uma prótese de nariz vale uma indicação ao Oscar? Se fosse assim, o nariz de Nicole Kidman em As Horas também merecia… Aliás, muita gente anda dizendo que Steve Carell no filme está a versão em carne e osso do personagem Gru, que ele dublou em Meu Malvado Favorito! Tudo bem que este ano a competição está fraca, mas poderiam ter indicado Noé pela quantidade de atores ou até mesmo O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro pelos vilões maquiados.

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL

Alexandre Desplat tem 5 trilhas elegíveis este ano. O homem mais compõe do que dorme (photo by nytimes.com)

Alexandre Desplat concorre por O Grande Hotel Budapeste e O Jogo da Imitação (photo by nytimes.com)

Indicados:

– Alexandre Desplat (O Grande Hotel Budapeste)
– Alexandre Desplat (O Jogo da Imitação)
– Jóhann Jóhannsson (A Teoria de Tudo)
– Gary Yershon (Sr. Turner)
– Hans Zimmer (Interestelar)

DEVE GANHAR: Alexandre Desplat (O Grande Hotel Budapeste)
DEVERIA GANHAR: Jóhann Jóhannsson (A Teoria de Tudo)
ZEBRA: Gary Yershon (Sr. Turner)

ESNOBADO: Mica Levi (Sob a Pele)

Apesar de ser um baita azar ser duplamente indicado no mesmo ano (o compositor John Williams perdeu por Memórias de uma Gueixa e Munique em 2007, e por A.I. – Inteligência Artificial e Harry Potter e a Pedra Filosofal em 2002), vou apostar em uma vitória do duplamente indicado Alexandre Desplat. Ele é um dos melhores compositores em atuação, tanto que estas são suas sétima e oitava indicações sem vitória.

No Globo de Ouro, Jóhann Jóhannsson levou a melhor pela bela e multi-instrumental trilha de A Teoria de Tudo, mas Desplat o bateu no BAFTA. Quem sabe não é este ano, né? Não conheço a trilha de Sr. Turner, mas poderiam indicar a trilha do jovem Mica Levi do estranhíssimo Sob a Pele, de Jonathan Glazer. Sei que seu tom é altamente experimental para o Oscar, mas não vejo o filme sem essa trilha…

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

Indicados:

– “Everything is Awesome”, de Shawn Patterson (Uma Aventura Lego)
– “Glory”, de John Stephens e Lonnie Lynn (Selma: Uma Luta Pela Igualdade)
– “Grateful”, de Diane Warren (Além das Luzes)
– “I’m Not Gonna Miss You”, de Glen Campbell e Julian Raymond (Glen Campbell… I’ll Be Me)
– “Lost Stars”, de Gregg Alexander e Danielle Brisebois (Mesmo Se Nada Der Certo)

DEVE GANHAR: “Glory”, de John Stephens e Lonnie Lynn (Selma: Uma Luta Pela Igualdade)
DEVERIA GANHAR: “Glory”, de John Stephens e Lonnie Lynn (Selma: Uma Luta Pela Igualdade)
ZEBRA: “Grateful”, de Diane Warren (Além das Luzes)

Se “Glory” já era favorita antes quando artistas mais famosos estavam na disputa como Lorde (por Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1) e Lana Del Rey (por Grandes Olhos), imagina sem elas no páreo? Ouvi recentemente as demais canções que estão concorrendo e apenas a de Selma: Uma Luta por Igualdade tem cara de Oscar. A “I’m Not Gonna Miss You” de Glen Campbell… I’ll Be Me é bonita e “Everything is Awesome” de Uma Aventura Lego é divertida, mas não tem como ganhar. Vale lembrar que Selma foi indicado a Melhor Filme e Melhor Canção Original.

MELHOR SOM

Cena com Milles Teller e J.K. Simmons de Whiplash: Em Busca da Perfeição, de Damien Chazelle. (photo by outnow.ch)

Cena com Milles Teller e J.K. Simmons de Whiplash: Em Busca da Perfeição, de Damien Chazelle. (photo by outnow.ch)

Indicados:

– John Reitz, Gregg Rudloff e Walt Martin (Sniper Americano)
– Jon Taylor, Frank A. Montaño e Thomas Varga (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
– Gary A. Rizzo, Gregg Landaker e Mark Weingarten (Interestelar)
– Jon Taylor, Frank A. Montaño e David Lee (Invencível)
– Craig Mann, Ben Wilkins e Thomas Curley (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

DEVE GANHAR: Whiplash: Em Busca da Perfeição
DEVERIA GANHAR: Interestelar
ZEBRA: Invencível

ESNOBADO: Guardiões da Galáxia

Embora Interestelar corra sério risco de sair da cerimônia do Oscar sem ganhar nada, ainda acredito que a Academia possa compensar com uma vitória em Melhor Som. Prêmio de consolo? Talvez. Mas pelo menos o filme vai sair como “vencedor do Oscar” e não apenas indicado. Além disso, o som é a melhor qualidade de Interestelar. Os fãs do filme que me perdoem.

Apesar de ser uma produção bem menor do que Interestelar, Whiplash já faturou o prêmio de Melhor Som no BAFTA, provando que os votantes avaliam a qualidade técnica de fato. Por se tratar de um filme sobre música, é imprescindível que o som esteja de melhor nível, pois os personagens são extremamente exigentes em relação a isso. Outro fator que ajuda Whiplash: os musicais são costumeiramente premiados nesta categoria como Chicago, Ray, Dreamgirls e Os Miseráveis.

MELHORES EFEITOS SONOROS

Bradley Cooper em cena de Sniper Americano (photo by cinemagia.ro)

Bradley Cooper em cena de Sniper Americano (photo by cinemagia.ro)

Indicados:

– Alan Robert Murray e Bub Asman (Sniper Americano)
– Martin Hernández e Aaron Glascock (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
– Brent Burge e Jason Canovas (O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos)
– Richard King (Interestelar)
– Becky Sullivan e Andrew DeCristofaro (Invencível)

DEVE GANHAR: Sniper Americano
DEVERIA GANHAR: Sniper Americano
ZEBRA: O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos

ESNOBADO: Capitão América 2: O Soldado Invernal

A Academia gosta de premiar filmes de ação nesta categoria. Para citar exemplos recentes: 007 – Operação Skyfall, A Hora Mais Escura e A Origem. Sons criados em estúdio como tiros de metralhadoras, explosões de bombas e batidas de carros são bem reconhecidos, então Sniper Americano sai em ligeira vantagem por se tratar de um filme que se passa em campo de guerra. Mas não dá pra ignorar a forte possibilidade de Richard King ganhar sua terceira estatueta por um filme de Christopher Nolan. Se tem algo inquestionavelmente bom em Interestelar, são seus efeitos sonoros, tanto que todo mundo recomendou assistir ao filme numa sala IMAX. Já a terceira e última parte da trilogia de O Hobbit fica com o posto de zebra, pois foi a única indicação que a produção recebeu.

MELHORES EFEITOS VISUAIS

Cena de Interestelar (photo by outnow.ch)

Cena de Interestelar (photo by outnow.ch)

Indicados:

– Capitão América: O Soldado Invernal
– Planeta dos Macacos: O Confronto
– Guardiões da Galáxia
– Interestelar
– X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

DEVE GANHAR: Interestelar
DEVERIA GANHAR: Planeta dos Macacos: O Confronto
ZEBRA: X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

ESNOBADO: O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos

Depois que o primeiro filme do reboot de Planeta dos Macacos perdeu injustamente em 2012, fico na dúvida se o segundo filme não vai trilhar o mesmo caminho. Se a Academia quiser compensar ainda mais o filme de Christopher Nolan, eis aí um prêmio possível para suas imagens de planetas distantes e naves gigantes. Na briga entre os dois, pode sobrar também para o mega-sucesso de 2014: Guardiões da Galáxia.

MELHOR DOCUMENTÁRIO

Edward Snowden em Citizenfour (photo by outnow.ch)

Edward Snowden em Citizenfour (photo by outnow.ch)

Indicados:

– CitizenFour
– A Fotografia Oculta de Vivian Maier
– Last Days in Vietnam
– O Sal da Terra
– Virunga

DEVE GANHAR: Citizenfour
DEVERIA GANHAR: Virunga
ZEBRA: Last Days in Vietnam

ESNOBADO: Life Itself – A Vida de Roger Ebert

Elogiado desde o início da temporada de premiações, o documentário sobre Edward Snowden, Citizenfour, vem conquistando inúmeros prêmios, inclusive o DGA para sua diretora Laura Poitras. Mas nem tudo são rosas. Nos últimos anos, a Academia tem pregado algumas peças nesta categoria, trocando os favoritos por surpresas nem sempre agradáveis como no ano passado, quando o fraco A Um Passo do Estrelato bateu o surpreendente O Ato de Matar.

Nesse sentido, o segundo filme mais premiado, A Fotografia Oculta de Vivian Maier pode prevalecer ou até mesmo Virunga, produzido pela Netflix, um ótimo documentário sobre os gorilas de montanhas extintos no Congo. O documentário sobre o fotógrafo Sebastião Salgado, O Sal da Terra, só não fica entre as zebras porque tem Wim Wenders como diretor. Em sua terceira indicação sem vitória, o Oscar pode sobrar pra ele.

MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA

Cena de Our Curse (photo by nyt.com)

Cena de Our Curse (photo by nyt.com)

Indicados:

– Crisis Hotline: Veterans Press 1
– Joanna
– Our Curse
– The Reaper (La Parka)
– White Earth

Talvez a categoria mais imprevisível de todas. Normalmente, vale apostar naquele cujo tema tem doenças, guerras ou… acertou! judeus. Crisis Hotline: Veterans Press 1 é sobre veteranos de guerra, Our Curse é sobre o filho dos diretores do curta que tem uma doença incurável. Já Joanna e The Reaper tratam do tema morte, mas enquanto o primeiro é de forma poética, o segundo aborda de forma mais crua com o protagonista que trabalha há 25 anos num matadouro. E White Earth lida com a velha temática do racismo. Em termos de premiação, todos estão muito nivelados, então ninguém sai em vantagem aqui.

MELHOR CURTA-METRAGEM

Cena de The Phone Call (photo by cloudfront.net)

Cena de The Phone Call com Sally Hawkins (photo by cloudfront.net)

Indicados:

– Aya
– Boogaloo and Graham
– Butter Lamp (La Lampe au Beurre de Yak)
– Parvaneh
– The Phone Call

Boogaloo and Graham pode ter ganhado o BAFTA de curta, mas se tem um trabalho que ganhou prêmios este foi Butter Lamp. Até o momento, levou 22 prêmios! Mas não podemos esquecer que o curta The Phone Call tem nomes famosos no elenco como Sally Hawkins e Jim Broadbent. Ah! Vale ressaltar aqui que a montadora do curta Boogaloo and Graham é brasileira. Lívia Serpa já trabalhou inclusive com Walter Salles em Linha de Passe.

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO

Cena de O Banquete (photo by outnow.ch)

Cena de O Banquete (photo by outnow.ch)

Indicados:

– The Bigger Picture
– The Dam Keeper
– O Banquete (Feast)
– Me and My Moulton
– A Single Life

The Bigger Picture ganhou o BAFTA, enquanto O Banquete levou o Annie Awards de melhor curta de animação. Assim com as demais categorias de curtas, é complicado prever qual pode ganhar. De todos os indicados, apenas A Single Life não foi indicado a mais nada, o que teoricamente enfraquece sua campanha.

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO

Princesa Kaguya (photo by outnow.CH)

O Conto da Princesa Kaguya (photo by outnow.CH)

Indicados:

– Operação Big Hero
– Os Boxtrolls
– Como Treinar o seu Dragão 2
– Song of the Sea
– O Conto da Princesa Kaguya

DEVE GANHAR: O Conto da Princesa Kaguya
DEVERIA GANHAR: O Conto da Princesa Kaguya
ZEBRA: Os Boxtrolls

ESNOBADO: Uma Aventura Lego

Cara, eu posso estar viajando, mas como não tem Uma Aventura Lego, que era o franco-favorito, e nem um filme da Pixar que costuma papar tudo, vou apostar no filme japonês O Conto da Princesa Kaguya. Vi o trailer e achei lindíssimo. Sou fã de animações em 2D, então sou meio suspeito pra defender. Além disso, vale lembrar que o mestre da animação Hayao Miyazaki vai estar na cerimônia pra receber o Oscar Honorário. Seria uma ótima dobradinha nipônica, hein?

Caso não role, eu apostaria em Song of the Sea do irlandês Tomm Moore. Acho que com a saída dos favoritos, a Academia tem liberdade total de apostar em algo diferente este ano. Por que não sair do lugar comum? Como Treinar Seu Dragão 2 não tem sido aquela unanimidade entre os críticos.

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

O polonês Ida, de Pawel Pawlikowski. Temática judia leva vantagem automática. (photo by outnow.ch)

O polonês Ida, de Pawel Pawlikowski. Temática judia leva vantagem automática. (photo by outnow.ch)

Indicados:

– Ida, de Pawel Pawlikowski (POLÔNIA)
– Leviatã, de Andrey Zvyagintsev (RÚSSIA)
– Tangerines, de Zaza Urushadze (ESTÔNIA)
– Timbuktu, de Abderrahmane Sissako (MAURITÂNIA)
– Relatos Selvagens, de Damián Szifrón (ARGENTINA)

DEVE GANHAR: Ida
DEVERIA GANHAR: Leviatã ou Relatos Selvagens
ZEBRA: Tangerines

ESNOBADO: Força Maior (SUÉCIA)

Eu deveria amar esta categoria, mas por insistirem em manter regras arcaicas com votantes idosos e judeus para definir a melhor produção em língua estrangeira, acho pra lá de injusto. Quantos filmes excelentes deixaram de ser premiados por votos conservadores ao extremo? Só pra citar alguns recentes: Cidade de Deus, A Pele que Habito e Azul é a Cor Mais Quente.

Mas na atual conjuntura, nada me resta a não ser eleger o possível vencedor. Filme polonês com temática judaica? Entrega logo o Oscar para Ida! Não que Ida seja um filme ruim. Nada disso. É bom, mas é quadrado demais. Eu votaria no russo Leviatã, que capta bem a Rússia de Putin, ou o delicioso Relatos Selvagens, provando mais uma vez que o cinema argentino está à anos-luz do cinema brasileiro.

***

Acompanhe o Oscar pela TNT a partir das 20h30 (tapete vermelho). Não dêem audiência pra Globo, pois ela prefere passar aquela draga de Big Brother e fazer o público perder os primeiros prêmios da cerimônia.

‘Birdman’ surpreende e leva o PGA Awards 2015

O diretor e produtor Alejandro González Iñárritu levanta o troféu do PGA Awards (photo by pmcdeadline2.files.wordpress.com)

O diretor e produtor Alejandro González Iñárritu levanta o troféu do PGA Awards por Birdman (photo by pmcdeadline2.files.wordpress.com)

‘BIRDMAN’ GANHA FORÇAS APÓS A CONQUISTA DO PGA E AMEAÇA REINADO DE ‘BOYHOOD’

Quando todos os indicativos apontavam para o favoritismo de Boyhood: Da Infância à Juventude, eis que surge o PGA Awards que premiando Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) para intensificar ainda mais a disputa para o Oscar.

Birdman competia com Sniper Americano, Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo, Garota Exemplar, O Grande Hotel Budapeste, O Jogo da Imitação, O Abutre, A Teoria de Tudo, Whiplash: Em Busca da Perfeição, além de Boyhood.

O diretor e produtor do filme, Alejandro González Iñárritu, subiu ao palco para receber o prêmio. “Eles querem que eu fale pra que todos riam do meu Inglês horrível! Em nome de todos nós (os demais produtores John Lesher e James W. Skotchdopole), nossa única ambição era fazer um filme arriscado e experimental que explorasse a linguagem cinematográfica sobre a complexidade de um artista interpretado pelo incrível Michael Keaton.”

A respeito da competição, Iñárritu acrescentou: “Sinto-me humilde por este prêmio. Todos os filmes que estão indicados têm uma voz tão individual, a expressão por trás deles, somente as pessoas que as fizeram poderiam tê-las feito.”

A vitória de Birdman certamente significa um reforço na campanha do filme na disputa pelo Oscar, especialmente se levarmos em conta as estatísticas do PGA em relação ao prêmio da Academia. Em seus 25 anos de história, 18 filmes vencedores do PGA também levaram o Oscar de Melhor Filme. E vale ressaltar que o vitorioso coincidiu nos últimos sete anos:

2014 – PGA: 12 Anos de Escravidão E Gravidade (o primeiro empate da história); Oscar: 12 Anos de Escravidão
2013 – PGA e Oscar: Argo 
2012 – PGA e Oscar: O Artista
2011 – PGA e Oscar: O Discurso do Rei
2010 – PGA e Oscar: Guerra ao Terror
2009 – PGA e Oscar: Quem Quer Ser um Milionário?
2008 – PGA e Oscar: Onde os Fracos Não Têm Vez

A última vez que os vencedores não bateram foi em 2007, quando Pequena Miss Sunshine levou o PGA, enquanto a Academia preferiu o filme de Martin Scorsese, Os Infiltrados.

O produtor de Uma Aventura Lego, Dan Lin, discursa pela vitória da animação (photo by Mark Davis/Getty Images)

O produtor de Uma Aventura Lego, Dan Lin, discursa pela vitória da animação (photo by Mark Davis/Getty Images)

Pela categoria de produção de animação, Uma Aventura Lego ganhou e vingou sua ausência na lista do Oscar de animação. Sua vitória não ajuda muito a prever um vencedor na categoria do Oscar, pois era considerado o favorito até as indicações saírem. Apesar de Como Treinar o Seu Dragão 2 ter ganhado o Globo de Ouro, a corrida permanece em aberto, podendo ir pela segunda vez a uma produção estrangeira caso o irlandês Song of the Sea ou o japonês O Conto da Princesa Kaguya vença.

Caso semelhante acontece na categoria de Produção de Documentário, pois o vencedor Life Itself – A Vida de Roger Ebert sequer foi indicado ao Oscar, abrindo espaço para o favoritismo do polêmico Citizenfour, ou até de A Fotografia Oculta de Vivian Maier e O Sal da Terra, sobre o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado.

Já pela TV, as séries Breaking Bad e Orange is the New Black levaram Melhor Produção em Série de TV Dramática e de Comédia, respectivamente, enquanto Fargo levou Melhor Minissérie.

J.K. Simmons entrega o prêmio de Melhor Série de Comédia para o produtor Mark A. Burley de Orange is the New Black (photo by Mark Davis/Getty Images)

J.K. Simmons entrega o prêmio de Melhor Série de Comédia para o produtor Mark A. Burley de Orange is the New Black (photo by Mark Davis/Getty Images)

Segue lista completa dos vencedores do PGA Awards 2015:

MELHOR PRODUÇÃO EM FILME
BIRDMAN OU (A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA) (Birdman) – Fox Searchlight Pictures
Produtores: Alejandro G. Iñárritu, John Lesher, James W. Skotchdopole

MELHOR PRODUÇÃO EM ANIMAÇÃO
UMA AVENTURA LEGO (The LEGO Movie) – Warner Bros. Pictures
Produtor: Dan Lin

MELHOR PRODUÇÃO EM DOCUMENTÁRIO
LIFE ITSELF – A VIDA DE ROGER EBERT (Life Itself) – Magnolia Pictures
Produtores: Garrett Basch, Steve James, Zak Piper

MELHOR SÉRIE DE LONGA-DURAÇÃO OU FILME PARA TV
Fargo (FX)
Produtores: Adam Bernstein, John Cameron, Ethan Coen, Joel Coen, Michael Frislev, Noah Hawley, Warren Littlefield, Chad Oakes, Kim Todd

MELHOR SÉRIE EPISÓDICA – DRAMA
Breaking Bad (AMC)
Produtores: Melissa Bernstein, Sam Catlin, Bryan Cranston, Vince Gilligan, Peter Gould, Mark Johnson, Stewart Lyons, Michelle MacLaren, George Mastras, Diane Mercer, Thomas Schnauz, Moira Walley-Beckett

MELHOR SÉRIE EPISÓDICA – COMÉDIA
Orange Is The New Black (Netflix)
Produtores: Mark A. Burley, Sara Hess, Jenji Kohan, Gary Lennon, Neri Tannenbaum, Michael Trim, Lisa I. Vinnecour

MELHOR PRODUÇÃO DE NÃO-FICÇÃO DE TELEVISÃO
COSMOS: A SpaceTime Odyssey (FOX/NatGeo)
Produtores: Brannon Braga, Mitchell Cannold, Jason Clark, Ann Druyan, Livia Hanich, Steve Holtzman, Seth MacFarlane

MELHOR PRODUÇÃO DE COMPETIÇÃO DE TV
The Voice (NBC)
Produtores: Stijn Bakkers, Mark Burnett, John De Mol, Chad Hines, Lee Metzger, Audrey Morrissey, Jim Roush, Kyra Thompson, Mike Yurchuk, Amanda Zucker

MELHOR PRODUÇÃO DE ENTRETENIMENTO AO VIVO E ENTREVISTA
The Tonight Show Starring Jimmy Fallon (NBC)
Produtores: Rob Crabbe, Jamie Granet Bederman, Katie Hockmeyer, Jim Juvonen, Josh Lieb, Brian McDonald, Lorne Michaels, Gavin Purcell

MELHOR PROGRAMA DE ESPORTES
Real Sports With Bryant Gumbel (HBO)

MELHOR PROGRAMA INFANTIL
Sesame Street (PBS)

MELHOR SÉRIE DIGITAL
Comedians In Cars Getting Coffee (http://www.crackle.com/c/comedians-in-cars-getting- coffee)

 

Onde e Quando acompanhar os Indicados ao Oscar 2015

Chris Pine a presidente da Academia Cheryl Boone Isaacs anunciam os indicados ao Oscar (photo by http://cdn4.hoy.com.do)

Chris Pine a presidente da Academia Cheryl Boone Isaacs anunciam os indicados ao Oscar (photo by http://cdn4.hoy.com.do)

GUIA COMPLETO PARA CONFERIR OS INDICADOS AO OSCAR 2015

As indicações ao Oscar foram anunciadas no último dia 15 e você ainda não viu nenhum filme? Não se desespere! Ainda temos um mês pra cerimônia, e felizmente, já dá pra conferir muitos deles através de mídias (DVDs e Blu-rays) e alguns filmes que já estão em cartaz como é o caso de Whiplash: Em Busca da Perfeição, que coletou 5 indicações, e um dos favoritos Boyhood: Da Infância à Adolescência, que tem 6 indicações.

O filme de Richard Linklater estreou aqui no Brasil no final de outubro de 2014 e já estava quase saindo de cartaz. Contudo, graças às indicações ao Oscar, ganhou novo fôlego pra aguentar mais algumas semanas nas salas de cinema. Aqui em São Paulo, Boyhood está atualmente nas salas Cidade Jardim Cinemark, Cine Livraria Cultura 1, Eldorado Cinemark e Metrô Santa Cruz Cinemark. Como cinéfilo e frequentador dessas salas, recomendo o Cine Livraria Cultura, localizado no Conjunto Nacional na Avenida Paulista. Trata-se de uma sala grande, com poltronas grandes e confortáveis e um público que sabe respeitar uma projeção. Já as grandes redes como o Cinemark costumam tratar os filmes como meros produtos e seus frequentadores como meros pagadores.

Patricia Arquette com o pequeno Ellar Coltrane em cena de Boyhood: Da Infância à Juventude

Patricia Arquette com o pequeno Ellar Coltrane em cena de Boyhood: Da Infância à Juventude

Isso que eu acho bacana do Oscar, porque ele pode resgatar bons filmes do limbo e trazê-los de volta às salas de cinema. Aliás, poderiam passar O Grande Hotel Budapeste novamente, porque o filme de Wes Anderson merece uma projeção de qualidade para valorizar sua ótima fotografia e direção de arte. E gostaria que os distribuidores se esforçassem pra colocar alguns filmes em cartaz antes do Oscar como a animação japonesa O Conto da Princesa Kaguya, que é produzida pelo Studio Ghibli do homenageado com o Oscar Honorário desde ano, o mestre Hayao Miyazaki. Assim como o documentário Citizenfour sobre Edward Snowden, e claro, o novo filme de Mike Leigh, Sr. Turner, com 4 indicações.

Por outro lado, a ausência parcial ou total de indicações ao Oscar pode comprometer bastante a divulgação e lançamento de um filme aqui no Brasil. O novo longa de Paul Thomas Anderson, Vício Inerente, tinha tudo para estrear em janeiro, mas como conquistou apenas duas indicações (Roteiro Adaptado e Figurino), a distribuidora empurrou seu lançamento para final de março, ficando impossível de conferir o trabalho antes da cerimônia do Oscar, que acontece no dia 22 de fevereiro. Quer dizer, “impossível” de forma legal. Se você não se importar em fazer um download ou streaming, acredito que dá pra ver todos os indicados ao Oscar! Mas aí tem que se sujeitar às leis e muitas vezes às péssimas resoluções de imagem dos filmes.

Pra quem assina Netflix, vale a pena assistir à produção indicada a Melhor Documentário, Virunga. Trata-se de um ótimo filme que disseca a preservação dos últimos gorilas de montanhas que vivem no Parque Nacional de Virunga, num Congo em conflitos civis armados. É o segundo filme produzido pela Netflix a concorrer ao Oscar. Em 2014, The Square competiu na mesma categoria de Documentário.

Cena do documentário Virunga, sobre a proteção aos gorilas quase extintos do Congo (photo by outnow.ch)

Cena do documentário Virunga, sobre a proteção aos gorilas quase extintos do Congo (photo by outnow.ch)

DISPONÍVEIS EM BLU-RAY/DVD

Uma Aventura Lego (The Lego Movie)
1 indicação: Canção Original (“Everything is Awesome”)

Capitão América 2: O Soldado Invernal (Captain America: The Winter Soldier)
1 indicação: Efeitos Visuais

Como Treinar o Seu Dragão 2 (How to Train Your Dragon 2)
1 indicação: Animação

O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel)
9 indicações: Filme, Diretor (Wes Anderson), Roteiro Original, Fotografia, Montagem, Direção de Arte, Figurino, Maquiagem e Trilha Musical Original.

Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy)
1 indicação: Maquiagem e Efeitos Visuais.

Malévola (Maleficent)
1 indicação: Figurino

Mesmo Se Nada Der Certo (Begin Again)
1 indicação: Canção Original (“Lost Stars”)

Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes)
1 indicação: Efeitos Visuais

X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (X-Men: Days of Future Past)
1 indicação: Efeitos Visuais

Michael Fassbender em cena de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (photo by outnow.ch)

Michael Fassbender em cena de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (photo by outnow.ch)

DISPONÍVEL NO NETFLIX

Virunga
1 indicação: Documentário

FILMES EM CARTAZ NOS CINEMAS – com base na programação de São Paulo

O Abutre (Nightcrawler)
1 indicação: Roteiro Original

Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)
6 indicações: Filme, Diretor (Richard Linklater), Ator Coadjuvante (Ethan Hawke), Atriz Coadjuvante (Patricia Arquette), Roteiro Original, Montagem.

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (The Hobbit: The Battle of the Five Armies)
1 indicação: Efeitos Sonoros.

Ida (Ida)
2 indicações: Filme em Língua Estrangeira e Fotografia.

Interestelar (Interstellar)
5 indicações: Direção de Arte, Trilha Musical Original, Som, Efeitos Sonoros e Efeitos Visuais.

Invencível (Unbroken)
3 indicações: Fotografia, Som e Efeitos Sonoros.

Leviatã (Leviafan)
1 indicação: Filme em Língua Estrangeira.

Livre (Wild)
2 indicações: Atriz (Reese Whiterspoon) e Atriz Coadjuvante (Laura Dern).

Operação Big Hero (Big Hero 6)
1 indicação: Animação

Relatos Selvagens (Relatos Salvajes)
1 indicação: Filme em Língua Estrangeira.

Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash)
5 indicações: Filme, Ator Coadjuvante (J.K. Simmons), Roteiro Adaptado, Montagem e Som.

Miles Teller em ótima cena de Whiplash: Em Busca da Perfeição (photo by outnow.ch)

Miles Teller em ótima cena de Whiplash: Em Busca da Perfeição (photo by outnow.ch)

PREVISÃO DE ESTRÉIA – Datas previstas para São Paulo, que podem sofrer alterações de acordo com as distribuidoras

22/01: Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo (Foxcatcher)
5 indicações: Diretor (Bennett Miller), Ator (Steve Carell), Ator Coadjuvante (Mark Ruffalo), Roteiro Original e Maquiagem.

22/01: Timbuktu
1 indicação: Filme em Língua Estrangeira

25/01: Selma
2 indicações: Filme e Canção Original.

29/01: Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) (Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance)
9 indicações: Filme, Diretor (Alejandro González Iñárritu), Ator (Michael Keaton), Ator Coadjuvante (Edward Norton), Atriz Coadjuvante (Emma Stone), Roteiro Original, Fotografia, Montagem, Som e Efeitos Sonoros.

29/01: Caminhos da Floresta (Into the Woods)
3 indicações: Atriz Coadjuvante (Meryl Streep), Direção de Arte e Figurino.

29/01: O Jogo da Imitação (The Imitation Game)
8 indicações: Filme, Diretor (Morten Tyldum), Ator (Benedict Cumberbatch), Atriz Coadjuvante (Keira Knightley), Roteiro Adaptado, Montagem, Direção de Arte e Trilha Musical Original.

29/01: A Teoria de Tudo (The Theory of Everything)
5 indicações: Filme, Ator (Eddie Redmayne), Atriz (Felicity Jones), Roteiro Adaptado e Trilha Musical Original.

05/02: Dois Dias, Uma Noite (Deux Jours, Une Nuit)
1 indicação: Atriz (Marion Cotillard)

19/02: Sniper Americano (American Sniper)
6 indicações: Filme, Ator (Bradley Cooper), Roteiro Adaptado, Montagem, Som e Efeitos Sonoros.

26/02: Para Sempre Alice (Still Alice)
1 indicação: Atriz (Julianne Moore)

12/03: O Sal da Terra (The Salt of the Earth)
1 indicação: Documentário

26/03: Vício Inerente (Inherent Vice)
2 indicações: Roteiro Adaptado e Figurino.

O casal Stephen e Jane Hawking (Eddie Redmayne e Felicity Jones) em A Teoria de Tudo (photo by outnow.ch)

O casal Stephen e Jane Hawking (Eddie Redmayne e Felicity Jones) em A Teoria de Tudo (photo by outnow.ch)

FORA DE CARTAZ E AGUARDANDO LANÇAMENTO EM BLU-RAY/DVD

Os Boxtrolls (The Boxtrolls)
1 indicação: Animação

Garota Exemplar (Gone Girl)
1 indicação: Atriz (Rosamund Pike)

O Juiz (The Judge)
1 indicação: Ator Coadjuvante (Robert Duvall)

Os Boxtrolls (The Boxtrolls), de

Os Boxtrolls (The Boxtrolls)

SEM PREVISÃO DE ESTRÉIA (*caham!* Mas pra isso existe a internet…)

Além das Luzes (Beyond the Lights)
1 indicação: Canção Original (“Grateful”)

Citizenfour
1 indicação: Documentário

O Conto da Princesa Kaguya (Kaguyahime no Monogatari)
1 indicação: Animação

A Fotografia Oculta de Vivian Maier (Finding Vivian Maier)
1 indicação: Documentário

Glen Campbell: I’ll Be Me
1 indicação: Canção Original (“I’m Not Gonna Miss You”)

Last Days in Vietnam
1 indicação: Documentário

Song of the Sea
1 indicação: Animação

Sr. Turner (Mr. Turner)
4 indicações: Fotografia, Direção de Arte, Figurino e Trilha Musical Original.

Tangerines (Mandariinid)
1 indicação: Filme em Língua Estrangeira.

Minnie Driver com a novata Gugu em Além das Luzes (photo by cine.gr)

Minnie Driver com a novata Gugu Mbatha-Raw em Além das Luzes (photo by cine.gr)

A cerimônia do 87º Oscar será no dia 22 de fevereiro, e será transmitida pelo canal pago TNT.

‘Birdman’ e ‘O Grande Hotel Budapeste’ lideram indicações ao Oscar 2015!

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OS NÚMEROS DO OSCAR 2015

Os recordistas em indicações desta 87ª edição do Oscar são Birdman e O Grande Hotel Budapeste, ambos com nove cada. Ao contrário do que vinha acontecendo nos anos anteriores em que a Academia indicava 9 produções, este ano decidiu preencher apenas 8 vagas das 10 disponíveis. Curiosamente, o filme sobre Direitos Civis, Selma, conquistou apenas a indicação de Filme e de Canção Original. Por outro lado, o mega-ascendente Sniper Americano coletou um total de 6 indicações, mas seu diretor Clint Eastwood não foi incluso na categoria de Direção, enfraquecendo bastante as chances de vitória da produção como Melhor Filme. Enquanto que Foxcatcher conseguiu a proeza de resgatar Bennett Miller pra Melhor Diretor (pra muitos ele já era considerado carta fora do baralho), mas falhou na indicação a Melhor Filme! Pô, não poderiam ter indicado o filme também e ocupado a nona vaga?

Michael Keaton e Emma Stone em cena de Birdman: ambos foram indicados para ator e atriz coadjuvante. (photo by outnow.ch)

Michael Keaton e Emma Stone em cena de Birdman: ambos foram indicados para ator e atriz coadjuvante. (photo by outnow.ch)

Apesar de contar apenas com 6 indicações, Boyhood ainda permanece como um dos grandes favoritos a conquistar o Oscar de Filme e Direção. Também não dá pra descartar as oito indicações de O Jogo da Imitação, ainda mais que seu diretor Morten Tyldum foi indicado a Diretor.

Vale sempre ressaltar que Meryl Streep está de volta! Ela é a super-recordista em termos de indicações no Oscar das categorias de atuação, pois esta é sua 19ª indicação. Ela concorre como coadjuvante por Caminhos da Floresta, mas não é a favorita.

Meryl Streep (Caminhos da Floresta) - photo by elfilm.com

19ª indicação ao Oscar: só pode ser Meryl Streep (Caminhos da Floresta) – photo by elfilm.com

ANÚNCIO DOS INDICADOS

Pra quem não conseguiu acompanhar ao vivo, segue link do YouTube do canal oficial do Oscar:

Pela primeira vez, o anúncio abrangeu todas as 24 categorias e por isso, foi dividido em duas partes. Enquanto os diretores Alfonso Cuarón e J.J. Abrams se encarregaram das categorias mais técnicas, o ator Chris Pine e a presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs, encarregaram-se das categorias principais.

SURPRESAS

Com a ascensão de Sniper Americano, não seria uma mega-surpresa ver o nome de Bradley Cooper na categoria de Ator. Sinceramente, acho que fiquei mais surpreso ao ver a exclusão de Clint Eastwood como Diretor do que a inclusão de Cooper como Ator. Bom, a Academia adora Bradley, tanto que esta é sua terceira indicação consecutiva! Ele concorreu por O Lado Bom da Vida e Trapaça, ambos sob direção de David O. Russell. Muitos críticos afirmam que este é seu melhor trabalho, pois foi o papel que mais exigiu transformação física e psicológica por parte do ator.

Novo filme de Clint Eastwood, Sniper Americano, consegue adentrar na festa da PGA (photo by outnow.ch)

Bradley Cooper por Sniper Americano (photo by outnow.ch)

Fiquei bastante feliz pela inclusão de Marion Cotillard como Melhor Atriz. Ela recebe sua segunda indicação, e a primeira depois de sua vitória em 2008 por Piaf – Um Hino ao Amor, sob direção dos irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, figuras frequentes no Festival de Cannes. Havia forte possibilidade também de ela ser indicada pela interpretação em O Imigrante, de James Gray. A sua inclusão também me agradou pela consequente exclusão de Jennifer Aniston (Cake: Uma Razão Para Viver), que vinha sendo indicada para os principais prêmios como SAG e Globo de Ouro.

Marion Cotillard (Dois Dias, Uma Noite) - photo by outnow.ch

Marion Cotillard (Dois Dias, Uma Noite) – photo by outnow.ch

Apesar de ainda não ter conferido O Ano Mais Violento, novo trabalho da atriz Jessica Chastain, não gostei da sua exclusão para dar lugar à Laura Dern (Livre). Assisti a Livre na última Mostra de Cinema de SP e achei seu papel muito ralo e de importância mais simbólica para a protagonista vivida por Reese Whitherspoon. Havia possibilidade de Rene Russo ser indicada como coadjuvante também, o que me agradaria mais do que Dern, mas a Academia preferiu a formação de dupla indicação para as atrizes de Livre, talvez pelo sucesso de Clube de Compras Dallas do mesmo diretor Jean-Marc Vallée.

Como já citado anteriormente, a inclusão de Bennett Miller foi uma surpresa também, pois depois que ele ganhou o prêmio de Direção no último Festival de Cannes, em maio de 2014, ele pouco frequentou as listas de Melhor Diretor da temporada. Esta é sua segunda indicação ao Oscar – foi indicado por Capote em 2006 – mas como seu filme, Foxcatcher, não foi indicado a Melhor Filme, tem poucas chances de conquistar a estatueta, talvez até menores do que o mais desconhecido norueguês Morten Tyldum, pois O Jogo da Imitação está entre os Melhores Filmes.

Bennett Miller (Foxcatcher)

Bennett Miller (Foxcatcher)

Bacana também lembrar que o documentário sobre o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, O Sal da Terra, foi indicado. Dirigido pelo veterano Wim Wenders com a colaboração do filho de Sebastião, Juliano Ribeiro Salgado, o documentário terá forte concorrência com o favorito CitizenFour (sobre Edward Snowden) e A Fotografia Oculta de Vivian Maier.

Wim Wenders com o fotógrafo Sebastião Salgado (photo by outnow.ch)

Wim Wenders com o fotógrafo Sebastião Salgado (photo by outnow.ch)

Não que se trate exatamente de uma surpresa, mas adorei a indicação do argentino Relatos Selvagens como Melhor Filme em Língua Estrangeira. Apesar do franco-favoritismo do polonês Ida e do russo Leviatã, a presença do argentino representa o cinema latino, e muito bem. Para quem ainda não viu, Relatos Selvagens permanece em cartaz em algumas salas aqui em São Paulo. Imperdível. Particularmente, entre os indicados, considero o russo Leviatã o melhor filme por melhor captar o espírito da Rússia atual de Vladimir Putin de forma inteligente.

Também cito aqui a dupla indicação merecida de Alexandre Desplat na categoria de Trilha Musical Original. Ele concorre por O Grande Hotel Budapeste e O Jogo da Imitação. Estas são suas sétima e oitava indicações ao Oscar sem vitória até o momento. Será que finalmente vai chegar a vez de Desplat? A última vez que um compositor foi indicado por dois filmes no mesmo ano foi em 2006, com John Williams concorrendo por Memórias de uma Gueixa e Munique. Ele perdeu para Gustavo Santaolalla por O Segredo de Brokeback Mountain, ou seja, não é garantia de nada…

AUSÊNCIAS

Acho que se fosse para nomear apenas uma ausência marcante, esta seria a de Jake Gyllenhaal por O Abutre. Tudo bem que o filme é sombrio demais para alguns membros votantes da Academia mais conservadores, mas é inegável o esforço do ator para se transformar nesse paparazzi de tragédias. Como atores que perdem peso costumam ser indicados e até ganhar o Oscar (vide Matthew McConaughey ano passado), acreditava-se que Jake iria tirar de letra esta sua segunda indicação. Felizmente, como prêmio de consolo, seu diretor Dan Gilroy, recebeu sua indicação para Melhor Roteiro Original, mas acho muito pouco para um dos filmes mais comentados de 2014.

Jake Gyllenhaal (O Abutre) - photo by outnow.ch

Jake Gyllenhaal (O Abutre) – photo by outnow.ch

A animação Uma Aventura Lego estava ganhando quase todos os prêmios, exceto o Globo de Ouro, que acabou nas mãos de Como Treinar o seu Dragão 2, então era praticamente certeza sua indicação na categoria. Não foi o que aconteceu e o filme ficou apenas com uma indicação para Melhor Canção Original. Para minha alegria e dos amantes do cinema 2D e nipônico, O Conto da Princesa Kaguya conseguiu seu lugar ao sol, comprovando que a categoria tem forte influência internacional desde seu segundo ano, quando A Viagem de Chihiro ganhou o Oscar. Inconformado com a exclusão de Uma Aventura lego, o diretor Phil Lord postou em seu twitter:

A quase total ausência de Selma pode ser considerada uma surpresa, pois apesar de não terem entregue as cópias para os sindicatos, os responsáveis pela campanha não se esqueceram dos membros da Academia. Contudo, há uma polêmica envolvendo erros históricos envolvendo o então presidente Lyndon B. Johnson, que certamente prejudicou a escalada do filme no Oscar. Resultado final: 2 indicações – Filme e Canção Original. Campanha pífia. Sua diretora Ava DuVernay, que tinha chances de ser tornar a primeira mulher negra na categoria, e o ator David Oyelowo foram ignorados no anúncio dos indicados. Acredito que Selma só conseguiu a indicação de Melhor Filme pela força e influência de Oprah Winfrey, que é produtora do longa.

Mal as indicações saíram do forno e já estou vendo algumas manifestações na internet de racismo e falta de diversidade por parte da Academia, como as de Brent Lang (http://variety.com/2015/film/news/oscar-nomination-selma-snub-diversity-1201405804/). Só porque os membros decidiram não votar para a diretora Ava DuVernay, muita gente já acredita que se trata de racismo. Peraí! Vamos com calma. Se até Clint Eastwood, que é um dos melhores diretores da atualidade não está na lista, por que DuVernay não pode ficar de fora também? Eu tinha postado aqui anteriormente que achava que a Academia não perderia a oportunidade de fazer história ao indicar a primeira afro-americana na categoria de Direção, mas se não foi desta vez, e ela manter o bom trabalho, tenho certeza de que ela será reconhecida dentro de poucos anos. O fato de David Oyelowo não estar na lista também não indica racismo; talvez os votantes não gostaram da atuação dele e do sotaque britânico-americanizado dele para viver o líder Martin Luther King. E daí que não houve negros indicados? Não teve nenhum asiático (como o Miyavi por exemplo, por Invencível) e não estou aqui reclamando da minha “cota asiática”. A Academia tem uma história bonita com a raça negra. Como George Clooney ressaltou em seu discurso de agradecimento por Syriana – A Indústria do Petróleo em 2006, a Academia deu o Oscar para Hattie McDaniel por …E o Vento Levou em 1940, quando negros se sentavam nos fundos dos cinemas! Enfim… acho muita tempestade em copo d’água, ainda mais em se tratando de uma Arte, que não enxerga raça, cor, sexo e religião. Aliás, a exclusão de Angelina Jolie (Invencível) como diretora no Oscar caminha na mesma direção. Poxa, é apenas o segundo filme dirigido por ela! Vamos com calma que ela tem muito a evoluir também. Não dá pra ignorar também que Angelina tem muitos críticos como o produtor Scott Rudin que a chamou de “minimamente talentosa” naqueles e-mails vazados da Sony por hackers.

Confira os indicados ao Oscar 2015:

MELHOR FILME
* Sniper Americano (American Sniper)
* Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) (Birdman)
* Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)
* O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel)
* O Jogo da Imitação (The Imitation Game)
* Selma (Selma)
* A Teoria de Tudo (The Theory of Everything)
* Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash)

MELHOR DIRETOR
* Wes Anderson (O Grande Hotel Budapeste)
* Alejandro González Iñárritu (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
* Bennett Miller (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
* Morten Tyldum (O Jogo da Imitação)

MELHOR ATOR
* Steve Carell (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
* Bradley Cooper (Sniper Americano)
* Benedict Cumberbatch (O Jogo da Imitação)
* Michael Keaton (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)

MELHOR ATRIZ
* Marion Cotillard (Dois Dias, Uma Noite)
* Felicity Jones (A Teoria de Tudo)
* Julianne Moore (Para Sempre Alice)
* Rosamund Pike (Garota Exemplar)
* Reese Witherspoon (Livre)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
* Robert Duvall (O Juiz)
* Ethan Hawke (Boyhood: Da Infância à Juventude)
* Edward Norton (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Mark Ruffalo (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
* J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
* Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude)
* Laura Dern (Livre)
* Keira Knightley (O Jogo da Imitação)
* Emma Stone (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Meryl Streep (Caminhos da Floresta)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
* Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris, Armando Bo (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
* E. Max Frye, Dan Futterman (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
* Wes Anderson, Hugo Guinness (O Grande Hotel Budapeste)
* Dan Gilroy (O Abutre)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
* Jason Hall (Sniper Americano)
* Paul Thomas Anderson (Vício Inerente)
* Graham Moore (O Jogo da Imitação)
* Anthony McCarten (A Teoria de Tudo)
* Damien Chazelle (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHOR FOTOGRAFIA
* Emmanuel Lubezki (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Robert D. Yeoman (O Grande Hotel Budapeste)
* Lukasz Zal, Ryszard Lenczewski (Ida)
* Dick Pope (Sr. Turner)
* Roger Deakins (Invencível)

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
* Adam Stockhausen e Anna Pinnock (O Grande Hotel Budapeste)
* Maria Djurkovic e Tatiana Macdonald (O Jogo da Imitação)
* Nathan Crowley e Gary Fettis (Interestelar)
* Dennis Gassner e Anna Pinnock (Caminhos da Floresta)
* Suzie Davies e Charlotte Watts (Sr. Turner)

MELHOR MONTAGEM
* Joel Cox e Gary D. Roach (Sniper Americano)
* Sandra Adair (Boyhood: Da Infância à Juventude)
* William Goldenberg (O Jogo da Imitação)
* Barney Pilling (O Grande Hotel Budapeste)
* Tom Cross (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHOR FIGURINO
* Milena Canonero (O Grande Hotel Budapeste)
* Mark Bridges (Vício Inerente)
* Colleen Atwood (Caminhos da Floresta)
* Anna B. Sheppard (Malévola)
* Jacqueline Durran (Sr. Turner)

MELHOR MAQUIAGEM E CABELO
* Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo
* O Grande Hotel Budapeste
* Guardiões da Galáxia

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
* Alexandre Desplat (O Grande Hotel Budapeste)
* Alexandre Desplat (O Jogo da Imitação)
* Jóhann Jóhannsson (A Teoria de Tudo)
* Gary Yershon (Sr. Turner)
* Hans Zimmer (Interestelar)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
* “Everything is Awesome”, de Shawn Patterson (Uma Aventura Lego)
* “Glory”, de John Stephens e Lonnie Lynn (Selma)
* “Grateful”, de Diane Warren (Beyond the Lights)
* “I’m Not Gonna Miss You”, de Glen Campbell e Julian Raymond (Glen Campbell… I’ll Be Me)
* “Lost Stars”, de Gregg Alexander e Danielle Brisebois (Mesmo Se Nada Der Certo)

MELHOR SOM
* John Reitz, Gregg Rudloff e Walt Martin (Sniper Americano)
* Jon Taylor, Frank A. Montaño e Thomas Varga (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
* Gary A. Rizzo, Gregg Landaker e Mark Weingarten (Interestelar)
* Jon Taylor, Frank A. Montaño e David Lee (Invencível)
* Craig Mann, Ben Wilkins e Thomas Curley (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHORES EFEITOS SONOROS
* Alan Robert Murray e Bub Asman (Sniper Americano)
* Martin Hernández e Aaron Glascock (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Brent Burge e Jason Canovas (O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos)
* Richard King (Interestelar)
* Becky Sullivan e Andrew DeCristofaro (Invencível)

MELHORES EFEITOS VISUAIS
* Capitão América: O Soldado Invernal
* Planeta dos Macacos: O Confronto
* Guardiões da Galáxia
* Interestelar
* X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
* Ida, de Pawel Pawlikowski (POLÔNIA)
* Leviatã, de Andrey Zvyagintsev (RÚSSIA)
* Tangerines, de Zaza Urushadze (ESTÔNIA)
* Timbuktu, de Abderrahmane Sissako (MAURITÂNIA)
* Relatos Selvagens, de Damián Szifrón (ARGENTINA)

MELHOR ANIMAÇÃO
* Operação Big Hero
* Os Boxtrolls
* Como Treinar o seu Dragão 2
* The Song of the Sea
* O Conto da Princesa Kaguya

MELHOR DOCUMENTÁRIO
* CitizenFour
* A Fotografia Oculta de Vivian Maier
* Last Days in Vietnam
* O Sal da Terra
* Virunga

MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA
* Crisis Hotline: Veterans Press 1
* Joanna
* Our Curse
* The Reaper (La Parka)
* White Earth

MELHOR CURTA-METRAGEM
* Aya
* Boogaloo and Graham
* Butter Lamp (La Lampe au Beurre de Yak)
* Parvaneh
* The Phone Call

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
* The Bigger Picture
* The Dam Keeper
* O Banquete (Feast)
* Me and My Moulton
* A Single Life

A cerimônia do Oscar 2015 acontece no dia 22 de fevereiro, com transmissão ao vivo pelo canal pago TNT.

Indicações ao DGA 2015 ajudam ‘Sniper Americano’ e ‘O Jogo da Imitação’

Da esquerda pra direita: Clint Eastwood, Alejandro González Iñárritu, Richard Linklater, Wes Anderson e Mortem Tyldum são os indicados ao DGA 2015 (photo by variety.com)

Da esquerda pra direita: Clint Eastwood, Alejandro González Iñárritu, Richard Linklater, Wes Anderson e Mortem Tyldum são os indicados ao DGA 2015 (photo by variety.com)

O 67th Annual DGA Awards divulgou nesta terça, dia 13, seus cinco indicados a Melhor Diretor e os filmes Sniper Americano e O Jogo da Imitação têm motivos para comemorar. Não que os demais indicados Boyhood, Birdman e O Grande Hotel Budapeste não tenham, mas suas inclusões na lista foram as surpresas desta edição.

Sei que é muito fácil dizer isso agora, mas eu já previa uma nova indicação para Clint Eastwood. Para quem acompanhou a escalada relâmpago de Sniper Americano nos últimos prêmios (foi indicado para  ADG, Eddie, PGA e WGA), já podia imaginar que essa crescente resultaria em algo maior. Aliás, espera-se o longa conquiste seu espaço entre as indicações ao Oscar, que serão anunciadas nesta quinta.

Já a presença do norueguês Morten Tyldum soa como uma espécie de estranho no ninho. Embora seu O Jogo da Imitação esteja presente em todos os prêmios, ele não vinha tendo quase nenhuma projeção como diretor. Nem no Critics’ Choice Awards que tem seis vagas na categoria ele conseguiu uma indicação! Contudo, o sindicato dos diretores, formado por mais de 15 mil votantes, enxergou qualidade em sua direção. Embora eu não tenha visto O Jogo da Imitação, vi seu filme anterior, Headhunters, que apresenta uma trama intricada envolvendo roubo de quadros, mas que tem na tensão do início ao fim resultado de uma paranóia crescente, que lembra A Conversação (1974), de Francis Ford Coppola, sua melhor qualidade como diretor.

Por mais que não tenham enviado cópias de Selma para os sindicatos, a exclusão mais comentada foi a de sua diretora Ava DuVernay, pois ela foi indicada ao Globo de Ouro e ao Critics’ Choice Awards. No início da temporada, havia uma expectativa de que poderia rolar uma competição inédita envolvendo duas diretoras: DuVernay e Angelina Jolie, por O Invencível, mas a última não tem sido uma unanimidade entre os críticos. Já Ava DuVernay ainda tem grandes chances de concorrer ao Oscar, por dois motivos básicos: 1º Os responsáveis pela campanha de Selma enviaram os screeners para a Academia (ao contrário dos sindicatos); e 2º a Academia adora fatos inéditos para sua gloriosa História. Se indicada, ela será a primeira diretora negra a competir na categoria de Direção, ou como eles gostam de chamar lá, afro-americana.

Entre os demais excluídos estão David Fincher (Garota Exemplar), Damien Chazelle (Whiplash: Em Busca da Perfeição), James Marsh (A Teoria de Tudo) e Dan Gilroy (O Abutre). Alguns fãs mais calorosos também argumentam a ausência de Christopher Nolan por Interestelar. Bom, como já vi o filme, posso dizer que concordo com a sua exclusão, pois apesar do estilo visual apurado dele, considero Nolan didático demais. Ele precisa explicar tudo pra fazer a história andar, por isso que seus filmes são tão longos e chatos…

Com as indicações, o DGA Awards praticamente confirma as indicações ao Oscar de Richard Linklater, Alejandro González Iñárritu e Wes Anderson. As outras duas vagas podem e devem mudar na quinta-feira no anúncio do Oscar.

Seguem os indicados ao 67º DGA Awards:

Wes Anderson

Wes Anderson

WES ANDERSON
O Grande Hotel Budapeste
Conhecido por filmes alternativos e seu humor refinado, esta é a primeira indicação dele no DGA. Para quem acompanha seus filmes desde os anos 90 como Três é Demais, Os Excêntricos Tenenbaums, A Vida Marinha com Steve Zissou, O Fantástico Sr. Raposo e Moonrise Kingdom, é possível ver uma nítida evolução nesse O Grande Hotel Budapeste. Comparado a Tim Burton por sua forte identificação de estilo visual nos campos da Direção de Arte, Fotografia e Figurino, Wes Anderson passou a aprimorar sua direção nos roteiros de sua autoria, aliados à sua montagem seca que valoriza o humor. Esta indicação vem mais do que merecida.

 

Clint Eastwood

Clint Eastwood

CLINT EASTWOOD
Sniper Americano
Pupilo de mestres como Sergio Leone e Don Siegel, Clint Eastwood se tornou um novo mestre do cinema contemporâneo ao tratar de temas polêmicos como a pedofilia em Sobre Meninos e Lobos, a síndrome de Estocolmo em Um Mundo Perfeito e a eutanásia em Menina de Ouro. Ele retorna com um tratamento diferenciado do vício da guerra em Sniper Americano. Esta é sua quarta indicação no DGA. Ele venceu duas vezes: em 1993 por Os Imperdoáveis, e em 2005 por Menina de Ouro. Em 2006, foi homenageado pelo prêmio pelo conjunto da carreira.

Alejandro González Iñárritu

Alejandro González Iñárritu

ALEJANDRO GONZÁLEZ IÑÁRRITU
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
O diretor mexicano ficou conhecido mundialmente por seu visceral Amores Brutos (2000) – o qual sou muito mais o título original ‘Amores Perros’ – e assim como incontáveis talentos estrangeiros, aproveitou a oportunidade de projeção internacional e embarcou em um projeto com atores hollywoodianos. O dele se chamada 21 Gramas, que tinha ninguém menos do que Sean Penn e a ascendente Naomi Watts e Benicio Del Toro. Com seu sucesso de crítica, avançou uma casa e realizou um projeto mais ambicioso intitulado Babel, com atores de várias nacionalidades como a japonesa Rinko Kikuchi e a mexicana Adriana Barraza, mas também contou com Brad Pitt e Cate Blanchett. Agora com Birdman, conseguiu reavivar a carreira do sumido Michael Keaton e até de Edward Norton, que estava meio apagado nos últimos anos. Esta é sua segunda indicação ao DGA. Ele foi indicado anteriormente por Babel em 2007.

Richard Linklater

Richard Linklater

RICHARD LINKLATER
Boyhood: Da Infância à Juventude
Embora esta seja a primeira indicação de Richard Linklater, ele é bastante conhecido no circuito independente de cinema. Além da trilogia Antes do Amanhecer, Antes do Pôr-do-Sol e Antes da Meia-Noite, ele foi responsável por cults como Jovens, Loucos e Rebeldes e Waking Life. Costuma trabalhar sempre com os mesmos colaboradores como Ethan Hawke, Julie Delpy, Patricia Arquette e Keanu Reeves. Contudo, a grande ambição por trás de Boyhood deve lhe garantir o prêmio, pois desafiou o sistema de contratos longos ao estender suas filmagens por 12 anos e assim finalizar um projeto baseado em amor. E filmes sobre amadurecimento jamais serão os mesmos depois de Boyhood.

Morten Tyldum

Morten Tyldum

MORTEN TYLDUM
O Jogo da Imitação
Também estreante no DGA, o diretor norueguês Morten Tyldum teve trajetória semelhante ao de Alejandro González Iñárritu, pois depois do sucesso de seu filme Headhunters, todo falado em norueguês, ele recebeu convite para dirigir a adaptação de Graham Moore sobre a história vitoriosa do matemático Alan Turing, que quebrou os códigos alemães para acabar com a Segunda Guerra Mundial. Para esta adaptação, ele logo conseguiu juntar grandes talentos em ascensão como Benedict Cumberbatch, que já é almejado por vários diretores consagrados. Independente da indicação ao Oscar, deve ter caminho brilhante adiante.

“Num ano repleto de filmes excelentes, os membros do DGA indicaram um grupo estelar de cineastas apaixoandos. Inspiradores e artísticos, estes cinco diretores fizeram filmes que deixaram um impacto marcante não apenas em seus companheiros diretores e membros do time de diretores, mas no público mundo afora. Parabéns a todos os indicados por seu trabalho magnífico”, declarou o presidente do DGA Paris Barclay.

Vale sempre ressaltar que o vencedor do DGA está com a mão na taça, pois em toda sua história, apenas em sete casos o vencedor não coincidiu:

  • Em 1968: Anthony Harvey ganhou o DGA Award por O Leão no Inverno, enquanto Carol Reed levou o Oscar por Oliver!
  • Em 1972: Francis Ford Coppola por O Poderoso Chefão (DGA) e Bob Fosse por Cabaret (Oscar).
  • Em 1985: Steven Spielberg por A Cor Púrpura (DGA), e Sydney Pollack por Entre Dois Amores (Oscar).
  • Em 1995: Ron Howard por Apollo 13 (DGA), e Mel Gibson por Coração Valente (Oscar).
  • Em 2000: Ang Lee por O Tigre e o Dragão (DGA) e Steven Soderbergh por Traffic (Oscar).
  • Em 2002: Rob Marshall por Chicago (DGA) e Roman Polanski por O Pianista (Oscar).
  • Em 2013: Ben Affleck por Argo (DGA) e Ang Lee por As Aventuras de Pi (Oscar).

O vencedor do DGA 2015 será anunciado no dia 07 de fevereiro em cerimônia no Hyatt Regency Century Plaza.

‘Boyhood’ fatura 3 prêmios e é o grande vencedor do Globo de Ouro 2015

Da esquerda para a direita: Patricia Arquette, Lorelei Linklater, Richard Linklater, Ellar Coltrane e Ethan Hawke com os três Globos de Ouro em mãos (photo by trbimg.com)

Da esquerda para a direita: Patricia Arquette, Lorelei Linklater, Richard Linklater, Ellar Coltrane e Ethan Hawke com os três Globos de Ouro em mãos (photo by trbimg.com)

‘BIRDMAN’ E ‘A TEORIA DE TUDO’ CONQUISTAM 2 PRÊMIOS CADA E FORTALECEM SUAS CAMPANHAS RUMO AO OSCAR

Em termos de resultado, a 72ª edição do Globo de Ouro pode ser dividida em duas partes: a previsível de cinema e a imprevisível de TV. Os atores mais cotados de cinema levaram seus prêmios: Eddie Redmayne, Julianne Moore, Michael Keaton, Amy Adams, J.K. Simmons e Patricia Arquette, além de Richard Linklater como diretor. Só achei que os prêmios de roteiro e filme-comédia seriam invertidos: O Grande Hotel Budapeste levaria roteiro e Birdman levaria filme, mas de qualquer modo, foi um merecidíssimo prêmio para Wes Anderson. Provavelmente, a maior surpresa na parte de cinema tenha sido a vitória da sequência Como Treinar o Seu Dragão 2, já que Uma Aventura Lego vinha conquistando quase todos os prêmios da temporada de Melhor Animação, e em menor escala, a vitória do compositor Johann Johannsson pela trilha de A Teoria de Tudo, uma vez que Antonio Sanchez tinha as melhores chances por Birdman, mesmo tendo sido desqualificado da categoria no Oscar.

Pela TV, já pelo fato dos membros da Hollywood Foreign Press Association terem dado uma repaginada nos indicados, acabou proporcionando maiores oportunidades de surpresa. Séries que todo ano estavam indicadas foram deixadas de lado como The Big Bang TheoryModern Family, permitindo a inclusão de novas como a vencedora Transparent, e Jane the Virgin e Sillicon Valley. Aliás, a série Transparent, da Amazon, fez história ao se tornar a primeira série online a ganhar o Globo de Ouro de Melhor Série. As séries da Netflix como House of Cards e Orange is the New Black falharam nesse quesito, mas pelo menos Kevin Spacey conquistou seu almejado prêmio de ator pela primeira. As maiores surpresas foram as vitórias de The Affair como Melhor Série – Drama, sua atriz Ruth Wilson, e a atriz coadjuvante Joanne Froggatt por Downton Abbey. A minissérie Fargo também surpreendeu ao bater favoritos como True Detective e o filme para tv The Normal Heart, mas a verdade é que Fargo sempre recebeu ótimos elogios, mas ninguém premiava. Coube ao Globo de Ouro recompensá-los numa noite em que os criadores do filme original estavam presentes: Joel Coen, Ethan Coen, Frances McDormand e William H. Macy.

FESTA BEM AMENA COM LAMPEJOS DE OUSADIA

Não sei o que houve com as hostesses Tina Fey e Amy Poehler. Quer dizer, elas fizeram suas piadas na apresentação como aquelas envolvendo a saga da Sony com a Coréia do Norte e o filme A Entrevista, e até polêmicas das acusações de estupro de Bill Cosby, mas ao longo da festa, não vimos novas inserções delas. Teriam sido proibidas? Aí, a organização colocou umas piadas tão sem graça para os apresentadores dos prêmios lerem ao vivo que o show foi decaindo muito rapidamente. Quando vi Ricky Gervais subindo ao palco pra apresentar, pensei: “Pronto, finalmente alguém pra levantar o ânimo!”, mas não sei se mandaram Ricky maneirar no tom, mas ele realmente pegou leve… Uma pena! Ele zombou do “momento John Travolta”, quando o ator introduziu a cantora Idina Menzel com “Adele Nazeem” no Oscar do ano passado: “Eu assisto (à gafe) toda hora no Youtube!”. Então, sobrou para o ator Jeremy Renner soltar a pérola masculina da noite. Quando apresentava o prêmio ao lado da mega decotada Jennifer Lopez, ao abrir o envelope ela falou: “Eu abro porque tenho as unhas” – “E os globos de ouro também”, completou o auspicioso Renner.

Tina Fey e Amy Poehler com Margaret Cho caracterizada como uma serva norte-coreana (photo by foxnews.com)

Tina Fey e Amy Poehler com Margaret Cho caracterizada como uma serva norte-coreana (photo by foxnews.com)

Seguem algumas pérolas da dupla Fey e Poehler:

Tina Fey: Tonight we celebrate all the television shows that we know and love, as well as all the movies that North Korea was OK with. (Hoje, celebramos todos os shows da tv que conhecemos e amamos, assim como todos os filmes que a Coréia do Norte permitiu).

Amy Poehler: Patricia Arquette in “Boyhood” proves that “there are still great roles for women over 40- as long as you get hired when you’re under 40” (Patricia Arquette em Boyhood prova que ainda há grandes papéis para mulheres acima dos 40 – contanto que você seja contratada antes dos 40) – referindo-se ao fato de que as filmagens de Boyhood começaram há 12 anos.

Amy Poehler: In “Into the Woods,” Cinderella runs from her prince, Rapunzel is thrown from a tower for her prince and Sleeping Beauty just thought she was getting coffee with Bill Cosby” (Em “Caminhos da Floresta”, Cinderela de seu príncipe, Rapunzel é jogada de sua torre para seu príncipe e A Bela Adormecida pensou que ia tomar um café com Bill Cosby). Elas até chegam a fazer algumas imitações de Cosby pra amenizar o ambiente, mas o dano já estava feito.

Mas a melhor da noite foi: George Clooney married Amal Amaluddin this year. “Amal is a human rights lawyer who worked on the Enron case, was an adviser to Kofi Anan regarding Syria and was selected for a three person UN commission regarding war violations in the Gaza Strip. So tonight her husband is getting a lifetime achievement award,”. (George Clooney se casou com Amal Amaluddin este ano. “Amal é uma advogada de direitos humanos que trabalhou no caso Enron, foi conselheira de Kofi Anan sobre a Síria e foi eleita para uma comissão de três pessoas das Nações Unidas para os casos de violações de guerra na Faixa de Gaza. Então, esta noite seu marido vai ganhar um prêmio pela carreira!”

George Clooney com sua esposa Amal Amal (photo by John Shearer/ Invision/AP)

George Clooney com sua esposa Amal Amaluddin (photo by John Shearer/ Invision/AP)

Houve até um bom momento de descontração na brincadeira do “Would you rather” (Você prefere):
– Colin Farrell ou Colin Firth? Edward Norton ou Mark Ruffalo? Chris Pine ou Chris Pine! – Tina interrompe. Richard Linklater ou Alejandro Iñárritu? Amy escolhe Iñárritu: “Um take, duas horas direto sem parar”, enquanto Tina prefere Linklater: “Cinco minutos uma vez por ano”

Houve uma ou outra manifestação mais polêmica como o discurso de Common na vitória de Melhor Canção por Selma, filme sobre a conquista dos direitos civis nos anos 60. Em seu discurso, ele cita momentos importantes na História como a senhora negra que se recusou a mudar de lugar no ônibus até casos recentes como os dois negros mortos por policiais brancos na tentativa de engrandecer uma película somente por questões raciais e não por méritos artísticos. Assim como também houve uma outra citação do atentado terrorista na França contra o semanário Charlie Hebdo. Ao apresentar o prêmio de atriz coadjuvante, o ator Jared Leto aproveitou o momento e fez uma citação em homenagem, e George Clooney ostentava um bóton no smoking com os mesmos dizeres com os dizeres “Je suis Charlie”. O presidente da HFPA, Theo Kingma, fez questão de defender a liberdade de expressão, seja na Coréia do Norte ou em Paris, e foi aplaudido de pé por todos.

EFEITOS DO GLOBO DE OURO

Assim como muitos especialistas já levantaram, o resultado do Globo de Ouro já não serve mais como melhor parâmetro para o que vai acontecer no Oscar. Dos últimos 10 anos, apenas 4  vencedores de Melhor Filme no Globo de Ouro repetiram o feito no prêmio da Academia. Atores que ganharam o Globo de Ouro podem nem ser indicado ao Oscar como Paul Giamatti por Minha Versão do Amor em 2011, e Colin Farrell (Na Mira do Chefe) e Sally Hawkins (Simplesmente Feliz) em 2009. E até em categorias mais técnicas não há garantias de presença no Oscar: o compositor Alex Ebert venceu o Globo de Ouro em 2014 por Até o Fim e sequer foi indicado pela Academia. Claro que os vencedores terão suas respectivas campanhas nitidamente fortalecidas para os prêmios seguintes como o Critics’ Choice Awards, SAGs e o BAFTA, mas até o dia 15 de janeiro, dia do anúncio das indicações ao Oscar, ninguém está realmente garantido, abrindo espaço para surpresas, sejam positivas ou negativas.

Falando em negativas, o jornal americano The New York Post teria publicado uma reportagem em que lista casos que envolvem corrupção na compra de prêmios e indicações. Dentre os casos citados estão as três indicações do fracasso total O Turista, estrelado por Angelina Jolie e Johnny Depp (ambos indicados nas categorias de comédia ou musical) – tanto que o host da noite Ricky Gervais citou que a HFPA teria os indicado apenas para tê-los no tapete vermelho; e a indicação para Melhor Filme – Comédia ou Musical e vitória de Melhor Canção para Burlesque, um musical bastante criticado e sequer visto pelo público. Confira matéria de Lou Lumenick: http://nypost.com/2015/01/09/are-the-golden-globes-becoming-as-credible-as-the-oscars/

Amy Adams, Michael Keaton e Julianne Moore podem ter garantido suas indicações ao Oscar. Podem. (photo by absnews.com)

Amy Adams, Michael Keaton e Julianne Moore podem ter garantido suas indicações ao Oscar. Podem. (photo by absnews.com)

Rumo ao Oscar, o vencedor de Melhor Filme – Drama, Boyhood: Da Infância à Juventude, caminha firme e forte, já que levou também os prêmios de Diretor e Atriz Coadjuvante, além de ter sido indicado a Roteiro, afinal, são categorias-base para todo vencedor de Melhor Filme no Oscar, sem contar toda a história fascinante dos bastidores de 12 anos de filmagens. Quanto aos atores, Julianne Moore parece uma aposta cada vez mais certa para o Oscar. Aclamada por público e crítica como uma das melhores atrizes desta geração, e depois de ser indicada quatro vezes ao Oscar sem vitória, este deve ser o ano dela. Acredito que o único obstáculo em seu caminho pode ser ela mesma. Se a Academia indicá-la como coadjuvante também por Mapa Para as Estrelas, os votos podem se dividir e ela pode ser novamente perdedora em dose dupla como foi em 2003, quando estava indicada por Longe do Paraíso como atriz, e por As Horas como coadjuvante.

J.K. Simmons e Patricia Arquette estão cada vez mais fortes como coadjuvantes, contudo não dá pra descartar ainda Mark Ruffalo e Edward Norton, caso o filme de Simmons, Whiplash: Em Busca da Perfeição, não se saia bem nas indicações. Já Arquette, por mais que possa ter Meryl Streep competindo, deve ser a porta-voz ou representante de todo o elenco de Boyhood. Gostei da vitória de Amy Adams por Grandes Olhos, o que pode lhe garantir uma nova indicação ao Oscar consecutiva, mas as chances reais de vitória seriam praticamente nulas. Por mais talentosa que Adams seja, acredito que lhe falta um personagem que sirva como um real desafio que exija mudanças físicas para então ganhar seu Oscar. Vejam os casos de Charlize Theron e Matthew McConaughey: nunca tinham sido indicados e ganharam na primeira chance por terem passado por processos de transformação física. Não sei se Amy tem contrato vitalício com marcas de cosméticos que a impeçam de ficar feia ou algo do tipo, mas ela deveria pensar nessa hipótese. A categoria de Ator é a mais aberta até o momento. Por mais que Michael Keaton e Eddie Redmayne tenham ganhado o Globo de Ouro, não há nem garantias de que eles estarão na lista do Oscar, tamanha a concorrência. Temos Jake Gyllenhaal, Benedict Cumberbatch, Ralph Fiennes, David Oyelowo, Steve Carell, Joaquin Phoenix e Bill Murray pelo menos na cola.

Patricia Arquette e J.K. Simmons ganham como coadjuvantes (photo by intoday.in)

Patricia Arquette e J.K. Simmons ganham como coadjuvantes (photo by intoday.in)

Entre todos os filmes que receberam mais indicações, O Jogo da Imitação foi o maior perdedor. Presente em 5 categorias e como a maior aposta da Weinstein Company, o filme falhou em conquistar qualquer Globo de Ouro, nem um de consolação. Será que eles conseguem virar o jogo até o dia 22 de fevereiro?

A ELEITA

Não vou comentar os vestidos das moças. Prefiro falar das donas dos vestidos. E a melhor pela quinquagésima vez é Jessica Chastain. Essa mulher é um raio de sol. Só não esqueci que ela foi indicada para atriz coadjuvante por O Ano Mais Violento, porque foi uma pena que ela não subiu ao palco pra se apresentar.

Jessica Chastain no tapete vermelho (photo by usmagazine.com)

Jessica Chastain no tapete vermelho (photo by usmagazine.com)

Seguem os vencedores do Globo de Ouro:

CINEMA

MELHOR FILME – DRAMA
Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)

MELHOR FILME – COMÉDIA OU MUSICAL
O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel)

MELHOR ATOR – DRAMA
Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)

MELHOR ATRIZ – DRAMA
Julianne Moore (Para Sempre Alice)

MELHOR ATRIZ – COMÉDIA OU MUSICAL
Amy Adams (Grandes Olhos)

MELHOR ATOR – COMÉDIA OU MUSICAL
Michael Keaton (Birdman)

MELHOR DIRETOR
Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHOR ROTEIRO
Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris, Armando Bo (Birdman)

MELHOR ANIMAÇÃO
Como Treinar Seu Dragão 2 (How to Train Your Dragon 2)

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
Leviatã (Leviafan), de Andrey Zvyagintsev – RÚSSIA

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“Glory” por John Legend, Common (Selma)

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
Johann Johannsson (A Teoria de Tudo)

TELEVISÃO

Equipe por trás da série vencedora The Affair (photo by ibtimes.com)

Equipe por trás da série vencedora The Affair (photo by ibtimes.com)

MELHOR SÉRIE DRAMÁTICA
The Affair

MELHOR ATOR EM SÉRIE DRAMÁTICA
Kevin Spacey (House of Cards)

MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DRAMÁTICA
Ruth Wilson (The Affair)

MELHOR MINISSÉRIE OU TELEFILME
Fargo

MELHOR SÉRIE DE COMÉDIA
Transparent

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE, MINISSÉRIE OU TELEFILME
Joanne Froggatt (Downton Abbey)

MELHOR ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE, MINISSÉRIE OU TELEFILME
Matt Bomer (The Normal Heart)

MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DE COMÉDIA
Gina Rodriguez (Jane the Virgin)

A bela Gina Rodriguez ganhou por Jane the Virgin (photo by nationalpost.com)

A bela Gina Rodriguez ganhou por Jane the Virgin. Definitivamente, a segunda colocada da lista das eleitas. (photo by nationalpost.com)

MELHOR ATOR EM SÉRIE DE COMÉDIA
Jeffrey Tambor (Transparent)

MELHOR ATRIZ EM MINISSÉRIE OU TELEFILME
Maggie Gyllenhaal (The Honorable Woman)

MELHOR ATOR EM MINISSÉRIE OU TELEFILME
Billy Bob Thornton (Fargo)

As indicações ao Oscar 2015 serão anunciadas ao vivo neste dia 15 de janeiro e a cerimônia ocorre no dia 22 de fevereiro.

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