Vencedor de Melhor Ator, Casey Affleck em Manchester à Beira-Mar. (photo by moviepilot.de)
DRAMA SOBRE LUTO CONQUISTA O CORAÇÃO DOS MEMBROS DO NBR
Como muitos devem saber, o National Board of Review é um grupo formado por uma mistura de cinéfilos, acadêmicos e até profissionais da área, mas suas escolhas permanecem bem relevantes após 107 anos de história. Ultimamente, não tem sido tão parelho com os vencedores do Oscar, mas sempre mostra forte personalidade em suas escolhas dos melhores do ano. Mad Max: Estrada da Fúria, O Ano Mais Violento, Ela, A Hora Mais Escura e A Invenção de Hugo Cabret foram seus Melhores Filmes nos últimos cinco anos.
Este ano, elegeram o drama familiar de Kenneth Lonergan, Manchester à Beira-Mar, que dificilmente será esquecido no Oscar, devido ao seu roteiro inventivo e seu elenco encabeçado por um inspirado Casey Affleck. Bom, pelo menos é o que toda crítica anda dizendo: “A performance da carreira”. Indicações nas categorias de roteiro e atores já são meio caminho andado para uma campanha de sucesso.
O prêmio de direção ficou com Barry Jenkins pelo drama Moonlight, que acompanha o amadurecimento de um rapaz em Miami. Curiosamente, este é apenas o segundo trabalho de direção de longa de Jenkins. Seria muito cedo pra cogitar o primeiro Oscar para um diretor negro? Se depender da polêmica do #OscarSoWhite que deve cair matando, não duvido nem um pouco. Pelo filme, Naomie Harris também ganhou o prêmio de Atriz Coadjuvante pelo papel da mãe do rapaz, viciada em crack.
Barry Jenkins em set de Moonlight (photo by esquire.com)
Nas demais categorias de atuação, Amy Adams foi reconhecida pela ficção científica A Chegada, sobre a invasão de naves alienígenas à Terra e a tarefa árdua de encontrar uma linguagem em comum. A atriz vinha sendo cogitada também pelo filme Animais Noturnos, mas acredito que sua campanha deve se prender ao filme de Denis Villeneuve. Sua vitória dá uma ofuscada no favoritismo de Emma Stone, e se junta às demais fortes candidatas: Natalie Portman, Annette Bening, Meryl Streep e Ruth Negga.
Amy Adams em cena de A Chegada. Seu primeiro grande prêmio pela performance veio no NBR (photo by moviepilot.de)
Vivendo um policial de Texas, Jeff Bridges foi agraciado com o prêmio de Ator Coadjuvante por A Qualquer Custo. Embora seja um filme tenso e pesado, a Academia tem um forte apreço por Bridges, que vem se mostrando cada vez mais eclético e maduro em suas escolhas. Sou um pouco suspeito pra falar porque gosto de filmes de crimes, mas A Qualquer Custo promete ser um dos melhores filmes do ano.
Jeff Bridges em primeiro plano, e Gil Birmingham ao fundo, em cena de A Qualquer Custo (photo by moviepilot.de)
O prêmio de Roteiro Adaptado para Silêncio me pareceu um consolo. Trata-se de um aguardadíssimo filme de Martin Scorsese, que só recentemente lançaram o trailer. Ficou a impressão de que poucos viram e resolveram recompensar seus esforços concedendo um prêmio. O filme será lançado no final de dezembro nos EUA, e pode perder a força de sua campanha por falta de tempo. Vamos aguardar pra ver. No Brasil, não há nem previsão, mas deve chegar por aqui em fevereiro.
Na categoria de animação, vale destacar a vitória de Kubo e as Cordas Mágicas. Embora seja o primeiro filme sob a direção de Travis Knight, ele foi responsável pela produção de Os Boxtrolls (2014) e ParaNorman (2012), dois longas indicados ao Oscar. Ele bateu fortes concorrentes como Procurando Dory, Moana – Um Mar de Aventuras e Zootopia.
Cena da animação Kubo e as Cordas Mágicas, de Travis Knight (photo by moviepilot.de)
E, particularmente, adorei a inclusão do francês Elle e do sul-coreano The Handmaiden no Top 5 de filmes de língua estrangeira. São dois trabalhos altamente ousados pela temática sexual e pela narrativa.
Tae-ri Kim e Min-hee Kim no deslumbrante The Handmaiden, de Park Chan-wook (photo by moviepilot.de)
Aqui, o grande “perdedor” entre os favoritos da temporada foi o musical La La Land. Embora tenha sido mencionado entre os melhores, não chegou a ganhar nada. Quem sabe nos prêmios dos críticos de Los Angeles e Nova York?
VENCEDORES DO NATIONAL BOARD OF REVIEW:
MELHOR FILME Manchester à Beira-Mar
MELHOR DIRETOR
Barry Jenkins (Moonlight)
MELHOR ATOR
Casey Affleck (Manchester à Beira-Mar)
MELHOR ATRIZ
Amy Adams (A Chegada)
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Jeff Bridges (A Qualquer Custo)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Naomie Harris (Moonlight)
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Kenneth Lonergan (Manchester à Beira-Mar)
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Jay Cocks e Martin Scorsese (Silêncio)
MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
Kubo e as Cordas Mágicas
MELHOR ATOR REVELAÇÃO
Lucas Hedges (Manchester à Beira-Mar)
MELHOR ATRIZ REVELAÇÃO
Royalty Hightower (The Fits)
MELHOR DIRETOR ESTREANTE
Trey Edward Shults (Krisha)
MELHOR FILEM EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
O Apartamento, de Asghar Farhadi (Irã)
MELHOR DOCUMENTÁRIO
O.J.: Made in America
MELHOR ELENCO
Estrelas Além do Tempo
PRÊMIO SPOTLIGHT
Colaboração criativa de Peter Berg e Mark Walhberg
PRÊMIO NBR FREEDOM OF EXPRESSION
Cameraperson
TOP FILMES
– A Chegada (Arrival)
– Até o Último Homem (Hacksaw Ridge)
– Ave, César! (Hail, Caesar!)
– A Qualquer Custo (Hell or High Water)
– Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures)
– La La Land: Cantando Estações (La La Land)
– Moonlight
– Dia de Heróis (Patriots Day)
– Silêncio (Silence)
– Sully: O Herói do Rio Hudson (Sully)
TOP 5 FILMES EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
– Elle, de Paul Verhoeven
– The Handmaiden, de Park Chan-Wook
– Julieta, de Pedro Almodóvar
– Terra de Minas, de Martin Zandvliet
– Neruda, de Pablo Larraín
TOP 5 DOCUMENTÁRIOS
– De Palma
– The Eagle Huntress
– Gleason
– Life, Animated
– Miss Sharon Jones!
TOP 10 FILMES INDEPENDENTES
– 20th Century Women
– Capitão Fantástico (Captain Fantastic)
– Creative Control
– Eye in the Sky
– The Fits
– Green Room
– Doris, Redescobrindo o Amor (Hello, My Name is Doris)
– Krisha
– Morris from America
– Sing Street
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A cerimônia de entrega de prêmios do National Board of Review está marcada para o dia 04 de janeiro.
Pôster oficial do Oscar 2013 no tradicional preto e dourado (art by oscars.org)
O Oscar 2013 pode entrar para a História. Como todos sabem, o mais importante prêmio da indústria cinematográfica tem sido cada vez mais tachado de previsível. Criado no final dos anos 20, o Oscar foi o primeiro a reconhecer talentos da Sétima Arte, criando uma competição saudável como pretexto para atrair mais público e novos artistas. No entanto, novos prêmios foram criados na década de 40 como o Globo de Ouro, concedido pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, e o BAFTA, outorgado pela Academia Britânica de Filmes e TV, acabando com o reinado supremo do Oscar.
Cientes da importância da estatueta da Academia, os prêmios criados posteriormente foram praticamente obrigados a divulgarem seus resultados antes, pois corriam sério risco de ficarem obsoletos. No cenário atual, como existem incontáveis prêmios e todos se apertam no calendário entre os meses de janeiro e fevereiro, quando chega a vez do Oscar, os vencedores já se tornaram previsíveis. Esse panorama claramente prejudicava o interesse do público em relação ao Oscar, fazendo com que os organizadores da Academia resolvessem adotar uma nova estratégia a partir deste ano.
Primeiramente, adeus aos votos impressos em papel. Além de ser ecologicamente melhor aceito e eliminar custos de envio, a votação por meio da internet possibilitaria adiantar a cerimônia do Oscar para mais cedo. Seguindo essa estratégia, conseguiram adiantar em três dias o anúncio dos indicações em relação à entrega dos Globos de Ouro, que era visto como parâmetro na escolha dos indicados. Se formos pensar em surpresa como objetivo, pode-se afirmar que o plano da Academia funcionou, pois além do vencedor do Globo de Ouro de direção Ben Affleck sequer ter sido indicado, apenas 14 dos 20 atores nomeados do SAG Awards (Screen Actors Guild) e apenas 2 dos 5 indicados ao DGA Awards (Directors Guild) passaram para a lista final do Oscar, contrariando as médias de 18 e 4 respectivamente.
Está vendo esses felizes funcionários? Estão todos no olho da rua (photo by npr.org)
Por outro lado, a ausência de alguns nomes consagrados de 2012 causaram enorme estardalhaço na mídia e entre cinéfilos revoltados ao redor do mundo. No topo, o fato de Ben Affleck ter ficado de fora da competição de diretores foi considerado um erro gritante. Alguns especialistas tentaram justificar sua exclusão por considerarem Affleck ainda muito imaturo para o cargo (Argo é seu terceiro filme na direção), já outros mais radicais acreditam que a ala conservadora da Academia estaria aplicando um castigo por erros passados como ator, especialmente em 2003 pelos fracassos de Demolidor – O Homem Sem Medo e Conduta de Risco. Por mais que a primeira dedução seja a mais plausível, o que dizer então da indicação do estreante Benh Zeitlin, de Indomável Sonhadora? Incoerência?
Ben Affleck dirigindo cena de Argo (photo by BeyondHollywood.com)
A categoria de direção foi o grande alvo de controvérsias. Havia três diretores praticamente garantidos na corrida: Kathryn Bigelow (A Hora Mais Escura), Tom Hooper (Os Miseráveis) e Affleck por terem sido indicados ao DGA (Directors Guild of America, o melhor parâmetro do Oscar, com apenas seis divergências de vencedor desde 1949), mas foram ignorados e substituídos por nomes menos comentados e premiados: David O. Russell (O Lado Bom da Vida), Michael Haneke (Amor) e Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora). Assim como Ben Affleck, seu filme Argo também conquistou inúmeros prêmios da temporada, inclusive o PGA (Producers Guild of America), mas com a exclusão de seu diretor, as chances de vitória como Melhor Filme reduziram drasticamente, uma vez que a última produção a vencer o Oscar sem ter seu diretor indicado foi há 23 anos, quando Conduzindo Miss Daisy ganhou.
Nesse cenário polêmico, estariam os organizadores da Academia satisfeitos ou completamente arrependidos? Se realmente buscavam agitar os resultados e se desprenderem dos demais prêmios, a estratégia funcionou tão bem que pode se repetir nos anos seguintes, especialmente se esse burburinho refletir na audiência da cerimônia na TV, no dia 24 de fevereiro.
Particularmente, acredito que parte dos votantes da Academia vão tentar compensar essa mancada e eleger Argo como Melhor Filme, ainda mais que Ben Affleck receberia seu Oscar, mas como produtor do longa ao lado de George Clooney e Grant Heslov. Mas para isso acontecer, o filme precisa ganhar pelo menos mais dois prêmios, pois o último Melhor Filme com dois Oscars foi O Maior Espetáculo da Terra, de 1952. Montagem e Roteiro Adaptado são as melhores possibilidades para Argo.
Depois de se encantar com a história do rei britânico gago de O Discurso do Rei e de um ator fadado ao fracasso da era muda de Hollywood em O Artista, o Oscar volta a centrar suas atenções às sagas políticas americanas. Liderando com 12 indicações, o drama histórico sobre o presidente que aboliu a escravidão de Lincoln, junta-se ao resgate dos diplomatas americanos no Irã em 1980 de Argo e a busca por vingança pelos ataques terroristas do 11 de setembro de A Hora Mais Escura. Tematicamente, temos ligeira vantagem para Argo por mostrar Hollywood salvando vidas.
A Hora Mais Escura retrata a incansável caça ao líder terrorista Bin Laden (photo by BeyondHollywood.com)
Além do aspecto da votação eletrônica inédita e da mudança de calendário, este Oscar 2013 apresenta dois novos recordes curiosamente na mesma categoria: Melhor Atriz. Enquanto a francesa Emmanuelle Riva (Amor) se torna a mais velha indicada aos 85 anos, a americana estreante Quvenzhané Wallis (Indomável Sonhadora) se torna a mais jovem aos 9.
Vale ressaltar a força do lobby da distribuidora Weinstein Company. Seu fundador, Harvey Weinstein, que já liderou a Miramax, foi responsável por vitórias recentes do Oscar de Melhor Filme: Chicago (2002), Onde os Fracos Não Têm Vez (2007), O Discurso do Rei (2010) e O Artista (2011), sem contar com o escandaloso ano em que Shakespeare Apaixonado bateu o favorito O Resgate do Soldado Ryan, e Roberto Benigni levou Melhor Ator por A Vida é Bela.
O produtor Thomas Langmann beija Harvey Weinstein por ter feito impecável lobby na vitória de O Artista no Oscar: Filme, Diretor, Ator, Trilha Musical Original e Figurino (photo by Getty Images in http://blogs.forward.com/)
Este ano, a Weinstein Company soma 17 indicações através de O Lado Bom da Vida, Django Livre, O Mestre e o norueguês Expedição Kon-Tiki. Seu lobby funcionou tão bem para a comédia O Lado Bom da Vida, que catapultou a produção como uma das favoritas ao lado de Argo e Lincoln, podendo surpreender nas categorias de direção e ator coadjuvante.
Em relação à cerimônia em si, esta será a primeira vez de Seth MacFarlane como host. Criador da série animada Uma Família da Pesada e American Dad!, ele enfrentará um grande desafio na carreira de qualquer comediante: apresentar um evento ao vivo transmitido para vários países. Sua escolha foi considerada uma surpresa, pois não tem experiência nesse tipo de programa (talvez sua maior tenha sido o Saturday Night Live pela rede de TV americana) e sua marca registrada, a boca suja, não teria lugar no comedido Oscar. Apesar de torcer por MacFarlane, existe a forte possibilidade de frustrar seu público fiel por motivos de censura e, ao mesmo tempo, não ter o tipo de humor que a platéia da cerimônia espera. Vale lembrar que o comediante pode subir ao palco também para receber o Oscar de Melhor Canção Original por “Everybody Needs a Best Friend” de Ted, interpretada por Norah Jones.
Seth MacFarlane em foto promocional do Oscar 2013. Ele também concorre em Melhor Canção Original (photo by filmequals.com)
Apesar de favoritismos e zebras, as apostas para o Oscar costumam criar momentos imprevisíveis, mas que vençam os melhores!
MELHOR FILME
Indicados:
– Amor (Amour)
– Argo (Argo)
– As Aventuras de Pi (Life of Pi)
– Django Livre (Django Unchained)
– A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty)
– Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild)
– O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook)
– Lincoln (Lincoln)
– Os Miseráveis (Les Misérables)
DEVE GANHAR:Argo DEVERIA GANHAR:A Hora Mais Escura ZEBRA:Amor
INJUSTIÇADOS:O Mestre e Moonrise Kingdom
Argo, de Ben Affleck
Amor
5 indicações: Filme, Diretor, Atriz (Emmanuelle Riva), Roteiro Original e Filme Estrangeiro
Amor, de Michael Haneke
Desde que venceu a Palma de Ouro em Cannes, Amor, uma co-produção entre França, Alemanha e Áustria, foi conquistando toda uma legião de críticos internacionais e acabou surpreendendo ao receber cinco indicações ao Oscar, inclusive para Filme e Diretor. O filme acompanha o casal de professores de música octagenários, cujos laços são postos à prova quando a mulher sofre um derrame. Trata-se de um belo porém doloroso retrato do amor no fim da vida. A veterana Emmanuelle Riva recebeu sua primeira indicação, tornando-se a atriz mais velha a concorrer aos 85 anos, porém a melhor aposta seria como Melhor Filme Estrangeiro por também disputar como Melhor Filme.
Argo
7 indicações: Filme, Ator Coadjuvante (Alan Arkin), Roteiro Adaptado, Montagem, Trilha Musical Original, Som e Efeitos Sonoros
Argo, de Ben Affleck
O terceiro longa dirigido pelo ator Ben Affleck se beneficiou da escolha de uma ótima história verídica. Quando seis diplomatas americanos ficam presos no Irã em plena revolução, um agente da CIA bola um plano que envolve a criação de um filme hollywoodiano falso para resgatá-los como uma equipe de filmagem. A grande credibilidade do trabalho de direção de Ben Affleck é a passagem imperceptível de gêneros. Começamos com um filme político, passando por uma comédia satírica, terminando com um thriller. Argo recebeu todos os prêmios possíveis da indústria cinematográfica: Globo de Ouro, SAG (Screen Actors Guild), PGA (Producers Guild), DGA (Directors Guild) e o BAFTA. Contudo, a Academia resolveu deixar Affleck de lado na categoria de direção, o que comprometeria suas chances como Melhor Filme, afinal, a última produção premiada sem ter seu diretor sequer indicado foi Conduzindo Miss Daisy em 1990.
As Aventuras de Pi
11 indicações: Filme, Diretor, Roteiro Adaptado, Fotografia, Montagem, Direção de Arte, Trilha Musical Original, Canção Original, Som, Efeitos Visuais e Efeitos Sonoros
As Aventuras de Pi, de Ang Lee
A adaptação do livro de Yann Martel era considerada “infilmável” por muitos realizadores, mas felizmente, o diretor Ang Lee adora um bom desafio. As Aventuras de Pi narra a história de um rapaz indiano que perde toda sua família num naufrágio e se vê obrigado a dividir o bote salva-vidas com um tigre de bengala chamado Richard Parker. Visualmente, Ang Lee entrega um filme muito bonito, que se apoia em efeitos de computação gráfica imperceptíveis. E procura se aprofundar em questões filosóficas aproveitando-se de que o protagonista segue três religiões: hinduísta, católica e muçulmana. Contudo, o filme suaviza a importância da religião em relação à obra original de Martel, provavelmente, visando uma censura bem mais light: PG (a partir de 10 anos). Embora não tenha estatísticas de favorito, o filme conseguiu 11 indicações, ficando atrás apenas de Lincoln. A produção deve faturar alguns prêmios técnicos como Efeitos Visuais.
Ao lado de A Hora Mais Escura, Django Livre é um dos filmes mais comentados pelas polêmicas. O cineasta Spike Lee, muito conhecido por realizar filmes com tema ético e étnico, criticou diretamente Quentin Tarantino por usar o “termo racista” nigger (crioulo), o que estaria desrespeitando seus antepassados de escravos provindos do continente africano. O mais inacreditável dessa crítica é que Spike Lee nem se deu ao trabalho de ver Django Livre! Como fazer um filme sobre esse período sem utilizar o “termo racista” utilizado pelos senhores para se referirem a seus escravos? A sociedade americana atual, mergulhada no sistema politicamente correto, ignora o fato de que cinema de ficção não precisa se apoiar em valores éticos e na veracidade dos fatos históricos. Se nem alguns documentários ficam presos a essa meta, por que deveriam as ficções? Além disso, Django Livre repete o mesmo feito de Bastardos Inglórios, ao dar uma chance às vítimas do passado se vingarem de seus carrascos. Porém, quando se tratam de judeus castigando os nazistas, aí não tem problema nenhum. Falta de critério também pesa nessa polêmica. Infelizmente, Quentin Tarantino também não foi indicado como Melhor Diretor, mas tem boas chances como Melhor Roteiro Original.
A Hora Mais Escura
5 indicações: Filme, Roteiro Original, Montagem, Som e Efeitos Sonoros
A Hora Mais Escura, de Kathryn Bigelow
O novo filme de Kathryn Bigelow sobre a caça a Bin Laden começou bem a temporada de premiações, vencendo o National Board of Review e o New York Film Critics Circle, mas então começou a controvérsia da tortura. Um membro da Academia chamado David Clennon alegou em carta aberta que não votaria no filme porque faz apologia à tortura, em seguida, foi a vez dos senadores John McCain e Dianne Feinstein apoiarem a mesma causa. Com receio de que esses boatos pudessem acarretar em desentendimentos e processos, Bigelow e o roteirista Mark Boal contestaram pela mídia, sustentando que a tortura fez parte da busca e que não poderia ser ignorada no filme. O documentarista Michael Moore defendeu o filme ao dizer que causa justamente o efeito contrário: “faz você odiar a tortura”. Toda essa controvérsia talvez tenha explicação: o acesso exclusivo e “supostamente proibido” aos arquivos da operação da CIA da caça a Bin Laden revoltou o partido Republicano, que também acreditava em conspiração devido a estréia do filme coincidir com as eleições americanas em novembro, servindo como propaganda dos adversários Democratas. Por causa dessa briga, o lançamento teve de ser adiado para dezembro. Definitivamente, A Hora Mais Escura não é para o público comum, porque cuida de verdades que não são fáceis de digerir, especialmente para americanos republicanos e patriotas. Obviamente, a tortura aplicada por autoridades americanas foi varrida para debaixo do tapete, afinal qual governo se orgulharia disso? E como a Academia costuma fugir de polêmicas (lembrando aqui o apelativo Crash – No Limite batendo o franco-favorito O Segredo de Brokeback Mountain sobre cowboys homossexuais), A Hora Mais Escura deve permanecer no escuro.
Indomável Sonhadora
4 indicações: Filme, Diretor, Atriz (Quvenzhané Wallis) e Roteiro Adaptado
Indomável Sonhadora, de Benh Zeitlin
Que trajetória fenomenal de Indomável Sonhadora! Um filme com baixíssimo orçamento, mesmo para uma produção independente, conquista o prêmio máximo do Festival de Sundance e o Camera d’Or (reconhecimento técnico de Cannes) e termina com quatro indicações ao Oscar. Para criar o universo de seu filme, o jovem diretor Benh Zeitlin tomou a cidade de New Orleans como cenário depois que o furacão Katrina devastou o local. A pequena Quvenzhané Wallis, descoberta entre mais de quatro mil candidatas, dá vida à protagonista Hushpuppy como uma força da natureza. Coerente com a humildade do projeto, escalaram Dwight Henry para interpretar seu pai Wink. Ele fora descoberto por ser dono de uma padaria próxima às locações, entretanto, como não tinha nenhuma ambição em atuar, só aceitou depois que o diretor se comprometeu a realizar os ensaios nos horários de madrugada enquanto fazia os pães. Indomável Sonhadora explora a imaginação fértil de uma criança para encarar a dura realidade e a ausência da mãe. Embora seja muito nova, Wallis pode ser uma grande surpresa se os votos se dividirem na categoria.
Após o sucesso de crítica de O Vencedor (2010), David O. Russell decidiu adaptar o livro homônimo de Matthew Quick na tentativa de mostrar a seu filho, que sofre de transtorno bipolar como o protagonista Pat, que a doença não o torna menos humano. Muito semelhante à estrutura de uma comédia romântica, a história chega a ser igualmente previsível, mas a direção leve de Russell guia tão bem seus atores que a trama quase fica irrelevante. Para isso, começou usando outro de seus dons: escalar bem seu elenco. Apostou em Bradley Cooper para viver o personagem bipolar, Jennifer Lawrence para a viúva Tiffany, e resgatou Robert De Niro de sua zona de conforto. Com o poder do lobby da distribuidora Weinstein Company, o filme pode surpreender bastante, minando as chances de Lincoln e Argo. Vencedora do SAG, Jennifer Lawrence é a franco-favorita por sua versatilidade aos 22 anos.
Lincoln
12 indicações: Filme, Diretor, Ator (Daniel Day-Lewis), Ator Coadjuvante (Tommy Lee Jones), Atriz Coadjuvante (Sally Field), Roteiro Adaptado, Fotografia, Montagem, Direção de Arte, Figurino, Trilha Musical Original e Som
Lincoln, de Steven Spielberg
Lincoln é uma aula de História americana, mas lecionada por um professor com pouca didática. Apesar de bem escrito, o roteiro de Tony Kushner presume que seu público conheça o histórico de todos os personagens e a importância de cada um na votação da 13ª emenda contra a escravidão. Spielberg também peca por levar o assunto de forma extremamente séria (apenas o personagem de Tommy Lee Jones consegue extrair um pouco de humor) e limitar o filme tecnicamente a planos e contra-planos infindáveis de diálogos. O trabalho de direção de Spielberg ficou pesado, faltando equilíbrio para relatar esse importante momento da História e, por isso, seu terceiro Oscar talvez fique para uma próxima oportunidade. Para quem gosta e conhece a filmografia do diretor, sofre sério risco de desapontamento. Provavelmente, a melhor e única chance esteja nas mãos do ator Daniel Day-Lewis que, como sempre, impressiona por viver a figura imponente do político Abraham Lincoln. Se ganhar, será o terceiro Oscar do ator e a primeira atuação oscarizada sob direção de Spielberg.
Os Miseráveis
8 indicações: Filme, Ator (Hugh Jackman), Atriz Coadjuvante (Anne Hathaway), Direção de Arte, Figurino, Maquiagem, Canção Original e Som
Os Miseráveis, de Tom Hooper
O romance de Victor Hugo é um clássico da Literatura. E as adaptações musicais vem conquistando o público desde os anos 80. Mas apesar de todo esse sucesso, essa adaptação ficou muito aquém do esperado. Só o fato do filme ser um musical não significa que todo e qualquer diálogo deva ser musicado. O tão importante elemento da música deveria elevar a cena, mas acaba se tornando num mero artifício banal utilizado à exaustão. Muito popular nos anos 50 e 60, o gênero musical ficou ultrapassado nas décadas seguintes, contudo, com a coragem de alguns cineastas como Baz Luhrmann, Lars von Trier e Rob Marshall, voltou a encantar platéias no início dos anos 2000. Felizmente, o filme de Tom Hooper tem Victor Hugo e as canções clássicas por trás, caso contrário, poderia ser um fracasso gritante. Do elenco, Hugh Jackman (Jean Valjean), Samantha Barks (Eponine), Daniel Huttlestone (Gavroche) e claro, Anne Hathaway (Fantine) se destacam através de suas cordas vocais. Hathaway cantou “I Dreamed a Dream” com o coração na mão e deve levar seu primeiro Oscar.
MELHOR DIRETOR
Indicados:
– Michael Haneke (Amor)
– Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora)
– Ang Lee (As Aventuras de Pi)
– Steven Spielberg (Lincoln)
– David O. Russell (O Lado Bom da Vida)
DEVE GANHAR: David O. Russell (O Lado Bom da Vida) DEVERIA GANHAR: Ang Lee (As Aventuras de Pi) ZEBRA: Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora)
INJUSTIÇADOS: Ben Affleck (Argo) e Kathryn Bigelow (A Hora Mais Escura)
David O. Russell (centro) dirige a cena de O Lado Bom da Vida na lanchonete (photo by indiewire.com)
Este ano, a categoria de Direção foi a mais discutida desde que foram anunciadas as indicações. Dois dos diretores mais premiados da temporada sequer figuraram na lista: Ben Affleck (Argo) e Kathryn Bigelow (A Hora Mais Escura). Ambos foram indicados pelo Directors Guild of America (Affleck ganhou), mas foram substituídos por Michael Haneke (Amor) e Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora).
Com suas exclusões dos favoritos, tudo indica que há uma espécie de complô para o terceiro Oscar para Spielberg. No papel, o retorno à glória do diretor soa muito bem, especialmente por se tratar de um filme sobre um dos presidentes mais queridos dos EUA, mas para quem viu Lincoln, sabe que não se trata de um dos seus melhores trabalhos. Temos uma série de discursos, reuniões e audiências em fóruns, mas sem o brilho de um Sidney Lumet de 12 Homens e uma Sentença, tanto que Spielberg sequer foi indicado ao BAFTA, prêmio da Academia Britânica. E como ele já tem dois Oscars na carreira (por A Lista de Schindler e O Resgate do Soldado Ryan), David O. Russell passa a ganhar força na campanha em sua segunda indicação.
Em O Lado Bom da Vida, ele consegue extrair boa atuação de Bradley Cooper, acredita na jovem Jennifer Lawrence para viver uma viúva, resgata um pouco do talento esquecido de Robert De Niro e explora o pouco tempo de tela de Jacki Weaver, tornando-se o primeiro filme depois de Reds (1981), de Warren Beatty, a ter seus atores indicados em todas as categorias de atuação. Seu filme anterior, O Vencedor, rendeu dois Oscars para Christian Bale e Melissa Leo, ambos coadjuvantes.
Com as ausências de Affleck e Bigelow, alguns especialistas não descartam um improvável triunfo do taiwanês Ang Lee. Primeiro diretor asiático a vencer o Oscar de direção por O Segredo de Brokeback Mountain, Lee também tem em seu currículo laureado um Urso de Ouro, dois Leões de Ouro, dois DGAs e dois Globos de Ouro. Tem como uma das grandes qualidades a versatilidade de temas: culinária, história em quadrinhos, kung fu, espionagem, western, Woodstock, famílias suburbanas entre outros. Seu grande mérito aqui é concretizar um projeto difícil que foi recusado por M. Night Shyamalan, Alfonso Cuarón e Jean-Pierre Jeunet, criando um visual arrebatador.
MELHOR ATOR
Indicados:
– Bradley Cooper (O Lado Bom da Vida)
– Daniel Day-Lewis (Lincoln)
– Hugh Jackman (Os Miseráveis)
– Joaquin Phoenix (O Mestre)
– Denzel Washington (O Vôo)
DEVE GANHAR: Daniel Day-Lewis (Lincoln) DEVERIA GANHAR: Joaquin Phoenix (O Mestre) ZEBRA: Bradley Cooper (O Lado Bom da Vida)
INJUSTIÇADOS: John Hawkes (As Sessões) e Denis Lavant (Holy Motors)
Daniel Day-Lewis em Lincoln (photo by theartsdesk.com)
95% da população cinéfila deve votar em Daniel Day-Lewis, afinal, é um dos melhores atores de sua geração e venceu o SAG por incorporar o presidente Abraham Lincoln num momento crucial da História americana. Seus métodos de interpretação são tão profundos e rigorosos que ele permanece no personagem entre um take e outro. No set de Lincoln, era chamado de “Mr. President”. Quais as chances de ele não ganhar?
Bem, se Day-Lewis confirmar seu favoritismo, este será seu terceiro Oscar de Melhor Ator (principal). E NENHUM ator conseguiu tamanha proeza. Só para citar profissionais mais recentes: Tom Hanks, Jack Nicholson e Sean Penn têm dois. E para a Academia quebrar um novo recorde, seria necessário um milagre.
O único que pode realmente derrubar o favoritismo de Daniel Day-Lewis é Joaquin Phoenix. Sim, o mesmo ator que anunciara aposentadoria em 2008 para se tornar um rapper! Felizmente, mudou de idéia e construiu esse ótimo personagem veterano de guerra, alcóolatra e de comportamento explosivo de O Mestre. Sua performance impressiona pelo esforço físico e uma sensação de completa desordem, fazendo com que seja o oposto necessário para contrabalancear a serenidade do líder da Cientologia, vivido por Philip Seymour Hoffman. Sua vitória seria uma grata surpresa, ainda mais porque Phoenix teve um momento de rebeldia à la Marlon Brando e George C. Scott ao dizer para a mídia: “O Oscar é uma besteira. Nunca mais quero passar por aquela experiência de novo”. A tática já funcionou antes: tanto Brando como Scott ganharam o Oscar sem marcarem presença na cerimônia.
Apesar da competição estar acirrada, John Hawkes poderia ser um dos indicados. Ele interpreta um homem com seus dias contados e que busca perder sua virgindade com uma terapeuta do sexo (Helen Hunt) em As Sessões. Praticamente se valendo apenas das expressões faciais, ele consegue demonstrar extrema fragilidade física, inclusive pela voz mais quebradiça. Infelizmente, os votantes da ala conservadora da Academia não apoiaram o sexo casual que o filme levanta, assim como a cota de atores franceses ser superior a um (Emmanuelle Riva), pois Denis Lavant merecia reconhecimento pelo ótimo Holy Motors. No filme de Leos Carax, que esteve presente em Cannes, ele interpreta nada menos que onze personagens diferentes em situações que beiram o absurdo, mas com muita propriedade e criatividade.
MELHOR ATRIZ
Indicadas:
– Jessica Chastain (A Hora Mais Escura)
– Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida)
– Emmanuelle Riva (Amor)
– Quvenzhané Wallis (Indomável Sonhadora)
– Naomi Watts (O Impossível)
DEVE GANHAR: Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida) DEVERIA GANHAR: Jessica Chastain (A Hora Mais Escura) ZEBRA: Naomi Watts (O Impossível)
INJUSTIÇADA: Marion Cottilard (Ferrugem e Osso)
Jennifer Lawrence em O Lado Bom da Vida (photo by CineMagia.ro)
Nesta categoria, temos duas atrizes americanas em extrema ascensão. Jennifer Lawrence ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz – Musical ou Comédia e o SAG Award, enquanto Jessica Chastain levou o Globo de Ouro de Melhor Atriz – Drama. Ambas estão em sua segunda indicação ao Oscar e têm grandes chances de vitória. Porém Lawrence tem ligeira vantagem por seu papel em O Lado Bom da Vida ser bem cativante. Tiffany, a personagem que ela defende, tem forte personalidade e ganha ares excêntricos por seu passado recente com medicamentos de depressão por causa da morte do marido. Provavelmente, a maioria dos diretores não conseguiriam enxergar a jovem atriz como uma viúva, mas ela convence com bastante naturalidade. Além disso, Jennifer Lawrence estrela a nova franquia de sucesso Jogos Vorazes, tornando-se uma figura muito querida pela indústria e fãs da série.
Justamente o oposto, Jessica Chastain interpreta uma personagem cujas emoções precisam ser escondidas por ser uma agente de operações da CIA em A Hora Mais Escura. Sua personagem Maya sente-se predestinada a encontrar Bin Laden nos mais de 10 anos de busca incansável, o que lhe traz muito sofrimento ao testemunhar sessões de tortura e muita solidão por excesso de trabalho. Esse papel poderia ser facilmente masculinizado, mas Chastain consegue dar um toque de feminilidade sem perder a compostura da agente.
Com tamanha competitividade, os votos podem se dividir, permitindo que uma terceira candidata chegue atropelando. Esta poderia ser a atriz mais velha a ser indicada, a veterana francesa Emmanuelle Riva (Amor), seguida de perto pela mais jovem, a pequena Quvenzhané Wallis (Indomável Sonhadora). Recentemente, Riva ganhou o prêmio BAFTA, enquanto Wallis recebeu incontáveis prêmios de Revelação, podendo ser o único Oscar do filme independente.
Com a presença de Emmanuelle Riva na categoria, a conterrânea Marion Cottilard perdeu espaço. Sua performance dramática em Ferrugem e Osso vinha sendo bem recebida desde Cannes, mas preferiram a fraca atuação de Naomi Watts em O Impossível.
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Indicados:
– Alan Arkin (Argo)
– Robert De Niro (O Lado Bom da Vida)
– Philip Seymour Hoffman (O Mestre)
– Tommy Lee Jones (Lincoln)
– Christoph Waltz (Django Livre)
DEVE GANHAR: Robert De Niro (O Lado Bom da Vida) DEVERIA GANHAR: Christoph Waltz (Django Livre) ZEBRA: Alan Arkin (Argo)
INJUSTIÇADO: Samuel L. Jackson (Django Livre)
Robert De Niro (centro) em O Lado Bom da Vida (photo by CineMagia.ro)
Fato número 1: Todos os cinco indicados desta categoria já ganharam o Oscar anteriormente. Nesse sentido, o ator que mais leva desvantagem é o austríaco Christoph Waltz (Django Livre), pois vencera há três anos por Bastardos Inglórios. E, discordem ou não, apesar de sua performance ser excelente, lembra o jeito culto e a excelente dicção do Coronel Hans Landa. Waltz levou o Globo de Ouro em janeiro, mas foi Tommy Lee Jones quem levou o SAG por Lincoln. Seu personagem serve como ótimo alívio cômico para os 160 minutos de pura politicagem burocrática do filme de Steven Spielberg.
Contudo, como Hollywood adora resgatar grandes nomes do passado e Robert De Niro não recebe uma indicação há 20 anos, ele pode se tornar a grande surpresa da noite. Em O Lado Bom da Vida, ele interpreta Pat Sr., que é viciado em jogos, prende-se demais às superstições e se arrepende por ter deixado seu filho mais novo de lado. Existe uma cena, que deve passar como clipe de sua atuação, em que seu personagem chora umas lágrimas de forma tímida. E isso deve bastar para a Academia lhe conceder seu terceiro Oscar (coadjuvante por O Poderoso Chefão – Parte II em 1975, e ator por Touro Indomável em 1981) a fim de incentivá-lo a buscar projetos mais ambiciosos como ator. Por muito tempo, De Niro ficou preso e limitado a caricaturas de si mesmo como na trilogia Entrando Numa Fria. Vale lembrar que a categoria costuma render prêmios para atores consagrados como James Coburn, Michael Caine e Christopher Plummer.
Se não vivêssemos em tempos tão politicamente corretos, Samuel L. Jackson estaria indicado por Django Livre e com as melhores chances de ganhar, mas seu personagem é um negro extremamente racista com os demais negros na era escravista dos EUA. Talvez seja sua melhor interpretação da carreira, mas as questões “éticas” atrapalharam sua campanha para o Oscar.
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Indicadas:
– Amy Adams (O Mestre)
– Sally Field (Lincoln)
– Anne Hathaway (Os Miseráveis)
– Helen Hunt (As Sessões)
– Jacki Weaver (O Lado Bom da Vida)
DEVE GANHAR: Anne Hathaway (Os Miseráveis) DEVERIA GANHAR: Anne Hathaway (Os Miseráveis) ZEBRA: Helen Hunt (As Sessões)
INJUSTIÇADA: Ann Dowd (Compliance)
Anne Hathaway em Os Miseráveis (photo by BeyondHollywood.com)
Logo depois que as indicações foram anunciadas, parecia que o duelo final seria entre Anne Hathaway e Sally Field. Mas Hathaway se tornou uma unanimidade na temporada: vencedora do Globo de Ouro, SAG e BAFTA. Mesmo com pouco tempo de tela, sua performance como Fantine praticamente se resume à cena em que canta aos prantos “I Dreamed a Dream”, conseguindo comover o público.
Além de demonstrar talento através de suas cordas vocais, Anne Hathaway perdeu mais de dez quilos para o papel. Sem contar que cortaram seu cabelo em cena, pois sua personagem vende seu cabelo. Tamanho esforço para um papel menor que valorizou bastante sua participação deve lhe render uma estatueta do Oscar. Outro fator curioso que colabora para sua vitória é que sua mãe interpretou a mesma Fantine no musical da Broadway.
E o retorno de Helen Hunt pode ser interpretado como uma segunda chance na carreira. Depois de ganhar como Melhor Atriz em 1998 por Melhor é Impossível, nunca mais escolheu projetos que pudessem mantê-la em destaque. Em As Sessões, ela interpreta uma terapeuta do sexo e aparece nua, coragem que pode já ter sido recompensada pela indicação, mas que pode ter maquiado a real intenção da Academia de desfazer outra maldição do Oscar.
Uma reclamação muito pertinente neste Oscar é a falta de atores mais desconhecidos. Tradicionalmente, a Academia “planta” um candidato que não esteve presente nas listas das demais premiações como a própria Jacki Weaver em 2011. Este ano, essa vaga poderia ter sido preenchida por Ann Dowd por sua ótima performance no independente Compliance, no qual faz uma gerente de fast-food que se vê obrigada a interrogar uma de suas funcionárias devido a uma denúncia anônima.
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Indicados:
– Michael Haneke (Amor)
– Quentin Tarantino (Django Livre)
– John Gatlins (O Vôo)
– Wes Anderson, Roman Coppola (Moonrise Kingdom)
– Mark Boal (A Hora Mais Escura)
DEVE GANHAR: Quentin Tarantino (Django Livre) DEVERIA GANHAR: Mark Boal (A Hora Mais Escura) ZEBRA: Wes Anderson e Roman Coppola (Moonrise Kingdom)
INJUSTIÇADO: Rian Johnson (Looper: Assassinos do Futuro)
Quentin Tarantino no set de Django Livre (photo by filmstage.com)
Embora tenha sido alvo dos comentários de preconceito racial do diretor Spike Lee, o roteiro de Quentin Tarantino consegue extrair excelente humor negro (sem trocadilhos) da época escravista dos EUA como a sequência hilária da Ku Klux Klan. Como de costume, seus personagens possuem diálogos memoráveis e em situações inusitadas. Como tem poucas chances de levar Melhor Filme, Tarantino deve levar o Oscar de Roteiro Original, o segundo de sua carreira.
Trancado a sete chaves, o roteiro de A Hora Mais Escura sofreu alterações drásticas, pois o objetivo inicial era questionar o sumiço do líder terrorista Bin Laden, mas depois que ele foi encontrado e eliminado, o roteirista Mark Boal reescreveu praticamente outro filme com novos questionamentos. Valendo-se também de consulta dos arquivos secretos da CIA sobre a operação, o filme sofreu duras críticas de americanos politicamente corretos por expôr a tortura para conseguir pistas sobre o paradeiro de Bin Laden. Como a Academia evita esse tipo de polêmica mais dura e Mark Boal ganhou recentemente por Guerra ao Terror, suas chances caem um pouco.
Infelizmente, o romance Moonrise Kingdom ficou limitado a essa única categoria. Poderia ter sido reconhecido também em Direção de Arte, Figurino, Trilha Musical, Montagem e Filme. Porém o filme tem grandes chances no Independent Spirit Awards, que premia filmes independentes. E embora o roteiro de Looper: Assassinos do Futuro tenha vencido o National Board of Review, o gênero de ficção científica que envolve viagens no tempo não costuma ser unanimidade nesta categoria.
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Indicados:
– Chris Terrio (Argo)
– Benh Zeitlin, Lucy Alibar (Indomável Sonhadora)
– David Magee (As Aventuras de Pi)
– Tony Kushner (Lincoln)
– David O. Russell (O Lado Bom da Vida)
DEVE GANHAR: Chris Terrio (Argo) DEVERIA GANHAR: Chris Terrio (Argo) ZEBRA: David Magee (As Aventuras de Pi)
INJUSTIÇADO: Stephen Chbosky (As Vantagens de ser Invisível)
Chris Terrio em lançamento de Argo (photo by zimbio.com)
Como a briga de Roteiro Adaptado inclui os principais concorrentes do Oscar, o vencedor daqui pode definir o Melhor Filme do ano. À princípio, o dramaturgo Tony Kushner levaria vantagem por concorrer pelo drama histórico Lincoln e ser um prestigioso vencedor do prêmio Pulitzer pela peça Angels in America que foi adaptada para a TV em 2003, afinal o Oscar premiaria um consagrado autor. Contudo, nessa reta final, um democrata americano expôs um erro histórico em seu roteiro. No filme, dois representantes de seu Estado, Connecticut, votam contra a abolição da escravidão em 1865, sendo que foram à favor da emenda. Apesar de Kushner admitir o erro e pedir desculpas publicamente, esse erro pode ter minado suas chances, ainda mais agora que o filme de Spielberg está em queda.
Assim, a vitória do estreante Chris Terrio pode ajudar Argo a ter mais sustentação como Melhor Filme (já que seu diretor sequer foi indicado), ao lado do prêmio de Montagem. Contudo, se Spielberg levar Melhor Diretor, David O. Russell deve levar o Oscar de consolação por O Lado Bom da Vida.
Muito elogiado pela crítica, o drama juvenil sobre um universitário acolhido por dois veteranos de As Vantagens de ser Invisível só ficou de fora porque a categoria estava sobrecarregada de fortes concorrentes.
MELHOR FOTOGRAFIA
Indicados:
– Seamus McGarvey (Anna Karenina)
– Robert Richardson (Django Livre)
– Claudio Miranda (As Aventuras de Pi)
– Janusz Kaminski (Lincoln)
– Roger Deakins (007 – Operação Skyfall)
DEVE GANHAR: Claudio Miranda (As Aventuras de Pi) DEVERIA GANHAR: Roger Deakins (007 – Operação Skyfall) ZEBRA: Seamus McGarvey (Anna Karenina)
INJUSTIÇADO: Mihai Malaimare Jr. (O Mestre)
Visual exuberante de As Aventuras de Pi gerado pela fotografia de Claudio Miranda com CG (photo by cinemagia.ro)
O diretor de fotografia Claudio Miranda (photo by arri.com)
Apesar do chileno Claudio Miranda ser relativamente novo na indústria do cinema (passou a trabalhar com cinema desde 2005), sua fotografia ficou marcada pelo equilíbrio do bom uso de efeitos de computação gráfica em O Curioso Caso de Benjamin Button e Tron: O Legado. Em As Aventuras de Pi, essa característica de seu trabalho atinge seu ápice, pois cerca de 70% do filme é filmado em green screen (fundo verde a serem inseridos os efeitos em pós-produção). Casos mais recentes que continham muitos efeitos e que ganharam o Oscar, A Origem e Avatar, sustentam seu favoritismo.
A fotografia de Robert Richardson também imprime visual exuberante ao western Django Livre, porém como já tem três Oscars e o último ganhou no ano anterior por A Invenção de Hugo Cabret, suas chances reduzem bastante. Do outro lado, o inglês Roger Deakins já foi indicado 10 vezes e nunca ganhou. Seu trabalho em 007 – Operação Skyfall eleva o filme de ação a um nível artístico. A beleza das cenas do cassino de Shangai e da mansão da Escócia em chamas já valem o ingresso.
Incluiria a fotografia de Mihai Malaimare Jr. de O Mestre na competição. Utilizando-se de filme 65mm, ele consegue passar uma sensação de irreal pertinente ao mundo fora de controle de Freddie Quell, assim como as idéias surreais de Lancaster Dodd. Mihai tem sido o braço direito dos últimos filmes de Francis Ford Coppola como Tetro.
MELHOR MONTAGEM
Indicados:
– William Goldenberg (Argo)
– Tim Squyres (As Aventuras de Pi)
– Michael Khan (Lincoln)
– Jay Cassidy, Crispin Struthers (O Lado Bom da Vida)
– William Goldenberg, Dylan Tichenor (A Hora Mais Escura)
DEVE GANHAR: William Goldenberg (Argo) DEVERIA GANHAR: William Goldenberg (Argo) ZEBRA: Jay Cassidy, Crispin Struthers (O Lado Bom da Vida)
INJUSTIÇADO: Andrew Weisblum (Moonrise Kingdom)
Momento de tensão em Argo (photo by BeyondHollywood.com)
William Goldenberg, recebendo seu BAFTA por Argo (photo by latinospost.com)
Normalmente, o prêmio de montagem é concedido a filmes de ação como Bullitt, Rocky – Um Lutador e o recente O Ultimato Bourne por conseguirem criar tensão no uso eficiente de cortes. Em outros casos, a montagem premiada vem de histórias interligadas que criam um senso de unidade como em Traffic e Crash – No Limite. Em Argo, temos bons exemplos das duas situações, pois lida com vários personagens, costurando suas cenas e oferecendo tensão na parte final do longa. Além disso, William Goldenberg também concorre por A Hora Mais Escura, o que poderia ser interpretado como um prêmio para dois filmes.
Muito do humor ácido de Wes Anderson provém da montagem de Andrew Weisblum em Moonrise Kingdom. Seus cortes secos chegam em ótimo timing e ditam o tom desta fábula sobre duas crianças apaixonadas. Se fosse para optar por uma comédia, poderiam incluir esta montagem e deixar O Lado Bom da Vida de lado.
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Indicados:
– Sarah Greenwood, Katie Spencer (Anna Karenina)
–Dan Hennah, Ra Vincent, Simon Bright (O Hobbit: Uma Jornada Inesperada)
– Eve Stewart, Anna Lynch-Robinson (Os Miseráveis)
– David Gropman, Anna Pinnock (As Aventuras de Pi)
– Rick Carter, Jim Erickson (Lincoln)
DEVE GANHAR: Sarah Greenwood, Kate Spencer (Anna Karenina) DEVERIA GANHAR: Sarah Greenwood, Kate Spencer (Anna Karenina) ZEBRA: Dan Hennah, Ra Vincent, Simon Bright (O Hobbit: Uma Jornada Inesperada)
INJUSTIÇADO: Hugh Bateup, Uli Hanisch (A Viagem)
A direção de arte de Anna Karenina recria a Rússia do século XIX: precisão nas paredes e chão (photo by cinemagia.ro)
Sarah Greenwood no set de Anna Karenina (photo by btlnews.com)
Nos últimos anos, o prêmio de Direção de Arte tem destoado do vencedor do Melhor Filme e costuma valorizar filmes de temática fantasiosa como Avatar e Alice no País das Maravilhas. Entretanto, como a direção de arte do representante de fantasia O Hobbit: Uma Jornada Inesperada praticamente recicla o design da trilogia de O Senhor dos Anéis, o Oscar pode recompensar o belo trabalho de recriação da Rússia do século XIX de Anna Karenina. Trata-se da quinta colaboração de Sarah Greenwood com o diretor Joe Wright, desde Orgulho & Preconceito (2005), e sua quarta indicação ao Oscar sem vitórias até o momento.
Negligenciado em excesso pela crítica americana, a ficção científica A Viagem que busca algum sentido para a vida acabou excluída de quase todas as premiações, contudo o design de produção chama a atenção por conseguir cobrir passado, presente e futuro com cenários convincentes e inovadores. Mesmo com chances quase nulas de vitória, já serviria como um sopro de criatividade nesta categoria de muitas recriações e reformulações.
MELHOR FIGURINO
Indicados:
– Jacqueline Durran (Anna Karenina)
– Paco Delgado (Os Miseráveis)
– Joanna Johnston (Lincoln)
– Eiko Ishioka (Espelho, Espelho Meu)
– Colleen Atwood (Branca de Neve e o Caçador)
INJUSTIÇADO: Kym Barrett, Pierre-Yves Gayraud (A Viagem)
Um dos belos figurinos de Anna Karenina (photo by cinemagia.ro)
A figurinista Jacqueline Durran (à dir) ao lado da atriz Keira Knightley com figurino de Anna Karenina (photo by elle.com)
Muitas vezes, a categoria de figurino se tornou apenas uma contribuição no número de Oscars do Melhor Filme do ano, o que beneficiaria Joanna Johnston por Lincoln, mas como a competição está bem acirrada, a qualidade deve falar mais alto. Assim, Jacqueline Durran tem leve vantagem também por ter sido indicada em outras duas oportunidades por colaborações com o diretor Joe Wright em Orgulho & Preconceito e Desejo e Reparação, mas nunca ter levado.
Contudo, não será surpresa se Eiko Ishioka for anunciada vencedora, pois seus figurinos brilham muito mais do que os atores na adaptação dos Irmãos Grimm de Branca de Neve e os Sete Anões, o fraco Espelho, Espelho Meu, e este seria seu segundo e último Oscar, pois morreu em janeiro desse ano. Ela venceu em 1993 por Drácula de Bram Stoker.
Abrangendo figurinos de eras diferentes e criando roupas inovadoras futurísticas, o trabalho dos figurinistas Kym Barrett e Pierre-Yves Gayraud em A Viagem poderiam preencher a vaga do razoável figurino de Lincoln.
MELHOR MAQUIAGEM
Indicados:
– Howard Berger, Peter Montagna, Martin Samuel (Hitchcock)
– Peter King, Rick Findlater, Tami Lane (O Hobbit: Uma Jornada Inesperada)
– Lisa Westcott, Julie Dartnell (Os Miseráveis)
DEVE GANHAR:O Hobbit: Uma Jornada Inesperada DEVERIA GANHAR:O Hobbit: Uma Jornada Inesperada ZEBRA:Hitchcock
INJUSTIÇADO:Homens de Preto 3
Novos personagens do universo de J.R.R. Tolkien permitiram trabalho novo de maquiagem (photo by cinemagia.ro)
Um dos milhares trabalhos de maquiagem de O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (photo by digititles.com)
Sem a presença do mestre Rick Baker, responsável por criações como Um Lobisomem Americano em Londres e O Grinch, a competição perde muito de seu prestígio. Com uma penca de anões para colocar barbas, bigodes e narigões, o trabalho de maquiagem de O Hobbit: Uma Jornada Inesperada claramente é o melhor e mais trabalhoso dos três indicados. Talvez o pobre trabalho de maquiagem de Os Miseráveis ganhe para elevar o número de Oscars, mas não por méritos próprios.
Provavelmente por se tratar de uma sequência com poucas chances de vitória, o terceiro filme sobre os Homens de Preto acabou sendo ignorado pela comissão. Só a criação do vilão grotesco Boris the Animal já valeria uma indicação na categoria.
MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
Indicados:
– Dario Marianelli (Anna Karenina)
– Alexandre Desplat (Argo)
– Mychael Danna (As Aventuras de Pi)
– John Williams (Lincoln)
– Thomas Newman (007 – Operação Skyfall)
DEVE GANHAR: Mychael Danna (As Aventuras de Pi) DEVERIA GANHAR: Mychael Danna (As Aventuras de Pi) ZEBRA: Dario Marianelli (Anna Karenina)
INJUSTIÇADO: Jonny Greenwood (O Mestre)
Mychael Danna trabalhando na trilha de As Aventuras de Pi com o diretor Ang Lee (photo by deadline.com)
Nos últimos anos, os vencedores desta categoria trabalharam com algum instrumento diferente ou inusitado. Por exemplo, o compositor A. R. Rahman utilizou a cítara indiana para criar a trilha romântica de Quem Quer Ser um Milionário?, e Dario Marianelli explorou pertinentemente o som das teclas de uma máquina escrever para formar o ritmo agitado de Desejo e Reparação. Este ano, a trilha mais inusitada entre os indicados pertence a Mychael Danna. Ele explora alguns instrumentos indianos como o Santoor de 108 cordas e o Sarangi, que originou o violino, além de acordões franceses e mandolins para contar essa jornada fantástica de Pi.
Não que a música erudita de Anna Karenina seja inferior – muito pelo contrário! – mas como o compositor ganhou recentemente, suas chances devem ser mínimas. Seguindo esta lógica, se a Academia quiser terminar o jejum de vitórias, Alexandre Desplat (Argo) acumula 5 indicações e Thomas Newman (007 – Operação Skyfall) está em sua 11ª indicação sem nunca ter ganhado.
E esta é a segunda vez que Jonny Greenwood acaba ignorado pela Academia. Em O Mestre, sua segunda colaboração com o diretor Paul Thomas Anderson, ele cria uma trilha estranha que dita o tom do filme. Sua música parece dizer ao espectador que nada daquilo que estamos vendo é, de fato, real, sensação reforçada pela alternância de filmes 35mm para 65mm que o diretor aplica.
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
Indicados:
– “Before My Time”, de J. Ralph (Chasing Ice)
– “Suddenly”, de Alain Boublil, Claude-Michel Schönberg e Herbert Kretzmer (Os Miseráveis)
– “Pi’s Lullaby”, de Mychael Danna e Bombay Jayshri (As Aventuras de Pi)
– “Everybody Needs a Best Friend”, de Walter Murphy e Seth MacFarlane (Ted)
– “Skyfall”, de Adele Adkins e Paul Epworth (007 – Operação Skyfall)
DEVE GANHAR: “Skyfall”, de Adele Adkins e Paul Epworth (007 – Operação Skyfall) DEVERIA GANHAR: “Skyfall”, de Adele Adkins e Paul Epworth (007 – Operação Skyfall) ZEBRA: “Before my Time”, de J. Ralph (Chasing Ice)
INJUSTIÇADO: “Dull Tool”, de Fiona Apple (Bem-vindo aos 40)
Adele e 007 – Operação Skyfall: grandes chances de premiação (foto por twentyfourbit.com)
Se a canção de Adele já era favorita antes, agora com o anúncio de que haverá uma homenagem aos 50 anos de James Bond e que Shirley Bassey, a diva que cantou três temas de Bond: “Goldfinger”, “Diamonds Are Forever” e “Moonraker” se apresentará no palco pela primeira vez, então pode-se considerar certo este Oscar para 007 – Operação Skyfall. Existiria uma ligeira possibilidade da música de Ted, “Everybody Needs a Best Friend”, ganhar por ser interpretada pela talentosa Norah Jones, mas após ganhar todos os prêmios da categoria, incluindo o Globo de Ouro, ninguém tira o reconhecimento merecido de Adele. Esta é apenas a quarta canção indicada ao Oscar de toda a franquia de sucesso de 007. As anteriores foram “Live and Let Die”, por Paul McCartney (007 – Viva e Deixe Morrer), “Nobody Does it Better”, por Carly Simon (007 – O Espião que me Amava), e “For Your Eyes Only”, por Sheena Easton (007 – Somente Para Seus Olhos).
Com uma canção que destrincha os problemas de um relacionamento através da letra, mas mantendo o estilo musical de Fiona Apple, a canção “Dull Tool” da comédia Bem-vindo aos 40 seria uma boa pedida para incluir um nome de peso à lista de apresentações, mas a palavra “fuck” usada na canção seria um empecilho na transmissão ao vivo.
MELHOR SOM
Indicados:
– John T. Reitz, Gregg Rudloff, José Antonio García (Argo)
– Andy Nelson, Mark Paterson, Simon Hayes (Os Miseráveis)
– Ron Bartlett, Doug Hemphill, Drew Kunin (As Aventuras de Pi)
– Andy Nelson, Gary Rydstrom, Ron Judkins (Lincoln)
– Scott Millan, Greg P. Russell, Stuart Wilson (007 – Operação Skyfall)
DEVE GANHAR:Os Miseráveis DEVERIA GANHAR:007 – Operação Skyfall ZEBRA:Lincoln
INJUSTIÇADO:A Hora Mais Escura
Além do som das armas e canhões, o som de Os Miseráveis se vale pela captação da cantoria do elenco no set de filmagem (photo by BeyondHollywood.com)
A inédita técnica de gravação de som para musicais de Os Miseráveis deve ser recompensada. Contrariando o sistema de playback, toda a cantoria dos atores foi gravada em set de filmagem e mesmo vulnerável a ruídos externos de cenários e locações, o resultado ficou muito bom. Claro que se a voz de Russell Crowe colaborasse, o som seria mais agradável aos ouvidos.
Normalmente, o que dita a regra desta categoria é saber qual o filme mais barulhento do ano. Pela obviedade, 007 – Operação Skyfall seria o eleito, e o trabalho de mixagem de som de A Hora Mais Escura certamente estaria indicado.
MELHORES EFEITOS SONOROS
Indicados:
– Erik Aadahl, Ethan Van der Ryn (Argo)
– Wylie Stateman (Django Livre)
– Eugene Gearty, Philip Stockton (As Aventuras de Pi)
– Per Hallberg, Karen M. Baker (007 – Operação Skyfall)
– Paul N.J. Ottosson (A Hora Mais Escura)
DEVE GANHAR:A Hora Mais Escura DEVERIA GANHAR:007 – Operação Skyfall ZEBRA:Argo
INJUSTIÇADO:Os Vingadores
Efeitos sonoros de A Hora Mais Escura são compostos de tiros, explosões e queda de helicóptero (photo by BeyondHollywood.com)
Só a sequência da destruição da mansão Skyfall de 007 – Operação Skyfall com granadas já deveria render um Oscar de efeitos sonoros, mas talvez a Academia se sinta na obrigação de compensar A Hora Mais Escura. Em 2007, o filme de Clint Eastwood, Cartas de Iwo Jima, estava indicado a Melhor Filme e Diretor, mas acabou levando apenas Efeitos Sonoros. Acontece.
Na questão de criação de sons, o blockbuster Os Vingadores já seria candidato pela sequência de destruição de Nova York pela invasão alienígena. Pelo visto, o sucesso nas bilheterias não assegurou mais de uma indicação ao filme.
MELHORES EFEITOS VISUAIS
Indicados:
– Janek Sirrs, Jeff White, Guy Williams, Daniel Sudick (Os Vingadores)
– Joe Letteri, Eric Saindon, David Clayton, R. Christopher White (O Hobbit: Uma Jornada Inesperada)
– Bill Westenhofer, Guillaume Rocheron, Erik De Boer, Donald Elliott (As Aventuras de Pi)
– Richard Stammers, Trevor Wood, Charley Henley, Martin Hill (Prometheus)
– Cedric Nicolas-Troyan, Phil Brennan, Neil Corbould, Michael Dawson (Branca de Neve e o Caçador)
DEVE GANHAR:As Aventuras de Pi DEVERIA GANHAR:As Aventuras de Pi ZEBRA:Prometheus
INJUSTIÇADO:John Carter – Entre Dois Mundos
O tigre de bengala Richard Parker de As Aventuras de Pi é um dos feitos por computação gráfica (photo by OutNow.CH)
Antes rotulado como “infilmável”, os efeitos visuais possibilitaram a própria existência de As Aventuras de Pi. Além de boa parte do roteiro se passar num bote salva-vidas, temos animais que alternam entre reais e feitos por computação gráfica. O tigre de bengala Richard Parker impressiona pelos movimentos e o brilho dos olhos do animal.
O fracasso nas bilheterias e com a crítica esgotou qualquer possibilidade dos efeitos visuais de John Carter – Entre Dois Mundos figurar nessa lista. Por outro lado, os cinco finalistas representam bem os melhores efeitos de 2012.
MELHOR FILME ESTRANGEIRO
Indicados:
– Amor, de Michael Haneke (Áustria)
– War Witch, de Kim Nguyen (Canadá)
– No, de Pablo Larraín (Chile)
– O Amante da Rainha, de Nikolaj Arcel (Dinamarca)
– ExpediçãoKon-Tiki, de Joachim Rønning e Espen Sandberg (Noruega)
DEVE GANHAR:Amor, de Michael Haneke (Áustria) DEVERIA GANHAR:Amor, de Michael Haneke (Áustria) ZEBRA:Expedição Kon-Tiki, de Joachim Rønning, Espen Sandberg (Noruega)
INJUSTIÇADO:Holy Motors, de Leos Carax (França)
Michael Haneke dirige lendas do cinema francês em Amor (photo by OutNow.CH)
Depois que o sucesso francês Intocáveis caiu fora da disputa, ficou muito mais fácil o representante austríaco Amor levar o prêmio. Além disso, tem se tornado uma regra constante o filme estrangeiro que for indicado a Melhor Filme acabar levando Melhor Filme Estrangeiro. Aconteceu com A Vida é Bela e O Tigre e o Dragão. Embora a categoria seja imprevisível às vezes, Amor não deve perder esse prêmio.
Infelizmente, a França optou por Intocáveis. Se tivesse escolhido Holy Motors para ser o filme representante, a crítica americana poderia apoiar sua indicação. Por se tratar de um filme inovador que abusa do non-sense, suas chances de vitória seriam baixas, mas a imprevisibilidade da categoria poderia atuar novamente a seu favor.
MELHOR ANIMAÇÃO
Indicados:
– Valente (Brave)
– Frankenweenie (Frankenweenie)
– ParaNorman (ParaNorman)
– Piratas Pirados! (The Pirates! In an Adventure with Scientists!)
–Detona Ralph (Wreck-it Ralph)
DEVE GANHAR:Frankenweenie DEVERIA GANHAR:Frankenweenie ZEBRA:Piratas Pirados!
INJUSTIÇADO: The Painting (Le Tableau)
Como a criatura Frankenstein, a animação Frankenweenie é um bom misto de homenagens a filmes clássicos (photo by OutNow.CH)
Se formos levantar a contagem de prêmios da categoria, Detona Ralph sai na frente com sua história metalinguística sobre personagens de video-game, mas como não se trata de uma unanimidade, o nome de Tim Burton pode dar a vitória para Frankenweenie. A animação em preto-e-branco revisita o passado do diretor ao retomar o roteiro de um curta-metragem de mesmo nome de 1984, produzido pela mesma produtora Disney. Burton concorre pela segunda vez como Melhor Animação. Em 2006, foi indicado por A Noiva Cadáver, mas perdeu para Wallace & Gromit: A Batalha dos Vegetais. Esta pode ser sua chance de ouro para ser aplaudido e ovacionado por vários colaboradores presentes na cerimônia.
Ao contrário dos outros anos, as animações européias (excluindo o Reino Unido) e asiáticas ficaram de fora. O francês The Painting tem um visual magnífico com bela palheta de cores, que traria um frescor artístico à predominância de animações da Disney e Pixar.
MELHOR DOCUMENTÁRIO
Indicados:
– 5 Broken Cameras
– The Gatekeepers
– How to Survive a Plague
– The Invisible War
– Searching for Sugar Man
DEVE GANHAR:Searching for Sugar Man DEVERIA GANHAR:The Gatekeepers ZEBRA:The Invisible War
INJUSTIÇADO:Central Park Five
Documentário sobre o músico Rodriguez, Searching for Sugar Man (photo by OutNow.CH)
O documentário Searching for Sugar Man levou os principais prêmios da temporada e não deve ficar sem o Oscar, já que aborda um tema tocante e simples. No filme, dois fãs da música dos anos 70 procuram saber o paradeiro do artista musical Rodriguez na África do Sul. Foi premiado com o BAFTA, National Board of Review, DGA e PGA, e recentemente levou o WGA e o Eddie award, reconhecimentos de roteiro e montagem, respectivamente.
Já o polêmico The Invisible War vai na direção oposta ao tocar num assunto tabu: o estupro de militares femininas por seus colegas de profissão. Igualmente controverso, o também investigativo documentário Central Park Five seria um importante indicado nesta competição. O caso verídico aconteceu em 1989, quando cinco jovens (negros e latinos) foram condenados pelo estupro de uma mulher branca no Central Park. Depois de passarem de 6 a 13 anos na prisão, um estuprador em série confessou o crime, confirmando que a sentença se mostrou uma combinação trágica entre tensão racial, a polícia querendo mostrar serviço e a cobertura sensacionalista da mídia.
MELHOR CURTA-DOCUMENTÁRIO
Indicados:
– Inocente
– Kings Point
– Mondays at Racine
– Open Heart
– Redemption
DEVE GANHAR:Mondays at Racine DEVERIA GANHAR:Mondays at Racine ZEBRA:Inocente
Mondays at Racine: comovente história sobre câncer (photo by andsoitbeginsfilms.com)
O premiado curta Mondays at Racine já conquista pelo tema: Toda terceira segunda-feira do mês, duas irmãs carecas abrem seu salão para atenderem vítimas diagnosticadas com câncer.
MELHOR CURTA-METRAGEM
Indicados:
– Asad
– Buzkashi Boys
– Curfew
– Dood van een Schaduw
– Henry
DEVE GANHAR:Curfew DEVERIA GANHAR: Curfew ZEBRA:Henry
Curfew: curta premiado com história de descobertas
Entre os indicados, Curfew é o mais premiado até o momento. Num momento muito delicado de sua vida, Richie recebe uma ligação da irmã para cuidar de sua sobrinha por algumas horas.
MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
Indicados:
– Adam and Dog
– Fresh Guacamole
– Head Over Heels
– Paperman
– The Simpsons: The Longest Daycare
DEVE GANHAR:Paperman DEVERIA GANHAR:Fresh Guacamole ZEBRA TOTAL:The Simpsons: The Logest Daycare
Paperman: uma bela e mágica história de amor à primeira vista (photo by cineol.net)
Paperman tem todos os méritos de ganhar o Oscar, pois oferece uma história muito simples e ingênua sobre amor à primeira vista. Além disso, por ter sido produzido pela Disney, o curta teve muito mais exposição ao público por ter sido exibido antes da animação Detona Ralph nos cinemas. Já Fresh Guacamole ensina a receita do típico prato mexicano através da técnica do stop-motion de forma muito criativa. Vale a pena conferir todos os cinco indicados nessa categoria pelo link abaixo:
Acompanhe o artigo também pelo site da Revista O Grito! nos links abaixo
* Em convite especial, este artigo foi escrito juntamente para o site Revista O Grito!, parceiro do UOL e o portal NE10. Agradecimentos especiais a Paulo Floro. Confira nos links abaixo:
Seth MacFarlane e Emma Stone anunciam a categoria de Melhor Filme (photo by guardian.co.uk)
As indicações acabaram de sair, mas já é possível acompanhar alguns filmes (lembrando que de forma legal, claro) nos cinemas e pelas locadoras e Netflixes da vida. Este ano, a maioria dos indicados estrearam em dezembro nos EUA, acarretando num atraso um pouco maior do que nos anos anteriores aqui no Brasil.
Ao contrário do ano passado, essa relação de filmes indicados será alterada toda semana para que todos possam acompanhar. Infelizmente, a maioria das cidades brasileiras não oferece a diversidade de produções necessária para os cinéfilos, mas, nesses casos, existem “outros meios”, certo?
DISPONÍVEIS EM DVD/BLU-RAY
•Branca de Neve e o Caçador (Snow White and the Huntsman)
1 indicação: Efeitos Visuais
• Espelho, Espelho Meu (Mirror Mirror)
1 indicação (póstuma): Figurino
•ParaNorman (ParaNorman)
1 indicação: Animação
•Prometheus (Prometheus)
1 indicação: Efeitos Visuais
•Ted (Ted)
1 indicação: Canção Original
•Valente (Brave)
1 indicação: Animação
•Os Vingadores (The Avengers)
1 indicação: Efeitos Visuais
Os efeitos visuais de Prometheus foram reconhecidos
FILMES EM CARTAZ NOS CINEMAS – com base na programação de São Paulo
•007 – Operação Skyfall (Skyfall)
5 indicações: Fotografia, Trilha Musical Original, Canção Original, Som e Efeitos Sonoros.
•O Amante da Rainha (En kongelig affære)
1 indicação: Filme Estrangeiro
• Amor (Amour)
5 indicações: Filme, Diretor, Atriz (Emmanuelle Riva), Roteiro Original e Filme Estrangeiro.
•Argo (Argo)
7 indicações: Filme, Ator Coadjuvante (Alan Arkin), Roteiro Original, Montagem, Trilha Musical Original, Som e Efeitos Sonoros.
•As Aventuras de Pi (Life of Pi)
11 indicações: Filme, Diretor, Roteiro Adaptado, Fotografia, Montagem, Direção de Arte, Trilha Musical Original, Canção Original, Som, Efeitos Sonoros, Efeitos Visuais.
(Confira vídeo do youtube do anúncio das indicações acima)
Ao contrário dos anos anteriores, a Academia resolveu antecipar o anúncio dos indicados para antes da cerimônia do Globo de Ouro. A estratégia é muito simples: depender menos do prêmio da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (até mesmo porque deixou de ser o melhor parâmetro há muito tempo) e tentar ser menos previsível a fim de elevar os números da audiência.
Além da alteração no calendário, a Academia convocou o próprio host do Oscar, Seth MacFarlane, substituindo a costumeira presença do presidente da Academia. Para a tarefa, ele contou com a companhia da atriz Emma Stone. Os dois trouxeram um tom bem mais informal e cômico ao anúncio, que como questionado por MacFarlane, não sabemos porque não mudaram o horário (05h30 da manhã na costa oeste dos EUA). Outra quebra de protocolo se refere à ordem dos indicados. Desta vez, os atores foram anunciados de forma aleatória para aumentar ainda mais o suspense.
Emma Stone e Seth MacFarlane dão o tom inédito de humor ao anúncio dos indicados ao Oscar 2013
Em relação aos indicados, à princípio, as ausências mais sentidas foram na categoria de Melhor Diretor. Enquanto todos os especialistas previam indicações para Kathryn Bigelow (A Hora Mais Escura), Ben Affleck (Argo) e Tom Hooper (Os Miseráveis), uma vez que todos foram reconhecidos pelo Directors Guild of America, a Academia resolveu pregar uma peça e incluiu nomes menos previsíveis: o polêmico diretor austríaco Michael Haneke (Amor), David O. Russell (O Lado Bom da Vida) e talvez a maior surpresa do ano: o estreante Benh Zeitlin pela produção super independente Indomável Sonhadora. Além de Bigelow e Hooper, Quentin Tarantino (Django Livre) pode ter sido prejudicado pelo lançamento tardio (na reta final de dezembro) e consequente votação sem tempo hábil para conferir esses filmes.
Apesar de considerar que Kathryn Bigelow merecesse só pela coragem de assumir um projeto tão ambicioso e secreto como A Hora Mais Escura, é gratificante ver que profissionais novatos como Zeitlin tem um espaço no reconhecimento internacional da Academia. Espero que ele aproveite bem essa vitrine colossal e acerte com projetos igualmente inovadores como Indomável Sonhadora.
Benh Zeitlin: O diretor com cara de menino no último Festival de Cannes, de onde saiu com o prêmio Camera d’Or de reconhecimento técnico e artístico por Indomável Sonhadora
Com essas surpresas na categoria de diretores, Argo, A Hora Mais Escura e Os Miseráveis reduzem drasticamente suas chances de vitória como Melhor Filme, já que a última vez que um filme ganhou Melhor Filme sem ter seu diretor sequer indicado foi lá em 1990, quando Conduzindo Miss Daisy levou sem Bruce Beresford estar entre os indicados para Melhor Diretor.
Outra ausência muito comentada foi a do filme francês Intocáveis na categoria de Filme Estrangeiro. Quem conhece os números extraordinários da segunda maior bilheteria da França, jamais esperava que o filme seria ignorado pelos votantes. Já o austríaco Amor confirmou seu favoritismo, emplacando outras quatro indicações: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz para Emmanuelle Riva.
Aliás, aos 85 anos, Riva faz história no Oscar, tornando-se a atriz mais velha a receber uma indicação nessa categoria. O recorde anterior pertencia a inglesa Jessica Tandy (Conduzindo Miss Daisy). Ainda no campo dos recordes, a pequena Quvenzhané Wallis bate a australiana Keisha Castle-Hughes (Encantadora de Baleias) sendo a atriz mais jovem na categoria aos 9 anos.
A nova recordista da categoria aos 9 anos Quvenzhané Wallis. Muitos acreditavam que ela ficaria restrita a prêmios de Melhor Revelação (photo by OutNow.CH)
Leonardo DiCaprio, Matthew McConaughey, Nicole Kidman, John Hawkes, Anthony Hopkins, Maggie Smith, Judi Dench, Javier Bardem, Helen Mirren, Marion Cottilard, Rachel Weisz, todos esses atores ficaram de fora da competição. Em anos anteriores, dos 20 indicados ao SAG Awards, normalmente 17 a 19 conseguiam chegar ao Oscar. Este ano, com o efeito “Oscar imprevisível”, esse número foi reduzido a 14, até mesmo porque a pequena Wallis não podia concorrer no SAG porque não era sindicalizada na época das filmagens de Indomável Sonhadora.
Havia um receio de que Joaquin Phoenix fosse ficar de fora da competição de Melhor Ator devido às suas declarações numa entrevista, dizendo que “não dava a mínima para o Oscar”. Além disso, o filme O Mestre estava perdendo o fôlego nessa reta final do Oscar, provavelmente por mexer no polêmico tema da Cientologia. Contudo, mesmo com tais adversidades, Phoenix foi reconhecido pela Academia e enfrentará forte concorrência com Daniel Day-Lewis e Hugh Jackman. E a questão que fica é: Será que Joaquin Phoenix vai ao Oscar?
Ainda nas categorias de atuação, as indicações dos principais atores de O Lado Bom da Vida podem ter um peso significativo nas respectivas carreiras. Bradley Cooper, que tinha muito seu nome associado à comédia de sucesso Se Beber, Não Case, pode desfrutar do reconhecimento para ampliar a diversidade de suas propostas. Enquanto para o veterano Robert De Niro, esta indicação, que veio após 20 anos, pode ser o tão aguardado resgate do brilho do ator, que estava fadado a filmes supérfluos. Queremos ver o De Niro dos grandes filmes como Touro Indomável e Cabo do Medo.
Bradley Cooper, Jacki Weaver e Robert De Niro: três dos quatro indicados do filme O Lado Bom da Vida, que foi abraçado pela Academia.
Na ala feminina, Jacki Weaver ainda aproveita a fama que a primeira indicação lhe rendeu por Reino Animal. Com a segunda indicação, seu salário deve engordar e a atriz já está com a agenda lotada até 2014. Também com sua segunda indicação como Melhor Atriz (a primeira foi em 2011 por Inverno da Alma), a jovem Jennifer Lawrence se firma como uma das maiores estrelas de Hollywood, juntamente com o sucesso da série Jogos Vorazes e do novo filme dos mutantes da Marvel, X-Men: Future Days of Past (2014).
Os recordistas desta 85ª edição do Oscar foram Lincoln com 12 indicações, seguido de perto por As Aventuras de Pi com 11. Como sobrou uma vaga na categoria de Melhor Filme, gostaria que indicassem Moonrise Kingdom, mas como este só foi lembrado na categoria de Roteiro Original, fica difícil incluírem-no.
Com 11 indicações, As Aventuras de Pi ficou em segundo lugar.
Gostei das cinco indicações para o novo filme de James Bond, 007 – Operação Skyfall. Uma indicação para cada década de sucesso. Por outro lado, vale ressaltar que não houve nenhuma indicação sequer para o blockbuster Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Embora tenha feito o esperado sucesso comercial, o novo filme de Christopher Nolan falhou em conquistar reconhecimento técnico no Oscar. Esperava-se pelo menos uma indicação de Melhores Efeitos Sonoros e talvez Melhor Trilha Musical Original, mas no conjunto, o filme teve um tratamento de “requentado de Batman: O Cavaleiro das Trevas“.
Outras produções que vinham conquistando espaço nas premiações de críticos, mas que ficaram totalmente de fora do Oscar foram O Exótico Hotel Marigold (com elenco experiente e britânico), Looper: Assassinos do Futuro (esperava-se que essa ficção científica pudesse ser indicado a Melhor Roteiro Original pelo menos) e Um Final de Semana em Hyde Park (os atores Bill Murray, Laura Linney e Olivia Williams passaram desapercebidos), fazendo com que o lançamento fosse adiado para abril.
Se a Academia buscava ares mais frescos e menos previsibilidade, acertou em muitas escolhas. E você? Quais são suas opiniões?
MELHOR FILME
•AMOR (AMOUR)
• ARGO (ARGO)
• INDOMÁVEL SONHADORA (BEASTS OF THE SOUTHERN WILD)
• DJANGO LIVRE (DJANGO UNCHAINED)
• OS MISERÁVEIS (LES MISÉRABLES)
• AS AVENTURAS DE PI (LIFE OF PI)
• LINCOLN (LINCOLN)
• O LADO BOM DA VIDA (SILVER LININGS PLAYBOOK)
• A HORA MAIS ESCURA (ZERO DARK THIRTY)
MELHOR DIRETOR
• Michael Haneke (Amor)
• Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora)
• Ang Lee (As Aventuras de Pi)
• Steven Spielberg (Lincoln)
• David O. Russell (O Lado Bom da Vida)
MELHOR ATOR
• Bradley Cooper (O Lado Bom da Vida)
• Daniel Day-Lewis (Lincoln)
• Hugh Jackman (Os Miseráveis)
• Joaquin Phoenix (O Mestre)
• Denzel Washington (Flight)
MELHOR ATRIZ
• Jessica Chastain (A Hora Mais Escura)
• Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida)
• Emmanuelle Riva (Amor)
• Quvenzhané Wallis (Indomável Sonhadora)
• Naomi Watts (O Impossível)
MELHOR ATOR COADJUVANTE
• Alan Arkin (Argo)
• Robert De Niro (O Lado Bom da Vida)
• Philip Seymour Hoffman (O Mestre)
• Tommy Lee Jones (Lincoln)
• Christoph Waltz (Django Livre)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
• Amy Adams (O Mestre)
• Sally Field (Lincoln)
• Anne Hathaway (Os Miseráveis)
• Helen Hunt (The Sessions)
• Jacki Weaver (O Lado Bom da Vida)
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
• Michael Haneke (Amor)
• Quentin Tarantino (Django Livre)
• John Gatins (Flight)
• Wes Anderson e Roman Coppola (Moonrise Kingdom)
• Mark Boal (A Hora Mais Escura)
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
•Chris Terrio (Argo)
• Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora)
• David Magee (As Aventuras de Pi)
• Tony Kushner (Lincoln)
• David O. Russell (O Lado Bom da Vida)
MELHOR FOTOGRAFIA
• Seamus McGarvey (Anna Karenina)
• Robert Richardson (Django Livre)
• Claudio Miranda (As Aventuras de Pi)
• Janusz Kaminski (Lincoln)
• Roger Deakins (007 – Operação Skyfall)
MELHOR MONTAGEM
• William Goldenberg (Argo)
• Tim Squyres (As Aventuras de Pi)
• Michael Khan (Lincoln)
• Jay Cassidy e Crispin Struthers (O Lado Bom da Vida)
• William Goldenberg, Dylan Tichenor (A Hora Mais Escura)
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
• Sarah Greenwood e Katie Spencer (Anna Karenina)
• Dan Hennah, Ra Vincent e Simon Bright (O Hobbit: Uma Jornada Inesperada)
• Eve Stewart e Anna-Lynch Robinson (Os Miseráveis)
• David Gropman e Anna Pinnock (As Aventuras de Pi)
• Rick Carter e Jim Erickson (Lincoln)
MELHOR FIGURINO
• Jacqueline Durran (Anna Karenina)
• Paco Delgado (Os Miseráveis)
• Joanna Johnston (Lincoln)
• Eiko Ishioka (Espelho, Espelho Meu)
• Colleen Atwood (Branca de Neve e o Caçador)
MELHOR MAQUIAGEM
• Hitchcock
• O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
• Os Miseráveis
MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
• Dario Marianelli (Anna Karenina)
• Alexandre Desplat (Argo)
• Mychael Danna (As Aventuras de Pi)
• John Williams (Lincoln)
• Thomas Newman (007 – Operação Skyfall)
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
• “Before My Time”, de J. Ralph (Chasing Ice)
• “Suddenly”, de Alain Boublil, Claude-Michel Schönberg e Herbert Kretzmer (Os Miseráveis)
• “Pi’s Lullaby”, de Mychael Danna e Bombay Jayshri (As Aventuras de Pi)
• “Everybody Needs a Best Friend”, de Walter Murphy e Seth MacFarlane (Ted)
•“Skyfall”, de Adele Adkins e Paul Epworth (007 – Operação Skyfall)
MELHOR SOM
• Argo
• Os Miseráveis
• As Aventuras de Pi
• Lincoln
• 007 – Operação Skyfall
MELHORES EFEITOS SONOROS
• Argo
• Django Livre
• As Aventuras de Pi
• 007 – Operação Skyfall
• A Hora Mais Escura
MELHORES EFEITOS VISUAIS
• Os Vingadores
• O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
• As Aventuras de Pi
• Prometheus
• Branca de Neve e o Caçador
MELHOR ANIMAÇÃO
• Valente (Brave)
• Frankenweenie (Frankenweenie)
• ParaNorman (ParaNorman)
• Piratas Pirados! (The Pirates! In an Adventure with Scientists!)
• Detona Ralph (Wreck-it Ralph)
MELHOR FILME ESTRANGEIRO
• Amor, de Michael Haneke (Áustria)
• War Witch, de Kim Nguyen (Canadá)
• No, de Pablo Larraín (Chile)
• O Amante da Rainha, de Nikolaj Arcel (Dinamarca)
• Kon-Tiki, de Joachim Rønning e Espen Sandberg (Noruega)
Este ano, a Academia Britânica teve que apertar seu calendário para chegar pouco antes das indicações ao Oscar, que saem amanhã, dia 10.
Obviamente, por se tratar de um prêmio britânico, eles costumam dar um pouco mais de destaque às produções do Reino Unido, como são os casos de 007 – Operação Skyfall, que somou oito indicações, e O Exótico Hotel Marigold que, apesar de não ter conquistado nenhuma outra indicação, está concorrendo para Melhor Filme Britânico.
Como deve acontecer no Oscar, a mega-produção americana Lincoln foi a recordista de indicações com dez no total. Curiosamente, seu diretor Steven Spielberg não está indicado. Em seguida, Os Miseráveis e As Aventuras de Pi vêm logo em seguida com nove indicações cada. A adaptação musical de Tom Hooper não fez tanto sucesso no Globo de Ouro, mas o BAFTA não deixaria de reconhecer um trabalho com essência tão européia. O filme político de Ben Affleck, Argo, conquistou sete, inclusive uma um tanto questionável: Melhor Ator para Ben Affleck. Todos sabem que ele leva jeito para diretor, mas para ator?
Daniel Day-Lewis lidera em Lincoln (photo by BeyondHollywood.com)
Ainda nas categorias de atuação, algumas ausências foram notadas como a de Naomi Watts pelo filme-tragédia O Impossível, e Denzel Washington (Flight) e John Hawkes (The Sessions). Nas categorias de coadjuvantes, Leonardo DiCaprio (Django Livre) e Robert De Niro (O Lado Bom da Vida) ficaram de fora também, mas todos os atores acima ainda têm grandes chances de indicação no Oscar.
Apesar de ainda não ter estreado aqui no Brasil, fiquei feliz com a indicação de Sete Psicopatas e um Shih Tzu (Seven Psychopaths) para Melhor Filme Britânico. Alguns rotulam Martin McDonagh como o novo Guy Richie, mas acho que ele tem um humor negro muito peculiar para limitá-lo em comparações.
Christopher Walken e o Shih Tzu em Sete Psicopatas e um Shih Tzu (photo by OutNow.CH)
Também gostei da presença do filme dinamarquês A Caça, de Thomas Vinterberg, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Aliás, Mads Mikkelsen deveria substituir Ben Affleck como Melhor Ator.
MELHOR FILME
ARGO (ARGO) Grant Heslov, Ben Affleck, George Clooney
OS MISERÁVEIS (LES MISÉRABLES) Tim Bevan, Eric Fellner, Debra Hayward, Cameron Mackintosh
AS AVENTURAS DE PI (LIFE OF PI) Gil Netter, Ang Lee, David Womark
LINCOLN (LINCOLN) Steven Spielberg, Kathleen Kennedy
A HORA MAIS ESCURA (ZERO DARK THIRTY) Mark Boal, Kathryn Bigelow, Megan Ellison
MELHOR FILME BRITÂNICO
ANNA KARENINA Joe Wright, Tim Bevan, Eric Fellner, Paul Webster, Tom Stoppard
O EXÓTICO HOTEL MARIGOLD (THE BEST EXOTIC MARIGOLD HOTEL) John Madden, Graham Broadbent, Pete Czernin, Ol Parker
OS MISERÁVEIS (LES MISÉRABLES) Tom Hooper, Tim Bevan, Eric Fellner, Debra Hayward, Cameron Mackintosh, William Nicholson, Alain Boublil, Claude-Michel Schönberg, Herbert Kretzmer
SETE PSICOPATAS E UM SHIH TZU (SEVEN PSYCHOPATHS) Martin McDonagh, Graham Broadbent, Pete Czernin
007 – OPERAÇÃO SKYFALL (SKYFALL) Sam Mendes, Michael G. Wilson, Barbara Broccoli, Neal Purvis, Robert Wade, John Logan
ESTRÉIA DE ROTEIRISTA, DIRETOR OU PRODUTOR BRITÂNICO
BART LAYTON (Diretor), DIMITRI DOGANIS (Produtor) The Imposter
DAVID MORRIS (Diretor), JACQUI MORRIS (Diretor/Produtor) McCullin
DEXTER FLETCHER (Diretor/Roteirista), DANNY KING (Writer) Wild Bill
JAMES BOBIN (Diretor) The Muppets
TINA GHARAVI (Diretor/Roteirista) I Am Nasrine
FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
AMOUR Michael Haneke, Margaret Ménégoz
HEADHUNTERS Morten Tyldum, Marianne Gray, Asle Vatn
A CAÇA (THE HUNT) Thomas Vinterberg, Sisse Graum Jørgensen, Morten Kaufmann
FERRUGEM E OSSO (RUST AND BONE) Jacques Audiard, Pascal Caucheteux
INTOCÁVEIS (INTOUCHABLES) Eric Toledano, Olivier Nakache, Nicolas Duval Adassovsky, Yann Zenou, Laurent Zeitoun
DOCUMENTÁRIO
THE IMPOSTER Bart Layton, Dimitri Doganis
MARLEY Kevin Macdonald, Steve Bing, Charles Steel
McCULLIN David Morris, Jacqui Morris
SEARCHING FOR SUGAR MAN Malik Bendjelloul, Simon Chinn
WEST OF MEMPHIS Amy Berg
ANIMAÇÃO
VALENTE (BRAVE) Mark Andrews, Brenda Chapman
FRANKENWEENIE (FRANKENWEENIE) Tim Burton
PARANORMAN (PARANORMAN) Sam Fell, Chris Butler
DIRETOR
AMOUR Michael Haneke
ARGO Ben Affleck
DJANGO LIVRE Quentin Tarantino
AS AVENTURAS DE PI Ang Lee
A HORA MAIS ESCURA Kathryn Bigelow
ROTEIRO ORIGINAL
AMOUR Michael Haneke
DJANGO LIVRE Quentin Tarantino
THE MASTER Paul Thomas Anderson
MOONRISE KINGDOM Wes Anderson, Roman Coppola
A HORA MAIS ESCURA Mark Boal
ROTEIRO ADAPTADO
ARGO Chris Terrio
INDOMÁVEL SONHADORA Lucy Alibar, Benh Zeitlin
AS AVENTURAS DE PI David Magee
LINCOLN Tony Kushner
O LADO BOM DA VIDA David O. Russell
ATOR
BEN AFFLECK Argo
BRADLEY COOPER O Lado Bom da Vida
DANIEL DAY-LEWIS Lincoln
HUGH JACKMAN Os Miseráveis
JOAQUIN PHOENIX The Master
ATRIZ
EMMANUELLE RIVA Amour
HELEN MIRREN Hitchcock
JENNIFER LAWRENCE O Lado Bom da Vida
JESSICA CHASTAIN A Hora Mais Escura
MARION COTILLARD Ferrugem e Osso
ATOR COADJUVANTE
ALAN ARKIN Argo
CHRISTOPH WALTZ Django Livre
JAVIER BARDEM 007 – Operação Skyfall
PHILIP SEYMOUR HOFFMAN The Master
TOMMY LEE JONES Lincoln
ATRIZ COADJUVANTE
AMY ADAMS The Master
ANNE HATHAWAY Os Miseráveis
HELEN HUNT The Sessions
JUDI DENCH 007 – Operação Skyfall
SALLY FIELD Lincoln
TRILHA MUSICAL ORIGINAL
ANNA KARENINA Dario Marianelli
ARGO Alexandre Desplat
AS AVENTURAS DE PI Mychael Danna
LINCOLN John Williams
007 – OPERAÇÃO SKYFALL Thomas Newman
CINEMATOGRAPHY
ANNA KARENINA Seamus McGarvey
OS MISERÁVEIS Danny Cohen
AS AVENTURAS DE PI Claudio Miranda
LINCOLN Janusz Kaminski
007 – OPERAÇÃO SKYFALL Roger Deakins
MONTAGEM
ARGO William Goldenberg
DJANGO LIVRE Fred Raskin
AS AVENTURAS DE PI Tim Squyres
007 – OPERAÇÃO SKYFALL Stuart Baird
A HORA MAIS ESCURA Dylan Tichenor, William Goldenberg
DIREÇÃO DE ARTE
ANNA KARENINA Sarah Greenwood, Katie Spencer
OS MISERÁVEIS Eve Stewart, Anna Lynch-Robinson
AS AVENTURAS DE PI David Gropman, Anna Pinnock
LINCOLN Rick Carter, Jim Erickson
007 – OPERAÇÃO SKYFALL Dennis Gassner, Anna Pinnock
FIGURINO
ANNA KARENINA Jacqueline Durran
GREAT EXPECTATIONS Beatrix Aruna Pasztor
OS MISERÁVEIS Paco Delgado
LINCOLN Joanna Johnston
BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR Colleen Atwood
MAQUIAGEM E CABELO
ANNA KARENINA Ivana Primorac
HITCHCOCK Julie Hewett, Martin Samuel, Howard Berger
O HOBBIT: UMA JORNADA INESPERADA Peter Swords King, Richard Taylor, Rick Findlater
OS MISERÁVEIS Lisa Westcott
LINCOLN Lois Burwell, Kay Georgiou
SOM
DJANGO LIVRE Mark Ulano, Michael Minkler, Tony Lamberti, Wylie Stateman
O HOBBIT: UMA JORNADA INESPERADA Tony Johnson, Christopher Boyes, Michael Hedges, Michael Semanick, Brent Burge, Chris Ward
OS MISERÁVEIS Simon Hayes, Andy Nelson, Mark Paterson, Jonathan Allen, Lee Walpole, John Warhurst
AS AVENTURAS DE PI Drew Kunin, Eugene Gearty, Philip Stockton, Ron Bartlett, D. M. Hemphill
007 – OPERAÇÃO SKYFALL Stuart Wilson, Scott Millan, Greg P. Russell, Per Hallberg, Karen Baker Landers
EFEITOS VISUAIS
BATMAN: O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE Paul Franklin, Chris Corbould, Peter Bebb, Andrew Lockley
O HOBBIT: UMA JORNADA INESPERADA Joe Letteri, Eric Saindon, David Clayton, R. Christopher White
AS AVENTURAS DE PI Bill Westenhofer, Guillaume Rocheron, Erik-Jan De Boer
OS VINGADORES Indicados ainda não definidos
PROMETHEUS Richard Stammers, Charley Henley, Trevor Wood, Paul Butterworth
CURTA DE ANIMAÇÃO
HERE TO FALL Kris Kelly, Evelyn McGrath
I’M FINE THANKS Eamonn O’Neill
THE MAKING OF LONGBIRD Will Anderson, Ainslie Henderson
CURTA-METRAGEM
THE CURSE Fyzal Boulifa, Gavin Humphries
GOOD NIGHT Muriel d’Ansembourg, Eva Sigurdardottir
SWIMMER Lynne Ramsay, Peter Carlton, Diarmid Scrimshaw
TUMULT Johnny Barrington, Rhianna Andrews
THE VOORMAN PROBLEM Mark Gill, Baldwin Li
THE EE RISING STAR AWARD (eleito pelo público)
ELIZABETH OLSEN
ANDREA RISEBOROUGH
SURAJ SHARMA
JUNO TEMPLE
ALICIA VIKANDER
O jovem talento Juno Temple, que participou de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, concorre como uma Rising Star
Seguindo a escalada de prêmios de críticos americanos, depois do círculo de críticos de Nova York divulgarem sua lista, chegou a vez do National Board of Review que reconhece os melhores do ano desde 1930 e tem como destaque o seu tradicional Top 10.
Depois de conquistar os nova-iorquinos, o filme de guerra de Kathryn Bigelow, Zero Dark Thirty, levou mais este importante prêmio: Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Atriz para Jessica Chastain. Claro que, em se tratando de um filme tão bem comentado e agora, premiado, não deve ficar limitado à caça em si do líder terrorista do Al-Qaeda, Osama Bin Laden, considerado o inimigo público nº1 dos Estados Unidos após os ataques de 11 de Setembro de 2001. Juntamente com o roteirista Mark Boal, a diretora busca refletir sobre o mundo de hoje através da guerra, e deve ainda responder a questão: Capturar ou matar Bin Laden resolve a questão?
Ficou bastante claro que a morte de um ditador não aniquila toda uma ideologia de governo que ele plantara. Foi assim com a captura do líder iraquiano Saddam Hussein, e a morte do norte-coreano Kim Jong-Il. Sinceramente, não sei se rotulo o pensamento americano ao deduzir que eles acreditam que a eliminação de um rei resolveria os problemas. Na verdade, isso é um jeito republicano, ou melhor, um jeito bem western que acabar tudo com uma bala. Como Zero Dark Thirty deve estrear aqui só no dia 18 de janeiro, não temos como adivinhar, mas é possível que o filme levante questões mais profundas como essas. Além disso, existe a possibilidade da produção colocar um pouco mais de luz nos misteriosos eventos da morte do terrorista, cujo corpo foi jogado ao mar, levantando dúvidas sobre a identidade do cadáver.
Se no NYFCC Awards, O Lado Bom da Vida(Silver Linings Playbook) saiu de mãos abanando, aqui ele sai vitorioso com os prêmios de Melhor Ator para Bradley Cooper (desbancando o favoritismo de Joaquin Phoenix e Daniel Day-Lewis) e Melhor Roteiro Adaptado para David O. Russell. Curiosamente, esperava-se que Jennifer Lawrence levasse o prêmio de Melhor Atriz, que acabou nas mãos da ruiva Jessica Chastain por Zero Dark Thirty, confirmando o talento de Kathryn Bigelow como diretora de atores.
Jessica Chastain em Zero Dark Thirty (photo by beyondhollywood.com)
Falando em atores, Leonardo DiCaprio conta seu primeiro ponto oficial na corrida de Melhor Ator Coadjuvante ao vencer por Django Livre, novo filme de Quentin Tarantino. Além de ótimo criador de personagens e diálogos, Tarantino passa a amadurecer ainda mais seus métodos de direção de atores. Ao ver o trailer, achei a performance de DiCaprio divertida com aquele sotaque e caracterização, que em algum ponto se assemelha ao Coronel Hans Landa de Bastardos Inglórios.
Vale ressaltar a surpresa da vitória de Ann Dowd como Melhor Atriz Coadjuvante pelo filme independente Compliance (que ainda não tem título em português e nem previsão de estréia no Brasil). Antes mesmo da temporada de prêmios começar, o filme já vinha criando um burburinho próprio depois de passar pelo Festival de Locarno (Suíça). Baseado em fato reais, o longa narra a história de uma gerente de um restaurante de fast-food que recebe uma ligação anônima com informações de que uma de suas funcionárias seria uma ladra.
Ann Dowd como a gerente do fast-food em Compliance (foto por OutNow.CH)
Outra surpresa foi a vitória de Detona Ralph como Melhor Animação, batendo o franco-favorito Frankenweenie, de Tim Burton. Já o filme político de Ben Affleck, Argo, ficou com uma espécie de prêmio de consolação: o Special Achievement in Filmmaking. Havia também uma expectativa de que o musical de Tom Hooper, Les Misérables, levasse algo além de Melhor Elenco.
Nas categorias de estréias, o independente Indomável Sonhadora levou dois prêmios: Atriz Revelação para a pequena Quvenzhané Wallis, e Diretor Estreante para Benh Zeitlin. Existe a forte possibilidade dessa dupla conseguir indicações ao Oscar, além de Melhor Fotografia pelo apuro visual. Já o outro independente bem recebido, Moonrise Kingdom, de Wes Anderson, acabou ficando apenas entre os dez melhores filmes independentes.
Cena de Indomável Sonhadora (foto por OutNow.CH)
Apesar de não ser o representante brasileiro por se tratar de uma co-produção entre França, Reino Unido, Estados Unidos e Brasil, o road-movie Na Estrada, dirigido pelo diretor brasileiro Walter Salles, foi incluso na lista das 10 melhores produções independentes. O longa também foi indicado à Palma de Ouro no último Festival de Cannes.
Segue lista completa dos premiados pelo National Board of Review:
MELHOR FILME: ZERO DARK THIRTY, de Kathryn Bigelow MELHOR DIREÇÃO: Kathryn Bigelow, ZERO DARK THIRTY MELHOR ATOR: Bradley Cooper, O LADO BOM DA VIDA MELHOR ATRIZ: Jessica Chastain, ZERO DARK THIRTY MELHOR ATOR COADJUVANTE: Leonardo DiCaprio, DJANGO LIVRE MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Ann Dowd, COMPLIANCE MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: Rian Johnson, LOOPER: ASSASSINOS DO FUTURO MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: David O. Russell, O LADO BOM DA VIDA MELHOR ANIMAÇÃO: DETONA RALPH, de Rich Moore Special Achievement in Filmmaking: Ben Affleck, ARGO ATOR REVELAÇÃO: Tom Holland, O IMPOSSÍVEL ATRIZ REVELAÇÃO: Quvenzhané Wallis, INDOMÁVEL SONHADORA DIRETOR ESTREANTE: Benh Zeitlin, INDOMÁVEL SONHADORA MELHOR FILME ESTRANGEIRO: AMOUR, de Michael Haneke MELHOR DOCUMENTÁRIO: SEARCHING FOR SUGAR MAN, de Malik Bendjelloul William K. Everson Film History Award: 50 ANOS DOS FILMES DE JAMES BOND MELHOR ELENCO: LES MISÉRABLES, de Tom Hooper Spotlight Award: John Goodman (ARGO, FLIGHT, PARANORMAN, CURVAS DA VIDA) NBR Freedom of Expression Award: CENTRAL PARK FIVE, Ken Burns, Sarah Burns e David McMahon NBR Freedom of Expression Award: PROMISED LAND, de Gus Van Sant
TOP FILMES (em ordem alfabética)
ARGO, de Ben Affleck
INDOMÁVEL SONHADORA, de Benh Zeitlin
DJANGO LIVRE, de Quentin Tarantino
LES MISÉRABLES, de Tom Hooper
LINCOLN, de Steven Spielberg
LOOPER: ASSASSINOS DO FUTURO, de Rian Johnson
AS VANTAGENS DE SER INVISÍVEL, de Stephen Chbosky
PROMISED LAND, de Gus Van Sant
O LADO BOM DA VIDA, de David O. Russell
TOP 5 FILMES ESTRANGEIROS
BARBARA, de Christian Petzold (Alemanha)
INTOCÁVEIS, de Olivier Nakache e Eric Toledano (França)
O GAROTO DE BICICLETA, de Jean-Pierre e Luc Dardenne (Bélgica)
NO, de Pablo Larraín (Chile)
WAR WITCH, de Kim Nguyen (Canadá)
Barbara, de Christian Petzold, da Alemanha (foto por OutNow.CH)
TOP 5 DOCUMENTÁRIOS
AI WEIWEI: NEVER SORRY, de Alison Klayman
DETROPIA, de Heidi Ewing e Rachel Grady
THE GATEKEEPERS, de Dror Moreh
THE INVISIBLE WAR, de Kirby Dick
ONLY THE YOUNG, de Elizabeth Mims e Jason Tippet
TOP 10 FILMES INDEPENDENTES
A NEGOCIAÇÃO, de Nicholas Jarecki
BERNIE, de Richard Linklater
COMPLIANCE, de Craig Zobel
MARCADOS PARA MORRER, de David Ayer
HELLO I MUST BE GOING, de Todd Louiso
LITTLE BIRDS, de Elgin James
MOONRISE KINGDOM, de Wes Anderson
NA ESTRADA, de Walter Salles
QUARTET, de Dustin Hoffman
SLEEPWALK WITH ME, de Mike Birbiglia
Sam Riley, Kristen Stewart e Garrett Hedlund em Na Estrada, de Walter Salles
Apesar do National Board of Review não poder ser considerado um bom parâmetro para o Oscar, no ano passado, suas escolhas coincidiram nas categorias de Ator Coadjuvante (Christopher Plummer), Roteiro (Os Descendentes), Filme Estrangeiro (A Separação) e Animação (Rango).
As indicações ao Oscar serão anunciadas no dia 10 de janeiro de 2013, 3 dias antes da cerimônia do Globo de Ouro.
O diretor Tim Burton trabalhando num dos moldes da animação Franknweenie, provável candidato a favorito ao Oscar 2013 (photo by Enterntainment Weekly)
Inscrições encerradas. O Oscar 2013 já fechou com 21 animações que se tornarão cinco finalistas. Vendo os concorrentes, dá pra fazer uma breve análise de quem tem maiores chances de chegar ao tapete vermelho. Apesar da categoria de Melhor Animação ser a mais nova da premiação com seus 11 aninhos, é possível distinguir um certo padrão nos indicados.
Regrinha número 1: Reserve uma das vagas para a PIXAR. Se lançaram um filme produzido pela Pixar, pode incluí-lo na lista. E os números são impressionantes. Dos dez vencedores do Oscar de animação, a Pixar levou o ouro seis vezes! Concorreu em oito oportunidades e perdeu em apenas duas ocasiões: Em 2002, Monstros S.A. para o imbatível Shrek. E em 2007, Carros foi batido por Happy Feet – O Pinguim. A Pixar só não chegou na reta final em uma única vez, este ano, porque Carros 2 foi nitidamente feito pra ganhar dinheiro e agradar um dos chefes da produtora e diretor do próprio filme: John Lasseter.
Procurando Nemo (2003), de Andrew Stanton. Vencedor pela Pixar em 2004 foi relançado nas salas de cinema este ano no formato 3D.
Em 2013, a Pixar deve voltar a concorrer pelo novo trabalho Valente, de Mark Andrews e Brenda Chapman. Não sei se tentaram ir na onda do sucesso de Como Treinar Seu Dragão, mas a temática viking não fez o sucesso que se esperava. Por se tratar de uma animação com o selo da Pixar, a bilheteria costuma ficar garantida e a vaga no Oscar também, mas deve se tornar a terceira derrota da produtora.
Regrinha número 2: Traga material estrangeiro para a categoria. O segundo Oscar de animação foi para o pioneiro Hayao Miyazaki e seu belíssimo filme A Viagem de Chihiro. Nos anos seguintes, a Academia pegou esse costume de tentar trazer sempre produções internacionais, valorizando a categoria, os artistas responsáveis e a audiência na TV. Além do Japão de Miyazaki, que voltou a concorrer em 2006 com O Castelo Animado, a França se destacou com As Bicicletas de Belleville e O Mágico, ambos de Sylvain Chomet, com Persepolis, de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud, e este ano com o espanhol Chico & Rita, de Tono Errando, Javier Mariscal e Fernando Trueba, e o francês Um Gato em Paris, de Jean-Loup Felicioli e Alain Gagnol.
As Bicicletas de Belleville (2003), de Sylvain Chomet, marcou a estréia da França na categoria. Merecia o Oscar.
Independente dos motivos comerciais e de audiência do Oscar, a presença da diversidade internacional ressalta a qualidade de trabalhos feitos fora do território americano, dominado pela técnica de 3D (animações tridimensionais como as da Pixar). As animações cresceram bastante com o 3D, mas pra mim, o 2D tem muito mais charme.
Regrinha número 3: Não se trata exatamente de um regra, mas uma tendência. Nos últimos anos, alguns diretores de filmes com atores vêm se aventurando no gênero da animação. O primeiro diretor sem tradição com desenho a ganhar o Oscar da categoria foi George Miller com Happy Feet – O Pinguim em 2007. Miller ficou mais conhecido pela trilogia do violento Mad Max, estrelada pelo jovem Mel Gibson. Este ano, o vencedor Rango foi dirigido por Gore Verbinski, cuja filmografia inclui Piratas do Caribe – A Maldição do Pérola Negra e O Chamado.
Quando as pessoas ainda estavam na onda “fofa” dos pinguins de A Marcha dos Pinguins, Happy Feet – O Pinguim (2006), de George Miller, foi o vencedor da categoria por causa de sua alta bilheteria. Mas quem realmente merecia era A Casa Monstro, de Gil Kenan.
Em 2013, Tim Burton pode se juntar a essa tendência. Embora tenha realizado alguns curtas de animação (como o próprio curta Frankenweenie, de 1984, que dá origem ao longa) e o longa Noiva-Cadáver (2005), que lhe rendeu a primeira e única indicação ao Oscar, o diretor ficou bem mais marcado por trabalhos com atores como Edward Mãos-de-Tesoura (1990), Ed Wood (1994) e A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999).
DOS CONCORRENTES DE 2013
Como a Academia fez a pré-seleção com 21 candidatos, isso significa que haverão cinco finalistas. Para que isso aconteça, é necessário o mínimo de 16 produções. Abaixo disso, a categoria teria apenas 3 finalistas.
Obviamente, não conferi todos os 21 filmes, mas dei uma olhada em cada um e cheguei a algumas conclusões. Primeiro, vamos conferir a lista das 21 animações, em ordem alfabética:
Frankenweenie, de Tim Burton: Favorito ao Oscar 2013.
Delhi Safari, de Nikhil Advani (Índia)
Detona Ralph (Wreck-It Ralph), de Rich Moore (EUA)
A Era do Gelo 4 (Ice Age Continental Drift), de Steve Martino e Mike Thurmeier (EUA)
Frankenweenie (Frankenweenie), de Tim Burton (EUA)
From Up on Poppy Hill (Kokuriko-zaka Kara), de Goro Miyazaki (Japão)
O Gato do Rabino (Le Chat du Rabbin), de Antoine Delesvaux e Joann Sfar (França/ Áustria)
Hey Krishna (Krishna Aur Kans), de Vikram Veturi (Índia)
Hotel Transilvânia (Hotel Transylvania), de Genndy Tartakovsky (EUA)
A Liar’s Autobiography: The Untrue Story of Monty Python’s Graham Chapman, de Bill Jones, Jeff Simpson e Ben Timlett (Reino Unido)
O Lorax: Em Busca da Trúfula Perdida (Dr. Seuss’ The Lorax), de Chris Renauld (EUA)
Madagascar 3: Os Procurados (Madagascar 3: Europe’s Most Wanted), de Eric Darnell, Tom McGrath e Conrad Vernon (EUA)
The Mystical Laws (Shinpi no hô), de Isamu Imakake (Japão)
A Origem dos Guardiões (Rise of the Guardians), de Peter Ramsey (EUA)
The Painting (Le Tableau), de Jean-François Laguionie (França)
ParaNorman (ParaNorman), de Chris Butler e Sam Fell (EUA)
Piratas Pirados! (The Pirates! Band of Misfits), de Peter Lord (Reino Unido/ EUA)
Tinker Bell: O Segredo das Fadas (Secret of the Wings), de Roberts Gannaway e Peggy Holmes (EUA)
Valente (Brave), de Mark Andrews e Brenda Chapman (EUA)
Walter & Tandoori’s Christmas (Le Noël de Walter et Tandoori), de Sylvain Viau (Canadá)
Zambezia, de Wayne Thornley (África do Sul)
Zarafa, de Rémi Bezançon e Jean-Christophe Lie (França/ Bélgica)
Piratas Pirados!, de Peter Lord: animação de massinha muito bem representado.
Como realizador, só o fato de ter seu filme lançado numa sala de cinema já seria motivo de orgulho. Imagine então tê-lo nessa lista! Apesar da quantidade de animações lançadas em um ano ser bem inferior ao de filmes com atores (live-action), ainda assim, trata-se de uma seleção oficial da Academia. Contudo, alguns desses trabalhos não devem seguir adiante na classificação como são os casos de Tinker Bell: O Segredo das Fadas e Walter & Tandoori’s Christmas, por se tratarem de filmes mais comuns.
Voltando ao tema da diversidade internacional, acho muito bacana ver uma produção sul-africana na lista. Apesar de Zambezia parecer um clone genérico de Madagascar, vale pelo incentivo aos artistas do continente africano, que têm orçamento bastante reduzido. As animações indianas Delhi Safari e Hey Krishna também não vão muito longe no âmbito visual, mas para quem achava que a Índia só tinha musicais à la Bollywood, aí está a prova de que existe diversidade em todos os países.
Tirando Frankenweenie e Valente, que já são presença certa entre os indicados pelos motivos citados no início do post, não existem mais favoritismos. Porém, por se tratar da única animação feita com massinha, Piratas Pirados! tem boas chances de concorrer. Além de reforçar a diversidade, a Academia já comprovou que gosta dessa técnica de stop-motion ao premiar Wallace & Grommit – A Batalha dos Vegetais, de Steve Box e Nick Park, em 2006.
Detona Ralph pode se tornar uma grata surpresa na lista pelo sucesso de público.
Outro detalhe que faz diferença é a bilheteria da animação. Nesse quesito, Detona Ralph, que conta com vários personagens do universo do video-game, estreou semana passada em primeiro lugar nos EUA, com 49 milhões de dólares. É lógico que os números não se comparam a uma estréia da Pixar, que costuma superar os 100 milhões, mas devemos considerar como um sucesso grande nessa reta final. Vale lembrar que o simpático Hotel Transilvânia está na sua sexta semana em cartaz e já faturou 137 milhões.
Não acredito que a Academia vá compensar com uma indicação as sequências A Era do Gelo 4 e Madagascar 3 – Os Procurados, mas não podemos ignorar que Shrek 2 e Kung Fu Panda 2 já foram finalistas. Isso acabaria abrindo uma bela brecha para que a produção com visual mais caprichado entre na roda: o francês The Painting (Le Tableau), que mexe com pinturas e surrealismo. Por mais que não agrade alguns votantes, é inegável a qualidade estética da animação de Jean-François Laguionie, um veterano que já dirigiu sete curtas e quatro longas. Deve e merece ser indicado. Veja a foto abaixo e tente discordar:
The Painting (Le Tableau): um espetáculo visual que merece maior exposição internacional
Ainda vale citar alguns trabalhos que podem surpreender como o japonês From Up on Poppy Hill, dirigido pelo filho de Hayao Miyazaki, Goro Miyazaki. O Gato do Rabino seria uma segunda opção para a França, caso The Painting não passe, ainda mais que contém elementos da religião judaica, muito forte entre os votantes da Academia. Eu também citaria ParaNorman pelo sucesso que fez em solo americano, mas talvez o fato de ter algumas semelhanças mórbidas com Frankenweenie atrapalhe na seleção.
E pra fechar, gostaria muito de ver o alternativo britânico A Liar’s Autobiography: The Untrue Story of Monty Python’s Graham Chapman entre os indicados. A animação que mistura várias técnicas diferentes como 2D, 3D, pintura e colagem pra contar a história de Graham Chapman, criador do grupo de humor Monty Phyton já vale pela idéia genial. Resta saber se os votantes têm a cabeça aberta para algo mais incomum, pois infelizmente, a maioria ainda acredita que animação é obrigatoriamente material infanto-juvenil. Vamos crescer, né?
A Liar’s Autobiography: The Untrue Story of Monty Python’s Graham Chapman: uma das cenas que contém colagem. Será que cola na Academia?
Então, sem mais delongas, minha lista de palpites ficaria assim: (Seria uma mistura das minhas apostas com o que gostaria de ver na categoria)
– Detona Ralph
– Frankenweenie
– The Painting
– Piratas Pirados!
– Valente
Valente: aposta certa da Pixar, mas não detém o favoritismo desta vez