93 PRODUÇÕES DISPUTAM O OSCAR DE FILME INTERNACIONAL

Alfonso Cuarón, com as três estatuetas que ganhou com Roma, incluindo o último Oscar de Filme em Língua Estrangeira

CATEGORIA QUE MUDOU DE NOME RECEBEU O TOTAL DE 94 INSCRIÇÕES

Sim, a categoria Filme em Língua Estrangeira, criada oficialmente na década de 50, foi rebatizada para Melhor Filme Internacional no último mês de Abril, pois consideraram o termo “Estrangeiro” ultrapassado. Outras mudanças significativas foram da pré-lista de dezembro, que pula de nove para dez filmes pré-selecionados, e pela primeira vez, os votantes poderão assistir aos dez filmes online, sem precisar comparecer às salas de Los Angeles, Nova York ou Londres.

Dos 94 filmes inscritos, logo de cara já houve uma desqualificação do Afeganistão. Havia questionamento de legitimidade do comitê que elegeu o representante do país, portanto foi descartado antes mesmo do anúncio dos oficialmente inscritos.

Em seguida, no dia 04 de Novembro, a Academia anunciou a desqualificação da Nigéria, que havia inscrito um filme na competição pela primeira vez com Lionheart. Segundo o departamento responsável que viu a película, houve uma infração do regulamento que exige língua não-inglesa predominante. Foi constatado que o filme continha apenas onze minutos no idioma estrangeiro. Essa ilegalidade causou revolta na Nigéria e conquistou apoio da cineasta Ava DuVernay.

Em sua conta do Twitter, a diretora de Selma esbravejou:
“Para a Academia, Vocês desqualificaram a primeiríssima inscrição da Nigéria para Melhor Filme Internacional porque está em Inglês. Mas Inglês é a língua oficial da Nigéria. Vocês estão barrando este país para que nunca dispute um Oscar em sua língua oficial?…”

Há duas formas de enxergar a situação. Pelo lado da Academia, regras são regras. Essa que exige predominância de língua não-inglesa existe há décadas. Faltou atenção ao comitê nigeriano ao regulamento da categoria. Já pelo lado da Nigéria, da modernização e do bom senso, a Academia não poderia ter sido mais flexível nessa questão do idioma ao modernizar o nome do prêmio de Filme em Língua Estrangeira para Filme Internacional? Quer dizer, todas as nações que foram colonizadas no passado jamais poderão disputar esse Oscar? Além disso, há algum tempo, é uma raridade vermos produções de um único país. Atualmente, o normal é a realização de co-produções em conjunto com dois ou mais países. Hoje, se um filme co-produzido por três países, apenas um pode selecioná-lo como representante no Oscar.

Não acreditamos que a Academia vá voltar atrás agora nessas questões, contudo os responsáveis do departamento podem estudar o caso para uma próxima cerimônia. Desta forma, permanecerão 92 filmes inscritos, número que mesmo assim iguala o recorde anterior de 2017.  Ainda sobre números, mesmo com a queda da Nigéria, temos 28 diretoras mulheres nessa disputa, um recorde na história da premiação.

COMO ESTÁ A DISPUTA ATÉ O MOMENTO?

Parasita, de Bong Joon-ho

PARASITA (Coréia do Sul) Dir: Bong Joon-ho
Vamos resumir assim: o filme sul-coreano Parasita está trilhando o mesmo caminho de Roma, de Alfonso Cuarón. Além de ter faturado prêmios importantes como a Palma de Ouro em Cannes, vem conquistando toda a crítica e o público de forma unânime, o que leva o filme a ser considerado inclusive para outras categorias como Melhor Filme, Direção, Roteiro Original, Fotografia, Direção de Arte e Ator Coadjuvante. Curiosamente, se concretizada, seria a primeira indicação do país na história do Oscar. Particularmente, sentimos que o Cinema Sul-coreano tem sido injustiçado há duas décadas pelo Oscar. Só para citar alguns filmes que mereciam uma indicação estão Oldboy (2002), Oasis (2002), Memórias de um Assassino (2003), Casa Vazia (2004), Secret Sunshine (2007), Poesia (2010), A Criada (2016) e Em Chamas (2018).

Dor e Glória, de Pedro Almodóvar

DOR E GLÓRIA (Espanha) Dir: Pedro Almodóvar
Quando o filme estava entre os indicados à Palma de Ouro deste ano, havia uma forte especulação de que Pedro Almodóvar ganharia pelo menos o prêmio de Direção ou o Grande Prêmio do Júri, mas acabou ficando apenas com o prêmio de interpretação masculina para Antonio Banderas, que vive o alter-ego do diretor espanhol. Muito querido entre os membros da Academia, o diretor já ganhou duas estatuetas: Filme em Língua Estrangeira por Tudo Sobre Minha Mãe em 2000, e Melhor Roteiro Original por Fale com Ela em 2003. Ao lado do representante sul-coreano, este espanhol está praticamente garantido entre os cinco indicados.

Les Misérables, de Ladj Ly

LES MISÉRABLES (França) Dir: Ladj Ly
Havia uma forte expectativa para que Retrato de uma Jovem em Chamas fosse o representante da França para o Oscar, mas talvez por motivos homofóbicos, o filme cedeu lugar a Les Misérables. Apesar de compartilhar o mesmo título da obra de Victor Hugo e o musical homônimo de 2012, o primeiro filme de Ladj Ly aborda a violência e o preconceito vivido por habitantes dos subúrbios franceses. A produção faturou o mesmo Prêmio do Júri ao lado do brasileiro Bacurau, o que pode facilitar um pouco sua campanha. Ladj Ly é o primeiro diretor negro que representa a França.

Monos, de Alejandro Landes

MONOS (Colômbia) Dir: Alejandro Landes
Para quem acompanha o Oscar, sabe que o cinema colombiano tem se destacado recentemente na premiação como o indicado O Abraço da Serpente (2015) e Pássaros de Verão (2018), que estava na última pré-lista. E pra elevar a ainda mais a campanha de Monos, os diretores mexicanos Alejandro González Iñárritu e Guillermo del Toro esbanjaram rasgaram elogios publicamente ao filme, o que certamente chamará a atenção de outros votantes, especialmente os latinos. Monos, que estava na Mostra Internacional de São Paulo, acompanha oito jovens militantes em um acampamento no alto da montanha. Eles precisam manter uma refém americana (Julianne Nicholson), mas os planos mudam quando eles matam acidentalmente uma vaca que os mantinha no local. Vale ressaltar que o diretor Alejandro Landes é brasileiro, filho de mãe colombiana.

Atlantics, de Mati Diop

ATLANTICS (Senegal) Dir: Mati Diop
A carreira do filme senegalês começou com sua indicação à Palma de Ouro em Cannes. Mati Diop se tornou a primeira mulher negra na competição oficial. Produção da Netflix, o filme aborda uma história de amor com a imigração ilegal como pano de fundo. Trata-se da segunda inscrição do país africano no Oscar, sendo que a primeira, Félicité, esteve entre os nove filmes pré-selecionados de 2018. Seria um reconhecimento para coroar o crescimento do cinema do continente africano, e dar um equilíbrio entre as produções indicadas, que costumam ficar restritas à Europa.

OUTROS EM DESTAQUE

Da esquerda para a direita: Honeyland, Papicha, O Paraíso Deve Ser Aqui, O Menino que Descobriu o Vento, e O Traidor

Honeyland (Macedônia do Norte): Elogiada produção de ficção que se assemelha a um documentário ao narrar a história de uma apicultora tradicional considerada a última da região.

Papicha (Argélia): Passado nos anos 90, acompanha a opressão sofrida por todas as mulheres por terroristas islâmicos, buscando alterar de forma conservadora seus hábitos, suas vestimentas e seus espaços públicos.

O Paraíso Deve Ser Aqui (Palestina): Trata-se de uma comédia autobiográfica do diretor Elia Suleiman que, ao viajar para fora de seu país para encontrar paz, acaba se deparando com os mesmos problemas de racismo e dificuldades sociais nas terras consideradas paraísos como EUA e França.

O Menino que Descobriu o Vento (Reino Unido): Embora tenha poucas chances no Oscar, pode surpreender por dirigido e atuado pelo ator indicado ao Oscar Chiwetel Ejiofor (de 12 Anos de Escravidão) e estar disponível na plataforma da Netflix. O filme narra a história de um menino no Malawi que desenvolve uma turbina de vento em seu vilarejo.

O Traidor (Itália): Além do renome do diretor Marco Bellocchio, o país europeu aposta na fama do mafioso Tommaso Buscetta, que fugiu para o Brasil e para os EUA e delatou a máfia italiana Costa Nostra. A atriz brasileira Maria Fernanda Cândido faz parte do elenco.

E O BRASIL?

A Academia de Cinema Brasileiro enfrentou um duro dilema este ano. Bacurau ou A Vida Invisível? Ambos os filmes haviam sido bem recebidos e premiados no Festival de Cannes. Enquanto o primeiro faturou o Prêmio do Júri (uma espécie de terceiro lugar), o segundo levou o cobiçado prêmio Un Certain Regard. Uma coisa era certa: o representante brasileiro tinha que ser um dos dois, mas qual?

A Vida Invisível, de Karim Ainouz

A presidente da comissão Anna Muylaert acabou desempatando a briga. Cinco votos para A Vida Invisível e quatro para Bacurau. Dentre as justificativas para a escolha, teria pesado a presença de Fernanda Montenegro no elenco, uma vez que ela já foi indicada ao Oscar por Central do Brasil. Além disso, Bacurau pode ser interpretado como uma afronta para o público norte-americano, pois eles são os vilões do filme de Kleber Mendonça Filho que se passa no sertão de Pernambuco. Já A Vida Invisível busca exaltar a força feminina através de suas protagonistas irmãs, algo em voga nas premiações.

Alguns alegam que Bacurau teria sido uma escolha mais ousada e por isso, teria mais chances de ser notado entre os votantes da Academia. Será? Claro que depende muito da campanha de publicidade rumo ao Oscar, que acontece em Fevereiro. Vamos torcer para que Vida Invisível se torne a 5ª indicação do Brasil após a última de Central do Brasil em 1999.

SEGUE LISTA COMPLETA DAS PRODUÇÕES INSCRITAS PARA O OSCAR 2020:

PAÍS FILME DIRETOR(A)(ES)
África do Sul Knuckle City Jahmil X.T. Qubeka
Albânia The Delegation Bujar Alimani
Alemanha System Crasher Nora Fingscheidt
Arábia Saudita The Perfect Candidate Haifaa al-Mansour
Argélia Papicha Mounia Meddour
Argentina Heroic Losers Sebastián Borensztein
Armênia Lengthy Night Edgar Baghdasaryan
Austrália Buoyancy Rodd Rathjen
Áustria Joy Sudabeh Mortezai
Bangladesh Alpha Nasiruddin Yousuff
Bélgica Our Mothers César Díaz
Bielorrússia Debut Anastasiya Miroshnichenko
Bolívia I Miss You Rodrigo Bellott
Bósnia Herzegovina The Son Ines Tanovic
Brasil A Vida Invisível Karim Aïnouz
Bulgária Ága Milko Lazarov
Camboja In the Life of Music Caylee So, Sok Visal
Canadá Antigone Sophie Deraspe
Cazaquistão Kazakh Khanate – Golden Throne Rustem Abdrashev
Chile Spider Andrés Wood
China Ne Zha Jiaozi
Colômbia Monos Alejandro Landes
Coréia do Sul Parasita Bong Joon-ho
Costa Rica The Awakening of the Ants Antonella Sudasassi
Croácia Mali Antonio Nuic
Cuba A Translator Rodrigo Barriuso, Sebastián Barriuso
Dinamarca Queen of Hearts May el-Toukhy
Egito Poisonous Roses Fawzi Saleh
Equador The Longest Night Gabriela Calvache
Eslováquia Let There Be Light Marko Skop
Eslovênia History of Love Sonja Prosenc
Espanha Dor e Glória Pedro Almodóvar
Estônia Truth and Justice Tanel Toom
Etiópia Running Against the Wind Jan Philipp Weyl
Filipinas Verdict Raymund Ribay Gutierrez
Finlândia Stupid Young Heart Selma Vilhunen
França Les Misérables Ladj Ly
Gana Azali Kwabena Gyansah
Geórgia Shindisi Dito Tsintsadze
Grécia When Tomatoes Met Wagner Marianna Economou
Holanda Instinct Halina Reijn
Honduras Blood, Passion and Coffee Carlos Membreño
Hong Kong The White Storm 2 – Drug Lords Herman Yau
Hungria Those Who Remained Barnabás Tóth
Índia Gully Boy Zoya Akhtar
Indonésia Memories of my Body Garin Nugroho
Irã Finding Fariden Kourosh Ataee, Azadeh Moussavi
Irlanda Gaza Garry Keane, Andrew McConnell
Islândia A White, White Day Hlynur Pálmason
Israel Incitement Yaron Zilberman
Itália O Traidor Marco Bellocchio
Japão Weathering With You Makoto Shinkai
Kosovo Zana Antoneta Kastrati
Látvia The Mover Davis Simanis
Líbano 1982 Oualid Mouaness
Lituânia Bridges of Time Kristine Briede, Audrius Stonys
Luxemburgo Tel Aviv on Fire Sameh Zoabi
Macedônia do Norte Honeyland Tamara Kotevska, Ljubomir Stefanov
Malásia M for Malaysia Dian Lee, Ineza Roussille
Marrocos Adam Maryam Touzani
México The Chambermaid Lila Avilés
Mongólia The Steed Erdenebileg Ganbold
Montenegro Neverending Past Andro Martinovic
Nepal Bulbul Binod Paudel
Nigéria Lionheart Genevieve Nnaji
Noruega Out Stealing Horses Hans Petter Moland
Palestina It Must Be Heaven Elia Suleiman
Panamá Everybody Changes Arturo Montenegro
Paquistão Laal Kabootar Kamal Khan
Peru Retablo Alvaro Delgado-Aparicio
Polônia Corpus Christi Jan Komasa
Portugal The Domain Tiago Guedes
Quênia Subira Ravneet Sippy Chadha
Quirguistão Aurora Bekzat Pirmatov
Reino Unido O Menino que Descobriu o Vento Chiwetel Ejiofor
Rep Dominicana The Projectionist José María Cabral
Rep Tcheca The Painted Bird Václav Marhoul
Romênia The Whistlers Corneliu Porumboiu
Rússia Beanpole Kantemir Balagov
Senegal Atlantics Mati Diop
Sérvia King Petar of Serbia Petar Ristovski
Singapura A Land Imagined Yeo Siew Hua
Suécia And Then We Danced Levan Akin
Suíça Wolkenbruch’s Wondrous Journey Into the Arms of a Shiksa Michael Steiner
Tailândia Krasue: Inhuman Kiss Sitisiri Mongkolsiri
Taiwan Dear Ex Mag Hsu, Hsu Chih-yen
Tunísia Dear Son Mohamed Ben Attia
Turquia Commitment Semih Kaplanoglu
Ucrânia Homeward Nariman Aliev
Uruguai The Moneychanger Federico Veiroj
Uzbequistão Hot Bread Umid Khamdamov
Venezuela Being Impossible Patricia Ortega
Vietnã Furie Lê Van Kiêt

A pré-lista com os dez filmes será divulgada no dia 16 de dezembro. O anúncio das indicações ao Oscar estão marcadas para o dia 13 de janeiro.

ACADEMIA DIVULGA PRÉ-LISTA de SELECIONADOS em 9 CATEGORIAS! COMO ESPERADO, BRASIL ESTÁ FORA DA CORRIDA…

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ACADEMIA RESOLVE FAZER UMA PENEIRA FORTE EM NOVE CATEGORIAS

Pela primeira vez na longeva história da Academia, divulgaram as short lists em nova categorias ao mesmo tempo. E pela primeira vez desde 1979, anunciaram a pré-lista nas categorias musicais. Portanto, com essa dança das cadeiras, alguns profissionais comemoraram a sobrevivência de chances no Oscar, e muitos outros já deram adeus.

E os números são bem expressivos dessas listas de corte. Na categoria de Filme em Língua Estrangeira, dos 87 inscritos, sobraram apenas nove, enquanto em Melhor Documentário, dos 166 inscritos, 15 continuam na luta. Pelas categorias de Trilha e Canção, de centenas passaram para 15 por categoria.

Em relação às categorias de curtas (documentário, animação e live action), praticamente todos somos Gloria Pires, não podemos opinar. Mas em relação às demais, dá pra comentar um pouco sobre.

Vamos às listas?

DOCUMENTÁRIO-CURTA
Black Sheep
End Game
Lifeboat
Los Comandos
My Dead Dad’s Porno Tapes*
A Night at the Garden
Period. End of Sentence.
’63 Boycott
Women of the Gulag
Zion

* Esse título que já havia me chamado a atenção desde o começo do ano. O diretor quis descobrir mais sobre o falecido pai através de objetos pessoais, inclusive uma pilha de fitas VHS de filmes pornográficos. Não sei se tem chances no Oscar, mas seria engraçado no mínimo.

My Dead Dad's Porno Tapes

My Dead Dad’s Porno Tapes, de Charlie Tyrell (pic by IMDb)

CURTA DE ANIMAÇÃO
Age of Sail
Animal Behaviour
Bao
Bilby
Bird Karma
Late Afternoon
Lost & Found
One Small Step
Pépé le Morse
Weekends

Obviamente, não podia faltar o curta-metragem Bao, que foi exibido nos cinemas antes do filme Os Incríveis 2. A Pixar sempre marca forte presença nessa categoria. Além da qualidade do material, eles tiveram essa brilhante idéia de passar seus curtas para o público em geral nas sessões de seus longas. Em relação ao curta em si, particularmente, acho bem sensível a idéia, mas poderiam dispensar a transformação do dumpling em ser humano. A metáfora já estava compreendida.

Bao_

Cena do curta de animação Bao (pic by Disney/Pixar)

CURTA-METRAGEM
Caroline
Chuchotage
Detainment
Fauve
Icare
Marguerite
May Day
Mother
Skin
Wale

DOCUMENTÁRIO
Charm City
Communion
Crime + Punishment
Dark Money
The Distant Barking of Dogs
Free Solo
Hale County This Morning, This Evening
Minding the Gap
Of Fathers and Sons
On Her Shoulders
RBG
Shirkers
The Silence of Others
Three Identical Strangers
Won’t You Be My Neighbor?

Felizmente, todos os documentários premiados até agora parecem estar nessa pré-lista. Por enquanto, o mais forte candidato é o Won’t You Be My Neighbor?, sobre as lições e legado de um apresentador de programa de TV infantil. Entre outros premiados estão o Hale Country This Morning This EveningMinding the Gap, RBG (sobre uma juíza americana que se tornou um ícone pop, e vale lembrar que o filme está na lista das canções também), Three Identical Strangers, Free Solo, Crime+Punishment e Shirkers, que já está disponível na Netflix e vale a pena dar uma olhada.

Won't You Be My Neighbor? - Still 1

O apresentador Fred Rogers em cena do documentário Won’t You Be My Neighbor? (pic by IMDb)

VISUAL EFFECTS
Homem-Formiga e a Vespa
Vingadores: Guerra Infinita
Pantera Negra
Christopher Robin
O Primeiro Homem
Jurassic World: Reino Ameaçado
O Retorno de Mary Poppins
Jogador Nº1
Han Solo: Uma História Star Wars
Bem-Vindos a Marwen

Bom, em primeiro lugar, acho um desaforo Jurassic World: Reino Ameaçado estar nessa lista. Além dos efeitos não apresentarem nada de novo (daqui a pouco até eu vou saber criar dinossauros em 3D), o filme é de uma gratuidade lucrativa asquerosa. Você assiste e não se importa com ninguém, e quer que todo mundo morra logo.

Enfim, dessa lista, O Primeiro Homem e Jogador Nº 1 parecem ser os mais fortes. Os efeitos de O Retorno de Mary Poppins parecem se assemelhar bastante com os efeitos da década de 60, mas vale lembrar que na época o filme foi um marco nos efeitos e ganhou o Oscar de Efeitos Visuais. E Vingadores: Guerra Infinita e Pantera Negra devem consolidar suas indicações por causa dos números nas bilheterias. Particularmente, considero os efeitos de Pantera Negra meio ruinzinhos. Já os efeitos de Bem-Vindos a Marwen são mais interessantes, já que transformar os atores em bonecos semelhantes às Barbies.

Welcome to Marwen_

Janelle Monáe e Steve Carell como bonecos em Bem-Vindos a Marwen (pic by IMDb)

MAQUIAGEM E CABELO
Pantera Negra
Bohemian Rhapsody
Border
Duas Rainhas
Stan & Ollie
Suspiria
Vice

Sempre fui a favor de maquiagens transformadoras ganharem o Oscar, tipo os trabalhos fenomenais do já aposentado Rick Baker, que fez Um Lobisomem Americano em Londres, O Grinch e Homens de Preto, porque essa coisa de colar um bigodezinho, passar um pózinho na cara e despentear o cabelo não é lá muito evidente pra ganhar esse prêmio.

Nesse quesito de transformação, eu diria que Suspiria sai na frente. Tilda Swinton interpreta três personagens e um deles é um senhor de idade. E você sabe o que aconteceu da última vez que Swinton se transformou numa idosa? O Grande Hotel Budapeste ganhou o Oscar.

Tilda Swinton Suspiria_

Sim, é a Tilda Swinton em Suspiria (pic by IMDb)

Também vale citar o Stan & Ollie, no qual John C. Reilly desaparece na maquiagem que o transforma no comediante Oliver Hardy. Já em Vice, embora temos muito do esforço descomunal de Christian Bale engordar, temos um trabalho de maquiagem de envelhecimento no seu personagem e de Amy Adams, pelo menos.

Já no quesito bigode e pózinho, a ausência de A Favorita se faz notar aqui.

TRILHA MUSICAL ORIGINAL
Aniquilação
Vingadores: Guerra Infinita
The Ballad of Buster Scruggs
Pantera Negra
Infiltrado na Klan
Podres de Ricos
A Morte de Stalin
Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindewald
O Primeiro Homem
Se a Rua Beale Falasse
Ilha dos Cachorros
O Retorno de Mary Poppins
Um Lugar Silencioso
Jogador Nº 1
Vice

Duas trilhas que dá pra garantir indicação são de O Primeiro Homem (Justin Hurwitz) e Se a Rua Beale Falasse (Nicholas Britell). Acredito também nas indicações de Alan Silvestri por Jogador Nº 1 e de Alexandre Desplat por Ilha dos Cachorros. Se John Williams estivesse na lista, eu o incluiria porque ele é sempre hors-concours na Academia. Pela quinta vaga, eu arriscaria Ludwig Göransson (Pantera Negra) ou Terence Blanchard (Infiltrado na Klan), se bem que Marc Shaiman pode ser lembrado por O Retorno de Mary Poppins.

CANÇÃO ORIGINAL
“When A Cowboy Trades His Spurs For Wings” (The Ballad of Buster Scruggs)
“Treasure” (Querido Menino)
“All The Stars” (Pantera Negra)
“Revelation” (Boy Erased: Uma Verdade Anulada)
“Girl In The Movies” (Dumplin’)
“We Won’t Move” (O Ódio que Você Semeia)
“The Place Where Lost Things Go” (O Retorno de Mary Poppins)
“Trip A Little Light Fantastic” (O Retorno de Mary Poppins)
“Keep Reachin’” (Quincy)
“I’ll Fight” (RBG)
“A Place Called Slaughter Race” (WiFi Ralph: Quebrando a Internet)
“OYAHYTT” (Sorry to Bother You)
“Shallow” (Nasce uma Estrela)
“Suspirium” (Suspiria)
“The Big Unknown” (As Viúvas)

Depois que aquela canção de Ritmo de um Sonho levou o Oscar, “It’s Hard Out Here for a Pimp”, nada mais foi o mesmo nessa categoria, o que torna tudo muito imprevisível. Claro que a mais forte aqui é a “Shallows”, que será cantada no Oscar pela Lady Gaga, e que possivelmente será premiada como compositora pra também compensá-la pela derrota como atriz.

Dentre as demais canções, “All the Stars” (Pantera Negra), “I’ll Fight” (RBG), “Girl in the Movies” (Dumplin’) e “Revelation” (Boy Erased) foram as mais lembradas na temporada até o momento, mas pode apostar que pelo menos uma das canções de O Retorno de Mary Poppins estará lá.

FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
Pássaros de Verão – COLÔMBIA
A Culpa – DINAMARCA
Never Look Away – ALEMANHA
Assunto de Família – JAPÃO
Ayka – CAZAQUISTÃO
Capernaum – LÍBANO
Roma – MÉXICO
Guerra Fria – POLÔNIA
Em Chamas – CORÉIA DO SUL

Ok, vamos direto ao ponto. Roma tem absolutamente tudo para ganhar, tornando-se o primeiro filme do México a vencer nesta categoria? 95% de chances que sim. Não estou nem atribuindo esses 5% ao imprevisível, que realmente existe no Oscar, mas devido ao cenário dos prêmios da crítica. Por exemplo, no LAFCA, dos críticos de Los Angeles, Roma sagrou-se como Melhor Filme, enquanto como Filme em Língua Estrangeira deu empate entre Assunto de Família e Em Chamas. Ou seja, num cenário em que Alfonso Cuarón leva o Oscar de Melhor Filme, pode se abrir uma janela para os demais concorrentes na categoria de Filme Estrangeiro.

Claro que são apenas hipóteses por enquanto, afinal, em 90 anos de Oscar, nunca um filme de língua estrangeira levou o Oscar de Melhor Filme. No máximo, são indicados como Amor (2012), A Vida é Bela (1998) e Z (1969), mas só levam o Oscar de Filme em Língua Estrangeira mesmo. Vamos ver se Roma vai crescer com as indicações ao Oscar em janeiro para poder cravar alguma coisa.

E o Brasil? A polêmica escolha de O Grande Circo Místico para representar o cinema nacional foi por água abaixo. Agora nós, cinéfilos, ficamos imaginando se Benzinho ou As Boas Maneiras tivessem sido escolhidos… teríamos uma nova indicação para o Brasil? Acho que a seleção deve levar em consideração apenas dois quesitos: Qualidade fílmica (de nada adianta levar filme de Segunda Guerra Mundial e morrer na praia) e Histórico de Festivais Internacionais. De nada adianta o filme ser ótimo se não for visto lá fora. Os produtores, juntamente com o governo, têm de investir em campanhas de divulgação, que muitas vezes começa com uma seleção em Cannes ou Veneza. E chega de política querer se meter na escolha! Da última vez, Aquarius ficou de fora por picuinha política.

Não assisti a todos dessa pré-lista, mas adoraria ver Em Chamas indicado. Seria a primeira indicação da Coréia do Sul, que tem um cinema formidável, mas nunca lembrado pela Academia. O filme é uma adaptação de um conto do escritor japonês Haruki Murakami, conta com um elenco afiadíssimo, uma fotografia excepcional e com a mão do diretor Lee Chang-dong, que já entregou ótimos filmes como Sol Secreto (2007) e Poesia (2010).

Burning trio

Ah-in Yoo, Jong-seo Jun e Steven Yeun em cena de Em Chamas (pic by IMDb)

Por enquanto, minhas apostas são: México, Japão, Polônia, Líbano e Coréia do Sul.

***

As indicações ao Oscar 2019 serão anunciadas no dia 22 de janeiro.

 

 

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