APÓS SER COADJUVANTE NAS PREMIAÇÕES ANTERIORES, MOONLIGHT CONQUISTA MELHOR FILME
É… a Associação de Críticos de Los Angeles resolveu dar uma chacoalhada e mudou a cara de muitas categorias. Por exemplo: Moonlight levava Melhor Diretor, Ator Coadjuvante, Fotografia, mas na hora de ganhar Melhor Filme, ora perdia para La La Land, ora para Manchester à Beira-Mar.
É difícil vermos quais críticos estão ousando mais ou apenas indo na onda sem conferir os filmes em si, mas independente dessa distribuição de prêmios entre essas três produções, o musical La La Land me parece um pouco à frente por se tratar de um musical vistoso e com atores inspirados. Por outro lado, Moonlight tem Barry Jenkins, que tem ganhado os prêmios de diretor, que costuma estar atrelado ao Melhor Filme.
Uma das poucas categorias que se mantiveram fiéis à artista foi Melhor Atriz, que novamente elegeu Isabelle Huppert. Depois de faturar o prêmio pelo círculo de críticos de Nova York, a francesa segue firme em busca de sua primeira indicação ao Oscar. Claro que ainda é cedo pra cravar alguma certeza, principalmente porque é difícil a Academia premiar atores estrangeiros falando seu próprio idioma no papel (as únicas atrizes que conseguiram esse feito foram Sophia Loren em 1962 e Marion Cotillard em 2008), e também porque o filme pelo qual ela deve concorrer, Elle, é uma produção francesa polêmica devido à reação da personagem dela pós-estupro.
Particularmente, considero sua interpretação a melhor que vi deste ano até o momento, e só citei essa polêmica porque o povo votante da Academia tem fama de careta e conservador. Enfim, Isabelle Huppert tem uma concorrência ferrenha pela frente, que praticamente está definida: Amy Adams (que levou o National Board of Review), Ruth Negga, Natalie Portman, Emma Stone e Annette Bening. A atriz Rebecca Hall ficou com o prêmio de 2º lugar no LAFCA pelo drama Christine, mas acho que ela morre na praia.
Ainda sobre os atores, os críticos de Los Angeles têm o excelente hábito de premiar interpretações estrangeiras. Além de Huppert como Atriz, elegeram o japonês Issei Ogata como 2º melhor coadjuvante pelo filme Silêncio, de Martin Scorsese. Como a categoria ainda não está bem definida, ele pode conseguir uma vaga indo na onda do #OscarSoWhite.

Issei Ogata (à direita) com Andrew Garfield em cena de Silêncio, de Martin Scorsese (photo by cine.gr)
E pra quem achava que apenas Casey Affleck venceria como Melhor Ator, eis que surge o primeiro grande prêmio para Adam Driver pelo drama Paterson, onde ele interpreta um motorista de ônibus que escreve poesia nas horas vagas. Vale lembrar que o ator também estrela o filme de Scorsese, além, claro, de ser o vilão Kylo Ren da nova franquia de Star Wars.
Achei interessante a premiação de dois filmes que estavam sendo esquecidos na temporada. O Lagosta, de grego Yorgos Lanthimos, que faturou o prêmio de roteiro, e a animação japonesa Your Name, que saiu vitoriosa de sua categoria, que vinha sendo dominada por Kubo e as Cordas Mágicas ou Zootopia.
Contudo, minha maior satisfação foi ver as duas vitórias do filme sul-coreano The Handmaiden como Melhor Filme em Língua Estrangeira e Melhor Design de Produção (Direção de Arte), que reconheceu a belíssima reconstrução dos anos 30 de uma Coréia invadida pelos japoneses. Infelizmente, o longa não foi selecionado por sua comissão para representar a Coréia. Parece que a presidente coreana Park Geun-hye andou dando uma de Michel Temer, e cortou a verba pra artistas que eram contra sua política (como é o cineasta Park Chan-wook) e selecionaram um filme mais convencional de ação, The Age of Shadows, para mandar ao Oscar. Ficaram de picuinha e perderam uma excelente oportunidade de conquistar a primeira indicação ao Oscar do país… uma pena. Pelo que andei lendo, a presidente deve renunciar em breve.
VENCEDORES DO LAFCA 2016:
MELHOR FILME: Moonlight
2º lugar: La La Land: Cantando Estações
MELHOR DIRETOR: Barry Jenkins (Moonlight)
2º lugar: Damien Chazelle (La La Land: Cantando Estações)
MELHOR ATOR: Adam Driver (Paterson)
2º Casey Affleck (Manchester à Beira-Mar)
MELHOR ATRIZ: Isabelle Huppert (Elle) (O Que Está por Vir)
2º lugar: Rebecca Hall (Christine)
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Mahershala Ali (Moonlight)
2º lugar: Issei Ogata (Silêncio)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Lily Gladstone (Certain Women)
2º lugar: Michelle Williams (Manchester à Beira-Mar)
MELHOR ROTEIRO: Yorgos Lanthimos, Efthymis Filippou (O Lagosta)
2º lugar: Kenneth Lonergan (Manchester à Beira-Mar)
MELHOR FOTOGRAFIA: James Laxton (Moonlight)
2º lugar: Linus Sandgren (La La Land: Cantando Estações)
MELHOR MONTAGEM: Bret Granato, Maya Mumma, Ben Sozanski (O.J.: Made in America)
2º lugar: Tom Cross (La La Land: Cantando Estações)
MELHOR TRILHA MUSICAL: Justin Hurwitz, Benj Pasek, Justin Paul (La La Land: Cantando Estações)
2º lugar: Mica Levi (Jackie)
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE: Ryu Seong-Hee (The Handmaiden)
2º lugar: David Wasco (La La Land: Cantando Estações)
MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA: The Handmaiden, de Park Chan-Wook
2º lugar: Toni Erdmann, de Maren Ade
MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO: Your Name (Kimi no na wa), de Makoto Shinkai
2º lugar: The Red Turtle
MELHOR DOCUMENTÁRIO: I Am Not Your Negro
2º lugar: O.J.: Made in America
PRÊMIO DOUGLAS EDWARDS PARA FILME EXPERIMENTAL: The Illinois Parables, de Deborah Stratman
PRÊMIO NEW GENERATION: Trey Edwards Shults e Krisha Fairchild (Krisha)
PRÊMIO PELO CONJUNTO DA OBRA: Shirley MacLaine