CAMPION, ALMODÓVAR e SORRENTINO na DISPUTA pelo LEÃO DE OURO. ‘DUNA’ e ‘O ÚLTIMO DUELO’ COMPETEM por FORA

Benedict Cumberbatch em The Power of the Dog

FESTIVAL ITALIANO PROCURA REPETIR PRÉVIA DO OSCAR DAS ÚLTIMAS EDIÇÕES

Logo após o término de um prorrogado Festival de Cannes, o festival de cinema mais tradicional de todos acaba de divulgar seus filmes selecionados da sua 78ª edição. Para quem não se recorda, nos últimos quatro anos, Veneza premiou dois vencedores do Oscar de Melhor Filme: Nomadland e A Forma da Água, e dois fortes indicados: Coringa e Roma. Pelo calendário, Veneza divide as atenções com o Festival de Toronto, mas não há dúvidas que tem se tornado um ótimo chamariz para estúdios lançarem seus filmes e iniciarem a temporada de premiações.

Contudo, apesar de um boa seleção oficial, filmes altamente aguardados como Duna, de Denis Villeneuve, O Último Duelo, de Ridley Scott, e Last Night in Soho, de Edgar Wright, serão exibidos fora de competição. Teria sido alguma ordem dos estúdios, dos realizadores ou simplesmente não qualificaram para a disputa principal pelo Leão de Ouro?

Já dentre os filmes na competição oficial, Pedro Almodóvar abre o festival com Parallel Mothers, teremos também a neozelandesa Jane Campion com The Power of the Dog, Paul Schrader com uma história de vingança The Card Counter, Paolo Sorrentino com The Hand of God, Michael Franco (que venceu o Grande Prêmio do Júri no ano passado por New Order) com Sundown, o retorno do único venezuelano vencedor do Leão de Ouro Lorenzo Vigas com La Caja, a estreia na direção da atriz Maggie Gyllenhaal com The Lost Daughter, adaptação do romance de Elena Ferrante, e a iraniana-americana Ana Lily Amirpour, conhecida por Garota Sombria Caminha Pela Noite, com Mona Lisa and the Blood Moon.

Obviamente, há nomes de atores conhecidos nessas produções que podem levar o Volpi Cup de interpretação. Pelo filme de Gyllenhaal, temos “só” Olivia Colman, Ed Harris, Jessie Buckley e Peter Sarsgaard, enquanto pelo filme de Campion, Benedict Cumberbatch, Kirsten Dunst e Jesse Plemons. A disputa entre as atrizes também ganha os nomes de Penélope Cruz (que compete por Parallel Mothers, de Almodóvar, e Official Competition, da dupla Mariano Cohn e Gastón Duprat), e Kristen Stewart que viveu a Princesa Diana em Spencer, de Pablo Larraín.

Assim como em Cannes, haverá uma mostra paralela intitulada Horizontes Extra, que tem o intuito de acolher mais produções que sofreram com a pandemia e perderam espaço em festivais. Aliás, é nessa mostra que está o único representante do Brasil: 7 Prisioneiros, de Alexandre Moratto, filme sobre tráfico humano com Rodrigo Santoro e Christian Malheiros, que disputou o Independent Spirit Award de Melhor Ator por Sócrates em 2019.

Vale lembrar que este ano, Veneza concederá um Leão de Ouro Honorário pela carreira dos atores Jamie Lee Curtis, que estrela o novo Halloween Kills, que será exibido fora de competição, e Roberto Benigni, que recentemente foi Gepeto na nova adaptação de Pinóquio.

A 78ª edição do Festival de Veneza começa no dia 1º de Setembro e termina no dia 11. O júri será presidido pelo diretor de Parasita, Bong Joon Ho, que contará também com Chloé Zhao (atual vencedora do Oscar e Leão de Ouro por Nomadland), a atriz Virginie Efira (Benedetta), Cynthia Erivo (Harriet), atriz e produtora canadense Sarah Gadon (O Homem Duplicado), o diretor italiano Saverio Costanzo (Hungry Hearts) e documentarista romeno Alexander Nanau, recém-indicado ao Oscar por Collective.

Confira a seleção completa de Veneza:

COMPETIÇÃO

Parallel Mothers, Pedro Almodovar (Espanha) – FILME DE ABERTURA
Mona Lisa and the Blood Moon, Ana Lily Amirpour (EUA)
Un Autre Monde, Stephane Brizé (França)
The Power of the Dog, Jane Campion (Nova Zelândia, Austrália)
America Latina, Damiano D’Innocenzo, Fabio D’Innocenzo (Itália, França)
L’Evenement, Audrey Diwan (França)
Official Competition, Gaston Depart, Mariano Cohn (Espanha, Argentina)
Il Buco, Michelangelo Frammartino (Itália, France, Alemanha)
Sundown, Michel Franco (México, França, Suécia)
Lost Illusions, Xavier Giannoli (França)
The Lost Daughter, Maggie Gyllenhaal (Grécia, EUA, Reino Unido, Israel)
Spencer, Pablo Larrain (Alemanha, Reino Unido)
Freaks Out, Gabriele Mainetti (Itália, Bélgica)
Qui Rido Io, Mario Martone (Itália, Espanha)
On The Job: The Missing 8, Eric Matti (Filipinas)
Leave No Traces, Jan P. Matuszyski (Polônia, França, República Tcheca)
Captain Volkonogov Escaped, Yuriy Borisov (Rússia, Estônia, França)
The Card Counter, Paul Schrader (EUA, Reino Unido, China)
The Hand of God, Paolo Sorrentino (Itália)
Reflection, Valentin Vasyanovych (Ucrânia)
La Caja, Lorenzo Vigas (México, EUA)

FORA DE COMPETIÇÃO – Ficção

Il Bambino Nascosto, Roberto Andò (Itália) – FILME DE ENCERRAMENTO
Les Choses Humaines, Yvan Attal (França)
Ariaferma, Leonardo Di Costanzo (Itália, Suíça)
Halloween Kills, David Gordon Green (EUA)
La Scuola Cattolica, Stefano Mordini (Itália)
Old Henry, Potsy Ponciroli (EUA)
The Last Duel, Ridley Scott (EUA, Reino Unido)
Dune, Denis Villeneuve (EUA, Hungria, Jordânia, Emirados Árabes, Noruega, Canadá)
Last Night in Soho, Edgar Wright (Reino Unido)

FORA DE COMPETIÇÃO – Não-Ficção

Life of Crime 1984-2020, Jon Albert (EUA)
Tranchées, Loup Bureau (França)
Viaggio Nel Crepuscolo, Augusto Contento (França, Itália)
Republic of Silence, Diana El Jeiroudi (Alemanha, França, Síria, Catar)
Hallelujah: Leonard Cohen, A Journey, A Song, Daniel Geller, Dayna Goldfine (EUA)
DeAndré#Deandré Storia di un Impiegato, Roberta Lena (Itália)
Django & Django, Luca Rea (Itália)
Ezio Bosso. Le Cose Che Restano, Giorgio Verdelli (Itália)

FORA DE COMPETIÇÃO – Série de TV

“Scenes From a Marriage” (episodes 1-5), Hagai Levi (EUA)

HORIZONTES

Les Promesses, Thomas Kruithof (França) – FILME DE ABERTURA
Atlantide, Yuri Ancarani (Itália, França, EUA, Catar)
Miracle Bogdan George Apetri (Romênia, República Tcheca, Letônia)
Pilgrims, Laurynas Bareisa (Lituânia)
The Peackock’s Paradise, Laura Bispuri (Itália, Alemanha)
The Falls, Chung Mong-Hong (Taiwan)
El Hoyo En La Cerca, Joachin Del Paso (México, Polônia)
Amira, Mohamed Diab (Egito, Jordânia, Emirados Árabes, Arábia Saudita)
A Plein Temps, Eric Gravel (França)
107 Mothers, Peter Kerkekes (Eslovênia, República Tcheca, Ucrânia)
Vera Dreams of the Sea, Kaltrina Krasniqi (Albânia, Macedônia do Norte)
White Building, Kavich Neang (Camboja, França, China, Catar)
Anatomy of Time, Jakrawal Nilthamrong (Tailândia, França, Holanda, Singapura, Alemanha)
El Otro Tom, Rodrigo Pla, Laura Santullo (México, EUA)
El Gran Movimiento, Kiro Russo (Bolívia, França, Catar, Suíça)
Once Upon a Time in Calcutta, Adita Vikram Sengupta (Índia, França, Noruega)
Rhino, Oleg Sentsov (Ucrânia, Polônia, Alemanha)
True Things, Harry Wootliff (Reino Unido)
Inu-Oh, Yuasa Masaaki (Japão, China)

HORIZONTES EXTRA

Land of Dreams, Shirin Neshat, Shoja Azari (EUA, Alemanha, Catar) — FILME DE ABERTURA
Costa Brava, Mounia Akl (Líbano, França, Espanha, Suécia, Dinamarca, Noruega, Catar)
Mama, I’m Home, Vladimir Bitokov (Rússia)
Ma Nuit, Antoinette Boulot (França, Bélgica)
La Ragazza Ha Volato, Wilma Labate (Itália, Eslovênia)
7 Prisoners, Alexandre Moratto (Brasil)
The Blind Man Who Did Not Want to See Titanic, Teemu Nikki (Finlândia)
La Macchina Delle Immagini di Alfredo C, Roland Sejko (Itália)

NATIONAL BOARD OF REVIEW premia ‘GREEN BOOK: O GUIA’ como MELHOR FILME

 

Film Title: Green Book

Viggo Mortensen contracena com Mahershala Ali em cena de Green Book: O Guia

FILME-FÓRMULA SOBRE RELAÇÃO INTER-RACIAL CONQUISTA O NBR

O National Board of Review divulgou sua seleção de 2018 hoje, dia 27 de novembro. De todos os prêmios da crítica, o NBR é o que mais perdeu credibilidade nos últimos anos. Não somente por não prever os filmes do Oscar, mas por reconhecer produções de qualidade meio duvidosa.

Em 2017, a organização composta por cineastas, profissionais e acadêmicos concedeu o prêmio de Melhor Filme para The Post: A Guerra Secreta. Fala sério! Até o Spielberg sabe que este foi um de seus piores trabalhos! Em 2015, deram os prêmios de Ator para Matt Damon e Diretor para Ridley Scott por Perdido em Marte. E em 2014, premiaram O Ano Mais Violento como Melhor Filme e seus atores Oscar Isaac e Jessica Chastain.

Este ano, o NBR premiou Green Book: O Guia como Melhor Filme, e reconheceram Viggo Mortensen como Melhor Ator. Até então, o filme dirigido por Peter Farrelly tinha como maior reconhecimento em seu currículo o prêmio do People’s Choice Award no Festival de Toronto. Pode ser um ótimo filme? Sim, claro. Mas pelas críticas até o momento, o filme seria uma versão masculina da fórmula batida de Estrelas Além do Tempo e Histórias Cruzadas, ambos indicados ao Oscar de Melhor Filme. A questão racial continua em alta em Hollywood e Green Book certamente fará a alegria da ideologia do politicamente correto.

A Star is Born

Vencedores do NBR, Lady Gaga e Bradley Cooper em cena de Nasce uma Estrela (pic by OutNow.CH)

Pelas categorias de atuação, o histórico dos últimos cinco anos não é nada bom. Três acertos em 20 possíveis em relação ao Oscar, ou seja, Viggo Mortensen, Lady Gaga, Sam Elliott e Regina King não se animem muito! Com exceção de Elliott, acredito que os outros três vencedores estarão entre os futuros indicados pela Academia, mas mesmo assim, as chances de vitória ainda são relativamente baixas.

Pelas categorias de Roteiro, tanto Paul Schrader, que acabou de levar o Gotham Awards por First Reformed, como Barry Jenkins por Se a Rua Beale Falasse, devem ser figuras presentes durante toda esta temporada. Por se tratar de um filme meio pesado pela temática e até filosófico demais para o Oscar, acreditava que Schrader morreria na praia, mas com esses prêmios recentes, sua campanha pode deslanchar de vez. Já Jenkins, já premiado por Moonlight, não deve encontrar dificuldades de ser indicado novamente.

Honestamente, fiquei um pouco surpreso com a vitória de Bradley Cooper como Diretor por Nasce uma Estrela. Não que não mereça tal honraria, mas por se tratar de uma estréia na direção, poderiam tê-lo premiado como Diretor Estreante, que foi para Bo Burnham, merecidamente, por Oitava Série.

Dentre os filmes totalmente ignorados pelo NBR estão A Favorita, do Yorgos Lanthimos (nenhuma das três atrizes deu as caras por aqui), O Primeiro Homem, de Damien Chazelle, o Vice, de Adam McKay, e o Infiltrado na Klan, de Spike Lee.

Por preferência pessoal, votaria em Ilha dos Cachorros no lugar de Os Incríveis 2 como Melhor Longa de Animação, e votaria no sul-coreano Em Chamas no lugar do polonês Guerra Fria como Filme em Língua Estrangeira. Aliás, foi uma surpresa Roma, de Alfonso Cuarón, não ter sido o premiado aqui, mas ficou entre os cinco melhores.

Cold War 2

Joanna Kulig e Tomasz Kot em cena de Guerra Fria (pic by OutNow.CH)

Apesar da lista de vencedores já ter sido divulgada, a cerimônia de entrega dos prêmios só acontecerá no dia 08 de janeiro em Nova York.

Vencedores do National Board of Review 2018:

FILME
Green Book: O Guia (Green Book)

DIREÇÃO
Bradley Cooper (Nasce uma Estrela)

ATOR
Viggo Mortensen (Green Book: O Guia)

ATRIZ
Lady Gaga (Nasce uma Estrela)

ATOR COADJUVANTE
Sam Elliott (Nasce uma Estrela)

ATRIZ COADJUVANTE
Regina King (Se a Rua Beale Falasse)

ROTEIRO ORIGINAL
Paul Schrader (First Reformed)

ROTEIRO ADAPTADO
Barry Jenkins (Se a Rua Beale Falasse)

LONGA DE ANIMAÇÃO
Os Incríveis 2 (Incredibles 2)

REVELAÇÃO
Thomasin McKenzie (Não Deixe Rastros)

DIRETOR ESTREANTE
Bo Burnham (Oitava Série)

FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
Guerra Fria (Zimna wojna), de Pawel Pawlikowski

DOCUMENTÁRIO
RBG, de Julie Cohen e Betsy West

ELENCO
Podres de Ricos (Crazy Rich Asians)

WILLIAM K. EVERSON FILM HISTORY AWARD
O Outro Lado do Vento (The Other Side of the Wind), de Orson Welles

Serei Amado Quando Morrer (They’ll Love Me When I’m Dead), de Morgan Neville

NBR FREEDOM OF EXPRESSION AWARD
22 de Julho (22 July), de Paul Greengrass
On Her Shoulders, de Alexandria Bombach

TOP 10 FILMES (em ordem alfabética)
The Ballad of Buster Scruggs
Pantera Negra (Black Panther)
Poderia me Perdoar? (Can You Ever Forgive Me?)
Oitava Série (Eighth Grade)
First Reformed
Se a Rua Beale Falasse (If Beale Street Could Talk)
O Retorno de Mary Poppins (Mary Poppins Returns)
Um Lugar Silencioso (A Quiet Place)
Roma
Nasce uma Estrela (A Star Is Born)

TOP 5 FILMES EM LÍNGUA ESTRANGEIRA (in alphabetical order)
Em Chamas (Beoning)
Custódia (Jusqu’à la garde)
A Culpa (Den skyldige)
Happy as Lazzaro (Lazzaro Felice)
Assunto de Família (Manbiki kazoku)

TOP 5 DOCUMENTÁRIOS (in alphabetical order)
Crime + Punishment
Free Solo
Minding the Gap
Three Identical Strangers
Won’t You Be My Neighbor?

TOP 10 FILMES INDEPENDENTES (in alphabetical order)
A Morte de Stalin (The Death of Stalin)
A Rota Selvagem (Lean on Pete)
Não Deixe Rastros (Leave No Trace)
Mid90s
The Old Man & the Gun
Domando o Destino (The Rider)
Buscando… (Searching)
Sorry to Bother You
We the Animals
Você Nunca Esteve Realmente Aqui (You Were Never Really Here)

‘TRÊS ANÚNCIOS PARA UM CRIME’ LEVA 5 PRÊMIOS NO BAFTA

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Da esquerda para a direita: Martin McDonagh, Pete Czernin, Sam Rockwell, Frances McDormand e Graham Broadbent ostentam seus BAFTAs por Três Anúncios Para um Crime (pic by cnn.com)

DRAMA SOBRE IMPUNIDADE CONQUISTA A ACADEMIA BRITÂNICA

Há dois modos de vermos o BAFTA. Primeiro (que é minha preferência): quando o BAFTA acontecia depois do Oscar, com a poeira devidamente baixa, reconhecia como Melhor Filme as comédias Ou Tudo ou Nada (1997) e Quatro Casamentos e um Funeral (1994), e por que não lembrar que premiou Os Bons Companheiros (1990) e seu diretor Martin Scorsese? O BAFTA podia não ser tão badalado na época, mas sabia ter personalidade, pra não dizer que estava praticamente cagando e andando para o Oscar.

E segundo, é o BAFTA antes do Oscar, já nos anos 2000, deixando seu isolamento de lado para ser mais um parâmetro para Hollywood, pra não dizer um nobre “esquenta” do Oscar. De lá pra cá, não houve mais nenhuma escolha mais ousada ou ponto fora da curva. Tudo estava devidamente planejado e nos conformes e isso tirou a graça do prêmio. Claro que para os que estão concorrendo, deve ser ótimo ter mais um prêmio relevante antes da noite do Oscar e dar aquela encorpada na campanha, mas por outro lado, existem inúmeras outras produções menores que perderam seu espaço.

Acredito que havia um medo por parte dos organizadores do BAFTA do prêmio se tornar obsoleto no cenário de premiações de cinema, optando assim pela integração no calendário americano. E não dá pra negar que o BAFTA melhorou seu status de importância, uma vez que boa parte dos cineastas e artistas internacionais agora faz questão de marcar presença no evento.

Este ano, como parâmetro do Oscar, o prêmio da Academia Britânica não revelou nenhuma grande surpresa. Pelo contrário, elegeu a maioria dos favoritos das categorias de atuação como Gary Oldman, Frances McDormand, Sam Rockwell e Allison Janney, que já havia vencido o Globo de Ouro e o SAG Awards.

Allison Janney BAFTA

Allison Janney vence o BAFTA de Atriz Coadjuvante por Eu, Tonya (pic by imdb.com)

Ainda sem surpresas, Guillermo del Toro conquistou o prêmio de Direção por A Forma da Água, que levou ainda Trilha Musical e Direção de Arte. Essas três vitórias, inclusive, podem e devem se repetir no Oscar. Aliás, o BAFTA vem “estragando” possíveis surpresas ao adiantar as vitórias do Oscar como quando Whiplash e Até o Último Homem levaram o prêmio de Montagem. Isso pode abrir um presságio de que Em Ritmo de Fuga pode bater o grandioso Dunkirk, já que levou o BAFTA dessa categoria.

Claro que existem categorias em que os prêmios podem divergir nas escolhas. E este ano, acredito que Efeitos Visuais pode finalmente consagrar os excelentes efeitos digitais da trilogia de O Planeta dos Macacos (os dois primeiros filmes foram indicados, mas não levaram). Enquanto o BAFTA premiou os efeitos de Blade Runner 2049, o Oscar pode reconhecer os efeitos de Planeta dos Macacos: A Guerra, reconhecendo por tabela os esforços descomunais de Andy Serkis como protagonista.

Como impulsionador ou estimulador, o BAFTA pode ter ajudado bastante a campanha de James Ivory em Roteiro Adaptado por Me Chame Pelo Seu Nome. Após levar o WGA, prêmio do sindicato de roteiristas, o filme de Luca Guadagnino pode ter garantido seu único Oscar, já que as chances de Timothée Chalamet se mostram quase remotas diante do favoritismo de Oldman como Winston Churchill.

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Gary Oldman vence o BAFTA por O Destino de uma Nação (pic by The Sun)

Já pelo lado de Roteiro Original, a vitória de Três Anúncios Para um Crime resgata Martin McDonagh do limbo e pode ter enfraquecido os favoritismos de Greta Gerwig por Lady Bird e de Jordan Peele por Corra!.

Aliás, uma questão importante: depois de sair de mãos vazias do BAFTA, existem ainda chances reais de Lady Bird levar alguma estatueta do Oscar? Se o filme de Gerwig não vencer nada, as mulheres do movimento Time’s Up vão quebrar geral no Oscar? Particularmente, eu daria o Oscar de Atriz Coadjuvante para Laurie Metcalf, mas talvez os membros da Academia queiram premiar a criadora por trás de Lady Bird de alguma forma e isso só viria através do prêmio de Roteiro Original, onde o páreo é um dos mais duros.

Bom, por motivos de estréias em solo britânico fora do calendário, o vencedor do BAFTA de Filme em Língua Estrangeira deste ano foi para o fenomenal sul-coreano A Criada, de Park Chan-wook. O filme de época com temática sexual ganhou inúmeros prêmios em 2017, mas como foi preterido pelo próprio governo de seu país (houve uma espécie de golpe à la Temer), A Criada não conseguiu sequer a indicação no Oscar.

PROTEST IN BLACK

Assim como aconteceu no Globo de Ouro, os atores e celebridades foram trajados de preto como forma de protesto contra a onda de assédios em Hollywood e em união ao movimento feminista Time’s Up.

Trajada num vestido vermelho, rosa, branco e preto, a vencedora do BAFTA de Melhor Atriz, Frances McDormand, viu-se obrigada a justificar seu vestuário “inapropriado” no enterro. “Eu tenho um pequeno problema com obediência, mas quero que vocês saibam que eu me posiciono com total solidariedade com minhas irmãs que vieram de preto esta noite. Também quero dizer que eu aprecio um ato bem organizado de desobediência civil”, discursou a atriz.

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Frances McDormand vence seu primeiro BAFTA por Três Anúncios Para um Crime e precisa justificar sua vestimenta não-preta (pic by stylist.co.uk)

Aproveitando a carona nesse tema, tenho muitas ressalvas em relação à essa mistura de selecionar filmes e atuações com temas polêmicos da atualidade. Afinal, estamos votando nos melhores trabalhos cinematográficos ou nos trabalhos que tem mais a ver com o momento conturbado? Quer dizer, vamos eleger Greta Gerwig a diretora do ano porque ela é mulher e dirigiu um filme sobre o crescimento de uma menina ou vamos eleger Jordan Peele ou Guillermo del Toro pelos excelentes trabalhos na criação de um universo?

O politicamente correto tem dominado o pensamento do século XXI e agora invade as praias das Artes, onde sempre reinou a liberdade de expressão. Agora temos que usar preto obrigatoriamente numa premiação de cinema porque é a coisa certa a se fazer diante da mídia?

VENCEDORES DO 71º BAFTA:

FILME
Três Anúncios Para um Crime (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri)
Produtores: Graham Broadbent, Pete Czernin, Martin McDonagh

DIRETOR
Guillermo Del Toro (A Forma da Água)

ATOR
Gary Oldman (O Destino de uma Nação)

ATRIZ
Frances McDormand (Três Anúncios Para um Crime)

ATOR COADJUVANTE
Sam Rockwell (Três Anúncios Para um Crime)

ATRIZ COADJUVANTE
Allison Janney (Eu, Tonya)

FILME BRITÂNICO
Três Anúncios Para um Crime (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri)
Produtores: Martin McDonagh, Graham Broadbent, Pete Czernin

LONGA DE ANIMAÇÃO
Viva: A Vida é uma Festa (Coco)

FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
A Criada (The Handmaiden) – CORÉIA DO SUL
Dir: Park Chan-wook

DOCUMENTÁRIO
Eu Não Sou Seu Negro (I Am Not Your Negro)
Dir: Raoul Peck

EE RISING STAR AWARD (VOTO DO PÚBLICO)
Daniel Kaluuya

DIRETOR, ROTEIRISTA OU PRODUTOR BRITÂNICO ESTREANTE
I Am Not a Witch

Rungano Nyoni (Roteirista/Diretor), Emily Morgan (Produtora)

ROTEIRO ORIGINAL
Martin McDonagh (Três Anúncios Para um Crime)

ROTEIRO ADAPTADO
James Ivory (Me Chame Pelo Seu Nome)

TRILHA MUSICAL ORIGINAL
Alexandre Desplat (A Forma da Água)

FOTOGRAFIA
Roger Deakins (Blade Runner 2049)

MONTAGEM
Jonathan Amos, Paul Machliss (Em Ritmo de Fuga)

FIGURINO
Mark Bridges (Trama Fantasma)

DIREÇÃO DE ARTE
Paul Austerberry, Jeff Melvin, Shane Vieau (A Forma da Água)

MAQUIAGEM E CABELO
David Malinowski, Ivana Primorac, Lucy Sibbick, Kazuhiro Tsuji (O Destino de uma Nação)

EFEITOS VISUAIS
Richard R. Hoover, Paul Lambert, Gerd Nefzer, John Nelson (Blade Runner 2049)

SOM
Alex Gibson, Richard King, Gregg Landaker, Gary A. Rizzo, Mark Weingarten (Dunkirk)

CURTA DE ANIMAÇÃO BRITÂNICO 
Poles Apart
Paloma Baeza, Ser En Low 

CURTA BRITÂNICO
Cowboy Dave
Colin O’Toole, Jonas Mortense

CONTRIBUIÇÃO BRITÂNICA PARA O CINEMA
National Film and Television School (NFTS)

BAFTA FELLOWSHIP (PREVIAMENTE ANUNCIADO)
Ridley Scott

***

A 90ª cerimônia do Oscar acontece no dia 04 de março e será transmitido pelo canal pago TNT.

JORDAN PEELE e GRETA GERWIG entre os INDICADOS ao DGA!

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INDICADOS AO DGA: GRETA GERWIG e JORDAN PEELE. Pic by Vanity Fair

ESNOBADOS POR ALGUNS PRÊMIOS IMPORTANTES, PEELE E GERWIG RETOMAM BOAS CHANCES DE INDICAÇÃO AO OSCAR

O sindicato de diretores (DGA) anunciou seus indicados da categoria e tivemos boas surpresas. Além dos habituais Guillermo del Toro, que levou o Globo de Ouro no último domingo por A Forma da Água, Martin McDonagh, que levou o Globo de Ouro de roteiro por Três Anúncios Para um Crime, e Christopher Nolan por Dunkirk, dois nomes que costumavam ficar limitados às categorias de roteiro ressurgiram para serem reconhecidos pela trabalho na direção: Jordan Peele pelo fenomenal Corra! e Greta Gerwig por Lady Bird.

Jordan Peele também foi reconhecido na categoria de Diretor Estreante, ao lado dos colegas Geremy Jasper (Patti Cake$), William Oldroyd (Lady Macbeth), Taylor Sheridan (Terra Selvagem) e Aaron Sorkin (A Grande Jogada). Sheridan e Sorkin, muito conhecidos por seus roteiros, resolveram arriscar na carreira de diretor e agora estão colhendo frutos. Sou bastante fã dos roteiros de Sheridan, mas ao ver Terra Selvagem, achei que ele desperdiçou um bom material (seu próprio roteiro) e caiu em alguns clichês do gênero policial.

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TERRA SELVAGEM: Elizabeth Olsen e Jeremy Renner em estréia de Taylor Sheridan na direção. Pic by imdb.com

Para aqueles que gostam de curiosidades e estatísticas, vale lembrar que o DGA é um dos raros parâmetros para o Oscar. Em sua 70ª edição, não coincidiu seus vencedores com o do Oscar em apenas 13 oportunidades, sendo a última em 2013, naquele caso bem atípico quando Ben Affleck sequer fora indicado por Argo. Portanto, aquele que vencer o DGA já estará praticamente com as mãos no Oscar.

Continuando, Greta Gerwig se tornou a OITAVA mulher a ser indicada ao DGA. Suas antecessoras foram:
– Lina Wertmüller (Pasqualino Sete Belezas)
– Randa Haines (Filhos do Silêncio)
– Barbra Streisand (O Príncipe das Marés)
– Jane Campion (O Piano)
– Sofia Coppola (Encontros e Desencontros)
– Valerie Faris (Pequena Miss Sunshine)
– Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror)*
– Kathryn Bigelow (A Hora Mais Escura)

Kathryn Bigelow foi a única a vencer e a ser indicada mais de uma vez ao prêmio. E Valerie Faris foi indicada ao lado de seu parceiro Jonathan Dayton.

Jordan Peele se tornou o QUARTO diretor negro a ser indicado ao DGA. Antes dele vieram:
– Lee Daniels (Preciosa)
– Steve McQueen (12 Anos de Escravidão)
– Barry Jenkins (Moonlight)

Neste caso, nenhum deles venceu até o momento. Mas na minha opinião, Jordan Peele poderia ser o primeiro. Pra quem acompanha o blog há um tempo, sabe que minha opinião passa longe do politicamente correto. Prefiro sempre observar o talento e a qualidade do trabalho, e sob esse aspecto, Peele entregou um filme sensacional que entrou para a história do cinema. Ele falou de um tema “espinhudo” que é o preconceito racial sem ir para aquele lado mais careta e politizado que 99% dos diretores preferem trilhar nesse assunto. Provavelmente, o DGA lhe dará o prêmio de diretor estreante, o que certamente é um honra, mas esse reconhecimento em si já pode lhe render uma merecidíssima indicação ao Oscar.

PERDERAM O LUGAR

São cinco vagas para muitos diretores nessa dança, então alguns nomes não escapariam de ficar de fora. Luca Guadagnino (Me Chame Pelo Seu Nome), Steven Spielberg (The Post: A Guerra Secreta) e Ridley Scott (Todo o Dinheiro do Mundo) são nomes que já tiveram participação na temporada de premiações, mas não consolidaram uma boa campanha.

Christopher Nolan recebeu sua quarta indicação ao DGA e não deve ter chances reais de ganhar. Ele foi previamente indicado por Amnésia, Batman – O Cavaleiro das Trevas e A Origem. Em nenhum dos casos, a indicação do DGA se tornou indicação ao Oscar. Se dependesse do meu voto, ele cederia sua vaga para Sean Baker pelo ótimo Projeto Flórida ou para Denis Villeneuve por Blade Runner 2049.

Algumas matérias citam ainda as diretoras Sofia Coppola (O Estranho que Nós Amamos), Angelina Jolie (First They Killed my Father), Dee Rees (Mudbound), e Patty Jenkins (Mulher-Maravilha). Não conferi as outras diretoras, mas querer Jenkins no DGA e Oscar seria forçar a barra. Os que defendem essa idéia estão visando apenas a vibe feminista que Mulher-Maravilha proporcionou na mídia. Particularmente, as poucas cenas que gostei da sua direção (primeira metade do filme) muito se deve a Richard Donner, diretor de Superman: O Filme (1978), que serviu de inspiração/plágio para Patty Jenkins.

INDICADOS AO 70º DGA:

  • GUILLERMO DEL TORO (A Forma da Água)
  • GRETA GERWIG (Lady Bird)
  • MARTIN MCDONAGH (Três Anúncios Para um Crime)
  • CHRISTOPHER NOLAN (Dunkirk)
  • JORDAN PEELE (Corra!)

 

INDICADOS A DIRETOR ESTREANTE:

  • GEREMY JASPER (Patti Cake$)
  • WILLIAM OLDROYD (Lady Macbeth)
  • JORDAN PEELE (Corra!)
  • TAYLOR SHERIDAN (Terra Selvagem) 
  • AARON SORKIN (A Grande Jogada)

Os vencedores do DGA serão conhecidos no dia 03 de fevereiro. E as indicações ao Oscar saem no dia 23 de janeiro.

RETROSPECTIVA 2017: BASTIDORES SEXUAIS DE HOLLYWOOD

ANO FICOU MARCADO POR ESCÂNDALOS SEXUAIS E A EXPANSÃO DA DISNEY

Saudações aos cinéfilos de plantão! Mais um ano se passou e gostaria de entediá-los com meu resumão com os filmes. Bom, primeiramente, quero agradecer a todos que curtiram, fizeram comentários ou mesmo deram aquela breve passada no blog e na página do Facebook. Continuo não ganhando nem um centavo, mas todos os feedbacks certamente são gratificantes, então obrigado!

META DE 2017 E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Este ano tracei como meta assistir mais daqueles filmes que quando você fala que não viu, a pessoa reage com um: “Não acredito que você não assistiu!”. Então, vi alguns clássicos pela primeira vez como o neo-realista italiano Humberto D. (1952), de Vittorio De Sica, e o tocante e singelo clássico japonês de Yasujirô Ozu, Era uma Vez em Tóquio (1953). Também incluí filmes cults como Scanners – Sua Mente Pode Destruir (um David Cronenberg “tosqueira” que ficou mais marcado pela cena da cabeça que explode) e Tomates Verdes Fritos (que honestamente não entendi toda essa aura que o transformou em cult).

Dos diretores renomados, alguns filmes me surpreendi positivamente como Razão e Sensibilidade (1995), de Ang Lee (que achava que seria um drama de época sonolento), e Arizona Nunca Mais (1987), dos irmãos Coen, quando o humor deles era mais non-sense. Já outros como A Cidade dos Amaldiçoados (1995), de John Carpenter, foi bem doído assistir até o final pelo cúmulo do ridículo das cenas (Christopher Reeve mentalizando um muro de tijolos pra bloquear a telepatia das crianças foi a cena mais “chá de cogumelo” que vi este ano).

PIORES DO ANO NO CINEMA

Todo ano eu assisto a filmes que penso: “Onde eles estavam com a cabeça?”. Normalmente, são filmes cujos produtores se acham criativos demais a ponto de não necessitarem de um diretor competente por trás das câmeras. Dá pra citar dois exemplos de como Hollywood ainda tem muito a aprender:

A MÚMIA. Se essa era a idéia de revival dos monstros clássicos da Universal, o estúdio deveria urgentemente rever seus conceitos. Claramente, quiseram criar uma espécie de universo onde a Múmia poderia interagir com o Drácula, Frankenstein e Lobisomem em futuros longas, assim como a Marvel Studios planejou e executou, mas nem todo mundo tem a visão, organização e planejamento de Kevin Feige (produtor da Marvel).

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No centro, Annabelle Wallis com Jake Johnson e Tom Cruise em cena de A Múmia (pic by moviepilot.de)

Primeiramente, Tom Cruise não tem o carisma de Brendan Fraser (que protagonizou A Múmia de 1999), e muito menos tem qualquer química com sua colega Annabelle Wallis. Sofia Boutella como uma versão feminina da múmia soou promissor nos trailers, mas o resultado final acabou comprometido com as demais escolhas equivocadas, assim como o diretor Alex Kurtzman, que só tinha uma comédia desconhecida no currículo. Felizmente, o filme foi mal nas bilheterias e deve brecar esse plano insosso da Universal.

A TORRE NEGRA. Acho bacana resgatarem um grande autor de terror como Stephen King para os cinemas, mas definitivamente esta adaptação de sua obra não funcionou em nenhum aspecto. Sinceramente não entendi o motivo de contratarem o diretor dinamarquês Nikolaj Arcel. Eles queriam uma atmosfera de filme europeu num filme nitidamente blockbuster? E embora Idris Elba e Matthew McConaughey se esforcem, é impossível se importar com seus personagens, muito menos o jovem Tom Taylor que pareceu mais perdido do que os próprios produtores.

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Idris Elba e Tom Taylor tentam alguma química em A Torre Negra (pic by moviepilot.de)

Ainda falando sobre Stephen King, achei muuuito bacana ver seu romance “It” sendo tão destacado após tantos anos da primeira adaptação para a televisão. Este novo It: A Coisa se tornou o filme de terror mais visto de todos os tempos, ultrapassando o recorde anterior de O Exorcista (1973) que era de 232 milhões de dólares. Contudo, apesar dos números gordos que certamente vão engrenar mais filmes de terror, o filme está longe de ser uma obra-prima como muitos classificaram. Se tivessem explorado mais os personagens adultos, que são mais assustadores do que o próprio palhaço Pennywise, e reduzissem o excesso de efeitos visuais na figura dele, a performance de Bill Skarsgård poderia causar mais calafrios.

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Crianças procuram pelo palhaço Pennywise em cena de It: A Coisa (pic by moviepilot.de)

E de uma forma geral, as sequências e refilmagens integraram a parte ruim da safra do ano. Hoje existe um excesso de continuações e reboots que empobrece o cinema, e que se continuar nesse ritmo, os filmes originais passarão a ser raridade no circuito. Citando apenas os que vi no cinema: O Chamado 3, Jogos Mortais: Jigsaw, Alien: Covenant (uma franquia excelente mas que enfraqueceu demais com esta nova produção), Annabelle 2: A Criação do Mal, e até mesmo Guardiões da Galáxia Vol. 2, que pecou no excesso de gags e esqueceu da trama principal.

INDO CONTRA A CORRENTE

Apesar de Hollywood ainda produzir boas continuações como Logan e Thor: Ragnarok, é nesse cenário de escassez de originalidade que temos que valorizar os novos trabalhos de Darren Aronofsky (Mãe!) e Christopher Nolan (Dunkirk). Curiosamente, ambos os filmes tiveram recepções do tipo ame ou odeie, mas é inegável o esforço que os diretores fizeram para entregar algo novo, fresco e com alguma mensagem, concorde você ou não.

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E o filme doideira do ano vai para Mãe!, de Darren Aronofsky (pic by moviepilot.de)

Apesar de ter cedido dirigir a sequência Blade Runner 2049, Denis Villeneuve é garantia de vermos algo no mínimo com um olhar diferente. A Chegada é uma das ficções científicas mais criativas dos últimos anos, principalmente no uso de recursos cinematográficos como a montagem não-linear.

E falando em originalidade, não posso deixar de citar o melhor filme que vi nos cinemas: Corra!, de Jordan Peele. Pra começar, este é um filme que nunca imaginei que veria um dia. Trata-se de um filme extremamente corajoso ao lidar com o tema do racismo, ainda mais no gênero do terror e da ficção científica. E isso só foi possível graças a Jordan Peele que, em entrevista, confessou que queria fazer um filme em que pudesse passar a péssima sensação de ser uma minoria. Antigamente, havia mais filmes assim, em que o diretor queria abordar temas polêmicos em tramas de terror e ficção científica como O Enigma do Outro Mundo (1982), de John Carpenter.

Quando soube que Robert Pattison estava bem cotado pra ganhar o prêmio de interpretação masculina em Cannes por Bom Comportamento (Good Time), fiquei pensando se não seria exagero da mídia, afinal estamos falando daquele rapaz sem graça daqueles filmes mais sem graça ainda do Crepúsculo. Pelo visto suas duas colaborações com o diretor canadense David Cronenberg, Cosmópolis e Mapas Para as Estrelas, fizeram muito bem para desinflar seu ego e mostrar que ele tem potencial. Nesse filme dos irmãos Benny e Josh Safdie, Pattison vive um ladrão de bancos que, após uma tentativa frustrada de assalto, precisa resgatar seu irmão antes que ele volte para a prisão. Além do ator, o filme foi uma grata surpresa. Muito bem dirigido, montado e com uma ótima trilha musical de Daniel Lopatin, Bom Comportamento consegue gerar tensão do início ao fim e nunca se torna previsível.

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Robert Pattison em cena de Bom Comportamento (pic by moviepilot.de)

OSCAR 2017: A CERIMÔNIA QUE NÃO ACABOU

A cerimônia do Oscar ficou tão marcada com a lambança histórica de troca de envelopes e anúncio de filme errado que às vezes você até esquece qual indicado ganhou Melhor Filme, o que acabou apagando um pouco o brilho da vitória de Moonlight: Sob a Luz do Luar. Esse deslize diminuiu o fato da Academia premiar pela primeira vez em seus 89 anos um filme sobre homossexualismo e composto por um elenco totalmente negro.

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Gafes do Oscar: Warren Beatty e Jimmy Kimmel com caras de “O que eu vou falar agora??”

Claro, é importante quebrar barreiras e desbravar novos mares, mas deixando essa parte politicamente correta de lado, não considero Moonlight um bom filme. Barry Jenkins reuniu uma série de clichês de homossexualismo e de vício de drogas, colocou uma fotografia mais estilizada com câmera lenta, e uma estrutura narrativa convencional em três tempos da vida do protagonista. As melhores qualidades do filme são a trilha de Nicholas Britell e Mahershala Ali, que ficou muito limitado no primeiro terço do filme. Quer ver filme bom de homossexualismo? Veja O Segredo de Brokeback Mountain, veja Weekend, veja Azul é a Cor Mais Quente, veja Antes do Anoitecer, veja Morte em Veneza, enfim, são tantas opções melhores…

ISABELLE HUPPERT. Antes quero deixar claro que sou e sempre fui contra aqueles Oscars concedidos com intenção de compensar derrotas anteriores ou várias indicações sem vitórias, pois esses prêmios costumam gerar novas injustiças e transformar tudo num ciclo vicioso. Francamente, achava que Isabelle Huppert nem seria indicada por Elle por se tratar de uma performance corajosa num filme igualmente ousado, mas já que ela foi indicada, por que não premiá-la? A grande maioria dos críticos americanos a reconheceu como a melhor performance feminina do ano, mas no Oscar resolveram premiar a America’s sweetheart Emma Stone em La La Land, que certamente terá inúmeras outras oportunidades de ganhar uma estatueta.

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Emma Stone e seu Oscar de Atriz por La La Land

Claro que também fiquei indignado com a ausência de Elle na categoria de Filme em Língua Estrangeira. Além do filme ser muito bom, a Academia perdeu uma excelente oportunidade de premiar Paul Verhoeven, um diretor holandês que muito contribuiu para Hollywood nos anos 80 e 90, com clássicos modernos como RoboCop – O Policial do Futuro, Instinto Selvagem O Vingador do Futuro. Se depois viessem com Oscar Honorário, se fosse Verhoeven, eu nem me daria ao trabalho de comparecer à cerimônia.

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Isabelle Huppert e o diretor Paul Verhoeven divulgam Elle no tapete vermelho de Cannes (pic by LA Times)

EXPANDE MONOPÓLIO DA DISNEY

Lembra lá no colégio, quando seu professor de História te ensinou sobre as consequências do monopólio? Que, como não há forte concorrência, a empresa controla o mercado? Como eu havia comentado há dois anos e já me preocupava com essa situação fora de controle, a Disney já comprou a Pixar, a Marvel, a Lucas Films (Star Wars) e agora a Fox e suas derivadas Twentieth Century Fox, Fox Searchlight e FX, essa última em especial se tornou referências em séries mais ousadas como American Horror Story e Fargo, material que não vemos na Disney.

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Inicialmente, os fãs da Marvel comemoraram o fato de vários personagens poderem participar do mesmo universo dos filmes da Marvel/Disney, como Deadpool e os X-Men. Sim, pelo lado dos fãs de quadrinhos, é uma ótima notícia pela integração, mas é justamente aí que reside uma grande preocupação. Será possível um filme como Deadpool, repleto de sangue, palavrões, humor negro e sexo, sob o comando da empresa-família Disney? Se os figurões da Disney forem espertos, eles mantém o logo da Fox e continuarão produzindo filmes para o público adulto como Logan, já que foi comprovado o sucesso comercial e de crítica.

Mas não se trata apenas desse microcosmo da Marvel. Toda forma de Arte precisa de diversidade para sobreviver, por isso, quanto menos pasteurizada for a safra de novos filmes, o cinema terá vida longa.

OS ASSÉDIOS DE HOLLYWOOD

Embora muitos acreditem que o terremoto começou com o produtor Harvey Weinstein, Hollywood já ficou em estado de alerta com relatos de assédio envolvendo o último vencedor do Oscar de Melhor Ator, Casey Affleck, que teria tratado com machismo colegas de trabalho chamando-as de “vacas” e chegando a mostrar seu órgão genital para Amanda White, produtora de seu mockumentary  I’m Still Here.

Obviamente, o caso de Harvey Weinstein, dono da ex-distribuidora Miramax e atual Weinstein Co., é o mais grave de todos. Ele teria assediado mais de oitenta mulheres (segundo o USA Today), com destaque para atrizes como Ashley Judd (que foi a primeira a erguer a mão), Asia Argento, Rosanna Arquette, Kate Beckinsale, Cara Delevingne, Claire Forlani, Romola Garai, Heather Graham, Eva Green, Daryl Hannah, Salma Hayek, Angelina Jolie, Rose McGowan, Lupita Nyong’o, Mira Sorvino e Gwyneth Paltrow. Seus avanços normalmente seguiam uma tática de chamar a vítima até seu quarto de hotel, onde ele já a esperava trajado com roupão de banho, oferecia e pedia massagens e forçava beijos. Caso as vítimas se recusassem, ele as ameaçava dizendo que “acabaria com a carreira delas”. E elas sabiam que ele tinha poder para isso.

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O produtor Harvey Weinstein à esquerda com algumas de suas vítimas (montage by Archy World News)

Nessa confusão toda, sobrou até pra Meryl Streep, que foi acusada de saber dos abusos e não reportar, assim como Matt Damon, que teria ajudado a encobrir um dos escândalos a pedido de Weinstein em 2004. Primeiramente, muita calma nessa hora. Como jogaram merda no ventilador, é preciso apurar tudo antes de sair acusando todo mundo, pois carreiras e vidas estão em jogo.

Todas essas acusações mexeram demais com a indústria, tanto que a Academia decidiu expulsar o produtor Harvey Weinstein de sua associação. Ele foi indicado ao Oscar de Melhor Filme por Gangues de Nova York em 2003, e ganhou o Oscar em 1999 por Shakespeare Apaixonado. Inclusive acredito na teoria da conspiração que o Oscar de Melhor Atriz para Gwyneth Paltrow foi comprado com o intuito de fazê-la esquecer do “incidente” (talvez só assim pra explicar como ela bateu Cate Blanchett e Fernanda Montenegro naquele ano…). Pode ser que mais membros envolvidos na polêmica sejam futuramente expulsos também.

Depois de Weinstein, o caso mais em evidência foi do ator Kevin Spacey. Sua vida se tornou um inferno depois que o ator Anthony Rapp, da série Star Trek: Discovery, revelou que aos 14 anos, ele foi abusado por Spacey depois de uma festa. Em resposta pelo Twitter, Kevin Spacey pediu desculpas, mas sugeriu que seu comportamento inapropriado teria acontecido por ele ser gay. Obviamente, a declaração não caiu bem e deixou a comunidade gay em fúria. Em seguida, vieram outras acusações envolvendo jovens atores de seu grupo teatral britânico Old Vic. Vendo a bola de neve crescer rapidamente, a Netflix logo anunciou que cancelaria série House of Cards, protagonizada por Spacey, enquanto o diretor Ridley Scott decidiu apagar todas as cenas já filmadas com Spacey e substitui-lo por Christopher Plummer no filme All the Money in the World. Estava anunciado o fim da carreira de Kevin Spacey, que teria se internado numa espécie de clínica de reabilitação.

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Envolvido em escândalos, o ator Kevin Spacey foi retirado integralmente do filme de Ridley Scott, All the Money in the World (montage by Digital Spy)

Tendo o mesmo comportamento inapropriado, o diretor Bryan Singer foi recentemente demitido da produção de Bohemian Rhapsody, filme biográfico do vocalista do Queen, Freddie Mercury. Inicialmente, inventaram uma desculpa de que ele tinha problemas familiares, mas novas acusações surgiram contra ele e assim estava justificada sua demissão. Segundo relatos, Singer oferecia papéis a jovens atores (incluindo menores) em troca de sexo.

Ao longo dos últimos meses, várias acusações surgiram contra outros profissionais da área de cinema e de TV. Para citar os mais importantes: o diretor e produtor Brett Ratner, os atores e vencedores do Oscar Dustin HoffmanRichard Dreyfuss (que teriam provocado e oferecido propostas indecentes), e os atores de séries Jeffrey Tambor (de Transparent, que tem futuro incerto) e Louis C.K. (de Louie, que também não deve continuar e ainda cancelou futuros projetos). Todos se afastaram dos holofotes e devem esperar a poeira abaixar um pouco.

 

Alguns especialistas acreditam que o Oscar 2018 pode dar preferência às mulheres devido aos acontecimentos. Portanto, podem pintar candidatas e vencedoras mulheres em categorias normalmente dominadas por homens como Direção e Fotografia. Eu, particularmente, sou contra essa tendência de premiar de acordo com os tempos como aconteceu com Moonlight, que mais foi premiado como forma de protesto contra o governo de Trump do que pelos próprios méritos.

CRÍTICAS

Vamos às listas do ano, começando com os melhores vistos nos cinemas.

TOP 5 MELHORES DO ANO NO CINEMA

5. Bom Comportamento (Good Time/ 2017)
Dir: Benny Safdie, Josh Safdie

4. Custódia (Jusqu’à la garde/ 2017)
Dir: Xavier Legrand

3. Ao Cair da Noite (It Comes at Night/ 2017)
Dir: Trey Edward Shults

2. A Qualquer Custo (Hell or High Water/ 2016)
Dir: David Mackenzie

1. Corra! (Get Out/ 2017)
Dir: Jordan Peele

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Daniel Kaluuya e Allison Williams em cena de Corra!

TOP 5 MELHORES EM MÍDIA DIGITAL

5. Your Name (Kimi no na wa/ 2016)
Dir: Makoto Shinkai

4. Desamor (Loveless/ 2017)
Dir: Andrey Zvyagintsev

3. Pais e Filhos (Soshite chichi ni naru / 2013)
Dir: Hirokazu Kore-eda

2. El Topo (El Topo/ 1970)
Dir: Alejandro Jodorowsky

1. Era uma vez em Tóquio (Tôkyô monogatari/ 1953)
Dir: Yasujirô Ozu

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Era uma Vez em Tóquio, de Yasujirô Ozu. Pic by imdb.com

IN MEMORIAN

Comparado ao ano passado, é possível dizer que tivemos poucas perdas no mundo do cinema. Particularmente, pra mim foi muito difícil dizer adeus a um dos melhores diretores que Hollywood produziu: o americano Jonathan Demme. Como sou fã incondicional de O Silêncio dos Inocentes, e considero Filadélfia um marco contra o preconceito da Aids, tenho um carinho enorme pelos seus filmes.

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O diretor Jonathan Demme com a atriz Jodie Foster em set de O Silêncio dos Inocentes (pic by The New York Times)

Outra perda irreparável para os cinéfilos fãs de terror foi o mestre George Romero, conhecido como o pai dos zumbis que hoje estrelam vários filmes, séries e quadrinhos. Apesar de admirar seus trabalhos com os mortos-vivos, gostaria de ter visto mais filmes de outras temáticas como o ótimo Martin (1978), no qual um rapaz acredita que é um vampiro.

Perdemos os vencedores do Oscar: Martin Landau, vencedor do Oscar de Coadjuvante pela excepcional performance como Bela Lugosi em Ed Wood (1994); e o diretor John G. Avildsen, considerado o diretor dos filmes de esporte e montagem Rocky, um Lutador (1976) e Karatê Kid (1984).

Grandes atores indicados ao Oscar também partiram: John Hurt (por O Expresso da Meia-Noite e O Homem Elefante), Mary Tyler Moore (por Gente Como a Gente); Sam Shepard (por Os Eleitos). E nomes que serão lembrados por seu talento e carisma: Harry Dean StantonBill PaxtonJerry LewisAdam West (o eterno Batman da série de TV), Roger Moore (o ator que mais interpretou James Bond), e o músico Chris Cornell (criou a trilha e canção de 007 – Cassino Royale).

FELIZ ANO NOVO!

Embora nosso querido governo pise cada vez mais em nós, seja criando mais leis inúteis, seja criando mais impostos para cobrir seus próprios roubos, ou pior: soltando presos corruptos como faz um certo ministro do Supremo, precisamos tocar nossas vidas. 2018 é uma grande incógnita na política, e tenho muito receio de que o PT volte ao poder e de uma possível ascensão da extrema direita.

Que em 2018, sejam lançados mais filmes de qualidade, filmes alternativos e por que não filmes nacionais melhores? O cinema brasileiro parece ter perdido aquele gás dos anos 2000 e se rendido a comédias típicas de televisão. Bingo: O Rei das Manhãs foi uma boa surpresa de Daniel Rezende, mas precisamos de mais.

‘A FORMA DA ÁGUA’ conquista SETE indicações ao GLOBO DE OURO. ‘ALL THE MONEY IN THE WORLD’ entra aos 48 do segundo tempo

 

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Cena icônica de A Forma da Água, de Guillermo del Toro. Sete indicações no Globo de Ouro.

FANTASIA DE GUILLERMO DEL TORO NOVAMENTE LIDERA INDICAÇÕES APÓS O CRITICS’ CHOICE

Não sei se sou o único que acha monótono o anúncio dos indicados, mas pra mim a forma como foi feito se classifica como amadorismo. Quatro atores: Kristen Bell, Garrett Hedlund, Alfre Woodard e Sharon Stone se revezando com papéis impressos no Word sem qualquer tipo de arte ou letreiro demonstra qualquer preparo por parte da HFPA (Hollywood Foreign Press Association). Pra quem não viu a transmissão, segue link do canal do Golden Globes:

NÚMEROS DESTA EDIÇÃO

A Forma da Água é o recordista de indicações com sete, seguido de perto por The Post: A Guerra Secreta e Três Anúncios Para um Crime, ambos conquistaram seis indicações cada.

Tanto Guillermo del Toro quanto Martin McDonagh se tornaram duplo indicados, já que ambos concorrem nas categorias de Diretor e Roteiro, por A Forma da Água e Três Anúncios Para um Crime, respectivamente.

Do lado da TV, a mini-série Big Little Lies lidera com seis indicações, seguida por Feud com quatro. Fargo, The Handmaid’s Tale e This Is Us conquistaram três indicações cada.

SURPRESAS

Claro que todo ano teremos surpresas, mas as três indicações para All the Money in the World foram o ápice desta edição. Como um filme que ainda está em fase final de edição foi incluído na votação? Esse tipo de conduta questionável que difama a HFPA, que há alguns anos tenta se livrar dos boatos de que aceitariam propina e presentes para indicar filmes e atores, como os sempre citados Burlesque e O Turista, com Johnny Depp e Angelina Jolie.

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Michelle Williams e Mark Wahlberg em cena de All the Money in the World, de Ridley Scott (pic by outnow.ch)

Bom, pra quem pegou o bonde andando, o novo filme de Ridley Scott estava com seu lançamento agendado agora para dezembro, contudo, com as várias acusações de assédio contra o ator Kevin Spacey, o diretor e o estúdio decidiram que seria melhor eliminar todas as cenas em que o ator atuava e refilmá-las com o ator Christopher Plummer, que foi chamado às pressas. Além da própria produção das refilmagens, o estúdio teve que arcar com prejuízos da reformulação dos pôsteres, dos letreiros e de toda a campanha que já vinha trabalhando com uma possível indicação pra Spacey como coadjuvante.

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À esquerda, Kevin Spacey caracterizado como Paul Getty em All in the Money in the World. À direita, Christopher Plummer escalado para substitui-lo. Pic by cinema com rapadura

Com o filme incompleto até o momento (até onde se sabe, ninguém viu a versão final do filme), o estúdio e os produtores devem ter pago muitos Champagne Moët e chocolates Lindt pra cerimônia do Globo de Ouro para que o filme chegasse às principais categorias do prêmio com o intuito exclusivo de salvar o filme de um possível desastre. Claro que, embora meus comentários elaborem uma teoria da conspiração, o filme de Ridley Scott pode ser bom e as indicações merecidas, mas não deixa de ser um tanto “estranha” sua participação na premiação.

Bom, além dessa surpresa, não dá pra deixar de lado as três indicações para O Rei do Show para Melhor Filme de Comédia ou Musical, Ator – Comédia ou Musical para Hugh Jackman e Canção. Até o momento, o filme havia passado desapercebido pela temporada de premiações, mas a lembrança do Globo de Ouro pode ajudar na campanha do Oscar, pelo menos nas categorias de Direção de Arte, Figurino e Canção, já que conta com a dupla de compositores de La La Land.

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Ao centro, Hugh Jackman encarna o showbusiness man P.T. Barnum em O Rei do Show. Pic by outnow.ch

Assim como Jackman, Denzel Washington, que foi indicado por Roman J. Israel, Esq., no qual interpreta um advogado de defesa idealista, também iniciou sua campanha pelo Globo de Ouro. Particularmente, não sou muito fã do ator, ele sempre busca a mesma essência amargurada em seus últimos personagens, mas como a comunidade hollywoodiana tem muito carinho por ele, não vejo com tanta surpresa assim seu nome na lista.

ESNOBADOS

Falando ainda da categoria de Ator – Drama, Denzel acabou roubando o lugar de Jake Gyllenhaal por O Que Te Faz Mais Forte, no qual ele interpreta uma vítima do atentado terrorista da maratona de Boston, ficando sem as pernas. Quero deixar claro que o fato do personagem ser debilitado física ou mentalmente não influi diretamente na qualidade da performance. O personagem pode não ter as pernas, ter o rosto deformado, não ter dentes e ter dificuldade pra falar, mas se não tiver uma alma bem trabalhada, a atuação perde seu valor. Não vi o filme ainda, mas quem viu só o trailer, sabe que Gyllenhaal está bem. Aliás, ele vem escolhendo papéis e projetos interessantes como em O Abutre e Os Suspeitos. O Globo de Ouro perde sem sua presença na cerimônia.

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Jake Gyllenhaal como o habitante de Boston, Jeff Bauman, em O Que Te Faz Mais Forte (pic by moviepilot.de)

Outras ausências muito sentidas foi na categoria de Direção: Jordan Peele de Corra! e Greta Gerwig de Lady Bird ficaram de fora. Honestamente, eu acreditava na indicação de Gerwig na direção, e de Peele no roteiro, mas pura e simplesmente por méritos, e não por eles serem negro e mulher.

Acabei de ler uma matéria da Indiewire com o seguinte título “Globo de Ouro é criticado por excluir mulheres e minorias”. No texto, os nomes de Jordan Peele, Greta Gerwig, Dee Rees e Patty Jenkins (sim, a diretora daquele filmaço chamado Mulher-Maravilha) foram citados como os esnobados da vez, incitando ainda que suas exclusões se deram pelo quesito social, racial e de gênero. E o que dizer da exclusão do diretor de Me Chame Pelo Seu Nome, Luca Guadagnino, que ganhou vários prêmios e está em várias listas de melhores do ano? Foi esnobado por ser italiano?

E é preciso reforçar que o Globo de Ouro não é o Critics’ Choice Awards, que tem sete indicados a Melhor Diretor. Alguém tem que ser excluído! Particularmente, não acho que Ridley Scott tenha um trabalho tão bom quanto o Corra!, por exemplo, mas trata-se apenas de uma dedução até eu assistir ao filme.

Podem me chamar de antiquado, mas odeio quando o politicamente correto interfere onde não é chamado. Então, pro autor da Indiewire e os críticos, se esses nomes excluídos tivessem sido indicados pelo Globo de Ouro, estaria tudo certo e de acordo com os tempos que vivemos? Não importando qualquer análise crítica e artística dos filmes?

Das exclusões dos filmes, vale citar Doentes de Amor, que chegou a conquistar seis indicações no Critics’ Choice Awards (inclusive Melhor Filme!), e o representante da França no Oscar, 120 Batimentos Por Minuto, de Robin Campillo. Embora Em Pedaços seja co-produção francesa, havia altas expectativas de que o filme que trata do preconceito do HIV chegaria ao Globo de Ouro.

Pelas categorias de TV e streaming, a ausência da atriz Julia Louis-Dreyfus pela série Veep após cinco indicações consecutivas chamou a atenção, já que os fãs esperavam que a hora da atriz ganhar finalmente havia chegado.

REPERCUSSÃO DOS ASSÉDIOS SEXUAIS EM HOLLYWOOD

Algumas produções, sejam de cinema ou TV, sofreram algum desprezo por parte da crítica e de associações por seus vínculos com figuras públicas envolvidas em denúncias de assédios sexuais. Os casos mais evidentes foram do produtor Harvey Weinstein, que afetou a campanha do novo filme de Taylor Sheridan, Terra Selvagem, e do ator Jeffrey Tambor que, não apenas deixou de ser indicado, mas levou toda a série Transparent para o ostracismo até segunda ordem.

O único que, supostamente teria tido comportamento inapropriado com uma atriz australiana numa peça de teatro há dois anos, conseguiu ser indicado foi Geoffrey Rush pela série biográfica de Albert Einstein, Genius. E vale também citar que Christopher Plummer só está na lista de atores coadjuvantes porque Kevin Spacey foi excluído do filme de Ridley Scott, All the Money in the World.

E O QUE REALMENTE IMPORTA?

Há algumas décadas, todos os indicados, e principalmente vencedores do Globo de Ouro tinham seus lugares garantidos no Oscar, pois o prêmio da HFPA era o melhor parâmetro de todos. Mas de uns tempos pra cá, as escolhas entre as duas premiações têm divergido constantemente, inclusive na escolha do Melhor Filme, demonstrando assim mais identidade própria por parte da HFPA.

Mas uma característica do Globo de Ouro que persiste é seu amor por celebridades. Se tiverem que optar entre um ator bom e uma celebridade, normalmente eles ficam com a segunda, porque apreciam essa aproximação com as estrelas e todo o glamour. Quando indicaram o péssimo O Turista e seus atores, eles visavam a presença de Johnny Depp e Angelina Jolie. O próprio host Ricky Gervais havia ressaltado isso na época. Enfim, o Globo de Ouro se tornou um prêmio que não se deve levar tão à sério assim.  Se nem eles levam, por que você deveria levar?

Indicados ao 75º Globo de Ouro:

CINEMA

Best Motion Picture – Drama:
Me Chame Pelo Seu Nome (Call me by your Name)
Dunkirk (Dunkirk)
The Post: A Guerra Secreta (The Post)
A Forma da Água (The Shape of Water)
Três Anúncios Para um Crime (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri)

Best Motion Picture – Musical or Comedy:
Artista do Desastre (The Disaster Artist)
Corra! (Get Out)
I, Tonya
Lady Bird: É Hora de Voar (Lady Bird)
O Rei do Show (The Greatest Showman)

Best Performance by an Actor in a Motion Picture – Drama:
Timothée Chalamet (Me Chame Pelo Seu Nome)
Daniel Day-Lewis (Trama Fantasma)
Tom Hanks (The Post: A Guerra Secreta)
Gary Oldman (O Destino de uma Nação)
Denzel Washington (Roman J. Israel, Esq.)

Best Performance by an Actress in a Motion Picture – Drama:
Jessica Chastain (A Grande Jogada)
Sally Hawkins (A Forma da Água)
Frances McDormand (Três Anúncios Para um Crime)
Meryl Streep (The Post: A Guerra Secreta)
Michelle Williams (All the Money in the World)

Best Performance by an Actor in a Motion Picture – Musical or Comedy:
Steve Carell (A Guerra dos Sexos)
Ansel Elgort (Em Ritmo de Fuga)
James Franco (Artista do Desastre)
Hugh Jackman (O Rei do Show)
Daniel Kaluuya (Corra!)

Best Performance by an Actress in a Motion Picture – Musical or Comedy:
Judy Dench (Victoria e Abdul)
Helen Mirren (The Leisure Seeker)
Margot Robbie (I, Tonya)
Saoirse Ronan (Lady Bird)
Emma Stone (A Guerra dos Sexos)

Best Performance by an Actor in a Supporting Role in a Motion Picture:
Willem Dafoe (Projeto Flórida)
Armie Hammer (Me Chame Pelo Seu Nome)
Richard Jenkins (A Forma da Água)
Christopher Plummer (All the Money in the World)
Sam Rockwell (Três Anúncios Para um Crime)

Best Performance by an Actress in a Supporting Role in a Motion Picture:
Mary J. Blige (Mudbound)
Hong Chau (Pequena Grande Vida)
Allison Janney (I, Tonya)
Laurie Metcalf (Lady Bird)
Octavia Spencer (A Forma da Água)

Best Director – Motion Picture:
Guillermo de Toro (A Forma da Água)
Martin McDonagh (Três Anúncios Para um Crime)
Christopher Nolan (Dunkirk)
Ridley Scott (All the Money in the World)
Steven Spielberg (The Post: A Guerra Secreta)

Best Screenplay:
Greta Gerwig (Lady Bird)
Aaron Sorkin (A Grande Jogada)
Liz Hannah, Josh Singer (The Post: A Guerra Secreta)
Guillermo del Toro (A Forma da Água)
Martin McDonagh (Três Anúncios Para um Crime)

Best Motion Picture – Foreign Language:
Em Pedaços – ALEMANHA/FRANÇA
Uma Mulher Fantástica – CHILE
First They Killed My Father – CAMBOJA
Loveless – RÚSSIA
The Square – SUÉCIA/ALEMANHA/FRANÇA

Best Motion Picture – Animated:
The Breadwinner
Viva – A Vida é uma Festa (Coco)
Com Amor, Van Gogh (Loving Vincent)
O Poderoso Chefinho (Baby Boss)
O Touro Ferdinando (Ferdinand)

Best Original Song – Motion Picture:
“The Star” (A Estrela de Belém)
“Mighty River” (Mudbound)
“This is Me” (O Rei do Show)
“Home” (O Touro Ferdinando)
“Remember Me” (Viva – A Vida é uma Festa)

Best Original Score – Motion Picture:
Alexandre Desplat (A Forma da Água)
Hans Zimmer (Dunkirk)
Jonny Greenwood (Trama Fantasma)
John Williams (The Post: A Guerra Secreta)
Carter Burwell (Três Anúncios Para um Crime)

TELEVISÃO

Best Television Series – Drama:
Game of Thrones
The Handmaid’s Tale
Stranger Things
The Crown
This is Us

Best Television Series – Musical or Comedy:
Black-ish
Master of None
SMILF
The Marvelous Mrs. Maisel
Will & Grace

Best Performance by an Actor in a Television Series – Drama:
Bob Odenkirk (Better Call Saul)
Freddie Highmore (The Good Doctor)
Jason Bateman (Ozark)
Liev Schreiber (Ray Donovan)
Sterling K. Brown (This Is Us)

Best Performance by an Actress in a Television Series – Drama:
Caitriona Balfe (Outlander)
Claire Foy (The Crown)
Elisabeth Moss (The Handmaid’s Tale)
Katherine Langford (13 Reasons Why)
Maggie Gyllenhaal (The Deuce)

Best Performance by an Actor in a Television Series – Musical or Comedy:
Anthony Anderson (Black-ish)
Aziz Ansari (Master of None)
Eric McCormack (Will & Grace)
Kevin Bacon (I Love Dick)
William H. Macy (Shameless)

Best Performance by an Actress in a Television Series – Musical or Comedy:
Alison Brie (GLOW)
Frankie Shaw (SMILF)
Issa Rae (Insecure)
Pamela Adlon (Better Things)
Rachel Brosnahan (The Marvelous Mrs. Maisel)

Best Television Limited Series or Motion Picture Made for Television:
Big Little Lies
Fargo
Feud
The Sinner
Top of the Lake

Best Performance by an Actor in a Limited Series or Motion Picture Made for Television:
Ewan McGregor (Fargo)
Geoffrey Rush (Genius)
Jude Law (The Young Pope)
Kyle MacLachlan (Twin Peaks)
Robert De Niro (The Wizard of Lies)

Best Performance by an Actress in a Limited Series or Motion Picture Made for Television:
Jessica Biel (The Sinner)
Jessica Lange (Feud)
Nicole Kidman (Big Little Lies)
Reese Witherspoon (Big Little Lies)
Susan Sarandon (Feud)

Best Performance by an Actress in a Supporting Role in a Series, Limited Series or Motion Picture Made for Television:
Ann Dowd (The Handmaid’s Tale)
Chrissy Metz (This Is Us)
Laura Dern (Big Little Lies)
Michelle Pfeiffer (The Wizard of Lies)
Shailene Woodley (Big Little Lies)

Best Performance by an Actor in a Supporting Role in a Series, Limited Series or Motion Picture Made for Television:
Alexander Skarsgård (Big Little Lies)
Alfred Molina (Feud)
Christian Slater (Mr. Robot)
David Harbour (Stranger Things)
David Thewlis (Fargo)

***

A 75ª cerimônia do Globo de Ouro está marcada para o dia 07 de janeiro, e terá Seth Meyers como host pela primeira vez.

Damien Chazelle vence o DGA e reforça favoritismo de ‘La La Land’

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À esquerda, o presidente do DGA, Paris Barclay, entrega o prêmio a Damien Chazelle (centro) com o vencedor anterior Alejando Gonzáles Iñárritu. Pic by dga.org

AOS 32 ANOS, CHAZELLE SE TORNA VENCEDOR MAIS JOVEM DO DGA

Se antes do DGA, a vitória de Damien Chazelle já era considerada certa no Oscar, agora com sua vitória no sindicato de diretores, fica quase impossível dizer que ele pode perder. As estatísticas do histórico do DGA em relação ao prêmio da Academia são as melhores de hoje: são 62 acertos em 69 anos de história.

Além disso, o jovem diretor de La La Land (ele completou recentemente 32 anos) bateu três diretores indicados ao Oscar com ele: Kenneth Lonergan (Manchester à Beira-Mar), Denis Villeneuve (A Chegada) e Barry Jenkins (Moonlight). Dos indicados ao DGA, apenas Garth Davis (Lion) não está no Oscar, já que Mel Gibson (Até o Último Homem) assumiu a última vaga, mas ele tem quase 0% de chances de levar, uma vez que já ganhou sua estatueta há 21 anos com Coração Valente.

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Os indicados ao DGA 2017 (da esquerda para direita): Garth Davis, Denis Villeneuve, Barry Jenkins, Kenneth Lonergan e Damien Chazelle (pic by Hollywood Reporter – Getty Images)

Não dá pra cravar 100% de garantia para Chazelle ainda por dois motivos: 1) SURPRESA. Ultimamente, a Academia tem se tornado previsível demais, porque são tantos prêmios que anunciam seus vencedores antes dela, que fica difícil surpreender com os resultados. Ciente disso, ela pode promover novidades. As duas últimas diferenças entre DGA e Oscar foram com Rob Marshall (Chicago) perdendo para Roman Polanski (O Pianista) em 2003; e Ben Affleck (Argo) perdendo para Ang Lee (As Aventuras de Pi) em 2013, quando houve equívocos externos na votação.

2) #OSCARSOWHITE. Se a Academia decidir surpreender na categoria, Barry Jenkins (Moonlight) pode ser o cara. Além de ser negro, fato que agradaria a todos os críticos do Oscar já que se tornaria o primeiro diretor negro a ganhar e apagar de vez a tal “falta de diversidade”, Jenkins é o único que pode fazer frente a Damien Chazelle, pois ganhou importantes honrarias na temporada como o prêmio dos críticos de Los Angeles e Nova York, além do National Board of Review.

Contudo, deixando um pouco as especulações de lado, a vitória aqui de Damien Chazelle reforça o favoritismo do musical a três semanas do Oscar. Com esse prêmio, o filme conquistou o sindicato de produtores e de atores (Emma Stone levou como Atriz), restando apenas o sindicato de roteiristas, no qual Chazelle concorre como Roteiro Original.

Já na categoria de Diretor Estreante, a vitória de Garth Davis não pode ser exatamente uma surpresa, porque ele era o único que concorria em ambas as categorias. Pelo trabalho no drama Lion: Uma Jornada Para Casa, ele bateu os concorrentes Dan Trachtenberg (Rua Cloverfield, 10), Tim Miller (Deadpool), Kelly Fremon Craig (Quase 18) e Nate Parker (O Nascimento de uma Nação), que perdeu sua única chance de ganhar um prêmio relevante na temporada após as notícias de acusações de estupro.

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Garth Davis recebe o prêmio de Diretor Estreante das mãos de John Singleton (pic by zimbio.com)

Pela categoria de Documentário, a vitória de Ezra Edelman por O.J.: Made in America também não foi surpresa, ainda mais que resolveram colocar Sarah Paulson e Cuba Gooding Jr. como apresentadores da categoria (eles atuaram na minissérie The People v. O.J. Simpson: American Crime Story). Embora esteja disputando o Oscar com outros fortes documentários sobre o racismo, mais precisamente Eu Não Sou seu Negro e A 13ª Emenda), O.J.: Made in America passa a ser o franco-favorito com esse reconhecimento no DGA, mesmo tendo mais de sete horas de duração.

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No centro, Ezra Edelman posa com seu prêmio de Diretor de Documentário por O.J.: Made in America ao lado dos atores Sarah Paulson e Cuba Gooding Jr. (pic by zimbio.com)

Este ano, o homenageado com o Life Achievement Award foi Ridley Scott. Para quem o conhece, ele foi responsável por grandes cults do cinema como Alien, o Oitavo Passageiro (1979), Blade Runner: O Caçador de Andróides (1982) e Thelma & Louise (1991). Embora considere Prometheus um projeto interessante e tenha até potencial para se tornar um futuro cult, acho que Ridley Scott poderia considerar sua aposentadoria. Pela terceira vez, ele vai dirigir um filme da franquia Alien (Alien: Covenant), o que pode ser um indício de que não tem mais nada de novo a mostrar.

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Homenageado Ridley Scott posa com seu prêmio ao lado de Michael Fassbender e Billy Crudup (pic by zimbio.com)

Nas categorias de televisão, os vencedores saíram das séries Veep, Game of Thrones e a minissérie The Night Of, além dos sketches de Saturday Night Live.

VENCEDORES DO 69º DGA:

CINEMA

DIRETOR
Damien Chazelle (La La Land: Cantando Estações)

DOCUMENTÁRIO
Ezra Edelman (O.J.: Made in America)

DIRETOR ESTREANTE
Garth Davis (Lion: Uma Jornada Para Casa)

TELEVISÃO

SÉRIE DRAMÁTICA
Miguel Sapochnik (Game of Thrones – ep: “The Battle of the Bastards”) 

SÉRIE DE COMÉDIA
Becky Martin (Veep – ep: “Inauguration”)

TELEFILME E MINISSÉRIES
Steven Zaillian (The Night Of – ep: “The Beach”)

VARIEDADE/TALK-SHOW/NOTÍCIAS/ESPORTES – REGULARES
Glenn Weiss (The 70th Annual Tony Awards)

VARIEDADE/TALK-SHOW/NOTÍCIAS/ESPORTES – ESPECIAIS
Don Roy King (Saturday Night Live)

REALITY SHOWS
J. Rupert Thompson (American Grit – ep: “The Finale Over the Falls”)

PROGRAMAS INFANTIS
Tina Mabry (An American Girl Story – Melody 1963: Love Has to Win)

COMERCIAIS
Derek Cianfrance (Chase, Nike Golf – Wieden + Kennedy Portland
Doubts, Powerade – Wieden + Kennedy Portland
Manifesto, Squarespace – Anomaly)

PRÊMIOS ESPECIAIS

Frank Capra Achievement Award: Marie Cantin
Robert B. Aldrich Service Award: Thomas Schlamme
Presidents Award: Jay D. Roth
Lifetime Achievement Award: Ridley Scott

***

O 89º Oscar acontece no dia 26 de fevereiro.

Emmanuel Lubezki leva seu 4º prêmio no ASC 2016 por ‘O Regresso’

SAMSUNG CAMERA PICTURES

Emmanuel “Chivo” Lubezki recebe seu quarto ASC award na 30ª edição por O Regresso (photo by http://www.theasc.com)

É A TERCEIRA VITÓRIA SEGUIDA DO DIRETOR DE FOTOGRAFIA MEXICANO

Se tem uma categoria este ano no Oscar em que todos os indicados merecem ganhar é Melhor Fotografia. Todos, sem exceção, apresentaram um trabalho formidável em seus respectivos filmes, o que valoriza ainda mais a vitória. Mas o que pode ser um diferencial nessa competição tão disputada?

Claro que o status do filme na temporada conta bastante. Se o filme só teve poucas indicações ou apenas Fotografia, as chances de vitória são mais baixas do que aqueles que estão concorrendo a Melhor Filme, por exemplo. Aliás, entre os cinco concorrentes ao Oscar de Fotografia, apenas dois disputam Melhor Filme: O Regresso e Mad Max: Estrada da Fúria. Mas por que o primeiro larga na frente?

Bela fotografia de Emmanuel Lubezki em O Regresso (photo by cine.gr)

Bela fotografia de Emmanuel Lubezki em O Regresso (photo by cine.gr)

Em bom português: Emmanuel Lubezki é um profissional que adora um desafio. Não basta apenas colocar a câmera no tripé e apertar o REC. O cara tem que ir lá nas montanhas congeladas do Canadá e da Argentina, ter as pernas congeladas na água, carregando uma câmera pesada no corpo. Como se fosse pouco, ele decidiu em conjunto com o diretor Alejandro González Iñárritu que deveria fazer todo o trabalho de fotografia sem utilizar luzes artificiais (refletores)!

Se formos pensar pela lógica e bom senso, essa idéia foi de “jerico”, afinal, havia dias nas montanhas, em que a luz natural durava apenas uma hora e meia! E não se trata só de tempo de filmagem estendido, mas de todo um deslocamento de equipe de filmagem e preparação para as cenas. Seria o equivalente ao método perfeccionista utilizado pelo mestre japonês Akira Kurosawa, que aguardava semanas por um pôr-do-sol ideal. Curiosamente, foram esses bastidores sacrificantes que elevaram seus esforços e os colocaram na frente pelo terceiro Oscar de Emmanuel Lubezki. Um trabalho de sobrevivência para um filme sobre sobrevivência.

THE REVENANT

Emmanuel Lubezki nos bastidores de um congelante set de O Regresso. Photo by Twentieth Century Fox Film Corporation e Regency Entertainment.

Nas duas categorias de televisão, a série épica Marco Polo e o telefilme Casanova, de Jean-Pierre Jeunet, levaram os prêmios. Já o prêmio especial Spotlight, que reconhece trabalhos alternativos do circuito de festivais, deu empate entre Adam Arkapaw (Macbeth: Ambição e Guerra) e Mátyás Erdély (Filho de Saul). A fotografia bastante plástica de Arkapaw em Macbeth foi um trabalho injustiçado na temporada. Se o filme de Justin Kurzel estivesse mais no meio do burburinho da temporada de premiação, certamente teria mais espaço.

A cerimônia de premiação prestou homenagem aos profissionais que nos deixaram nos últimos 12 meses: como Vilmos Zigmond, Haskell Wexler e Andrew Lesnie, além de contar com o reconhecimento de John Toll com o prêmio pelo conjunto da obra. Como dizia Cameron Crowe, “ele escreve com sua câmera”, e assim o fez em Além da Linha Vermelha, Lendas da Paixão e Coração Valente. Esses dois últimos lhe renderam suas duas estatuetas do Oscar consecutivas em 1995 e 1996.

Houve ainda um prêmio especial para o diretor Ridley Scott por sua “sensibilidade visual exuberante em filmes como Blade Runner: O Caçador de Andróides, Alien: O Oitavo Passageiro, Gladiador e Thelma & Louise. Fora da competição do Oscar de direção por Perdido em Marte, Scott, com seu habitual bom humor, agradeceu o prêmio através de um videoclipe.

VENCEDORES DO 30º ASC AWARDS:

FILME
Emmanuel Lubezki (O Regresso)

SÉRIE DE TV
Vanja Cernjul (Marco Polo) – Episódio: “The Fourth Step”

TELEFILME, MINISSÉRIE OU PILOTO
Pierre Gill (Casanova)

PRÊMIO SPOTLIGHT AWARD
Adam Arkapaw (Macbeth: Ambição e Guerra)
Mátyás Erdély (Filho de Saul)

Alejandro G. Iñárritu conquista seu segundo DGA consecutivo por ‘O Regresso’

Alejandro G. Iñárritu (centro) recebe seu segundo DGA award das mãos de Tom Hooper (direita) e o presidente do DGA Paris Barclay (esquerda). Photo by dga.com

Alejandro G. Iñárritu (centro) recebe seu segundo DGA award das mãos de Tom Hooper (direita) e o presidente do DGA Paris Barclay (esquerda). Photo by dga.org

É O PRIMEIRO CASO DE VITÓRIAS CONSECUTIVAS EM 68 ANOS DO PRÊMIO

Apesar de todo o hype sobre George Miller, foi o mexicano Alejandro G. Iñárritu que acabou levando o prestigioso prêmio do sindicato de diretores, o que o coloca como front-runner na corrida pelo Oscar. Ele bateu os também indicados ao Oscar: Tom McCarthy, Adam McKay e George Miller; além de Ridley Scott, que ficou de fora do prêmio da Academia.

Como em 67 anos, apenas em 7 ocasiões o vencedor do DGA não ganhou o Oscar, tudo indica que Alejandro G. Iñárritu repetirá o feito. E caso isso se confirme, ele será apenas o terceiro diretor a vencer o Oscar de direção por dois anos consecutivos, após Joseph L. Mankiewicz (em 1949 por Quem é o Infiel? e 1950 por A Malvada) e o mestre John Ford (em 1941 por As Vinhas da Ira e 1942 por Como Era Verde o Meu Vale). Além disso, ele entra no seleto grupo de diretores com dois DGAs: Ang Lee, Francis Ford Coppola, Clint Eastwood, George Stevens, David Lean, Ron Howard  e o já citado Joseph Mankiewicz. Steven Spielberg é o único com três DGAs.

Bastante emocionado, Iñárritu chorou ao discursar: “Nunca esperei ganhar este prêmio, de verdade. Estou paralisado. Homens durões não choram, foi o que Ridley Scott disse hoje.” – Ele citou o pai, falecido há dois anos, que acreditava que o prêmio reconhecia sua terra natal, o México, e aproveitou para cutucar o candidato republicano à presidência dos EUA, Donald Trump: “O poder deste país é a diversidade. Construir um muro (entre os EUA e o México) seria trair isso.” – Realmente, o que seriam dos EUA se não fossem os mexicanos e os zilhões de estrangeiros? O mesmo ocorre aqui no Brasil, cuja população é a miscigenação.

Leonardo DiCaprio recebe direções de Alejandro G. Iñárritu em set de O Regresso (photo by variety.com)

Leonardo DiCaprio recebe direções de Alejandro G. Iñárritu em set de O Regresso (photo by variety.com)

Assim como ocorre em Mad Max: Estrada da Fúria, a direção de Iñárritu busca proporcionar uma experiência sensorial acima de qualquer coisa, algo que deve se tornar uma tendência nos próximos anos. Esse tipo de experiência foi bem explorada pelo cineasta Terrence Malick em filmes como A Árvore da Vida, no qual o espectador se afunda numa maré de imagens belíssimas. Curiosamente, O Regresso tem em sua equipe o mesmo diretor de fotografia de Malick, Emmanuel Lubezki.

Por isso, em minha humilde opinião, acredito que por questão de detalhes, Alejandro González Iñárritu venceu George Miller, como por exemplo o fato de O Regresso ter estreado bem no final do ano, deixando o filme bem vivo na memória dos votantes, do que em relação a Mad Max: Estrada da Fúria, que esteve em cartaz no primeiro semestre de 2015.

E, alguns podem até me criticar por isso, mas o fato de Iñárritu ser latino pode ter lhe favorecido em tempos de pós-críticas racistas de falta de diversidade, o que pode se repetir no Oscar, onde, afinal, não há atores negros indicados. O fato da Academia estar sob pressão pode resultar em compensações em outras categorias. Enfim, independente da polêmica, é um prêmio merecido, que poderia também ter ido para George Miller.

Com essa vitória, O Regresso definitivamente entra na disputa por Melhor Filme no Oscar ao lado de A Grande Aposta (que levou o PGA Award) e Spotlight – Segredos Revelados (que levou o SAG e o Critics’ Choice). Outro fato curioso que é a primeira vez na história que esses prêmios de sindicatos (DGA, PGA e SAG) reconhecem três filmes distintos. Quem sabe o BAFTA, que acontece no próximo dia 14 de fevereiro, não consegue desequilibrar um pouco essa briga?

Pela categoria inédita de Diretor Estreante, Alex Garland levou o primeiro prêmio por Ex-Machina: Instinto Artificial, batendo o brasileiro Fernando Coimbra por O Lobo Atrás da Porta. Embora considere Ex-Machina um pouco maçante e óbvio, vejo bons conceitos de ficção científica e uma ótimo apuro visual minimalista.

Alex Garland com seu DGA de diretor estreante por Ex-Machina: Instinto Artificial (photo by smp.se)

VENCEDORES DO 68º DGA:

CINEMA

DIRETOR
Alejandro Gonzalez Inarritu – O Regresso

DOCUMENTÁRIO
Matthew Heineman – Cartel Land 

DIRETOR ESTREANTE
Alex Garland – Ex-Machina: Instinto Artificial

 

TELEVISÃO

SÉRIE DRAMÁTICA
David Nutter – Game of Thrones, Mother’s Mercy 

SÉRIE DE COMÉDIA
Chris Addison – Veep, Election Night

TELEFILME E MINISSÉRIES
Dee Rees – Bessie

VARIEDADE/TALK-SHOW/NOTÍCIAS/ESPORTES – REGULARES
Dave Diomedi – The Tonight Show Starring Jimmy Fallon, episode #325

VARIEDADE/TALK-SHOW/NOTÍCIAS/ESPORTES – ESPECIAIS
Don Roy King – Saturday Night Live 40th Anniversary Special  

REALITY SHOWS
Adam Vetri – Steve Austin’s Broken Skull challenge, Gods of War

PROGRAMAS INFANTIS
Kenny Ortega – Descendants

COMERCIAIS
Andreas Nilsson, Biscuit Filmworks

Pra elevar a imprevisibilidade do Oscar, ‘A Grande Aposta’ leva o PGA Awards

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Os produtores Dede Gardner e Jeremy Kleiner recebem o PGA Awards por A Grande Aposta (photo by thehollywoodreporter.com)

COMÉDIA ESTRELADA POR STEVE CARELL E CHRISTIAN BALE BATE FAVORITOS

Pra quem imaginava que o Oscar de Melhor Filme estaria entre Spotlight e O Regresso, eis que surge sua mais nova alternativa: A Grande Aposta! A comédia sobre a origem da crise econômica de 2008 levou o prêmio Darryl F. Zanuck de Melhor Produção do Ano, o que o coloca automaticamente como front-runner do Oscar.

Essa escolha foi tão inusitada que até os produtores do filme, Jeremy Kleiner e Dede Gardner, subiram ao palco chocados. Infelizmente, Brad Pitt, também produtor, não estava presente na cerimônia, e o diretor Adam McKay, estava ausente devido à nevasca que assolou parte dos EUA. “Nós tivemos privilégio em nossas mãos como contadores de histórias. Precisamos contar histórias que refletem nosso mundo em cada esquina.” – disse Gardner no discurso de agradecimento. Vale lembrar que Gardner, Kleiner e Pitt ganharam o PGA em 2014 com 12 Anos de Escravidão.

Agora, com boa parte dos mesmos produtores que elegeram A Grande Aposta votando no Oscar, as chances da comédia levar Melhor Filme na Academia são muito boas. Apesar de O Regresso e Mad Max: Estrada da Fúria terem reinado nas indicações, com 12 e 10, respectivamente, o prêmio do PGA costuma ser um ótimo parâmetro para o Oscar.

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Cena de A Grande Aposta com Steve Carell e Ryan Gosling (photo by outnow.ch)

Ano passado mesmo, Boyhood: Da Infância à Juventude era o franco-favorito até perder para Birdman no PGA. As estatísticas comprovam a eficácia do Producers Guild: 19 acertos em 26 anos de existência do PGA, tendo acertado os últimos oito anos. O último “erro” foi em 2007, quando eles votaram em Pequena Miss Sunshine, e o Oscar elegeu Os Infiltrados.

Claro que não tem nada ganho ainda. Embora o PGA seja um ótimo prognóstico, não tem nada definido ainda. Algumas coisas devem ser consideradas nessas próximas semanas, como por exemplo o SAG Awards. Apesar de muitos negarem, o prêmio de Ensemble Cast (Elenco) ajuda na hora do desempate, ainda mais por que estará concorrendo com o elenco de Spotlight, outro forte concorrente de Melhor Filme.

Outro poderoso indicativo nessas horas é o DGA Awards, que acontece no dia 06 de fevereiro. Se Adam McKay levar o prêmio, podemos dizer que A Grande Aposta está com a taça nas mãos. E se George Miller (Mad Max) ou Alejandro G. Iñárritu (O Regresso) levarem? Aí já pode enfraquecer a campanha do filme, já que a Academia não costuma separar os prêmios de Filme e Diretor. E se Tom McCarthy (Spotlight) ou Ridley Scott (Perdido em Marte) levarem o DGA? Bem, aí eu diria que este será o Oscar mais porra-louca da história! Do tipo tudo-pode-acontecer!

Se a Academia, como cerimônia e evento de televisão, visa conquistar audiência depois dessa polêmica do #OscarStillSoWhite, esta pode ser a oportunidade que estava esperando: já que não existem favoritos, por que não surpreender?

Por outro lado, pelas demais categorias, o favoritismo se confirmou com as vitórias de Amy como Melhor Documentário e Divertida Mente como Animação.

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Cena de Divertida Mente, que levou mais um prêmio rumo ao Oscar (photo by outnow.ch)

Pelos trabalhos de televisão, a Melhor Minissérie ficou com Fargo, a Melhor Série com Game of Thrones, por sua quinta temporada, e Melhor de Comédia foi para Transparent, por sua primeira temporada.

Durante a cerimônia do PGA, a polêmica racista do Oscar teve desdobramentos. A co-presidente do sindicato de produtores, Lori McCreary, declarou: “Produtores sempre serviram a indústria como líderes e hoje estamos pedindo a todos vocês para tomar uma decisão consciente para desafiar o status quo sobre nossos elencos, nossas equipes, e nossas companhias a serem tão diversas como nosso público para quem fazemos disso entretenimento.”

Acredito que esse recado é destinado somente para aqueles maus profissionais que preferem dar oportunidade a um branco só por ser branco, porque ele é preconceituoso. Já os verdadeiros profissionais, que não precisam ouvir essa ladainha, contratam de acordo com o profissionalismo e talento da pessoa apenas.

Seguem os vencedores do 27º PGA:

CINEMA

PRÊMIO Darryl F. Zanuck DE MELHOR FILME:

A Grande Aposta (The Big Short)
Produtores: Brad Pitt & Dede Gardner, Jeremy Kleiner

MELHOR PRODUÇÃO DE ANIMAÇÃO:

Divertida Mente (Inside Out)
Produtor: Jonas Rivera

MELHOR PRODUÇÃO DE DOCUMENTÁRIO:

Amy (Amy)
Produtor: James Gay-Rees

TELEVISÃO

MELHOR SÉRIE DE LONGA-DURAÇÃO OU FILME PARA TV:

Fargo (Season 2)
Produtores: Noah Hawley, John Cameron, Ethan Coen, Joel Coen, Warren Littlefield, Kim Todd 

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Kirsten Dunst em cena da minissérie Fargo (FX).

MELHOR SÉRIE EPISÓDICA – DRAMA:

Game of Thrones (Season 5)
Produtores: David Benioff, D.B. Weiss, Bernadette Caulfield, Frank Doelger, Carolyn Strauss, Bryan Cogman, Lisa McAtackney, Chris Newman, Greg Spence 

MELHOR SÉRIE EPISÓDICA – COMÉDIA:

Transparent (Season 1)
Producers: Jill Soloway, Andrea Sperling, Victor Hsu, Nisha Ganatra, Rick Rosenthal, Bridget Bedard

MELHOR PRODUÇÃO DE NÃO-FICÇÃO DE TELEVISÃO:

The Jinx: The Life and Deaths of Robert Durst (Season 1)
Produtores: Marc Smerling, Andrew Jarecki, Jason Blum

MELHOR PRODUÇÃO DE COMPETIÇÃO DE TV:

The Voice (Seasons 7 and 8)
Produtores: Audrey Morrissey, Mark Burnett, John de Mol, Marc Jansen, Lee Metzger, Chad Hines, Jim Roush, Kyra Thompson, Mike Yurchuk, Amanda Zucker, Carson Daly

MELHOR PRODUÇÃO DE ENTRETENIMENTO AO VIVO E ENTREVISTA:

Last Week Tonight with John Oliver (Season 2)
Produtores: Tim Carvell, John Oliver, Liz Stanton

MELHOR PROGRAMA DE ESPORTES:

Real Sports with Bryant Gumbel

MELHOR SÉRIE DIGITAL

Comedians in Cars Getting Coffee

MELHOR PROGRAMA INFANTIL:

Sesame Street

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