UM DIA APÓS A REELEIÇÃO DO PRESIDENTE DA ACADEMIA, JOHN BAILEY, INSTITUIÇÃO DE 90 ANOS ANUNCIA MUDANÇAS DRÁSTICAS EM BUSCA DE AUDIÊNCIAS MELHORES
Ok, vamos aos fatos: Nesta quarta-feira, dia 08, a Academia anunciou algumas mudanças na premiação.
Uma nova categoria será criada para filmes populares.
A data da cerimônia em 2020 será no dia 09 de Fevereiro (e não mais no final do mês ou em Março)
Estão planejando uma cerimônia de três horas mais acessível globalmente.
Certo, como diria Jack o Estripador, vamos por partes! A decisão 2, a mais fácil de discutir, é sobre a antecipação do calendário de premiações. Como todos sabem, a temporada de premiações começa em dezembro e termina com o Oscar. Como vão antecipar um mês, a tendência é que todos os demais prêmios também façam o mesmo. Então, existem boas possibilidades do Globo de Ouro ser em dezembro, o SAG em janeiro e o Critics’ Choice Awards em novembro. Sim, daqui a pouco vão entregar prêmios em Julho!
Já no item 3, parece que algumas categorias serão apresentadas durante o intervalo, editadas e exibidas em seguida a fim de encurtar a cerimônia, que hoje quase chega nas 4 horas. Realmente, o show é longo, ainda mais pra quem está no fuso horário em que temos que madrugar para assistir até o Oscar de Melhor Filme, mas não sei se falo como cineasta nessas horas, mas acho sacanagem tirar a glória daquele curta-metragista que passou dois anos fazendo um filme, ganhar um Oscar e passar um clipe em que ele aparece por 3 segundos. E outra coisa que precisa ser levada em consideração: o Oscar é uma vez por ano! Pô, um evento anual com vários filmes e artistas envolvidos. Custa tanto assim pra humanidade 4 horas da sua vida e paciência?? (Não responda!)
Do Oscar deste ano, poderiam cortar o discurso chato e longo do Gary Oldman.
Por exemplo, eu poderia dizer: “Por que não cortam aqueles clipes de filmes que apresentam todo ano?” Porque eu adoro! Ou “Por que não eliminam as performances musicais das canções indicadas?” Porque eu adoro! (Tirando aquele ano em que a Beyoncé cantou todas as músicas indicadas). Aí o que mais tem pra cortar? Vão cortar o In Memoriam? Não dá! É uma bela e singela homenagem aos mortos, que inclusive honrou nosso documentarista Eduardo Coutinho. A única coisa que me irrita frequentemente são aquelas piadinhas sem graça que os apresentadores têm que atuar (muito mal) antes de entregar o prêmio. Tem atores que se saem tão mal nesse quesito que nos faz questionar se merece ser chamado de ator!
Há alguns anos atrás, quase 10 anos na verdade, o Oscar teve uma idéia genial: migrar os Oscars Honorários, Irving G. Thalberg e Jean Hersholt Humanitarian Award para uma festa chamada Governors Ball, que ocorre no mês de novembro que antecede a temporada. Nesse esquema, todo mundo sai ganhando. Os homenageados podem discursar por meia hora, os atores cotados para o Oscar podem desfilar no tapete vermelho e fazer aquela campanha, e o melhor de tudo: reduzem consideravelmente a duração da cerimônia do Oscar, pelo menos um bloco inteiro. Então, o que quero dizer com isso? Ao invés de inferiorizarem categorias menores em intervalos, por que não inseri-los no Governors Ball? Por mim, continuaria do jeito que está, mas eu entendo que a cerimônia é dispendiosa e necessita de cortes para não se arrastar demais.
O ator veterano Donald Sutherland recebeu a honraria do Oscar Honorário no Governors Ball em novembro de 2017.
E por último, o item 1, o mais polêmico. Um Oscar para Filmes Populares. Na hora, dá vontade de parar de assistir ao Oscar para sempre! O que dizer dessa barbaridade? Isso é pior do que cota! A Academia está dizendo em alto e bom som: “Filmes blockbusters jamais serão os vencedores do Oscar de Melhor Filme!”. Mas enfim, antes de criticar ferozmente, vamos analisar a seguinte questão: “O que eles denominam como Filme Popular?” É aquele que ultrapassa a barreira dos 100 milhões de dólares nas bilheterias americanas? Se for, filmes como La La Land, Dunkirk e os vencedores do Oscar de Melhor Filme Titanic e Gladiador não estariam qualificados. Ou filme popular é aquele que você não precisa usar o cérebro como um Transformers, Crepúsculo, Jogos Vorazes ou filmes do Adam Sandler? Se for isso, esse prêmio já existe e se chama Framboesa de Ouro! Afinal, o que a Academia entende como Filme Popular?
James Cameron, Kate Winslet e Jon Landau celebram as 11 vitórias do Oscar de Titanic em 1998
Vamos começar do início. A audiência da cerimônia do Oscar está caindo gradativamente nos últimos anos. De forma bruta, desde 1998, há cada vez menos espectadores na frente da televisão. Por se tratar de um evento anual televisivo, necessita de audiência para que o show continue, então de alguns anos pra cá, algumas estratégias foram adotadas como a expansão de indicados a Melhor Filme em 2010 (inicialmente foi de 5 para 10, e nos últimos anos, segue uma regra de votação que sempre acaba resultando em 8 ou 9 indicados), a já citada migração dos prêmios honorários para uma festa à parte, e agora essa nova categoria de Filme Popular.
Entretanto, essa estratégia é um tiro no pé, pois além de causar esse estardalhaço com justificativa, não existe qualquer garantia de que o público jovem vá se interessar em assistir ao Oscar só porque Jurassic World, Vingadores: Guerra Infinita ou Missão: Impossível ganharam o Oscar! Isso nitidamente é fruto de interesses comerciais de grandes estúdios que apenas denigre a imagem da Academia.
Thanos, de Vingadores: Guerra Infinita, com chances de Oscar de Filme Popular em 2019. (art by Polygon)
Falando nisso, muitos membros da Academia se sentiram esnobados pois sequer foram consultados sobre essas mudanças. Entre os que se manifestaram estão o diretor Adam McKay, que ganhou o Oscar de Roteiro Adaptado por A Grande Aposta. Ele tuitou: “Outras novas categorias: Melhor Alienígena Feminina, Melhor Lançamento de Faca…”. Já o ator Rob Lowe foi mais profético: “A indústria do cinema morreu hoje com o anúncio do Oscar de Filme Popular”.
Parece uma questão boba, mas não é. Se premiarem Vingadores com o Oscar de Filme Popular, por exemplo, o que teremos como Melhor Filme? Um filme de Jean-Luc Godard? Pelo menos um Paul Thomas Anderson pra cima, né? Se vamos ter uma categoria pra filmes de menor qualidade fílmica, a lógica seria manter alto nível na categoria principal. Vamos colocar uns dois filmes europeus, dos irmãos Dardenne, e do Peter Greenaway, quem sabe uns profundos do chinês Jia Zhangke?
Alguns defendem que uma das justificativas desse Oscar é para premiar o Pantera Negra, adaptação dos quadrinhos da Marvel que bateu inúmeros recordes de bilheteria nos EUA e mundo afora, e que ainda satisfez todos que são politicamente corretos. Particularmente, sou fã da Marvel, mas não achei esse filme tudo isso filmicamente falando, mas por que não simplesmente indicá-lo a Melhor Filme então? Não seria mais fácil e honroso para o filme e sua equipe? E digo mais: Se ganhar o Oscar de Melhor Filme, aí você terá a audiência elevada, porque seria algo inédito nos 90 anos de história do prêmio.
Chadwick Boseman com elenco de Pantera Negra no tapete vermelho do Oscar 2018
Como cineasta e cinéfilo, eu entendo que o Oscar é um prêmio da indústria e que não dá pra se guiar por ele no quesito qualidade. Mas peraí! Existem, sim, inúmeros filmaços indicados ao longo dessas nove décadas. Só para citar alguns: Cidadão Kane, Vinhas da Ira, Casablanca, Um Lugar ao Sol, Psicose, 2001: Uma Odisséia no Espaço, O Poderoso Chefão, Amadeus, O Silêncio dos Inocentes, A Viagem de Chihiro… eu mesmo descobri vários filmes ótimos por causa do Oscar. Portanto, conceder um Oscar é uma honraria, sim, e não deveria se curvar aos interesses comerciais, sejam dos estúdios ou da audiência da cerimônia. Independente do que sejam esses filmes populares, não existe motivo nenhum pra haver essa divisão. Por pior que o filme seja, ele continua sendo cinema. Em alguns casos até sangra a garganta de dizer isso, mas são cinema! Por que premiá-los como um sub-cinema? Se eles são merecedores de Melhor Filme, premiem! Se eles são merecedores apenas do Oscar de Efeitos Sonoros, premiem apenas esse! Cazzo!!
Do fundo do coração, espero que eles repensem melhor essa categoria. Não é nem um pouco feio voltar atrás numa decisão ruim! Alguns gêneros como Terror, Ação e Ficção Científica realmente são muito esnobados pela Academia, mas eles não precisam de uma nova categoria, mas sim, de oportunidades nas que já existem. Por exemplo: Por que não terem indicado a excelente trilha musical de Invocação do Mal na categoria de Trilha Original? Por que não indicar Rua Cloverfield 10 como Roteiro Original e Ator Coadjuvante para John Goodman? Por que não indicar David Robert Mitchell como Melhor Diretor por Corrente do Mal? Tenho certeza de que se essas inclusões (merecidas) tivessem ocorrido ao longo dos anos, ninguém aqui estaria reclamando que determinados gêneros são excluídos e que precisam de uma categoria própria.
Pôster do 72º Festival de Veneza com Nastassja Kinski e Jean-Pierre Léaud.
FESTIVAL CONTA COM SELEÇÃO QUE MISTURA NOMES CONSAGRADOS COM NOMES EM ASCENSÃO
Nesse último dia 29 de julho, o Festival de Veneza anunciou sua seleção oficial para esta edição de nº 72. A homenageada deste ano é a atriz alemã Nastassja Kinski, cujo retrato estampa o pôster do evento. Ao fundo, o jovem personagem Antoine Doinel dos filmes de François Truffaut indica a homenagem ao ator Jean-Pierre Léaud.
Para avaliar e premiar as produções selecionadas, o júri será presidido pelo diretor mexicano Alfonso Cuarón, que foi o primeiro latino a ganhar o Oscar de Direção por Gravidade em 2014. Ele contará com a colaboração de outros diretores como o turco Nuri Bilge Ceylan (que ganhou a Palma de Ouro com Winter Sleep), o polonês Pawel Pawlikowski (que ganhou o Oscar de Filme em Língua Estrangeira com Ida), a britânica Lynne Ramsay, o chinês Hou Hsiao-Hsien (que já levou o Leão de Ouro em 1989 por A Cidade do Desencanto) e o italiano Francesco Munzi. Além dos diretores, as atrizes Elizabeth Banks e Diane Kruger e o roteirista Emmanuel Carrère participarão do júri.
O presidente do júri Alfonso Cuarón (photo by cineuropa.org)
Embora não se confirme, com Cuarón na presidência, os concorrentes latino-americanos acabam ganhando algum status de favoritos. Pior para o Brasil que não teve nenhum representante na seleção oficial, aliás, fato que não ocorre há tempos. Felizmente, para não passar em branco na cerimônia, o país conta com dois longas na mostra paralela Orizzonti (Horizontes): Boi Neon, de Gabriel Mascaro; e Mate-me Por Favor, da estreante carioca Anita Rocha da Silveira. Além dos longas, o curta-metragem paranaense de Aly Muritiba e Marja Calafange, Tarântula, também integrará a mostra.
Cena do longa brasileiro Mate-Me Por Favor, de Anita Rocha da Silveira (photo by reicine.com.ar)
Já os latino-americanos marcam presença com um total de nove produções, tendo duas concorrendo ao prêmio máximo: Desde Allá, de Lorenzo Vigas (México – Venezuela), e El Clan, do argentino Pablo Trapero. O primeiro foca na busca de um homem de 50 anos por jovens para passar uma noite, enquanto o segundo se baseia em fatos verídicos sobre uma família que tinha uma loja e um bar para praticar sequestros, extorsões e até assassinatos na época da ditadura militar na Argentina.
Cena de Desde Allá, de Lorenzo Vigas (photo by filmaffinity.com)
O diretor do festival, Alberto Barbera confirmou o bom momento do cinema latino-americano: “O que há de mais fresco e inovador no cinema hoje em dia vem da América Latina. Finalmente, além da quantidade, há qualidade. São filmes que surpreendem.”
Cena do filme argentino El Clan, de Pablo Trapero (photo by cine.gr)
Na corrida pelo Leão de Ouro, outros nomes já figuram como fortes candidatos. O italiano Marco Bellochio (Sangue del Mio Sangue) é considerado um dos cineastas mais influentes dessa geração e deve estar na lista de premiados. O canadense Atom Egoyan (Remember), o norte-americano Cary Fukunaga, que ficou conhecido pela série de TV True Detective (Beasts of No Nation), o israelense Amos Gitai (Rabin, the Last Day), o italiano Luca Guadagnino (A Bigger Splash), o russo Aleksandr Sokurov, que levou o prêmio por Fausto em 2011 (Francofonia), e os hollywoodianos Charlie Kaufman, que traz a animação de comédia e fantasia Anomalisa, e o britânico Tom Hooper, que dirigiu The Danish Girl, sobre um dos primeiros homens que passaram por cirurgia de troca de sexo.
Além de The Danish Girl, outro grande favorito ao Oscar 2016, Aliança do Crime (Black Mass), de Scott Cooper, será exibido em Veneza, mas fora de competição. Ambos os filmes apresentam dois fortíssimos candidatos ao Oscar de Melhor Ator: Pelo primeiro, Eddie Redmayne em outro papel transformador, e pelo segundo, Johnny Depp, caracterizado como o criminoso Bill Bulger com sua aparência calva e grisalha.
Eddie Redmayne caracterizado como The Danish Girl (photo by cine.gr)
Johnny Depp como Bill Bulger em Aliança do Crime (photo by independent.co.uk)
O 72º Festival de Veneza acontece entre os dias 02 e 12 de setembro.
INDICADOS AO LEÃO DE OURO:
FRENZY (Abluka), de Emin Alper
HEART OF A DOG, de Laurie Anderson
SANGUE DEL MIO SANGUE, de Marco Bellocchio
LOOKING FOR GRACE, de Sue Brooks
EQUALS, de Drake Doremus
REMEMBER, de Atom Egoyan
BEASTS OF NO NATION, de Cary Fukunaga
PER AMOR VOSTRO, Giuseppe M. Gaudino
MARGUERITE, de Xavier Giannoli
RABIN, THE LAST DAY, de Amos Gitai
A BIGGER SPLASH, de Luca Guadagnino
THE ENDLESS RIVER, Oliver Hermanus
THE DANISH GIRL, de Tom Hooper
ANOMALISA, de Charlie Kaufman e Duke Johnson
L’ATTESA, Piero Messina
11 MINUTES (11 Minuts), de Jerzy Skolimowski
FRANCOFONIA, de Aleksandr Sokurov
EL CLAN, Pablo Trapero
DESDE ALLÁ, Lorenzo Vigas
L’HERMINE, de Christian Vincent
BEHEMOTH, Zhao Liang
Idris Elba em cena de Beasts of No Nation, de Cary Fukunaga (photo by cine.gr)
MOSTRA HORIZONTES (ORIZZONTI)
Madame Courage, de Merzak Allouache A Copy of My Mind, de Joko Anwar Pecore in erba, de Alberto Caviglia Tempete, de Samuel Collardey The Childhood of a Leader, de Brady Corbet Italian Gangster, de Renato De Maria Wednesday, May 9, de Vahid Jalilvand Mountain, de Yaelle Kayam A War, de Tobias Lindholm Interrogation, de Vetri Maaran Free in Deed, de Jake Mahaffy Boi Neon, de Gabriel Mascaro Man Down, de Dito Montiel Why Hast Thou Forsaken Me?, de Hadar Morag Un monstruo de mil cabezas, de Rodrigo Pla Mate-me Por Favor, de Anita Rocha Da Silveira Taj Mahal, de Nicolas Saada Interruption, de Yorgos Zois
Alfonso Cuarón recebe o DGA das mãos do vencedor de 2013, Ben Affleck, tornando-se o primeiro hispânico a ganhar o DGA (photo by zimbio.com)
COM VITÓRIA NO DGA, GRAVIDADE ENTRA DE VEZ NA COMPETIÇÃO DO OSCAR DE MELHOR FILME
Para quem está acompanhando a corrida para o Oscar 2014, percebe que a briga para o prêmio de Melhor Filme está cada vez mais acirrada. Nas últimas semanas, Trapaça venceu o SAG de Melhor Elenco e conquistou o Globo de Ouro de Melhor Filme – Comédia ou Musical. Já 12 Anos de Escravidão e Gravidade empataram como Melhor Filme no PGA, sendo que o primeiro também venceu o Critics’ Choice Awards e o Globo de Ouro de Melhor Filme – Drama.
Com a vitória do mexicano Alfonso Cuarón no Directors Guild (DGA), Gravidade tem suas chances elevadas consideravelmente, pois em 65 anos de DGA, apenas 7 diretores não repetiram a façanha no Oscar, e no mesmo período, apenas 13 diretores não tiveram seus filmes vencedores do Oscar de Melhor Filme. Já nos 85 anos do Oscar, houve 23 ocasiões.
Cuarón se tornou o primeiro diretor hispânico a ganhar o DGA, o que reforça uma certa tendência de diretores estrangeiros. Só para constar, nos últimos anos, Ang Lee (Taiwan), Michel Hazanavicius (França) e Tom Hooper (Inglaterra) ganharam o Oscar. O maior concorrente de Alfonso Cuarón era Steve McQueen (Inglaterra), que poderia se tornar o primeiro diretor negro a ganhar o DGA. As chances de Cuarón se mantêm altas no Oscar também, uma vez que os concorrentes são praticamente os mesmos, excetuando Alexander Payne (Nebraska), que tomou a vaga de Paul Greengrass (Capitão Phillips).
Enquanto o primeiro teve de inventar a tecnologia necessária para filmar as cenas espaciais juntamente com seu diretor de fotografia Emmanuel Lubezki e o supervisor de efeitos digitais Tim Webber, o segundo enfrentou um desafio típico de maratonas telvisivas: filmou 12 Anos de Escravidão em 35 dias com apenas uma câmera. Vale ressaltar aqui também que Gravidade representa o sucesso de público (mais de 600 milhões de dólares) e 12 Anos de Escravidão representa a unanimidade da crítica.
É um duelo tão interessante e extremamente competitivo que pode favorecer um terceiro filme na briga, no caso, Trapaça, um filme bem escrito e muito bem dirigido por David O. Russell, que encaminhou mais uma vez seus atores para as quatro categorias de atuação: Christian Bale (Ator), Amy Adams (Atriz), Bradley Cooper (Ator Coadjuvante) e Jennifer Lawrence (Atriz Coadjuvante). Ele já havia conseguido essa proeza com seu filme anterior, O Lado Bom da Vida. Na História do Oscar, esta é apenas a 15ª vez que as quatro categorias são preenchidas pelo mesmo filme, sendo Reds (1981) e Rede de Intrigas (1976) exemplos mais recentes.
Os indicados ao DGA este ano, da esquerda para a direita: Alfonso Cuarón, Steve McQueen, Martin Scorsese, David O. Russell e Paul Greengrass (photo by thehollywoodreporter.com)
Já na categoria de direção para Documentários, a vitória da egípcia Jehane Noujaim por The Square foi uma surpresa, já que bateu o favorito Joshua Oppenheimer (O Ato de Matar), que também concorre ao Oscar. Trata-se da primeira grande vitória em Cinema para o Netflix. Na TV, já ganhou o Emmy e o Globo de Ouro pela série House of Cards. A diretora Jehane Noujaim já havia ganhado o DGA em 2001 pelo documentário Startup.com (com Chris Hegedus) e foi indicada anteriormente por Control Room em 2004.
A diretora egípcia Jehane Noujaim (photo by Matt Furman)
Na categoria Direção para Minisséries ou Filmes para TV, Steven Soderbergh subiu ao palco por Minha Vida com Liberace (Behind the Candelabra), que já havia vencido o Globo de Ouro e o Emmy. Emocionado, ele também recebeu o prêmio especial Robert B. Aldrich, concedido pelo reconhecimento pelo extraordinário serviço ao Directors Guild of America e seus membros.
O presidente do DGA, Paris Barclay agradeceu Soderbergh por sua devoção ao sindicato, especialmente seu trabalho em proteger e extender os direitos criativos dos diretores, algo extremamente importante nos dias atuais em que produtores mandam mais do que o diretores, gerando filmes nitidamente feitos para arrecadar dinheiro. Soderbergh foi presidente do DGA por nove anos, e foi indicado duas vezes em 2000 por Traffic e Erin Brockovich: Uma Mulher de Talento.
Steven Soderbergh dirige Michael Douglas em cena de Minha Vida com Liberace (photo by cineplex.com)
Confira todos os vencedores desta edição:
Feature Film: Alfonso Cuarón (Gravidade) Documentary Feature: Jehane Noujaim (The Square) Dramatic Series: Vince Gilligan (Breaking Bad – episódio: Felina) Comedy Series: Beth McCarthy-Miller (30 Rock – episódio: Hogcock!/Last Lunch) Movie for Television or Mini-Series: Steven Soderbergh (Minha Vida com Liberace) Variety/Talk/News/Sports – Series: Don Roy King (Saturday Night Live – with the host Justin Timberlake) Variety/Talk/News/Sports – Specials: Glenn Weiss (The 67th Annual Tony Awards) Reality Programs: Neil P. DeGroot (72 Hours – episódio: The Lost Coast) Children’s Program: Amy Schatz (An Apology to Elephants) Commercial: Martin de Thurah (Epoch Films)
Robert B. Aldrich Award:Steven Soderbergh DGA Diversity Award:Shonda Rhimes e Betsy Beers Frank Capra Achievement Award:Lee Blaine Franklin J. Schaffner Achievement Award:Vincent DeDario
Queridos leitores e amigos do Cinema, Oscar e Afins, este é meu último post de 2013. Retornarei às atividades a partir do dia 06 de janeiro. Gostaria de agradecer a vocês que acompanham o blog e sempre comentam os posts como o Hugo e a Layane. Espero que em 2014, eu consiga melhorar ainda mais as matérias e gerar ainda mais discussões, sempre com muito respeito, sobre os filmes que tanto amamos (e odiamos).
A temporada de premiação de 2014, assim como o Oscar, promete uma competição muito acirrada e rica. Há tempos não via um ano tão repleto de produções dignas de reconhecimento. Além dos favoritos 12 Years a Slave e Trapaça, que dominaram as indicações ao Globo de Ouro, SAG e Critics’ Choice Awards, temos Nebraska, Gravidade, Inside Llewyn Davis, Ela, Dallas Buyers Club, Philomena, Álbum de Família, Blue Jasmine, Capitão Phillips, Walt nos Bastidores de Mary Poppins e O Lobo de Wall Street.
Aliás, parece que logo depois da sessão de O Lobo de Wall Street para o Oscar, repleta de membros idosos da Academia, um roteirista teria insultado o diretor Martin Scorsese e o ator Leonardo DiCaprio quando eles se preparavam para as entrevistas pós-filme. A atriz Hope Holiday, membro da Academia, estava presente e atualizou em seu facebook:
“Ontem à noite foi tortura na Academia. O Lobo de Wall Street foi três horas de tortura. Mesma merda nojenta toda hora – depois do filme, tiveram uma discussão que muitos de nós não ficamos pra ver.”
“A porta do elevador se abriu e Leonardo DiCaprio e Martin Scorsese e alguns outros saíram. Então um roteirista correu até eles e começou a gritar: ‘Que vergonha. Nojento.’ (‘Shame on you’. Disgusting).”
A atriz Katarina Cas já desperta muitas coisas, inclusive a ira da 3ª idade (photo by http://www.elfilm.com)
As críticas teriam origem no conteúdo do filme, repleto de sexo e drogas. Se existia alguma chance de Oscar de Melhor Filme para O Lobo de Wall Street, agora não existe mais. Por outro lado, esse tipo de polêmica costuma alavancar as bilheterias do filme devido à curiosidade do público. Olha, os velhinhos e velhinhas que me perdoem, mas só essa cena da foto já me desperta a vontade de ver o filme.
Não se trata da primeira polêmica em relação aos filmes de Marty. Ele já enfrentou duras críticas com A Última Tentação de Cristo (1988), por motivos óbvios de religiosos xiitas, e pela suposta violência de Cassino (1995). Realmente existem cenas fortes como a da morte de dois personagens à pauladas e um enterrado vivo, mas trata-se do universo da história e não algo gratuito.
Indicado ao Oscar: Joaquin Phoenix em O Mestre (foto por BeyondHollywood.com)
Já a respeito dos filmes que vi em 2013, da temporada de premiações do começo do ano, gostei bastante de O Mestre, de Paul Thomas Anderson. Falaram muito sobre a crítica à Cientologia, mas procurei prestar mais atenção à linguagem que o diretor aplicou. Anderson sabe trabalhar com perfeição a união da fotografia com a direção de arte para criar um clima pertinente à história de mestre e pupilo. É curioso ver a relação dos dois personagens centrais através das atuações excepcionais de Joaquin Phoenix e Philip Seymour Hoffman, ambos indicados ao Oscar. Aliás, por mim, Phoenix teria levado o prêmio. Ele criou um personagem tão confuso, mas fisicamente forte e com energia tão pulsante que é difícil não se apegar. Ao lado da atuação contida de Hoffman, as performances geram um extremo contraste entre si. Só achei que a personagem de Amy Adams merecia mais tempo de tela.
Pôster original de Depois de Lúcia, de Michel Franco
Também recomendo o mexicano Depois de Lúcia, de Michel Franco. É uma bela análise da decadência do sistema educacional mexicano e do terceiro mundo. Apesar de ser apenas o segundo longa do diretor, ele conseguiu entregar um trabalho econômico na linguagem, mas rico em discussão. Assim como em seu filme de estréia, Daniel & Ana (2009), ele não abriu mão da violência para causar um choque no espectador, porém necessário à sua mensagem de alerta para os perigos do futuro dessa sociedade atual intolerante.
María Renée Prudencio, Lucio Gimenéz Cacho e Danae Reynaud formam um belo trio em Club Sándwich (photo by http://www.cine.gr)
Mas o melhor filme que vi foi Club Sándwich, de Fernando Eimbcke. Conferi essa produção mexicana na Mostra de Cinema de São Paulo porque já havia gostado de um trabalho anterior do diretor chamado Temporada de Patos (2004). Com uma linguagem muito simples e com personagens quase mudos, que lembram os filmes do diretor Kim Ki-duk, Club Sándwich é sobre uma mãe e filho pré-adolescente que se hospedam num clube vazio por ser fora de temporada. Lá, eles passam o tempo e fazem tudo juntos, até o surgimento de uma menina que desperta o interesse do filho, causando a inveja materna. O filme faturou o prêmio de Melhor Diretor no Festival Internacional de San Sebástian, na Espanha, mas infelizmente, não há previsão de estréia no Brasil.
Vencedor da Palma de Ouro e do prêmio do NYFCC, Azul é a Cor Mais Quente está fora da corrida pelo Oscar de Filme Estrangeiro. Porém a bela Adèle Exarchopoulos pode ser uma surpresa (photo by http://www.elfilm.com)
Também gostei do vencedor da Palma de Ouro, Azul é a Cor Mais Quente, de Abdellatif Kechiche. Baseado na história em quadrinhos de jovem Julie Maroh (ela tinha apenas 19 anos na época da publicação!), o filme acompanha o amadurecimento da jovem Adèle (Adèle Exarchopoulos) em relação à sua sexualidade. Nos cabelos azuis de Emma (Léa Seydoux), ela se encontra tão apaixonada que ousa desafiar sua família, amigos e sociedade a fim de consumar esse sentimento tão intenso. Considerado perfeccionista pelos atores com quem trabalhou, Kechiche sofreu algumas críticas das atrizes, especialmente em relação às cenas de sexo, que duraram cerca de 10 dias. Em resposta à postura de Seydoux, o diretor retrucou numa entrevista que a atriz cuspiu no prato, mas fez questão de colher os frutos do trabalho como as altas publicidades das capas de revistas de moda. Discussões à parte, Azul é a Cor Mais Quente é um dos melhores filmes de 2013 e mereceu o prêmio máximo de Cannes. Ainda pode vencer o Globo de Ouro, mas por desrespeito às regras da Academia, não pode concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Uma lástima e tanto.
Lili Taylor em cena de Invocação do Mal, de James Wan, representando uma nova onda de cinema de terror (photo by http://www.elfilm.com)
E não posso deixar de citar o terror Invocação do Mal. O filme em si poderia conter mais momentos de terror/susto, mas o diretor James Wan criou uma atmosfera tão perfeita de tensão, que fica difícil não incluí-lo na lista. Produto da escola do terror mais psicológico, o filme resgata cenas que exploram o invisível e o desconhecido, evitando também o desgaste dos efeitos gerados em computação gráfica. James Wan consegue agregar o terror moderno do estilo documental ao terror clássico mimeticamente pensado e planejado. Criador da série Jogos Mortais e dos filmes Sobrenatural (2010) e Sobrenatural: Capítulo 2 (2013), ele tem desfrutado do sucesso de público e de crítica, tanto que é considerado membro do “Splat Pack”, termo criado pelo historiador Alan Jones na revista Total Film para os diretores da onda moderna de filmes brutalmente violentos de terror. Outros membros incluem os diretores Alexandre Aja, Darren Lynn Bousman, Neil Marshall, Greg Mclean, Eli Roth, Leigh Whannell e Rob Zombie.
Kevin Costner como Jonathan Kent, servindo como base humanista para o protagonista e para o filme O Homem de Aço (photo by http://www.elfilm.com)
Quanto às decepções, a maior delas foi O Homem de Aço. Não que eu estivesse aguardando a melhor adaptação dos quadrinhos do Super-Homem, mas vi apenas uma tentativa de modernizar a saga do alienígena que se torna herói na Terra. Henry Cavill, Amy Adams, Laurence Fishburne, Russell Crowe e Michael Shannon não tiveram o carisma necessário para seus personagens ficarem interessantes. Os melhores atores com as melhores sequências foram dos pais de Clark, Jonathan e Martha Kent, intepretados por Kevin Costner e Diane Lane. Eles oferecem o fator humanista da história que torna esse universo mais palpável, mesmo para essa geração hi-tech de hoje. Às vezes soa saudosismo demais da minha parte, mas os filmes estrelados por Christopher Reeve ainda são melhores em tudo: direção, atores e, apesar dos defeitos técnicos da época, muito mais empolgante, e tinha um ar de ingenuidade que falta hoje.
Embora tenha gostado do resultado final de Além da Escuridão – Star Trek, confesso que esperei muito depois que vi o trailer em 3D no final do ano passado. Quero dizer, a sequência dirigida por J.J. Abrams é impecavelmente bem realizada, mas essas tramas mirabolantes de vilão mega-gênio e anárquico que tem tudo planejado, inclusive de se deixar prender pelos mocinhos, já tá saturado depois que o Coringa fez o mesmo em Batman – O Cavaleiro das Trevas (2008).
Para aqueles que gostam de acompanhar as premiações, eis o calendário para 2014:
08/01: Indicações ao BAFTA
12/01: Globo de Ouro 2014
16/01: Indicações ao Oscar 2014
16/01: Critics’ Choice Awards 2014
18/01: SAG (Screen Actors Guild) Awards 2014
19/01: PGA (Producers Guild) Awards 2014
25/01: DGA (Directors Guild) Awards 2014
01/02: WGA (Writers Guild) Awards 2014
16/02: BAFTA Awards 2014
01/03: Independent Spirit Awards 2014
02/03: Oscar 2014
Vale lembrar que a hostess do Oscar será pela segunda vez a apresentadora, atriz e comediante Ellen DeGeneres. Enquanto a cerimônia não chega, confira o trailer promocional do Oscar:
Desejo a todos Feliz Natal e um 2014 repleto de bons filmes e menos espectadores atendendo celular nas salas!
Pôster oficial do Oscar 2013 no tradicional preto e dourado (art by oscars.org)
O Oscar 2013 pode entrar para a História. Como todos sabem, o mais importante prêmio da indústria cinematográfica tem sido cada vez mais tachado de previsível. Criado no final dos anos 20, o Oscar foi o primeiro a reconhecer talentos da Sétima Arte, criando uma competição saudável como pretexto para atrair mais público e novos artistas. No entanto, novos prêmios foram criados na década de 40 como o Globo de Ouro, concedido pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, e o BAFTA, outorgado pela Academia Britânica de Filmes e TV, acabando com o reinado supremo do Oscar.
Cientes da importância da estatueta da Academia, os prêmios criados posteriormente foram praticamente obrigados a divulgarem seus resultados antes, pois corriam sério risco de ficarem obsoletos. No cenário atual, como existem incontáveis prêmios e todos se apertam no calendário entre os meses de janeiro e fevereiro, quando chega a vez do Oscar, os vencedores já se tornaram previsíveis. Esse panorama claramente prejudicava o interesse do público em relação ao Oscar, fazendo com que os organizadores da Academia resolvessem adotar uma nova estratégia a partir deste ano.
Primeiramente, adeus aos votos impressos em papel. Além de ser ecologicamente melhor aceito e eliminar custos de envio, a votação por meio da internet possibilitaria adiantar a cerimônia do Oscar para mais cedo. Seguindo essa estratégia, conseguiram adiantar em três dias o anúncio dos indicações em relação à entrega dos Globos de Ouro, que era visto como parâmetro na escolha dos indicados. Se formos pensar em surpresa como objetivo, pode-se afirmar que o plano da Academia funcionou, pois além do vencedor do Globo de Ouro de direção Ben Affleck sequer ter sido indicado, apenas 14 dos 20 atores nomeados do SAG Awards (Screen Actors Guild) e apenas 2 dos 5 indicados ao DGA Awards (Directors Guild) passaram para a lista final do Oscar, contrariando as médias de 18 e 4 respectivamente.
Está vendo esses felizes funcionários? Estão todos no olho da rua (photo by npr.org)
Por outro lado, a ausência de alguns nomes consagrados de 2012 causaram enorme estardalhaço na mídia e entre cinéfilos revoltados ao redor do mundo. No topo, o fato de Ben Affleck ter ficado de fora da competição de diretores foi considerado um erro gritante. Alguns especialistas tentaram justificar sua exclusão por considerarem Affleck ainda muito imaturo para o cargo (Argo é seu terceiro filme na direção), já outros mais radicais acreditam que a ala conservadora da Academia estaria aplicando um castigo por erros passados como ator, especialmente em 2003 pelos fracassos de Demolidor – O Homem Sem Medo e Conduta de Risco. Por mais que a primeira dedução seja a mais plausível, o que dizer então da indicação do estreante Benh Zeitlin, de Indomável Sonhadora? Incoerência?
Ben Affleck dirigindo cena de Argo (photo by BeyondHollywood.com)
A categoria de direção foi o grande alvo de controvérsias. Havia três diretores praticamente garantidos na corrida: Kathryn Bigelow (A Hora Mais Escura), Tom Hooper (Os Miseráveis) e Affleck por terem sido indicados ao DGA (Directors Guild of America, o melhor parâmetro do Oscar, com apenas seis divergências de vencedor desde 1949), mas foram ignorados e substituídos por nomes menos comentados e premiados: David O. Russell (O Lado Bom da Vida), Michael Haneke (Amor) e Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora). Assim como Ben Affleck, seu filme Argo também conquistou inúmeros prêmios da temporada, inclusive o PGA (Producers Guild of America), mas com a exclusão de seu diretor, as chances de vitória como Melhor Filme reduziram drasticamente, uma vez que a última produção a vencer o Oscar sem ter seu diretor indicado foi há 23 anos, quando Conduzindo Miss Daisy ganhou.
Nesse cenário polêmico, estariam os organizadores da Academia satisfeitos ou completamente arrependidos? Se realmente buscavam agitar os resultados e se desprenderem dos demais prêmios, a estratégia funcionou tão bem que pode se repetir nos anos seguintes, especialmente se esse burburinho refletir na audiência da cerimônia na TV, no dia 24 de fevereiro.
Particularmente, acredito que parte dos votantes da Academia vão tentar compensar essa mancada e eleger Argo como Melhor Filme, ainda mais que Ben Affleck receberia seu Oscar, mas como produtor do longa ao lado de George Clooney e Grant Heslov. Mas para isso acontecer, o filme precisa ganhar pelo menos mais dois prêmios, pois o último Melhor Filme com dois Oscars foi O Maior Espetáculo da Terra, de 1952. Montagem e Roteiro Adaptado são as melhores possibilidades para Argo.
Depois de se encantar com a história do rei britânico gago de O Discurso do Rei e de um ator fadado ao fracasso da era muda de Hollywood em O Artista, o Oscar volta a centrar suas atenções às sagas políticas americanas. Liderando com 12 indicações, o drama histórico sobre o presidente que aboliu a escravidão de Lincoln, junta-se ao resgate dos diplomatas americanos no Irã em 1980 de Argo e a busca por vingança pelos ataques terroristas do 11 de setembro de A Hora Mais Escura. Tematicamente, temos ligeira vantagem para Argo por mostrar Hollywood salvando vidas.
A Hora Mais Escura retrata a incansável caça ao líder terrorista Bin Laden (photo by BeyondHollywood.com)
Além do aspecto da votação eletrônica inédita e da mudança de calendário, este Oscar 2013 apresenta dois novos recordes curiosamente na mesma categoria: Melhor Atriz. Enquanto a francesa Emmanuelle Riva (Amor) se torna a mais velha indicada aos 85 anos, a americana estreante Quvenzhané Wallis (Indomável Sonhadora) se torna a mais jovem aos 9.
Vale ressaltar a força do lobby da distribuidora Weinstein Company. Seu fundador, Harvey Weinstein, que já liderou a Miramax, foi responsável por vitórias recentes do Oscar de Melhor Filme: Chicago (2002), Onde os Fracos Não Têm Vez (2007), O Discurso do Rei (2010) e O Artista (2011), sem contar com o escandaloso ano em que Shakespeare Apaixonado bateu o favorito O Resgate do Soldado Ryan, e Roberto Benigni levou Melhor Ator por A Vida é Bela.
O produtor Thomas Langmann beija Harvey Weinstein por ter feito impecável lobby na vitória de O Artista no Oscar: Filme, Diretor, Ator, Trilha Musical Original e Figurino (photo by Getty Images in http://blogs.forward.com/)
Este ano, a Weinstein Company soma 17 indicações através de O Lado Bom da Vida, Django Livre, O Mestre e o norueguês Expedição Kon-Tiki. Seu lobby funcionou tão bem para a comédia O Lado Bom da Vida, que catapultou a produção como uma das favoritas ao lado de Argo e Lincoln, podendo surpreender nas categorias de direção e ator coadjuvante.
Em relação à cerimônia em si, esta será a primeira vez de Seth MacFarlane como host. Criador da série animada Uma Família da Pesada e American Dad!, ele enfrentará um grande desafio na carreira de qualquer comediante: apresentar um evento ao vivo transmitido para vários países. Sua escolha foi considerada uma surpresa, pois não tem experiência nesse tipo de programa (talvez sua maior tenha sido o Saturday Night Live pela rede de TV americana) e sua marca registrada, a boca suja, não teria lugar no comedido Oscar. Apesar de torcer por MacFarlane, existe a forte possibilidade de frustrar seu público fiel por motivos de censura e, ao mesmo tempo, não ter o tipo de humor que a platéia da cerimônia espera. Vale lembrar que o comediante pode subir ao palco também para receber o Oscar de Melhor Canção Original por “Everybody Needs a Best Friend” de Ted, interpretada por Norah Jones.
Seth MacFarlane em foto promocional do Oscar 2013. Ele também concorre em Melhor Canção Original (photo by filmequals.com)
Apesar de favoritismos e zebras, as apostas para o Oscar costumam criar momentos imprevisíveis, mas que vençam os melhores!
MELHOR FILME
Indicados:
– Amor (Amour)
– Argo (Argo)
– As Aventuras de Pi (Life of Pi)
– Django Livre (Django Unchained)
– A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty)
– Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild)
– O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook)
– Lincoln (Lincoln)
– Os Miseráveis (Les Misérables)
DEVE GANHAR:Argo DEVERIA GANHAR:A Hora Mais Escura ZEBRA:Amor
INJUSTIÇADOS:O Mestre e Moonrise Kingdom
Argo, de Ben Affleck
Amor
5 indicações: Filme, Diretor, Atriz (Emmanuelle Riva), Roteiro Original e Filme Estrangeiro
Amor, de Michael Haneke
Desde que venceu a Palma de Ouro em Cannes, Amor, uma co-produção entre França, Alemanha e Áustria, foi conquistando toda uma legião de críticos internacionais e acabou surpreendendo ao receber cinco indicações ao Oscar, inclusive para Filme e Diretor. O filme acompanha o casal de professores de música octagenários, cujos laços são postos à prova quando a mulher sofre um derrame. Trata-se de um belo porém doloroso retrato do amor no fim da vida. A veterana Emmanuelle Riva recebeu sua primeira indicação, tornando-se a atriz mais velha a concorrer aos 85 anos, porém a melhor aposta seria como Melhor Filme Estrangeiro por também disputar como Melhor Filme.
Argo
7 indicações: Filme, Ator Coadjuvante (Alan Arkin), Roteiro Adaptado, Montagem, Trilha Musical Original, Som e Efeitos Sonoros
Argo, de Ben Affleck
O terceiro longa dirigido pelo ator Ben Affleck se beneficiou da escolha de uma ótima história verídica. Quando seis diplomatas americanos ficam presos no Irã em plena revolução, um agente da CIA bola um plano que envolve a criação de um filme hollywoodiano falso para resgatá-los como uma equipe de filmagem. A grande credibilidade do trabalho de direção de Ben Affleck é a passagem imperceptível de gêneros. Começamos com um filme político, passando por uma comédia satírica, terminando com um thriller. Argo recebeu todos os prêmios possíveis da indústria cinematográfica: Globo de Ouro, SAG (Screen Actors Guild), PGA (Producers Guild), DGA (Directors Guild) e o BAFTA. Contudo, a Academia resolveu deixar Affleck de lado na categoria de direção, o que comprometeria suas chances como Melhor Filme, afinal, a última produção premiada sem ter seu diretor sequer indicado foi Conduzindo Miss Daisy em 1990.
As Aventuras de Pi
11 indicações: Filme, Diretor, Roteiro Adaptado, Fotografia, Montagem, Direção de Arte, Trilha Musical Original, Canção Original, Som, Efeitos Visuais e Efeitos Sonoros
As Aventuras de Pi, de Ang Lee
A adaptação do livro de Yann Martel era considerada “infilmável” por muitos realizadores, mas felizmente, o diretor Ang Lee adora um bom desafio. As Aventuras de Pi narra a história de um rapaz indiano que perde toda sua família num naufrágio e se vê obrigado a dividir o bote salva-vidas com um tigre de bengala chamado Richard Parker. Visualmente, Ang Lee entrega um filme muito bonito, que se apoia em efeitos de computação gráfica imperceptíveis. E procura se aprofundar em questões filosóficas aproveitando-se de que o protagonista segue três religiões: hinduísta, católica e muçulmana. Contudo, o filme suaviza a importância da religião em relação à obra original de Martel, provavelmente, visando uma censura bem mais light: PG (a partir de 10 anos). Embora não tenha estatísticas de favorito, o filme conseguiu 11 indicações, ficando atrás apenas de Lincoln. A produção deve faturar alguns prêmios técnicos como Efeitos Visuais.
Ao lado de A Hora Mais Escura, Django Livre é um dos filmes mais comentados pelas polêmicas. O cineasta Spike Lee, muito conhecido por realizar filmes com tema ético e étnico, criticou diretamente Quentin Tarantino por usar o “termo racista” nigger (crioulo), o que estaria desrespeitando seus antepassados de escravos provindos do continente africano. O mais inacreditável dessa crítica é que Spike Lee nem se deu ao trabalho de ver Django Livre! Como fazer um filme sobre esse período sem utilizar o “termo racista” utilizado pelos senhores para se referirem a seus escravos? A sociedade americana atual, mergulhada no sistema politicamente correto, ignora o fato de que cinema de ficção não precisa se apoiar em valores éticos e na veracidade dos fatos históricos. Se nem alguns documentários ficam presos a essa meta, por que deveriam as ficções? Além disso, Django Livre repete o mesmo feito de Bastardos Inglórios, ao dar uma chance às vítimas do passado se vingarem de seus carrascos. Porém, quando se tratam de judeus castigando os nazistas, aí não tem problema nenhum. Falta de critério também pesa nessa polêmica. Infelizmente, Quentin Tarantino também não foi indicado como Melhor Diretor, mas tem boas chances como Melhor Roteiro Original.
A Hora Mais Escura
5 indicações: Filme, Roteiro Original, Montagem, Som e Efeitos Sonoros
A Hora Mais Escura, de Kathryn Bigelow
O novo filme de Kathryn Bigelow sobre a caça a Bin Laden começou bem a temporada de premiações, vencendo o National Board of Review e o New York Film Critics Circle, mas então começou a controvérsia da tortura. Um membro da Academia chamado David Clennon alegou em carta aberta que não votaria no filme porque faz apologia à tortura, em seguida, foi a vez dos senadores John McCain e Dianne Feinstein apoiarem a mesma causa. Com receio de que esses boatos pudessem acarretar em desentendimentos e processos, Bigelow e o roteirista Mark Boal contestaram pela mídia, sustentando que a tortura fez parte da busca e que não poderia ser ignorada no filme. O documentarista Michael Moore defendeu o filme ao dizer que causa justamente o efeito contrário: “faz você odiar a tortura”. Toda essa controvérsia talvez tenha explicação: o acesso exclusivo e “supostamente proibido” aos arquivos da operação da CIA da caça a Bin Laden revoltou o partido Republicano, que também acreditava em conspiração devido a estréia do filme coincidir com as eleições americanas em novembro, servindo como propaganda dos adversários Democratas. Por causa dessa briga, o lançamento teve de ser adiado para dezembro. Definitivamente, A Hora Mais Escura não é para o público comum, porque cuida de verdades que não são fáceis de digerir, especialmente para americanos republicanos e patriotas. Obviamente, a tortura aplicada por autoridades americanas foi varrida para debaixo do tapete, afinal qual governo se orgulharia disso? E como a Academia costuma fugir de polêmicas (lembrando aqui o apelativo Crash – No Limite batendo o franco-favorito O Segredo de Brokeback Mountain sobre cowboys homossexuais), A Hora Mais Escura deve permanecer no escuro.
Indomável Sonhadora
4 indicações: Filme, Diretor, Atriz (Quvenzhané Wallis) e Roteiro Adaptado
Indomável Sonhadora, de Benh Zeitlin
Que trajetória fenomenal de Indomável Sonhadora! Um filme com baixíssimo orçamento, mesmo para uma produção independente, conquista o prêmio máximo do Festival de Sundance e o Camera d’Or (reconhecimento técnico de Cannes) e termina com quatro indicações ao Oscar. Para criar o universo de seu filme, o jovem diretor Benh Zeitlin tomou a cidade de New Orleans como cenário depois que o furacão Katrina devastou o local. A pequena Quvenzhané Wallis, descoberta entre mais de quatro mil candidatas, dá vida à protagonista Hushpuppy como uma força da natureza. Coerente com a humildade do projeto, escalaram Dwight Henry para interpretar seu pai Wink. Ele fora descoberto por ser dono de uma padaria próxima às locações, entretanto, como não tinha nenhuma ambição em atuar, só aceitou depois que o diretor se comprometeu a realizar os ensaios nos horários de madrugada enquanto fazia os pães. Indomável Sonhadora explora a imaginação fértil de uma criança para encarar a dura realidade e a ausência da mãe. Embora seja muito nova, Wallis pode ser uma grande surpresa se os votos se dividirem na categoria.
Após o sucesso de crítica de O Vencedor (2010), David O. Russell decidiu adaptar o livro homônimo de Matthew Quick na tentativa de mostrar a seu filho, que sofre de transtorno bipolar como o protagonista Pat, que a doença não o torna menos humano. Muito semelhante à estrutura de uma comédia romântica, a história chega a ser igualmente previsível, mas a direção leve de Russell guia tão bem seus atores que a trama quase fica irrelevante. Para isso, começou usando outro de seus dons: escalar bem seu elenco. Apostou em Bradley Cooper para viver o personagem bipolar, Jennifer Lawrence para a viúva Tiffany, e resgatou Robert De Niro de sua zona de conforto. Com o poder do lobby da distribuidora Weinstein Company, o filme pode surpreender bastante, minando as chances de Lincoln e Argo. Vencedora do SAG, Jennifer Lawrence é a franco-favorita por sua versatilidade aos 22 anos.
Lincoln
12 indicações: Filme, Diretor, Ator (Daniel Day-Lewis), Ator Coadjuvante (Tommy Lee Jones), Atriz Coadjuvante (Sally Field), Roteiro Adaptado, Fotografia, Montagem, Direção de Arte, Figurino, Trilha Musical Original e Som
Lincoln, de Steven Spielberg
Lincoln é uma aula de História americana, mas lecionada por um professor com pouca didática. Apesar de bem escrito, o roteiro de Tony Kushner presume que seu público conheça o histórico de todos os personagens e a importância de cada um na votação da 13ª emenda contra a escravidão. Spielberg também peca por levar o assunto de forma extremamente séria (apenas o personagem de Tommy Lee Jones consegue extrair um pouco de humor) e limitar o filme tecnicamente a planos e contra-planos infindáveis de diálogos. O trabalho de direção de Spielberg ficou pesado, faltando equilíbrio para relatar esse importante momento da História e, por isso, seu terceiro Oscar talvez fique para uma próxima oportunidade. Para quem gosta e conhece a filmografia do diretor, sofre sério risco de desapontamento. Provavelmente, a melhor e única chance esteja nas mãos do ator Daniel Day-Lewis que, como sempre, impressiona por viver a figura imponente do político Abraham Lincoln. Se ganhar, será o terceiro Oscar do ator e a primeira atuação oscarizada sob direção de Spielberg.
Os Miseráveis
8 indicações: Filme, Ator (Hugh Jackman), Atriz Coadjuvante (Anne Hathaway), Direção de Arte, Figurino, Maquiagem, Canção Original e Som
Os Miseráveis, de Tom Hooper
O romance de Victor Hugo é um clássico da Literatura. E as adaptações musicais vem conquistando o público desde os anos 80. Mas apesar de todo esse sucesso, essa adaptação ficou muito aquém do esperado. Só o fato do filme ser um musical não significa que todo e qualquer diálogo deva ser musicado. O tão importante elemento da música deveria elevar a cena, mas acaba se tornando num mero artifício banal utilizado à exaustão. Muito popular nos anos 50 e 60, o gênero musical ficou ultrapassado nas décadas seguintes, contudo, com a coragem de alguns cineastas como Baz Luhrmann, Lars von Trier e Rob Marshall, voltou a encantar platéias no início dos anos 2000. Felizmente, o filme de Tom Hooper tem Victor Hugo e as canções clássicas por trás, caso contrário, poderia ser um fracasso gritante. Do elenco, Hugh Jackman (Jean Valjean), Samantha Barks (Eponine), Daniel Huttlestone (Gavroche) e claro, Anne Hathaway (Fantine) se destacam através de suas cordas vocais. Hathaway cantou “I Dreamed a Dream” com o coração na mão e deve levar seu primeiro Oscar.
MELHOR DIRETOR
Indicados:
– Michael Haneke (Amor)
– Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora)
– Ang Lee (As Aventuras de Pi)
– Steven Spielberg (Lincoln)
– David O. Russell (O Lado Bom da Vida)
DEVE GANHAR: David O. Russell (O Lado Bom da Vida) DEVERIA GANHAR: Ang Lee (As Aventuras de Pi) ZEBRA: Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora)
INJUSTIÇADOS: Ben Affleck (Argo) e Kathryn Bigelow (A Hora Mais Escura)
David O. Russell (centro) dirige a cena de O Lado Bom da Vida na lanchonete (photo by indiewire.com)
Este ano, a categoria de Direção foi a mais discutida desde que foram anunciadas as indicações. Dois dos diretores mais premiados da temporada sequer figuraram na lista: Ben Affleck (Argo) e Kathryn Bigelow (A Hora Mais Escura). Ambos foram indicados pelo Directors Guild of America (Affleck ganhou), mas foram substituídos por Michael Haneke (Amor) e Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora).
Com suas exclusões dos favoritos, tudo indica que há uma espécie de complô para o terceiro Oscar para Spielberg. No papel, o retorno à glória do diretor soa muito bem, especialmente por se tratar de um filme sobre um dos presidentes mais queridos dos EUA, mas para quem viu Lincoln, sabe que não se trata de um dos seus melhores trabalhos. Temos uma série de discursos, reuniões e audiências em fóruns, mas sem o brilho de um Sidney Lumet de 12 Homens e uma Sentença, tanto que Spielberg sequer foi indicado ao BAFTA, prêmio da Academia Britânica. E como ele já tem dois Oscars na carreira (por A Lista de Schindler e O Resgate do Soldado Ryan), David O. Russell passa a ganhar força na campanha em sua segunda indicação.
Em O Lado Bom da Vida, ele consegue extrair boa atuação de Bradley Cooper, acredita na jovem Jennifer Lawrence para viver uma viúva, resgata um pouco do talento esquecido de Robert De Niro e explora o pouco tempo de tela de Jacki Weaver, tornando-se o primeiro filme depois de Reds (1981), de Warren Beatty, a ter seus atores indicados em todas as categorias de atuação. Seu filme anterior, O Vencedor, rendeu dois Oscars para Christian Bale e Melissa Leo, ambos coadjuvantes.
Com as ausências de Affleck e Bigelow, alguns especialistas não descartam um improvável triunfo do taiwanês Ang Lee. Primeiro diretor asiático a vencer o Oscar de direção por O Segredo de Brokeback Mountain, Lee também tem em seu currículo laureado um Urso de Ouro, dois Leões de Ouro, dois DGAs e dois Globos de Ouro. Tem como uma das grandes qualidades a versatilidade de temas: culinária, história em quadrinhos, kung fu, espionagem, western, Woodstock, famílias suburbanas entre outros. Seu grande mérito aqui é concretizar um projeto difícil que foi recusado por M. Night Shyamalan, Alfonso Cuarón e Jean-Pierre Jeunet, criando um visual arrebatador.
MELHOR ATOR
Indicados:
– Bradley Cooper (O Lado Bom da Vida)
– Daniel Day-Lewis (Lincoln)
– Hugh Jackman (Os Miseráveis)
– Joaquin Phoenix (O Mestre)
– Denzel Washington (O Vôo)
DEVE GANHAR: Daniel Day-Lewis (Lincoln) DEVERIA GANHAR: Joaquin Phoenix (O Mestre) ZEBRA: Bradley Cooper (O Lado Bom da Vida)
INJUSTIÇADOS: John Hawkes (As Sessões) e Denis Lavant (Holy Motors)
Daniel Day-Lewis em Lincoln (photo by theartsdesk.com)
95% da população cinéfila deve votar em Daniel Day-Lewis, afinal, é um dos melhores atores de sua geração e venceu o SAG por incorporar o presidente Abraham Lincoln num momento crucial da História americana. Seus métodos de interpretação são tão profundos e rigorosos que ele permanece no personagem entre um take e outro. No set de Lincoln, era chamado de “Mr. President”. Quais as chances de ele não ganhar?
Bem, se Day-Lewis confirmar seu favoritismo, este será seu terceiro Oscar de Melhor Ator (principal). E NENHUM ator conseguiu tamanha proeza. Só para citar profissionais mais recentes: Tom Hanks, Jack Nicholson e Sean Penn têm dois. E para a Academia quebrar um novo recorde, seria necessário um milagre.
O único que pode realmente derrubar o favoritismo de Daniel Day-Lewis é Joaquin Phoenix. Sim, o mesmo ator que anunciara aposentadoria em 2008 para se tornar um rapper! Felizmente, mudou de idéia e construiu esse ótimo personagem veterano de guerra, alcóolatra e de comportamento explosivo de O Mestre. Sua performance impressiona pelo esforço físico e uma sensação de completa desordem, fazendo com que seja o oposto necessário para contrabalancear a serenidade do líder da Cientologia, vivido por Philip Seymour Hoffman. Sua vitória seria uma grata surpresa, ainda mais porque Phoenix teve um momento de rebeldia à la Marlon Brando e George C. Scott ao dizer para a mídia: “O Oscar é uma besteira. Nunca mais quero passar por aquela experiência de novo”. A tática já funcionou antes: tanto Brando como Scott ganharam o Oscar sem marcarem presença na cerimônia.
Apesar da competição estar acirrada, John Hawkes poderia ser um dos indicados. Ele interpreta um homem com seus dias contados e que busca perder sua virgindade com uma terapeuta do sexo (Helen Hunt) em As Sessões. Praticamente se valendo apenas das expressões faciais, ele consegue demonstrar extrema fragilidade física, inclusive pela voz mais quebradiça. Infelizmente, os votantes da ala conservadora da Academia não apoiaram o sexo casual que o filme levanta, assim como a cota de atores franceses ser superior a um (Emmanuelle Riva), pois Denis Lavant merecia reconhecimento pelo ótimo Holy Motors. No filme de Leos Carax, que esteve presente em Cannes, ele interpreta nada menos que onze personagens diferentes em situações que beiram o absurdo, mas com muita propriedade e criatividade.
MELHOR ATRIZ
Indicadas:
– Jessica Chastain (A Hora Mais Escura)
– Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida)
– Emmanuelle Riva (Amor)
– Quvenzhané Wallis (Indomável Sonhadora)
– Naomi Watts (O Impossível)
DEVE GANHAR: Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida) DEVERIA GANHAR: Jessica Chastain (A Hora Mais Escura) ZEBRA: Naomi Watts (O Impossível)
INJUSTIÇADA: Marion Cottilard (Ferrugem e Osso)
Jennifer Lawrence em O Lado Bom da Vida (photo by CineMagia.ro)
Nesta categoria, temos duas atrizes americanas em extrema ascensão. Jennifer Lawrence ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz – Musical ou Comédia e o SAG Award, enquanto Jessica Chastain levou o Globo de Ouro de Melhor Atriz – Drama. Ambas estão em sua segunda indicação ao Oscar e têm grandes chances de vitória. Porém Lawrence tem ligeira vantagem por seu papel em O Lado Bom da Vida ser bem cativante. Tiffany, a personagem que ela defende, tem forte personalidade e ganha ares excêntricos por seu passado recente com medicamentos de depressão por causa da morte do marido. Provavelmente, a maioria dos diretores não conseguiriam enxergar a jovem atriz como uma viúva, mas ela convence com bastante naturalidade. Além disso, Jennifer Lawrence estrela a nova franquia de sucesso Jogos Vorazes, tornando-se uma figura muito querida pela indústria e fãs da série.
Justamente o oposto, Jessica Chastain interpreta uma personagem cujas emoções precisam ser escondidas por ser uma agente de operações da CIA em A Hora Mais Escura. Sua personagem Maya sente-se predestinada a encontrar Bin Laden nos mais de 10 anos de busca incansável, o que lhe traz muito sofrimento ao testemunhar sessões de tortura e muita solidão por excesso de trabalho. Esse papel poderia ser facilmente masculinizado, mas Chastain consegue dar um toque de feminilidade sem perder a compostura da agente.
Com tamanha competitividade, os votos podem se dividir, permitindo que uma terceira candidata chegue atropelando. Esta poderia ser a atriz mais velha a ser indicada, a veterana francesa Emmanuelle Riva (Amor), seguida de perto pela mais jovem, a pequena Quvenzhané Wallis (Indomável Sonhadora). Recentemente, Riva ganhou o prêmio BAFTA, enquanto Wallis recebeu incontáveis prêmios de Revelação, podendo ser o único Oscar do filme independente.
Com a presença de Emmanuelle Riva na categoria, a conterrânea Marion Cottilard perdeu espaço. Sua performance dramática em Ferrugem e Osso vinha sendo bem recebida desde Cannes, mas preferiram a fraca atuação de Naomi Watts em O Impossível.
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Indicados:
– Alan Arkin (Argo)
– Robert De Niro (O Lado Bom da Vida)
– Philip Seymour Hoffman (O Mestre)
– Tommy Lee Jones (Lincoln)
– Christoph Waltz (Django Livre)
DEVE GANHAR: Robert De Niro (O Lado Bom da Vida) DEVERIA GANHAR: Christoph Waltz (Django Livre) ZEBRA: Alan Arkin (Argo)
INJUSTIÇADO: Samuel L. Jackson (Django Livre)
Robert De Niro (centro) em O Lado Bom da Vida (photo by CineMagia.ro)
Fato número 1: Todos os cinco indicados desta categoria já ganharam o Oscar anteriormente. Nesse sentido, o ator que mais leva desvantagem é o austríaco Christoph Waltz (Django Livre), pois vencera há três anos por Bastardos Inglórios. E, discordem ou não, apesar de sua performance ser excelente, lembra o jeito culto e a excelente dicção do Coronel Hans Landa. Waltz levou o Globo de Ouro em janeiro, mas foi Tommy Lee Jones quem levou o SAG por Lincoln. Seu personagem serve como ótimo alívio cômico para os 160 minutos de pura politicagem burocrática do filme de Steven Spielberg.
Contudo, como Hollywood adora resgatar grandes nomes do passado e Robert De Niro não recebe uma indicação há 20 anos, ele pode se tornar a grande surpresa da noite. Em O Lado Bom da Vida, ele interpreta Pat Sr., que é viciado em jogos, prende-se demais às superstições e se arrepende por ter deixado seu filho mais novo de lado. Existe uma cena, que deve passar como clipe de sua atuação, em que seu personagem chora umas lágrimas de forma tímida. E isso deve bastar para a Academia lhe conceder seu terceiro Oscar (coadjuvante por O Poderoso Chefão – Parte II em 1975, e ator por Touro Indomável em 1981) a fim de incentivá-lo a buscar projetos mais ambiciosos como ator. Por muito tempo, De Niro ficou preso e limitado a caricaturas de si mesmo como na trilogia Entrando Numa Fria. Vale lembrar que a categoria costuma render prêmios para atores consagrados como James Coburn, Michael Caine e Christopher Plummer.
Se não vivêssemos em tempos tão politicamente corretos, Samuel L. Jackson estaria indicado por Django Livre e com as melhores chances de ganhar, mas seu personagem é um negro extremamente racista com os demais negros na era escravista dos EUA. Talvez seja sua melhor interpretação da carreira, mas as questões “éticas” atrapalharam sua campanha para o Oscar.
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Indicadas:
– Amy Adams (O Mestre)
– Sally Field (Lincoln)
– Anne Hathaway (Os Miseráveis)
– Helen Hunt (As Sessões)
– Jacki Weaver (O Lado Bom da Vida)
DEVE GANHAR: Anne Hathaway (Os Miseráveis) DEVERIA GANHAR: Anne Hathaway (Os Miseráveis) ZEBRA: Helen Hunt (As Sessões)
INJUSTIÇADA: Ann Dowd (Compliance)
Anne Hathaway em Os Miseráveis (photo by BeyondHollywood.com)
Logo depois que as indicações foram anunciadas, parecia que o duelo final seria entre Anne Hathaway e Sally Field. Mas Hathaway se tornou uma unanimidade na temporada: vencedora do Globo de Ouro, SAG e BAFTA. Mesmo com pouco tempo de tela, sua performance como Fantine praticamente se resume à cena em que canta aos prantos “I Dreamed a Dream”, conseguindo comover o público.
Além de demonstrar talento através de suas cordas vocais, Anne Hathaway perdeu mais de dez quilos para o papel. Sem contar que cortaram seu cabelo em cena, pois sua personagem vende seu cabelo. Tamanho esforço para um papel menor que valorizou bastante sua participação deve lhe render uma estatueta do Oscar. Outro fator curioso que colabora para sua vitória é que sua mãe interpretou a mesma Fantine no musical da Broadway.
E o retorno de Helen Hunt pode ser interpretado como uma segunda chance na carreira. Depois de ganhar como Melhor Atriz em 1998 por Melhor é Impossível, nunca mais escolheu projetos que pudessem mantê-la em destaque. Em As Sessões, ela interpreta uma terapeuta do sexo e aparece nua, coragem que pode já ter sido recompensada pela indicação, mas que pode ter maquiado a real intenção da Academia de desfazer outra maldição do Oscar.
Uma reclamação muito pertinente neste Oscar é a falta de atores mais desconhecidos. Tradicionalmente, a Academia “planta” um candidato que não esteve presente nas listas das demais premiações como a própria Jacki Weaver em 2011. Este ano, essa vaga poderia ter sido preenchida por Ann Dowd por sua ótima performance no independente Compliance, no qual faz uma gerente de fast-food que se vê obrigada a interrogar uma de suas funcionárias devido a uma denúncia anônima.
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Indicados:
– Michael Haneke (Amor)
– Quentin Tarantino (Django Livre)
– John Gatlins (O Vôo)
– Wes Anderson, Roman Coppola (Moonrise Kingdom)
– Mark Boal (A Hora Mais Escura)
DEVE GANHAR: Quentin Tarantino (Django Livre) DEVERIA GANHAR: Mark Boal (A Hora Mais Escura) ZEBRA: Wes Anderson e Roman Coppola (Moonrise Kingdom)
INJUSTIÇADO: Rian Johnson (Looper: Assassinos do Futuro)
Quentin Tarantino no set de Django Livre (photo by filmstage.com)
Embora tenha sido alvo dos comentários de preconceito racial do diretor Spike Lee, o roteiro de Quentin Tarantino consegue extrair excelente humor negro (sem trocadilhos) da época escravista dos EUA como a sequência hilária da Ku Klux Klan. Como de costume, seus personagens possuem diálogos memoráveis e em situações inusitadas. Como tem poucas chances de levar Melhor Filme, Tarantino deve levar o Oscar de Roteiro Original, o segundo de sua carreira.
Trancado a sete chaves, o roteiro de A Hora Mais Escura sofreu alterações drásticas, pois o objetivo inicial era questionar o sumiço do líder terrorista Bin Laden, mas depois que ele foi encontrado e eliminado, o roteirista Mark Boal reescreveu praticamente outro filme com novos questionamentos. Valendo-se também de consulta dos arquivos secretos da CIA sobre a operação, o filme sofreu duras críticas de americanos politicamente corretos por expôr a tortura para conseguir pistas sobre o paradeiro de Bin Laden. Como a Academia evita esse tipo de polêmica mais dura e Mark Boal ganhou recentemente por Guerra ao Terror, suas chances caem um pouco.
Infelizmente, o romance Moonrise Kingdom ficou limitado a essa única categoria. Poderia ter sido reconhecido também em Direção de Arte, Figurino, Trilha Musical, Montagem e Filme. Porém o filme tem grandes chances no Independent Spirit Awards, que premia filmes independentes. E embora o roteiro de Looper: Assassinos do Futuro tenha vencido o National Board of Review, o gênero de ficção científica que envolve viagens no tempo não costuma ser unanimidade nesta categoria.
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Indicados:
– Chris Terrio (Argo)
– Benh Zeitlin, Lucy Alibar (Indomável Sonhadora)
– David Magee (As Aventuras de Pi)
– Tony Kushner (Lincoln)
– David O. Russell (O Lado Bom da Vida)
DEVE GANHAR: Chris Terrio (Argo) DEVERIA GANHAR: Chris Terrio (Argo) ZEBRA: David Magee (As Aventuras de Pi)
INJUSTIÇADO: Stephen Chbosky (As Vantagens de ser Invisível)
Chris Terrio em lançamento de Argo (photo by zimbio.com)
Como a briga de Roteiro Adaptado inclui os principais concorrentes do Oscar, o vencedor daqui pode definir o Melhor Filme do ano. À princípio, o dramaturgo Tony Kushner levaria vantagem por concorrer pelo drama histórico Lincoln e ser um prestigioso vencedor do prêmio Pulitzer pela peça Angels in America que foi adaptada para a TV em 2003, afinal o Oscar premiaria um consagrado autor. Contudo, nessa reta final, um democrata americano expôs um erro histórico em seu roteiro. No filme, dois representantes de seu Estado, Connecticut, votam contra a abolição da escravidão em 1865, sendo que foram à favor da emenda. Apesar de Kushner admitir o erro e pedir desculpas publicamente, esse erro pode ter minado suas chances, ainda mais agora que o filme de Spielberg está em queda.
Assim, a vitória do estreante Chris Terrio pode ajudar Argo a ter mais sustentação como Melhor Filme (já que seu diretor sequer foi indicado), ao lado do prêmio de Montagem. Contudo, se Spielberg levar Melhor Diretor, David O. Russell deve levar o Oscar de consolação por O Lado Bom da Vida.
Muito elogiado pela crítica, o drama juvenil sobre um universitário acolhido por dois veteranos de As Vantagens de ser Invisível só ficou de fora porque a categoria estava sobrecarregada de fortes concorrentes.
MELHOR FOTOGRAFIA
Indicados:
– Seamus McGarvey (Anna Karenina)
– Robert Richardson (Django Livre)
– Claudio Miranda (As Aventuras de Pi)
– Janusz Kaminski (Lincoln)
– Roger Deakins (007 – Operação Skyfall)
DEVE GANHAR: Claudio Miranda (As Aventuras de Pi) DEVERIA GANHAR: Roger Deakins (007 – Operação Skyfall) ZEBRA: Seamus McGarvey (Anna Karenina)
INJUSTIÇADO: Mihai Malaimare Jr. (O Mestre)
Visual exuberante de As Aventuras de Pi gerado pela fotografia de Claudio Miranda com CG (photo by cinemagia.ro)
O diretor de fotografia Claudio Miranda (photo by arri.com)
Apesar do chileno Claudio Miranda ser relativamente novo na indústria do cinema (passou a trabalhar com cinema desde 2005), sua fotografia ficou marcada pelo equilíbrio do bom uso de efeitos de computação gráfica em O Curioso Caso de Benjamin Button e Tron: O Legado. Em As Aventuras de Pi, essa característica de seu trabalho atinge seu ápice, pois cerca de 70% do filme é filmado em green screen (fundo verde a serem inseridos os efeitos em pós-produção). Casos mais recentes que continham muitos efeitos e que ganharam o Oscar, A Origem e Avatar, sustentam seu favoritismo.
A fotografia de Robert Richardson também imprime visual exuberante ao western Django Livre, porém como já tem três Oscars e o último ganhou no ano anterior por A Invenção de Hugo Cabret, suas chances reduzem bastante. Do outro lado, o inglês Roger Deakins já foi indicado 10 vezes e nunca ganhou. Seu trabalho em 007 – Operação Skyfall eleva o filme de ação a um nível artístico. A beleza das cenas do cassino de Shangai e da mansão da Escócia em chamas já valem o ingresso.
Incluiria a fotografia de Mihai Malaimare Jr. de O Mestre na competição. Utilizando-se de filme 65mm, ele consegue passar uma sensação de irreal pertinente ao mundo fora de controle de Freddie Quell, assim como as idéias surreais de Lancaster Dodd. Mihai tem sido o braço direito dos últimos filmes de Francis Ford Coppola como Tetro.
MELHOR MONTAGEM
Indicados:
– William Goldenberg (Argo)
– Tim Squyres (As Aventuras de Pi)
– Michael Khan (Lincoln)
– Jay Cassidy, Crispin Struthers (O Lado Bom da Vida)
– William Goldenberg, Dylan Tichenor (A Hora Mais Escura)
DEVE GANHAR: William Goldenberg (Argo) DEVERIA GANHAR: William Goldenberg (Argo) ZEBRA: Jay Cassidy, Crispin Struthers (O Lado Bom da Vida)
INJUSTIÇADO: Andrew Weisblum (Moonrise Kingdom)
Momento de tensão em Argo (photo by BeyondHollywood.com)
William Goldenberg, recebendo seu BAFTA por Argo (photo by latinospost.com)
Normalmente, o prêmio de montagem é concedido a filmes de ação como Bullitt, Rocky – Um Lutador e o recente O Ultimato Bourne por conseguirem criar tensão no uso eficiente de cortes. Em outros casos, a montagem premiada vem de histórias interligadas que criam um senso de unidade como em Traffic e Crash – No Limite. Em Argo, temos bons exemplos das duas situações, pois lida com vários personagens, costurando suas cenas e oferecendo tensão na parte final do longa. Além disso, William Goldenberg também concorre por A Hora Mais Escura, o que poderia ser interpretado como um prêmio para dois filmes.
Muito do humor ácido de Wes Anderson provém da montagem de Andrew Weisblum em Moonrise Kingdom. Seus cortes secos chegam em ótimo timing e ditam o tom desta fábula sobre duas crianças apaixonadas. Se fosse para optar por uma comédia, poderiam incluir esta montagem e deixar O Lado Bom da Vida de lado.
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Indicados:
– Sarah Greenwood, Katie Spencer (Anna Karenina)
–Dan Hennah, Ra Vincent, Simon Bright (O Hobbit: Uma Jornada Inesperada)
– Eve Stewart, Anna Lynch-Robinson (Os Miseráveis)
– David Gropman, Anna Pinnock (As Aventuras de Pi)
– Rick Carter, Jim Erickson (Lincoln)
DEVE GANHAR: Sarah Greenwood, Kate Spencer (Anna Karenina) DEVERIA GANHAR: Sarah Greenwood, Kate Spencer (Anna Karenina) ZEBRA: Dan Hennah, Ra Vincent, Simon Bright (O Hobbit: Uma Jornada Inesperada)
INJUSTIÇADO: Hugh Bateup, Uli Hanisch (A Viagem)
A direção de arte de Anna Karenina recria a Rússia do século XIX: precisão nas paredes e chão (photo by cinemagia.ro)
Sarah Greenwood no set de Anna Karenina (photo by btlnews.com)
Nos últimos anos, o prêmio de Direção de Arte tem destoado do vencedor do Melhor Filme e costuma valorizar filmes de temática fantasiosa como Avatar e Alice no País das Maravilhas. Entretanto, como a direção de arte do representante de fantasia O Hobbit: Uma Jornada Inesperada praticamente recicla o design da trilogia de O Senhor dos Anéis, o Oscar pode recompensar o belo trabalho de recriação da Rússia do século XIX de Anna Karenina. Trata-se da quinta colaboração de Sarah Greenwood com o diretor Joe Wright, desde Orgulho & Preconceito (2005), e sua quarta indicação ao Oscar sem vitórias até o momento.
Negligenciado em excesso pela crítica americana, a ficção científica A Viagem que busca algum sentido para a vida acabou excluída de quase todas as premiações, contudo o design de produção chama a atenção por conseguir cobrir passado, presente e futuro com cenários convincentes e inovadores. Mesmo com chances quase nulas de vitória, já serviria como um sopro de criatividade nesta categoria de muitas recriações e reformulações.
MELHOR FIGURINO
Indicados:
– Jacqueline Durran (Anna Karenina)
– Paco Delgado (Os Miseráveis)
– Joanna Johnston (Lincoln)
– Eiko Ishioka (Espelho, Espelho Meu)
– Colleen Atwood (Branca de Neve e o Caçador)
INJUSTIÇADO: Kym Barrett, Pierre-Yves Gayraud (A Viagem)
Um dos belos figurinos de Anna Karenina (photo by cinemagia.ro)
A figurinista Jacqueline Durran (à dir) ao lado da atriz Keira Knightley com figurino de Anna Karenina (photo by elle.com)
Muitas vezes, a categoria de figurino se tornou apenas uma contribuição no número de Oscars do Melhor Filme do ano, o que beneficiaria Joanna Johnston por Lincoln, mas como a competição está bem acirrada, a qualidade deve falar mais alto. Assim, Jacqueline Durran tem leve vantagem também por ter sido indicada em outras duas oportunidades por colaborações com o diretor Joe Wright em Orgulho & Preconceito e Desejo e Reparação, mas nunca ter levado.
Contudo, não será surpresa se Eiko Ishioka for anunciada vencedora, pois seus figurinos brilham muito mais do que os atores na adaptação dos Irmãos Grimm de Branca de Neve e os Sete Anões, o fraco Espelho, Espelho Meu, e este seria seu segundo e último Oscar, pois morreu em janeiro desse ano. Ela venceu em 1993 por Drácula de Bram Stoker.
Abrangendo figurinos de eras diferentes e criando roupas inovadoras futurísticas, o trabalho dos figurinistas Kym Barrett e Pierre-Yves Gayraud em A Viagem poderiam preencher a vaga do razoável figurino de Lincoln.
MELHOR MAQUIAGEM
Indicados:
– Howard Berger, Peter Montagna, Martin Samuel (Hitchcock)
– Peter King, Rick Findlater, Tami Lane (O Hobbit: Uma Jornada Inesperada)
– Lisa Westcott, Julie Dartnell (Os Miseráveis)
DEVE GANHAR:O Hobbit: Uma Jornada Inesperada DEVERIA GANHAR:O Hobbit: Uma Jornada Inesperada ZEBRA:Hitchcock
INJUSTIÇADO:Homens de Preto 3
Novos personagens do universo de J.R.R. Tolkien permitiram trabalho novo de maquiagem (photo by cinemagia.ro)
Um dos milhares trabalhos de maquiagem de O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (photo by digititles.com)
Sem a presença do mestre Rick Baker, responsável por criações como Um Lobisomem Americano em Londres e O Grinch, a competição perde muito de seu prestígio. Com uma penca de anões para colocar barbas, bigodes e narigões, o trabalho de maquiagem de O Hobbit: Uma Jornada Inesperada claramente é o melhor e mais trabalhoso dos três indicados. Talvez o pobre trabalho de maquiagem de Os Miseráveis ganhe para elevar o número de Oscars, mas não por méritos próprios.
Provavelmente por se tratar de uma sequência com poucas chances de vitória, o terceiro filme sobre os Homens de Preto acabou sendo ignorado pela comissão. Só a criação do vilão grotesco Boris the Animal já valeria uma indicação na categoria.
MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
Indicados:
– Dario Marianelli (Anna Karenina)
– Alexandre Desplat (Argo)
– Mychael Danna (As Aventuras de Pi)
– John Williams (Lincoln)
– Thomas Newman (007 – Operação Skyfall)
DEVE GANHAR: Mychael Danna (As Aventuras de Pi) DEVERIA GANHAR: Mychael Danna (As Aventuras de Pi) ZEBRA: Dario Marianelli (Anna Karenina)
INJUSTIÇADO: Jonny Greenwood (O Mestre)
Mychael Danna trabalhando na trilha de As Aventuras de Pi com o diretor Ang Lee (photo by deadline.com)
Nos últimos anos, os vencedores desta categoria trabalharam com algum instrumento diferente ou inusitado. Por exemplo, o compositor A. R. Rahman utilizou a cítara indiana para criar a trilha romântica de Quem Quer Ser um Milionário?, e Dario Marianelli explorou pertinentemente o som das teclas de uma máquina escrever para formar o ritmo agitado de Desejo e Reparação. Este ano, a trilha mais inusitada entre os indicados pertence a Mychael Danna. Ele explora alguns instrumentos indianos como o Santoor de 108 cordas e o Sarangi, que originou o violino, além de acordões franceses e mandolins para contar essa jornada fantástica de Pi.
Não que a música erudita de Anna Karenina seja inferior – muito pelo contrário! – mas como o compositor ganhou recentemente, suas chances devem ser mínimas. Seguindo esta lógica, se a Academia quiser terminar o jejum de vitórias, Alexandre Desplat (Argo) acumula 5 indicações e Thomas Newman (007 – Operação Skyfall) está em sua 11ª indicação sem nunca ter ganhado.
E esta é a segunda vez que Jonny Greenwood acaba ignorado pela Academia. Em O Mestre, sua segunda colaboração com o diretor Paul Thomas Anderson, ele cria uma trilha estranha que dita o tom do filme. Sua música parece dizer ao espectador que nada daquilo que estamos vendo é, de fato, real, sensação reforçada pela alternância de filmes 35mm para 65mm que o diretor aplica.
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
Indicados:
– “Before My Time”, de J. Ralph (Chasing Ice)
– “Suddenly”, de Alain Boublil, Claude-Michel Schönberg e Herbert Kretzmer (Os Miseráveis)
– “Pi’s Lullaby”, de Mychael Danna e Bombay Jayshri (As Aventuras de Pi)
– “Everybody Needs a Best Friend”, de Walter Murphy e Seth MacFarlane (Ted)
– “Skyfall”, de Adele Adkins e Paul Epworth (007 – Operação Skyfall)
DEVE GANHAR: “Skyfall”, de Adele Adkins e Paul Epworth (007 – Operação Skyfall) DEVERIA GANHAR: “Skyfall”, de Adele Adkins e Paul Epworth (007 – Operação Skyfall) ZEBRA: “Before my Time”, de J. Ralph (Chasing Ice)
INJUSTIÇADO: “Dull Tool”, de Fiona Apple (Bem-vindo aos 40)
Adele e 007 – Operação Skyfall: grandes chances de premiação (foto por twentyfourbit.com)
Se a canção de Adele já era favorita antes, agora com o anúncio de que haverá uma homenagem aos 50 anos de James Bond e que Shirley Bassey, a diva que cantou três temas de Bond: “Goldfinger”, “Diamonds Are Forever” e “Moonraker” se apresentará no palco pela primeira vez, então pode-se considerar certo este Oscar para 007 – Operação Skyfall. Existiria uma ligeira possibilidade da música de Ted, “Everybody Needs a Best Friend”, ganhar por ser interpretada pela talentosa Norah Jones, mas após ganhar todos os prêmios da categoria, incluindo o Globo de Ouro, ninguém tira o reconhecimento merecido de Adele. Esta é apenas a quarta canção indicada ao Oscar de toda a franquia de sucesso de 007. As anteriores foram “Live and Let Die”, por Paul McCartney (007 – Viva e Deixe Morrer), “Nobody Does it Better”, por Carly Simon (007 – O Espião que me Amava), e “For Your Eyes Only”, por Sheena Easton (007 – Somente Para Seus Olhos).
Com uma canção que destrincha os problemas de um relacionamento através da letra, mas mantendo o estilo musical de Fiona Apple, a canção “Dull Tool” da comédia Bem-vindo aos 40 seria uma boa pedida para incluir um nome de peso à lista de apresentações, mas a palavra “fuck” usada na canção seria um empecilho na transmissão ao vivo.
MELHOR SOM
Indicados:
– John T. Reitz, Gregg Rudloff, José Antonio García (Argo)
– Andy Nelson, Mark Paterson, Simon Hayes (Os Miseráveis)
– Ron Bartlett, Doug Hemphill, Drew Kunin (As Aventuras de Pi)
– Andy Nelson, Gary Rydstrom, Ron Judkins (Lincoln)
– Scott Millan, Greg P. Russell, Stuart Wilson (007 – Operação Skyfall)
DEVE GANHAR:Os Miseráveis DEVERIA GANHAR:007 – Operação Skyfall ZEBRA:Lincoln
INJUSTIÇADO:A Hora Mais Escura
Além do som das armas e canhões, o som de Os Miseráveis se vale pela captação da cantoria do elenco no set de filmagem (photo by BeyondHollywood.com)
A inédita técnica de gravação de som para musicais de Os Miseráveis deve ser recompensada. Contrariando o sistema de playback, toda a cantoria dos atores foi gravada em set de filmagem e mesmo vulnerável a ruídos externos de cenários e locações, o resultado ficou muito bom. Claro que se a voz de Russell Crowe colaborasse, o som seria mais agradável aos ouvidos.
Normalmente, o que dita a regra desta categoria é saber qual o filme mais barulhento do ano. Pela obviedade, 007 – Operação Skyfall seria o eleito, e o trabalho de mixagem de som de A Hora Mais Escura certamente estaria indicado.
MELHORES EFEITOS SONOROS
Indicados:
– Erik Aadahl, Ethan Van der Ryn (Argo)
– Wylie Stateman (Django Livre)
– Eugene Gearty, Philip Stockton (As Aventuras de Pi)
– Per Hallberg, Karen M. Baker (007 – Operação Skyfall)
– Paul N.J. Ottosson (A Hora Mais Escura)
DEVE GANHAR:A Hora Mais Escura DEVERIA GANHAR:007 – Operação Skyfall ZEBRA:Argo
INJUSTIÇADO:Os Vingadores
Efeitos sonoros de A Hora Mais Escura são compostos de tiros, explosões e queda de helicóptero (photo by BeyondHollywood.com)
Só a sequência da destruição da mansão Skyfall de 007 – Operação Skyfall com granadas já deveria render um Oscar de efeitos sonoros, mas talvez a Academia se sinta na obrigação de compensar A Hora Mais Escura. Em 2007, o filme de Clint Eastwood, Cartas de Iwo Jima, estava indicado a Melhor Filme e Diretor, mas acabou levando apenas Efeitos Sonoros. Acontece.
Na questão de criação de sons, o blockbuster Os Vingadores já seria candidato pela sequência de destruição de Nova York pela invasão alienígena. Pelo visto, o sucesso nas bilheterias não assegurou mais de uma indicação ao filme.
MELHORES EFEITOS VISUAIS
Indicados:
– Janek Sirrs, Jeff White, Guy Williams, Daniel Sudick (Os Vingadores)
– Joe Letteri, Eric Saindon, David Clayton, R. Christopher White (O Hobbit: Uma Jornada Inesperada)
– Bill Westenhofer, Guillaume Rocheron, Erik De Boer, Donald Elliott (As Aventuras de Pi)
– Richard Stammers, Trevor Wood, Charley Henley, Martin Hill (Prometheus)
– Cedric Nicolas-Troyan, Phil Brennan, Neil Corbould, Michael Dawson (Branca de Neve e o Caçador)
DEVE GANHAR:As Aventuras de Pi DEVERIA GANHAR:As Aventuras de Pi ZEBRA:Prometheus
INJUSTIÇADO:John Carter – Entre Dois Mundos
O tigre de bengala Richard Parker de As Aventuras de Pi é um dos feitos por computação gráfica (photo by OutNow.CH)
Antes rotulado como “infilmável”, os efeitos visuais possibilitaram a própria existência de As Aventuras de Pi. Além de boa parte do roteiro se passar num bote salva-vidas, temos animais que alternam entre reais e feitos por computação gráfica. O tigre de bengala Richard Parker impressiona pelos movimentos e o brilho dos olhos do animal.
O fracasso nas bilheterias e com a crítica esgotou qualquer possibilidade dos efeitos visuais de John Carter – Entre Dois Mundos figurar nessa lista. Por outro lado, os cinco finalistas representam bem os melhores efeitos de 2012.
MELHOR FILME ESTRANGEIRO
Indicados:
– Amor, de Michael Haneke (Áustria)
– War Witch, de Kim Nguyen (Canadá)
– No, de Pablo Larraín (Chile)
– O Amante da Rainha, de Nikolaj Arcel (Dinamarca)
– ExpediçãoKon-Tiki, de Joachim Rønning e Espen Sandberg (Noruega)
DEVE GANHAR:Amor, de Michael Haneke (Áustria) DEVERIA GANHAR:Amor, de Michael Haneke (Áustria) ZEBRA:Expedição Kon-Tiki, de Joachim Rønning, Espen Sandberg (Noruega)
INJUSTIÇADO:Holy Motors, de Leos Carax (França)
Michael Haneke dirige lendas do cinema francês em Amor (photo by OutNow.CH)
Depois que o sucesso francês Intocáveis caiu fora da disputa, ficou muito mais fácil o representante austríaco Amor levar o prêmio. Além disso, tem se tornado uma regra constante o filme estrangeiro que for indicado a Melhor Filme acabar levando Melhor Filme Estrangeiro. Aconteceu com A Vida é Bela e O Tigre e o Dragão. Embora a categoria seja imprevisível às vezes, Amor não deve perder esse prêmio.
Infelizmente, a França optou por Intocáveis. Se tivesse escolhido Holy Motors para ser o filme representante, a crítica americana poderia apoiar sua indicação. Por se tratar de um filme inovador que abusa do non-sense, suas chances de vitória seriam baixas, mas a imprevisibilidade da categoria poderia atuar novamente a seu favor.
MELHOR ANIMAÇÃO
Indicados:
– Valente (Brave)
– Frankenweenie (Frankenweenie)
– ParaNorman (ParaNorman)
– Piratas Pirados! (The Pirates! In an Adventure with Scientists!)
–Detona Ralph (Wreck-it Ralph)
DEVE GANHAR:Frankenweenie DEVERIA GANHAR:Frankenweenie ZEBRA:Piratas Pirados!
INJUSTIÇADO: The Painting (Le Tableau)
Como a criatura Frankenstein, a animação Frankenweenie é um bom misto de homenagens a filmes clássicos (photo by OutNow.CH)
Se formos levantar a contagem de prêmios da categoria, Detona Ralph sai na frente com sua história metalinguística sobre personagens de video-game, mas como não se trata de uma unanimidade, o nome de Tim Burton pode dar a vitória para Frankenweenie. A animação em preto-e-branco revisita o passado do diretor ao retomar o roteiro de um curta-metragem de mesmo nome de 1984, produzido pela mesma produtora Disney. Burton concorre pela segunda vez como Melhor Animação. Em 2006, foi indicado por A Noiva Cadáver, mas perdeu para Wallace & Gromit: A Batalha dos Vegetais. Esta pode ser sua chance de ouro para ser aplaudido e ovacionado por vários colaboradores presentes na cerimônia.
Ao contrário dos outros anos, as animações européias (excluindo o Reino Unido) e asiáticas ficaram de fora. O francês The Painting tem um visual magnífico com bela palheta de cores, que traria um frescor artístico à predominância de animações da Disney e Pixar.
MELHOR DOCUMENTÁRIO
Indicados:
– 5 Broken Cameras
– The Gatekeepers
– How to Survive a Plague
– The Invisible War
– Searching for Sugar Man
DEVE GANHAR:Searching for Sugar Man DEVERIA GANHAR:The Gatekeepers ZEBRA:The Invisible War
INJUSTIÇADO:Central Park Five
Documentário sobre o músico Rodriguez, Searching for Sugar Man (photo by OutNow.CH)
O documentário Searching for Sugar Man levou os principais prêmios da temporada e não deve ficar sem o Oscar, já que aborda um tema tocante e simples. No filme, dois fãs da música dos anos 70 procuram saber o paradeiro do artista musical Rodriguez na África do Sul. Foi premiado com o BAFTA, National Board of Review, DGA e PGA, e recentemente levou o WGA e o Eddie award, reconhecimentos de roteiro e montagem, respectivamente.
Já o polêmico The Invisible War vai na direção oposta ao tocar num assunto tabu: o estupro de militares femininas por seus colegas de profissão. Igualmente controverso, o também investigativo documentário Central Park Five seria um importante indicado nesta competição. O caso verídico aconteceu em 1989, quando cinco jovens (negros e latinos) foram condenados pelo estupro de uma mulher branca no Central Park. Depois de passarem de 6 a 13 anos na prisão, um estuprador em série confessou o crime, confirmando que a sentença se mostrou uma combinação trágica entre tensão racial, a polícia querendo mostrar serviço e a cobertura sensacionalista da mídia.
MELHOR CURTA-DOCUMENTÁRIO
Indicados:
– Inocente
– Kings Point
– Mondays at Racine
– Open Heart
– Redemption
DEVE GANHAR:Mondays at Racine DEVERIA GANHAR:Mondays at Racine ZEBRA:Inocente
Mondays at Racine: comovente história sobre câncer (photo by andsoitbeginsfilms.com)
O premiado curta Mondays at Racine já conquista pelo tema: Toda terceira segunda-feira do mês, duas irmãs carecas abrem seu salão para atenderem vítimas diagnosticadas com câncer.
MELHOR CURTA-METRAGEM
Indicados:
– Asad
– Buzkashi Boys
– Curfew
– Dood van een Schaduw
– Henry
DEVE GANHAR:Curfew DEVERIA GANHAR: Curfew ZEBRA:Henry
Curfew: curta premiado com história de descobertas
Entre os indicados, Curfew é o mais premiado até o momento. Num momento muito delicado de sua vida, Richie recebe uma ligação da irmã para cuidar de sua sobrinha por algumas horas.
MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
Indicados:
– Adam and Dog
– Fresh Guacamole
– Head Over Heels
– Paperman
– The Simpsons: The Longest Daycare
DEVE GANHAR:Paperman DEVERIA GANHAR:Fresh Guacamole ZEBRA TOTAL:The Simpsons: The Logest Daycare
Paperman: uma bela e mágica história de amor à primeira vista (photo by cineol.net)
Paperman tem todos os méritos de ganhar o Oscar, pois oferece uma história muito simples e ingênua sobre amor à primeira vista. Além disso, por ter sido produzido pela Disney, o curta teve muito mais exposição ao público por ter sido exibido antes da animação Detona Ralph nos cinemas. Já Fresh Guacamole ensina a receita do típico prato mexicano através da técnica do stop-motion de forma muito criativa. Vale a pena conferir todos os cinco indicados nessa categoria pelo link abaixo:
Acompanhe o artigo também pelo site da Revista O Grito! nos links abaixo
* Em convite especial, este artigo foi escrito juntamente para o site Revista O Grito!, parceiro do UOL e o portal NE10. Agradecimentos especiais a Paulo Floro. Confira nos links abaixo:
Ben Affleck e seu BAFTA: “Argo Fuck Yourself!” (photo insidemovies.ew.com by Stuart Wilson/ Getty Images)
Agora é oficial. Argo e Ben Affleck arrebataram todos os grandes prêmios da temporada: Globo de Ouro, SAG Awards, PGA Awards, DGA Awards e agora o BAFTA, o prêmio da Academia Britânica de Cinema. Levou Montagem, Diretor e Melhor Filme. Claro que também pode triunfar no Oscar no dia 24 de fevereiro, mas sem a mínima chance do diretor levar seu merecido prêmio de direção. Será Argo o novo Conduzindo Miss Daisy? Ou será que vão premiar Lincoln, O Lado Bom da Vida ou As Aventuras de Pi como Melhor Filme assumindo o lado imprevisível que começou com as indicações?
No geral, a premiação deste ano do BAFTA procurou ser bem democrática, com direito a algumas surpresas. 007 – Operação Skyfall bateu o franco-favorito Os Miseráveis como Melhor Filme Britânico do ano. Apesar da 23ª aventura de James Bond ter sido bem recebida pela crítica internacional, trata-se de um reconhecimento inusitado para um filme de ação e aventura. O filme de Sam Mendes ainda bateu Anna Karenina, O Exótico Hotel Marigold e Sete Psicopatas e um Shih Tzu, e ainda levou o prêmio Anthony Asquith de Trilha Musical para Thomas Newman, talvez como uma tentativa de compensar a ausência da categoria de Canção Original para Adele. Derrotado como Melhor Filme, o musical Os Miseráveis ainda conseguiu somar quatro BAFTAs: Atriz Coadjuvante (Anne Hathaway), Direção de Arte, Maquiagem e Som.
Anne Hathaway segue super favorita para o Oscar de coadjuvante com mais essa vitória (photo by empireonline.com)
Na categoria de interpretação feminina, a surpresa ficou por conta da veterana Emmanuelle Riva, de 85 anos, que saiu vitoriosa entre as americanas Jennifer Lawrence e Jessica Chastain, ambas vencedoras do Globo de Ouro. Como previsto, seu filme Amor, dirigido por Michael Haneke, ganhou o prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira. Os dois prêmios devem fortalecer a campanha do filme nessa reta final do Oscar.
Django Livre confirmou seu favoritismo nas categorias de Roteiro Original para Quentin Tarantino, e Melhor Ator Coadjuvante para Christoph Waltz. O fato do ator austríaco já ter levado o mesmo prêmio há três anos por Bastardos Inglórios em nada interferiu nesse novo reconhecimento, o que pode se repetir na Academia. Outro que confirma seu favoritismo supremo é Daniel Day-Lewis em Lincoln. Apesar do filme ter recebido dez indicações, levou apenas Melhor Ator e Steven Spielberg sequer foi indicado em sua categoria. Talvez no Oscar, no qual soma doze indicações, tenha melhor sorte devido à patriotada americana em relação ao presidente Abraham Lincoln.
Christoph Waltz leva o BAFTA de Ator Coadjuvante por Django Livre (photo by digitalspy.co.uk)
Outro grande concorrente no Oscar que teve que se contentar com um prêmio foi a comédia O Lado Bom da Vida. Seu diretor e roteirista David O. Russell saiu com o BAFTA de Roteiro Adaptado, batendo Tony Kushner (Lincoln) e Chris Terrio (Argo). Já nas categorias mais técnicas, As Aventuras de Pi saiu consagrado com Melhor Fotografia e Melhores Efeitos Visuais.
Na categoria de Animação, as preferências estão bastante divididas. O filme da Pixar, Valente, já tinha vencido o Globo de Ouro e agora coleta o BAFTA. Mas a animação mais premiada até o momento foi Detona Ralph, que sequer foi indicada no BAFTA. E tem ainda Frankenweenie, que embora não tenha recebido grandes honrarias, tem o nome forte de Tim Burton associado.
O prêmio EE Rising Star que se destina a novos talentos do cinema reconheceu a atriz Juno Temple. Até o momento, fez pequenos papéis em Desejo e Reparação e no blockbuster de 2012 Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Mas chamou a atenção em Killer Joe – Matador de Aluguel, e tem grandes chances de brilhar este ano em Lovelace, Malévola e Sin City: A Dame to Kill for.
Juno Temple começa bem 2013 com o prêmio EE Rising Star (photo by metro.co.uk)
Depois do anúcio dos vencedores do BAFTA, fica nítida a supremacia de Argo como Melhor Filme de 2012, assim como Ben Affleck na direção. Com apenas um prêmio, o recordista de indicações ao Oscar, Lincoln, fica mais enfraquecido e pode perecer diante da força do lobby de Harvey Weinstein para O Lado Bom da Vida. Claro que, por se tratar de uma premiação britânica, o musical Os Miseráveis foi o filme que mais recebeu prêmios, mas não deve repetir o feito no Oscar.
Segue lista completa dos vencedores:
FILME: Argo, de Ben Affleck
FILME BRITÂNICO: 007 – Operação Skyfall, de Sam Mendes
Ben Affleck ostenta seu prêmio do DGA por Argo (photo by deccanchronicle.com)
Um grande e temido pesadelo aconteceu para a Academia: Ben Affleck levou o DGA award (Directors Guild of America) por Argo. O terceiro longa dirigido pelo ator Ben Affleck arrebatou todos os prêmios que podia: Globo de Ouro (Filme – Drama e Diretor), Critic’s Choice Award (Filme e Diretor), SAG award (Melhor Elenco – crédito para o diretor), o PGA award (Melhor Filme) e agora o DGA, que tem as melhores estatísticas de vitória garantida no Oscar. Bom, não desta vez…
Com essa vitória de Affleck, será o sétimo raríssimo caso em que o diretor vencedor do DGA não levará o Oscar, uma vez que nem foi indicado. Segue abaixo a ilustre lista dos seis casos anteriores:
Em 1968: Anthony Harvey ganhou o DGA Award por O Leão no Inverno, enquanto Carol Reed levou o Oscar por Oliver!
Em 1972: Francis Ford Coppola por O Poderoso Chefão (DGA) e Bob Fosse por Cabaret (Oscar).
Em 1985: Steven Spielberg por A Cor Púrpura (DGA),e Sydney Pollack por Entre Dois Amores (Oscar).
Em 1995: Ron Howard por Apollo 13 (DGA), e Mel Gibson por Coração Valente (Oscar).
Em 2000: Ang Lee por O Tigre e o Dragão (DGA) e Steven Soderbergh por Traffic (Oscar).
Em 2002: Rob Marshall por Chicago (DGA) e Roman Polanski por O Pianista (Oscar).
O fato de Ben Affleck não ter sido sequer indicado tem causado forte burburinho na mídia especializada e entre incontáveis cinéfilos que gostaram de Argo. Alguns mais radicais acreditam que a Academia, em seu grande conservadorismo, resolveu ignorar o diretor pelo seu passado nebuloso como ator. Como vocês sabem, Affleck nunca soube escolher bem seus projetos como ator, principalmente em 2003, quando naufragou em Demolidor – O Homem Sem Medo e Contato de Risco, ao lado da então esposa, Jennifer Lopez. Outros acreditam em lambança mesmo. Essa estratégia mal formulada de querer surpreender a todos foi um tiro no próprio pé da Academia.
O vencedor de 2012, Michel Hazanavicius (O Artista), entrega o prêmio a Ben Affleck (photo by metro.co.uk)
Essa segunda teoria fica mais sólida com as ausências absurdas de mais dois indicados ao DGA: Kathryn Bigelow (A Hora Mais Escura) e Tom Hooper (Os Miseráveis). Ok, nada contra os substitutos David O. Russell, Michael Haneke e Benh Zeitlin. Todos têm seus devidos créditos, mas algo deu errado nas contas finais. Ou talvez não. Se a Academia estiver disposta a desvencilhar sua imagem de previsível de uma vez por todas, 2013 pode ser o ano um. É bem possível que as surpresas do Oscar não parem nos indicados, mas também nos vencedores. Você, que aposta em bolões e promoções, fique atento às surpresas. Alguns nomes considerados garantidos como Daniel Day-Lewis e Anne Hathaway podem cair do cavalo. Mas enfim, são apenas suposições.
Os indicados a Melhor Diretor no DGA da esquerda para a direita: Tom Hooper, Ben Affleck, Kathryn Bigelow, Ang Lee e Steven Spielberg (photo by metro.co.uk)
Se Ben Affleck tivesse sido indicado ao Oscar, mas não levasse, não seria uma anormalidade, pois Argo é apenas seu terceiro filme. Talvez algumas pessoas que não votaram em Affleck tivessem boas intenções no sentido de não querer atrapalhar a ascensão dele com uma maldição do Oscar. Apesar do bom trabalho da mistura de gêneros que Argo foi, Ben Affleck ainda tem um extenso campo para amadurecer e entregar novos filmes excepcionais. Existem muitos artistas (diretores, atores e roteiristas) que interrompem sua escalada de sucesso porque acreditam que o Oscar foi seu ápice profissional, e que nada que façam em seguida pode ser melhor. Como cinéfilo, espero que essa dedução a respeito de Affleck se torne válida para que ele consiga dar a volta por cima.
Milos Forman (photo by HollywoodReporter.com)
O DGA awards escolheu Milos Forman como vencedor do Conjunto da Obra. Trabalhando como diretor desde os anos 60, o tcheco Forman criou obras polêmicas que entraram para a história do Cinema. O musical hippie Hair (1979), o drama de época Na Época do Ragtime (1981) que relata os conflitos raciais de Nova York no início do século XX, e a biografia do controverso Larry Flynt, que acreditava em liberdade de expressão ao publicar pornografia em O Povo Contra Larry Flynt (1996). Levou dois merecidos Oscars de Direção com os clássicos Um Estranho no Ninho (1975) e Amadeus (1984). Já no final da carreira, retornou ao seu país de origem e dirigiu outro musical: Dobre placená procházka (2009).
Segue lista completa dos vencedores:
Feature Film: Ben Affleck (Argo) Documentary Feature: Malik Bendjelloul (Searching for Sugar Man) Dramatic Series: Rian Johnson (Breaking Bad: Fifty-One) Comedy Series: Lena Dunham (Girls – piloto) Movie for Television or Mini-Series: Jay Roach (Virada no Jogo) Musical Variety Program: Glenn Weiss (66th Annual Tony Awards) Reality Program: Brian Smith (Master Chef – episódio #305) Children’s Program: Paul Hoen (Let It Shine) Daytime Serial: Jill Mitwell (One Life to Life: Between Heaven and Hell) Commercial: Alejandro González Iñárritu (Best Job)
Malik Bendjelloul recebendo o DGA de documentarista por Searching for Sugar Man do vocalista do Foo Fighters, Dave Grohl (photo by http://www.rte.ie)
Jessica Chastain em seu exuberante Alexander McQueen (photo by newswhip.com)
Se houvesse prêmio de Melhor Traje, eu daria para Jessica Rabbit… quero dizer, Jessica Chastain! No ano passado, a atriz já roubou a cena no tapete vermelho, e agora volta a ser o centro das atenções. Bom, mas vamos aos fatos:
Como analisado anteriormente, a edição deste ano do SAG Awards fugiu um pouco à regra. Normalmente, dos 20 atores indicados ao SAG, 17 a 19 passam para a lista do Oscar, mas devido à surpresa que a Academia tinha em mente, apenas 14 foram indicados também ao Oscar.
Logo de cara, a ausência de Christoph Waltz na categoria de coadjuvante já alterou um resultado. Como não havia favoritos depois de Waltz, o prêmio foi parar nas mãos de Tommy Lee Jones por Lincoln. Bom, não literalmente, porque o ator não estava presente. Sua vitória pode representar uma certa ameaça ao favoritismo de Waltz no Oscar, até mesmo porque ganhou recentemente por Bastardos Inglórios em 2010.
Se ainda havia algum resquício de duelo entre Sally Field e Anne Hathaway, a vitória da última como coadjuvante praticamente confirma o favoritismo dela no Oscar. Apesar da experiência de Field e o fato de ser querida também por sua performance na série Brothers & Sisters, o talento musical de Hathaway causou burburinho de premiação desde que ela fez testes para o papel. Podemos considerar sua vitória no Oscar como certa e espero que esse reconhecimento lhe sirva como inspiração para novos desafios.
Na categoria de atriz, havia uma disputa entre as vencedoras do Globo de Ouro de Melhor Atriz – Drama e Melhor Atriz – Comédia. O SAG escolheu o carisma e a humanidade da personagem defendida por Jennifer Lawrence em O Lado Bom da Vida. É impossível ficar indiferente ao seu trabalho como a inconstante Tiffany. Por motivos óbvios de atraso no Brasil, ainda não vi A Hora Mais Escura, mas pelo que li e vi, a atuação de Chastain é necessariamente fria por razões de contexto, afinal, ela é agente da CIA na caça a Bin Laden.
Jennifer Lawrence em discurso emocionado (photo by awardsdaily.com)
Apesar de Daniel Day-Lewis ter recebido quase todos os prêmios de Melhor Ator na temporada, eu ainda achava que havia alguma possibilidade da Academia rejeitá-lo por este ser seu terceiro Oscar. Explico: Até o momento, não há nenhum ator que tenha conseguido três Oscars de Melhor Ator. Temos alguns que conseguiram dois, como Spencer Tracy, Jack Nicholson e Tom Hanks, mas nunca três. E para a Academia quebrar um recorde, tem que haver uma boa causa. E esta performance elogiadíssima de Day-Lewis como o presidente Abraham Lincoln é uma delas. Vale lembrar que se ele vencer, será o primeiro ator ou atriz a ganhar um Oscar sob direção de Steven Spielberg.
Daniel Day-Lewis, humilde como sempre, recebendo seu segundo SAG (photo by reuters in ibtimes.com)
E não tem mais jeito. A Academia terá que reconhecer Argo. Depois de ganhar o Globo de Ouro e o Producers Guild of America, o filme de Ben Affleck tem tudo pra levar Melhor Filme. Pelo menos, Affleck também é um dos produtores do filme, e deve sair com esse Oscar de “consolação”.
Ben Affleck recebe e discursa pelo prêmio de Melhor Elenco por Argo (photo by hollywoodreporter.com)
Antes da cerimônia começar, houve uma premiação muito informal no tapete vermelho. As categorias novas de Melhor Equipe de Dublês para Cinema e TV tiveram seus vencedores anunciados ali mesmo diante de dois repórteres que faziam entrevistas com celebridades. Embora tenha gostado da criação de um prêmio para dublês, achei um pouco falta de consideração tratar esse reconhecimento como se fosse pela porta dos fundos. Espero que alguém dê esse toque para a organização do evento e eles possam incluir esses prêmios na festa.
Segue lista completa (inclusive com Melhor Equipe de Dublê):
MELHOR EQUIPE DE DUBLÊ – CINEMA
•007 – Operação Skyfall
MELHOR EQUIPE DE DUBLÊ – TV
•Game of Thrones
MELHOR ELENCO
• Argo
MELHOR ATOR
•Daniel Day-Lewis (Lincoln)
MELHOR ATRIZ
• Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida)
MELHOR ATOR COADJUVANTE
•Tommy Lee Jones (Lincoln)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
•Anne Hathaway (Os Miseráveis)
PRÊMIOS DE TELEVISÃO
MELHOR ELENCO – COMÉDIA
• Modern Family
MELHOR ELENCO – DRAMA
• Downton Abbey
MELHOR ATOR – COMÉDIA
•Alec Baldwin (30 Rock)
MELHOR ATRIZ – COMÉDIA
•Tina Fey (30 Rock)
MELHOR ATOR – DRAMA
• Bryan Cranston (Breaking Bad)
MELHOR ATRIZ – DRAMA
• Claire Danes (Homeland)
MELHOR ATOR – FILME DE TV OU MINI-SÉRIE
• Kevin Costner (Hatfields & McCoys)
MELHOR ATRIZ – FILME DE TV OU MINI-SÉRIE
• Julianne Moore (Virada no Jogo)
PRÊMIO PELO CONJUNTO DA OBRA
• Dick Van Dyke
Bryan Cranston recebeu dois prêmios: Melhor Elenco por Argo e Melhor Ator de TV – Drama por Breaking Bad, batendo o favorito Damian Lewis de Homeland (photo by digitalspy.com)
O novo filme de David O. Russell só deve estrear em telas brasileiras no dia 1º de fevereiro, mas aproveitei a primeira pré-estréia para conferir uma das grandes surpresas do ano e da corrida para o Oscar 2013. Com o total de 8 indicações, O Lado Bom da Vida pode ser o grande concorrente do favorito Lincoln, de Steven Spielberg.
Primeiro, vamos esclarecer uma importante discussão dos bastidores. Apesar de ter conquistado o People’s Choice Award, um notável prêmio eleito pelo público, no último Festival de Toronto, O Lado Bom da Vida deve seu crescimento no Oscar à sua distribuidora Weinstein Company. Para quem não é familiarizado, essa empresa é chefiada por Harvey Weinstein (ex-proprietário da Miramax e provavelmente um dos nomes mais citados em discursos de agradecimento por atores: “I wanna thank Harvey” – sim, preste atenção), que ganhou fama quando fez forte lobby no Oscar 1997 (9 Oscars para O Paciente Inglês) e no Oscar 1999 nas vitórias contestadas de Melhor Filme paraShakespeare Apaixonado (7 Oscars, batendo O Resgate do Soldado Ryan), e Melhor Ator para Roberto Benigni por A Vida é Bela.
Harvey Weinstein: Deus, segundo Meryl Streep, em frente ao Oscar (photo by washingtonpost.com)
Embora não haja provas de suborno, todos no ramo sabem que Harvey investe pesado na propaganda de seus filmes entre os votantes da Academia, pois sabe que um Oscar conquistado representa números maiores nas bilheterias e melhores planos de carreira para os profissionais envolvidos. Às vezes, ele erra como nos filmes citados no parágrafo anterior, mas às vezes ele faz boas ações, como colaborar no terceiro Oscar de Meryl Streep por A Dama de Ferro, na vitória de O Artista, uma produção francesa, em fotografia preto-e-branco sem estrelas hollywoodianas, e nas três indicações de O Mestre este ano.
Quando as indicações do Oscar 2013 foram anunciadas, muitos pensaram: “Harvey ataca novamente!”. Enquanto filmes bem avaliados pela crítica como A Hora Mais Escura e Argo ficaram fora da corrida de Melhor Diretor (enfraquecendo muito as chances de Melhor Filme de ambos), David O. Russell entrou na categoria, e seu filme recebeu o total de 8 indicações. Então, nesse panorama, O Lado Bom da Vida deve ser o único que pode estragar a festa de Spielberg no Oscar.
Apesar da história do lobbista, não existe descrédito do filme. Aliás, o crédito todo deveria ir para o diretor David O. Russell. Aos 54 anos, ele pertence a uma geração de diretores que acredita que bons roteiros e personagens sólidos são a base de todo bom filme. Nessa analogia, Russell está no mesmo barco de Alexander Payne, Jason Reitman e Cameron Crowe, todos bons diretores e roteiristas, mas em termos de direção de atores, ele larga um pouco na frente.
David O. Russell (centro) dirige a cena na lanchonete (photo by indiewire.com)
Em sua curta filmografia, já foi responsável por sete indicações de atores ao Oscar:Melissa Leo, Christian Bale (ambos ganharam o Oscar), Amy Adams, Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert De Niro e Jacki Weaver. Claro que trabalhar com atores de talento reconhecido facilita as coisas, mas quem imaginaria que Bradley Cooper, aquele jovem candidato a galã de Se Beber, Não Case, estaria disposto a se tornar um bom ator? E como transformar Jennifer Lawrence de 22 anos numa viúva convincente? Tudo isso foi possível porque David O. Russell enxergou isso primeiro.
Além desse dom, ele consegue transmitir a harmonia do set de filmagem para a tela, fazendo com que todos os atores, mesmo aqueles com uma linha de diálogo, estejam bem! Em papéis menores do que costumam atuar, Julia Stiles e Chris Tucker defendem seus personagens como se fossem protagonistas. Essa unidade na direção já rendeu prêmios de Melhor Elenco por Huckabees – A Vida é uma Comédia (2004) e O Vencedor (2010).
Jennifer Lawrence e Bradley Cooper formam a base do filme (photo by OutNow.CH)
As histórias que David O. Russell escolhe também têm papel fundamental no sucesso de seu estilo. Desta vez, decidiu mergulhar no projeto (adaptação do romance homônimo de Matthew Quick) porque seu filho também sofreu de bipolaridade como o protagonista, Pat Solatano.
Pat (Bradley Cooper) retorna para casa dos seus pais (Robert De Niro e Jacki Weaver) após oito meses numa instituição mental. Ele fora internado depois que teve uma intensa crise violenta após flagrar sua mulher no chuveiro com outro homem. De volta, ele busca um recomeço para sua vida, fazendo terapia e se exercitando, para que retome seu relacionamento com a esposa Nikki, mas existe uma ordem judicial que o impede de se aproximar dela ou manter qualquer tipo de contato. Aí que entra a personagem Tiffany (Jennifer Lawrence), uma recém-viúva maníaca depressiva.
Existe uma troca de favores entre ambos que faz a trama avançar. Ele quer que ela mande sua carta para a esposa (amiga de sua irmã). E ela precisa de um companheiro de dança para uma competição. Se fossemos resumir o filme numa sinopse, O Lado Bom da Vida estaria longe da lista dos filmes mais aguardados do ano, mas o fator David O. Russell faz toda a diferença. Se o livro caísse nas mãos de outro diretor, existiria a forte possibilidade do filme se tornar um estudo da bipolaridade e outros distúrbios mentais. Já nas mãos de Russell, temos um filme sobre pessoas muito próximas à realidade e a forma como elas se relacionam entre si com pitadas de humor inteligente.
Robert De Niro, Jacki Weaver e Bradley Cooper: a família disfuncional (photo by OutNow.CH)
Assim como em seu sucesso anterior, O Vencedor, o diretor explora o núcleo familiar disfuncional. Embora todos os membros apresentem problemas e defeitos individuais, funcionam como uma família para resolverem algumas questões principais. E essa atmosfera familiar muito bem orquestrada pelo diretor que faz o filme cativar o público.
Para ajudá-lo nessa árdua tarefa, como de costume, ele conta com seu casting bem escalado. Inicialmente, o papel de Pat seria de Mark Wahlberg (colaborador assíduo do diretor), mas viu traços promissores em Bradley Cooper. Para viver a personagem Tiffany, havia uma fila de atrizes que tinha nomes como Rooney Mara e Anne Hathaway (que teve que sair do projeto por conflitos de agenda). Contrariando a diferença de idade dos atores (Bradley tem 37 anos), Russell apostou suas fichas na jovem de 22 anos, Jennifer Lawrence.
Jennifer Lawrence (22) e Bradley Cooper (37) em cena (photo by mediumutm.ca)
Em nenhum momento, o espectador se incomoda com o fato da atriz ser nova. Jennifer Lawrence aceita o desafio e convence com sua maturidade e seu carisma na pele de Tiffany. Embora já tenha realizado performances memoráveis como em Inverno da Alma, ela impressiona pelo bom timing cômico que desconhecíamos até então. Além disso, sua atuação demonstra uma fragilidade apaixonante. Por fora, ela se protege através de seus maneirismos e desvios psicológicos, mas se mostra uma pessoa que carrega forte sentimento de culpa. Seu trabalho já rendeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz – Comédia ou Musical, e se vencer no SAG, ninguém tira o Oscar dela.
E para quem estava com saudades, a escalação do veterano Robert De Niro foi uma grata surpresa. Há muito tempo não víamos o ator num papel com carga emocional. Claro que seu personagem Pat Sr. tem seus tiques nervosos como as superstições para jogos de futebol americano, mas existe uma mágoa do passado que continua afligindo seu papel como pai. A última vez que De Niro foi indicado ao Oscar foi em 1992, vinte anos atrás, por Cabo do Medo. Não acredito em sua vitória, mas a Academia já fez sua parte de trazer o ator de volta aos holofotes. Como cinéfilo, espero que ele aproveite bem sua nova chance e escolha melhor seus próximos projetos.
Já a australiana Jacki Weaver, que faz a mãe adorável que foca sua atenção na culinária, completa o círculo central com seu carisma. Sua personagem Dolores procura o filme todo agradar a todos pelo lado afetivo. Pena que seu papel tem poucas cenas, pois Weaver está bem no papel. Sua primeira indicação ao Oscar em 2011 por Reino Animal foi um belo acerto da Academia, trazendo esse talento para os filmes americanos.
Curiosamente, este é o primeiro filme desde Reds (1981), de Warren Beatty, a receber indicações nas quatro categorias de atuação.
Se a Academia resolver reconhecer o talento de David O. Russell como roteirista e diretor, aí Lincoln naufraga e O Lado Bom da Vida e Harvey Weinstein levam 4 Oscars: Atriz, Roteiro Adaptado, Diretor e Filme. Isso sim, seria um Oscar imprevisível.
(Confira vídeo do youtube do anúncio das indicações acima)
Ao contrário dos anos anteriores, a Academia resolveu antecipar o anúncio dos indicados para antes da cerimônia do Globo de Ouro. A estratégia é muito simples: depender menos do prêmio da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (até mesmo porque deixou de ser o melhor parâmetro há muito tempo) e tentar ser menos previsível a fim de elevar os números da audiência.
Além da alteração no calendário, a Academia convocou o próprio host do Oscar, Seth MacFarlane, substituindo a costumeira presença do presidente da Academia. Para a tarefa, ele contou com a companhia da atriz Emma Stone. Os dois trouxeram um tom bem mais informal e cômico ao anúncio, que como questionado por MacFarlane, não sabemos porque não mudaram o horário (05h30 da manhã na costa oeste dos EUA). Outra quebra de protocolo se refere à ordem dos indicados. Desta vez, os atores foram anunciados de forma aleatória para aumentar ainda mais o suspense.
Emma Stone e Seth MacFarlane dão o tom inédito de humor ao anúncio dos indicados ao Oscar 2013
Em relação aos indicados, à princípio, as ausências mais sentidas foram na categoria de Melhor Diretor. Enquanto todos os especialistas previam indicações para Kathryn Bigelow (A Hora Mais Escura), Ben Affleck (Argo) e Tom Hooper (Os Miseráveis), uma vez que todos foram reconhecidos pelo Directors Guild of America, a Academia resolveu pregar uma peça e incluiu nomes menos previsíveis: o polêmico diretor austríaco Michael Haneke (Amor), David O. Russell (O Lado Bom da Vida) e talvez a maior surpresa do ano: o estreante Benh Zeitlin pela produção super independente Indomável Sonhadora. Além de Bigelow e Hooper, Quentin Tarantino (Django Livre) pode ter sido prejudicado pelo lançamento tardio (na reta final de dezembro) e consequente votação sem tempo hábil para conferir esses filmes.
Apesar de considerar que Kathryn Bigelow merecesse só pela coragem de assumir um projeto tão ambicioso e secreto como A Hora Mais Escura, é gratificante ver que profissionais novatos como Zeitlin tem um espaço no reconhecimento internacional da Academia. Espero que ele aproveite bem essa vitrine colossal e acerte com projetos igualmente inovadores como Indomável Sonhadora.
Benh Zeitlin: O diretor com cara de menino no último Festival de Cannes, de onde saiu com o prêmio Camera d’Or de reconhecimento técnico e artístico por Indomável Sonhadora
Com essas surpresas na categoria de diretores, Argo, A Hora Mais Escura e Os Miseráveis reduzem drasticamente suas chances de vitória como Melhor Filme, já que a última vez que um filme ganhou Melhor Filme sem ter seu diretor sequer indicado foi lá em 1990, quando Conduzindo Miss Daisy levou sem Bruce Beresford estar entre os indicados para Melhor Diretor.
Outra ausência muito comentada foi a do filme francês Intocáveis na categoria de Filme Estrangeiro. Quem conhece os números extraordinários da segunda maior bilheteria da França, jamais esperava que o filme seria ignorado pelos votantes. Já o austríaco Amor confirmou seu favoritismo, emplacando outras quatro indicações: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz para Emmanuelle Riva.
Aliás, aos 85 anos, Riva faz história no Oscar, tornando-se a atriz mais velha a receber uma indicação nessa categoria. O recorde anterior pertencia a inglesa Jessica Tandy (Conduzindo Miss Daisy). Ainda no campo dos recordes, a pequena Quvenzhané Wallis bate a australiana Keisha Castle-Hughes (Encantadora de Baleias) sendo a atriz mais jovem na categoria aos 9 anos.
A nova recordista da categoria aos 9 anos Quvenzhané Wallis. Muitos acreditavam que ela ficaria restrita a prêmios de Melhor Revelação (photo by OutNow.CH)
Leonardo DiCaprio, Matthew McConaughey, Nicole Kidman, John Hawkes, Anthony Hopkins, Maggie Smith, Judi Dench, Javier Bardem, Helen Mirren, Marion Cottilard, Rachel Weisz, todos esses atores ficaram de fora da competição. Em anos anteriores, dos 20 indicados ao SAG Awards, normalmente 17 a 19 conseguiam chegar ao Oscar. Este ano, com o efeito “Oscar imprevisível”, esse número foi reduzido a 14, até mesmo porque a pequena Wallis não podia concorrer no SAG porque não era sindicalizada na época das filmagens de Indomável Sonhadora.
Havia um receio de que Joaquin Phoenix fosse ficar de fora da competição de Melhor Ator devido às suas declarações numa entrevista, dizendo que “não dava a mínima para o Oscar”. Além disso, o filme O Mestre estava perdendo o fôlego nessa reta final do Oscar, provavelmente por mexer no polêmico tema da Cientologia. Contudo, mesmo com tais adversidades, Phoenix foi reconhecido pela Academia e enfrentará forte concorrência com Daniel Day-Lewis e Hugh Jackman. E a questão que fica é: Será que Joaquin Phoenix vai ao Oscar?
Ainda nas categorias de atuação, as indicações dos principais atores de O Lado Bom da Vida podem ter um peso significativo nas respectivas carreiras. Bradley Cooper, que tinha muito seu nome associado à comédia de sucesso Se Beber, Não Case, pode desfrutar do reconhecimento para ampliar a diversidade de suas propostas. Enquanto para o veterano Robert De Niro, esta indicação, que veio após 20 anos, pode ser o tão aguardado resgate do brilho do ator, que estava fadado a filmes supérfluos. Queremos ver o De Niro dos grandes filmes como Touro Indomável e Cabo do Medo.
Bradley Cooper, Jacki Weaver e Robert De Niro: três dos quatro indicados do filme O Lado Bom da Vida, que foi abraçado pela Academia.
Na ala feminina, Jacki Weaver ainda aproveita a fama que a primeira indicação lhe rendeu por Reino Animal. Com a segunda indicação, seu salário deve engordar e a atriz já está com a agenda lotada até 2014. Também com sua segunda indicação como Melhor Atriz (a primeira foi em 2011 por Inverno da Alma), a jovem Jennifer Lawrence se firma como uma das maiores estrelas de Hollywood, juntamente com o sucesso da série Jogos Vorazes e do novo filme dos mutantes da Marvel, X-Men: Future Days of Past (2014).
Os recordistas desta 85ª edição do Oscar foram Lincoln com 12 indicações, seguido de perto por As Aventuras de Pi com 11. Como sobrou uma vaga na categoria de Melhor Filme, gostaria que indicassem Moonrise Kingdom, mas como este só foi lembrado na categoria de Roteiro Original, fica difícil incluírem-no.
Com 11 indicações, As Aventuras de Pi ficou em segundo lugar.
Gostei das cinco indicações para o novo filme de James Bond, 007 – Operação Skyfall. Uma indicação para cada década de sucesso. Por outro lado, vale ressaltar que não houve nenhuma indicação sequer para o blockbuster Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Embora tenha feito o esperado sucesso comercial, o novo filme de Christopher Nolan falhou em conquistar reconhecimento técnico no Oscar. Esperava-se pelo menos uma indicação de Melhores Efeitos Sonoros e talvez Melhor Trilha Musical Original, mas no conjunto, o filme teve um tratamento de “requentado de Batman: O Cavaleiro das Trevas“.
Outras produções que vinham conquistando espaço nas premiações de críticos, mas que ficaram totalmente de fora do Oscar foram O Exótico Hotel Marigold (com elenco experiente e britânico), Looper: Assassinos do Futuro (esperava-se que essa ficção científica pudesse ser indicado a Melhor Roteiro Original pelo menos) e Um Final de Semana em Hyde Park (os atores Bill Murray, Laura Linney e Olivia Williams passaram desapercebidos), fazendo com que o lançamento fosse adiado para abril.
Se a Academia buscava ares mais frescos e menos previsibilidade, acertou em muitas escolhas. E você? Quais são suas opiniões?
MELHOR FILME
•AMOR (AMOUR)
• ARGO (ARGO)
• INDOMÁVEL SONHADORA (BEASTS OF THE SOUTHERN WILD)
• DJANGO LIVRE (DJANGO UNCHAINED)
• OS MISERÁVEIS (LES MISÉRABLES)
• AS AVENTURAS DE PI (LIFE OF PI)
• LINCOLN (LINCOLN)
• O LADO BOM DA VIDA (SILVER LININGS PLAYBOOK)
• A HORA MAIS ESCURA (ZERO DARK THIRTY)
MELHOR DIRETOR
• Michael Haneke (Amor)
• Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora)
• Ang Lee (As Aventuras de Pi)
• Steven Spielberg (Lincoln)
• David O. Russell (O Lado Bom da Vida)
MELHOR ATOR
• Bradley Cooper (O Lado Bom da Vida)
• Daniel Day-Lewis (Lincoln)
• Hugh Jackman (Os Miseráveis)
• Joaquin Phoenix (O Mestre)
• Denzel Washington (Flight)
MELHOR ATRIZ
• Jessica Chastain (A Hora Mais Escura)
• Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida)
• Emmanuelle Riva (Amor)
• Quvenzhané Wallis (Indomável Sonhadora)
• Naomi Watts (O Impossível)
MELHOR ATOR COADJUVANTE
• Alan Arkin (Argo)
• Robert De Niro (O Lado Bom da Vida)
• Philip Seymour Hoffman (O Mestre)
• Tommy Lee Jones (Lincoln)
• Christoph Waltz (Django Livre)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
• Amy Adams (O Mestre)
• Sally Field (Lincoln)
• Anne Hathaway (Os Miseráveis)
• Helen Hunt (The Sessions)
• Jacki Weaver (O Lado Bom da Vida)
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
• Michael Haneke (Amor)
• Quentin Tarantino (Django Livre)
• John Gatins (Flight)
• Wes Anderson e Roman Coppola (Moonrise Kingdom)
• Mark Boal (A Hora Mais Escura)
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
•Chris Terrio (Argo)
• Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora)
• David Magee (As Aventuras de Pi)
• Tony Kushner (Lincoln)
• David O. Russell (O Lado Bom da Vida)
MELHOR FOTOGRAFIA
• Seamus McGarvey (Anna Karenina)
• Robert Richardson (Django Livre)
• Claudio Miranda (As Aventuras de Pi)
• Janusz Kaminski (Lincoln)
• Roger Deakins (007 – Operação Skyfall)
MELHOR MONTAGEM
• William Goldenberg (Argo)
• Tim Squyres (As Aventuras de Pi)
• Michael Khan (Lincoln)
• Jay Cassidy e Crispin Struthers (O Lado Bom da Vida)
• William Goldenberg, Dylan Tichenor (A Hora Mais Escura)
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
• Sarah Greenwood e Katie Spencer (Anna Karenina)
• Dan Hennah, Ra Vincent e Simon Bright (O Hobbit: Uma Jornada Inesperada)
• Eve Stewart e Anna-Lynch Robinson (Os Miseráveis)
• David Gropman e Anna Pinnock (As Aventuras de Pi)
• Rick Carter e Jim Erickson (Lincoln)
MELHOR FIGURINO
• Jacqueline Durran (Anna Karenina)
• Paco Delgado (Os Miseráveis)
• Joanna Johnston (Lincoln)
• Eiko Ishioka (Espelho, Espelho Meu)
• Colleen Atwood (Branca de Neve e o Caçador)
MELHOR MAQUIAGEM
• Hitchcock
• O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
• Os Miseráveis
MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
• Dario Marianelli (Anna Karenina)
• Alexandre Desplat (Argo)
• Mychael Danna (As Aventuras de Pi)
• John Williams (Lincoln)
• Thomas Newman (007 – Operação Skyfall)
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
• “Before My Time”, de J. Ralph (Chasing Ice)
• “Suddenly”, de Alain Boublil, Claude-Michel Schönberg e Herbert Kretzmer (Os Miseráveis)
• “Pi’s Lullaby”, de Mychael Danna e Bombay Jayshri (As Aventuras de Pi)
• “Everybody Needs a Best Friend”, de Walter Murphy e Seth MacFarlane (Ted)
•“Skyfall”, de Adele Adkins e Paul Epworth (007 – Operação Skyfall)
MELHOR SOM
• Argo
• Os Miseráveis
• As Aventuras de Pi
• Lincoln
• 007 – Operação Skyfall
MELHORES EFEITOS SONOROS
• Argo
• Django Livre
• As Aventuras de Pi
• 007 – Operação Skyfall
• A Hora Mais Escura
MELHORES EFEITOS VISUAIS
• Os Vingadores
• O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
• As Aventuras de Pi
• Prometheus
• Branca de Neve e o Caçador
MELHOR ANIMAÇÃO
• Valente (Brave)
• Frankenweenie (Frankenweenie)
• ParaNorman (ParaNorman)
• Piratas Pirados! (The Pirates! In an Adventure with Scientists!)
• Detona Ralph (Wreck-it Ralph)
MELHOR FILME ESTRANGEIRO
• Amor, de Michael Haneke (Áustria)
• War Witch, de Kim Nguyen (Canadá)
• No, de Pablo Larraín (Chile)
• O Amante da Rainha, de Nikolaj Arcel (Dinamarca)
• Kon-Tiki, de Joachim Rønning e Espen Sandberg (Noruega)