
Cena do representante da Rússia, Loveless, de Andrey Zvyangitsev (pic by cine.gr)
NÚMERO CRESCENTE BATE NOVO RECORDE DA ACADEMIA
Na última quinta, dia 05, a Academia anunciou a seleção de 92 produções internacionais que concorrerão às 5 vagas da categoria de Melhor Filme em Língua Estrangeira. Trata-se de um novo recorde de inscritos, que teve a colaboração de países inéditos na lista como Haiti, Honduras, Laos, Moçambique, Senegal e Síria.
Apesar de já haver alguns favoritos às vagas como o austríaco Happy End, de Michael Haneke, e o sueco The Square, de Ruben Östlund, que venceu a Palma de Ouro em Cannes, não é possível cravar nenhum filme no Oscar como antes. Nos últimos anos, a Academia se tornou mais abrangente em suas escolhas, passando a olhar com mais carinho e indicando produções alternativas de países como Camboja, Estônia, Mauritânia e Jordânia. Por isso, candidatos a favoritos e premiados em festivais nem sempre têm lugar cativo na lista, podendo ceder lugar a Bingo: O Rei das Manhãs, por exemplo! Por que não?
Aliás, vi muitos críticos, jornalistas e até youtubers já descartando qualquer chance do Brasil no Oscar. Claro que Bingo não é o típico material de Oscar, mas como citei no parágrafo anterior, a Academia está passando por algumas mudanças que podem beneficiar produções estrangeiras que não tenham a 2ª Guerra Mundial e Holocausto como temas centrais. Além disso, temos Daniel Rezende como diretor, que já foi indicado ao Oscar de Montagem em 2004 por Cidade de Deus. Enfim, como se trata de uma caixinha de surpresas, não tiraria as chances do cinema nacional ainda.

Cena do representante da França, BPM (Beats Per Minute), de Robin Campillo (pic by cine.gr)
Por enquanto, além do filme de Haneke e Östlund, entre os favoritos de vários especialistas estão o francês BPM (Beats Per Minute), de Robin Campillo (venceu o Grande Prêmio do Júri em Cannes e fala sobre a luta contra a discriminação da Aids); o israelense Foxtrot, de Samuel Maoz (levou o Grande Prêmio do Júri em Veneza e funciona como crítica às guerras); o chileno Uma Mulher Fantástica, de Sebastián Lelio (ganhou Melhor Roteiro em Berlim, mas tem temática transsexual que acadêmicos evitam); o russo Loveless, de Andrey Zvyangintsev (venceu o Prêmio do Júri em Cannes e foi muito bem acolhido pela abordagem intimista de um divórcio e as consequências para os filhos) e o cambojano First They Killed My Father, dirigido por ninguém menos do que a atriz Angelina Jolie.

Angelina Jolie dirige atriz mirim de seu quarto filme como diretora First They Killed my Father, disponível no Netflix (pic by Variety)
Vale lembrar que o filme de Jolie está disponível no Netflix (sim, a empresa de streaming co-produziu o longa), fato que ajuda a popularizá-lo na campanha do Oscar. A produção é um drama autobiográfico sobre a infância dura da ativista de direitos humanos Loung Ung quando o Camboja era dominado pelo regime comunista do Khmer Vermelho. Honestamente falando, acredito que Angelina Jolie estará entre os cinco indicados na categoria. Além de contar com o apoio de vários membros da Academia, esta é a quarta incursão dela como diretora, e desde seu primeiro trabalho, existe um burburinho de sua indicação ao Oscar de direção, fato que não aconteceu até o momento. Portanto, em tempos politicamente corretos que demandam mais igualdade entre gêneros, Angelina pode despontar nesta categoria, e até quem sabe, no Oscar de direção finalmente.
Bom, é difícil torcer pra filmes que não vimos, mas gostaria de ver Lucrecia Martel indicada, pois é uma das diretoras mais relevantes do cinema argentino que admiro muito. E gostaria de ver também o chileno Uma Mulher Fantástica e o russo Loveless na lista final pelas temáticas e pelos históricos dos diretores. Torceria pelo México, mas a comissão escolheu Tempestad, ao invés de Las Hijas de Abril, de Michel Franco, cujo trabalho sou fã.
Segue a lista das 92 produções inscritas para o Oscar 2018:
PAÍS | FILME | DIRETOR(A) |
Afeganistão | A Letter to the President | Roya Sadat |
África do Sul | The Wound | John Trengove |
Albânia | Daybreak | Gentian Koçi |
Alemanha | In the Fade | Fatih Akin |
Argélia | Road to Istanbul | Rachid Bouchareb |
Argentina | Zama | Lucrecia Martel |
Armênia | Yeva | Anahit Abad |
Austrália | The Space Between | Ruth Borgobello |
Áustria | Happy End | Michael Haneke |
Azerbaijão | Pomegranate Orchard | Ilgar Najaf |
Bangladesh | The Cage | Akram Khan |
Bélgica | Racer and the Jailbird | Michaël R. Roskam |
Bolívia | Dark Skull | Kiro Russo |
Bósnia e Herzegovina | Men Don’t Cry | Alen Drljević |
Brasil | Bingo – O Rei das Manhãs | Daniel Rezende |
Bulgária | Glory | Petar Valchanov, Kristina Grozeva |
Camboja | First They Killed my Father | Angelina Jolie |
Canadá | Hochelaga, Land of Souls | François Girard |
Cazaquistão | The Road to Mother | Akhan Satayev |
Chile | Uma Mulher Fantástica | Sebastián Lelio |
China | Wolf Warrior 2 | Wu Jing |
Colômbia | Guilty Men | Iván D. Gaona |
Coréia do Sul | A Taxi Driver | Jang Hoon |
Costa Rica | The Sound of Things | Ariel Escalante |
Croácia | Quit Staring at my Plate | Hana Jušić |
Dinamarca | You Disappear | Peter Schønau Fog |
Egito | Sheikh Jackson | Amr Salama |
Equador | Alba | Ana Cristina Barragán |
Eslováquia | The Line | Peter Bebjak |
Eslovênia | The Miner | Hanna A. W. Slak |
Espanha | Summer 1993 | Carla Simón |
Estônia | November | Rainer Sarnet |
Filipinas | Birdshot | Mikhail Red |
Finlândia | Tom of Finland | Dome Karukoski |
França | BPM (Beats per Minute) | Robin Campillo |
Georgia | Scary Mother | Ana Urushadze |
Grécia | Amerika Square | Yannis Sakaridis |
Haiti | Ayiti Mon Amour | Guetty Felin |
Holanda | Layla M. | Mijke de Jong |
Honduras | Morazán | Hispano Durón |
Hong Kong | Mad World | Wong Chun |
Hungria | On Body and Soul | Ildikó Enyedi |
Índia | Newton | Amit V Masurkar |
Indonésia | Turah | Wicaksono Wisnu Legowo |
Irã | Breath | Narges Abyar |
Iraque | Reseba – The Dark Wind | Hussein Hassan |
Irlanda | Song of Granite | Pat Collins |
Islândia | Under the Tree | Hafsteinn Gunnar Sigurðsson |
Israel | Foxtrot | Samuel Maoz |
Itália | A Ciambra | Jonas Carpignano |
Japão | Her Love Boils Bathwater | Ryota Nakano |
Kosovo | Unwanted | Edon Rizvanolli |
Laos | Dearest Sister | Mattie Do |
Letônia | The Chronicles of Melanie | Viestur Kairish |
Líbano | The Insult | Ziad Doueiri |
Lituânia | Frost | Sharunas Bartas |
Luxemburgo | Barrage | Laura Schroeder |
Marrocos | Razzia | Nabil Ayouch |
México | Tempestad | Tatiana Huezo |
Moçambique | The Train of Salt and Sugar | Licinio Azevedo |
Mongólia | The Children of Genghis | Zolbayar Dorj |
Nepal | White Sun | Deepak Rauniyar |
Noruega | Thelma | Joachim Trier |
Nova Zelândia | One Thousand Ropes | Tusi Tamasese |
Palestina | Wajib | Annemarie Jacir |
Panamá | Beyond Brotherhood | Arianne Benedetti |
Paquistão | Saawan | Farhan Alam |
Paraguai | Los Buscadores | Juan Carlos Maneglia, Tana Schembori |
Peru | Rosa Chumbe | Jonatan Relayze |
Polônia | Spoor | Agnieszka Holland, Kasia Adamik |
Portugal | Saint George | Marco Martins |
Quênia | Kati Kati | Mbithi Masya |
Quirguistão | Centaur | Aktan Arym Kubat |
Reino Unido | My Pure Land | Sarmad Masud |
República Dominicana | Woodpeckers | Jose Maria Cabral |
República Tcheca | Ice Mother | Bohdan Sláma |
Romênia | Fixeur | Adrian Sitaru |
Rússia | Loveless | Andrey Zvyagintsev |
Senegal | Félicité | Alain Gomis |
Sérvia | Requiem for Mrs. J. | Bojan Vuletic |
Singapura | Pop Aye | Kirsten Tan |
Síria | Little Gandhi | Sam Kadi |
Suécia | The Square | Ruben Östlund |
Suíça | The Divine Order | Petra Volpe |
Tailândia | By the Time It Gets Dark | Anocha Suwichakornpong |
Taiwan | Small Talk | Hui-Chen Huang |
Tunísia | The Last of Us | Ala Eddine Slim |
Turquia | Ayla: The Daughter of War | Can Ulkay |
Ucrânia | Black Level | Valentyn Vasyanovych |
Uruguai | Another Story of the World | Guillermo Casanova |
Venezuela | El Inca | Ignacio Castillo Cottin |
Vietnã | Father and Son | Luong Dinh Dung |