Existem 3 categorias de Direção de Arte no Art Directors Guild (ADG): Filme de Época, Fantasia e Contemporâneo. Nesses 18 anos de premiação da AGD, nunca um concorrente a contemporâneo venceu o Oscar. Embora todas as artes sejam trabalhosas, fica muito injusta uma competição entre cenários de décadas ou até mesmo séculos anteriores com cenários mais atuais. Contudo, este ano, o vencedor da categoria Filme Contemporâneo apresenta características futuristas que podem finalmente render um Oscar.
Claro que a briga não será nada fácil, afinal, a Academia adora produções de época. Aliás, a categoria de figurino também é afetada diretamente por essa predileção. O trabalho de arte de Ela apresenta pequenas mudanças ecologicamente corretas e no estilo “clean” (que faria qualquer designer da Apple se ajoelhar), já dando impressão de um futuro próximo. Talvez 2018. Não há carros voadores, nem nada tecnológico demais. Pra se ter uma idéia, o protagonista (Joaquin Phoenix) dita cartas que o computador escreve automaticamente. Apesar de econômica, a direção de arte é de extrema importância para o filme e seus personagens.
Confira os vencedores das categorias:
Filme de Época (Period Film)
♦ Judy Becker (Trapaça)
♦ Catherine Martin (O Grande Gatsby)
♦ Jess Gonchor (Inside Llewyn Davis)
♦ Michael Corenblith (Walt nos Bastidores de Mary Poppins)
♦ Adam Stockhausen (12 Anos de Escravidão)
Colaboradora assídua e esposa do diretor Baz Luhrmann, Catherine Martin recriou os anos 20 de uma América de riquezas retratada pelo escritor F. Scott Fitzgerald. Não é presunção em dizer que a direção de arte e o figurino (ambas de autoria de Martin) são as melhores coisas desta nova adaptação de O Grande Gatsby. Com este prêmio da ADG, ela se torna a grande favorita a ganhar o Oscar (ela venceu anteriormente por Moulin Rouge – Amor Em Vermelho em 2002), mas o fracasso nas bilheterias americanas e com a crítica pode se tornar o maior empecilho em relação à sua vitória na Academia.

Sandra Bullock em cena de Gravidade (photo by http://www.elfilm.com)
Filme de Fantasia ou Fantástico
♣ Philip Ivey (Elysium)
♣ Andy Nicholson (Gravidade)
♣ Dan Hennah (O Hobbit: A Desolação de Smaug)
♣ Darren Gilford (Oblivion)
♣ Scott Chambliss (Além da Escuridão: Star Trek)
Ao contrário da arte dos concorrentes Elysium ou Oblivion, o trabalho vencedor de Andy Nicholson prima pela recriação. Através de uma pesquisa aprofundada, ele transpõe as estações espaciais de forma meticulosa, chegando a receber elogios de astronautas da NASA. A estação espacial russa Soyeuz, por exemplo, apresenta o painel com todos os botões na ordem real e em russo! Pode não envolver criatividade, mas a direção de arte, em colaboração com os efeitos visuais e a fotografia, consistentemente transporta o público para o espaço para que foque apenas na sobrevivência dos personagens. É a primeira indicação de Nicholson ao Oscar, e pode se tornar o primeiro prêmio caso os votantes levem em conta o fracasso de O Grande Gatsby.
Filme Contemporâneo
♠ David Gropman (Álbum de Família)
♠ Santo Loquasto (Blue Jasmine)
♠ Paul Kirby (Capitão Phillips)
♠ K.K. Barrett (Ela)
♠ Bob Shaw (O Lobo de Wall Street)
A direção de arte de Capitão Phillips busca recriar os interiores da embarcação invadida pelos somalianos em 2009, mas vale destacar a arte de O Lobo de Wall Street com todos os cômodos da mansão com piscina de Jordan Belfort, dos escritórios enormes e dos restaurantes chiquérrimos. Nenhum país consegue bater a excelência na direção de arte americana. Talvez a China em produções como O Clã das Adagas Voadoras…
Fechando a matéria, seguem os indicados ao Oscar de Direção de Arte:
– Judy Becker, Heather Loeffler (Trapaça)
– Andy Nicholson, Rosie Goodwin (Gravidade)
– Catherine Martin, Beverley Dunn (O Grande Gatsby)
– K.K. Barrett, Gene Serdena (Ela)
– Adam Stockhausen, Alice Baker (12 Anos de Escravidão)
O vencedor será conhecido em 02 de março.