‘NOMADLAND’ CONQUISTA os OSCARS de MELHOR FILME, DIREÇÃO e ATRIZ!

CERIMÔNIA MAIS CONTIDA PELA PANDEMIA FUNCIONA, MAS DISCURSOS LONGOS NÃO AJUDAM

Havia uma expectativa enorme em torna desta 93ª cerimônia do Oscar, afinal existia um sério risco do evento sequer acontecer por causa da pandemia. Apesar da vacinação nos EUA estar bem avançada, seria necessário respeitar uma série de protocolos sanitários para garantir o bem estar de todos os envolvidos. A organização do Oscar não queria uma cerimônia como as demais premiações anteriores, formada por reuniões virtuais de Zoom, por isso fizeram todo o possível para criar um ambiente seguro para os convidados. Apesar do capricho do evento, nem todos os indicados puderam comparecer, mas montaram toda uma estrutura profissional em várias localidades no mundo como Londres, Paris e Roma para que houvesse a participação de todos.

A Union Station, que também fica em Los Angeles, ofereceu um clima aconchegante para a cerimônia. Os convidados presentes pareciam bem confortáveis em seus assentos. Quando subiam ao palco, não havia sequer a pessoa encarregada de entregar o prêmio para evitar contato, então puseram a estatueta numa espécie de pódio para o vencedor retirar. Aliás, era sempre uma única estatueta no pódio, independente do número de vencedores da categoria. Particularmente, senti falta de uma orquestra que sempre torna tudo muito marcante e glorioso, mas é compreensível a presença do DJ Questlove.

Falando em música, todas as cinco canções indicadas foram pré-gravadas e exibidas antes do início da cerimônia, mais precisamente durante as entrevistas no tapete vermelho. Já que reclamam sempre do excesso de tempo, resolveram antecipar as performances musicais. Foi uma ótima ideia que permitiu a gravação de “Husavik” direto da Islândia. Contudo, esse ganho de tempo não se converteu bem nos discursos de agradecimento que foram quase todos muito longos. Como não havia a tradicional orquestra para cortar os discursos, os vencedores abraçavam o microfone e não queriam largar mais! Aliás, de uma forma geral, os discursos foram muito politicamente corretos, protocolares e até meio robóticos, passando longe daqueles discursos super animados que extravasam a alegria do momento.

Fiquei na maior expectativa do discurso da Frances McDormand porque o último dela em 2018 foi fenomenal, mas ela foi bem mais contida, muito provavelmente porque já havia discursado poucos minutos antes com a vitória de Melhor Filme. Então, o melhor da noite foi da Yuh-Jung Youn, que venceu Atriz Coadjuvante por Minari. Conhecida por ser bem sincera, ela passou a autenticidade que a cerimônia precisava. Apesar de longo, dá pra incluir o lado emotivo do discurso de THOMAS VINTERBERG ao mencionar a morte prematura de sua filha num atropelamento causado por um motorista usando celular ao volante. E o melhor momento da noite foi quando GLENN CLOSE, 74 anos, levantou-se para rebolar ao vivo ao som de um hip hop.

NÚMEROS DO OSCAR

Em termos de estúdio, a NETFLIX foi a grande vencedora da edição com 7 estatuetas: 2 para MANK, 2 para A VOZ SUPREMA DO BLUES, 1 para PROFESSOR POLVO, 1 para COLETTE e 1 para SE ALGO ACONTECER… TE AMO. Bem mais atrás ficou a WARNER, que levou 3 prêmios: 2 por JUDAS E O MESSIAS NEGRO e 1 por TENET. Empatados com 2 vitórias cada, tivemos a AMAZON (2 por O SOM DO SILÊNCIO), DISNEY (2 por SOUL) e SONY PICTURES CLASSICS (2 por MEU PAI).

Em termos de filme, NOMADLAND ficou em 1º lugar com 3 estatuetas (Filme, Direção e Atriz), seguido por 6 filmes que levaram 2 estatuetas cada: Meu Pai (Ator e Roteiro Adaptado), MANK (Fotografia e Design de Produção), JUDAS E O MESSIAS NEGRO (Ator Coadjuvante e Canção Original), A VOZ SUPREMA DO BLUES (Figurino e Maquiagem), O SOM DO SILÊNCIO (Montagem e Som), SOUL (Longa de Animação e Trilha Original), mostrando-se um Oscar melhor distribuído.

Claro que mesmo assim, houve alguns filmes que saíram de mãos vazias. O maior perdedor da noite foi OS 7 DE CHICAGO, o único entre os oito indicados a Melhor Filme que não ganhou nenhum prêmio. Vale destacar também as campanhas sem vitória de RELATOS DO MUNDO (4 indicações) e UMA NOITE EM MIAMI (3 indicações).

SURPRESAS

Talvez a maior surpresa da noite tenha sido a ordem de apresentação das categorias. A intenção dos produtores do evento era assemelhar o Oscar com a produção de um filme, então começaram com a entrega dos dois Oscars de Roteiro. Até aí, tudo ok. Inclusive, no ano de Spotlight aconteceu a mesma coisa. Mas duas trocas foram estranhas: Oscar de Direção foi o sétimo prêmio, e principalmente o Oscar de Melhor Filme sendo o antepenúltimo da noite. A intenção dos organizadores era ter um grand finale com a possível vitória de Chadwick Boseman com uma salva de palmas acompanhadas de lágrimas, mas a vitória de Anthony Hopkins frustrou esses planos, não tanto pela troca de vencedor em si, mas porque Hopkins não compareceu ao evento.

Sobre os resultados, é impossível falar de surpresas sem mencionar os dois Oscars de MEU PAI. Alguns já esperavam que levasse Roteiro Adaptado muito em função do BAFTA que conquistou há duas semanas, mas pouquíssimos não imaginaram que a Academia não homenagearia Chadwick Boseman postumamente com um Oscar. Felizmente, a qualidade da atuação de ANTHONY HOPKINS foi primordial para que o britânico levasse sua segunda estatueta de Melhor Ator. Desde que ele ganhou o BAFTA, acreditei nessa virada contra Boseman. Muitos acreditaram que ele só havia ganhado porque era britânico e o BAFTA o teria reconhecido somente por esse motivo, mas eu acreditava que todos que viram Meu Pai se convenceriam da qualidade da atuação dele. É realmente uma pena que o ator não tenha comparecido à cerimônia… Preferiu ficar resguardado em sua casa no País de Gales.

Ainda sobre atuação, a vitória de FRANCES MCDORMAND também acabou com o bolão de muita gente, que estava entre Carey Mulligan e Viola Davis. Particularmente, achei que o Oscar como produtora de Nomadland seria o suficiente para a atriz, mas sua performance cativou muitos votantes, além, claro, de toda sua figura emblemática nessa Hollywood em metamorfose após os movimentos feministas. A verdade é que McDormand é uma das melhores atrizes do momento, ganhando suas terceira estatueta de Melhor Atriz, aliás a única com essa estatística atualmente. Meryl Streep e Ingrid Bergman têm dois Oscars de Melhor Atriz e um de Coadjuvante. E ela está a apenas um Oscar da lendária Katherine Hepburn com 4 Oscars de Melhor Atriz. Num ano bastante disputado, em que não havia uma favorita, a divisão de votos beneficiou McDormand, mas poderia ter beneficiado qualquer outra, dadas as qualidades de suas atuações.

Ainda das surpresas da noite, destaco o Oscar de Canção Original para “Fight for You” de JUDAS E O MESSIAS NEGRO, já que todos estavam entre as canções de Uma Noite em Miami e Rosa e Momo. Inicialmente a canção não tinha me cativado, mas confesso que ouvindo na apresentação, a música me pegou melhor e me fez lembrar de toda a essência do filme de Shaka King. E a vitória de COLETTE como Documentário-curta não chega a ser aqueeeeeela surpresa, mas a maioria apostava em Uma Canção Para Latasha. Não sei se dá pra defender que o Oscar de Fotografia de MANK foi surpresa, porque tinha levado o prêmio do sindicato, mas é inegável que foi um reconhecimento merecido.

DESTAQUES

Como dito inúmeras vezes, CHLOÉ ZHAO se tornou a segunda diretora mulher a ganhar o Oscar de Direção por Nomadland, 11 anos após Kathryn Bigelow por Guerra ao Terror. Como citado acima, FRANCES MCDORMAND se torna a única a vencer 3 vezes o Oscar de Melhor Atriz. Ela havia vencido anteriormente por Fargo e Três Anúncios Para um Crime. MIA NEAL e JAMIKA WILSON se tornaram as primeiras negras a ganhar o Oscar de Maquiagem e Penteado por A Voz Suprema do Blues. YUH-JUNG YOUN obviamente se tornou a primeira atriz sul-coreana a vencer um Oscar por Minari.

Por Bela Vingança, EMERALD FENNELL foi a primeira roteirista feminina a levar um Oscar de Roteiro desde 2008, quando Diablo Cody levou por Juno. Aos 89 anos, a figurinista ANN ROTH se iguala ao roteirista James Ivory (por Me Chame Pelo Seu Nome) ao se tornar a pessoa mais idosa a ganhar um Oscar por A Voz Suprema do Blues.

OPINIÕES PESSOAIS

De uma forma geral, dá pra dizer que o Oscar 2021 mais acertou do que errou, partindo do princípio que não dá pra agradar a gregos e troianos. Por um lado não gostei do Oscar de Documentário para Professor Polvo (que teria dado para Crip Camp ou Collective), mas por outro, aplaudi os Oscars para Anthony Hopkins, para o Roteiro de Meu Pai e Yuh-Jung Youn. Gostaria que Meu Pai tivesse sido indicado à Direção e até levado Melhor Filme, mas ao mesmo tempo, entendo a vitória de Nomadland e ressalto que adoraria rever esse filme numa tela de cinema, porque acredito que a experiência seria infinitamente mais transcendental do que numa tela de notebook em casa.

Sobre a cerimônia, primeiramente foi uma vitória da Academia ter conseguido realizar um evento dessa proporção sem nenhum problema técnico em plena pandemia. Claro que não dá pra cobrar coisa muito melhor devido às circunstâncias, mas eu queria ter visto mais clipes dos filmes e atuações ao invés daquele monte de falatório sobre as curiosidades dos indicados, gostaria de ter visto mais humor de forma geral, seja através de uma brincadeira ou de um comediante no palco, e claro, discursos mais empolgantes e emocionantes. Parece que os vencedores estavam com receio de se soltarem e serem julgados pela mídia por “furar a quarentena”. Enfim, houve aquele momento de descontração no final com o comediante Lil Rel Howery fazendo um quizz sobre canções com convidados, culminando na rebolada de Glenn Close, mas aquele momento deveria ter ocorrido no início para quebrar o gelo e proporcionar um clima mais leve à premiação…

CONFIRA TODOS OS VENCEDORES DO 93º ACADEMY AWARDS:

FILME
NOMADLAND (Nomadland)

DIREÇÃO
* CHLOÉ ZHAO (Nomadland)

ATOR
* ANTHONY HOPKINS (Meu Pai)

ATRIZ
* FRANCES MCDORMAND (Nomadland)

ATOR COADJUVANTE
DANIEL KALUUYA (Judas e o Messias Negro)

ATRIZ COADJUVANTE
* YUH-JUNG YOUN (Minari)

ROTEIRO ORIGINAL
* BELA VINGANÇA – Emerald Fennell

ROTEIRO ADAPTADO
* MEU PAI – Christopher Hampton, Florian Zeller

FOTOGRAFIA
* MANK – Erik Messerschmidt

MONTAGEM
* O SOM DO SILÊNCIO – Mikkel E.G. Nielsen

DESENHO DE PRODUÇÃO 
* MANK – Donald Graham Burt, Jan Pascale

FIGURINO
* A VOZ SUPREMA DO BLUES – Ann Roth

MAQUIAGEM E PENTEADO
* A VOZ SUPREMA DO BLUES – Matiki Anoff, Mia Neal, Larry M. Cherry

TRILHA MUSICAL ORIGINAL
* SOUL – Trent Reznor, Atticus Ross, Jon Batiste

CANÇÃO ORIGINAL
* “Fight for You” – JUDAS E O MESSIAS NEGRO
Música por H.E.R. and Dernst Emile II; Letra por H.E.R. e Tiara Thomas

SOM
* O SOM DO SILÊNCIO – Phillip Bladh, Nicolas Becker, Jaime Baksht, Michelle Couttolenc, Carlos Cortés, Carolina Santana

EFEITOS VISUAIS
* TENET – Andrew Jackson, Andrew Lockley, Scott R. Fisher, Mike Chambers 

LONGA DE ANIMAÇÃO
* SOUL

DOCUMENTÁRIO
* PROFESSOR POLVO

FILME INTERNACIONAL
* DRUK – MAIS UMA RODADA – Dinamarca

CURTA-METRAGEM
* DOIS ESTRANHOS (TWO DISTANT STRANGERS)

CURTA DE ANIMAÇÃO
* SE ALGO ACONTECER… TE AMO (IF ANYTHING HAPPENS… I LOVE YOU)

DOCUMENTÁRIO-CURTA
* COLETTE

‘MINARI’ e ‘MANK’ CONQUISTAM ESPAÇO no SINDICATO de MONTADORES

MINARI E MANK GANHAM NOVO GÁS NA TEMPORADA A POUCOS DIAS ANTES DAS INDICAÇÕES AO OSCAR

O American Cinema Editors (ACE), ou conhecido carinhosamente por Eddie, foi um pouco na contramão do BAFTA e indicou Minari e Mank em sua categoria de Drama, fortalecendo a campanha do filme de Lee Isaac Chung, enquanto dá uma sobrevida ao filme de David Fincher, que passou de provável recordista de indicações para reduto de categorias técnicas. A grande ausência na categoria é a montagem de Meu Pai, pois trabalha as falha de memória devido à demência do protagonista vivido por Anthony Hopkins, o que pode ter sido causada pela fraca campanha da Sony Pictures Classics, que inclusive põe em xeque a indicação de Coadjuvante para Olivia Colman.

Já na categoria de Comédia, a montagem de Bela Vingança é a grande favorita a levar o prêmio e de também seguir em busca da indicação ao Oscar, fato que reforçaria a campanha para Melhor Filme. Aliás, o vencedor do Eddie possui uma boa estatística de prever o vencedor de Melhor Filme. Embora nos últimos 10 anos, apenas 4 terem se confirmado (veja tabela abaixo), nos últimos 29 anos, 23 que ganharam o ACE levaram também o Oscar de Melhor Filme.

ANOEDDIE DRAMAEDDIE COMÉDIAOSCAR de MONTAGEM
2020ParasitaJojo RabbitFord vs. Ferrari
2019Bohemian RhapsodyA FavoritaBohemian Rhapsody
2018DunkirkEu, TonyaDunkirk
2017A ChegadaLa La LandAté o Último Homem
2016Mad Max: Estrada da FúriaA Grande ApostaMad Max: Estrada da Fúria
2015BoyhoodO Grande Hotel BudapesteWhiplash
2014Capitão PhillipsTrapaçaGravidade
2013ArgoO Lado Bom da VidaArgo
2012O ArtistaOs DescendentesA Invenção de Hugo Cabret
2011A Rede SocialAlice no País das MaravilhasA Rede Social

Confira a lista de indicados das categorias de cinema do 71º ACE Awards:

MONTAGEM – DRAMA

  • MANK – Kirk Baxter
  • MINARI – Harry Yoon
  • NOMADLAND – Chloé Zhao
  • O SOM DO SILÊNCIO – Mikkel E.G. Nielsen
  • OS 7 DE CHICAGO – Alan Baumgarten

MONTAGEM – COMÉDIA

  • BORAT: FITA DE CINEMA SEGUINTE – James Thomas, Craig Alpert, Mike Giambra
  • EU ME IMPORTO – Mark Eckersley
  • ON THE ROCKS – Sarah Flack
  • PALM SPRINGS – Matthew Friedman, Andrew Dickler
  • BELA VINGANÇA – Frédéric Thoraval

MONTAGEM – ANIMAÇÃO

  • OS CROODS 2: UMA NOVA ERA – James Ryan
  • DOIS IRMÃOS: UMA JORNADA FANTÁSTICA – Catherine Apple
  • A CAMINHO DA LUA – Edie Ichioka
  • SOUL – Kevin Nolting
  • WOLFWALKERS – Darragh Byrne, Richie Cody, Darren Holmes

MONTAGEM – DOCUMENTÁRIO

  • ATÉ O FIM: A LUTA PELA DEMOCRACIA – Nancy Novack
  • AS MORTES DE DICK JOHNSON – Nels Bangerter
  • THE DISSIDENT – Scott D. Hanson, James Leche, Wyatt Rogowski, Avner Shiloah
  • MY OCTOPUS TEACHER – Pippa Ehrlich, Dan Schwalm
  • O DILEMA DAS REDES – Davis Coombe

MONTAGEM – DOCUMENTÁRIO (NÃO LANÇADO EM CINEMA)

  • BEASTIE BOYS STORY – Jeff Buchanan, Zoe Schack
  • THE BEE GEES: HOW CAN YOU MEND A BROKEN HEART – Derek Boonstra, Robert A. Martinez
  • THE LAST DANCE – Chad Beck, Devin Concannon, Abhay Sofsky, Ben Sozanski
  • SEDUCED: INSIDE THE NXIVM CULT – Inbal B. Lessner, Alex Jablonski, Gillian McCarthy, Matthew Moul, Chris A. Peterson

A cerimônia virtual está agendada para o dia 17 de Abril.

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Nesta última quinta-feira, dia 11, houve a inauguração do prêmio do Sindicato de Decoradores de Set ou Set Decorators Society of America (SDSA). Pra quem não conhece muito a área, o decorador de set é responsável por selecionar, projetar, fabricar e fornecer os objetos do cenário. Tradicionalmente, esse profissional é indicado a prêmios de Design de Produção juntamente com o desenhista de produção, já que ele concretiza os temas e designs de seu companheiro de trabalho.

Justamente pelo reconhecimento em conjunto, à princípio não vemos esse prêmio como algo realmente necessário, até mesmo porque já temos um caminhão deles anualmente, mas se eu fosse um decorador de set, certamente iria adorar um prêmio exclusivo para meu cargo. Por se tratar de um prêmio novíssimo, estamos longe de saber como ele vai se encaixar na temporada e quais suas consequências até chegar o Oscar. A tendência é que os vencedores daqui casem com os mesmos vencedores do Art Designers Guild (ADG), mas às vezes pode acontecer do melhor design não necessariamente contar com a melhor decoração de set.

Assim como o ADG e o Sindicato de Figurinistas, o SDSA também conta com as categorias de Filme de Época, Ficção Científica ou Fantasia, e Contemporâneo, mas até agora estamos tentando entender o porquê da categoria de Comédia ou Musical, que embora seja bacana o reconhecimento, está bem fora do contexto aqui.

Os vencedores serão conhecidos no dia 31 de Março, quando serão anunciados via canal oficial do YouTube.

Confira os indicados do 1º SDSA Awards:

DECORAÇÃO DE SET – FILME DE ÉPOCA

  • EMMA.
  • MANK
  • A VOZ SUPREMA DO BLUES
  • RELATOS DO MUNDO
  • OS 7 DE CHICAGO

DECORAÇÃO DE SET – FICÇÃO CIENTÍFICA OU FANTASIA

  • O CÉU DA MEIA-NOITE
  • PALM SPRINGS
  • CONVENÇÃO DAS BRUXAS
  • TENET
  • MULHER-MARAVILHA 1984

DECORAÇÃO DE SET – CONTEMPORÂNEO

  • DESTACAMENTO BLOOD
  • ERA UMA VEZ UM SONHO
  • ESTOU PENSANDO EM ACABAR COM TUDO
  • BELA VINGANÇA
  • O SOM DO SILÊNCIO

DECORAÇÃO DE SET – COMÉDIA OU MUSICAL

  • BORAT: FITA DE CINEMA SEGUINTE
  • DOLITTLE
  • FESTIVAL EUROVISION DA CANÇÃO: A SAGA DE SIGRIT E LARS

Thriller francês ‘Dheepan’, de Jacques Audiard, leva a Palma de Ouro 2015

Jacques Audiard (centro) recebe a Palma de Ouro ao lado dos atores do filme Dheepan: Jesuthasan Antonythsan e Kalieaswari Srinivasan. Ao fundo, o presidente do júri, Ethan Coen (photo by theguardian.com)

Jacques Audiard (centro) recebe a Palma de Ouro ao lado dos atores do filme Dheepan: Jesuthasan Antonythsan e Kalieaswari Srinivasan. Ao fundo, o presidente do júri, Ethan Coen (photo by theguardian.com)

IMPRENSA ESTRANGEIRA QUESTIONA FORTE PRESENÇA FRANCESA E SAI INSATISFEITA COM PREMIAÇÃO

Após concorrer por três vezes à Palma de Ouro em Cannes (em 1996 com Um Herói Muito Discreto, em 2009 com O Profeta, e em 2012 com Ferrugem e Osso), o autor francês Jacques Audiard finalmente levou o prêmio máximo do festival de cinema. Bastante humorado, o cineasta disparou em seu discurso de agradecimento: “Obrigado, Michael Haneke, por não ter feito nenhum filme este ano” – ele perdeu a Palma para Haneke na últimas duas oportunidades. Considerado por muitos críticos e cinéfilos como um dos grandes cineastas franceses da atualidade, sua consagração não soa mal, porém a premiação não agradou à maioria dos jornalistas e críticos presente.

Para muitos, além do prestígio do diretor, o tema da imigração na Europa, uma questão muito atual e polêmica, colaborou bastante na escolha do longa como o melhor do evento. Dheepan apresenta elementos do seu trabalho anterior O Profeta, como as gangues violentas e a busca pela desestruturação do poder, mas desta vez seu protagonista é um membro do grupo separatista Tamil Tigers do Sri Lanka. Planejando pedir asilo político na França, ele leva consigo duas estranhas (uma mulher e uma garota de 9 anos) com documentos falsos na tentativa de facilitar sua entrada no país. Lá, ele consegue um emprego e um lar, mas acaba se envolvendo com traficantes do condomínio onde mora, reabrindo suas feridas de guerra.

Claudine Vinasithamby e Jesuthasan Antonythasan em cena de Dheepan, de Jacques Audiard (Photo by outnow.ch)

Claudine Vinasithamby e Jesuthasan Antonythasan em cena de Dheepan, de Jacques Audiard (Photo by outnow.ch)

Honestamente, a sinopse não é novidade nenhuma. Aliás, ela lembra a sinopse de Rambo – Programado Para Matar (1982) e outros filmes dos anos 80 por sua vertente das feridas de guerra. Mas Audiard filma de um modo mais europeu, valorizando mais essa questão da imigração e dissecando os dilemas morais que envolvem o personagem e a situação.

Questionados sobre a escolha de Deephan, os presidentes do júri, os irmãos Coen, não gostaram e replicaram cada um a seu modo. Enquanto Ethan Coen foi mais complacente soltando a sentença: “Todos nós ficamos entusiasmados com detalhes de vários filmes, mas esse foi uma escolha unânime.”, Joel Coen preferiu ser mais enfático sobre a liberdade de escolha: “É um prêmio, de certa forma, estético. O júri não é formado por críticos de cinema, mas por um grupo de artistas.” – o que não deixa de ser verdade.

Joel Coen e Ethan Coen na cerimônia de premiação em Cannes: escolha unânime. Será? (photo by abcnews.go.com)

Joel Coen e Ethan Coen na cerimônia de premiação em Cannes: escolha unânime. Será? (photo by abcnews.go.com)

O mais importante em premiações é saber separar o profissional do pessoal. Por exemplo, em 2010, selecionaram Quentin Tarantino para ser presidente do júri do Festival de Veneza, e ele foi lá e premiou sua ex-namorada Sofia Coppola por Um Lugar Qualquer. Mérito ou presente? Em 2009, nomearam a atriz Isabelle Huppert pra ser presidente do júri, e ela concede a Palma de Ouro para Michael Haneke por A Fita Branca. Pode até ser por méritos próprios, mas fica aquela sensação de que ela teria presenteado seu colaborador de tantos filmes como A Professora de Piano (2001), que curiosamente lhe rendeu o prêmio de interpretação feminina em Cannes. Essas situações podem e devem ser evitadas pelos

Mas enfim, muitos queriam o filme húngaro Son of Saul (Saul Fia), de László Nemes, levasse o prêmio máximo do festival, mas acabou levando o Grande Prêmio do Júri, uma espécie de segundo lugar. Considerado um filme forte sobre o Holocausto, a produção foca na vida do prisioneiro húngaro Saul, que tem a tarefa de queimar os corpos dos demais prisioneiros no campo de concentração, inclusive o de seu filho. Se selecionado pela Hungria para representar o país no Oscar, Son of Saul tem grandes chances de vencer o prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira de 2016. Além de apresentar essa temática de campos de concentração que os membros mais idosos da Academia adoram, o filme será distribuído pela forte Sony Pictures Classics.

Géza Rohrig é Saul, o prisioneiro húngaro do campo de concentração de Son of Saul, de László Nemes (photo by outnow.ch)

Géza Röhrig é Saul, o prisioneiro húngaro do campo de concentração de Son of Saul, de László Nemes (photo by outnow.ch)

Contudo, a imprensa estrangeira no geral não estava criticando apenas a escolha de Dheepan, mas a forte presença de conterrâneos. Das 19 produções indicadas à Palma de Ouro, 5 são francesas e mais 4 são co-produções da França. Além disso, dos sete prêmios da competição oficial, três foram para a França: a Palma para Dheepan, Melhor Ator para Vincent Lindon por The Measure of a Man, e Melhor Atriz para Emmanuelle Bercot por Mon Roi.

Vencedor do prêmio de interpretação masculina, o ator francês Vincent Lindon posa com o prêmio por The Measure of a Man (photo by news.yahoo.com)

Vencedor do prêmio de interpretação masculina, o ator francês Vincent Lindon posa com o prêmio por The Measure of a Man (photo by news.yahoo.com)

Aliás, o prêmio de interpretação feminina por si já foi uma polêmica à parte, pois além de terem selecionado a francesa Bercot por um filme bastante criticado, o prêmio foi dividido com a americana Rooney Mara pelo drama lésbico Carol, de Todd Haynes, que aceitou o prêmio em sua ausência. A crítica dava como certa a consagração de Cate Blanchett (que contracena com Rooney Mara em Carol) e consequentemente sua indicação ao Oscar 2016, mas não foi bem isso que aconteceu.

Emmanuelle Bercot posa ao lado dos dois prêmios de interpretação feminina. Rooney Mara não esteve presente. Bercot ganha por Mon Roi (photo by news.yahoo.com)

Emmanuelle Bercot posa ao lado dos dois prêmios de interpretação feminina. Rooney Mara não esteve presente. Bercot ganha por Mon Roi (photo by news.yahoo.com)

Recompensado por seu visual deslumbrante em The Assassin, um filme com artes marciais, o cineasta chinês Hou Hsiao-Hsien levou o prêmio de Direção. Esta foi sua sétima indicação à Palma de Ouro, e seu segundo prêmio em Cannes. Em 1993, ele havia ganhado o Prêmio do Júri por Mestre das Marionetes. Membro do júri, o diretor mexicano Guillermo Del Toro, também muito elogiado por seus recursos visuais, elogiou o trabalho de Hsiao-Hsien: “Por falar numa linguagem, uma claridade e uma poesia que era excessivamente forte.”

O consagrado diretor Hou Hsiao Hsien recebe o prêmio de direção por The Assassin (photo by china.org.cn)

O consagrado diretor Hou Hsiao Hsien recebe o prêmio de direção por The Assassin (photo by china.org.cn)

Já o Prêmio do Júri, que seria o terceiro lugar, ficou com o primeiro filme em língua inglesa do diretor grego Yorgos Lanthimos, conhecido pelo bizarro Dente Canino (2009). The Lobster certamente apresenta a trama mais estranha de todos os concorrentes: Num futuro fictício, as pessoas solteiras são obrigadas a encontrar seus pares em até 45 dias, caso contrário se transformam em animais e são soltos nas florestas. Essa sinopse já seria um prato cheio para o gosto bizarro dos irmãos Coen, mas segundo as críticas, o filme perde sua força depois da metade.

O diretor grego Yorgos Lanthimos recebe o Prêmio do Júri por The Lobster (photo by lemonde.fr)

O diretor grego Yorgos Lanthimos recebe o Prêmio do Júri por The Lobster (photo by lemonde.fr)

Outro cineasta estrangeiro que fez sua estréia na língua inglesa foi o mexicano Michel Franco. Com duas produções boas e polêmicas na bagagem (Daniel & Ana, e Depois de Lúcia), o diretor aborda o tema dos doentes terminais ao focar no trabalho de um enfermeiro, interpretado por Tim Roth, que lhe entregou o prêmio de Roteiro. Em seu discurso, Franco revelou que o filme nasceu em Cannes, depois que seu filme Depois de Lúcia venceu o prêmio Un Certain Regard em 2012, concedido pelo então presidente Tim Roth. A conversa fluiu e se tornou um projeto.

O cineasta mexicano Michel Franco recebe o prêmio de roteiro por Chronic das mãos do ator Tim Roth (photo by cinema.uol.com.br)

O cineasta mexicano Michel Franco recebe o prêmio de roteiro por Chronic das mãos do ator Tim Roth (photo by cinema.uol.com.br)

Já os grandes perdedores do festival foram os italianos Paolo Sorrentino, Nanni Moretti e Matteo Garrone. Youth, My Mother e Tale of Tales, respectivamente, não levaram nenhum dos prêmios principais. Havia uma expectativa de que Michael Caine pudesse levar o prêmio de interpretação masculina por Youth, o que acabou não acontecendo, mas com tantas críticas positivas sobre sua performance, por que não pensar no Oscar 2016? A última indicação de Caine foi em 2003 por O Americano Tranquilo. Faz tempo…

VENCEDORES DE CANNES 2015:

COMPETIÇÃO

PALMA DE OURO: Dheepan, de Jacques Audiard

Grande Prêmio do Júri: Son of Saul, de Laszlo Nemes

Diretor: Hou Hsiao-hsien (The Assassin)

Ator: Vincent Lindon (The Measure of a Man)

Atriz (EMPATE): Emmanuelle Bercot (Mon roi), e Rooney Mara (Carol)

Prêmio do Júri: The Lobster, de Yorgos Lanthimos

Roteiro: Chronic, de Michel Franco

OUTROS PRÊMIOS

Palma Honorária: Agnes Varda

Camera d’Or: Land and Shade, de Cesar Augusto Acevedo

Palma de Ouro de Curta-Metragem: Waves ’98, de Ely Dagher

Ecumenical Jury Prize: My Mother, de Nanni Moretti

UN CERTAIN REGARD

Un Certain Regard: Rams, de Grimur Hakonarson

Jury prize: The High Sun, de Dalibor Matanic

Diretor: Kiyoshi Kurosawa (Journey to the Shore)

Un Certain Talent Prize: Corneliu Porumboiu (The Treasure)

Special Prize para Talentos Promissores (empate): Nahid, de Ida Panahandeh E Masaan, de Neeraj Ghaywan

DIRECTORS’ FORTNIGHT

Art Cinema Award: The Embrace of the Serpent, de Ciro Guerra

Society of Dramatic Authors and Composers Prize: My Golden Days, de Arnaud Desplechin

Europa Cinemas Label: Mustang, de Deniz Gamze Erguven

CRITICS’ WEEK

Grand Prize: Paulina, de Santiago Mitre

Visionary Prize: Land and Shade

Society of Dramatic Authors and Composers Prize: Land and Shade

FIPRESCI

Competition: Son of Saul, de László Nemes

Un Certain Regard: Masaan

Critics’ Week: Paulina

Oscar 2015: Atores para sua consideração

Keira Knightley (The Imitation Game) - photo by outnow.ch

Pelo filme The Imitation Game: À esquerda, Keira Knightley, e ao centro, Benedict Cumberbatch, fazem parte do grupo de atores jovens e promissores de Hollywood que podem preencher as vagas do Oscar 2015 (photo by outnow.ch)

DISPUTA NAS CATEGORIAS DE ATUAÇÃO BUSCAM APOSTAS ALTERNATIVAS

Num recente levantamento feito pela Variety, houve uma previsão interessante para a categoria de Melhor Ator no Oscar 2015. Todos os cinco concorrentes podem ter sua primeira indicação! Dentre os possíveis concorrentes estão: Steve Carell (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo), Benedict Cumberbatch (The Imitation Game), Michael Keaton (Homem-Pássaro), Oscar Isaac (A Most Violent Year), Jack O’Connell (Invencível), Eddie Redmayne (The Theory of Everything) e Timothy Spall (Sr. Turner), nenhum deles jamais foi reconhecido pela Academia.

Claro que dificilmente todos os cinco serão estreantes, mas no mínimo três são bem prováveis: Steve Carell, Michael Keaton e Benedict Cumberbatch. Embora nunca tenham sido indicados, o trabalho deles vêm sendo aclamado pela crítica, e dependendo dos prêmios de associação de críticos como o National Board of Review (NBR), New York Film Critics Circle (NYFCC) e Los Angeles Film Critics Association (LAFCA), as apostas ganham consistência e podem se concretizar em indicações.

Como levantado aqui no blog (https://cinemaoscareafins.wordpress.com/2014/09/05/primeira-previa-do-oscar-2015-para-aqueles-que-nao-aguentam-esperar/), alguns atores mais conhecidos são esperados na lista como Joaquin Phoenix (Vício Inerente), Brad Pitt (Corações de Ferro) e Ralph Fiennes (O Grande Hotel Budapeste), mas outros nomes ainda precisam daquele “empurrãozinho” na campanha pela indicação.

Já na ala feminina, nomes mais conhecidos e indicados anteriormente figuram na lista. Reese Witherspoon já corre um pouco na frente pelo drama Livre. Ela ganhou o Oscar em 2006 por sua performance como June Carter em Johnny & June. Se depender do número de indicações sem vitória, Amy Adams já está no páreo por Big Eyes. Recebeu ao todo 5 indicações: 4 como coadjuvante e uma como atriz principal neste ano por Trapaça. Existe a possibilidade também de Julianne Moore entrar no bolo por Still Alice, no qual ela faz uma professora de linguística que passa a esquecer as palavras. Personagens com problemas mentais sempre largam na frente, como a Iris de Judi Dench.

Também na lista, Jessica Chastain pode concorrer pela terceira vez ao Oscar por dois trabalhos: A Most Violent Year e The Disappearence of Eleanor Rigby. Numa disputa acirrada com Jennifer Lawrence em 2013, a Academia pode tentar compensá-la pela derrota por A Hora Mais Escura. Entre as nunca indicadas, estão Felicity Jones (The Theory of Everything) e Rosamund Pike (Garota Exemplar).

CHANNING TATUM
Melhor Ator (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)

Chaning Tatum (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo) - photo by elfilm.com

Channing Tatum (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo) – photo by elfilm.com

Quando o jovem Channing Tatum se tornou um rosto famoso, ele fez uma declaração que me deixou intrigado. Na ocasião, ele teria dito que faria de tudo para ser indicado ao Oscar. Não levei muito à sério devido ao naipe das produções que ele estrelava naqueles anos como G.I. Joe: A Origem de Cobra e Ela Dança, Eu Danço, mas ele passou a chamar a atenção de diretores renomados como Steven Soderbergh e Michael Mann, chegando a esse papel em Foxcatcher.

Sob a direção de Bennett Miller, Tatum consegue imprimir uma de suas melhores performances de forma bem contida. Tentamos entender seu personagem o filme todo através de seu olhar e mesmo assim, sem grande sucesso. Seu maior “problema” para ser indicado é justamente seu parceiro de tela, Steve Carell. A Sony Pictures Classics decidiu fazer a campanha de ambos para a categoria de Melhor Ator, o que deve enfraquecer seu lado, uma vez que Carell me parece imbatível com sua interpretação fria, contida e com a prótese de nariz. O caso de Channing Tatum me lembra muito o de Mark Wahlberg, que estava bem em O Vencedor, mas ficou em segundo plano por causa de seus colegas Christian Bale e Melissa Leo, que ganharam os Oscars de coadjuvante.

JAKE GYLLENHAAL
Melhor Ator (O Abutre)

Jake Gyllenhaal (O Abutre) - photo by outnow.ch

Jake Gyllenhaal (O Abutre) – photo by outnow.ch

Jake Gyllenhaal foi indicado uma vez como coadjuvante por O Segredo de Brokeback Mountain em 2006. De lá pra cá, ele vem testando seus limites como ator em papéis diversificados em Soldado Anônimo e nos elogiados Marcados Para Morrer e Os Suspeitos, pelos quais alguns críticos acreditam que ele merecia maior reconhecimento artístico. Mas talvez ele venha agora com seu novo trabalho em O Abutre, de Dan Gilroy.

Nele, Gyllenhaal é um jornalista criminólogo que passa de observador a participante de um crime depois de muito tempo sem trabalho. A matéria da Variety aponta que não se trata de material para Oscar, o que é verdade, afinal é um filme e uma performance mais sombria que dificilmente sai premiada pela Academia, mas o ator obedeceu à cartilha de vitória no Oscar ao perder bastante peso para o papel (vencedor do Oscar deste ano, Matthew McConaughey, é um ótimo exemplo disso). Gyllenhaal perdeu mais de 13 quilos para viver o paparazoo Lou Bloom, e esta pode ser sua passagem para o tapete vermelho.

ELLAR COLTRANE
Melhor Ator (Boyhood – Da Infância à Juventude)

Ellar Coltrane (Boyhood - Da Infância à Juventude) - photo by cinemagia.ro

Ellar Coltrane (Boyhood – Da Infância à Juventude) – photo by cinemagia.ro

Com tantos atores na disputa na categoria de Melhor Ator, fica difícil de incluir o novato Ellar Coltrane até mesmo no buzz (burburinho) do Oscar. Claro que a sua conquista de 12 anos é digna de muitos prêmios, afinal, são poucos os atores que se comprometeriam a um projeto por tanto tempo de suas vidas (lembrando que o diretor Richard Linklater pediu para que os atores não fizessem alterações em seus rostos nesse período).

Obviamente, se a Academia estiver disposta a incentivar o menino, nada melhor do que uma indicação ao Oscar, certo? Em uma declaração recente, Coltrane teria dito que não tinha planos de continuar atuando, então essa decisão pode tomar rumos inesperados nessa temporada de premiação. Por um lado, o reconhecimento pode se tornar uma espécie de despedida, e de outro, um incentivo, do tipo que faltou para a cantora islandesa Björk depois da sua intensa atuação em Dançando no Escuro.

BEN AFFLECK
Melhor Ator (Garota Exemplar)

Ben Affleck (Garota Exemplar)

Ben Affleck (Garota Exemplar)

A Variety defende o posto de Ben Affleck aqui com o inedistimo de uma indicação como ator, já que já ganhou como roteirista por Gênio Indomável em 1998 e mais recentemente como produtor por Argo em 2013. Claro que a direção de David Fincher ajudou Affleck a encontrar uma atuação mais consistente, mas sinceramente? Só consigo ver Ben Affleck sendo Ben Affleck. Ele se esforça em construir a personalidade inferiorizada de Nick Dunne em meio ao caos do desaparecimento de sua esposa, mas não consigo me desvencilhar da imagem do próprio ator.

Essa interpretação me lembra um pouco a do ano passado de Tom Hanks em Capitão Phillips. Ele é capturado, torturado e mantido em cativeiro o filme todo, mas pra mim, era o Tom Hanks ali. Parecia não haver um trabalho para construir uma personagem de fato, mas apenas as reações de um personagem perante às situações absurdas do seqüestro do navio cargueiro. De qualquer forma, considero Affleck carta fora do baralho também pela forte concorrência do ano. Nem sua absurda não-indicação como diretor por Argo há dois anos vai ser compensada numa indicação aqui.

KEIRA KNIGHTLEY
Melhor Atriz (Mesmo se Nada der Certo)

Keira Knightley (Mesmo Se Nada Der Certo) - photo by outnow.ch

Keira Knightley (Mesmo Se Nada Der Certo) – photo by outnow.ch

A Academia adora quando atores soltam suas cordas vocais. Anne Hathaway, Marion Cotillard, Reese Witherspoon e Jamie Foxx são alguns exemplos recentes de vencedores da estatueta que cantaram para viver seus personagens. Nesse quesito, a jovem Keira Knightley pode ter um trunfo na manga por seu papel em Mesmo se Nada Der Certo. Nele, ela interpreta Gretta, uma dedicada cantora de Manhattan com o mesmo guarda-roupa da personagem Annie Hall (Diane Keaton em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa), que tem que se virar depois se separar do namorado, que é uma estrela do rock.

Contudo, como a própria atriz ressaltou numa entrevista, ela gostaria que o filme tivesse sido mais visto nos cinemas, mas provavelmente só será nos formatos digitais do DVD e do Blu-ray. Os baixos números podem prejudicar sua campanha ao Oscar, mas os DVDs podem ser mais facilmente entregues aos votantes da Academia. De qualquer forma, Knightley está bem cotada para sua segunda indicação (foi previamente indicada como Melhor Atriz em 2006 por Orgulho e Preconceito), mas desta vez como coadjuvante por The Imitation Game.

ANNE DORVAL
Melhor Atriz (Mommy)

Anne Dorval (Mommy) - photo by outnow.ch

Anne Dorval (Mommy) – photo by outnow.ch

A atriz canadense Anne Dorval se mostra a mais bem cotada entre as estrangeiras a receber uma indicação em 2015. É bem provável que ela ganhe o prêmio de Melhor Atriz da Associação de Críticos de Los Angeles (LAFCA), que adora reconhecer o trabalho de atrizes estrangeiras. Só para citar algumas recentemente premiadas: as francesas Adèle Exarchopoulos e Emmanuelle Riva, as sul-corenas Jeong-hie Yun e Hye-ja Kim, e a belga Yolande Moreau. Além disso, o filme que ela protagoniza, Mommy, foi muito bem recebido em Cannes, e alguns alegam que ela foi “roubada” em sua categoria. O júri presidido pela cineasta Jane Campion resolveu premiar a atriz americana Julianne Moore por Maps to the Stars.

Em Mommy, Dorval interpreta uma mãe viúva disposta a tudo para ajudar seu filho violento e problemático. Com a categoria de Atriz não tão acirrada assim, a atriz canadense pode ter uma ótima chance de adentrar a lista de indicadas. Tudo vai depender dos prêmios dos críticos americanos até sua chegada no Globo de Ouro em janeiro.

JOHN LITHGOW
Ator Coadjuvante (O Amor é Estranho)

John Lithgow (O Amor é Estranho) - photo by cine.gr

John Lithgow (O Amor é Estranho) – photo by cine.gr

Uma das coisas que mais admiro no cinema americano é a existência de oportunidades de um ator ou atriz se reerguer. Sempre defendo que se um profissional de interpretação quer mesmo um desafio, procure o cinema americano independente. Lá, ele encontrará projetos estimulantes e desafiadores que podem  criar ou resgatar uma identidade do artista. Um que sempre cito nessas conversas é o Keanu Reeves. Se eu fosse amigo dele, falaria: “Keanu, meu filho, esqueça essas bobagens de blockbusters. Você já tem dinheiro o suficiente. Resgate sua auto-estima e procure projetos menores e independentes.” Claro que seu agente não deve compartilhar do mesmo pensamento que o meu, mas acredito que ele ainda pode resgatar um pouquinho daquela fase de Garotos de Programa (1991) e Parenthood – O Tiro que Não Saiu Pela Culatra (1990), com quem trabalhou com Gus Van Sant e Ron Howard, respectivamente.

Claro que o veterano John Lithgow não está no mesmo patamar fundo de poço de Reeves, mas digamos que ele ficou um pouco esquecido nas últimas duas décadas. Ele retomou um pouco sua popularidade com sua participação na série de TV Dexter, mas acredito que sua atuação em O Amor é Estranho pode ajudá-lo ainda mais na sua retomada.

No filme dirigido por Ira Sachs, ele é casado com Alfred Molina, formando um casal gay. Contudo, as dificuldades começam quando seu parceiro é despedido, obrigando-os a vender a casa e viver em locais diferentes até a poeira baixar e conseguir uma casa mais barata. Aqueles que viram o filme defendem que se trata do melhor trabalho de Lithgow desde O Mundo Segundo Garp (1983), e também a mais franca atuação dele desde então. Ele já foi indicado duas vezes como coadjuvante, a primeira por Garp e a segunda por Laços de Ternura, mas nunca levou. E a Academia adora retornos triunfais, tipo Alan Arkin e Christopher Plummer.

JAEDEN LIEBERHER
Melhor Ator Coadjuvante (St. Vincent)

Jaeden Lieberher (St. Vincent) - photo by cine.gr

Jaeden Lieberher (St. Vincent) – photo by cine.gr

Ok, crianças no Oscar vocês já sabem: ascensão ou maldição. Que o diga Tatum O’Neal e Haley Joel Osment (que sequer ganhou, mas desapareceu do mapa). Claro que existem casos mais raros em que o ator ou atriz-mirim conseguem driblar uma possível maldição provinda de um certo deslumbramento do Oscar e se tornar um sucesso por tempo indeterminado. O caso mais concreto disso é Jodie Foster, que atua em comerciais de TV desde os 3 anos e até hoje, com mais de 50, continua uma excelente profissional.Claro que o alto QI dela ajuda bastante, mas os pais são fundamentais nessas horas.

A Academia também gosta de fazer sua parte ao não premiar uma criança e acabar “estragando” um futuro todo de sucesso. Quando a jovem Abigail Breslin foi indicada por Pequena Miss Sunshine em 2007, seu colega de filme e veterano Alan Arkin declarou poucos dias antes da cerimônia que não gostaria que ela ganhasse para que a vitória não lhe subisse à cabeça. A Academia tem evitado indicar crianças, mas em alguns casos como o da própria Abigail, eles seriam crucificados se não o fizessem. Então, essa menção ao jovem Jaeden Lieberher tem de ser vista com cautela. Ele tem 12 anos e faz par com Bill Murray na comédia de humor negro St. Vincent.

No filme, ele faz um menino cujos pais acabam de se divorciar e acaba encontrando conforto e amizade no vizinho veterano de guerra. Dizem que sua química com Murray é tão boa e seus diálogos são tão afiados, que fica quase impossível não xingar a Academia em caso de ausência na lista de indicados…

TILDA SWINTON
Melhor Atriz Coadjuvante (Expresso do Amanhã)

Tilda Swinton (Expresso do Amanhã) - photo by outnow.ch

Tilda Swinton (Expresso do Amanhã) – photo by outnow.ch

Eu adoro Tilda Swinton. Desde os trabalhos em que ela protagoniza como Até o Fim (1999) até os que ela faz pontas como O Grande Hotel Budapeste (2014). Ela tem presença de tela e talento, uma combinação que ajudou Meryl Streep a assumir o posto que tem hoje. Ela só não foi mais indicada ou ganhou mais prêmios americanos porque ela é meio off-Hollywood.

Prova disso também são suas escolhas incomuns. Este ano, ela viveu uma espécie de líder distópica e autoritária na ficção científica futurista Expresso do Amanhã, dirigido pelo sul-coreano Bong Joon-ho. Neste futuro apocalíptico, as condições climáticas acabaram com a vida na Terra, restando apenas os passageiros do trem Snowpiercer, que viaja ao redor do globo. Ali dentro, as classes brigam entre si para ter o controle do sistema. A caracterização da personagem de Swinton chama a atenção já pelo figurino e pelos óculos fundos, e se aprofunda pelo tom de voz frio e autoritário com a imagem meio Margaret Thatcher de Meryl Streep em A Dama de Ferro.

Embora a Academia não saiba admirar uma boa atuação no gênero (aliás, uma das poucas atuações de ficção científica indicadas foi de Sigourney Weaver em Aliens, o Resgate em 1987), espero que o filme seja bem recebido pelos votantes e que pelo menos considerem o talento de Swinton. Ela ganhou um Oscar de coadjuvante em 2008 por Conduta de Risco.

 

* As indicações ao Oscar 2015 serão conhecidas no dia 15 de janeiro, e a cerimônia será no dia 22 de fevereiro.

Oscar 2014: Primeiríssima Previsão

Cedo demais para o Oscar 2014? Nem tanto. Se olharmos para os filmes que já estrearam, realmente não há grandes candidatos a Melhor Filme. Contudo, produções milionárias como Homem de Ferro 3, Homem de Aço, Além da Escuridão – Star Trek e Círculo de Fogo podem e devem preencher algumas indicações nas categorias mais técnicas do Oscar como Melhor Som, Efeitos Sonoros e Efeitos Visuais, uma “rotina” que tem se tornado cada vez mais comum, enquanto os possíveis principais candidatos ao Oscar estréiam no final do ano justamente com esse intuito de deixar os filmes mais frescos nas memórias dos votantes da Academia.

Como a maioria dos candidatos sequer estrearam, muitos palpites aqui são parte de previsões de alguns sites especializados como o Indiewire, além de um apanhado das seleções de festivais como o de Cannes e Berlim. Vale a pena lembrar que o Festival de Toronto (Canadá) tem sido um dos maiores termômetros para o Oscar. Nos últimos anos, os vencedores do prêmio People’s Choice Award foram indicados ou vencedores do Oscar de Melhor Filme: O Lado Bom da Vida, O Discurso do Rei, Preciosa e Quem Quer Ser um Milionário?. Este ano, o novo filme de David O. Russell, American Hustle, pode ser reconhecido em Toronto e praticamente garantir seu acesso ao prêmio da Academia.

Não podemos deixar de lado que há também aquelas produções que já nasceram candidatas ao Oscar, como é o caso de August: Osage County, adaptação de um livro vencedor do Pulitzer, que conta a saga da família Weston. Apesar do diretor inexperiente John Wells, convocaram atores que fazem a diferença e podem render indicações de atuação: Julia Roberts, Ewan McGregor, Chris Cooper, Abigail Breslin e Benedict Cumberbatch. Mas o fator determinante aqui são apenas dois: 1º É produzido por ninguém menos que Harvey Weinstein, o papa-Oscar. E 2º No elenco, tem ninguém menos que Meryl Streep, que pode bater seu próprio recorde de 17 indicações. Você achou que ela fosse sossegar depois de ganhar seu 3º Oscar? Nada disso! Meryl quer bater o recorde de Katharine Hepburn, vencedora de 4 estatuetas de atriz. E, ao que tudo indica, ela deve conquistar sua 18ª indicação, pois Violet Weston, sua personagem, é uma viciada em drogas com câncer (duas tragédias que costumam elevar o potencial de prêmios de atuação). Resta saber se seu papel é principal ou secundário. Veja uma das primeiras fotos de Meryl Streep caracterizada abaixo (a mulher tira de letra!):

Julia Roberts, Ewan McGregor e Meryl Streep em cena de August: Osage County

Julia Roberts, Ewan McGregor e Meryl Streep em cena de August: Osage County (photo by http://www.cinemagia.ro)

Outro que já nasceu com cheiro de premiação foi The Wolf of Wall Street, mais novo filme de Martin Scorsese. Depois de quase ter levado seu segundo Oscar com a bela produção de A Invenção de Hugo Cabret, ele volta à temática criminosa que marcou sua carreira. Desta vez, apóia-se na história verídica de Jordan Belfort, de sua ascensão no mundo dos acionistas até sua queda através de envolvimento com o crime, corrupção e polícia federal. Acredito que Scorsese busque uma história que envolva o mercado financeiro a fim de atingir a crise econômica que devastou os Estados Unidos em 2008.

E mais uma vez Leonardo DiCaprio protagoniza o filme. Trata-se de sua 5ª colaboração com o diretor. Posso estar enganado quanto à eficiência da aliança, mas não sei se o ator consegue atingir o nível de profundidade que Scorsese busca. Pelo tamanho do projeto e da credibilidade de seu diretor, DiCaprio deve ser indicado para Melhor Ator, mas a vitória em si deve levar mais alguns anos. Aos 39 de idade, o ator se mostra cada vez mais esforçado como em Django Livre, mas ainda peca no tom e no excesso.

Leonardo DiCaprio em The Wolf of Wall Street. Mais uma chance no Oscar?

Leonardo DiCaprio em The Wolf of Wall Street. Mais uma chance no Oscar?

O projeto de Scorsese pode ainda render indicações para os atores Matthew McConaughey e Jonah Hill como coadjuvantes, além dos mais corriqueiros como Montagem para Thelma Schoonmaker, Trilha Musical para Howard Shore e Fotografia para Rodrigo Prieto. Resta aguardar o resultado de sua bilheteria e a crítica.

Outro veterano, aliás, veteranoS que podem voltar a concorrer ao Oscar são os irmãos Coen. Em maio, os diretores participaram do último Festival de Cannes com Inside Llewyn Davis, reconhecido pelo Grande Prêmio do Júri. Trata-se de um filme sobre música, especificamente a folk dos anos 60 em Nova York, onde acompanhamos a trajetória do compositor Llewyn Davis.

Além da indicação quase certa de Roteiro Original, como se trata de uma produção de época, pode conquistar indicações para Fotografia (Bruno Delbonnel), Direção de Arte (Jess Gonchor) e Figurino (Mary Zophres). Após atuar nos últimos dois vencedores do Oscar de Melhor Filme (O Artista e Argo), John Goodman pode finalmente ser reconhecido por uma indicação através deste filme dos Coen.

Mas talvez a mais forte aposta seja a atuação de Oscar Isaac, que foi apontado pela mídia especializada como um dos que tem grandes chances de figurar na lista de indicados a Melhor Ator. Sua atuação foi bastante elogiada e, se for reconhecida por alguns prêmios de círculos norte-americanos, pode acabar no Globo de Ouro e no Oscar.

Oscar Isaac tem grandes chances para Melhor Ator por Inside Llewyn Davis (photo by www.OutNow.CH)

Oscar Isaac tem grandes chances para Melhor Ator por Inside Llewyn Davis (photo by http://www.OutNow.CH)

Em alta depois das indicações de seus últimos dois filmes, O Vencedor e O Lado Bom da Vida, o diretor e roteirista David O. Russell vem acumulando um total de 3 indicações sem vitória. Com seu novo filme, American Hustle, a história pode ser diferente.

David O. Russell: 3 indicações ao Oscar. Até o momento, nenhum vitória.

David O. Russell: 3 indicações ao Oscar. Até o momento, nenhum vitória.

Ele retoma a escalação de seus colaboradores como Robert De Niro e Bradley Cooper, podendo receber indicações com Christian Bale, Jennifer Lawrence, Amy Adams e Jeremy Renner. Apesar de todos os atores apresentarem visuais diferentes que merecem atenção, é inegável que Christian Bale se destaca por seu empenho em “desaparecer” no personagem. Bastante comprometido com seus papéis desde Psicopata Americano, O Operário e O Vencedor, Bale ganhou peso, mudou seu penteado radicalmente (ficou meio calvo) e alterou até sua postura. E por isso, é aposta certa para o Oscar 2014, provavelmente como Melhor Ator.

Amy Adams, Bradley Cooper. Jeremy Renner, Christian Bale

Indicados anteriormente: Amy Adams, Bradley Cooper e Jeremy Renner. Vencedores do Oscar: Christian Bale e Jennifer Lawrence. Todos sob direção de David O. Russell (photo by http://www.elfilm.com)

Existe outro filme que começa a ganhar força nos bastidores de Hollywood. Depois do sucesso de Preciosa, o diretor Lee Daniels passou a ganhar prestígio da ala afro-americana (não gosto de usar esse termo politicamente correto, mas tem gente sensível demais atualmente pra ouvir a palavra “negro”). Seu mais novo trabalho, O Mordomo da Casa Branca (The Butler), registra a história supostamente verídica do mordomo negro, Cecil Gaines, que trabalhou na Casa Branca servindo a oito presidentes e testemunhando acontecimentos históricos como a Guerra do Vietnã.

Lee Daniels: 1 indicação por Preciosa.

Lee Daniels: 1 indicação por Preciosa.

Forest Whitaker, que protagoniza o filme, está cotado para sua segunda indicação, e pode render indicações de coadjuvante para Vanessa Redgrave, Alan Rickman, Jane Fonda e principalmente Oprah Winfrey, cuja participação já é um forte lobby em si. Recentemente, ela confessou que teve grande receio de pagar outro mico na tela do cinema, uma vez que seu último filme, Bem-Amada (1998), foi um fracasso de bilheteria.

Mas, felizmente, ela não precisa se preocupar. O público alvo, formado por negros adultos, parece ter aceitado bem a idéia e já responde nas bilheterias americanas. O Mordomo da Casa Branca estreou nos EUA em 1º lugar com 24 milhões de dólares, números que impressionam para uma produção humilde de 25 milhões. Tamanho sucesso comercial deve impulsionar algumas indicações nas categorias principais como Melhor Filme e Diretor, uma vez que não houve diretor negro premiado na história da Academia.

Oprah Winfrey e Forest Whitaker em cena de The Butler

Oprah Winfrey e Forest Whitaker em cena de O Mordomo da Casa Branca (photo by http://www.blackfilm.com)

Se Leo DiCaprio, Oscar Isaacs e Whitaker se classificarem, terão forte competição pela frente. Temos Tom Hanks interpretando o capitão Richard Phillips, que sofreu ataque real de piratas somalianos em 2009 em Captain Phillips; Matthew McConaughey vivendo um aidético que luta contra a indústria farmacêutica em Dallas Buyers Club; o veterano Bruce Dern tendo seu talento redescoberto pelo diretor Alexander Payne em Nebraska, que lhe rendeu o prêmio de Melhor Ator no último Festival de Cannes; Chiwetel Ejiofor sendo o escravo da vez no novo filme do conceituado Steve McQueen, Twelve Years a Slave; e o carismático Robert Redford voltando em grande estilo em All is Lost, uma espécie de Náufrago mais moderno.

E se a Academia estiver disposta a recompensar um jovem talento, Michael B. Jordan pode receber sua primeira indicação por Fruitvale Station, uma produção independente que vem seguindo os passos do bem-sucedido Indomável Sonhadora ao conquistar prêmio no Festival de Sundance e ser selecionado em Cannes. Além disso, conta com a ajuda excepcional da Weinstein Company,  que já se comprometeu a distribuir o filme nos EUA e fazer o lobby costumeiro.

Michael B. Jordan no Festival de Cannes e no pôster do filme (photo by www.fruitvalefilm.com)

Michael B. Jordan no Festival de Cannes e no pôster do filme (photo by http://www.fruitvalefilm.com)

Ao contrário dos anos anteriores, a categoria de Melhor Atriz finalmente pode contar com cinco vencedoras do Oscar. Além de Meryl Streep, a australiana Cate Blanchett está encaminhando sua 6ª indicação através do novo filme de Woody Allen, Blue Jasmine, no qual vive a socialite falida Jasmine. Vencedora do Oscar de coadjuvante por O Aviador em 2005, a Academia sente que deve um Oscar de atriz principal para Blanchett, considerada uma das maiores intérpretes do cinema atual. Sally Hawkins e Alec Baldwin podem ser reconhecidos como coadjuvantes, e Woody Allen como roteirista em sua 16ª indicação.

Cate Blanchett em Blue Jasmine (photo by www.OutNow.CH)

Cate Blanchett em Blue Jasmine (photo by http://www.OutNow.CH)

Na mesma linha, a experiente Judi Dench pode ter mais uma chance de conquistar o Oscar de Melhor Atriz. Com um total de seis indicações, ela ganhou apenas uma vez como coadjuvante por Shakespeare Apaixonado (1998), com uma atuação de 8 minutos. Sob direção de Stephen Frears, Judi Dench interpreta uma senhora que procura por seu filho, que foi tirado dela há décadas quando foi forçada a entrar num convento em Philomena.

Os especialistas colocaram Kate Winslet pelo novo filme de Jason Reitman, Labor Day, outros colocaram Sandra Bullock como forte concorrente por Gravidade, filme sobre acidente espacial do mexicano Alfonso Cuarón. O retorno de Winslet ao Oscar seria bem-vindo, pois a Academia gosta de resgatar seus premiados para afastar a sina de maldição do Oscar, mas no caso de Bullock, não creio que suas chances sejam tão boas pelo histórico do gênero.

Sumida do Oscar desde 1996, a inglesa Emma Thompson pode ter seu retorno triunfal com Saving Mr. Banks, no qual interpreta P.L. Travers, autora do livro que deu origem ao clássico musical Mary Poppins (1964). Ao ver o trailer, é possível deduzir que a atuação de Thompson apresentará alguns trejeitos de Julie Andrews. Como o filme pode render indicações para Roteiro Original e Ator Coadjuvante para Tom Hanks (interpretando Walt Disney), Saving Mr. Banks deve figurar entre os candidatos a Melhor Filme. O diretor John Lee Hancock teve seu último trabalho indicado a Melhor Filme em 2010: Um Sonho Possível.

Tom Hanks e Emma Thompson em Saving Mr. Banks.

Tom Hanks (como Walt Disney) mostra o parque Disneyland para a escritora P.L. Travers (Emma Thompson) em Saving Mr. Banks (photo by http://www.disney.com)

E como a Academia tem uma paixão por realeza, as atrizes Nicole Kidman e Naomi Watts podem concorrer por seus papéis de Princesa Grace Kelly e Princesa Diana em Grace of Monaco e Diana, respectivamente. Enquanto Kidman trabalha com Olivier Dahan, que conquistou o Oscar de Atriz para Marion Cotillard por Piaf – Um Hino ao Amor, Watts atua sob direção do alemão Oliver Hirschbiegel (A Queda! As Últimas Horas de Hitler) na tentativa de distrinchar aqueles dias polêmicos em que Lady Di tinha um amante. Em termos de caracterização, Naomi Watts sai um pouco na frente, mas ambas aparentam ter pouco trabalho de maquiagem, ao contrário de Meryl Streep em A Dama de Ferro, por exemplo. Mas o que realmente conta é a atuação e a carga dramática que as atrizes imprimem nos filmes. Vamos torcer por boas atuações!

À esquerda, Grace Kelly. Nicole Kidman enfrenta dura desafio de trazer a princesa e atriz de volta à vida em Grace of Monaco (photo by mamamia.au)

À esquerda, Grace Kelly. Nicole Kidman enfrenta dura desafio de trazer a princesa e atriz de volta à vida em Grace of Monaco (photo by mamamia.com.au)

Naomi Watts (à direita) reproduz os mesmos gestos de Princesa Diana em Diana (photo by eonline.com)

Naomi Watts (à direita) reproduz os mesmos gestos de Princesa Diana em Diana (photo by eonline.com)

Indo na cola do sucesso de Bastardos Inglórios, o novo filme do diretor George Clooney, The Monuments Men, também retoma a Segunda Guerra Mundial ao contar a história de um grupo de historiadores de Arte que busca resgatar importantes obras de arte dos nazistas antes que Hitler as destrua. Por se tratar de uma aventura mais cômica, talvez a produção não seja bem cotada para os prêmios principais do Oscar, mas como Clooney tem boa reputação e seu elenco é super qualificado, pode surpreender na reta final. Apesar de contar com Matt Damon, Bill Murray, Jean Dujardin, John Goodman e do próprio George, a atuação mais comentada (pra variar) é de Cate Blanchett, que capricha no sotaque e pode conquistar indicação de coadjuvante.

Ao centro: John Goodman, George Clooney e Matt Damon checam as obras roubadas em The Monuments Men (photo by www.outnow.ch)

Ao centro: John Goodman, George Clooney e Matt Damon checam as obras roubadas em The Monuments Men (photo by http://www.outnow.ch)

Aliás, nas categorias de coadjuvantes, algumas performances já merecem destaque, como a transformação de Jared Leto num travesti (ou transsexual) no drama sobre HIV, Dallas Buyers Club. O jovem ator, que ficou conhecido como o filho drogado da personagem de Ellen Burstyn em Réquiem Para um Sonho (2000), também emagreceu consideravelmente para o papel. Contudo, nem sempre a Academia está disposta a premiar papéis nada conservadores.

Indicado por Minhas Mães e Meu Pai em 2011, Mark Ruffalo vai na contramão e engorda para o papel. Na verdade, ele ganha massa muscular para viver o campeão olímpico de wrestling, Dave Schultz, assassinado pelo esquizofrênico John duPont, interpretado por Steve Carell, que usa um nariz prostético para incorporar o personagem em Foxcatcher, do diretor Bennett Miller de Capote.

Seguindo o sucesso do nariz prostético de Nicole Kidman em As Horas, Steve Carell repete o feito em Foxcatcher

Seguindo o sucesso do nariz prostético de Nicole Kidman em As Horas, Steve Carell repete o feito em Foxcatcher (photo by http://www.digitalspy.com)

Já na corrida da ala feminina, as vencedoras do Oscar Cate Blanchett, Jennifer Lawrence, Vanessa Redgrave e Octavia Spencer podem figurar na lista final novamente. Previamente indicadas mas sem vitória, Oprah Winfrey, Laura Linney, Catherine Keener, Carey Mulligan, Kristin Scott Thomas e Amy Adams têm novas oportunidades de ganhar, especialmente Amy Adams que, além de ter duas atuações de destaque em 2013 (American Hustle e Her), participou no sucesso comercial Homem de Aço, e já foi indicada 4 vezes como coadjuvante e nunca levou a estatueta.

Vale lembrar que como boa parte dos filmes sequer estrearam, as atuações podem variar entre atores principais e coadjuvantes, fato que depende também do lobby das distribuidoras como a Weinstein Company. Ao longo dos próximos meses, postarei mais previsões e premiações que consolidem a corrida para o Oscar 2014, cujas indicações serão anunciadas no dia 16 de janeiro. Confira as apostas:

MELHOR FILME
– The Wolf of Wall Street
– The Monuments Men
– Twelve Years a Slave
– Saving Mr. Banks
– August: Osage County
– Inside Llewyn Davis
– Gravidade (Gravity)
– American Hustle
– Captain Phillips
– Fruitvale Station
– Blue Jasmine
– All Is Lost
– Foxcatcher
– O Conselheiro do Crime (The Counselor)
– Labor Day
– Mandela: Long Walk To Freedom
– Rush: No Limite da Emoção (Rush)
– O Quinto Poder (The Fifth Estate)
– Out of the Furnace
– Dallas Buyers Club
– Nebraska
– The Past
– O Mordomo (The Butler)
– Os Suspeitos (Prisoners)

MELHOR DIRETOR


– George Clooney (The Monuments Men)
– Joel Coen e Ethan Coen (Inside Llewyn Davis)
– Lee Daniels (O Mordomo)
– Paul Greengrass (Captain Phillips)
– Steve McQueen (Twelve Years a Slave)
– Bennett Miller (Foxcatcher)
– Alexander Payne (Nebraska)
– David O. Russell (American Hustle)
– Martin Scorsese (The Wolf of Wall Street)
– Ridley Scott (O Conselheiro do Crime)
– Alfonso Cuarón (Gravidade)
– John Wells (August: Osage County)
– Ryan Coogler (Fruitvale Station)
– Spike Jonze (Her)
– Jason Reitman (Labor Day)
– Ron Howard (Rush: No Limite da Emoção)
– J.C. Chandor (All is Lost)
– Bill Condon (O Quinto Poder)
– Denis Villeneuve (Os Suspeitos)

MELHOR ATOR

– Christian Bale (American Hustle)
– Steve Carell (Foxcatcher)
– Benedict Cumberbatch (O Quinto Poder)
– Bruce Dern (Nebraska)
– Leonardo DiCaprio (The Wolf of Wall Street)
– Idris Elba (Mandella: Long Walk to Freedom)
– Chiwetel Ejiofor (Twelve Years a Slave)
– Michael Fassbender (O Conselheiro do Crime)
– Ralph Fiennes (The Invisible Woman)
– Colin Firth (The Railway Man)
– Tom Hanks (Captain Phillips)
– Oscar Isaac (Inside Llewyn Davis)
– Michael B. Jordan (Fruitvale Station)
– Joaquin Phoenix (Her)
– Ben Stiller (The Secret Life of Walter Mitty)
– Matthew McConaughey (Dallas Buyers Club)
– Ashton Kutcher (jOBS)
– Ethan Hawke (Antes da Meia-Noite)
– Robert Redford (All is Lost)
– Hugh Jackman (Os Suspeitos)

MELHOR ATRIZ

– Cate Blanchett (Blue Jasmine)
– Judi Dench (Philomena)
– Meryl Streep (August: Osage County)
– Emma Thompson (Saving Mr. Banks)
– Sandra Bullock (Gravidade)
– Amy Adams (American Hustle)
– Naomi Watts (Diana)
– Nicole Kidman (Grace of Monaco)
– Julia Roberts (August: Osage County)
– Julie Delpy (Antes da Meia-Noite)
– Marion Cotillard (The Immigrant)
– Bérénice Bejo (The Past)
– Kate Winslet (Labor Day)
– Jessica Chastain (The Disappearance of Eleanor Rigby)
– Jennifer Lawrence (Serena)
– Samantha Morton (Decoding Annie Parker)
– Felicity Jones (The Invisible Woman)
– Elizabeth Olsen (Therese Raquin)
– Greta Gerwig (Frances Ha)
– Rooney Mara (Ain’t Them Bodies Saints)

MELHOR ATOR COADJUVANTE

– Casey Affleck (Out of Furnace)
– Alec Baldwin (Blue Jasmine)
– Javier Bardem (O Conselheiro do Crime)
– Josh Brolin (Labor Day)
– Daniel Brühl (Rush: No Limite da Emoção)
– George Clooney (Gravidade)
– Bradley Cooper (American Hustle)
– Michael Fassbender (Twelve Years a Slave)
– Harrison Ford (42: A História de uma Lenda)
– Ben Foster (Ain’t Them Bodies Saints)
– John Goodman (Inside Llewyn Davis)
– Tom Hanks (Saving Mr. Banks)
– Woody Harrelson (Out of Furnace)
– Jonah Hill (The Wolf of the Wall Street)
– Phillip Seymour Hoffman (A Most Wanted Man)
– Jared Leto (Dallas Buyers Club)
– Matthew McConaughey (Amor Bandido)
– Matthew McConaughey (The Wolf of the Wall Street)
– Jeremy Renner (American Hustle)
– Mark Ruffalo (Foxcatcher)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

– Amy Adams (American Hustle)
– Amy Adams (Her)
– Cate Blanchett (The Monuments Men)
– Viola Davis (Os Suspeitos)
– Cameron Diaz (O Conselheiro do Crime)
– Jennifer Garner (Dallas Buyers Club)
– Naomie Harris (Mandela: Long Walk to Freedom)
– Sally Hawkins (Blue Jasmine)
– Catherine Keener (Captain Phillips)
– Jennifer Lawrence (American Hustle)
– Laura Linney (O Quinto Poder)
– Margot Martindale (August: Osage County)
– Carey Mulligan (Inside Llewyn Davis)
– Lupita Nyong’o (Twelve Years a Slave)
– Vanessa Redgrave (Foxcatcher)
– Zoe Saldana (Out of the Furnace)
– Octavia Spencer (Fruitvale Station)
– June Squibb (Nebraska)
– Kristin Scott Thomas (The Invisible Woman)
– Oprah Winfrey (O Mordomo)

NOTA IMPORTANTE: No dia 26 de setembro, a Sony Pictures Classics decidiu adiar a estréia de Foxcatcher para 2014, abandonando a corrida para o Oscar. A nobre intenção é conceder mais tempo ao diretor Bennett Miller para a finalização do filme. Poucos dias atrás, a Weinstein Co. também transferiu Grace of Monaco, estrelado por Nicole Kidman, para o ano seguinte. Mas lembrando que as datas ainda podem sofrer alterações até o final do ano, caso surjam boas oportunidades de encaixe.

Foxcatcher: Estréia adiada e ausência no Oscar 2014.

Foxcatcher: Estréia adiada e ausência no Oscar 2014.

Prévia do Oscar 2013: Melhor Atriz

Meryl Streep, vencedora do último Oscar de Melhor Atriz por A Dama de Ferro

Nos últimos dez anos, apenas três atrizes com idade acima de 40 anos foram premiadas nessa categoria: Helen Mirren, Sandra Bullock e Meryl Streep. Esse fato denota a queda na oferta de bons papéis no cinema para mulheres maduras. Por isso, muitas delas migraram para as séries e mini-séries de TV como fizeram Kathy Bates (Harry’s Law), Glenn Close (Damages), Jessica Lange (American Horror Story), Julianne Moore (Virada no Jogo), Emma Thompson (The Song of Lunch), Judy Davis (Page Eight) e Maggie Smith (Downton Abbey), só pra citar nomes mais recentes. É claro que isso não significa que mudaram de time permanentemente, mas aproveitando a demanda da TV por material de qualidade, coisa que o cinema tem deixado de fazer há um bom tempo.

Na corrida do Oscar, a maioria das atrizes normalmente está na casa dos 20 e 30, até mesmo porque o cinema se tornou um entretenimento mais para o público juvenil. E sob essa perspectiva, Jennifer Lawrence deve figurar entre as favoritas. Além de sua performance elogiada no Festival de Toronto por Silver Linings Playbook, ainda conta com o sucesso de seu blockbuster Jogos Vorazes. Este é o equilíbrio perfeito entre sucesso de crítica e público que a Academia costuma buscar em seus vencedores de atuação, pois agrada aos críticos enquanto seu sucesso comercial atrai o público de TV e, obviamente, mais patrocinadores do show.

Ainda em se tratando de jovens, o Oscar 2013 pode ter dois novos recordes. A atriz-mirim Quvenzhané Wallis, protagonista do drama fantástico Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild), de apenas 8 anos pode se tornar a atriz mais jovem indicada na categoria. A marca atual pertence à australiana Keisha Castle-Hughes de A Encantadora de Baleias (2003), que na época tinha apenas 13 anos.

Contudo, em 2013, as jovens estão em baixa, abrindo espaço para atrizes mais experientes e consagradas. A francesa Emmanuelle Riva, de 85 anos, estrela do clássico Hiroshima mon Amour, pode ser uma surpresa na lista de indicadas, batendo o recorde de Jessica Tandy (que ganhou aos 81). Logo em seguida, as setentonas Judi Dench e Maggie Smith são fortes candidatas por O Exótico Hotel Marigold e Quartet, respectivamente.

Amigas e colegas de profissão, Nicole Kidman (44) e Naomi Watts (43) também fazem parte do grupo de atrizes experientes com boas chances de concorrer ao prêmio. Kidman encara um papel mais ousado em The Paperboy, enquanto Watts busca esperança em meio à tragédia de O Impossível.

Particularmente, (e já declarei isso várias vezes aqui) prefiro o reconhecimento de atrizes experientes no Oscar. Mas o Oscar é um prêmio que reconhece os melhores do ano, e não pelo conjunto da obra. Se uma atriz de oito anos deu a melhor performance do ano, por que não lhe premiar com o Oscar? Que vença a melhor!

Marion Cotillard em Ferrugem e Osso

MARION COTILLARD (Ferrugem e Osso)

Marion Cottilard foi a primeira atriz francesa a ganhar o Oscar de Melhor Atriz falando a sua língua natal, e a segunda estrangeira depois de Sophia Loren, que ganhou em 1962 por Duas Mulheres (La Ciociara). Seu Oscar foi um dos mais comemorados pela comunidade hollywoodiana.

Tanto que acabou abraçada pelo diretor Christopher Nolan, que a incluiu nos blockbusters A Origem (2010) e Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012). Mesmo carregando um sotaque no inglês, Marion Cotillard se saiu bem e deu maior credibilidade aos papéis que viveu. Além de Nolan, outros diretores fizeram questão de contar com a atriz. Michael Mann (Inimigos Públicos), Rob Marshall (Nine), Woody Allen (Meia-Noite em Paris) e Steven Soderbergh (Contágio) foram beneficiados pelo talento da francesa.

Agora, voltando a fazer filmes franceses, Cotillard atua sob direção do diretor em extrema ascensão Jacques Audiard (de O Profeta, que concorreu a Melhor Filme Estrangeiro em 2010) no drama Ferrugem e Osso (Rust and Bone), que concorreu à Palma de Ouro em Cannes desse ano. Havia até uma forte expectativa de que o prêmio de atuação feminina seria dela.

No filme, Marion Cotillard vive Stéphanie, uma treinadora de baleias orcas que sofre um acidente que lhe tira parte das pernas. O tipo de papel, somado à credibilidade do Oscar que ganhou, facilmente lhe garantiria uma nova indicação, mas por se tratar de um filme em língua francesa, as chances dela podem reduzir consideravelmente numa briga mais acirrada com outras atrizes.

Judi Dench em O Exótico Hotel Marigold

JUDI DENCH (O Exótico Hotel Marigold)

Ainda não consegui engolir a derrota de Dame Judi Dench para Helen Hunt naquele Oscar 98. Ela competia por um papel imponente e interpretação impecável em Sua Majestade Mrs. Brown. No ano seguinte, a Academia resolveu compensá-la ao lhe entregar o Oscar de coadjuvante por Shakespeare Apaixonado, no qual ela atua por apenas oito minutos.

Para o grande público, Dench ficou conhecida como M, a chefe do agente secreto britânico James Bond, que voltará no novo filme 007 – Operação Skyfall, mas deve ser sua última participação na série. Porém, a atriz tem muito mais história no teatro, tendo atuado nas companhias de prestígio Royal Shakespeare Company, o National Theatre e Old Vic Theatre, além de ter vencido muitos prêmios do palco como o Laurence Olivier Theater Award na década de 80 e 90.

Em O Exótico Hotel Marigold, já disponível em DVD e Blu-ray, muitos atores consagrados são reunidos para contar histórias da terceira idade em meio ao caos da Índia e o hotel do título. Judi Dench encabeça essa lista que conta ainda com Maggie Smith, Tom Wilkinson e Bill Nighy. Como em todo filme, a atriz empresta sensibilidade e carisma a seu personagem Evelyn, que fica bastante desamparada na vida depois que seu marido morre.

Apesar do filme ser independente, o peso do nome da atriz pode lhe conferir sua sétima indicação ao Oscar. Ela já foi indicada por Sua Majestade Mrs. Brown (1997), Shakespeare Apaixonado (1998), Chocolate (2000), Iris (2001), Sra. Henderson Apresenta (2005) e Notas Sobre um Escândalo (2006).

Nicole Kidman em The Paperboy

NICOLE KIDMAN (The Paperboy)

Toda vez que eu vejo Nicole Kidman na TV, seja no tapete vermelho ou na premiação, vejo uma mulher recatada e reprimida sexualmente. Então, não foi uma surpresa vê-la num papel de mulher da vida nesse novo drama de Lee Daniels, diretor de Preciosa. Nicole cresceu demais depois que se separou do mala da Cientologia Tom Cruise; passou a buscar novos desafios sem medo de parecer ridícula.

A história comprova essa teoria. Foi só se divorciar dele que estrelou dois grandes sucessos de público e crítica em seguida: Os Outros, de Alejandro Amenábar, e Moulin Rouge – Amor em Vermelho, de Baz Luhrmann, que lhe conferiu sua primeira indicação ao Oscar.

Nos anos seguintes, Nicole trabalhou com diretores competentes como Lars von Trier, Anthony Minghella e ganhou seu Oscar pelo papel marcante da escritora Virginia Woolf em As Horas, de Stephen Daldry. Muita gente poderia achar que ela venceu somente pelo peso da personagem e maquiagem (uma prótese de nariz fora aplicada), mas a atriz continua na jornada em busca de novos desafios. Essa atitude nada fácil de seguir deveria ser comum na profissão, mas não é.

Em The Paperboy, ela aceita um tipo de papel que nunca encarou antes. Charlotte Bless é uma vagabunda que tem fetiche por homens encarcerados. Contudo, Nicole não faz isso de forma condescendente, mas de um jeito que sua personagem pareça mais aceitável e ganhe a torcida do público. Suas chances são médias, mas se o filme não for bem aceito pela crítica americana, Nicole pode comparecer ao Oscar apenas para apresentar um prêmio.

Keira Knightley em Anna Karenina

KEIRA KNIGHTLEY (Anna Karenina)

Esta jovem atriz britânica começou a chamar a atenção na comédia sobre futebol feminino Driblando o Destino (Bend it Like Beckham), que pelo sucesso chegou a ser indicado a Melhor Filme – Comédia/Musical no Globo de Ouro 2003. Naquele ano, Keira Knightley deu um salto para a fama internacional com o blockbuster Piratas do Caribe – A Maldição do Pérola Negra, mas muitos duvidavam do talento da moça, que tinha tudo para se tornar mais uma daquelas Bond girls que só serviam para enfeitar a tela e gritar.

Felizmente, firmou uma forte aliança com o diretor Joe Wright ao interpretar o cobiçado papel de Elizabeth Bennet de Orgulho e Preconceito, adaptação do clássico literário homônimo de Jane Austen, que acabou resultando numa indicação para o Oscar para Knightley. Entretanto, mais importante do que o início bem-sucedido da parceria com o diretor (Anna Karenina é a terceira colaboração da dupla), seria a descoberta dessa obsessão de Keira com os filmes de época.

Depois de Orgulho e Preconceito, ela vestiu figurinos de décadas e séculos passados em mais sete oportunidades. Acho que as figurinistas já sabem as medidas dela de cor e salteado! Existem atores que gostam de interpretar vilões, mocinhos, e existem atrizes que se apegam tanto a filmes de História que ficam marcadas e até rotuladas no mercado, como se não tivessem capacidade de viver personagens atuais.

Porém não deve ser o caso de Keira Knightley. Ela mesma deve estar ciente desse excesso de filmes de época e vem buscando projetos diferenciados como a comédia Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo (2012) e a refilmagem de ação Jack Ryan, prevista para estrear em 2013. Até lá, ela aproveitou para voltar a trabalhar com seu diretor favorito nesse Anna Karenina, adaptação da obra de Leo Tolstoy.

Com a constante evolução da parceria Knightley-Wright, a atriz tem chances de obter sua segunda indicação, mas uma vitória seria considerada uma zebra. Por outro lado, Anna Karenina tem ótimas chances nas categorias de direção de arte e figurino, como nos trabalhos anteriores de Joe Wright, que prima nesses departamentos.

Jennifer Lawrence em Silver Linings Playbook

JENNIFER LAWRENCE (Silver Linings Playbook)

Seria burrice da Academia se ignorasse o trabalho da jovem atriz Jennifer Lawrence em 2013, afinal ela estrelou dois filmes em destaque na mídia: o blockbuster Jogos Vorazes (Hunger Games) e esta “dramédia” Silver Linings Playbook, dirigido pelo diretor em ascensão David O. Russell, de O Vencedor.

Desde que foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz pelo independente Inverno da Alma (Winter’s Bone) em 2011, Jennifer Lawrence recebeu incontáveis propostas em Hollywood. Todos os diretores queriam trabalhar com ela. Felizmente, ela tem dado preferência ao equilíbrio nas escolhas de projetos, participando de filmes de terror, aventura, comédias e dramas. Já tem retorno acertado para as sequências X-Men: Days of Future Past (2014) e Jogos Vorazes: Em Chamas (2013).

Em Silver Linings Playbook, Lawrence encarna Tiffany, uma recém-viúva, que tenta lidar com a dor enquanto se envolve com o recém-saído do hospital psiquiátrico Bradley Cooper. Trata-se de um filme de direção de atores e isso David O.Russell já comprovou para todos com os dois Oscars de coadjuvantes de O Vencedor. O longa foi muito bem recebido no Festival de Toronto, vencendo o cobiçado prêmio People’s Choice Award e, pelo Hamptons International Film Festival, o Audience Award (prêmio concedido pelo público). O reconhecimento de Toronto vem sendo cada vez mais importante para o crescimento na reta final do Oscar. A vitória anterior de O Discurso do Rei foi um belo exemplo, batendo o franco-favorito A Rede Social em 2011.

Apesar de muito jovem (22 anos), Jennifer Lawrence tem grandes chances no Oscar. Ela foi indicada apenas uma vez em 2011 como Melhor Atriz por Inverno da Alma.

Laura Linney em Hyde Park on Hudson

LAURA LINNEY (Hyde Park on Hudson)

Laura Linney foi conquistando seu espaço de forma bem gradativa nos anos 90. Papéis menores e de coadjuvante permearam o início de sua carreira, participando de filmes em destaque como Dave – Presidente por um Dia (1993), Congo (1995), As Duas Faces de um Crime (1996) e O Show de Truman – O Show da Vida (1998). Cansada de personagens secundários, partiu para o cinema independente americano. Foi uma decisão de extrema importantância, pois pôde finalmente ser protagonista e dona de uma personagem rica de emoções no drama Conte Comigo, do talentoso Kenneth Lonnergan. Ali a atriz se sentiu mais à vontade e esbanjou seu talento que muitos diretores não conheciam. A interpretação da mãe solteira Sammy lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar, um feito único que lhe traria muitos frutos.

Laura Linney passou a atuar sob direção de renomados profissionais como Alan Parker em A Vida de David Gale, Clint Eastwood em Sobre Meninos e Lobos, mas foi graças a duas produções independentes que ela voltou ao tapete vermelho do Oscar. Com Kinsey – Vamos Falar de Sexo (2004) e A Família Savage (2007), Linney foi indicada para coadjuvante e atriz, respectivamente. A vitória pode não ter vindo ainda, mas acredito que é questão de tempo, pois a atriz sabe escolher bem projetos para se destacar. Só precisaria de um projeto mais grandioso ou uma personagem mais destacada na história.

Dependendo da recepção a Hyde Park on Hudson, Laura Linney pode conseguir sua quarta indicação, ainda mais que se trata de uma personagem verídica: Margaret Suckley, a prima do presidente Franklin D. Roosevelt, responsável pela narração do filme. No entanto, suas chances são menores do que nas oportunidades anteriores.

Helen Mirren (à esq) em Hitchcock

HELEN MIRREN (Hitchcock)

Embora Helen Mirren tenha iniciado sua carreira no cinema na década de 60, foi  apenas com o cult Excalibur (1981), de John Boorman, que ela passou a se destacar. Dali em diante, trabalhou com diretores mais renomados e alternativos como Paul Schrader, Terry George e Peter Greenaway, levando-a para Cannes, onde levou o prêmio de intérprete feminina duas vezes: em 1984 por Cal – Memórias de um Terrorista, e em 1995 por As Loucuras do Rei George. Este último também lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar como coadjuvante.

A partir do Oscar, sua carreira começou uma nova fase. Aquela Helen que só fazia filmes independentes passou a trabalhar em produções de estúdio, chegando a protagonizar uma comédia de humor negro com Katie Holmes: Tentação Fatal (1999), e dublando a animação da Dreamworks, O Príncipe do Egito (1998). Em 2002, voltou a ser indicada ao Oscar de coadjuvante pelo ótimo Assassinato em Gosford Park, de Robert Altman, mas perdeu novamente.

O reconhecimento da Academia finalmente veio em 2007, quando um projeto pensado para Helen Mirren foi lançado. Dirigido por Stephen Frears, A Rainha tinha mais cara de telefilme, mas foi abraçado pelo Oscar como uma oportunidade única de premiar uma atriz de enorme prestígio como Helen Mirren. Claro que ela colheu os frutos desse prêmio, ganhando bem em grandes produções como A Lenda do Tesouro Perdido: Livro dos Segredos (2007), no blockbuster da New Line Cinema, Coração de Tinta (2008) e na recente refilmagem Arthur – O Milionário Irresistível (2011), mas, como dito no início do post, o cinema de Hollywood muitas vezes é cruel com atrizes mais velhas. Aos 67 anos, Helen Mirren tem boas chances de uma nova indicação pelo filme Hitchcock, que conta os bastidores das filmagens do clássico Psicose, mas a atriz tem mais tratamento de coadjuvante de luxo. No filme, ela interpreta a esposa e colaboradora de Alfred Hitchcock, Alma Reville.

Helen Mirren já foi indicada quatro vezes: Em 1995 por As Loucuras do Rei George e em 2002 por Assassinato em Gosford Park, como coadjuvante. Em 2010, por A Última Estação, e em 2007 por A Rainha, vencendo por este último.

Emmanuelle Riva em Amour

EMMANUELLE RIVA (Amour)

Atriz francesa veteraníssima, Emmanuelle Riva pode se tornar a atriz mais velha a ser indicada ao Oscar aos 85 anos. Seu primeiro trabalho como atriz em Hiroshima mon Amour, de Alain Resnais, já a colocou no topo do cinema francês da década de 60, tornando-se uma das musas da Nouvelle Vague.

Apesar de se tratar de uma produção francesa, dirigida pelo austríaco Michael Haneke, muitos especialistas estão dando como certa sua indicação. Se for considerar o valor dessa oportunidade de incluir um ícone do cinema na história da Academia, já soaria tentador demais para ignorar sua performance. Mas para quem conferiu o filme, que arrancou aplausos calorosos e a Palma de Ouro em Cannes, Emmanuelle Riva merece ser uma das finalistas, e não somente por sua longeva carreira.

No drama Amour, Georges (Jean-Louis Trintignant, outro ator octogenário com chances no Oscar) e Anne (Riva) são professores de música aposentados. A filha deles, que também é música, vive no estrangeiro com a família dela. Um dia, Anne tem um ataque cardíaco e o relacionamento afetivo é severamente testado.

Em diferentes escalas, daria pra comparar o casal com Henry Fonda e Katharine Hepburn, que ganharam o Oscar em 1982 pelo drama Num Lago Dourado. Como Amour se trata de um filme de atores, existe essa possibilidade de haver outra atriz maior de 40 anos vencendo o Oscar de atriz. Esta seria sua primeira indicação ao Oscar.

Maggie Smith (à esq) em Quartet

MAGGIE SMITH (Quartet)

Maggie Smith tem uma trajetória semelhante a de Helen Mirren. Coincidentemente, ambas foram indicadas ao Oscar de coadjuvante pelo mesmo filme em 2002 por Assassinato em Gosford Park. Contudo, Maggie teve maior êxito comercial devido ao sucesso dos oito filmes da série Harry Potter, no qual deu vida à feiticeira Minerva. Ela começou no cinema nos anos 50, em papéis secundários até brilhar como Desdemona ao lado do mestre Laurence Olivier na adaptação de Othello (1965), de William Shakespeare.

A década de 70 foi bastante generosa com Maggie Smith. Em 1970, levou seu primeiro Oscar como Melhor Atriz por A Primavera de uma Solteirona, e em 1979, outro como coadjuvante pela comédia estrelada por Jane Fonda, California Suite. Em sua vasta filmografia prevaleceram personagens coadjuvantes, mas em sua maioria produções de grandes estúdios. Chegou a trabalhar com Steven Spielberg em Hook – A Volta do Capitão Gancho (1991), ensinou Whoopi Goldberg a ser uma freira em Mudança de Hábito (1992) e foi a Duquesa de York na adaptação de Ricardo III (1995), ao lado de Ian McKellen e Annette Bening.

Já no começo deste século, com o bolso cheio graças aos Harry Potter, ela pôde escolher projetos de seu gosto pessoal, e acabou se envolvendo em dois filmes elogiados: O Exótico Hotel Marigold, no qual faz a personagem mais humorada (como foi em Assassinato em Gosford Park), e neste Quartet, dirigido pelo amigo e colega Dustin Hoffman. Nele, Maggie Smith interpreta uma diva da ópera que volta à sua cidade para a comemoração do aniversário do compositor clássico Giuseppe Verdi.

Com aquele típico humor britânico que corre em sua veias, ela tem boas chances no Oscar. Ao lado de Judi Dench, Emmanuelle Riva e Helen Mirren, Maggie Smith comprova que as veteranas ainda têm muito a ensinar às mais novas atrizes e por que não para o público jovem de hoje que só vê porcaria e atores de plástico? Viva a terceira idade!

Quvenzhané Wallis em Indomável Sonhadora

QUVENZHANÉ WALLIS (Indomável Sonhadora)

Eu sei… parece um daqueles golpes de marketing, mas quem viu o filme Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild), que venceu o grande prêmio em Sundance, garante que a pequena merece um lugar de destaque nessa temporada de premiação. Se a indicação ao Oscar vier, ela marcará um novo recorde na história do prêmio, sendo a atriz mais jovem indicada com 8 anos.

O drama independente Indomável Sonhadora vem conquistando o público e a crítica por sua mistura perfeita de fantasia infantil com uma dura realidade de pobreza em Louisianna, nos EUA. Para contar essa história, o jovem diretor estreante Benh Zeitlin testou mais de quatro mil meninas para o papel para encontrar Wallis. Felizmente, essa árdua procura teve um final feliz. E Zeitlin deu muita sorte também no papel de coadjuvante. Ele contratou Dwight Henry, que era dono da padaria do outro lado da rua do set de filmagens! Curiosamente, ambos estão no novo filme de Steve McQueen, diretor dos premiados Hunger (2008) e Shame (2011).

Normalmente, quando uma atriz-mirim está na lista de indicadas ao Oscar, as chances são praticamente nulas. Ganhar como coadjuvante pode acontecer como aconteceu com Tatum O’Neal (aos 10 em 1974 por Lua de Papel) e Anna Paquin (aos 11 em 1994 por O Piano), mas ganhar como Melhor Atriz?? O recorde de mais jovem nessa categoria ainda pertence a Marlee Matlin, que tinha 21 aninhos quando venceu em 1987 por Filhos do Silêncio. Estaria a Academia diposta a quebrar essa marca por um jovem prodígio como Quvenzhané Wallis?

Naomi Watts em O Impossível

NAOMI WATTS (O Impossível)

Se depender do sofrimento que o personagem passa para ganhar um Oscar, pode-se dizer que Naomi Watts já teria a estatueta na mão. No drama-catástrofe, O Impossível, de Juan Antonio Bayona, ela está no lugar errado e na hora errada, mais precisamente na Tailândia em 2004, palco das tsunamis que levaram muitas vidas.

A atriz britânica fazia filmes B de terror como O Elevador da Morte (2001) até que David Lynch mudou sua vida ao chamá-la para estrelar Cidade dos Sonhos (2001). Seu nome passou a ser conhecido por vários diretores que queriam trabalhar com ela como Gore Verbinski em O Chamado (2002), David O. Russell em Huckabees – A Vida é uma Comédia (2004) e Peter Jackson em King Kong (2005), onde abraçou o papel que consagrou Fay Wray e Jessica Lange.

Sua primeira e única indicação saiu pelo dramático 21 Gramas, de Alejandro González Iñárritu, no qual sua personagem vive maus bocados quando encontra o homem que recebeu o coração de seu ex-marido. Como Watts parece uma boneca de porcelana, o fato de viver personagens em situações que deterioram a imagem das mesmas parece colaborar para a qualidade da interpretação. Como deu certo com 21 Gramas, por que não daria com O Impossível?

Neste novo trabalho, ela busca sua sobrevivência e sua família em meio à catástrofe do tsunami. Naomi Watts fica toda coberta de lama e sua chapinha é arruinada pela água salgada. Claro que isso merece uma indicação! Brincadeiras à parte, o drama O Impossível conta uma história de superação e solidariedade, elementos que, combinados, costumam ganhar muitos votos.

Mary Elizabeth Winstead em Smashed

MARY ELIZABETH WINSTEAD (Smashed)

Pelo nome, a atriz Mary Elizabeth Winstead talvez passe desapercebida pelo grande público. Mais conhecida por papéis de coadjuvante em grandes produções como Duro de Matar 4.0, no qual viveu a filha de Bruce Willis, e o filme-video-game Scott Pilgrim Contra o Mundo, onde é a desejada Ramona Flowers. Conseguiu papéis de protagonista em filmes de terror como Premonição 3 (2006) e a recente refilmagem da refilmagem de O Enigma do Outro Mundo (2011).

Ao se sair bem no papel de uma alcóolatra em Smashed, de James Ponsoldt, Winstead parece querer provar ao mundo que seu talento não pára na beleza. No filme, ela vive Kate Hannah, que conhece seu marido por causa do forte vício ao álcool. Quando se cansa da bebida e tenta se livrar dela, acaba afetando o relacionamento.

Personagens que sofrem com alcoolismo costumam se sair bem na corrida ao Oscar. O grande Ray Milland venceu com méritos seu Oscar de Melhor Ator em 1946 em Farrapo Humano, de Billy Wilder. Nicolas Cage afundou no vício em Despedida em Las Vegas, de Mike Figgis, e saiu reconhecido pela Academia em 1996. E mais recentemente, em 2010, Jeff Bridges ganhou o seu Oscar em Coração Louco, ao interpretar o músico Bad Blake,que tem uma queda fácil pelo álcool.

Smashed saiu com o prêmio especial do júri no último Festival de Sundance e agora, a distribuidora Sony Pictures Classics está investindo na campanha para uma indicação a Mary Elizabeth Winstead. Pelo histórico dela, seria uma zebra.

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