RETROSPECTIVA 2017: BASTIDORES SEXUAIS DE HOLLYWOOD

ANO FICOU MARCADO POR ESCÂNDALOS SEXUAIS E A EXPANSÃO DA DISNEY

Saudações aos cinéfilos de plantão! Mais um ano se passou e gostaria de entediá-los com meu resumão com os filmes. Bom, primeiramente, quero agradecer a todos que curtiram, fizeram comentários ou mesmo deram aquela breve passada no blog e na página do Facebook. Continuo não ganhando nem um centavo, mas todos os feedbacks certamente são gratificantes, então obrigado!

META DE 2017 E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Este ano tracei como meta assistir mais daqueles filmes que quando você fala que não viu, a pessoa reage com um: “Não acredito que você não assistiu!”. Então, vi alguns clássicos pela primeira vez como o neo-realista italiano Humberto D. (1952), de Vittorio De Sica, e o tocante e singelo clássico japonês de Yasujirô Ozu, Era uma Vez em Tóquio (1953). Também incluí filmes cults como Scanners – Sua Mente Pode Destruir (um David Cronenberg “tosqueira” que ficou mais marcado pela cena da cabeça que explode) e Tomates Verdes Fritos (que honestamente não entendi toda essa aura que o transformou em cult).

Dos diretores renomados, alguns filmes me surpreendi positivamente como Razão e Sensibilidade (1995), de Ang Lee (que achava que seria um drama de época sonolento), e Arizona Nunca Mais (1987), dos irmãos Coen, quando o humor deles era mais non-sense. Já outros como A Cidade dos Amaldiçoados (1995), de John Carpenter, foi bem doído assistir até o final pelo cúmulo do ridículo das cenas (Christopher Reeve mentalizando um muro de tijolos pra bloquear a telepatia das crianças foi a cena mais “chá de cogumelo” que vi este ano).

PIORES DO ANO NO CINEMA

Todo ano eu assisto a filmes que penso: “Onde eles estavam com a cabeça?”. Normalmente, são filmes cujos produtores se acham criativos demais a ponto de não necessitarem de um diretor competente por trás das câmeras. Dá pra citar dois exemplos de como Hollywood ainda tem muito a aprender:

A MÚMIA. Se essa era a idéia de revival dos monstros clássicos da Universal, o estúdio deveria urgentemente rever seus conceitos. Claramente, quiseram criar uma espécie de universo onde a Múmia poderia interagir com o Drácula, Frankenstein e Lobisomem em futuros longas, assim como a Marvel Studios planejou e executou, mas nem todo mundo tem a visão, organização e planejamento de Kevin Feige (produtor da Marvel).

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No centro, Annabelle Wallis com Jake Johnson e Tom Cruise em cena de A Múmia (pic by moviepilot.de)

Primeiramente, Tom Cruise não tem o carisma de Brendan Fraser (que protagonizou A Múmia de 1999), e muito menos tem qualquer química com sua colega Annabelle Wallis. Sofia Boutella como uma versão feminina da múmia soou promissor nos trailers, mas o resultado final acabou comprometido com as demais escolhas equivocadas, assim como o diretor Alex Kurtzman, que só tinha uma comédia desconhecida no currículo. Felizmente, o filme foi mal nas bilheterias e deve brecar esse plano insosso da Universal.

A TORRE NEGRA. Acho bacana resgatarem um grande autor de terror como Stephen King para os cinemas, mas definitivamente esta adaptação de sua obra não funcionou em nenhum aspecto. Sinceramente não entendi o motivo de contratarem o diretor dinamarquês Nikolaj Arcel. Eles queriam uma atmosfera de filme europeu num filme nitidamente blockbuster? E embora Idris Elba e Matthew McConaughey se esforcem, é impossível se importar com seus personagens, muito menos o jovem Tom Taylor que pareceu mais perdido do que os próprios produtores.

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Idris Elba e Tom Taylor tentam alguma química em A Torre Negra (pic by moviepilot.de)

Ainda falando sobre Stephen King, achei muuuito bacana ver seu romance “It” sendo tão destacado após tantos anos da primeira adaptação para a televisão. Este novo It: A Coisa se tornou o filme de terror mais visto de todos os tempos, ultrapassando o recorde anterior de O Exorcista (1973) que era de 232 milhões de dólares. Contudo, apesar dos números gordos que certamente vão engrenar mais filmes de terror, o filme está longe de ser uma obra-prima como muitos classificaram. Se tivessem explorado mais os personagens adultos, que são mais assustadores do que o próprio palhaço Pennywise, e reduzissem o excesso de efeitos visuais na figura dele, a performance de Bill Skarsgård poderia causar mais calafrios.

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Crianças procuram pelo palhaço Pennywise em cena de It: A Coisa (pic by moviepilot.de)

E de uma forma geral, as sequências e refilmagens integraram a parte ruim da safra do ano. Hoje existe um excesso de continuações e reboots que empobrece o cinema, e que se continuar nesse ritmo, os filmes originais passarão a ser raridade no circuito. Citando apenas os que vi no cinema: O Chamado 3, Jogos Mortais: Jigsaw, Alien: Covenant (uma franquia excelente mas que enfraqueceu demais com esta nova produção), Annabelle 2: A Criação do Mal, e até mesmo Guardiões da Galáxia Vol. 2, que pecou no excesso de gags e esqueceu da trama principal.

INDO CONTRA A CORRENTE

Apesar de Hollywood ainda produzir boas continuações como Logan e Thor: Ragnarok, é nesse cenário de escassez de originalidade que temos que valorizar os novos trabalhos de Darren Aronofsky (Mãe!) e Christopher Nolan (Dunkirk). Curiosamente, ambos os filmes tiveram recepções do tipo ame ou odeie, mas é inegável o esforço que os diretores fizeram para entregar algo novo, fresco e com alguma mensagem, concorde você ou não.

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E o filme doideira do ano vai para Mãe!, de Darren Aronofsky (pic by moviepilot.de)

Apesar de ter cedido dirigir a sequência Blade Runner 2049, Denis Villeneuve é garantia de vermos algo no mínimo com um olhar diferente. A Chegada é uma das ficções científicas mais criativas dos últimos anos, principalmente no uso de recursos cinematográficos como a montagem não-linear.

E falando em originalidade, não posso deixar de citar o melhor filme que vi nos cinemas: Corra!, de Jordan Peele. Pra começar, este é um filme que nunca imaginei que veria um dia. Trata-se de um filme extremamente corajoso ao lidar com o tema do racismo, ainda mais no gênero do terror e da ficção científica. E isso só foi possível graças a Jordan Peele que, em entrevista, confessou que queria fazer um filme em que pudesse passar a péssima sensação de ser uma minoria. Antigamente, havia mais filmes assim, em que o diretor queria abordar temas polêmicos em tramas de terror e ficção científica como O Enigma do Outro Mundo (1982), de John Carpenter.

Quando soube que Robert Pattison estava bem cotado pra ganhar o prêmio de interpretação masculina em Cannes por Bom Comportamento (Good Time), fiquei pensando se não seria exagero da mídia, afinal estamos falando daquele rapaz sem graça daqueles filmes mais sem graça ainda do Crepúsculo. Pelo visto suas duas colaborações com o diretor canadense David Cronenberg, Cosmópolis e Mapas Para as Estrelas, fizeram muito bem para desinflar seu ego e mostrar que ele tem potencial. Nesse filme dos irmãos Benny e Josh Safdie, Pattison vive um ladrão de bancos que, após uma tentativa frustrada de assalto, precisa resgatar seu irmão antes que ele volte para a prisão. Além do ator, o filme foi uma grata surpresa. Muito bem dirigido, montado e com uma ótima trilha musical de Daniel Lopatin, Bom Comportamento consegue gerar tensão do início ao fim e nunca se torna previsível.

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Robert Pattison em cena de Bom Comportamento (pic by moviepilot.de)

OSCAR 2017: A CERIMÔNIA QUE NÃO ACABOU

A cerimônia do Oscar ficou tão marcada com a lambança histórica de troca de envelopes e anúncio de filme errado que às vezes você até esquece qual indicado ganhou Melhor Filme, o que acabou apagando um pouco o brilho da vitória de Moonlight: Sob a Luz do Luar. Esse deslize diminuiu o fato da Academia premiar pela primeira vez em seus 89 anos um filme sobre homossexualismo e composto por um elenco totalmente negro.

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Gafes do Oscar: Warren Beatty e Jimmy Kimmel com caras de “O que eu vou falar agora??”

Claro, é importante quebrar barreiras e desbravar novos mares, mas deixando essa parte politicamente correta de lado, não considero Moonlight um bom filme. Barry Jenkins reuniu uma série de clichês de homossexualismo e de vício de drogas, colocou uma fotografia mais estilizada com câmera lenta, e uma estrutura narrativa convencional em três tempos da vida do protagonista. As melhores qualidades do filme são a trilha de Nicholas Britell e Mahershala Ali, que ficou muito limitado no primeiro terço do filme. Quer ver filme bom de homossexualismo? Veja O Segredo de Brokeback Mountain, veja Weekend, veja Azul é a Cor Mais Quente, veja Antes do Anoitecer, veja Morte em Veneza, enfim, são tantas opções melhores…

ISABELLE HUPPERT. Antes quero deixar claro que sou e sempre fui contra aqueles Oscars concedidos com intenção de compensar derrotas anteriores ou várias indicações sem vitórias, pois esses prêmios costumam gerar novas injustiças e transformar tudo num ciclo vicioso. Francamente, achava que Isabelle Huppert nem seria indicada por Elle por se tratar de uma performance corajosa num filme igualmente ousado, mas já que ela foi indicada, por que não premiá-la? A grande maioria dos críticos americanos a reconheceu como a melhor performance feminina do ano, mas no Oscar resolveram premiar a America’s sweetheart Emma Stone em La La Land, que certamente terá inúmeras outras oportunidades de ganhar uma estatueta.

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Emma Stone e seu Oscar de Atriz por La La Land

Claro que também fiquei indignado com a ausência de Elle na categoria de Filme em Língua Estrangeira. Além do filme ser muito bom, a Academia perdeu uma excelente oportunidade de premiar Paul Verhoeven, um diretor holandês que muito contribuiu para Hollywood nos anos 80 e 90, com clássicos modernos como RoboCop – O Policial do Futuro, Instinto Selvagem O Vingador do Futuro. Se depois viessem com Oscar Honorário, se fosse Verhoeven, eu nem me daria ao trabalho de comparecer à cerimônia.

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Isabelle Huppert e o diretor Paul Verhoeven divulgam Elle no tapete vermelho de Cannes (pic by LA Times)

EXPANDE MONOPÓLIO DA DISNEY

Lembra lá no colégio, quando seu professor de História te ensinou sobre as consequências do monopólio? Que, como não há forte concorrência, a empresa controla o mercado? Como eu havia comentado há dois anos e já me preocupava com essa situação fora de controle, a Disney já comprou a Pixar, a Marvel, a Lucas Films (Star Wars) e agora a Fox e suas derivadas Twentieth Century Fox, Fox Searchlight e FX, essa última em especial se tornou referências em séries mais ousadas como American Horror Story e Fargo, material que não vemos na Disney.

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Inicialmente, os fãs da Marvel comemoraram o fato de vários personagens poderem participar do mesmo universo dos filmes da Marvel/Disney, como Deadpool e os X-Men. Sim, pelo lado dos fãs de quadrinhos, é uma ótima notícia pela integração, mas é justamente aí que reside uma grande preocupação. Será possível um filme como Deadpool, repleto de sangue, palavrões, humor negro e sexo, sob o comando da empresa-família Disney? Se os figurões da Disney forem espertos, eles mantém o logo da Fox e continuarão produzindo filmes para o público adulto como Logan, já que foi comprovado o sucesso comercial e de crítica.

Mas não se trata apenas desse microcosmo da Marvel. Toda forma de Arte precisa de diversidade para sobreviver, por isso, quanto menos pasteurizada for a safra de novos filmes, o cinema terá vida longa.

OS ASSÉDIOS DE HOLLYWOOD

Embora muitos acreditem que o terremoto começou com o produtor Harvey Weinstein, Hollywood já ficou em estado de alerta com relatos de assédio envolvendo o último vencedor do Oscar de Melhor Ator, Casey Affleck, que teria tratado com machismo colegas de trabalho chamando-as de “vacas” e chegando a mostrar seu órgão genital para Amanda White, produtora de seu mockumentary  I’m Still Here.

Obviamente, o caso de Harvey Weinstein, dono da ex-distribuidora Miramax e atual Weinstein Co., é o mais grave de todos. Ele teria assediado mais de oitenta mulheres (segundo o USA Today), com destaque para atrizes como Ashley Judd (que foi a primeira a erguer a mão), Asia Argento, Rosanna Arquette, Kate Beckinsale, Cara Delevingne, Claire Forlani, Romola Garai, Heather Graham, Eva Green, Daryl Hannah, Salma Hayek, Angelina Jolie, Rose McGowan, Lupita Nyong’o, Mira Sorvino e Gwyneth Paltrow. Seus avanços normalmente seguiam uma tática de chamar a vítima até seu quarto de hotel, onde ele já a esperava trajado com roupão de banho, oferecia e pedia massagens e forçava beijos. Caso as vítimas se recusassem, ele as ameaçava dizendo que “acabaria com a carreira delas”. E elas sabiam que ele tinha poder para isso.

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O produtor Harvey Weinstein à esquerda com algumas de suas vítimas (montage by Archy World News)

Nessa confusão toda, sobrou até pra Meryl Streep, que foi acusada de saber dos abusos e não reportar, assim como Matt Damon, que teria ajudado a encobrir um dos escândalos a pedido de Weinstein em 2004. Primeiramente, muita calma nessa hora. Como jogaram merda no ventilador, é preciso apurar tudo antes de sair acusando todo mundo, pois carreiras e vidas estão em jogo.

Todas essas acusações mexeram demais com a indústria, tanto que a Academia decidiu expulsar o produtor Harvey Weinstein de sua associação. Ele foi indicado ao Oscar de Melhor Filme por Gangues de Nova York em 2003, e ganhou o Oscar em 1999 por Shakespeare Apaixonado. Inclusive acredito na teoria da conspiração que o Oscar de Melhor Atriz para Gwyneth Paltrow foi comprado com o intuito de fazê-la esquecer do “incidente” (talvez só assim pra explicar como ela bateu Cate Blanchett e Fernanda Montenegro naquele ano…). Pode ser que mais membros envolvidos na polêmica sejam futuramente expulsos também.

Depois de Weinstein, o caso mais em evidência foi do ator Kevin Spacey. Sua vida se tornou um inferno depois que o ator Anthony Rapp, da série Star Trek: Discovery, revelou que aos 14 anos, ele foi abusado por Spacey depois de uma festa. Em resposta pelo Twitter, Kevin Spacey pediu desculpas, mas sugeriu que seu comportamento inapropriado teria acontecido por ele ser gay. Obviamente, a declaração não caiu bem e deixou a comunidade gay em fúria. Em seguida, vieram outras acusações envolvendo jovens atores de seu grupo teatral britânico Old Vic. Vendo a bola de neve crescer rapidamente, a Netflix logo anunciou que cancelaria série House of Cards, protagonizada por Spacey, enquanto o diretor Ridley Scott decidiu apagar todas as cenas já filmadas com Spacey e substitui-lo por Christopher Plummer no filme All the Money in the World. Estava anunciado o fim da carreira de Kevin Spacey, que teria se internado numa espécie de clínica de reabilitação.

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Envolvido em escândalos, o ator Kevin Spacey foi retirado integralmente do filme de Ridley Scott, All the Money in the World (montage by Digital Spy)

Tendo o mesmo comportamento inapropriado, o diretor Bryan Singer foi recentemente demitido da produção de Bohemian Rhapsody, filme biográfico do vocalista do Queen, Freddie Mercury. Inicialmente, inventaram uma desculpa de que ele tinha problemas familiares, mas novas acusações surgiram contra ele e assim estava justificada sua demissão. Segundo relatos, Singer oferecia papéis a jovens atores (incluindo menores) em troca de sexo.

Ao longo dos últimos meses, várias acusações surgiram contra outros profissionais da área de cinema e de TV. Para citar os mais importantes: o diretor e produtor Brett Ratner, os atores e vencedores do Oscar Dustin HoffmanRichard Dreyfuss (que teriam provocado e oferecido propostas indecentes), e os atores de séries Jeffrey Tambor (de Transparent, que tem futuro incerto) e Louis C.K. (de Louie, que também não deve continuar e ainda cancelou futuros projetos). Todos se afastaram dos holofotes e devem esperar a poeira abaixar um pouco.

 

Alguns especialistas acreditam que o Oscar 2018 pode dar preferência às mulheres devido aos acontecimentos. Portanto, podem pintar candidatas e vencedoras mulheres em categorias normalmente dominadas por homens como Direção e Fotografia. Eu, particularmente, sou contra essa tendência de premiar de acordo com os tempos como aconteceu com Moonlight, que mais foi premiado como forma de protesto contra o governo de Trump do que pelos próprios méritos.

CRÍTICAS

Vamos às listas do ano, começando com os melhores vistos nos cinemas.

TOP 5 MELHORES DO ANO NO CINEMA

5. Bom Comportamento (Good Time/ 2017)
Dir: Benny Safdie, Josh Safdie

4. Custódia (Jusqu’à la garde/ 2017)
Dir: Xavier Legrand

3. Ao Cair da Noite (It Comes at Night/ 2017)
Dir: Trey Edward Shults

2. A Qualquer Custo (Hell or High Water/ 2016)
Dir: David Mackenzie

1. Corra! (Get Out/ 2017)
Dir: Jordan Peele

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Daniel Kaluuya e Allison Williams em cena de Corra!

TOP 5 MELHORES EM MÍDIA DIGITAL

5. Your Name (Kimi no na wa/ 2016)
Dir: Makoto Shinkai

4. Desamor (Loveless/ 2017)
Dir: Andrey Zvyagintsev

3. Pais e Filhos (Soshite chichi ni naru / 2013)
Dir: Hirokazu Kore-eda

2. El Topo (El Topo/ 1970)
Dir: Alejandro Jodorowsky

1. Era uma vez em Tóquio (Tôkyô monogatari/ 1953)
Dir: Yasujirô Ozu

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Era uma Vez em Tóquio, de Yasujirô Ozu. Pic by imdb.com

IN MEMORIAN

Comparado ao ano passado, é possível dizer que tivemos poucas perdas no mundo do cinema. Particularmente, pra mim foi muito difícil dizer adeus a um dos melhores diretores que Hollywood produziu: o americano Jonathan Demme. Como sou fã incondicional de O Silêncio dos Inocentes, e considero Filadélfia um marco contra o preconceito da Aids, tenho um carinho enorme pelos seus filmes.

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O diretor Jonathan Demme com a atriz Jodie Foster em set de O Silêncio dos Inocentes (pic by The New York Times)

Outra perda irreparável para os cinéfilos fãs de terror foi o mestre George Romero, conhecido como o pai dos zumbis que hoje estrelam vários filmes, séries e quadrinhos. Apesar de admirar seus trabalhos com os mortos-vivos, gostaria de ter visto mais filmes de outras temáticas como o ótimo Martin (1978), no qual um rapaz acredita que é um vampiro.

Perdemos os vencedores do Oscar: Martin Landau, vencedor do Oscar de Coadjuvante pela excepcional performance como Bela Lugosi em Ed Wood (1994); e o diretor John G. Avildsen, considerado o diretor dos filmes de esporte e montagem Rocky, um Lutador (1976) e Karatê Kid (1984).

Grandes atores indicados ao Oscar também partiram: John Hurt (por O Expresso da Meia-Noite e O Homem Elefante), Mary Tyler Moore (por Gente Como a Gente); Sam Shepard (por Os Eleitos). E nomes que serão lembrados por seu talento e carisma: Harry Dean StantonBill PaxtonJerry LewisAdam West (o eterno Batman da série de TV), Roger Moore (o ator que mais interpretou James Bond), e o músico Chris Cornell (criou a trilha e canção de 007 – Cassino Royale).

FELIZ ANO NOVO!

Embora nosso querido governo pise cada vez mais em nós, seja criando mais leis inúteis, seja criando mais impostos para cobrir seus próprios roubos, ou pior: soltando presos corruptos como faz um certo ministro do Supremo, precisamos tocar nossas vidas. 2018 é uma grande incógnita na política, e tenho muito receio de que o PT volte ao poder e de uma possível ascensão da extrema direita.

Que em 2018, sejam lançados mais filmes de qualidade, filmes alternativos e por que não filmes nacionais melhores? O cinema brasileiro parece ter perdido aquele gás dos anos 2000 e se rendido a comédias típicas de televisão. Bingo: O Rei das Manhãs foi uma boa surpresa de Daniel Rezende, mas precisamos de mais.

WGA elege os 101 Melhores Roteiros

Cena antológica do roteiro de Casablanca, o primeiro colocado da lista da WGA

Cena antológica do roteiro de Casablanca, o primeiro colocado da lista da WGA

O Writers Guild of America (WGA) não se limita apenas a eleger os melhores trabalhos de roteiro do ano para que a Academia use de parâmetro no Oscar. Não. Nas horas vagas, eles também fazem listinhas! Afinal, que tipo de cinéfilo não curte listas?

O intuito dessa nova lista seria a inclusão de filmes mais recentes como o cult romântico Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (2004) e o metalingüístico Adaptação. (2002), ambos de autoria de Charlie Kaufman, um dos mais inovadores roteiristas da nova geração. Alguns filmes da década de 90 também se misturam entre os grandes clássicos do Cinema: Beleza Americana (1999), Los Angeles – Cidade Proibida (1997), Forrest Gump – O Contador de Histórias (1994), Um Sonho de Liberdade (1994), Os Suspeitos (1995) e Thelma & Louise (1991).

Sendo o Cinema a Sétima e mais nova Arte, alguns filmes são figuras carimbadas nesses quase 120 anos de existência. São obras tão fundamentais que dificilmente largam as primeiras posições: Casablanca (1943), Cidadão Kane (1941), O Poderoso Chefão (1972) e Chinatown (1974) sempre servem como filmes de análise de roteiro em livros como os dos experts de Hollywood Robert McKee e Syd Field.

Claro que, como toda lista, esta serve como ótima referência para aqueles que buscam uma luz no conhecimento dos filmes. “Por que aqueles críticos dos jornais falam tão mal do filme em cartaz nos cinemas?”, muitos se perguntam. Seriam os críticos pessoas azedas por natureza? Um ou outro, sim. Mas a maioria assistiu aos filmes inclusos nessa lista abaixo e não há como ficar indiferente depois.

Vale ressaltar que o diretor/roteirista/ator Woody Allen é o recordista na lista com 4 trabalhos: Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, Manhattan, Crimes e Pecados e Hannah e Suas Irmãs.

Particularmente, senti falta dos roteiros de Horton Foote de A Força do Carinho e Regresso Para Bountiful. E como se trata de uma lista de 101 filmes, inevitavelmente há vários roteiros famosos de ficaram de fora, como os oscarizados Fale com Ela, de Pedro Almodóvar, O Segredo de Brokeback Mountain, de Larry McMurtry e Diana Ossana, e Pequena Miss Sunshine, de Michael Arndt. Por outro lado, note que a maioria foi pelo menos indicada ao Oscar.

1. CASABLANCA
Roteiro de Julius J. & Philip G. Epstein e Howard Koch.
Baseado na peça “Everybody Comes to Rick’s” de Murray Burnett e Joan AlisonGOLD-Icon_CampasR
Vencedor do Oscar de Roteiro (1944)
2. O PODEROSO CHEFÃO (THE GODFATHER)
Roteiro de Mario Puzo e Francis Ford Coppola. Baseado no romance de Mario Puzo
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Adaptado (1973)
3. CHINATOWN
Escrito por Robert Towne
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Original (1975)
4. CIDADÃO KANE (CITIZEN KANE)
Escrito por Herman Mankiewicz e Orson Welles
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Original (1942)
5. A MALVADA (ALL ABOUT EVE)
Roteiro de Joseph L. Mankiewicz. Baseado na história curta e peça de rádio “The Wisdom of Eve,” de Mary Orr
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro (1951)
6. NOIVO NEURÓTICO, NOIVA NERVOSA (ANNIE HALL)
Escrito por Woody Allen e Marshall Brickman
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Original (1978)
7. CREPÚSCULO DOS DEUSES (SUNSET BLVD.)
Escrito por Charles Brackett, Billy Wilder e D.M. Marshman, Jr.
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro (1951)
8. REDE DE INTRIGAS (NETWORK)
Escrito por Paddy Chayefsky
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Original (1977)
9. QUANTO MAIS QUENTE MELHOR (SOME LIKE IT HOT)
Roteiro de Billy Wilder & I.A.L. Diamond. Baseado no filme alemão “Fanfare of Love,” escrito por Robert Thoeren e M. Logan
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Adaptado (1960)
10. O PODEROSO CHEFÃO – PARTE II (THE GODFATHER II)
Roteiro de Francis Ford Coppola e Mario Puzo. Baseado no romance “The Godfather” de Mario Puzo
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Adaptado (1975)
11. BUTCH CASSIDY (BUTCH CASSIDY AND THE SUNDANCE KID)
Escrito por William Goldman
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Original (1970)
12. DR. FANTÁSTICO (DR. STRANGELOVE OR: HOW I LEARNED TO STOP WORRYING AND LOVE THE BOMB)
Roteiro de Stanley Kubrick, Peter George e Terry Southern. Baseado no romance “Red Alert” de Peter George
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Adaptado (1965)
13. A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM (THE GRADUATE)
Roteiro de Calder Willingham e Buck Henry. Baseado no romance de Charles Webb
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Adaptado (1968)
14. LAWRENCE DA ARÁBIA (LAWRENCE OF ARABIA)
Roteiro de Robert Bolt e Michael Wilson. Baseado nos diários de Col. T.E. Lawrence
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Adaptado (1963)
15. SE MEU APARTAMENTO FALASSE (THE APARTMENT)
Escrito por Billy Wilder & I.A.L. Diamond
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Original (1961)
16. PULP FICTION – TEMPO DE VIOLÊNCIA (PULP FICTION)
Escrito por Quentin Tarantino. Histórias de Quentin Tarantino & Roger Avary
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Original (1995)
17. TOOTSIE
Roteiro de Larry Gelbart e Murray Schisgal. História de Don McGuire e Larry Gelbart
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Original (1983)
18. SINDICATO DE LADRÕES (ON THE WATERFRONT)
Roteiro de Budd Schulberg. Baseado em “Crime on the Waterfront” artigos de Malcolm Johnson
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro (1955)
19. O SOL É PARA TODOS (TO KILL A MOCKINGBIRD)
Roteiro de Horton Foote. Baseado no romance de Harper Lee
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Adaptado (1963)
20. A FELICIDADE NÃO SE COMPRA (IT’S A WONDERFUL LIFE)
Roteiro de Frances Goodrich & Albert Hackett & Frank Capra. Baseado na história curta “The Greatest Gift” de Philip Van Doren Stern. Contribuições ao roteiro por Michael Wilson e Jo Swerling
21. INTRIGA INTERNACIONAL (NORTH BY NORTHWEST)
Escrito por Ernest Lehman
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Original (1960)
22. UM SONHO DE LIBERDADE (THE SHAWSHANK REDEMPTION)
Roteiro de Frank Darabont. Baseado na história curta “Rita Hayworth and the Shawshank Redemption” de Stephen King
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Adaptado (1995)
23. … E O VENTO LEVOU (GONE WITH THE WIND)
Roteiro de Sidney Howard. Baseado no romance de Margaret Mitchell
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro (1940)
24. BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS (ETERNAL SUNSHINE OF THE SPOTLESS MIND)
Roteiro de Charlie Kaufman. História de Charlie Kaufman & Michel Gondry & Pierre Bismuth
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Original (2005)
25. O MÁGICO DE OZ (THE WIZARD OF OZ)
Roteiro de Noel Langley, Florence Ryerson e Edgar Allan Woolf Adaptation por Noel Langley. Baseado no romance de L. Frank Baum
26. PACTO DE SANGUE (DOUBLE INDEMNITY)
Roteiro de Billy Wilder e Raymond Chandler. Baseado no romance de James M. Cain
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro (1945)
27. FEITIÇO DO TEMPO (GROUNDHOG DAY)
Roteiro de Danny Rubin e Harold Ramis. História de Danny Rubin
28. SHAKESPEARE APAIXONADO (SHAKESPEARE IN LOVE)
Escrito por Marc Norman e Tom Stoppard
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Adaptado (1999)
29. CONTRASTES HUMANOS (SULLIVAN’S TRAVELS)
Escrito por Preston Sturges
30. OS IMPERDOÁVEIS (UNFORGIVEN)
Escrito por David Webb Peoples
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Original (1993)
31. JEJUM DE AMOR (HIS GIRL FRIDAY)
Roteiro de Charles Lederer. Baseado na peça “The Front Page” de Ben Hecht & Charles MacArthur
32. FARGO
Escrito por Joel Coen & Ethan Coen
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Original (1997)
33. O TERCEIRO HOMEM (THE THIRD MAN)
Roteiro de Graham Greene. História de Graham Greene. Baseado na história curta de Graham Greene
34. A EMBRIAGUEZ DO SUCESSO (THE SWEET SMELL OF SUCCESS)
Roteiro de Clifford Odets e Ernest Lehman. De um mini-romance de Ernest Lehman
35. OS SUSPEITOS (THE USUAL SUSPECTS)
Escrito por Christopher McQuarrie
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Original (1996)
36. PERDIDOS NA NOITE (MIDNIGHT COWBOY)
Roteiro de Waldo Salt. Baseado no romance de James Leo Herlihy
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Adaptado (1970)
37. NÚPCIAS DE ESCÂNDALO (THE PHILADELPHIA STORY)
Roteiro de Donald Ogden Stewart. Baseado na peça de Philip Barry
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro (1941)
38. BELEZA AMERICANA (AMERICAN BEAUTY)
Escrito por Alan Ball
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Original (2000)
39. GOLPE DE MESTRE (THE STING)
Escrito por David S. Ward
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Original (1974)
40. HARRY & SALLY – FEITOS UM PARA O OUTRO (WHEN HARRY MET SALLY…)
Escrito por Nora Ephron
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Original (1990)
41. OS BONS COMPANHEIROS (GOODFELLAS)
Roteiro de Nicholas Pileggi & Martin Scorsese. Baseado no livro “Wise Guy” de Nicholas Pileggi
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Adaptado (1991)
42. OS CAÇADORES DA ARCA PERDIDA (RAIDERS OF THE LOST ARK)
Roteiro de Lawrence Kasdan. História de George Lucas e Philip Kaufman
43. TAXI DRIVER
Escrito por Paul Schrader
44. OS MELHORES ANOS DE NOSSAS VIDAS (THE BEST YEARS OF OUR LIVES)
Roteiro de Robert E. Sherwood. Baseado no romance “Glory For Me” de MacKinley Kantor
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro (1947)
45. UM ESTRANHO NO NINHO (ONE FLEW OVER THE CUCKOO’S NEST)
Roteiro de Lawrence Hauben e Bo Goldman. Baseado no romance de Ken Kesey
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Adaptado (1976)
46. O TESOURO DE SIERRA MADRE (THE TREASURE OF THE SIERRA MADRE)
Roteiro de John Huston. Baseado no romance de B. Traven
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro (1949)
47. O FALCÃO MALTÊS/ RELÍQUIA MACABRA (THE MALTESE FALCON)
Roteiro de John Huston. Baseado no romance de Dashiell Hammett
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro (1942)
48. A PONTE DO RIO KWAI (THE BRIDGE ON THE RIVER KWAI)
Roteiro de Carl Foreman e Michael Wilson. Baseado no romance de Pierre Boulle
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Adaptado (1958)
49. A LISTA DE SCHINDLER (SCHINDLER’S LIST)
Roteiro de Steven Zaillian. Baseado no romance de Thomas Keneally
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Adaptado (1994)
50. O SEXTO SENTIDO (THE SIXTH SENSE)
Escrito por M. Night Shyamalan
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Original (2000)
51. NOS BASTIDORES DA NOTÍCIA (BROADCAST NEWS)
Escrito por James L. Brooks
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Original (1988)
52. AS TRÊS NOITES DE EVA (THE LADY EVE)
Roteiro de Preston Sturges. História de Monckton Hoffe
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro (1942)
53. TODOS OS HOMENS DO PRESIDENTE (ALL THE PRESIDENT’S MEN)
Roteiro de William Goldman. Baseado no livro de Carl Bernstein & Bob Woodward
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Adaptado (1977)
54. MANHATTAN
Escrito por Woody Allen & Marshall Brickman
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Original (1980)
55. APOCALYPSE NOW
Escrito por John Milius e Francis Coppola. Narração por Michael Herr
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Adaptado (1980)
56. DE VOLTA PARA O FUTURO (BACK TO THE FUTURE)
Escrito por Robert Zemeckis & Bob Gale
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Original (1986)
57. CRIMES E PECADOS (CRIMES AND MISDEMEANORS)
Escrito por Woody Allen
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Original (1990)
58. GENTE COMO A GENTE (ORDINARY PEOPLE)
Roteiro de Alvin Sargent. Baseado no romance de Judith Guest
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Adaptado (1981)
59. ACONTECEU NAQUELA NOITE (IT HAPPENED ONE NIGHT)
Roteiro de Robert Riskin. Baseado na história “Night Bus” de Samuel Hopkins Adams
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Adaptado (1935)
60. LOS ANGELES – CIDADE PROIBIDA (L.A. CONFIDENTIAL)
Roteiro de Brian Helgeland & Curtis Hanson. Baseado no romance de James Ellroy
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Adaptado (1998)
61. O SILÊNCIO DOS INOCENTES (THE SILENCE OF THE LAMBS)
Roteiro de Ted Tally. Baseado no romance de Thomas Harris
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Adaptado (1992)
62. FEITIÇO DA LUA (MOONSTRUCK)
Escrito por John Patrick Shanley
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Original (1988)
63. TUBARÃO (JAWS)
Roteiro de Peter Benchley e Carl Gottlieb. Baseado no romance de Peter Benchley
64. LAÇOS DE TERNURA (TERMS OF ENDEARMENT)
Roteiro de James L. Brooks. Baseado no romance de Larry McMurtry
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Adaptado (1984)
65. CANTANDO NA CHUVA (SINGIN’ IN THE RAIN)
Roteiro de Betty Comden & Adolph Green. Baseado na canção de Arthur Freed e Nacio Herb Brown
66. JERRY MAGUIRE – A GRANDE VIRADA (JERRY MAGUIRE)
Escrito por Cameron Crowe
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Original (1997)
67. E.T. – O EXTRATERRESTRE (E.T. THE EXTRA-TERRESTRIAL)
Escrito por Melissa Mathison
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Original (1983)
68. GUERRA NAS ESTRELAS (STAR WARS)
Escrito por George Lucas
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Original (1978)
69. UM DIA DE CÃO (DOG DAY AFTERNOON)
Roteiro de Frank Pierson. Baseado no artigo de revista de P.F. Kluge e Thomas Moore
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Original (1976)
70. UMA AVENTURA NA ÁFRICA (THE AFRICAN QUEEN)
Roteiro de James Agee e John Huston. Baseado no romance de C.S. Forester
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro (1952)
71. O LEÃO NO INVERNO (THE LION IN WINTER)
Roteiro de James Goldman. Baseado na peça de James Goldman
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Adaptado (1969)
72. THELMA & LOUISE
Escrito por Callie Khouri
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Original (1992)
73. AMADEUS
Roteiro de Peter Shaffer. Baseado em sua peça
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Adaptado (1985)
74. QUERO SER JOHN MALKOVICH (BEING JOHN MALKOVICH)
Escrito por Charlie Kaufman
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Original (2000)
75. MATAR OU MORRER (HIGH NOON)
Roteiro de Carl Foreman. Baseado na história curta “The Tin Star” de John W. Cunningham
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro (1953)
76. TOURO INDOMÁVEL (RAGING BULL)
Roteiro de Paul Schrader e Mardik Martin. Baseado no livro de Jake La Motta com Joseph Carter e Peter Savage
77. ADAPTAÇÃO. (ADAPTATION.)
Roteiro de Charlie Kaufman e Donald Kaufman. Baseado no livro “The Orchid Thief” de Susan Orlean
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Adaptado (2003)
78. ROCKY – UM LUTADOR (ROCKY)
Escrito por Sylvester Stallone
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Original (1977)
79. APRENDA A PERDER DINHEIRO (THE PRODUCERS)
Escrito por Mel Brooks
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Original (1969)
80. A TESTEMUNHA (WITNESS)
Roteiro de Earl W. Wallace & William Kelley. História de William Kelley e Pamela Wallace & Earl W. Wallace
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Original (1986)
81. MUITO ALÉM DO JARDIM (BEING THERE)
Roteiro de Jerzy Kosinski. Inspirado no romance de Jerzy Kosinski
82. REBELDIA INDOMÁVEL (COOL HAND LUKE)
Roteiro de Donn Pearce e Frank Pierson. Baseado no romance de Donn Pearce
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Adaptado (1968)
83. JANELA INDISCRETA (REAR WINDOW)
Roteiro de John Michael Hayes. Baseado na história curta de Cornell Woolrich
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro (1955)
84. A PRINCESA PROMETIDA (THE PRINCESS BRIDE)
Roteiro de William Goldman. Baseado em seu romance
85. A GRANDE ILUSÃO (LA GRANDE ILLUSION)
Escrito por Jean Renoir e Charles Spaak
86. ENSINA-ME A VIVER (HAROLD & MAUDE)
Escrito por Colin Higgins
87. 8 ½
Roteiro de Federico Fellini, Tullio Pinelli, Ennio Flaiano, Brunello Rond. História de Fellini, Flaiano
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Original (1964)
88. CAMPO DOS SONHOS (FIELD OF DREAMS)
Roteiro de Phil Alden Robinson. Baseado no livro de W.P. Kinsella
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Adaptado (1990)
89. FORREST GUMP – O CONTADOR DE HISTÓRIAS (FORREST GUMP)
Roteiro de Eric Roth. Baseado no romance de Winston Groom
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Adaptado (1995)
90. SIDEWAYS – ENTRE UMAS E OUTRAS (SIDEWAYS)
Roteiro de Alexander Payne & Jim Taylor. Baseado no romance de Rex Pickett
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Adaptado (2005)
91. O VEREDICTO (THE VERDICT)
Roteiro de David Mamet. Baseado no romance de Barry Reed
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Adaptado (1983)
92. PSICOSE (PSYCHO)
Roteiro de Joseph Stefano. Baseado no romance de Robert Bloch
93. FAÇA A COISA CERTA (DO THE RIGHT THING)
Escrito por Spike Lee
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Original (1990)
94. PATTON – REBELDE OU HERÓI? (PATTON)
Roteiro de Francis Ford Coppola e Edmund H. North. Baseado em “A Soldier’s Story” de Omar H. Bradley e “Patton: Ordeal and Triumph” de Ladislas Farago
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Original (1971)
95. HANNAH E SUAS IRMÃS (HANNAH AND HER SISTERS)
Escrito por Woody Allen
GOLD-Icon_CampasRVencedor do Oscar de Roteiro Original (1987)
96. DESAFIO À CORRUPÇÃO (THE HUSTLER)
Roteiro de Sidney Carroll & Robert Rossen. Baseado no romance de Walter Tevis
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Adaptado (1962)
97. RASTROS DE ÓDIO (THE SEARCHERS)
Roteiro de Frank S. Nugent. Baseado no romance de Alan Le May
98. AS VINHAS DA IRA (THE GRAPES OF WRATH)
Roteiro de Nunnally Johnson. Baseado no romance de John Steinbeck
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro (1941)
99. MEU ÓDIO SERÁ SUA HERANÇA (THE WILD BUNCH)
Roteiro de Walon Green e Sam Peckinpah. História por Walon Green e Roy Sickner
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Original (1970)
100. AMNÉSIA (MEMENTO)
Roteiro de Christopher Nolan. Baseado na história curta “Memento Mori” de Jonathan Nolan
GOLD-Icon_CampasRIndicado ao Oscar de Roteiro Original (2002)
101. INTERLÚDIO (NOTORIOUS)
Escrito por Ben Hecht
GOLD-Icon_CampasRIndicado o Oscar de Roteiro Original (1947)

Mulheres no Cinema

Zooey Deschannel como a inesquecível e inexplicável Summer de (500) Dias com Ela (photo by olszowy.com.pl)

Zooey Deschanel como a inesquecível e inexplicável Summer de (500) Dias com Ela (photo by olszowy.com.pl)

Primeiramente, Feliz Dia Internacional da Mulher!

Não sei exatamente qual a porcentagem de mulheres internautas e cinéfilas que perambulam pelo blog, mas desejo um dia excepcional a todas! Ao ler a coluna da Lúcia Guimarães, no jornal Estado de S. Paulo do dia 05 de março, descobri que a data comemorativa fora criada em 1909 nos EUA originalmente como o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, inspirada por socialistas numa época em que as mulheres sequer tinham direito ao voto.

Apesar da mulher de hoje ser tratada de forma mais digna, ainda falta muito para que ela alcance a igualdade plena. E vejo a data comemorariva como forma de nos lembrar de que essa luta ainda está longe do fim. Além de problemas como a desigualdade salarial, o que mais preocupa é a violência contra as mulheres, e não me refiro aos casos na terra do machismo extremo como no Oriente Médio, mas aqui no Brasil.

Só o aumento do número de delegacias da mulher já reflete essa escalada da violência doméstica. E embora a lei Maria da Penha tenha sido uma importante conquista, as denúncias contra os parceiros ainda são bastante tímidas devido às penas brandas. Infelizmente, ameaças não garantem um boletim de ocorrência, muito menos atitudes policiais. O Brasil ainda engatinha nessa importante questão para uma sociedade civilizada.

Mesmo que ainda estejamos distantes do ideal, espero que um dia não haja mais a necessidade do Dia Internacional da Mulher. Afinal, todo dia é dia da mulher. O que seríamos de nós, homens, sem as mulheres? Esposas, namoradas, mães, tias, primas, amigas, ficantes… a lista é extensa. Na tentativa de homenageá-las, recordei algumas personagens fortes que encantaram (ou assustaram) platéias do cinema. A seleção enxuta, que possui ordem aleatória, busca ressaltar essências femininas que fascinam: delicadeza, ternura, força e inteligência.

Linda Hamilton nos dois filmes de O Exterminador do Futuro (montagem por bodygeeks.com)

Linda Hamilton nos dois filmes de O Exterminador do Futuro (montagem por bodygeeks.com)

SARAH CONNOR (Linda Hamilton) em O Exterminador do Futuro (1984) e O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (1992)

Se a pergunta “Até onde uma mãe vai para salvar seu filho?” já mexe com os limites de uma mãe, imagine então para manter o filho vivo para salvar o planeta? No primeiro filme de James Cameron, a ficha ainda não caiu para Sarah Connor. Ela tem uma vida pacata, trabalhando como garçonete no subúrbio americano. Essa história maluca de que seu filho será uma importante peça para o futuro da humanidade mexe com toda a lógica da personagem.

Já convencida da veracidade do fim do mundo depois de ser quase assassinada por um ciborgue, no segundo filme, ela se prepara para a guerra, deixando o comportamento mais ingênuo de lado. Internada num hospital pisquiátrico por causa das previsões, ela utiliza artimanhas para fugir e finalmente procurar seu filho.

O que impressiona aqui é a transformação física e psicológica de Sarah Connor. A atriz Linda Hamilton se envolveu de tal forma com a história que acabou ganhando massa muscular e até feições masculinas, motivo pelo qual teria recebido críticas na época do lançamento. Curiosamente, Hamilton ficou casada com o diretor tirano James Cameron até pouco depois do sucesso de Titanic, quando ele resolveu trocá-la pela atriz Suzy Amis.

Michelle Pfeiffer como Mulher-Gato em Batman - O Retorno (photo by herocomplex.latimes.com)

Michelle Pfeiffer como Mulher-Gato em Batman – O Retorno (photo by herocomplex.latimes.com)

MULHER-GATO (Michelle Pfeiffer) em Batman – O Retorno (1992)

“Oi, querido! Cheguei!… Esqueci que não sou casada”. A solitária secretária Selina Kyle chega em casa e profere essa frase todos os dias. Morando sozinha, tendo como única companhia sua gatinha, ela anda estressada com sua vida profissional, familiar e amorosa. Ao contrário dos quadrinhos em que a personagem é uma ladra profissional, Selina muda de vida quando seu patrão Max (Christopher Walken), empurra-a da janela. Numa atmosfera sobrenatural, o filme de Tim Burton cria o alter-ego dela através das mordidas de vários gatos no cadáver gélido.

Ressuscitada e com nove vidas, ela passa por um processo de transformação. A Mulher-Gato é exatamente o oposto de Selina Kyle: livre, anárquica e apaixonante. Obviamente, essa nova vida dupla altera seu comportamento, dando-lhe auto-confiança em meio a tantos personagens masculinos da trama.

O filme pode ter recebido algumas duras críticas em relação ao lado caricato que Tim Burton queria imprimir, além da trama sombria demais, porém Michelle Pfeiffer saiu ilesa por sua interpretação como Mulher-Gato. Até hoje sua figura sensual serve como referência ao universo de Batman, algo que Anne Hathaway nem passou perto com Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge.

Diane Keaton inaugura um estilo em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (photo by moviepilot.de)

Diane Keaton inaugura um estilo em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (photo by moviepilot.de)

ANNIE HALL (Diane Keaton) em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977)

Criativa, inteligente, carinhosa e com um estilo próprio, Annie Hall conquistou toda uma geração de homens e mulheres nos anos 70. Cantora amadora de clubes noturnos, ela conhece o comediante Alvy Singer (Woody Allen) através de amigos em comum numa partida de tênis em Nova York.

A atriz Diane Keaton cedeu um pouco de si mesma para poder criar essa personagem que modernizou a mulher no cinema. Annie Hall tinha atitude, voz ativa, independência, mas continuava feminina, graciosa com pitadas de loucura. No filme, acompanhamos a complexidade do protagonista Alvy, que faz terapia há 15 anos, conferindo o fracasso de seus casos amorosos anteriores. Quando Annie surge, ela consegue conquistar o coração dele de mansinho. Numa conversa mais séria, ela consegue impressioná-lo ao rebater seu papo filosófico, criando uma química que torna o sexo mais interessante. Vale ressaltar que o figurino de Annie, composta por peças masculinas como a gravata, gerou uma série de seguidores.

O diretor e roteirista Woody Allen tem fama de longa data pela criação de incontáveis personagens femininas marcantes. Além de Annie, podemos citar a atriz com problemas de grandiosidade Helen Sinclair em Tiros na Broadway, a atriz pornô Linda Ash de Poderosa Afrodite, a calorosa Nola Rice de Ponto Final – Match Point. Diane Keaton levou seu único Oscar pelo papel.

Sigourney Weaver como mãe em Aliens, o Resgate (photo by OutNow.CH)

Sigourney Weaver como mãe em Aliens, o Resgate (photo by OutNow.CH)

ELLEN RIPLEY (Sigourney Weaver) em Aliens, o Resgate (1986)

Guerreira, mãe e sobrevivente, esta personagem já passou muitos perrengues com a raça alienígena que invade sua nave Nostromo em Alien, o Oitavo Passageiro (1979). No primeiro filme, Ripley sequer era a personagem principal, mas ao longo dos quatro filmes, a atriz Sigourney Weaver, que trabalhou com 4 diretores diferentes, entrega uma nova faceta dessa mulher. Na sequência Aliens, o Resgate (1986), ela demonstra que é capaz de tudo para salvar a menina Newt, que a tomou como filha.

Ela cria uma espécie de pacto de nunca abandoná-la. E cumpre o que promete. Na sequência final, Ripley volta para o criadouro de aliens, repleto de ovos e encara a rainha deles para resgatar Newt. O instinto feminino de Ripley fala tão alto que chega a intimidar a líder dos alienígenas, não poupando esforços para salvar a menina, inclusive utilizando um traje mecânico para lutar corpo a corpo.

Tanto esforço acaba indo pelo ralo no início do terceiro filme da série. O jovem promissor David Fincher assume a cadeira de diretor e logo mata a menina e todos os demais tripulantes da nave, exceto Ripley, numa queda logo no início do filme, o que irritou bastante o diretor James Cameron (de Aliens, o Resgate).

Kathleen Turner em Mamãe é de Morte (photo by futuracast.wordpress.com)

Kathleen Turner em Mamãe é de Morte (photo by futuracast.wordpress.com)

BEVERLY SUTPHIN (Kathleen Turner) em Mamãe é de Morte (1994)

Proteção da família elevado ao nível extremo, Beverly se mostra a dona-de-casa exemplar do subúrbio americano, até que surgem investigações de crimes na região, sendo a primeira delas uma denúncia de ligações telefônicas em tom grosseiro. Kathleen Turner se transforma ao passar os trotes para sua vizinha, só porque ela roubou a sua vaga de estacionamento no mercado.

O diretor John Waters queria Susan Sarandon, mas o salário pedido foi muito alto, ainda mais depois do sucesso de Thelma & Louise (1991). Já em baixa após os bem-sucedidos anos 80, Kathleen Turner aceitou o papel se nitidamente ela se diverte interpretando Beverly.

Além dos crimes hediondos cometidos para agradar seus entes queridos, ela ainda consegue ser sua própria advogada no tribunal e reverter as evidências contra ela. Embora seja meio despirocada, a personagem leva à sério a segurança do núcleo familiar. Em tempos atuais de famílias sem a figura paterna, ela teria que se desdobrar ainda mais para cumprir suas obrigações e alimentar suas obsessões assassinas.

Holly Hunter dubla Elastigirl em Os Incríveis (photo by OutNow.CH)

Holly Hunter dubla Elastigirl em Os Incríveis (photo by OutNow.CH)

HELEN PARR (voz de Holly Hunter) em Os Incríveis (2004)

Enquanto 90% da população masculina votaria em Jessica Rabbit como personagem feminina em animação, gostaria de lembrar da figura arrebatadora de Helen Parr, a fantástica Elastigirl. Logo no começo quando ela fala para Mr. Incredible “You need to be more… flexible!” (Você precisa ser mais… flexível!)” e demonstra o quão flexível ela é, ela já comprova que sabe laçar um homem.

Já casada e mãe de três filhos, Helen NUNCA deixa a peteca cair. Ela cuida da família, coloca os filhos pra fazer tarefa de casa, pra dormir e ainda apóia o marido em tudo. Embora não queira mais vestir o uniforme de sua identidade secreta de Elastigirl, ela dá conta do recado quando requisitada para salvar o marido na selva de Syndrome. Na sequência da explosão do avião, ela toma uma importante decisão de incentivar a filha Violet a usar seus poderes, mas quando falha, ela logo corre para proteger seus filhos com o próprio corpo.

Com tantas coisas para cuidar, Helen não deixa de cuidar do visual. O diretor Brad Bird caprichou no quadril da personagem e ainda criou a breve cena da foto acima que dá um toque feminino. Há tempos eu não via uma personagem tão completa e contemporânea nas animações. Além disso, a voz sexy de Holly Hunter torna tudo mais gostoso de ouvir.

Joan Allen em A Outra Face da Raiva (photo by OutNow.CH)

Joan Allen em A Outra Face da Raiva (photo by OutNow.CH)

TERRY ANN WOLFMEYER (Joan Allen) em A Outra Face da Raiva (2005)

Abandonada por seu marido, que fugiu com a secretária para a Suécia, Terry se vê desorientada para tocar a vida e cuidar de suas quatro filhas jovens. Para agravar ainda mais sua situação desoladora, cada uma delas enfrenta dificuldades comuns nas áreas dos estudos, trabalho e amor, o que gera calorosas discussões em casa.

Mas engana-se aquele que prevê um dramalhão chato. Joan Allen não deixa a peteca cair, tocando a vida de sua personagem de forma amargamente apaixonante e sem nunca perder o bom humor. Esse comportamento acaba atraindo a atenção do vizinho Denny (Kevin Costner), um ex-jogador de beisebol, que anda exagerando no álcool. Apesar de problemático, vemos nele uma figura importante para o equilíbrio dela.

Com uma boa dose de humor negro por parte da direção de Mike Binder, que também atua como o namorado de uma de suas filhas, A Outra Face da Raiva ganha pontos por retratar a vida de uma família após a saída do pai sem apelar para emoções fáceis. Pena que Joan Allen não teve lobby suficiente para chegar à lista do Oscar de Melhor Atriz, pois merecia maior reconhecimento.

Jodie Foster como a agente Clarice Starling em O Silêncio dos Inocentes (photo by collider.com)

Jodie Foster como a agente Clarice Starling em O Silêncio dos Inocentes (photo by collider.com)

CLARICE STARLING (Jodie Foster) em O Silêncio dos Inocentes (1991)

Agente novata do FBI, Clarice Starling é uma bela jovem num universo masculino, o que a torna um centro de atenções. Para sobreviver nessa rotina, ela busca mascarar sua feminilidade com uma fachada séria e fria. Essa dualidade encontrada em incontáveis mulheres de sucesso que adentram o universo masculino como o dos negócios, acaba instigando todos os homens ao seu redor por sua dedicação.

Clarice se aproveita disso e cria um elo forte com o assassino Hannibal Lecter (Anthony Hopkins) para desvender o sumiço da filha de uma importante senadora americana. A investigação acaba mexendo também em seus próprios traumas passados como a morte de seu pai policial e a tentativa de libertar os pobres cordeirinhos da fazendo do tio.

Para criar a vida de Clarice, Jodie Foster participou de um intenso treinamento ao lado de agentes do FBI. Ela estudou fichas criminais e aprendeu a manusear armas de fogo. Esse esforço foi extremamente importante para dar veracidade à sua performance, uma vez que a beleza da personagem poderia facilmente atrapalhar na imagem de agente do FBI. Sua atuação rendeu seu segundo Oscar de Melhor Atriz em 1992.

Uma Thurman em Kill Bill (photo by gunslot.com)

Uma Thurman em Kill Bill: Vol. 2 (photo by gunslot.com)

A NOIVA (Uma Thurman) em Kill Bill: Vol. 1 (2003) e Kill Bill: Vol. 2 (2004)

A Noiva tem seu casamento interrompido por ex-colegas de profissão (leiam-se assassinos mercenários), que matam todos os presentes na pequena igreja e ainda dão um tiro na cabeça dela. Infelizmente, a bala não a matou e agora ela tem que sair do coma para buscar uma das mais sangrentas vinganças da história do Cinema.

No primeiro filme, vemos uma mulher forte e praticamente indestrutível ao derrotar os Crazy 88 num restaurante japonês em Okinawa. A facilidade com que ela elimina seus oponentes provém da sede de vingança, mas nitidamente se trata de um filme mais físico que abusa da ação.

Já no segundo, temos uma análise psicológica, quando vemos a Noiva em estado mais vulnerável. A personagem deixa de ser bidimensional quando o diretor Quentin Tarantino aprofunda suas raízes nas artes marciais ao lado do mestre Pai Mei, e no seu ponto mais fraco: sua filha, que sobreviveu ao massacre, agora cuidada por Bill. Essa sensibilidade maternal transforma a vida da Noiva, afinal, ela desistiu de ser assassina para poder criar uma família.

Anne Bacroft em A Primeira Noite de um Homem (photo by top10films.co.uk)

Anne Bacroft em A Primeira Noite de um Homem (photo by top10films.co.uk)

MRS. ROBINSON (Anne Bancroft) em A Primeira Noite de um Homem (1967)

Pra quem acha que sogra é tudo igual, assista a A Primeira Noite de um Homem. Lá, vemos o rapaz Benjamin (Dustin Hoffman) que passa a conviver com uma amiga dos seus pais, a Mrs. Robinson. O envolvimento se aquece até que ela dá o primeiro movimento numa noite em sua casa. Embaraçado, Benjamin solta uma das mais famosas frases do Cinema: “Senhora Robinson, você está tentando me seduzir. Não é?”. Mrs. Robinson dá risada.

Anne Bancroft se tornou um ícone da mulher mais velha e deu origem à canção “Mrs. Robinson”, da dupla Simon & Garfunkel. Presa a um casamento estagnado, ela busca um pouco de aventura como a clássica personagem de Gustave Flaubert, Madame Bovary, uma senhora da burguesia provinciana insatisfeita com o casamento e que busca a felicidade que falta na infidelidade.

A personagem acaba perdendo terreno quando seu alvo se apaixona por sua filha. Bancroft entrega uma performance que parte da sedução e satisfação até a dor de ser esquecida a ponto de se tornar rabugenta. O diretor Mike Nichols queria uma atriz francesa para o papel devido à cultura do país em que as mulheres mais velhas iniciam os rapazes na vida sexual, mas Anne Bancroft conseguiu imortalizar a figura de Mrs. Robinson, mesmo sendo apenas 6 anos mais velha que Dustin Hoffman.

Frances McDormand em Fargo (photo by cinemasquid.com)

Frances McDormand em Fargo (photo by cinemasquid.com)

MARGE GUNDERSON (Frances McDormand) em Fargo (1996)

Numa trama macabra que envolve um sequestro falso que resulta na morte de várias pessoas, a chefe de polícia Marge Gunderson, que está gravidíssima com todos os devidos enjôos matinais, assume a investigação. Em todas as cenas em que Marge aparece, vemos ela comendo ou deitada com o marido, fornecendo um elemento aquecedor para uma trama tão fria num local ainda mais gélido como Minnesota.

Com um sotaque da região bastante afiado, Frances McDormand cria uma personagem que tem uma visão otimista e simples da vida, refletindo seus pensamentos em gestos, senso de humor e graça. Como está grávida, ela fica mais lenta para as atividades diárias e mais vulnerável fisicamente, mas isso não a impede de realizar suas tarefas, mesmo que tenha que parar num buffet antes.

Fargo é um filme que procura contrastar a extrema violência do mundo contemporâneo com os valores humanos, aqui representados pela figura da policial. Em seu discurso final, Marge finalmente muda de feição: “I just don’t understand it… (Não consigo entender)”. Só uma mulher para proferir tais palavras. Frances McDormand levou o Oscar de Melhor Atriz, e os irmãos Coen, Melhor Roteiro Original.

Meg Ryan como Sally em Harry & Sally - Feitos um Para o Outro (photo by nicksflickpicks.com)

Meg Ryan como Sally em Harry & Sally – Feitos um Para o Outro (photo by nicksflickpicks.com)

SALLY ALBRIGHT (Meg Ryan) em Harry & Sally – Feitos um Para o Outro (1989)

Meg Ryan interpreta aquela colega da faculdade por quem nós, homens, nos apaixonamos inconscientemente. Ela é inteligente, trabalhadora, tem excelente humor e aquele probleminha chamado “beleza”. Harry (Billy Crystal) tem uma forte teoria de que o homem jamais pode ser amigo de uma mulher, porque a beleza atrapalha.

Bem, se atrapalha a amizade, que tal aquela amizade colorida? Numa das melhores cenas, Sally finge um belo orgasmo numa lanchonete só para contrariar a opinião do amigo Harry. Que mulher! O roteiro de Nora Ephron brilha por sua relação com a realidade. Até então, comédias românticas ainda vinham da escola de Doris Day, nas quais os personagens tinham características definidas e comuns. Seguindo a mesma essência, o diretor Rob Reiner coletou depoimentos de casais reais para incrementar a veracidade da história complicada de Harry e Sally.

Meg Ryan ficou tão marcada por esse papel que acabou se tornando a namoradinha da América no começo dos anos 90, quando estrelou as comédias românticas ao lado de Tom Hanks: Joe Contra o Vulcão (1990), Sintonia de Amor (1993) e Mens@gem Para Você (1998). Para os fãs de comédia romântica, o filme serviu como base para outro sucesso recente: (500) Dias com Ela, com Zooey Deschannel e Joseph Gordon-Levitt.

Glenn Close em Atração Fatal (photo by ftmovie.com)

Glenn Close em Atração Fatal (photo by ftmovie.com)

ALEX FORREST (Glenn Close) em Atração Fatal (1987)

Toda vez que uma moça ficar no encalço de um homem, logo vem a memória a imagem de Glenn Close como a maníaca Alex. No filme, ela se envolve com um homem casado (Michael Douglas), mas que simplesmente surta quando ele resolve dar um chute na bunda dela. Aí vêm os truquezinhos dela para segurá-lo, como falar que está grávida, tentar se matar ou matar animaizinhos de estimação da filha dele.

O papel foi oferecido a incontáveis atrizes, inclusive Isabelle Adjani e Barbara Hershey, mas indo contra todas as expectativas, Glenn abraçou o projeto. Sua primeira atitude foi levar o roteiro para dois psicólogos para questionar o quão real era o comportamento de sua personagem. O diagnóstico de ambos revelou que ela sofreu abusos quando criança, tornando-a uma pessoa violenta com quem a considere atraente.

Atração Fatal ficou marcado pelos anos do auge da AIDS nos anos 80, mas para quem acha que o filme está desatualizado, basta dar uma olhada em algumas mulheres mais ciumentas que ficam 100% do tempo de vigia no facebook do namorado! Curiosamente, segundo a atriz, as pessoas ainda vêm até ela para lhe dizer “obrigada, você salvou o meu casamento!”. Glenn Close foi indicada ao Oscar pelo papel.

Audrey Hepburn e seu gato em Bonequinha de Luxo (photo by theladyandthecat.tumblr.com)

Audrey Hepburn e seu gato em Bonequinha de Luxo (photo by theladyandthecat.tumblr.com)

HOLLY GOLIGHTLY (Audrey Hepburn) em Bonequinha de Luxo (1961)

Apesar do autor do romance, Truman Capote, ter escolhido a musa Marylin Monroe para dar vida à protagonista, o estúdio optou em escalar uma figura oposta e bem menos óbvia: Audrey Hepburn, que ganhou fama por sua graciosidade em filmes anteriores como A Princesa e o Plebeu (1953), Sabrina (1954) e Cinderela em Paris (1957).

Em colaboração com o diretor de comédias, Blake Edwards, a atuação de Hepburn como Holly Golightly ganhou muito em leveza, graça e estilo, marcando para sempre a atriz no cinema, mas para quem conhece o livro, o tom da história é bem mais pesado. No original, Holly flerta com a bissexualidade, mas tal fato é omitido para se adequar ao conservadorismo de Audrey, que já era uma estrela. No filme, mal se percebe que sua personagem é uma prostituta!

Com tamanhas alterações, Bonequinha de Luxo acabou se tornando um clássico da comédia romântica, e hoje o corpo de Truman Capote deve estar se revirando no caixão. Contudo, Hepburn criara uma figura facilmente identificável com o público feminino pelo jeito carinhoso, tresloucado, sua paixão por gatos e sua busca por amor verdadeiro. Audrey Hepburn foi indicada para o Oscar de Melhor Atriz.

Thora Birch em Ghost World - Aprendendo a Viver (photo by frontroomcinema.com)

Thora Birch em Ghost World – Aprendendo a Viver (photo by frontroomcinema.com)

ENID (Thora Birch) em Ghost World – Aprendendo a Viver (2001)

Para quem conhece os quadrinhos do americano Daniel Clowes, Thora Birch incorpora a personagem Enid, uma adolescente que não sabe o que fazer depois de se formar do 2º grau. Seu único plano é de se mudar para um apartamento com a melhor amiga Rebecca (Scarlett Johansson), mas as coisas não dão certo.

Mesmo assim, ela permanece fiel à si mesma, não deixando o mundo ensiná-la a viver sua vida do jeito “normal”. Ela se desvia do caminho comum das moças interessadas em moda, rapazes e faculdade para andar com tipos mais estranhos, abusar da sinceridade em seus empregos e conhecer gente interessante, como o solitário Seymour (Steve Buscemi), que coleciona discos de blues.

Embora seja uma pessoa deslocada, Enid sustenta autenticidade e defende suas crenças e perspectivas com afinco, mesmo com uma fachada fria no rosto. Interessante ver como a personagem busca manter sua essência numa sociedade cada vez mais massificada. Thora Birch faz seu melhor trabalho da carreira. Pena que nunca mais deslanchou um bom filme.

Sissy Spacek em cena inicial de Carrie, a Estranha (photo by quermedar.com.br)

Sissy Spacek em cena inicial de Carrie, a Estranha (photo by quermedar.com.br)

CARRIE WHITE (Sissy Spacek) em Carrie, a Estranha (1976)

Criada debaixo da asa da mãe, a adolescente Carrie nunca foi popular na escola. De comportamento tímido e bastante quieta, sua reputação sofre um baque quando ela surta no vestiário feminino quando vê sangue escorrendo nas suas pernas. Sem a mínima informação sobre menstruação, ela vira alvo predileto das outras colegas.

Além desse incidente na escola, Carrie ainda sofre com o fanatismo religioso da mãe (Piper Laurie), que a proíbe de sair de casa e a isola de novas amizades. Mas, como todas as adolescentes americanas sonham com a noite do baile, a adolescente gostaria de participar do evento. Ela acaba conseguindo através de uma armação feita pela colega Chris (Nancy Allen) com o objetivo de humilhá-la na frente de todos com um banho de sangue de porco.

Como se trata de uma história baseada em romance de terror do cultuado Stephen King, a jovem descobre que tem o poder da telecinésia. E a noite romântica se torna um inferno na terra. Sem controle nenhum, Carrie quer dar o troco a todo custo. Esse filme mexe muito com o imaginário de várias mulheres ainda hoje, tanto que uma refilmagem está prevista para estrear no final de 2013, com a talentosa Chlöe Grace Moretz.

Claro que existem inúmeras personagens femininas não citadas nessa lista como Scarlett O’Hara de … E o Vento Levou, ou Mary Poppins. Não tinha intenção de fazer uma cobertura completa, mas mais pessoal. Caso queira acrescentar mais nomes à lista, fique à vontade para incluir um comentário!

Michael Clarke Duncan (1957 – 2012)

Michael Clarke Duncan

É com grande pesar que informo a morte de outro nome de Hollywood: o ator Michael Clarke Duncan, conhecido por seu papel em À Espera de um Milagre (1999). Não sei se a bruxa anda solta nos EUA, mas recentemente já reportei a morte de Nora Ephron, Marvin Hamlisch e Tony Scott. Segundo relatos de sua noiva, o ator faleceu nessa segunda, dia 03, no hospital Cedars Sinai Medical Center em Los Angeles. No dia 13 de julho, ele sofreu um infarto do qual nunca se recuperou. Passou os últimos 2 meses hospitalizado, mas não resistiu.

Michael nasceu em Chicago e queria ser jogador de futebol americano, mas sua mãe não permitiu com medo de que ele se ferisse. Então, passou a concentrar seus esforços na carreira de ator. Já em Hollywood, ele conseguiu alguns papéis de menor expressão, enquanto trabalhava como guarda-costas de atores famosos como Will Smith e Martin Lawrence, aproveitando-se de seu porte físico avantajado.

Em 1998, conseguiu seu primeiro papel numa grande produção através do diretor Michael Bay em Armageddon (1998). Ao lado de nomes consagrados como Billy Bob Thornton, Liv Tyler, Ben Affleck e Bruce Willis. Aliás, este último foi quem o recomendou ao diretor Frank Darabont para o papel de sua vida: John Coffey. Para aqueles que viram À Espera de um Milagre, testemunharam um daqueles casos raros do ator nascer para viver aquele personagem. Michael Clarke Duncan criou uma aura de mistério através de expressões fechadas e frias, além de gestos e sotaque que indicavam algo diferente na vida daquele personagem, criado pelo escritor Stephen King, e que em algumas análises críticas, foi comparado a Jesus por sua jornada milagrosa. John Coffey poderia ser apenas uma figura estranha no filme, mas Duncan imprime carisma para que o público torça por ele enquanto aguarda por sua sentença de morte e isso faz toda a diferença. Seu personagem e sua interpretação são a alma do filme que conquistou inúmeros fãs mundo afora.

Michael Clarke Duncan como John Coffey em À Espera de um Milagre, ao lado de Tom Hanks. Atuação merecidamente indicada ao Oscar.

Felizmente, a Academia reconheceu seu talento e o indicou a Melhor Ator Coadjuvante: uma vitória descomunal em sua curta carreira. Dividiu a lista de indicados com nomes de peso: Tom Cruise (Magnólia), o menino Haley Joel Osment (O Sexto Sentido), Jude Law (O Talentoso Ripley) e Michael Caine (Regras da Vida), que saiu vencedor naquela noite com um belo e humilde discurso que elogia todos os atores de sua categoria com um refinado humor britânico. Por sua performance, Michael Clarke Duncan também foi indicado ao Globo de Ouro, SAG Award e até ator revelação no MTV Movie Award.

Depois do sucesso no Oscar, propostas não lhe faltaram. Voltou a atuar ao lado de Bruce Willis em mais 3 produções: À Beira da Loucura (Breakfast of Champions, 1999), Meu Vizinho Mafioso (The Whole Nine Yards, 2000) e Sin City – A Cidade do Pecado (Sin City, 2005). Atuou como vilão na refilmagem de Tim Burton de O Planeta dos Macacos (2001), na adaptação dos quadrinhos Demolidor – O Homem Sem Medo (2003) como o Rei do Crime, e em O Escorpião Rei (2002) ao lado de Dwayne Johnson (The Rock).

Dentre seus trabalhos mais destacados nos últimos anos, fez trabalho de dublagem em Cães e Gatos – A Vingança de Kitty Galore (2010) e Kung Fu Panda (2008).

Fora dos holofotes, Clarke servia como porta-voz de algumas causas nobres. No começo deste ano, ele apareceu num vídeo defendendo a PETA, organização dos direitos dos animais, relatando que se sentia bem melhor depois que se tornou vegetariano três anos antes.

Em depoimento, o diretor de À Espera de um Milagre, Frank Darabont, lembrou da experiência de trabalho e convivência: “Estou devastado com a perda de Michael Clarke Duncan, uma das melhores pessoas com quem tive o privilégio de trabalhar ou conhecer. Michael era a mais gentil das almas – um exemplo de decência, integridade e gentileza. Nossa experiência em fazer À Espera de um Milagre juntos foi imersiva e incrível, uma jornada única na vida. O que mais me recordo era a devoção ao seu ofício e os avanços que ele fez como artista durante aquele tempo, que era mais do que inspiradora para nós que compartilhamos a mesma jornada com ele. Michael nos deixou cedo demais. Perdemos um grande homem e um grande espírito hoje. Meus pensamentos e condolências vão para a noiva dele Omarosa e sua família”. 

Em inglês (In English):

It is with great sadness that I report the death of another Hollywood actor: Michael Clarke Duncan, known for his role in The Green Mile (1999). I don’t know if there’s something strange going on the U.S., but recently I have reported too many deaths: Nora Ephron, Marvin Hamlisch, Tony Scott and let’s not forget the Colorado movie theater tragedy. According to reports from his bride, the actor passed away on this monday, September the 3rd, at Cedars Sinai Medical Center in Los Angeles. On July 13, he suffered a stroke from which he never fully recovered. He spent the last two months in hospital but did not resist.

Michael was born in Chicago and wanted to be a football player, but his mother didn’t allow cause she was afraid that he could get injured. So, he began to concentrate his efforts on acting career. In Hollywood, he got some minor roles while working as a bodyguard for famous actors like Will Smith and Martin Lawrence.

In 1998, he got his first role in a major production by director Michael Bay on Armageddon (1998), alongside established names like Billy Bob Thornton, Liv Tyler, Ben Affleck and Bruce Willis. Indeed, the latter was the one who recommended him to director Frank Darabont for the role of his life: John Coffey. For those who have seen The Green Mile, witnessed one of those rare cases of an actor born to live the character. Michael Clarke Duncan has created an aura of mystery through cold and closed expressions, and gestures and accent that indicated something different in the life of that character, created by writer Stephen King, and that in some critical analysis, was compared to Jesus for his miraculous journey . John Coffey could be just a strange figure in the film, but Duncan prints charisma to the audience to root for him as he awaits his death sentence and that makes all the difference. His character and his interpretation are the true soul of the film that won countless fans worldwide.

Fortunately, the Academy recognized his talent and nominated him as Best Supporting Actor: a huge victory in his short career. He shared the company of nominees: Tom Cruise (Magnolia), the kid Haley Joel Osment (The Sixth Sense), Jude Law (The Talented Mr. Ripley) and Michael Caine (The Cider House Rules), who won the award and made a beautiful and humble speech that praised all actors with a refined British humor. For her performance, Michael Clarke Duncan was also nominated for a Golden Globe, SAG Award and even breakthrough performance at the MTV Movie Award.

After the success at the Oscars, many roles were offered. He chose to return to star alongside Bruce Willis in 3 productions: Breakfast of Champions (1999), The Whole Nine Yards (2000) and Sin City (2005). Acted as a villain in Tim Burton’s remake of Planet of the Apes (2001), the adaptation of the comic Daredevil (2003) as the Kingpin, and The Scorpion King (2002) alongside Dwayne Johnson (The Rock).

Most recently, he did voice work in Cats and Dogs – The Revenge of Kitty Galore (2010) and Kung Fu Panda (2008).

Behind the spotlight, Clarke served as spokesman for some noble causes. Earlier this year, he appeared in a video defending PETA, the animal rights organization, reporting that he felt much better after he became vegetarian three years ago.

In a statement, the director of  The Green Mile, Frank Darabont, recalled the experience of working together: “I’m devastated at the loss of Michael Clarke Duncan, one of the finest people I’ve ever had the privilege to work with or know. Michael was the gentlest of souls—an exemplar of decency, integrity, and kindness. Our experience making The Green Mile together was immersive and incredible, a once-in-a-lifetime journey. What sticks most in my mind was his devotion to his craft and the strides he made as an artist during that time, which was beyond inspiring to those of us who took the journey with him. Michael has left us far, far too soon. We lost a great man and a great spirit today. My thoughts and condolences goout to his fiancée Omarosa and to his family”.

Vertigo quebra hegemonia de Cidadão Kane

Capa do mês de Agosto de 2012 da tradicional revista britânica Sight & Sound

Para quem não conhece a publicação mensal britânica da Sight & Sound, os editores têm essa tradição de eleger os melhores filmes de todos os tempos uma vez por década desde 1952, quando o clássico neo-realista italiano Ladrões de Bicicleta (1948), de Vittorio De Sica, ocupou a 1ª posição. Contudo, desde 1962, o filme revolucionário de Orson Welles, Cidadão Kane (1941), conquistou o caneco consecutiva e indiscutivelmente até 2002.

Este ano, com a colaboração de vários diretores renomados como Martin Scorsese e Quentin Tarantino, o vencedor finalmente mudou. Vertigo (1958), que aqui no Brasil, ganhou o sub-título Um Corpo que Cai, quebrou a hegemonia de cinco vitórias consecutivas de Cidadão Kane, e isso tem gerado um certo burburinho nos fóruns de discussão. Em sua maioria, o teor dessas discussões giram em torno da comparação da alta relevância das inovações estéticas e narrativas do filme de Welles com a trama mirabolante e de altas reviravoltas de Vertigo. Muitos cinéfilos e cineastas defendem uma espécie de hors concours (lugar cativo) para Cidadão Kane pela contribuição incomensurável para a história do Cinema.

Além disso, existiria uma outra discussão acalorada dentre os fãs do diretor britânico Alfred Hitchcock. Seria Vertigo o melhor trabalho dele? Por que não eleger outros excelentes trabalhos da vasta filmografia hitchcockiana? Por que não Psicose, pela construção da tensão constante? E Janela Indiscreta, que deixa o espectador como cúmplice? Por que deixar de lado o inovador Festim Diabólico com seus planos-sequência? Quando o diretor possui um talento incontestável e um ecleticismo de gêneros, como é o caso também de Stanley Kubrick, eleger apenas um trabalho passa a ser tarefa bastante ingrata.

Vertigo: o melhor filme de todos os tempos, segundo a Sight & Sound

Inúmeras vezes, já li na internet e já ouvi em conversas de bar a questão sobre o valor dessas listas. Seria realmente necessário reunir e classificar trabalhos ou obras? Por que isto ou aquilo ocupa a primeira colocação? Quem decide a sentença final? E, talvez, o mais importante: seria possível criar listas sem pressão e influências externas? Obviamente, as pessoas que estão por trás da lista que geram seu nível de relevância no cenário artístico. Há muitos cinéfilos que preferem a lista anual do escritor Stephen King à lista da Sight & Sound, por exemplo. E com isso, chegamos ao real valor dessas listas que é justamente gerar essas discussões saudáveis (se o ego não falar mais alto, claro!) a respeito das qualidades de um filme.

Mas voltando à eleição da Sight & Sound, os fãs de Orson Welles não devem arrancar os cabelos. Cidadão Kane caiu apenas uma posição e fica em 2º lugar até 2022! Além disso, acredito que essa lista consegue agradar de forma geral todos os admiradores da Sétima Arte, seja pela diversidade de países participantes, seja pelos diretores consagrados e até mesmo pelos anos de produção. É claro que a maioria dos filmes eleitos são mais antigos, concentrando-se nas décadas de 20 a 60, mas existem dois filmes bem mais recentes como Amor à Flor da Pele (2000), de Wong Kar-Wai, e Cidade dos Sonhos (2001), de David Lynch.

David Lynch dirige Naomi Watts em Cidade dos Sonhos (2001)

Para quem tem curiosidade de saber as razões de determinados filmes marcarem presença nessa lista, existe grande possibilidade de descobrir novas jóias e eleger como novos favoritos. É claro que as locadoras agradecem pela força e por retirarem o pó das capinhas dos DVDs encostados nas prateleiras, mas acho que os interessados não devem se limitar aos discos e procurar por mostras especiais de cinema de sua cidade, pois alguns dos filmes participantes batem ponto nesses eventos que muitas vezes são gratuitos.

Confiram a lista e façam seus comentários com possíveis injustiças e ausências mais sentidas.

 Top 50 dos Melhores Filmes de Todos os Tempos:

1. Vertigo – Um Corpo que Cai (Alfred Hitchcock, 1958)
2. Cidadão Kane (Orson Welles, 1941)
3. Era uma Vez em Tóquio (Yazujiro Ozu, 1953)
4. A Regra do Jogo (Jean Renoir, 1939)
5. Aurora (F.W. Murnau, 1927)
6. 2001: Uma Odisséia no Espaço (Stanley Kubrick, 1968)
7. Rastros de Ódio (John Ford, 1956)
8. O Homem da Câmera (Dziga Vertov, 1929)
9. A Paixão de Joana D’Arc (Carl Theodor Dreyer, 1927)
10. 8 ½ (Federico Fellini, 1963)
11. O Encouraçado Potemkin (Sergei Eisenstein, 1925)
12. O Atalante (Jean Vigo, 1934)
13. Acossado (Jean-Luc Godard, 1960)
14. Apocalypse Now (Francis Ford Coppola, 1979)
15. Pai e Filha (Yasujiro Ozu, 1949)
16. A Grande Testemunha (Robert Bresson, 1966)
17. Os Sete Samurais (Akira Kurosawa, 1954)
17. Persona – Quando Duas Mulheres Pecam (Ingmar Bergman, 1966)
19. Espelho (Andrei Tarkovsky, 1974)
19. Cantando na Chuva (Stanley Donen & Gene Kelly, 1951)
21. A Aventura (Michelangelo Antonioni, 1960)
21. O Desprezo (Jean-Luc Godard, 1963)
21. O Poderoso Chefão (Francis Ford Coppola, 1972)
24. A Palavra (Carl Theodor Dreyer, 1955)
24. Amor à Flor da Pele (Wong Kar-Wai, 2000)
26. Rashomon (Akira Kurosawa, 1950)
26. Andrei Rublev – O Artista Maldito (Andrei Tarkovsky, 1966)
28. Cidade dos Sonhos (David Lynch, 2001)
29. Stalker (Andrei Tarkovsky, 1979)
29. Shoah (Claude Lanzmann, 1985)
31. O Poderoso Chefão II (Francis Ford Coppola, 1974)
31. Taxi Driver (Martin Scorsese, 1976)
33. Ladrões de Bicicleta (Vittoria De Sica, 1948)
34. A General (Buster Keaton & Clyde Bruckman, 1926)
35. Metrópolis (Fritz Lang, 1927)
35. Psicose (Alfred Hitchcock, 1960)
35. Jeanne Dielman, 23 quai du Commerce 1080 Bruxelles (Chantal Akerman, 1975)
35. Sátántangó (Béla Tarr, 1994)
39. Os Incompreendidos (François Truffaut, 1959)
39. A Doce Vida (Federico Fellini, 1960)
41. Viagem Pela Itália (Roberto Rossellini, 1954)
42. A Canção da Estrada (Satyajit Ray, 1955)
42. Quanto Mais Quente Melhor (Billy Wilder, 1959)
42. Gertrud (Carl Theodor Dreyer, 1964)
42. O Demônio das Onze Horas Pierrot le fou (Jean-Luc Godard, 1965)
42. Play Time – Tempo de Diversão (Jacques Tati, 1967)
42. Close-Up (Abbas Kiarostami, 1990)
48. A Batalha de Argel (Gillo Pontecorvo, 1966)
48. Histoire(s) du cinéma (Jean-Luc Godard, 1998)
50. Luzes da Cidade (Charles Chaplin, 1931)
50. Contos da Lua Vaga (Mizoguchi Kenji, 1953)
50. La Jetée (Chris Marker, 1962)

Cena antológica da escadaria de Odessa em O Encouraçado Potemkin (1925). Filme soviético esteve presente nas primeiras posições em todas as listas da Sight & Sound.

Curiosamente, dessa lista, dois filmes estão em cartaz pela mostra Traffic – 1º Festival de Cinema e Cultura Asiática de São Paulo, exibidas no Cine Olido, no centro:

Era uma Vez em Tóquio, de Yazujiro Ozu

Contos da Lua Vaga, de Mizoguchi Kenji

Veja a programação completa pelo site: http://www.trafficfestival.com.br/

E o clássico Quanto Mais Quente Melhor, de Billy Wilder, volta à sala 3 do Espaço Unibanco Augusta, em homenagem aos 50 anos da morte da diva Marylin Monroe.

Quanto à seleção da Sight & Sound, particularmente, senti falta de alguns filmes:

M, O Vampiro de Dusseldorf, de Fritz Lang (1931)

Tempos Modernos, de Charles Chaplin (1936)

Casablanca, de Michael Curtiz (1942)

O Terceiro Homem, de Carol Reed (1949)

Doze Homens e uma Sentença, de Sidney Lumet (1957)

Hiroshima, meu Amor, de Alain Resnais (1959)

O Anjo Exterminador, de Luis Buñuel (1962)

O Bebê de Rosemary, de Roman Polanski (1968)

Era uma vez no Oeste, de Sergio Leone (1968)

Teorema, de Pier Paolo Pasolini (1968)

Morte em Veneza, de Luchino Visconti (1971)

Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, de Woody Allen (1977)

Alien, o Oitavo Passageiro, de Ridley Scott (1979)

De Volta Para o Futuro, de Robert Zemeckis (1985)

O Silêncio dos Inocentes, de Jonathan Demme (1991)

Short Cuts – Cenas da Vida, de Robert Altman (1993)

Ed Wood, de Tim Burton (1994)

A Viagem de Chihiro, de Hayao Miyazaki (2001)

Fale com Ela, de Pedro Almodóvar (2002)

Zodíaco, de David Fincher (2007)

Retrato de uma obsessão em Morte em Veneza, de Luchino Visconti

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