COM TODAS AS CATEGORIAS BEM PREENCHIDAS, HOUVE POUCO ESPAÇO PARA SURPRESAS, SEJAM AGRADÁVEIS OU INDESEJÁVEIS
OK. Depois de vários anos convidando atrizes para anunciar as indicações ao Oscar, as indicadas finalmente tiveram o prazer de terem seus nomes pronunciados pelo sotaque australiano de Chris Hemsworth. E pelo visto, o tom mais cômico e informal do ano passado criado pela dupla Seth MacFarlane e Emma Stone não deve ter agradado a todos. A presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs, retoma a presença da comissão oficial ao palanque. E a ordem alfabética dos indicados foi reestabelecida.
NÚMEROS DO OSCAR 2014
Os grandes recordistas de indicações este ano são Gravidade e Trapaça com 10 indicações. Logo atrás, 12 Anos de Escravidão vem com 9 indicações. Os três estão competindo nas principais categorias, entre elas: Melhor Filme e Diretor.
Nos últimos anos, o recorde de indicações no ano não tem significado garantia de Oscar de Melhor Filme. No ano passado, por exemplo, Lincoln teve 12 indicações e acabou chupando os dedos com apenas dois Oscars, enquanto Argo se tornou Melhor Filme com 7 indicações.
Com 6 indicações, temos Nebraska e Capitão Phillips. Com 5: O Lobo de Wall Street, Ela e Clube de Compras Dallas, seguidos por Philomena com 4.
SURPRESAS OU PEQUENAS ALTERAÇÕES NOS INDICADOS?
Apesar deste ano haver pouca chance para surpresas pelo elevada quantidade de competidores de alto nível, algumas trocas chegaram a surpreender. Contrariando o mais parelho de todos os prêmios, o DGA, Alexander Payne (Nebraska) substituiu Paul Greengrass (Capitão Phillips), denotando um prestígio colossal de Payne em Hollywood. Esta é sua 3ª indicação como diretor (foi indicado por Sideways e Os Descendentes), e já ganhou 2 vezes como roteirista (Sideways e Os Descendentes). Nebraska totaliza seis indicações e pode render o Oscar para o veterano Bruce Dern.
À direita, Alexander Payne dirige o veterano Bruce Dern em set de Nebraska. Ele conseguiu sua 3ª indicação como diretor (photo by http://www.collider.com)
Aliás, em sua categoria de Mehor Ator, Tom Hanks (Capitão Phillips) foi cortado de última hora. Embora não tenha vencido nenhum prêmio expressivo por essa atuação, ele vinha figurando em quase todas as listas dos melhores de 2013. Hanks também fica de fora da categoria de coadjuvante pelo filme Walt nos Bastidores de Mary Poppins. Recém-vitorioso no Globo de Ouro, Leonardo DiCaprio conseguiu sua 4ª indicação após ser ignorado pela Academia no ano passado por Django Livre.
Havia um certo hype para indicarem o galã veterano Robert Redford por Até o Fim, mas não se concretizou. Apesar de ser conhecido como ator, ele ganhou seu único Oscar como diretor em 1981 pelo drama Gente Como a Gente. Até o Fim (All is Lost) venceu o Globo de Ouro de Melhor Triha Musical, mas teve que se contentar com a única indicação para Melhores Efeitos Sonoros.
Já na ala feminina, a vencedora do Globo de Ouro, Amy Adams (Trapaça) finalmente obteve sua primeira indicação como Melhor Atriz. Suas quatro indicações anteriores foram sempre como Atriz Coadjuvante. Num ano em que teve três trabalhos em destaque (além de Trapaça, houve Ela e O Homem de Aço), sua indicação comprova essa extrema ascensão em Hollywood. Ela não é bem do tipo que se transforma fisicamente e sequer usa maquiagem para ficar mais feia (sim, ela sempre tem esse rostinho lindo de patricinha), mas ela sabe encarnar bem personagens bem distintos. Já foi garçonete, princesa, cozinheira e freira. Podia talvez ter modificado um pouco sua aparência para O Mestre, mas ela consegue entregar uma performance diferente num papel ameaçador que merecia mais tempo no filme de Paul Thomas Anderson.
Amy Adams em personagem no filme Trapaça. 1ª indicação como atriz principal (photo by http://www.collider.com)
E temos mais um novo recorde para Meryl Streep. 18ª indicação ao Oscar! Apesar de ter vencido há 2 anos por A Dama de Ferro, Meryl é sempre uma forte candidata mesmo quando sua personagem em Álbum de Família é grossa e amarga. Ela perdeu o Globo de Ouro para Amy Adams, mas consegue a vaga que poderia ter sido da britânica Emma Thompson (por Walt nos Bastidores de Mary Poppins). Aliás, o filme sobre a autora e criadora de Mary Poppins só não ficou totalmente de fora do Oscar 2014, porque a trilha musical de Thomas Newman salvou o filme do esquecimento.
Continuando nos atores, vale destacar a segunda indicação para o jovem Jonah Hill por O Lobo de Wall Street. Ele havia sido indicado anteriormente por O Homem que Mudou o Jogo na mesma categoria. Seu reconhecimento comprova o prestígio que Scorsese tem na direção de atores, pois se dependesse do currículo de comédias, dificilmente Hill teria chances no Oscar. Particularmente, adoro Jonah Hill em Superbad – É Hoje (2007), e me surpreendi com o amadurecimento do ator em tão pouco tempo. Sem 2012 ele tirou Albert Brooks da categoria, este ano ele tirou a boa atuação de Daniel Brühl (Rush: No Limite da Emoção), que vinha aparecendo em todas as listas de coadjuvante.
Jonah Hill conquista sua segunda indicação com apenas 30 anos (photo by movies.yahoo.com)
Entre as mulheres, havia uma forte pressão para que a Academia indicasse a estrela maior da TV americana, Oprah Winfrey por O Mordomo da Casa Branca, pois ela traria peso ao tapete vermelho do Oscar. Felizmente, os membros votantes não se intimidaram com a figura de Oprah e indicaram a britânica Sally Hawkins, por uma performance e personagens mais consistentes em Blue Jasmine.
Minha maior alegria foi ver duas produções estrangeiras concorrendo no Oscar de Melhor Animação: o japonês Vidas ao Vento, de Hayao Miyazaki, e o francês Ernest & Celestine, de Benjamin Renner e Didier Brunner, comprovando a força da escola francesa de animação. Apesar de admirar os filmes da Pixar, acho que ultimamente eles não têm acertado na escolha dos projetos. Fazer sequências nem sempre é o melhor negócio. Universidade Monstros não concorre ao Oscar. Não sei se a vitória será de um dos estrangeiros, mas se tiver de ser americana, torço por Os Croods.
Ernest & Celestine (França) e Vidas ao Vento (Japão) fazem uma mini briga de filme estrangeiro na categoria de Animação pela primeira vez (www.cartoonbrew.com)
O musical dos irmãos Coen, Inside Llewyn Davis, teve de se contentar com as indicações para Melhor Fotografia para Bruno Delbonnel e Melhor Som. Esperava-se que haveria pelo menos uma indicação para Melhor Canção Original, mas também ficou de fora. O filme teve boa aceitação da crítica, mas o público não abraçou o novo filme dos Coen. Em 2011, Bravura Indômita concorreu em 10 categorias, mas não ganhou nada.
Já a inclusão da comédia Jackass Apresenta: Vovô Sem Vergonha na categoria Maquiagem foi uma surpresa. Tudo bem que já haviam indicado Norbit na mesma categoria alguns anos atrás, mas o tipo de humor pornográfico e escatológico dificilmente adentra as categorias do Oscar. Com certeza, a hostess Ellen DeGeneres fará alguma piada em cima disso…
À direita, Johnny Knoxville transformado no vovô politicamente incorreto de Jackass Apresenta: Vovô Sem Vergonha (photo by http://www.geeksofdoom.com)
Se o Oscar pode indicar um filme desses, por que não perdoar e acolher o fracasso comercial O Cavaleiro Solitário? Repleto de altas expectativas, o filme estreou no verão americano, mas não obteve boa resposta nas bilhererias. A Academia deu uma nova chance ao filme de Gore Verbinski arrecadar dinheiro, reconhecendo-o nas categorias de Maquiagem e Efeitos Visuais. Aliás, ele roubou a vaga dos efeitos digitais dos ótimos monstros de Círculo de Fogo.
Gostei também da indicação para William Butler e Owen Pallett para Trilha Musical Original por Ela. Trata-se de um importante reconhecimento para a música e a canção “The Moon Song” do mesmo filme. Essa aliança, que se repete depois de Onde Vivem os Monstros, reforça o prestígio que o diretor Spike Jonze tem com os artistas musicais Karen O e a banda Arcade Fire.
Na categoria de Filme Estrangeiro, na ausência do francês Azul é a Cor Mais Quente (desqualificado pelas regras da Academia), a briga deve ficar acirrada entre o dinamarquês A Caça e o italiano A Grande Beleza, que venceu o Globo de Ouro no último domingo. Contudo, o representante belga The Broken Circle Breakdown pode surpreender em caso de empate de votos. A indicação de The Missing Picture entra para a História como a primeira do Camboja. O filme ganhou o prêmio Un Certain Regard em Cannes em 2013.
A grande surpresa aqui é a exclusão de O Grande Mestre, de Wong Kar-Wai (Hong Kong), mesmo tendo conquistado indicações nas categorias técnicas de Fotografia e Figurino. É uma pena que Kar-Wai não tenha sido indicado, pois seria uma oportunidade rara de reconhecer um dos cineastas mais ousados das últimas duas décadas. Em sua filmografia, constam títulos como Amores Expressos, Feliz Juntos, Amor à Flor da Pele e 2046 – Os Segredos do Amor.
Tudo bem que a fotografia e o figurino são os campos em destaque de O Grande Mestre, mas e a indicação para Filme Estrangeiro? (photo by themovieblog.com)
Na categoria de Documentário, a ausência de Histórias que Contamos (Stories We Tell), de Sarah Polley, foi a mais surpreendente, afinal venceu três grandes prêmios da crítica americana: National Board of Review, Los Angeles Film Critics Association e New York Film Critics Circle. Se alguém souber de um motivo oficial, por favor comente abaixo! O prêmio deve ficar entre O Ato de Matar e A Um Passo do Estrelato.
Pra quem perdeu ao vivo, confira o vídeo do anúncio dos indicados:
MELHOR FILME Trapaça (American Hustle) Capitão Phillips (Captain Phillips) Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club) Gravidade (Gravity) Ela (Her) Nebraska Philomena 12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave) O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street)
MELHOR DIRETOR
Alfonso Cuarón (Gravidade)
Steve McQueen (12 Anos de Escravidão)
Alexander Payne (Nebraska)
David O. Russell (Trapaça)
Martin Scorsese (O Lobo de Wall Street)
MELHOR ATOR
Christian Bale (Trapaça)
Bruce Dern (Nebraska)
Leonardo DiCaprio (O Lobo de Wall Street)
Chiwetel Ejiofor (12 Anos de Escravidão)
Matthew McConaughey (Clube de Compras Dallas)
MELHOR ATRIZ
Amy Adams (Trapaça)
Cate Blanchett (Blue Jasmine)
Sandra Bullock (Gravidade)
Judi Dench (Philomena)
Meryl Streep (Álbum de Família)
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Barkhad Abdi (Capitão Phillips)
Bradley Cooper (Trapaça)
Michael Fassbender (12 Anos de Escravidão)
Jonah Hill (O Lobo de Wall Street)
Jared Leto (Clube de Compras Dallas)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Sally Hawkins (Bue Jasmine)
Jennifer Lawrence (Trapaça)
Lupita Nyong’o (12 Anos de Escravidão)
Julia Roberts (Álbum de Família)
June Squibb (Nebraska)
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Eric Warren Singer, David O. Russell (Trapaça)
Woody Allen (Blue Jasmine)
Craig Borten, Melisa Wallack (Clube de Compras Dallas)
Spike Jonze (Ela)
Bob Nelson (Nebraska)
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Richard Linklater, Julie Delpy, Ethan Hawke (Antes da Meia-Noite)
Billy Ray (Capitão Phillips)
Steve Coogan, Jeff Pope (Philomena)
John Ridley (12 Anos de Escravidão)
Terence Winter (O Lobo de Wall Street)
MELHOR FOTOGRAFIA
Philippe Le Sourd (O Grande Mestre)
Emmanuel Lubezki (Gravidade)
Bruno Delbonnel (Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum)
Phedon Papamichael (Nebraska)
Roger Deakins (Os Suspeitos)
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Judy Becker, Heather Loeffler (Trapaça)
Andy Nicholson, Rosie Goodwin (Gravidade)
Catherine Martin, Beverley Dunn (O Grande Gatsby)
K.K. Barrett, Gene Serdena (Ela)
Adam Stockhausen, Alice Baker (12 Anos de Escravidão)
MELHOR MONTAGEM
Alan Baumgarten, Jay Cassidy, Crispin Struthers (Trapaça)
Christopher Rouse (Capitão Phillips)
John Mac McMurphy, Martin Pensa (Clube de Compras Dallas)
Alfonso Cuarón, Mark Sanger (Gravidade)
Joe Walker (12 Anos de Escravidão)
MELHOR FIGURINO
Michael Wilkinson (Trapaça)
William Chang Suk Ping (O Grande Mestre)
Catherine Martin (O Grande Gatsby)
Michael O’Connor (The Invisible Woman)
Patricia Norris (12 Anos de Escravidão)
MELHOR MAQUIAGEM
Adruitha Lee, Robin Mathews (Clube de Compras Dallas)
Steve Prouty (Jackass Apresenta: Vovô Sem Vergonha)
Joel Harlow, Gloria Pasqua Casny (O Cavaleiro Solitário)
MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL John Williams (A Menina que Roubava Livros) Steven Price (Gravidade)
William Butler e Owen Pallett (Ela)
Thomas Newman (Walt nos Bastidores de Mary Poppins)
Alexandre Desplat (Philomena)
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“Happy” – Pharrell Williams (Meu Malvado Favorito 2)
“Let It Go” – Robert Lopez, Kristen Anderson-Lopez (Frozen: Uma Aventura Congelante)
“Ordinary Love” – Bono, Adam Clayton, The Edge, Larry Mullen Jr. (Mandela: Long Walk to Freedom)
“The Moon Song” – Karen O, Spike Jonze (Ela)
“Alone Yet Not Alone” – Bruce Broughton, Dennis Spiegel (Alone Yet Not Alone)
MELHOR SOM
– Chris Burdon, Mark Taylor, Mike Prestwood Smith, Chris Munro (Capitão Phillips)
– Skip Lievsay, Niv Adiri, Christopher Benstead, Chris Munro (Gravidade)
– Christopher Boyes, Michael Hedges, Michael Semanick, Tony Johnson (O Hobbit: A Desolação de Smaug)
– Skip Lievsay, Greg Orloff, Peter F. Kurland (Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum)
– Andy Koyama, Beau Borders, David Bronlow (O Grande Herói)
MELHORES EFEITOS SONOROS
– Steve Boeddeker, Richard Hymns (Até o Fim)
– Oliver Tarney (Capitão Phillips)
– Glenn Freemantle (Gravidade)
– Brent Burge (O Hobbit: A Desolação de Smaug)
– Wylie Stateman (O Grande Herói)
MELHORES EFEITOS VISUAIS
– Timothy Webber, Chris Lawrence, David Shirk, Neil Corbould (Gravidade)
– Joe Letteri, Eric Saindon, David Clayton, Eric Reynolds (O Hobbit: A Desolação de Smaug)
– Christopher Townsend, Guy Williams, Erik Nash, Daniel Sudick (Homem de Ferro 3)
– Tim Alexander, Gary Brozenich, Edson Williams, John Frazier (O Cavaleiro Solitário)
– Roger Guyett, Pat Tubach, Ben Grossmann, Burt Dalton (Além da Escuridão – Star Trek)
MELHOR ANIMAÇÃO
– Os Croods (The Croods)
– Meu Malvado Favorito (Despicable Me 2)
– Ernest & Celestine (idem)
– Frozen: Uma Aventura Congelante (Frozen)
– Vidas ao Vento (The Wind Rises)
MELHOR FILME ESTRANGEIRO
– The Broken Circle Breakdown (Bélgica)
– A Grande Beleza (Itália)
– A Caça (Dinamarca)
– The Missing Picture (Camboja)
– Omar (Palestina)
MELHOR DOCUMENTÁRIO
– O Ato de Matar (The Act of Killing), de Joshua Oppenheimer, Signe Byrge Sørensen
– Cutie and the Boxer, de Zachary Heinzerling, Lydia Dean Pilcher
– Guerras Sujas (Dirty Wars), de Rick Rowley, Jeremy Scahill
– The Square (Al Midan), de Jehane Noujaim, Karim Amer
– A Um Passo do Estrelato (20 Feet from Stardom), de Morgan Neville
MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA
– CaveDigger, de Jeffrey Karoff
– Facing Fear, de Jason Cohen
– Karama Has No Walls, de Sara Ishaq
– The Lady in Number 6: Music Saved My Life, de Malcolm Clarke, Carl Freed
– Prison Terminal: The Last Days of Private Jack Hall, de Edgar Barens
MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
– Feral, de Daniel Sousa, Dan Golden
– É Hora de Viajar, de Lauren MacMullan, Dorothy McKim
– Mr. Hublot, de Laurent Witz, Alexandre Espigares
– Possessions, de Shuhei Morita
– Room on the Broom, de Max Lang, Jan Lachauer
MELHOR CURTA-METRAGEM
– Aquel No Era Yo (That Wasn’t Me), de Esteban Crespo
– Avant Que De Tout Perdre (Just Before Losing Everything), de Xavier Legrand
– Helium, de Anders Walter
– Do I Have to Take Care of Everything?, de Selma Vilhunen
– The Voorman Problem, de Mark Gill
Quais atores podem preencher seus lugares? Ou melhor: Existe esperança para o futuro? Particularmente, tenho uma visão apocalíptica, pois toda vez que um ator de qualidade nos abandona, bate logo um desânimo em mim: “Paul Newman nos deixa e sobra um Orlando Bloom…”
Mas é por causa desse pessimismo que resolvi escrever este post na tentativa de me convencer de que pode haver talento para as próximas gerações de cinéfilos admirarem. Claro que ninguém vai conseguir se equiparar a um Marlon Brando ou James Dean, mas ao analisar o trabalho de atores mais jovens, é possível perceber que há semelhanças que, se bem desenvolvidas, podem amadurecer o profissional.
Além disso, para classificar bem um ator, não basta conferir suas habilidades de interpretação ou se ele manda bem no método Stanislávski. Ele precisa saber escolher bem seus papéis em busca de novos desafios, afinal o ator que opta sempre pelos mesmos tipos de papéis acaba rotulado e limitado. É claro que vez ou outra, o ator pode (e deve) assinar um contrato milionário para pagar as contas (ainda mais se ganhou ou foi indicado ao Oscar recentemente), mas sua ânsia e ambição como intérprete deve ser sua prioridade.
Obviamente, essas “regras” que mencionei acima valem para o ator ideal, que sabe equilibrar trabalhos mais autorais com comerciais. A alternância entre ambos se mostra bastante saudável, pois em muitos trabalhos autorais, o ator esgota suas forças em nome de um personagem mais intenso, e um filme comercial em seguida tende a aliviar a pressão.
Heath Ledger (by Wireimage)
Minha melhor aposta dessa geração era Heath Ledger. Com seu constante progresso, acreditava que ele poderia ser o James Dean do século XXI, mas assim como o ídolo, acabou partindo cedo demais. Ledger alternava trabalhos comerciais com autoriais: fazia comédias comerciais como 10 Coisas que Eu Odeio em Você (1999) e Coração de Cavaleiro (2001) e dramas autorais como O Segredo de Brokeback Mountain (2005), Candy (2006) e Não Estou Lá (2007). Contudo, tratava qualquer trabalho com muita seriedade, mesmo se tratando de um blockbuster como O Patriota (2000) ou tendo um papel menor como em A Última Ceia (2001). Infelizmente, teve seu maior reconhecimento postumamente por sua incrível atuação como Coringa em Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008) pelo qual ganhou o Oscar.
A lista a seguir não está em ordem de qualidade ou preferência, mas Michael Fassbender merecia estar no topo por tratar a profissão de forma mais séria.
Michael Fassbender
MICHAEL FASSBENDER
Nascido em 02 de abril de 1977 – Baden-Württemberg, Alemanha
Melhores performances: Fome (2008), X-Men: Primeira Classe (2011), Shame (2011) e Prometheus (2012)
O ator alemão tem se tornado o talento mais almejado por diretores renomados como Ridley Scott e Steven Soderbergh. Apesar do currículo ainda ser pequeno, Fassbender tem procurado selecionar papéis mais densos que possa explorar seus limites como ator.
Em seu primeiro papel de destaque no filme independente Hunger, ele vive o ativista político Bobby Sands que faz greve de fome na prisão. Assim como fez Christian Bale no thriller O Operário, Fassbender perdeu muito peso para dar mais verossimilhança ao personagem. Ele chegou a perder 14 quilos, ficando com 59kg, ou seja, dedicação do nível de Robert De Niro.
Depois de ser descoberto, preferiu ser eclético em suas escolhas. No filme britânico Fish Tank (2009), interpretou Connor, um homem que tem um relacionamento com uma mãe solteira e com a filha adolescente dela. Já no cult de Tarantino, Bastardos Inglórios, dá vida ao Tenente Archie Hicox numa das melhores cenas do filme que se passa num bar.
E mesmo aceitando uma proposta alta para um blockbuster como X-Men: Primeira Classe, Michael Fassbender não desaponta. Ele encarna Erik Lensherr, o mutante Magneto, com muita propriedade e seriedade (que muitas vezes faltam a atores que consideram histórias em quadrinhos algo infantil). A atuação dele como Magneto em nada perde para a interpretação do veterano Ian McKellen na trilogia anterior dos X-Men e ainda lhe serve de complemento. Toda a dor e angústia do personagem que teve seus pais mortos no campo de concentração transborda em seu olhar do início ao fim do filme.
Em 2011, foi bastante elogiado por sua coragem e atuação em sua segunda parceria com o diretor Steve McQueen, Shame. Nele, Fassbender faz um viciado em sexo (paquera no metrô, pornografia na internet, prostitutas) que vê sua rotina interrompida quando sua irmã mais nova passa uns dias em seu apartamento. Shame se mostra um ótimo estudo de personagem e possibilita o público de acompanhar sua degradação até o fundo do poço, e felizmente, não tem a intenção de julgar e dar lição de moral. Como um solitário numa metrópole como Nova York, o ator explora a linguagem corporal e de olhares, tendo que abdicar de diálogos.
Recentemente, foi escolhido para dar vida ao ciborgue David em Prometheus (2012), considerado um prequel de Alien – O Oitavo Passageiro (1979), do mesmo Ridley Scott. Seguindo uma tradição de ciborgues na série Alien, Fassbender consegue apresentar algumas sutilezas que o tornam no melhor personagem do filme. Seu lado mecânico é quase imperceptível, seja através do tom de voz, pelas pausas entre as frases, por algum movimento de sua cabeça e em seu cabelo arrumadinho (!).
Fique de olho em: 12 Years a Slave (2013) e O Conselheiro do Crime (2013).
BEN FOSTER
Nascido em 29 de outubro de 1980 – Massachusetts, EUA
Melhores performances:Os Indomáveis (2007), O Mensageiro (2009)
Para o grande público, talvez a participação mais destacada dele seja como o mutante Anjo em X-Men 3 – O Confronto Final, mas para quem conferiu o bom western Os Indomáveis, sabe que ele está longe de ser um ator de rostinho bonito. Foster, assim como o grande ator Daniel Day-Lewis, abre mão de sua imagem para construir a do personagem. Com dois bons atores como Russell Crowe e Christian Bale, ele consegue roubar a cena ao viver o pistoleiro letal Charlie Prince. Para incrementar sua performance, foi treinado por um renomado especialista em armas de Hollywood.
Mas para chegar ao patamar das estrelas, Ben Foster teve um longo caminho desde o final dos anos 90, quando começou a atuar em filmes, vivendo o irmão do então desconhecido Adrien Brody em Ruas da Liberdade (1999) e conquistando seu papel de protagonista no drama Bang, Bang! Você Morreu! (2002), cujo personagem é um estudante que sofre de bullying.
Porém, o filme que lhe trouxe certa projeção foi em Refém (2005), estrelado por Bruce Willis. Ben Foster não fazia o tipo físico que o papel exigia (era bem forte e pesado), mas ele decidiu compensar a aparência seguindo uma outra direção. Baseou seu personagem num assassino real que viu seus pais morrerem e passou a ter um fetiche por meninas e observar pessoas morrerem.
Em 2009, já mais experiente, no drama de guerra O Mensageiro, o ator impressiona pela economia e as nuances. Seu personagem, o sargento Will Montgomery, é incumbido da ingrata tarefa de informar aos familiares a morte de soldados na guerra. Como o protocolo manda, não deve haver sentimento ou qualquer contato físico no momento do aviso, mas ele acaba se envolvendo com a viúva interpretada por Samantha Morton. Ambos juntamente com Woody Harrelson formam uma fortíssima trinca de atores, o que acabou valorizando ainda mais Ben Foster.
Recentemente, fez dois filmes de ação. Um ao lado do veterano cara-de-pedra Jason Statham em Assassino a Preço Fixo (2011) e outro com Mark Whalberg em Contrabando (2012), nos quais deve aprimorar sua técnica com armas de fogo e forma física (pra não se limitar aos papéis de homens magrelos!). Também trabalhou sob o comando de Fernando Meirelles no inédito por aqui 360, que contou com Anthony Hopkins, Jude Law e Rachel Weisz.
Fique de olho em: Kill Your Darlings (2013), Ain’t Them Bodies Saints (2013)
James Franco
JAMES FRANCO
Nascido em 19 de abril de 1978 – Califórnia, EUA
Melhores performances: Trilogia de Homem-Aranha (2002/2004/2007), Segurando as Pontas (2008), Milk – A Voz da Igualdade (2008) e 127 Horas (2010)
A primeira vez que vi James Franco, ele estava subindo ao palco do Globo de Ouro para receber o prêmio de melhor ator em minissérie. Ele interpretou a lenda James Dean (que aliás tem uma aparência bem semelhante) na série James Dean e ganhou notoriedade juntamente com o sucesso da série Freaks & Geeks, sobre a vida colegial. Atualmente, faz sucesso com sua participação em General Hospital.
Já no cinema, aceitou o papel de Norman Osborn, melhor amigo de Peter Parker, nos 3 filmes do Homem-Aranha e sua carreira decolou. Dirigido por Sam Raimi, seu personagem foi se tornando mais denso até o terceiro filme, quando tem de confrontar o fantasma de seu pai, o Duende Verde, e destruir seu outrora melhor amigo, Peter Parker (Tobey Maguire).
Mais recentemente, foi indicado ao Oscar pelo ciclista aventureiro de 127 Horas, Aaron Ralston. Foi um grande teste de fogo para o talento de Franco, que segurou praticamente o filme todo sozinho, uma vez que seu personagem (verídico) fica preso a uma rocha nos Canyons em Utah.
Sua escolha de papéis tem sido bem eclética. Além de Franco ter feito comédias como Segurando as Pontas e Sua Alteza?, foi bastante elogiado pelo papel do ativista homossexual Scott Smith de Milk – A Voz da Igualdade e provou ter carisma necessário para estrelar o Planeta dos Macacos: A Origem.
Talvez sua melhor qualidade seja seu lado eclético em relação a gêneros (dramas, comédias, romances, ficção científica) e linguagem (cinema, TV e minissérie).
Fique de olho em: Spring Breakers: Garotas Perigosas (2013), Lovelace (2013) e Oz: Mágico e Poderoso (2013)
RYAN GOSLING
Nascido em 12 de novembro de 1980 – Ontário, Canadá
Ryan Gosling
Melhores performances: Half Nelson (2006), A Garota Ideal (2007), Tudo Pelo Poder (2011), Drive (2011)
Para quem conheceu este ator canadense pelo filme romântico Diário de uma Paixão (2004), pode ter se levado pelas aparências. “Lá vem mais um galã sem talento de Hollywood”. Ledo engano. Gosling é o ator mais preciso de sua geração. Cada gesto, cada olhar, cada movimento tem um peso significante para a cena. Se você piscar, pode perder muita coisa.
Isso certamente se reflete em suas escolhas. A maioria de seus personagens possui um comportamento mais introspectivo. O motorista-dublê de Drive, o assessor político Stephen Meyers de Tudo Pelo Poder e obviamente, o tímido Lars que encontra sua paixão numa boneca inflável em A Garota Ideal apresentam essa característica em comum. O silêncio, assim como a distância emocional, costuma ser um item relevante para a escolha do próximo trabalho de Gosling, que faz valer aquele velho ditado: “Menos é mais”. Enquanto tem ator “se esgoelando e se esperneando” sem necessidade, ele resolve com minúcias.
Foi indicado ao Oscar em 2007 pela interpretação do professor de colégio Dan Dunne que tem o hábito de se drogar de Half Nelson – Encurralados.
Fique de olho em: Caça aos Gângsteres (2012), Only God Forgives (2012)
Carey Mulligan
CAREY MULLIGAN
Nascida em 28 de maio de 1985 – Londres, Inglaterra
Melhores performances: Educação (2009), Não me Abandone Jamais (2010), Shame (2011), Drive (2011)
Esta jovem inglesa começou no cinema sem grande alarde num papel menor em Orgulho e Preconceito (2005). Seus traços de menina ajudaram a conquistar a vaga da protagonista Jenny de Educação, mas foi graças ao seu talento que pôde interpretar o momento de amadurecimento de sua personagem e consequentemente ter sido reconhecida com uma indicação ao Oscar.
Em seguida, foi escalada pelo veterano Oliver Stone para atuar na sequência de Wall Street como a filha de Michael Douglas. Muita gente fala do Shia LaBeouf, protagonista dessa sequência, mas sinceramente vejo Mulligan como uma das grandes descobertas dos últimos anos.
Como seu parceiro de tela Ryan Gosling, Carey soube trabalhar nuances com sua personagem quieta e acanhada de Drive, como já fizera no drama futurista de Mark Romanek, Não me Abandone Jamais. E já em Shame, foi a falastrona e carente irmã do personagem de Michael Fassbender. Esse trabalho pôde comprovar a consistência do talento de Mulligan. Voltar a ser indicada e ganhar o Oscar é mera questão de tempo.
Fique de olho em: O Grande Gatsby (2012) e Inside Llewyn Davis (2013)
CHLOE GRACE MORETZ
Nascida em 10 de fevereiro de 1997 – Georgia, EUA
Chloë Grace-Moretz
Melhores performances: Kick-Ass – Quebrando Tudo (2010), Deixe-me Entrar (2010), A Invenção de Hugo Cabret (2011)
Eu sei que ainda pode ser cedo demais para incluir uma menina como Moretz aqui, mas ela muito me lembra Jodie Foster, que foi um prodígio aos 12 anos trabalhando com Martin Scorsese em Alice Não Mora Mais Aqui (1974) e em Taxi Driver (1976), que surpreendeu a todos como a prostituta Iris.
Apesar de ainda não ter vivido uma prostituta, Moretz costuma escolher papéis adultos para crianças. A postura de suas personagens têm maturidade avançada que lhe cai como uma luva. Mesmo em sua curta participação na comédia romântica (500) Dias com Ela, sua jovem Rachel parece bem mais preparada para o romance do que Tom, o protagonista adulto vivido por Joseph Gordon-Levitt.
Na refilmagem do sueco Let the Right One In, intitulado Deixe-me Entrar, ela vive uma vampira de 12 anos, cuja idade real supera os 60 anos. Sua interpretação foi elogiada pela crítica e graças a ela, ofereceram o papel da problemática Carrie White da refilmagem Carrie (1976).
Seu trabalho tem atraído a atenção de diretores renomados como Tim Burton, que a chamou para viver Carolyn Stoddard em Sombras da Noite. A trajetória de sucesso de Chloë Grace Moretz parece bem traçada, mas como se trata de uma garota, precisa ser bem amparada pelos pais e agente para que não tome rumos obscuros como o de Macaulay Culkin ou Edward Furlong.
Fique de olho em: Carrie – A Estranha (2013), The Drummer (2013)
Jennifer Lawrence
JENNIFER LAWRENCE
Nascida em 15 de Agosto de 1990 – Kentucky, EUA
Melhores performances: Inverno da Alma (2010), X-Men: Primeira Classe (2011)
Um dos primeiros trabalhos de Jennifer no cinema foi com o roteirista mexicano Guillermo Arriaga no drama Vidas que se Cruzam (2008). Apesar de ter atuado ao lado de atrizes experientes como Charlize Theron e Kim Basinger, ela só conseguiu se destacar com o drama independente Inverno da Alma (2010), no qual interpretou uma jovem em busca do pai traficante em terrenos perigosos a fim de tentar manter a casa de sua família. Para viver Ree Dolly, Lawrence abdicou de qualquer beleza e glamour (filmado no estilo documentário), reforçando seu comprometimento com a personagem. Além disso, mesmo sua atuação sendo bastante contida, consegue demonstrar a frieza e determinação que o papel exigia. Acabou indicada para o Oscar de melhor atriz, que a levaria a assinar contratos milionários com a série nova dos X-Men e a adaptação dos best-sellers Jogos Vorazes.
Como a substituta de Rebecca Romjin-Stamos, trouxe a instabilidade e insegurança da mutante Mística na juventude, especialmente em relação à sua aparência física. Era possível enxergar a personagem imatura e indecisa sobre que lado ela defenderia com seus poderes. Recentemente, assinou para a sequência de X-Men: Primeira Classe, previsto para 2014.
E em outras produções, mesmo atuando como coadjuvante, Jennifer Lawrence rouba suas cenas. Em Like Crazy (2011), como a namorada preterida de Jacob, que encara os sentimentos de forma silenciosa. Ou em Um Novo Despertar (2011), onde vive a líder de torcida Norah, que não consegue digerir a morte de seu irmão. Numa entrevista de making of, a atriz e diretora do filme, Jodie Foster, confessa que gostaria de ter descoberto o talento de Jennifer, mas que sua escolha para o papel foi mais do que acertada.
Fique de olho em: Serena (2013), Jogos Vorazes: Em Chamas (2013), Trapaça (2013)
EMMA STONE
Emma Stone
Nascida em 06 de novembro de 1988 – Arizona, EUA
Melhores performances: A Mentira (2010), Histórias Cruzadas (2012)
Apesar de ter feito trabalhos mais dramáticos, Emma Stone claramente tem uma veia cômica que deve ser melhor explorada. Mesmo em meio ao clima tenso de racismo do Mississipi no drama Histórias Cruzadas, sua personagem Skeeter consegue aliviar e divertir com seus modismos fora dos padrões da sociedade e consegue conquistar o público.
Mas o forte mesmo de Emma Stone são as comédias, tanto que seu histórico não nega: Superbad – É Hoje (2007), O Roqueiro (2008), A Casa das Coelhinhas (2008), Minhas Adoráveis Ex-Namoradas (2009) e Zumbilândia (2009). Desde sua estréia em Superbad, ela se mostra mais inclinada para o gênero, pois é bastante desinibida e como muitos atores que marcaram pela comédia, a ruiva não se importa em se expôr ao rídiculo.
Emma conquistou muitos fãs depois que atuou na comédia teen A Mentira (2010). Com muitas caras e bocas, a atriz gera o carisma necessário para que o público apoie sua personagem em suas boas intenções e mentiras brancas. Stone assume a visão divertida da história, possibilitando que a comédia dê certo. E a Associação de Imprensa Estrangeira viu esse dom da atriz e reconheceu seu trabalho com uma indicação ao Globo de Ouro.
No blockbuster deste ano, O Espetacular Homem-Aranha, apesar de não haver muito espaço, ela se desdobra numa sequência aparentemente simples para esconder Peter de seu pai que está escondido em seu quarto. Também apresentou boa química com Andrew Garfield e deve estar na sequência.
Fique de olho em: Caça aos Gângsteres (2012), Os Croods (2013)
Jeremy Renner
JEREMY RENNER
Nascido em 07 de janeiro de 1971 – Califórnia, EUA
Melhores performances: Guerra ao Terror (2008), Atração Perigosa (2010), Os Vingadores (2012)
Curiosamente, desde a época da escola, Renner gostava de atuar como policial em peças de teatro, pois estava dividido entre seguir a carreira de ator e agente da lei. Desde meados dos anos 90, o ator participou de produções menores como a comédia Senior Trip (1995), mas só captou a atenção dos críticos como o serial killer Jeffrey Dahmer em Dahmer (2002), que lhe rendeu uma indicação no Independent Spirit Award.
Cansado da época das vacas magras, Jeremy aceitou atuar na adaptação da série de TV da década de 70, S.W.A.T. – Comando Especial (2003) ao lado de um ascendente Colin Farrell e experiente Samuel L. Jackson. Seguindo seu treinamento (e provavelemente sede) por armas de fogo, viveu o atirador de elite de zumbis Doyle em Extermínio 2 (2007) e como coadjuvante no faroeste O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford (2007).
Apesar de suas habilidades policiais e bélicas, a diretora Kathryn Bigelow ficou impressionada com a interpretação humanista dele como serial killer no independente Dahmer e ofereceu o papel que mudou sua carreira: o sargento William James de Guerra ao Terror (2008). Ao dar profundidade ao especialista em desarme de bombas, Jeremy Renner foi indicado ao Oscar de melhor ator e felizmente, esse reconhecimento lhe trouxe melhores oportunidades que logo abraçou.
Aceitou participar do segundo filme dirigido por Ben Affleck, Atração Perigosa (2010), mas desta vez num papel do outro lado da lei: um assaltante de bancos. De volta a um personagem coadjuvante, Jeremy imprime tridimensionalidade ao seu personagem em poucas cenas, trabalhando como ninguém o comportamento violento e instável. Novamente foi indicado ao Oscar.
Agora, com seu talento mais do que provado, o ator passa a colher frutos. Nesse ano, viveu o herói Gavião Arqueiro no mega-sucesso Os Vingadores – The Avengers, demonstrando segurança e a frieza necessárias para um arqueiro, e neste segundo semestre, ele assume o papel de protagonista nos filmes do agente Jason Bourne em O Legado Bourne. Não, ele não toma o papel que era de Matt Damon, mas um outro agente que participou do mesmo programa do governo. À princípio, fiquei meio receoso por achar que se tratava apenas de uma produção que se aproveitaria da fama do personagem, mas se você conferir o trailer, deve mudar de idéia.
Fique de olho em: O Legado Bourne (2012), Hansel e Gretel: Caçadores de Bruxas (2013), Trapaça (2013)
MARK RUFFALO
Mark Ruffalo
Nascido em 22 de novembro de 1967 – Wisconsin, EUA
Melhores performances: Conte Comigo (2000), Colateral (2004), Zodíaco (2007), Minhas Mães e Meu Pai (2010)
No meio de tantos jovens, Mark já parece um veterano. Começou a atuar em filmes desde 1993, mas foi só em 200o que passou a chamar a atenção. Sua atuação como Terry, um irmão há muito sumido que aparece para pedir dinheiro emprestado da irmã (Laura Linney) em Conte Comigo mostrou que uma nova face de atores contidos estava surgindo no horizonte. Ruffalo conquistou alguns prêmios na época como coadjuvante e inclusive o New Generation Award da Associação de Críticos de Los Angeles.
Em seus próximos trabalhos, ele continuou atuando como coadjuvante em bons dramas como Minha Vida Sem Mim (2003) da diretora espanhola Isabel Coixet, no polêmico Em Carne Viva (2005) de Jane Campion e até em filmes de ação como A Última Fortaleza (2001) e Códigos de Guerra (2002).
Felizmente, novas oportunidades surgiram para que Mark Ruffalo pudesse mostrar seu talento. Tornou-se aquilo que os diretores chamam de “coadjuvante de luxo”, ou seja, ótimo ator para servir de apoio para o protagonista. E foi exatamente isso que ele fez com maestria em: Colateral, vivendo um policial mais malandro que investiga os crimes de Vincent (Tom Cruise); Em Zodíaco, vive o inspetor Toschi que está obstinado pela busca do serial killer Zodíaco por décadas (particularmente, considero esta sua melhor atuação); E no drama familiar Minhas Mães e Meu Pai, interpretando o solteirão Paul que enfrenta a paternidade de forma inusitada. Por este papel, Ruffalo finalmente recebeu uma indicação ao Oscar.
Também vale ressaltar que, apesar de Mark parecer estar sempre aguardando uma oportunidade para ser um ator-protagonista, tem um imenso carisma que pode ser conferido nas comédias De Repente 30 (2004) e E se Fosse Verdade… (2005). E agora que roubou a cena no blockbuster de 2012, Os Vingadores, vivendo Bruce Banner, poderiam finalmente produzir um filme solo do Hulk para ele, certo?
Fique de olho em: Thanks for Sharing (2012), Now You See Me (2013), The Normal Heart (2014)
Saoirse Ronan
SAOIRSE RONAN (pronuncia-se “Sãr-shã”)
Nascida em 12 de abril de 1994 – Nova York, EUA
Melhores performances: Desejo e Reparação (2007), Um Olhar do Paraíso (2009), Hanna (2011)
Aos 13 anos, Saoirse Ronan abraçou sua personagem dedo-duro Briony Tallis do drama Desejo e Reparação, baseado no ótimo romance de Ian McEwan, Atonement, e deixou de ser mais uma atriz-mirim para alcançar o estrelato com uma merecida indicação ao Oscar de atriz coadjuvante. Ao contrário da maioria dos jovens talentos, ela não partiu para os papéis destinados a crianças e pré-adolescentes. Não. Saoirse tinha fome de desafios e foi o que Peter Jackson lhe propôs no drama extraordinário Um Olhar do Paraíso, uma vez que interpreta uma jovem assassinada, que assiste do céu à degradação de sua família após seu assassinato. Curiosamente, ainda desconhecida na época, ela enviou uma fita de teste da Irlanda (país que morou desde os 3 anos). Todos ficaram tão impressionados que ela foi escolhida sem ter que encontrá-la antes.
Continuando sua escalada de desafios, foi chamada novamente pelo diretor Joe Wright (de Desejo e Reparação) para ser a protagonista de Hanna. No filme, Saoirse é uma jovem de 16 anos treinada pelo pai para ser a assassina perfeita para cumprir uma missão na Europa. Ela é perseguida incansavelmente pela agente Marissa (Cate Blanchett) e busca sua sobrevivência do início ao fim. Devido ao alto nível de exigência física, a atriz se submeteu a um rigoroso treinamento de 4 horas diárias por 2 meses para alcançar o patamar necessário da personagem. Saoirse Ronan não decepciona, sendo um equilíbrio de frieza e delicadeza que a história precisava.
Também se mostra bem dedicada ao ofício em se tratando de idiomas. Pelo filme de fuga e guerra de Peter Weir, Caminho da Liberdade (2010), ela aprendeu a falar russo e comprovou seu dom para sotaques.
Nesses aspectos, ela lembra bastante uma jovem Cate Blanchett que, além do forte comprometimento para viver as personagens, seja através de pesquisa e/ou mudanças físicas, busca papéis sérios de mulheres fortes e seguras. Podem anotar: Saoirse Ronan tem um futuro brilhante pela frente.
Fique de olho em: Byzantium (2012), A Hospedeira (2013), Noah (2014)
ROONEY MARA
Rooney Mara
Nascida em 17 de abril de 1985 – Nova York, EUA
Melhores performances: A Rede Social (2010), Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011)
Apesar da família da jovem Rooney Mara ser envolvida com time de futebol americano (seu pai é executivo do New York Giants), ela seguiu carreira de atriz como sua irmã, Kate Mara, tanto que ambas estrelaram o filme Lenda Urbana 3 – A Vingança de Mary (2005). Porém, foi só 2 anos depois que ganhou o papel principal no drama Tanner Hall (2009). Originalmente, ela seria escalada para um personagem coadjuvante, mas a diretora ficou impressionada e a tornou protagonista. E, de degrau em degrau, Rooney finalmente conseguiu estrelar uma grande produção: a refilmagem do clássico de terror A Hora do Pesadelo (2010).
Como em 90% das refilmagens, o filme do novo Freddy Kruger desapontou o público. Contudo, a culpa do fracasso passou longe do trabalho de Rooney Mara. Ela faz o que pode com o papel, tentando atualizar e criar novas dificuldades. Felizmente, alguns críticos enxergaram isso e ela acabou escolhida para viver a universitária Erica Albright que dá um pé na bunda do criador do Facebook, Mark Zuckerberg, no filme que definiu uma geração: A Rede Social (2010).
Sua personagem tem apenas 2 cenas chaves: o diálogo rápido sobre classes sociais no começo do filme e a discussão fria num bar com o mesmo Zuckerberg. Pouco tempo em cena, mas suficiente para comprovar o talento da moça que ficou com o tão almejado papel da hacker Lisbeth Salander em outra refilmagem (desta vez do sueco) Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011). Pra se ter uma idéia da briga por esse papel, pelo menos 17 atrizes famosas tiveram seus nomes relacionados, sendo alguns de destaque: Carey Mulligan, Ellen Page, Eva Green, Kristen Stewart, Natalie Portman, Scarlett Johansson, Anne Hathaway e até da própria atriz sueca Noomi Rapace, que atuou na trilogia original.
Para quem viu a atuação de Rapace, fica difícil não comparar com Rooney Mara, mas a americana reproduz a face sem expressão da personagem e um pouco também da aparência andrógina, mantendo uma aura de mistério importante para o andamento da trama. E de forma geral, Rooney costuma emprestar uma forte intensidade muito característica sua em cada personagem que vive, me fazendo lembrar de Gena Rowlands.
Fique de olho em: The Bittel Pill (2013), Ain’t them Bodies Saints (2013), Brooklyn (2014).
Tom Hardy
TOM HARDY
Nascido em 15 de setembro de 1977 – Londres, Inglaterra
Melhores performances: Bronson (2008), A Origem (2010), Guerreiro (2011)
Hardy começou no cinema com alguns papéis menores em filmes de relevância como Falcão Negro em Perigo (2001), Maria Antonieta (2006) e até viveu o vilão Shinzon de Star Trek: Nêmesis (2002). Após essas conquistas, ele passou a ter problemas de alcoolismo e drogas, tendo como consequência o término de um casamento de 5 anos. Mas esses tempos chuvosos não impediram Tom Hardy de voltar a exercer a profissão; pelo contrário, fortaleceram suas energias e inspirações.
Em 2003, já voltou aos palcos londrinos e nos 5 anos seguintes, participou de algumas séries televisivas como Elizabeth I: A Rainha Virgem (2005) e Oliver Twist (2007). Seu retorno ao cinema ficou marcado por dois personagens que comprovaram seu alcance físico e psicológico como profissional: o gay Handsom Bob do badalado filme de Guy Ritchie, Rock’n Rolla – A Grande Roubada (2008) e o lutador careca e bigodudo Charles Bronson de Bronson (2008. Em ambos os filmes, o ator se mostra irreconhecível, o que inevitavelmente chama a atenção de críticos e diretores de cinema.
Entre esse grupo de interessados no talento dele, felizmente, estava um dos melhores diretores e roteiristas da atualidade: Christopher Nolan, que o chamou para ingressar a trupe de atores de A Origem (2010). Apesar de contar com inúmeras estrelas como Leonardo DiCaprio, Michael Caine e Marion Cotillard, foi Tom Hardy que mais chamou a atenção nesse blockbuster com neurônios e isso já lhe rendeu um excelente reconhecimento: foi escalado novamente por Nolan para dar vida ao vilão Bane no terceiro filme do Homem-Morcego: Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012), que estréia neste dia 27 de julho por aqui.
Com certeza, sua atuação deve receber incontáveis e merecidos elogios, até mesmo pela repercussão mundial que a tão aguardada sequência de Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008) terá, o que certamente colaborará para que o público se interesse por seus trabalhos anteriores como no bom filme de luta Guerreiro (2011). Mesmo intepretando um anti-herói, ele conquista o espectador com sua postura quieta e introspectiva, ganhando torcedores até a luta final da trama. E tais características são perfeitas para sua nova performance no filme Mad Max: Fury Road, dirigido pelo mesmo George Miller dos filmes anteriores da série protagonizada por Mel Gibson.
Só uma observação: é impressão minha ou ele tem um olhar meio Marlon Brando?
Fique de olho em: Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012), Mad Max: Fury Road (2013)
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Obviamente, ainda existem inúmeros novos talentos surgindo no âmbito do Cinema e com certeza absoluta, serei crucificado aqui por ter me esquecido de fulano e ciclano, e ainda posso ser acusado de ter dado preferência aos americanos. Mas em minha defesa, queria dizer que escolhi esses treze atores porque acredito que todos já apresentaram trabalhos de alto nível e têm potencial enorme para assumir postos de astros de Hollywood dessa geração. Se o ator ou atriz que você realmente admira não consta na lista, provavelmente significa que não conferi trabalhos suficientes para inclui-lo(a).
Inicialmente, alguns nomes como Ellen Page, Andrew Garfield, Elle Fanning, Hailee Steinfeld, Shailene Woodley, Jesse Eisenberg, Rebecca Hall, Sam Riley e Abigail Breslin foram lembrados com carinho, mas não passaram da peneira por talvez ser um pouco cedo pra apostar. Frequentemente, muitos começam com o pé direito, mas se revelam atores de um papel só. Os 13 selecionados já mataram essa dúvida.
É claro que tem aqueles que (ainda) não acho nada e são tratados como grandes esperanças, tipo um tal de Shia LaBeouf…
Espero que tenham gostado do post e gostaria de fazer novas listas promissoras num futuro não tão distante. Aguardo comentários e não esqueça de votar na enquete abaixo!