
Andy Samberg e Sandra Oh apresentam o Globo de Ouro (pic by Variety)
Para você que achou que Vice levaria tudo nas categorias de comédia, e que Nasce uma Estrela surrupiaria tudo nas de drama, o pessoal do Globo de Ouro resolveu bagunçar as casas de apostas. A Hollywood Foreign Press Association (HFPA) é fã de Queen!
Na reta final da cerimônia, mais precisamente no último bloco, a cinebiografia chapa branca de Bohemian Rhapsody levou Melhor Ator – Drama para Rami Malek, e em seguida, a equipe subiu ao palco, juntamente com os integrantes da banda Queen, para receber Melhor Filme. Curiosamente, o filme sequer tinha seu diretor (ou melhor, diretores Bryan Singer e Dexter Fletcher indicados), mas o sucesso comercial de mais 700 milhões arrecadados fez a diferença. Malek sequer mencionou Singer no palco, já que eles brigaram durante as filmagens, quando o diretor não comparecia nos horários. Apesar da confusão dos bastidores, as músicas da banda tocadas no filme foram a verdadeira fórmula do sucesso.

Rami Malek agradece todos, exceto Bryan Singer, ao levar Melhor Ator por Bohemian Rhapsody.
Já Green Book: O Guia surpreendeu ao conquistar três prêmios, especialmente o de Roteiro e Filme – Comédia ou Musical. A premiação de Mahershala Ali como coadjuvante obviamente reforça sua campanha ao Oscar, mas é preciso lembrar duas coisas: Ele ganhou o Oscar há dois anos por Moonlight, e o Globo de Ouro não o premiou naquele ano, quando Aaron Taylor-Johnson levou por Animais Noturnos. O filme de Peter Farrelly, Green Book, é aquele típico de fórmula com história verídica de dois personagens de culturas diferentes, mas que ganha seu público com certa facilidade, tanto que levou o prestigiado prêmio de público do Festival de Toronto.
A grande produtora da noite acabou sendo a Netflix, que conquistou 5 Globos de Ouro: 2 pelo mexicano Roma, 2 pela série O Método Kominsky, e 1 pela série Bodyguard, todos disponíveis no catálogo do serviço de streaming. A vitória de Roma na categoria de Filme Estrangeiro era esperada, mas Melhor Direção ainda era incerta, já que Bradley Cooper era um candidato fortíssimo, mesmo sendo seu projeto de estréia. Acabou saindo de mãos abanando da cerimônia, apesar de ter visto Lady Gaga levando por Melhor Canção com “Shallow”. Outra que saiu sem prêmios apesar da dupla indicação foi Amy Adams, que perdeu como Coadjuvante por Vice, e como Atriz de série por Sharp Objects.

O diretor Alfonso Cuarón venceu por Filme Estrangeiro e Direção por Roma (pic by Vanity Fair)
Gostei da vitória de Glenn Close como Melhor Atriz por A Esposa (previsão de estréia aqui no dia 10 de janeiro). Com todo o hype em cima de Lady Gaga, até ela ficou surpresa quando anunciaram seu nome. O filme em si é meio fraquinho, mas a personagem dela é bem interessante e atual. Ela faz a esposa de um escritor que ganha o prêmio Nobel de Literatura, mas vamos descobrindo que ela abdicou sua vida profissional em prol do casamento e bons costumes da época. E no discurso de agradecimento, Glenn Close citou sua mãe, que passou pela mesma situação, concluindo que, apesar das dificuldades e da maternidade, “nós [as mulheres] temos que dizer ‘Eu posso fazer aquilo e eu deveria se permitir fazer aquilo”. O público presente ficou emocionado e a ovacionou. Certamente, um discurso que alavanca sua campanha rumo ao primeiro Oscar às alturas.

Glenn Close aceita seu Globo de Ouro por A Esposa.
Muito boas as vitórias de Trilha Musical para Justin Hurwitz em O Primeiro Homem, e Melhor Longa de Animação para o fantástico Homem-Aranha no Aranhaverso. Não vi o filme Vice, mas só pelo discurso de Christian Bale agradecendo Satã pela inspiração para interpretar Dick Cheney é memorável! E adorei quando Olivia Colman chamou Emma Stone e Rachel Weisz de “my bitches” quando levou Melhor Atriz – Comédia ou Musical por A Favorita. A vitória de Regina King como Coadjuvante por Se a Rua Beale Falasse ajuda, mas não apaga o fato de ela estar ausente da lista no SAG Awards.
Sobre a apresentação dos hosts Andy Samberg e Sandra Oh, eu poderia dizer “nice try” (boa tentativa). Tiveram alguns momentos engraçados como a “expulsão” de Jim Carrey da seção dos artistas de cinema, mas o melhor momento mesmo foi quando Sandra Oh levou o prêmio de Atriz em série por Killing Eve. Ela agradeceu a equipe e aos pais presentes, dizendo “Pai, mãe, eu amo vocês” em coreano.

Sandra Oh posa com seu Globo de Ouro de Melhor Atriz pela série Killing Eve
Ainda aproveitando o momento emotivo, bela homenagem a Jeff Bridges que, só pela montagem de clipes, dá pra ver que ele fez muitos filmes bons com ótimos diretores. E também pela singela homenagem a Carol Burnett, que teve o prêmio para TV batizado com seu nome. “Isso significa que terei que aceitar o prêmio todo ano?”, brincou Burnett.
E só mais um adendo: equipe da TNT Brasil, pelamor, vamos melhorar essa transmissão! Inúmeros erros de datilografia na legenda das imagens do tipo “Golen Globe” e confundindo uma atriz com Constance Wu, sem contar ainda com as péssimas entrevistas no tapete vermelho que parecem aquelas de campo de futebol.
VENCEDORES DO 76º GLOBO DE OURO
MELHOR FILME – DRAMA
Bohemian Rhapsody (Bohemian Rhapsody)
MELHOR ATRIZ – DRAMA
Glenn Close (A Esposa)
MELHOR ATOR – DRAMA
Rami Malek (Bohemian Rhapsody)
MELHOR FILME – COMÉDIA OU MUSICAL
Green Book: O Guia (Green Book)
MELHOR ATRIZ – COMÉDIA OU MUSICAL
Olivia Colman (A Favorita)
MELHOR ATOR – COMÉDIA OU MUSICAL
Christian Bale (Vice)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Regina King (Se a Rua Beale Falasse)
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Mahershala Ali (Green Book: O Guia)
MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
Homem-Aranha no Aranhaverso (Spider-Man: Into the Spider-Verse)
MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
Roma (Roma) – MÉXICO
MELHOR DIREÇÃO
Alfonso Cuarón (Roma)
MELHOR ROTEIRO
Peter Farrelly, Nick Vallelonga, Brian Currie (Green Book: O Guia)
MELHOR TRILHA MUSICAL
Justin Hurwitz (O Primeiro Homem)
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“Shallow” (Nasce uma Estrela)
MELHOR SÉRIE – DRAMA
The Americans
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DRAMÁTICA
Sandra Oh (Killing Eve)
MELHOR ATOR EM SÉRIE DRAMÁTICA
Richard Madden (Bodyguard)
MELHOR SÉRIE DE COMÉDIA OU MUSICAL
“The Kominsky Method” (Netflix)
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DE COMÉDIA OU MUSICAL
Rachel Brosnahan (The Marvelous Mrs. Maisel)
MELHOR ATOR EM SÉRIE DE COMÉDIA OU MUSICAL
Michael Douglas (The Kominsky Method)
MELHOR MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story (FX)
MELHOR ATRIZ EM MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Patricia Arquette (Escape at Dannemora)
MELHOR ATOR EM MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Darren Criss (The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE, MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Patricia Clarkson (Sharp Objects)
MELHOR ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE, MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Ben Whishaw (A Very English Scandal)