Indicações ao Globo de Ouro 2013

Globo de Ouro 2013

Globo de Ouro 2013

As indicações foram anunciadas na manhã desta quinta-feira, dia 13 de dezembro. Este ano, o recordista de indicações é o novo trabalho de Steven Spielberg, Lincoln, com sete. Em seguida, Argo e Django Livre figuram com cinco cada.

Dentre os 10 filmes indicados nas categorias de Melhor Filme, a maior surpresa foi a inclusão de Amor Impossível (Salmon Fishing in the Yemen), que ainda conta com as indicações de seus atores Ewan McGregor e Emily Blunt.

Seguem as indicações para cinema, e em seguida, uma análise por categoria:

MELHOR FILME – DRAMA

Argo (Argo)

Django Livre (Django Unchained)

As Aventuras de Pi (Life of Pi)

Lincoln

A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty)

* A inclusão do western de Quentin Tarantino aconteceu por causa de uma exibição de última hora, mas mesmo assim conseguiu cinco indicações, entre elas a de Melhor Filme – Drama e Melhor Diretor. As ausências mais sentidas são de The Master, de Paul Thomas Anderson, e O Hobbit – Uma Jornada Inesperada, de Peter Jackson. Enquanto o primeiro pode ter chateado alguns artistas seguidores da Cientologia, como Tom Cruise, o segundo apresenta uma nova tecnologia de 48 quadros por segundo que dá uma sensação de hiper-realidade, que pode ter desagradado alguns críticos. Pelo número de indicações, Lincoln parece ser o favorito, mas Argo e Django Livre podem surpreender.

Cena com Christoph Waltz e Jamie Foxx de Django Livre, de Quentin Tarantino.

Cena com Christoph Waltz e Jamie Foxx de Django Livre, de Quentin Tarantino (foto por beyondhollywood.com)

MELHOR FILME – COMÉDIA OU MUSICAL

O Exótico Hotel Marigold (The Best Exotic Marigold Hotel)

Les Misérables

Moonrise Kingdom (Moonrise Kingdom)

Amor Impossível (Salmon Fishing in the Yemen)

O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook)

* A briga está entre Moonrise Kingdom e O Lado Bom da Vida, com boa vantagem para o último por causa da direção de David O. Russell e o par central de atores, Bradley Cooper e Jennifer Lawrence. Moonrise Kingdom é um belo filme, mas como não emplacou nenhuma indicação nas categorias de atuação e seu diretor sequer foi reconhecido, sua vitória deve ficar mais improvável.

Emily Blunt e Ewan McGregor em cena romântica de Amor Impossível. Ambos foram indicados nas categorias de atuação (foto por OutNow.CH)

Emily Blunt e Ewan McGregor em cena romântica de Amor Impossível. Ambos foram indicados nas categorias de atuação (foto por OutNow.CH)

MELHOR ATOR – DRAMA

Daniel Day-Lewis (Lincoln)

Richard Gere (A Negociação)

John Hawkes (The Sessions)

Joaquin Phoenix (The Master)

Denzel Washington (Flight)

* Ao ver essa lista, quem tem jeito de que vai levar o Globo de Ouro? Se você apostou em Daniel Day-Lewis, já tem 50% de chance de acertar. Apesar da entrevista polêmica se desfazendo da temporada de premiação, Joaquin Phoenix seria o segundo nessa corrida. A indicação de Richard Gere é a grande novidade na categoria. Ele já havia ganhado um Globo de Ouro por Chicago em 2003.

Richard Gere em A Negociação (foto por OutNow.CH)

Richard Gere em A Negociação (foto por OutNow.CH)

MELHOR ATRIZ – DRAMA

Jessica Chastain (A Hora Mais Escura)

Marion Cotillard (Ferrugem e Osso)

Helen Mirren (Hitchcock)

Naomi Watts (O Impossível)

Rachel Weisz (The Deep Blue Sea)

* Sem a veterana Emmanuelle Riva, a revelação-mirim Quvenzhané Wallis e por pertencer à categoria de comédia Jennifer Lawrence, a disputa aqui parece estar mais aberta, com ligeira vantagem para Jessica Chastain (que venceu o National Board of Review) e Rachel Weisz (que levou o NYFCC).

Marion Cotillard em Ferrugem e Osso. Sim, ela está sem a parte de baixo das pernas através de ótimo efeitos visuais.

Marion Cotillard em Ferrugem e Osso. Sim, ela está sem a parte de baixo das pernas através de ótimo efeitos visuais (foto por OutNow.CH)

MELHOR ATOR – COMÉDIA OU MUSICAL

Jack Black (Bernie)

Bradley Cooper (O Lado Bom da Vida)

Hugh Jackman (Les Misérables)

Ewan McGregor (Amor Impossível)

Bill Murray (Hyde Park on Hudson)

* Não se espante ao ver Jack Black na categoria. Além de ser um bom ator-comediante quando ele quer, já foi indicado pelo mesmo prêmio em 2004 pelo filme Escola de Rock. Curiosamente, ele enfrenta Bill Murray novamente, que havia vencido então por Encontros e Desencontros. Mas a presença de Ewan McGregor também surpreendeu, ainda mais pelo filme pelo qual foi reconhecido, pois todos esperavam O Impossível. O vencedor deve ficar entre Bradley Cooper (venceu o National Board of Review) e Hugh Jackman… bem, porque os críticos gostam de musicais, ainda mais com esse one-man-show!

Jack Black, o catador de viúvas em Bernie (foto por Cinemagia.ro)

Jack Black, o catador de viúvas em Bernie (foto por Cinemagia.ro)

MELHOR ATRIZ – COMÉDIA OU MUSICAL

Emily Blunt (Amor Impossível)

Judi Dench (O Exótico Hotel Marigold)

Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida)

Maggie Smith (Quartet)

Meryl Streep (Um Divã Para Dois)

* O que eu digo toda vez? Sobrou uma vaga? Coloquem a Meryl Streep pra concorrer! Mas brincadeiras à parte, Streep está fabulosa e carismática como sempre em Um Divã Para Dois, vivendo aquela mulher que, estagnada no casamento, decide tomar uma atitude para salvá-lo. Apesar da presença das veteranas como a própria Meryl, temos Judi Dench e Maggie Smith, a jovem Jennifer Lawrence deve ficar com o prêmio, que estaria inclusa sua participação em Jogos Vorazes. Como não faço idéia de como está Emily Blunt em Amor Impossível, considero sua indicação uma surpresa.

Meryl Streep e a banana em Um Divã Para Dois. O carisma da atriz fascina o público (foto por OutNow.CH)

Meryl Streep e a banana em Um Divã Para Dois. O carisma da atriz fascina o público (foto por OutNow.CH)

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Alan Arkin (Argo)

Leonardo DiCaprio (Django Livre)

Philip Seymour Hoffman (The Master)

Tommy Lee Jones (Lincoln)

Christoph Waltz (Django Livre)

* Com a exclusão de Matthew McConaughey, que estava ganhando quase todos os prêmios da crítica por Magic Mike, e Robert De Niro por O Lado Bom da Vida, Leonardo DiCaprio e Philip Seymour Hoffman saem na frente. Mas a briga esquentou depois que Christoph Waltz entrou. Em nova parceria de sucesso com o diretor Quentin Tarantino, o ator austríaco volta a se destacar em papel de coadjuvante. Outra ausência notada foi a de Javier Bardem por 007 – Operação Skyfall. A Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood não foi tanto na onda de sucesso do filme de Bond.

Christoph Waltz em Django Livre. Supresa agradável. (foto por OutNow.CH)

Christoph Waltz em Django Livre. Supresa agradável. (foto por OutNow.CH)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Amy Adams (The Master)

Sally Field (Lincoln)

Anne Hathaway (Les Misérables)

Helen Hunt (The Sessions)

Nicole Kidman (The Paperboy)

* Nicole Kidman tem sido tratada como zebra total na categoria. Depois de roubar o lugar de Amy Adams no SAG Awards, ela descarta Ann Dowd por Compliance ou Maggie Smith em O Exótico Hotel Marigold. Não duvido nada ela subir o palco pra receber o prêmio! Mas por enquanto, a casa de apostas fica entre Sally Field, Anne Hathaway e Amy Adams.

De recatada na vida real para putinha na ficção, Nicole Kidman agrada a crítica em The Paperboy (foto por OutNow.CH)

De recatada na vida real para putinha na ficção, Nicole Kidman agrada a crítica em The Paperboy (foto por OutNow.CH)

MELHOR DIRETOR

Ben Affleck (Argo)

Kathryn Bigelow (A Hora Mais Escura)

Ang Lee (As Aventuras de Pi)

Steven Spileberg (Lincoln)

Quentin Tarantino (Django Livre)

* Curiosamente, todos os diretores indicados são os mesmos dos filmes indicados a Melhor Filme – Drama, ou seja, nada de comédia ou musical por aqui. Assim, Tom Hooper, que comandou o elaborado musical baseado em Victor Hugo, e David O. Russell, que vem coletando ótimos elogios pela direção de atores e ainda resgatou o brilho de Robert De Niro, ficaram de fora. Como vi em anos anteriores, os críticos poderiam abrir novas exceções e indicar pelo menos mais um diretor. Independente disso, a disputa aqui está bastante acirrada. Temos quatro diretores muito experientes, com destaque para Spielberg e Bigelow, que foi a primeira mulher a ganhar o Oscar de direção, com a revelação Ben Affleck, que em seu terceiro filme na cadeira de diretor, já conquistou a crítica e o público com Argo.

Ben Affleck na câmera e dirigindo seu terceiro filme, Argo (foto por beyondholywood.com)

Ben Affleck na câmera e dirigindo seu terceiro filme, Argo (foto por beyondholywood.com)

MELHOR ROTEIRO

Chris Terrio (Argo)

Quentin Tarantino (Django Livre)

Tony Kushner (Lincoln)

David O. Russell (O Lado Bom da Vida)

Mark Boal (A Hora Mais Escura)

* Com sua ausência na categoria de diretor, David O. Russell deve figurar como franco-favorito por O Lado Bom da Vida. Mas Chris Terrio e Mark Boal fizeram um ótimo trabalho casos verídicos que se passaram no Oriente Médio, em épocas diferentes. Tarantino também entraria bem na briga na tentativa de compensá-lo numa possível derrota como diretor.

Chris Terrio na estréia de Argo (foto por zimbio.com)

Chris Terrio na estréia de Argo (foto por zimbio.com)

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL

Dario Marianelli (Anna Karenina)

Alexandre Desplat (Argo)

Reinhold Heil, Johnny Klimek, Tom Tykwer (A Viagem)

Mychael Danna (As Aventuras de Pi)

John Williams (Lincoln)

* Como discutido no post anterior sobre as 104 trilhas musicais pré-selecionadas para o Oscar, Alexandre Desplat tinha três obras com possibilidade de indicação, então acredito que ele sai na frente por Argo. Mas quando se tem o veteraníssimo John Williams, o favorito tem que passar sobre ele primeiro. Fiquei feliz pela indicação de Mychael Danna, que vinha criando ótimos arranjos desde Pequena Miss Sunshine, mas nunca era lembrado pela crítica. Espero que ele tenha boas chances no Oscar também.

O compositor Mychael Danna, que concorre por As Aventuras de Pi (foto por celebslist.com)

O compositor Mychael Danna, que concorre por As Aventuras de Pi (foto por celebslist.com)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

“For You“, de Monty Powell, Keith Urban (Ato de Valor)

“Safe and Sound”, de Taylor Swift, John Paul White, Joy Williams, T-Bone Burnett (Jogos Vorazes)

“Suddenly“, de Claude-Michel Schönberg, Alain Boublil, Herbert Kretzmer (Les Misérables)

“Skyfall”, de Adele, Paul Epworth (007 – Operação Skyfall)

“Not Running Anymore”, de Jon Bon Jovi (Stand Up Guys)

* Embora haja nomes conhecidos no cenário musical como Jon Bon Jovi, Keith Urban (marido de Nicole Kidman) e a princesinha do country Taylor Swift, o aniversário de 50 anos de James Bond + a nova diva Adele = Globo de Ouro. A música tema de 007 – Operação Skyfall já virou até hit nas paradas brasileiras! E que venha o primeiro Oscar da série na categoria!

Adele e 007 - Operação Skyfall: grandes chances de premiação (foto por twentyfourbit.com)

Adele e 007 – Operação Skyfall: grandes chances de premiação (foto por twentyfourbit.com)

MELHOR ANIMAÇÃO

Valente (Brave)

Frankenweenie (Frankenweenie)

Hotel Transilvânia (Hotel Transylvania)

A Origem dos Guardiões (Rise of the Guardians)

Detona Ralph (Wreck-It Ralph)

* Confesso que fiquei um pouco desapontado pela total ausência de trabalhos mais autorais e estrangeiros na categoria de animação. Só pra se ter uma idéia, três dos cinco indicados são da Disney: Valente, Frankenweenie e Detona Ralph. Claro que se a produtora fez por merecer, nada mais justo, mas aí vem a questão: “Será que não tinha nenhum outro trabalho melhor do que esses?” O Globo de Ouro deve ficar entre um dos três citados. Resta saber se será Frankenweenie, de Tim Burton, ou Detona Ralph, de Rich Moore.

Título de Detona Ralph, produto da Disney que vem agradando o público (foto por gentlemenbehold.wordpress.com)

Título de Detona Ralph, produto da Disney que vem agradando o público (foto por gentlemenbehold.wordpress.com)

MELHOR FILME ESTRANGEIRO

Amour, de Michael Haneke (Áustria)

Kon-Tiki, de Joachim Rønning, Espen Sandberg (Reino Unido/ Noruega/ Dinamarca)

Intocáveis, de Olivier Nakache, Eric Toledano (França)

O Amante da Rainha, de Nikolaj Arcel (Dinamarca)

Ferrugem e Osso, de Jacques Audiard (França)

* Mesmo que as regras do Globo de Ouro não sejam tão rígidas como as da Academia de poder haver apenas um representante por país, não houve surpresas este ano. Amour, de Michael Haneke, deve levar o prêmio, até mesmo para compensá-lo da exclusão total de outras categorias, como ator e atriz. Mas os franceses Intocáveis (a segunda maior bilheteria da França) e Ferrugem e Osso (que conta com o prestígio de Jacques Audiard e a atriz Marion Cotillard) vêm logo atrás, prontos para darem o bote.

Mesmo não sendo um dos favoritos, A Royal Affair é um belo filme e interessante. A imagem acima fala por si própria... (foto por OutNow.CH)

Mesmo não sendo um dos favoritos, O Amante da Rainha é um belo filme e interessante. A imagem acima fala por si própria… (foto por OutNow.CH)

A 70ª cerimônia do Globo de Ouro deve ser transmitida pelo canal TNT no dia 13 de janeiro de 2013, três dias após as indicações ao Oscar.

Prévia do Oscar 2013: Melhor Atriz

Meryl Streep, vencedora do último Oscar de Melhor Atriz por A Dama de Ferro

Nos últimos dez anos, apenas três atrizes com idade acima de 40 anos foram premiadas nessa categoria: Helen Mirren, Sandra Bullock e Meryl Streep. Esse fato denota a queda na oferta de bons papéis no cinema para mulheres maduras. Por isso, muitas delas migraram para as séries e mini-séries de TV como fizeram Kathy Bates (Harry’s Law), Glenn Close (Damages), Jessica Lange (American Horror Story), Julianne Moore (Virada no Jogo), Emma Thompson (The Song of Lunch), Judy Davis (Page Eight) e Maggie Smith (Downton Abbey), só pra citar nomes mais recentes. É claro que isso não significa que mudaram de time permanentemente, mas aproveitando a demanda da TV por material de qualidade, coisa que o cinema tem deixado de fazer há um bom tempo.

Na corrida do Oscar, a maioria das atrizes normalmente está na casa dos 20 e 30, até mesmo porque o cinema se tornou um entretenimento mais para o público juvenil. E sob essa perspectiva, Jennifer Lawrence deve figurar entre as favoritas. Além de sua performance elogiada no Festival de Toronto por Silver Linings Playbook, ainda conta com o sucesso de seu blockbuster Jogos Vorazes. Este é o equilíbrio perfeito entre sucesso de crítica e público que a Academia costuma buscar em seus vencedores de atuação, pois agrada aos críticos enquanto seu sucesso comercial atrai o público de TV e, obviamente, mais patrocinadores do show.

Ainda em se tratando de jovens, o Oscar 2013 pode ter dois novos recordes. A atriz-mirim Quvenzhané Wallis, protagonista do drama fantástico Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild), de apenas 8 anos pode se tornar a atriz mais jovem indicada na categoria. A marca atual pertence à australiana Keisha Castle-Hughes de A Encantadora de Baleias (2003), que na época tinha apenas 13 anos.

Contudo, em 2013, as jovens estão em baixa, abrindo espaço para atrizes mais experientes e consagradas. A francesa Emmanuelle Riva, de 85 anos, estrela do clássico Hiroshima mon Amour, pode ser uma surpresa na lista de indicadas, batendo o recorde de Jessica Tandy (que ganhou aos 81). Logo em seguida, as setentonas Judi Dench e Maggie Smith são fortes candidatas por O Exótico Hotel Marigold e Quartet, respectivamente.

Amigas e colegas de profissão, Nicole Kidman (44) e Naomi Watts (43) também fazem parte do grupo de atrizes experientes com boas chances de concorrer ao prêmio. Kidman encara um papel mais ousado em The Paperboy, enquanto Watts busca esperança em meio à tragédia de O Impossível.

Particularmente, (e já declarei isso várias vezes aqui) prefiro o reconhecimento de atrizes experientes no Oscar. Mas o Oscar é um prêmio que reconhece os melhores do ano, e não pelo conjunto da obra. Se uma atriz de oito anos deu a melhor performance do ano, por que não lhe premiar com o Oscar? Que vença a melhor!

Marion Cotillard em Ferrugem e Osso

MARION COTILLARD (Ferrugem e Osso)

Marion Cottilard foi a primeira atriz francesa a ganhar o Oscar de Melhor Atriz falando a sua língua natal, e a segunda estrangeira depois de Sophia Loren, que ganhou em 1962 por Duas Mulheres (La Ciociara). Seu Oscar foi um dos mais comemorados pela comunidade hollywoodiana.

Tanto que acabou abraçada pelo diretor Christopher Nolan, que a incluiu nos blockbusters A Origem (2010) e Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012). Mesmo carregando um sotaque no inglês, Marion Cotillard se saiu bem e deu maior credibilidade aos papéis que viveu. Além de Nolan, outros diretores fizeram questão de contar com a atriz. Michael Mann (Inimigos Públicos), Rob Marshall (Nine), Woody Allen (Meia-Noite em Paris) e Steven Soderbergh (Contágio) foram beneficiados pelo talento da francesa.

Agora, voltando a fazer filmes franceses, Cotillard atua sob direção do diretor em extrema ascensão Jacques Audiard (de O Profeta, que concorreu a Melhor Filme Estrangeiro em 2010) no drama Ferrugem e Osso (Rust and Bone), que concorreu à Palma de Ouro em Cannes desse ano. Havia até uma forte expectativa de que o prêmio de atuação feminina seria dela.

No filme, Marion Cotillard vive Stéphanie, uma treinadora de baleias orcas que sofre um acidente que lhe tira parte das pernas. O tipo de papel, somado à credibilidade do Oscar que ganhou, facilmente lhe garantiria uma nova indicação, mas por se tratar de um filme em língua francesa, as chances dela podem reduzir consideravelmente numa briga mais acirrada com outras atrizes.

Judi Dench em O Exótico Hotel Marigold

JUDI DENCH (O Exótico Hotel Marigold)

Ainda não consegui engolir a derrota de Dame Judi Dench para Helen Hunt naquele Oscar 98. Ela competia por um papel imponente e interpretação impecável em Sua Majestade Mrs. Brown. No ano seguinte, a Academia resolveu compensá-la ao lhe entregar o Oscar de coadjuvante por Shakespeare Apaixonado, no qual ela atua por apenas oito minutos.

Para o grande público, Dench ficou conhecida como M, a chefe do agente secreto britânico James Bond, que voltará no novo filme 007 – Operação Skyfall, mas deve ser sua última participação na série. Porém, a atriz tem muito mais história no teatro, tendo atuado nas companhias de prestígio Royal Shakespeare Company, o National Theatre e Old Vic Theatre, além de ter vencido muitos prêmios do palco como o Laurence Olivier Theater Award na década de 80 e 90.

Em O Exótico Hotel Marigold, já disponível em DVD e Blu-ray, muitos atores consagrados são reunidos para contar histórias da terceira idade em meio ao caos da Índia e o hotel do título. Judi Dench encabeça essa lista que conta ainda com Maggie Smith, Tom Wilkinson e Bill Nighy. Como em todo filme, a atriz empresta sensibilidade e carisma a seu personagem Evelyn, que fica bastante desamparada na vida depois que seu marido morre.

Apesar do filme ser independente, o peso do nome da atriz pode lhe conferir sua sétima indicação ao Oscar. Ela já foi indicada por Sua Majestade Mrs. Brown (1997), Shakespeare Apaixonado (1998), Chocolate (2000), Iris (2001), Sra. Henderson Apresenta (2005) e Notas Sobre um Escândalo (2006).

Nicole Kidman em The Paperboy

NICOLE KIDMAN (The Paperboy)

Toda vez que eu vejo Nicole Kidman na TV, seja no tapete vermelho ou na premiação, vejo uma mulher recatada e reprimida sexualmente. Então, não foi uma surpresa vê-la num papel de mulher da vida nesse novo drama de Lee Daniels, diretor de Preciosa. Nicole cresceu demais depois que se separou do mala da Cientologia Tom Cruise; passou a buscar novos desafios sem medo de parecer ridícula.

A história comprova essa teoria. Foi só se divorciar dele que estrelou dois grandes sucessos de público e crítica em seguida: Os Outros, de Alejandro Amenábar, e Moulin Rouge – Amor em Vermelho, de Baz Luhrmann, que lhe conferiu sua primeira indicação ao Oscar.

Nos anos seguintes, Nicole trabalhou com diretores competentes como Lars von Trier, Anthony Minghella e ganhou seu Oscar pelo papel marcante da escritora Virginia Woolf em As Horas, de Stephen Daldry. Muita gente poderia achar que ela venceu somente pelo peso da personagem e maquiagem (uma prótese de nariz fora aplicada), mas a atriz continua na jornada em busca de novos desafios. Essa atitude nada fácil de seguir deveria ser comum na profissão, mas não é.

Em The Paperboy, ela aceita um tipo de papel que nunca encarou antes. Charlotte Bless é uma vagabunda que tem fetiche por homens encarcerados. Contudo, Nicole não faz isso de forma condescendente, mas de um jeito que sua personagem pareça mais aceitável e ganhe a torcida do público. Suas chances são médias, mas se o filme não for bem aceito pela crítica americana, Nicole pode comparecer ao Oscar apenas para apresentar um prêmio.

Keira Knightley em Anna Karenina

KEIRA KNIGHTLEY (Anna Karenina)

Esta jovem atriz britânica começou a chamar a atenção na comédia sobre futebol feminino Driblando o Destino (Bend it Like Beckham), que pelo sucesso chegou a ser indicado a Melhor Filme – Comédia/Musical no Globo de Ouro 2003. Naquele ano, Keira Knightley deu um salto para a fama internacional com o blockbuster Piratas do Caribe – A Maldição do Pérola Negra, mas muitos duvidavam do talento da moça, que tinha tudo para se tornar mais uma daquelas Bond girls que só serviam para enfeitar a tela e gritar.

Felizmente, firmou uma forte aliança com o diretor Joe Wright ao interpretar o cobiçado papel de Elizabeth Bennet de Orgulho e Preconceito, adaptação do clássico literário homônimo de Jane Austen, que acabou resultando numa indicação para o Oscar para Knightley. Entretanto, mais importante do que o início bem-sucedido da parceria com o diretor (Anna Karenina é a terceira colaboração da dupla), seria a descoberta dessa obsessão de Keira com os filmes de época.

Depois de Orgulho e Preconceito, ela vestiu figurinos de décadas e séculos passados em mais sete oportunidades. Acho que as figurinistas já sabem as medidas dela de cor e salteado! Existem atores que gostam de interpretar vilões, mocinhos, e existem atrizes que se apegam tanto a filmes de História que ficam marcadas e até rotuladas no mercado, como se não tivessem capacidade de viver personagens atuais.

Porém não deve ser o caso de Keira Knightley. Ela mesma deve estar ciente desse excesso de filmes de época e vem buscando projetos diferenciados como a comédia Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo (2012) e a refilmagem de ação Jack Ryan, prevista para estrear em 2013. Até lá, ela aproveitou para voltar a trabalhar com seu diretor favorito nesse Anna Karenina, adaptação da obra de Leo Tolstoy.

Com a constante evolução da parceria Knightley-Wright, a atriz tem chances de obter sua segunda indicação, mas uma vitória seria considerada uma zebra. Por outro lado, Anna Karenina tem ótimas chances nas categorias de direção de arte e figurino, como nos trabalhos anteriores de Joe Wright, que prima nesses departamentos.

Jennifer Lawrence em Silver Linings Playbook

JENNIFER LAWRENCE (Silver Linings Playbook)

Seria burrice da Academia se ignorasse o trabalho da jovem atriz Jennifer Lawrence em 2013, afinal ela estrelou dois filmes em destaque na mídia: o blockbuster Jogos Vorazes (Hunger Games) e esta “dramédia” Silver Linings Playbook, dirigido pelo diretor em ascensão David O. Russell, de O Vencedor.

Desde que foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz pelo independente Inverno da Alma (Winter’s Bone) em 2011, Jennifer Lawrence recebeu incontáveis propostas em Hollywood. Todos os diretores queriam trabalhar com ela. Felizmente, ela tem dado preferência ao equilíbrio nas escolhas de projetos, participando de filmes de terror, aventura, comédias e dramas. Já tem retorno acertado para as sequências X-Men: Days of Future Past (2014) e Jogos Vorazes: Em Chamas (2013).

Em Silver Linings Playbook, Lawrence encarna Tiffany, uma recém-viúva, que tenta lidar com a dor enquanto se envolve com o recém-saído do hospital psiquiátrico Bradley Cooper. Trata-se de um filme de direção de atores e isso David O.Russell já comprovou para todos com os dois Oscars de coadjuvantes de O Vencedor. O longa foi muito bem recebido no Festival de Toronto, vencendo o cobiçado prêmio People’s Choice Award e, pelo Hamptons International Film Festival, o Audience Award (prêmio concedido pelo público). O reconhecimento de Toronto vem sendo cada vez mais importante para o crescimento na reta final do Oscar. A vitória anterior de O Discurso do Rei foi um belo exemplo, batendo o franco-favorito A Rede Social em 2011.

Apesar de muito jovem (22 anos), Jennifer Lawrence tem grandes chances no Oscar. Ela foi indicada apenas uma vez em 2011 como Melhor Atriz por Inverno da Alma.

Laura Linney em Hyde Park on Hudson

LAURA LINNEY (Hyde Park on Hudson)

Laura Linney foi conquistando seu espaço de forma bem gradativa nos anos 90. Papéis menores e de coadjuvante permearam o início de sua carreira, participando de filmes em destaque como Dave – Presidente por um Dia (1993), Congo (1995), As Duas Faces de um Crime (1996) e O Show de Truman – O Show da Vida (1998). Cansada de personagens secundários, partiu para o cinema independente americano. Foi uma decisão de extrema importantância, pois pôde finalmente ser protagonista e dona de uma personagem rica de emoções no drama Conte Comigo, do talentoso Kenneth Lonnergan. Ali a atriz se sentiu mais à vontade e esbanjou seu talento que muitos diretores não conheciam. A interpretação da mãe solteira Sammy lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar, um feito único que lhe traria muitos frutos.

Laura Linney passou a atuar sob direção de renomados profissionais como Alan Parker em A Vida de David Gale, Clint Eastwood em Sobre Meninos e Lobos, mas foi graças a duas produções independentes que ela voltou ao tapete vermelho do Oscar. Com Kinsey – Vamos Falar de Sexo (2004) e A Família Savage (2007), Linney foi indicada para coadjuvante e atriz, respectivamente. A vitória pode não ter vindo ainda, mas acredito que é questão de tempo, pois a atriz sabe escolher bem projetos para se destacar. Só precisaria de um projeto mais grandioso ou uma personagem mais destacada na história.

Dependendo da recepção a Hyde Park on Hudson, Laura Linney pode conseguir sua quarta indicação, ainda mais que se trata de uma personagem verídica: Margaret Suckley, a prima do presidente Franklin D. Roosevelt, responsável pela narração do filme. No entanto, suas chances são menores do que nas oportunidades anteriores.

Helen Mirren (à esq) em Hitchcock

HELEN MIRREN (Hitchcock)

Embora Helen Mirren tenha iniciado sua carreira no cinema na década de 60, foi  apenas com o cult Excalibur (1981), de John Boorman, que ela passou a se destacar. Dali em diante, trabalhou com diretores mais renomados e alternativos como Paul Schrader, Terry George e Peter Greenaway, levando-a para Cannes, onde levou o prêmio de intérprete feminina duas vezes: em 1984 por Cal – Memórias de um Terrorista, e em 1995 por As Loucuras do Rei George. Este último também lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar como coadjuvante.

A partir do Oscar, sua carreira começou uma nova fase. Aquela Helen que só fazia filmes independentes passou a trabalhar em produções de estúdio, chegando a protagonizar uma comédia de humor negro com Katie Holmes: Tentação Fatal (1999), e dublando a animação da Dreamworks, O Príncipe do Egito (1998). Em 2002, voltou a ser indicada ao Oscar de coadjuvante pelo ótimo Assassinato em Gosford Park, de Robert Altman, mas perdeu novamente.

O reconhecimento da Academia finalmente veio em 2007, quando um projeto pensado para Helen Mirren foi lançado. Dirigido por Stephen Frears, A Rainha tinha mais cara de telefilme, mas foi abraçado pelo Oscar como uma oportunidade única de premiar uma atriz de enorme prestígio como Helen Mirren. Claro que ela colheu os frutos desse prêmio, ganhando bem em grandes produções como A Lenda do Tesouro Perdido: Livro dos Segredos (2007), no blockbuster da New Line Cinema, Coração de Tinta (2008) e na recente refilmagem Arthur – O Milionário Irresistível (2011), mas, como dito no início do post, o cinema de Hollywood muitas vezes é cruel com atrizes mais velhas. Aos 67 anos, Helen Mirren tem boas chances de uma nova indicação pelo filme Hitchcock, que conta os bastidores das filmagens do clássico Psicose, mas a atriz tem mais tratamento de coadjuvante de luxo. No filme, ela interpreta a esposa e colaboradora de Alfred Hitchcock, Alma Reville.

Helen Mirren já foi indicada quatro vezes: Em 1995 por As Loucuras do Rei George e em 2002 por Assassinato em Gosford Park, como coadjuvante. Em 2010, por A Última Estação, e em 2007 por A Rainha, vencendo por este último.

Emmanuelle Riva em Amour

EMMANUELLE RIVA (Amour)

Atriz francesa veteraníssima, Emmanuelle Riva pode se tornar a atriz mais velha a ser indicada ao Oscar aos 85 anos. Seu primeiro trabalho como atriz em Hiroshima mon Amour, de Alain Resnais, já a colocou no topo do cinema francês da década de 60, tornando-se uma das musas da Nouvelle Vague.

Apesar de se tratar de uma produção francesa, dirigida pelo austríaco Michael Haneke, muitos especialistas estão dando como certa sua indicação. Se for considerar o valor dessa oportunidade de incluir um ícone do cinema na história da Academia, já soaria tentador demais para ignorar sua performance. Mas para quem conferiu o filme, que arrancou aplausos calorosos e a Palma de Ouro em Cannes, Emmanuelle Riva merece ser uma das finalistas, e não somente por sua longeva carreira.

No drama Amour, Georges (Jean-Louis Trintignant, outro ator octogenário com chances no Oscar) e Anne (Riva) são professores de música aposentados. A filha deles, que também é música, vive no estrangeiro com a família dela. Um dia, Anne tem um ataque cardíaco e o relacionamento afetivo é severamente testado.

Em diferentes escalas, daria pra comparar o casal com Henry Fonda e Katharine Hepburn, que ganharam o Oscar em 1982 pelo drama Num Lago Dourado. Como Amour se trata de um filme de atores, existe essa possibilidade de haver outra atriz maior de 40 anos vencendo o Oscar de atriz. Esta seria sua primeira indicação ao Oscar.

Maggie Smith (à esq) em Quartet

MAGGIE SMITH (Quartet)

Maggie Smith tem uma trajetória semelhante a de Helen Mirren. Coincidentemente, ambas foram indicadas ao Oscar de coadjuvante pelo mesmo filme em 2002 por Assassinato em Gosford Park. Contudo, Maggie teve maior êxito comercial devido ao sucesso dos oito filmes da série Harry Potter, no qual deu vida à feiticeira Minerva. Ela começou no cinema nos anos 50, em papéis secundários até brilhar como Desdemona ao lado do mestre Laurence Olivier na adaptação de Othello (1965), de William Shakespeare.

A década de 70 foi bastante generosa com Maggie Smith. Em 1970, levou seu primeiro Oscar como Melhor Atriz por A Primavera de uma Solteirona, e em 1979, outro como coadjuvante pela comédia estrelada por Jane Fonda, California Suite. Em sua vasta filmografia prevaleceram personagens coadjuvantes, mas em sua maioria produções de grandes estúdios. Chegou a trabalhar com Steven Spielberg em Hook – A Volta do Capitão Gancho (1991), ensinou Whoopi Goldberg a ser uma freira em Mudança de Hábito (1992) e foi a Duquesa de York na adaptação de Ricardo III (1995), ao lado de Ian McKellen e Annette Bening.

Já no começo deste século, com o bolso cheio graças aos Harry Potter, ela pôde escolher projetos de seu gosto pessoal, e acabou se envolvendo em dois filmes elogiados: O Exótico Hotel Marigold, no qual faz a personagem mais humorada (como foi em Assassinato em Gosford Park), e neste Quartet, dirigido pelo amigo e colega Dustin Hoffman. Nele, Maggie Smith interpreta uma diva da ópera que volta à sua cidade para a comemoração do aniversário do compositor clássico Giuseppe Verdi.

Com aquele típico humor britânico que corre em sua veias, ela tem boas chances no Oscar. Ao lado de Judi Dench, Emmanuelle Riva e Helen Mirren, Maggie Smith comprova que as veteranas ainda têm muito a ensinar às mais novas atrizes e por que não para o público jovem de hoje que só vê porcaria e atores de plástico? Viva a terceira idade!

Quvenzhané Wallis em Indomável Sonhadora

QUVENZHANÉ WALLIS (Indomável Sonhadora)

Eu sei… parece um daqueles golpes de marketing, mas quem viu o filme Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild), que venceu o grande prêmio em Sundance, garante que a pequena merece um lugar de destaque nessa temporada de premiação. Se a indicação ao Oscar vier, ela marcará um novo recorde na história do prêmio, sendo a atriz mais jovem indicada com 8 anos.

O drama independente Indomável Sonhadora vem conquistando o público e a crítica por sua mistura perfeita de fantasia infantil com uma dura realidade de pobreza em Louisianna, nos EUA. Para contar essa história, o jovem diretor estreante Benh Zeitlin testou mais de quatro mil meninas para o papel para encontrar Wallis. Felizmente, essa árdua procura teve um final feliz. E Zeitlin deu muita sorte também no papel de coadjuvante. Ele contratou Dwight Henry, que era dono da padaria do outro lado da rua do set de filmagens! Curiosamente, ambos estão no novo filme de Steve McQueen, diretor dos premiados Hunger (2008) e Shame (2011).

Normalmente, quando uma atriz-mirim está na lista de indicadas ao Oscar, as chances são praticamente nulas. Ganhar como coadjuvante pode acontecer como aconteceu com Tatum O’Neal (aos 10 em 1974 por Lua de Papel) e Anna Paquin (aos 11 em 1994 por O Piano), mas ganhar como Melhor Atriz?? O recorde de mais jovem nessa categoria ainda pertence a Marlee Matlin, que tinha 21 aninhos quando venceu em 1987 por Filhos do Silêncio. Estaria a Academia diposta a quebrar essa marca por um jovem prodígio como Quvenzhané Wallis?

Naomi Watts em O Impossível

NAOMI WATTS (O Impossível)

Se depender do sofrimento que o personagem passa para ganhar um Oscar, pode-se dizer que Naomi Watts já teria a estatueta na mão. No drama-catástrofe, O Impossível, de Juan Antonio Bayona, ela está no lugar errado e na hora errada, mais precisamente na Tailândia em 2004, palco das tsunamis que levaram muitas vidas.

A atriz britânica fazia filmes B de terror como O Elevador da Morte (2001) até que David Lynch mudou sua vida ao chamá-la para estrelar Cidade dos Sonhos (2001). Seu nome passou a ser conhecido por vários diretores que queriam trabalhar com ela como Gore Verbinski em O Chamado (2002), David O. Russell em Huckabees – A Vida é uma Comédia (2004) e Peter Jackson em King Kong (2005), onde abraçou o papel que consagrou Fay Wray e Jessica Lange.

Sua primeira e única indicação saiu pelo dramático 21 Gramas, de Alejandro González Iñárritu, no qual sua personagem vive maus bocados quando encontra o homem que recebeu o coração de seu ex-marido. Como Watts parece uma boneca de porcelana, o fato de viver personagens em situações que deterioram a imagem das mesmas parece colaborar para a qualidade da interpretação. Como deu certo com 21 Gramas, por que não daria com O Impossível?

Neste novo trabalho, ela busca sua sobrevivência e sua família em meio à catástrofe do tsunami. Naomi Watts fica toda coberta de lama e sua chapinha é arruinada pela água salgada. Claro que isso merece uma indicação! Brincadeiras à parte, o drama O Impossível conta uma história de superação e solidariedade, elementos que, combinados, costumam ganhar muitos votos.

Mary Elizabeth Winstead em Smashed

MARY ELIZABETH WINSTEAD (Smashed)

Pelo nome, a atriz Mary Elizabeth Winstead talvez passe desapercebida pelo grande público. Mais conhecida por papéis de coadjuvante em grandes produções como Duro de Matar 4.0, no qual viveu a filha de Bruce Willis, e o filme-video-game Scott Pilgrim Contra o Mundo, onde é a desejada Ramona Flowers. Conseguiu papéis de protagonista em filmes de terror como Premonição 3 (2006) e a recente refilmagem da refilmagem de O Enigma do Outro Mundo (2011).

Ao se sair bem no papel de uma alcóolatra em Smashed, de James Ponsoldt, Winstead parece querer provar ao mundo que seu talento não pára na beleza. No filme, ela vive Kate Hannah, que conhece seu marido por causa do forte vício ao álcool. Quando se cansa da bebida e tenta se livrar dela, acaba afetando o relacionamento.

Personagens que sofrem com alcoolismo costumam se sair bem na corrida ao Oscar. O grande Ray Milland venceu com méritos seu Oscar de Melhor Ator em 1946 em Farrapo Humano, de Billy Wilder. Nicolas Cage afundou no vício em Despedida em Las Vegas, de Mike Figgis, e saiu reconhecido pela Academia em 1996. E mais recentemente, em 2010, Jeff Bridges ganhou o seu Oscar em Coração Louco, ao interpretar o músico Bad Blake,que tem uma queda fácil pelo álcool.

Smashed saiu com o prêmio especial do júri no último Festival de Sundance e agora, a distribuidora Sony Pictures Classics está investindo na campanha para uma indicação a Mary Elizabeth Winstead. Pelo histórico dela, seria uma zebra.

Indicados à Palma de Ouro de Cannes 2012

Pôster do 65º Festival de Cannes

Antes de anunciar os indicados ao prêmio máximo de Cannes, devemos ressaltar quem participa da bancada do júri. Digo isso porque já vi alguns casos em que o presidente favoreceu a premiação de determinado filme ou diretor (sim, exatamente o mesmo nepotismo frequente do mundo da política brasileira), sendo que Quentin Tarantino é o nome mais recorrente nessas polêmicas.

Em 2004, como presidente do júri de Cannes, ele premiou o documentário do norte-americano de Michael Moore, Fahrenheit 11 de Setembro e teve que negar publicamente que sua premiação não o favorecia devido aos ataques terroristas. E em 2011, como presidente do Festival de Veneza, sendo mais cara de pau ainda, premiou a norte-americana e ex-namorada Sofia Coppola com o Leão de Ouro pelo drama Um Lugar Qualquer, o que gerou protestos entre os concorrentes e a mídia. Dificilmente Tarantino deve voltar como presidente…

Nanni Moretti quando levou a Palma de Ouro por O Quarto do Filho

Este ano, escolheram o cineasta italiano Nanni Moretti para presidir o júri. Para quem não conhece, Moretti ficou marcado pelo seu estilo despojado em filmes de temática familiar. Ele mesmo já foi agraciado com a Palma de Ouro pelo tocante drama O Quarto do Filho em 2001 e, atualmente, está em cartaz aqui em São Paulo pelo drama Habemus Papam, que aborda uma crise no Vaticano.

Para sua bancada, foram convidados nomes importantes como o diretor Alexander Payne (que recentemente ganhou o Oscar de roteiro adaptado por Os Descendentes), a diretora britânica Andrea Arnold (que também levou um Oscar de curta-metragem pelo ótimo Wasp e o prêmio do Júri com Fish Tank em Cannes 2009), o ator Ewan McGregor (que esteve ao lado de Christopher Plummer em Toda Forma de Amor), a atriz alemã Diane Kruger (de Tróia e Bastardos Inglórios)  e até o costureiro mundialmente famoso Jean-Paul Gaultier.

Cartaz já “aportuguesado” do novo filme de Walter Salles com a estrela Kristen Stewart

Esta equipe de jurados terá o privilégio de assistir, analisar e votar filmes de grandes diretores como o mestre Alain Resnais e autores consagrados como Jacques Audiard, Michael Haneke, Abbas Kiarostami, Matteo Garrone, David Cronenberg e Ken Loach, muitos deles vencedores da Palma de Ouro em edições anteriores. Para a torcida brasileira, Walter Salles volta a concorrer pela terceira vez com um novo road movie intitulado Na Estrada (On the Road), baseado na obra homônima de Jack Kerouac.

Nessa disputa pelo prêmio, uma curiosidade acabou se destacando na mídia. Muito tem se falado desse “confronto artístico” entre a velha e nova geração do cinema francês representado respectivamente por Alain Resnais e Jacques Audiard. Enquanto o primeiro foi uma das faces da Nouvelle Vague e tem em seu currículo os marcos do Cinema: Hiroshima Mon Amour (1959) e O Ano Passado em Marienbad (1961), o outro está em extrema ascensão por O Profeta (2009) e De Tanto Bater Meu Coração Parou (2005). É claro que, em se tratando de Arte,  o termo “confronto” tem apelo midiático, mas certamente desperta o interesse para a leitura que o júri fará desses filmes.

Isabelle Huppert quando presidiu o júri de Cannes em 2009

Ao longo do festival, tentarei postar algumas críticas e comentários mais pertinentes publicados em jornais. Mas vendo a lista, é possível fazer algumas leituras e até arriscar uns palpites. Por exemplo, na categoria de Melhor Atriz, a veterana atriz francesa Isabelle Hupert tem grandes chances de conquistar seu terceiro prêmio de atriz. Além de estrelar o novo filme de Michael Haneke, Amour, atua num filme sul-coreano In Another Country. Este ano, ela tem uma forte concorrente de mesma nacionalidade: Marion Cottilard, que protagoniza Rust & Bone, de Audiard.

Palma de Ouro? Ainda é cedo para palpitar, pois os filmes sequer foram projetados em Cannes, porém acredito que Alain Resnais sai na frente por motivos óbvios.  Se seu filme You Haven’t See Anything Yet for bem recebido em sua premiere, o diretor já está com uma mão na taça, ou melhor, na Palma. Entretanto, isto não significa que não há forte concorrência.

Robert Pattison num filme de Cronenberg? Isso que é jogar tudo no vermelho…

Acredito que o novo filme de David Cronenberg é um dos fortes candidatos. O diretor canadense que ficou conhecido por explorar como ninguém o aspecto físico de seus personagens como em A Mosca (1986) e Crash – Estranhos Prazeres (1996), tem amadurecido cada vez mais o aspecto sócio-psicológico em Marcas da Violência (2005) e Senhores do Crime (2008). Resta saber se sua aposta na sensação das adolescentes Robert Pattison (da série Crepúsculo) como protagonista estará à altura. Será que ele consegue extrair algum talento do jovem assim como fez com Viggo Mortensen? Esperamos que sim, pois o Cinema atual necessita de mais atores que estejam dispostos a arriscar.

Aliás, nessa mesma questão, entra o ator Zac Efron, mundialmente conhecido pelos filmes musicais da Disney: High School Musical. É claro que nem sempre dá pra começar a carreira com papéis mais densos, mas a busca constante por novos desafios transforma um ator medíocre num bom ator pelo menos. Não dá pra garantir que será um ator excepcional, pois isso depende dos estudos dos métodos, análise profunda dos personagens e claro, do próprio dom para a coisa. Recentemente, li numa entrevista que Efron tem procurado se desvencilhar da fama de bom moço através da escolha de papéis mais dramáticos e agora, conseguiu dar um passo muito importante ao protagonizar The Paperboy, dirigido por Lee Daniels (indicado ao Oscar por Preciosa). Se sua atuação já demonstra sinais de amadurecimento só o tempo dirá, mas pode se tornar algo promissor.

Apesar de alguns favoritismos e de uns deslizes de júris, o Festival de Cannes tem sempre buscado premiar os filmes mais instigantes que almejam algo inovador ou experimental em algum aspecto fílmico. Ano passado, Robert De Niro premiou A Árvore da Vida, de Terrence Malick, pelo belo espetáculo visual e a forma inusitada como a vida é enxergada. Há pessoas que amam e outras que odeiam o filme, mas todos concordam com essas qualidades. Cannes quer conceder a Palma de Ouro para a melhor qualidade num filme. O gosto é encarado de forma subjetiva, afinal, nunca dá pra agradar gregos e troianos.

Indicados à Palma de Ouro 2012:

Lee Daniels aposta em Zac Efron. Parece que ele quer se livrar do High School Musical.

Lawless, de John Hillcoat

In the Fog (V Tumane), de Sergei Loznitsa

Rust & Bone (De Rouille et d’os), de Jacques Audiard

Amour, de Michael Haneke

Reality, de Matteo Garrone

The Taste of Money (Do-niu Mat), de Sang-Soo Im

You Haven’t Seen Anything Yet (Vous n’avez encore rien vu), de Alain Resnais

Na Estrada (On the Road), de Walter Salles

Post Tenebras Lux, de Carlos Reygadas

Beyond the Hills (Dupa Dealuri), de Cristian Mungiu

Mud, de Jeff Nichols

Cosmópolis, de David Cronenberg

The Hunt (Jagten), de Thomas Vinterberg

Paradise: Love (Paradies Liebe), de Ulrich Seidl

The Angel’s Share, de Ken Loach

Like Someone in Love, de Abbas Kiarostami

Holy Motors, de Leos Carax

Killing Them Softly, de Andrew Dominik

The Paperboy, de Lee Daniels

In Another Country (Da-reun na-ra-e-suh), de Sang-Soo Hong

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