‘Elle’ fica de fora do Oscar de Filme em Língua Estrangeira. E agora, Academia?

O representante alemão Toni Erdmann, de Maren Ade., agora favorito na categoria. Pic by moviepilot.de

O representante alemão Toni Erdmann, de Maren Ade, agora favorito na categoria. Pic by moviepilot.de

MAIS UMA VEZ, UM DOS FILMES FAVORITOS AO PRÊMIO FICA DE FORA

A Academia divulgou a pré-lista dos nove filmes em língua estrangeira que ainda concorrem às cinco indicações ao Oscar. Então, daqueles 85 filmes que representavam seus países, restaram apenas nove produções:

  • Tanna
    Dir: Martin Butler e Bentley Dean (Austrália)
  • Toni Erdmann
    Dir: Maren Ade (Alemanha)
  • É Apenas o Fim do Mundo (Just La Fin du Monde)
    Dir: Xavier Dolan (Canadá)
  • O Apartamento (Forushande)
    Dir: Asghar Farhadi (Irã)
  • Terra de Minas (Under Sandet)
    Dir: Martin Zandvliet (Dinamarca)
  • The King’s Choice (Kongens Nei)
    Dir: Eric Poppe (Noruega)
  • Paradise (Ray)
    Dir: Andrey Konchalovskiy (Rússia)
  • Um Homem Chamado Ove (En Man Som Heter Over)
    Dir: Hannes Holm (Suécia)
  • My Life as a Zucchini (Ma Vie de Courgette)
    Dir: Claude Barras (Suíça)

Pra quem não conhece o sistema atual, dos 85 filmes vistos pelo departamento de Filmes em Língua Estrangeira nos últimos dois meses, os seis mais bem votados se juntam a outros 3 selecionados por um comitê executivo especial, que foi criado para assegurar 3 votos para produções mais pertinentes.

Quando soube que o filme Elle, representante francês e favorito ao prêmio até então, ficou de fora logo na pré-lista do Oscar, confesso que tive uma mistura de sentimentos. No começo foi “Não acredito nisso” com um “Ah, eu já sabia… já tinha previsto no blog”, mas no geral fiquei chateado com a eliminação precoce de um filme ousado na abordagem do tema do estupro. Na verdade, desde que a França lançou o filme como representante em outubro, já torcia por ele, porque foi uma escolha igualmente ousada, afinal, todas as comissões internacionais sabem que os votantes da Academia que elegem os indicados e vencedores são em sua maioria senhores idosos brancos e judeus.  Por isso eles sempre estão selecionando produções com temática da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto, porque sabem que terão maiores chances.

A ausência de Elle na corrida também significa a perda de uma ótima oportunidade de premiar seu diretor, o  holandês Paul Verhoeven, que rendeu muito dinheiro e prestígio à Hollywood nos anos 80 e 90, com as produções de RoboCop – O Policial do Futuro (1987), O Vingador do Futuro (1990), Instinto Selvagem (1992) e Tropas Estelares (1997). Graças a diretores como ele, não faltou coragem e ousadia nos filmes americanos nessas duas décadas, afastando o politicamente correto. Claro que o histórico de um artista não deveria influenciar numa escolha atual, mas nesse caso, o filme em si já justificaria sua indicação.

O diretor Paul Verhoeven dirige uma Isabelle Huppert estirada no chão no set de Elle. Pic by moviepilot.de

O diretor Paul Verhoeven dirige uma Isabelle Huppert estirada no chão no set de Elle. Pic by moviepilot.de

A aversão dos votantes a temas polêmicos também pode ter prejudicado bastante a campanha de Isabelle Huppert como Melhor Atriz. Ela vinha coletando uma série de prêmios importantes como o NYFCC, LAFCA e indicações para o Critics’ Choice e Globo de Ouro, mas depois de sua exclusão do SAG e agora de seu filme da categoria de Filme em Língua Estrangeira, sua primeira indicação ao Oscar pode não estar mais 100% garantida. Apesar dos reveses, ainda acredito em sua indicação, mas a vitória… ah, essa está difícil! Quem sabe se ela ganhar o BAFTA?

Mas parando de chorar sobre o leite derramado, a Academia pode pisar na bola muitas vezes, mas ela sempre busca reforçar a idéia de que os filmes selecionados podem surpreender o espectador. Aliás, muitos dos críticos que abominaram a ausência de Elle sequer viram todos os nove pré-indicados. Particularmente, eu nunca tinha ouvido falar do norueguês The King’s Choice ou o representante sueco Um Homem Chamado Ove, então como dá pra alegar se eles são menos merecedores de uma indicação, certo? Eu só fico receoso se o filme for sobre o Holocausto…

Cena do norueguês The King's Choice. Pic by cine.gr

Cena do norueguês The King’s Choice. Pic by cine.gr

Do histórico mais recente da categoria, a Academia surpreendeu, sim, ao indicar produções pouco conhecidas de países que não tem quase produção cinematográfica. Para citar alguns: O Lobo do Deserto (Jordânia), O Abraço da Serpente (Colômbia), Tangerinas (Estônia), Timbuktu (Mauritânia) e A Imagem que Falta (Camboja). Infelizmente, nenhum deles saiu vitorioso da cerimônia. Aliás, tá difícil de lembrar quando foi a última vez que a Academia surpreendeu no vencedor da categoria… o Oscar para o bósnio Terra de Ninguém em 2002 talvez?

Bom, quanto aos selecionados, à princípio, os favoritos são o alemão Toni Erdmann e o iraniano O Apartamento. Curiosamente, ambos estavam indicados à Palma de Ouro em Cannes em maio. O filme alemão de Maren Ade também foi indicado ao Independent Spirit, Globo de Ouro e levou o NYFCC. Já o iraiano de Asghar Farhadi, vencedor do Oscar em 2012 por A Separação, foi indicado ao Globo de Ouro, e levou o National Board of Review e os prêmios de Melhor Ator (Shahab Hosseini) e Roteiro (Farhadi) em Cannes.

Cena de O Apartamento, de Asghar Farhadi. Em cena: Shahab Hosseini e Taraneh Alidoosti. Pic by cine.gr

Cena do representante iraniano O Apartamento, de Asghar Farhadi. Em cena: Shahab Hosseini e Taraneh Alidoosti. Pic by cine.gr

O representante da Suíça tem uma curiosidade: pode ser indicado tanto como Filme em Língua Estrangeira quanto Longa de Animação. My Life as a Zucchini é uma delicada animação stop-motion sobre um menino que é levado para um orfanato depois que sua mãe morre. Da última vez que um filme esteve na mesma situação, Vidas ao Vento (2013), de Hayao Miyazaki, acabou indicado a Melhor Longa de Animação, mas perdeu para Frozen: Uma Aventura Congelante.

Cena da animação suíça My Life as a Zucchini, que também concorre como Longa de Animação. Pic by moviepilot.de

Cena da animação suíça My Life as a Zucchini, que também concorre como Longa de Animação. Pic by moviepilot.de

A pré-indicação de Terra de Minas consolida o cinema dinamarquês como um dos mais prolixos dos últimos anos. São 5 indicações nos últimos dez anos: Guerra em 2016, A Caça em 2014, O Amante da Rainha em 2013, Em um Mundo Melhor em 2011 (vencedor do Oscar) e Depois do Casamento em 2007. A produção dinamarquesa foi bastante influenciada pelo movimento Dogma 95, que tinha fundamentos como não usar iluminação artificial, tripé e roteiro, e tinha como seguidores Lars von Trier, Thomas Vinterberg e Susanne Bier. Hoje, o cinema da Dinamarca amadureceu, abandonou essas regras, mas mantém a importância da história como essência. Terra de Minas se trata de um grupo que tem a missão de cavar buracos para 2 milhões de minas terrestres.

Cena do representante dinamarquês, Terra de Minas. Pic by moviepilot.de

Cena do representante dinamarquês, Terra de Minas. Pic by moviepilot.de

Acredito que entre os três votados pelo comitê especial tenha sido o canadense É Apenas o Fim do Mundo. Não tanto pelo jovem diretor Xavier Dolan, que levou o Grande Prêmio do Júri em Cannes, mas mais pelo elenco francês composto por Marion Cotillard, Vincent Cassel, Nathalie Baye e Léa Seydoux, pois não é o tipo de filme que os votantes mais idosos apreciariam pelo ritmo mais frenético.

Cena de É Apenas o Fim do Mundo, de Xavier Dolan, com Marion Cotillard e Vincent Cassel. Pic by moviepilot.de

Cena do canadense É Apenas o Fim do Mundo, de Xavier Dolan, com Marion Cotillard e Vincent Cassel. Pic by moviepilot.de

Já o norueguês The King’s Choice e o russo Paradise apresentam essas tramas da Segunda Guerra. O primeiro tem o rei da Noruega precisando fazer uma importante decisão quando as máquinas alemãs chegam a Oslo em 1940, enquanto o segundo apresenta o cruzamento de três pessoas durante a guerra: uma russa, uma francesa e um oficial alemão. Já o sueco, Um Homem Chamado Ove, é uma comédia de humor negro em que o protagonista é um idoso reclamão (identificação com os votantes?) que decide abandonar sua cidade. Enquanto o australiano Tanna oferece uma interessante e bela releitura de uma briga entre duas tribos que habitam uma ilha no Pacífico. Se esses filmes são melhores do que Elle? Só conferindo todos pra poder analisar de fato.

Filme preto-e-branco sobre personagens da Segunda Guerra Mundial no russo Paradise. Pic by moviepilot.de

Filme preto-e-branco sobre personagens da Segunda Guerra Mundial no russo Paradise. Pic by moviepilot.de

Rolfe Lassgard como Ove em Um Homem Chamado Ove, representante sueco. Pic by moviepilot.de

Rolfe Lassgard como Ove em Um Homem Chamado Ove, representante sueco. Pic by moviepilot.de

Cena de Tanna, representante austraiano. Pic by cine.gr

Cena de Tanna, representante australiano. Pic by cine.gr

 

OPORTUNIDADES PERDIDAS

Como Aquarius não foi selecionado pela comissão brasileira (via Michel Temer), o representante Pequeno Segredo ficou de fora. Era óbvio que o dramalhão familiar não avançaria, por mais que seu diretor David Schurmann jurasse de pé junto que seu filme tinha um tema universal que conquistaria a Academia. Aquarius foi sabotado, sim. Assim como Boi Neon, de Gabriel Mascaro. E é uma pena, pois havia grandes chances do Brasil voltar a concorrer ao Oscar após 17 anos depois de Central do Brasil.

O mesmo aconteceu com o representante da Coréia do Sul, país asiático que nunca foi indicado ao Oscar. Seu filme mais forte do ano é The Handmaiden, de Park Chan-wook, mas devido a conflitos políticos com a então presidente Park Geun-hye (hoje fora do governo por processo de impeachment), o filme não foi selecionado. O escolhido The Age of Shadows também ficou de fora. E mais uma ótima oportunidade foi desperdiçada. Por apresentar intensas cenas de sexo, The Handmaiden provavelmente teria que ser salvo pelo comitê especial, mas de qualquer forma, o filme pode concorrer em categorias técnicas como Fotografia, Direção de Arte e Figurino.

Sônia Braga em cena de Aquarius, preterido pela comissão brasileira para o Oscar. Pic by moviepilot.de

Sônia Braga em cena de Aquarius, preterido pela comissão brasileira para o Oscar. Pic by moviepilot.de

Entre os excluídos mais famosos estão o espanhol Julieta, de Pedro Almodóvar, e o chileno Neruda, de Pablo Larraín, que pode concorrer como diretor por Jackie, estrelado por Natalie Portman.

ROLA UMA REFORMA?

Por mais que descubramos produções interessantes através das indicações da Academia, uma reforma no sistema de votação ainda precisa ser implantada. Já citei aqui anteriormente uma solução que agradaria gregos e troianos: aumentar para 10 indicados a Melhor Filme em Língua Estrangeira! Ou pelo menos algo maleável como a categoria de Melhor Filme hoje, que varia de 5 a 10 indicados. Seria algo mais justo, já que são 85 países disputando 5 vagas. E a divisão de votos entre o departamento e a comissão especial ser alterada para 50% a 50%.  Hoje são 2/3 para o departamento e 1/3 para a comissão. Seria algo tão impossível assim para o conservadorismo da Academia?

***

As indicações ao Oscar 2017 serão anunciadas no dia 24 de janeiro.

85 produções concorrem às 5 indicações do Oscar de Filme em Língua Estrangeira em 2017

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O vencedor do último Oscar de Filme em Língua Estrangeira, Lászlò Nemes, por seu drama O Filho de Saul (photo by washington.kormany.hu)

RECORDE NOS NÚMEROS EVIDENCIA CRESCIMENTO DE PRODUÇÕES INTERNACIONAIS EM BUSCA DE RECONHECIMENTO

Todos os países podem discordar das escolhas da Academia, mas é crescente o número de produções internacionais que se inscrevem na categoria de Filme em Língua Estrangeira. Este ano, temos o novo recorde de filmes: 85, superando o recorde anterior de 83 em 2014.

Particularmente, agrada-me essa elevação, pois proporciona a chance real de espectadores comuns conhecerem visões cinematográficas de outras nações menos famosas. Só pra exemplificar, nos últimos anos, a Academia indicou o filme da Mauritânia, Timbuktu, e da Camboja, A Imagem que Falta. Tudo bem que nenhum deles venceu, mas só o fato de estarem disputando o prêmio, já gera interesse por parte de cinéfilos do mundo todo, e cria uma referência daquele país. Este ano, o Iêmen inscreveu seu primeiro candidato: I Am Nojoom, Age 10 and Divorced, da diretora Khadija Al-Salami.

Claro que ainda tem países que nunca receberam uma indicação como a Coréia do Sul, e seu cinema intenso e violento (que costuma não ser popular entre os votantes mais idosos da Academia), mas acredito que seja mera questão de tempo com inserções de membros jovens e novos da Academia feitas pela presidente Cheryl Boone Isaacs no primeiro semestre.

E O BRASIL?

O filme selecionado pela comissão da Cultura este ano gerou uma grande polêmica de cunho político. Com o processo de impeachment questionado, a equipe do filme Aquarius, do diretor Kléber Mendonça Filho, fez um protesto em pleno tapete vermelho em Cannes, já que concorria à Palma de Ouro. Os cartazes de protesto levados diziam que “O Brasil está sob um golpe”.

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Equipe do filme ‘Aquarius’ no tapete vermelho de Cannes. No centro, a atriz Sônia Braga e à direita, o diretor Kléber Mendonça Filho (photo by elpais.com)

Cada um tem o direito de protestar sobre o que bem entender, claro, mas depois da saída da ex-presidente Dilma Roussef, o governo de Michel Temer não deve ter gostado nada e teria sabotado a campanha do filme como representante do Brasil no Oscar.

Particularmente, acredito que ninguém está certo. Se o filme recebeu verba do governo brasileiro para ser feito, o protesto é de certa forma incoerente, uma vez que estaria “cuspindo no prato que comeu”. Mas de qualquer forma, defendo a liberdade de expressão, e aliás, acredito que os artistas devem se expressar através de suas obras, e não cartazes mal feitos. Sou só eu que vejo a personagem de Sônia Braga como a Dilma Rousseff sendo expulsa? Já o governo Temer, se realmente criou esse imbróglio, errou ao confundir à obra com a opinião política de seus realizadores. O que vai concorrer ao Oscar? O filme ou a posição política do diretor? Se fosse assim, Clint Eastwood jamais teria ganhado um Oscar sequer, já que apóia veemente o extremista candidato republicano Donald Trump.

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Sônia Braga em cena de Aquarius, de Kleber Mendonça Filho. (photo by abrilveja.com.br)

Enfim, o filme selecionado foi o drama Pequeno Segredo, de David Schurmann. O diretor deu uma entrevista defendendo a escolha de filme ao Oscar, pois teria os “ingredientes dramáticos que a Academia adora”. Realmente, o tema de adoção é internacional, mas obviamente, ele apenas tentou maquiar o escândalo de Aquarius preterido. Obviamente que o filme de Kléber Mendonça Filho teria mais chances de concorrer ao Oscar por sua projeção em Cannes, e ainda mais que conta com Sônia Braga, atriz de porte internacional, mas essa “briguinha” ridícula faz o cinema brasileiro perder essa boa oportunidade.

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Cena com Julia Lemmertz (à direita) em Pequeno Segredo (photo by AdoroCinema)

CANDIDATOS

Como vocês sabem, essa lista de 85 filmes será reduzida a uma pré-seleção de nove produções em dezembro, para então se consolidarem aos 5 indicados em janeiro, mais precisamente no dia 24, quando haverá o anúncio ao vivo das indicações.

Apesar do crescimento de produções de países menos conhecidos, os autores de outros países largam na frente como é o caso do espanhol Pedro Almodóvar. Ele já faturou o prêmio em 2000 pelo poderoso Tudo Sobre Minha Mãe e ainda levou o Oscar de Roteiro Original em 2003 por Fale com Ela. Nesse quesito, o bósnio Danis Tanovic também leva vantagem por já ter vencido em 2002 com Terra de Ninguém, e o iraniano Asghar Farhadi, que levou o Oscar em 2012 com A Separação. Vale lembrar também que a Polônia apresentou o último filme de Andrzej Wajda, Afterimage, como representante. O filme retrata a luta de um artista polonês contra o Stalinismo e seus ideais. Wajda, que faleceu nesta última semana, recebeu o Oscar Honorário em 2000. Pode ser a última chance da Academia conceder um Oscar póstumo pra um dos maiores diretores europeus.

Cena do filme polonês Afterimage, de Andrzej Wajda (photo by cine.gr)

Cena do filme polonês Afterimage, de Andrzej Wajda (photo by cine.gr)

Outro termômetro para quem larga na frente são os festivais. Muitos países preferem lançar representantes que já participaram em grandes festivais internacionais como Cannes e até conquistaram prêmios para ter mais chances com a Academia. Exemplos dessa estratégia são o alemão Toni Erdmann (indicado à Palma de Ouro), o argentino The Distinguished Citizen (prêmio de Ator em Veneza), o canadense It’s Only the End of the World (Grande Prêmio do Júri em Cannes), o filipino Ma’Rosa (Prêmio de Atriz em Cannes), o documentário italiano Fire at Sea (Urso de Ouro em Berlim) e o venezuelano De Longe te Observo (o primeiro filme latino a vencer o Leão de Ouro em Veneza).

Cena estranha de Toni Erdmann, representante alemão no Oscar. (photo by critic.de)

Cena estranha de Toni Erdmann, representante alemão no Oscar. (photo by critic.de)

E minha torcida vai para o representante francês, Elle, por se tratar de um dos meus diretores favoritos Paul Verhoeven (diretor de RoboCop e Instinto Selvagem). E também pelo tema polêmico, já que a protagonista vivida pela Isabelle Huppert tem fantasias com seu estuprador. Admiro a ousadia francesa em lançar este filme para votantes conservadores da Academia analisarem. Adoraria ver filmes mais ousados na lista de indicações, pois estou farto de filmes de Segunda Guerra Mundial e o Holocausto.

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Isabelle Huppert em cena de Elle, de Paul Verhoeven (photo by TelaTela)

Segue a lista dos 85 candidatos oficiais ao Oscar 2017 de Melhor Filme em Língua Estrangeira:

ALBÂNIA
Chromium
Dir: Bujar Alimani

ALEMANHA
Toni Erdmann
Dir: Maren Ade

ARÁBIA SAUDITA
Barakah Meets Barakah
Dir: Mahmoud Sabbagh

ARGÉLIA
The Well
Dir: Lotfi Bouchouchi

ARGENTINA
The Distinguished Citizen
Dir: Mariano Cohn, Gastón Duprat

AUSTRÁLIA
Tanna
Dir: Bentley Dean, Martin Butler

ÁUSTRIA
Stefan Zweig: Farewell to Europe
Dir: Maria Schrader

BANGLADESH
The Unnamed
Dir: Tauquir Ahmed

BÉLGICA
The Ardennes
Dir: Robin Pront

BOLÍVIA
Sealed Cargo
Dir: Julia Vargas Weise

BÓSNIA HERZEGOVINA
Death in Sarajevo
Dir: Danis Tanovic

BRASIL
Pequeno Segredo
Dir: David Schurmann

BULGÁRIA
Losers
Dir: Ivaylo Hristov

CAMBOJA
Before the Fall
Dir: Ian White

CANADÁ
It’s Only the End of the World
Dir: Xavier Dolan

Cena do filme canadense It's Only the End of the World. O jovem cineasta Xavier Dolan não parece ser unanimidade entre os votantes da Academia, mas a presença de atrizes como Marion Cotillard e Léa Seydoux podem ajudar na campanha. (photo by critic.de)

Cena do filme canadense It’s Only the End of the World. O jovem cineasta Xavier Dolan não parece ser unanimidade entre os votantes da Academia, mas a presença de atrizes como Marion Cotillard e Léa Seydoux podem ajudar na campanha. (photo by critic.de)

CAZAQUISTÃO
Amanat
Dir: Satybaldy Narymbetov

CHILE
Neruda
Dir: Pablo Larraín

Cena do filme biográfico Neruda, sobre poeta chileno. A vantagem aqui é o diretor Pablo Larraín, que além de já ter sido indicado ao Oscar por No, tem o filme Jackie com Natalie Portman nas categorias principais (photo by cine.gr)

Cena do filme biográfico Neruda, sobre poeta chileno. A vantagem aqui é o diretor Pablo Larraín, que além de já ter sido indicado ao Oscar por No, tem o filme Jackie com Natalie Portman nas categorias principais (photo by cine.gr)

CHINA
Xuan Zang
Dir: Huo Jianqi

COLÔMBIA
Alias Maria
Dir: José Luis Rugeles

CORÉIA DO SUL
The Age of Shadows
Dir: Kim Jee-woon

COSTA RICA
About Us
Dir: Hernán Jiménez

CROÁCIA
On the Other Side
Dir: Zrinko Ogresta

CUBA
The Companion
Dir: Pavel Giroud

DINAMARCA
Land of Mine
Dir: Martin Zandvliet

EGITO
Clash
Dir: Mohamed Diab

EQUADOR
Such Is Life in the Tropics
Dir: Sebastián Cordero

ESLOVÁQUIA
Eva Nová
Dir: Marko Skop

ESLOVÊNIA
Houston, We Have a Problem!
Dir: Žiga Virc

ESPANHA
Julieta
Dir: Pedro Almodóvar

ESTÔNIA
Mother
Dir: Kadri Kõusaar

FILIPINAS
Ma’ Rosa

Dir: Brillante Ma Mendoza

FINLÂNDIA
The Happiest Day in the Life of Olli Mäki
Dir: Juho Kuosmanen

FRANÇA
Elle
Dir: Paul Verhoeven

GEORGIA
House of Others
Dir: Rusudan Glurjidze

GRÉCIA
Chevalier
Dir: Athina Rachel Tsangari

HOLANDA
Tonio
Dir: Paula van der Oest

HONG KONG
Port of Call
Dir: Philip Yung

HUNGRIA
Kills on Wheels
Dir: Attila Till

IÊMEN
I Am Nojoom, Age 10 and Divorced
Dir: Khadija Al-Salami

ISLÂNDIA
Sparrows
Dir: Rúnar Rúnarsson

ÍNDIA
Interrogation
Dir: Vetri Maaran

INDONÉSIA
Letters from Prague
Dir: Angga Dwimas Sasongko

IRÃ
The Salesman
Dir: Asghar Farhadi

Cena do iraniano The Salesman, que dialoga com a obra literária de Arthur Miller. Com o histórico de vitória no Oscar, Asghar Farhadi praticamente garante sua presença no Oscar 2017, na opinião deste humilde blogueiro. (photo by cine.gr)

Cena do iraniano The Salesman, que dialoga com a obra literária de Arthur Miller. Com o histórico de vitória no Oscar, Asghar Farhadi praticamente garante sua presença no Oscar 2017, na opinião deste humilde blogueiro. (photo by cine.gr)

IRAQUE
El Clásico
Dir: Halkawt Mustafa

ISRAEL
Sand Storm
Dir: Elite Zexer

ITÁLIA
Fire at Sea
Dir: Gianfranco Rosi

JAPÃO
Nagasaki: Memories of My Son
Dir: Yoji Yamada

JORDÂNIA
3000 Nights
Dir: Mai Masri

KOSOVO
Home Sweet Home
Dir: Faton Bajraktari

LETÔNIA
Dawn
Dir: Laila Pakalnina

LÍBANO
Very Big Shot
Dir: Mir-Jean Bou Chaaya

LITUÂNIA
Seneca’s Day
Dir: Kristijonas Vildziunas

LUXEMBURGO
Voices from Chernobyl
Dir: Pol Cruchten

MACEDÔNIA
The Liberation of Skopje
Dir: Rade Šerbedžija, Danilo Šerbedžija

MALÁSIA
Beautiful Pain
Dir: Tunku Mona Riza

MARROCOS
A Mile in My Shoes
Dir: Said Khallaf

MÉXICO
Desierto
Dir: Jonás Cuarón

Jeffrey Dean Morgan faz um cidadão americano que protege a fronteira americana contra os mexicanos por seus próprios termos. Além do tema polêmico, tem Jonás Cuarón, irmão de Alfonso, vencedor do Oscar por Gravidade. (photo by cine.gr)

Jeffrey Dean Morgan faz um cidadão americano que protege a fronteira americana contra os mexicanos por seus próprios termos. Além do tema polêmico, tem Jonás Cuarón, irmão de Alfonso, vencedor do Oscar por Gravidade. (photo by cine.gr)

MONTENEGRO
The Black Pin
Dir: Ivan Marinović

NEPAL
The Black Hen
Dir: Min Bahadur Bham

NORUEGA
The King’s Choice
Dir: Erik Poppe

NOVA ZELÂNDIA
A Flickering Truth
Dir: Pietra Brettkelly

PALESTINA
The Idol
Dir: Hany Abu-Assad

PANAMÁ
Salsipuedes
Dir: Ricardo Aguilar Navarro, Manolito Rodríguez

PAQUISTÃO
Mah-e-Mir
Dir: Anjum Shahzad

PERU
Videophilia (and Other Viral Syndromes)
Dir: Juan Daniel F. Molero

POLÔNIA
Afterimage
Dir: Andrzej Wajda

PORTUGAL
Letters from War
Dir: Ivo M. Ferreira

QUIRGUISTÃO
A Father’s Will
Dir: Bakyt Mukul, Dastan Zhapar Uulu

REINO UNIDO
Under the Shadow

Dir: Babak Anvari

REPÚBLICA DOMINICANA
Sugar Fields

Dir: Fernando Báez

REPÚBLICA TCHECA
Lost in Munich
Dir: Petr Zelenka

ROMÊNIA
Sieranevada
Dir: Cristi Puiu

RÚSSIA
Paradise
Dir: Andrei Konchalovsky

SÉRVIA
Diário de um Maquinista (Train Driver’s Diary)
Dir: Milos Radovic

SINGAPURA
Apprentice
Dir: Boo Junfeng

SUÉCIA
A Man Called Ove
Dir: Hannes Holm

SUÍÇA
My Life as a Zucchini
Dir: Claude Barras

TAILÂNDIA
Karma
Dir: Kanittha Kwunyoo

TAIWAN
Hang in There, Kids!
Dir: Laha Mebow

TURQUIA
Cold of Kalandar
Dir: Mustafa Kara

UCRÂNIA
Ukrainian Sheriffs
Dir: Roman Bondarchuk

URUGUAI
Breadcrumbs
Dir: Manane Rodríguez

VENEZUELA
De Longe te Observo (Desde Allah)
Dir: Lorenzo Vigas

Cena do filme venezuelano De Longe te Observo, de Lorenzo Vigas. Trata-se de um bom drama, mas a temática homossexual pode enfraquecer sua campanha (photo by cine.gr)

Cena do filme venezuelano De Longe te Observo, de Lorenzo Vigas. Trata-se de um bom drama, mas a temática homossexual pode enfraquecer sua campanha (photo by cine.gr)

VIETNÃ
Yellow Flowers on the Green Grass
Dir: Victor Vu

A 89ª cerimônia do Oscar será no dia 26 de fevereiro.

‘Carol’ leva 4 prêmios e domina o New York Film Critics Circle 2015

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À esquerda, Todd Haynes dirige Cate Blanchett em cena de Carol (photo by http://www.cineimage.ch)

CÍRCULO DE CRÍTICOS NOVA-IORQUINOS SAÚDAM SUA CIDADE NAS TELAS

Não sei se é questão de “patriotada”, mas o crítico Kristopher Tapley da Variety notou um fato curioso na lista de premiados este ano pelo círculo de críticos de Nova York. A maioria dos filmes premiados se passa na cidade norte-americana: Melhor Filme, Diretor (Todd Haynes), Roteiro e Fotografia para Carol; Melhor Documentário para In Jackson Heights; Melhor Ator Coadjuvante (Mark Rylance) para Ponte dos Espiões; e Melhor Atriz (Saoirse Ronan) para Brooklyn. Apesar de soar como a tradicional puxada de sardinha, existe uma feliz coincidência de produções em destaque que se passam em Nova York. Afinal, quem não gosta de assistir a um filme realizado na sua própria cidade?

Com a vitória predominante do drama Carol, Todd Haynes praticamente garante sua primeira indicação ao Oscar de Diretor. Entre seus filmes mais reconhecidos estão Velvet Goldmine e Longe do Paraíso, pelo qual foi indicado para Roteiro Original em 2003. Curiosamente, as protagonistas interpretadas por Cate Blanchett e Rooney Mara ficaram de fora no NYFCC. Recentemente, ambas foram indicadas a Melhor Atriz no Independent Spirit Awards, e a tendência para o Oscar é que Blanchett concorra como Atriz e Mara como Coadjuvante. A premiação pelos críticos nova-iorquinos impulsiona Carol e obriga os votantes da Academia a conferirem o trabalho, e de quebra, pode render a segunda indicação a um dos melhores diretores de fotografia da atualidade, Edward Lachman.

Outro forte concorrente para o Oscar, o drama jornalístico Spotlight, não ficou de fora da lista. Michael Keaton, que este ano teve seu retorno triunfal com Birdman, consegue se manter no topo com outra performance premiada. Contudo, existe uma discussão pra saber se seu personagem é principal ou secundário, o que poderia fortalecê-lo em caso de campanha para a categoria de coadjuvante no Oscar.

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Michael Keaton ao lado de Rachel McAdams em cena de Spotlight, de Tom McCarthy (photo by cine.gr)

Já Saoirse Ronan consegue feito incrível ao bater as atrizes de Carol e também Brie Larson (O Quarto de Jack). Aos 21 anos, ela vive uma personagem dividida entre o amor de dois homens na Brooklyn dos anos 50 e também entre aceitar ou não suas raízes irlandesas. Americana (nova-iorquina!), a atriz consegue chamar atenção também pelo seu Inglês com sotaque irlandês.

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Doomhnall Gleeson com Saoirse Ronan em Brooklyn (photo by cine.gr)

Assim como os atores principais conseguiram um novo fôlego na corrida com os prêmios do NYFCC, os coadjuvantes também deram passos largos num ano bem competitivo. Mark Rylance, que entregou uma atuação que deu alma ao novo filme de Steven Spielberg, certamente mereceu pelo menos um prêmio significativo na temporada. O que gosto bastante de Ponte dos Espiões é o paralelo que Spielberg constrói entre os anos 60 da Guerra Fria com a atual situação imigratória global, levantando a questão: “Não somos todos imigrantes?”.

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Mark Rylance à esquerda com Tom Hanks em cena de Ponte dos Espiões (photo by outnow.ch)

No caso de Kristen Stewart, sua vitória impressiona ainda mais por se tratar de uma jovem estrela hollywoodiana (da saga Crepúsculo) e pelo fato do drama Acima das Nuvens, de Olivier Assayas, ter sido lançado em 2014, ou seja, houve um longo percurso até chegar a essa lista. Vale lembrar aqui que Stewart é a primeira atriz americana a ganhar o prestigiado César Award na França. Se ela estiver na lista do Globo de Ouro ou SAG, ela estará na categoria no Oscar.

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Kristen Stewart em Acima das Nuvens, de Olivier Assayas (photo by cine.gr)

A animação Divertida Mente coleciona mais um importante prêmio e caminha sem maiores dificuldades para conquistar o oitavo Oscar para a Pixar. Havia uma alta aposta de que a animação de Charlie Kaufman e Duke Johnson, Anomalisa, iria bater seu franco-favoritismo, mas não se concretizou.

Já o filme húngaro, O Filho de Saul, embora tenha perdido como filme estrangeiro para Timbuktu (que foi indicado ao Oscar este ano pela Mauritânia), ainda conseguiu o prêmio de Filme de Estréia para o diretor László Nemes. De tabela também foi o prêmio especial para o compositor italiano Ennio Morricone, que pode conquistar sua sexta indicação. Ele recebeu o Oscar Honorário em 2007 pelo conjunto da obra.

Pela categoria de Não-Ficção, In Jackson Heights foi reconhecido como melhor documentário ao dissecar o distrito do Queens, NY. Entretanto, não foi classificado para a lista de 15 semi-finalistas no Oscar.

Seguem os vencedores do NYFCC 2015:

MELHOR FILME: Carol, de Todd Haynes

MELHOR DIRETOR: Todd Haynes (Carol)

MELHOR ATOR: Michael Keaton (Spotlight)

MELHOR ATRIZ: Saoirse Ronan (Brooklyn)

MELHOR ATOR COADJUVANTE: Mark Rylance (Ponte dos Espiões)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Kristen Stewart (Acima das Nuvens)

MELHOR ROTEIRO: Phyllis Nagy (Carol)

MELHOR FOTOGRAFIA: Edward Lachman (Carol)

MELHOR ANIMAÇÃO: Divertida Mente, de Pete Docter

MELHOR FILME ESTRANGEIRO: Timbuktu, de Abderrahmane Sissako

MELHOR FILME DE NÃO-FICÇÃO: In Jackson Heights, de Frederick Wiseman

MELHOR FILME DE ESTRÉIA: O Filho de Saul, de László Nemes

PRÊMIO ESPECIAL: William Becker e Janus Films

 

81 filmes concorrem por 5 vagas de Melhor Filme em Língua Estrangeira no Oscar 2016

O diretor Pawel Pawlikowski posa com seu Oscar de Filme em Língua Estrangeira este ano por Ida (photo by thehindubissinessline.com)

O diretor Pawel Pawlikowski posa com seu Oscar de Filme em Língua Estrangeira este ano por Ida (photo by thehindubissinessline.com)

COM INSCRIÇÕES TERMINADAS, COMEÇAM AS ESPECULAÇÕES

Apesar de não ter havido quebra de recordes, 81 filmes foram selecionados para a disputa pelo Oscar de Filme de Língua Estrangeira, dois a menos do que o ano anterior com 83. A novidade deste ano atende pelo nosso vizinho Paraguai, que inscreveu um longa-metragem pela primeira vez ao prêmio. Embora as chances de vitória não sejam lá das maiores, é bacana ver mais um país latino concorrendo com uma obra que representa sua cultura, e também vale lembrar que a própria Academia tem se demonstrado mais aberta às produções de países sem muito histórico cinematográfico. Nesse ano, por exemplo, a Mauritânia e a Estônia receberam suas primeiras indicações por Timbuktu e Tangerinas, respectivamente. Então por que não sonhar com uma vaga?

E O BRASIL?

O Brasil corre atrás de sua 5ª indicação na categoria, algo que não acontece desde o longínquo ano de 1999, quando Central do Brasil perdeu para o italiano A Vida é Bela. O MinC selecionou a ‘dramédia’ Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert, que ganhou o título internacional de The Second Mother, em referência ao personagem central de Regina Casé, que vive uma empregada doméstica que cuida do filho dos patrões como se fosse seu.

Cena de Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert, presentante do Brasil este ano (photo by cine.gr)

Cena de Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert, presentante do Brasil este ano (photo by cine.gr)

O filme funciona bem como crítica social e um retrato das classes brasileiras, assim como comédia graças à atuação de Casé. Ganhou prêmios importantes em festivais como o de Sundance e Berlim, o que sempre ajuda na campanha e também na conquista do próprio público brasileiro que costuma olhar com mais atenção as produções premiadas, mas ainda está bem longe da própria campanha vitoriosa de Central do Brasil. A seleção de Que Horas Ela Volta? me agrada por representar bem o que acontece no país, o que não deixa de ser uma decisão corajosa, mas em termos de chances reais, acredito que o Brasil terá de esperar mais um ano ainda por uma nova indicação.

FAVORITOS ATÉ O MOMENTO

Em se tratando de Oscar de Filme em Língua Estrangeira, digamos que é uma caixinha de surpresas. Às vezes acontece de haver um franco-favorito como o iraniano A Separação ou o austríaco Amor, mas na maioria das vezes a Academia gosta de surpreender, infelizmente pra pior. São raríssimos os casos em que me surpreendi positivamente como quando o argentino O Segredo dos Seus Olhos e do alemão A Vida dos Outros levaram o prêmio batendo os favoritos.

Nessa altura do campeonato ainda é difícil prever os reais favoritos. Muitas vezes a gente se baseia em participações e premiações em grandes festivais como Cannes e Veneza, mas nada é 100% garantido. Ano passado, muitos apostaram no turco Winter Sleep como dono de uma das indicações por ter levado a Palma de Ouro, mas acabou nem passando pras semi-finais. Mas, se existe algum tipo de certeza, o chamado ‘Oscar lock’, este seria o representante húngaro O Filho de Saul, de László Nemes. Além de ter levado o Grande Prêmio do Júri em Cannes, tem o elemento-chave para quase todo filme vencedor desta categoria: 2ª Guerra Mundial e Judeus.

Cena de O Filho de Saul, ainda sem previsão de estréia no Brasil (photo by cine.gr)

Cena de O Filho de Saul, ainda sem previsão de estréia no Brasil (photo by cine.gr)

A trama do filme se passa em 1944, no campo de concentração de Auschwitz, onde o prisioneiro Saul tem a ingrata tarefa de queimar os corpos de seus colegas até encontrar o corpo daquele que acredita ser seu filho. O filme tem toda a receita pronta para ganhar a estatueta. Podem me cobrar em fevereiro: O Filho de Saul vai ganhar o Oscar.

Além do húngaro, existem alguns filmes que estão sendo bem comentados pela crítica internacional e devem figurar pelo menos na lista dos semi-finalistas, graças ao comitê executivo criado pelo produtor Mark Johnson. Explico. Depois que o super bem criticado filme romeno 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, de Cristian Mungiu, ficou de fora da categoria de Filme em Língua Estrangeira de 2008, a Academia criou com a ajuda de Johnson um comitê responsável por selecionar três títulos na lista dos nove semi-finalistas para que não dependam exclusivamente dos votos dos velhinhos judeus que assistem às sessões dos filmes estrangeiros. Foi graças aos esforços desse comitê que filmes mais ousados foram indicados como o grego Dente Canino em 2010. Acredito que se esse comitê tivesse existido desde o início dos anos 2000, filmes muito bons porém violentos teriam sido indicados como o brasileiro Cidade de Deus e o sul-coreano Oldboy.

Enfim, águas passadas. Agora o comitê tem a chance de promover mais três filmes relevantes no cenário internacional. Eles têm o chileno O Clube, que tem um tema polêmico de padres católicos que se isolam numa casa após cometerem abuso sexual com menores. O filme é dirigido por Pablo Larraín, anteriormente indicado por No; Tem o sueco Um Pombo Pousou num Galho Refletindo Sobre a Existência, que ganhou o Leão de Ouro de 2014 e tem o nome do diretor veterano Roy Andersson pra ajudar; E de Taiwan, The Assassin concorre como filme mais belo visualmente e a Academia tem uma chance de ouro para premiar um dos melhores diretores asiáticos da atualidade: Hou Hsiao-Hsien, que levou o prêmio de Direção em Cannes este ano. Caso o filme asiático não passe, existe uma boa possibilidade de concorrer nas categorias de Figurino e Direção de Arte.

Bela cena de The Assassin, de Hou Hsiao-Hsien (photo by cine.gr)

Bela cena de The Assassin, de Hou Hsiao-Hsien (photo by cine.gr)

Cena de Um Pombo Pousou num Galho Refletindo Sobre a Existência, de Roy Andersson. (photo by cine.gr)

Cena de Um Pombo Pousou num Galho Refletindo Sobre a Existência, de Roy Andersson. (photo by cine.gr)

Cena de O Clube, de (photo by cine.gr)

Cena de O Clube, de Pablo Larraín (photo by cine.gr)

Outro representante bem comentado foi o português As Mil e uma Noites: Vol. 2, o Desolado, de Miguel Gomes. Trata-se da segunda parte da trilogia baseada na obra anônima de contos, pelo qual o diretor busca fazer críticas à política econômica atual de seu país. Ao contrário do que acontece com todos os filmes divididos em volumes, esta trilogia toda foi lançada no mesmo ano, totalizando mais de 6 horas de filme. A escolha pelo segundo volume foi uma aposta dos organizadores em Portugal, muito provavelmente para instigar ainda mais os votantes a conferir os demais filmes da trilogia.

Cena de As Mil e uma Noites,: Vol. 2, O Desolado, de Miguel Gomes (photo by outnow.ch)

Cena de As Mil e uma Noites,: Vol. 2, O Desolado, de Miguel Gomes (photo by outnow.ch)

Vale também citar aqui o filme romeno Aferim!, de Radu Jude, que levou o Urso de Prata de Melhor Diretor no último Festival de Berlim. Filmado em preto-e-branco, esse western moderno romeno se passa no século XIX, e apresenta uma trama de captura de um escravo cigano que teve um caso com a esposa de seu dono. Seria uma forma de crítica ao escravismo de que persiste na Romênia atual. Apresenta uma bela fotografia PB e pode surpreender.

Cena de Aferim!, de Radu Jude, que levou o Urso de Prata de Diretor (photo by outnow.ch)

Cena de Aferim!, de Radu Jude (photo by outnow.ch)

MINHA TORCIDA

Como muitos sabem, gosto de defender material diferente no Oscar, especialmente quando o candidato possui características diferentes, criativas, bizarras. Apesar de não ter visto ainda, o representante da Áustria deste ano parece ter todos esses elementos citados. Goodnight Mommy é sobre dois meninos gêmeos que se mudam para uma nova casa com sua mãe depois que ela passa por uma cirurgia plástica facial. Coberto por ataduras no rosto, a mãe se torna irreconhecível pelos filhos.

Cena do terror psicológico Goodnight Mommy, de Severin Fiala e Veronika Franz (photo by outnow,ch)

Cena do terror psicológico Goodnight Mommy, de Severin Fiala e Veronika Franz (photo by outnow,ch)

Existe uma bizarrice que lembra o do grego Dente Canino, mas é nitidamente um filme de terror psicológico, daqueles excelentes que Roman Polanski costumava fazer nos anos 60 e 70. Caso o filme austríaco seja reconhecido por prêmios da crítica americana, existe uma boa chance de ser defendido pelo comitê, caso contrário, não deve passar de uma ótima e corajosa tentativa.

Confira o trailer:

Segue a lista com os 81 filmes inscritos oficialmente para a 88ª edição do Academy Awards:

• AFEGANISTÃO: Utopia
Dir: Hassan Nazer

• ÁFRICA DO SUL: The Two of Us
Dir: Ernest Nkosi

• ALBÂNIA: Bota
Dir: Iris Elezi & Thomas Logoreci

• ALEMANHA: Labirinto de Mentiras (Im Labyrinth des Schweigens)
Dir: Giulio Ricciarelli

• ARGÉLIA: Twilight of Shadows
Dir: Mohamed Lakhdar Hamina

• ARGENTINA: The Clan (El Clan)
Dir: Pablo Trapero

• AUSTRÁLIA: Arrows of the Thunder Dragon
Dir: Greg Sneddon

• ÁUSTRIA: Goodnight Mommy
Dir: Veronika Franz & Severin Fiala

• BANGLADESH: Jalal’s Story
Dir: Abu Shahed Emon

• BÉLGICA: The Brand New Testament
Dir: Jaco Van Dormael

• BÓSNIA HERZEGOVINA: Our Everyday Story
Dir: Ines Tanović

• BRASIL: Que Horas Ela Volta? (The Second Mother)
Dir: Anna Muylaert

• BULGÁRIA: The Judgment
Dir: Stephan Komandarev

• CAMBOJA: The Last Reel
Dir: Sotho Kulikar

• CANADÁ: Félix and Meira
Dir: Maxime Giroux

• CAZAQUISTÃO: Stranger
Dir: Yermek Tursunov

• CHILE: O Clube (El Club)
Dir: Pablo Larraín

• CHINA: Go Away Mr. Tumor
Dir: Han Yan

• COLÔMBIA: O Abraço da Serpente (El Abrazo de la Serpiente)
Dir: Ciro Guerra

• CORÉIA DO SUL: The Throne
Dir: Lee Joon-ik

• COSTA DO MARFIM: Run
Dir: Philippe Lacôte

• COSTA RICA: Imprisoned
Dir: Esteban Ramírez

• CROÁCIA: The High Sun
Dir: Dalibor Matanić

• DINAMARCA: Guerra (Krigen)
Dir: Tobias Lindholm

• ESLOVÁQUIA: Goat
Dir: Ivan Ostrochovský

• ESLOVÊNIA: The Tree
Dir: Sonja Prosenc

• ESPANHA: Flowers
Dir: Jon Garaño & Jose Mari Goenaga

• ESTÔNIA: 1944
Dir: Elmo Nüganen

• ETIÓPIA: Cordeiro (Lamb)
Dir: Yared Zeleke

• FILIPINAS: Heneral Luna
Dir: Jerrold Tarog

• FINLÂNDIA: The Fencer
Dir: Klaus Härö

• FRANÇA: Mustang
Dir: Deniz Gamze Ergüven

• GEORGIA: Moira
Dir: Levan Tutberidze

• GRÉCIA: Xenia
Dir: Panos H. Koutras

• GUATEMALA: Ixcanul
Dir: Jayro Bustamante

• HOLANDA: The Paradise Suite
Dir: Joost van Ginkel

• HONG KONG: To the Fore
Dir: Dante Lam

• HUNGRIA: O Filho de Saul (Saul Fia)
Dir: László Nemes

• ÍNDIA: Court
Dir: Chaitanya Tamhane

• IRÃ: Muhammad: The Messenger of God
Dir: Majid Majidi

• IRAQUE: Memories on Stone
Dir: Shawkat Amin Korki

• IRLANDA: Viva
Dir: Paddy Breathnach

• ISLÂNDIA: A Ovelha Negra (Hrútar)
Dir: Grímur Hákonarson

• ISRAEL: Baba Joon
Dir: Yuval Delshad

• ITÁLIA: Don’t Be Bad
Dir: Claudio Caligari

• JAPÃO: 100 Yen Love
Dir: Masaharu Take

• JORDÂNIA: Theeb
Dir: Naji Abu Nowar

• KOSOVO: Pai (Babai)
Dir: Visar Morina

• LETÔNIA: Modris
Dir: Juris Kursietis

• LÍBANO: Void
Dir: Naji Bechara, Jad Beyrouthy, Zeina Makki, Tarek Korkomaz, Christelle Ighniades, Maria Abdel Karim & Salim Haber

• LITUÂNIA: The Summer of Sangaile
Dir: Alanté Kavaïté

• LUXEMBURGO: Baby (A)lone
Dir: Donato Rotunno

• MACEDÔNIA: Honey Night
Dir: Ivo Trajkov

• MALÁSIA: Men Who Save the World
Dir: Liew Seng Tat

• MARROCOS: Aida
Dir: Driss Mrini

• MÉXICO: 600 Miles
Dir: Gabriel Ripstein

• MONTENEGRO: You Carry Me
Dir: Ivona Juka

• NEPAL: Talakjung vs Tulke
Dir: Basnet Nischal

• NORUEGA: The Wave
Dir: Roar Uthaug

• PAQUISTÃO: Moor
Dir: Jami

• PALESTINA: The Wanted 18
Dir: Amer Shomali & Paul Cowan

• PARAGUAI: Cloudy Times
Dir: Arami Ullón

• PERU: NN
Dir: Héctor Gálvez

• POLÔNIA: 11 Minutes
Dir: Jerzy Skolimowski

• PORTUGAL: As Mil e Uma Noites – Volume 2, O Desolado (Arabian Nights – Volume 2, The Desolate One)
Dir: Miguel Gomes

• QUIRGUISTÃO: Heavenly Nomadic
Dir: Mirlan Abdykalykov

• REINO UNIDO: Under Milk Wood
Dir: Kevin Allen

• REPÚBLICANA DOMINICANA: Sand Dollars
Dir: Laura Amelia Guzmán & Israel Cárdenas

• REPÚBLICA TCHECA: Home Care
Dir: Slavek Horak

• ROMÊNIA: Aferim!
Dir: Radu Jude

• RÚSSIA: Sunstroke
Dir: Nikita Mikhalkov

• SÉRVIA: Enclave
Dir: Goran Radovanović

• SINGAPURA: 7 Letters
Dir: Royston Tan, Kelvin Tong, Eric Khoo, Jack Neo, Tan Pin Pin, Boo Junfeng & K. Rajagopal

• SUÉCIA: Um Pombo Pousou num Galho Refletindo Sobre a Existência (En duva satt på en gren och funderade på tillvaron)
Dir: Roy Andersson

• SUÍÇA: Iraqi Odyssey
Dir: Samir

• TAILÂNDIA: How to Win at Checkers (Every Time)
Dir: Josh Kim

• TAIWAN: The Assassin
Dir: Hou Hsiao-hsien

• TURQUIA: Sivas
Dir: Kaan Müjdeci

• URUGUAI: A Moonless Night
Dir: Germán Tejeira

• VENEZUELA: Lo que Lleva el Río (Gone with the River)
Dir: Mario Crespo

• VIETNÃ: Jackpot
Dir: Dustin Nguyen

As indicações serão anunciadas no dia 14 de janeiro de 2016. A 88ª cerimônia do Oscar acontece em 28 de fevereiro.

Onde e Quando acompanhar os Indicados ao Oscar 2015

Chris Pine a presidente da Academia Cheryl Boone Isaacs anunciam os indicados ao Oscar (photo by http://cdn4.hoy.com.do)

Chris Pine a presidente da Academia Cheryl Boone Isaacs anunciam os indicados ao Oscar (photo by http://cdn4.hoy.com.do)

GUIA COMPLETO PARA CONFERIR OS INDICADOS AO OSCAR 2015

As indicações ao Oscar foram anunciadas no último dia 15 e você ainda não viu nenhum filme? Não se desespere! Ainda temos um mês pra cerimônia, e felizmente, já dá pra conferir muitos deles através de mídias (DVDs e Blu-rays) e alguns filmes que já estão em cartaz como é o caso de Whiplash: Em Busca da Perfeição, que coletou 5 indicações, e um dos favoritos Boyhood: Da Infância à Adolescência, que tem 6 indicações.

O filme de Richard Linklater estreou aqui no Brasil no final de outubro de 2014 e já estava quase saindo de cartaz. Contudo, graças às indicações ao Oscar, ganhou novo fôlego pra aguentar mais algumas semanas nas salas de cinema. Aqui em São Paulo, Boyhood está atualmente nas salas Cidade Jardim Cinemark, Cine Livraria Cultura 1, Eldorado Cinemark e Metrô Santa Cruz Cinemark. Como cinéfilo e frequentador dessas salas, recomendo o Cine Livraria Cultura, localizado no Conjunto Nacional na Avenida Paulista. Trata-se de uma sala grande, com poltronas grandes e confortáveis e um público que sabe respeitar uma projeção. Já as grandes redes como o Cinemark costumam tratar os filmes como meros produtos e seus frequentadores como meros pagadores.

Patricia Arquette com o pequeno Ellar Coltrane em cena de Boyhood: Da Infância à Juventude

Patricia Arquette com o pequeno Ellar Coltrane em cena de Boyhood: Da Infância à Juventude

Isso que eu acho bacana do Oscar, porque ele pode resgatar bons filmes do limbo e trazê-los de volta às salas de cinema. Aliás, poderiam passar O Grande Hotel Budapeste novamente, porque o filme de Wes Anderson merece uma projeção de qualidade para valorizar sua ótima fotografia e direção de arte. E gostaria que os distribuidores se esforçassem pra colocar alguns filmes em cartaz antes do Oscar como a animação japonesa O Conto da Princesa Kaguya, que é produzida pelo Studio Ghibli do homenageado com o Oscar Honorário desde ano, o mestre Hayao Miyazaki. Assim como o documentário Citizenfour sobre Edward Snowden, e claro, o novo filme de Mike Leigh, Sr. Turner, com 4 indicações.

Por outro lado, a ausência parcial ou total de indicações ao Oscar pode comprometer bastante a divulgação e lançamento de um filme aqui no Brasil. O novo longa de Paul Thomas Anderson, Vício Inerente, tinha tudo para estrear em janeiro, mas como conquistou apenas duas indicações (Roteiro Adaptado e Figurino), a distribuidora empurrou seu lançamento para final de março, ficando impossível de conferir o trabalho antes da cerimônia do Oscar, que acontece no dia 22 de fevereiro. Quer dizer, “impossível” de forma legal. Se você não se importar em fazer um download ou streaming, acredito que dá pra ver todos os indicados ao Oscar! Mas aí tem que se sujeitar às leis e muitas vezes às péssimas resoluções de imagem dos filmes.

Pra quem assina Netflix, vale a pena assistir à produção indicada a Melhor Documentário, Virunga. Trata-se de um ótimo filme que disseca a preservação dos últimos gorilas de montanhas que vivem no Parque Nacional de Virunga, num Congo em conflitos civis armados. É o segundo filme produzido pela Netflix a concorrer ao Oscar. Em 2014, The Square competiu na mesma categoria de Documentário.

Cena do documentário Virunga, sobre a proteção aos gorilas quase extintos do Congo (photo by outnow.ch)

Cena do documentário Virunga, sobre a proteção aos gorilas quase extintos do Congo (photo by outnow.ch)

DISPONÍVEIS EM BLU-RAY/DVD

Uma Aventura Lego (The Lego Movie)
1 indicação: Canção Original (“Everything is Awesome”)

Capitão América 2: O Soldado Invernal (Captain America: The Winter Soldier)
1 indicação: Efeitos Visuais

Como Treinar o Seu Dragão 2 (How to Train Your Dragon 2)
1 indicação: Animação

O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel)
9 indicações: Filme, Diretor (Wes Anderson), Roteiro Original, Fotografia, Montagem, Direção de Arte, Figurino, Maquiagem e Trilha Musical Original.

Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy)
1 indicação: Maquiagem e Efeitos Visuais.

Malévola (Maleficent)
1 indicação: Figurino

Mesmo Se Nada Der Certo (Begin Again)
1 indicação: Canção Original (“Lost Stars”)

Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes)
1 indicação: Efeitos Visuais

X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (X-Men: Days of Future Past)
1 indicação: Efeitos Visuais

Michael Fassbender em cena de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (photo by outnow.ch)

Michael Fassbender em cena de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (photo by outnow.ch)

DISPONÍVEL NO NETFLIX

Virunga
1 indicação: Documentário

FILMES EM CARTAZ NOS CINEMAS – com base na programação de São Paulo

O Abutre (Nightcrawler)
1 indicação: Roteiro Original

Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)
6 indicações: Filme, Diretor (Richard Linklater), Ator Coadjuvante (Ethan Hawke), Atriz Coadjuvante (Patricia Arquette), Roteiro Original, Montagem.

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (The Hobbit: The Battle of the Five Armies)
1 indicação: Efeitos Sonoros.

Ida (Ida)
2 indicações: Filme em Língua Estrangeira e Fotografia.

Interestelar (Interstellar)
5 indicações: Direção de Arte, Trilha Musical Original, Som, Efeitos Sonoros e Efeitos Visuais.

Invencível (Unbroken)
3 indicações: Fotografia, Som e Efeitos Sonoros.

Leviatã (Leviafan)
1 indicação: Filme em Língua Estrangeira.

Livre (Wild)
2 indicações: Atriz (Reese Whiterspoon) e Atriz Coadjuvante (Laura Dern).

Operação Big Hero (Big Hero 6)
1 indicação: Animação

Relatos Selvagens (Relatos Salvajes)
1 indicação: Filme em Língua Estrangeira.

Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash)
5 indicações: Filme, Ator Coadjuvante (J.K. Simmons), Roteiro Adaptado, Montagem e Som.

Miles Teller em ótima cena de Whiplash: Em Busca da Perfeição (photo by outnow.ch)

Miles Teller em ótima cena de Whiplash: Em Busca da Perfeição (photo by outnow.ch)

PREVISÃO DE ESTRÉIA – Datas previstas para São Paulo, que podem sofrer alterações de acordo com as distribuidoras

22/01: Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo (Foxcatcher)
5 indicações: Diretor (Bennett Miller), Ator (Steve Carell), Ator Coadjuvante (Mark Ruffalo), Roteiro Original e Maquiagem.

22/01: Timbuktu
1 indicação: Filme em Língua Estrangeira

25/01: Selma
2 indicações: Filme e Canção Original.

29/01: Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) (Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance)
9 indicações: Filme, Diretor (Alejandro González Iñárritu), Ator (Michael Keaton), Ator Coadjuvante (Edward Norton), Atriz Coadjuvante (Emma Stone), Roteiro Original, Fotografia, Montagem, Som e Efeitos Sonoros.

29/01: Caminhos da Floresta (Into the Woods)
3 indicações: Atriz Coadjuvante (Meryl Streep), Direção de Arte e Figurino.

29/01: O Jogo da Imitação (The Imitation Game)
8 indicações: Filme, Diretor (Morten Tyldum), Ator (Benedict Cumberbatch), Atriz Coadjuvante (Keira Knightley), Roteiro Adaptado, Montagem, Direção de Arte e Trilha Musical Original.

29/01: A Teoria de Tudo (The Theory of Everything)
5 indicações: Filme, Ator (Eddie Redmayne), Atriz (Felicity Jones), Roteiro Adaptado e Trilha Musical Original.

05/02: Dois Dias, Uma Noite (Deux Jours, Une Nuit)
1 indicação: Atriz (Marion Cotillard)

19/02: Sniper Americano (American Sniper)
6 indicações: Filme, Ator (Bradley Cooper), Roteiro Adaptado, Montagem, Som e Efeitos Sonoros.

26/02: Para Sempre Alice (Still Alice)
1 indicação: Atriz (Julianne Moore)

12/03: O Sal da Terra (The Salt of the Earth)
1 indicação: Documentário

26/03: Vício Inerente (Inherent Vice)
2 indicações: Roteiro Adaptado e Figurino.

O casal Stephen e Jane Hawking (Eddie Redmayne e Felicity Jones) em A Teoria de Tudo (photo by outnow.ch)

O casal Stephen e Jane Hawking (Eddie Redmayne e Felicity Jones) em A Teoria de Tudo (photo by outnow.ch)

FORA DE CARTAZ E AGUARDANDO LANÇAMENTO EM BLU-RAY/DVD

Os Boxtrolls (The Boxtrolls)
1 indicação: Animação

Garota Exemplar (Gone Girl)
1 indicação: Atriz (Rosamund Pike)

O Juiz (The Judge)
1 indicação: Ator Coadjuvante (Robert Duvall)

Os Boxtrolls (The Boxtrolls), de

Os Boxtrolls (The Boxtrolls)

SEM PREVISÃO DE ESTRÉIA (*caham!* Mas pra isso existe a internet…)

Além das Luzes (Beyond the Lights)
1 indicação: Canção Original (“Grateful”)

Citizenfour
1 indicação: Documentário

O Conto da Princesa Kaguya (Kaguyahime no Monogatari)
1 indicação: Animação

A Fotografia Oculta de Vivian Maier (Finding Vivian Maier)
1 indicação: Documentário

Glen Campbell: I’ll Be Me
1 indicação: Canção Original (“I’m Not Gonna Miss You”)

Last Days in Vietnam
1 indicação: Documentário

Song of the Sea
1 indicação: Animação

Sr. Turner (Mr. Turner)
4 indicações: Fotografia, Direção de Arte, Figurino e Trilha Musical Original.

Tangerines (Mandariinid)
1 indicação: Filme em Língua Estrangeira.

Minnie Driver com a novata Gugu em Além das Luzes (photo by cine.gr)

Minnie Driver com a novata Gugu Mbatha-Raw em Além das Luzes (photo by cine.gr)

A cerimônia do 87º Oscar será no dia 22 de fevereiro, e será transmitida pelo canal pago TNT.

‘Birdman’ e ‘O Grande Hotel Budapeste’ lideram indicações ao Oscar 2015!

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OS NÚMEROS DO OSCAR 2015

Os recordistas em indicações desta 87ª edição do Oscar são Birdman e O Grande Hotel Budapeste, ambos com nove cada. Ao contrário do que vinha acontecendo nos anos anteriores em que a Academia indicava 9 produções, este ano decidiu preencher apenas 8 vagas das 10 disponíveis. Curiosamente, o filme sobre Direitos Civis, Selma, conquistou apenas a indicação de Filme e de Canção Original. Por outro lado, o mega-ascendente Sniper Americano coletou um total de 6 indicações, mas seu diretor Clint Eastwood não foi incluso na categoria de Direção, enfraquecendo bastante as chances de vitória da produção como Melhor Filme. Enquanto que Foxcatcher conseguiu a proeza de resgatar Bennett Miller pra Melhor Diretor (pra muitos ele já era considerado carta fora do baralho), mas falhou na indicação a Melhor Filme! Pô, não poderiam ter indicado o filme também e ocupado a nona vaga?

Michael Keaton e Emma Stone em cena de Birdman: ambos foram indicados para ator e atriz coadjuvante. (photo by outnow.ch)

Michael Keaton e Emma Stone em cena de Birdman: ambos foram indicados para ator e atriz coadjuvante. (photo by outnow.ch)

Apesar de contar apenas com 6 indicações, Boyhood ainda permanece como um dos grandes favoritos a conquistar o Oscar de Filme e Direção. Também não dá pra descartar as oito indicações de O Jogo da Imitação, ainda mais que seu diretor Morten Tyldum foi indicado a Diretor.

Vale sempre ressaltar que Meryl Streep está de volta! Ela é a super-recordista em termos de indicações no Oscar das categorias de atuação, pois esta é sua 19ª indicação. Ela concorre como coadjuvante por Caminhos da Floresta, mas não é a favorita.

Meryl Streep (Caminhos da Floresta) - photo by elfilm.com

19ª indicação ao Oscar: só pode ser Meryl Streep (Caminhos da Floresta) – photo by elfilm.com

ANÚNCIO DOS INDICADOS

Pra quem não conseguiu acompanhar ao vivo, segue link do YouTube do canal oficial do Oscar:

Pela primeira vez, o anúncio abrangeu todas as 24 categorias e por isso, foi dividido em duas partes. Enquanto os diretores Alfonso Cuarón e J.J. Abrams se encarregaram das categorias mais técnicas, o ator Chris Pine e a presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs, encarregaram-se das categorias principais.

SURPRESAS

Com a ascensão de Sniper Americano, não seria uma mega-surpresa ver o nome de Bradley Cooper na categoria de Ator. Sinceramente, acho que fiquei mais surpreso ao ver a exclusão de Clint Eastwood como Diretor do que a inclusão de Cooper como Ator. Bom, a Academia adora Bradley, tanto que esta é sua terceira indicação consecutiva! Ele concorreu por O Lado Bom da Vida e Trapaça, ambos sob direção de David O. Russell. Muitos críticos afirmam que este é seu melhor trabalho, pois foi o papel que mais exigiu transformação física e psicológica por parte do ator.

Novo filme de Clint Eastwood, Sniper Americano, consegue adentrar na festa da PGA (photo by outnow.ch)

Bradley Cooper por Sniper Americano (photo by outnow.ch)

Fiquei bastante feliz pela inclusão de Marion Cotillard como Melhor Atriz. Ela recebe sua segunda indicação, e a primeira depois de sua vitória em 2008 por Piaf – Um Hino ao Amor, sob direção dos irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, figuras frequentes no Festival de Cannes. Havia forte possibilidade também de ela ser indicada pela interpretação em O Imigrante, de James Gray. A sua inclusão também me agradou pela consequente exclusão de Jennifer Aniston (Cake: Uma Razão Para Viver), que vinha sendo indicada para os principais prêmios como SAG e Globo de Ouro.

Marion Cotillard (Dois Dias, Uma Noite) - photo by outnow.ch

Marion Cotillard (Dois Dias, Uma Noite) – photo by outnow.ch

Apesar de ainda não ter conferido O Ano Mais Violento, novo trabalho da atriz Jessica Chastain, não gostei da sua exclusão para dar lugar à Laura Dern (Livre). Assisti a Livre na última Mostra de Cinema de SP e achei seu papel muito ralo e de importância mais simbólica para a protagonista vivida por Reese Whitherspoon. Havia possibilidade de Rene Russo ser indicada como coadjuvante também, o que me agradaria mais do que Dern, mas a Academia preferiu a formação de dupla indicação para as atrizes de Livre, talvez pelo sucesso de Clube de Compras Dallas do mesmo diretor Jean-Marc Vallée.

Como já citado anteriormente, a inclusão de Bennett Miller foi uma surpresa também, pois depois que ele ganhou o prêmio de Direção no último Festival de Cannes, em maio de 2014, ele pouco frequentou as listas de Melhor Diretor da temporada. Esta é sua segunda indicação ao Oscar – foi indicado por Capote em 2006 – mas como seu filme, Foxcatcher, não foi indicado a Melhor Filme, tem poucas chances de conquistar a estatueta, talvez até menores do que o mais desconhecido norueguês Morten Tyldum, pois O Jogo da Imitação está entre os Melhores Filmes.

Bennett Miller (Foxcatcher)

Bennett Miller (Foxcatcher)

Bacana também lembrar que o documentário sobre o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, O Sal da Terra, foi indicado. Dirigido pelo veterano Wim Wenders com a colaboração do filho de Sebastião, Juliano Ribeiro Salgado, o documentário terá forte concorrência com o favorito CitizenFour (sobre Edward Snowden) e A Fotografia Oculta de Vivian Maier.

Wim Wenders com o fotógrafo Sebastião Salgado (photo by outnow.ch)

Wim Wenders com o fotógrafo Sebastião Salgado (photo by outnow.ch)

Não que se trate exatamente de uma surpresa, mas adorei a indicação do argentino Relatos Selvagens como Melhor Filme em Língua Estrangeira. Apesar do franco-favoritismo do polonês Ida e do russo Leviatã, a presença do argentino representa o cinema latino, e muito bem. Para quem ainda não viu, Relatos Selvagens permanece em cartaz em algumas salas aqui em São Paulo. Imperdível. Particularmente, entre os indicados, considero o russo Leviatã o melhor filme por melhor captar o espírito da Rússia atual de Vladimir Putin de forma inteligente.

Também cito aqui a dupla indicação merecida de Alexandre Desplat na categoria de Trilha Musical Original. Ele concorre por O Grande Hotel Budapeste e O Jogo da Imitação. Estas são suas sétima e oitava indicações ao Oscar sem vitória até o momento. Será que finalmente vai chegar a vez de Desplat? A última vez que um compositor foi indicado por dois filmes no mesmo ano foi em 2006, com John Williams concorrendo por Memórias de uma Gueixa e Munique. Ele perdeu para Gustavo Santaolalla por O Segredo de Brokeback Mountain, ou seja, não é garantia de nada…

AUSÊNCIAS

Acho que se fosse para nomear apenas uma ausência marcante, esta seria a de Jake Gyllenhaal por O Abutre. Tudo bem que o filme é sombrio demais para alguns membros votantes da Academia mais conservadores, mas é inegável o esforço do ator para se transformar nesse paparazzi de tragédias. Como atores que perdem peso costumam ser indicados e até ganhar o Oscar (vide Matthew McConaughey ano passado), acreditava-se que Jake iria tirar de letra esta sua segunda indicação. Felizmente, como prêmio de consolo, seu diretor Dan Gilroy, recebeu sua indicação para Melhor Roteiro Original, mas acho muito pouco para um dos filmes mais comentados de 2014.

Jake Gyllenhaal (O Abutre) - photo by outnow.ch

Jake Gyllenhaal (O Abutre) – photo by outnow.ch

A animação Uma Aventura Lego estava ganhando quase todos os prêmios, exceto o Globo de Ouro, que acabou nas mãos de Como Treinar o seu Dragão 2, então era praticamente certeza sua indicação na categoria. Não foi o que aconteceu e o filme ficou apenas com uma indicação para Melhor Canção Original. Para minha alegria e dos amantes do cinema 2D e nipônico, O Conto da Princesa Kaguya conseguiu seu lugar ao sol, comprovando que a categoria tem forte influência internacional desde seu segundo ano, quando A Viagem de Chihiro ganhou o Oscar. Inconformado com a exclusão de Uma Aventura lego, o diretor Phil Lord postou em seu twitter:

A quase total ausência de Selma pode ser considerada uma surpresa, pois apesar de não terem entregue as cópias para os sindicatos, os responsáveis pela campanha não se esqueceram dos membros da Academia. Contudo, há uma polêmica envolvendo erros históricos envolvendo o então presidente Lyndon B. Johnson, que certamente prejudicou a escalada do filme no Oscar. Resultado final: 2 indicações – Filme e Canção Original. Campanha pífia. Sua diretora Ava DuVernay, que tinha chances de ser tornar a primeira mulher negra na categoria, e o ator David Oyelowo foram ignorados no anúncio dos indicados. Acredito que Selma só conseguiu a indicação de Melhor Filme pela força e influência de Oprah Winfrey, que é produtora do longa.

Mal as indicações saíram do forno e já estou vendo algumas manifestações na internet de racismo e falta de diversidade por parte da Academia, como as de Brent Lang (http://variety.com/2015/film/news/oscar-nomination-selma-snub-diversity-1201405804/). Só porque os membros decidiram não votar para a diretora Ava DuVernay, muita gente já acredita que se trata de racismo. Peraí! Vamos com calma. Se até Clint Eastwood, que é um dos melhores diretores da atualidade não está na lista, por que DuVernay não pode ficar de fora também? Eu tinha postado aqui anteriormente que achava que a Academia não perderia a oportunidade de fazer história ao indicar a primeira afro-americana na categoria de Direção, mas se não foi desta vez, e ela manter o bom trabalho, tenho certeza de que ela será reconhecida dentro de poucos anos. O fato de David Oyelowo não estar na lista também não indica racismo; talvez os votantes não gostaram da atuação dele e do sotaque britânico-americanizado dele para viver o líder Martin Luther King. E daí que não houve negros indicados? Não teve nenhum asiático (como o Miyavi por exemplo, por Invencível) e não estou aqui reclamando da minha “cota asiática”. A Academia tem uma história bonita com a raça negra. Como George Clooney ressaltou em seu discurso de agradecimento por Syriana – A Indústria do Petróleo em 2006, a Academia deu o Oscar para Hattie McDaniel por …E o Vento Levou em 1940, quando negros se sentavam nos fundos dos cinemas! Enfim… acho muita tempestade em copo d’água, ainda mais em se tratando de uma Arte, que não enxerga raça, cor, sexo e religião. Aliás, a exclusão de Angelina Jolie (Invencível) como diretora no Oscar caminha na mesma direção. Poxa, é apenas o segundo filme dirigido por ela! Vamos com calma que ela tem muito a evoluir também. Não dá pra ignorar também que Angelina tem muitos críticos como o produtor Scott Rudin que a chamou de “minimamente talentosa” naqueles e-mails vazados da Sony por hackers.

Confira os indicados ao Oscar 2015:

MELHOR FILME
* Sniper Americano (American Sniper)
* Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) (Birdman)
* Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)
* O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel)
* O Jogo da Imitação (The Imitation Game)
* Selma (Selma)
* A Teoria de Tudo (The Theory of Everything)
* Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash)

MELHOR DIRETOR
* Wes Anderson (O Grande Hotel Budapeste)
* Alejandro González Iñárritu (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
* Bennett Miller (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
* Morten Tyldum (O Jogo da Imitação)

MELHOR ATOR
* Steve Carell (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
* Bradley Cooper (Sniper Americano)
* Benedict Cumberbatch (O Jogo da Imitação)
* Michael Keaton (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)

MELHOR ATRIZ
* Marion Cotillard (Dois Dias, Uma Noite)
* Felicity Jones (A Teoria de Tudo)
* Julianne Moore (Para Sempre Alice)
* Rosamund Pike (Garota Exemplar)
* Reese Witherspoon (Livre)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
* Robert Duvall (O Juiz)
* Ethan Hawke (Boyhood: Da Infância à Juventude)
* Edward Norton (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Mark Ruffalo (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
* J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
* Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude)
* Laura Dern (Livre)
* Keira Knightley (O Jogo da Imitação)
* Emma Stone (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Meryl Streep (Caminhos da Floresta)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
* Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris, Armando Bo (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
* E. Max Frye, Dan Futterman (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
* Wes Anderson, Hugo Guinness (O Grande Hotel Budapeste)
* Dan Gilroy (O Abutre)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
* Jason Hall (Sniper Americano)
* Paul Thomas Anderson (Vício Inerente)
* Graham Moore (O Jogo da Imitação)
* Anthony McCarten (A Teoria de Tudo)
* Damien Chazelle (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHOR FOTOGRAFIA
* Emmanuel Lubezki (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Robert D. Yeoman (O Grande Hotel Budapeste)
* Lukasz Zal, Ryszard Lenczewski (Ida)
* Dick Pope (Sr. Turner)
* Roger Deakins (Invencível)

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
* Adam Stockhausen e Anna Pinnock (O Grande Hotel Budapeste)
* Maria Djurkovic e Tatiana Macdonald (O Jogo da Imitação)
* Nathan Crowley e Gary Fettis (Interestelar)
* Dennis Gassner e Anna Pinnock (Caminhos da Floresta)
* Suzie Davies e Charlotte Watts (Sr. Turner)

MELHOR MONTAGEM
* Joel Cox e Gary D. Roach (Sniper Americano)
* Sandra Adair (Boyhood: Da Infância à Juventude)
* William Goldenberg (O Jogo da Imitação)
* Barney Pilling (O Grande Hotel Budapeste)
* Tom Cross (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHOR FIGURINO
* Milena Canonero (O Grande Hotel Budapeste)
* Mark Bridges (Vício Inerente)
* Colleen Atwood (Caminhos da Floresta)
* Anna B. Sheppard (Malévola)
* Jacqueline Durran (Sr. Turner)

MELHOR MAQUIAGEM E CABELO
* Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo
* O Grande Hotel Budapeste
* Guardiões da Galáxia

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
* Alexandre Desplat (O Grande Hotel Budapeste)
* Alexandre Desplat (O Jogo da Imitação)
* Jóhann Jóhannsson (A Teoria de Tudo)
* Gary Yershon (Sr. Turner)
* Hans Zimmer (Interestelar)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
* “Everything is Awesome”, de Shawn Patterson (Uma Aventura Lego)
* “Glory”, de John Stephens e Lonnie Lynn (Selma)
* “Grateful”, de Diane Warren (Beyond the Lights)
* “I’m Not Gonna Miss You”, de Glen Campbell e Julian Raymond (Glen Campbell… I’ll Be Me)
* “Lost Stars”, de Gregg Alexander e Danielle Brisebois (Mesmo Se Nada Der Certo)

MELHOR SOM
* John Reitz, Gregg Rudloff e Walt Martin (Sniper Americano)
* Jon Taylor, Frank A. Montaño e Thomas Varga (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
* Gary A. Rizzo, Gregg Landaker e Mark Weingarten (Interestelar)
* Jon Taylor, Frank A. Montaño e David Lee (Invencível)
* Craig Mann, Ben Wilkins e Thomas Curley (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHORES EFEITOS SONOROS
* Alan Robert Murray e Bub Asman (Sniper Americano)
* Martin Hernández e Aaron Glascock (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))
* Brent Burge e Jason Canovas (O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos)
* Richard King (Interestelar)
* Becky Sullivan e Andrew DeCristofaro (Invencível)

MELHORES EFEITOS VISUAIS
* Capitão América: O Soldado Invernal
* Planeta dos Macacos: O Confronto
* Guardiões da Galáxia
* Interestelar
* X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
* Ida, de Pawel Pawlikowski (POLÔNIA)
* Leviatã, de Andrey Zvyagintsev (RÚSSIA)
* Tangerines, de Zaza Urushadze (ESTÔNIA)
* Timbuktu, de Abderrahmane Sissako (MAURITÂNIA)
* Relatos Selvagens, de Damián Szifrón (ARGENTINA)

MELHOR ANIMAÇÃO
* Operação Big Hero
* Os Boxtrolls
* Como Treinar o seu Dragão 2
* The Song of the Sea
* O Conto da Princesa Kaguya

MELHOR DOCUMENTÁRIO
* CitizenFour
* A Fotografia Oculta de Vivian Maier
* Last Days in Vietnam
* O Sal da Terra
* Virunga

MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA
* Crisis Hotline: Veterans Press 1
* Joanna
* Our Curse
* The Reaper (La Parka)
* White Earth

MELHOR CURTA-METRAGEM
* Aya
* Boogaloo and Graham
* Butter Lamp (La Lampe au Beurre de Yak)
* Parvaneh
* The Phone Call

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
* The Bigger Picture
* The Dam Keeper
* O Banquete (Feast)
* Me and My Moulton
* A Single Life

A cerimônia do Oscar 2015 acontece no dia 22 de fevereiro, com transmissão ao vivo pelo canal pago TNT.

Nove filmes concorrem às cinco indicações de Melhor Filme em Língua Estrangeira no Oscar 2015

ACADEMIA ELIMINA 74 PRODUÇÕES, ENTRE ELAS A DO BRASIL

A Academia decidiu adiantar a lista de pré-selecionados de Filmes em Língua Estrangeira este ano de janeiro para dezembro. Assim, dos 83 filmes inscritos, restaram apenas 9 produções para concorrer a 5 indicações. E mais uma vez, o sonho acabou para o Brasil: Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, de Daniel Ribeiro, está fora da disputa pelo Oscar. Embora tenha conquistado os prêmios FIPRESCI e Teddy Bear no último Festival de Berlim, não teve força entre os críticos americanos para alavancar sua campanha. Particularmente, considero o filme honesto, com o frescor de filme de estréia, mas confesso que me incomodei um pouco com a abordagem universitária. A última vez que o Brasil esteve na short-list foi em 2007 com O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias. Já entre os indicados, faz um pouco mais de tempo: em 1999, com Central do Brasil.

A short-list deste ano tem os seguintes filmes:

Accused (Lucia de B.), de Paula van der Oest – HOLANDA
Força Maior (Turist), de Ruben Ostlünd – SUÉCIA
Ida (Ida), de Pawel Pawlikowski – POLÔNIA
A Ilha dos Milharais (Simindis Kundzuli), de George Ovashvili – GEÓRGIA
Leviatã (Leviafan), de Andrey Zvyagintsev – RÚSSIA
Libertador, de Alberto Arvelo – VENEZUELA
Relatos Selvagens (Relatos Salvajes), de Damián Szifrón – ARGENTINA
Tangerines (Mandariinid), de Zaza Urushadze – ESTÔNIA
Timbuktu, de Abderrahmane Sissako – MAURITÂNIA

O grande favorito da lista é o polonês Ida, mas não tanto por seus méritos artísticos, mas pela temática da Segunda Guerra Mundial e o anti-semitismo que os votantes da Academia não cansam de premiar. Assisti ao filme de Pawel Pawlikowski ontem e realmente existem qualidades técnicas indiscutíveis como a bela fotografia PB, os enquadramentos que parecem esconder alguma coisa e a montagem elíptica, que dá uma quebrada na monotonia, mas não deixa de ser um filme acadêmico que pode cair no esquecimento. Aí quando olharmos os vencedores do Oscar daqui a 20 anos, vamos falar: “Putz, que filme é esse? Ah, aquele que bateu o argentino Relatos Selvagens!”

O polonês Ida, de Pawel Pawlikowski. Temática judia leva vantagem automática. (photo by outnow.ch)

O polonês Ida, de Pawel Pawlikowski. Temática judia leva vantagem automática. (photo by outnow.ch)

Falando nisso, a inclusão do filme argentino Relatos Selvagens é mais uma prova de que o cinema argentino não vive apenas uma onda como o cinema brasileiro. Os cineastas argentinos sabem escrever e filmar com maestria. Já no Brasil, tirando poucos profissionais, o cinema parece regredir para os anos 80 e 90, quando as comédias pastelões reinavam. Relatos Selvagens é a união de histórias curtas de personagens em situações-limite de selvageria, apresentando diálogos impagáveis e personagens bem delineados, mas sem soar piegas. Se indicado, a América do Sul estará bem representada no Oscar 2015. Claro que ainda tem o representante da Venezuela, Libertador, mas não acredito que chegará ao tapete vermelho.

Também pude conferir mais dois filmes da lista: o sueco Força Maior e o russo Leviatã, graças à Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Apesar de Força Maior não apresentar elementos de guerra, oferece a desintegração de uma família a partir de uma avalanche nos alpes através de uma abordagem diferenciada que só o cinema sueco poderia criar. Trata-se de uma comédia de humor negro que não é para todos os paladares, mas merece o destaque que vem recebendo pela crítica à desvalorização da família. Curiosamente, Leviatã também apresenta uma veia de humor negro que ataca a política russa em cheio, ao mesmo tempo em que critica a Igreja através de uma releitura bíblica. O filme concorreu à Palma de Ouro e saiu merecidamente com o prêmio de Roteiro em Cannes. Pra mim, se Leviatã ou Relatos Selvagens ganhar, faço as pazes com os votantes idosos da Academia.

Roman Madyanov como o hilário prefeito em Leviatã (photo by outnow.ch)

Roman Madyanov como o hilário prefeito em Leviatã (photo by outnow.ch)

Os demais selecionados apresentam aquela gama de assuntos que costuma frequentar a categoria: guerra e suas consequências (Em Tangerines, um homem procura manter sua coleta de tangerinas em meio à guerra da Geórgia nos anos 90; em Timbuktu, acompanhamos a ocupação da cidade de Tombuctu pelos rebeldes militantes islâmicos; e em Libertador, vemos as batalhas de Simon Bolivar na América do Sul. Édgar Ramírez interpreta o líder), hábitos de terras distantes (Em A Ilha dos Milharais, o ciclo do rio mostra sua força) e temas ligeiramente polêmicos (no thriller psicológico holandês Accused, baseado em caso verídico, uma enfermeira é acusada de assassinar sete bebês e pacientes idosos no hospital).

Já entre os excluídos dos 83 filmes, as ausências mais sentidas foram do belga Dois Dias, Uma Noite, dos irmãos Dardenne, o turco Winter Sleep, de Nuri Bilge Ceylan, e o canadense Mommy, de Xavier Dolan.

Vale lembrar que Ida, Leviatã, Força Maior e Tangerines foram indicados ao Globo de Ouro. Baseado nisso, meu palpite para os indicados ao Oscar é o seguinte:

– Força Maior
– Ida
– Leviatã
– Relatos Selvagens
– Tangerines

As indicações ao Oscar 2015 serã anunciadas no dia 15 de janeiro, e a cerimônia acontece no dia 22 de fevereiro.

‘Hoje Eu Quero Voltar Sozinho’ representará o Brasil no Oscar 2015

Pôster nacional de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (photo by jornalpontoinicial.com.br)

Pôster nacional de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (photo by jornalpontoinicial.com.br)

LONGA DE ESTRÉIA DE DANIEL RIBEIRO BATE CINEASTAS EXPERIENTES

Nesta última quinta-feira, dia 18/09, o Ministério da Cultura (MinC) anunciou o representante do Brasil no Oscar 2015 na categoria Melhor Filme em Língua Estrangeira. O primeiro longa-metragem do jovem Daniel Ribeiro, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, bateu outras 17 produções nacionais e tentará conquistar uma das cinco vagas finalistas a serem anunciadas no dia 15 de janeiro.


Vídeo extraído de canal ministeriodacultura do Youtube

A comissão especial responsável pela decisão era composta por Jefferson De (diretor, produtor e roteirista), Luis Erlanger (jornalista), Sylvia Regina Bahiense Naves (coordenadora-geral de Desenvolvimento Sustentável do Audiovisual da Secretaria do Audiovisual do MinC), Orlando de Salles Senna (presidente do conselho da Televisão América Latina) e George Torquato Firmeza (ministro do Departamento Cultural do Minstério das Relações Exteriores). Eles tiveram a tarefa de selecionar apenas um filme entre os seguintes:

A Grande Vitória, de Stefano Capuzzi
A Oeste do Fim do Mundo, de Paulo Nascimento
Amazônia, de Thierry Ragobert
Dominguinhos, de Eduardo Nazarian, Joaquim Castro e Mariana Aydar
Entre Nós, de Paulo Morelli
Exercício do Caos, de Frederico Caos
Getúlio, de João Jardim
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, de Daniel Ribeiro
Jogo de Xadrez, de Luís Antônio Pereira
Minhocas, de Paolo Conti e Arthur Nunes
Não Pare na Pista: A Melhor História de Paulo Coelho, de Daniel Augusto
O Homem das Multidões, de Marcelo Gomes e Cao Guimarães
O Lobo atrás da Porta, de Fernambo Coimbra
O Menino e o Mundo, de Alê Abreu
O Menino no Espelho, de Guilherme Fiúza Zenha
Praia do Futuro, de Karim Aïnouz
Serra Pelada, de Heitor Dhalia
Tatuagem, de Hilton Lacerda

Confesso que estava receoso de que o MinC optaria por uma das produções da Globo Filmes (Getúlio, Minhocas, Entre Nós ou Serra Pelada) simplesmente pelo nome e poder de publicidade da produtora, mas felizmente, assim como ocorreu no ano passado, a comissão soube escolher com coerência. Hoje Eu Quero Voltar Sozinho marcou presença no último Festival de Berlim, de onde conquistou o FIPRESCI award (concedido pela federação de crítica internacional) e o Teddy Bear, uma espécie de Urso de Ouro para filmes com temática LGBT. Vale destacar que também ganhou prêmios do público em festivais como o L.A. Outfest (EUA) e o Festival de Guadalajara (México).

O filme, que ganhou o título internacional The Way He Looks, acompanha o amadurecimento do jovem estudante cego Leonardo (Ghilherme Lobo) a partir da chegada de um novo colega de classe, Gabriel, enquanto tenta lidar com a superproteção dos pais. O diretor Daniel Ribeiro procura evitar cenas clichês sobre homossexualismo, deixando os sentimentos se desenvolverem naturalmente e sem pressa. Curiosamente, a produção se baseia no curta-metragem de título semelhante (Eu Não Quero Voltar Sozinho) do mesmo diretor e com os mesmos atores centrais nos mesmos papéis, lançado em 2010.

Da esquerda para a direita: os atores (photo by berlinda.org)

Da esquerda para a direita: os atores Fabio Audi, Tess Amorim e Ghilherme Lobo (photo by berlinda.org)

A ministra da Cultura, Marta Suplicy, elogiou a escolha do júri e defendeu o selecionado: “… uma produção de linguagem universal, aberta à compreensão e a conexão com os mais diversos públicos”. Se no ano anterior, a aposta era na temática da insegurança em O Som ao Redor, este ano, a universalidade do tema homossexual na adolescência pode ser uma boa alternativa para que o Brasil consiga finalmente sua 5ª indicação na categoria. As demais foram: O Pagador de Promessas (em 1963), O Quatrilho (1996), O Que é Isso, Companheiro? (1998) e Central do Brasil (1999).

A Ministra da Cultura Marta Suplicy (aquela do "relaxa e goza!") com membros da comissão durante anúncio do Oscar (photo by Thaís Mallon em www.cultura.gov.br)

A Ministra da Cultura Marta Suplicy (aquela do “relaxa e goza!”) com membros da comissão durante anúncio do Oscar (photo by Thaís Mallon em http://www.cultura.gov.br)

SEXO E A POLÍTICA

Em tempos em que a política brasileira tenta intervir demais na sexualidade de jovens, nada mais propício que a sexóloga  e ministra Marta Suplicy (PT) anuncie um filme de temática homossexual como vencedor. Sempre  ligada aos eventos como a Parada Gay de São Paulo, ela defendeu o uso do “kit gay”, que contém material informativo sobre homossexualismo em vídeos e livros como “Homem Brinca de Boneca?”, de Marcos Ribeiro, para crianças de 6 anos em escolas públicas. Em 2012, a medida polêmica foi veementemente criticada por colegas de profissão como o deputado Jair Bolsonaro (PP), gerando um conflito sem solução.

É triste ver que a sexualidade se tornou apenas uma pauta dos programas de governo de candidatos. Marina Silva, do PSB, por exemplo, vinha defendendo o casamento gay, mas para obter apoio da Igreja Evangélica, teve que recuar e dizer “Casamento é entre pessoas de sexo diferente”. Além disso, retirou uma proposta que criminalizaria a homofobia no Brasil. Tal mudança foi elogiada pelo pastor Silas Malafaia, da Assembléia de Deus: “O ativismo gay está irado com Marina! Começo a ficar satisfeito! Valeu a pressão de todos. Não estamos aqui pra engolir agenda gay.”

A política retrógrada brasileira busca rotular por gênero, sexo e cor simplesmente para obter votos. Uma das piores medidas do governo petista foi a criação das cotas raciais para universidades, o que apenas atesta que para eles o negro não tem capacidade de conquistar sua própria vaga nas universidades.

CONCORRÊNCIA NO OSCAR 2015

Havia uma expectativa de que o representante brasileiro pudesse concorrer com outro filme LGBT: o francês Azul é a Cor Mais Quente, de Abdellatif Kechiche. Fora da disputa no Oscar deste ano por ter sido lançado na França fora do prazo estipulado, o filme que aborda o relacionamento lésbico entre duas jovens foi recentemente abandonado pela comissão francesa, que preferiu lançar Saint Laurent, de Bertrand Bonello. Curiosamente, a produção que centra no universo da moda e na vida do estilista Yves Saint Laurent, também tem Léa Seydoux no elenco.

Saint Laurent, de Bertrand Bonello (photo by outnow.ch)

Helmut Berger em cena de Saint Laurent, de Bertrand Bonello (photo by outnow.ch)

Até o momento, a lista de representantes estrangeiros no Oscar 2015 está assim:

  • AFEGANISTÃO: A Few Cubic Meters of Love
    Dir: Jamshid Mahmoudi
  • ALEMANHA: Beloved Sisters
    Dir: Dominik Graf
  • ARGENTINA: Relatos Selvagens (Relatos Salvajes)
    Dir: Damián Szifrón
  • AUSTRÁLIA: Charlie’s Country
    Dir: Rolf de Heer
  • ÁUSTRIA: The Dark Valley
    Dir: Andreas Prochaska
  • AZERBAIJÃO: Nabat
    Dir: Elchin Musaoglu
  • BANGLADESH: Glow of the Firefly
    Dir: Khlaid Mahmood Mithu
  • BÉLGICA: Two Days, One Night
    Dir: Jean-Pierre e Luc Dardenne
  • BOLÍVIA: Forgotten
    Dir: Carlos Bolado
  • BÓSNIA HERZEGOVINA: With Mom
    Dir: Faruk Loncarevic
  • BRASIL: Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
    Dir: Daniel Ribeiro
  • BULGÁRIA: Bulgarian Rhapsody
    Dir: Ivan Nitchev
  • CANADÁ: Mommy
    Dir: Xavier Dolan
  • CHILE: Matar um Homem
    Dir: Alejandro Fernández Almendras
  • CHINA: The Nightingale
    Dir: Philippe Muyl
  • COLÔMBIA: Mateo
    Dir: Maria Gamboa
  • CORÉIA DO SUL: Sea Fog
    Dir: Sung Bo Shim
  • COSTA RICA: Red Princesses
    Dir: Laura Astorga
  • CROÁCIA: Cowboys
    Dir: Tomislav Mrsic
  • CUBA: Conducta
    Dir: Ernesto Daranas
  • DINAMARCA: Sorrow and Joy
    Dir: Nils Malmros
  • EQUADOR: Silence in Dreamland
    Dir: Tito Molina
  • ESLOVÁQUIA: A Step Into the Dark
    Dir: Miloslav Luther
  • ESLOVÊNIA: Seduce Me
    Dir: Marko Santic
  • ESPANHA: Living is Easy with Eyes Closed
    Dir: David Trueba
  • ESTÔNIA: Tangerines
    Dir: Zaza Urushadze
  • ETIÓPIA: Difret
    Dir: Zeresenay Berhane Mehari
  • FILIPINAS: Norte, the End of History
    Dir: Lav Diaz
  • FINLÂNDIA: Concrete Night
    Dir: Pirjo Honkasalo
  • FRANÇA: Saint Laurent
    Dir: Bertrand Bonello
  • GEORGIA: Corn Island
    Dir: Giorgi Ovashvili
  • GRÉCIA: Little England
    Dir: Pantelis Voulgaris
  • HOLANDA: Accused
    Dir: Paula van der Oest
  • HONG KONG: The Golden Era
    Dir: Ann Hui
  • HUNGRIA: White God
    Dir: Kornél Mundruczó
  • ÍNDIA: Liar’s Dice
    Dir: Gheetu Mohandas
  • INDONÉSIA: Soekarno
    Dir: Hanung Bramantyo
  • IRÃ: Today
    Dir: Reza Mir-Karimi
  • IRAQUE: Mardan
    Dir: Batin Ghobadi
  • IRLANDA: The Gift
    Dir: Tommy Collins
  • ISLÂNDIA: Life in a Fishbowl
    Dir: Baldvin Zophoníasson
  • ISRAEL: Gett: The Trial of Viviane Amsalem
    Dir: Ronit Elkabetz, Shlomi Elkabetz
  • ITÁLIA: Human Capital
    Dir: Paolo Virzi
  • JAPÃO: The Light Shines Only There
    Dir: Mipo Oh
  • KOSOVO: Three Windows and a Hanging
    Dir: Isa Qosja
  • MACEDÔNIA: To the Hilt
    Dir: Stole Popov
  • LETÔNIA: Rocks in My Pockets
    Dir: Signe Baumane
  • LÍBANO: Ghadi
    Dir: Amin Dora
  • LITUÂNIA: The Gambler
    Dir: Ignas Jonynas
  • LUXEMBURGO: Never Die Young
    Dir: Pol Cruchten
  • MARROCOS: The Red Moon
    Dir: Hassan Benjelloun
  • MAURITÂNIA: Timbuktu
    Dir: Abderrahmane Sissako
  • MÉXICO: Cantinflas
    Dir: Sebastian del Amo
  • MOLDÁVIA: The Unsaved
    Dir: Igor Cobileanski
  • MONTENEGRO: The Boys from Marx and Engels Street
    Dir: Nikoa Vukcevic
  • NEPAL: Jhola
    Dir: Yadavkumar Bhattarai
  • NORUEGA: 1001 grams
    Dir: Bent Hamer
  • NOVA ZELÂNDIA: The Dead Lands
    Dir: Toa Fraser
  • PALESTINA: Eyes of a Thief
    Dir: Najwa Najjar
  • PANAMÁ: Invasion
    Dir: Abner Benaim
  • PAQUISTÃO: Dukhtar
    Dir: Afia Nathaniel
  • PERU: The Gospel of the Flesh
    Dir: Eduardo Mendoza de Echave
  • POLÔNIA: Ida
    Dir: Pawel Pawlikowski
  • PORTUGAL: E Agora? Lembra-me
    Dir: Joaquim Pinto
  • QUIRGUISTÃO: Kurmanjan Datka: Queen of the Mountains
    Dir: Sadyk Sher-Niyaz
  • REINO UNIDO: Little Happiness
    Dir: Nihat Seven
  • REPÚBLICA DOMINICANA: Cristo Rey
    Dir: Leticia Tonos
  • REPÚBLICA TCHECA: Fair Play
    Dir: Andrea Sedlackova
  • ROMÊNIA: The Japanese Dog
    Dir: Tudor Cristian Jurgiu
  • RÚSSIA: Leviatã (Leviathan)
    Dir: Andrey Zvyagintsev
  • SÉRVIA: See You in Montevideo
    Dir: Dragan Bjelogrlic
  • SINGAPURA: My Beloved Dearest
    Dir: Sanif Olek
  • SUÉCIA: Força Maior (Force Majeure)
    Dir: Ruben Ostlund
  • SUÍÇA: The Circle
    Dir: Stefan Haupt
  • TAILÂNDIA: Teacher’s Diary
    Dir: Nithiwat Tharathorn
  • TAIWAN: Ice Poison
    Dir: Midi Z
  • TURQUIA: Winter Sleep
    Dir: Nuri Bilge Ceylan
  • UCRÂNIA: The Guide
    Dir: Oles Sanin
  • URUGUAI: Mr. Kaplan
    Dir: Álvaro Brechner
  • VENEZUELA: Libertador
    Dir: Alberto Arvelo
Cena de Winter Sleep (photo by outnow.ch)

Um dos favoritos até o momento: o turco Winter Sleep, que venceu a Palma de Ouro 2014 (photo by outnow.ch)

Por enquanto, o turco Winter Sleep, que venceu a Palma de Ouro em Cannes este ano, larga na frente. Logo atrás, o canadense Mommy, que estava entre os indicados de Cannes, ganha notoriedade por seu jovem diretor Xavier Dolan, de 25 anos. Embora contenha elementos que afastam os votantes idosos da Academia como trilha musical bem pop com Dido e Counting Crows, a profundidade emocional extraída de seus atores pode ser um diferencial nesta disputa tão acirrada por uma vaga no Oscar. Existe ainda a possibilidade (mesmo que remota) da atriz de Mommy, Anne Dorval, participar de um burburinho na categoria de atriz. Também não é possível esquecer os irmãos belgas Dardenne. Embora Two Days, One Night não tenha conquistado prêmio algum em Cannes, ainda tem o poder de emocionar os votantes.

Anne Dorval em cena do canadense Mommy, de Xavier Dolan (photo by outnow.ch)

Anne Dorval em cena do canadense Mommy, de Xavier Dolan (photo by outnow.ch)

Entretanto, para alguns especialistas no gosto dos votantes do Oscar, o representante polonês tem ampla vantagem. Protagonizado por uma freira judia, Ida desenterra segredos do passado dela durante o Holocausto. Imagina se a maioria votante composta por judeus vai gostar?! Tudo que estiver relacionado à 2ª Guerra Mundial e/ou envolver judeus já contará com algum favoritismo. Prova disso é o último filme do Brasil a alcançar à semi-final: O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, que apresenta personagens da comunidade judaica em São Paulo. Sempre fui contra as regras da Academia em relação à esta categoria, pois praticamente limita os votos para idosos judeus, os únicos que conseguem assistir a todos os concorrentes em sessões vespertinas. Quando teremos um presidente da Academia que reformule tais regras arcaicas? Enfim, a Polônia tem sua chance de ouro, pois já foi indicada oito vezes ao Oscar de Filme Estrangeiro e nunca levou.

O polonês Ida, de Pawel Pawlikowski. Temática judia leva vantagem automática. (photo by outnow.ch)

O polonês Ida, de Pawel Pawlikowski. Temática judia leva vantagem automática. (photo by outnow.ch)

Outra nação que vive batendo na trave é o México, com as mesmas oito indicações. A última vez que concorreu foi em 2011 com Biutiful, de Alejandro González Iñárritu, que também já disputara com Amores Brutos em 2001. Este ano, o representante Cantiflas, de Sebastian del Amo, conta com o apoio da ótima bilheteria em solo americano de 6 milhões de dólares e por se tratar da vida do ator mexicano homônimo, que trabalhou ao lado de David Niven no clássico A Volta ao Mundo em Oitenta Dias, que faturou o Oscar de Melhor Filme em 1957.

Antes das indicações ao Oscar, haverá um corte para 9 semi-finalistas em janeiro. A 87ª cerimônia do Oscar acontecerá no dia 22 de fevereiro de 2015.

Indicados à Palma de Ouro de Cannes 2014

Marcello Mastroianni em pôster oficial do Festival de Cannes (photo by http://www.filmindustrynetwork.biz/cannes-film-festival-gives-homage-italian-actor/23599)

Marcello Mastroianni em pôster oficial do Festival de Cannes (photo by http://www.filmindustrynetwork.biz/cannes-film-festival-gives-homage-italian-actor/23599)

FESTIVAL CONSEGUE BOM EQUILÍBRIO ENTRE LENDAS COMO JEAN-LUC GODARD E JOVENS CINEASTAS COMO ALICE ROHRWACHER

Com o anúncio dos filmes indicados à Palma de Ouro, o 67º Festival de Cannes oficialmente começa sua corrida. Como feito no ano passado, quando os atores Paul Newman e Joanne Woodward estamparam o pôster do evento, este ano outra lenda do cinema empresta sua imagem: o ator italiano Marcello Mastroianni. Vencedor do prêmio de interpretação masculina duas vezes por Ciúme à Italiana (1970) e Olhos Negros (1987), ele ficou mundialmente conhecido por sua parceria com o diretor Federico Fellini em produções como A Doce Vida e 8½.

Jane Campion (photo by festival-cannes.fr)

Jane Campion (photo by festival-cannes.fr)

Para presidir o júri, os organizadores do festival chamaram a cineasta neozelandesa Jane Campion, a única mulher a conquistar a Palma de Ouro com O Piano em 1993. Ela também conseguiu a proeza de ganhar a Palma de Ouro de Melhor Curta com An Exercise in Discipline – Peel em 1986. Entre outros filmes, Campion dirigiu Retratos de uma Mulher (1996), Fogo Sagrado! (1999), O Brilho de uma Paixão (2009) e recentemente dirigiu episódios da minissérie Top of the Lake.

Quanto à seleção oficial, o destaque fica para a presença da trinca de cinestas canadenses: David Cronenberg, Atom Egoyan e Xavier Dolan. Nenhum deles ganhou o prêmio máximo de Cannes, então esta pode ser uma oportunidade única. Mais conhecido por suas bizarrices dos anos 80 e 90 como A Mosca, ExistenZ e Crash – Estranhos Prazeres, Cronenberg vem buscando um amadurecimento de seu trabalho desde Marcas da Violência (2005), quando ele passou a priorizar uma economia de linguagem ou o famoso “menos é mais”. Particularmente, considero seus filmes indispensáveis, seja das décadas anteriores como os mais recentes, porque ele está sempre em busca de algo inovador, independente do resultado final. Espero que seu novo trabalho, Maps to the Stars, seja bem recebido em Cannes e que ele consiga um lugar na premiação.

À direita, David Cronenberg dirige Olivia Williams no set de Map to the Stars. Ao lado dele, o ator John Cusack. (photo by outnow.ch)

À direita, David Cronenberg dirige Olivia Williams no set de Maps to the Stars. Ao lado dele, o ator John Cusack. (photo by outnow.ch)

Seu conterrâneo, Atom Egoyan, já bateu na trave quando seu O Doce Amanhã faturou o Grande Prêmio do Júri em 1997. Ele já concorreu vezes à Palma, e esta é sua sexta chance com The Captive, um drama sobre seqüestro estrelado por Ryan Reynolds, Rosario Dawson e Bruce Greenwood. Curiosamente, Egoyan vai na cola de outro diretor canadense Denis Villeneuve, que dirigiu uma história de seqüestro em Os Suspeitos. E, aos 25 anos de idade, Xavier Dolan volta à Cannes pela quarta vez, mas a primeira em que concorre à Palma com seu drama de relacionamento Mommy.

Em se tratando de Cannes, obviamente os cineastas consagrados têm as melhores chances. Este ano, temos a ilustre presença de um dos maiores diretores de todos os tempos: Jean-Luc Godard. Ao contrário da onda comercial, Godard explora a linguagem do 3D em seu novo Goodbye to Language. Acredito que o diretor francês deverá ir além da profundidade de campo do uso tridimensional como fez alguns diretores renomados como Martin Scorsese. Aos 83 anos, Godard ainda atua como um incansável experimentalista. Seu filme anterior, Filme Socialismo, combina inúmeras idiomas em inúmeras conversações, usando várias linguagens em vários locais de filmagem. Ele foi indicado seis vezes, mas nunca ganhou em Cannes.

Já os laureados previamente Ken Loach, Mike Leigh e os irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne voltam a concorrer. Loach, vencedor por Ventos da Liberdade em 2006, traz uma espécie de biografia do líder comunista irlandês James Gralton em Jimmy’s Hall, enquanto Mike Leigh, vencedor por Segredos e Mentiras (1996), trata da vida do pintor J.M.W. Turner do século XIX. Ele retoma sua parceria com os atores Timothy Spall e Lesley Manville.Considerados sempre favoritos, os irmãos belgas Dardenne exploram temática trabalhista no drama Two Days, One Night, com uma ótima candidata a Melhor Atriz, Marion Cotillard. Os diretores já venceram a Palma de Ouro duas vezes: em 1999 com Rosetta, e em 2005 por A Criança.

CELEBRIDADES NA CROISETTE

Elogiado por seu equilíbrio entre cinema de autor e comercial pela presidente do júri, Jane Campion, o Festival de Cannes não poderia dispensar a presença de algumas celebridades no glamoroso tapete vermelho da Croisette. Pelo novo filme dirigido pelo ator Tommy Lee Jones, a atriz vencedora de dois Oscars, Hilary Swank, deve marcar presença por The Homesman, um western sobre a escota de três criminosas. Além dela, outros atores que participaram do filme podem visitar o festival como Meryl Streep, James Spader, John Lithgow e Miranda Otto.

Tommy Lee Jones e Hilary Swank em cena de The Homesman (photo by cine.gr)

Tommy Lee Jones e Hilary Swank em cena de The Homesman (photo by cine.gr)

Foxcatcher, novo filme de Bennett Miller, diretor de Capote e O Homem que Mudou o Jogo, também pode chamar seus atores para o tapete vermelho. Além do jovem promissor Channing Tatum, os atores Steve Carell e Mark Ruffalo devem comparecer para prestigiar o trabalho. Curiosamente, o filme estava previsto para estrear no final de 2013 a fim de concorrer às indicações ao Oscar, mas o estúdio responsável preferiu adiar o lançamento, pois considerava a competição acirrada demais. Antes dessa mudança, Ruffallo e Carell estavam bem cotados para indicações de coadjuvante no prêmio da Academia. Foxcatcher reconstrói o período em que ocorreu o assassinato do campeão olímpico Dave Schultz.

Channing Tatum e Mark Ruffallo trabalham no novo filme de Bennett Miller (photo by outnow.ch)

Channing Tatum e Mark Ruffallo trabalham no novo filme de Bennett Miller (photo by outnow.ch)

Embora não se trate de uma produção hollywoodiana, Clouds of Sils Maria, do diretor Olivier Assayas, também trará artistas famosos: vencedora do Oscar por O Paciente Inglês, a francesa Juliette Binoche, sempre figura como favorita nas premiações, e a jovem Chloë Grace Moretz, que recentemente estrelou a refilmagem de Carrie, a Estranha. Vale ressaltar que Kristen Stewart, da cinessérie Saga Crepúsculo, poderá comparecer e acabar cruzando com seu ex, o ator Robert Pattison, que está no filme de David Cronenberg.

Da esquerda pra direita: Brady Corbet, Chloe Grace Moretz e Juliette Binoche em cena de Clouds of Sil Maria (photo by cine.gr)

Da esquerda pra direita: Brady Corbet, Chloë Grace Moretz e Juliette Binoche em cena de Clouds of Sils Maria (photo by cine.gr)

Vencedor do Oscar pelo adorado O Artista, o diretor francês Michel Hazanavicius volta a dirigir e decidiu optar por uma refilmagem de Perdidos na Tormenta (The Search), de Fred Zinnemann. A trama envolve a curiosa relação entre uma trabalhadora de uma ONG e um menino de uma devastada pela guerra Chechênia. Além de sua esposa, a atriz Bérénice Bejo, o filme também traz a indicada ao Oscar 4 vezes, Annette Bening.

Ainda sobre celebridades, o filme de abertura também trará uma: Nicole Kidman, no papel da atriz e princesa Grace Kelly, em Grace: A Princesa de Mônaco, do diretor Olivier Dahan, conhecido por Piaf – Um Hino ao Amor. Assim como Foxcatcher, esta produção estava prevista para estréia em 2013, mas acabou sendo adiada. Talvez o convite de abertura do festival de Cannes tenha pesado no planejamento… Mesmo assumindo a tarefa ingrata de personificar a beleza de Grace Kelly, Kidman vinha sendo bem cotada para Melhor Atriz no Oscar. Se o filme for bem recebido, sua indicação já estaria bem encaminhada para 2015.

Nicole Kidman como Grace Kelly em Grace of Monaco (photo by elfilm.com)

Nicole Kidman como Grace Kelly em Grace: A Princesa de Mônaco (photo by elfilm.com)

AUSÊNCIAS CRITICADAS

Assim como no Oscar, é muito difícil de agradar gregos e troianos. Se incluem os Dardenne, Godard, Loach, Mike Leigh e Cronenberg, muitos cinéfilos e críticos reclamam que os organizadores tomaram uma decisão segura e deixaram de apostar em nomes mais contemporâneos. O crítico Justin Chang da Variety citou alguns trabalhos que não foram lembrados por Cannes:

Inherent Vice, de Paul Thomas Anderson; Knight of Cups, de Terrence Malick; Big Eyes, de Tim Burton; The Assassin, de Hou Hsiao Hsien; Jersey Boys, de Clint Eastwood; Magic in the Moonlight, de Woody Allen; Edge of Tomorrow, de Doug Liman; Far from the Madding Crowd, de Thomas Vinterberg; Birdman, de Alejandro González Iñárritu; e a biografia sem título sobre Lance Armstrong, de Stephen Frears.

Sem querer defender nenhum lado, acredito que se esses nomes acima estivessem competindo, os que foram indicados de fato teriam suas ausências igualmente questionadas. Teríamos que ter uma seleção oficial de uns 50 nomes para tentar atender a todos os pedidos, mas certamente haveria filmes de qualidade duvidosa. É preciso dar crédito aos profissionais que fazem a seleção dos filmes, uma vez que o Festival de Cannes tem como marca registrada a busca por um cinema de autor contemporâneo.

O único argumento que concordei com Justin Chang foi em relação à baixa presença de autoras femininas entre os indicados. Como lembrado anteriormente, Jane Campion foi a única mulher que venceu a Palma de Ouro. Talvez sua escolha como presidente do júri deste ano seja uma tentativa de amenizar essa estatística. Contudo, espero que não resolvam premiar um filme simplesmente por haver uma mulher atrás da câmera (duas diretoras competem: Naomi Kawase e Alice Rohrwacher), pois seria uma idéia estúpida, mas sim, por sua qualidade cinematográfica.

INDICADOS A PALMA DE OURO 2014:

– The Captive
Dir: Atom Egoyan

Palma de Ouro

Palma de Ouro

– Clouds of Sils Maria
Dir: Olivier Assayas

– Foxcatcher
Dir: Bennett Miller

– Goodbye to Language (Adieu au Langage)
Dir: Jean-Luc Godard

– The Homesman
Dir: Tommy Lee Jones

– Jimmy’s Hall
Dir: Ken Loach

– Leviathan
Dir: Andrei Zvyagintsev

– Le Meraviglie
Dir: Alice Rohrwacher

– Maps to the Stars
Dir: David Cronenberg

– Mommy
Dir: Xavier Dolan

– Saint Laurent
Dir: Bertrand Bonello

– The Search
Dir: Michel Hazanavicius

– Still the Water
Dir: Naomi Kawase

– Mr. Turner
Dir: Mike Leigh

– Timbuktu
Dir: Abderrahmane Sissako

– Two Days, One Night
Dir: Jean-Pierre e Luc Dardenne

– Wild Tales
Dir: Damian Szifron

– Winter Sleep
Dir: Nuri Bilge Ceylan

Da esquerda para a direita:

Da esquerda para a direita: Juliano Ribeiro Salgado, Sebastião Salgado e Wim Wenders. (photo by Thierry Poufarry in http://www.dw.de)

Ausente da competição à Palma de Ouro, o Brasil está representado pelo documentário The Salt of the Earth, sobre o fotógrafo breasileiro Sebastião Salgado. A direção é assinada pelo alemão Wim Wenders (Buena Vista Social Club) e por Juliano Ribeiro Salgado, filho do fotógrafo. Outros destaques da Un Certain Regard incluem Incompresa, o novo filme de Asia Argento, que foi elogiado pelo diretor do festival Thierry Frémaux como sendo “extremamente pessoal”, e também justificou a escolha de Party Girl como filme de abertura “porque notamos que o novo cinema francês está em estado de fervor e vitalidade, e precisamos encorajar isso”. E Bird People, de Pascale Ferran, foi considerado inovador por sua trama envolvendo elementos sobrenaturais.

Vale ressaltar a estréia na direção do ator Ryan Gosling com Lost River, um drama de fantasia que se passa em Detroit. Ele contou com as atrizes Eva Mendes, Christina Hendricks e Saoirse Ronan.

SELEÇÃO UN CERTAIN REGARD:

– Party Girl
Dir: Marie Amachoukeli, Claire Burger e Samuel Theis

Seleção Un Certain Regard

Seleção Un Certain Regard

– Amour fou
Dir: Jessica Hausner

– Away From His Absence
Dir: Keren Yedaya

– Bird People
Dir: Pascale Ferran

– The Blue Room
Dir: Mathieu Amalric

– Charlie’s Country
Dir: Rolf de Heer

– Eleanor Rigby
Dir: Ned Benson

– Fantasia
Dir: Wang Chao

– Force Majeure
Dir: Ruben Ostlund

– A Girl at My Door
Dir: July Jung

– Hermosa juventud
Dir: Jaime Rosales

– Incompresa
Dir: Asia Argento

– Lost River
Dir: Ryan Gosling

– Run
Dir: Philippe Lacote

– Salt of the Earth
Dir: Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado

– Snow in Paradise
Dir: Andrew Hulme

– Titli
Dir: Kanu Behl

– Untitled
Dir: Lisandro Alonso

– Xenia
Dir: Panos Koutras

SPECIAL SCREENINGS

* Bridges of Sarajevo
Dir: Aida Begic, Isild le Besco, Leonardo di Constanzo, Jean-Luc Godard, Kamen Kalev, Sergei Loznitsa, Vincenzo Marra, Ursula Meier, Vladimir Perisic, Cristi Puiu, Marc Recha, Angela Schanelec, Teresa Villaverde

* Caricaturistes: Fantassins de la democratie
Dir: Stephanie Valloatto

* Maidan
Dir: Sergei Loznitsa

* Red Army
Dir: Gabe Polsky

* Silvered Water
Dir: Mohammed Oussama e Wiam Bedirxan

MIDNIGHT SCREENINGS

* The Rover
Dir: David Michod

* The Salvation
Dir: Kristian Levring

* The Target
Dir: Yoon Hong-seung

CELEBRATION OF THE 70TH ANNIVERSARY OF LE MONDE

* Les Gens du Monde
Dir: Yves Jeuland

A edição do Festival de Cannes acontece entre os dias 14 a 25 de maio de 2014.

Cena de Le Meraviglie, de Alice Rohrwacher, uma das duas mulheres presente na seleção oficial de Cannes (photo by cine.gr)

Cena de Le Meraviglie, de Alice Rohrwacher, uma das duas mulheres presente na seleção oficial de Cannes (photo by cine.gr)

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