Os 49 Melhores Filmes Britânicos de todos os tempos

BAFTA: British Academy of Film and Television Arts

“O Oscar Britânico”: BAFTA – British Academy of Film and Television Arts

Para celebrar o prêmio da Academia Britânica de Filmes, BAFTA, o crítico de cinema Barry Norman fez uma seleção dos 49 melhores filmes de todos os tempos. O 50º seria eleito pelos leitores da publicação mensal sobre cinema, tv e rádio: Radio Times. Contudo, ao contrário do que costuma ocorrer em listas de filmes, Barry não estipulou uma ordem de qualidade. Os selecionados foram postados em ordem alfabética dos títulos originais no site do jornal The Telegraph.

O crítico de cinema Barry Norman

O crítico de cinema Barry Norman

Sua lista abrange 75 anos de cinema britânico, relembrando consagrados cineastas como Alfred Hitchcock e Stanley Kubrick até talentos mais contemporâneos como Sam Mendes e Tom Hooper.

Contudo, dependendo da escolha, sua seleção pode indicar que a relevância no cenário fílmico pode ser maior do que a própria qualidade do filme, como foi o caso de 007 – Operação Skyfall.

Não me entendam mal. Gosto do 23º filme da franquia de James Bond, mas seria injusto posicioná-lo no mesmo patamar de um Laranja Mecânica, de Kubrick. Se a lista fosse sobre os filmes de maior relevância na história do cinema britânico, a inclusão do filme seria mais pertinente, uma vez que resgatou o respeito da série do espião mundialmente.

Com essa seleção, também é possível confirmar como a Academia (Oscar) tem forte preferência pelo cinema britânico. Dessas 49 produções, sete ganharam o Oscar de Melhor Filme: A Ponte do Rio Kwai, Lawrence da Arábia, Carruagens de Fogo, Gandhi, Shakespeare Apaixonado, Gladiador e O Discurso do Rei. Sem contar as performances premiadas de atores britânicos como Alec Guinness, Ben Kingsley e Colin Firth.

Curiosamente, os diretores mais presentes nessa lista de Barry Norman com cinco inclusões, Michael Powell e Emeric Pressburger (Narciso Negro, Coronel Blimp – Vida e Morte, ‘I Know Where I’m Going’, Neste Mundo e no Outro e Sapatinhos Vermelhos), nunca levaram o Oscar. Ambos receberam uma única indicação como roteiristas pelo filme E… um Avião Não Regressou (One of Our Aircraft is Missing/ 1942). Powell, que firmou uma parceria com o imigrante húngaro Pressburger para uma série de filmes, foi pouco valorizado em sua época, só ganhando maior notoriedade quando os diretores americanos Francis Ford Coppola e Martin Scorsese o redescobriram e ofereceram propostas para novos projetos no final dos anos 60. Scorsese foi além e apresentou sua editora Thelma Schoonmaker, que se tornou sua terceira esposa até sua morte em 1990 de câncer.

À esquerda, Michael Powell ao lado de seu colaborador assíduo Emeric Pressburger (photo by www.filmreference.com)

À esquerda, Michael Powell ao lado de seu colaborador assíduo Emeric Pressburger (photo by http://www.filmreference.com)

Outros esnobados pela Academia, Alfred Hitchcock (5 indicações, nenhuma vitória) e Stanley Kubrick (13 indicações e um único Oscar por Efeitos Visuais!), têm dois filmes na lista cada. Mike Leigh, reconhecido por seu talento singular na direção de atores, já foi indicado sete vezes, mas em todas as vezes permaneceu sentado na cerimônia da entrega do Oscar.

Na contramão, o segundo nome mais presente nessa lista é de David Lean, que conquistou 2 Oscars de direção no total de 11 indicações (como diretor, roteirista e até montador). Lean foi consagrado pela Academia com grandes produções como A Ponte do Rio Kwai e Lawrence da Arábia entre as décadas de 50 e 60.

Apesar do atual cenário do cinema britânico ter decaído nas últimas décadas, é possível perceber que as produções estão tentando resgatar o brilho das décadas de ouro. Por mais que não ganhem mais a notoriedade de antes no Oscar, filmes mais alternativos são devidamente reconhecidos pela Academia Britânica através da categoria MELHOR FILME BRITÂNICO, o que certamente incentiva e aquece a indústria cultural do país.

Vencedor do BAFTA de Melhor Filme Britânico e Melhor Trilha Musical por 007 - Operação Skyfall. Na primeira foto, da esquerda para a direita: o roteirista Robert Wade, o diretor Sam Mendes, os produtores Barbra Broccoli e Michael G. Wilson, e o roteirista Neal Purvis. Na segunda foto, o compositor Thomas Newman (photo by www.007magazine.co.uk)

Vencedores do BAFTA de Melhor Filme Britânico e Melhor Trilha Musical por 007 – Operação Skyfall. Na primeira foto, da esquerda para a direita: o roteirista Robert Wade, o diretor Sam Mendes, os produtores Barbara Broccoli e Michael G. Wilson, e o roteirista Neal Purvis. Na segunda foto, o compositor Thomas Newman (photo by http://www.007magazine.co.uk)

Nas últimas edições do BAFTA, os vencedores foram:

2013: 007 – Operação Skyfall, de Sam Mendes
2012: O Espião que Sabia Demais, de Tomas Alfredson
2011: O Discurso do Rei, de Tom Hooper
2010: Fish Tank, de Andrea Arnold
2009: O Equilibrista, de James Marsh
2008: This is England, de Shane Meadows
2007: O Último Rei da Escócia, de Kevin Macdonald
2006: Wallace & Gromit – A Batalha dos Vegetais, de Steve Box e Nick Park
2005: Meu Amor de Verão, de Pawel Pawlikowski
2004: Tocando o Vazio, de Kevin Macdonald

E você? Algum palpite ou sugestão para o 50º filme britânico para essa lista?

Barry Lyndon (1975), de Stanley Kubrick

Barry Lyndon, de Stanley Kubrick (photo by Moviestore Collection/ Rex Feature)

Barry Lyndon (1975). Dir: Stanley Kubrick. Com Ryan O’Neal e Marisa Berenson.

BaftaVencedor do BAFTA de Direção e Fotografia
Indicado ao BAFTA de Filme, Direção de Arte e Figurino

Narciso Negro (1947), de Michael Powell e

Narciso Negro, de Michael Powell e Emeric Pressburger (photo by Everett Collection/ Rex Features)

Narciso Negro (Black Narcissus/1947). Dir: Michael Powell e Emeric Pressburger. Com Deborah Kerr e Jean Simmons.

A Ponte do Rio Kwai (The Bridge on the River Kwai/ 1957), de David Lean

A Ponte do Rio Kwai, de David Lean (photo by Everett Collection/ Rex Features)

A Ponte do Rio Kwai (The Bridge on the River Kwai/1957). Dir: David Lean. Com William Holden, Alec Guinness e Jack Hawkins.

BaftaVencedor do BAFTA de Filme, Filme Britânico, Ator Britânico (Alec Guinness) e Roteiro Britânico.

Desencanto (Brief Encounter/ 1945), de David Lean

Desencanto, de David Lean (photo by ITV Global Entertainment Ltda/ Rex Features)

Desencanto (Brief Encounter/1945). Dir: David Lean. Com Celia Johnson e Trevor Howard.

Carruagens de Fogo (Chariots of Fire/ 1981), de Hugh Hudson

Carruagens de Fogo, de Hugh Hudson (photo by 20th Century Fox/ Everett/ Rex Features)

Carruagens de Fogo (Chariots of Fire/ 1981). Dir: Hugh Hudson. Com Ben Cross, Ian Charleson , Ian Holm e Nigel Havers.
BaftaVencedor do BAFTA de Filme, Ator Coadjuvante (Ian Holm) e Figurino.
Indicado ao BAFTA de Direção, Ator Coadjuvante (Nigel Havers), Roteiro, Fotografia, Montagem, Direção de Arte, Trilha Musical e Som.

Laranja Mecânica (A Clockwork Orange/1971), de Stanley Kubrick

Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick (photo by Everett Collection/ Rex Features)

Laranja Mecânica (A Clockwork Orange/ 1971). Dir: Stanley Kubrick. Com Malcolm McDowell e Patrick Magee.
BaftaIndicado ao BAFTA de Filme, Direção, Roteiro, Fotografia, Montagem, Direção de Arte e Trilha Musical.

Coronel Blimp - Vida e Morte, de Michael Powell e Emeric Pressburger

Coronel Blimp – Vida e Morte, de Michael Powell e Emeric Pressburger (photo by Everett Collection/ Rex Features)

Coronel Blimp – Vida e Morte (The Life and Death of Colonel Blimp/ 1947). Dir: Michael Powell e Emeric Pressburger. Com Roger Livesey, Anton Walbrook e Deborah Kerr.

Mar Cruel (The Cruel Sea/ 1953), de Charles Frend

Mar Cruel, de Charles Frend (photo by Everett Collection/ Rex Features)

Mar Cruel (The Cruel Sea/ 1953). Dir: Charles Frend. Com Jack Hawkins, Donald Sinden e Virginia McKenna.
BaftaIndicado ao BAFTA de Filme, Filme Britânico e Ator Britânico (Jack Hawkins)

Labaredas de Fogo

Labaredas de Fogo, de Michael Anderson (photo by Everett Collection/ Rex Features)

Labaredas do Inferno (The Dam Busters/ 1955). Dir: Michael Anderson. Com Richard Todd e Michael Redgrave.
BaftaIndicado ao BAFTA de Filme, Filme Britânico e Roteiro Britânico

Inverno de Sangue em Veneza, de Nicolas Roeg

Inverno de Sangue em Veneza, de Nicolas Roeg (photo by Moviestore Collection/ Rex Features)

Inverno de Sangue em Veneza (Don’t Look Now/ 1973). Dir: Nicolas Roeg. Com Julie Christie e Donald Sutherland.
BaftaVencedor do BAFTA de Fotografia
Indicado ao BAFTA de Filme, Direção, Ator (Donald Sutherland), Atriz (Julie Christie), Montagem e Trilha Musical

007 Contra o Satânico Dr. No, de Terence Young

007 Contra o Satânico Dr. No, de Terence Young (photo by Everett Collection/ Rex Features)

007 Contra o Satânico Dr. No (Dr. No/ 1962). Dir: Terence Young. Com Sean Connery e Ursula Andress.

O Vampiro da Noite, de

O Vampiro da Noite, de Terence Fisher (photo by Everett Collection/ Rex Features)

O Vampiro da Noite (Dracula/ 1958). Dir: Terence Fisher. Com Christopher Lee e Peter Cushing.

Quatro Casamentos e um Funeral, de Mike Newell (photo by

Quatro Casamentos e um Funeral, de Mike Newell (photo by Polygram)

Quatro Casamentos e um Funeral (Four Weddings and a Funeral/ 1994). Dir: Mike Newell. Com Hugh Grant e Andie MacDowell.
BaftaVencedor do BAFTA de Filme, Direção, Ator (Hugh Grant) e Atriz Coadjuvante (Kristin Scott Thomas)
Indicado ao BAFTA de Ator Coadjuvante (Simon Callow), Ator Coadjuvante (John Hannah), Atriz Coadjuvante (Charlotte Coleman), Roteiro Original, Montagem, Trilha Musical e Figurino

Ou Tudo ou Nada, de Peter Cattaneo (photo by

Ou Tudo ou Nada, de Peter Cattaneo (photo by Channel Four Films)

Ou Tudo ou Nada (The Full Monty/ 1997). Dir: Peter Cattaneo. Com Robert Carlyle, Mark Addy e Tom Wilkinson.
BaftaVencedor do BAFTA de Filme, Ator (Robert Carlyle) e Ator Coadjuvante (Tom Wilkinson)
Indicado ao BAFTA de Direção, Ator Coadjuvante (MArk Addy), Atriz Coadjuvante (Lesley Sharp), Roteiro Original, Montagem, Trilha Musical e Som

Gandhi, de Richard Attenborough (photo by

Gandhi, de Richard Attenborough (photo by Columbia Pictures)

Gandhi (1982). Dir: Richard Attenborough. Com Ben Kingsley, John Gielgud e Candice Bergen.
BaftaVencedor do BAFTA de Filme, Direção, Ator (Ben Kingsley), Atriz Coadjuvante (Rohini Hattangadi) e Revelação (Ben Kingsley)
Indicado ao BAFTA de Ator Coadjuvante (Edward Fox), Ator Coadjuvante (Roshan Seth), Atriz Coadjuvante (Candice Bergen), Fotografia, Roteiro, Montagem, Direção de Arte, Figurino, Trilha Musical, Som e Maquiagem

Carter - O Vingador, de

Carter – O Vingador, de Mike Hodges (photo by SNAP/ Rex Features)

Carter – O Vingador (Get Carter/ 1971). Dir: Mike Hodges. Com Michael Caine.
BaftaIndicado ao BAFTA de Ator Coadjuvante (Ian Hendry)

Gladiador, de Ridley Scott (photo by

Gladiador, de Ridley Scott (photo by Dreamworks)

Gladiador (Gladiator/ 2000). Dir: Ridley Scott. Com Russell Crowe, Joaquin Phoenix, Oliver Reed e Djimon Hounsou.
BaftaVencedor do BAFTA de Filme, Fotografia, Montagem e Direção de Arte
Indicado ao BAFTA de Direção, Ator (Russell Crowe), Ator Coadjuvante (Joaquin Phoenix), Ator Coadjuvante (Oliver Reed), Roteiro Original, Trilha Musical, Figurino, Som, Efeitos Visuais e Maquiagem

Grandes Esperanças, de David Lean (photo by

Grandes Esperanças, de David Lean (photo by ITV/ Rex Features)

Grandes Esperanças (Great Expectations/ 1946). Dir: David Lean. Com John Mills, Jean Simmons e Martita Hunt.

A Paixão de Gregory, de

A Paixão de Gregory, de Bill Forsyth (photo by SGoldwyn)

A Paixão de Gregory (Gregory’s Girl/ 1981). Dir: Bill Forsyth. Com John Gordon Sinclair e Dee Hepburn.
BaftaVencedor do BAFTA de Roteiro
Indicado ao BAFTA de Filme e Direção

Henrique V, de Laurence Olivier (photo by

Henrique V, de Laurence Olivier (photo by ITV/ Rex Features)

Henrique V (Henry V/ 1944). Dir: Laurence Olivier. Com Laurence Olivier.

'I Know Where I'm Going

‘I Know Where I’m Going!’, de Michael Powell e Emeric Pressburger (photo by ITV/ Rex Features)

‘I Know Where I’m Going!’ (1945). Dir: Michael Powell e Emeric Pressburger. Com Wendy Hiller e Roger Livesey.

Se..., de Lindsay

Se…, de Lindsay Anderson (photo by http://www.cineol.net)

Se… (If…/ 1968). Dir: Lindsay Anderson. Com Malcolm McDowell.
BaftaIndicado ao BAFTA de Direção e Roteiro

Ipcress

Ipcress: Arquivo Confidencial, de Sidney J. Furie (photo by ITV/ Rex Features)

Ipcress: Arquivo Confidencial (The Ipcress File/ 1965). Dir: Sidney J Furie. Com Michael Caine.
BaftaVencedor do BAFTA de Filme Britânico, Fotografia Britânica e Direção de Arte Britânica
Indicado ao BAFTA de Ator Britânico (Michael Caine) e Roteiro Britânico

Kes, de Ken Loach (photo by

Kes, de Ken Loach (photo by Everett Collection/ Rex Features)

Kes (1969). Dir: Ken Loach. Com David Bradley e Colin Welland.
BaftaVencedor do BAFTA de Ator Coadjuvante (Colin Welland) e Revelação (David Bradley)
Indicado ao BAFTA de Filme, Direção e Roteiro

As Oito Vítimas, de

As Oito Vítimas, de Robert Hamer (photo by http://www.cinemotions.com)

As Oito Vítimas (Kind Hearts and Coronets/ 1949). Dir: Robert Hamer. Com Alec Guinness como os oito membros da família D’Ascoyne.
BaftaIndicado ao BAFTA de Filme Britânico

O Discurso do Rei, de Tom Hooper (photo by

O Discurso do Rei, de Tom Hooper (photo by The Weinstein Company)

O Discurso do Rei (The King’s Speech/ 2010). Dir: Tom Hooper. Com Colin Firth, Geoffrey Rush e Helena Bonham Carter.
BaftaVencedor do BAFTA de Filme, Filme Britânico, Ator (Colin Firth), Ator Coadjuvante (Geoffrey Rush), Atriz Coadjuvante (Helena Bonham Carter), Roteiro Original e Trilha Musical
Indicado ao BAFTA de Direção, Fotografia, Montagem, Direção de Arte, Figurino, Som e Maquiagem

Quinteto da Morte, de

Quinteto da Morte, de Alexander Mackendrick (photo by Everett Collection/ Rex Features)

Quinteto da Morte (The Ladykillers/ 1955). Dir: Alexander Mackendrick. Com Alec Guinness, Peter Sellers e Herbert Lom.
BaftaVencedor do BAFTA de Atriz Britânica (Katie Johnson) e Roteiro Britânico
Indicado ao BAFTA de Filme e Filme Britânico

A Dama Oculta, de Alfred Hitchcock (photo by

A Dama Oculta, de Alfred Hitchcock (photo by Moviestore Collection/ Rex Features)

A Dama Oculta (The Lady Vanishes/ 1938). Dir: Alfred Hitchcock. Com Margaret Lockwood, Michael Redgrave e Dame May Whitty.

Lawrence da Arábia, de David Lean (photo by www.britannica.com)

Lawrence da Arábia, de David Lean (photo by http://www.britannica.com)

Lawrence da Arábia (Lawrence of Arabia/ 1962). Dir: David Lean. Com Peter O’Toole, Alec Guinness, Anthony Quinn e Omar Sharif.
BaftaVencedor do BAFTA de Filme, Filme Britânico, Ator Britânico (Peter O’Toole) e Roteiro Britânico
Indicado ao BAFTA de Ator Estrangeiro (Anthony Quinn)

Momento Inesquecível, de

Momento Inesquecível, de Bill Forsyth (photo by Moviestore/ Rex Features)

Momento Inesquecível (Local Hero/ 1983). Dir: Bill Forsyth. Com Peter Riegert, Burt Lancaster e Chris Rozycki.
BaftaVencedor do BAFTA de Direção
Indicado ao BAFTA de Film, Ator Coadjuvante (Burt Lancaster), Roteiro Original, Fotografia, Montagem e Trilha Musical

Caçada

Caçada na Noite, de John Mackenzie (photo by http://www.outnow.ch)

Caçada na Noite (The Long Good Friday/ 1980). Dir: John Mackenzie. Com Bob Hoskins e Helen Mirren.
BaftaIndicado ao BAFTA de Ator (Bob Hoskins)

Neste Mundo e no Outro, de Michael Powell e Emeric Pressburger (photo by www.guardian.co.uk)

Neste Mundo e no Outro, de Michael Powell e Emeric Pressburger (photo by http://www.guardian.co.uk)

Neste Mundo e no Outro (A Matter of Life and Death/ 1946). Dir: Michael Powell e Emeric Pressburger. Com David Niven e Kim Hunter.

A Vida de Brian, de Terry Jones (photo by www.moviepilot.de)

A Vida de Brian, de Terry Jones (photo by http://www.moviepilot.de)

A Vida de Brian (Life of Brian/ 1979). Dir: Terry Jones. Com Graham Chapman, John Cleese, Michael Palin, Eric Idle, Terry Gilliam e Terry Jones.

Naked, de Mike Leigh (photo by www.criterion.com)

Naked, de Mike Leigh (photo by http://www.criterion.com)

Naked (1993). Dir: Mike Leigh. Com David Thewlis, Katrin Cartlidge, Greg Cruttwell e Lesley Sharp.
BaftaIndicado ao BAFTA de Filme Britânico

Quando o Coração Bate Mais Forte, de (photo by www.flickeringmyth.com)

Quando o Coração Bate Mais Forte, de Lionel Jeffries (photo by http://www.flickeringmyth.com)

Quando o Coração Bate Mais Forte (The Railway Children/ 1970). Dir: Lionel Jeffries. Com Dinah Sheridan, Bernard Cribbins, Gary Warren, Sally Thomsett e Jenny Agutter.
BaftaIndicado ao BAFTA de Ator Coadjuvante (Bernard Cribbins), Revelação (Sally Thomsett) e Trilha Musical

Sapatinhos Vermelhos, de Michael Powell e Emeric Pressburger

Sapatinhos Vermelhos, de Michael Powell e Emeric Pressburger (photo by Granada International/ Rex Features)

Sapatinhos Vermelhos (The Red Shoes/ 1948). Dir: Michael Powell e Emeric Pressburger. Com Anton Walbrook, Marius Goring e Moira Shearer.
BaftaIndicado ao BAFTA de Filme Britânico

Vestígios do Dia, de James Ivory

Vestígios do Dia, de James Ivory (photo by SNAP/ Rex features)

Vestígios do Dia (The Remains of the Day/ 1993). Dir: James Ivory. Com Anthony Hopkins e Emma Thompson.
BaftaIndicado ao BAFTA de Filme, Direção, Ator (Anthony Hopkins), Atriz (Emma Thompson), Roteiro Adaptado e Fotografia

Tudo Começou num Sábado, de

Tudo Começou num Sábado, de Karel Reisz (photo by Moviestore/ Rex Features)

Tudo Começou num Sábado (Saturday Night And Sunday Morning/ 1960). Dir: Karel Reisz. Com Albert Finney e Shirley Anne Field.
BaftaVencedor do BAFTA de Filme Britânico, Atriz Britânica (Rachel Roberts) e Revelação (Albert Finney)
Indicado ao BAFTA de Filme, Ator Britânico (Albert Finney) e Roteiro Britânico

Segredos e Mentiras, de Mike Leigh (photo by www.screenfanatic.com)

Segredos e Mentiras, de Mike Leigh (photo by http://www.screenfanatic.com)

Segredos e Mentiras (Secrets & Lies/ 1996). Dir: Mike Leigh. Com Timothy Spall e Brenda Blethyn.
BaftaVencedor do BAFTA de Filme Britânico, Atriz (Brenda Blethyn) e Roteiro Original
Indicado ao BAFTA de Filme, Direção, Ator (Timothy Spall), Atriz Coadjuvante (Marianne Jean-Baptiste)

Razão e Sensibilidade, de Ang Lee (photo by

Razão e Sensibilidade, de Ang Lee (photo by Columbia Pictures/ Everett/ Rex Features)

Razão e Sensibilidade (Sense and Sensibility/ 1995). Dir: Ang Lee. Com Emma Thompson, Kate Winslet, James Fleet e Greg Wise.
BaftaVencedor do BAFTA de Filme, Atriz (Emma Thompson) e Atriz Coadjuvante (Kate Winslet)
Indicado ao BAFTA de Direção (Ang Lee), Ator Coadjuvante (Alan Rickman), Atriz Coadjuvante (Elizabeth Spriggs), Roteiro Adaptado, Fotografia, Direção de Arte, Figurino e Trilha Musical

O Criado, de

O Criado, de Joseph Losey (photo by Studio Canal Films/ Rex Features)

O Criado (The Servant/ 1963). Dir: Joseph Losey. Com Dirk Bogarde, Sarah Miles e James Fox.
BaftaVencedor do BAFTA de Ator Britânico (Dick Bogarde), Fotografia Britânica (PB) e Revelação (James Fox)
Indicado ao BAFTA de Filme, Filme Britânico, Atriz Britânica (Sarah Miles), Revelação (Wendy Craig), Roteiro Britânico

Shakespeare Apaixonado, de John Madden

Shakespeare Apaixonado, de John Madden (nansaawebs.blogspot.com)

Shakespeare Apaixonado (Shakespeare in Love/ 1998). Dir: John Madden. Com Gwyneth Paltrow, Joseph Fiennes, Geoffrey Rush e Judi Dench.
BaftaVencedor do BAFTA de Filme, Atriz Coadjuvante (Judi Dench) e Montagem
Indicado ao BAFTA de Direção, Ator (Joseph Fiennes), Atriz (Gwyneth Paltrow), Ator Coadjuvante (Geoffrey Rush), Ator Coadjuvante (Tom Wilkinson), Roteiro Original, Fotografia, Direção de Arte, Figurino, Trilha Musical, Som e Maquiagem

007 - Operação Skyfall, de Sam Mendes (photo by www.beyondhollywood.com)

007 – Operação Skyfall, de Sam Mendes (photo by http://www.beyondhollywood.com)

007 – Operação Skyfall (Skyfall/ 2012). Dir: Sam Mendes. Com Daniel Craig, Javier Bardem, Judi Dench, Ralph Fiennes e Albert Finney.
BaftaVencedor do BAFTA de Filme Britânico e Trilha Musical Original
Indicado ao BAFTA de Ator Coadjuvante (Javier Bardem), Atriz Coadjuvante (Judi Dench), Fotografia, Montagem, Direção de Arte e Som

O Terceiro Homem, de Carol Reed

O Terceiro Homem, de Carol Reed (photo by Rex Features)

O Terceiro Homem (The Third Man/ 1949). Dir: Carol Reed. Com Orson Welles e Joseph Cotten.
BaftaVencedor do BAFTA de Filme Britânico
Indicado ao BAFTA de Filme

Os 39 Degraus, de Alfred Hitchcock (photo by

Os 39 Degraus, de Alfred Hitchcock (photo by Everett Collection/ Rex Features)

Os 39 Degraus (The 39 Steps/ 1935). Dir: Alfred Hitchcock. Com Robert Donat e Madeleine Carroll.

O Pranto de um Ídolo, de

O Pranto de um Ídolo, de Lindsay Anderson (photo by ITV/ Rex Features)

O Pranto de um Ídolo (This Sporting Life/ 1963). Dir: Lindsay Anderson. Com Richard Harris, Rachel Roberts e Colin Blakely.
BaftaVencedor do BAFTA de Atriz Britânica (Rachel Roberts)
Indicado ao BAFTA de Filme, Filme Britânico, Ator Britânico (Richard Harris) e Roteiro Britânico

Trainspotting - Sem Limites, de Danny Boyle (photo by www.outnow.ch)

Trainspotting – Sem Limites, de Danny Boyle (photo by http://www.outnow.ch)

Trainspotting – Sem Limites (Trainspotting/ 1996). Dir: Danny Boyle. Com Robert Carlyle, Kelly Macdonald, Jonny Lee Miller, Ewen Bremner e Ewan McGregor.
BaftaVencedor do BAFTA de Roteiro Adaptado
Indicado ao BAFTA de Filme Britânico

Whisky Galore!, de

Whisky Galore!, de Alexander Mackendrick

Whisky Galore! (1949). Dir: Alexander Mackendrick. Com Basil Radford, Joan Greenwood e Catherine Lacey.
BaftaIndicado ao BAFTA de Filme Britânico

Zulu, de

Zulu, de Cy Endfield (photo by Allstar/ Cinetext/ Paramount)

Zulu (1964). Dir: Cy Endfield. Com Stanley Baker, Jack Hawkins e Michael Caine.
BaftaIndicado ao BAFTA de Direção de Arte Britânica

Django Livre (Django Unchained), de Quentin Tarantino (2012)

Pôster de Django Livre (foto por pipocamoderna.com.br)

Pôster de Django Livre (foto por pipocamoderna.com.br)

Tarantino retoma projeto pessoal, recebe críticas, mas leva 5 indicações ao Oscar

Depois do sucesso comercial dos dois volumes de Kill Bill (2003 e 2004), o diretor Quentin Tarantino resolveu abrir seu baú e revisitar antigos projetos pessoais. Entre eles, estavam Bastardos Inglórios (2009) e este Django Livre. Conhecido por seu dom de criação de diálogos afiados e seu repertório infinito de referências do universo pop, ele expôs os projetos ousados à luz do sol e agora colhe os frutos: 1 Oscar para Bastardos e 5 indicações para Django Livre.

Fã assíduo do western spaghetti dos diretores italianos Sergio Corbucci e Sergio Leone, ao contrário de muitos diretores, Tarantino faz questão de mostrar as devidas credenciais de suas referências. Ele usa a trilha original de Luis Bacalov de Django (1966), de Corbucci, além de trilhas do compositor Ennio Morricone, colaborador de Leone em Três Homens em Conflito (1966) e Era Uma Vez no Oeste (1968), denotando a extrema importância de suas fontes de inspiração para a criação de um novo material. Tomando como base “nada se cria, tudo se transforma”, Tarantino se tornou um artista que trabalha com recicláveis como ninguém. Acredito ainda que ele pode ser um dos cineastas-símbolo dessa geração atual que pouco cria e que celebra muito o vintage.

Quentin Tarantino busca o melhor ângulo que aprendera do mestre Sergio Leone (photo by BeyondHollywood.com)

Quentin Tarantino busca o melhor ângulo que aprendera do mestre Sergio Leone (photo by BeyondHollywood.com)

Como usa suas referências com extrema propriedade, Quentin Tarantino acaba estimulando o público novo a pesquisar essas mesmas fontes. Com certeza, enquanto você está lendo este post, há vários cinéfilos pelo mundo tirando o pó da capinha dos DVDs da seção Western das locadoras (ou fazendo certos downloads…) para conferir o que o diretor enxergou no material original. Além disso, outra consequência extremamente benéfica de sua metodologia ecológica é o resgate do brilho de alguns atores esquecidos pelo tempo.

Em Pulp Fiction – Tempo de Violência (1994), John Travolta ressurgiu das cinzas para voltar a mostrar seus movimentos na dança de “You Never Can Tell”, de Chuck Berry. Em Jackie Brown (1997), a estrela negra de filmes produzidos por Roger Corman nos anos 70, Pam Grier, foi redescoberta por Hollywood. O Bill de Kill Bill foi a estrela da série de TV Kung Fu, David Carradine, e Daryl Hanna teve seu primeiro papel interessante depois de ser a replicante de Blade Runner – O Caçador de Andróides (1982) como a assassina caolha Elle Driver. Desta vez, por razões óbvias, Tarantino trouxe Franco Nero, o Django original, para fazer a breve cena da luta de mandigos ao lado de Leonardo DiCaprio. Também resgatou o James Crockett da série Miami Vice, Don Johnson, e o veterano Bruce Dern, que pode voltar a concorrer a um Oscar em 2014 pelo novo filme de Alexander Payne, Nebraska. Os EUA têm tantos talentos à disposição que é realmente lamentável que os cineastas não aproveitem.

Django e Django: Franco Nero (à esq) faz uma pequena participação (photo by OutNow.CH)

Django e Django: Franco Nero (à esq) faz uma pequena participação (photo by OutNow.CH)

Para o papel de protagonista, Tarantino havia escrito para Will Smith, mas por motivos não divulgados, recusou a proposta. Depois de fazer testes com Idris Elba, Chris Tucker e Terrence Howard, o papel acabou nas mãos de Jamie Foxx. Apesar de seu personagem falar pouco, o ator encorpora o espírito vingativo do escravo através do olhar. Já para o papel do vilão Calvin Candie, foi necessário um diálogo entre o diretor e Leonardo DiCaprio para convencê-lo a participar, pois como tem imagem de bom menino e líder do movimento Verde, estava desconfortável com o racismo explícito do personagem. Sinceramente, não sei se DiCaprio foi a melhor escolha, mas como cinéfilo, aplaudi seu esforço em se desvencilhar de filmes anteriores. Acredito que ele caminha bem para um futuro promissor se continuar ambicioso na escolha de projetos.

Por outro lado, as duas melhores atuações do filme vieram de escolhas previamente acertadas na cabeça de Tarantino: Christoph Waltz como Dr. King Schultz, e Samuel L. Jackson como o criado Stephen. Poliglota e excelente ator, Waltz revelou numa entrevista que tinha forte receio de que sua atuação repetisse seu personagem anterior de Coronel Hans Landa de Bastardos Inglórios. Esse medo reside principalmente no fato de ambos os personagens serem letrados e terem ótima dicção, mas os universos são totalmente diferentes. Quanto a Jackson, trata-se da sexta colaboração com Tarantino, então eles já estão num nível excepcional de sintonia no set. Ele trabalha tão bem a entonação de seus diálogos, que é possível ver o racismo extremo em cada palavra dita, enquanto ele nos diverte com seu humor negro. Fazia muito tempo em que não via Samuel L. Jackson tão inspirado, ainda mais num papel de idoso com debilidade física.

Samuel L. Jackson rouba suas cenas como o criado racista Stephen (photo by OutNow.CH)

Samuel L. Jackson (à esq) rouba suas cenas como o criado racista Stephen ao lado de Kerry Washington (photo by OutNow.CH)

Com Django Livre, é possível enxergar que Quentin está no fim de outra fase como diretor. Seus primeiros filmes formam uma trilogia que prioriza a estrutura narrativa. Histórias e personagens interligados tornaram-se sua marca principal nos anos 90, influenciando vários trabalhos como Trainspotting – Sem Limites, de Danny Boyle e Traffic, de Steven Soderbergh. Tarantino estava buscando modernizar o uso de múltiplos personagens e tramas no mesmo filme como Robert Altman fez em Nashville (1975) e ShortCuts – Cenas da Vida (1993).

Já na segunda trilogia, que se inicia com Kill Bill: Vol. 1 (2003), Tarantino resolve apelar na violência. Apesar do exagero, ele transforma essa gratuidade em uma beleza plástica. Ele convida o diretor de fotografia Robert Richardson a mergulhar num oceano de referências visuais fílmicas e televisivas para poder recriar e homenageá-las.

Cena visual de Kill Bill: Vol. 2 (2004) com fotografia de Robert Richardson (photo by odeon.typepad.com)

Cena visual de Kill Bill: Vol. 2 (2004) com fotografia de Robert Richardson (photo by odeon.typepad.com)

Shosanna e seu machado em Bastardos Inglórios (photo by OutNow.CH)

Shosanna e seu machado em Bastardos Inglórios (photo by OutNow.CH)

Violência em evidência: plasticidade no sangue e na plantação (photo by BeyondHollywood.com)

Violência em evidência: plasticidade no sangue e na plantação (photo by BeyondHollywood.com)

Além da violência mais acentuada e estetizada, como pode-se perceber pelas fotos acima, existem outras curiosidades nessa segunda fase. Todos esses filmes dialogam com o forte tema da vingança. A Noiva quer matar Bill. Shosanna quer a cabeça de Landa. E Django quer destruir Calvin Candie para resgatar sua esposa. Alguém aí falou em guardar rancor? Tarantino acredita que nada mais ferve o sangue do que uma vingancinha. No começo de Kill Bill: Vol. 1, ele coloca o antológico provérbio klingon de Jornada nas Estrelas: “Revenge is a dish best served cold (Vingança é um prato que se come frio)”.

Também vale ressaltar que o diretor coloca grupos que já foram minoria como tais personagens buscando vingança: Mulheres em Kill Bill, Judeus em Bastardos e Negros em Django. E quando se toca no assunto de minorias étnicas ou religiosas, a coisa tende a pegar fogo nessa sociedade politicamente correta ao extremo. O primeiro a se manifestar foi o diretor negro Spike Lee, mais conhecido por fazer filmes com temática racial como Febre da Selva e Faça a Coisa Certa.

Em entrevista, ele teria dito as seguintes palavras: “American Slavery Was Not A Sergio Leone Spaghetti Western. It Was A Holocaust. My Ancestors Are Slaves. Stolen From Africa. I Will Honor Them (A escravidão americana não era um filme de spaghetti western de Sergio Leone. Foi um Holocausto. Meus antepassados foram escravos. Tirados da África. Vou honrá-los)” – O que é mais ridículo é que o autor dessa crítica non-sense sequer viu o filme! Spike Lee estaria indignado com o fato de haver o termo racialmente pejorativo “nigger“, que seria algo como “crioulo” aqui. Esse termo era utilizado pelos senhores referindo-se a seus escravos. E como fazer um filme sobre esse período sem conter essa palavra no roteiro?

Não-oficialmente falando, talvez essa birra por parte de Lee venha de uma regrinha de humor americano que implica que apenas as vítimas da piada têm o direito de criar essas mesmas piadas. Por exemplo: só judeu pode tirar sarro de judeu, caso contrário seria um ultraje tão grande que seria um incidente diplomático. Jamie Foxx logo rebateu a polêmica através do jornal The Guardian: “…I respect Spike, he’s a fantastic director. But he gets a little shady when he’s taking shots at his colleagues without looking at the work. To me, that’s irresponsible. (Respeito Spike, ele é um diretor fantástico. Mas ele fica um pouco sombrio quando atira em seus colegas sem olhar para o trabalho deles. Para mim, isso é irresponsabilidade)”.

Os pré-conceituosos: A presidente Dilma Roussef recebe Spike Lee no Planalto em visita para realização de documentário Go Brazil Go em abril de 2012 (foto por blog.planalto.gov.br)

Os pré-conceituosos: A presidente Dilma Rousseff recebe Spike Lee no Planalto em visita para realização de documentário Go Brazil Go! em abril de 2012 (foto por Roberto Stickert Filho/PR de blog.planalto.gov.br)

Aproveitando o tema, outro filme indicado ao Oscar também tem sido alvo de controvérsias. Segundo declarações de um membro da Academia, um panaca chamado David Clennon, teria dito em carta aberta que não votaria em A Hora Mais Escura, porque o filme faria apologia à tortura. Para quem não conhece, o novo filme de Kathryn Bigelow teve acesso exclusivo aos arquivos da CIA na captura e morte do líder terrorista Osama Bin Laden, e há algumas cenas em que membros da inteligência americana aplicam torturas a fim de obterem pistas. Em defesa de seu filme, a diretora declarou: ” Torture was, as we all know, employed in the early years of the hunt. That doesn’t mean it was the key to finding Bin Laden. It means it is a part of the story we couldn’t ignore. (Tortura foi, como todos sabemos, empregada nos primeiros anos da caça. Isso não significa que foi a chave para encontrar Bin Laden. Significa que foi uma parte da história que nós não poderíamos ignorar)”.

A sociedade americana anda muito politicamente correta, e ainda sente as consequências daquele vídeo horroroso (em todos os sentidos) intitulado Innocence of the Muslims (Inocência dos Muçulmanos – ver vídeo e post em https://cinemaoscareafins.wordpress.com/2012/09/19/video-causa-conflito-no-oriente-medio/), que desencadeou uma briga internacional entre os países de origem muçulmana e os EUA, por abrigarem o responsável pelo filme. Além disso, hoje negros deixaram de ser negros. São afro-descendentes. Estamos pisando em ovos ao falar sobre temas étnicos. Isso porque nem vou comentar sobre as cotas raciais racistas criadas pelo ex-(e atual) presidente Lula e companhia. Se querem compensar décadas e mais décadas de escravidão, respeito e igualdade funcionam melhor como dignidade.

Veredito final: Nem Tarantino, nem Bigelow foram indicados ao Oscar de direção. Mas isso pouco importa agora. Django Livre é um ótimo filme que busca contar uma história de amor e vingança. Como qualquer outra obra de arte, não precisa estar atrelada à verdade absoluta ou a fatos verídicos. E como qualquer Arte boa, deve ter o poder de abrir espaço para interpretação e discussão saudável.

AVALIAÇÃO: MUITO BOM

Dr. King Schultz e Django formam uma dupla um tanto incomum (photo by BeyongHollywood.com)

Dr. King Schultz e Django formam uma dupla um tanto incomum (photo by BeyongHollywood.com)

James Bond e Danny Boyle nos jogos Olímpicos de Londres 2012

Logo das Olimpíadas de Londres 2012

A cerimônia de abertura dos jogos olímpicos de Londres encantou platéias pelo mundo nessa última sexta-feira, dia 27 de julho. O que muitos não sabem é que para dirigir esse espetáculo internacional, convocaram o diretor britânico Danny Boyle. Quem diria que o diretor dos cults violentos Cova Rasa (1994) e Trainspotting – Sem Limites (1996) iria assumir tamanha responsabilidade e representar seu país? É claro que o sucesso de superação de Quem Quer Ser um Milionário? (2008) e o Oscar deram uma “forcinha” na campanha pró-Danny Boyle.

Felizmente, o cineasta consagrado não decepcionou. Ele fez uma “breve” síntese da história da cultura britânica em quase 4 horinhas. “Há muita história no nosso país. Estamos apresentando como a nossa história afetou o mundo para o bem e o para o mal. Nós temos que aprender o nosso novo lugar no mundo”, explicou o diretor do show.

Danny Boyle numa entrevista coletiva sobre Londres 2012

Nesse espetáculo impactante, Danny Boyle procurou agradar a gregos e troianos, pós-modernos e xiitas, ao oferecer alguns minutinhos para cada peça importante na construção do país. Inseriu a História através dos maquinários da Revolução Industrial tomando o cenário inicial pastoril, com trechos do texto clássico de A Tempestade, de William Shakespeare. Além disso, homenageou o NHS (Sistema Nacional de Saúde) com incontáveis leitos e enfermeiras espalhados pelo campo.

Para os fãs da boa música, o playlist contava com ilustres nomes como os Beatles, Oasis, The Clash e Sex Pistols, encerrando com chave de ouro: Sir Paul McCartney, que cantou alguns sucessos como Hey Jude.

Já para os cinéfilos, mais de dez mil voluntários do evento representaram alguns personagens através de alegorias, como o vilão Valdemort (da série Harry Potter) e Mary Poppins (o musical com Julie Andrews). Claro que não poderia faltar a famosa e clássica trilha musical de Vangelis do filme Carruagens de Fogo (1981), que contou com a participação do personagem cômico Mr. Bean, tocando piano de forma debochada.

Espetáculo cinematográfico: Valdemort e Mary Poppins

Mas nada se compara à entrada triunfal da Rainha Elizabeth II. Danny Boyle preparou um curta-metragem ficcional filmado com exclusividade no Palácio estrelado pela própria rainha sendo escoltada por ninguém menos que James Bond, o agente secreto do MI6, vivido pelo ator Daniel Craig (foto abaixo). A majestade e o agente seguem para o helicóptero, de onde saltam para o estádio.

James Bond escoltando a Rainha Elizabeth II até a cerimônia de abertura

A Rainha (ou melhor, sua dublê) salta com o pára-quedas utilizado por James Bond em 007 – O Espião que Me Amava (1971).

Se esta foi uma participação estratégica da MGM, sinceramente não sei, mas certamente a presença da figura de Bond nas Olimpíadas abre campo para seu retorno aos filmes em 007 – Operação Skyfall, com previsão de estréia para novembro deste ano. Curiosamente, o longa dirigido por Sam Mendes teve forte cogitação do próprio Danny Boyle para a cadeira de diretor.

Para alguns especialistas que comentaram a cerimônia de abertura de Londres, Danny Boyle soube trazer a tradição britânica para o século XXI. Nessa celebração de uma nação, reuniu elementos contemporâneos com arcaicos, produzindo uma onda de orgulho que tomou os espectadores. Quando o diretor de Cerimônias para os Jogos de Londres, Bill Morris, escolheu Danny Boyle, justificou com elogios: “Sua habilidade como contador de histórias, como criador de espetáculos, sua experiência em teatro e filme e a paixão que ele tem por esta cidade e este projeto – isso tudo nos chamou a atenção”. Estima-se que um bilhão de pessoas ao redor do mundo conferiu o trabalho bem orquestrado de Boyle, que lhe garante outro patamar profissional.

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