APOSTAS PARA O OSCAR 2017: O Ano de ‘LA LA LAND’

Pôster oficial do Oscar 2017, com o host Jimmy Kimmel

Pôster oficial do Oscar 2017, com o host Jimmy Kimmel

EM SUA 89ª EDIÇÃO, O OSCAR PODE VOLTAR A PREMIAR UM MUSICAL APÓS 14 ANOS

Yes, it’s Oscar time! Infelizmente, este ano coincidiu com o Carnaval, este evento anual que é responsável por ruas públicas urinadas, e com isso, a Globo, que é detentora dos direitos de transmissão, não deve passar ao vivo porque o Carnaval é mais importante, né gente? Primeiro vem o Carnaval, em segundo o Big Brother e se sobrar tempo, vem o Oscar. Aí eu pergunto: Por que não deixar outra emissora aberta transmitir? Porque a Globo não gosta de concorrência.

Enfim, felizmente, o Oscar pode contar com a TNT, que aliás, iniciará sua transmissão a partir das 21h, horário de Brasília, quando teremos o famoso tapete vermelho e as entrevistas. Para quem ouve a faixa de áudio com tradução simultânea, poderá contar com os comentários de Rubens Ewald Filho e Domingas Person. Como a tradução mais atrapalha do que ajuda, prefiro sempre ouvir em áudio original em inglês.

HOST: JIMMY KIMMEL

É difícil prevermos se um host mandará bem ou não no Oscar, por isso, os produtores do evento costumam fazer apostas mais seguras, convidando profissionais que lidam com humor de stand up como Chris Rock ou que tenham os próprios talk shows como David Letterman. Das poucas vezes que arriscaram, os resultados foram desastrosos: em 2010, a dupla Steve Martin e Alec Baldwin; e em 2011, a dupla mais sem química de todas Anne Hathaway e James Franco. Honestamente, até hoje não entendo quem teve a brilhante idéia de fazer essa combinação.

Os produtores desta 89ª cerimônia, Michael de Luca e Jennifer Todd, foram no safe bet (aposta segura) com Jimmy Kimmel. Seu talk show, o Jimmy Kimmel Live!, trabalha bem com sátiras de filmes e assim como o Oscar, é transmitido ao vivo, o que lhe garante experiência nos possíveis imprevistos. Além disso, Kimmel já foi host do Emmy Awards duas vezes. Espero que ele faça uma ótima apresentação, porque 3 horas de show tem que saber não deixar a peteca cair! Mas se dependesse de mim, pediria o retorno de Jon Stewart (ele seria perfeito nesse momento de turbulências políticas de Trump!), ou se fosse pra “estrear” alguém, chamaria Jim Carrey, que sempre foi muito bem nas apresentações de prêmios do Oscar e Globo de Ouro.

A 89ª EDIÇÃO DO OSCAR

Após conferir todos os nove filmes indicados a Melhor Filme, consegui chegar a um veredito pessoal. Claro que alguns vão concordar e outros podem discordar, afinal, estamos falando de Arte, que pode ser interpretada de acordo com cada espectador. De todos os nove, se eu fosse membro da Academia, votaria no western moderno A Qualquer Custo. Trata-se de um filme bem realizado, com uma direção segura e minimalista de David Mackenzie (que infelizmente não foi indicado), todo o elenco apresenta performances acima da média, inclusive os quase figurantes em cena, os personagens são ricos e complexos, e gera reflexão enquanto expõe o país do pós-crise econômica e nos diverte com suas piadas politicamente incorretas proferidas pelo personagem Marcus Hamilton (Jeff Bridges). Não entendi como Ben Foster não estava entre os indicados a Ator Coadjuvante.

hell-or-high-water-mit-chris-pine-und-ben-foster

A Qualquer Custo (Hell or High Water)

Mas ao mesmo tempo, entendo o hype em torno de La La Land, que concorre a 14 Oscars. Primeiramente, é um dos bons exemplares do gênero musical, que predominava na Hollywood dos anos 50 e 60. Fazer um musical bem feito hoje em dia é para poucos. Não contamos mais com Fred Astaire, Ginger Rogers e Gene Kelly pra ajudar o musical a brilhar. Mas acima da qualidade fílmica em si, o filme de Damien Chazelle merece os láureos da temporada por saber dialogar sobre o sonho artístico. E não precisa ter feito faculdade ou trabalhado com Artes pra ser pego por La La Land, afinal, quem nunca teve o sonho de viver de Arte? Fazer um filme, pintar quadros, fazer exposições com suas fotos, ser cantor! Depois de conferirmos La La Land, é possível entender um pouco melhor os percalços de cada aspirante a artista, seja em Hollywood, seja na Índia.

la-la-land-mit-ryan-gosling-und-emma-stone

La La Land: Cantando Estações (La La Land)

Se A Chegada vencesse o Oscar de Melhor Filme, não seria nada injusto. Primeiramente, porque o gênero da ficção científica sempre foi considerado como Filme B pela Academia, tanto que nunca foi premiado como Melhor Filme em 88 anos de história. E em segundo lugar, o filme de Denis Villeneuve é mais do que um mero sci-fi. Aproveitando-se de uma história de invasão alienígena, ele cria uma análise do poder da comunicação entre povos como antítese da guerra. Em tempos de extrema direita de Donald Trump, em que imigrantes estão sendo deportados por pertencerem à religião muçulmana e de sete países do Oriente Médio, percebe-se claramente que está havendo uma falta de comunicação entre as nações. Embora tenha seu diretor indicado, a campanha do filme perdeu um pouco de sua força quando sua protagonista vivida por Amy Adams foi excluída da categoria de Melhor Atriz.

arrival-mit-amy-adams

A Chegada (Arrival)

Entre os filmes indies, o novo filme de Kenneth Lonergan, Manchester à Beira-Mar, foi um dos grandes destaques da temporada. Favorito nas categorias de Roteiro Original e Ator, o longa realmente tem seus maiores méritos justamente nesses dois campos. Com ampla experiência em peças, Lonergan consegue tecer uma história poderosa sobre perdas e traumas familiares, sem cair nos chavões dramáticos do subgênero. Mesmo numa história sobre luto, ele consegue criar momentos de ótimo humor negro, elemento esse que casou muito bem com a performance introspectiva de Casey Affleck. Na verdade, o elenco todo está bem equilibrado, já que Lucas Hedges se contrapõe a Affleck com sua energia, e Michelle Williams consegue extrair um pouco do passado tenebroso com sua sensibilidade.

manchesterbythesea_affleckhedgescropped_0

Manchester à Beira-Mar (Manchester by the Sea)

 

Quanto ao filme de guerra Até o Último Homem, acredito que a indicação em si teve dois propósitos. Primeiramente, a Academia sempre gosta de preencher uma cota de filme de mocinho. A história verídica do soldado que nunca pegou numa arma, mas salvou várias vidas tinha de ser contada. E em segundo, a Academia gosta de perdoar artistas numa tentativa de causar uma redenção. Foi assim com problemáticos como Robert Downey Jr. e Sean Penn. Aqui é Mel Gibson, que nos últimos anos, soltou declarações polêmicas anti-semitas em situações constrangedoras, como quando foi pego bêbado pela polícia. Acho um bom filme, consistente, bem filmado por Gibson, mas peca pelo excesso nítido de Cristianismo. Daria pra dizer que é um filme patrocinado pela Igreja Cristã de tantas menções bíblicas e a forte inclinação do protagonista vivido por Andrew Garfield.

hacksaw-ridge-mit-andrew-garfield

Até o Último Homem (Hacksaw Ridge)

Em relação a Lion: Uma Jornada Para Casa e Um Limite Entre Nós, vejo um problema grave de adaptação. Vamos partir do princípio fundamental de que Cinema, Literatura e Teatro são formas de Arte distintas entre si. Cada meio de comunicação tem suas características muito próprias que precisam ser respeitadas para que funcionem. Nem tudo o que funcionou no livro vai funcionar no filme, assim como tudo o que funcionou numa peça vai funcionar no filme. Embora sejam duas histórias que precisavam ser contadas (Lion é sobre um rapaz indiano que encontra sua mãe biológica depois de vários anos, e Um Limite Entre Nós faz um belo estudo sobre a vida suburbana num bairro negro nos anos 60), faltou alguém que lapidasse as coisas que não funcionam em cinema.

lion-mit-nicole-kidman-rooney-mara-david-wenham-dev-patel-und-divian-ladwa

Lion: Uma Jornada Para Casa (Lion)

Em Lion, o segundo ato é totalmente ineficiente. Temos um ótimo começo e um ótimo final, mas o desenvolvimento da trama simplesmente nos faz engolir alguns acontecimentos por serem verídicos. Além disso, a personagem de Rooney Mara, apesar de ser real também, poderia ter sido cortada por completo, pois além de um papel mal escrito, não ajuda em nada a avançar a trama. Já em Um Limite Entre Nós, não tem como assistir ao filme sem pensar na peça de teatro. Eu mesmo ficava imaginando a história toda encenada num palco. Claro que não se trata apenas de um cenário confinando os personagens, mas a história toda se baseia em texto (diálogos bem defendidos pelos atores, especialmente Viola Davis, que tem dois monólogos), e Cinema é texto transformado em ação. Até movimentos de câmera foram economizados e a adaptação ficou essa coisa pobre. O texto original de August Wilson merecia um tratamento melhor pras telas. Honestamente, não entendi alguns críticos defendendo reconhecimento de Denzel Washington como diretor…

fences-2

Um Limite Para Nós (Fences)

Falando em coisas que não entendi foi o alto reconhecimento para Moonlight: Sob a Luz do Luar, começando pelo roteiro de Barry Jenkins. Ele reúne temas fortes e polêmicos como homossexualidade e drogas, mas os trata de forma superficial, quase estereotipada. Temos uma mãe viciada que maltrata seu filho, que passa a ser cuidado por um ex-traficante, e ao amadurecer, descobre-se homossexual e sofre bullying por sua opção sexual. Essa reunião de elementos me pareceu muito didática com soluções muito simples, algo comum para diretores em processo de formação. Obviamente, há méritos isolados como a atuação de Mahershala Ali, que merecia mais tempo de filme, e a trilha musical de Nicholas Britell, mas no geral considero uma produção superestimada, e muito provavelmente só está em alta por pegar carona com a polêmica do #OscarSoWhite. A Academia precisava eleger um filme que pudesse responder às críticas que sofreu ano passado e optou por este. Contudo, quero deixar bem claro que não estou criticando Moonlight por seus temas (antes que venham comentários politicamente corretos), mas a forma como os temas foram trabalhados. Já vi e gostei de inúmeros filmes que abordam o mesmo universo, porém de um jeito mais maduro e consistente como o Querelle, do Fassbinder, por exemplo, ou os mais recentes como Mistérios da Carne, Direito de AmarWeekend. Pode ser que lá pra frente Barry Jenkins se torne um bom diretor, pois tem potencial, mas por enquanto é cedo demais para tanto.

moonlight-mit-mahershala-ali-und-alex-r-hibbert

Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight)

E por último, apesar de ser mega convencional, Estrelas Além do Tempo funciona. De todos os filmes de temática negra é o que mais sabe valorizar a raça com personagens fortes e uma história sensacional e verídica de moças negras que ajudaram a NASA a levar John Glenn ao espaço com seus conhecimentos técnicos.É uma fórmula batida? Sim, mas está bem aplicada. Não sei se merecia o posto de indicado a Oscar de Melhor Filme, mas pelo menos é honesto. Não entendi bem a indicação isolada para Octavia Spencer, já que todas as atrizes estão bem, embora Taraji P. Henson tenha o papel mais tridimensional por ser a protagonista de fato. Enfim, é uma história edificante que a Academia adora reconhecer, mesmo sendo quadrado.

hidden-figures-unerkannte-heldinnen-mit-octavia-spencer-taraji-p-henson-und-janelle-monae-1

Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures)

MELHOR FILME

  • A Chegada (Arrival)
  • Um Limite Entre Nós (Fences)
  • Até o Último Homem (Hacksaw Ridge)
  • A Qualquer Custo (Hell or High Water)
  • Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures)
  • La La Land: Cantando Estações (La La Land)
  • Lion: Uma Jornada Para Casa (Lion)
  • Manchester à Beira-Mar (Manchester by the Sea)
  • Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight)
La La Land: A Última Estação (La La Land)

La La Land: Cantando Estações (La La Land), de Damien Chazelle

DEVE GANHAR: La La Land
DEVERIA GANHAR: La La Land
ZEBRA: A Qualquer Custo

ESNOBADO: Animais Noturnos

Este ano, a Academia decidiu praticamente reproduzir a lista de indicados do PGA (sindicato de produtores), com a única exceção de Deadpool, injustamente excluído. Embora o filme do personagem da Marvel tenha se saído bem na temporada, com participações no Critics’ Choice, Globo de Ouro e no próprio PGA, não conseguiu furar o bloqueio do conservadorismo dos votantes da Academia. Eles ainda têm aversão a adaptações de quadrinhos, mesmo depois de ser severamente criticada com a não-indicação de Batman: O Cavaleiro das Trevas em 2009.

Se Histórias em Quadrinhos ainda é um subgênero que não merece o respeito da Academia, por que não indicar Animais Noturnos? Apesar de se tratar apenas do segundo longa de Tom Ford (que merecia uma indicação de Roteiro Adaptado), o filme é marcante pela tensão das cenas. Teria sido tenso demais para os corações dos votantes mais idosos?

Quanto aos resultados, de acordo com o histórico da temporada, o musical La La Land deve ganhar sem maiores sustos, já que levou o Globo de Ouro, o PGA e o BAFTA. Como a Academia adora premiar filmes que tem como tema Hollywood (O Artista, por exemplo) e o universo dos atores (Birdman), o musical é nada mais, nada menos do que a junção das duas coisas. A única ameaça atende pelo nome de Moonlight, que pode surpreender no caso dos quase 7 mil membros decidirem responder às críticas racistas do ano passado.

MELHOR DIRETOR

  • Damien Chazelle (La La Land)
  • Mel Gibson (Até o Último Homem)
  • Barry Jenkins (Moonlight)
  • Kenneth Lonergan (Manchester à Beira-Mar)
  • Denis Villeneuve (A Chegada)

la-la-land-mit-emma-stone-und-damien-chazelle

DEVE GANHAR: Damien Chazelle (La La Land)
DEVERIA GANHAR: Denis Villeneuve (A Chegada)
ZEBRA: Mel Gibson (Até o Último Homem)

ESNOBADO: David Mackenzie (A Qualquer Custo)

Após as vitórias no Critics’ Choice, Globo de Ouro e no próprio sindicato de diretores (DGA), fica praticamente impossível Damien Chazelle não levar seu primeiro Oscar aos 32 anos, e se tornar o mais jovem profissional a ganhar nesta categoria. “Ah, mas ele não é muito jovem para ganhar?” – alguns podem se questionar. Sim, ele pode ter a idade de um artista em formação, mas para quem viu La La Land, sabe que estava diante de um trabalho altamente profissional e excepcional. Como um bom discípulo de Quentin Tarantino, ele se apoiou em inúmeras referências que vão desde Amor Sublime Amor até Os Guarda-Chuvas do Amor, já que apostar no gênero consagrado por ícones do cinema, tinha altas probabilidades de ser um projeto fracassado.

A zebra ficou com Mel Gibson, porque ele foi o elemento surpresa da categoria e também porque foi o único da lista que fora indicado previamente (e ganhou por Coração Valente em 1996). Sua indicação já foi vista por muitos como um perdão aceito pela Academia em relação às declarações anti-semitas dele. A respeito da direção dele, acho que ele pecou em dois aspectos: o excesso de Cristianismo (o filme parece patrocinado pela Igreja), e a questão da unidade, já que a primeira e a segunda metade são filmes bem diferentes.

hell-or-high-water-mit-david-mackenzie

David Mackenzie

Apesar dos diretores ausentes mais comentados serem Tom Ford (Animais Noturnos) e Garth Davis (Lion), meu voto de maior ausência aqui vai para a direção mais minimalista e eficiente de David Mackenzie. Bastante conciso, ele consegue contar uma boa história, dirigir muito bem todos os seus atores (desde os protagonistas até os quase-figurantes) e ainda construir um poderoso reflexo da crise econômica que desolou os EUA sem soar piegas. Responsável por bons dramas independentes desde os anos 90, uma indicação aqui não apenas reconheceria sua filmografia, mas poderia proporcionar projetos ainda mais ambiciosos e até lhe dar carta branca com o estúdio.

MELHOR ATOR

  • Casey Affleck (Manchester à Beira-Mar)
  • Andrew Garfield (Até o Último Homem)
  • Ryan Gosling (La La Land)
  • Viggo Mortensen (Capitão Fantástico)
  • Denzel Washington (Um Limite Entre Nós)
Segundo críticos, Casey Affleck entrega a performance de sua vida em Manchester à Beira-Mar (photo by moviepilot.de)

Segundo críticos, Casey Affleck entrega a performance de sua vida em Manchester à Beira-Mar (photo by moviepilot.de)

DEVE GANHAR: Denzel Washington (Um Limite Entre Nós)
DEVERIA GANHAR: Casey Affleck (Manchester à Beira-Mar)
ZEBRA: Viggo Mortensen (Capitão Fantástico)

ESNOBADO: Adam Driver (Paterson)

Quando a temporada começou, Casey Affleck ganhou importantes prêmios de Ator como o National Board of Review, o NYFCC e o Globo de Ouro, mas nas últimas semanas, teve seu reinado ameaçado com a vitória de Denzel Washington no SAG Awards. Como todos sabem, uma vitória no sindicato de atores é meio Oscar ganho, pois boa parte dos votantes do sindicato também votam na Academia. O único porém nessa história é que Denzel nunca havia vencido o SAG em 22 anos de existência, fato que teria colaborado com sua primeira vitória.

Já no Oscar, vale lembrar que o ator já conquistou duas estatuetas: Coadjuvante por Tempo de Glória em 1990 e Ator por Dia de Treinamento em 2002, e se ganhar a terceira, juntar-se-á um seleto grupo de atores que inclui Jack Nicholson e Meryl Streep. Particularmente, não acho que ele mereça tudo isso, pois vejo que ele tem algumas limitações como ator, começando com suas escolhas restritas de papéis, normalmente de personagens arrogantes e rebeldes. E para quem conferiu Manchester à Beira-Mar, sabe que estava diante de uma performance contida e repleta de nuances, que apenas o cinema poderia proporcionar. Infelizmente, levantaram um suposto incidente envolvendo atitudes machistas de Casey Affleck em set de filmagens, que podem prejudicar seu favoritismo. E, honestamente, ele poderia se ajudar nas premiações, sendo mais alegre e grato. Já que ele é ator, poderia pelo menos fingir que realmente gostou de ser reconhecido!

MELHOR ATRIZ

  • Isabelle Huppert (Elle)
  • Ruth Negga (Loving)
  • Natalie Portman (Jackie)
  • Emma Stone (La La Land)
  • Meryl Streep (Florence: Quem é Essa Mulher?)
Emma Stone em cena do musical La La Land: Cantando Estações (photo by tumblr.com)

Emma Stone em cena do musical La La Land: Cantando Estações (photo by tumblr.com)

DEVE GANHAR: Emma Stone (La La Land: Cantando Estações)
DEVERIA GANHAR: Isabelle Huppert (Elle)
ZEBRA: Meryl Streep (Florence: Quem é Essa Mulher?)

ESNOBADA: Amy Adams (A Chegada)

Após ganhar o Globo de Ouro, o SAG e o BAFTA, Emma Stone só perde seu primeiro Oscar em caso de tragédia surpreendente, que particularmente, gostaria que ocorresse. Obviamente, ela merece uma série de elogios em relação à sua performance, sua voz cantada e principalmente seu carisma, tanto que se tornou a nova America’s sweetheart. Definitivamente, sua melhor cena é aquela em que canta “Audition (The Fools Who Dream)”, pois ao mesmo tempo em que canta, ela expõe a última chama do sonho dela de atuar.

Além do carisma, Emma tem vantagem em dois campos: o papel e a nacionalidade. Sim, ela interpreta uma atriz que tenta alcançar seu objetivo, e sim, ela é americana. Com essas armas, ela deverá bater a melhor atriz em competição: Isabelle Huppert, que além de ser francesa, interpreta uma personagem bastante complexa que não espera a identificação do público em Elle. Embora seja a melhor atuação feminina, ganhando vários prêmios da crítica, inclusive americana, quando se trata de Oscar, parece que o patriotismo fala mais alto. Em 89 anos de história, a Academia premiou apenas três atores que atuaram em língua estrangeira: os italianos Sophia Loren e Roberto Benigni, e a francesa Marion Cotillard. Em caso de vitória de Huppert, o Oscar ganharia muito em credibilidade.

E a ausência mais comentada do Oscar 2017 foi a de Amy Adams. Esta seria sua sexta indicação ao Oscar, mas talvez por questão de timing, resolveram substitui-la com Meryl Streep após aquele grandioso discurso de agradecimento no Globo de Ouro contra Trump. Considero Adams uma boa atriz, mas torço para que ela busque se desafiar mais em papéis que nada se assemelham à figura dela, e ela possa mostrar ao público um tom de voz, um jeito de caminhar, uns trejeitos mais diferentes ou até apelar pra uma maquiagem mais forte para alguém dizer “aquela é a Amy Adams”? Pode soar como uma estratégia barata e superficial, mas funciona e esse pode ser o caminho para o primeiro Oscar dela.

MELHOR ATOR COADJUVANTE

  • Mahershala Ali (Moonlight)
  • Jeff Bridges (A Qualquer Custo)
  • Lucas Hedges (Manchester à Beira-Mar)
  • Dev Patel (Lion)
  • Michael Shannon (Animais Noturnos)
Mahershala Ali em cena de Moonlight (photo by moviepilot.de)

Mahershala Ali em cena de Moonlight (photo by moviepilot.de)

DEVE GANHAR: Mahershala Ali (Moonlight)
DEVERIA GANHAR: Jeff Bridges (A Qualquer Custo)
ZEBRA: Lucas Hedges (Manchester à Beira-Mar)

ESNOBADO: John Goodman (Rua Cloverfield, 10) e Ben Foster (A Qualquer Custo)

Nessa categoria, nunca houve um favorito de fato, tanto que o que mais teve relevância  na temporada, Aaron Taylor-Johnson, sequer foi indicado ao Oscar por Animais Noturnos. Na indecisão, Mahershala Ali se tornou um favorito depois que ganhou o SAG e fez um belo e propício discurso sobre ter origens muçulmanas perante a decisão xenófoba do presidente Donald Trump.

Embora muitos falem que Jeff Bridges foi Jeff Bridges em A Qualquer Custo, gosto da atuação dele. Claro que ele não se transforma, e seu tom de voz é aquele mesmo de Coração Louco, mas ele assume tão bem a personalidade politicamente incorreta do Texas Ranger Marcus que suas falas são memoráveis. E a atuação dele cresce com minúcias como a pausa silenciosa dele após ser atendido por uma garçonete arrogante, ou ele soltar uma comemoração tímida após acertar um tiro.

10-cloverfield-lane-mit-john-goodman

John Goodman

Além dos indicados, dois nomes não poderiam ter ficado de fora dessa lista: John Goodman e Ben Foster. O primeiro, mais conhecido por personagens bonzinhos como Fred Flinstone e até na dublagem de Sully na animação Monstros S.A., jogou tudo para o alto ao assumir o papel do sinistro Howard, que mantém a ordem em seu abrigo subterrâneo. E não se trata apenas de uma mudança radical de tipos de papéis, mas ele consegue segurar o filme todo nas costas mesmo sob a pele de um ser desprezível em Rua Cloverfield, 10. Acreditava que a Academia não perderia essa oportunidade de reconhecê-lo pela primeira vez, mas creio que seu papel bem pesado acabou o tirando da disputa. Uma pena.

E quanto a Ben Foster, alguns anos atrás, fiz uma matéria sobre atores promissores e o incluí nessa lista: https://cinemaoscareafins.wordpress.com/2012/07/19/nova-geracao-de-atores/. Apesar de pegar uns papéis de seres meio estranhos e

Ben Foster

Ben Foster

violentos, ele consegue se transformar sem deixar rastros como faz grandes atores como Daniel Day-Lewis. Aqui no western moderno de A Qualquer Custo, ele atua como o irmão que foi preso e largou a família na mão em tempos difíceis. Um personagem complexo e anti-herói, mas que Foster oferece uma empatia tão grande que fica difícil não torcer por ele até o final. Também seria sua primeira indicação, mas… é mera questão de tempo para Ben Foster pisar o tapete vermelho.

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

  • Viola Davis (Um Limite Entre Nós)
  • Naomie Harris (Moonlight)
  • Nicole Kidman (Lion)
  • Octavia Spencer (Estrelas Além do Tempo)
  • Michelle Williams (Manchester à Beira-Mar)
Viola Davis em cena de Um Limite Entre Nós (pic by moviepilot.de)

Viola Davis em cena de Um Limite Entre Nós (pic by moviepilot.de)

DEVE GANHAR: Viola Davis (Um Limite Entre Nós)
DEVERIA GANHAR: Viola Davis (Um Limite Entre Nós)
ZEBRA: Octavia Spencer (Estrelas Além do Tempo)

ESNOBADAS: Laura Linney (Animais Noturnos)

Viola Davis está simplesmente imbatível em Um Limite Entre Nós. Além de expôr suas entranhas em dois monólogos, ela consegue dobrar Denzel Washington no meio e a única que consegue fazer aquele personagem chato calar a boca. Na internet, muitos pediam a indicação de Viola como Melhor Atriz, mas infelizmente, como ela mesma defendeu, sua personagem é secundária no filme. Talvez na peça, pelo qual ela ganhou o Tony Award, tenha sido mais protagonista, mas no filme ela fica em segundo plano. Mas para quem conhece o talento da atriz sabe que um Oscar como Melhor Atriz não tardará em sua carreira. Ela sim, ao contrário de Denzel, merece estar no mesmo panteão de atores que ganharam 3 Oscars…

As demais concorrentes da categoria também têm pouco tempo de tela, principalmente Michelle Williams que está em três cenas curtas em Manchester à Beira-Mar. Claro que uma atuação boa pode durar dois minutos como aconteceu com Laura Linney em Animais Noturnos, mas para vencer esta estatueta, a personagem tem de apresentar uma profundidade e relevância um pouco maior, algo que faltou para Octavia Spencer em Estrelas Além do Tempo.

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

  • Taylor Sheridan (A Qualquer Custo)
  • Damien Chazelle (La La Land)
  • Yorgos Lanthimos e Efthymis Filippou (O Lagosta)
  • Kenneth Lonergan (Manchester à Beira-Mar)
  • Mike Mills (Mulheres do Século 20)
manchester-by-the-sea-michelle-williams-casey-affleck

Michelle Williams discute com Casey Affleck em uma das cenas mais fortes do drama escrito por Kenneth Lonergan (pic by moviepilot.de)

DEVE GANHAR: Kenneth Lonergan (Manchester à Beira-Mar)
DEVERIA GANHAR: Taylor Sheridan (A Qualquer Custo)
ZEBRA: Mike Mills (Mulheres do Século 20)

ESNOBADO: Shane Black e Anthony Bagarozzi (Dois Caras Legais)

O dramaturgo Kenneth Lonergan criou um roteiro que poderia servir como base para uma ótima peça de teatro, com personagens tridimensionais e cenas poderosas. Soube adaptar para o cinema com atuações minuciosas e flashbacks que guardam o segredo da trama. Com isso, levou boa parte dos prêmios de roteiro e pode ser o único Oscar do filme Manchester à Beira-Mar.

Contudo, a categoria de Roteiro Original é uma das mais fortes do ano e temos competidores de respeito que poderiam facilmente sair vitoriosos. Se formos levar em conta a originalidade, O Lagosta seria o melhor sem sombra de dúvidas. Tendo como cenário um clima futurista, a dupla Yorgos Lanthimos e Efthymis Filippou cria todo um sistema que pune o ser humano solteiro transformando-no em um animal de sua escolha. Além da criatividade, o roteiro permite um questionamento mais profundo do amor como sentimento mais humano ou se seria apenas uma convenção da sociedade.

Embora a seleção esteja em alto nível aqui, ainda defendo o roteiro de Taylor Sheridan de A Qualquer Custo, no qual temos uma trama simples, com personagens ricos, diálogos memoráveis e algo que aprecio bastante: a crítica social e econômica. Os personagens centrais são irmãos que assaltam o mesmo banco que lhes rouba dinheiro em hipotecas. Vemos uma Texas devastada pela crise econômica preenchida por casas à venda e outdoors anunciando empréstimos. E é o único dos concorrentes que eu assistiria várias vezes.

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

  • Eric Heisserer (A Chegada)
  • August Wilson (Um Limite Entre Nós)
  • Allison Schroeder e Theodore Melfi (Estrelas Além do Tempo)
  • Luke Davis (Lion)
  • Barry Jenkins (Moonlight)

arrival-mit-amy-adams-1

DEVE GANHAR: Barry Jenkins (Moonlight)
DEVERIA GANHAR: Eric Heisserer (A Chegada)
ZEBRA: August Wilson (Um Limite Entre Nós)

ESNOBADO: Tom Ford (Animais Noturnos)

Ao contrário da categoria vizinha Original, aqui os concorrentes deixam a desejar e assim, abre caminho para Barry Jenkins provavelmente levar seu Oscar de consolação por não conseguir levar Melhor Filme e Diretor por Moonlight. Ok, acho bacana o Jenkins ser reconhecido pela dupla função roteirista/diretor, provando que Hollywood tem lugar para todas as raças, religiões e nacionalidades, MAS se for pra premiar o melhor mesmo aqui, o ideal seria entregar o Oscar para Eric Heisserer por A Chegada.

Por seu vasto e extenso histórico, o gênero da ficção científica sempre buscou fazer críticas sociais num cenário de invasão alienígena, desde os filmes de Roger Corman, portanto, o roteiro de A Chegada mantém essa tradição ao apontar a falha de comunicação entre os povos que gera conflitos intermináveis. Como ressalta a personagem central de Amy Adams, “a linguagem é a fundação da civilização”. Eric Heisserer nos introduz a esse cenário de interação com seres de outro espaço para nos contar um pouco mais sobre nós mesmos.

Só lembrando que caso August Wilson vença por seu roteiro de Um Limite Sobre Nós, será um Oscar póstumo, já que ele faleceu em 2005. E mais um adendo: Cadê Tom Ford nessa categoria?? O homem sabe escrever roteiro e costurar um terno impecável. Quer mais o quê, Academia?

MELHOR FOTOGRAFIA

  • Bradford Young (A Chegada)
  • Linus Sandgren (La La Land)
  • Greig Fraser (Lion)
  • James Laxton (Moonlight)
  • Rodrigo Prieto (Silêncio)
lion-mit-sunny-pawar

A fotografia de Greig Fraser em Lion (pic by moviepilot.de)

DEVE GANHAR: Linus Sandgren (La La Land)
DEVERIA GANHAR: Greig Fraser (Lion: Uma Jornada Para Casa)
ZEBRA: Rodrigo Prieto (Silêncio)

ESNOBADO: Seamus McGarvey (Animais Noturnos)

Embora a fotografia de Linus Sandgren seja a mais chamativa pela sua paleta de cores, acredito que a composição de luzes foi melhor trabalhada por Greig Fraser no drama Lion. Na verdade, tudo é tão belamente fotografado que até nos esquecemos que se trata de um filme triste de perdas. Existem cenas naturais como as montanhas com borboletas e cenas com luz artificial como as das estações de trem, que torna a fotografia de Fraser mais eclética.

Não ficaria nem um pouco chateado se Rodrigo Prieto levasse o Oscar, porque vale já pelos enquadramentos. E também porque seria um ótimo consolo para o filme de Martin Scorsese, Silêncio, que recebeu apenas essa indicação.

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

  • Patrice Vermette, Paul Hotte (A Chegada)
  • Stuart Craig, Anna Pinnock (Animais Fantásticos e Onde Habitam)
  • Jess Gonchor, Nancy Haigh (Ave, César!)
  • David Wasco, Sandy Reynolds-Wasco (La La Land)
  • Guy Hendrix Dyaz, Gene Sardena (Passageiros)
passengers.jpg

Direção de Arte de Passageiros (pic by cine.gr)

DEVE GANHAR: La La Land
DEVERIA GANHAR: Passageiros
ZEBRA: Ave, César!

ESNOBADO: Seong-hie Ryu (A Criada)

Em se tratando de design de criação, as duas ficções científicas, Passageiros e A Chegada, estão à frente das demais. Particularmente, a direção de arte de Passageiros se mostra mais relevante pelo fato do filme todo se passar dentro de uma espaçonave. Embora seja composta por referências espaciais de outros filmes, como as câmaras criogênicas da franquia Alien, a arte conceitual futurista da nave merece elogios.

Agora, em termos de reprodução, a arte de La La Land nos remete aos anos dourados de Hollywood ao exibir os ambientes de sets de filmagem, e cria cenários bem feitos como o jazz club.

Contudo, nenhum trabalho foi mais majestoso do que o filme sul-coreano A Criada, que reproduz as várias construções da Coréia dos anos 30. Por apresentar uma trama repleta de sexo e violência, não imaginava que passaria pelo crivo conservador da Academia, mas acreditava que poderia ser indicado nas categorias técnicas como Arte e Figurino. Ponto negativo para a Academia, já que preferiu reconhecer trabalhos menos competentes por serem americanos e britânicos.

MELHOR MONTAGEM

  • Joe Walker (A Chegada)
  • John Gilbert (Até o Último Homem)
  • Jake Roberts (A Qualquer Custo)
  • Tom Cross (La La Land)
  • Joi McMillon, Nat Sanders (Moonlight)
arrival-mit-jeremy-renner-und-amy-adams

Amy Adams e Jeremy Renner em cena de A Chegada (pic by moviepilot.de)

DEVE GANHAR: Tom Cross (La La Land)
DEVERIA GANHAR: Joe Walker (A Chegada)
ZEBRA: Jake Roberts (A Qualquer Custo)

ESNOBADO: Jae-Bum Kim e Sang-Beong Kim (A Criada)

Qual foi a montagem mais trabalhosa de todos os indicados? Respondo na lata: La La Land. Os cortes tinham que ser precisos para que a música não parasse, e ditasse o ritmo do filme. Embora haja ótimos planos-sequência (quando não há cortes), o trabalho de Tom Cross merece respeito pela complexidade de sua edição. Talvez por ter vencido um Oscar há dois anos por Whiplash: Em Busca da Perfeição, ele pode ser preterido, e aí poderia entrar Joe Walker em cena por A Chegada.

Por utilizar flash-forwards (adiantamento de trechos que se passam depois na linha do tempo), a montagem de Joe Walker se mostra mais fresca que as demais. Ele soube casar muito bem os trechos que precisava adiantar no momento certo da trama para que o público pudesse entender o que estava havendo sem subestimá-lo. De uma forma geral também, a edição acompanha a tensão na sequência final, em que uma guerra está iminente. Walker foi indicado por 12 Anos de Escravidão, mas não levou o Oscar, e deveria ter sido indicado por Sicario no ano passado.

Lembrei também da montagem de A Criada, pois cria três linhas narrativas (devido aos três personagens) que fazem a trama avançar com surpreendentes revelações. A edição me fez lembrar de Rashomon, de Akira Kurosawa, que cria três sequências diferentes para um mesmo ato.

MELHOR FIGURINO

  • Joanna Johnston (Aliados)
  • Colleen Atwood (Animais Fantásticos e Onde Habitam)
  • Consolata Boyle (Florence: Quem é Essa Mulher?)
  • Madeline Fontaine (Jackie)
  • Mary Zophres (La La Land)
jackie-mit-natalie-portman-1

Figurino ensanguentado de Jackie (pic by moviepilot.de)

DEVE GANHAR: Mary Zophres (La La Land)
DEVERIA GANHAR: Madeline Fontaine (Jackie)
ZEBRA: Joanna Johnston (Aliados)

ESNOBADO: Sang-gyeong Jo (A Criada)

Toda vez que eu via o trailer de Jackie, eu já imaginava: “Esse filme vai ganhar o Oscar de Figurino!”, porque aquelas roupas da ex-primeira dama Jacqueline Kennedy eram muito chamativas. Normalmente, prefiro mais criações do que recriações, mas aqui houve uma pesquisa tão ampla que os figurinos passaram a ser parte fundamental da trama. Quando as roupas apresentam uma importância na história e não apenas algo ilustrativo, elas costumam render um Oscar como Memórias de uma Gueixa ou Maria Antonieta.

Mas acredito que este ano, a quantidade de figurinos pode ser mais crucial para a vitória de Mary Zophres. Ela foi responsável pelas roupas coloridas de La La Land. Embora o foco sejam os vestidos da personagem de Emma Stone, é evidente o trabalho de cores nos figurinos de personagens secundários e figurantes. Aliado à direção de arte e fotografia, o figurino ajuda Damien Chazelle a contar sua história de sonhos Hollywoodianos.

MELHOR MAQUIAGEM E CABELO

  • Um Homem Chamado Ove
  • Star Trek: Sem Fronteiras
  • Esquadrão Suicida
star-trek-beyond-mit-sofia-boutella.jpg

Sofia Boutella sob forte maquiagem em Star Trek: Sem Fronteiras (pic by moviepilot.de)

DEVE GANHAR: Star Trek: Sem Fronteiras
DEVERIA GANHAR: Star Trek: Sem Fronteiras
ZEBRA: Um Homem Chamado Ove

ESNOBADO: Invocação do Mal 2, A Bruxa e qualquer filme de gênero com maquiagem

Honestamente? Depois que o mestre Rick Baker se aposentou, a categoria de Maquiagem ficou meio chocha. É como assistir à Fórmula 1 depois de perder Ayrton Senna. Pra mim, maquiagem de cinema não é um pózinho na cara, um bigode mal colado ou uma peruca. Maquiagem é prótese e transformação criativa! É atores dormindo na cadeira depois de oito horas de maquiagem! E nesse quesito, o único que se encaixa é a maquiagem de Star Trek: Sem Fronteiras. Temos personagens com cara de gremlins for christ sake!

E mais uma coisa: a categoria de Maquiagem tem um papel fundamental no Oscar, porque se tornou o único refúgio dos filmes de terror e ficção científica, que nunca encontram lugar nas categorias principais. Se for pra premiar uma monocelha da Frida Kahlo ou uns bigodes de Os Miseráveis, melhor extinguir a categoria…

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL

  • Mica Levi (Jackie)
  • Justin Hurwitz (La La Land)
  • Dustin O’Halloran, Hauschka (Lion)
  • Nicholas Britell (Moonlight)
  • Thomas Newman (Passageiros)
LLL d 04 _0756.NEF

O compositor Justin Hurwitz dá uns toques para Ryan Gosling no piano em La La Land

DEVE GANHAR: Justin Hurwitz (La La Land)
DEVERIA GANHAR: Justin Hurwitz (La La Land)
ZEBRA: Thomas Newman (Passageiros)

ESNOBADO: Abel Korzeniowski (Animais Noturnos)

Primeiramente, fiquei feliz com a indicação de Mica Levi. Embora esteja em início de carreira no cinema (esta é sua segunda trilha), ela já demonstra bastante personalidade em suas composições. Como vivemos há décadas com trilhas que buscam apenas evocar emoção no espectador, Mica traz novos ares ao trazer experimentalismo nas notas musicais. Não deve levar o prêmio por causa da excelência de Justin Hurwitz que traz a alma de La La Land, mas sua indicação certamente representa uma porta aberta para seu trabalho.

Gente, estou com pena do Thomas Newman. Esta é a sua 14ª indicação ao Oscar sem nenhuma vitória! Claro que a indicação já é uma honra e tal, mas daqui a pouco o homem nem vai mais pra cerimônia! Olha, Thomas, vai na fé que logo seu dia chega! Assim como chegou para Randy Newman, que levou 16 indicações pra ganhar a primeira.

E sinceramente, não entendi por que preteriram a rica trilha de Abel Korzeniowski em Animais Noturnos. As composições conseguem acentuar a estranheza do filme de Tom Ford do início ao fim. Algumas faixas como a “Wayward Sisters” me lembraram o glamour aliado à tensão das trilhas de Pino Donaggio, costumeiro colaborador dos filmes do Brian De Palma. Uma lástima sequer concorrer ao Oscar…

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

  • “Audition (The Fools Who Dream)”, de Justin Hurwitz, Benj Pasek, Justin Paul (La La Land)
  • “Can’t Stop the Feeling”, de Justin Timberlake, Max Martin, Shellback (Trolls)
  • “City of Stars”, de Justin Hurwitz, Benj Pasek, Justin Paul (La La Land)
  • “The Empty Chair”, de J. Ralph, Sting (Jim: The James Foley Story)
  • “How Far I’ll Go”, de Lin-Manuel Miranda (Moana: Um Mar de Aventuras)
lalalandaudition

Emma Stone em cena de Audition (The Fools Who Dream)

DEVE GANHAR: “City of Stars”
DEVERIA GANHAR: “Audition (The Fools Who Dream)”
ZEBRA: “The Empty Chair”

ESNOBADO: “Drive it Like You Stole it” (Sing Street)

Como se avalia se uma canção merece um Oscar? Muita gente apenas avalia a canção em si, e muitas vezes votam apenas pelo artista/intérprete, mas o que faz uma canção vencedora é capturar a alma do filme, ajustar o tom certo. Servem como uma extensão do filme que perdura mesmo dias depois que você assistiu ao filme. Foi assim como “Glory” de Selma: Uma Luta Pela Igualdade, por exemplo, ou “Falling Slowly” de Apenas Uma Vez.

As canções de La La Land preenchem esses requisitos. Embora “City of Stars” tenha sido eleita a mais queridinha, fico com a “Audition (The Fools Who Dream)” porque só toca uma vez no filme e ela, aliada à interpretação de Emma Stone, permanece na sua cabeça, martelando a alma do musical que homenageia todos os sonhadores.

Não entendi o porquê da canção pop de Sing Street ter ficado de fora. É uma espécie de “That Thing You Do” de adolescentes. Teria Justin Timberlake preenchido a cota de canções pop do ano?

MELHOR SOM

  • A Chegada
  • Até o Último Homem
  • La La Land
  • Rogue One: Uma História Star Wars
  • 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi
la-la-land-mit-ryan-gosling

Ryan Gosling ao piano em La La Land (pic by moviepilot.de)

DEVE GANHAR: La La Land
DEVERIA GANHAR: La La Land
ZEBRA: 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi

Musicais sempre levam vantagem nessa categoria. Basta olhar as premiações de Chicago, DreamGirls e até Whiplash, que envolve música. Os demais parecem estar fazendo mais figuração.

Uma notícia de última hora: a indicação para Greg P. Russell por 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi foi revogada. A Academia identificou que ele fazia lobby entre companheiros e colegas no departamento de Som. O filme em si continua concorrendo, mas o profissional não.

MELHORES EFEITOS SONOROS

  • A Chegada
  • Horizonte Profundo: Desastre no Golfo
  • Até o Último Homem
  • La La Land
  • Sully: O Herói do Rio Hudson
arrival-mit-amy-adams-1

Comunicação visual e sonora em A Chegada (pic by moviepilot.de)

DEVE GANHAR: A Chegada
DEVERIA GANHAR: A Chegada 
ZEBRA: Sully: O Herói do Rio Hudson

Para quem não conhece essa categoria, os efeitos sonoros são aqueles criados em estúdio, e que não foram captados nas filmagens. Então filmes que tenham elementos de explosão e tiros costumam levar esse prêmio. Casos clássicos são de Pearl Harbor, Os Incríveis, King Kong e Cartas de Iwo Jima. Contudo, A Chegada pode ser um diferencial devido aos sons alienígenas, que são essenciais no filme.

MELHORES EFEITOS VISUAIS

  • Horizonte Profundo: Desastre no Golfo
  • Doutor Estranho
  • Mogli: O Menino Lobo
  • Kubo e as Cordas Mágicas
  • Rogue One: Uma História Star Wars
the-jungle-book-mit-neel-sethi.jpg

O menino Neel Sethi em cena de Mogli: O Menino Lobo (pic by moviepilot.de)

DEVE GANHAR: Mogli: O Menino Lobo
DEVERIA GANHAR: Mogli: O Menino Lobo
ZEBRA: Horizonte Profundo: Desastre no Golfo

Os efeitos de Doutor Estranho e Kubo e as Cordas Mágicas são merecedores desse prêmio, mas os efeitos de Mogli: O Menino Lobo são mais vistosos e cruciais para o bom funcionamento do filme de Jon Favreau. Sem eles, o filme realmente não existiria e eles revolucionam a técnica de animais falantes que vão desde Dr. Dolittle (1967) até Babe – O Porquinho Atrapalhado (1995).

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

  • Terra de Minas, de Martin Zandvliet (DINAMARCA)
  • Um Homem Chamado Ove, de Hannes Holm (SUÉCIA)
  • O Apartamento, de Asghar Farhadi (IRÃ)
  • Tanna, de Martin Butler, Bentley Dean (AUSTRÁLIA)
  • Toni Erdmann, de Mare Ade (ALEMANHA)
toni-erdmann_-4

Cena estranha de Toni Erdmann, representante alemão no Oscar. (photo by critic.de)

DEVE GANHAR: Toni Erdmann
ZEBRA: Tanna

ESNOBADO: Elle, de Paul Verhoeven (FRANÇA)

Depois que o favorito Elle foi desqualificado ainda em dezembro, o caminho para o Oscar ficou bem mais fácil para o alemão Toni Erdmann. Sua história de relacionamento complicado entre pai e filha certamente tocou o coração dos votantes e tem tudo para levar a estatueta. O sucesso do filme de Maren Ade vai se expandir com o recente anúncio de que Toni Erdmann será refilmado e estrelado por Jack Nicholson, que não faz um filme desde Os Infiltrados (2006).

O único concorrente que poderia dar trabalho a Toni Erdmann seria o filme iraniano O Apartamento. Embora tenha participado ativamente da temporada de premiações, o filme não ganhou nenhum prêmio de destaque e, além disso seu diretor levou o Oscar há cinco anos com o ótimo A Separação, porém, com a recente nota de que o diretor Asghar Farhadi não comparecerá ao evento por causa do bloqueio do presidente americano Donald Trump aos países do Oriente Médio, alguns especialistas passaram a defender uma possível segunda vitória para o Irã na categoria.

Sei lá, acho que cansei de falar sobre essa categoria que parece congelada num conservadorismo eterno. Quando Elle foi desqualificado, não tive ânimo para ver os indicados. Americanos têm aversão a ver filmes legendados em pleno século XXI, então fica difícil a maioria provar que viu os cinco filmes indicados, aí acaba prevalecendo o gosto dos idosos pra filmes de Segunda Guerra Mundial e água com açúcar.

MELHOR ANIMAÇÃO

  • Kubo e as Cordas Mágicas (Kubo and the Two Strings)
  • Moana: Um Mar de Aventuras (Moana)
  • Minha Vida de Abobrinha (Ma vie de Courgette)
  • A Tartaruga Vermelha (Le Tortue Rouge)
  • Zootopia (Zootopia)
kubo-06

Cena da animação Kubo e as Cordas Mágicas, de Travis Knight (photo by moviepilot.de)

DEVE GANHAR: Zootopia
DEVERIA GANHAR: Kubo e as Cordas Mágicas
ZEBRA: A Tartaruga Vermelha

ESNOBADO: Your Name (Kimi no na wa.)

Desde que foi criada em 2002, a categoria de Animação é a mais internacional e globalizada de todas, pois não fica limitada às produções americanas. Como o gênero é trabalhoso demais (algumas levam mais de cinco anos para ficar prontas), não há inúmeros lançamentos por ano, e por isso, a Academia recorre às animações estrangeiras para preencher as vagas. Embora essa estratégia soe muito cômoda, é graças a ela que os trabalhos dos animadores mundo afora pode ganhar muito mais atenção e ter seus devidos reconhecimentos.

Apesar da democracia globalizada nas indicações, em termos de vitórias, a coisa muda de figura. Nesses 14 anos de existência, a Academia premiou apenas UMA animação estrangeira: a japonesa A Viagem de Chihiro (2001), de Hayao Miyazaki.

Da competição, torço para os dois estrangeiros Minha Vida de Abobrinha que tem ótima técnica de stop motion, e A Tartaruga Vermelha, que dispensa diálogos para contar uma bela história de sobrevivência. Acho bacana a trama de conspirações de Zootopia, mas prefiro o visual de Kubo, cujo estúdio, Laika Entertainment, vem merecendo o primeiro Oscar há tempos, vide: Coraline e o Mundo Secreto, ParaNorman e Os Boxtrolls.

MELHOR DOCUMENTÁRIO

  • Fogo no Mar (Fire at Sea)
  • Eu Não Sou seu Negro (I Am Not Your Negro)
  • Life, Animated
  • O.J.: Made in America
  • A 13ª Emenda (The 13th)

DEVE GANHAR: O.J.: Made in America
ZEBRA: Life, Animated

ESNOBADOS: The Eagle Huntress, Weiner

Eu juro que queria ver O.J.: Made in America, mas depois que vi a duração de mais de sete horas, deixei pra depois. Bom, a Academia tem três ótimos indicados sobre a temática negra: O.J.: Made in America, Eu Não Sou Seu Negro e A 13ª Emenda. Acredito que em caso de vitória de qualquer um desses, promete ser um dos melhores discursos da noite.

O documentário A 13ª Emenda, dirigido por Ava DuVernay de Selma, busca as respostas de hoje em séculos atrás no escravismo. Por que os negros formam a maior parte da população carcerária? E por que o sistema carcerário não funciona? Assim como fez Michael Moore no vencedor do Oscar Tiros em Columbine, ela destrincha o passado para explicar o presente. Seria um belo prêmio para compensá-la da ausência por Selma em 2015.

MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA

  • Extremis
  • 4.1 Miles
  • Joe’s Violin
  • Watani: My Homeland
  • The White Helmets

MELHOR CURTA-METRAGEM

  • Ennemis Intérieurs
  • La Femme et le TGV
  • Mindenki
  • Timecode
  • Silent Nights

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO

  • Blind Vaysha
  • Borrowed Time
  • Pear Cider and Cigarettes
  • Pearl
  • Piper

***

COMEMORAÇÃO

Pra mim, se Isabelle Huppert ganhar como Melhor Atriz, esse Oscar já valeu. Até esqueço das injustiças! E em segundo lugar, se A Qualquer Custo ou O Lagosta vencerem como Roteiro Original, já posso entrar em feliz hibernação até o Oscar 2018.

Bom, independente dos resultados, que todos tenham uma ótima noite de Oscar!

***

A 89ª cerimônia do Oscar terá transmissão ao vivo pela TNT a partir das 21h, horário de Brasília.

ONDE E QUANDO ACOMPANHAR OS INDICADOS AO OSCAR 2017

oscars-2017-best-picture-nominees

Todos os 9 indicados a Melhor Filme: A Chegada, Cercas, Até o Último Homem, A Qualquer Custo, Estrelas Além do Tempo, La La Land, Lion, Manchester à Beira-Mar e Moonlight (pic by goldderby.com)

PRODUÇÕES INDICADAS AINDA SÃO DESTRATADAS PELAS DISTRIBUIDORAS BRASILEIRAS

Se os únicos filmes que você assistiu até agora foram Rogue One: Uma História Star Wars e Esquadrão Suicida, não se desespere! Você já derrubou 3 indicações! E ainda temos um mês pela frente até o Oscar, que tem data marcada para o dia 26 de fevereiro. Com um pouco de empenho, dá pra conferir pelo menos os filmes mais badalados como o musical La La Land, que equivaleu o recorde com A Malvada (1950) e Titanic (1997) com 14 indicações, e A Chegada, ficção científica moderna que conquistou 8 indicações.

Claro que algumas categorias como Documentário e Filme em Língua Estrangeira são mais difíceis de acompanhar todos os filmes, mas por exemplo, temos o ótimo documentário de Ava DuVernay, A 13ª Emenda, disponível no Netflix, ou seja, nem precisa sair de casa pra conferir.

The 13th

À direita, a diretora Ava DuVernay em still do documentário A 13ª Emenda que faz um giro pela história americana para analisar o sistema penitenciário (pic by critic.de)

Obviamente, eu poderia dizer pra todos simplesmente baixarem os torrents de todos os filmes na internet, mas legalmente, não posso recomendar isso. Mas o principal motivo que não recomendo é porque a maioria dos lançamentos não tem arquivos de ótima qualidade (risos). E alguns como La La Land merecem ser vistos numa sala de cinema, mesmo que o ingresso esteja carinho e ainda haja alguns retardados que teimam em conversar e atender o celular durante a sessão. Também tenho pavor de casaizinhos em início de relacionamento, em que o namorado quer impressionar a moça comentando o filme todo, e ela não tem coragem de mandar ele calar a boca!

Enfim, distribuidoras e empresas de cinema, estou fazendo um serviço de utilidade pública e dando um empurrãozinho aqui pra que haja mais espectadores em suas salas. Por favor, vamos colaborar e colocar esses filmes em cartaz o quanto antes! Particularmente, recomendo as salas do Espaço Itaú de Cinema, localizadas nos shoppings Bourbon Pompéia e Frei Caneca, e na rua Augusta, por apresentarem diversidade e qualidade na programação (os indicados ao Oscar devem preencher as salas), e também vale ressaltar que o público costuma ser um pouco melhor (um pouco), porque apesar de muitos serem da terceira idade, alguns ainda acham que estão vendo o filme na sala da casa deles.

espaco-itau-cinema-pompeia

Corredor das salas do Espaço Itaú de Cinema do Shopping Bourbon Pompéia (pic by apontador.com)

Sim, existem muitas produções que sequer ganharam data de lançamento, mas as indicações, como sempre, ajudam a adiantar todo o processo. São os casos dos dramas Cercas e Loving, que concorrem em categorias principais de atuação. Já outros como o australiano Tanna (concorre como Filme em Língua Estrangeira) e o documentário Jim: The James Foley Story (concorre como Canção Original), não devem estimular as distribuidoras a se mexerem. Para esses filmes esquecidos, ou você espera por lançamentos de DVD ou Blu-ray importados, ou se vira de outras formas, se é que você me entende.

loving-mit-joel-edgerton-und-ruth-negga.JPG

Joel Edgerton com a indicada ao Oscar Ruth Negga em cena de Loving, ainda sem data de estréia (pic by moviepilot.de)

Só gostaria de fazer um adendo que me esqueci no post sobre as indicações: Meryl Streep fez novamente história ao ser indicada pela 20ª vez. É a atriz mais indicada da história da Academia, e acho quase impossível alguém bater essa marca um dia. Não querendo desmerecer a performance da sra. Streep, mas admito que esta indicação soou meio preguiçosa. Para quem viu Florence Foster Jenkins (prefiro não botar o título horroso brasileiro), sabe que aquela atuação dela foi meio automática, talvez sem muito esforço das habilidades de interpretação.

DISPONÍVEIS EM BLU-RAY/DVD/ON DEMAND

Ave, César! (Hail, Caesar!)
1 indicação: Direção de Arte.

Esquadrão Suicida (Suicide Squad)
1 indicação: Maquiagem.

Florence: Quem é Essa Mulher? (Florence Foster Jenkins)
2 indicações: Atriz (Meryl Streep) e Figurino.

Fogo no Mar (Fuocoammare)
1 indicação: Documentário

Mogli: O Menino Lobo (The Jungle Book)
1 indicação: Efeitos Visuais.

Star Trek: Sem Fronteiras (Star Trek Beyond)
1 indicação: Maquiagem.

Trolls (Trolls)
1 indicação: Canção Original (“Can’t Stop the Feeling”)

Zootopia (Zootopia)
1 indicação: Animação

zootopia

Cena da animação da Disney, Zootopia (pic by moviepilot.de)

DISPONÍVEL NO NETFLIX

A 13ª Emenda (The 13th)
1 indicação: Documentário

FILMES EM CARTAZ NOS CINEMAS – com base na programação de São Paulo

Animais Fantásticos e Onde Habitam (Fantastic Beasts and Where to Find Them)
2 indicações: Direção de Arte e Figurino.

Animais Noturnos (Nocturnal Animals)
1 indicação: Ator Coadjuvante (Michael Shannon)

O Apartamento (Forushande)
1 indicação: Filme em Língua Estrangeira.

Até o Último Homem (Hacksaw Ridge)
6 indicações: Filme, Diretor (Mel Gibson), Ator (Andrew Garfield), Montagem, Som e Efeitos Sonoros.

Capitão Fantástico (Captain Fantastic)
1 indicação: Ator (Viggo Mortensen)

A Chegada (Arrival)
8 indicações: Filme, Diretor (Denis Villeneuve), Roteiro Adaptado, Fotografia, Montagem, Direção de Arte, Som e Efeitos Sonoros.

Doutor Estranho (Doctor Strange)
1 indicação: Efeitos Visuais.

Elle (Elle)
1 indicação: Atriz (Isabelle Huppert)

La La Land: Cantando Estações (La La Land)
14 indicações: Filme, Diretor (Damien Chazelle), Ator (Ryan Gosling), Atriz (Emma Stone), Roteiro Original, Fotografia, Montagem, Direção de Arte, Figurino, Trilha Musical Original, Canção Original (“Audition (The Fools Who Dream)”), Canção Original (“City of Stars”), Som e Efeitos Sonoros.

Manchester à Beira-Mar (Manchester by the Sea)
6 indicações: Filme, Diretor (Kenneth Lonergan), Ator (Casey Affleck), Ator Coadjuvante (Lucas Hedges), Atriz Coadjuvante (Michelle Williams) e Roteiro Original.

Moana: Um Mar de Aventuras (Moana)
2 indicações: Canção Original (“How Far I’ll Go”) e Animação.

Passageiros (Passengers)
2 indicações: Direção de Arte e Trilha Musical Original.

Rogue One: Uma História Star Wars (Rogue One: A Star Wars Story)
2 indicações: Som e Efeitos Visuais.

Sully: O Herói do Rio Hudson (Sully)
1 indicação: Efeitos Sonoros.

rogue-one-a-star-wars-story-mit-felicity-jones-und-diego-luna.jpg

Felicity Jones e Diego Luna em cena de Rogue One: Uma História Star Wars (pic by moviepilot.de)

PREVISÃO DE ESTRÉIA – Datas previstas para São Paulo, que podem sofrer alterações de acordo com as distribuidoras

02/02: A Qualquer Custo (Hell or High Water)
4 indicações: Filme, Ator Coadjuvante (Jeff Bridges), Roteiro Original e Montagem.

02/02: Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures)
3 indicações: Filme, Atriz Coadjuvante (Octavia Spencer) e Roteiro Adaptado.

02/02: Jackie (Jackie)
3 indicações: Atriz (Natalie Portman), Figurino e Trilha Musical Original.

02/02: Minha Vida de Abobrinha (Ma Vie de Courgette)
1 indicação: Animação.

09/02: Silêncio (Silence)
1 indicação: Fotografia.

16/02: Lion: Uma Jornada Para Casa (Lion)
6 indicações: Filme, Ator Coadjuvante (Dev Patel), Atriz Coadjuvante (Nicole Kidman), Roteiro Adaptado, Fotografia e Trilha Musical Original.

16/02: 13 Horas: Os Soldados Secretos do Benghazi (13 Hours)
1 indicação: Som.

23/02: Moonlight: Sob a Luz do Luar
8 indicações: Filme, Diretor (Barry Jenkins), Ator Coadjuvante (Mahershala Ali), Atriz Coadjuvante (Naomie Harris), Roteiro Adaptado, Fotografia, Montagem e Trilha Musical Original.

lion-mit-nicole-kidman-rooney-mara-david-wenham-dev-patel-und-divian-ladwa.jpg

Dev Patel em cena de Lion: Uma Jornada Para Casa (pic by moviepilot.de)

FORA DE CARTAZ E AGUARDANDO LANÇAMENTO EM BLU-RAY/DVD

Horizonte Profundo: Desastre no Golfo (Deepwater Horizon)
2 indicações: Efeitos Visuais e Efeitos Sonoros.

Kubo e as Cordas Mágicas (Kubo ans the Two Strings)
2 indicações: Efeitos Visuais e Animação.

deepwater-horizon-mit-mark-wahlberg-und-kurt-russell.jpg

Kurt Russell e Mark Wahlberg em cena de Horizonte Profundo, que conquistou as indicações de Efeitos Visuais e Sonoros (pic by moviepilot.de)

SEM PREVISÃO DE ESTRÉIA (*cof! cof!* Mas pra isso existe a internet…)

Aliados (Allied)
1 indicação: Figurino.

Cercas (Fences)
4 indicações: Filme, Ator (Denzel Washington), Atriz Coadjuvante (Viola Davis) e Roteiro Adaptado.

Um Homem Chamado Ove (En man som heter Ove)
2 indicações: Maquiagem e Filme em Língua Estrangeira.

I Am Not Your Negro
1 indicação: Documentário

Jim: The James Foley Story
1 indicação: Canção Original (“The Empty Chair”)

O Lagosta (The Lobster)
1 indicação: Roteiro Original.

Life, Animated
1 indicação: Documentário.

Loving
1 indicação: Atriz (Ruth Negga)

O.J.: Made in America
1 indicação: Documentário

Tanna
1 indicação: Filme em Língua Estrangeira.

A Tartaruga Vermelha (Le Tortue Rouge)
1 indicação: Animação.

Terra de Minas (Under Sandet)
1 indicação: Filme em Língua Estrangeira.

Toni Erdmann
1 indicação: Filme em Língua Estrangeira.

20th Century Women
1 indicação: Roteiro Original.

the-lobster-mit-colin-farrell-und-rachel-weisz

Rachel Weisz e Colin Farrell formam casal no futurista O Lagosta (pic by moviepilot.de)

***

A cerimônia da 89ª edição do Oscar será no dia 26 de fevereiro, e transmitida pelo canal pago TNT. Fiquem atentos pra quem costuma acompanhar pela Globo, porque a emissora deve priorizar o Carnaval.

‘LA LA LAND’ lidera as indicações ao OSCAR 2017 com 14 indicações!

la-la-land-mit-ryan-gosling-und-emma-stone.jpg

Emma Stone e Ryan Gosling em cena de La La Land: ambos fora indicados ao Oscar (pic by moviepilot.de)

MUSICAL IGUALA RECORDE DE A MALVADA (1950) E TITANIC (1997)

OSCAR EM NÚMEROS

Vamos começar com o recordista La La Land, que conquistou 14 indicações ao Oscar: um recorde equivalente ao de A Malvada e Titanic. Já me adiantando um pouco, caso o musical de Damien Chazelle leve a partir de 12 estatuetas na cerimônia no dia 26 de fevereiro, será o grande recordista de vitórias no Oscar, ultrapassando os 11 Oscars de Ben-Hur, Titanic e O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei. E embora Damien Chazelle não seja o mais jovem diretor indicado aos 32 anos (John Singleton tinha 23 quando foi indicado por Os Donos da Rua em 1991), se ganhar, ele se tornará o mais jovem diretor a conquistar a estatueta da categoria.

Bem lá atrás, empatados em segundo lugar com oito indicações cada vêm o drama Moonlight e a ficção científica A Chegada. Seguindo o script do BAFTA, o filme de alienígenas de Denis Villenueve tem se tornado um dos grandes competidores deste ano, conquistando inclusive sua primeira indicação de Diretor. Mas um dos grandes pilares da campanha, a atriz Amy Adams, não foi lembrada na categoria de Atriz.

Em seguida, compartilhando o terceiro lugar com seis indicações, estão Até o Último Homem, Lion e Manchester à Beira-Mar. Super importante ressaltar que Manchester foi produzido pela Amazon Studios também, o que o torna o pioneiro em serviço de streaming a receber uma indicação a Melhor Filme no Oscar.

Outro fato importante é que temos atores negros em todas as quatro categorias de atuação.  São sete atores negros entre vinte indicados: Ruth Negga, Denzel Washington, Viola Davis, Naomie Harris, Octavia Spencer, Mahershala Ali e Dev Patel, se o considerarmos como não-branco. Claro que houve um belo empurrãozinho da polêmica do ano passado do #OscarSoWhite, quando não houve nenhum ator negro pelo segundo ano consecutivo, mas todos os atores, sem exceção, estiveram presentes na temporada de premiação, ou seja, a Academia não trouxe nomes assim do nada.

Claro que essa polêmica racial ainda vai ser amplamente discutida ao longo desse próximo mês. Muitos inclusive já estão comentando da possível vitória de Moonlight sobre o franco-favorito La La Land como uma forma de resposta aos críticos da Academia pelo fato da diversidade. Já vi os dois filmes, e ambos são bons. Particularmente prefiro o musical por dialogar mais sobre sonhos de artista. Mas, de qualquer forma, eu espero sinceramente que não haja esse tipo de competição no quesito sócio-racial, mas apenas de Arte.

ANÚNCIO DAS INDICAÇÕES

Este ano, a Academia resolveu fazer nova alteração no anúncio dos indicados. Ao contrário dos anos anteriores, pela primeira vez, não houve transmissão num local físico. Via satélite pelos sites oscar.com e oscar.org, e pelo canal televisivo ABC (detentora dos direitos de transmissão da cerimônia do Oscar) pelo programa matinal Good Morning America, o anúncio foi misturado a um clipe de artistas previamente indicados ao Oscar com uma voz meio morna lendo os nomes indicados. À princípio, achei estranha essa combinação de clipe pré-gravado. Perdeu aquele frescor de anúncio ao vivo no palco.

Acredito que essa mudança tenha sido realizada para eliminar qualquer tipo de “ruído externo”, ou seja, torcida e ‘bafafás’ de jornalistas presentes durante o anúncio. No ano passado, por exemplo, eles urraram com o anúncio de Sylvester Stallone como Ator Coadjuvante, enquanto ficaram em silêncio absoluto com outros nomes como Matt Damon na categoria de Ator. Essa ausência de platéia elimina possíveis desconfortos para alguns indicados que não ganhariam uma única salva de palmas ou gritinhos.

No início, achei uma medida exagerada, mas depois me colocando no lugar do indicado, seria chato se depois de seu nome ser anunciado, o povo que tá gritando simplesmente ficasse calado! E fica uma coisa mais imparcial e profissional da Academia, e não um resultado de um paredão do Big Brother.

Para esta 89ª edição, a presidente Cheryl Boone Isaacs convocou uma gama diferente de apresentadores para auxiliá-la no anúncio: os atores Jennifer Hudson, Brie Larson, Ken Watanabe e Demián Bichir, e os diretores Jason Reitman (de Juno) e Guillermo del Toro (O Labirinto do Fauno).

Todas as 24 categorias foram anunciadas ao vivo.

SURPRESAS

Quando o nome de Mel Gibson foi anunciado na categoria de Direção, pensei: “A Academia, antro de judeus, finalmente teria perdoado o anti-semita Mel Gibson?”. Rusgas religiosas à parte, Até o Último Homem foi o grande filme de guerra de 2016 e o diretor tem larga experiência no gênero, já que ganhou o Oscar em 1996 pelo épico Coração Valente.

Mesmo não sendo exatamente uma surpresa, acho importante destacar a categoria de Atriz Coadjuvante, que este ano apresenta 3 candidatas negras: Viola Davis, Naomie Harris e Octavia Spencer. As outras são branquelas e loiras: Nicole Kidman e Michelle Williams. Olha o contraste! Agora, imagine o seguinte cenário: Com três atrizes negras no páreo, uma branca levar a estatueta! Aí que a casa cai de vez!  Poooor sorte, entre as negras está a franco-favorita Viola Davis, pela impecável performance em Cercas. Ela já venceu o Critics’ Choice e o Globo de Ouro, portanto, esse deve ser o Oscar mais certo da noite.

supp_actresses

Indicadas ao Oscar de Coadjuvante, da esquerda para a direita: Viola Davis, Nicole Kidman, Octavia Spencer, Michelle Williams e Naomie Harris (pic by GoldenGlobe)

Não vou ser um chato do tipo politicamente correto pra chegar agora e falar “E os atores latinos? E os atores asiáticos? E os indígenas? E a paz mundial??” porque a Arte não é isso. A Arte vem de qualquer lugar, de qualquer gênero, raça, religião, até mesmo de mentes criminosas. Se for pra exigir cotas como muitos na internet exigem como se fossem panfletários, teria que haver 50 indicados por categoria todo ano e aí ninguém iria aguentar o Oscar. Claro que eu acho bacana termos atores negros reconhecidos por seus trabalhos, mas não os enxergo como negros, mas atores que tiveram uma boa oportunidade de mostrar seu talento em projetos bem conceituados, e isso é isso que está faltando: projetos artísticos e oportunidades.

Outros nomes como Mike Mills (20th Century Women) foram surpresa na categoria de Roteiro Original, e de Thomas Newman (Passageiros) na de Trilha Musical. Ambos devem sair de mãos abanando, mas curiosamente, se confirmada sua derrota, esta será a 14ª derrota de Newman. Já na categoria de canção, a surpresa foi de “The Empty Chair” do documentário Jim: The James Foley Story. Claro que o nome do músico Sting ajuda, mas vale lembrar que esta é a terceira indicação do compositor J. Ralph.

Na categoria de maquiagem, a participação de Esquadrão Suicida não deixa de surpreender, já que a adaptação da DC Comics foi considerada uma das piores de 2016. Contudo, também vale ressaltar que a categoria de Maquiagem tem abrigado filmes ruins como Jackass Apresenta: Vovô Sem Vergonha e Norbit.

AUSÊNCIAS

Indubitavelmente, a grande surpresa entre os indicados pra mim foi a exclusão de Amy Adams da categoria de Atriz. Acho que pensaram: “Ela é indicada todo ano e nunca ganha. Melhor ficar de fora pra não perder de novo e virar uma nova Deborah Kerr! (foi indicada 6 vezes, mas nunca levou o prêmio)”. Curiosamente, seu filme A Chegada conquistou uma série de indicações, e ela que vinha sendo indicada em todos os grandes prêmios, acabou morrendo na praia. Sei que muitos fãs dos filme vão ficar aborrecidos comigo, mas eu acho que ela não mereceu estar entre as indicadas este ano. É o que sempre digo sobre ela: Amy Adams precisa sair um pouco da zona de conforto e assumir papéis mais desafiadores. Mudar seu timbre de voz, mudar seu visual, seu jeito de andar etc. Talento ela tem, mas a Academia quer reconhecê-la por algo maior.

amy-adams-arrival

Amy Adams em cena de A Chegada. Sua ausência no Oscar foi uma das mais notáveis (photo by moviepilot.de)

Após uma trajetória de ausências na temporada de premiações, era esperado que o novo filme de Martin Scorsese ficasse praticamente de fora da cerimônia. Sua única indicação veio na forma de Melhor Fotografia para Rodrigo Prieto, que deve apenas fazer figuração na entrega dos prêmios. Como não vi ainda Silêncio, fica difícil entender os motivos do filme ter sido tão excluído. Mas uma das razões foi o erro de estratégia de lançamento atrasado, o que não permitiu os screeners para os votantes da Academia.

Um dos maiores injustiçados foi Animais Noturnos, que recebeu uma única indicação de Ator Coadjuvante para Michael Shannon. Cadê a indicação para Roteiro Adaptado para Tom Ford?? Em seu segundo filme, ele conquistou uma série de críticas positivas, seja como diretor ou como roteirista. Sua adaptação pode ter apresentado falhas, mas certamente foi um dos trabalhos mais estilizados de 2016. A Academia sai perdendo ao não convidar Ford para a festa. Havia uma divisão de votos na escolha do Ator Coadjuvante do filme. Enquanto no Globo de Ouro e BAFTA, optaram por Aaron Taylor-Johnson, a Academia preferiu  Michael Shannon, talvez numa tentativa de compensá-lo pela não-indicação no ano passado pelo drama 99 Casas. Considero a performance de Taylor-Johnson mais interessante por representar um lado sombrio da trama toda de Animais Noturnos. Já Shannon parece meio fadado a papéis “weirdos”.

tom-ford-animals

Tom Ford no set de Animais Noturnos, que recebeu uma única indicação para Michael Shannon (pic by joblo.com)

Apesar de se tratar de uma adaptação de quadrinhos, que a Academia não costuma gostar muito, achei que Deadpool entraria na lista, já que participou ativamente da temporada de premiações, tendo sido indicado inclusive para o Producers Guild (PGA). Suas maiores chances estavam nas categorias de Roteiro Adaptado e Maquiagem, mas ficou de fora por completo. Uma pena.

Entre outros ausentes da festa que estavam no burburinho destaque para Annette Bening (20th Century Women), Tom Hanks (Sully: O Herói do Rio Hudson), Hugh Grant (Florence: Quem é Essa Mulher?) e animação da Pixar, Procurando Dory. Particularmente, senti a ausência de Ben Foster como coadjuvante em A Qualquer Custo. Ele rouba toda cena em que aparece.

MINHA TORCIDA

Olha, não sei o que será de Isabelle Huppert na cerimônia, mas certamente foi a indicação que mais me deixou feliz! Soltei um Uhuuulll daqui de casa! É tão bacana quando a Academia sai de seu clubinho americano para reconhecer um grande talento estrangeiro que na hora, nem liguei que seu filme Elle tinha ficado de fora da categoria de Filme em Língua Estrangeira.

elle

Primeira indicação para a francesa Isabelle Huppert!!

Embora tenha vencido o prestigioso Globo de Ouro, a atriz francesa terá páreo duro pela frente, especialmente entre Emma Stone, que venceu o Globo de Ouro de Atriz – Comédia ou Musical por La La Land, e Natalie Portman, que já ganha pontos por interpretar uma figura histórica muito querida nos EUA, a ex-primeira dama Jacqueline Kennedy em Jackie. Seria o melhor momento da noite do Oscar se Huppert subisse no palco pra receber o Oscar. Dentre as indicadas, ela apresentou a maior audácia

Ainda nesse quesito de reconhecer artistas de fora, a categoria de Animação é a que mais me felicita todo ano. Mais uma vez, ela reconheceu duas produções estrangeiras, no caso, a francesa A Tartaruga Vermelha, e a suíça Minha Vida de Abobrinha. Pelo pouco que já vi, esta última é a que mais me agrada pela técnica de stop-motion, mas sob o aspecto técnico geral, Kubo e as Cordas Mágicas é imbatível, tanto que foi indicado a Melhores Efeitos Visuais. Acho que é a primeira vez que temos uma animação na categoria de Efeitos Visuais.

Meio esquecida da categoria de Trilha Musical, a compositora Mica Levi foi finalmente reconhecida no Oscar! Ela chamou a atenção para o mundo com sua trilha meio experimental do ótimo Sob a Pele (2014), e agora chega com novo trabalho por Jackie. Numa categoria de cartas marcadas com os mesmos nomes de sempre, acho interessante a inclusão de Levi com composições mais alternativas das que estamos acostumados a ouvir, mas que causam uma sensação além do que vemos na tela. Quem tiver um tempinho, dá uma olhada no YouTube e confira os arranjos de Jackie, como a faixa “Burial”, que é mais fúnebre.

A compositora Mica Levi em seu estúdio, inspirada e movida à chocolate M&M. (pic by FACT Magazine)

A compositora Mica Levi (Jackie) em seu estúdio, inspirada e movida à chocolate M&M. (pic by FACT Magazine)

Também comemorei a inclusão da canção “Audition (The Fools Who Dream)”, cantada por Emma Stone em La La Land. Apesar de “City of Stars” ser a mais querida e pegajosa, “Audition” define a personagem de Stone naquele segmento do casting belamente executado.

INDICADOS AO 89th ACADEMY AWARDS:

MELHOR FILME
* A Chegada (Arrival)
* Cercas (Fences)
* Até o Último Homem (Hacksaw Ridge)
* A Qualquer Custo (Hell or High Water)
* Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures)
* La La Land: Cantando Estações (La La Land)
* Lion: Uma Jornada Para Casa (Lion)
* Manchester à Beira-Mar (Manchester by the Sea)
* Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight)

MELHOR DIRETOR
* Damien Chazelle (La La Land)
* Mel Gibson (Até o Último Homem)
* Barry Jenkins (Moonlight)
* Kenneth Lonergan (Manchester à Beira-Mar)
* Denis Villeneuve (A Chegada)

MELHOR ATOR
* Casey Affleck (Manchester à Beira-Mar)
* Andrew Garfield (Até o Último Homem)
* Ryan Gosling (La La Land)
* Viggo Mortensen (Capitão Fantástico)
* Denzel Washington (Cercas)

MELHOR ATRIZ
* Isabelle Huppert (Elle)
* Ruth Negga (Loving)
* Natalie Portman (Jackie)
* Emma Stone (La La Land)
* Meryl Streep (Florence: Quem é Essa Mulher?)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
* Mahershala Ali (Moonlight)
* Jeff Bridges (A Qualquer Custo)
* Lucas Hedges (Manchester à Beira-Mar)
* Dev Patel (Lion)
* Michael Shannon (Animais Noturnos)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
* Viola Davis (Cercas)
* Naomie Harris (Moonlight)
* Nicole Kidman (Lion)
* Octavia Spencer (Estrelas Além do Tempo)
* Michelle Williams (Manchester à Beira-Mar)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
* Taylor Sheridan (A Qualquer Custo)
* Damien Chazelle (La La Land)
* Yorgos Lanthimos e Efthymis Filippou (O Lagosta)
* Kenneth Lonergan (Manchester à Beira-Mar)
* Mike Mills (20th Century Women)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
* Eric Heisserer (A Chegada)
* August Wilson (Cercas)
* Allison Schroeder e Theodore Melfi (Estrelas Além do Tempo)
* Luke Davis (Lion)
* Barry Jenkins (Moonlight)

MELHOR FOTOGRAFIA
* Bradford Young (A Chegada)
* Linus Sandgren (La La Land)
* Greig Fraser (Lion)
* James Laxton (Moonlight)
* Rodrigo Prieto (Silêncio)

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
* Patrice Vermette, Paul Hotte (A Chegada)
* Stuart Craig, Anna Pinnock (Animais Fantásticos e Onde Habitam)
* Jess Gonchor, Nancy Haigh (Ave, César!)
* David Wasco, Sandy Reynolds-Wasco (La La Land)
* Guy Hendrix Dyaz, Gene Sardena (Passageiros)

MELHOR MONTAGEM
* Joe Walker (A Chegada)
* John Gilbert (Até o Último Homem)
* Jake Roberts (A Qualquer Custo)
* Tom Cross (La La Land)
* Joi McMillon, Nat Sanders (Moonlight)

MELHOR FIGURINO
* Joanna Johnston (Aliados)
* Colleen Atwood (Animais Fantásticos e Onde Habitam)
* Consolata Boyle (Florence: Quem é Essa Mulher?)
* Madeline Fontaine (Jackie)
* Mary Zophres (La La Land)

MELHOR MAQUIAGEM E CABELO
* Um Homem Chamado Ove
* Star Trek: Sem Fronteiras
* Esquadrão Suicida

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
* Mica Levi (Jackie)
* Justin Hurwitz (La La Land)
* Dustin O’Halloran, Hauschka (Lion)
* Nicholas Britell (Moonlight)
* Thomas Newman (Passageiros)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
* “Audition (The Fools Who Dream)”, de Justin Hurwitz, Benj Pasek, Justin Paul (La La Land)
* “Can’t Stop the Feeling”, de Justin Timberlake, Max Martin, Shellback (Trolls)
* “City of Stars”, de Justin Hurwitz, Benj Pasek, Justin Paul (La La Land)
* “The Empty Chair”, de J. Ralph, Sting (Jim: The James Foley Story)
* “How Far I’ll Go”, de Lin-Manuel Miranda (Moana: Um Mar de Aventuras)

MELHOR SOM
* A Chegada
* Até o Último Homem
* La La Land
* Rogue One: Uma História Star Wars
* 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi

MELHORES EFEITOS SONOROS
* A Chegada
* Horizonte Profundo: Desastre no Golfo
* Até o Último Homem
* La La Land
* Sully: O Herói do Rio Hudson

MELHORES EFEITOS VISUAIS
* Horizonte Profundo: Desastre no Golfo
* Doutor Estranho
* Mogli: O Menino Lobo
* Kubo e as Cordas Mágicas
* Rogue One: Uma História Star Wars

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
* Terra de Minas, de Martin Zandvliet (DINAMARCA)
* Um Homem Chamado Ove, de Hannes Holm (SUÉCIA)
* O Apartamento, de Asghar Farhadi (IRÃ)
* Tanna, de Martin Butler, Bentley Dean (AUSTRÁLIA)
* Toni Erdmann, de Mare Ade (ALEMANHA)

MELHOR ANIMAÇÃO
* Kubo e as Cordas Mágicas
* Minha Vida de Abobrinha
* A Tartaruga Vermelha
* Moana: Um Mar de Aventuras
* Zootopia

MELHOR DOCUMENTÁRIO
* Fogo no Mar
* I Am Not Your Negro
* Life, Animated
* O.J.: Made in America
* A 13ª Emenda

MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA
* Extremis
* 4.1 Miles
* Joe’s Violin
* Watani: My Homeland
* The White Helmets

MELHOR CURTA-METRAGEM
* Ennemis Intérieurs
* La Femme et le TGV
* Mindenki
* Timecode
* Silent Nights

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
* Blind Vaysha
* Borrowed Time
* Pear Cider and Cigarettes
* Pearl
* Piper

***

A 89ª cerimônia do Oscar acontece no dia 26 de fevereiro e será transmitida pelo canal pago TNT. Não conte muito com a Globo, porque o Oscar cai no fim de semana do Carnaval…

Sete filmes disputam vaga para o Oscar de Maquiagem

O Maquiador Joel Harlow faz mágica na criação de personagens para Star Trek: Sem Fronteiras (pic by trueviralnews.com)

O Maquiador Joel Harlow faz mágica na criação de personagens para Star Trek: Sem Fronteiras (pic by trueviralnews.com)

CATEGORIA DE MAQUIAGEM SELECIONA SEUS FINALISTAS

A Academia continua sua árdua tarefa de afunilar as várias produções para as pouquíssimas vagas das categorias. Se já é difícil reduzir para cinco filmes, imagina para três! A categoria de maquiagem e cabelo costuma premiar fantasias e ficções científicas, justamente pela criação de personagens que demandam uma maquiagem mais caprichada como foram os trabalhos da lenda Rick Baker, vencedor de oito Oscars, e responsável por gemas da maquiagem como Um Lobisomem Americano em Londres, Homens de Preto e O Grinch.

Infelizmente, nem sempre temos bons concorrentes nesse estilo de maquiagem, por isso, muitos vencedores do Oscar acabam se destacando pela maquiagem de envelhecimento, como foi o caso de O Curioso Caso de Benjamin Button e A Dama de Ferro.

Este ano, temos uma combinação de ambos os tipos. Os sete finalistas são:

  • Deadpool (Deadpool)
  • A Vingança Está na Moda (The Dressmaker)
  • Florence: Quem é Essa Mulher? (Florence Foster Jenkins)
  • Ave, César! (Hail, Caesar!)
  • Um Homem Chamado Ove (A Man Called Ove)
  • Star Trek: Sem Fronteiras (Star Trek Beyond)
  • Esquadrão Suicida (Suicide Squad)
Meryl Streep e um envelhecido Hugh Grant em cena de Florence: Quem é Essa Mulher? (pic by moviepilot.de)

Meryl Streep e um envelhecido Hugh Grant em cena de Florence: Quem é Essa Mulher? (pic by moviepilot.de)

Esses três filmes em laranja são minhas apostas para preencher as 3 vagas da categoria. Acredito que Star Trek e Florence são garantidos. Deadpool eu incluiria pelo maquiador Bill Corso (vencedor do Oscar por Desventuras em Série) e pelo sucesso estrondoso comercial, já que a maquiagem praticamente se restringe às queimaduras de rosto do protagonista. Se a Academia não for na onda da bilheteria, pode voltar a indicar uma produção sueca como fez este ano com O Centenário que Fugiu Pela Janela e Desapareceu, já que Um Homem Chamado Ove também envelhece seu ator para o papel do velho amargo da trama. A presença de A Vingança Está na Moda nessa lista é a maior surpresa. Andei vendo algumas imagens do filme e acredito que os cabelos das personagens foram os responsáveis pela inclusão do filme.

Ryan Reynolds com as queimaduras no rosto de Deadpool. pic by cinemagia.ro

Ryan Reynolds com as queimaduras no rosto de Deadpool. pic by cinemagia.ro

Quanto ao vitorioso, indubitavelmente, concederia o Oscar para Star Trek: Sem Fronteiras, que fez um excelente trabalho na criação dos personagens, principalmente em Idris Elba e Sofia Boutella, que ficaram irreconhecíveis. Caso vença, será o segundo filme premiado com o Oscar de Maquiagem da nova série de filmes iniciada com J.J. Abrams.

Sofia Boutella em cena de Star Trek: Sem Fronteiras (photo by cine.gr)

Sofia Boutella em cena de Star Trek: Sem Fronteiras (pic by cine.gr)

***

No dia 07 de janeiro, os membros do departamento assistirão aos clipes dos finalistas e votarão nos 3 melhores. As indicações serão anunciadas no dia 24 de janeiro.

‘Elle’ fica de fora do Oscar de Filme em Língua Estrangeira. E agora, Academia?

O representante alemão Toni Erdmann, de Maren Ade., agora favorito na categoria. Pic by moviepilot.de

O representante alemão Toni Erdmann, de Maren Ade, agora favorito na categoria. Pic by moviepilot.de

MAIS UMA VEZ, UM DOS FILMES FAVORITOS AO PRÊMIO FICA DE FORA

A Academia divulgou a pré-lista dos nove filmes em língua estrangeira que ainda concorrem às cinco indicações ao Oscar. Então, daqueles 85 filmes que representavam seus países, restaram apenas nove produções:

  • Tanna
    Dir: Martin Butler e Bentley Dean (Austrália)
  • Toni Erdmann
    Dir: Maren Ade (Alemanha)
  • É Apenas o Fim do Mundo (Just La Fin du Monde)
    Dir: Xavier Dolan (Canadá)
  • O Apartamento (Forushande)
    Dir: Asghar Farhadi (Irã)
  • Terra de Minas (Under Sandet)
    Dir: Martin Zandvliet (Dinamarca)
  • The King’s Choice (Kongens Nei)
    Dir: Eric Poppe (Noruega)
  • Paradise (Ray)
    Dir: Andrey Konchalovskiy (Rússia)
  • Um Homem Chamado Ove (En Man Som Heter Over)
    Dir: Hannes Holm (Suécia)
  • My Life as a Zucchini (Ma Vie de Courgette)
    Dir: Claude Barras (Suíça)

Pra quem não conhece o sistema atual, dos 85 filmes vistos pelo departamento de Filmes em Língua Estrangeira nos últimos dois meses, os seis mais bem votados se juntam a outros 3 selecionados por um comitê executivo especial, que foi criado para assegurar 3 votos para produções mais pertinentes.

Quando soube que o filme Elle, representante francês e favorito ao prêmio até então, ficou de fora logo na pré-lista do Oscar, confesso que tive uma mistura de sentimentos. No começo foi “Não acredito nisso” com um “Ah, eu já sabia… já tinha previsto no blog”, mas no geral fiquei chateado com a eliminação precoce de um filme ousado na abordagem do tema do estupro. Na verdade, desde que a França lançou o filme como representante em outubro, já torcia por ele, porque foi uma escolha igualmente ousada, afinal, todas as comissões internacionais sabem que os votantes da Academia que elegem os indicados e vencedores são em sua maioria senhores idosos brancos e judeus.  Por isso eles sempre estão selecionando produções com temática da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto, porque sabem que terão maiores chances.

A ausência de Elle na corrida também significa a perda de uma ótima oportunidade de premiar seu diretor, o  holandês Paul Verhoeven, que rendeu muito dinheiro e prestígio à Hollywood nos anos 80 e 90, com as produções de RoboCop – O Policial do Futuro (1987), O Vingador do Futuro (1990), Instinto Selvagem (1992) e Tropas Estelares (1997). Graças a diretores como ele, não faltou coragem e ousadia nos filmes americanos nessas duas décadas, afastando o politicamente correto. Claro que o histórico de um artista não deveria influenciar numa escolha atual, mas nesse caso, o filme em si já justificaria sua indicação.

O diretor Paul Verhoeven dirige uma Isabelle Huppert estirada no chão no set de Elle. Pic by moviepilot.de

O diretor Paul Verhoeven dirige uma Isabelle Huppert estirada no chão no set de Elle. Pic by moviepilot.de

A aversão dos votantes a temas polêmicos também pode ter prejudicado bastante a campanha de Isabelle Huppert como Melhor Atriz. Ela vinha coletando uma série de prêmios importantes como o NYFCC, LAFCA e indicações para o Critics’ Choice e Globo de Ouro, mas depois de sua exclusão do SAG e agora de seu filme da categoria de Filme em Língua Estrangeira, sua primeira indicação ao Oscar pode não estar mais 100% garantida. Apesar dos reveses, ainda acredito em sua indicação, mas a vitória… ah, essa está difícil! Quem sabe se ela ganhar o BAFTA?

Mas parando de chorar sobre o leite derramado, a Academia pode pisar na bola muitas vezes, mas ela sempre busca reforçar a idéia de que os filmes selecionados podem surpreender o espectador. Aliás, muitos dos críticos que abominaram a ausência de Elle sequer viram todos os nove pré-indicados. Particularmente, eu nunca tinha ouvido falar do norueguês The King’s Choice ou o representante sueco Um Homem Chamado Ove, então como dá pra alegar se eles são menos merecedores de uma indicação, certo? Eu só fico receoso se o filme for sobre o Holocausto…

Cena do norueguês The King's Choice. Pic by cine.gr

Cena do norueguês The King’s Choice. Pic by cine.gr

Do histórico mais recente da categoria, a Academia surpreendeu, sim, ao indicar produções pouco conhecidas de países que não tem quase produção cinematográfica. Para citar alguns: O Lobo do Deserto (Jordânia), O Abraço da Serpente (Colômbia), Tangerinas (Estônia), Timbuktu (Mauritânia) e A Imagem que Falta (Camboja). Infelizmente, nenhum deles saiu vitorioso da cerimônia. Aliás, tá difícil de lembrar quando foi a última vez que a Academia surpreendeu no vencedor da categoria… o Oscar para o bósnio Terra de Ninguém em 2002 talvez?

Bom, quanto aos selecionados, à princípio, os favoritos são o alemão Toni Erdmann e o iraniano O Apartamento. Curiosamente, ambos estavam indicados à Palma de Ouro em Cannes em maio. O filme alemão de Maren Ade também foi indicado ao Independent Spirit, Globo de Ouro e levou o NYFCC. Já o iraiano de Asghar Farhadi, vencedor do Oscar em 2012 por A Separação, foi indicado ao Globo de Ouro, e levou o National Board of Review e os prêmios de Melhor Ator (Shahab Hosseini) e Roteiro (Farhadi) em Cannes.

Cena de O Apartamento, de Asghar Farhadi. Em cena: Shahab Hosseini e Taraneh Alidoosti. Pic by cine.gr

Cena do representante iraniano O Apartamento, de Asghar Farhadi. Em cena: Shahab Hosseini e Taraneh Alidoosti. Pic by cine.gr

O representante da Suíça tem uma curiosidade: pode ser indicado tanto como Filme em Língua Estrangeira quanto Longa de Animação. My Life as a Zucchini é uma delicada animação stop-motion sobre um menino que é levado para um orfanato depois que sua mãe morre. Da última vez que um filme esteve na mesma situação, Vidas ao Vento (2013), de Hayao Miyazaki, acabou indicado a Melhor Longa de Animação, mas perdeu para Frozen: Uma Aventura Congelante.

Cena da animação suíça My Life as a Zucchini, que também concorre como Longa de Animação. Pic by moviepilot.de

Cena da animação suíça My Life as a Zucchini, que também concorre como Longa de Animação. Pic by moviepilot.de

A pré-indicação de Terra de Minas consolida o cinema dinamarquês como um dos mais prolixos dos últimos anos. São 5 indicações nos últimos dez anos: Guerra em 2016, A Caça em 2014, O Amante da Rainha em 2013, Em um Mundo Melhor em 2011 (vencedor do Oscar) e Depois do Casamento em 2007. A produção dinamarquesa foi bastante influenciada pelo movimento Dogma 95, que tinha fundamentos como não usar iluminação artificial, tripé e roteiro, e tinha como seguidores Lars von Trier, Thomas Vinterberg e Susanne Bier. Hoje, o cinema da Dinamarca amadureceu, abandonou essas regras, mas mantém a importância da história como essência. Terra de Minas se trata de um grupo que tem a missão de cavar buracos para 2 milhões de minas terrestres.

Cena do representante dinamarquês, Terra de Minas. Pic by moviepilot.de

Cena do representante dinamarquês, Terra de Minas. Pic by moviepilot.de

Acredito que entre os três votados pelo comitê especial tenha sido o canadense É Apenas o Fim do Mundo. Não tanto pelo jovem diretor Xavier Dolan, que levou o Grande Prêmio do Júri em Cannes, mas mais pelo elenco francês composto por Marion Cotillard, Vincent Cassel, Nathalie Baye e Léa Seydoux, pois não é o tipo de filme que os votantes mais idosos apreciariam pelo ritmo mais frenético.

Cena de É Apenas o Fim do Mundo, de Xavier Dolan, com Marion Cotillard e Vincent Cassel. Pic by moviepilot.de

Cena do canadense É Apenas o Fim do Mundo, de Xavier Dolan, com Marion Cotillard e Vincent Cassel. Pic by moviepilot.de

Já o norueguês The King’s Choice e o russo Paradise apresentam essas tramas da Segunda Guerra. O primeiro tem o rei da Noruega precisando fazer uma importante decisão quando as máquinas alemãs chegam a Oslo em 1940, enquanto o segundo apresenta o cruzamento de três pessoas durante a guerra: uma russa, uma francesa e um oficial alemão. Já o sueco, Um Homem Chamado Ove, é uma comédia de humor negro em que o protagonista é um idoso reclamão (identificação com os votantes?) que decide abandonar sua cidade. Enquanto o australiano Tanna oferece uma interessante e bela releitura de uma briga entre duas tribos que habitam uma ilha no Pacífico. Se esses filmes são melhores do que Elle? Só conferindo todos pra poder analisar de fato.

Filme preto-e-branco sobre personagens da Segunda Guerra Mundial no russo Paradise. Pic by moviepilot.de

Filme preto-e-branco sobre personagens da Segunda Guerra Mundial no russo Paradise. Pic by moviepilot.de

Rolfe Lassgard como Ove em Um Homem Chamado Ove, representante sueco. Pic by moviepilot.de

Rolfe Lassgard como Ove em Um Homem Chamado Ove, representante sueco. Pic by moviepilot.de

Cena de Tanna, representante austraiano. Pic by cine.gr

Cena de Tanna, representante australiano. Pic by cine.gr

 

OPORTUNIDADES PERDIDAS

Como Aquarius não foi selecionado pela comissão brasileira (via Michel Temer), o representante Pequeno Segredo ficou de fora. Era óbvio que o dramalhão familiar não avançaria, por mais que seu diretor David Schurmann jurasse de pé junto que seu filme tinha um tema universal que conquistaria a Academia. Aquarius foi sabotado, sim. Assim como Boi Neon, de Gabriel Mascaro. E é uma pena, pois havia grandes chances do Brasil voltar a concorrer ao Oscar após 17 anos depois de Central do Brasil.

O mesmo aconteceu com o representante da Coréia do Sul, país asiático que nunca foi indicado ao Oscar. Seu filme mais forte do ano é The Handmaiden, de Park Chan-wook, mas devido a conflitos políticos com a então presidente Park Geun-hye (hoje fora do governo por processo de impeachment), o filme não foi selecionado. O escolhido The Age of Shadows também ficou de fora. E mais uma ótima oportunidade foi desperdiçada. Por apresentar intensas cenas de sexo, The Handmaiden provavelmente teria que ser salvo pelo comitê especial, mas de qualquer forma, o filme pode concorrer em categorias técnicas como Fotografia, Direção de Arte e Figurino.

Sônia Braga em cena de Aquarius, preterido pela comissão brasileira para o Oscar. Pic by moviepilot.de

Sônia Braga em cena de Aquarius, preterido pela comissão brasileira para o Oscar. Pic by moviepilot.de

Entre os excluídos mais famosos estão o espanhol Julieta, de Pedro Almodóvar, e o chileno Neruda, de Pablo Larraín, que pode concorrer como diretor por Jackie, estrelado por Natalie Portman.

ROLA UMA REFORMA?

Por mais que descubramos produções interessantes através das indicações da Academia, uma reforma no sistema de votação ainda precisa ser implantada. Já citei aqui anteriormente uma solução que agradaria gregos e troianos: aumentar para 10 indicados a Melhor Filme em Língua Estrangeira! Ou pelo menos algo maleável como a categoria de Melhor Filme hoje, que varia de 5 a 10 indicados. Seria algo mais justo, já que são 85 países disputando 5 vagas. E a divisão de votos entre o departamento e a comissão especial ser alterada para 50% a 50%.  Hoje são 2/3 para o departamento e 1/3 para a comissão. Seria algo tão impossível assim para o conservadorismo da Academia?

***

As indicações ao Oscar 2017 serão anunciadas no dia 24 de janeiro.

%d blogueiros gostam disto: