A BARREIRA DO BILHÃO: O Cinema das Bilheterias Massivas

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Filas que dobram o quarteirão de Tubarão, considerado o primeiro blockbuster da história do Cinema (pic by johnrieber.com)

O SITE IMDb FEZ UM LEVANTAMENTO DAS 44 PRODUÇÕES QUE SUPERARAM A BARREIRA DE UM BILHÃO DE DÓLARES NAS BILHETERIAS

O sucesso comercial de um filme nem sempre justifica a qualidade dele, ou vice-versa. Muitas vezes um excelente filme passa quase em branco nos cinemas para depois conquistar seu público em fitas VHS e DVD como aconteceu com Blade Runner (1982) e Um Sonho de Liberdade (1994). Esta matéria procura entender o mercado cinematográfico e confirma que os grandes estúdios não querem mais dar nenhuma chance ao fracasso e ao prejuízo.

“O QUE A MARVEL FAZ NÃO É CINEMA”

As palavras do diretor Martin Scorsese ecoaram relevantemente no último mês. Houve debates, discussões e reinterpretações por parte de cineastas, atores, crítica e público, mas a verdade é que os filmes da Marvel estão incomodando muitos profissionais da área, que perderam consideravelmente seu espaço no circuito comercial .

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No centro, Martin Scorsese promove seu novo filme O Irlandês pela Netflix, ao lado de Al Pacino e Robert De Niro (pic by Empire)

Partindo do princípio básico que Cinema é uma história bem contada (até mesmo os filmes experimentais têm sua narrativa), a Marvel consegue cativar seu público através de suas histórias. Claro que o elenco tem seu carisma, os efeitos visuais e sonoros são excelentes, mas é a narrativa que atrai o público para as salas, mantendo vivo o hábito das salas de projeção.

Responsável pelo planejamento da Marvel Studios, o produtor Kevin Feige soube extrair o melhor da linguagem e material dos quadrinhos e transformá-lo em uma longa série de filmes que beiram o espetáculo. Foi alguém que teve visão e soube explorá-la de forma estupenda. E, como se tratam de produções de alto custo, o estúdio, produtores e investidores, buscam retorno financeiro elevado, não apenas nas bilheterias, mas todo um marketing inteligente que vai de parques temáticos da Disney, video-games, brinquedos e até produtos escolares como cadernos e canetas.

O sucesso comercial é tão colossal, que seria impossível não ficar admirado e invejado (que o diga a DC Comics que falhou por vários anos até acertar com Aquaman). E é nessa categoria que se encaixa o comentário de Scorsese. Assim como outros diretores atuantes, ele busca seu espaço para exibir seus novos trabalhos, mas diante do cenário dominado por filmes de super-heróis, ele se viu obrigado a bater a porta da Netflix e pedir dinheiro e espaço na plataforma de streaming para seu novo O Irlandês.

Não é vergonha alguma se render à Netflix e ao streaming. Muito pelo contrário! São formas alternativas de produção de filmes (que muitas vezes não encontram meios de venda nos cinemas) e de exibição, afinal quantas casas a Netflix não alcança mundialmente? Quando estudei Cinema e lia muitos livros a respeito, todos diziam que o mais importante era seu filme alcançar o público. De que adianta ter feito um filmaço se ninguém o assiste? E o que importa se o filme não está na tela grande com caixas de som THX e DTS? Melhor ser visto num computador ou tablet do que nunca visto! Claro que o ideal seria que TODOS os filmes tivessem seu espaço no circuito comercial, mas seria algo economicamente inviável, infelizmente.

ESTRATÉGIAS PARA CONQUISTAR MAIS PÚBLICO

Mesmo a Disney ou Marvel, que são extremamente bem-sucedidos, buscam estratégias para chamar mais público. Recentemente, os grandes estúdios estão mirando cada vez mais o mercado chinês, já que se trata do maior público mundial. Para conquistá-lo, os produtores chegam a fazer versões específicas dos filmes para esse público, como aconteceu com Homem de Ferro 3, no qual a personagem chinesa interpretada por BingBing Fan sequer aparece na versão original. A franquia Transformers, que aparece duas vezes aqui, contratou a atriz Bingbing Li para viver uma das personagens em Transformers: A Era da Extinção.

Para filmar Vingadores: Era de Ultron e Pantera Negra, a Marvel optou por selecionar a Coréia do Sul como locação pelo custo mais baixo e para tentar conquistar mais espaço nas bilheterias do país, já que a nação asiática é uma das raras em que as produções nacionais arrecadam mais do que as norte-americanas. Vale lembrar que escalaram a atriz sul-coreana Claudia Kim para viver a personagem cientista Dra. Helen Cho.

E, claro, as campanhas publicitárias contam com a presença dos astros dos filmes. Robert Downey Jr. foi à China para divulgar Homem de Ferro 3. Todos os Vingadores foram à Coréia do Sul prestigiar o público. Tom Holland e Jake Gyllenhaal vieram ao evento da CCXP aqui no Brasil para divulgar Homem-Aranha: Longe de Casa em 2018, e este ano, o elenco de Star Wars: A Ascensão Skywalker marcará presença no mesmo evento, confirmando que o Brasil também é um mercado enorme para as grandes produções.

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Premiere de Vingadores: Ultimato na Coréia do Sul, com as presenças dos diretores Anthony e Joe Russo, o produtor Kevin Feige, e os atores Robert Downey Jr., Brie Larson e Jeremy Renner (pic by vitalthrills.com)

Não deixa de ser uma estratégia também a aquisição da Twentieth Century Fox pela Disney, que já tinha outras grandes corporações em seu bolso: a Marvel Studios, a LucasFilm e a Pixar Animations. Completando, na semana passada, a empresa lançou a sua própria plataforma de streaming intitulada Disney Plus, que disponibiliza filmes e séries de todos esses selos. Apesar de ainda estar em seu início, em breve deve competir com a Netflix e até ultrapassá-la em números de usuários.

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Plataforma de streaming da Disney Plus contendo produções da Disney, Pixar, Marvel, Star Wars e até National Geographic (pic by Polygon)

Tais fatores ajudam a explicar melhor os números de bilheteria desses 44 filmes que ultrapassaram a barreira de 1 bilhão de dólares, e explicam o medo que muitos profissionais da área têm do monopólio desenfreado da Disney.

GALINHA DE OVOS DE OURO

Todo grande estúdio tem sua própria galinha de ovos de ouro. No caso da Universal, eles têm nesta lista o sétimo e o oitavo filme da franquia Velozes & Furiosos. Vocês acham que eles vão parar por aí? Com um elenco relativamente mais barato e sequências de ação com automóveis, os filmes mostraram sobrevida mesmo com a saída de Paul Walker (falecido em 2013). A cada nova produção, a fórmula é a mesma: prover novas sequências de ação com carros e contratar algum nome de destaque como Charlize Theron. E no caso da nova trilogia de Jurrasic World, bastam novos tipos de dinossauros, inclusive os mutados geneticamente, e novos personagens para servirem de refeição aos animais pré-históricos.

Outra franquia que, honestamente, não vejo como conseguem atrair tanto público para assistir aos filmes é a dos Transformers! Bom, a Paramount sabe muito bem como, e pretende manter assim. O diretor Michael Bay pode não ser uma unanimidade entre cinéfilos, mas se derem uns 200 milhões de orçamento, espera-se que ele arrecade cinco vezes mais. São casos que exemplificam o famoso “em time que está ganhando não se mexe”. Por um lado temos outros artistas e cinéfilos que reclamam da mesmice, como Scorsese, por outro temos um público fiel às franquias que querem ainda mais.

Pelo lado da Pixar, as animações são sempre garantia de sucesso comercial. Apesar de ter primado pela criatividade e originalidade na década anterior com Os Incríveis, Ratatouille e Wall-E, nos últimos anos deram uma relaxada para se apoiarem nas sequências lucrativas: Carros 2, Carros 3, Os Incríveis 2, Toy Story 4, Procurando Dory e Universidade Monstros. Mesmo assim, duas dessas sequências ultrapassaram um bilhão nas bilheterias.

Aliás, as animações são um segmento naturalmente lucrativo, independente se é original ou sequência, porque são filmes destinados ao público infantil, que obriga os pais ou tios a levarem as crianças aos cinemas. Se o filme não se limitar ao universo infantil, pode conquistar os adultos também como aconteceu com Up – Altas AventurasZootopia e Homem-Aranha no Aranha-Verso, que conquistaram o Oscar de Melhor Animação também.

E para aqueles que defendem que a Academia só premia os sucessos de bilheteria, vale lembrar que apenas dois filmes nesta lista do bilhão venceram o Oscar de Melhor Filme: O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003) e Titanic (1997), curiosamente ambos os filmes conquistaram onze estatuetas, mantendo um recorde histórico ao lado de Ben-Hur (1959).

ACORDO COM DIRETORES

Os grandes estúdios estão cada vez mais rígidos a fechados para novos projetos. Eles não trocam o certo pelo duvidoso, pois isto representaria um alto risco que eles não estão dispostos a correr. Por outro lado, se você lhes trouxe um bom lucro através de seu filme anterior, é muito mais fácil eles abrirem os bolsos para seu próximo projeto como uma forma de retribuição.

Olhando a lista dos 44 filmes, vemos alguns diretores que marcaram presença mais de uma vez. Christopher Nolan é um deles. O diretor britânico rendeu mais de dois bilhões com suas duas sequências do Batman de Christian Bale. Como forma de agradecimento e até investimento mais arriscado, a Warner Bros. deu carta branca (e montanhas de dinheiro) para que ele realizasse seus projetos mais pessoais como O Grande Truque (2006), A Origem (2010), Interestelar (2014) e Dunkirk (2017). Hoje, Nolan é visto como sinônimo de sucesso garantido, independente do projeto que ele toque, um privilégio cada vez mais raro no sistema industrial.

O diretor malaio James Wan também aparece duas vezes nessa lista em duas franquias diferentes, Velozes & Furiosos e Aquaman, o que certamente lhe rendeu sinal verde com bom orçamento para que ele continue filmando seus ótimos filmes de terror como Invocação do Mal, Sobrenatural e atualmente está filmando Malignant, que tem estréia marcada para 2020.

São as regras do jogo no Cinema que fazem as engrenagens rodarem e produzirem grandes sucessos. Vamos à lista dos 44 filmes mais bem-sucedidos em ordem crescente:

44. The Dark Knight43. Joker42.The Hobbit

41. Zootopia40. Alice in Wonderland39. Star Wars Episode I38. Finding Dory37. Kurassic Park36. Despicable Me 335. Pirates of the Caribbean On Stranger Tides34. Aladdin33. Rogue One32. Pirates of the Caribbean Dead Mans Chest31. Toy Story 330. Toy Story 429. The Dark Knight Rises28. Transformers Age of Extinction27. Skyfall26. The Lord of the Rings25. Transformers Dark of the Moon24. Captain Marvel23. SpiderMan Far from Home22. Aquaman21. Captain America Civil War20. Minions19. Iron Man 318. Fate of the Furious17. The Incredibles 216. Beauty and the Beast15. Frozen14. Jurassic World Fallen Kingdom13. Star Wars The Last Jedi12. Harry Potter and the Deathly Hallows part 211. Black Panther10. Avengers Age of Ultron9. Furious Seven8. The Avengers7. The Lion King6. Jurassic World5. Avengers Infinity War4. Star Wars The Force Awakens3. Titanic2. Avatar1. Avengers Endgame

APOSTAS PARA O OSCAR 2019: O ANO DA DIVERSIDADE

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ACADEMIA TEM ANO ATÍPICO QUE COLOCA EM XEQUE SUA CREDIBILIDADE. SERÁ QUE OS RESULTADOS AJUDAM A RESGATAR?

PERRENGUES DA ACADEMIA

Vamos encarar o fato. A Academia está em crise, ou melhor, em transformação. Diante da abertura para vários novos membros que a presidente anterior Cheryl Boone Isaacs trouxe, o atual John Bailey não soube dar a continuidade de seu trabalho. Além de suas propostas não terem sido bem aceitas, ele não teve pulso firme em nenhuma decisão, voltando atrás em todas elas. Pelo menos, a volta foi benéfica para todos.

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O Presidente da Academia John Bailey (pic Los Angeles Times)

OSCAR DE MELHOR FILME POPULAR?

O que é um filme popular? Qual o parâmetro ou critério para qualificar um filme de popular? É o que todos se questionaram quando a Academia decidiu que iria lançar uma nova categoria. Seriam as bilheterias ou a temática dos filmes? Ou ambos?

Nosso melhor palpite para tamanha aberração seria uma forte pressão por parte da Disney para que o estúdio pudesse ganhar prêmios mais importantes, e não apenas os técnicos. Primeiro: a Academia jamais deveria se curvar diante de interesses próprios de estúdio algum. E segundo: Não é criando uma nova categoria que as coisas se resolvem magicamente.

Os profissionais de cinema ficaram meio divididos, mas a maioria foi contra essa decisão. Assim, a Academia resolveu suspender, pelo menos até o próximo ano o tal Oscar de Filme Popular. De qualquer forma, os candidatos a filmes populares estão entre os indicados a Melhor Filme este ano: Pantera Negra, Nasce uma Estrela e Bohemian Rhapsody, todos sucesso de público. Só faltaram Vingadores: Guerra Infinita e Podres de Ricos.

OSCAR SEM HOST

Há 30 anos o Oscar sempre elegeu um ou dois hosts para a cerimônia de premiação, sejam eles experientes como Billy Crystal ou Ellen DeGeneres, ou sejam apostas terríveis como o casal James Franco e Anne Hathaway. Se a maioria reclama dos hosts do Oscar é porque certamente não viu o último ano sem host de cerimônia. Resolveram colocar um número musical estranhíssimo estrelado pelo ator Rob Lowe e uma atriz desconhecida trajada de Branca de Neve (que a Disney afirma não ter autorizado e que abomina este evento até hoje).

Com atraso, decidiram chamar o ator e comediante Kevin Hart, mas mal sabiam que ele tinha um histórico de tweets homofóbicos. Dois dias depois, a Academia o pressionou para pedir desculpas publicamente, caso contrário, ele não assumiria o cargo. Cansado das ofensas que gerou esse resgate no Twitter, Hart decidiu recusar a proposta e pediu demissão-relâmpago. Aí fica a pergunta: Por que não analisaram o histórico do candidato antes de anunciar?

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Kevin Hart foi host do Oscar 2019 por quase 2 dias! 

Com receio de serem crucificados como Kevin Hart, ninguém queria tomar seu lugar, afinal, quem tem um histórico que seja 0% sem polêmica alguma hoje em dia?  Ninguém quer ter a vida vasculhada em busca de polêmicas, ainda mais nos dias de #MeToo. Com isso, a Academia resolveu regredir e cancelou apresentação de um host ou hostess. Não haveria monólogo de abertura. Mas então, o que vai abrir o Oscar 2019? Até agora, esse é o nosso maior receio. Tudo pode desmoronar antes mesmo da abertura do primeiro envelope! Medo…

FAVORITISMO EM CANÇÃO ORIGINAL

Com o intuito de reduzir a duração do evento televisivo, começaram a rodar boatos de que apenas duas das cinco canções indicadas seriam apresentadas ao vivo: “Shallow” e “All the Stars”, que coincidentemente são dos famosos Lady Gaga e Kendrick Lamar. Curioso, não? Isso acabou gerando protestos e o boato sequer saiu do papel. Essa pré-seleção injusta já havia acontecido em duas oportunidades anteriores, quando Adele levou o Oscar por “Skyfall” e Sam Smith levou por “Writings on the Wall”. Ficou ridículo mostrar um breve clipe das canções não apresentadas ao vivo.

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Lady Gaga quando se apresentou com a canção “Til it Happens to You” do documentário The Hunting Ground

4 CATEGORIAS NO PORÃO

Ainda com o objetivo de reduzir a duração da cerimônia para até 3 horas, o presidente da Academia alegou que combinara com os departamentos respectivos que os Oscars de Fotografia, Montagem, Maquiagem e Curta-Metragem seriam apresentados durante o intervalo, e os discursos editados para serem apresentados em seguida. Pra quê?

Todos os profissionais afetados pela decisão botaram a boca no trombone como Alfonso Cuarón e Caleb Deschanel, que concorrem por Fotografia. Eles alegaram que seu ofício é essencial para o cinema. Sim, realmente é essencial, mas outros departamentos também são como Montagem e Maquiagem. Afinal, Cinema é uma Arte colaborativa, não?

Já pensou o Oscar de Fotografia apresentado nos bastidores desde o ano passado? Roger Deakins finalmente receberia seu Oscar depois de 14 indicações no porão do Dolby Theater? Seria trágico.

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Roger Deakins recebe seu Oscar de Fotografia por Blade Runner 2049

Diante de tantos protestos, a Academia enfiou o rabo entre as pernas e voltou atrás. Todas as 24 categorias serão apresentadas ao vivo. Porém, eles ressaltaram que cada vencedor terá 90 segundos do momento que se levantar até o término do discurso. Querem apostar que vários vão ultrapassar esse tempo? Vão conceder 3 minutos para Rami Malek e 80 segundos para o maquiador de Vice. Com certeza, vai ter gente reclamando no discurso. Pode escrever aí!

91ª EDIÇÃO: O QUE PODE ACONTECER

O primeiro Oscar para um diretor negro. Curiosamente, o primeiro diretor negro que a Academia considerou uma indicação foi justamente Spike Lee em 1989, mas ele acabou sendo indicado apenas para Roteiro Original pelo marcante Faça a Coisa Certa. Caso Spike Lee ganhe, seria uma feliz e justa coincidência.

As categorias de Direção de Arte e Figurino também podem ter os primeiros profissionais negros premiados por causa de Pantera Negra, especialmente Ruth E. Carter pelos figurinos afro do filme da Marvel. E falando em Pantera Negra, este pode se tornar o primeiro filme de super-heróis ganhando o Oscar de Melhor Filme.

Yalitza Aparicio, uma professora numa cidadezinha do México, pode se tornar a primeira descendente de índios a ganhar um Oscar, por Roma. Depois de sofrer ofensas por não ter a beleza desejada pelos mexicanos, a atriz pode ter ganhado um gás na campanha, mas é pouco provável que ela surpreenda.

E falando em Roma, a produção que já foi a primeira da Netflix a ser indicada a Melhor Filme, pode se tornar a primeira a vencer o Oscar. Seria uma vitória e tanto para a plataforma de streaming, que busca atrair novos projetos com profissionais em alta de Hollywood, e faria frente a qualquer grande estúdio. Contudo, é preciso repensarem as exibições da Netflix em salas de cinema, afinal, Roma merece ser visto numa tela grande e com boas caixas de som.

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Roma pode ser a primeira produção da Netflix a ganhar o Oscar de Melhor Filme

As indicações e as possibilidades denotam uma maior diversidade na Academia. Claro que ainda falta muito para que a adesão de novos membros de outras etnias e outras nacionalidades surta o resultado esperado nas votações, mas certamente estamos diante de mudanças. Mesmo que Roma não leve Melhor Filme, só o fato de vê-lo como favorito significa uma maior abertura para filmes de língua estrangeira na Academia. E o Oscar só tem a ganhar com isso.

MELHOR FILME

  • BOHEMIAN RHAPSODY (Bohemian Rhapsody)
  • A FAVORITA (The Favourite)
  • GREEN BOOK: O GUIA (Green Book)
  • INFILTRADO NA KLAN (BlackKklansman)
  • NASCE UMA ESTRELA (Nasce uma Estrela)
  • PANTERA NEGRA (Black Panther)
  • ROMA (Roma)
  • VICE (Vice)

DEVE GANHAR: Green Book: O Guia
DEVERIA GANHAR: Roma
SE ROLAR, É ZEBRA: Vice

NÃO RECEBEU O CONVITE: Oitava Série (Eighth Grade)

Apesar dos esforços de Roma, o ano de 2018 foi um ano abaixo da média em relação a qualidade dos filmes, tanto que qualquer um dos oito filmes poderia levar o Oscar. Alguns são considerados ruins por vários cinéfilos como Vice, Bohemian Rhapsody e Green Book. Segundo eles, esses filmes jamais poderiam ser indicados a Melhor Filme.

Nenhum dos oito indicados pertence ao cinema independente (se pensarmos que Netflix não é produção independente). Filmes menores mas com coração como Oitava Série e No Coração da Escuridão ficaram faltando na disputa.

Sobre a disputa em si, o favorito permanece Roma, mesmo se tratando de um filme falado em espanhol, preto-e-branco e da Netflix. Aliás, será o primeira da plataforma de streaming a ganhar o Oscar de Melhor Filme caso vença. Como os votantes da Academia estão encarando essa ascensão da Netflix? Devem privilegiar os estúdios ou a maior abundância de empregos gerados pelo streaming? Para nós do blog, esse preconceito deve cair para que o cinema abrace uma nova era, e não corra o risco de ficar ultrapassado.

MELHOR DIREÇÃO

  • Alfonso Cuarón (Roma)
  • Yorgos Lanthimos (A Favorita)
  • Spike Lee (Infiltrado na Klan)
  • Adam McKay (Vice)
  • Pawel Pawlikowski (Guerra Fria)

DEVE GANHAR: Alfonso Cuarón (Roma)
DEVERIA GANHAR: Alfonso Cuarón (Roma)
SE ROLAR, É ZEBRA: Adam McKay (Vice)

NÃO RECEBEU O CONVITE: Chang-dong Lee (Em Chamas)

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Alfonso Cuarón em set de Roma

Alfonso Cuarón levou o DGA de Melhor Diretor. E isso já resulta em suas melhores chances, pois a estatística de acerto é de 95%. Seria o segundo Oscar de Direção para Cuarón, e o quinto dos seis últimos Oscars de Direção para um mexicano!

Ainda assim, nos 5%, Spike Lee pode surpreender o favoritismo do concorrente e ainda entrar para a história como o primeiro diretor negro a vencer nesta categoria.

Quando digo que este ano os melhores diretores foram de filmes em língua estrangeira é a mais pura verdade. Além de Alfonso Cuarón, destacamos o sul-coreano Chang-dong Lee por Em Chamas. Se você gosta de finais previsíveis, esquecíveis e com tudo devidamente respondido, passe longe deste filme.

MELHOR ATRIZ

  • Yalitza Aparicio (Roma)
  • Glenn Close (A Esposa)
  • Olivia Colman (A Favorita)
  • Lady Gaga (Nasce uma Estrela)
  • Melissa McCarthy (Poderia Me Perdoar?)

DEVE GANHAR: Glenn Close (A Esposa)
DEVERIA GANHAR: Olivia Colman (A Favorita)
SE ROLAR, É ZEBRA: Yalitza Aparicio (Roma)

NÃO RECEBEU O CONVITE: Toni Collette (Hereditário), Helena Howard (A Madeline de Madeline), Elsie Fisher (Oitava Série)

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Glenn Close em A Esposa

Em sua sétima indicação sem vitória e muito querida pelos seus colegas de profissão, Glenn Close tem a melhor chance da carreira de finalmente levar seu Oscar para casa. Embora tenha empatado no Critics’ Choice com Lady Gaga, Close venceu o Globo de Ouro de Atriz – Drama, e o SAG Award.

Olivia Colman, que venceu o BAFTA há duas semanas, pode ser a surpresa aqui. Porém, diante de tanto amor por Glenn Close, ela pode se sentir embaraçada caso venha a vencer logo em sua primeira indicação.

MELHOR ATOR

  • Christian Bale (Vice)
  • Bradley Cooper (Nasce uma Estrela)
  • Willem Dafoe (No Portal da Eternidade)
  • Rami Malek (Bohemian Rhapsody)
  • Viggo Mortensen (Green Book: O Guia)

DEVE GANHAR: Rami Malek (Bohemian Rhapsody)
DEVERIA GANHAR: Christian Bale (Vice)
SE ROLAR, É ZEBRA: Willem Dafoe (No Portal da Eternidade)

NÃO RECEBEU O CONVITE: Ethan Hawke (No Coração da Escuridão)

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Rami Malek em Bohemian Rhapsody

A performance de Christian Bale tem todos os elementos necessários para ganhar um Oscar: interpreta uma figura real, engordou para o papel, usou próteses de maquiagem para se transformar e tem prestígio da Academia. Porém, o que pesa contra sua campanha é justamente a figura que ele interpreta: Dick Cheney, um político extremamente odiado pelos democratas (que são maioria em Hollywood). E o filme Vice não consegue mostrar o outro lado do político.

Se falta carisma e amor por Cheney, sobra para Freddie Mercury de Rami Malek. O ator também tem se empenhado bastante em sua campanha, comparecendo a todos os eventos, falando mal do diretor Bryan Singer que abusou de menores e foi expulso da produção, e dos cinco indicados é o único com página oficial no facebook. Rami Malek quer levar o Oscar e ele vai conseguir.

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

  • Amy Adams (Vice)
  • Regina King (Se a Rua Beale Falasse)
  • Emma Stone (A Favorita)
  • Marina de Tavira (Roma)
  • Rachel Weisz (A Favorita)

DEVE GANHAR: Regina King (Se a Rua Beale Falasse)
DEVERIA GANHAR: Emma Stone (A Favorita)
SE ROLAR, É ZEBRA: Marina de Tavira (Roma)

NÃO RECEBEU O CONVITE: Thomasin McKenzie (Sem Rastros)

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Regina King em Se a Rua Beale Falasse

De todas as categorias de atuação, Atriz Coadjuvante parece ser a única incoerente na temporada. Regina King, considerada a favorita, levou o Globo de Ouro, mas sequer foi indicada ao SAG e ao BAFTA! Como pode isso? Quando fui ver o filme Se a Rua Beale Falasse, foi possível entender tamanha divisão de votos. O papel de King é limitado e quase raso na trama.

Tem também a dobradinha entre Emma Stone e Rachel Weisz pelo mesmo filme A Favorita. Divisão de votos? Talvez. Mas Weisz levou o BAFTA pra casa. Também vale ressaltar que Marina de Tavira foi a maior surpresa das indicações ao Oscar, e se ganhar, pode ser a primeira a vencer sem indicação em Globo de Ouro, BAFTA e SAG desde Marcia Gay Harden por Pollock.

MELHOR ATOR COADJUVANTE

  • Mahershala Ali (Green Book: O Guia)
  • Adam Driver (Infiltrado na Klan)
  • Sam Elliott (Nasce uma Estrela)
  • Richard E. Grant (Poderia Me Perdoar?)
  • Sam Rockwell (Vice)

DEVE GANHAR: Mahershala Ali (Green Book: O Guia)
DEVERIA GANHAR: Richard E. Grant (Poderia Me Perdoar?)
SE ROLAR, É ZEBRA: Sam Rockwell (Vice)

NÃO RECEBEU O CONVITE: Steven Yeun (Em Chamas)

Mahershala Ali Green Book

Mahershala Ali em Green Book: O Guia

Apesar de ter levado seu primeiro Oscar há dois anos por Moonlight, a campanha do ator Mahershala Ali não parece ter sofrido nenhum revés. Nenhum de seus concorrentes foi unanimidade na temporada, e ele pode se tornar o único Oscar para Green Book: O Guia.

Se ocorrer algum imprevisto, este pode se chamar Richard E. Grant. Para quem acompanha as redes sociais, sabe que ele está se empenhando bastante na campanha, buscando votos e apoio entre colegas. Embora tenha deslanchado apenas agora com Poderia me Perdoar?, o ator já é um veterano na profissão.

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

  • Roma, Alfonso Cuarón
  • A Favorita, Deborah Davis, Tony McNamara
  • No Coração da Escuridão, Paul Schrader
  • Vice, Adam McKay
  • Green Book: O Guia, Brian Hayes Currie, Peter Farrelly, Nick Vallelonga

DEVE GANHAR: Green Book: O Guia
DEVERIA GANHAR: No Coração da Escuridão
SE ROLAR, É ZEBRA: Vice

NÃO RECEBEU O CONVITE: Bo Burnham (Oitava Série)

Honestamente, não entendi a indicação de Roteiro Original para Roma. O filme de Cuarón prima pelo aspecto técnico de fotografia e direção, mas seu roteiro não apresenta lá grande originalidade. Em seu lugar, poderiam ter indicado o jovem Bo Burnham por Oitava Série, considerado um dos melhores sobre a juventude de hoje. Claro que se fôssemos levar em conta a qualidade do roteiro, o de Adam McKay em Vice também não se garantiria nesta categoria…

Repleto de polêmicas externas como o apoio preconceituoso do roteirista Nick Vallelonga a Donald Trump contra muçulmanos e os nudes que o diretor Peter Farrelly mandou para Cameron Diaz na época de Quem Vai Ficar com Mary?, o roteiro Green Book ainda tem ótimas chances de vencer. Porém, A Favorita ficaria sem nenhum prêmio importante…

Se Paul Schrader for anunciado como vencedor, será um dos melhores da cerimônia. Roteirista de clássicos de Martin Scorsese como Taxi Driver e Touro Indomável, Schrader nunca foi indicado anteriormente. Caso vença, a Academia estaria fazendo justiça aos trabalhos anteriores, mas também reconhecendo um grande e maduro roteiro em No Coração da Escuridão.

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

  • A Balada de Buster Scruggs, Joel Coen e Ethan Coen
  • Infiltrado na Klan, Charlie Wachtel, David Rabinowitz, Kevin Willmott e Spike Lee
  • Se a Rua Beale Falasse, Barry Jenkins
  • Poderia Me Perdoar?, Nicole Holofcener e Jeff Whitty
  • Nasce uma Estrela, Eric Roth, Bradley Cooper e Will Fetters

DEVE GANHAR: Infiltrado na Klan
DEVERIA GANHAR: Poderia Me Perdoar?
SE ROLAR, É ZEBRA: A Balada de Buster Scruggs

NÃO RECEBEU O CONVITE: Jungmi Oh e Chang-dong Lee (Em Chamas)

Esta categoria representa a melhor chance de Spike Lee para ganhar seu primeiro Oscar (competitivo, já que venceu o Oscar Honorário há pouco tempo). Ele terá que bater fortes concorrentes como Poderia Me Perdoar? e Nasce uma Estrela, mas ainda assim pode ser considerado o favorito nesta reta final.

O roteiro de Poderia Me Perdoar?, que levou o WGA semana passada, é o melhor aqui. Tem uma ótima trama, apresenta personagens consistentes e diálogos hilários, além de explorar as dificuldades de um artista em decadência.

A melhor adaptação de Haruki Murakami não foi lembrada aqui injustamente, mas fazemos questão de destacá-la aqui. Em Chamas tem um roteiro fabuloso, repleto de dúvidas e incertezas que o fará se questionar por semanas.

MELHOR FOTOGRAFIA

  • Roma, Alfonso Cuarón
  • Nasce uma Estrela, Matthew Libatique
  • A Favorita, Robbie Ryan
  • Nunca Deixe de Lembrar, Caleb Deschanel
  • Guerra Fria, Łukasz ŻAl

DEVE GANHAR: Roma
DEVERIA GANHAR: Roma
SE ROLAR, É ZEBRA: Nasce uma Estrela

NÃO RECEBEU O CONVITE: Benoît Delhomme (No Portal da Eternidade)

Duas fotografias preto-e-branco belíssimas que certamente merecem o Oscar. Mas para qual? Em termos de qualidade de fotografia, Guerra Fria parece ter a melhor, porém a de Cuarón tem os melhores movimentos de câmera. Suas cenas são devidamente coreografadas, explorando com poucos a rotina simples da personagem.

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Fotografia de Alfonso Cuarón em Roma

MELHOR MONTAGEM

  • A Favorita, Yorgos Mavropsaridis
  • Green Book: O Guia, Patrick J. Don Vito
  • Vice, Hank Corwin
  • Bohemian Rhapsody, John Ottman
  • Infiltrado na Klan, Barry Alexander Brown

DEVE GANHAR: Bohemian Rhapsody
DEVERIA GANHAR: A Favorita
SE ROLAR, É ZEBRA: Infiltrado na Klan

NÃO RECEBEU O CONVITE: Tom Cross (O Primeiro Homem)

Apesar dos protestos da ordem cronológica dos shows do Queen estarem incorretas, a montagem de John Ottman fez a maioria esquecer disso e se deliciar com as apresentações em Bohemian Rhapsody. E ele fez seu trabalho basicamente sem a presença física do diretor Bryan Singer, que foi demitido a duas semanas do término das filmagens.

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

  • A Favorita, Fiona Crombie e Alice Felton
  • O Retorno de Mary Poppins, John Myhre e Gordon Sim
  • O Primeiro Homem, Nathan Crowley e Kathy Lucas
  • Pantera Negra, Hannah Beachler e Jay Hart
  • Roma, Eugenio Caballero e Bárbara Enriquez

DEVE GANHAR: Pantera Negra
DEVERIA GANHAR: Pantera Negra
SE ROLAR, É ZEBRA: O Retorno de Mary Poppins

NÃO RECEBEU O CONVITE: Ilha dos Cachorros

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Palácio de Wakanda em Pantera Negra

Todos sabem que os filmes de época sempre levam vantagem nesta categoria, mas com o forte apelo cultural de Pantera Negra, esse favoritismo pode cair por terra. Só aquele palácio de Wakanda já pode se tornar o motivo principal para uma vitória merecida.

Não fosse o preconceito da Academia, a direção de arte da animação Ilha dos Cachorros deveria estar indicada e possivelmente ganhar aqui. Todos sabem que o diretor Wes Anderson é extremamente perfeccionista e cuidadoso no aspecto do design de produção. Ele recria um Japão inteiro, que vai de cidades até sushis.

MELHOR FIGURINO

  • A Balada de Buster Scruggs, Mary Zophres
  • A Favorita, Sandy Powell
  • Duas Rainhas, Alexandra Byrne
  • Pantera Negra, Ruth E. Carter
  • O Retorno de Mary Poppins, Sandy Powell

DEVE GANHAR: Pantera Negra
DEVERIA GANHAR: Pantera Negra
SE ROLAR, É ZEBRA: A Balada de Buster Scruggs

NÃO RECEBEU O CONVITE: Mary E. Vogt (Podres de Ricos)

Black Panther costume design

Figurinos de Ruth E. Carter para Pantera Negra (pic by IMDb)

Sobre esta categoria, assim como de Direção de Arte, sempre costumo comentar que existe um gosto por parte da Academia muito restrito aos filmes de época, e em segundo caso, dos filmes de fantasia. Assim como nos filmes indicados, os figurinos de Podres de Ricos também são recriações e também têm sua importância para a trama, especialmente as roupas da protagonista Rachel Chu. Então por que não indicar outro sucesso comercial como este?

Apesar de reconhecer o talento nato de Sandy Powell, que teve o “infortúnio” de ser dupla indicada com chances de ser dupla perdedora, os figurinos de Ruth E. Carter (aliás, uma colaboradora de Spike Lee) para Pantera Negra exploram como poucos a cultura africana aliada ao universo dos quadrinhos da Marvel. A terra fictícia de Wakanda não seriam os mesmos sem suas criações.

MELHOR MAQUIAGEM E CABELO

  • Vice, Greg Cannom, Kate Biscoe, Patricia Dehaney
  • Duas Rainhas, Jenny Shircore, Marc Pilcher, Jessica Brooks
  • Border, Göran Lundström, Pamela Goldammer

DEVE GANHAR: Vice
DEVERIA GANHAR: Vice
SE ROLAR, É ZEBRA: Duas Rainhas

NÃO RECEBEU O CONVITE: Pantera Negra

A transformação mais comentada da temporada foi a de Christian Bale no ex-vice presidente norte-americano Dick Cheney em Vice. Claro que os méritos não são apenas dos maquiadores, pois o ator também engordou bastante para o papel, uma vez que o filme retrata um longo período de tempo da vida do político. Mas como a foto de Bale como Cheney foi veiculada pelo mundo todo, e os demais atores estão parecidos com as figuras reais retratadas, o Oscar deve ir para Vice, o que seria um prêmio de consolação caso perca nas demais sete categorias.

A maquiadora Jenny Shircore, indicada por Duas Rainhas, já venceu o Oscar em 1999, quando realizou a transformação de Cate Blanchett na rainha em Elizabeth. Já a dupla do filmes sueco Border vem fazendo prostéticos em blockbusters americanos como X-Men: Primeira Classe e Fúria de Titãs. A transformação dos dois atores centrais em trolls é digna de nota.

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL

  • Se a Rua Beale Falasse, Nicholas Brittel
  • Pantera Negra, Ludwig Göransson
  • Ilha dos Cachorros, Alexandre Desplat
  • O Retorno de Mary Poppins, Marc Shaiman
  • Infiltrado na Klan, Terence Blanchard

DEVE GANHAR: Se a Rua Beale Falasse
DEVERIA GANHAR: Se a Rua Beale Falasse
SE ROLAR, É ZEBRA: Infiltrado na Klan

NÃO RECEBEU O CONVITE: Justin Hurwitz (O Primeiro Homem)

É muito estranho não contarmos aqui com a bela e importante trilha de Justin Hurwitz em O Primeiro Homem. A música consegue pontuar os momentos-chave do filme biográfico de Neil Armstrong. Chegou a ganhar o Globo de Ouro e o Critics’ Choice, mas no Oscar… nem indicação. Vai entender!

Já dentre os indicados, a trilha de Nicholas Brittel consegue ressaltar as imagens plásticas e de câmera lenta de Barry Jenkins em Se a Rua Beale Falasse. Ele já havia conseguido esse feito lírico no filme anterior do diretor, Moonlight, mas desta vez sua música traz uma alma romântica necessária, já que os atores não conseguiram transparecer esse sentimento na tela.

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

  • “When a Cowboy Trades His Spurs for Wings”, A Balada de Buster Scruggs (escrita por David Rawlings e Gillian Welch)
  • “Shallow”, Nasce uma Estrela (escrita por Lady Gaga, Mark Ronson, Anthony Rossomando e Andrew Wyatt)
  • “All the Stars”, Pantera Negra (escrita por Kendrick Lamar, Al Shux, Sounwave e SZA)
  • “The Place Where Lost Things Go”, O Retorno de Mary Poppins (escrita por Marc Shaiman e Scott Wittman)
  • “I’ll Fight”, RBG (escrita por Diane Warren)

DEVE GANHAR: “Shallow” (Nasce uma Estrela)
DEVERIA GANHAR: “Shallow” (Nasce uma Estrela)
SE ROLAR, É ZEBRA: “When a Cowboy Trades His Spurs for Wings” (A Balada de Buster Scruggs)

NÃO RECEBEU O CONVITE: “Girl in the Movies” (Dumplin’)

A Star is Born

Lady Gaga e Bradley Cooper cantam “Shallow” em Nasce uma Estrela (pic by IMDb)

É difícil entender a Academia quando se trata desta categoria. Eles fazem umas escolhas que até hoje é difícil de entender, como ocorreu em 2006, quando resolveram premiar “It’s Hard Out Here for a Pimp” no lugar de “Travellin’ Thru”. E nos últimos anos, estão vindo com essa história de apresentar duas ou três canções, gerando uma injustiça indefensável. Este ano, por pouco, evitam uma nova tragédia. Queriam apresentar Lady Gaga e Kendrick Lamar, e os outros que se explodam. Felizmente, por pressão externa e protestos, o plano não passou de um boato.

De qualquer forma, “Shallow” é a única canção concorrente que tem 100% de garantia de vitória por três motivos: Pelo histórico nas outras premiações, por ser um possível único Oscar para Nasce uma Estrela, e pela importância que a canção tem na trama do filme. Como fã, gostaria que Diane Warren finalmente levasse seu Oscar depois de 10 indicações, mas sua nova canção “I’ll Fight” do documentário RBG não empolgou tanto assim.

MELHOR MIXAGEM DE SOM

  • Nasce uma Estrela
  • Bohemian Rhapsody
  • Roma
  • O Primeiro Homem
  • Pantera Negra

DEVE GANHAR: Bohemian Rhapsody
DEVERIA GANHAR: O Primeiro Homem
SE ROLAR, É ZEBRA: Roma

NÃO RECEBEU O CONVITE: Missão: Impossível – Efeito Fallout

Se reconheceram tantos blockbusters e os chamados “filmes populares” nesta edição do Oscar, por que não finalmente reconhecer o Som da franquia Missão: Impossível? Não se trata de cotas, mas o trabalho de som realmente é impressionante. São tiros, explosões, perseguições e pancadarias com ótima qualidade sonora (para aqueles que viram numa sala IMAX sabem do que estou falando). E seria um ótimo reconhecimento para um dos melhores filmes da franquia e para os esforços descomunais de Tom Cruise, que quase morreu nas filmagens.

Nesta categoria, quando não há filmes de guerra no páreo, os musicais costumam levar vantagem. Foi assim com Dreamgirls, Os Miseráveis e Whiplash. Portanto, não será surpresa se Bohemian Rhapsody levar mais esse Oscar para casa, ainda mais que já ganhou o prêmio do sindicato dos técnicos de som. Não querendo desmerecer as músicas do Queen, o melhor trabalho de som foi de O Primeiro Homem.

MELHORES EFEITOS SONOROS

  • O Primeiro Homem
  • Bohemian Rhapsody
  • Um Lugar Silencioso
  • Pantera Negra
  • Roma

DEVE GANHAR: Um Lugar Silencioso
DEVERIA GANHAR: O Primeiro Homem
SE ROLAR, É ZEBRA: Roma

NÃO RECEBEU O CONVITE: Vingadores: Guerra Infinita

Pra quem não sabe a diferença entre Mixagem de Som e Efeitos Sonoros, os efeitos são aqueles criados em estúdio, normalmente presentes em filmes de ação, ficção científica e, claro, animações. Particularmente, nenhum dos candidatos me impressionou nesse quesito, mas o efeitos sonoros são utilizados com bastante propriedade em Um Lugar Silencioso.

MELHORES EFEITOS VISUAIS

  • Vingadores: Guerra Infinita
  • Christopher Robin: Um Reencontro Inesquecível
  • Jogador Nº 1
  • Solo: Uma História Star Wars
  • O Primeiro Homem

DEVE GANHAR: Vingadores: Guerra Infinita
DEVERIA GANHAR: O Primeiro Homem
SE ROLAR, É ZEBRA: Solo: Uma História Star Wars

NÃO RECEBEU O CONVITE: Pedro Coelho

Thanos Avengers.jpg

Thanos e o efeito motion capture em Vingadores: Guerra Infinita (pic by Marvel)

Se formos pensar em quantidade de efeitos e de diversidade, nossa aposta vai para Vingadores: Guerra Infinita. Sua vitória coroaria a maior bilheteria de 2018 também. Mas se formos pensar em qualidade, os efeitos de O Primeiro Homem estão bem caprichados e quase imperceptíveis, como deveriam ser.

MELHOR DOCUMENTÁRIO

  • RBG
  • Hale County This Morning, This Evening
  • Minding the Gap
  • Free Solo
  • Of Fathers and Sons

DEVE GANHAR: RBG
DEVERIA GANHAR: Free Solo
SE ROLAR, É ZEBRA: Hale County This Morning, This Evening

NÃO RECEBEU O CONVITE: Shirkers

RBG

RBG, sobre a juíza Ruth Bader Ginsburg

A categoria de Documentário também é uma incógnita de vez em quando. Algumas vezes, premiam os favoritos da temporada como Amy e Procurando Sugar Man, às vezes premiam temáticas em filmes mais desconhecidos como Undefeated. Este ano, a zebra já começou dando as caras com a ausência do favorito Won’t You Be My Neighbour?, sobre o apresentador Fred Rogers, que vinha ganhando todos os prêmios.

Com a exclusão deste, o favorito passou a ser Free Solo, o documentário belíssimo da National Geographics e que tem sido o maior sucesso de bilheterias nos EUA. Porém, na última semana, RBG tem ganhado força devido à fama da juíza Ruth Badder Ginsburg, que defende há tempos a igualidade entre homens e mulheres perante a lei. Apesar de ser um documentário mais com cara de televisão, o peso da protagonista e de seu tema pode ser o diferencial no Oscar.

Em relação a Shirkers, disponível no Netflix, trata-se de um ótimo documentário que merecia uma indicação. Ele dialoga com os sonhos de jovens cineastas em Singapura, que foram despedaçados com o sumiço de seu trabalho. Tudo narrado com memórias investigativas e melancólicas.

MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA

  • Black Sheep
  • Uma Noite no Madison Square Garden (A Night at the Garden)
  • A Partida Final (End Game)
  • Lifeboat
  • Absorvendo o Tabu (Period. End of Sentence.)

DEVE GANHAR: Black Sheep
DEVERIA GANHAR: Black Sheep
SE ROLAR, É ZEBRA: Lifeboat

MELHOR CURTA-METRAGEM

  • Detainment
  • Fauve
  • Madre
  • Marguerite
  • Skin

DEVE GANHAR: Skin
DEVERIA GANHAR: Fauve
SE ROLAR, É ZEBRA: Detainment

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO

  • Comportamento Animal (Animal Behaviour)
  • Bao
  • Fim de Tarde (Late Afternoon)
  • Um Pequeno Passo (One Small Step)
  • Weekends

DEVE GANHAR: Bao
DEVERIA GANHAR: Weekends
SE ROLAR, É ZEBRA: Comportamento Animal

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO

  • Os Incríveis (Incredibles 2)
  • Ilha dos Cachorros (Isle of Dogs)
  • Mirai (Mirai no Mirai)
  • WiFi Ralph: Quebrando a Internet (Ralph Breaks the Internet)
  • Homem-Aranha no Aranhaverso (Spider-Man Into the Spider-verse)

DEVE GANHAR: Homem-Aranha no Aranhaverso
DEVERIA GANHAR: Mirai
SE ROLAR, É ZEBRA: Mirai

NÃO RECEBEU O CONVITE: O Homem das Cavernas

Spider-Man in Spiderverse

Homem-Aranha no Aranhaverso

Homem-Aranha no Aranhaverso tem sido uma unanimidade na temporada. E se vencer, será o primeiro Oscar da Sony na categoria dominada por Disney e Pixar. Seu aspecto visual é realmente único, e seu humor sarcástico encanta tanto o público infantil quanto o adulto. O único porém seria a trama simples demais: basta plugar um pen drive na máquina que tudo volta ao normal.

A animação de stop motion O Homem das Cavernas pode não ser a melhor do ano, mas se você quer assistir a um bom filme sobre futebol (sim, o nosso futebol, não o americano), não deixe de conferir este novo trabalho de Nick Park, que conta com dublagens fenomenais de Tom Hiddleston e Eddie Redmayne.

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

  • Cafarnaum (Capharnaum)
  • Guerra Fria (Zimna wojna)
  • Roma (Roma)
  • Nunca Deixe de Lembrar (Werk ohne Autor)
  • Assunto de Família (Manbiki Kazoku)

DEVE GANHAR: Roma
DEVERIA GANHAR: Roma
SE ROLAR, É ZEBRA: Cafarnaum

NÃO RECEBEU O CONVITE: Em Chamas (Coréia do Sul)

Roma

Roma

Normalmente, o filme estrangeiro indicado a Melhor Filme e Melhor Filme em Língua Estrangeira leva o último. Foi assim com A Vida é Bela, O Tigre e o Dragão e Amor, dos mais recentes. Portanto, tudo leva a crer que Roma levará o Oscar da categoria… mas e se também levar Melhor Filme? Pela primeira vez, um filme poderá levar os dois Oscars pra casa.

Nesse cenário, as chances dos demais concorrentes aumentam consideravelmente, principalmente para o polonês Guerra Fria, que também disputa Melhor Direção e Fotografia, e em segundo caso, para o alemão Nunca Deixe de Lembrar, que também concorre por Melhor Fotografia.

Pena que o sul-coreano Em Chamas ficou de fora da disputa. Ele chegou a ser pré-selecionado entre nove filmes, mas acabou sendo esnobado na reta final. Seria a primeira indicação ao Oscar do cinema da Coréia do Sul, que já entregou tantas obras-primas do século XXI como Memórias de um Assassino (2003), Oldboy (2003), O Hospedeiro (2006), Poesia (2010), Invasão Zumbi (2016) e A Criada (2016). Em Chamas foi considerado a melhor adaptação do escritor japonês Haruki Murakami para o cinema.

***

A 91ª cerimônia do Oscar acontece a partir das 22h na TNT e… sei lá quando depois do BBB na Globo.

‘PANTERA NEGRA’ MARCA PRESENÇA nos PRÊMIOS dos SINDICATOS de DIREÇÃO DE ARTE, FIGURINO e MAQUIAGEM

the favourite

Cena de A Favorita (pic by IMDb)

Depois dos sindicatos de Diretores, saíram os indicados aos prêmios de sindicato dos Diretores de Arte (ADG), dos Figurinistas e dos Maquiadores. Nessas listas, certamente estão vários futuros indicados ao Oscar 2019.

ART DIRECTORS GUILD

Como de costume, o Art Directors Guild (ADG) divide seus prêmios em três categorias: Filme de Época, Filme de Fantasia e Contemporâneo. As primeiras duas categorias são as grandes fornecedoras de indicações ao Oscar. A Academia reverencia demais o design de filmes de época, enquanto a arte Contemporânea é negligenciada frequentemente, tanto que a última que me recordo que foi para o Oscar foi a excelente production design de Ela (2013).

Sem trocadilhos, a arte de Fiona Crombie de A Favorita é a favorita, pois é o filme que mais evidencia a direção de arte. Contudo, é preciso lembrar que o palácio britânico onde foram feitas as filmagens é o verdadeiro, e não uma reprodução feita em estúdio, e isso pode pesar na hora da votação.

Os demais trabalhos indicados na categoria de Filme de Época são fortes concorrentes também. Prestes a conquistar sua 5ª indicação ao Oscar por O Primeiro Homem, Nathan Crowley pode ganhar sua primeira estatueta dourada. Também acredito em uma nova indicação para Jess Gonchor, que é especialista em filmes de western, como The Ballad of Buster Scruggs.

first man

Arte de Nathan Crowley dos anos 60 de O Primeiro Homem (pic by IMDb)

Dos esnobados, destacaria o design futurista de Upgrade, que se resolve com poucos elementos, Aniquilação, que desenvolve uma identidade alienígena, Hereditário, devido às miniaturas criadas pela protagonista.

FILME DE ÉPOCA
THE BALLAD OF BUSTER SCRUGGS Jess Gonchor
BOHEMIAN RHAPSODY Aaron Haye
A FAVORITA Fiona Crombie
O PRIMEIRO HOMEM Nathan Crowley
ROMA Eugenio Caballero

FILME DE FANTASIA
PANTERA NEGRA Hannah Beachler
ANIMAIS FANTÁSTICOS: OS CRIMES DE GRINDELWALD Stuart Craig
O MISTÉRIO DO RELÓGIO NA PAREDE Jon Hutman
O RETORNO DE MARY POPPINS John Myhre
JOGADOR Nº 1 Adam Stockhausen

FILME CONTEMPORÂNEO
UM LUGAR SILENCIOSO Jeffrey Beecroft
NASCE UMA ESTRELA Karen Murphy
PODRES DE RICOS Nelson Coates
MISSÃO: IMPOSSÍVEL – EFEITO FALLOUT Peter Wenham
BEM-VINDOS A MARWEN Stefan Dechant

FILME DE ANIMAÇÃO
O GRINCH Colin Stimpson
OS INCRÍVEIS 2 Ralph Eggleston
ILHA DOS CACHORROS Adam Stockhausen, Paul Harrod
WIFI RALPH: QUEBRANDO A INTERNET Cory Loftis
HOMEM-ARANHA NO ARANHAVERSO Justin K. Thompson

O 23º ADG Awards será entregue no dia 02 de fevereiro.

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black panther

Figurinos de Ruth E. Carter de Pantera Negra (pic by IMDb)

COSTUME DESIGNERS GUILD

Eu já cravaria a 4ª vitória de Sandy Powell por A Favorita. MAS… o problema é que ela pode concorrer contra ela mesma por O Retorno de Mary Poppins, e isso dividiria seus votos e a estatueta poderia ir para outro figurinista. Esse cenário de dupla indicação já aconteceu com Powell em 2016, quando ela foi indicada por Carol e Cinderela, e acabou perdendo para Jenny Beavan por Mad Max: Estrada da Fúria.

Outro trabalho bem lembrado pelo sindicato foi de Ruth E. Carter, que deve receber sua terceira indicação ao Oscar, depois de Malcolm X (1992) e Amistad (1997), por Pantera Negra. E ela pode atravessar Sandy Powell em caso de dupla indicação. Apesar dos figurinos de Carter recriar o universo africano da Marvel, certamente chamou a atenção por seu aspecto antropológico. E seria uma ótima forma de reconhecer uma figurinista experiente ao mesmo tempo em que reconhece uma das maiores bilheterias de 2018.

Para ocupar as últimas duas vagas, Alexandra Byrne por Duas Rainhas parece ser uma aposta certa, já Julian Day por Bohemian Rhapsody ainda é dúvida, pois Mary Zophres por The Ballad of Buster Scruggs e Paco Delgado por Uma Dobra no Tempo ainda disputam seu espaço.

mary queen of scots

Figurinos de Alexandra Byrne em Duas Rainhas (pic by IMDb)

Gostaria de ver figurinos mais contemporâneos indicados também, afinal não apenas os de época que são bonitos, certo? Poderiam reconhecer os designs de figurinos de Podres de Ricos, mostrando a moda de Singapura, ou de Oito Mulheres e um Segredo, que criou um estilo para cada uma das personagens em Nova York.

FILME CONTEMPORÂNEO
PODRES DE RICOS (Mary E. Vogt )
MAMMA MIA! LÁ VAMOS NÓS DE NOVO (Michele Clapton)
OITO MULHERES E UM SEGREDO (Sarah Edwards)
NASCE UMA ESTRELA (Erin Benach)
AS VIÚVAS (Jenny Eagan)

FILME DE ÉPOCA
INFILTRADO NA KLAN (Marci Rodgers)
BOHEMIAN RHAPSODY (Julian Day)
A FAVORITA (Sandy Powell)
O RETORNO DE MARY POPPINS (Sandy Powell)
DUAS RAINHAS (Alexandra Byrne)

FILME DE FICÇÃO CIENTÍFICA OU FANTASIA
AQUAMAN (Kym Barrett)
VINGADORES: GUERRA INFINITA (Judianna Makovsky)
PANTERA NEGRA (Ruth E. Carter)
O QUEBRA-NOZES E OS QUATRO REINOS (Jenny Beavan)
UMA DOBRA NO TEMPO (Paco Delgado)

A cerimônia do 21º Costume Designers Guild acontece no dia 19 de fevereiro.

***

vice

Maquiagem de envelhecimento e próteses de Vice (pic by IMDb)

MAKE-UP ARTISTS AND HAIR STYLISTS GUILD

Como fã do trabalho de Rick Baker como Um Lobisomem Americano em Londres, Um Príncipe em Nova York e Homens de Preto, o Oscar de Maquiagem não é mais o mesmo depois de sua aposentadoria. Hoje em dia, são mais trabalhos de envelhecimento e de cópia de personagem real ou fictício. A criatividade no ramo foi podada.

É possível confirmar isso nos três favoritos às indicações ao Oscar: Pantera Negra, Stan & Ollie e Vice. Todos reproduzem personagens pré-existentes, que não envolvem uma criatividade que muito faz falta nesse ramo. Pode ser que a maquiagem de Duas Rainhas roube a lugar de algum deles, já que Jenny Shircore já venceu o Oscar por Elizabeth em 1999.

stan & ollie

Maquiagem de O Gordo e o Magro em Stan & Ollie (pic by IMDb)

Claro que todos os trabalhos listados abaixo são de qualidade indubitável. O cinema industrial norte-americano leva muito à sério o entretenimento e investe em tecnologia e profissionais de ponta. A questão da criatividade é mais um desabafo pessoal…

Sobre a competição, acredito que, confirmados esses três filmes, Vice deve levar o Oscar. Toda vez que vemos fotos vazadas de um ator transformado semanas ou meses antes do lançamento do filme (que aconteceu com Christian Bale maquiado como Dick Cheney), o trabalho é reconhecido no Oscar. Foi assim com Jamie Foxx como Ray Charles, Kate Winslet como Hanna Schmitz e Meryl Streep como Margaret Thatcher.

E um trabalho que não consta nas listas daqui, mas que pode conquistar uma indicação é de Suspiria, o remake do filme italiano de Dario Argento. Tilda Swinton faz três personagens, e dois deles precisam de maquiagem pesada.

MAQUIAGEM CONTEMPORÂNEA
QUERIDO MENINO (Jean Black, Rolf Keppler)
BOY ERASED: UMA VERDADE ANULADA (Kimberly Jones, Mi Young, Kyra Panchenko)
PODRES DE RICOS (Heike Merker, Irina Strukova)
NASCE UMA ESTRELA (Ve Neill, Debbie Zoller, Sarah Tanno)
BEM-VINDOS A MARWEN (Ve Neill, Rosalina De Silva)
AS VIÚVAS (Ma Kalaadevi Ananda, Denise Pugh-Ruiz, Jacqueline Fernandez)

CABELO CONTEMPORÂNEO
PODRES DE RICOS (Heike Merker, Sophia Knight)
FELICIDADE POR UM FIO (Dawn Turner, Larry Simms)
NASCE UMA ESTRELA (Lori McCoy-Bell, Joy Zapata, Frederic Aspires)
VOX LUX (Esther Ahn, Daniel Koye)
AS VIÚVAS (Linda Flowers, Daniel Curet, Denise Wynbrandt)

MAQUIAGEM DE FILME E/OU PERSONAGEM DE ÉPOCA
BOHEMIAN RHAPSODY (Jan Sewell, Mark Coulier)
O RETORNO DE MARY POPPINS (Peter Robb-King, Paula Price)
DUAS RAINHAS (Jenny Shircore, Hannah Edwards, Sarah Kelly)
STAN & OLLIE (Jeremy Woodhead, Marc Coulier)
VICE (Kate Biscoe, Ann Pala Williams, Jamie Kelman)

CABELO DE FILME E/OU PERSONAGEM DE ÉPOCA
PANTERA NEGRA (Camille Friend, Jaime Leigh McIntosh, Louisa Anthony)
INFILTRADO NA KLAN (LaWanda Pierre-Weston, Shaun Perkin)
BOHEMIAN RHAPSODY (Jan Sewell, Julio Parodi)
O RETORNO DE MARY POPPINS (Peter Robb-King, Paula Price)
DUAS RAINHAS (Jenny Shircore, Marc Pilcher)

MAQUIAGEM DE EFEITOS
AQUAMAN (Justin Raleigh, Ozzy Alvarez, Sean Genders)
THE BALLAD OF BUSTER SCRUGGS Christien Tinsley, Corey Welk, Rolf Keppler)
PANTERA NEGRA (Joel Harlow, Ken Diaz, Sian Richards)
STAN & OLLIE (Mark Coulier, Jeremy Woodhead)
VICE (Greg Cannom, Christopher Gallaher)

Os vencedores do 6º Makeup Artists and Hairstylists Guild Awards está marcado para o dia 16 de fevereiro. 

‘A FAVORITA’ REINA no BAFTA com 12 INDICAÇÕES

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Emma Stone em cena de A Favorita, recordista de indicações ao BAFTA 2019 (pic by cineimage.ch)

FILME BRITÂNICO TEM AMPLA VANTAGEM DIANTE DOS DEMAIS CONCORRENTES

Com o Oscar antecipado para o dia 24 de fevereiro, TODOS os prêmios que o antecedem estão antecipando suas listas e cerimônias, então, todo dia tem uns trocentos indicados novos e mil coisas pra postar, e quem precisa dormir como faz?! Brincadeiras à parte, é curioso ver como uma mudança simples no calendário gera um tsunami.

Neste dia 09, foi a vez da Academia Britânica (BAFTA) anunciar suas indicações. E como esperado, A Favorita foi o filme recordista de indicações com 12, já que se trata de um filme de época (que proporciona indicações de Direção de Arte, Figurino e Maquiagem) e um elenco qualificado (três atrizes em alta: Olivia Colman, Rachel Weisz e Emma Stone).

Bem abaixo, empatados em segundo lugar, estão Bohemian Rhapsody, Roma, O Primeiro Homem e Nasce uma Estrela com sete indicações cada. Logo em seguida, Vice com seis, Infiltrado na Klan com cinco, e Green Book e Guerra Fria com quatro cada.

Vale destacar que Alfonso Cuarón conquistou SEIS indicações em seu nome, e Bradley Cooper conquistou CINCO. E esses feitos notáveis podem e devem se repetir nas indicações ao Oscar. A questão que fica é: em qual categoria eles serão compensados? À princípio, Cuarón em Filme Estrangeiro e Fotografia, e Cooper em Ator ou Diretor.

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Alfonso Cuarón dirige cena marcante na praia em Roma (pic by IMDb)

O anúncio foi feito pelos atores Hayley Squires (do vencedor da Palma de Ouro Eu, Daniel Blake) e Will Poulter (que recentemente participou do filme interativo da Netflix Black Mirror: Bandersnatch).

As indicações do BAFTA reforçam bastante a campanha do filme de Yorgos Lanthimos, e pode consolidá-lo como recordista de indicações ao Oscar também, assim como reforçar uma possível primeira indicação à Direção, mesmo que tenha ficado de fora da seleção do DGA.

Muito beneficiado pela recente vitória no Globo de Ouro, Bohemian Rhapsody conquistou inacreditáveis sete indicações. Há um mês, falavam apenas numa única indicação de Melhor Ator para Malek, e olhe lá! Acho um tanto exagerado esse hype todo em torno do filme, principalmente as indicações para Fotografia e Montagem.

E o BAFTA retirou um pouco do limbo o filme de Damien Chazelle. Eram esperadas as indicações técnicas como Fotografia, Montagem, Som e Efeitos Sonoros, mas O Primeiro Homem conquistou ainda espaço em Roteiro Adaptado (particularmente não curto muito os trabalhos do Josh Singer, mas…) e Atriz Coadjuvante (Claire Foy ficou meio esquecida depois de ter sido preterida no SAG).

E vale citar o crescimento do filme polonês Guerra Fria que, além de Melhor Filme em Língua Estrangeira, foi reconhecido como Melhor Direção (lembrando que Pawlikowski venceu este mesmo prêmio em Cannes, e já levou o Oscar por seu filme anterior, Ida), Melhor Fotografia (um belíssimo preto-e-branco) e Roteiro Original, que me parece um pouco exagerado.

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Joanna Kulig e Tomasz Kot em cena do polonês Guerra Fria (pic by Outnow.CH)

Nas categorias de atuação, a surpresa ficou por conta de Steve Coogan por Stan & Ollie. Enquanto os poucos que lembravam da cinebiografia de O Gordo e o Magro só mencionavam John C. Reilly, o BAFTA resolveu reconhecer Coogan. Ele deixa pra trás alguns concorrentes mais fortes como Willem Dafoe, Lucas Hedges e até Ethan Hawke. Na ala feminina, o elemento surpresa ficou com Viola Davis, cujo filme As Viúvas estava desaparecido na temporada. Achei curiosa a ausência de Emily Blunt pelo O Retorno de Mary Poppins pelo ícone que a personagem é na cultura britânica, mas pelo visto, os votantes não quiseram trair a Poppins de Julie Andrews.

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Steve Coogan como Stanley em Stan & Ollie (pic by IMDb)

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Viola Davis foi lembrada por As Viúvas no BAFTA (pic by IMDb)

Ainda sobre os atores, chama a atenção uma nova ausência de Regina King como Coadjuvante por Se a Rua Beale Falasse. Mesmo depois de ganhar o Globo de Ouro, a atriz não havia emplacado no SAG, e agora no BAFTA. Será que ainda rola indicação ao Oscar desse jeito? Amy Adams agradece novamente.

Fiquei desapontado com a ausência de Oitava Série (nem Roteiro Original para Bo Burnham, nem Atriz para Elsie Fisher) e Hereditário (será que não teria sido melhor ter lançado o filme perto do fim de ano? Toni Collette está morrendo na praia…).

MELHOR FILME
INFILTRADO NA KLAN (BLACKkKLANSMAN) Jason Blum, Spike Lee, Raymond Mansfield, Sean McKittrick, Jordan Peele
A FAVORITA (THE FAVOURITE) Ceci Dempsey, Ed Guiney, Yorgos Lanthimos, Lee Magiday
GREEN BOOK: O GUIA (GREEN BOOK) Jim Burke, Brian Currie, Peter Farrelly, Nick Vallelonga, Charles B. Wessler
ROMA (ROMA) Alfonso Cuarón, Gabriela Rodríguez
NASCE UMA ESTRELA (A STAR IS BORN) Bradley Cooper, Bill Gerber, Lynette Howell Taylor

MELHOR FILME BRITÂNICO
BEAST Michael Pearce, Kristian Brodie, Lauren Dark, Ivana MacKinnon
BOHEMIAN RHAPSODY (BOHEMIAN RHAPSODY) Bryan Singer, Graham King, Anthony McCarten
A FAVORITA (THE FAVOURITE) Yorgos Lanthimos, Ceci Dempsey, Ed Guiney, Lee Magiday, Deborah Davis, Tony McNamara
McQUEEN Ian Bonhôte, Peter Ettedgui, Andee Ryder, Nick Taussig
STAN & OLLIE Jon S. Baird, Faye Ward, Jeff Pope
VOCÊ NUNCA ESTEVE REALMENTE AQUI (YOU WERE NEVER REALLY HERE) Lynne Ramsay, Rosa Attab, Pascal Caucheteux, James Wilson

ROTEIRISTA, DIRETOR OU PRODUTOR BRITÂNICO ESTREANTE 
APOSTASY Daniel Kokotajlo (Writer/Director)
BEAST Michael Pearce (Writer/Director), Lauren Dark (Producer)
A CAMBODIAN SPRING Chris Kelly (Writer/Director/Producer)
PILI Leanne Welham (Writer/Director), Sophie Harman (Producer)
RAY & LIZ Richard Billingham (Writer/Director), Jacqui Davies (Producer)

FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
CAPERNAUM Nadine Labaki, Khaled Mouzanar
GUERRA FRIA Paweł Pawlikowski, Tanya Seghatchian, Ewa Puszczyńska
DOGMAN Matteo Garrone, Jean Labadie, Jeremy Thomas,
Paolo Del Brocco
ROMA Alfonso Cuarón, Gabriela Rodríguez
ASSUNTO DE FAMÍLIA Hirokazu Kore-eda, Kaoru Matsuzaki

DOCUMENTÁRIO
FREE SOLO Elizabeth Chai Vasarhelyi, Jimmy Chin
McQUEEN Ian Bonhôte, Peter Ettedgui
RBG Julie Cohen, Betsy West
THEY SHALL NOT GROW OLD Peter Jackson
TRÊS ESTRANHOS IDÊNTICOS Tim Wardle, Grace Hughes-Hallett, Becky Read

LONGA DE ANIMAÇÃO
OS INCRÍVEIS 2 Brad Bird, John Walker
ILHA DOS CACHORROS Wes Anderson, Jeremy Dawson
HOMEM-ARANHA NO ARANHAVERSO Bob Persichetti, Peter Ramsey, Rodney Rothman, Phil Lord

DIREÇÃO
INFILTRADO NA KLAN Spike Lee
GUERRA FRIA Paweł Pawlikowski
A FAVORITA Yorgos Lanthimos
ROMA Alfonso Cuarón
NASCE UMA ESTRELA Bradley Cooper

ROTEIRO ORIGINAL
GUERRA FRIA Janusz Głowacki, Paweł Pawlikowski
A FAVORITA Deborah Davis, Tony McNamara
GREEN BOOK Brian Currie, Peter Farrelly, Nick Vallelonga
ROMA Alfonso Cuarón
VICE Adam McKay

ROTEIRO ADAPTADO
INFILTRADO NA KLAN Spike Lee, David Rabinowitz, Charlie Wachtel, Kevin Willmott
PODERIA ME PERDOAR? Nicole Holofcener, Jeff Whitty
O PRIMEIRO HOMEM Josh Singer
SE A RUA BEALE FALASSE Barry Jenkins
NASCE UMA ESTRELA Bradley Cooper, Will Fetters, Eric Roth

ATRIZ
GLENN CLOSE (A Esposa)
LADY GAGA (Nasce uma Estrela)
MELISSA McCARTHY (Poderia me Perdoar?)
OLIVIA COLMAN (A Favorita)
VIOLA DAVIS (As Viúvas)

ATOR
BRADLEY COOPER (Nasce uma Estrela)
CHRISTIAN BALE (Vice)
RAMI MALEK (Bohemian Rhapsody)
STEVE COOGAN (Stan & Ollie)
VIGGO MORTENSEN (Green Book)

ATRIZ COADJUVANTE
AMY ADAMS (Vice)
CLAIRE FOY (O Primeiro Homem)
MARGOT ROBBIE (Duas Rainhas)
EMMA STONE (A Favorita)
RACHEL WEISZ (A Favorita)

ATOR COADJUVANTE
ADAM DRIVER (Infiltrado na Klan)
MAHERSHALA ALI (Green Book)
RICHARD E. GRANT (Poderia me Perdoar?)
SAM ROCKWELL (Vice)
TIMOTHÉE CHALAMET (Querido Menino)

TRILHA ORIGINAL
INFILTRADO NA KLAN Terence Blanchard
SE A RUA BEALE FALASSE Nicholas Britell
ILHA DOS CACHORROS Alexandre Desplat
O RETORNO DE MARY POPPINS Marc Shaiman
NASCE UMA ESTRELA Bradley Cooper, Lady Gaga, Lukas Nelson

FOTOGRAFIA
BOHEMIAN RHAPSODY Newton Thomas Sigel
GUERRA FRIA Łukasz Żal
A FAVORITA Robbie Ryan
O PRIMEIRO HOMEM Linus Sandgren
ROMA Alfonso Cuarón

MONTAGEM
BOHEMIAN RHAPSODY John Ottman
A FAVORITA Yorgos Mavropsaridis
O PRIMEIRO HOMEM Tom Cross
ROMA Alfonso Cuarón, Adam Gough
VICE Hank Corwin

DIREÇÃO DE ARTE
ANIMAIS FANTÁSTICOS: OS CRIMES DE GRINDELWALD Stuart Craig, Anna Pinnock
A FAVORITA Fiona Crombie, Alice Felton
O PRIMEIRO HOMEM Nathan Crowley, Kathy Lucas
O RETORNO DE MARY POPPINS John Myhre, Gordon Sim
ROMA Eugenio Caballero, Bárbara Enríquez

FIGURINO
THE BALLAD OF BUSTER SCRUGGS Mary Zophres
BOHEMIAN RHAPSODY Julian Day
A FAVORITA Sandy Powell
O RETORNO DE MARY POPPINS Sandy Powell
DUAS RAINHAS Alexandra Byrne

MAQUIAGEM E CABELO
BOHEMIAN RHAPSODY Mark Coulier, Jan Sewell
A FAVORITA Nadia Stacey
DUAS RAINHAS Jenny Shircore
STAN & OLLIE Mark Coulier, Jeremy Woodhead
VICE Indicados ainda não definidos

SOM
BOHEMIAN RHAPSODY John Casali, Tim Cavagin, Nina Hartstone, Paul Massey, John Warhurst
O PRIMEIRO HOMEM Mary H. Ellis, Mildred Iatrou Morgan, Ai-Ling Lee, Frank A. Montaño, Jon Taylor
MISSÃO: IMPOSSÍVEL – EFEITO FALLOUT Gilbert Lake, James H. Mather, Christopher Munro, Mike Prestwood Smith
UM LUGAR SILENCIOSO Erik Aadahl, Michael Barosky, Brandon Procter, Ethan Van der Ryn
NASCE UMA ESTRELA Steve Morrow, Alan Robert Murray, Jason Ruder, Tom Ozanich, Dean Zupancic

EFEITOS VISUAIS
VINGADORES: GUERRA INFINITA Dan DeLeeuw, Russell Earl, Kelly Port, Dan Sudick
PANTERA NEGRA Geoffrey Baumann, Jesse James Chisholm, Craig Hammack, Dan Sudick
ANIMAIS FANTÁSTICOS: OS CRIMES DE GRINDELWALD Tim Burke, Andy Kind, Christian Manz, David Watkins
O PRIMEIRO HOMEM Ian Hunter, Paul Lambert, Tristan Myles, J.D. Schwalm
JOGADOR Nº 1 Matthew E. Butler, Grady Cofer, Roger Guyett, David Shirk

CURTA DE ANIMAÇÃO BRITÂNICO
I’M OK Elizabeth Hobbs, Abigail Addison, Jelena Popović
MARFA Gary McLeod, Myles McLeod
ROUGHHOUSE Jonathan Hodgson, Richard Van Den Boom

CURTA-METRAGEM BRITÂNICO
73 COWS Alex Lockwood
BACHELOR, 38 Angela Clarke
THE BLUE DOOR Ben Clark, Megan Pugh, Paul Taylor
THE FIELD Sandhya Suri, Balthazar de Ganay
WALE Barnaby Blackburn, Sophie Alexander, Catherine Slater, Edward Speleers

PRÊMIO EE RISING STAR (votado pelo público)
BARRY KEOGHAN
CYNTHIA ERIVO
JESSIE BUCKLEY
LAKEITH STANFIELD
LETITIA WRIGHT

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Indicados ao EE Rising Star, da esquerda para a direita: Cynthia Erivo, Barry Keoghan, Letitia Wright, Lakeith Stanfield e Jessia Buckley (montage by Movie Marker)

***

A cerimônia de premiação acontece no dia 10 de fevereiro no London’s Royal Albert Hall. Joanna Lumley retorna como hostess.

‘PANTERA NEGRA’, ‘BOHEMIAN RHAPSODY’ e ‘PODRES DE RICOS’ são INDICADOS ao PGA

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Michelle Yeoh, Henry Golding e Constance Wu em cena de Podres de Ricos (pic by Warner Bros)

Olá! Feliz Ano Novo! Primeiras saudações de 2019!

O blog começa com a divulgação dos indicados ao 30º Producers Guild of America (PGA), prêmio do sindicato de produtores. Pelo histórico, três quartos dos indicados costumam ser lembrados pela Academia na categoria de Melhor Filme. O outro quarto costuma ser aquele sucesso comercial que o Oscar tende a trocar por filmes mais conceituados.

MELHOR PRODUÇÃO DE CINEMA:

  • BOHEMIAN RHAPSODY (Bohemian Rhapsody)
    Produtor: Graham King
  • A FAVORITA (The Favourite)
    Produtores: Ceci Dempsey, Ed Guiney, Lee Magiday, Yorgos Lanthimos
  • GREEN BOOK: O GUIA (Green Book)
    Produtores: Jim Burke, Charles B. Wessler, Brian Currie, Peter Farrelly, Nick Vallelonga
  • INFILTRADO NA KLAN (BlacKkKlansman)
    Produtores: Sean McKittrick, Jason Blum, Raymond Mansfield, Jordan Peele, Spike Lee
  • UM LUGAR SILENCIOSO (A Quiet Place)
    Produtores: Michael Bay, Andrew Form, Brad Fuller
  • NASCE UMA ESTRELA (A Star is Born)
    Produtores: Bill Gerber, Bradley Cooper, Lynette Howell Taylor
  • PANTERA NEGRA (Black Panther)
    Produtor: Kevin Feige
  • PODRES DE RICOS (Crazy Rich Asians)
    Produtores: Nina Jacobson, Brad Simpson, John Penotti
  • ROMA (Roma)
    Produtores: Gabriela Rodríguez, Alfonso Cuarón
  • VICE
    Produtores: Dede Gardner, Jeremy Kleiner, Kevin Messick, Adam McKay

E no caso, acho que a exceção para o Oscar será Um Lugar Silencioso, que deve ser substituído por um Se a Rua Beale Falasse ou mesmo O Retorno de Mary Poppins, por exemplo, que foram esnobados aqui.

Dessa lista de 10, assisti a sete filmes. E honestamente, não sei se estou muito chato, mas não acho que esta lista representa uma boa seleção de filmes de 2018. Jamais colocaria Um Lugar Silencioso. Tem gente que adorou esse filme, mas achei tão bobo e genérico. Pegue até o Fim dos Tempos, do M. Night Shyamalan, e teremos um exemplo melhor de filme pós-apocalíptico do que este dirigido por John Krasinski, que foi elevado ao patamar de novo mestre do terror da noite para o dia. Shyamalan pode ter seus defeitos, mas é inegável que sabe filmar e aproveitar melhor o material que tem nas mãos. Apesar de nitidamente a sua seleção ter sido embasada nos números das bilheterias, pelo menos se trata de um filme de terror, que sempre foi um gênero excluído da cerimônia.

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Emily Blunt em cena de Um Lugar Silencioso (pic by Columbia Pictures)

Contudo, a grande discussão que podemos abordar aqui é: O que realmente está em análise para a escolha de um filme? Se for apenas por qualidade fílmica, as escolhas estão bem medianas. Se for considerar o sucesso comercial, indo na onda do suspenso Oscar de Filme Popular, está melhor balanceado com Pantera Negra (o recordista entre os indicados com 1.3 bilhão de dólares arrecadados), Bohemian Rhapsody (cerca de 700 milhões), Nasce uma Estrela (cerca de 380 milhões) e Podres de Ricos (cerca de 240 milhões), faltando Vingadores: Guerra Infinita (mais de 2 bilhões).

Porém o que parece realmente importar para a comissão votante é a importância do filme no cenário politicamente correto. E nesse quesito, os maiores beneficiados foram Pantera Negra, que definitivamente foi um fenômeno cultural e foi motivo de orgulho de toda a raça negra), e Podres de Ricos, com seu elenco formado exclusivamente por asiáticos, que sempre foram coadjuvantes em produções americanas.

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Lupita Nyong’o, Chadwick Boseman e Danai Gurira em cena de Pantera Negra (pic by Marvel Studios)

Como estamos vivendo novos tempos de caça às bruxas na internet, preciso ressaltar que não crucifico esses filmes por serem direcionados de forma política, pois são um reflexo dos novos tempos, mas a pergunta que faço é: Se os analisarmos apenas como cinema, são realmente bons filmes? É como se tirássemos os óculos 3D de Avatar, o filme continua ótimo e memorável?

Deixando de lado a polêmica, a indicação de Pantera Negra recompensa os esforços descomunais do produtor Kevin Feige, o homem por trás de todo o incrível planejamento dos filmes da Marvel Studios, que completou 10 anos em 2018 com o lançamento do fenomenal Vingadores: Guerra Infinita.

Entre os excluídos, além de Se a Rua Beale Falasse, temos O Primeiro Homem (filme que despencou na temporada de premiações), Oitava Série, No Coração da Escuridão e Poderia Me Perdoar?.

Pra quem fica antenado em estatísticas, o PGA acertou 20 dos últimos 29. E a última vez que houve divergência foi quando o PGA premiou La La Land, e o Oscar preferiu Moonlight.

MELHOR PRODUÇÃO DE ANIMAÇÃO

  • O GRINCH (Dr. Seuss’ The Grinch)
    Produtores: Chris Meledandri, Janet Healy
  • OS INCRÍVEIS 2 (Incredibles 2)
    Produtores: John Walker, Nicole Grindle
  • ILHA DOS CACHORROS (Isle of Dogs)
    Produtores: Ainda não determinados*
  • WIFI RALPH: QUEBRANDO A INTERNET (Ralph Breaks the Internet)
    Produtor: Clark Spencer
  • HOMEM-ARANHA NO ARANHAVERSO (Spider-Man: Into the Spider-Verse)
    Produtores: Avi Arad, Phil Lord, Christopher Miller, Amy Pascal, Christina Steinberg

Pela categoria de animações, quatro dos cinco indicados estão presentes em praticamente todas as listas até o momento. A única variável é O Grinch, que já foi substituído pelo japonês Mirai em ocasiões anteriores.

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Homem-Aranha no Aranhaverso (pic by Sony Pictures)

Já entre os cinco, o que mais tem crescido nas últimas semanas é Homem-Aranha no Aranhaverso. Além de super bem recebido pela crítica especializada, apresenta inovações nas técnicas de animação, misturando vários estilos de traços, com o grand finale do bilheteria engordando a cada semana pelo mundo.

MELHOR PRODUÇÃO DE DOCUMENTÁRIO

  • THE DAWN WALL
    Produtores: Josh Lowell, Peter Mortimer, Philipp Manderla
  • FREE SOLO
    Produtores: Elizabeth Chai Vasarhelyi, Jimmy Chin, Evan Hayes, Shannon Dill
  • HAL
    Produtores: Christine Beebe, Jonathan Lynch, Brian Morrow
  • INTO THE OKAVANGO
    Produtor: Neil Gelinas
  • RBG
    Produtores: Betsy West, Julie Cohen
  • TRÊS ESTRANHOS IDÊNTICOS (Three Identical Strangers)
    Produtores: Becky Read, Grace Hughes-Hallett
  • WON’T YOU BE MY NEIGHBOR?
    Produtores: Morgan Neville, Nicholas Ma, Caryn Capotosto

Este ano, o PGA resolveu ser mais generoso na categoria de documentário, indicando sete filmes. Quatro deles: Free Solo, RBG, Três Estranhos Idênticos e Won’t You Be My Neighbor estão entre os mais citados nos prêmios anteriores. Talvez a ausência mais sentida aqui seja Minding the Gap.

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Imagens de arquivo do diretor Hal Ashby do documentário Hal (pic by Oscilloscope)

Curiosamente, Hal, que achei que era sobre a criação do personagem HAL 9000 de 2001: Uma Odisséia no Espaço, é um documentário sobre o cineasta americano Hal Ashby, responsável por pérolas do cinema alternativo como Ensina-me a Viver (1971), Shampoo (1975), Amargo Regresso (1978) e Muito Além do Jardim (1979).

***

Os vencedores do PGA serão anunciados já no dia 19 de janeiro no Hotel Beverly Hilton.

RETROSPECTIVA 2018: O ANO da NETFLIX?

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Normalmente, eu posto um vídeo promocional da próxima edição do Oscar que o futuro host publica na internet, mas depois da confusão e demissão de Kevin Hart…

Olá, pessoal! Mais um ano se foi! Foi um ano bom ou ruim pra você?
Queria agradecer a todos que acompanharam o blog e a página do Facebook. Se comentaram, se leram, ou se apenas deram aquela passadinha, obrigado por seu apoio! Estou realizando este trabalho por puro prazer há 7 anos e sendo recompensado pelos seus views e participações. Agradeço bastante ao meu colaborador assíduo Hugo Cancela, aos amigos Bruna Martins, Flávia Fernandes, Antonio Lopes, Karoline Alves e Alice Ayres, e frequentadores assíduos como a rainha do Oscar Frame, Elisieli Rodrigues, Cristiano Filiciano, Miriam Moldes, Henrique Cereja, Fummanation Bonsucesso, Berto Leno, Tiago Bistaffa, Elza Vieira, Amélia Cassis, Yuri Dias, Lília Ricardo, Kátia Nunes e Verinha Dau, enfim, são tantos nomes que daria uma lista extensa! Peço desculpas por não poder incluir todos aqui!

Queria aproveitar para agradecer ao crítico Chico Fireman por me possibilitar trabalhar com as cabines de lançamentos de filmes, e pela sua generosidade e atenção!

META DE 2018

Continuando minha meta de 2017, procurei assistir mais àqueles filmes clássicos ou cults pra reduzir um pouco minha watchlist. Um que tenho orgulho de finalmente ter conferido é o clássico italiano , de Federico Fellini. Sério, eu não estava aguentando mais ver esse filme no topo da minha lista me olhando e perguntando: “E aí? Quando você vai me ver?” Eu lembro a última vez que viajei pra fora do país em 2014, eu jurava: “Antes de pegar esse avião, eu vou ver o filme do Fellini. Vai que eu morro…” Enfim, tomei coragem e assisti. Eu achava que o filme me daria uma dor de cabeça enorme, mas vi uma belíssima homenagem do diretor às mulheres que amou na vida. Ainda tenho vários do Fellini pra ver como Julieta dos Espíritos e A Doce Vida, mas quem sabe em 2019?

Falando em mestres do cinema, estou satisfeito por ter acrescido mais três obras do sueco Ingmar Bergman. Finalmente assisti a Através de um EspelhoSonata de Outono e Gritos e Sussurros. Depois de assistir aos filmes dele, é inevitável não parar pra refletir sobre a vida e a família, que são temas bem fortes na filmografia dele. O quanto realmente nos importamos com familiares diante de situações difíceis. Além do diretor levantar esses questionamentos, ainda cria obras visuais extremamente poderosas com a ajuda inestimável de atrizes do calibre de Ingrid Bergman, Liv Ullmann e Harriet Andersson.

Também consegui assistir pela primeira vez a A Mulher Faz o Homem (1939). Nunca fui muito fã do Frank Capra porque ele entrega uma visão demasiada otimista. Não que isso seja um defeito, mas sempre tive preferência por um cinema que expõe defeitos e falhas humanas, seja para o bem ou para o mal. É louvável acompanhar a luta de um jovem senador idealista contra um sistema corrupto, ainda mais hoje num Brasil que revela um novo caso de corrupção a cada dia, mas alguns personagens se tornam bidimensionais nessa visão, mesmo James Stewart.

8 Autumn Mr Smith

8½, Sonata de Outono e A Mulher Faz o Homem

Revisitei alguns diretores renomados como François Truffaut com Jules e Jim – Uma Mulher Para Dois (1962), Wim Wenders com Asas do Desejo (1987), Billy Wilder com Testemunha de Acusação (1957), e Dario Argento com Suspiria (1977), que fiz questão de conferir antes de assistir à refilmagem, que nunca estréia aqui no Brasil! E vi uma obra-prima pouco conhecida aqui intitulada O Segundo Rosto (1966), de John Frankenheimer, que apresenta uma trama de ficção científica na qual uma organização secreta oferece uma segunda chance aos ricos, alterando suas aparências e encenando a morte das pessoas que foram. Rock Hudson, que sempre teve imagem de cowboy machão mas era homossexual, caiu como uma luva no papel principal e entrega a performance de sua vida.

PIORES DO ANO

Eu tinha o costume de comentar uns dois ou três filmes que foram decepcionantes, mas a partir deste ano, já dá pra formar uma lista dos 5 piores. Reparem que todos os filmes da lista são parte de uma franquia (considerando que Venom faz parte do universo do Homem-Aranha) ou é uma refilmagem. Quando Hollywood só pensa nos números lucrativos, o Cinema perde.

Por pouco Jogador Nº 1 não entra na lista. Depois de me desapontar muito com The Post: A Guerra Secreta, vejo que Steven Spielberg deveria dar um break na carreira, sei lá, tirar um ano sabático, pra refletir sobre o que cinema representa pra ele, porque parece que ele tem feito mais filmes com cabeça de produtor ultimamente… E pior é que dos três projetos futuros dele, um é a sequência de Indiana Jones com Harrison Ford (taí outro que precisa de uma pausa longa) e o outro é a refilmagem (totalmente desnecessária) do clássico musical Amor Sublime Amor (1961). Claro que posso queimar minha língua, mas Spielberg, cadê sua criatividade?

E apesar de querer assistir de tudo, sempre dou mais prioridade aos filmes que acho que podem ser bons, afinal, se tenho pouco tempo pra ver filmes, por que gastar as horinhas preciosas com filmes que tenho quase certeza de que serão meia-boca? Nesse quesito, deixei de assistir aos possíveis candidatos desta lista: Han Solo: Uma História Star Wars (que pelo histórico de produção conturbado, só pode ser um resultado desastroso) e o Fenda no Tempo, a mega produção politicamente correta da Disney.

TOP 5 PIORES LANÇAMENTOS DO ANO

5. Venom (Venom)
Dir: Ruben Fleischer

4. Halloween (Halloween)
Dir: David Gordon Green

3. Tomb Raider: A Origem (Tomb Raider)
Dir: Roar Uthaug

2. A Freira (The Nun)
Dir: Corin Hardy

1. Jurassic World: Reino Ameaçado (Jurassic World: Fallen Kingdom)
Dir: J.A. Bayona

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Chris Pratt em cena da desastrosa sequência Jurassic World: O Reino Ameaçado (pic by OutNow.CH)

OSCAR 2018: POLITICAMENTE CORRETO NUMA CERIMÔNIA MORNA

Os produtores da cerimônia resolveram dar uma colher de chá para Jimmy Kimmel e o convidaram novamente para ser host após aquela lambança do envelope errado no ano passado. Apesar de ter acertado naquela premiação do jet ski para o discurso mais curto, ainda cometeu equívocos como aquela chocha invasão à sala de cinema do outro lado da rua, na vã tentativa de aproximar o público comum das estrelas de Hollywood.

Contudo, não dá pra culpá-lo. Os próprios organizadores resolveram baixar o tom da festa e correr risco zero para evitar erros e polêmicas. Desde o monólogo politicamente correto de Kimmel, até os números musicais bastante contidos no palco comprovaram a postura que a Academia impôs ao evento.

Quanto aos resultados, chegamos ao limite do previsível, principalmente em relação aos atores. Com Gary Oldman, Frances McDormand, Sam Rockwell e Allison Janney ganhando todos os prêmios importantes anteriores, ficou difícil surpreender o público com algum resultado inesperado. Por isso mesmo, a partir da próxima cerimônia, a data será adiantada para o mês de fevereiro com o intuito de reduzir o impacto dos prêmios que o antecedem.

Sobre os resultados, torci bastante para Corra! levar Melhor Filme, Diretor e Roteiro Original, que felizmente Jordan Peele acabou levando. Gostei das premiações de James Ivory pelo Roteiro Adaptado de Me Chame Pelo Seu Nome, de Roger Deakins finalmente levando seu Oscar por Blade Runner 2049, e de Sebastián Lelio levando o primeiro Oscar de Filme em Língua Estrangeira para o Chile por Uma Mulher Fantástica.

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Da esquerda para a direita: Jordan Peele leva o Oscar de Roteiro Original por Corra!, Roger Deakins de Fotografia por Blade Runner 2049, e Sebastián Lelio de Filme em Língua Estrangeira por Uma Mulher Fantástica.

Em relação às categorias de atuação, os votantes da Academia deveriam repensar melhor seu modo de avaliar as interpretações. Este ano, tivemos duas performances clichês e rotuladas levando o Oscar mais por causa dos efeitos de maquiagem transformativa: Gary Oldman com próteses esbravejando como um cachorro, e Allison Janney como a mãe amarga e envelhecida pela maquiagem. Timothée Chalamet e Lesley Manville trabalharam muito mais as nuances de seus personagens, e com pouco esforço, superaram os vencedores.

NETFLIX NOS FESTIVAIS E NO OSCAR

Claro que ainda não é oficial, mas Roma pode se tornar o primeiro filme da NETFLIX indicado ao Oscar de Melhor Filme, e por que não o primeiro a ganhar a estatueta? É inevitável o espaço e a importância que a Netflix e outras plataformas de streaming como a Amazon e a Hulu estão conquistando no mercado. Já é uma realidade de trabalho para inúmeros profissionais, assim como de alto consumo.

Diante desse cenário, eu faço a seguinte indagação: “Até quando vão ficar de birra, distribuidores franceses e organizadores do Festival de Cannes?”. Enquanto essa turma ficar discutindo a permanência de um sistema ultrapassado e a linguagem cinematográfica da Netflix, a empresa está dando risada, lucrando e ainda ganhando prêmios em outros festivais! Roma ganhou o Leão de Ouro em Veneza.

Obviamente, preferi assistir ao filme de Alfonso Cuarón numa sala de cinema com projeção em tela grande e som de qualidade, mas se não pudesse, assistiria na TV de casa mesmo (com um volume que meus vizinhos reclamariam), mas assistiria! A Netflix veio para suprir um tipo de cinema que os produtores de Hollywood já não querem mais fazer, pois estão visando apenas os lucros sem margem para erros ou riscos, por isso só temos blockbusters e adaptações de best-sellers nas salas de cinema.

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Foto que tirei na sessão especial de Roma no Kinoplex Itaim

Eu gostaria apenas que a Netflix e outras plataformas fizessem um esforço para colocar filmes selecionados para salas de cinema. Tipo, não faço questão de ver Para Todos os Garotos que Já Amei no cinema, mas Roma é outro nível de cinema que merece uma boa projeção. Isso certamente valorizaria ainda mais os profissionais e acabaria atraindo outros a trabalhar para a empresa.

TWITTER DESTRUINDO CARREIRAS

Sabe aquele ditado “O passado não perdoa”? Graças ao Twitter, o passado voltou para atormentar e destruir as carreiras profissionais de algumas personalidades. A mais comentada foi do diretor e roteirista James Gunn, que foi demitido pela Disney de Guardiões da Galáxia Vol. 3. Quando seus tuítes de vários anos atrás voltaram à tona, viram que ele não batia muito bem. Quer dizer, as piadas de humor negro eram chocantes demais para qualquer executivo da Disney que quer preservar a imagem família feliz da empresa global. Eu entendo o lado da Disney, que seria atacada pela imprensa se não demitisse Gunn e correria sério risco de ter suas ações em queda, mas demitir por piada estúpida de Twitter de 10 anos atrás? Não poderiam dar uma chance do diretor se retratar publicamente? O cara ganhou bilhões de dólares com os dois Guardiões da Galáxia!

Twitter

Tweets antigos de James Gunn e Kevin Hart que ocasionaram em suas demissões

E no início de dezembro, o Twitter fez uma nova vítima: o ator e comediante Kevin Hart, que foi convidado pela Academia para ser host do Oscar 2019. No dia seguinte, porém, tuítes antigos dele, que denotavam uma figura pública homofóbica, foram descobertos. Certos de que ele seria crucificado, principalmente pela comunidade LGBT, os organizadores da Academia lançaram um ultimato para ele se desculpar, o que acabou não acontecendo. E dois dias depois do anúncio, Hart desistiu do cargo.

Sou totalmente contra qualquer tipo de censura. Mas os tempos são outros. Hoje, as empresas demitem por qualquer comportamento impróprio. Qualquer um. Não existe perdão de declarações do passado também, por isso, no caso do Twitter, onde os tuítes são “deletáveis”, melhor apagá-los. Evitaria desgastes como esse que a Academia passou agora.

Esses acontecimentos reabrem a velha discussão da separação entre pessoa e artista. Por exemplo, com o escândalo de Woody Allen que foi acusado de abusar da filha, inúmeras pessoas passaram a avaliar seus filmes de forma negativa por causa da acusação. Inclusive, achei patético a declaração da atriz Mira Sorvino, que alegou arrependimento de ter trabalhado com Allen no filme Poderosa Afrodite (1995), que lhe rendeu o Oscar de Atriz Coadjuvante e lançou seu nome em Hollywood. Cuspir no prato que comeu é fácil. Não aprova o comportamento dele? Basta não trabalhar mais com ele.

CRÍTICAS

Apesar da lista coroar os meus 5 favoritos do ano, obviamente é preciso mencionar outras produções que se destacaram de alguma forma. Dos blockbusters, vale citar Vingadores: Guerra Infinita, que foi a maior bilheteria do ano. Deixando meu lado de fã de quadrinhos, é preciso reconhecer esse trabalho estratégico e paciente de dez anos da Marvel Studios que culmina nesta produção, que soube contar com vários personagens sem ser maçante, e ainda apresenta com propriedade um vilão de alto nível como Thanos.

Ainda destacaria Missão: Impossível – Efeito Fallout, que pode não apresentar nada inovador, mas sem sombra de dúvida foi o melhor filme de ação do ano. É notável a entrega de Tom Cruise à franquia e como ele luta para se superar a cada filme. Falando em notabilidade, preciso mencionar o trabalho minucioso de stop motion da animação nova de Wes Anderson, Ilha dos Cachorros. Além da técnica impecável, trata-se de um design de personagens sublime. Só acho que carece um pouco mais de alma, mas talvez a Academia recompense Anderson pelas derrotas anteriores com este Oscar de Animação…

Também gostei do singelo Poderia Me Perdoar?. A história verídica me pegou pelo identificação com a protagonista: uma escritora em decadência que falsifica cartas de autores para pagar suas contas básicas. A dupla formada por Melissa McCarthy e Richard E. Grant é a melhor do ano. Espero que ambos estejam indicados no próximo Oscar. E ainda no campo do singelo, destaco também o drama Mais Uma Chance, que é da Netflix. É basicamente sobre um casal na casa dos 40 que luta para ter filho, chegando a recorrer aos ovários da sobrinha. Todos os três atores estão bem: Paul Giamatti, Kathryn Hahn e Kayli Carter.

Uma boa surpresa foi a ficção científica Upgrade. Jamais imaginei que o roteirista Leigh Whannel, de Sobrenatural e Jogos Mortais, criaria esse universo futurista onde a tecnologia seria debatida de forma divertida mas também incisiva. Infelizmente, não há previsão de estréia no Brasil, mas de qualquer forma, tem tudo para se tornar um cult movie.

E, por último, gostei de ver a nova loucura de Lars von Trier no cinema. A Casa que Jack Construiu tem um tema interessantíssimo que questiona a inteligência humana através da filosofia de um serial killer inescrupuloso. Só faço dois adendos: deveria ter abusado mais do humor negro da primeira metade, e apesar de entender os motivos do diretor, cortaria a sequência em que ele insere imagens dos filmes anteriores dele, pois não colabora com a trama e ainda abre brecha para críticas de auto-indulgência depois daquele episódio de Persona Non Grata no Festival de Cannes.

TOP 5 MELHORES LANÇAMENTOS DO ANO

5. Hereditário (Hereditary/ 2018)
Dir: Ari Aster

4. Oitava Série (Eighth Grade/ 2018)
Dir: Bo Burnham

3. Roma (Roma/ 2018)
Dir: Alfonso Cuarón

2. Asako I & II (Netemo Sametemo/ 2018)
Dir: Ryûsuke Hamaguchi

1. Em Chamas (Beoning/ 2018)
Dir: Chang-dong Lee

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1º LUGAR: EM CHAMAS (Beoning), de Lee Chang-dong

TOP 5 MELHORES EM MÍDIA DIGITAL

5. O Silêncio do Lago (Spoorloos/ 1988)
Dir: George Sluizer

4. Através de um Espelho (Såsom i en spegel/ 1961)
Dir: Ingmar Bergman

3. 8½ (8½/ 1963)
Dir: Federico Fellini

2. O Parque Macabro (Carnival of Souls/ 1962)
Dir: Herk Harvey

1. O Segundo Rosto (Seconds/ 1966)
Dir: John Frankenheimer

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1º LUGAR: O SEGUNDO ROSTO (Seconds), de John Frankenheimer

IN MEMORIAN

Este ano, perdemos diretores icônicos e vencedores do Oscar. Milos Forman (venceu por Um Estranho no Ninho e Amadeus) e Bernardo Bertolucci (venceu por O Último Imperador), mas no caso dele, ficou mais famoso por filmes polêmicos como O Conformista, O Último Tango em Paris e Os Sonhadores. Outro diretor que entregou importantes filmes foi Nicolas Roeg, que destaco Inverno de Sangue em Veneza, O Homem que Caiu na Terra e Bad Timing. E agora no dia 17, a diretora Penny Marshall, mais conhecida pelas comédias Quero Ser Grande e Uma Equipe Muito Especial nos deixou.

Entre os atores, indicados ao Oscar nos deixaram: Burt Reynolds (que mais chama a atenção por uma vida repleta de arrependimentos por recusa de papéis importantes), Sondra Locke (ex-mulher de Clint Eastwood), Barbara Harris e a vencedora do Oscar de Coadjuvante em 1957 por Palavras ao Vento, Dorothy Malone. Também vale citar Margot Kidder, a eterna Lois Lane do Superman do saudoso Christopher Reeve.

Dos profissionais brasileiros, demos adeus às lendas Nelson Pereira dos Santos (diretor de Vidas Secas e Rio 40 Graus), Roberto Farias (diretor de Assalto ao Trem Pagador e dos filmes do cantor Roberto Carlos como Roberto Carlos em Ritmo de Aventura), e as atrizes Beatriz Segall (a eterna Odete Roitman da novela Vale Tudo) e Tônia Carrero, que brilhou nos filmes do extinto estúdio da Vera Cruz como Tico-Tico no Fubá.

Vale lembrar a perda das cantoras Aretha Franklin, cujas músicas sempre estarão em trilhas sonoras de vários filmes, e pra mim, em especial, Dolores O’Riordan, vocalista do grupo The Cranberries. A morte dela aos 46 anos (!) por afogamento após uma intoxicação alcóolica me deixou abatido por uns dias.

Demos adeus aos escritores Neil Simon, que apesar de ter sido indicado ao Oscar quatro vezes sem nenhuma vitória, tinha carreira consolidada e venerada no teatro como dramaturgo; e o roteirista William Goldman, vencedor de duas estatuetas do Oscar por Butch Cassidy e Todos os Homens do Presidente.

E não poderia falar de escritores sem mencionar Stan Lee. Embora os filmes da Marvel Studios sejam um sucesso pela estratégia de mesclar universos do produtor Kevin Feige, nada seria possível sem a inestimável contribuição criativa de Lee. Ele foi o pioneiro nos quadrinhos que enxergou a humanidade nos personagens de super-heróis, que eles poderiam ser falhos também e assim, facilitar a identificação com os leitores. Foi essa chave que até hoje gera essa conexão dos filmes com o grande público.

Stan Lee

VOTOS PARA 2019

Acho que o grande assunto no Brasil este ano foram as eleições para presidente. E o que mais fiquei chocado foi a defesa ferrenha que muitos faziam para candidatos que sequer mereciam o mínimo de confiança. Acho que depois de acompanhar tanto tempo a política brasileira, só defendo uma coisa: Nenhum político merece nossa confiança. Talvez o político em si seja até uma pessoa honesta, mas o sistema é muito corrupto e parece enraizado. Não vou nem entrar na questão das propostas, porque tem cada absurdo… Acho que o Brasil só vai pra frente com uma Reforma na Educação contando com um alto investimento.

Enfim, torço para que algo dê certo neste próximo governo. Que, de alguma forma, consigam afastar o país dessa crise, gerando mais emprego, renda e segurança, que é um problema crônico, mas sem esquecer da educação e da nossa cultura!

Apoio a diversidade de autores brasileiros, especialmente no cinema. Este ano, contamos com filmes bem distintos e alternativos como Café com Canela, As Boas Maneiras, O Animal Cordial, Arábia e Benzinho. O Cinema Brasileiro deixou de ser aquele recluso de favelas e seca no Nordeste. Se vamos ganhar o Oscar? Se dependesse apenas dos filmes, não teria dúvidas de que vai chegar a hora do Brasil, mas se a política continuar interferindo… vamos ver o cinema do Camboja, Cazaquistão e Paraguai ganhar antes da gente.

Desejo Feliz Ano Novo para todos que acompanham o blog e a página do Facebook! Que seja um ano repleto de alegrias, conquistas, saúde e paz!

Compartilhe seus melhores e/ou piores filmes que viu em 2018 nos comentários!

ACADEMIA DIVULGA PRÉ-LISTA de SELECIONADOS em 9 CATEGORIAS! COMO ESPERADO, BRASIL ESTÁ FORA DA CORRIDA…

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ACADEMIA RESOLVE FAZER UMA PENEIRA FORTE EM NOVE CATEGORIAS

Pela primeira vez na longeva história da Academia, divulgaram as short lists em nova categorias ao mesmo tempo. E pela primeira vez desde 1979, anunciaram a pré-lista nas categorias musicais. Portanto, com essa dança das cadeiras, alguns profissionais comemoraram a sobrevivência de chances no Oscar, e muitos outros já deram adeus.

E os números são bem expressivos dessas listas de corte. Na categoria de Filme em Língua Estrangeira, dos 87 inscritos, sobraram apenas nove, enquanto em Melhor Documentário, dos 166 inscritos, 15 continuam na luta. Pelas categorias de Trilha e Canção, de centenas passaram para 15 por categoria.

Em relação às categorias de curtas (documentário, animação e live action), praticamente todos somos Gloria Pires, não podemos opinar. Mas em relação às demais, dá pra comentar um pouco sobre.

Vamos às listas?

DOCUMENTÁRIO-CURTA
Black Sheep
End Game
Lifeboat
Los Comandos
My Dead Dad’s Porno Tapes*
A Night at the Garden
Period. End of Sentence.
’63 Boycott
Women of the Gulag
Zion

* Esse título que já havia me chamado a atenção desde o começo do ano. O diretor quis descobrir mais sobre o falecido pai através de objetos pessoais, inclusive uma pilha de fitas VHS de filmes pornográficos. Não sei se tem chances no Oscar, mas seria engraçado no mínimo.

My Dead Dad's Porno Tapes

My Dead Dad’s Porno Tapes, de Charlie Tyrell (pic by IMDb)

CURTA DE ANIMAÇÃO
Age of Sail
Animal Behaviour
Bao
Bilby
Bird Karma
Late Afternoon
Lost & Found
One Small Step
Pépé le Morse
Weekends

Obviamente, não podia faltar o curta-metragem Bao, que foi exibido nos cinemas antes do filme Os Incríveis 2. A Pixar sempre marca forte presença nessa categoria. Além da qualidade do material, eles tiveram essa brilhante idéia de passar seus curtas para o público em geral nas sessões de seus longas. Em relação ao curta em si, particularmente, acho bem sensível a idéia, mas poderiam dispensar a transformação do dumpling em ser humano. A metáfora já estava compreendida.

Bao_

Cena do curta de animação Bao (pic by Disney/Pixar)

CURTA-METRAGEM
Caroline
Chuchotage
Detainment
Fauve
Icare
Marguerite
May Day
Mother
Skin
Wale

DOCUMENTÁRIO
Charm City
Communion
Crime + Punishment
Dark Money
The Distant Barking of Dogs
Free Solo
Hale County This Morning, This Evening
Minding the Gap
Of Fathers and Sons
On Her Shoulders
RBG
Shirkers
The Silence of Others
Three Identical Strangers
Won’t You Be My Neighbor?

Felizmente, todos os documentários premiados até agora parecem estar nessa pré-lista. Por enquanto, o mais forte candidato é o Won’t You Be My Neighbor?, sobre as lições e legado de um apresentador de programa de TV infantil. Entre outros premiados estão o Hale Country This Morning This EveningMinding the Gap, RBG (sobre uma juíza americana que se tornou um ícone pop, e vale lembrar que o filme está na lista das canções também), Three Identical Strangers, Free Solo, Crime+Punishment e Shirkers, que já está disponível na Netflix e vale a pena dar uma olhada.

Won't You Be My Neighbor? - Still 1

O apresentador Fred Rogers em cena do documentário Won’t You Be My Neighbor? (pic by IMDb)

VISUAL EFFECTS
Homem-Formiga e a Vespa
Vingadores: Guerra Infinita
Pantera Negra
Christopher Robin
O Primeiro Homem
Jurassic World: Reino Ameaçado
O Retorno de Mary Poppins
Jogador Nº1
Han Solo: Uma História Star Wars
Bem-Vindos a Marwen

Bom, em primeiro lugar, acho um desaforo Jurassic World: Reino Ameaçado estar nessa lista. Além dos efeitos não apresentarem nada de novo (daqui a pouco até eu vou saber criar dinossauros em 3D), o filme é de uma gratuidade lucrativa asquerosa. Você assiste e não se importa com ninguém, e quer que todo mundo morra logo.

Enfim, dessa lista, O Primeiro Homem e Jogador Nº 1 parecem ser os mais fortes. Os efeitos de O Retorno de Mary Poppins parecem se assemelhar bastante com os efeitos da década de 60, mas vale lembrar que na época o filme foi um marco nos efeitos e ganhou o Oscar de Efeitos Visuais. E Vingadores: Guerra Infinita e Pantera Negra devem consolidar suas indicações por causa dos números nas bilheterias. Particularmente, considero os efeitos de Pantera Negra meio ruinzinhos. Já os efeitos de Bem-Vindos a Marwen são mais interessantes, já que transformar os atores em bonecos semelhantes às Barbies.

Welcome to Marwen_

Janelle Monáe e Steve Carell como bonecos em Bem-Vindos a Marwen (pic by IMDb)

MAQUIAGEM E CABELO
Pantera Negra
Bohemian Rhapsody
Border
Duas Rainhas
Stan & Ollie
Suspiria
Vice

Sempre fui a favor de maquiagens transformadoras ganharem o Oscar, tipo os trabalhos fenomenais do já aposentado Rick Baker, que fez Um Lobisomem Americano em Londres, O Grinch e Homens de Preto, porque essa coisa de colar um bigodezinho, passar um pózinho na cara e despentear o cabelo não é lá muito evidente pra ganhar esse prêmio.

Nesse quesito de transformação, eu diria que Suspiria sai na frente. Tilda Swinton interpreta três personagens e um deles é um senhor de idade. E você sabe o que aconteceu da última vez que Swinton se transformou numa idosa? O Grande Hotel Budapeste ganhou o Oscar.

Tilda Swinton Suspiria_

Sim, é a Tilda Swinton em Suspiria (pic by IMDb)

Também vale citar o Stan & Ollie, no qual John C. Reilly desaparece na maquiagem que o transforma no comediante Oliver Hardy. Já em Vice, embora temos muito do esforço descomunal de Christian Bale engordar, temos um trabalho de maquiagem de envelhecimento no seu personagem e de Amy Adams, pelo menos.

Já no quesito bigode e pózinho, a ausência de A Favorita se faz notar aqui.

TRILHA MUSICAL ORIGINAL
Aniquilação
Vingadores: Guerra Infinita
The Ballad of Buster Scruggs
Pantera Negra
Infiltrado na Klan
Podres de Ricos
A Morte de Stalin
Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindewald
O Primeiro Homem
Se a Rua Beale Falasse
Ilha dos Cachorros
O Retorno de Mary Poppins
Um Lugar Silencioso
Jogador Nº 1
Vice

Duas trilhas que dá pra garantir indicação são de O Primeiro Homem (Justin Hurwitz) e Se a Rua Beale Falasse (Nicholas Britell). Acredito também nas indicações de Alan Silvestri por Jogador Nº 1 e de Alexandre Desplat por Ilha dos Cachorros. Se John Williams estivesse na lista, eu o incluiria porque ele é sempre hors-concours na Academia. Pela quinta vaga, eu arriscaria Ludwig Göransson (Pantera Negra) ou Terence Blanchard (Infiltrado na Klan), se bem que Marc Shaiman pode ser lembrado por O Retorno de Mary Poppins.

CANÇÃO ORIGINAL
“When A Cowboy Trades His Spurs For Wings” (The Ballad of Buster Scruggs)
“Treasure” (Querido Menino)
“All The Stars” (Pantera Negra)
“Revelation” (Boy Erased: Uma Verdade Anulada)
“Girl In The Movies” (Dumplin’)
“We Won’t Move” (O Ódio que Você Semeia)
“The Place Where Lost Things Go” (O Retorno de Mary Poppins)
“Trip A Little Light Fantastic” (O Retorno de Mary Poppins)
“Keep Reachin’” (Quincy)
“I’ll Fight” (RBG)
“A Place Called Slaughter Race” (WiFi Ralph: Quebrando a Internet)
“OYAHYTT” (Sorry to Bother You)
“Shallow” (Nasce uma Estrela)
“Suspirium” (Suspiria)
“The Big Unknown” (As Viúvas)

Depois que aquela canção de Ritmo de um Sonho levou o Oscar, “It’s Hard Out Here for a Pimp”, nada mais foi o mesmo nessa categoria, o que torna tudo muito imprevisível. Claro que a mais forte aqui é a “Shallows”, que será cantada no Oscar pela Lady Gaga, e que possivelmente será premiada como compositora pra também compensá-la pela derrota como atriz.

Dentre as demais canções, “All the Stars” (Pantera Negra), “I’ll Fight” (RBG), “Girl in the Movies” (Dumplin’) e “Revelation” (Boy Erased) foram as mais lembradas na temporada até o momento, mas pode apostar que pelo menos uma das canções de O Retorno de Mary Poppins estará lá.

FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
Pássaros de Verão – COLÔMBIA
A Culpa – DINAMARCA
Never Look Away – ALEMANHA
Assunto de Família – JAPÃO
Ayka – CAZAQUISTÃO
Capernaum – LÍBANO
Roma – MÉXICO
Guerra Fria – POLÔNIA
Em Chamas – CORÉIA DO SUL

Ok, vamos direto ao ponto. Roma tem absolutamente tudo para ganhar, tornando-se o primeiro filme do México a vencer nesta categoria? 95% de chances que sim. Não estou nem atribuindo esses 5% ao imprevisível, que realmente existe no Oscar, mas devido ao cenário dos prêmios da crítica. Por exemplo, no LAFCA, dos críticos de Los Angeles, Roma sagrou-se como Melhor Filme, enquanto como Filme em Língua Estrangeira deu empate entre Assunto de Família e Em Chamas. Ou seja, num cenário em que Alfonso Cuarón leva o Oscar de Melhor Filme, pode se abrir uma janela para os demais concorrentes na categoria de Filme Estrangeiro.

Claro que são apenas hipóteses por enquanto, afinal, em 90 anos de Oscar, nunca um filme de língua estrangeira levou o Oscar de Melhor Filme. No máximo, são indicados como Amor (2012), A Vida é Bela (1998) e Z (1969), mas só levam o Oscar de Filme em Língua Estrangeira mesmo. Vamos ver se Roma vai crescer com as indicações ao Oscar em janeiro para poder cravar alguma coisa.

E o Brasil? A polêmica escolha de O Grande Circo Místico para representar o cinema nacional foi por água abaixo. Agora nós, cinéfilos, ficamos imaginando se Benzinho ou As Boas Maneiras tivessem sido escolhidos… teríamos uma nova indicação para o Brasil? Acho que a seleção deve levar em consideração apenas dois quesitos: Qualidade fílmica (de nada adianta levar filme de Segunda Guerra Mundial e morrer na praia) e Histórico de Festivais Internacionais. De nada adianta o filme ser ótimo se não for visto lá fora. Os produtores, juntamente com o governo, têm de investir em campanhas de divulgação, que muitas vezes começa com uma seleção em Cannes ou Veneza. E chega de política querer se meter na escolha! Da última vez, Aquarius ficou de fora por picuinha política.

Não assisti a todos dessa pré-lista, mas adoraria ver Em Chamas indicado. Seria a primeira indicação da Coréia do Sul, que tem um cinema formidável, mas nunca lembrado pela Academia. O filme é uma adaptação de um conto do escritor japonês Haruki Murakami, conta com um elenco afiadíssimo, uma fotografia excepcional e com a mão do diretor Lee Chang-dong, que já entregou ótimos filmes como Sol Secreto (2007) e Poesia (2010).

Burning trio

Ah-in Yoo, Jong-seo Jun e Steven Yeun em cena de Em Chamas (pic by IMDb)

Por enquanto, minhas apostas são: México, Japão, Polônia, Líbano e Coréia do Sul.

***

As indicações ao Oscar 2019 serão anunciadas no dia 22 de janeiro.

 

 

Com 14 INDICAÇÕES, ‘A FAVORITA’ LIDERA o CRITICS’ CHOICE AWARDS

The Favourite Emma Stone Olivia Colman

Emma Stone agradando a Rainha Anne (Olivia Colman) em cena de A Favorita (pic by IMDb)

FILME DE ÉPOCA DO GREGO YORGOS LANTHIMOS TEM TUDO PARA REPETIR O FEITO NO BAFTA E NO OSCAR

Nesta segunda, dia 10/12, foram anunciadas as indicações ao Critics’ Choice Awards, ou como gostamos de chamar carinhosamente de “A Bolha Assassina” (quer ser todos os prêmios, mas não é nenhum). Explicando rapidamente: o Critics’ Choice está apenas em sua 24ª edição, mas a cada ano que passa, o prêmio gosta de agregar novas categorias, tipo aquele vizinho chato que quer convidar o bairro inteiro para a festa dele só pra dizer que é a melhor? Já “roubou” a categoria de Melhor Elenco do SAG, e Melhor Terror e Sci-Fi do Saturn Awards. Daqui a pouco, pegam Melhor Beijo do MTV Movie Awards. Este ano, inventaram que deveriam ter 7 (sete!) indicados nas categorias de direção e atuação. Daqui a pouco até o Keanu Reeves vai ser indicado. Cadê a seletividade nesse negócio?

Aliás, vamos dar o braço a torcer este ano para o Critics’, afinal ele está fazendo escola até no Oscar, que está inventando de criar uma nova categoria para “Filmes Populares”. No Critics’, isso já existe faz tempo: Melhor Filme de Comédia, Melhor Filme de Ação e Melhor Filme de Terror e Ficção Científica. Podiam criar Melhor Filme de Arte! Vamos chamar os diretores europeus e asiáticos pra roda, ué!

E uma coisa que detestamos na cerimônia do Critics’ Choice é a apresentação de prêmios seletiva no palco. Eles têm cerca de 50 categorias, mas só querem apresentar umas 20 no palco. Os outros menos populares passam nos intervalos com seus nomes expostos em quadros, tipo resultado de loteria. Muito capenga!

NÚMEROS DA BOLHA

Como dito anteriormente, 14 indicações para A Favorita. Não é nenhuma surpresa, já que os filmes de época tendem a conquistar indicações em categorias técnicas como Direção de Arte, Figurino e Maquiagem, pelo menos. Além disso, as três atrizes do filme foram reconhecidas, o que expande ainda mais o espaço do filme na premiação. Desse total, apenas 3 indicações são de categorias que não existem no Oscar: Comédia, Atriz de Comédia e Elenco, ou seja, o filme de Yorgos Lanthimos deve conquistar entre 10 ou 11 indicações em janeiro.

Black panther Michael B Jordan

Michael B. Jordan e Chadwick Boseman em cena de Pantera Negra (pic by IMDb)

 

Em segundo lugar, o blockbuster conceitual politicamente correto Pantera Negra acumula 12 indicações, com destaque para Michael B. Jordan como Coadjuvante e Ryan Coogler concorrendo por Roteiro Adaptado. Em terceiro, vem O Primeiro Homem, que estava em franca decadência na temporada, com 10 indicações. Essas três produções concorrem com Nasce uma Estrela (9 indicações), Vice (9), O Retorno de Mary Poppins (9), Roma (8), Green Book: O Guia (7), Se a Rua Beale Falasse (5) e Infiltrado na Klan (4) o prêmio de Melhor Filme.

Nas categorias alternativas, estão filmes que até pouco tempo atrás estavam mega cotados para serem indicados ao novo Oscar de Filme Popular, tais como Vingadores: Guerra Infinita, Missão: Impossível – Efeito Fallout, Podres de Ricos, e Um Lugar Silencioso.

Crazy Rich Asians_

Awkwafina e Constance Wu em cena de Podres de Ricos (pic by IMDb)

AUSÊNCIAS

Sim, mesmo com sete indicados em 583 categorias, é possível ter ausências. Ano que vem, o Critics’s Choice aumenta para 12 indicados. Claro que nenhuma ausência assim tão alternativa para direcionar um pouco de atenção para filmes menores porém de qualidade, afinal, o Critics’ Choice está unicamente preocupado em acertar os vencedores do Oscar.

Pelas categorias de atuação, dá pra citar os ausentes Lucas Hedges (Boy Erased), Sam Rockwell (Vice), Rosamund Pike (A Private War) e John David Washington (Infiltrado na Klan), todos foram recentemente indicados ao Globo de Ouro. Tem ainda Ben Foster (Não Deixe Rastros), que estava indicado ao Gotham Awards e ficou em segundo lugar no LAFCA, e Joaquin Phoenix (Você Nunca Esteve Realmente Aqui), que levou o prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes e foi indicado ao Independent Spirit Awards.

Com certeza ficou faltando a indicação para a fenomenal Helena Howard (A Madeline de Madeline) na categoria de Jovem Atriz, e por que não incluir Kayli Carter por Mais Uma Chance? Ambas foram merecidamente lembradas pelo Independent Spirit.

Também ressalto a ausência das belas fotografias Lukasz Zal (Guerra Fria) e de Sayombhu Mukdeeprom no remake de Suspiria. Pelo menos o filme de Luca Guadanigno foi reconhecido na categoria de Filme de Terror ou Sci-Fi, e Cabelo e Maquiagem.

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No centro, Dakota Johnson lidera grupo de bailarinas em Suspiria (pic by IMDb)

PELA TELEVISÃO…

Muitas séries e minisséries previamente reconhecidos pelo Globo de Ouro repetem suas indicações aqui no Critics’ como é o caso do The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story, The Americans e Escape from Dannemora, que conquistaram 5 indicações cada, liderando o quadro de indicações, enquanto Sharp Objects acumulou 4.

Já na divisão por produtoras, a HBO lidera com 20 indicações, seguida por FX com 17, Amazon com 12, e NBC e Netflix com 11 cada.

INDICADOS AO 24º CRITICS’ CHOICE AWARDS:

CINEMA

MELHOR FILME
A Favorita (The Favourite)
Green Book: O Guia (Green Book)
Infiltrado na Klan (BlacKkKlansman)
Nasce uma Estrela (A Star is Born)
Pantera Negra (Black Panther)
O Primeiro Homem (First Man)
O Retorno de Mary Poppins (Mary Poppins Returns)
Roma (Roma)
Se a Rua Beale Falasse (If Beale Street Could Talk)
Vice

MELHOR ATOR
Christian Bale (Vice)
Bradley Cooper (Nasce uma Estrela)
Willem Dafoe (No Portal da Eternidade)
Ryan Gosling (O Primeiro Homem)
Ethan Hawke (First Reformed)
Rami Malek (Bohemian Rhapsody)
Viggo Mortensen (Green Book: O Guia)

MELHOR ATRIZ
Yalitza Aparicio (Roma)
Emily Blunt (O Retorno de Mary Poppins)
Glenn Close (A Esposa)
Toni Collette (Hereditário)
Olivia Colman (A Favorita)
Lady Gaga (Nasce uma Estrela)
Melissa McCarthy (Poderia Me Perdoar?)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Mahershala Ali (Green Book: O Guia)
Timothée Chalamet (Querido Menino)
Adam Driver (Infiltrado na Klan)
Sam Elliott (Nasce uma Estrela)
Richard E. Grant (Poderia Me Perdoar?)
Michael B. Jordan (Pantera Negra)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Amy Adams (Vice)
Claire Foy (O Primeiro Homem)
Nicole Kidman (Boy Erased: Uma Verdade Anulada)
Regina King (Se a Rua Beale Falasse)
Emma Stone (A Favorita)
Rachel Weisz (A Favorita)

MELHOR JOVEM ATOR OU ATRIZ
Elsie Fisher (Oitava Série)
Thomasin McKenzie (Não Deixe Rastros)
Ed Oxenbould (Vida Selvagem)
Millicent Simmonds (Um Lugar Silencioso)
Amandla Stenberg (O Ódio que Você Semeia)
Sunny Suljic (Mid90s)

MELHOR ELENCO
Pantera Negra
Podres de Ricos
A Favorita
Vice
As Viúvas

MELHOR DIREÇÃO
Damien Chazelle (O Primeiro Homem)
Bradley Cooper (Nasce uma Estrela)
Alfonso Cuarón (Roma)
Peter Farrelly (Green Book: O Guia)
Yorgos Lanthimos (A Favorita)
Spike Lee (Infiltrado na Klan)
Adam McKay (Vice)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Bo Burnham (Oitava Série)
Alfonso Cuarón (Roma)
Deborah Davis, Tony McNamara (A Favorita)
Adam McKay (Vice)
Paul Schrader (First Reformed)
Nick Vallelonga, Brian Hayes Currie, Peter Farrelly (Green Book: O Guia)
Bryan Woods, Scott Beck, John Krasinski (Um Lugar Silencioso)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Ryan Coogler, Joe Robert Cole (Pantera Negra)
Nicole Holofcener, Jeff Whitty (Poderia Me Perdoar?)
Barry Jenkins (Se a Rua Beale Falasse)
Eric Roth, Bradley Cooper, Will Fetters (Nasce uma Estrela)
Josh Singer (O Primeiro Homem)
Charlie Wachtel, David Rabinowitz, Kevin Willmott, Spike Lee (Infiltrado na Klan)

MELHOR FOTOGRAFIA
Alfonso Cuarón (Roma)
James Laxton (Se a Rua Beale Falasse)
Matthew Libatique (Nasce uma Estrela)
Rachel Morrison (Pantera Negra)
Robbie Ryan (A Favorita)
Linus Sandgren (O Primeiro Homem)

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Hannah Beachler, Jay Hart (Pantera Negra)
Eugenio Caballero, Barbara Enriquez (Roma)
Nelson Coates, Andrew Baseman (Podres de Ricos)
Fiona Crombie, Alice Felton (A Favorita)
Nathan Crowley, Kathy Lucas (O Primeiro Homem)
John Myhre, Gordon Sim (O Retorno de Mary Poppins)

MELHOR MONTAGEM
Jay Cassidy (Nasce uma Estrela)
Hank Corwin (Vice)
Tom Cross (O Primeiro Homem)
Alfonso Cuarón, Adam Gough (Roma)
Yorgos Mavropsaridis (A Favorita)
Joe Walker (As Viúvas)

MELHOR FIGURINO
Alexandra Byrne (Duas Rainhas)
Ruth Carter (Pantera Negra)
Julian Day (Bohemian Rhapsody)
Sandy Powell (A Favorita)
Sandy Powell (O Retorno de Mary Poppins)

MELHOR CABELO E MAQUIAGEM
Pantera Negra
Bohemian Rhapsody
A Favorita
Duas Rainhas
Suspiria
Vice

MELHORES EFEITOS VISUAIS
Vingadores: Guerra Infinita
Pantera Negra
O Primeiro Homem
O Retorno de Mary Poppins
Missão: Impossível – Efeito Fallout
Jogador Nº 1

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
O Grinch
Os Incríveis 2
Ilha dos Cachorros
Mirai
WiFi Ralph: Quebrando a Internet
Homem-Aranha no Aranhaverso

MELHOR FILME DE AÇÃO
Vingadores: Guerra Infinita
Pantera Negra
Deadpool 2
Missão: Impossível – Efeito Fallout
Jogador Nº 1
As Viúvas

MELHOR COMÉDIA
Podres de Ricos
Deadpool 2
A Morte de Stalin
A Favorita
A Noite do Jogo
Sorry to Bother You

MELHOR ATOR EM COMÉDIA
Christian Bale (Vice)
Jason Bateman (A Noite do Jogo)
Viggo Mortensen (Green Book: O Guia)
John C. Reilly (Stan & Ollie)
Ryan Reynolds (Deadpool 2)
Lakeith Stanfield (Sorry to Bother You)

MELHOR ATRIZ EM COMÉDIA
Emily Blunt (O Retorno de Mary Poppins)
Olivia Colman (A Favorita)
Elsie Fisher (Oitava Série)
Rachel McAdams (A Noite do Jogo)
Charlize Theron (Tully)
Constance Wu (Podres de Ricos)

MELHOR TERROR OU FICÇÃO CIENTÍFICA
Aniquilação (Annihilation)
Halloween (Halloween)
Hereditário (Hereditary)
Um Lugar Silencioso (A Quiet Place)
Suspiria

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
Em Chamas
Cafarnaum
Guerra Fria
Roma
Assunto de Família

MELHOR CANÇÃO
All the Stars (Pantera Negra)
Girl in the Movies (Dumplin’)
I’ll Fight (RBG)
The Place Where Lost Things Go (O Retorno de Mary Poppins)
Shallow (Nasce uma Estrela)
Trip a Little Light Fantastic (O Retorno de Mary Poppins)

MELHOR TRILHA MUSICAL
Kris Bowers (Green Book: O Guia)
Nicholas Britell (Se a Rua Beale Falasse)
Alexandre Desplat (Ilha dos Cachorros)
Ludwig Göransson (Pantera Negra)
Justin Hurwitz (O Primeiro Homem)
Marc Shaiman (O Retorno de Mary Poppins)

TELEVISÃO E STREAMING

MELHOR SÉRIE DRAMÁTICA
The Americans (FX)
Better Call Saul (AMC)
The Good Fight (CBS All Access)
Homecoming (Amazon)
Killing Eve (BBC America)
My Brilliant Friend (HBO)
Pose (FX)
Succession (HBO)

MELHOR ATOR EM SÉRIE DRAMÁTICA
Freddie Highmore – “The Good Doctor” (ABC)
Diego Luna – “Narcos: Mexico” (Netflix)
Richard Madden – “Bodyguard” (Netflix)
Bob Odenkirk – “Better Call Saul” (AMC)
Billy Porter – “Pose” (FX)
Matthew Rhys – “The Americans” (FX)
Milo Ventimiglia – “This Is Us” (NBC)

MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DRAMÁTICA
Jodie Comer – “Killing Eve” (BBC America)
Maggie Gyllenhaal – “The Deuce” (HBO)
Elisabeth Moss – “The Handmaid’s Tale” (Hulu)
Sandra Oh – “Killing Eve” (BBC America)
Elizabeth Olsen – “Sorry For Your Loss” (Facebook Watch)
Julia Roberts – “Homecoming” (Amazon)
Keri Russell – “The Americans” (FX)

MELHOR ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE DRAMÁTICA
Richard Cabral – “Mayans M.C.” (FX)
Asia Kate Dillon – “Billions” (Showtime)
Noah Emmerich – “The Americans” (FX)
Justin Hartley – “This Is Us” (NBC)
Matthew Macfadyen – “Succession” (HBO)
Richard Schiff – “The Good Doctor” (ABC)
Shea Whigham – “Homecoming” (Amazon)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE DRAMÁTICA
Dina Shihabi – “Jack Ryan” (Amazon)
Julia Garner – “Ozark” (Netflix)
Thandie Newton – “Westworld” (HBO)
Rhea Seehorn – “Better Call Saul” (AMC)
Yvonne Strahovski – “The Handmaid’s Tale” (Hulu)
Holly Taylor – “The Americans” (FX)

MELHOR SÉRIE DE COMÉDIA
Atlanta (FX)
Barry (HBO)
The Good Place (NBC)
The Kominsky Method (Netflix)
The Marvelous Mrs. Maisel (Amazon)
The Middle (ABC)
One Day at a Time (Netflix)
Schitt’s Creek (Pop)

MELHOR ATOR EM SÉRIE DE COMÉDIA
Hank Azaria – “Brockmire” (IFC)
Ted Danson – “The Good Place” (NBC)
Michael Douglas – “The Kominsky Method” (Netflix)
Donald Glover – “Atlanta” (FX)
Bill Hader – “Barry” (HBO)
Jim Parsons – “The Big Bang Theory” (CBS)
Andy Samberg – “Brooklyn Nine-Nine” (Fox)

MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DE COMÉDIA
Rachel Bloom – “Crazy Ex-Girlfriend” (The CW)
Rachel Brosnahan – “The Marvelous Mrs. Maisel” (Amazon)
Allison Janney – “Mom” (CBS)
Justina Machado – “One Day at a Time” (Netflix)
Debra Messing – “Will & Grace” (NBC)
Issa Rae – “Insecure” (HBO)

MELHOR ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE DE COMÉDIA
William Jackson Harper – “The Good Place” (NBC)
Sean Hayes – “Will & Grace” (NBC)
Brian Tyree Henry – “Atlanta” (FX)
Nico Santos – “Superstore” (NBC)
Tony Shalhoub – “The Marvelous Mrs. Maisel” (Amazon)
Henry Winkler – “Barry” (HBO)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE DE COMÉDIA
Alex Borstein – “The Marvelous Mrs. Maisel” (Amazon)
Betty Gilpin – “GLOW” (Netflix)
Laurie Metcalf – “The Conners” (ABC)
Rita Moreno – “One Day at a Time” (Netflix)
Zoe Perry – “Young Sheldon” (CBS)
Annie Potts – “Young Sheldon” (CBS)
Miriam Shor – “Younger” (TV Land)

MELHOR MINISSÉRIE
A Very English Scandal (Amazon)
American Vandal (Netflix)
The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story (FX)
Escape at Dannemora (Showtime)
Genius: Picasso (National Geographic)
Sharp Objects (HBO)

MELHOR FILME PARA TV
Icebox (HBO)
Jesus Christ Superstar Live in Concert (NBC)
King Lear (Amazon)
My Dinner with Hervé (HBO)
Notes from the Field (HBO)
The Tale (HBO)

MELHOR ATOR EM MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Antonio Banderas – “Genius: Picasso” (National Geographic)
Darren Criss – “The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story” (FX)
Paul Dano – “Escape at Dannemora” (Showtime)
Benicio Del Toro – “Escape at Dannemora” (Showtime)
Hugh Grant – “A Very English Scandal” (Amazon)
John Legend – “Jesus Christ Superstar Live in Concert” (NBC)

MELHOR ATRIZ EM MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Amy Adams – “Sharp Objects” (HBO)
Patricia Arquette – “Escape at Dannemora” (Showtime)
Connie Britton – “Dirty John” (Bravo)
Carrie Coon – “The Sinner” (USA Network)
Laura Dern – “The Tale” (HBO)
Anna Deavere Smith – “Notes From the Field” (HBO)

MELHOR ATOR COADJUVANTE EM MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Brandon Victor Dixon – “Jesus Christ Superstar Live in Concert” (NBC)
Eric Lange – “Escape at Dannemora” (Showtime)
Alex Rich – “Genius: Picasso” (National Geographic)
Peter Sarsgaard – “The Looming Tower” (Hulu)
Finn Wittrock – “The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story” (FX)
Ben Whishaw – “A Very English Scandal” (Amazon)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Ellen Burstyn – “The Tale” (HBO)
Patricia Clarkson – “Sharp Objects” (HBO)
Penelope Cruz – “The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story” (FX)
Julia Garner – “Dirty John” (Bravo)
Judith Light – “The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story” (FX)
Elizabeth Perkins – “Sharp Objects” (HBO)

MELHOR SÉRIE ANIMADA
Adventure Time (Cartoon Network)
Archer (FX)
Bob’s Burgers (Fox)
BoJack Horseman (Netflix)
The Simpsons (Fox)
South Park (Comedy Central)

***

A cerimônia de premiação está marcada para o dia 13 de janeiro, e deve ser transmitida ao vivo pela TNT.

O QUE A MARVEL DE STAN LEE REPRESENTOU

stanlee

Stan Lee quando foi homenageado com sua estrela na Calçada da Fama em 2011. Pic by Mario Anzuoni (Reuters)

Stanley Martin Lieber, mais conhecido por STAN LEE, faleceu nesta última segunda, dia 12/11. Ele sofria de pneumonia e problema nos olhos, e acabou falecendo no hospital Cedars Sinai em Los Angeles. Ele tinha 95 anos.

Lee era uma lenda viva. Se Bob Kane já era considerado uma por ter criado apenas o Batman, imagine o homem responsável pela origem do Quarteto Fantástico, Homem-Aranha (com Steve Ditko), Hulk, X-Men, Homem de Ferro, Thor, Demolidor, Capitão América, e Os Vingadores?

Stan Lee, Lou Ferrigno, Eric Kramer

Stan Lee entre Eric Allan Kramer e Lou Ferrigno, os atores que interpretavam Thor e Hulk nas séries e telefilmes dos anos 80.

Nascido em Nova York em 1922, serviu o exército americano durante a Segunda Guerra Mundial, e na década de 40, ingressou na Timely Publications. Nos anos 60, foi de extrema importância ao modernizar os super-heróis de quadrinhos, tornando-os mais humanos e realistas, com suas inseguranças e questionamentos de caráter.

Foi desta forma, trazendo personagens com super-poderes para o chão, que Stan Lee e a sua Marvel Comics conquistou uma legião de novos leitores e fãs, que se identificam com os mesmos problemas de seus personagens favoritos, em especial o Homem-Aranha, já que ele era um estudante, com contas para pagar e dificuldades de conquistar a garota por quem é apaixonado. Contudo, seu lema era de gente grande: “Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”, que ele aprendeu a duras penas com a morte de seu tio Ben.

Stan-Lee-Spiderman

Stan Lee posa com o cartaz do primeiro filme do Homem-Aranha (2002), dirigido por Sam Raimi (pic by smashmexico.com.mx)

Tenho orgulho de dizer que fui leitor da Marvel Comics desde minha pré-adolescência. Frequentava mais a banca de jornal da minha cidade do que a própria escola! Comecei lendo X-Men, e logo percebi que não se tratava de uma simples equipe de super-heróis como a Liga da Justiça. Os membros, que são mutantes em sua maioria, lutavam por harmonia entre os povos, combatendo o preconceito que tanto os atingia por serem diferentes.

Seus personagens-chave, o professor Charles Xavier e Magneto, foram baseados em figuras reais: Marthin Luther King e Malcolm X, respectivamente. Ambos lutavam na defesa dos direitos civis dos negros nos EUA, porém, enquanto o primeiro se utilizava do poder do discurso e da diplomacia, o segundo preferia os protestos mais violentos. Foi uma tacada de mestre de Stan Lee que, de quebra, ainda abrangeu nesse universo todas as minorias étnicas e sexuais que começavam a ganhar espaço naquela década.

Stan Lee Professor Xavier Magneto

Stan Lee entre Professor Xavier (Marthin Luther King) e Magneto (Malcolm X). Art by STP Design (Paco Taylor)

Com esse reflexo dos problemas sociais, os quadrinhos da Marvel passaram a atrair um público mais sofisticado e seus personagens tiveram seus diálogos mais eloquentes. Stan Lee teria dito então: “Se uma criança tem que recorrer a um dicionário, não é a pior coisa que pode acontecer.” Foi um importante passo para que os quadrinhos deixassem de ser apenas material infanto-juvenil.

Depois de colecionar tudo relacionado aos X-Men, fui atraído pelo universo do Homem-Aranha, quando li todas as primeiras histórias do personagem escritas por Stan Lee e desenhadas por Steve Ditko. Foi ali que entendi como o herói foi alçado ao mais alto patamar das HQs. Peter Parker era um aluno nerd com problemas de interação social e que carregava uma paixão tremenda pela bela Mary Jane Watson. Quando ganha seus poderes através de uma picada de uma aranha radioativa, ele se torna uma outra pessoa e é consumido por sua ambição, quando seu tio é baleado e morto indiretamente por sua causa. Stan Lee nos provou que não é nada fácil ser um super-herói.

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Quando o Homem-Aranha se dá conta que o bandido que ele deixou escapar foi o responsável pela morte de seu tio (pic by Villains Wiki)

Como leitor, também presenciei o pior momento da editora. Nos anos 90, a Marvel Comics abriu falência, tendo que vender direitos autorais de inúmeros personagens para os grandes estúdios para poder continuar viva. Assim, os direitos do Quarteto Fantástico e X-Men foram para a Fox Pictures, e os direitos do Homem-Aranha passaram a pertencer à Sony Pictures. 

Porém, foi graças a esse momento turbulento, que a Marvel passou a ser mais conhecida no mundo todo, já que suas criações invadiram as telinhas de TV (o desenho animado dos X-Men foi um grande sucesso comercial) e depois as telas dos cinemas, com os filmes Blade – O Caçador de Vampiros (1998), X-Men: O Filme (2000) e Homem-Aranha (2002).

A partir de 2008, com a criação da Marvel Studios, e com a inestimável colaboração do produtor e visionário Kevin Feige, as adaptações cinematográficas pertenciam a um planejamento colossal como nunca feito na história. Com o lançamento de Homem de Ferro (2008) e O Incrível Hulk (2008), os filmes começaram a apresentar cenas pós-créditos estreladas por Nick Fury (Samuel L. Jackson), que abordava os personagens centrais para convidá-los a participar de um projeto chamado Vingadores.

Dez anos depois, aqui estamos com o Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) atingindo números que a Marvel dos anos 90 nunca imaginou. Só no ano de 2018, Pantera Negra conquistou mais de 1.3 bilhões de dólares, e Vingadores: Guerra Infinita bateu o recorde com astronômicos 2.04 bilhões de dólares. Esse sucesso indiscutível provou de uma vez por todas que as criações humanistas de Stan Lee tinham esse dom de falar diretamente com o público.

Como retribuição, Lee obteve crédito como produtor executivo e fazia suas pontas nas produções. Confira todas as aparições dele, desde a TV até o último Vingadores: Guerra Infinita.

Stan Lee nos deixa um legado inestimável. Ele criou um universo habitado por personagens que os leitores e espectadores podem se relacionar através do humanismo deles. Afinal, não se trata de qual personagem é mais poderoso ou não numa luta de bem contra o mal, mas dos questionamentos do caráter e dos ideais por quais cada um luta. Precisamos de heróis assim, que questionem o sistema, reflitam sobre a vida, tomem decisões corajosas e encarem as consequências. Quem não conseguiria se inspirar com figuras assim?

Obrigado por tudo o que nos proporcionou, Stan Lee! Que descanse em paz!

 

ACADEMIA ANUNCIA NOVA CATEGORIA DE ‘FILME POPULAR’

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UM DIA APÓS A REELEIÇÃO DO PRESIDENTE DA ACADEMIA, JOHN BAILEY, INSTITUIÇÃO DE 90 ANOS ANUNCIA MUDANÇAS DRÁSTICAS EM BUSCA DE AUDIÊNCIAS MELHORES

Ok, vamos aos fatos: Nesta quarta-feira, dia 08, a Academia anunciou algumas mudanças na premiação.

  1. Uma nova categoria será criada para filmes populares.
  2. A data da cerimônia em 2020 será no dia 09 de Fevereiro (e não mais no final do mês ou em Março)
  3. Estão planejando uma cerimônia de três horas mais acessível globalmente.

Certo, como diria Jack o Estripador, vamos por partes! A decisão 2, a mais fácil de discutir, é sobre a antecipação do calendário de premiações. Como todos sabem, a temporada de premiações começa em dezembro e termina com o Oscar. Como vão antecipar um mês, a tendência é que todos os demais prêmios também façam o mesmo. Então, existem boas possibilidades do Globo de Ouro ser em dezembro, o SAG em janeiro e o Critics’ Choice Awards em novembro. Sim, daqui a pouco vão entregar prêmios em Julho!

Já no item 3, parece que algumas categorias serão apresentadas durante o intervalo, editadas e exibidas em seguida a fim de encurtar a cerimônia, que hoje quase chega nas 4 horas. Realmente, o show é longo, ainda mais pra quem está no fuso horário em que temos que madrugar para assistir até o Oscar de Melhor Filme, mas não sei se falo como cineasta nessas horas, mas acho sacanagem tirar a glória daquele curta-metragista que passou dois anos fazendo um filme, ganhar um Oscar e passar um clipe em que ele aparece por 3 segundos. E outra coisa que precisa ser levada em consideração: o Oscar é uma vez por ano! Pô, um evento anual com vários filmes e artistas envolvidos. Custa tanto assim pra humanidade 4 horas da sua vida e paciência?? (Não responda!)

90th Academy Awards - Oscars Show – Hollywood

Do Oscar deste ano, poderiam cortar o discurso chato e longo do Gary Oldman.

Por exemplo, eu poderia dizer: “Por que não cortam aqueles clipes de filmes que apresentam todo ano?” Porque eu adoro! Ou “Por que não eliminam as performances musicais das canções indicadas?” Porque eu adoro! (Tirando aquele ano em que a Beyoncé cantou todas as músicas indicadas). Aí o que mais tem pra cortar? Vão cortar o In Memoriam? Não dá! É uma bela e singela homenagem aos mortos, que inclusive honrou nosso documentarista Eduardo Coutinho. A única coisa que me irrita frequentemente são aquelas piadinhas sem graça que os apresentadores têm que atuar (muito mal) antes de entregar o prêmio. Tem atores que se saem tão mal nesse quesito que nos faz questionar se merece ser chamado de ator!

Há alguns anos atrás, quase 10 anos na verdade, o Oscar teve uma idéia genial: migrar os Oscars Honorários, Irving G. Thalberg e Jean Hersholt Humanitarian Award para uma festa chamada Governors Ball, que ocorre no mês de novembro que antecede a temporada. Nesse esquema, todo mundo sai ganhando. Os homenageados podem discursar por meia hora, os atores cotados para o Oscar podem desfilar no tapete vermelho e fazer aquela campanha, e o melhor de tudo: reduzem consideravelmente a duração da cerimônia do Oscar, pelo menos um bloco inteiro. Então, o que quero dizer com isso? Ao invés de inferiorizarem categorias menores em intervalos, por que não inseri-los no Governors Ball? Por mim, continuaria do jeito que está, mas eu entendo que a cerimônia é dispendiosa e necessita de cortes para não se arrastar demais.

Donald Sutherland Oscar

O ator veterano Donald Sutherland recebeu a honraria do Oscar Honorário no Governors Ball em novembro de 2017.

E por último, o item 1, o mais polêmico. Um Oscar para Filmes Populares. Na hora, dá vontade de parar de assistir ao Oscar para sempre! O que dizer dessa barbaridade? Isso é pior do que cota! A Academia está dizendo em alto e bom som: “Filmes blockbusters jamais serão os vencedores do Oscar de Melhor Filme!”. Mas enfim, antes de criticar ferozmente, vamos analisar a seguinte questão: “O que eles denominam como Filme Popular?” É aquele que ultrapassa a barreira dos 100 milhões de dólares nas bilheterias americanas? Se for, filmes como La La Land, Dunkirk e os vencedores do Oscar de Melhor Filme Titanic e Gladiador não estariam qualificados. Ou filme popular é aquele que você não precisa usar o cérebro como um Transformers, Crepúsculo, Jogos Vorazes ou filmes do Adam Sandler? Se for isso, esse prêmio já existe e se chama Framboesa de Ouro! Afinal, o que a Academia entende como Filme Popular?

Oscar Titanic

James Cameron, Kate Winslet e Jon Landau celebram as 11 vitórias do Oscar de Titanic em 1998

Vamos começar do início. A audiência da cerimônia do Oscar está caindo gradativamente nos últimos anos. De forma bruta, desde 1998, há cada vez menos espectadores na frente da televisão. Por se tratar de um evento anual televisivo, necessita de audiência para que o show continue, então de alguns anos pra cá, algumas estratégias foram adotadas como a expansão de indicados a Melhor Filme em 2010 (inicialmente foi de 5 para 10, e nos últimos anos, segue uma regra de votação que sempre acaba resultando em 8 ou 9 indicados), a já citada migração dos prêmios honorários para uma festa à parte, e agora essa nova categoria de Filme Popular.

Entretanto, essa estratégia é um tiro no pé, pois além de causar esse estardalhaço com justificativa, não existe qualquer garantia de que o público jovem vá se interessar em assistir ao Oscar só porque Jurassic World, Vingadores: Guerra Infinita ou Missão: Impossível ganharam o Oscar! Isso nitidamente é fruto de interesses comerciais de grandes estúdios que apenas denigre a imagem da Academia.

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Thanos, de Vingadores: Guerra Infinita, com chances de Oscar de Filme Popular em 2019. (art by Polygon)

Falando nisso, muitos membros da Academia se sentiram esnobados pois sequer foram consultados sobre essas mudanças. Entre os que se manifestaram estão o diretor Adam McKay, que ganhou o Oscar de Roteiro Adaptado por A Grande Aposta. Ele tuitou: “Outras novas categorias: Melhor Alienígena Feminina, Melhor Lançamento de Faca…”. Já o ator Rob Lowe foi mais profético: “A indústria do cinema morreu hoje com o anúncio do Oscar de Filme Popular”.

Parece uma questão boba, mas não é. Se premiarem Vingadores com o Oscar de Filme Popular, por exemplo, o que teremos como Melhor Filme? Um filme de Jean-Luc Godard? Pelo menos um Paul Thomas Anderson pra cima, né? Se vamos ter uma categoria pra filmes de menor qualidade fílmica, a lógica seria manter alto nível na categoria principal. Vamos colocar uns dois filmes europeus, dos irmãos Dardenne, e do Peter Greenaway, quem sabe uns profundos do chinês Jia Zhangke?

Alguns defendem que uma das justificativas desse Oscar é para premiar o Pantera Negra, adaptação dos quadrinhos da Marvel que bateu inúmeros recordes de bilheteria nos EUA e mundo afora, e que ainda satisfez todos que são politicamente corretos. Particularmente, sou fã da Marvel, mas não achei esse filme tudo isso filmicamente falando, mas por que não simplesmente indicá-lo a Melhor Filme então? Não seria mais fácil e honroso para o filme e sua equipe? E digo mais: Se ganhar o Oscar de Melhor Filme, aí você terá a audiência elevada, porque seria algo inédito nos 90 anos de história do prêmio.

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Chadwick Boseman com elenco de Pantera Negra no tapete vermelho do Oscar 2018

Como cineasta e cinéfilo, eu entendo que o Oscar é um prêmio da indústria e que não dá pra se guiar por ele no quesito qualidade. Mas peraí! Existem, sim, inúmeros filmaços indicados ao longo dessas nove décadas. Só para citar alguns: Cidadão Kane, Vinhas da Ira, Casablanca, Um Lugar ao Sol, Psicose, 2001: Uma Odisséia no Espaço, O Poderoso Chefão, Amadeus, O Silêncio dos Inocentes, A Viagem de Chihiro… eu mesmo descobri vários filmes ótimos por causa do Oscar. Portanto, conceder um Oscar é uma honraria, sim, e não deveria se curvar aos interesses comerciais, sejam dos estúdios ou da audiência da cerimônia. Independente do que sejam esses filmes populares, não existe motivo nenhum pra haver essa divisão. Por pior que o filme seja, ele continua sendo cinema. Em alguns casos até sangra a garganta de dizer isso, mas são cinema! Por que premiá-los como um sub-cinema? Se eles são merecedores de Melhor Filme, premiem! Se eles são merecedores apenas do Oscar de Efeitos Sonoros, premiem apenas esse! Cazzo!!

Do fundo do coração, espero que eles repensem melhor essa categoria. Não é nem um pouco feio voltar atrás numa decisão ruim! Alguns gêneros como Terror, Ação e Ficção Científica realmente são muito esnobados pela Academia, mas eles não precisam de uma nova categoria, mas sim, de oportunidades nas que já existem. Por exemplo: Por que não terem indicado a excelente trilha musical de Invocação do Mal na categoria de Trilha Original? Por que não indicar Rua Cloverfield 10 como Roteiro Original e Ator Coadjuvante para John Goodman? Por que não indicar David Robert Mitchell como Melhor Diretor por Corrente do Mal? Tenho certeza de que se essas inclusões (merecidas) tivessem ocorrido ao longo dos anos, ninguém aqui estaria reclamando que determinados gêneros são excluídos e que precisam de uma categoria própria.

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