Ressaca do Oscar

Plummer, Spencer, Streep e Dujardin

Depois de alguns meses só falando de Oscar, Globo de Ouro e outros prêmios, resolvi dar uma pausa maior antes de recomeçar a postar. É engraçado ver agora aqueles filmes que não tiveram chance no Oscar estrearem nas salas de cinema como é o caso de Drive e W.E. – O Romance do Século, ambos indicados nas categorias de efeitos sonoros e figurino, respectivamente e apenas. Parece que agora há um espacinho na grade de programação para os mesmos.

Como já vi Drive e não me interessei tanto pelo filme da Madonna, resolvi correr atrás do prejuízo e conferir o trabalho de Meryl Streep em A Dama de Ferro. Na época, eu estava receoso de que a figura não tão quista de Thatcher fosse prejudicar Meryl Streep na conquista do prêmio da Academia, mas felizmente a veterana atriz se mostrou maior do que seu papel e o filme medíocre em si. O que esperar da diretora de Mamma Mia ao assumir a biografia de uma pessoa tão controversa? Faltou o olhar político de um Elia Kazan ou de um Costa-Gavras. É claro que Phyllida Lloyd não deu conta do recado e o filme só vale mesmo pela atriz e pelo belo trabalho de maquiagem.

Meryl Streep: dona do 3º Oscar e do melhor discurso da noite

Aliás, o discurso de Meryl Streep foi o melhor da noite do Oscar. Ela deixa de lado o filme e os agradecimentos chatos para valorizar as amizades que fez durante toda sua carreira de forma honrosa. Particularmente, fico bastante feliz quando atrizes mais experientes vencem, porque das ganhadoras dos últimos 15 anos, apenas 3 voltaram a ser indicadas, dando a entender que trabalhos mais consistentes são casos isolados nessa categoria.

Mas enfim, voltando à ressaca do Oscar, seria interessante (ou melhor, um sonho) ver o mesmo empenho das distribuidoras em correr atrás das estréias de filmes indicados e premiados também nos casos do Festival de Berlim, Sundance, Veneza e Cannes. É claro que muita coisa melhorou nos últimos anos, pois essas produções estrangeiras “alternativas” passaram a aparecer timidamente nas salas comerciais de cinema, e não apenas ficar restringidas às mostras paralelas como a Mostra Internacional de Cinema, que ocorre todo mês outubro em São Paulo.

Obviamente, se ainda não dá pra exigir todos os filmes reconhecidos dos grandes festivais aqui no Brasil, nem se fala então do atraso. Vamos pegar alguns exemplos. Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas, filme tailandês vencedor da Palma de Ouro de 2010, estreou comercialmente na França no dia 1º de setembro de 2010, enquanto que aqui no Brasil, 21 de janeiro de 2011. Quatro meses: pouco ou muito para um filme com o prêmio máximo de Cannes?

Apichatpong Weerasethakul recebendo a Palma de Ouro por Tio Boonme: quase um ano depois de Cannes no Brasil (foto: Reuters)

Drive, vencedor de Melhor Diretor no Festival de Cannes em 2011, teve sua estréia nos EUA no dia 16 de setembro de 2011. Aqui no Brasil: quase metade de um ano depois: 02 de março de 2012. Isso porque tem Ryan Gosling e Carey Mulligan no elenco.

Os próprios filmes de Woody Allen costumavam levar 1 ano pra chegar às telas brasileiras.  Enquanto aqui estreava o penúltimo de Allen, lá fora já tinham visto o último. Felizmente, com a evolução de seus filmes e melhor aceitação do público, suas estréias foram antecipadas aqui. Vicky Cristina Barcelona e Meia-Noite em Paris levaram apenas um intervalo de 3 meses e 1 mês, respectivamente.

O que muitos não se dão conta é que esse atraso pode acarretar em mais pirataria. Se uma pessoa sabe que o filme que ela quer ver só vai estrear aqui depois de 6 meses, o que a impede de comprar na banquinha de cópias ilegais por 4 “real” hoje? Isso sem contar o absurdo dos altos preços cobrados por cópias originais. Por que não abaixar os impostos para que os consumidores possam contribuir legalmente? Enfim, essa é uma discussão que merece vários posts, mas recentemente um primeiro passo foi dado pelo Ministério da Cultura, que aprovou a isenção de impostos para CDs e DVDs de artistas nacionais (confira notícia no link: http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/12/camara-aprova-em-2-turno-isencao-de-impostos-para-cd-e-dvd-nacional.html) no final de 2011. A proposta ainda deve passar por 2 votações pelo Senado. Vamos torcer para que os políticos pensem um pouco na cultura do país.

Como resistir a este cartaz se na loja o mesmo filme está 30 reais?

Nos últimos meses, vencedores foram anunciados do Festival de Sundance e Festival de Berlim. Para quem desconhece, Sundance foi criado pelo ex-galã de Hollywood e diretor Robert Redford, tanto que o festival leva o nome de seu famoso personagem de Butch Cassidy and the Sundance Kid (1969), a fim de criar uma nova vitrine que privilegiasse um cinema mais independente. Este ano, o filme Beasts of the Southern Wild, de Benh Zeitlin foi vencedor do Grand Jury Prize – Dramatic, além do prêmio de fotografia. Previsão de estréia no Brasil? Se nos EUA é só dia 27 de junho de 2012, quem sabe em 2013? Digo isso porque o vencedor de 2011, o bom drama romântico Like Crazy, de Drake Doremus nem estreou por aqui.

Se o vencedor de Sundance 2011 não chega ao Brasil, temos que importar o blu-ray. Aproveito pra perguntar: Por que não usar aqui as capas com metade da espessura?

Já o Festival de Berlim costuma primar na seleção de filmes de cunho sócio-político. Para citar alguns vencedores do Urso de Ouro: A Separação, Contra a Parede, 12 Homens e uma Sentença, O Salário do Medo e Em Nome do Pai, além dos brasileiros Central do Brasil e Tropa de Elite. Este ano, a produção italiana dos irmãos Paolo e Vittorio Taviani, Cesare deve Morire (César Deve Morrer), foi a grande vencedora. Nela, presos de uma penitenciária de segurança máxima encenam a peça Júlio César de Shakespeare. Previsão de estréia? Na Itália, país da produção, dia 02 de março. No Brasil? Se na França vai ser dia 17 de outubro…

Com uma defasagem ainda bastante incômoda nos lançamentos dos cinemas, o Oscar ainda merece credibilidade por trazer filmes de qualidade acima da média às salas brasileiras.

Indicações ao Oscar 2012!

Jennifer Lawrence e Tom Sherak anunciam os Indicados

As indicações ao Oscar foram anunciadas esta manhã, com um ligeiro atraso. Aqui no Brasil, o anúncio foi transmitido pelo canal Globo News. Mas para quem piscou e perdeu, confira no youtube pelo canal oficial da Academia:

http://www.youtube.com/watch?v=ODy4Z2Lp_jE&feature=g-all-u&context=G22f03c4FAAAAAAAAAAA

Infelizmente, Jennifer Lawrence não contribuiu muito para os americanos acordarem melhor. Sua roupa não favoreceu muito… E o presidente da Academia, Tom Sherak, se enrolou na pronúncia do nome de Michel Hazanavicius.

MELHOR FILME (Best Motion Picture of the Year)

– O Artista (The Artist)

– Os Descendentes (The Descendants)

– Tão Forte e Tão Perto (Extremely Loud & Incredibly Close)

– Histórias Cruzadas (The Help)

– A Invenção de Hugo Cabret (Hugo)

– Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris)

– O Homem que Mudou o Jogo (Moneyball)

– A Árvore da Vida (The Tree of Life)

– Cavalo de Guerra (War Horse)

MELHOR DIRETOR (Achievement in Directing)

– Michel Hazanavicius (O Artista)

– Alexander Payne (Os Descendentes)

– Martin Scorsese (A Invenção de Hugo Cabret)

– Woody Allen (Meia-Noite em Paris)

– Terrence Malick (A Árvore da Vida)

MELHOR ATOR (Performance by an Actor in a Leading Role)

– Demián Bichir (A Better Life)

– George Clooney (Os Descendentes)

– Jean Dujardin (O Artista)

– Gary Oldman (O Espião que Sabia Demais)

– Brad Pitt (O Homem que Mudou o Jogo)

MELHOR ATRIZ (Performance by an Actress in a Leading Role)

Glenn Close (Albert Nobbs)

– Viola Davis (Histórias Cruzadas)

– Rooney Mara (Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres)

– Meryl Streep (A Dama de Ferro)

– Michelle Williams (Sete Dias com Marilyn)

MELHOR ATOR COADJUVANTE (Performance by an Actor in a Supporting Role)

Kenneth Branagh (Sete Dias com Marilyn)

– Jonah Hill (O Homem que Mudou o Jogo)

– Nick Nolte (Guerreiro)

– Christopher Plummer (Toda Forma de Amor)

– Max Von Sydow (Tão Forte e Tão Perto)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE (Performance by an Actress in a Supporting Role)

– Bérénice Bejo (O Artista)

– Jessica Chastain (Histórias Cruzadas)

– Melissa McCarthy (Missão Madrinha de Casamento)

– Janet McTeer (Albert Nobbs)

– Octavia Spencer (Histórias Cruzadas)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL (Screenplay Written Directly for the Screen)

– Michel Hazanavicius (O Artista)

– Kristen Wiig, Annie Mumolo (Missão Madrinha de Casamento)

– J. C. Chandor (Margin Call – O Dia Antes do Fim)

– Woody Allen (Meia-Noite em Paris)

– Asghar Farhadi (A Separação)

ROTEIRO ADAPTADO (Screenplay Based on Material Previously Produced or Published)

– Alexander Payne, Nat Faxon, Jim Rash (Os Descendentes)

– John Logan (A Invenção de Hugo Cabret)

– George Clooney, Grant Heslov, Beau Willimon (Tudo Pelo Poder)

– Steven Zaillian, Aaron Sorkin, Stan Chervin (O Homem que Mudou o Jogo)

– Bridget O’Connor, Peter Straughan (O Espião que Sabia Demais)

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO (Best Animated Feature Film of the Year)
– Um Gato em Paris, de Alain Gagnol e Jean-Loup Felicioli
– Chico & Rita, de Fernando Trueba, Javier Mariscal
– Kung Fu Panda 2, de Jennifer Yuh
– Gato de Botas, de Chris Miller
– Rango, de Gore Verbinski
MELHOR FILME ESTRANGEIRO (Best Foreign Language Film of the Year)
– Bullhead, de Michael R. Roskan (Bélgica)
– Footnote, de Joseph Cedar (Israel)
– In Darkness, de Agnieszka Holland (Polônia)
– Monsieur Lazhar, de Philippe Falardeau (Canadá)
– A Separação, de Asghar Farhadi (Irã)
MELHOR FOTOGRAFIA (Best Achievement in Cinematography) 
– Guillaume Schiffman (O Artista)
– Jeff Cronenweth (Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres)
– Robert Richardson (A Invenção de Hugo Cabret)
– Emmanuel Lubezki (A Árvore da Vida)
– Janusz Kaminski (Cavalo de Guerra)
MELHOR MONTAGEM (Best Achievement in Editing)
– Anne-Sophie Bion, Michel Hazanavicius (O Artista)
– Kevin Tent (Os Descendentes)
– Angus Wall, Kirk Baxter (Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres)
– Thelma Schoonmaker (A Invenção de Hugo Cabret)
– Christopher Tellefsen (O Homem que Mudou o Jogo)
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE (Best Achievement in Art Direction)
– Laurence Bennett, Robert Gould (O Artista)
– Stuart Craig, Stephenie McMillan (Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2)
– Dante Ferretti, Francesca LoSchiavo (A Invenção de Hugo Cabret)
– Anne Seibel, Hélène Dubreuil (Meia-Noite em Paris)
– Rick Carter, Lee Sandales (Cavalo de Guerra)
MELHOR FIGURINO (Best Achievement in Costume Design)
– Lisy Christl (Anonymous)
– Mark Bridges (O Artista)
– Sandy Powell (A Invenção de Hugo Cabret)
– Michael O’Connor (Jane Eyre)
– Arianne Phillips (W.E. – O Romance do Século)
MELHOR MAQUIAGEM (Best Achievement in Makeup)
– Martial Corneville, Lynn Johnson, Matthew W. Mungle (Albert Nobbs)
– Nick Dudman, Amanda Knight, Lisa Tomblin (Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2)
– Mark Coulier, J. Roy Helland (A Dama de Ferro)
MELHOR TRILHA MUSICAL (Best Achievement in Music Written for Motion Pictures, Original Score)
– John Williams (As Aventuras de Tintim)
– Ludovic Bource (O Artista)
– Howard Shore (A Invenção de Hugo Cabret)
– Alberto Iglesias (O Espião que Sabia Demais)
– John Williams (Cavalo de Guerra)
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL (Best Achievement in Music Written for Motion Pictures, Original Song)
– “Man or Muppet”, de Bret McKenzie (Os Muppets)
– “Real in Rio”, de Sergio Mendes, Carlinhos Brown, Siedah Garrett (Rio)
MELHOR SOM (Best Achievement in Sound Mixing)
– David Parker, Michael Semanick, Ren Klyce, Bo Persson (Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres)
– Tom Fleischman, John Midgley (A Invenção de Hugo Cabret)
– Deb Adair, Ron Bochar, David Giammarco, Ed Novick (O Homem que Mudou o Jogo)
– Greg P. Russell, Gary Summers, Jeffrey J. Haboush, Peter J. Devlin (Transformers: O Lado Oculto da Lua)
– Gary Rydstrom, Andy Nelson, Tom Johnson, Stuart Wilson (Cavalo de Guerra)
MELHORES EFEITOS SONOROS (Best Achievement in Sound Editing)
– Lon Bender, Victor Ray Ennis (Drive)
– Ren Klyce (Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres)
– Philip Stockton, Eugene Gearty (A Invenção de Hugo Cabret)
– Ethan Van der Ryn, Erik Aadahl (Transformers: O Lado Oculto da Lua)
– Richard Hymns, Gary Rydstrom (Cavalo de Guerra)
MELHORES EFEITOS VISUAIS (Best Achievement in Visual Effects)
– Tim Burke, David Vickery, Greg Butler, John Richardson (Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2)
– Robert Legato, Joss Williams, Ben Grossmann, Alex Henning (A Invenção de Hugo Cabret)
– Erik Nash, John Rosengrant, Danny Gordon Taylor, Swen Gillberg (Gigantes de Aço)
– Joe Letteri, Dan Lemmon, R. Christopher White, Daniel Barrett (Planeta dos Macacos: A Origem)
– Scott Farrar, Scott Benza, Matthew E. Butler, John Frazier (Transformers: O Lado Oculto da Lua)
MELHOR DOCUMENTÁRIO (Best Documentary, Features)
– Hell and Back Again, de Danfung Dennis, Mike Lerner
– If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front, de Marshall Curry, Sam Cullman
– Paradise Lost 3: Purgatory, de Joe Berlinger, Bruce Sinofsky
– Pina, de Wim Wenders, Gian-Piero Ringel
– Undefeated, de Daniel Lindsay, T. J. Martin, Rich Middlemas
MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA (Best Documentary, Short Subjects)
– The Barber of Birmingham: Foot Soldier of the Civil Rights Movement, de Robin Fryday, Gail Dolgin
– God is the Bigger Elvis, de Rebecca Cammisa, Julie Anderson
– Incident in New Baghdad, de James Spione
– Saving Face, de Daniel Junge, Sharmeen Obaid-Chinoy
– The Tsunami and the Cherry Blossom, de Lucy Walker, Kira Cartensen
MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO (Best Short Film, Animated)
– Dimanche, de Patrick Doyon
– The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore, de William Joyce, Brandon Oldenburg
– La Luna, de Enrico Casarosa
– A Morning Stroll, de Grant Orchard, Sue Goffe
– Wild Life, de Amanda Forbis, Wendy Tilby
MELHOR CURTA-METRAGEM (Best Short Film, Live Action)
– Pentecost, de Peter McDonald
– Raju, de MaxZähle, Stefan Gieren
– The Shore, de Terry George, Oorlagh George
– Time Freak, de Andrew Bowler, Gigi Causey
– Tuba Atlantic, de Hallvar Witzø
Nove para Melhor Filme? No post anterior, comentei a forte possibilidade de indicarem um número incomum como 7 ou 9. Dito e feito. Foram nove filmes que passaram da nova nota de corte do Oscar. O filme de Stephen Daldry, Tão Forte e Tão Perto conseguiu uma vaga e só mais uma outra indicação: ator coadjuvante. Curiosamente, no anúncio dos indicados, o filme foi deixado propositadamente por último, realçando que se tratava do nono filme.
Agora, se a Academia resolvesse arredondar para 10 filmes, provavelmente a comédia Missão Madrinha de Casamento teria entrado na briga.

Tão Forte e Tão Perto: O nono filme

Recordista de Indicações: Como previsto, o filme de Martin Scorsese, A Invenção de Hugo Cabret, levou 11 indicações e foi o recordista, o que aumenta muito suas chances de ganhar Melhor Filme. Logo em seguida, vem O Artista com 10 indicações. Nesse quesito de número de indicações, Os Descendentes sai um pouco atrás porque levou apenas 5.
Atores na Lista e Outros Esquecidos: Nunca é possível agradar a todos nas categorias de atuação. Sempre fica faltando alguém que acaba se juntando ao grupo “Os injustiçados do Oscar”.  Talvez a maior surpresa tenha ficado por conta do veterano Max von Sydow, que foi indicado para ator coadjuvante, batendo nomes como Albert Brooks, Viggo Mortensen e Armie Hammer. Sydow ficou mundialmente conhecido pelo papel de Padre Merrin em O Exorcista e foi parceiro fiel do diretor Ingmar Bergman nas produções suecas. O mexicano Démian Bichir também pode ser considerado uma surpresa na categoria de Melhor Ator, mesmo tendo sido indicado pelo SAG Awards.

Max von Sydow: já era idoso desde 1973 em O Exorcista

A ausência que mais senti foi do ator Michael Fassbender pelo drama Shame. O ator alemão vem conquistando público e crítica desde seu trabalho no filme independente Hunger e mais recentemente em Um Método Perigoso e no blockbuster X-Men: Primeira Classe. Merecia uma indicação, mas talvez o fato de seu filme apresentar cenas de nudez frontal tenha assustado os membros mais reservados da Academia. Uma pena…
Pelo lado feminino, senti a falta da Tilda Swinton pelo drama Precisamos Falar Sobre o Kevin. Sua atuação foi bastante elogiada e vem conquistando alguns prêmios importantes, mas provavelmente pelo fato do filme tratar de um tema forte (Kevin é um jovem que matou colegas na escola), Swinton tenha perdido sua chance mais pelo conservadorismo. Outro erro da Academia…
Dos nomes mais frequentes em premiações, a jovem Shailene Woodley pelo filme Os Descendentes também ficou de fora na disputa de atriz coadjuvante. Melissa McCarthy roubou a cena na comédia Missão Madrinha de Casamento e sua vaga, aparentemente. Mas Shailene é um rosto jovem e novo no mercado e acredito que terá muitas oportunidades. Só espero que ela não desande em refilmagens de terror teenagers.

Shailene Woodley: Que seu talento não seja desperdiçado em tranqueiras

Ryan Gosling foi outro nome que apareceu bastante nas listas, mas não conseguiu chegar à final. Apesar de ter feito 3 trabalhos em 2011: Drive, Tudo Pelo Poder e Amor à Toda Prova, Gosling fica de mãos abanando. Mas se ele apresentar um bom trabalho em 2012, certamente ele voltará ao Oscar no ano que vem.
Pra não dizerem que só reclamo, gostei da indicação de Gary Oldman. O ator britânico já tem uma extensa filmagrafia e com essa nova ascensão, merecia um reconhecimento por parte da Academia. Espero que sua carreira decole ainda mais e papéis mais interessantes cheguem mais à sua mesa.
Dois Robôs nos Efeitos: Não botava fé que o terceiro filme do Transformers fosse conseguir uma vaga na categoria de efeitos visuais. OK, votei no quarto filme do Piratas do Caribe, mas pelo menos os efeitos sempre apresentam algo diferente, tipo criaturas feitas de vegetais ou com tentáculos como barba. E fizeram uma campanha tão forte para que o último filme do Harry Potter vingasse em categorias principais, mas não deu certo. Tiveram que se contentar com direção de arte, efeitos visuais e maquiagem. E deve ganhar pela maquiagem, mais como conjunto da obra dos 8 filmes.
Filmes Estrangeiros Estranhos: Cadê a França, Itália, Japão, Alemanha e Espanha? O representante alemão, Pina, de Wim Wenders foi compensando da eliminação pela indicação na categoria de documentário (sim, veja como a mágica do planejamento do Oscar funciona). Se em edições anteriores, o Oscar de Filme Estrangeiro foi uma surpresa, este ano não deve escapar do favorito: o iraniano A Separação.
Animações Estranhas: Lembram-se dos filmes franceses e espanhóis que faltaram na categoria de Filme Estrangeiro? Mudaram-se para a categoria de Melhor Animação! Um Gato em Paris e Chico & Rita. Conhecem? Prazer! Fiquei com a mesma cara de dúvida no anúncio dos indicados. “Que raio de animações são essas?” Mas não sei se é porque a categoria de animação é nova, mas o Oscar tem mantido uma tradição boa de trazer alguns trabalhos meio desconhecidos para o holofote e revelar novos talentos.

Chico & Rita: Trabalho mais da linha adulta

Um Gato em Paris: produção francesa com traços fortes

Vencedores do 69th Golden Globes

Ricky Gervais amordaçado

Eu sei, eu sei. I SUCK! Das 14 indicações para Cinema, acertei apenas 9! Que vergonha! Mesmo assim, devemos nos manter humildes. Em se tratando de premiações, que podem ser bem imprevisíveis às vezes, digo que em alguns casos seria melhor saber menos porque você acaba acertando mais nas apostas. Sim, eu já perdi no bolão pra gente que nem sabia quem era Roman Polanski…

No geral, os resultados foram bastante democráticos, tanto que o filme que mais ganhou, O Artista, levou apenas 3 Globos de Ouro, comprovando que não há grandes favoritos na corrida para o Oscar. Em 2º lugar, Os Descendentes levou Melhor Filme – Drama e Ator – Drama para George Clooney. Na briga por diretor, Martin Scorsese, que já havia vencido 2 vezes por Os InfiltradosGangues de Nova York, surpreendeu ao bater Michel Hazanavicius e Alexander Payne (talvez pelos votos terem se dividido entre ambos, Scorsese tenha vencido).

Enfim, a coisa que mais aguardei ansioso foi o host Ricky Gervais. Mas onde ele estava? Parecia que haviam colocado uma mordaça em sua boca (como no pôster da premiação)! Ele não estava tão diabólico como no ano passado, disparando os podres das celebridades e jogando m**** no ventilador. Ficou nítido que o senso de humor de Gervais não era mais o mesmo… parecia que tinha voltado de uma lobotomia! Ele pegou mais leve dessa vez e fica essa questão se ele realmente foi ou não pressionado pela Associação de Imprensa Estrangeira a tirar o pé do acelerador, provavelmente a pedido das celebridades, que suavam frio toda vez que ele abria a boca.

Curiosamente, ele comenta e até faz piada sobre o assunto quando retira de seu bolso uma lista das ofensas que ele estaria proibido de falar. “Sem profanidade, tudo bem, eu tenho um amplo vocabulário”, ele diz. “E não mencione nada de Mel Gibson, e especialmente o Beaver (castor) da Jodie Foster” – fazendo alusão ao filme dirigido por Foster intitulado The Beaver, e traduzido aqui como Um Novo Despertar. As piadas sobre Mel Gibson eram as melhores, pois como anti-semita assumido, Ricky adorava cutucar.

Apesar do humor ácido ter reduzido drasticamente, Gervais conseguiu algumas pérolas como essa: “O Globo de Ouro está para o Oscar como Kim Kardashian está para Kate Middleton, mas um pouco mais escandalosa, um pouco mais trash e mais facilmente subornável”. Ou no começo da cerimônia, quando ele introduz Johnny Depp e pergunta ao ator: “Johnny, você viu O Turista?”, deixando Depp numa saia curta. Achei que ele estava apenas esquentando, mas ficou meio morno a cerimônia toda, tendo picos leves como quando introduziu a Madonna:

“Nossa próxima apresentadora é a Rainha do Pop – senta aí, Elton (John), não você. Ela é quase como uma virgem (fazendo referência ao sucesso da música dela Like a Virgin): Madonna!” 

Madonna, que não é flor que se cheire retrucou ao alcançar o microfone: “Se eu ainda sou como uma virgem, Ricky, por que você não vem aqui e  faz algo a respeito? Eu não beijo uma garota há anos… na TV!” – Em seguida, ao fundo, Ricky Gervais corre de um lado para o outro do palco, arrancando risadas da platéia.

A parte mais chata de assistir a essas premiações são as propagandas da TNT. Como a maioria dos blocos só cabia 2 prêmios, então havia muitos intervalos e já no segundo, você já cansa de ver as chamadas dos filmes Entre Irmãos, Operação Babá, Sex and the City – O Filme,  o trailer do Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres. E sem contar que tava quase comprando o carro novo da Fiat, o Bravo.

Quanto aos resultados, o Estado de S. Paulo deu o título de Divisão Amigável, pois os prêmios foram tão bem-divididos que dá a impressão de que foi tudo planejado, e não votado.

Christopher Plummer (Toda Forma de Amor)

ATOR COADJUVANTE: Christopher Plummer (Toda Forma de Amor)

A briga estava entre Plummer e Albert Brooks, uma vez que ambos ganharam boa parte dos prêmios da crítica, mas o veterano saiu vitorioso. Fiquei com a pulga atrás da orelha se foi um prêmio pela carreira ou pela performance e loquei o filme. Como eu disse um post anterior, o papel dele nesse filme tem todo o jeito de prêmio. Acompanhe: idoso, recém-viúvo, assume homossexualidade aos 75 anos e em seguida, descobre ter câncer. Chamam um ator de renome e pronto! Aí está a receita do Oscar. Não obstante, Plummer consegue humanizar bastante seu personagem e tenta fugir a todo custo do rótulo do gay idoso. Ele consegue cativar seu filho (Ewan McGregor) e o público sem grande esforço. Se está melhor que Albert Brooks? Quando estrear o Drive por aqui, eu confirmo em seguida, mas até lá, Plummer tem o direito de ficar com seu Globo de Ouro.

TRILHA MUSICAL: Ludovic Bource (The Artist)

Como descrevi no post anterior, quando se trata de um filme mudo, a trilha musical ganha importância desproporcional. A música passa a ocupar um espaço de um personagem. E acredito que as chances de Ludovic no Oscar só aumentaram com esse Globo de Ouro.

CANÇÃO: Masterpiece, de Madonna (W.E. – O Romance do Século)

Talvez tenha sido a maior surpresa da noite. Não que Madonna não seja um nome de peso numa categoria de canção, mas como seu filme não foi tão bem divulgado e provavelmente já deve ter sido criticado, um prêmio estaria fora de cogitação, ainda mais com concorrentes de renome como Elton John e Mary J. Blige. Aliás, esta última era considerada a favorita pela tocante canção de Histórias Cruzadas. No Oscar, como os últimos vencedores não foram favoritos, a corrida está bem aberta.

Michelle Williams (Sete Dias com Marylin)

ATRIZ – COMÉDIA/MUSICAL: Michelle Willams (Sete Dias com Marylin)

Desde que vi a primeira foto de Michelle Williams como a diva Marylin Monroe, eu sabia que ela estaria nessa temporada de prêmios. Além de ela ter ficado bem parecida (sim, isso inclui artefatos no bumbum), Michelle está em plena ascensão na carreira e deixou de ser a ex-esposa de Heath Ledger. Nesse Sete Dias com Marylin, não deve ter sido uma tarefa fácil copiar o jeito meigo da loira de O Pecado Mora ao Lado.

ANIMAÇÃO: As Aventuras de Tintim, de Steven Spielberg

Por mais que não tenha visto o filme ainda, confesso que na hora fiquei um pouco indignado que Rango perdeu. Quero dizer, parece que a Associação de Imprensa Estrangeira queria apenas agradar o Sr. Spielberg e não deixá-lo sair de mãos abanando. Sei que As Aventuras de Tintim deve ser praticamente perfeito tecnicamente, mas fiquei decepcionado que Rango não foi reconhecido porque merecia. Enfim, só me resta torcer para que esse prêmio tenha sido justo.

ROTEIRO: Woody Allen (Meia-Noite em Paris)

Sim, Woody Allen ainda sabe escrever muito bem. O que ele ainda não sabe é receber prêmios! Ele não compareceu à festa e perdeu a oportunidade de agradecer o reconhecimento. Meia-Noite em Paris merecia pelo menos um prêmio e acho que roteiro seria o mais justo de fato. O trabalho novo de Allen é maduro, mas sem esquecer suas raízes lúdicas e humorísticas. Todos na sala sabiam disso, tanto que aplaudiram fervorosamente.

FILME ESTRANGEIRO: A Separação, de Asghar Farhadi (Irã)

O filme iraniano conseguiu um grande feito de bater Almodóvar e Angelina Jolie que, por mais que não tenha prestígio como diretora, é muito querida pela imprensa. Pelos comentários de alguns críticos, o filme consegue sintetizar a História do próprio Irã

Octavia Spencer (Histórias Cruzadas)

numa trama sobre relacionamentos e família. Talvez por isso também concorra a Melhor Roteiro Original no Oscar.

ATRIZ COADJUVANTE: Octavia Spencer (Histórias Cruzadas)

Octavia Spencer bate a colega Chastain. Seu papel em Histórias Cruzadas já vinha sendo comentado antes mesmo da temporada de premiação. Na hora de seu discurso, ela me lembrou a Hattie McDaniel, por ser negra e também por interpretar uma doméstica em …E o Vento Levou.

DIRETOR: Martin Scorsese (A Invenção de Hugo Cabret)

Uma surpresa, mas uma grata surpresa. Martin é um grande diretor e grande amante do Cinema. Ele restaura e cuida de filmes antigos, preservando a História do Cinema. Além disso, é muito querido de atores, cineastas e equipes. Seu novo filme parece carregar toda essa paixão que Scorsese tem pelo Cinema, escalando ninguém menos que Georges Méliès, o inventor de efeitos especiais no Cinema. Michel Hazanavicius era forte candidato ao prêmio, mas como seu filme The Artist levou Melhor Filme – Comédia ou Musical, ficou tudo certo. Outra fato que é importante comentar aqui é que a vitória de Scorsese e Spielberg (animação), reconhece a qualidade do trabalho desses veteranos do Cinema em sua primeira experiência no formato 3D.

ATOR – COMÉDIA/MUSICAL: Jean Dujardin (The Artist)

Jean Dujardin (The Artist)


Os trejeitos e expressões de Jean Dujardin me lembram Gene Kelly em Cantando na Chuva. Aliás, The Artist lembra bastante a história de Cantando na Chuva ao falar sobre cinema mudo. Com essa vitória, Dujardin está garantido na categoria do Oscar.

ATRIZ – DRAMA: Meryl Streep (A Dama de Ferro)

Meryl Streep ou Viola Davis? O Globo de Ouro escolheu a veterana atriz que, este ano, apostou num papel inconvencional e difícil, pois Margaret Thatcher foi uma figura política bastante controversa na base do “ame ou odeie”. Pelo que li, A Dama de Ferro foca mais nos últimos anos da vida dela, quando ela luta contra a demência, tentando dessa forma cativar mais o público ao transformá-la numa mulher comum e frágil. A atuação de Streep tem sido bastante elogiada por ela conseguir reproduzir o sorriso, a entonação e as posturas de Thatcher. Vem aí seu 3º Oscar?

FILME – COMÉDIA/MUSICAL: The Artist, de Michel Hazanavicius

Prêmio merecido. Quem faria um filme preto-e-branco, mudo, sobre Hollywoodland nos anos 20 com elenco desconhecido e francês? Uma vitória pela ousadia acima de tudo. Quando o filme estrear, veremos sua consistência.

George Clooney (Os Descendentes)

ATOR – DRAMA: George Clooney (Os Descendentes)

Quem não gosta do George? Ele é carismático, charmoso, bem-humorado e defende causas nobres. Ok, eu sei, o prêmio não reconhece características pessoais. Eu vi alguns trailers de Os Descendentes e estou bastante ansioso pra ver. Muitos estão dizendo que se trata do melhor trabalho de Clooney como ator. Deve ser mesmo, porque Alexander Payne é um diretor que sabe explorar seu elenco até o máximo. Jack Nicholson (As Confissões de Schmidt), Reese Witherspoon (Eleição) e Paul Giamatti (Sideways) que o digam. Admito que Clooney nunca teve um grande desafio como ator, mas se ele aceitou fazer esse filme com Payne e foi elogiado significa que ele reconhece suas limitações e está procurando melhorar. Ah, se todos os atores medíocres fizessem o mesmo…

FILME – DRAMA: Os Descendentes, de Alexander Payne

Se não ganhou Melhor Diretor e Melhor Roteiro, tem que ganhar Melhor Filme! Mas numa temporada sem grandes favoritos, Os Descendentes não tem nada garantido no Oscar. Será indicado? Sem sombra de dúvida. Ganhará um Oscar? Certeza 99%. Ganhará Melhor Filme? Putz, me pergunte daqui a um mês.

Dos demais resultados referentes a TV, desconheço muitas das séries indicadas e premiadas, mas fiquei feliz com a premiação da Laura Dern (que estava com a mãe Diane Ladd na platéia!), Kate Winslet pelo Mildred Pierce (parece bom, considerando também o diretor Todd Haynes) e Jessica Lange, como coadjuvante na nova série American Horror Story. Em seu discurso, ela agradece os roteiristas por criaram bom material para atores buscarem inspiração todo dia.

Golden Globe Nominations 2011 (Indicações ao Globo de Ouro)

69º Globo de Ouro

Apesar de todos os outros prêmios de críticos e organizações dizerem que o Globo de Ouro não serve mais como parâmetro para o Oscar, é imposível não associar ambos mesmo que as escolhas não sejam mais tão iguais como alguns décadas atrás. Para quem desconhece a premiação, uma das coisas mais bacanas é que a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (que comanda o Globo de Ouro) apresenta duas divisões: Drama e outra de Comédia ou Musical, para as categorias de atuação e filmes. Eu sei que isso pode soar ridículo se levarmos em conta que hoje não há mais como dividir os filmes como uma locadora fazia no século XX através de gênero, mas certamente isso possibilita que mais filmes sejam indicados e, consequentemente, mais divulgados e vistos. Atitude também tomada pela Academia, que desde 2010, resolveu indicar 10 filmes para Melhor Filme, fato que não ocorria desde 1944.

Enfim, as indicações saíram nesta quinta-feira, dia 15, e já é possível tirar algumas conclusões. A primeira coisa que se percebe ao ver as indicações é a total ausência do filme A Árvore da Vida e de seu diretor consagrado Terrence Mallick. O filme ganhou a Palma de Ouro em Cannes e vinha coletando alguns prêmios de críticos americanos, mas não passou do corte desta vez. Além disso, pesou o fato de que o filme é daquele tipo “ame ou odeie”, e parece que os membros da Associção foram mais no “Odeie”. É claro que se for pensar bem, os atores de A Árvore da Vida, Brad Pitt e Jessica Chastain, foram indicados como Melhor Ator – Drama e Melhor Atriz Coadjuvante, contudo por outros filmes: O Homem que Mudou o Jogo (Moneyball) e Histórias Cruzadas (The Help).

Outro que ficou completamente fora da festa foi o drama Extremely Loud and Incredibly Close (ainda sem título traduzido), dirigido por Stephen Daldry (Billy Elliot e As Horas). Trata-se de uma história de um menino de 9 anos que procura uma fechadura em New York que encaixa a chave deixada por seu pai, que morreu no atentado terrorista de 11 de Setembro. Levando em consideração o diretor e a história, o trailer já anuncia um drama meio meloso, ainda mais se tratando do atentado, além disso, dá a impressão de que o final é daqueles repletos de moral e mensagem de “ame o próximo”. O filme vinha sendo bastante cogitado para a temporada de premiações, pois além do diretor consagrado, as estrelas são Tom Hanks e Sandra Bullock, ambos vencedores de Oscar.

Nesta edição, os recordistas em número de indicações são: O Artista (The Artist), liderando com 6. Os Descendentes (The Descendants) e Histórias Cruzadas (The Help) vêm logo atrás com 5 indicações cada. A produção francesa O Artista vêm conquistando a crítica com sua história de conversão de cinema mudo para o falado nos anos 20 de Hollywood, além de apresentar um espetáculo visual através de fotografia preto-e-branco e direção de arte. Dessa forma, sua vitória já pode ser considerada certa como Melhor Filme – Comédia ou Musical.

O Artista

Os Descendentes

Histórias Cruzadas

Uma surpresa acabou sendo as 4 indicações para o drama político Tudo Pelo Poder (The Ides of March), dirigido por George Clooney (triplamente indicado: como roteirista e diretor, além de ator por Os Descendentes). O longa-metragem tenta recontar o caso amoroso entre o então presidente americano Bill Clinton com a estagiária Monica Lewinski, ocorrido no final dos anos 90, mas com uma dose de ficção e nomes fictícios, claro. Tudo Pelo Poder estava perdendo fôlego nos últimos meses nos prêmios de críticos, mas agora com o reconhecimento do Globo de Ouro, pode ser que ganhe mais espaço no Oscar.

Já o épico drama de guerra dirigido por Steven Spielberg, War Horse (ainda sem título brasileiro), foi apontado por uma penca de críticos e especialistas do site oscarcentral.com como o favorito da temporada. Ok, é compreensível que qualquer filme de Spielberg já seja um papa-prêmios, ainda mais um filme de guerra. Mas quando fui ver o trailer, achei muito estúpido. Perdoe-me o mestre Spielberg (sou fã de Tubarão, Encurralado e os primeiros trabalhos dele), mas por que ele foi aceitar dirigir um filme sobre um cavalo na guerra? Olhem a sinopse e me digam se gostariam de ver: “O jovem Albert se alista no Exército para a Segunda Guerra Mundial depois que seu amado cavalo, Joey, é vendido para a Cavalaria. A jornada cheia de esperança de Albert o leva para fora da Inglaterra e Europa quando a guerra estoura”. Ainda estão aí? Eu já estava dormindo faz tempo… Vi o trailer agora há pouco e na hora me veio à cabeça aquela draga de filme chamado Seabiscuit – Alma de Herói (2003). Alguém aí se lembra? Além disso, dá vontade de vomitar ao ver aqueles longos planos de câmera lenta cobertos por aquela trilha melosa do John Williams para ressaltar o espírito equino de guerra! Já deve ter gente querendo me jogar pedra, mas não estou querendo desmerecer o trabalho de ninguém e posso estar errado porque ainda não vi o filme, mas pelo trailer, parece que estão querendo transformar o cavalo do filme num candidato à presidência americana! Felizmente, só foi indicado a Melhor Filme e Melhor Trilha Musical.

Além das indicações para Os Descendentes e O Artista, gostei que o Globo de Ouro reconheceu o ator Christopher Plummer pelo filme Toda Forma de Amor, em que vive um recém-viúvo que se descobre gay e com doença terminal. Como eu disse no post anterior, não gosto quando a Academia premia alguém simplesmente por tentar compensar derrotas anteriores ou anos de carreira sem uma indicação, mas quando o artista ganha por puro mérito. E parece que Plummer chegou a seu merecido ápice como ator.

Tilda Swinton

Também já estou torcendo pela atriz Tilda Swinton por sua performance em Precisamos Falar Sobre o Kevin. Sempre digo em conversas com amigos que um bom ator ou atriz não é somente aquele que sabe atuar, mas que sabe escolher projetos que propiciem novos desafios com profundidade. E a inglesa Swinton se encaixa nesse perfil. Tirando o blockbuster As Crônicas de Nárnia: o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, que serviu para pagar suas contas e atendido pedido do filho, suas escolhas têm coerência, seja pelo papel, seja pelo diretor ou pelo elenco.

Morgan Freeman

Lembrando também que o veterano ator Morgan Freeman receberá o prêmio Cecil B. DeMille pelo conjunto da obra. Freeman que teve seu auge nos anos 80 e 90 com filmes como Conduzindo Miss Daisy (1989), Um Sonho de Liberdade (1994) e Seven – Os Sete Crimes Capitais (1995), passou a se tornar coadjuvante de luxo de alguns filmes grandes como Batman – O Cavaleiro das Trevas (2008)e Menina de Ouro (2004) pelo qual ganhou seu único Oscar, sem esquecer que é dono de uma voz idolatrada por documentaristas para ser o narrador como no sucesso A Marcha dos Pinguins (2005). Receber o prêmio Cecil B. DeMille certamente é uma honra, levando-se em consideração que nomes como Jack Nicholson, Elizabeth Taylor, Harrison Ford e Steven Spielberg já receberam.

A 69ª edição do Globo de Ouro será transmitido pelo canal pago Sony no dia 15 de Janeiro de 2012.

Segue a lista dos indicados ao Globo de Ouro:

Melhor Filme – Drama

Os Descendentes

Histórias Cruzadas

A Invenção de Hugo Cabret

Tudo pelo Poder

O Homem Que Mudou o Jogo

War Horse

Melhor Filme – Musical ou Comédia

O Artista

Missão Madrinha de Casamento

50%

Meia-Noite em Paris

My Week with Marilyn

Melhor Ator – Drama

George Clooney  (Os Descendentes)

Leonardo DiCaprio (J. Edgar)

Michael Fassbender (Shame)

Ryan Gosling (Tudo pelo Poder)

Brad Pitt (O Homem Que Mudou o Jogo)

Melhor Atriz – Drama

Glenn Close (Albert Nobbs)

Viola Davis (Histórias Cruzadas)

Rooney Mara (Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres)

Meryl Streep (A Dama de Ferro)

Tilda Swinton (Precisamos Conversar Sobre o Kevin)

Melhor Ator – Musical ou Comédia

Jean Dujardin (O Artista)

Brendan Gleeson (O Guarda)

Joseph Gordon-Levitt (50%)

Ryan Gosling (Amor a Toda Prova)

Owen Wilson (Meia-Noite em Paris)

Melhor Atriz – Musical ou Comédia

Jodie Foster (Carnage)

Charlize Theron (Jovens Adultos)

Kristen Wiig (Missão Madrinha de Casamento)

Michelle Williams (My Week with Marilyn)

Kate Winslet (Carnage)

Melhor Ator Coadjuvante

Kenneth Branagh (My Week with Marilyn)

Albert Brooks (Drive)

Jonah Hill (O Homem Que Mudou o Jogo)

Viggo Mortensen (Um Método Perigoso)

Christopher Plummer (Toda Forma de Amor)

Melhor Atriz Coadjuvante

Bérénice Bejo (O Artista)

Jessica Chastain (Histórias Cruzadas)

Janet McTeer (Albert Nobbs)

Octavia Spencer (Histórias Cruzadas)

Shailene Woodley (Os Descendentes)

Melhor Diretor

Woody Allen (Meia-Noite em Paris)

George Clooney (Tudo Pelo Poder)

Michel Hazanavicius (O Artista)

Alexander Payne (Os Descendentes)

Martin Scorsese (A Invenção de Hugo Cabret)

Melhor Roteiro

Michel Hazanavicius (O Artista)

Alexander Payne, Nat Faxon, Jim Rash (Os Descendentes)

George Clooney, Grant Heslov, Beau Willimon (Tudo Pelo Poder)

Woody Allen (Meia-Noite em Paris)

Steven Zaillian, Aaron Sorkin, Stan Chervin (O Homem que Mudou o Jogo)

 

Melhor Canção

Brian Byrne, Glenn Close(“Lay Your Head Down”) – Albert Nobbs

Elton John, Bernie Taupin(“Hello Hello”) – Gnomeu e Julieta

Mary J. Blige, Thomas Newman, Harvey Mason Jr., Damon Thomas(“The Living Proof”) – Histórias Cruzadas

Chris Cornell(“The Keeper”) – Redenção

Madonna, Julie Frost, Jimmy Harry(“Masterpiece”) – W.E. – O Romance do Século

Melhor Trilha Musical

Ludovic Bource (O Artista)

Trent Reznor, Atticus Ross (Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres)

Howard Shore (A Invenção de Hugo Cabret)

John Williams (War Horse)

Abel Korzeniowski (W.E. – O Romance do Século)

 

Melhor Animação

As Aventuras de Tintim

Operação Presente

Carros 2

Gato de Botas

Rango

Melhor Filme Estrangeiro

Jin líng shí san chai (China)

In the Land of Blood and Honey (EUA)

O Garoto de Bicicleta (Bélgica)

A Separação (Irã)

A Pele que Habito (Espanha)

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