ACADEMIA BRASILEIRA DE CINEMA FEZ A SELEÇÃO DENTRE 19 FILMES
Em reunião virtual realizada nesta manhã, o Comitê de Seleção votou o próximo filme que disputará uma das cinco vagas na categoria de Melhor Filme Internacional do Oscar 2021. Evitando novas interferências políticas do governo como aconteceu em 2016, com a exclusão de Aquarius, a Academia reconheceu oficialmente a Academia Brasileira de Cinema como o único órgão responsável pela seleção. Dessa forma, o comitê contou com sete profissionais da área: Viviane Ferreira (diretora e roteirista) – presidente do comitê, André Ristum (diretor e roteirista), Clélia Bessa (produtora), Leonardo Monteiro de Barros (produtor de cinema e TV), Lula Carvalho (diretor de fotografia), Renata Maria de Almeida Magalhães (produtora) e Toni Venturi (diretor).
Dezenove longas se inscreveram para representar o Brasil no Oscar:
A Divisão, de Vicente Amorim e Rodrigo Monte A Febre, de Maya Werneck Da-Rin Alice Júnior, de Gil Baroni Aos Olhos de Ernesto, de Ana Luiza Azevedo Babenco – Alguém tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou, de Bárbara Paz Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda Maria Cidade Pássaro, de Matias Mariani Jovens Polacas, de Alex Levy-Heller M8 – Quando a Morte Socorre a Vida, de Jeferson De Macabro, de Marcos Prado Marighella, de Wagner Moura Minha Mãe é uma Peça 3, de Susana Garcia Narciso em Férias, de Renato Terra e Ricardo Calil Pacarrete, de Allan Deberton Pureza, de Renato Barbieri Sertânia, de Geraldo Sarno Todos os Mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra Três Verões, de Sandra Kogut Valentina, de Cássio Pereira Dos Santos
Apesar de não haver um franco-favorito, alguns filmes tinham maiores chances como Casa de Antiguidades, que foi selecionado pelo Festival de Cannes, e Todos os Mortos, que foi indicado ao Urso de Ouro em Berlim. Mas vale lembrar que Babenco: Alguém tem que Ouvir o Coração e Dizer Parou ganhou o prêmio de Melhor Documentário no Festival de Veneza de 2019.
O documentário aborda a carreira autoral do diretor argentino naturalizado brasileiro, que teve uma passagem vitoriosa em Hollywood com filmes como O Beijo da Mulher-Aranha e Ironweed, trabalhando com atores renomados como Jack Nicholson, Meryl Streep, Willem Dafoe e William Hurt, dirigiu um dos melhores filmes brasileiro intitulado Pixote: A Lei do Mais Fraco (1981), e claro, aborda a vida pessoal do cineasta, sua natureza controversa e polêmica, incluindo os últimos anos de vida em que encarou uma luta contra o câncer, mas acabou morrendo de ataque cardíaco. Em preto-e-branco, em tom de despedida, o filme busca uma imersão poética numa abordagem lírica, já que foi dirigido por sua esposa e viúva Bárbara Paz.
trailer
Após o anúncio, muitos se perguntaram: “Mas documentário tem chances nesta categoria?”. As estatísticas não são muito animadoras, afinal desde sua concepção nos anos 40 e 50, a categoria de Filme em Língua Estrangeira só indicou três documentários: Valsa com Bashir (2008), A Imagem que Falta (2013) e Honeyland (2019). Felizmente, os três são produções recentes, o que ajuda na campanha, mas vale ressaltar que foram todos abordagens voltadas ao ficcional. Vamos aguardar e torcer para que Babenco seja o quarto nesta lista, o que não é tarefa nada impossível diante de um ano atípico da pandemia no mundo. Assim como Honeyland, Babenco pode também concorrer na categoria de Melhor Documentário.
Em 2019, A Vida Invisível foi o escolhido para representar o Brasil no Oscar, mas apesar do prestigiado prêmio Un Certain Regard em Cannes, ficou de fora da disputa. O último filme que chegou ao Oscar nesta categoria continua sendo Central do Brasil, em 1999.
Rooney Mara em cena de Carol, de Todd Haynes: 5 indicações ao Globo de Ouro 2016 (photo by outnow.ch)
GLOBO DE OURO COLOCA MAIS ORDEM NA TEMPORADA DE PREMIAÇÕES
Um dia após o SAG anunciar seus indicados com uma série de ausências sentidas, o Globo de Ouro parece tapar os buracos com seu anúncio na manhã desta quinta-feira, dia 10. Assim, atores que ficaram de fora do SAG como Will Smith e Sylvester Stallone, retornam ao centro do palco.
Claro que em se tratando de Oscar e Globo de Ouro, não dá pra agradar gregos e troianos. Algum filme ou algum ator vai ficar sem cadeira. É inevitável. Dentre os mais sentidos estão Johnny Depp (Aliança do Crime), Jacob Tremblay (O Quarto de Jack), Meryl Streep (Ricki and the Flash: De Volta Para Casa), Charlotte Rampling (45 Anos) e Blythe Danner (I’ll See You in My Dreams).
De volta aos indicados, o drama Carol foi o recordista de indicações este ano com 5, mas isso não significa que terá vida fácil na categoria, já que compete com Spotlight – Segredos Revelados e Mad Max: Estrada da Fúria que, por mais que não faça muito o tipo que ganhe prêmios de Melhor Filme, vem crescendo bastante na temporada e pode surpreender, principalmente diante de um cenário sem grandes favoritos como este.
Como uma boa mãe, o Globo de Ouro conseguiu reunir numa só lista 17 estúdios, boa parte dos favoritos e outros candidatos que pareciam ficar só na promessa. Exemplo disso é o novo filme de Alejandro González Iñárritu, O Regresso, que estava até então num estado de inércia na temporada. Agora, indicada a Melhor Filme, Diretor, Trilha Musical e Ator para Leonardo DiCaprio, a produção promete conquistar seu espaço no Oscar, principalmente nas categorias mais técnicas como Fotografia e Montagem.
Leonardo DiCaprio com Grace Dove em cena de O Regresso (photo by cinemagia.ro)
Nessa mesma lógica de tirar o filme do limbo, também dá pra incluir o novo trabalho de David O. Russell, cujos filmes sempre dão um jeitinho de entrar no Oscar. Joy: O Nome do Sucesso, uma espécie de “dramédia” que reconta a trajetória de uma mulher de negócios, concorre como Filme de Comédia e sua protagonista Jennifer Lawrence como Melhor Atriz. Embora esteja disputando com as veteranas Maggie Smith e Lily Tomlin, a atriz de Jogos Vorazes tem grandes chances de conquistar seu terceiro Globo de Ouro.
Jennifer Lawrence e Robert De Niro em cena de Joy: O Nome do Sucesso (photo by outnow.ch)
E meio esquecido depois de ganhar o Hollywood Film Awards no início de novembro, a ficção científica Perdido em Marte retorna com força, uma vez que compete como Filme de Comédia, Diretor e Ator (Matt Damon). Apesar de parecer uma manobra barata da 20th Century Fox de inscrever o filme como comédia para ter concorrência mais fraca pela frente (o que gerou uma “polemicazinha”), não acredito sinceramente em manipulação nesse caso. Trata-se de uma ficção científica com clima bastante otimista, seu protagonista, mesmo diante de uma série de dificuldades, mantém o bom humor em suas pesquisas e gravações, e temos a manutenção da esperança na humanidade. Pra mim, o clima leve o aproxima mais da comédia do que um drama.
Os astronautas da tripulação de Perdido em Marte (photo by cinemagia.ro)
Ainda no campo da ressurreição, Trumbo retorna no Globo de Ouro, um dia após liderar as indicações ao SAG Awards. O ator da série Breaking Bad, Bryan Cranston, e a dama Helen Mirren foram devidamente reconhecidos por suas performances.
O Globo de Ouro trouxe felicidade também no quesito dupla indicação. Idris Elba, Lily Tomlin, Mark Rylance e Alicia Vikander ficaram duplamente felizes na manhã dessa quinta-feira. Seus nomes foram anunciados duas vezes em categorias distintas.Enquanto os três primeiros equilibram forças entre cinema e televisão, a atriz sueca concorre como Atriz por A Garota Dinamarquesa e como Coadjuvante por Ex-Machina: Instinto Artificial.
Alicia Vikander em cena de A Garota Dinamarquesa (photo by palmspringlife.com)
Apesar disso TUDO que o Globo de Ouro fez, acrescentaria uma ressalva: Por que não aumentar de 5 para 6 indicados para Melhor Filme – Drama e incluir Os 8 Odiados ou A Garota Dinamarquesa? Resultaria num total de 4 indicações ao novo western de Tarantino e para o drama transsexual de Tom Hooper. Ou quem sabe para 7 indicados e incluir também Steve Jobs? Afinal, acumulou 4 indicações: Ator (Michael Fassbender), Atriz Coadjuvante (Kate Winslet), Roteiro e Trilha Musical. Ficaria com 5 e igualaria Carol. Teria havido tamanha distância de um candidato a outro na votação ou seria algum receio por parte da HFPA de eleger o “filme errado”? Digo isso, porque as regras do Globo de Ouro permitem esse acréscimo de indicados sem dolo algum.
Durante o anúncio das indicações, fiquei na expectativa pelo filme brasileiro Que Horas Ela Volta?, mas o filme de Anna Muylaert ficou de fora. A última vez que o Brasil teve representantes no prêmio foi em 2005 por Diários de Motocicleta, de Walter Salles, e em 2003 por Cidade de Deus, de Fernando Meirelles. Contudo, o país está bem representado pela série Narcos, produzida pelo diretor José Padilha pela Netflix, e pelo ator Wagner Moura, que foi indicado como Melhor Ator de Série Dramática. Ele interpreta ninguém menos do que o lorde das drogas colombiano Pablo Escobar em 10 episódios. Moura disputa o prêmio com o favorito Jon Hamm (Mad Men) e Liev Schreiber (Ray Donovan).
Wagner Moura em cena da série Narcos, da Netflix (photo by cinemagia.ro)
Sobre as categorias de televisão, cabe mais um elogio ao Globo de Ouro. Nos últimos anos, com o crescimento da plataforma de streaming, a HFPA não pestanejou e abraçou o novo formato, valorizando acima de tudo seu conteúdo. No ano passado, a série Transparent foi a primeira a ganhar o prêmio de Melhor Série, mas já em 2014, House of Cards já preenchia as categorias como a primeira da Netflix. Este ano, a associação continua explorando novos conteúdos de streaming: além da já citada Narcos, temos Master of None, Casual e Mozart In the Jungle entre os indicados, enquanto as séries tradicionais que passam na televisão Homeland, Mad Men, Downton Abbey e Modern Family não concorrem como Melhor Série este ano. Os tempos estão mudando…
E só mais um último adendo: Lady Gaga recebeu sua primeira indicação como atriz por American Horror Story: Hotel. Ela interpreta a Condessa nesta nova temporada que se passa num hotel. Independente da qualidade da sua atuação (adoraria conferir), a contratação da cantora na série se tornou um hype desde seu anúncio.
Seguem todos os indicados ao 73º Globo de Ouro:
CINEMA
MELHOR FILME – DRAMA
Carol (Carol)
Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road)
O Regresso (The Revenant)
O Quarto de Jack (Room)
Spotlight – Segredos Revelados (Spotlight)
MELHOR FILME – COMÉDIA OU MUSICAL A Grande Aposta (The Big Short)
Joy: O Nome do Sucesso (Joy)
Perdido em Marte (The Martian)
A Espiã que Sabia de Menos (Spy)
A Descompensada (Trainwreck)
MELHOR DIRETOR
Todd Haynes (Carol)
Alejandro González Iñárritú (O Regresso)
Tom McCarthy (Spotlight – Segredos Revelados)
George Miller (Mad Max: Estrada da Fúria)
Ridley Scott (Perdido em Marte)
MELHOR ATOR – DRAMA
Bryan Cranston (Trumbo)
Leonardo DiCaprio (O Regresso)
Michael Fassbender (Steve Jobs)
Eddie Redmayne (A Garota Dinamarquesa)
Will Smith (Um Homem Entre Gigantes)
MELHOR ATRIZ – DRAMA
Cate Blanchett (Carol)
Brie Larson (O Quarto de Jack)
Rooney Mara (Carol)
Saoirse Ronan (Brooklyn)
Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa)
MELHOR ATRIZ – COMÉDIA OU MUSICAL
Jennifer Lawrence (Joy: O Nome do Sucesso)
Melissa McCarthy (A Espiã que Sabia de Menos)
Amy Schumer (A Descompensada)
Maggie Smith (A Senhora da Van)
Lily Tomlin (Grandma)
MELHOR ATOR – COMÉDIA OU MUSICAL
Christian Bale (A Grande Aposta)
Steve Carell (A Grande Aposta)
Matt Damon (Perdido em Marte)
Al Pacino (Não Olhe Para Trás)
Mark Ruffalo (Sentimentos que Curam)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Jane Fonda (Youth)
Jennifer Jason Leigh (Os 8 Odiados)
Helen Mirren (Trumbo)
Alicia Vikander (Ex-Machina: Instinto Artificial)
Kate Winslet (Steve Jobs)
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Paul Dano (Love & Mercy)
Idris Elba (Beasts of No Nation)
Mark Rylance (Ponte dos Espiões)
Michael Shannon (99 Homes)
Sylvester Stallone (Creed: Nascido Para Lutar)
MELHOR ROTEIRO
Emma Donoghue (O Quarto de Jack)
Tom McCarthy e Josh Singer (Spotlight – Segredos Revelados)
Charles Randolph e Adam McKay (A Grande Aposta)
Aaron Sorkin (Steve Jobs)
Quentin Tarantino (Os 8 Odiados)
MELHOR ANIMAÇÃO Anomalisa
O Bom Dinossauro (The Good Dinossaur)
Divertida Mente (Inside Out)
Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme (The Peanuts Movie)
Shaun: O Carneiro (Shaun the Sheep Movie)
MELHOR FILME ESTRANGEIRO The Brand New Testament (Le Tout Nouveau Testament), de Jaco Van Dormael (Bélgica/ França/ Luxemburgo)
O Clube (El Club), de Pablo Larraín (Chile)
O Esgrimista (Miekkailija), de Klaus Härö (Finalândia/ Estônia/ Alemanha)
O Filho de Saul (Saul fia), de László Nemes (Hungria)
Cinco Graças (Mustang), de Deniz Gamze Ergüven (Turquia/ França/ Catar/ Alemanha)
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“Love me Like You Do” por Max Martin, Savan Kotecha, Ali Payami, Ilya Salmanzadeh (Cinquenta Tons de Cinza)
“One Kind of Love” por Brian Wilson, Scott Montgomery Bennett (Love & Mercy)
“See You Again” por Justin Franks, Andrew Cedar, Charlie Puth, Wiz Khalifa (Velozes & Furiosos 7)
“Simple Song No. 3” por David Lang (Youth)
“Writing’s on the Wall” por Sam Smith, James Napier (007 Contra Spectre)
O filme é ruim, mas a trilha sonora salva, incluindo a canção de Ellie Goulding
MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
Carter Burwell (Carol)
Alexandre Desplat (A Garota Dinamarquesa)
Ennio Morricone (Os 8 Odiados)
Daniel Pemberton (Steve Jobs)
Ryuichi Sakamoto e Carsten Nicolai (O Regresso)
Steve Carell e Ryan Gosling em cena de A Grande Aposta, de Adam McKay (photo by cine.gr)
TELEVISÃO
MELHOR SÉRIE DRAMÁTICA
Empire
Game of Thrones
Mr. Robot
Narcos
Outlander
MELHOR ATOR EM SÉRIE DRAMÁTICA
Jon Hamm (Mad Men)
Rami Malek (Mr. Robot)
Wagner Moura (Narcos)
Bob Odenkirk (Better Call Saul)
Liev Schreiber (Ray Donovan)
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DRAMÁTICA
Caitriona Balfe (Outlander)
Viola Davis (How to Get Away with Murder)
Eva Green (Penny Dreadful)
Taraji P. Henson (Empire)
Robin Wright (House of Cards)
MELHOR MINISSÉRIE OU TELEFILME
American Crime
American Horror Story: Hotel
Fargo
Flesh and Bone
Wolf Hall
MELHOR SÉRIE DE COMÉDIA
Casual
Mozart in the Jungle
Orange Is the New Black
Silicon Valley
Transparent
Veep
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE, MINISSÉRIE OU TELEFILME
Uzo Aduba (Orange Is the New Black)
Joanne Froggatt (Downton Abbey)
Regina King (American Crime)
Judith Light (Transparent)
Maura Tierney (The Affair)
MELHOR ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE, MINISSÉRIE OU TELEFILME
Alan Cumming (The Good Wife)
Damian Lewis (Wolf Hall)
Ben Mendelsohn (Bloodline)
Tobias Menzies (Outlander)
Christian Slater (Mr. Robot)
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DE COMÉDIA
Rachel Bloom (Crazy Ex-Girlfriend)
Gina Rodriguez (Jane the Virgin)
Julia Louis-Dreyfus (Veep)
Jamie Lee Curtis (Scream Queens)
Lily Tomlin (Grace and Frankie)
MELHOR ATOR EM SÉRIE DE COMÉDIA
Aziz Ansari (Master of None)
Gael García Bernal (Mozart in the Jungle)
Rob Lowe (The Grinder)
Patrick Stewart (Blunt Talk)
Jeffrey Tambor (Transparent)
MELHOR ATRIZ EM MINISSÉRIE OU TELEFILME
Kirsten Dunst (Fargo)
Lady Gaga (American Horror Story: Hotel)
Sarah Hay (Flesh and Bone)
Felicity Huffman (American Crime)
Queen Latifah (Bessie)
MELHOR ATOR EM MINISSÉRIE OU TELEFILME
Oscar Isaac (Show me a Hero)
Idris Elba (Luther)
David Oyelowo (Nightingale)
Mark Rylance (Wolf Hall)
Patrick Wilson (Fargo)
A 73ª cerimônia do Globo de Ouro acontece no dia 10 de janeiro, e Ricky Gervais retorna como o “host mais querido das celebridades”. E dois lembretes: o ator Denzel Washington será o homenageado com o prêmio Cecil B. DeMille (Sim, eu acho que ele ainda é muito jovem pra tal honraria, mas depois de ver George Clooney recebendo o mesmo prêmio esse ano, espero qualquer coisa), e a Miss Golden Globe de 2016 será a filha do ator Jamie Foxx: Corinne Foxx.
Corinne Foxx foi selecionada para ser a Miss Golden Globe 2016 (photo by ImageGroup/HFPA)
BAFTA: British Academy of Film and Television Arts
FILME DE WES ANDERSON DOMINA AS CATEGORIAS, MAS VÊ CONCORRENTES BEM PRÓXIMOS
A Academia Britânica divulgou a lista dos indicados à 68ª edição do prêmio, e o novo filme de Wes Anderson, O Grande Hotel Budapeste, surpreendeu a todos com sua liderança de 11 indicações, enquanto Birdman segue logo atrás com 10 indicações, e O Jogo da Imitação e A Teoria de Tudo com 9 cada. Por se tratar de um filme mais contemporâneo, Boyhood ficou apenas com 5 indicações, mas curiosamente ficou de fora da competição por Montagem, pela qual vinha colecionando alguns prêmios.
Wes Anderson já havia sido indicado ao BAFTA em outras três oportunidades: Em 2002 pelo roteiro de Os Excêntricos Tennenbaums, em 2010 pela animação O Fantástico Sr. Raposo, e em 2013 pelo roteiro de Moonrise Kingdom, mas nunca levou o prêmio. Este ano, pela primeira vez, recebeu dupla indicação pelo roteiro e direção, o mesmo feito que conseguiu no Globo de Ouro e pode vir a conseguir no Oscar. Este reconhecimento vem em boa hora para Anderson, pois seus filmes possuem um rigor visual e estético único e em evolução. Nesse sentido, muitas vezes é comparado ao diretor Tim Burton, pois é impossível desassociar seus filmes de seu apelo visual baseado na direção de arte, figurino, maquiagem e fotografia, contudo, na minha humilde opinião, Wes Anderson trabalha melhor os roteiros e a montagem, que acentuam o humor muitas vezes incidental.
Confira o anúncio das indicações pelo vídeo abaixo:
Stephen Fry e Sam Clflin anunciam os indicados
Como de costume, o BAFTA tem o prêmio de Melhor Filme Britânico com intenção de impulsionar a campanha do filme rumo ao Oscar e também valorizar a indústria cinematográfica do país. O Jogo da Imitação e A Teoria de Tudo, que competem como Melhor Filme, também disputam mais este prêmio, que ainda conta com Pride, que recebeu sua única indicação como Melhor Filme – Comédia ou Musical no Globo de Ouro, e ficção científica alternativa Sob a Pele, que ainda compete por Melhor Trilha Musical merecidamente.
A bela e misteriosa Scarlett Johansson em Sob a Pele (photo by outnow.ch)
Além disso, a Academia Britânica costuma puxar uma sardinha pro lado dos atores britânicos. Na categoria de ator, por exemplo, são três britânicos (Benedict Cumberbatch, Eddie Redmayne e Ralph Fiennes) contra dois americanos (Jake Gyllenhaal e Michael Keaton). Embora a atuação de Fiennes tenha sido bem elogiada pela crítica, não tem conquistado tanto espaço na temporada, tanto que sua presença na categoria pode ser explicada pela alteração de Steve Carell para a categoria de coadjuvante por Foxcatcher, e a exclusão de Selma, que certamente prejudicou a possível indicação de David Oyelowo. Aparentemente, o filme sobre Martin Luther King sofreu com a estréia tardia em 2014 e pelo deslize no envio dos “screeners” (cópias) para os sindicatos. Talvez o Oscar queira compensar sua ausência na reta final.
Agora, confesso que fiquei bastante surpreso com as duas indicações para o filme-família As Aventuras de Paddington. OK, eu estou ciente da importância cultural do personagem em terras londrinas, mas imagino que haja produções mais instigantes para se reconhecer como Melhor Filme Britânico do ano…
Sally Hawkins com o urso Paddington em As Aventuras de Paddington (photo by outnow.ch)
Entre os atores que ficaram de fora, Timothy Spall (Sr. Turner), que ganhou o prêmio de Ator no último Festival de Cannes, e Meryl Streep (Caminhos da Floresta), que estava em quase todas as listas de coadjuvante, são os nomes mais chamativos. Entre os coadjuvantes, as ausências de Robert Duval (O Juiz) e Jessica Chastain (O Ano Mais Violento) também foram lembradas.
Enquanto algumas produções foram beneficiadas pelo BAFTA como O Grande Hotel Budapeste e os menores Whiplash: Em Busca da Perfeição (5 indicações, incluindo Melhor Diretor) e O Abutre (4 indicações, incluindo atriz coadjuvante para Rene Russo), houve prejudicados como Selma e o novo filme de Angelina Jolie, Invencível, uma vez que ambos não receberam uma indicação sequer. E se Sniper Americano vinha de uma ascendente depois das indicações ao ADG, Eddie, PGA e WGA, perdeu alguns pontos com sua quase ausência total do BAFTA. O novo filme de Clint Eastwood conquistou apenas duas indicações nas categorias de Roteiro Adaptado e Melhor Som.
Se o representante brasileiro, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, morreu na praia, o novo filme de Stephen Daldry, Trash: A Esperança Vem do Lixo, foi lembrada pelo BAFTA. Falado em português e inglês, o longa se passa no Rio de Janeiro, contando com as atuações dos brasileiros no auge Wagner Moura e Selton Mello, juntamente com as estrelas hollywoodianas Martin Sheen e Rooney Mara.
Stephen Daldry conversa com Martin Sheen e Rooney Mara em set (Trash – A Esperança Vem do Lixo)
Seguem os indicados ao 68th Annual BAFTA Awards:
MELHOR FILME BIRDMAN OU (A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA), Alejandro G. Inarritu, John Lesher, James W. Skotchdopole
BOYHOOD: DA INFÂNCIA À JUVENTUDE, Richard Linklater, Cathleen Sutherland
O GRANDE HOTEL BUDAPESTE, Wes Anderson, Scott Rudin, Steven Rales, Jeremy Dawson
O JOGO DA IMITAÇÃO, Nora Grossman, Ido Ostrowsky, Teddy Schwarzman
A TEORIA DE TUDO, Tim Bevan, Eric Fellner, Lisa Bruce, Anthony Mccarten
MELHOR FILME BRITÂNICO
’71, Yann Demange, Angus Lamont, Robin Gutch, Gregory Burke
O JOGO DA IMITAÇÃO, Morten Tyldum, Nora Grossman, Ido Ostrowsky, Teddy Schwarzman, Graham Moore
AS AVENTURAS DE PADDINGTON, Paul King, David Heyman
PRIDE, Matthew Warchus, David Livingstone, Stephen Beresford
A TEORIA DE TUDO, James Marsh, Tim Bevan, Eric Fellner, Lisa Bruce, Anthony Mccarten
SOB A PELE, Jonathan Glazer, James Wilson, Nick Wechsler, Walter Campbell
ESTRÉIA DE UM ESCRITOR, DIRETOR OU PRODUTOR BRITÂNICO
Elaine Constantine (Writer/Director), NORTHERN SOUL
Gregory Burke (Writer), Yann Demange (Director), ’71
Hong Khaou (Writer/Director), LILTING
Paul Katis (Director/Producer), Andrew De Lotbiniere (Producer), KAJAKI
Stephen Beresford (Writer), David Livingstone (Producer), PRIDE
FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
IDA, Pawel Pawlikowski, Eric Abraham, Piotr Dzieciol, Ewa Puszczynska
LEVIATÃ, Andrey Zvyagintsev, Alexander Rodnyansky, Sergey Melkumov
THE LUNCHBOX, Ritesh Batra, Arun Rangachari, Anurag Kashyap, Guneet Monga
TRASH: A ESPERANÇA VEM DO LIXO, Stephen Daldry, Tim Bevan, Eric Fellner, Kris Thykier
DOIS DIAS, UMA NOITE, Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne, Denis Freyd
DOCUMENTÁRIO
A UM PASSO DO ESTRELATO, Morgan Neville, Caitrin Rogers, Gil Friesen
20.000 DIAS NA TERRA, Iain Forsyth, Jane Pollard
CITIZENFOUR, Laura Poitras
A FOTOGRAFIA OCULTA DE VIVIAN MAIER, John Maloof, Charlie Siskel
VIRUNGA, Orlando Von Einsiedel, Joanna Natasegara
ANIMAÇÃO
OPERAÇÃO BIG HERO, Don Hall, Chris Williams
OS BOXTROLLS, Anthony Stacchi, Graham Annable
UMA AVENTURA LEGO, Phil Lord, Christopher Miller
DIRETOR
BIRDMAN OU (A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA), Alejandro G. Inarritu
BOYHOOD: DA INFÂNCIA À JUVENTUDE, Richard Linklater
O GRANDE HOTEL BUDAPESTE, Wes Anderson
A TEORIA DE TUDO, James Marsh
WHIPLASH: EM BUSCA DA PERFEIÇÃO, Damien Chazelle
ROTEIRO ORIGINAL
BIRDMAN OU (A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA), Alejandro G. Inarritu, Nicolas Giacobone, Alexander Dinelaris Jr, Armando Bo
BOYHOOD: DA INFÂNCIA À JUVENTUDE, Richard Linklater
O GRANDE HOTEL BUDAPESTE, Wes Anderson
O ABUTRE, Dan Gilroy
WHIPLASH: EM BUSCA DA PERFEIÇÃO, Damien Chazelle
ROTEIRO ADAPTADO
SNIPER AMERICANO, Jason Hall
GAROTA EXEMPLAR, Gillian Flynn
O JOGO DA IMITAÇÃO, Graham Moore
AS AVENTURAS DE PADDINGTON, Paul King
A TEORIA DE TUDO, Anthony Mccarten
ATOR
Benedict Cumberbatch, O JOGO DA IMITAÇÃO
Eddie Redmayne, A TEORIA DE TUDO
Jake Gyllenhaal, O ABUTRE
Michael Keaton, BIRDMAN OU (A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA)
Ralph Fiennes, O GRANDE HOTEL BUDAPESTE
ATRIZ
Amy Adams, GRANDES OLHOS
Felicity Jones, A TEORIA DE TUDO
Julianne Moore, PARA SEMPRE ALICE
Reese Witherspoon, LIVRE
Rosamund Pike, GAROTA EXEMPLAR
ATOR COADJUVANTE
Edward Norton, BIRDMAN OU (A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA)
Ethan Hawke, BOYHOOD: DA INFÂNCIA À JUVENTUDE
J.K. Simmons, WHIPLASH: EM BUSCA DA PERFEIÇÃO
Mark Ruffalo, FOXCATCHER: UMA HISTÓRIA QUE CHOCOU O MUNDO
Steve Carell, FOXCATCHER: UMA HISTÓRIA QUE CHOCOU O MUNDO
ATRIZ COADJUVANTE
Emma Stone, BIRDMAN OU (A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA)
Imelda Staunton, PRIDE
Keira Knightley, O JOGO DA IMITAÇÃO
Patricia Arquette, BOYHOOD: DA INFÂNCIA À JUVENTUDE
Rene Russo, O ABUTRE
TRILHA MUSICAL ORIGINAL
BIRDMAN OU (A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA), Antonio Sanchez
O GRANDE HOTEL BUDAPESTE, Alexandre Desplat
INTERESTELAR, Hans Zimmer
A TEORIA DE TUDO, Johann Johannsson
SOB A PELE, Mica Levi
FOTOGRAFIA
BIRDMAN OU (A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA), Emmanuel Lubezki
O GRANDE HOTEL BUDAPESTE, Robert Yeoman
IDA, Lukasz Zal, Ryzsard Lenczewski
INTERESTELAR, Hoyte Van Hoytema
SR. TURNER, Dick Pope
MONTAGEM
(Due to a tie in voting in this category, there are six nominations)
BIRDMAN OU (A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA), Douglas Crise, Stephen Mirrione
O GRANDE HOTEL BUDAPESTE, Barney Pilling
O JOGO DA IMITAÇÃO, William Goldenberg
O ABUTRE, John Gilroy
A TEORIA DE TUDO, Jinx Godfrey
WHIPLASH: EM BUSCA DA PERFEIÇÃO, Tom Cross
DIREÇÃO DE ARTE
GRANDES OLHOS, Rick Heinrichs, Shane Vieau
O GRANDE HOTEL BUDAPESTE, Adam Stockhausen, Anna Pinnock
O JOGO DA IMITAÇÃO, Maria Djurkovic, Tatiana Macdonald
INTERESTELAR, Nathan Crowley, Gary Fettis
SR. TURNER, Suzie Davies, Charlotte Watts
FIGURINO
O GRANDE HOTEL BUDAPESTE, Milena Canonero
O JOGO DA IMITAÇÃO, Sammy Sheldon Differ
CAMINHOS DA FLORESTA, Colleen Atwood
SR. TURNER, Jacqueline Durran
A TEORIA DE TUDO, Steven Noble
MAQUIAGEM E CABELO
O GRANDE HOTEL BUDAPESTE, Frances Hannon
GUARDIÕES DA GALÁXIA, Elizabeth Yianni-Georgiou, David White
CAMINHOS DA FLORESTA, Peter Swords King, J. Roy Helland
SR. TURNER, Christine Blundell, Lesa Warrener
A TEORIA DE TUDO, Jan Sewell
SOM
SNIPER AMERICANO, Walt Martin, John Reitz, Gregg Rudloff, Alan Robert Murray, Bub Asman
BIRDMAN OU (A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA), Thomas Varga, Martin Hernandez, Aaron Glascock, Jon Taylor, Frank A. Montaño
O GRANDE HOTEL BUDAPESTE, Wayne Lemmer, Christopher Scarabosio, Pawel Wdowczak
O JOGO DA IMITAÇÃO, John Midgley, Lee Walpole, Stuart Hilliker, Martin Jensen
WHIPLASH: EM BUSCA DA PERFEIÇÃO, Thomas Curley, Ben Wilkins, Craig Mann
EFEITOS VISUAIS
PLANETA DOS MACACOS: O CONFRONTO, Joe Letteri, Dan Lemmon, Erik Winquist, Daniel Barrett
GUARDIÕES DA GALÁXIA, Stephane Ceretti, Paul Corbould, Jonathan Fawkner, Nicolas Aithadi
O HOBBIT: A BATALHA DOS CINCO EXÉRCITOS, Joe Letteri, Eric Saindon, David Clayton, R. Christopher White
INTERESTELAR, Paul Franklin, Scott Fisher, Andrew Lockley
X-MEN: DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO, Richard Stammers, Anders Langlands, Tim Crosbie, Cameron Waldbauer
CURTA-METRAGEM BRITÂNICO DE ANIMAÇÃO
THE BIGGER PICTURE, Chris Hees, Daisy Jacobs, Jennifer Majka
MONKEY LOVE EXPERIMENTS, Ainslie Henderson, Cam Fraser, Will Anderson
MY DAD, Marcus Armitage
CURTA-METRAGEM BRITÂNICO
BOOGALOO AND GRAHAM, Brian J. Falconer, Michael Lennox, Ronan Blaney
EMOTIONAL FUSEBOX, Michael Berliner, Rachel Tunnard
THE KARMAN LINE, Campbell Beaton, Dawn King, Tiernan Hanby, Oscar Sharp
SLAP, Islay Bell-Webb, Michelangelo Fano, Nick Rowland
THREE BROTHERS, Aleem Khan, Matthieu De Braconier, Stephanie Paeplow
THE EE RISING STAR AWARD (VOTO DO PÚBLICO)
Gugu Mbatha-Raw
Jack O’Connell
Margot Robbie
Miles Teller
Shailene Woodley
O 68º BAFTA acontece no dia 08 de fevereiro no Royal Opera House em Londres.
Foxcatcher: A História que Chocou o Mundo (Foxcatcher)
Corações de Ferro (Fury)
James Brown (Get on up)
Garota Exemplar (Gone Girl)
O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel)
The Imitation Game
Inherent Vice
Interestelar (Interstellar)
Caminhos da Floresta (Into the Woods)
Homens, Mulheres e Filhos (Men, Women & Children)
Mr. Turner
A Teoria de Tudo (The Theory of Everything)
Trash – A Esperança Vem do Lixo (Trash)
Invencível (Unbroken)
Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash)
Wild
NÃO HÁ FAVORITOS AINDA, MAS FORTES CONCORRENTES
Faltam (apenas) 4 meses para as indicações! Já vale a pena dar uma olhada nos possíveis filmes indicados e fantasiar sobre um ou outro ator ou atriz que nunca ganhou e pode finalmente ter a chance. Particularmente, estou curioso para ver as performances de Michael Fassbender nos filmes MacBeth e Frank, e de Joaquin Phoenix em Inherent Vice, pela evolução constante nas últimas performances, e mesmo sem ter visto o trabalho deles, já torço para que cheguem ao tapete vermelho da Academia. Já pelo que vi, dou meu apoio incondicional para a campanha da primeira indicação para Steve Carell, o comediante de O Virgem de 40 Anos teve seu talento testado pelo diretor Bennett Miller em Foxcatcher.
Claro que ainda há muita especulação que se baseia em nomes consagrados. Na ala dos diretores, Christopher Nolan sempre aparece nas apostas, assim como o britânico Stephen Daldry por seu histórico de 3 indicações sem vitória. Já entre as atrizes, fica impossível desassociar o nome Meryl Streep na hora do burburinho do Oscar. Ela pode ter sido quase uma figurante que ela vai constar nas listas de possíveis indicadas. Este ano, a primeira foto dela como Bruxa/Feiticeira da mega produção Caminhos da Floresta já causou um estardalhaço. E, em menor escala, podemos encaixar Viola Davis também como candidata à atriz coadjuvante sem sequer ver seu trabalho. Sua derrota por Histórias Cruzadas em 2012 ainda deve render uma nova indicação ao Oscar.
Há filmes que certamente serão catapultados na campanha ao Oscar graças ao lobbista Harvey Weinstein. Dentre algumas produções que recebem seu valioso apoio estão: The Imitation Game e MacBeth, além de suas próprias produções como Big Eyes, St. Vincent e O Doador de Memórias. Como sempre comentado aqui, o trabalho de Weinstein impressiona pelas indicações constantes ao Oscar. Só nos últimos anos, ele foi responsável pelos Oscars de Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida), Meryl Streep (A Dama de Ferro) e de Kate Winslet (O Leitor), além de Melhor Filme para O Artista e O Discurso do Rei.
Também vale ressaltar a crescente importância do Festival de Toronto como prévia do Oscar. Nos últimos anos, os filmes que participaram do evento não-competitivo acabaram vencedores da estatueta: 12 Anos de Escravidão, Argo e A Separação. Este ano, o Festival de Toronto (ou TIFF) acolhe prováveis favoritos ao Oscar como Foxcatcher, Nightcrawler, Whiplash: Em Busca da Perfeição, Maps to the Stars, Mr. Turner, Wild, The Theory of Everything e The Imitation Game. Todos sedentos por um pouco de atenção neste início da corrida ao Oscar 2015.
MELHOR FILME
• American Sniper, de Clint Eastwood • Big Eyes, de Tim Burton • Birdman, de Alejandro González Iñárritu • Foxcatcher: A História que Chocou o Mundo (Foxcatcher), de Bennett Miller • Garota Exemplar (Gone Girl), de David Fincher • O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel), de Wes Anderson • Corações de Ferro (Fury), de David Ayer • The Imitation Game, de Morten Tyldum • Inherent Vice, de Paul Thomas Anderson • Interestelar (Interstellar), de Christopher Nolan • Caminhos da Floresta (Into the Woods), de Rob Marshall • Homens, Mulheres e Filhos (Men, Women & Children), de Jason Reitman • A Most Violent Year, de J.C. Chandor • Selma, de Ava DuVernay
• A Teoria de Tudo (The Theory of Everything), de James Marsh • Trash – A Esperança Vem do Lixo (Trash), de Stephen Daldry
• Invencível (Unbroken), de Angelina Jolie • Wild, de Jean-Marc Vallée
Primeiro, vamos aos fatos. Apresentado no Festival de Veneza, Birdman já figura como um forte candidato ao Oscar. Além de seu diretor ser o mexicano Alejandro González Iñárritu, traz o retorno triunfal do ator Michael Keaton, que ficou marcado pelo papel de Batman de Tim Burton. Ainda conta com atores que podem conquistar indicações como coadjuvantes: Emma Stone, Edward Norton e Naomi Watts.
Já Foxcatcher saiu de Cannes com o prêmio de direção para o jovem Bennett Miller (Capote e O Homem que Mudou o Jogo). Considerado um dos melhores diretores de atores da atualidade, Miller já conseguiu a proeza de extrair uma atuação contida e estranhíssima do ator e comediante Steve Carell que, só por um milagre, não estará no Oscar 2015. Além dele, Mark Ruffalo já vem conquistando os críticos que viram o filme na França. Conta também muito a favor a produção ser assinada por Megan Ellison (da produtora Annapurna), que recebeu duas indicações no Oscar deste ano por Trapaça e Ela. Veja trailer abaixo:
Embora a Academia ainda não tenha abraçado o estilo único de Wes Anderson, seu novo filme, O Grande Hotel Budapeste, pode conquistar uma indicação a Melhor Filme. Como se não bastasse a batalha contra o conservadorismo da Academia, o filme terá dificuldades de manter seu frescor na memória dos votantes, pois o filme estreou nos EUA em março. Até agora, venceu o Urso de Prata de Grande Prêmio do Júri no último Festival de Berlim, e figura nas listas dos críticos de melhores de 2014 até o momento. São possíveis indicações nas categorias de Direção de Arte, Figurino e Roteiro Original, mas seria uma grata surpresa a lembrança como Melhor Filme e Diretor.
E vencedor do Festival de Sundance do Urso de Prata de Direção, o independente Boyhood: Da Infância à Juventude teve como grande destaque as filmagens que levaram mais de 12 anos. A proposta arriscada do diretor Richard Linklater se apoiava no comprometimento do jovem protagonista Ellar Coltrane de continuar as filmagens após esse longo período para acompanhar o crescimento de seu personagem. Com indicações anteriores como roteirista apenas, Linklater pode sonhar mais alto se depender das apostas dos críticos.
Garota Exemplar e Inherent Vice são duas produções aguardadíssimas que o presidente do Festival de Veneza tentou trazer, mas foram selecionadas pelo Festival Internacional de Nova York. Enquanto o primeiro trabalho é assinado por David Fincher com base no best-seller homônimo de Gillian Flynn, o segundo é assinado por Paul Thomas Anderson com base no romance de Thomas Pynchon. Ambos podem e devem conquistar indicações como Melhor Diretor pelo ótimo momento de suas carreiras, o que poderia puxar indicações para Melhor Filme dependendo do sucesso com a crítica e o público.
Os demais trabalhos citados na lista ainda não concretizaram seus favoritismos. A maioria tem presença devido ao prestígio de seus diretores perante a Academia como Clint Eastwood, Jason Reitman, Angelina Jolie e Christopher Nolan, enquanto outros apresentam temas que são típicos dos vencedores do Oscar como The Imitation Game, que aborda a história verídica do matemático que quebra um código em plena Segunda Guerra Mundial, ou a história da vida de um dos maiores físicos do mundo, Stephen Hawking, retratada em The Theory of Everything com um Eddie Redmayne bastante inspirado no papel do protagonista. Ainda pouco comentado, vale citar o filme Selma, que retrata a busca pelo direitos civis por Martin Luther King.
Em se tratando de expectativa, um dos trabalhos mais comentados para esta temporada é a adaptação do livro de James Lapine, Caminhos da Floresta (Into the Woods), dirigido por Rob Marshall, que concorreu a Melhor Diretor por Chicago em 2003. Com um elenco estelar que conta com Meryl Streep, Johnny Depp, Emily Blunt, Chris Pine, Anna Kendrick e Tracey Ullman, o musical tem tudo para conquistar no mínimo o Globo de Ouro de Melhor Filme – Musical ou Comédia. Além da qualidade que só poderá ser comprovada com o lançamento do filme, a única coisa que pode atrapalhar seu sucesso é uma possível censura por parte da Disney, que está por trás da produção. Aliás, este é um medo recorrente em relação à Disney, que costuma “suavizar” as histórias a fim de abranger o público infanto-juvenil, podendo remoldar a saga Star Wars, cujos direitos lhe foram vendidos para desespero dos fãs. Se tudo o mais falhar, pelo menos Caminhos da Floresta deve garantir o 4º Oscar da carreira da figurinista Colleen Atwood.
Cena de Caminhos da Floresta (photo by Disney)
MELHOR DIRETOR
Paul Thomas Anderson (Inherent Vice)
Wes Anderson (O Grande Hotel Budapeste)
Tim Burton (Big Eyes) – photo by kinogallery
J.C. Chandor (A Most Violent Year)
Stephen Daldry (Trash – A Esperança Vem do Lixo)
David Fincher (Garota Exemplar) – photo by thefilmstage.com
Alejandro González Iñárritu (Birdman)
Angelina Jolie (Invencível) – photo by outnow.CH
Mike Leigh (Mr. Turner)
Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
Rob Marshall (Caminhos da Floresta) – photo by Disney
Bennett Miller (Foxcatcher)
Christopher Nolan (Interestelar) – photo by kinogallery.com
Jason Reitman (Homens, Mulheres e Filhos)
Morten Tyldum (The Imitation Game)
• Paul Thomas Anderson (Inherent Vice) • Wes Anderson (O Grande Hotel Budapeste) • Tim Burton (Big Eyes) • J.C. Chandor (A Most Violent Year) • Stephen Daldry (Trash – A Esperança Vem do Lixo) • Ava DuVernay (Selma) • David Fincher (Garota Exemplar) • Alejandro González Iñárritu (Birdman) • Angelina Jolie (Unbroken) • Tommy Lee Jones (The Homesman) • Mike Leigh (Mr. Turner) • Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude) • Rob Marshall (Caminhos da Floresta) • Christopher Nolan (Interestelar)
• Jason Reitman (Men, Women & Children)
• Jon Stewart (Rosewater) • Morten Tyldum (The Imitation Game) • Jean-Marc Vallée (Wild)
Como já citado, o americano Bennett Miller larga na frente por ter conquistado o prêmio de direção no Festival de Cannes por Foxcatcher. Ele foi indicado anteriormente por Capote em 2006. Logo atrás, o mexicano Alejandro González Iñárritu pode manter a onda latina em alta com Birdman, após seu conterrâneo Alfonso Cuarón ter levado o Oscar de diretor por Gravidade. Iñárritu pode conquistar sua terceira indicação após dupla indicação por Babel como Melhor Filme e Direção em 2007. E pra fechar a trinca de favoritos do momento, Richard Linklater e seu Boyhood: Da Infância à Juventude. Normalmente, a Academia inclui pelo menos um indicado estreante, e este pode ser Linklater, que independente do gênero, sempre busca alguma inovação da linguagem.
Outrora outsider, David Fincher, que já tem produções cultuadas como Seven – Os Sete Crimes Capitais, Clube da Luta e Zodíaco, foi reconhecido pela Academia a partir do poético O Curioso Caso de Benjamin Button. Este ano, ele retorna com outro filme do gênero crime, mas desta vez ele conta com prestígio e o roteiro de uma autora best-seller, podendo conquistar sua terceira indicação como Diretor.
Não dá pra deixar de lado o favoritismo crescente de Angelina Jolie. Após sucesso crítico de seu filme sobre os conflitos na Bósnia, Na Terra de Amor e Ódio, a atriz resolveu investir em outra produção de guerra, Invencível, mas desta vez, a Segunda Guerra Mundial, baseando-se numa história verídica de um atleta olímpico americano capturado como prisioneiro no Japão. E também não dá pra ignorar o novo trabalho do britânico Stephen Daldry, cujos filmes sempre dão um jeito de receber uma indicação ao Oscar. Reconhecido por Billy Elliott, As Horas e O Leitor, ele volta com Trash – A Esperança Vem do Lixo, filmado no Brasil e com os atores Wagner Moura e Selton Mello.
Selton Mello em Trash – A Esperança Vem do Lixo (photo by outnow.ch)
Já entre os diretores que nunca conseguiram uma indicação, Christopher Nolan aparece como forte candidato pela ficção científica Interestelar. Após bater na trave com Batman – O Cavaleiro das Trevas (2008) e A Origem (2010), o trabalho dele pode finalmente ganhar destaque e satisfazer milhões de fãs e alguns críticos. Particularmente, torço para a inédita indicação de Wes Anderson por O Grande HotelBudapeste e, mesmo sem ter visto o filme, torço também por Tim Burton e seu filme biográfico Big Eyes.
MELHOR ATOR
Ben Affleck (Garota Exemplar)
Chadwick Boseman (James Brown) – photo by elfilm.com
Steve Carell e sua prótese de nariz em Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo (photo by outnow.ch)
Benedict Cumberbatch (The Imitation Game) – photo by outnow.ch
Benicio Del Toro (Escobar: Paradise Lost) – photo by outnow.ch
Michael Fassbender (Frank) – photo by elfilm.com
Ralph Fiennes (O Grande Hotel Budapeste) – photo by elfilm.com
Jake Gyllenhaal (Nightcrawler) – photo by outnow.ch
Oscar Isaac (A Most Violent Year) – photo by elfilm.com
Michael Keaton (Birdman) – photo by cine.gr
Bill Murray (St. Vincent) – photo by cine.gr
Jack O’Connell (Invencível)
Al Pacino (Manglehorn) – photo by outnow.ch
Joaquin Phoenix (Inherent Vice) – photo by xposure
Brad Pitt (Corações de Ferro) – photo by outnow.ch
Eddie Redmayne (Teh Theory of Everything) – photo by outnow.ch
Timothy Spall (Mr. Turner) – photo by outnow.ch
Channing Tatum (Foxcatcher) – photo by outnow.ch
• Ben Affleck (Garota Exemplar)
• Chadwick Boseman (James Brown) • Steve Carell (Foxcatcher) • Benedict Cumberbatch (The Imitation Game)
• Benicio Del Toro (Escobar: Paradise Lost) • Michael Fassbender (Frank) • Michael Fassbender (MacBeth) • Ralph Fiennes (O Grande Hotel Budapeste) • Jake Gyllenhaal (Nightcrawler) • Oscar Isaac (A Most Violent Year) • Michael Keaton (Birdman) • Bill Murray (St. Vincent) • Jack O’Connell (Unbroken)
• David Oyelowo (Selma) • Al Pacino (Manglehorn)
• Joaquin Phoenix (Inherent Vice) • Brad Pitt (Corações de Ferro) • Eddie Redmayne (The Theory of Everything)
• Timothy Spall (Mr. Turner)
• Channing Tatum (Foxcatcher)
Até o momento, o único ator premiado foi o britânico Timothy Spall pelo filme biográfico do pintor J.M.W. Turner no último Festival de Cannes. Contudo, embora seja um excelente diretor de atores, a última performance indicada ao Oscar sob a direção de Mike Leigh foi de Imelda Staunton em 2005 por O Segredo de Vera Drake, o que pode dificultar as chances dele.
Com boas chances de ser premiado em Veneza, Michael Keaton vem recebendo elogios por esse retorno triunfal. Em Birdman, ele interpreta um ator conhecido por viver um super-herói e agora tenta justamente um retorno na Broadway. Essa história remete bastante à trajetória do próprio Michael Keaton, que ficou marcado por viver o herói mascarado Batman e desacelerou sua carreira promissora. Segundos as críticas, sua atuação em Birdman consegue expressar “arrogância, insegurança e desespero num só respiro”. Pode se tornar a sua primeira indicação e a 6ª indicação de um ator sob a direção de Iñárritu.
Outro que deve conquistar sua indicação inédita é Steve Carell, mais conhecido por papéis em comédias como O Virgem de 40 Anos e Agente 86. O diretor Bennett Miller enxergou potencial dramático nele e o ator não decepciona, apresentando uma atuação contida, precisa e assustadora, com direito a uma mudança de visual com cabelos grisalhos e uma prótese no nariz. Tais métodos costumam ser reconhecidos pela Academia como foi o caso do Oscar para Charlize Theron por Monster – Desejo Assassino. Existe uma possibilidade do jovem Channing Tatum receber sua primeira indicação pelo mesmo Foxcatcher, contudo, a disputa na categoria é sempre acirrada e a última vez que houve dois indicados a Melhor Ator pelo mesmo filme foi em 1985, quando Tom Hulce e F. Murray Abraham competiram juntos por Amadeus, tendo o último vencido o Oscar.
Além do aspecto visual, que pode beneficiar os 13 quilos perdidos por Jake Gyllenhall em Nightcrawler, a Academia adora papéis baseados em fatos verídicos, o que deve elevar demais as chances de Eddie Redmayne que interpreta o jovem Stephen Hawking em The Theory of Everything. Claro que a atuação também deve acompanhar a qualidade da transformação, e esse talento o jovem Benedict Cumberbatch tem de sobra. Ele vive outra figura histórica: o matemático Alan Turing, que decifrou um código nazista em plena guerra em The Imitation Game.
Sem o mesmo impacto de um Jamie Foxx como Ray Charles, o jovem e desconhecido Chadwick Boseman pode figurar em listas de melhores ao interpretar o também músico James Brown no filme homônimo. Mas a maior aposta até o momento sem analisar a performance está nas mãos de Joaquin Phoenix, novamente sob direção de Paul Thomas Anderson, com quem trabalhou em O Mestre. Embora com alguns parafusos a menos, o ator está em extrema ascensão em Hollywood e deve confirmar seu favoritismo na casa de apostas por Inherent Vice. Já a minha aposta pessoal vai para um dos trabalhos de Michael Fassbender, seja por Frank, no qual atua usando uma cabeça em formato de desenho, seja pela adaptação de Shakespeare em MacBeth.
MELHOR ATRIZ
Amy Adams (Big Eyes) photo by outnow.ch
Jessica Chastain (Miss Julie) – photo by elfilm.com
Marion Cotillard (Dois Dias, Uma Noite) – photo by outnow.ch
Keira Knightley (Mesmo Se Nada Der Certo) – photo by outnow.ch
Helen Mirren (A 100 Passos de um Sonho) – photo by outnow.ch
Julianne Moore (Maps to the Stars) – photo by outnow.ch
Rosamund Pike (Garota Exemplar) – photo by cine.gr
Meryl Streep (Caminhos da Floresta) – photo by elfilm.com
Hilary Swank (The Homesman) – photo by outnow.ch
Michelle Williams (Suite Française) – photo by elfilm.com
Reese Witherspoon (Wild) – photo by outnow.ch)
Shailene Woodley (A Culpa é das Estrelas) photo by elfilm.com
• Amy Adams (Big Eyes) • Jessica Chastain (The Disappearance of Eleanor Rigby) • Jessica Chastain (Miss Julie) • Jessica Chastain (A Most Violent Year) • Marion Cotillard (Two Days, One Night) • Keira Knightley (Mesmo Se Nada Der Certo) • Jennifer Lawrence (Serena) • Juliane Moore (Maps to the Stars) • Rosamund Pike (Garota Exemplar) • Meryl Streep (Caminhos da Floresta) • Hilary Swank (The Homesman) • Michelle Williams (Suite Française) • Reese Witherspoon (Wild) • Shailene Woodley (A Culpa é das Estrelas)
Apesar de não ser a melhor prévia para o Oscar, o Festival de Cannes premiou este ano a atriz Julianne Moore por Maps to the Stars, o que não pode ser simplesmente ignorado pela Academia, ainda mais por se tratar de uma atriz muito querida que já foi indicada em 4 oportunidades, mas nunca levou a estatueta. Suas chances devem aumentar se for indicada como atriz coadjuvante, categoria que costuma ter concorrência menos acirrada.
Agora, se depender do burburinho, Reese Witherspoon já deve garantir sua segunda indicação por Wild. Baseado na história real de Cheryl Strayed de percorrer mais de 1.700km a fim de superar uma catástrofe recente, o filme vem sendo apontado como uma das maiores surpresas do prestigiado Festival de Toronto. Witherspoon, que vinha atuando apenas em filmes comerciais após ganhar o Oscar por Johnny & June, pode recuperar sua reputação de boa atriz.
Em 2012, Jessica Chastain tinha três filmes que poderiam lhe render uma indicação ao Oscar, o que aconteceu por Histórias Cruzadas. Este ano, por nova coincidência de lançamentos, ela tem nova trinca de performances que podem lhe beneficiar na reta final, sendo que em Miss Julie ela é dirigida pela legendária atriz sueca Liv Ullmann, e em A Most Violent Year pelo inspirado J.C. Chandor de Margin Call – O Dia Antes do Fim e Até o Fim. Chastain quase ganhou por A Hora Mais Escura em 2013.
Se a atuação de Amy Adams como a pintora Margaret Keane chamar a atenção da crítica, ela pode ficar com uma mão na estatueta. Seria a 6ª indicação dela em apenas nove anos e sem nenhuma vitória! A Academia está muito disposta a premiá-la, mas talvez esteja esperando uma atuação realmente digna com aqueles elementos já citados aqui como mudança visual ou mesmo no tom de voz, e não apenas uma peruca loira. Teremos de aguardar pra ver o que Tim Burton conseguiu extrair de Amy Adams…
Também por acúmulo de indicações anteriores, Michelle Williams pode voltar ao tapete vermelho por Suite Française, mas a verdadeira carta na manga aqui é o tema do filme: romance entre uma francesa e um soldado alemão em plena Segunda Guerra Mundial. Os votantes judeus já estão cruzando os dedos… E vale lembrar de um favoritismo prévio da jovem Shailene Woodley como a Hazel do best-seller A Culpa é das Estrelas. Apesar da adaptação meio melosa, o filme possibilita Woodley mostrar seu talento sem ser piegas. A favor dela, tem o sucesso de seu outro filme Divergente.
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Dan Aykroyd (James Brown) – photo by elfilm.com
Johnny Depp (Caminhos da Floresta) – photo by cine.gr
Robert Duvall (The Judge)
Neil Patrick Harris (Garota Exemplar) – photo by collider.com
Ethan Hawke (Boyhood: Da Infância à Juventude) – photo by elfilm.com
Philip Seymour Hoffman (O Homem Mais Procurado) – photo by elfilm.com
Logan Lerman (Corações de Ferro) – photo by cine.gr
Edward Norton (Birdman) – photo by outnow.ch
Mark Ruffalo (Foxcatcher) photo by outnow.ch
J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição) – photo by elfilm.com
Christoph Waltz (Big Eyes) photo by outnow.ch
• Dan Aykroyd (James Brown)
• Josh Brolin (Inherent Vice) • Albert Brooks (A Most Violent Year) • Johnny Depp (Caminhos da Floresta) • Robert Duvall (The Judge) • Neil Patrick Harris (Garota Exemplar) • Philip Seymour Hoffman (O Homem Mais Procurado) • Logan Lerman (Corações de Ferro) • Edward Norton (Birdman) • Tim Roth (Selma) • Mark Ruffalo (Foxcatcher) • J.K. Simmons (Whiplash) • Benicio Del Toro (Inherent Vice) • Christoph Waltz (Big Eyes) • Tom Wilkinson (Selma)
À princípio, esta pode ser a oportunidade de ouro para a Academia premiar finalmente Johnny Depp naquela que seria sua quarta indicação, porém a primeira como coadjuvante. Infelizmente, ainda não é possível analisar se sua atuação é digna de premiação ou seria apenas especulação por seu histórico como ator. Esperamos que seja uma performance à altura de uma indicação e não simplesmente pelo nome. Além disso, é necessário verificar o quanto seu trabalho será beneficiado por efeitos digitais, já que seu personagem é um lobisomem em Caminhos da Floresta.
Pela repercussão no Festival de Toronto, já incluiria o nome do veterano Robert Duvall, que divide a tela com o astro Robert Downey Jr. em The Judge, no qual interpreta um juiz de uma pequena cidade acusado de assassinato. Esta seria a sétima indicação de Duvall, que ganhou o Oscar pelo tocante A Força do Carinho em 1984. Como a última indicação dele foi lá em 1999 por A Qualquer Preço, esta pode ser o retorno que a Academia vinha aguardando para premiá-lo novamente sem depender de um Oscar Honorário, afinal, Duvall já tem 83 anos.
Mas os grandes favoritos da categoria atendem pelos nomes: Mark Rufallo e J.K. Simmons. O primeiro é um dos atores mais versáteis da atualidade, recebeu sua primeira indicação em 2011 por Minhas Mães e Meu Pai, e está curtindo o auge de sua fama como Bruce Banner/Hulk dos filmes dos Vingadores da Marvel Comics. Em Foxcatcher, ele é o irmão que busca proteger o atleta olímpico da obsessão doentia do treinador de luta livre, tarefa que o fez ganhar peso e aumentar suas chances no Oscar. Já o segundo, ficou mundialmente conhecido por ser o chefe de Peter Parker/Homem-Aranha, J.J. Jameson nos filmes dirigidos por Sam Raimi. Embora J.K. Simmons também tenha feito ótima parceria com o diretor Jason Reitman, ele vem conquistando boas críticas por Whiplash: Em Busca da Perfeição, no qual atua como treinador de um jovem baterista (Miles Teller).
Ainda cedo pra analisar, mas com boas chances temos: Benicio Del Toro e Josh Brolin por Inherent Vice; Christoph Waltz por Big Eyes; e Albert Brooks por A Most Violent Year. Já no campo mais concreto, segundo a resposta no Festival de Veneza, Edward Norton pode voltar a concorrer ao Oscar por Birdman após 16 anos, podendo retomar aquele caminho promissor dos anos 90.
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Patricia Arquette com o pequeno Ellar Coltrane em cena de Boyhood: Da Infância à Juventude
Emily Blunt (Caminhos da Floresta)
Viola Davis (James Brown) – photo by outnow.ch
Jennifer Garner (Men, Women & Children) – photo by cine.gr
Anne Hathaway (Interestelar)
Felicity Jones (The Theory of Everything) – photo by outnow.ch
Anna Kendrick (Caminhos da Floresta)
Keira Knightley (The Imitation Game) – photo by outnow.ch
Julianne Moore (Maps to the Stars) – photo by outnow.ch
Octavia Spencer (James Brown)
Emma Stone (Birdman) – photo by fox searchlight
Marisa Tomei (O Amor é Estranho) – photo by ioncinema.com
Naomi Watts (Birdman)
Kaitlyn Dever (Men, Women & Children) – photo by outnow.ch
• Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude) • Viola Davis (James Brown) • Laura Dern (Wild)
• Kaitlyn Dever (Men, Women & Children)
• Anne Hathaway (Interestelar) • Jennifer Garner (Men, Women & Children) • Felicity Jones (The Theory of Everything) • Anna Kendrick (Caminhos da Floresta) • Keira Knightley (The Imitation Game)
• Julianne Moore (Maps to the Stars)
• Miranda Otto (The Homesman) • Vanessa Redgrave (Foxcatcher) • Octavia Spencer (James Brown) • Emma Stone (Birdman)
• Marisa Tomei (O Amor é Estranho)
• Naomi Watts (Birdman)
Primeiramente, volto a ressaltar que Julianne Moore pode concorrer como coadjuvante por seu papel vencedor do prêmio de Melhor Atriz em Cannes. Na maioria das vezes, é a própria distribuidora, encarregada do lobby, que decide em qual categoria a atriz deve concorrer a fim de aumentar as chances de vitória.
Até o momento, uma das favoritas é Laura Dern por Wild. Filha do ator Bruce Dern, que concorreu ao Oscar este ano por Nebraska, ela chegou a ser indicada uma vez por As Noites de Rose no início dos anos 90, mas ficou mais famosa pelo blockbuster de Steven Spielberg, Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros (1993). Pela calorosa recepção do Festival de Toronto, ela deve conquistar sua segunda indicação, fortalecendo a campanha do filme no Oscar. A seu favor, também conta sua participação no drama A Culpa é das Estrelas.
Já para os especialistas em Oscar, Patricia Arquette está na frente da disputa por seu papel de mãe em Boyhood: Da Infância à Juventude. Sua personagem é uma observadora atenta do crescimento de seu filho dos 5 aos 18 anos, gerando momentos maternos simples, porém tocantes como o primeiro dia de faculdade. Embora nunca tenha sido indicada para o prêmio da Academia, no mínimo, Arquette deve figurar na lista final.
Em alta por sua parceria com Woody Allen em Magia ao Luar e o sucesso de O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro, Emma Stone já pode colher os frutos através do trabalho com Alejandro González Iñárritu. Em Birdman, ela interpreta a filha problemática de Michael Keaton, passando por clínicas de reabilitação e constantes recaídas. Mais conhecida por sua veia cômica, a jovem atriz demonstra novas facetas em um trabalho mais dramático, uma característica que a Academia costuma ver com bons olhos.
Apoiada pelo recente histórico de indicações sem vitória, Viola Davis pode retornar ao tapete vermelho com o papel de mãe de James Brown. Além de seu talento habitual que tridimensionaliza personagens menores, ela conta com o triunfo da maquiagem envelhecedora, que tanto favorece as interpretações premiadas. Caso ocorra, esta será sua terceira indicação ao Oscar e com grandes chances de vitória, uma vez que ela repete parceria vencedora com o diretor Tate Taylor de Histórias Cruzadas.
MELHOR ANIMAÇÃO
Operação Big Hero 6 (Big Hero 6)
Festa no Céu (The Book of Life)
Os Boxtrolls (The Boxtrolls)
Como Treinar Seu Dragão 2 (How to Train Your Dragon 2)
Uma Aventura LEGO (The Lego Movie)
As Aventuras de Peabody e Sherman (Mr. Peabody and Sherman)
Os Pinguins de Madagascar (Penguins of Mdagascar)
Song of the Sea
The Tale of Princess Kaguya
• Operação Big Hero 6 (Big Hero 6), de Don Hall, Chris Williams • Festa no Céu (Book of Life), de Jorge R. Gutierrez • Os Boxtrolls (The Boxtrolls), de Graham Annable e Anthony Stacchi • Como Treinar o seu Dragão 2 (How to Train your Dragon 2), de Dean DeBlois • The Tale of Princess Kaguya (Kaguyahime no Monogatari), de Isao Takahata
• Uma Aventura LEGO (The Lego Movie), de Phil Lord e Christopher Miller • As Aventuras de Peabody & Sherman (Mr. Peabody & Sherman), de Rob Minkoff • Os Pinguins de Madagascar (Penguins of Madagascar), de Eric Darnell e Simon J. Smith
• Song of the Sea, de Tomm Moore
Virou praxe: todo ano em que a Pixar está ausente, não há favoritos. O estúdio elevou tanto o nível de qualidade da animação que o cinema fica sem referência sem seus filmes. A briga deve se concentrar entre Operação Big Hero 6, Como Treinar seu Dragão 2 e Uma Aventura LEGO, com uma ligeira vantagem para o último por seu sucesso nas bilheterias nos EUA, que ultrapassa os 250 milhões de dólares.
E como de costume, a Academia gosta de incluir animações oriundas de outras nações, sendo Japão a mais indicada entre os estrangeiros. Na ausência do mestre Hayao Miyazaki, indicado este ano por Vidas ao Vento, outro mestre nipônico pode tomar seu lugar no Oscar: Isao Takahata, responsável por uma das animações mais tocantes de todos os tempos: Túmulo dos Vagalumes (1988). Seu mais novo trabalho, The Tale of Princess Kaguya, também foi produzido pelo Studio Ghibli de Miyazaki, e contém elementos fantásticos como a princesa do título ser do tamanho de um dedo.
Claro que se houver mais uma vaga pra animação estrangeira, a vaga pode ficar com o irlandês Song of the Sea, do mesmo Tomm Moore que foi indicado em 2010 por Uma Viagem ao Mundo das Fábulas (The Secret of Kells).
DEPOIS DE SEIS ANOS, UM REPRESENTANTE BRASILEIRO RETORNA A BERLIM
Com a alta temporada de premiação em Hollywood, acho que os organizadores do Festival de Berlim deveriam repensar seu calendário para que o evento alemão não fique de escanteio na mídia. Particularmente, eu sugeriria uma mudança para o mês de Julho ou Agosto.
Como nesses meses costumam lançar os típicos filmes do verão americano, o Festival de Berlim serviria como um ótimo alento para os cinéfilos que buscam produções com mais conteúdo. Mas enfim, se um dia essa sugestão chegar aos ouvidos dos responsáveis, espero que considerem essa alteração.
Este ano, entre os indicados, finalmente um brasileiro. O quinto longa de Karim Aïnouz, Praia do Futuro, estrelado por Wagner Moura, competirá pela seleção oficial, fato que não ocorria desde 2008, quando Tropa de Elite venceu o prestigioso Urso de Ouro. Filmado em Fortaleza e na Alemanha, a produção manterá seu título em português mesmo em outros países, ao contrário do que aconteceu com O Céu de Suely, que se tornou Love for Sale. “Quem votou mais pela manutenção do título em português foi o agente de vendas do filme, que é alemão. É uma questão de afirmação cultural, de manter a marca da língua portuguesa e do Brasil no mundo”, declarou o diretor em entrevista ao jornal O Globo. Ao contrário do Oscar, o Festival de Berlim já premiou o Brasil em duas oportunidades. Além de Tropa, Central do Brasil levou o Urso de Ouro.
Da esquerda à direita: Jesuita Barbosa, Karim Ainouz e Wagner Moura (photo by cinemascope.com.br)
Já na seção Panorama, dois filmes brasileiros concorrem pelo prêmio. Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, de Daniel Ribeiro, e O Homem das Multidões, de Marcelo Gomes e Cao Guimarães. Embora não se trate da competição principal, demostra que o Cinema Brasileiro ainda possui versatilidades e alternativas ao cinema comercial da Globo Filmes. Mas voltando à seleção oficial, como a maioria sabe, o Festival de Berlim procura filmes com vertentes políticas, sejam abordagens mais diretas como O Povo Contra Larry Flynt, ou indiretas como o iraniano A Separação, então os concorrentes que trabalharam melhor esse viés, terão mais chances de se destacar na premiação, que deve ocorrer no dia 16 de fevereiro.
O júri deste ano é presidido pelo produtor James Schamus, que ficou conhecido por sua colaboração com o diretor Ang Lee, seja como produtor em O Segredo de Brokeback Mountain e Banquete de Casamento, ou como roteirista em Tempestade de Gelo e Desejo e Perigo. Acompanhando Schamus no júri estão: a produtora de James Bond, Barbara Broccoli, o diretor Michel Gondry (Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças), o ator Tony Leung (Amor à Flor da Pele), a atriz americana recém-indicada ao Globo de Ouro Greta Gerwig (Frances Ha), o vencedor de 2 Oscars de coadjuvante Christoph Waltz (Django Livre), a atriz dinamarquesa Trine Dyrholm (O Amante da Rainha) e a documentarista iraniana Mitra Farahani.
Entre os 15 concorrentes, destaca-se a presença do versátil diretor americano Richard Linklater com Boyhood, estrelado por Ethan Hawke. Juntamente com a atriz Julie Delpy, eles acabam de receber uma indicação ao Oscar pelo roteiro original de Antes da Meia-Noite. Por ter começado a trabalhar no filme desde 2002, o filme desperta a curiosidade de incontáveis cinéfilos. Porém, não houve atraso algum no cronograma. Linklater tinha a estratégia de acompanhar o crescimento do jovem ator Ellar Coltrane, dos 6 aos 17 anos. Contudo, o mais curioso é que as filmagens não acabaram e uma nova versão com mais cenas deve ser exibida em outro festival de peso como Cannes, afirmou o ator Ethan Hawke.
O jovem ator Ellar Coltrane é acompanhado em várias fases da vida em Boyhood (photo by ww.hollywoodreporter.com)
É curiosa a presença na lista do diretor Christophe Gans, mais conhecido por seu filme de ação de época O Pacto dos Lobos. Ele volta a trabalhar com uma trama de suspense/terror em produção de época em A Bela e a Fera. Vale destacar o impecável trabalho de direção de arte de Thierry Flamand, e o peso dos atores Vincent Cassel e a bela Léa Seydoux, que está em alta depois do sucesso de Azul é a Cor Mais Quente.
Jodie Foster no tapete vermelho do Globo de Ouro deste ano
Enquanto a Academia tem o Oscar Honorário, a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood tem o prêmio Cecil B. DeMille, uma honraria que reconhece o conjunto da obra de um artista de cinema, que existe desde 1952, quando foi concedido ao próprio diretor Cecil B. DeMille, conhecido pelos filmes-espetáculo como Os Dez Mandamentos (1956) e O Maior Espetáculo da Terra (1952).
Em sua longa jornada, o Cecil B. DeMille Award já consagrou inúmeras carreiras de grandes nomes como Walt Disney, Fred Astaire, Judy Garland, James Stewart, John Wayne, Jack Nicholson, Martin Scorsese e Charlton Heston, o mais novo a receber o prêmio aos 42 anos. A homenageada de 2013, a atriz americana Jodie Foster será a segunda mais nova aos 50 anos de idade.
Apesar da idade, Foster iniciou sua carreira artística muito nova. Quando ainda era um bebê de 3 anos, estrelou comerciais na TV do protetor solar Coppertone. Aos 7, participou do programa humorístico de TV, o The Doris Day Show, e aos 9, estrelava seu primeiro filme ao lado de Michael Douglas em Napoleon e Samantha (1972), de Bernard McEveety.
Segue trecho do programa de TV Ellen, no qual Jodie Foster fica um pouco constrangida com o comercial de Coppertone:
Aos 12 anos, escolheu uma opção que mudaria sua vida para sempre. Foi escalada para viver a prostituta Iris em Taxi Driver (1976), dirigido por Martin Scorsese e atuando ao lado de um promissor Robert De Niro. Era espantoso ver a performance de uma garota tão jovem num papel tão sério e intenso. A Academia concordou e Jodie recebeu sua primeira indicação ao Oscar.
No início dos anos 80, enquanto a atriz estava cursando a universidade de Yale, um maluco e fã obcecado por Jodie Foster, John Hinckley, atirou no então presidente americano Ronald Reagan só para impressioná-la. A idéia surgiu de Taxi Driver, no qual Travis Bickle (De Niro) tenta matar um político para impressionar uma moça. Pelos boatos, Hinckley assistiu ao filme quinze vezes seguidamente. Antes do atentado, mandava cartas com poemas para a residência da atriz para que ela o notasse. Depois de ser preso, permanece internado numa clínica psiquiátrica mantido sob vigilância.
Após esse período negro, Foster ressurgiu para o mundo aos 26 anos, quando seu trabalho em Acusados chamou a atenção dos críticos. No filme, ela vive a jovem Sarah Tobias, que se torna vítima de um brutal estupro num bar por três homens. Contudo, Acusados não se trata de um filme comum. Pela personagem de Foster ter um histórico conturbado (foi presa por porte de drogas), e pelo fato de estar bêbada e se insinuar dançando para um homem igualmente bêbado no bar, o julgamento ganha proporções maiores, ainda mais que os acusados têm fortes conexões na justiça.
Jodie Foster em Acusados (1988): primeiro Oscar
Além da escolha ousada do projeto, Jodie Foster impressionou com a fragilidade da condição humana pela dificuldade de se expressar na corte. Sua personagem se vê obrigada a amadurecer e criar responsabilidade por seus atos. Como a mensagem do filme é bem difícil de entender, a performance da atriz se mostra fundamental para que o público entenda que os acusados do filme são apenas figurantes do crime. Por este trabalho, Jodie Foster recebeu sua segunda indicação e saiu vencedora do Oscar de Melhor Atriz em 1989.
Em 1991, outro ano de sua ascensão, Foster estrelou a adaptação do best-seller de Thomas Harris, O Silêncio dos Inocentes, que lhe rendeu seu segundo Oscar de atriz. Curiosamente, ela não foi a primeira opção do diretor Jonathan Demme, que preferia Michelle Pfeiffer, com quem havia trabalhado em De Caso com a Máfia (1988). Então, Demme recorreu à sugestão do roteirista Ted Tally.
Jodie Foster em O Silêncio dos Inocentes: prova de que beleza e inteligência podem coexistir
Para interpretar a agente do FBI, Clarice Starling, a atriz passou por um curso intensivo com agentes reais, como mostrado durante o filme. Com isso, deu credibilidade ao seu papel, que se encontra num caso de superação ao investigar os assassinatos de Buffalo Bill com a ajuda de Hannibal Lecter (Anthony Hopkins, em momento de extrema inspiração).
Ainda naquele ano, Jodie decidiu se aventurar na cadeira de diretora. Com roteiro original de Scott Frank, o filme Mentes que Brilham trata da trajetória de uma criança superdotada. Conhecida por seu alto QI, Jodie Foster se identificou com o menino da história e apostou no projeto que, embora tenha recebido boas críticas, não foi tão bem nas bilheterias.
Jodie Foster ao lado do pequeno Adam Hann-Byrd em Mentes que Brilham, estréia de Foster na direção
Em 1994, teve destaque ao interpretar a eremita Nell, que vivia afastada na selva. Em entrevista com James Lipton no programa Inside the Actors Studio, Jodie revelou que Nell foi seu melhor trabalho como atriz, uma vez que a personagem havia criado uma linguagem completamente nova e se comunicava com todo o seu corpo e expressão. Por este papel, ganhou o SAG Award, recebeu sua quarta indicação ao Oscar, mas perdeu para Jessica Lange (Céu Azul),
Nas décadas seguintes, já consagrada, Jodie Foster embarcou em produções mais comerciais como Maverick (1993), Contato (1997), O Quarto do Pânico (2002) e Plano de Vôo (2005), mas por mais que sejam voltados ao grande público, todos apresentam bons roteiros.
Apesar de ter cara de blockbuster, Plano de Vôo é um bom suspense que aborda a questão da paranóia americana, terrorismo e racismo.
Em 2013, a atriz retornará às telas de cinema com Elysium, novo filme de Neill Blomkamp, diretor da inovadora ficção científica indicada ao Oscar de Melhor Filme, Distrito 9. No elenco, além de Matt Damon, contam com a presença de dois brasileiros: Wagner Moura e Alice Braga.
Jodie Foster receberá o Cecil B. DeMille award durante cerimônia de premiação do Globo de Ouro 2013, que ocorre no dia 13 de janeiro.
No Globo de Ouro, a atriz já soma sete indicações:
1977: Indicada a Melhor Atriz – Comédia ou Musical por Se Eu Fosse Minha Mãe
1989: Vencedora de Melhor Atriz – Drama por Acusados
1992: Vencedora de Melhor Atriz – Drama por O Silêncio dos Inocentes
1995: Indicada a Melhor Atriz – Drama por Nell
1998: Indicada a Melhor Atriz – Drama por Contato
2008: Indicada a Melhor Atriz – Drama por Valente
2012: Indicada a Melhor Atriz – Comédia ou Musical por Deus da Carnificina