Com ‘NOMADLAND’, CHLOÉ ZHAO se torna 2ª MULHER a VENCER o DGA

VENCEDORA DE QUASE TODOS OS PRÊMIOS DA TEMPORADA, CHINESA CONFIRMA FAVORITISMO AO OSCAR

A cerimônia virtual da 73ª edição do prêmio do Sindicato de Diretores (DGA) aconteceu neste sábado (10) e já praticamente sacramentou a vitória de Chloé Zhao no Oscar ao vencer MELHOR DIREÇÃO. É claro que nada está realmente garantido, afinal o DGA também tem suas raras diferenças com a Academia, como no ano passado em que Sam Mendes ganhou no Sindicato e viu Bong Joon Ho levar o Oscar, mas estamos falando de uma campanha irretocavelmente vitoriosa da cineasta chinesa, e que ainda conta com o fator diversidade que tanto a Academia está em busca.

Como muitos já sabem, Zhao tem tudo para se tornar a 2ª mulher a ganhar o Oscar de Direção após Kathryn Bigelow em 2010, e claro, a 1ª asiática. Particularmente, apoiamos cada vez mais a inclusão de cineastas mulheres nesta categoria que já foi predominantemente masculina por várias décadas. E não apenas por diversidade, mas também pela visão diferente que elas podem oferecer aos filmes.

Ajuda ainda mais o fato de Chloé Zhao ser uma figura bastante humilde e carismática. Ao aceitar o prêmio através do Zoom, ela dirigiu um elogio a cada um de seus colegas de profissão. Para Emerald Fennell, ela disse: “Você tem um controle absurdo do seu ofício, e com um voz tão única. Mal posso esperar para ver qual a próxima jornada instigante que você nos levará.” Para Lee Isaac Chung: Seu filme “me tocou num nível muito pessoal.” Após chamar Aaron Sorkin de “poeta”, ela acrescentou: “Pude sentir meu coração pulsar quando eu assisti ao seu filme.” E Zhao classificou todos os filmes de David Fincher como uma “master class,” e ainda soltou um “E você também é super engraçado, acabei de descobrir!”

Já na categoria de DIRETOR ESTREANTE, houve uma pequena surpresa. Havia uma expectativa de que Regina King levaria esse prêmio de consolação por não ter conseguido uma indicação ao Oscar por Uma Noite em Miami, mas foi Darius Marder que levou esse reconhecimento por O Som do Silêncio. No agradecimento, ele expressou o desejo de encontrar seus colegas indicados assim que a pandemia acabar: “Eu os saúdo com um copo plástico do hotel.” Com certeza é um grande passo na carreira de Marder, que até então era conhecido apenas por ser roteirista do filme O Lugar Onde Tudo Termina (2012), de Derek Cianfrance. No filme, ele oferece ao público a traumática experiência do baterista Ruben quando ele perde sua audição, retirando e distorcendo o som do próprio filme.

Não querendo jogar água no chopp de Marder, que merecia o prêmio, nosso voto teria sido para Florian Zeller, que realizou uma fantástica adaptação de uma peça teatral (algo que costuma ser monótono e limitado no cinema) para o cinema. Meu Pai acompanha a decadência do octogenário Anthony que sofre de demência e vai se esquecendo de tudo gradativamente. Com um uso inteligente da montagem, fotografia e direção de arte, o jovem diretor nos transmite o desespero dessa situação do início ao fim, e dirigiu seus atores (especialmente Anthony Hopkins) de forma brilhante, concisa e que foge dos estereótipos.

Para MELHOR DIREÇÃO DE DOCUMENTÁRIO, a dupla Michael Dweck e Gregory Kershaw levou por The Truffle Hunters, que acompanha um grupo de idosos italianos na caça às trufas, que são frutas do gênero dos fungos que são encontradas debaixo da terra próximas às raízes de algumas árvores como o carvalho e salgueiro. “Fizemos este filme porque nos deparamos com um mundo que parecia um conto de fadas, e queríamos traduzir isso de uma forma cinematográfica. Queríamos celebrar a alegria e a beleza que ainda existem neste mundo”, defendeu Kershaw. Pena que o documentário sequer foi indicado ao Oscar, mas não custa lembrar que estamos numa temporada bastante competitiva no gênero.

Nas categorias televisivas, Homeland e The Flight Attendant levaram os prêmios de Série Dramática e de Comédia, respectivamente, enquanto a mega-sucesso The Queen’s Gambit levou o prêmio de Direção de Minissérie.

VENCEDORES DO DGA AWARDS:

DIREÇÃO
Chloé Zhao (Nomadland)

DIREÇÃO ESTREANTE
Darius Marder (O Som do Silêncio)

DIREÇÃO DE DOCUMENTÁRIO
Michael Dweck, Gregory Kershaw (The Truffle Hunters)

DIREÇÃO DE SÉRIE DRAMÁTICA
Leslie Linka Glatter (Homeland), episódio: “Prisoners of War”

DIREÇÃO DE SÉRIE DE COMÉDIA
Susanna Fogel (The Flight Attendant), episódio: “In Case of Emergency”

DIREÇÃO DE MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Scott Frank (The Queen’s Gambit)

DIREÇÃO DE PROGRAMA DE VARIEDADES/TALK SHOW/ESPORTES – ESPECIAIS
Thomas Schlamme (A West Wing Special to Benefit When We All Vote)

DIREÇÃO DE PROGRAMA DE VARIEDADES/TALK SHOW/ESPORTES – REGULARES
Don Roy King (Saturday Night Live) episódio: “Dave Chappelle, Foo Fighters”

DIREÇÃO DE REALITY SHOW
Joseph Guidry (Full Bloom) episódio: “Petal to the Metal”

DIREÇÃO DE PROGRAMA INFANTIL 
Amy Schatz (We Are the Dream: The Kids of the Oakland MILK Oratorical Fest)

DIREÇÃO DE COMERCIAL
Melina Matsoukas (Prettybird)

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INDICADOS AO OSCAR DE DESIGN DE PRODUÇÃO, MANK E TENET SÃO RECONHECIDOS NO ADG

Em cerimônia híbrida, o Sindicato de Diretores de Arte (ADG) premiou suas quatro categorias de Cinema. O Oscar de Design de Produção costuma premiar filmes de época em que esse trabalho é mais vistoso, portanto a vitória da reconstrução da Hollywood dos anos 30/40 de Mank já larga na frente pela estatueta, e deve retirar a forte possibilidade do filme de David Fincher sair de mãos vazias da cerimônia do Oscar. Claro que existem chances para os demais concorrentes A Voz Suprema do Blues e Mulan, mas se tornam definitivamente menores após essa vitória de Mank.

De vez em quando, trabalhos de filmes de fantasia e ficção científica levam o Oscar. Só pra citar exemplos recentes: A Forma da Água e Pantera Negra, portanto a vitória de Tenet ainda o credencia para estragar a festa de Mank. Mas ao contrário dos filmes anteriores de Christopher Nolan, este não teve o mesmo prestígio entre a crítica e o público.

Dentre os indicados na categoria de Animação, embora Soul realmente tenha feito uma direção de arte muito bonita e competente, adoraríamos que Wolfwalkers tivesse levado esse prêmio. Só aquela belíssima floresta com habitada por lobos com árvores retorcidas merecia esse reconhecimento, sem falar na palheta de cores de encher os olhos. Nessa altura do campeonato, fica difícil o filme menor surpreender no Oscar contra a gigante Disney/Pixar, mas estaremos torcendo até o final na categoria de Longa de Animação.

Filme de Época

Donald Graham Burt (Mank)

Fantasia

Nathan Crowley (Tenet)

Filme Contemporâneo

Wynn Thomas (Destacamento Blood)

Animação

Steve Pilcher (Soul)

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